Brasil de Fato PR - Edição 203

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Calendário maluco

Divulgação

Esportes | p. 8

Cultura | p. 7

MST vira música

Paranaense tem time com 3 jogos. Outros, nenhum…

Ações de sem terra no Paraná inspiram o artista popular Petrus Cuesta

Stay Flow

PARANÁ

Ano 5

Edição 203

18 a 24 de março de 2021

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

O pior lugar do mundo para viver na pandemia Giorgia Prates

Brasil, Paraná e Curitiba têm recorde de mortos UTIs lotadas Faltam vacinas Lockdown é urgente Brasil | 4 e 5

Direitos | p. 6

Brasil | p. Editorial | p.6 2

Direitos | p. 6

Eletrobras não se vende

Seis por meia dúzia

Volta da Fafen

MAB completa 30 anos: água e energia para o povo

Novo ministro da Saúde segue cartilha mortal de Bolsonaro

Largada por Bolsonaro, indústria pode produzir cilindros de oxigênio


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Dois governos desastrosos

Governadores e prefeitos reagem a Bolsonaro OPINIÃO

EDITORIAL

O

governo anunciou que Eduardo Pazuello, o mestre em fracassos logísticos no combate à pandemia, deu lugar ao cardiologista Marcelo Queiroga. Mas, por ora, não há o que comemorar, já que o novo convocado para a pasta afirmou que seguirá a política orientada por Bolsonaro. Já o governador Ratinho Jr. se consagra como o mais fiel à cartilha bolsonarista. A parceria anunciada para produção e distribuição da vacina Sputinik V pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), simplesmente desapareceu. Na semana em que a curva de contaminação do Paraná foi a maior de todo o Brasil

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Paraná, 18 a 24 de março de 2021

e que ocorreram mais de 300 mortes pela doença em um único dia, arquivos do departamento de saúde e serviços humanos do governo dos EUA revelam que a gestão de Donald Trump “persuadiu” o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19. Em contraste, o Consórcio Nordeste garantiu a compra de 39,6 milhões de doses da vacina que serão distribuídas a todo o Brasil. Já o Paraná, que havia sinalizado o acordo de cooperação com a Rússia em agosto de 2020, engavetou a proposta. Mas o governador decidiu abandonar o plano. Até quando a política de saúde de Ratinho Jr. estará colada à política desastrosa do governo Bolsonaro?

Alexandre Padilha,

médico, professor universitário e deputado federal eleito pelo PT-SP. Foi ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e secretário de Saúde na gestão Haddad

O

Brasil reage a Bolsonaro, enquadra Bolsonaro e vai acelerar a vacinação por conta de governadores, prefeitos e do Congresso Nacional. Conseguimos aprovar - e foram sancionadas na última semana -, as leis que construímos no Congresso Nacional que autorizam estados e municípios a participarem da compra de vacinas, assim como ampliar e acelerar a vacinação, coisa que o governo federal não está cumprindo. Essas leis obrigam o governo federal a ter que cumprir a meta de vacinação.

SEMANA

Bolsonaro, que havia vetado esta medida na semana anterior, teve que sancionar desta vez porque o Congresso Nacional em articulação feita pelos partidos de oposição, conseguiu aprovar mais uma vez os projetos, obrigando o presidente à sanção. Bolsonaro está em um momento acuado. A postura antivacina do presidente, de recusar as ofertas que foram feitas ainda no ano passado ao governo federal, de tentar criar obstáculos para a incorporação de vacina no país e a paralisação do programa de vacinação, faz com que Bolsonaro esteja em seu pior momento. E, infelizmente, também estamos no pior momento do crescimento da Covid-19. Só a aceleração do plano de vacinação e a responsabilidade de governadores e prefeitos,

em restringir a circulação nas cidades, pode fazer com que a gente salve vidas e a economia ao mesmo tempo. De imediato precisamos vacinar, vacinar, vacinar. Acelerar a vacinação. A entrada dos governadores e prefeitos neste movimento, podendo comprar as vacinas, a partir das medidas que aprovamos no Congresso Nacional, vai ser mais um passo para isso. Mas precisamos agora exigir que o governo federal reabra de imediato os leitos que foram fechados pelo corte de recursos. E precisamos ter responsabilidade respeitando o distanciamento físico, na diminuição da circulação nas cidades, na proibição de aglomerações em todas as regiões do país que tenham mais de 80% dos leitos de UTI ocupados.

