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Cultura | p. 7
Curta o museu
Esportes | p. 8
Torcida pelo Covid
Websérie é lançada pela Universidade Federal para atrair público
Com time infectado, Flamengo quer volta de público a estádios
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PARANÁ
Ano 4
Edição 185
24 a 30 de setembro de 2020
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br Giorgia Prates
COMIDA CARA Falta de política de abastecimento faz preços explodirem Brasil | p. 5
Paraná | p. 4
Editorial | p. 2
Direitos | p. 6
Desmonte em ensino de adultos
Destruição de um país
Prisão de cacique é denunciada
Governo do Paraná muda regras e dificulta vida de quem quer aprender
Perda de 20% do Pantanal reforça incompetência do governo
Entidades pedem investigação à ONU e OEA sobre injustiça
Bolsonaro mente
Em pronunciamento na ONU, marcado por informações falsas, presidente tenta jogar culpa de mau governo nos outros Brasil | p. 5
Brasil de Fato PR 2 Opinião EDITORIAL
Bolsonaro queima a soberania nacional
Brasil de Fato PR
Paraná, 24 a 30 de setembro de 2020
SEMANA
A
s queimadas recentes já devastaram quase 20% do Pantanal. O fogo avança também sobre a Amazônia. A estiagem não é desculpa. Investigações apontam fazendeiros como os principais suspeitos de causar os incêndios. O governo Bolsonaro não é só conivente, mas contribui diretamente com esse cenário de destruição que interessa às empresas do agronegócio. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que já admitiu querer “passar a boiada” do desmonte das políticas públicas de proteção ambiental, usou apenas 0,4% do orçamento de 2020 para ações diretas do ministério. Há dinheiro, mas o projeto é paralisar as políticas ambientais. Bolsonaro protege os ricos produtores de soja, enquanto o preço do arroz não cabe no bolso do povo. O governo abandonou a estocagem de grãos essenciais. Mesmo assim, a agricultura familiar, sem apoio estatal, é o que alimenta a população. Antipatriota, Bolsonaro é um risco à soberania nacional. Mostra submissão aos Estados Unidos e destrói as riquezas naturais que pertencem ao povo brasileiro. Enquanto ele estiver no poder, o patrimônio socioambiental do país será incinerado. É preciso combater Bolsonaro para preservar nossa biodiversidade e soberania!
Fake news repetida um milhão de vezes
OPINIÃO
Frédi Vasconcelos,
editor do Brasil de Fato Paraná e mestrando no PPGEL-UTFPR, com pesquisa sobre fake news
U
ma das frases mais famosas das atribuídas a Goebbels, o ministro da propaganda nazista, é que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Nos tempos atuais, de fake news em rede, a adaptação é simples. Lance uma mentira, seus seguidores repetem alguns milhões de vezes até que se torne verdade. Se a estratégia não é nova, é a base da propaganda de Bolsonaro. E, pior, funciona. Como se pôde ver, mais uma vez, no discurso na ONU, na terça-feira, 22. O Brasil está em chamas? Bota a
culpa nos caboclos e nos indígenas, não nos grileiros e latifundiários, que queimam a floresta para botar gado lá. Apesar de dados, argumentos, satélites do Inpe etc. mostrando a mentira, não adianta. A rede repete milhões de vezes e... Arroz e feijão explodem de preço. De quem é a culpa? A rede repete a mentira de que é “pobre” comendo mais por conta da ajuda de “mil dólares” do governo. Mesmo com todos os dados de aumento de exportação, fim de estoques reguladores e diminuição da área plantada nos últimos anos. Há outros inúmeros exemplos. Ficar repetindo e desmentindo até ajuda a propagar a mentira. Porque fake news mobilizam sentimentos e ques-
tões culturais, não fatos. Mais ou menos como acontecia (acontece) em manchetes sensacionalistas de jornais e emissoras popularescas. Há uma tendência de acreditar no que quer acreditar, no bizarro, na narrativa de crimes e tragédias, no que mexe com sentimentos ancestrais, não no que é real, científico. A pergunta, também repetida um milhão de vezes, é como sair disso. Óbvio que não há respostas fáceis. E nem tem como “trocar de povo” ou dizer que a “culpa é dos outros”. Não adianta. A estratégia talvez seja insistir, repetir também um milhão de vezes a verdade. Mesmo que muitos não queiram ouvir e que os meios disponíveis sejam poucos e limitados.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 185 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Paula Cozero e Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Paraná, 24 a 30 de setembro de 2020
“Bolsonaro mente mais uma vez na ONU. Nos envergonha com sua subserviência.”
