Brasil de Fato PR - Edição 192

Page 1

Cultura | p. 7

Esportes | p. 8

No topo do Brasileirão

Reprodução | CBF

Propostas para a cultura Artistas falam sobre prioridades na prefeitura

Flamengo e Inter trocam técnicos

AL S I EC ÕE P Ç ES LEI E

PARANÁ

Ano 4

Edição 192

11 a 18 de novembro de 2020

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

Voto progressista Giorgia Prates

Giorgia Prates Reprodução

Giorgia Prates

BDF entrevista candidatos a vereador e prefeito Eleições | p. 4 e 5

A CARA DO BRASIL CRESCE NÚMERO DE MULHERES E NEGROS ENTRE CANDIDATOS NO PARANÁ | p. 6

Giorgia Prates

Arte: Gabriela Lucena

Giorgia Prates

Editorial | p. 2

Porém | p. 3

Opinião | p. 2

Quais as pautas necessárias?

Ratinho quer leiloar o Paraná

Tocando em frente

Que princípios devem guiar uma candidatura

Governador privatiza Copel Telecom, empresa pública eficiente

Até 2022, é importante construir uma alternativa popular ao país


Brasil de Fato PR 2 Opinião

s eleições municipais de 2020 ocorrem em momento de crise causada pelo governo Bolsonaro, o que deve aumentar, com sua pauta marcada pela ausência de indústria nacional, prioridade para o agronegócio exportador e não para a qualidade de vida do povo brasileiro. Os riscos à democracia, os ataques contra grupos sociais e contra os trabalhadores representam ameaças sérias ao futuro. O governo federal é a própria ausência de futu-

ro para toda uma geração de brasileiros. Diante de cenário de uma oposição ainda fragmentada, nosso posicionamento do Brasil de Fato Paraná é aberto às propostas das diferentes candidaturas comprometidas com a pauta da esquerda. Incentivamos que é necessário o voto em políticos comprometidos com as seguintes questões: defesa do patrimônio público, das empresas estatais e do investimento na economia; defesa dos direitos dos trabalhadores; po-

sicionamento contra qualquer forma de opressão; defesa da soberania nacional, do meio ambiente e da vida acima dos interesses de lucro; defesa da educação e da saúde pública. Ao mesmo tempo, denunciamos nesta edição especial os projetos que fortalecem a pauta autoritária de Bolsonaro. Mas nunca apelamos para fake news. Como sempre, apresentamos as propostas da classe trabalhadora organizada. É de onde virão as conquistas e melhorias de vida. Boa leitura!

SEMANA

OPINIÃO

EDITORIAL

Por que votar em candidaturas de esquerda? Quais são suas pautas?

A

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Tocando em frente Ricardo Prestes Pazello,

professor da Universidade Federal do Paraná e militante da Consulta Popular

C

omo diria a música: “ando devagar porque já tive pressa”. Houve um tempo em que parecia que Curitiba superava seu conservadorismo. Porém, não adianta ter pressa. É tempo de analisar melhor nossa cultura política. Após expressivas votações que elegeram governos progressistas nacional e até localmente, uma onda conservadora tomou a cidade. Mas, ao mesmo tempo, ela é ambígua. O conservadorismo tem dois caminhos: de um lado, a novidade protofascista (quer dizer, as características de extrema-direita que ainda não se desenvolveram totalmente); de outro, a tradicional direita (que usa sua máquina para convencer a maioria da população de que o neoliberalismo é sensato). As candidaturas de Francischini (PSL) e Greca (DEM) são suas personificações. O primeiro representando a extrema-direita, de base bolsonarista; o segundo, a velha oligarquia local querendo continuar seus projetos antipopulares. As pesquisas eleitorais sobre a disputa à prefeitura em Curitiba trazem essas duas personagens, mas acrescentam um terceiro papel. É o do campo progressista, representado por uma candidatura como a de Goura (PDT), tecnicamente empatado em segundo lugar, mas que vem acompanhado de um bloco importante de outras opções, como as do PT (Paulo Opuszka), PCdoB (Camila Lanes) e PSOL (Leticia Lanz), por exemplo. A característica desse terceiro caminho é o de estar ainda fragmentado. Após sofrer um duro golpe (literalmente, um golpe de Estado), em 2016, a esquerda não tem mais conseguido realizar alianças competitivas eleitoralmente, salvo exceções. Este é o seu desafio, já que estas eleições municipais apontam para a disputa de 2022. Até lá, é preciso “compreender a marcha e ir tocando em frente”. Desgastar o campo conservador é fundamental e, ainda mais, sua ala protofascista. Mas para tocar em frente de verdade é preciso temperar o “sabor das massas” com a única iguaria que pode dar liga para nossa marcha: a unidade de uma frente progressista.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 192 Especial Eleições 2020 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Prestes Pazello e Fernando Prioste ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