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR| Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 203 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Alexandre Padilha e Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


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Paraná, 18 a 24 de março de 2021

Brasil de Fato PR Geral | 3

FRASE DA SEMANA

17 Vereadores de Curitiba são contra “Pacto pela vida” Nada é tão ruim que não possa piorar na República de Curitiba. Com a saúde em colapso, 97% dos leitos de UTI ocupados, mais de 57 mortes nos últimos dois dias e 14 mil casos ativos, 17 vereadores da capital decidiram que não era uma boa ideia sugerir ao governador Ratinho Junior (PSD) que ele assine o Pacto pela Vida proposto por outros 21 governadores. Com isso, o requerimento que obriga o governo do Paraná a ter maior compromisso no combate à Covid-19 foi derrotado. Placar final 17 a 15. O que dizia o requerimento que 17 negacionistas votaram contra? Falava que “Consideramos urgente a tomada de medidas para reduzir o número de infectados e de mortes no Paraná e no Brasil. O crescimento da pandemia se tornou ainda mais alarmante nas últimas semanas. Não podemos banalizar a morte de mais de 280 mil pessoas no Brasil, no Paraná já são 13.478 mortos”. O texto proposto pela bancada do PT ainda destacava ser “urgente a compra de vacina para todas e todos. Para diminuir drasticamente a transmissão da Covid 19, a vacina precisa chegar a pelo menos 70% da população. O governo federal já demonstrou sua incompetência e irresponsabilidade. Não podemos ficar à mercê também da responsabilidade do governo do estado! É necessário que recursos do orçamento do Paraná sejam priorizados para a aquisição de vacinas”.

Flávio Dino, governador do Maranhão após o recorde de óbitos no Brasil com os casos confirmados na terça-feira, 16/3.

2.842 (mortes por Covid-19 em um dia). Será que os negacionistas genocidas e falsos patriotas vão dormir nesta noite?

Marcos Corrêa | PR

EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA E ORDINÁRIA A Diretora Presidente da Federação de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Paraná – FECAFES PARANÁ, inscrita no CNPJ:14.103.680/0001-83, com sede na Rua Gaivotas nº 115, Jardim Albânia, CEP: 83.540-000, Rio Branco do Sul – PR. No uso de suas atribuições legais que lhe asseguram o Estatuto Social, CONVOCA todas as 41 (quarenta e uma) associadas para ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA E ORDINÁRIA, a realizar-se de forma on -line pela plataforma Google Meet, no dia 31 de março de 2021. A Assembleia Geral Extraordinária realizar-se-á às 13:00 (treze) horas em primeira convocação com presença mínima de 2/3 (dois terços) das associadas com direito a voto; às 14:00 (quatorze) horas em segunda convocação com a presença de metade mais uma das associadas com direito a voto e às 15:00 (quinze) horas em terceira e última convocação com a presença de no mínimo 3 (três) associadas com direito a voto. A instalação da Assembleia Geral Ordinária será 01 (uma) hora após o término da Assembleia Geral Extraordinária, para tratar da seguinte ordem do dia: Em regime de Assembleia Geral Extraordinária: 1) Alterações do Estatuto Social; Em regime de Assembleia Geral Ordinária:

1) Prestação de contas da diretoria com Parecer do Conselho Fiscal - exercício de 2020. 2) Destinação das Sobras apuradas ou rateio das perdas do exercício de 2020; 3) Eleição de 2/3 do Conselho Fiscal para o exercício 2021; 4) Apresentação e discussão do planejamento para o ano de 2021; 5) Fixação dos valores dos honorários dos membros dos conselhos de administração e fiscal; 6) Autorização para a Cooperativa efetuar convênios e contratos junto às instituições públicas e tomada de empréstimos. 7) Autorização junto ao quadro social da cobertura dos gastos operacionais e demais despesas tendo como recurso as contribuições dos associados; 8) Assuntos gerais de interesse da sociedade. Rio Branco do Sul/PR, 18 de março de 2021. ALINE PASDA DIRETOR PRESIDENTE OBS: A fecafes - vai seguir todas as recomendações da organização mundial da saúde - (OMS) portanto será obrigatório o uso de máscaras, respeitada a distância de 02 metros entre os participantes, além de ser disponibilizado álcool em gel para todos.

