Cinema gratuito
Divulgação
Cultura | p. 7
Esportes | p. 8
A bola para contra o racismo
Começa o Griot – festival de cinema negro
PARANÁ
Partida da Liga dos Campeões é interrompida por ofensa Ano 4
Edição 196
10 a 16 de dezembro de 2020
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Pandemia avança no Paraná Estado chega a 6.500 mortes. UTIs lotadas em Curitiba
pág. 5
Litoral em risco
Professores da UFPR alertam para consequências de obras em Matinhos
A Curitiba violenta de Greca Guarda municipal atira de forma arbitrária em desocupação de terreno
Direitos | p. 6
Editorial | p. 2
Cidades | p. 4 Giorgia Prates
Vacina para todos! Demora de Bolsonaro para definir vacina deixa população em risco Paraná | p. 6
Natal sustentável Cestas da economia solidária são opção de presente consciente
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
Vacina para Cultivar toda a população afetos, derrotar brasileira! a violência
EDITORIAL
E
nquanto em países como a Ingla- e prejudica o papel que institutos terra inicia-se um calendário de como o Butantan podem ter no movacinação em massa da população mento. Este último desenvolve a Copela imunização contra o Covid-19, o ronaVac, vacina em parceria com a governo Bolsonaro e o Ministério da empresa chinesa Sinovac. Tanto que Saúde, dirigido pelo general Eduardo governos estaduais querem negociar diretamente com o BuPazuello, confundem tantan. Já Bolsonaro a população com um Bolsonaro comete um atentado posicionamento antiprovoca disputas à capacidade naciocientífico, sem lastro nal de produção de na realidade, ao rejei- pequenas e tecnologia. tar vacinas produzidas. prejudica o papel “O país necessita Não precisamos de um plano sólido, reforçar aqui a gra- que institutos abrangente, que convidade do quadro de como o Butantan temple todas as vaCovid-19 e o número podem ter no cinas que consigam de 1.559.092 mortes momento registro na Anvisa, no mundo. A Rússia sem qualquer tipo de anunciou que pretendiscriminação. E que de vacinar 2 milhões de cidadãos até o fim de dezembro. permita, ao longo do ano de 2021, gaPortugal, Alemanha, França e Argen- rantir a vacinação para toda a poputina têm plano para iniciar a vaci- lação brasileira”, afirma documento nação. No Brasil, porém, Bolsonaro assinado inclusive por ex-ministros atrasa, provoca disputas pequenas da Saúde de Bolsonaro.
SEMANA
OPINIÃO
Ceres Hadich,
mestre em Agroecologia e Agricultura Sustentável, agricultora e assentada no norte do Paraná, integrante da Direção Nacional do MST
R
ecordo que chegávamos de Brasília, onde tínhamos feito o Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra. O mundo nunca mais seria o mesmo, e de fato não foi... mas por motivo diferente do que podíamos imaginar. Paralisadas, isoladas, dispersas... Porém, não levamos muito tempo para perceber, também, que esse isolamento social nos havia colocado, enquanto mulheres, numa condição de exploração, violência e vulnerabilidade infinitamente maior. Era preciso agir. Iniciamos a campanha “Mulheres Sem Terra: contra os vírus e as violências”, pois sabíamos que estávamos diante de um grande desafio, profundo e de longo prazo. A campanha assumiu três eixos: 1- Combate à violência; 2Auto-conhecimento e Auto-cuidado; 3- Promoção da Produção, da Cooperação e da Autonomia Feminina. Em nossas primeiras ações de
solidariedade nas cidades, nos deparamos com a realidade impactante da cidade: mães, avós, mulheres, chefes e família, trabalhadoras, sem-terra, sem-trabalho, sem-renda, sem comida, sem saída. Aos poucos, voltamos a organizar as mulheres nos territórios. Nesta mesma motivação, passamos a nos preparar para uma ação de solidariedade especial, que realizamos com as mulheres da periferia de Londrina, em novembro. Levamos a elas pouco mais de 300 cestas, seis toneladas de comida e afeto. Reunimos nossas mulheres, em cada acampamento e assentamento para pensar as cestas, o que teria em cada uma delas, artesanatos, plantas medicinais, ervas e alimentos. Junto de cada cesta também tinha uma carta, porque mais que levar, queremos estar com elas. Queremos que cada uma, ao receber a cesta, receba também nosso carinho e nossa força, nossa rebeldia e nosso apoio, para que saibam que juntas somos mais fortes, e acima de tudo, mais livres.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 196 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Alice Correia, Daisy Ribeiro, Mariana Auler, Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