Brasil de Fato PR

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Geral | 3

QUE DIREITO

FRASE DA SEMANA

Ratinho privatiza Copel Telecom prometendo leiloar todo o Paraná O Paraná não precisaria privatizar a Copel Telecom, empresa lucrativa, líder de mercado e com mais de 200 mil clientes. Ela pertencia à Copel, estatal de energia que já faturou mais de R$ 1.793,3 milhão apenas no segundo trimestre de 2020, durante a pandemia. Mas o governador Ratinho Júnior assumiu o compromisso com os ricos e a primeira empresa pública já se foi. Na B3, após o anúncio de R$ 2,395 bilhões, Ratinho reforçou que o Paraná está à venda. “Essa é a primeira de uma série de outras privatizações. Vou privatizar a Compagás, os pátios do Detran, 4 mil km de rodovias, 4 aeroportos serão concedidos no primeiro quadrimestre do ano que vem. É um grande pacote de privatizações. Tivemos um ágio acima de 1 bilhão do que a empresa esperava. É uma grande privatização do nosso governo”, destacou o governador. A Telecom foi arrematada pelo Bordeaux Fundo de Investimento Multimercado Crédito, mesmo grupo que venceu a licitação da Sercomtel, realizada em agosto deste ano. A privatização é alvo de ações judiciais. Para entidades, a pressa em vender a Copel Telecom não atende aos interesses da população paranaense e necessita de muitas explicações.

É ESSE?

“Caraca! Agora deu ruim”

Fernando Prioste

Votar é direito

Disse, em mensagem de celular, Luiza Souza Paes, ex-funcionária fantasma do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), em conversa com o pai dela revelada pelo “Fantástico”. O depoimento de Luiza foi determinante para a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra o filho do presidente Jair Bolsonaro.

Agência Brasil

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Vacina para a idiotice

Perde e não sai da moita

Depois de o presidente Jair Bolsonaro escrever no Twitter que “ganhou” por um órgão de seu governo, a Anvisa, ter interrompido testes de uma vacina contra o coronavírus, o Ministério Público fez uma representação ao Tribunal de Contas da União solicitando que avalie se a decisão de suspender os testes da Coronavac foi baseada “em protocolos e motivações objetivas ou se o órgão está sendo afetado por influências políticoideológicas.”

Mesmo tendo perdido a eleição para presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e seu governo continuam insistindo na tese de houve fraude nas votações, sem apresentar provas e sem fazer a transição democrática necessária. Vários veículos de comunicação interromperam transmissões quando o presidente e sua porta-voz apresentaram essa tese sem evidências sólidas.

Bolsonaro X Doria A Coronavac está sendo testada em conjunto pela China e pelo Instituto Butantan, em São Paulo. O Instituto é uma das maiores referências no país na prevenção de doenças, mas parece que a disputa eleitoral entre Bolsonaro e o governador do Estado, João Doria, para 2022, é mais importante do que garantir que pessoas parem de ser infectadas e morrer. O caso que teria parado os testes foi, ao que tudo indica, um suicídio, não tendo nada a ver com a vacina.