Bicicleta, o veículo do futuro
Giorgia Prates
Geral | 3
QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
Dia 22 de setembro foi o Dia Mundial Sem Carro, uma celebração-manifesto que começou na França, se espalhou pela Europa e veio parar no Brasil. O principal objetivo da data é alertar a população para o uso excessivo de carros nas cidades e quais são as alternativas para uma vida mais saudável e sustentável em termos de mobilidade. A data ganhou adeptos que expandiram as atividades para o mês inteiro, colocando setembro como mês da ciclomobilidade. Foi isso que levou a Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu), por exemplo, a lançar no dia 8 de setembro o “Manual de Infraestruturas Provisórias para Mobilidade Ativa”, no contexto de aproveitar o espaço ocioso pela redução do uso de carro e ocupá-lo com estruturas provisórias para ciclomobilidade. Neste mês celebramos a ciclomobilidade mostrando que é possível transformar as nossas cidades em locais mais humanos e sustentáveis. Viva a bicicleta, o verdadeiro veículo do futuro.
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Disse em seu Twitter Sonia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Para ela, o presidente culpa os povos indígenas por crimes que são cometidos por seus compadres, que desmatam e queimam a Amazônia e o Pantanal.
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NOTAS BDF Redação
Deu “zebra”
Dinheiro vivo
A surpresa da semana foi a nomeação de Marcos Schiefler Filho para o cargo de reitor da Universidade Federal Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR. Schifler foi o primeiro colocado nas eleições e, mantida a prática de governos anteriores, de nomear os vencedores, deveria ter sido empossado desde o resultado. O problema é que o governo Bolsonaro tem invertido essa lógica e passado por cima da vontade de professores, técnicos e alunos em diversas instituições de ensino federais.
O vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente Bolsonaro, Carlos, aos 20 anos, comprou um apartamento e pagou 150 mil reais em dinheiro vivo. A informação foi divulgada pelo jornal “Estado de S. Paulo”. O vereador é investigado por suspeita de participar de esquema de “rachadinha”, que é nomear funcionários que depois devolveriam parte ou todo o salário recebido para o vereador por meio de “laranjas”.
Federal mobilizada Enquanto isso, na Universidade Federal do Paraná, UFPR, tem ato programado para a quinta-feira, 24, com o lema “Retira, Horácio”, pedindo que o candidato que ficou em segundo lugar na consulta para reitor saia da lista tríplice e seja enviado apenas o nome de Ricardo Marcelo Fonseca, o atual reitor, que teve cerca de 90% dos votos na consulta. Porém o candidato Horácio Tertuliano Filho resiste, fazendo um discurso à direita, na esperança de ser nomeado por Bolsonaro mesmo derrotado. Reprodução
Também na campanha A família Bolsonaro (foto) ainda tinha a prática de doar dinheiro para a campanha uns dos outros, também em dinheiro vivo. Foram 100 mil reais em espécie nas campanhas eleitorais da família de 2008 a 2014 — corrigidos pela inflação, os valores chegam a 163 mil. As transações foram descobertas pelo jornal “Folha de S. Paulo” nas prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral.
É ESSE?
