Brasil de Fato PR - Edição 201

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Bar virtual

Esportes | p. 8

Divulgação

Cultura | p. 7

Pandemia no futebol

Bardocelar tem show com bandas Enoix E Syd Vinicius (foto) transmitido no sábado

Brasileiro termina com mais de 300 jogadores infectados

Divulgação | Flamengo

PARANÁ

Ano 4

Edição 201

4 a 10 de março de 2021

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

À frente das lutas

Giorgia Prates

Mulheres são as mais impactadas com a crise e se mobilizam Editorial e Opinião | p. 2 Giorgia Prates

RATINHO IGNORA FAMÍLIAS DE DETENTOS Governador nem responde a pedidos de visita e itens básicos Paraná | p. 4 Brasil | p. Especial | p.6 5

Cidades | p. 6

Cidades | p. 6

Professoras com medo

Pandemia descontrolada

MST doa 6t de alimentos

Volta às aulas presenciais? Na pandemia, não há condições

Média móvel de casos no Paraná aumentou 48,5% em duas semanas

Ação de solidariedade aconteceu no interior do Estado


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 4 a 10 de março de 2021

Onde estão as Mulheres? Em Luta!

EDITORIAL

M

casos de violência de gênero contra mulhearço é o mês histórico de luta das mures e pessoas LGBTQI+, já que a quarentena lheres. Antes do início da pandemia, exigiu que se isolem num ambiente privado o dia 8 deste mês costumava ser a primeira que potencializa abusos. mobilização unitária, massiva Sob a bandeira da políe em cada estado no calendá- A crise é sanitária, rio de lutas anual. Essa jor- política, econômica tica alinhada ao mercado e não às necessidades das pesnada de lutas feministas tem e social e são as soas, desde o governo Temer como bandeiras urgentes o vemos que o desmonte do Esretorno do auxílio emergen- mulheres que tado de Direito afeta diretacial sem chantagem neolibe- carregam o fardo mente a vida das mulheres, ral, pela vacinação para todo em particular as condições de o povo brasileiro e pelo Fora dos impactos vida das mulheres negras. Por Bolsonaro. isso, não podemos esquecer que no dia 14 de Hoje, o Brasil e o mundo vivem uma crise março completam-se três anos do assassinasanitária, política, econômica e social e são to de Marielle Franco, figura expressiva na as mulheres que carregam o fardo dos imluta política em defesa dos trabalhadores e pactos na vida cotidiana, seja com o aumenda população negra, assassinada por isso, o to dos trabalhos de cuidado com as crianças, que foi mais um golpe contra a democracia. idosos e enfermos, ou com os crescentes

SEMANA

Mulheres estão à frente das mobilizações populares OPINIÃO

Gabriela Lucena

Fernanda Maria Caldeira,

Integrante do Levante Popular da Juventude e Frente Feminista Curitiba

O

dia internacional das mulheres de 2021 será marcado pela pandemia do Covid-19, que há um ano tem aprofundado a crise econômica, intensificando os impactos sobre a vida das mulheres. O momento é de denúncia, luta e resistência: o corte de gastos da Emenda Constitucional 95, com teto de gastos para a educação e saúde, impacta nos serviços públicos que por consequência impactam diretamente no trabalho das mulheres. No que se refere ao trabalho assalariado, os serviços de educação básica e enfermagem são profissões majoritariamente ocupadas por mulheres, além disso o setor de serviços foi o mais afetado pela crise, atingindo os serviços de trabalhadoras domésticas, serviços de alimentação, caso de ambulantes e restaurantes, além de serviços pessoais, tratamento de beleza e cabeleireiras. Em 2020, as mulheres representaram a maior taxa de desocupação no país. Quanto ao espaço doméstico, a pandemia e a prática do isolamento social aguçaram alguns problemas

já existentes como a intensificação do trabalho invisível que as mulheres fazem com as tarefas domésticas e de cuidado das crianças, idosos e os doentes da casa. Além disso, não houve nenhum investimento no combate à violência doméstica, o que no agravamento do desemprego e dependência econômica faz com que muitas mulheres não consiguissem sair do ciclo da violência. Em contrapartida, as mulheres são o fogo no pavio das mobilizações populares: a defesa do SUS e o direito da vacina para toda a população, o retorno do auxílio emergencial e o impeachment de Jair Bolsonaro são os eixos centrais de reivindicação das mulheres no 8 de março deste ano. Em uma unidade histórica, as mulheres de todos os estados do Brasil estarão juntas em um ato nacional virtual no dia 7 de março e o dia 8 será marcado por ações de solidariedade construídas pelos movimentos populares.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 201 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Fernando Maria Caldeira e Otto Leopoldo Winck ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