Caça às bruxas Além de não admitir a derrota, o inspirador de Bolsonaro começou verdadeira caça às bruxas. Demitiu o secretário de Defesa, Mark Esper, e novas pessoas devem perder seus cargos nos dois meses que faltam para encerrar o mandato. Estão na mira os chefes da CIA e do FBI. Trump e os republicanos acham que deviam ter investigado a fundo alegações de que o governo Obama espionou a campanha de Donald Trump, antes dele se eleger em 2016. Alan Santos | Fotos Públicas

A Constituição, lei maior do Brasil, diz que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. Os poderes de governadores, prefeitos e vereadores pertencem ao povo, e o voto é a forma de escolher quem exerce esses poderes. Mas nem sempre foi assim. Antigamente, só pessoas ricas tinham o direito de votar e, durante muito tempo, as mulheres não podiam votar, nem se candidatar. O direito ao voto foi uma conquista da população, é uma chance de tentar eleger pessoas que trabalhem pelo bem do povo. A população também pode fiscalizar a atuação das pessoas que são eleitas. No momento de pedir votos, são muitas as promessas, mas depois de eleitas nem sempre as pessoas cumprem suas tarefas. Nesta eleição, por causa do coronavírus, quem estiver com suspeita da doença não deverá ir votar e poderá justificar a ausência depois. Mas nenhuma pessoa pode ser impedida de votar, desde que esteja usando máscara e mantenha distanciamento das demais na sessão de votação. Sem esses cuidados, qualquer pessoa poderá ser retirada dos locais de votação. Exercer o direito de votar é dever de todos, escolher candidaturas comprometidas com os direitos da população mais pobre é justiça. Fernando Prioste Advogado e membro da Rede de Advogadas e Advogados Populares


Brasil de Fato PR 4 Eleições

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Campo progressista busca renovar Câmara de Vereadores de Curitiba Divulgação

D

Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini

esde agosto, o Brasil de Fato Paraná fez entrevistas com candidatas e candidatos à Câmara de Vereadores do campo progressista em Curitiba. São comprometidos com os direitos da classe trabalhadora, das mulheres, das pessoas negras, LGBTI+. Atualmente, dos 38 vereadores de Curitiba, apenas oito são mulheres, dois são negros e duas comprometidas com pautas progressista. Abaixo, selecionamos trechos das entrevistas:

Eloy Jacintho, PDT “A construção de uma candidatura indígena em Curitiba já é um ato de resistência. Todo mundo conhece o histórico de nossa cidade em relação aos nossos povos... Hoje, a gente não tem representação nem políticas que nos atendam. Nossa primeira prioridade é dar visibilidade aos povos indígenas.”

Divulgação

Ana Júlia Ribeiro, PT “Queremos renovar a política (...). Nossa candidatura é feita por um coletivo de pessoas e tem três eixos de atuação: melhoria da educação pública, direitos humanos, emprego e renda. Políticas que são estruturais para a população de Curitiba.” Divulgação

Anaterra Viana, PT “Nossa campanha tem compromisso com direitos das mulheres, educação, meio ambiente, cultura. Estamos debatendo projetos de circuitos e pontos culturais em regionais, praças e incentivo a artistas dos bairros.Além do projeto circuito cultural e turístico do centro histórico.”

Divulgação

Elza Campos - PCdoB “Mulheres são mais da metade da população e mãe da outra metade. É muito desigual a representação que temos na Câmara. Ocupar um espaço de representação é colocar voz coletiva nesse espaço político. Curitiba foi batizada de cidade modelo, mas carrega profunda segregação social.”

Divulgação

Ivan Pinheiro, PT “Sou candidato a vereador porque vejo o prefeito dizer que fez e faz, mas nós, na periferia de Curitiba, nas regiões de ocupações, não vemos isso. Temos problemas ambientais e uma política que ataca moradores que estão lá há 20, 30 anos. E lutar pelos servidores públicos.”

Divulgação

Carol Dartora - PT “Quando me aproximei da luta pela educação pública, contra a violência às mulheres, contra a violência racial, me dei conta da sub-representação de mulheres negras em espaços de poder. Curitiba nunca teve uma vereadora negra e isso é o símbolo da exclusão e da invisibilidade.”