Paula Cozero
Arroz barato é direito Todas as pessoas têm direito à alimentação adequada. Isso está garantido no artigo 6º da Constituição. Mas esse direito está longe de ser realidade para muita gente, e a disparada do preço do arroz piorou o cenário. Apesar de produzir muito arroz e de exportar para mais de 100 países, o Brasil, nos últimos anos, tem comprado de fora para abastecer o mercado interno. Isso porque o governo não tem planejamento para a segurança alimentar. O arroz é parte da nossa cultura e ajuda a garantir alimentação adequada. Por isso, é uma ofensa que o presidente da associação de donos de supermercados tenha dito, depois de uma reunião com o Bolsonaro, que não vão baixar o preço do arroz e farão uma campanha para o brasileiro substituir o arroz pelo macarrão. O governo Bolsonaro protege os grandes empresários e o agronegócio, mas quem está garantindo a alimentação saudável do povo brasileiro é a agricultura familiar. O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e segue vendendo o produto a preço justo. Paula Cosero mestre em Direito e integrante da Rede de Advogados e Advogadas Populares
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Paraná, 24 a 30 de setembro de 2020
Ratinho Jr. faz desmonte de ensino de adultos e exclui trabalhadores Fórum Permanente reivindica o retorno da organização anterior, com matrículas por disciplina Ana Carolina Caldas
“U
ma das características da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é dar condições de entrada e permanência ao aluno trabalhador”, defendeu Sirlei Gonçalves, aluno de ensino médio da EJA, em Londrina, no programa do Brasil de Fato Paraná que debateu o desmonte dessa modalidade no Estado. Até 2019, os estudantes tinham a opção de cursar disciplinas individuais e frequentar a escola de acordo com sua disponibilidade. A partir de 2020, o governo Ratinho Junior obrigou todos a se adaptarem a um novo modelo, semestral, com quatro disciplinas ao mesmo tempo e exigência de frequência diária. O sistema flexível atendia pessoas
com dificuldade de estudar diversas matérias ao mesmo tempo ou cuja escala de trabalho impedia a frequência diária. Sirlei, por exemplo, teve de parar de estudar aos 8 anos quando seus pais se separaram e começou a ajudar a mãe na roça. Atualmente, trabalha o dia inteiro e viu na EJA a possibilidade de realizar o sonho de fazer faculdade. Com as mudanças de agora, tem enfrentado dificuldades e já viu alunos desistirem. “Até 2019 a gente tinha uma flexibilidade para poder estudar, por isso escolhi a EJA, mas agora complicou. A minha esposa, por exemplo, desistiu por causa do novo formato.” A secretária de assuntos educacionais da APP Sindicato e integrante do Conselho Estadual de Educação
(CEE), professora Taís Mendes, explica que o parecer que alterou a oferta da EJA no Paraná foi votado no final de 2019. Lá, o sindicato protestou e denunciou os danos. “Nós denunciamos e alertamos que essa nova proposta não daria certo. Mas este governo não escuta os educadores nem respeita o direito dos estudantes. A maioria das pessoas que se matriculam na EJA são trabalhadores ou pessoas de certa idade. Alguns não têm como frequentar a escola todos os dias”, explica. Já no início do ano, as matrículas diminuíram e, com a pandemia, as dificuldades, segundo Tais, se aprofundaram. “Por isso, várias denúncias chegaram ao Conselho Estadual de Educação e, com isso, o debate foi reaberto. Porém, a Secretaria Estadual de Educação se mantém irredutível,” diz.