Sem vacinação no HC Enquanto a segunda fase da vacinação avança em Curitiba, 943 trabalhadores do Hospital de Clínicas ainda aguardam a primeira dose. São 181 técnicos administrativos que trabalham presencialmente, 71 em trabalho remoto e 16 que estão de licença; além de 382 terceirizados e 295 alunos em estágio regular. De acordo com o Sinditest, que representa funcionários do complexo, a situação é grave. Ao menos 20% das equipes já foram contaminadas, e muitos acabaram não resistindo. “A Secretaria Municipal de Saúde não cumpriu a vacinação no HC. Começou a segunda fase sem ter vacinado trabalhadores de vários setores. São muitos que trabalham no atendimento à comunidade e não receberam a primeira dose”, diz Evandro Castagna, coordenador do Sindtest-PR.

Liberdade para Mumia Abu Jamal Militantes comprometidos com a democracia enviaram abaixo-assinado ao governador da Pensilvânia, Tom Wolf, em defesa do ativista negro Mumia Abu Jamal, preso e condenado à morte injustamente em 1981. Ele está com Covid-19 e sendo tratado numa enfermaria da prisão. “A transferência imediata de Mumia para um hospital é uma medida urgente, em que as horas contam para sua sobrevivência”, afirma o documento.


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Paraná, 18 a 24 de março de 2021

Paraná, 10 a18 16ade Paraná, 24 outubro de marçodede2019 2021

No pior momento da pandemia, país, estado e prefeitura batem cabeça

Sem doses suficientes, Paraná terá que rever vacinação Manoel Ramires, Porém.net

Recordes de mortos, hospitais e UPAs lotados, vacinação atrasada, isolamento social falha Giorgia Prates

Redação

N

a terça-feira, 16, o Brasil bateu o recorde mortes relatadas de Covid-19 em apenas um dia, com mais de 2.800 casos. No Paraná morreram 310 pessoas e houve a confirmação de 5.790 pessoas contaminadas, números também recordes. Em Curitiba, foram relatados 1.213 novos casos e 41 mortes, segundo números oficiais. Porém, o mais preocupante é que no Estado e na capital, estão praticamente esgotados os leitos de UTI e de internação nos hospitais. Em Curitiba, a taxa de ocupação de UTIs chegou a 97%. Na terça só restavam 13 leitos.

ENTREVISTA

No Estado, a taxa de ocupação chegava a 96%. Enquanto isso, mesmo com medidas mais restritivas com o fechamento do comércio e outras atividades não essenciais, na mesma terça, a taxa de isolamento social estava em apenas 33,51% no Paraná, segundo levantamento “Mapa brasileiro da COVID-19”. O Estado ocupava a 20ª pior colocação no estudo feito com base em georreferenciamento. O Paraná também está com risco de falta de medicamentos necessários para intubar pacientes, os estoques atuais durarão poucos dias. Além disso, o planejamento de vacinar a população também está atrasado, como mostram textos nesta página.

REGIÃO METROPOLITANA ADERE A DECRETO DE CURITIBA Ana Carolina Caldas

UPA Boa Vista lotada

“Estamos enxugando gelo”, diz médica do Samu sobre rotina de trabalho Em entrevista, Letícia Barros alerta para a necessidade de vacinação em massa Lia Bianchini