Divulgação

Mandato Coletivo Ekoa PSOL “Curitiba tem um legado de políticas públicas excludentes e higienistas. Não é uma cidade que está sendo pensada para as pessoas. A gente vê uma gestão que está disposta a salvaguardar os lucros de empresas públicas, mas não está disposta a investir na sua população.”

Divulgação

Mandata das Pretas, Andréia de Lima, PT “Para nós que moramos na favela, tudo é prioridade. Saneamento básico, educação, saúde, cultura... A gente, no Parolin, está há minutos do centro, mas é invisibilizada. Estamos cansadas de na eleição virem aqui prometer um monte de coisas e depois nada acontecer.”

Agência Brasil

Divulgação

Professora Josete, PT “Os vereadores não podem ficar encastelados no gabinete. Têm de estar no dia a dia com a sociedade. A realidade desigual de Curitiba me estimula a me candidatar novamente. É um desafio. Queremos ampliar nossa luta para que o município aponte para a redução dessa desigualdade.” Divulgação

Regina Cruz - PT “Está faltando na Câmara de Vereadores de Curitiba pessoas que tenham compromisso com a classe trabalhadora e com o povo. Sou sindicalista, mulher, lésbica. A política é para todos e precisamos escolher companheiros (as) para levar nossas pautas aos espaços de poder.”.

Divulgação

Renato Freitas PT “A juventude negra, periférica e a população trabalhadora estão cansadas desse modelo político de não representação. As pessoas que pegam transporte público estão cansadas de votar em quem usa transporte privado. Há uma ânsia da população por se ver representada.”

Vanda de Assis - PT “A população vem sendo usada, colocada em segundo plano. Vivemos uma política que não escuta as pessoas. Vamos defender na Câmara de Vereadores que a população retome espaços de poder, para uma democracia participativa(...). E para que seja reconhecido o papel das mulheres.”

Divulgação


Brasil de Fato PR

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Eleições | 5

Conheça candidatos progressistas à prefeitura de Curitiba Veja trechos do que disseram em entrevistas ao Brasil de Fato Paraná Letícia Lanz, PSOL Mudar o planejamento urbano

Divulgação

Para a candidata, há necessidade de mudar o planejamento urbano de Curitiba, Divulgação “Feito há 50 anos e que não funciona mais”. São necessários investimento nas áreas periféricas e descentralização do emprego. “As periferias que foram se formando em torno do centro são fortes, têm vida própria, negócios próprios... Não são como o centro, não têm dinheiro, mas se em vez de injetar dinheiro em grandes corporações, você injetar nesses núcleos, garanto que a coisa vai mudar”, explica.

Samara Garratini, PSTU Participação popular

Eloy Casagrande, Rede Meio Ambiente

“Defendemos a criação de conselhos populares. Comitês ou conselhos populares Divulgação são organizados pelos moradores nas periferias, nos locais de trabalho e de estudo. Eles são órgãos que são da classe trabalhadora e do povo pobre para decidir sobre o que fazer com 100% do dinheiro do orçamento público e fiscalizarem sua aplicação. Os mandatos devem ser submetidos aos Comitês Populares. Todo conselheiro deve ter mandato revogável e salário igual ao de professor.”

Precisamos preparar Curitiba para uma economia verde, que é incentivar tecnologias, Divulgação os materiais, o modo de gestão, o modo de urbanização, a questão do transporte menos poluente e ter uma cidade com maior drenagem. Tudo precisa ser pensado junto, de forma transversal. Vamos construir parques lineares num projeto para 10 anos. Criaremos nestes parques o que chamamos de “jardins de chuvas”, que são tecnologias para aumentar a drenagem da água.

Camila Lanes (PCdoB) Regularizar as ocupações urbanas

OUTROS CANDIDATOS À PREFEITURA

‘’A nossa proposta é a criação de uma Secretaria de Habitação em Curitiba. Nós queremos diminuir a fila da empresa de habitação, a Cohab. E, além de tudo, garantir a regularização das mais de 300 ocupações

Carol Arns

urbanas em que há pessoas em regiões de vulnerabilidade. Nós precisamos fazer essas pessoas se sentirem de fato curitibanas. Eu conheci pessoas este ano em que a maior conquista do ano foi ter água quente no chuveiro.’’