Brasil de Fato PR
Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
O governador Ratinho Junior (PSD) é o mais bolsonarista entre os governadores brasileiros. Comandando o Paraná, ele segue a cartilha federal quando o assunto é desrespeito ao meio ambiente. Mirando a câmera do celular para o QR Code abaixo, você lê a primeira reportagem da Série Especial “Ratinho, o bolsonarista que deu certo”. O que se vê hoje em dia entre Ratinho Jr. e Bolsonaro é uma reedição do mesmo tipo de vassalagem e “fidelidade canina” que o governador tinha a Beto Richa. Pelo menos, este é o comportamento que se apresenta na esfera do meio ambiente. Só que, nesse caso, há muito mais aí do que mera tietagem. Os interesses de ambos no setor podem ser muito maiores do que se imagina. O último episódio dessa destruição envolve a liberação de licenças ambientais para a construção de miniusinas por todo estado. É a famosa “passada de boiada” na legislação ambiental, fruto de agenda conjunta estabelecida entre os governos, adotada a partir de um evento que celebrou os 80 anos de criação do Parque Nacional do Iguaçu.
Geral | 3
QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
Ratinho Jr. destrói o meio ambiente passando a boiada nas leis
Brasil de Fato PR
“Irresponsável... A Covid-19 teve um impacto devastador no Brasil” Disse, em entrevista coletiva, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e alta comissária da ONU para Direitos Humanos, sobre a gestão da pandemia no Brasil. Ela criticou ainda “declarações de líderes subestimando o impacto do vírus”, como foi feito por Jair Bolsonaro. Porque isso teve “Impacto negativo na resposta institucional à pandemia”... Pierre Albouy | Nações Unidas
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos Reprodução | @BolsonaroSP no Twitter
Família e milícia Na quarta (9), o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), publicou em suas redes sociais imagens do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) com seguranças e ironizou. “O deputado que é contra o armamento legal do cidadão de bem é o mesmo que anda com seguranças armados para defendê-lo”, disse o filho do presidente. A vereadora eleita e viúva de Marielle Franco, Monica Benício, respondeu: “Talvez seja porque ele é ameaçado de morte por grupos que sua família sempre defendeu e segue defendendo”.
Ratinho Jr. perde O Juízo da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba determinou a suspensão temporária da consulta à comunidade escolar para a escolha dos diretores da rede estadual de educação, que seria realizada na quarta (9) pela Secretaria Estadual de Educação. A liminar atendeu o pedido do Ministério Público do Paraná (MPPR) por conta do estágio da pandemia de Covid-19 no Estado.
Presente de Greca
Ratinho Jr. perde 2
O prefeito de Curitiba mandou projeto e sua base de apoio na Câmara de Vereadores aprovou, na quarta (9), mais um presente de R$ 102 milhões para os donos das empresas de ônibus da capital. A “ajuda” vai até junho de 2021. Vereadores da bancada de oposição apresentaram emenda que condicionava o subsídio à apresentação de relatório mensal da Urbs, mas a emenda foi rejeitada. “Sabíamos que a prorrogação seria aprovada em virtude da maioria do prefeito, mas fica difícil entender o motivo de não aprovar uma emenda que buscava a transparência”, disse Professora Josete (PT), líder da oposição.
Na mesma ação, procuradores requereram a suspensão da aplicação das provas do processo seletivo simplificado para contratação de professores em regime temporário para a rede pública de ensino, agendada para 20 de dezembro. O pedido ainda segue sendo analisado pelo Judiciário.