Arquivo Pessoal
Profissionais da educação repudiam militarização de escolas no Paraná
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N
a segunda-feira, 21, deputados paranaenses aprovaram regime de urgência para projeto do governador Ratinho Jr. que pretende militarizar escolas no Paraná. A pressa era tanta que já seria votado no dia seguinte, porém o deputado Tadeu Veneri (PT) pediu vistas, postergando para a próxima semana. Pelo projeto, Ratinho Jr. pretende autorizar o funcionamento de até 200 colégios em direção compartilhada com a PM. Em audiência pública, profissionais da educação, entidades representativas e deputados de oposição se colocaram contrários à medida. A APP-Sindicato, por exemplo, aponta que Rati-
nho Jr e deputados alinhados ao governo desprezaram o debate com a categoria, ou entidades ligadas à educação pública. O presidente do sindicato, Hermes Leão, enfatizou que a escola pública precisa de investimentos, não de um ambiente opressivo. “Não precisamos de militares inativos para dirigir escolas. Precisamos de valorização, respeito e investimentos para que as dificuldades possam ser superadas pela própria gestão democrática de cada escola.” O projeto prevê que instituições de ensino selecionadas funcionarão por meio de cooperação técnica entre a Secretaria da Educação, Esporte e Segurança Pública. Na prática, autoriza o uso de recursos da educação para o modelo de militarização.
Audiência pública Em audiência pública proposta por Tadeu Veneri, foram ouvidos profissionais da educação, que repudiaram a medida. Para o deputado, a proposta afronta o artigo 206 da Constituição, principalmente a gestão democrática do ensino público e prevê ainda R$ 25 milhões para diárias de integrantes da PM. “A liberdade é substituída pela hierarquia e disciplina. O pluralismo cede espaço à unidade. Não há gratuidade. Há ‘taxas’, pagamentos “voluntários”, como despesas com a manutenção do vestuário que sustenta o simbolismo militar. Os profissionais da educação escolar são substituídos por militares ou a eles submetidos. Como compreender a liberdade de cátedra de um professor cercado pelo aparato militar?”, questionou.
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Bolsonaro mente em abertura de assembleia da ONU
Discurso tentou isentar seu governo das tragédias por que o Brasil passa Redação Brasília
O
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou indígenas, caboclos, imprensa e ONGs pelas queimadas na Amazônia e Pantanal e pelas consequências da pandemia de coronavírus em seu discurso na Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (22). Em vídeo gravado em português, disse ter sido vítima de uma campanha de “desinformação”, capitaneada pela imprensa brasileira, que “politizou o vírus” e “disse-
minou pânico” entre a população sob o lema “fique em casa”. Não citou que, até o momento, cerca de 140 mil brasileiros tinham morrido em decorrência da Covid-19. No mundo, só ficando atrás dos Estados Unidos. Ele também se apropriou do auxílio emergencial votado pelo Congresso e distorceu o valor pago (cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300). “[Nosso governo] concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente 1.000 dólares para 65 milhões de pessoas”, exagerou.
Ao relatar à ONU que “assistiu a mais de 200 mil famílias indígenas”, Jair Bolsonaro omitiu seu veto ao auxílio emergencial específico e à água para essa parcela da população brasileira. Bolsonaro disse ainda que o Brasil é “referência em preservação ambiental” e que as florestas brasileiras não pegam fogo porque “são úmidas”. Ele culpou populações tradicionais por incêndios. O fogo no Pantanal, no entanto, teve origem em fazendas de pecuaristas, conforme análise dos focos de calor na região.
No Brasil, preço de alimentos estoura
Governo acabou com estoques reguladores e deixou desemprego aumentar Redação
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umento de cerca de 20% no arroz. De 30% no feijão. De 40% na carne. Abobrinha, aumento de 46,8%, Cebola, de 50,4%. Esse é o resultado da pesquisa de inflação divulgada pelo IBGE em relação aos últimos 12 meses. O governo tenta justificar, dizendo que a população está “comendo” mais por conta dos auxílios emergenciais aprovados pelo Congresso e isso tem aumentado os preços. Porém, no caso do arroz, desde o governo Temer, a Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, vem reduzindo a compra do cereal. Segundo dados levantados pelo jornalista Luis Nassif, em 2015 os estoques médios mensais de arroz eram de 1.629 toneladas, no governo Dilma. Em 2016, ano do golpe, caíram para 88 toneladas. No governo Temer, a média mensal ficou em 30 toneladas mensais. Com Pau-
lo Guedes, atual ministro da economia, foram 22 toneladas mensais. Quando tem qualquer problema no abastecimento, não há como usar esses estoques. Fica difícil também dizer que as pessoas estão comendo mais quando vem aumentando o desemprego. São cerca de 13 milhões de
pessoas que não encontram trabalho no Brasil neste momento. Com mais 18 milhões desalentados, que nem saem mais para procurar. Além de 28 milhões de pessoas que estão tendo de se virar em trabalhos informais, segundo números da Pnad, também calculada pelo IBGE.