Brasil de Fato PR

Brasil de Fato PR

Paraná, 4 a 10 de março de 2021

Geral | 3

FRASE DA SEMANA

A aliança carnal entre o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), e o governador Ratinho Junior (PSD) com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está em crise conjugal, por conta da falta de vacinas para imunizar a população. Greca e Ratinho estão vendo cair na conta deles os efeitos do semi lockdown adotado desde sábado (27) enquanto o presidente segue transferindo responsabilidades para outros políticos. Ratinho Junior, que na quinta-feira (25) estava sorridente ao lado de Bolsonaro, tem motivos de sobra para se preocupar. Ele até assinou – pela primeira vez – carta dos governadores após Bolsonaro usar o Twitter para divulgar repasses federais para os estados, dando a entender que a responsabilidade é dos governadores. “Caberia aos estados esclarecer à população que o total dos impostos federais pagos pelos cidadãos e pelas empresas de todas as unidades da Federação, em 2020, somou R$ 1,479 trilhão. Se os valores totais, conforme postado hoje, totalizam R$ 837,4 bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de cada cidade e cada estado brasileiro pagaram à União em 2020?”, dizem governadores.

Disse o jornalista Luis Nassif sobre a possibilidade de crime de informação privilegiada com ações da Petrobras na demissão de seu presidente. Pouco depois de reunião de Bolsonaro com alguns ministros sobre o assunto, um investidor atuou no mercado e faturou pelo menos R$ 18 milhões com a queda do valor de ações da empresa.

Vacina Já Foi fechado nesta semana calendário nacional de manifestações unificadas por Vacina Já (em apoio ao SUS) e pelo auxílio de emergência de 600 reais mensais até o fim da pandemia para os 60 milhões de trabalhadores, além de manifestações do “Fora, Bolsonaro”, contra os atos cometidos pelo presidente na pandemia.

Toda semana Divulgação

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Pior PIB em 24 anos

Giorgia Prates

Por vacinas, Greca e Ratinho se desentendem com governo Bolsonaro

“Um crime foi cometido dentro do Planalto: onde irão esconder o cadáver?”

Saiu na quarta, 3, a queda do Produto Interno Bruto, PIB, em 2020. Foi de 4,1%, o pior resultado nos últimos 24 anos. Boa parte se deve à pandemia, mas o Brasil já vinha escorregando nos últimos anos. Após a eleição de 2014 e no período do processo de impeachment, caiu 3,5% em 2015, e 3,3% em 2016. Nos anos seguintes, após o golpe, o crescimento foi medíocre. De 1,3% em 2017, de 1,8% em 2018 e de 1,4% em 2019, segundo dados do IBGE.

Dia da Marielle

Década perdida A década acabou com o crescimento médio anual de 0,3%. E isso porque crescemos 4,0% em 2011, senão seria ainda pior. Como comparação, entre 2001 e 2010, que pega dois mandatos de Lula, crescemos em média 3,7% ao ano. O PIB brasileiro, hoje, se encontra 4,4% abaixo do pico registrado no início de 2014. A retomada do nível de renda por pessoa em relação ao seu pico, em 2013, deve demorar mais de uma década, segundo projeções da Fundação Getúlio Vargas.

Recorde de mortes na pandemia Se a economia vai mal, o Brasil bateu na quarta, dia 3, o recorde de mortos por coronavírus relatado num só dia. Foram registrados 1.840 óbitos em 24 horas, segundo levantamento feito do consórcio de veículos de imprensa. Atingindo mais de 257 mil mortes desde o início da pandemia. Antes, o maior número ocorrera em 29 de julho, com 1.595 óbitos.

Entre as atividades estão programadas carreatas, bicletadas, bandeiraços, colagem de lambe-lambe, ações de solidariedade em todos os próximos finais de semana. Às quintas-feiras, o movimento sindical também organizará dias de agitação e propaganda.