É ESSE?
Enquanto morar for privilégio, ocupar é um direito! Curitiba possui 395 ocupações e quase 40 mil pessoas na fila da Cohab. A decisão de uma família de ocupar um local para morar parte da necessidade, em função da falta de acesso ao mercado regular. Mesmo que se trate de um problema estrutural, infelizmente, é comum que situações dramáticas de despejos coletivos sejam agravadas pelo abuso das forças policiais. Esse contexto de banalização da violência policial se deve ao descaso e à criminalização que sofre quem vive em ocupações. Essas pessoas não podem ser vistas e muito menos tratadas como criminosas. Nada respalda a atuação abusiva da polícia, despreparada para lidar com situações de conflito social. No despejo ocorrido no Caiuá, o caso é ainda mais grave, pois os abusos foram perpetrados pela Guarda Municipal, em desvio de função. Órgãos responsáveis pelo acompanhamento de violação de direitos fundamentais, como a Defensoria Pública, estão acompanhando o caso, mas é preciso avançar em medidas que previnam que essas violações não ocorram. Além da revisão na atuação de forças de segurança, é preciso investir em políticas públicas para habitação. Alice Correia, Daisy Ribeiro e Mariana Auler Advogadas e integrantes da Rede Nacional de Advogadas Populares
Brasil de Fato PR 4 Cidades
Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
Segunda-feira violenta em Curitiba Despejo realizado no Caiuá chama a atenção para falta de moradia e para violência contra ocupantes
Pedro Carrano, com reportagem fotográfica de Giorgia Prates
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a manhã do dia 7, segundafeira, a recente ocupação de terreno na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), conhecida como “Nova Caiuá”, ao lado do Cmei Maria Do Rocio Ramina Maestrelli, resistiu a dois dias seguidos de chuvas, mas não à ação violenta da Guarda Municipal, com auxílio da Polícia Militar. Em plena pandemia, por volta das 9 horas, as cerca de 300 famílias foram comunicadas de que teriam 30 minutos para deixar o terreno, pertencente à Prefeitura. A notificação apenas verbal foi feita por um grande efetivo aglome-
rado da Guarda Municipal, que não apresentou decisão judicial ou qualquer documento. Os moradores preferiram deixar o terreno e esperar em frente à calçada a chegada de advogado com orientações. Porém, sem permitir que voltassem para recolher seus pertences, e usando balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray pimenta, a guarda disparou contra manifestantes. Alguns tiveram que ser hospitalizados, com ferimentos nas mãos, ombros e cabeça. Um dos casos que mais chamou a atenção foi o de Waleiska Cristina, 21 anos, autônoma, que recebeu um tiro de bala de borracha na panturrilha e mais dois
nos braços. Foram vários feridos. As marcas de tiros estavam presentes nos braços, ombros e pernas. A reportagem do Brasil de Fato Paraná pôde ainda constatar que os ocupantes já haviam saído do terreno, mas sem poder resgatar seus pertences. A Prefeitura justifica que permitiu uma hora e meia de tempo para a retirada. Mas todos os relatos locais divergem dessa informação. A Polícia Militar, no entorno da ocupação, fez revista nas pessoas que deixavam o local. O mais grave, porém, foi a revista em mulheres sem efetivo de policiais femininas. Waleiska emocionava com seu relato de mãe que há dez dias perdeu o filho recém-nascido e que busca deixar o aluguel insustentável de R$ 500. “Quem que fica dois dias debaixo de chuva em um barracão de lona se não precisasse?”, exclama Waleiska. A vereadora Professora Josete (PT) fez requerimento de informações ao município, dentro da função fiscalizatória da Câmara Municipal. As questões do documento passam por abordagem e o uso de armas não letais da Guarda, a ausência de notificação das famílias, e o impedimento de que as famílias buscassem seus pertences, entre outros pontos.