ALIMENTO NAS ALTURAS
O que mais subiu no último ano* Feijão alta de 30%
Arroz alta de 19,3%
Óleo de soja alta de 18,6%
Carne de gado alta de 40%
Carne de porco alta de 19,4% *Entre 9/2019 e 8/2020. Fonte: Índices IBGE e FGV
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Luta por direitos deve ser universalizada nos espaços legislativos Presidente da CUT e do PT-PR falam da Plataforma da Classe Trabalhadora Redação
O
programa Quarta Sindical, parceria da CUT-PR e Brasil de Fato Paraná, recebeu nesta semana, o presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre, e o presidente do PT-PR, Arilson Chiorato. Eles conversaram sobre a Plataforma da Classe Trabalhadora, documento que traz as principais demanda dos trabalhadores para o poder público. “Nós, do movimento sindical, lutamos por conquistar direitos no local de trabalho. É importante que essa luta seja universalizada através da legislação. É preciso lutar por leis que protejam o trabalhador e a trabalhadora”, apontou Nobre. “Mas quando sai do local e vai para o bairro não tem transporte, não tem saneamento, escola, posto de saúde. É muito importante a luta por esses direitos, que são decididos na Câmara de Vereadores, nas assembleias e no Congresso Nacional”, completou. Arilson Chiorato analisou as candidaturas do PT para estas eleições e apontou, além de uma grande participação, um processo de representatividade amplo. “O PT tem um elevado número de candidaturas sindicais, pessoas comprometidas com a defesa do trabalhador. Também tem grande número de candidatos LGBTI, que são pessoas que sofrem preconceito histórico. Há candidatos negros e negras, com o maior número da história. São 1.800 candidatos a vereador no Paraná. Nem no auge do presidente Lula, com mais de 80% de aprovação, tivemos esse número de candidatos”, analisou.
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Prisão de cacique no Oeste do Paraná é denunciada à ONU
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Crídio Medina foi acusado de furtar espigas de milho. Organizações alegam violação de direitos Lia Bianchini
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o final de agosto, o Brasil de Fato Paraná noticiou a prisão arbitrária de Crídio Medina, cacique da aldeia Ywyraty Porã, em Terra Roxa, no Oeste do Paraná. À época, o dono de uma fazenda vizinha à aldeia acusou crianças Avá-Guarani de roubarem sacas de milho de sua propriedade. A polícia foi até a aldeia, vasculhou casas de moradores e levou o cacique para prestar depoimento. Ao final do depoimento, foi decretada a prisão em flagrante por furto e Medina ficou preso por dois dias, sem contato com a aldeia. Na última sexta (18), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a ONG Justiça Global de-
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nunciaram a prisão de Medina à ONU e à Organização dos Estados Americanos (OEA), solicitando investigação de violações de direitos cometidas pelo estado brasileiro e a garantia de direitos ao povo Avá-Guarani. No documento, o argumento é que a prisão feriu a Constituição e colocou toda a aldeia em risco de contaminação pela Covid-19, uma vez que policiais entraram no local que estava com restrição de acesso para não indígenas. As organizações alegam ainda que o cacique não era “passível de responsabilização” pelo delito e que, pelo seu “baixíssimo potencial lesivo, nem sequer deveria ser reprimido com o braço mais violento do direito penal: a restrição de liberdade”.