Na contramão do mundo O Brasil bate novos recordes macabros enquanto a pandemia vem diminuindo em outros países. Matéria do site da BBC Brasil mostra que no final de fevereiro “o número de casos (de covid) caiu globalmente pela sexta semana consecutiva e o número de mortes está em queda pela terceira semana. De 836.463 casos de Covid-19 em 10 de janeiro para 314.816 em 22 de fevereiro. E de 16.667 mortes em 28 de janeiro para 7.658 em 22 de fevereiro, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).”

Neste início de mês haverá a semana de luta das mulheres, de 7 a 14 de março (dia da Marielle, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada). No 21 de março, ocorre dia de luta contra discriminação racial. Em 24 de março, dia nacional dos educadores. O 28 de março, um domingo, terá ações de solidariedade, coleta de recursos, alimentos e ações de saúde.

Fora, ditadura Para o 1º de abril (dia da mentira) estão programados atos de denúncia “ditadura militar, nunca mais!”. Na semana de 7 a 11 de abril ocorrerão manifestações em torno da saúde. E para o dia 11, há proposta de artistas de acender velas em locais públicos em homenagem aos mortos pela pandemia.


Brasil de Fato PR 4 Paraná

Brasil de Fato PR

Paraná, 4 a 10 de março de 2021

Familiares de presos exigem cronograma de visitas e acesso a condições dignas BDF Paraná Entrevista discutiu o impacto do lockdown em comunidades periféricas e na população carcerária Giorgia Prates e Pedro Carrano

Redação Paraná

D

e acordo com informe divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), no dia 28 todas as macrorregiões registraram mais de 90% na taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante desse quadro, fica a pergunta sobre como está a condição de setores vulneráveis e que necessitam atenção do poder público. Familiares dos detentos no sistema penal, neste contexto, criaram um movimento que chega ao quinto acampamento e seis manifestações desde o início da pandemia, em 2020. Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, Nayara e Franciele, esposas de detentos no sistema prisional, em acampamento há mais de duas semanas, exigem negociação com o governador Ratinho Jr. Na voz delas, hoje os presos não podem receber visitas, sequer com distanciamento. Além disso, o envio do sedex – em lugar das sacolas reivindicadas pelo movimento -, faz com que os presos fiquem sem insumos básicos. Pasta de dente, sabonetes, alimentos. Além do alto custo do envio. Falam em opressão dentro do sistema prisional paranaense. “A comida estraga, o sedex volta, a gente vem de uma longa luta pela volta das visitas gradualmente. Sabemos que há o lockdown, mas queremos uma data para visita”, afirma Nayara (as entrevistadas preferiram não divulgar o sobrenome). “Nunca conseguimos um sedex que entre mais produtos de higiene, uma alimentação para a imunidade não ficar baixa. Os meninos são acordados com chutes, socos, sprays de pimenta. Estamos há meses sem contato por carta, com visitas essa situação se ameniza”, denuncia Franciele.

Com 100% dos leitos ocupados, Cascavel pede apoio à União e ao Estado

A

Fotos: Giorgia Prates

COVID E COMUNIDADES PERIFÉRICAS Larissa Souza, médica da família, com atuação no Rio de Janeiro e em Unidade de Saúde em Curitiba, afirma que faltam condições para o combate à Covid-19 nas periferias, campanhas de conscientização e, o mais grave, o acesso da população à assistência primária. Algo que aconteceu na ocupação Nova Guaporé 2, no bairro Campo Comprido, de acor-

do com Larissa, é a dificuldade de acesso a esses espaços. “Sabemos que algumas comunidades estão sem apoio algum do poder público. Unidades de saúde da família estão fechadas, as comunidades têm aquilo como próximo, agora não têm como. As unidades fechadas, algumas viraram posto de vacinação somente”, critica.

Secretaria de Saúde de Cascavel, cidade na região Oeste do Paraná, encaminhou pedido urgente de transferência de pacientes infectados com Covid-19 para hospitais da região e de outros estados. O documento, assinado pelo secretário de saúde Thiago Stefanello e pelo prefeito Leonardo Paranhos, foi encaminhado na terça (2) à Secretaria de Estado de Saúde e ao Ministério da Saúde. A informação foi divulgada pela jornalista Laís Laíny, do portal regional CATVE, que teve acesso ao documento. “A Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel vem requerer apoio imediato de caráter urgentíssimo na Secretaria de Estado da Saúde e ao Ministério da Saúde para adotar providências para transferência dos pacientes que necessitam de suporte em hospitais para outras regiões e Estados da Federação”, pede o secretário. A secretaria informa, no pedido, que a capacidade operacional e de recursos humanos está esgotada, com internamentos acima do suportado. “Não é mais possível internar nenhum paciente até que a Central de Leitos realize a transferência de alguns pacientes”, consta na carta. Mário Oliveira | SEMCOM