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Uso de armas não letais não é regulamentado Pedro Carrano Martel Alexandre Del Colle é integrante da Movimento Policiais Antifascismo do Paraná. PM aposentado compulsoriamente pela corporação, ele afirma que é necessária perícia para averiguar como foi o uso de armas não letais durante ação da Guarda Municipal. Para o ex-policial, de forma geral, há arbitrariedade nas ações e no uso que as tropas fazem da bala de borracha e gás lacrimogênio, sem regulamentação, controle e responsabilização. “A munição menos letal tem motivações e distância para ser usada. Há toda uma crítica ao uso do instrumento não letal. Que na verdade é um pretexto para não se negociar. E é totalmente desregulada, não se sabe quem atirou, quantos tiros foram dados, a munição é totalmente largada, o uso é de forma arbitrária, sem responsabilização”, analisa Martel.
OUTRO LADO A assessoria de comunicação social da Prefeitura de Curitiba enviou à reportagem o seguinte documento: “A retirada das pessoas em terreno de propriedade da Prefeitura de Curitiba, nesta segunda-feira (7/12), na CIC, trata-se de esbulho possessório - e não reintegração de posse. É obrigação legal do município o cuidado com imóveis, equipamentos e áreas públicas. Antes da retirada, servidores da Prefeitura dialogam pacificamente com o grupo de pessoas na área e explicam sobre o procedimento, caso a saída não seja voluntária. Ainda, Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Segurança Pública podem responder sobre a atuação do efetivo na situação”.
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Paraná registra 69 mortes em um dia por Covid, 20 delas em Curitiba Situação piora a cada dia, leitos de UTI estão no limite de ocupação na capital Redação
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Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
omo vem acontecendo nos dias após as eleições municipais, a contaminação por Covid-19 vem aumentando no Paraná. Na quarta (9), boletim da Secretaria do Estado da Saúde registrou 69 mortes e 5.060 novos casos. Desde o começo da pandemia, já são mais de 6.500 mortes. No Estado 1.273 pacientes estão internados com confirmação de Covid-19, além de mais 1.526 pacientes que estão hospitalizados com problemas respiratórios, considerados suspeitos porque não há, ainda, exames que comprovem a contaminação. Em Curitiba, boletim do mesmo dia, informou 20 óbitos, com 1.431 novos casos segundo a Secretaria Municipal da Saúde. No total, são 1.882 mortes provocadas pela doença na capital administrada pelo prefeito Rafael Greca (DEM), que declarou nesta semana estar em contato com o governo de São Paulo para comprar vacinas, porém vem adotando medidas contraditórias, como a abertura total da cidade antes das eleições e o fechamento de unidades de saúde, o que influencia os números atuais e vem causando protestos (leia matéria ao lado). Na capital havia, no dia 9, 14.077 casos ativos, pessoas testadas positivo e com capacidade de transmitir a doença. Por outro lado, a taxa de ocupação das UTIs do SUS para Covid chegou a 94% de ocupação, com apenas 23 leitos livres.