“O poder público tem que proporcionar meios para a população se apropriar dos espaços públicos. Existe uma subestimação do poder criativo da população. Já existem diversas redes e coletivos de economia solidária, que proporcionam inclusão social, geração de renda e resgate da autoestima(…) Entendemos que a economia solidária deve permear todos os bairros da cidade e dar meios para que a própria população possa recriar e ocupar a cidade”, afirmou o candidato Goura.

“A política da atual gestão é higienista. O prefeito fez questão de lavar a Rua XV [no centro], no primeiro ato dele, porque ali estão o que ele chamava de “moradores de rua”. O PT foi o partido que criou uma política nacional na qual as pessoas em situação de rua entram dentro de um sistema. A primeira proposta do PT é a criação da Secretaria do Desenvolvimento Social. Ao mesmo tempo, trabalhar com moradia, desenvolvimento urbano e direitos fundamentais.”

Di vu lg aç ão

Paulo Opuszka Atenção para população em situação de rua

ão aç lg vu Di

Goura Nataraj (PDT) Economia solidária e popular

(Podemos) Christiane Yared (PL) Fernando Francischini (PSL) João Arruda (MDB) João Guilherme de Moraes (Partido Novo) Marisa Lobo (Avante) Rafael Greca (DEM) Renato Mocellin (PV) Zé Boni (PTC)


Brasil de Fato PR 6 Brasil

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Cresce em Curitiba o número de candidaturas de mulheres e negras

Divulgação | EBC

Políticas afirmativas são um dos fatores que explicam o aumento Ana Carolina Caldas

O

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizou 545 mil pedidos de registro de candidatura em todo o Brasil nas eleições deste ano. O número de mulheres atingiu um recorde em 2020, com 180.799 representantes. Além disso, pela primeira vez na história, o número de candidatos autodeclarados negros (pretos ou pardos) superou o total de brancos. Em 2020, 408 mulheres se candidataram a um cargo eletivo em Curitiba. Elas representam 33,7% do total de candidatos. Em 2016, foram 354 concorrendo a uma cadeira na Câmara Municipal e à Prefeitura. Entre as candidatas, aumentou também o número de autodeclaradas negras (pretas e pardas). Na eleição municipal de 2016 eram 23 pretas e 28 pardas. Agora são 25 pretas e 43 par-

das, aumento de 33%. Os partidos que mais têm mulheres negras concorrendo em Curitiba são: o PDT, com seis; o MDB, com cinco; o PT, com quatro; o PCdoB com quatro e o Republicanos também com quatro postulantes que se autodeclararam pretas ou pardas. A doutora em Ciências da Comunicação e coordenadora do grupo de pesquisas Comunicação Eleitoral da UFPR, Luciana Panke, destaca que o aumento de candidaturas de mulheres aconteceu em todo o Paraná. “Em 2016, tínhamos 98 cidades com candidatas às prefeituras. Hoje são 120 cidades com mulheres candidatas. Em 2016, eram 138 cidades com candidaturas mulheres para vice. Hoje são 176 cidades. No total, em 2016, em todo o Paraná, foram 104 candidatas a prefeitas e, agora, são 146 candidatas. Em

Curitiba, são 6 candidatas mulheres”, afirma. Luciana analisa que o aumento das candidaturas de mulheres ultrapassa questões ideológicas. “Engana-se quem pensa que a pauta da representatividade feminina é exclusivamente feminista e de esquerda. Essa pauta está presente em 2020 nas mais variadas vertentes ideológicas”, diz. Para a professora, as políticas afirmativas são um dos fatores que explicam o aumento. “O uso das leis afirmativas nas quais há a obrigatoriedade de cotas e o fundo partidário são alguns dos fatores que levaram os partidos a prestar atenção para a pauta da representatividade feminina.” Já com relação à raça/ cor, em 2016 o TSE registrou 194.402 pardos (39,12%) e 42.916 pretos (8,64%), o que representou 47,76% dos ins-