Brasil de Fato PR

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Paraná, 4 a 10 de março de 2021

Especial | 5

Professoras falam sobre insegurança na pandemia MÊS DA

MULHER

O sentimento é de medo com o retorno às aulas presenciais e pelas más condições de escolas Ana Carolina Caldas

A

s mulheres acumulam funções, atividades domésticas, maternidade, corrida na vida profissional... Com a pandemia, essa realidade se agravou para muitas. As professoras, por exemplo, viram suas casas se transformarem em salas de aula com o trabalho remoto e, agora, enfrentam o medo do retorno ao trabalho presencial. No Dia Internacional da Mulher, o Brasil de Fato traz vozes dessas mulheres, professoras, mães, que lutam para mudar a realidade e se mostram comprometidas com a educação, apesar das más condições de trabalho. É o caso de Maria Ângela da Motta, professora da rede municipal de ensino de Curitiba. Ela é mãe solo de uma filha de 21 anos e um menino de 6. Trabalha de manhã e à tarde, com aulas de Língua Portuguesa para turmas de 1º ao 6º ano e disse que sua demanda aumentou em 2020. “Cumpri muito mais que 8 horas. Mi-

nha rotina se dividia entra as aulas, o preparo técnico das aulas gravadas, o atendimento o dia inteiro dos alunos e pais via WhatsApp, mais registros nos relatórios sem que houvesse nenhum suporte técnico da mantenedora. Junto com isso, tive que ajudar meu filho que está no primeiro ano.”

Já a professora Ângela Maria de Castro dividiu-se entre a orientação à sua filha de 11 anos e seus alunos em período integral. “Tivemos que aprender a mexer com tecnologia, sem termos formação para isso. Foi muito difícil.” Ângela diz que a sua experiência como mulher e professora só trouxe apro-

fundamento da desigualdade de gênero. “Tivemos mais e mais sobrecarga de trabalho dentro de casa e também na profissão”, relata. Já a diretora de uma escola municipal de Curitiba, a professora Flavia Karine Vantroba diz que sua função trouxe desafios muito maiores durante a pande-

Arquivo Pessoal

Volta às aulas presenciais Ao iniciar 2021, as professoras começaram a se organizar para o retorno das aulas presenciais. Apesar da suspensão temporária nesta semana, devido ao agravamento da pandemia, o retorno acontecerá e isso tem gerado insegurança e vem sendo criticado pela categoria dos professores devido à ausência de um protocolo de segurança e de prote-

mia e, muitas vezes, achou que não daria conta. “Gerir uma escola em homeoffice foi muito difícil. Como fica numa região onde nem todos têm internet, tivemos muita dificuldade para ter acesso às famílias. Foram dias de muita ansiedade, nos quais muitas vezes achei que não daria conta.” Arquivo Pessoal

Prof. Flavia Karine

ção contra o vírus para os profissionais. “Dentro da realidade escolar, não há segurança, principalmente em escolas que atendem crianças. Elas aprendem pela interação social. Eu, como diretora, não me sinto segura com o retorno presencial,” diz Flávia. A professora Maria é taxativa. “Na minha escola a estrutura é antiga, com janelas pequenas, salas mal ventiladas e não temos água”, conta. O sentimento de insegurança também é o de Maria Ângela. “Na escola onde trabalho morreram três profissionais por causa da Covid-19. Agora, em fevereiro, outros três testaram positivo quando estávamos em reuniões pedagógicas. A

Prof. Maria Ângela

mantenedora não se importa. Mas nós temos medo. Eu tenho medo de contrair, medo de contaminar uma criança, medo de ser responsável pela morte de alguém.” Segundo o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba - SISMMAC, pelo menos seis escolas foram fechadas em fevereiro por casos de Covid-19. Os sindicatos têm recebido ainda denúncias da ausência de EPIs adequados, problemas no abastecimento de água, falta de funcionários para supervisionar as crianças e estrutura inadequada para receber os alunos da forma como foi definida pelo protocolo da Prefeitura.