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União de Moradores e Trabalhadores protesta contra sobrecarga na saúde Não foram feitos concursos e gestão optou por abandonar os pacientes de outras patologias, analisa servidora municipal da saúde Redação
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prefeito reeleito de Curitiba desativou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Fazendinha para uso externo do Hospital do Idoso para Covid-19. Isso aconteceu sem consulta ao Conselho Municipal de Saúde, aponta a União de Moradores/as e Trabalhadores/as do bolsão Formosa, localizada no bairro Novo Mundo, em Curitiba, envolvendo associações de moradores impactadas com as mudanças no atendimento à saúde em Curitiba. De acordo com a organização, esta ação deixou os moradores das vilas Formosa, Maria e Uberlândia, Ferrovila, São Jorge, Candinha, vila Estrela, vila Nina, Santa Amélia, vila Ri-
goni, vila Sandra, Independência, Itatiaia, vila Rosinha, dentre outras comunidades, nos bairros Novo Mundo e Fazendinha, sem assistência, com longas demoras em filas e sobrecarga nas unidades de saúde. A mesma situação aconteceu, de destino para uso externo clínico de retaguarda do Hospital do Idoso, com a UPA Boqueirão. Foram suspensas também todas as consultas de especialidades nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A Prefeitura de Curitiba também fechou a Unidade de Saúde Vila Feliz e, em plena pandemia, unificou os atendimentos dessas regiões na Unidade de Saúde Aurora, ocasionando aglomeração. Por conta disso, associações de moradores Pedro Carrano
realizaram panfletagem às 6h, diante da US Aurora, no bairro Novo Mundo, debateram com a população e pressionaram o poder público por medidas. “Estamos preocupados porque, em lugar de uma política de proteção aos servidores públicos e aos usuários das unidades, o município acaba aglomerando pessoas e cada vez vai precarizando mais o atendimento a nós, que necessitamos do atendimento público de saúde”, afirma Ivan Carlos Pinheiro, da associação de moradores Ferrovila. Curitiba tem 111 unidades básicas de saúde, todas suspenderam os atendimentos eletivos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 77 unidades estão atendendo apenas urgência, 24 unidades estão fechadas para atendimento externo e outras 10 passaram a ser postos exclusivos de vacinação. No caso das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), são duas fechadas e sete em atendimento. “Hoje a gente está sofrendo, sim, por conta da pandemia, mas também por falta de planejamento da gestão. foram precarizados os postos de trabalho, não foram feitos concursos, e agora, desde o início da pandemia, a Prefeitura optou por abandonar os pacientes de outras patologias. A gente não está fazendo atenção básica e agora se nega também à urgência e emergência. Como fica? A demanda aumenta, reflete dentro do atendimento”, analisa Irene Rodrigues, servidora municipal da saúde.
Brasil de Fato PR 6 Direitos
Revitalização da orla de Matinhos é questionada por pesquisadores da UFPR Projeto pode causar danos ambientais e humanos, alertam pesquisadores Ferreira Netto | IAP
Lia Bianchini
“G
raves consequências ambientais, paisagísticas e financeiras [...] assim como para a qualidade de vida da população afetada”. Esse é o alerta que pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fazem sobre os possíveis resultados da revitalização da orla de Matinhos proposta pelo governo do Paraná. No último dia 16, o governador Ratinho Junior (PSD) anunciou um pacote de investimentos em infraestrutura de R$ 1,6 bilhão. A maior concentração da verba é para a revitalização PUBLICIDADE
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Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
da orla de Matinhos, com obras previstas em R$ 512 milhões. O projeto prevê o engordamento da orla, com a utilização de 3 milhões de metros cúbicos de areia em 3 trechos, obras de pavimentação e paisagismo, estruturas marítimas para manutenção da areia e um novo canal em Saint Etienne para contenção de cheias. A intenção é que as obras comecem em 2021. No entanto, em nota técnica divulgada em 30 de novembro, 17 pesquisadores da UFPR questionam a eficiência das obras. Para eles, o projeto tem “inconsistências técnicas”, que
podem, a longo prazo, “protelar a solução dos problemas ou até mesmo intensificá-los ou transferi-los para outras localidades do litoral paranaense”. “O conjunto de projetos [...] afetará as dinâmicas de uso e ocupação urbana do município de Matinhos, com repercussões sobre a valorização da terra e potencial alteração de zoneamento urbano, entre outros aspectos cabíveis à agenda municipal”, apontam. O grupo lembra ainda que obras de grande porte e impacto ambiental devem ser legitimadas pelos conselhos municipais de meio ambiente. Para o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná, no entanto, o projeto executivo está definido e não existe possibilidade de alteração. “Estamos trabalhando em relação ao licenciamento ambiental que vai permitir a execução. Hoje não existe possibilidade de fazer alteração. Está concluído e vai ser aplicado naquela área”, afirma o presidente do IAT, Éverton Souza.