critos. Até agora, as eleições de 2020 apresentam 215.030 (39,42%) autodeclarados pardos e 57.013 (10,45%) pretos. Somados, representam 49,87% do total. Como o registro de candidatos autodeclarados brancos é de 260.574 (47,77%), é a primeira vez que a eleição tem mais negros que brancos. Nas eleições deste ano, os partidos políticos são obrigados a reservar recursos e tempo de propaganda de forma igualitária entre candidatos brancos e negros, conforme determinação do TSE. Luciana Panke diz que o aumento das candidaturas negras representa um avan-

ço para a democracia representativa. “É nos municípios que se tomam as principais decisões sobre a vida das pessoas. Para que se efetive na prática a democracia representativa, é preciso que mulheres, negros, indígenas, quilombolas participem dos espaços de tomada de decisões. Não precisamos ter uma grande lupa para observarmos que a nossa democracia, hoje, não representa as pessoas que estão nas ruas. A grande maioria que está tanto no Executivo como no Legislativo são pessoas que representam a elite: gênero masculino, branco e de renda elevada.”

PUBLICIDADE

BAIXA REPRESENTAÇÃO FEMININA Redação, Porto Alegre Mesmo com avanços nos números de candidaturas neste ano, segundo estudo coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela ONU Mulheres, com o apoio da organização IDEA Internacional, o Brasil é um dos últimos países na América Latina em relação aos direitos e representação feminina, ficando em 9º lugar entre onze países. O Relatório Atenea analisou 40 fatores, divididos em temas como, por exemplo, as condições que as mulheres recebem para exercer suas funções, até a participação em partidos e o direito ao voto. Cada aspecto recebeu uma pontuação que varia entre zero e 100. Entre os latino-americanos, o Brasil ficou em antepenúltimo lugar, com 39,5 pontos. Na classificação mundial ficou atrás de nações como Etiópia, Timor Leste e Arábia Saudita.


Brasil de Fato PR 7 | Cultura

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Artistas de Curitiba esperam que seja democratizado o acesso à cultura Também querem mais diálogo com quem assumir Prefeitura e aumento no orçamento Ana Carolina Caldas

N

o Brasil, a maior parte dos gestores reserva a menor fatia do orçamento para a arte e cultura, excluindo essa área de seu potencial de gerar renda e desenvolvimento econômico. Em Curitiba, para 2021, o orçamento para a Fundação Cultural será de R$ 66,9 milhões, menos de 1% do total previsto. Com poucos recursos, a dificuldade fica ainda maior para os artistas da periferia, já invisibilizados e sem acesso às políticas públicas. Em entrevista ao Brasil de Fato, representantes de diferentes áreas artísticas disseram o que esperam de quem assumir a Prefeitura, destacando a importância de democratizar o acesso à cultura. Renan Brandão, mais conhecido como Randal, ator, poeta e organizador de Batalhas de Rimas nos bairros periféricos, diz que

espera revisão das formas de destinação de recursos. “A necessidade que eu vejo, e que não é de hoje, refere-se aos editais da Fundação Cultural de Curitiba, que é de onde vem a maior parte do orçamento para se fazer arte na cidade. Existe uma dificuldade enorme dessas informações chegarem até os artistas da periferia. Poucos são os que sabem da existência desse direito, que eles podem receber recursos para desenvolver seus trabalhos. É urgente trabalhar a democratização do acesso aos recursos da cultura”, defende. Propõe ainda que os gestores venham debater nos bairros. “Realizar consultas públicas e debater junto com os artistas da periferia e moradores para, coletivamente, definirmos como podemos utilizar ambientes de escolas e outros locais para potencializar o fazer cultural.” Essa também é a defe-