“Eu tenho medo de contrair, medo de contaminar uma criança, medo de ser responsável pela morte de alguém.” Maria Ângela da Motta, professora


Brasil de Fato PR 6 Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 4 a 10 de março de 2021

MST e parceiros doam 6 toneladas de alimentos a 500 famílias de Ponta Grossa

Cestas foram partilhadas no sábado (27) por quatro acampamentos e um assentamento Redação

N

o sábado (27), cerca de 500 famílias em situação de vulnerabilidade em Ponta Grossa receberam cestas com alimentos agroecológicos doados por camponeses e camponesas do MST. Arroz, feijão, batata, mandioca, milho verde, melancia, limão, legumes, verduras e frutas diversas estavam entre os itens que compuseram os kits. Cada sacola também recebeu um pão caseiro, produzido pelos coletivos de mulheres das comunidades da Reforma Agrária. Ao todo, 6 toneladas de alimentos foram distribuídas. As entregas ocorreram em 7 bairros, as famílias se ca-

dastraram previamente, para evitar aglomerações. A ação é fruto da aliança entre cinco comunidades do MST - assentamento Contestado, da Lapa; os acampamentos Maria Rosa do Contestado e Padre Roque Zimmermann, de Castro; e o acampamento Reduto de Caraguatá, do município de Paula Freitas; e do acampamento Emiliano Zapata, de Ponta Grossa. Também contribuíram com a iniciativa entidades e movimentos urbanos. Entre as produtoras agroecológicas que partilharam alimentos está Vanessa Batista, de 26 anos. Ela mora na comunidade Emiliano Zapata e garante alimentação saudável e renda a Larissa da Silva Santos | MST-PR

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partir de uma horta diversificada a poucos metros de casa. Toda semana a camponesa comercializa alimentos por meio da cooperativa da comunidade e de uma feira na cidade. Desta mesma horta é que Vanessa colheu cheiro verde, beterraba e couve orgânicas para doar. “Eu já morei na cidade, já morei de aluguel, sei como as coisas são difíceis e este ano foi pior pra todo mundo”, relata a jovem, que mudou-se para o acampamento há 10 anos. Joabe Mendes de Oliveira, da direção estadual do MST no Paraná, destacou que os alimentos são resultados do cultivo orgânico, livre de agrotóxicos. Ressaltou ainda o caráter solidário das doações no esforço de amenizar a fome durante a pandemia. “As cestas são fruto do nosso trabalho, dos trabalhadores do campo para trabalhadores da cidade”. Além das comunidades do MST, participaram da ação sindicatos, a CUT-PR, a Frente Brasil Popular; pastorais da Igreja Católica, comunidades eclesiais de base (CEBs), Frente Ampla Democrática, além de amigos e parceiros do MST.

Média móvel de casos no Paraná aumentou 48,5% em duas semanas Redação Paraná Em duas semanas, a média móvel de casos confirmados de Covid-19 no Paraná teve aumento de 48,5%. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, em 28 de fevereiro a média móvel era de 3.724 novos diagnósticos por dia, calculada por um período de sete dias. O aumento no número de diag-

nósticos é observado desde o início do mês. Na semana epidemiológica 5 (de 31 de janeiro a 6 de fevereiro) foram confirmados 17.651 casos, com um leve aumento na seguinte (7 a 13 de fevereiro), com 17.686 confirmações. Na semana epidemiológica 7 (14 a 20 de fevereiro), o número de casos saltou para 21.612. Na última semana fechada (21 a 27 de fevereiro) já eram 27.090 casos.

Com apenas dois meses completos, o ano de 2021 já concentra um quarto de todas as mortes da pandemia. Até 1º de março, o Paraná somava 645.621 casos e 11.598 mortes. Destas, 3.005 morreram neste ano. O Informe Epidemiológico da terça (2) mostrou que o Estado contabiliza, no total geral, 651.751 casos confirmados de Covid-19 e 11.776 mortes.

Leitos A taxa de ocupação dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado está hoje em 92% – das 1.389 UTIs adulto, 1.275 estão ocupadas. Já a taxa de ocupação nos leitos de enfermaria chegou a 74%, com 1.508 dos 2.047 leitos disponíveis ocupados. A situação mais crítica é na macrorregião Oeste, que tem 97% das UTIs e 74% das enfermarias sendo utilizadas.