União de trabalhadoras mostra saída para a crise econômica na pandemia Lia Bianchini
E não foi um caso isolado. O povo Avá-Guarani vem sofrendo violações de direitos, pautadas pelo racismo e o não reconhecimento do direito originário às terras. No Oeste paranaense vivem, hoje, 4.200 indígenas. Desde outubro de 2019 já foram contabilizados três assassinatos, um atropelamento (suspeito de assassinato), quatro tentativas de assassinato, dois suicídios e diversas tentativas, além PUBLICIDADE
de invasão de terra. “A Apib, o Cimi e a Justiça Global solicitam às autoridades que realizem uma investigação imediata, imparcial, independente e exaustiva sobre esta atuação arbitrária da Polícia Civil e sobre outros episódios de violência contra os Avá-Guarani; e que a Funai restabeleça o processo de demarcação de seu território”, pedem as organizações no documento.
Os meses de pandemia têm sido de reinvenção para a artesã Edilcineia dos Santos Camargo. Ela é membro do coletivo de trabalhadoras que vendem produtos na Feira Permanente de Economia Popular Solidária, no bairro do Portão. Com a chegada da pandemia, a feira teve que suspender as atividades. Na Feira Permanente, Edilcineia vendia acessórios femininos, como carteiras, necessaire e bolsas. “Com a pandemia, eu fiquei parada, sem serviço”, conta Edilcineia. A saída foi começar a vender máscaras, enquanto, junto a outras mulheres do coletivo da feira, tentava encontrar novas maneiras de manter a renda. A saída apareceu a partir de uma demanda específica: uma encomenda de 2.000 ecobags. Para dar conta da demanda, era preciso ampliar o número de trabalhadoras. Edilcineia e algumas de suas companheiras da feira se juntaram a outras trabalhadoras de um coletivo de artesãs, que se reúnem na Paróquia Santo Antônio Maria Claret, no Alto Boqueirão. “Muitas vezes, uma de nós pode pegar uma encomenda grande e não dá conta sozinha. Agora a gente sabe que tem um grupo que pode dividir a demanda”, diz Edilcineia. No total, são 14 trabalhadoras. A produção das ecobags é dividida em partes iguais. A experiência tem despertado o desejo de manter a cooperação. O próximo passo do grupo, segundo Edilcineia, é a formalização de uma cooperativa. “Em grupo, a gente consegue ir atrás de empresas, pegar encomendas grandes, dividir o trabalho pra não se sobrecarregar. E agora a gente já tem planejamento, já sabe quanto é gasto, tem uma noção dos nossos custos. Com o grupo, a renda vai aumentar”, explica Edilcineia.
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UFPR lança série sobre mundo dos museus Com vídeos curtos, terá versões acessíveis a pessoas com deficiência
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Ana Carolina Caldas
Três faces
O
primeiro episódio da websérie #WebMusA, criada pelo Museu de Arte (MusA) da Universidade Federal do Paraná para atrair público para museus, estreia em 24 de setembro, às 16 horas, no YouTube. A série conta com recursos de animação gráfica e entrevistas de especialistas sobre assuntos inerentes às instituições. A exibição do primeiro episódio, que explica o que é um museu, acontecerá durante a 14ª Primavera dos Museus, evento anual do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), de 21 a 27 de setembro. A websérie foi idealizada pelo corpo técnico do MusA para compensar as atividades suspensas na pandemia. O projeto tem direção geral da produtora cultural Karla Nascimento e da museóloga Mariana Novaes. Também envolve participação de estudantes no desenvolvimento de atividades de pesquisa, produção, edição e animação gráfica dos vídeos. Segundo Mariana, a proposta é atrair público jovem. “Com o uso de referências da internet e da linguagem dos memes nas animações, esperamos atrair o público jovem e até mesmo pessoas que não têm o hábito de frequentar museus e, assim, instigar a conhecerem o universo dessas instituições tão ricas de cultura e conhecimento”.