Delenize Dezgeniski

A atriz Nena Inoue ganhou o Prêmio Shell de Teatro em 2019

sa do músico, historiador e pesquisador Ulisses Galetto. Para ele, as dificuldades da pandemia foram muito maiores para a população periférica. “Estamos vivendo

uma pandemia que ainda se prolongará no próximo ano. E com ela quem mais sofre são as pessoas que moram nos bairros periféricos da cidade. Os artistas desses lo-

cais estão à margem dos editais de cultura. A política da Fundação Cultural de Curitiba se resume aos editais, que são bastante seletivos”, disse. Ulisses também destaca outras reivindicações dos trabalhadores da cultura que se repetem a cada eleição. “Vamos continuar reivindicando a ampliação do uso dos recursos do Fundo Municipal de Cultura. A grande maioria das prefeituras acaba utilizando apenas 20% do que é previsto no fundo.” A atriz e diretora teatral Nena Inoue, Prêmio Shell de Teatro em 2019, também diz que o que mais espera de quem for eleito é que olhe para os marginalizados e excluídos historicamente das políticas públicas. “Olhe para os invisibilizados, excluídos e marginalizados. E, junto a isso, que sejam criados espaços de arte e cultura nos bairros, para promover a descentralização das políticas públicas.” Beatriz Fidalgo

Plano Municipal de Cultura Em 2015 foi realizada em Curitiba a 5ª. Conferência Municipal de Cultura que foi responsável por elaborar o Plano Municipal de Cultura, requisito a ser cumprido pelo município para sua integração plena ao Sistema Nacional de Cultura. Adriano Esturilho, vice-presidente do conselho de Curitiba, disse esperar que o plano amplamente discutido seja efetivado. “É preciso que o próximo prefeito desengavete todos os projetos que foram amplamente debatidos. Por exemplo, o Plano Municipal de Cultura que foi debatido no Conselho Municipal, na Conferência e nas Conferências Setoriais, resultando em 19 planos setoriais

das diferentes áreas artísticas.” O plano é o instrumento de planejamento, afirmação de direitos culturais e de organização das políticas públicas no prazo de 10 anos.” Esturilho também destacou que espera que o próximo prefeito seja aberto ao diálogo e não direcione políticas a seu gosto pessoal. “Espero que seja uma pessoa mais aberta ao diálogo, que ouça a comunidade artístico cultural nas decisões sobre políticas públicas de cultura. Um prefeito que não personalize suas decisões, como o atual, que muitas vezes se utiliza da Fundação Cultural para colocar em prática seus projetos pessoais.”

O arte educador Randal organiza a “Batalha de Rimas do Parigot”, no Sitio Cercado


Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 18 de novembro de 2020

Eleição: V. 2 do Planejamento 3? Por Cesar Caldas

Há três chapas inscritas à eleição no Coritiba: as de Renato Follador (Coritiba Ideal), João Carlos Vialle (União Coxa) – com vários integrantes que, de última hora, deixaram o grupo que está no poder há seis anos no clube – e do presidente Samir Namur (Coritiba Responsável), com o círculo majoritário Coxa Maior / Coritiba do Futuro. Não se conhece a extensão dos motivos que levaram à demora desta última em se habilitar. Há duas hipóteses, não excludentes entre si. A primeira é a dificuldade em reunir 165 sócios dispostos a defender o continuísmo. A segunda é formular, de última hora, planejamento estratégico que não se confunda com o arcaico, secreto e obsoleto “estudo” rabiscado nos últimos 14 meses, que usou estrutura patrimonial e humana do clube, com metodologia ultrapassada e anacrônica. Em cima do laço, tudo fica mais difícil.

Dança de técnicos embaralha Campeonato Brasileiro Dos três times na liderança, Flamengo e Internacional trocam treinadores ao mesmo tempo Divulgação

Brasil de Fato PR 8 Esportes

Popularidade até quando? Redação

O novo técnico do Paraná, Rogério Micale, teve apoio de 61% dos torcedores em sua volta ao clube em enquete feita pelo site “Globo Esporte”. Na estreia, empatou com o Confiança, em casa, resultado que deixou o time na sétima posição, a cinco pontos do pelotão que se classifica para a série A no ano que vem. O problema é que nos cinco jogos anteriores o time pontuou pouco. Foram apenas cinco pontos, o que explica a queda na tabela de quem já esteve nas primeiras posições. Só ganhou do lanterna Oeste. Se não voltar a ganhar logo, as chances de subir para a primeira divisão diminuem drasticamente, e a popularidade de Micale pode ir junto. O maior triunfo do técnico foi com a Seleção Olímpica e jogadores como Neymar em campo. Precisa agora mostrar o que vai conseguir numa realidade diferente.