Brasil de Fato PR 7 | Cultura

Show no sábado, 6, será a partir das 21h30 e terá as bandas Enoix e Syd Vinicius

B

ardocelar nasceu em março de 2004, inspirado numa peça de teatro do mesmo nome, que teve sua estreia em novembro de 2001. A peça foi produzida por um grupo de amigos com intuito de levar aos palcos algumas hilárias experiências vividas na noite curitibana. O cenário é um genuíno bar, inclusive com música ao vivo, e o texto retrata fatos e personagens comuns à boemia. Devido ao sucesso da peça, que passou a ser apresentada todo mês no Teatro Fernanda Montenegro, o bar saiu do palco e

criou vida própria em 2004. Há 17 anos, o Bardocelar vem se mantendo devido ao público cativo e também por valorizar bandas e músicos da cidade. Em 2020, com a pandemia, foram realizadas 15 lives musicais seguidas, todas com remuneração aos músicos. No próximo final de semana, Curitiba estará com bares, restaurantes e comércio fechado devido ao agravamento da doença. Por isso, para comemorar o aniversário, uma transmissão ao vivo acontecerá no sábado, 6/3, com participação das bandas Enoix e Syd Vinicius, que serão remuneradas. Reprodução Facebook

Show terá as bandas Enoix (foto) e Syd Vinicius

Por Otto Leopoldo Winck

A única herança Acumulei caminhos demais na sola de meus pés exaustos. Nos olhos marejados há quilhas e naufrágios de navios fenícios.

Minhas mãos tremem porque desejei todos os laços dos peregrinos. Só sei que em minhas gavetas há poemas suficientes para se inventar

Gibran Mendes

DICAS MASTIGADAS

Panqueca de brócolis A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 2 xícaras de brócolis orgânico. 1 cebola orgânica. 3 ovos orgânicos. ¼ de xícara de farinha de trigo. Sal a gosto. Alho a gosto. 1 fio de azeite.

A transmissão será pelo facebook do BARDOCELAR, a partir das 21h30

mundos inauditos e luas impossíveis. Mas os soluços, estes espalhei-os pelas ruas feito um cão vadio. É minha única herança. Perdoai-me.

Reprodução

Bardocelar comemora 17 anos com transmissão de musical Redação

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Paraná, 4 a 10 de março de 2021

Modo de preparo Cozinhe o brócolis e pique em pedaços muito pequenos (se tiver um processador, facilita), corte a cebola, também em pedaços pequenos, e misture. Transfira para uma tigela e misture com os demais ingredientes, exceto o azeite. Misture tudo até que forme uma massa. Em uma frigideira, aqueça o azeite. Coloque uma pequena porção da massa na panela, deixe cerca de 4 minutos em cada lado ou até dourar.


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Paraná, 4 a 10 de março de 2021

8 Esportes

Acaba o “covidão” 2020 e começam os “covidões” estaduais

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Novidade de peso no Furacão

Divulgação

Brasileirão teve 302 jogadores infectados. Corinthians já tem 8 infectados no Paulista Frédi Vasconcelos

A

política do pão e circo não pode parar. Se falta pão, sem auxílio emergencial, pelo menos fica garantido o futebol na pandemia. O Brasileirão 2020, batizado pelo jornalista Juca Kfouri de “covidão 2020”, acabou com 302 jogadores infectados, segundo levantamento do site Globoesporte.com. As primeiras posições desse campeonato foram divididas entre cariocas e paulistas, com Vasco e Fluminense em primeiro, 26 infectados, seguidos por Palmeiras, 24, Santos, 22, Flamengo, 21. Para completar o G6 dessa disputa doentia, vem o Goiás, também com 21 casos. Na outra ponta, dos que mais se cuidaram, brilham São

Paulo e Sport, com 3 casos, seguidos, nesse Z4 do bem, de Grêmio, 8 infectados, e Corinthians, 7. Porém, os paulistas não têm muito o que comemorar. No clássico contra o Palmeiras, marcado para esta semana pelo Paulistão, já foram constatados 8 jogadores contaminados, que ficarão de fora de uma partida que nem deveria ser marcada, já que na confusão atual do calendário o Palmeiras ainda disputa a final da Copa do Brasil 2020 no próximo domingo. Mas o calendário nacional, que já não era lá essas coisas, vai pelo

menos até o final desta temporada para garantir o circo. Isso se não houver novas paralisações, como já ocorreu no Paranaense, em que apenas dois jogos da primeira rodada foram disputados. Os outros acabaram suspensos por conta do decreto do governador que permite apenas atividades essenciais no Estado. Lembrando que no “covidão 2020”, os times paranaenses tiveram performance parecida. O Athletico-PR ficou na sétima posição, com 20 casos, e o Coritiba terminou em décimo lugar, com 18 casos.