Por Venâncio de Oliveira
Para ficar por dentro O quê: Série #WebMusA Quando: estreia 24 de setembro, às 16h Onde: Canal do MusA no YouTube. Para mais informações, envie e-mail para musa@ufpr.br
Os olhos de perpétuo brilho piscavam uma desilusão com tudo. Essa fora sua motivação para cair no esquecimento por meio da maldade e da mentira deslavada? Ele era um homem bom. Defendia impecavelmente a palavra e isso implicava Liberdade e Igualdade. Mas ele acreditava nisso? De alguma forma sim. Isso estava ligado ao seu objetivo maior de fingir algo para poder seguir com sua vontade real. Mas qual? Depende. Se ele estivesse em seu lar, em seu cotidiano, era cruelmente dono do destino de seres amados e odiados. Mas se ele estivesse lá fora com o Grupo, ele gostava de brincar da mesma brincadeira da deles, de elevada moral. Ele era essa duplicidade altamente moderna? Não. Havia uma terceira face. Quando ele voltava para o local sagrado, podia realizar sua verdadeira natureza. Seus experimentos com pássaros azuis que tinham esperança. Ali ele queimava suas patinhas. E ouvia a desilusão iluminar sua casa. Ao mesmo tempo, retirava seu próprio cérebro, dando para as gárgulas se alimentarem. Depois conectava-se e olhava suas fotos e sentia naquele perpétuo brilho, uma alegria inefável de cumprir as metas de Homem-que-apenas-é-desfazendo-se-de-sua-essência.
DICAS MASTIGADAS Reprodução
Abobrinha crocante A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br
Ingredientes 1 abobrinha orgânica. 2 ovos orgânicos. 300g de farinha de trigo. 300g de farinha de rosca. 1 colher de sobremesa de orégano. Sal a gosto.
Modo de preparo Corte a abobrinha em rodelas não muito grossas e reserve. Em um recipiente, quebre os ovos e bata-os levemente. Coloque em outro recipiente a farinha de trigo, o orégano e o sal e misture. Mergulhe as abobrinhas nos ovos, em seguida passe-as na mistura de farinha de trigo. Mergulhe mais uma vez nos ovos, retire e passe-as na farinha de rosca, certificando-se de estarem bem cobertas. Frite em óleo quente.
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Desejo no Engenho de Dentro Por Cesar Caldas
Comissão técnica e jogadores buscam tirar o Coritiba da incômoda porta da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. O próximo duelo será num lócus onírico, cheio de ginga, esperança e imaginação. No dizer da música “Engenho de Dentro” (1993), de Jorge Ben Jor, o bairro homônimo carioca está vocacionado para a realização dos melhores sonhos, que se revelam atemporais e/ou proféticos. Dois deles são “o dólar cair” (impossível sob Bolsonaro e Paulo Guedes) e “o Cruzeiro subir numa boa” (dureza nessa Série B). Outras delícias do bairro são universais: “sensualidade, luxúria, fantasia”, diz o artista. Bem por isso, talvez, o bairro abrigue o “Museu das Imagens do Inconsciente”. O desejo mais ardente do torcedor alviverde na noite de segunda-feira (28/9), será vencer o Fluminense no estádio do Engenhão. Vai, Verdão!
A loucura da volta aos estádios Na semana em que Flamengo tem quase um time de infectados, pressiona pela volta das torcidas Agência Brasil
Briga boa Por Marcio Mittelbach
O Paraná acertou na última semana mais dois reforços para o Campeonato Brasileiro: o zagueiro Roberto, que veio do Internacional, e o meia Vitinho, que estava no Santo André. Enquanto o primeiro veio para compor elenco, a expectativa é que o Vitinho estreie em breve. O meia de 30 anos passou pelo tricolor em 2019. Ao todo, foram 11 jogos, um gol e duas assistências. Os números são de agosto a novembro, meses que ele esteve por aqui. A novidade põe fogo na disputa pelo meio-campo tricolor. Thiago Alves, Gabriel Pires, Michel e agora Vitinho disputam quem vai jogar ao lado de Bressan, esse já consolidado com a 10. Sem falar que o Paraná demonstrou dificuldade na criação nos jogos em que o Bressan ficou fora. É uma posição em que precisamos ter três titulares para duas vagas.