Frédi Vasconcelos

D

epois da derrota por 4 a 0 para o Atlético Mineiro, no domingo, o catalão Domènec Torrent não resistiu e foi demitido pelo Flamengo, mesmo estando entre os três primeiros colocados no Brasileirão. Quase que ao mesmo tempo, o Internacional perdeu o argentino Eduardo Coudet, que preferiu ir treinar um time espanhol, mesmo estando na liderança do campeonato nacional aqui.

Fica a expectativa de como esses times vão se comportar e se os mineiros levarão vantagem com as trocas dos principais concorrentes. Na terça-feira, 11, os cariocas confirmaram a contração do ex-goleiro e ex-treinador do Fortaleza, Rogério Ceni. Depois de não se acertar em sua passagem no São Paulo e no Cruzeiro, Rogério vai enfrentar um dos maiores desafios da carreira. Em entrevista coletiva na apresentação no Rio de Janeiro, declarou que quer ser: “Mais ofensivo possível. Fiquei muito tempo no gol, não gosto mais daquela área. Espero um time que busque sempre a pressão. Dependendo claro da questão física. Mas sempre em busca do gol, do gol a favor, claro. Lógico que é um trabalho difícil, mas o intuito é jogar ao estilo que o Flamengo sempre teve”. O problema é que o técnico anterior caiu, principalmente, por falhas na defesa e tomar muitos gols. Já o Inter apresentou, também na terça, 10, seu ex-técnico Abel Braga. Ironia do destino é que era o técnico do Flamengo antes da chegada dos estrangeiros que passaram pela Gávea e que agora poderá disputar com os rubro-negros e Galo a ponta do segundo turno e o título.

ELAS POR ELA Um breve respiro Por Douglas Gasparin Arruda

A vitória do Athletico no sábado contra o Fortaleza trouxe um pequeno alento antes da próxima rodada. Com um primeiro tempo ruim e contando com uma boa dose de sorte, o rubro-negro saiu com os três pontos da baixada depois de um milagroso gol de Kayzer aos 45 minutos do segundo tempo. Encerra, assim, a horrível fase de 11 jogos seguidos sem vitória. O returno começa com esperanças de que ainda podemos sair dessa situação delicada. Na próxima rodada enfrentamos o Goiás fora de casa, adversário direto na briga contra o rebaixamento. Uma vitória pode inclusive nos tirar do Z4. Pelo feminino, a vitória contra o Brasil de Farroupilha deixou o Furacão em situação confortável para a última rodada. Para se classificar basta vencer no CT do Caju a Chapecoense, que não fez nenhum ponto até aqui.

Fernanda Haag

Convocação Na segunda-feira, dia 9, a treinadora Pia Sundhage convocou a Seleção Brasileira para dois jogos preparatórios contra a Argentina. A lista conta com 25 atletas e foi elaborada após a observação nos dois períodos de treinos realizados em outubro: na Granja Comary – somente com jogadoras que atuam no Brasil – e em Portimão – com jogadoras que atuam na Europa, EUA e China. Pia destacou a competitividade do campeonato nacional, o que se refletiu na convocação, pois das 25 atletas, 12 atuam em times brasileiros. A comissão técnica acompanhou

os dois jogos de ida das semifi nais e isso fez a diferença, pois Julia Bianchi e Duda do Avaí/Kindermann entraram na lista. Além disso, nomes tradicionais marcaram presença como Formiga, Luana, Ludmila, Marta e Andressa Alves. A técnica também destacou a importância de administrar a transição das gerações e por isso houve essa mistura de atletas de diferentes realidades. A seleção se prepara visando aos Jogos Olímpicos de 2021 em Tóquio e nas palavras de Pia: “Ainda queremos ser as melhores, agora somos boas”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.