Cesta “Produtos da Terra” é presente consciente e sustentável no Natal Redação Panetone produzido por mulheres de padarias comunitárias da periferia de Curitiba e região. Cachaça orgânica de um assentamento da reforma agrária, 100% agroecológica. Chips de banana de cooperativa de quilombolas. Esses são alguns dos itens que compõem as cestas de Natal “Produtos da Terra”, oferecidas por comunidades da reforma agrária, agricultura familiar e grupos da economia solidária do Paraná. De acordo com Ademir Fernandes, da Cooperativa Central de Reforma Agrária do Paraná (CCA), a intenção é apresentar uma nova forma de consumo. “As cestas são uma opção de presente consciente neste período de festas. A maioria dos produtos são agroecológicos, de produção cooperada,
sustentável e com relações justas de trabalho”, explica. Para substituir os materiais descartáveis, a embalagem da cesta será uma “ecobag” produzida por costureiras da Rede Mandala. A marca Produtos da Terra Paraná é gerida de forma conjunta pela CCA e pelo empreendimento de Economia Solidária Sinergia Alimentos Saudáveis, que é um dos projetos da Mandala. O objetivo é fortalecer os vínculos diretos entre produtores e consumidores. Preço justo e sem filas Os kits estão disponíveis em três tamanhos e preços: pequena, com 10 itens, por R$ 70; média, com 15 itens, a R$ 150; e grande, com 18 itens, por R$ 200. As encomendas podem ser feitas pelo site www.produtosdaterrapr.com.br, até dia 14 de dezembro.
CESTA SOLIDÁRIA Neste ano o site Produtos da Terra também se junta às ações de solidariedade do MST. O convite é para que clientes doem a “Cesta Esperança”. Contém 12 itens e custa R$ 70, com preço de custo. Para além desses itens, famílias do MST de acampamentos e assentamentos do Estado vão doar alimentos frescos, in natura, para complementar a cesta. Divulgação A data-limite para se somar a essa ação é 10 de dezembro, pelo site wwwprodutosdaterrapr. com.br/cestasdenatal/
Brasil de Fato PR 7 | Cultura
Começa o Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo
Por Venâncio de Oliveira
O recriar das coisas
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e 11 a 20 de dezembro acontece o Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo. O evento é gratuito e contemplará todo o Brasil, promovendo as narrativas da atuação, realização e produção do audiovisual negro. As mostras nesta edição serão exibidas no formato online, na plataforma de streaming “Todesplay”, com exibições da Mostra Competitiva; Mostra Entre-Mares; Mostrinha Griot; Mostra África do Sul; Panorama: Aline Motta; além das sessões de Longa de Abertura e Longa de Encerramento do evento. Fora as sessões de filmes, o festival terá atrações formativas como a MasterClass; o Laboratório Griot; Oficinas de Crítica, Som e
Produção para mídias digitais e debates com realizadores da Mostra Competitiva e Panorama: Aline Motta. Durante os dez dias de evento, a plataforma poderá ser acessada a qualquer momento para assistir aos filmes. Cada exibição ficará disponível em média entre 24h e 48h. O cadastro é gratuito e é bom ficar atento à programação, pois haverá transmissões ao vivo. A programação completa está disponível no site do festival, incluindo as atividades que acontecem simultaneamente ao evento. A direção executiva do festival é de Andrei Bueno Carvalho e a direção artística de Bea Gerolin. O Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo tem o
Divulgação
Evento acontece de 11 a 20 de dezembro, é gratuito e será transmitido para todo o Brasil Redação
apoio da Todesplay, Olhar Distribuição, O2 Pós, Mubi, Projeto Paradiso, AVEC-PR, ABRACCINE. Incentivo da Celepar e Ebanx. Projeto realizado com apoio do programa de apoio e incentivo à cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Para saber mais, acesse www.festivalgriot. com.br Divulgação
Cena do filme “O Dia de Jerusa”, que faz parte da mostra deste ano
Brasil de Fato PR
Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
O dirigível que eles estavam construindo era uma invenção altamente complexa e sonhada por todos. Porém, factível e sua realidade seria impactante. Era também o lugar em que buscariam conforto e alegria. Tinha algo de ternura naquela romântica invenção. Ah… eles projetavam tudo naquele dirigível. Um lugar de festas e de amores. Magia que ligaria mundos. Poderiam chegar perto das estrelas e talvez sair dos confins do existente e fazer uma grande jornada no espaço? Ou seria melhor con-
centrar ali mesmo... e viver tranquilamente no seu próprio mundo gostoso de tantas coisas belas que fariam com as possibilidades internas do dirigível. Havia também a possibilidade de cruzar universos... isso eles também calculavam. O que fazer? Como começar? Um ponto de partida era necessário e nisso havia consenso. Por isso, o sol raiava e todos estavam ali na relva fresca para pôr em prática suas vontades e direcionar aquela energia revolucionária na grande empreitada.