Frédi Vasconcelos
O
Flamengo, time que fez pressão pela antecipação da volta do futebol no Rio de Janeiro, que foi a Bolsonaro para mudar as regras de transmissão de TV para se beneficiar, que está num ativo “lobby” pela volta das torcidas aos estádios já no próximo mês, está tendo uma das semanas mais difíceis dos últimos anos. Na Libertadores, tomou uma goleada de 5 a 0 para o Independiente Del Valle, no Equador. Ficou com sete jogadores infectados por Covid e fora da partida seguinte. Ganhou mesmo assim do Barce-
lona de Guayaquill, voltou ao Brasil com pelo menos mais três jogadores infectados e quer adiar a partida contra o Palmeiras, no final de semana, pelo Campeonato Brasileiro. Mesmo com tudo isso, é um dos times que faz mais pressão para a volta da torcida aos estádios, já agora em outubro. Medida para a qual já conta com apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro e aval do governo federal. Tá tudo dominado Para essa volta do futebol, no país em que ainda morrem centenas de pessoas por dia de coronavírus, a CBF fez um “estudo” apresentando regras como até 30% do público da capacidade total dos estádios e jogos sem as torcidas adversárias. O Ministério da Saúde de Bolsonaro deu aval à medida, “desde que sejam mantidos protocolos e medidas sanitárias por parte de estados e municípios que vão receber as partidas.” Quem já frequentou um estádio sabe como será difícil manter medidas de isolamento, uso de álcool em gel e máscaras quando seu time fizer ou tomar gol. Na Europa, em que a pandemia diminuiu há alguns meses, as partidas continuam sendo disputadas sem público.
ELAS POR ELA Divisor de águas Por Douglas Gasparin Arruda
O jogo contra o Colo-Colo será um divisor de águas neste conturbado segundo semestre atleticano. No primeiro jogo contra os chilenos, pela segunda rodada da Libertadores, o Athletico perdeu pelo placar mínimo, 1 a 0. A situação agora é delicada para as duas equipes. O retorno do futebol também foi cruel com o Colo-Colo: duas derrotas, dois empates e apenas uma vitória. Os dois clubes chegam para a partida com 6 pontos, dividindo a liderança do Grupo C. A vitória nesse jogo deixará um dos times com um pé e meio na próxima fase da disputa continental e alivia a pressão das torcidas. Para o Athletico, o resultado pode também decidir os rumos do técnico Eduardo Barros. Com Tiago Nunes no mercado, não faltam torcedores queimando a língua e pedindo seu retorno imediato para o comando da equipe.
Fernanda Haag
Anunciação A música de Alceu Valença que dá título a esta coluna marcou o último período de treinos da Seleção Brasileira. Pia Sundhage, a técnica, gravou vídeo, que viralizou na internet, interpretando uma paródia da canção e relacionou a letra com a trajetória atual do futebol feminino no Brasil. Para além de episódios extracampo, os dez dias na Granja Comary – somente com jogadoras que atuam no Brasil – de acordo com o balanço da treinadora foram importantes para tornar o grupo mais coeso, mesmo
com nomes novos na convocação. Algumas jogadoras conheceram pela primeira vez a comissão técnica. A compreensão pelas atletas sobre a velocidade de jogo almejada também foi um ponto destacado pela sueca. A seleção já se prepara para as Olimpíadas de Tóquio em 2021 e, de olho no futuro próximo, a CBF tem planos A, B e C com relação a Datas Fifa e amistosos. Além disso, Pia espera contar com jogadoras que atuam na Europa, China e EUA nas próximas convocações. Aguardemos!