O Athletico fez um anúncio de peso na última semana: Rosana dos Santos Augusto é a nova treinadora da equipe feminina. A ex-jogadora da Seleção chega para comandar o time em sua primeira experiência como técnica. O desafio inicial é a preparação do time paranaense para o Campeonato Brasileiro A2, marcado para começar em maio. A chegada à elite do futebol nacional é uma meta alta, mas que pode ser alcançada. Só a contratação de Rosana já demonstra o interesse do clube no futebol de mulheres e um projeto que vem se estabelecendo. Ano passado o Furacão chegou nas oitavas da A2, sendo eliminado pelo Bahia, que conseguiu subir para A1. O currículo de Rosana como atleta é admirável: prata com a amarelinha nas Olímpiadas de 2004 e 2008 e na Copa do Mundo de 2007; ouro nos Pan-Americanos de 2003 e 2007; Libertadores em 2014 e 2017; Champions League em 2012 e ainda foi condecorada como lenda do futebol pela FIFA em 2019. Como treinadora vem se preparando muito bem para a função, pois tem as Licenças A e B da CBF e a Licença C da UEFA. Ficamos na torcida e desejamos todo o sucesso para ela e para o Furacão!

Hora de esperança

Tempo extra

Cornunismo

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Douglas Gasparin Arruda

Segue indefinida a data da primeira partida coxa-branca no Campeonato Paranaense, por conta da suspensão temporária da competição pelas autoridades sanitárias. Estão determinados, por outro lado, adversário, data e local da estreia na Copa do Brasil: o jogo será contra o União de Rondonópolis em 18 de março (uma quinta-feira), às 19h15, com transmissão pelo canal SporTV. Para chegar àquela cidade mato-grossense, a 216 km de Cuiabá, são necessárias 2h40 de ônibus desde a capital. A momentânea (esperamos) folga no calendário intertemporada permite que o departamento de futebol, o comando de sua comissão técnica e as informações dos responsáveis pelas categorias de base prossigam sua busca dos jogadores mais adequados à formação de um time praticamente novo, enquanto continuam os treinos. A tarefa de voltar à Série A será árdua, mas a esperança é grande.

Poucos dias antes de completar um ano da primeira interrupção no futebol causada pelo coronavírus, as incertezas voltaram com força total. Um bate-cabeça muito parecido com 2020. No sábado, dia 27, já em Cascavel, a delegação do Paraná Clube foi avisada de que o jogo não iria ocorrer. Já em Cianorte e Ponta Grossa, a bola rolou. Foi só na segunda-feira, dia 1º de março, que a Federação Paranaense de Futebol anunciou a suspensão do campeonato até, pelo menos, o 8 de março, quando encerra o decreto que prevê “lockdown” em todo o Estado. No entanto, diante do caos nos hospitais, a possibilidade de prorrogação é grande. O lado bom desse novo congelamento é que o tricolor ganha tempo para entrosar a equipe. Afinal, o técnico Maurílio chegou há menos de um mês, e o Paraná trocou cerca de 90% do seu elenco desde o fim da Série B.

O termo pode parecer estranho, mas para a torcida athleticana significa algo dolorido e polêmico. Em nosso dicionário rubronegro, cornunismo refere-se aos defensores do retorno de Tiago Nunes ao comando técnico do Furacão. Sua saída não foi bem aceita pela torcida, que tratou tudo com um nível de romantismo altíssimo. Para muitos, Tiago foi embora como traidor. Da minha parte, discordo. Não vejo como traição a saída de profissionais do futebol para equipes que oferecem a eles salários maiores ou outros atrativos na carreira. Mas os planos do técnico não saíram como esperado, e agora o Athletico apresenta-se como excelente oportunidade para que Tiago Nunes possa mostrar suas qualidades e voltar ao patamar dos grandes treinadores da atualidade. O anel de casamento não foi jogado fora.


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