DICAS MASTIGADAS
Salpicão A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 1 xícara de cenoura orgânica ralada; Reprodução 1/2 xícara de maçã verde orgânica picada; 1/2 xícara de milho; 1/2 xícara de salsão bem picado; 1/2 xícara de azeitonas picadas; 1 xícara de cubinhos de batata orgânica; 1 xícara de ervilha; 1/2 xícara de uva passa; 1/2 xícara de maionese; 1 colher (de sopa) de mostarda; Suco de meio limão orgânico; 1/2 xícara de salsinha e cebolinha picadas; sal e pimenta a gosto; batata palha (opcional). Modo de preparo Lave e pique os ingredientes conforme a descrição. Cozinhe os cubinhos de batata em água quente até ficarem macios. Em uma vasilha grande, coloque cenoura ralada, maçã verde picada, milho, salsão, azeitona, batata, ervilha, uva passa. Adicione a maionese de sua preferência, a mostarda, o suco de limão, a salsinha e cebolinha picadas e tempere com sal e pimenta moída a gosto. Misture bem e leve à geladeira por cerca de 2 horas. Se quiser, cubra com batata palha na hora de servir.
Brasil de Fato PR 8 Esportes
Paraná, 10 a 16 de dezembro de 2020
O futuro se fez presente Parte III (finanças) | Por Cesar Caldas Já ficou aqui exposta a amplidão da catástrofe que foi a presidência de Samir Namur (2018-2020) para o futebol do Coritiba. A gestão termina sua melancólica trajetória com as marcas de um 10º lugar na Série B, um 6º lugar em pontos e a lanterna de grupo no Estadual, três eliminações vexatórias na Copa do Brasil e a zona do rebaixamento. Ainda pior que nas quatro linhas foi o fracasso fi nanceiro. Um só dado é suficiente para demonstrá-lo: a calamidade foi de tal vulto, que o balanço de um só ano (2019) apontou déficit de R$ 51 milhões para um clube que levou 110 anos para acumular débitos pouco superiores a R$ 200 milhões. Para arrematar a desgraça, o perfi l da dívida foi drasticamente alterado. O prazo de vencimento dos compromissos é cada vez mais estreito, revertendo o alongamento preparado pelo ex-presidente Vilson Ribeiro com o Profut.
O racismo perdeu uma partida
Por Marcio Mittelbach
O Paraná Clube já tem um novo treinador. É o ex-goleiro, de 51 anos, Gilmar Dal Pozzo, que está na carreira de técnico desde 2008. O principal trabalho dele como treineiro foram os dois acessos pela Chapecoense. Da Série C para a Série B, em 2012, e da B para a A, em 2013. De lá pra cá, ele dirigiu equipes do Sul e do Nordeste. No Náutico, ano passado, conseguiu mais um acesso e o título da Série C. Porém, após um início de 2020 ruim, Gilmar foi demitido da equipe principal e passou a treinar o sub-23 do Náutico. Vale lembrar que o time pernambucano disputa diretamente com o Paraná para permanecer na Série B em 2021. Só nos resta acreditar que a experiência do Dal Pozzo na Série B consiga reconectar o tricolor ao caminho das vitórias. Em tese o desafio não é dos mais difíceis: cinco vitórias em 12 jogos. Na prática, a gente sabe que o buraco é mais embaixo.
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Dois times saem de campo em jogo da Liga dos Campeões por ofensa de árbitro
Frédi Vasconcelos A bola da vez
Brasil de Fato PR
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a terça (8), aos 14 minutos do primeiro tempo, na partida entre Paris Saint-Germain e Istanbul Basaksehir, pela Liga dos Campeões da Europa, começou uma confusão entre o quarto árbitro e jogadores do time visitante porque, segundo os atletas, o assistente utilizou expressão racista contra Pierre Webó, auxiliar do time turco. Pela primeira vez até onde a memória alcança, no maior torneio entre clubes da Europa, os dois times saíram de campo em protesto, e a partida teve de ser remarcada para a quarta (9). O quarto árbitro, Sebastian Coltescu, que é romeno, negou a atitude racista, que foi confirmada por diversos jogadores que estavam em campo. Pelas redes sociais, a federação euro-
peia declarou ter tomado conhecimento do caso. “A Uefa está ciente do incidente durante o jogo da Champions League desta noite entre Paris Saint-Germain e Istanbul Basaksehir e vai conduzir uma investigação completa. Racismo, e discriminação de qualquer forma, não têm espaço no futebol”, postou. PSG goleia Após a retomada da partida, no dia seguinte, o Paris Saint-Germain goleou o Istanbul Basaksehir por 5 a 1, com Neymar marcando por três vezes e participando das jogadas dos outros dois gols. Na volta da partida, com novo trio de arbitragem, houve manifestações contra o racismo. Jogadores dos dois times, por exemplo, se ajoelharam alternadamente no momento da execução do hino da Champions.
ELAS POR ELA Se tomar cartão... Por Douglas Gasparin Arruda
No último domingo viralizou a bronca de Fernando Diniz no jogador Luciano, do São Paulo: “se você tomar o cartão amarelo você tá f..” Preocupação compreensível: o São Paulo é o único time do campeonato que não levou nenhum cartão vermelho até aqui. Detalhes importantes para entender a campanha do time paulista. Para o Athletico, as últimas semanas foram marcadas por duas expulsões que custaram caro. Primeiro, no jogo de ida da Libertadores contra o River, quando Reinaldo foi expulso em uma jogada no mínimo imprudente para um jogador que já tinha amarelo. No último sábado, Thiago Heleno seguiu o exemplo: em um lance óbvio de cartão, mas que não necessariamente resultaria em gol do Fluminense, o experiente zagueiro optou pela expulsão. O jogo ainda estava nos 36 minutos do primeiro tempo.
Fernanda Haag
É campeão! Já temos o campeão nacional de 2020! A finalíssima do Campeonato Brasileiro ocorreu no domingo (6) numa noite memorável para o futebol de mulheres. Cobertura na TV aberta, fechada, transmissão on-line e um jogo que fez jus a tudo isso. Avaí/Kindermann e Corinthians entraram em campo na Neo Química Arena após um empate em 0x0 nas terras catarinenses. Era tudo ou nada. Em duelo de gala, com dois times fortes, presenciamos ainda a disputa das goleiras da seleção: Bárbara pelo Avaí/Kindermann e Lelê pelo Corinthians. Gabi Nunes abriu o
placar aos 28 minutos do primeiro tempo, deixando as alvinegras na frente. Logo depois, aos 32, e novamente após escanteio, Gabi Zanotti ampliou. No segundo tempo o jogo pegou fogo. Aos 6 minutos Zóio marcou pelas catarinenses, o Corinthians aumentou a diferença de novo com Gabi Zanotti e, como dominava o jogo, parecia o fim. Mas as Caçadoras não desistiram e Lelê diminuiu aos 33 do segundo tempo. As corintianas voltaram a ficar ligadas, reagiram rápido e Vic Albuquerque balançou as redes para garantir o segundo título brasileiro do Corinthians.