Arquivo Pessoal

Dia após dia, o Paraná assiste à chegada do colapso do sistema de saúde. Vivendo a crise na pele e lidando diariamente com os impactos do colapso, a médica intervencionista Letícia Moreira de Barros, de 35 anos, afirma estar “enxugando gelo”. “Nós temos as UTIs lotadas, UPAs lotadas, os pacientes estão ficando sem ter pra onde ir”, diz. Trabalhadora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no Sudoeste do Paraná. Letícia conversou com o Brasil de Fato Paraná sobre como tem sido a rotina de trabalho ao longo deste ano inteiro de pandemia. Brasil de Fato Paraná: Os últimos dias têm sido mais críticos em todo o estado. Como está a situação dos municípios que você atende? Agora, simplesmente, nós temos

as UTIs lotadas, UPAs lotadas, os municípios de origem - onde o suporte é bem menor em questão de ventilador - na maioria das vezes não tem respirador mecânico, os pacientes estão ficando sem ter pra onde ir. Quando eles conseguem chegar aos hospitais de referência ou até na UPA, eles já estão num estágio em que a gente só se vê enxugando gelo. Por mais que se preconize a intubação precoce, na maioria das vezes a gente não consegue fazer, acaba sendo tardia porque não tem ventilador na origem, às vezes não tem medicação pra sedar o paciente na origem. Então, infelizmente, o paciente está ficando cada vez mais sem assistência. Não é uma crítica em relação ao que o município pode fazer, de forma alguma, é mais em relação à proporção que isso tornou. Era previsível chegar a essa situação? Eu imaginava que ia chegar onde chegou. Porque, assim, terminou o ano [de 2020], não tinha vacina [no Brasil], os bares estavam lotados, não tinha distanciamento social, não tinha nada disso. Óbvio que se tem um vírus circulando, não tem vacina e

as pessoas, infelizmente, não estão sabendo discernir como se portar nesse momento, só pode piorar o que está acontecendo agora. Se as pessoas não passarem a respeitar, elas vão morrer em casa. Porque as UTIs estão lotadas, as UPAs estão lotadas, os pronto atendimentos da origem estão lotados. Vai chegar um momento em que as ambulâncias vão precisar prestar atendimento em casa e vão ficar com paciente na maca e não vai ter maca pra esse paciente descer em outro local. E vai chegar um momento em que todas as ambulâncias estarão lotadas também e as pessoas vão começar a morrer em casa sem oxigênio. Qual é o futuro possível de vislumbrar diante do cenário atual? O vírus está infectando muitas pessoas. A perspectiva é que piore muito, do jeito que está agora. Tudo depende de como vai ser a vacinação. A gente tem noção que a vacinação está muito lenta. [Se continuar assim] vai ser mais um ano “perdido”. Esse ano vai ser pior que o ano passado.

Cidades | 5

Logo depois de Curitiba decretar lockdown por nove dias, cidades da Região Metropolitana também fizeram anúncios de medidas mais restritivas para tentar conter o coronavírus. A decisão foi tomada após uma reunião da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba, na segunda, 15, que teve a adesão da maioria dos prefeitos ao decreto da Prefeitura de Curitiba, que entrou em vigor no último sábado (13/3). As cidades que não aderiram ao decreto da capital na íntegra também anunciaram medidas mais restritivas.

O Paraná não vai atingir a meta de vacinação até maio de 2021, de acordo com o Plano Estadual de Imunização. Muito menos o planejado para todo ano, se for mantido o ritmo atual. O fracasso foi admitido pela Secretaria Estadual de Saúde a representantes do Ministério Público do Trabalho do Paraná e Centrais Sindicais. O estado tinha como objetivo vacinar o total de 4 milhões de pessoas, o que representa 8 milhões de doses. Mas a derrocada do contrato com a Sputinik V e a demora do envio das doses do governo federal travaram o plano.

Até aqui, o governo de Ratinho Junior (PSD) só conseguiu vacinar 479 mil pessoas. Curitiba, que enfrenta colapso do sistema de saúde e adotou a bandeira vermelha, ainda está imunizando pessoas acima de 77 anos, o que configura a “prioridade 5” num total de “21 prioridades” listadas no plano de imunização. O fracasso foi reconhecido por Cesar Neves, médico e chefe de gabinete da Secretaria de Saúde, em reunião com o Fórum em Defesa da Liberdade Sindical do Estado do Paraná. A entidade cobra a formação de um comitê tripartite de combate à pandemia. Segundo o doutor, a dificuldade de se atingir a meta está na falta de vacinas, não na capacidade de aplicação.

GRECA TEM DE EXPLICAR FALTA DE VACINAS NO HC Redação A Juíza Rafaela Mari Turra, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, determinou a intimação do prefeito Rafael Greca e da Secretaria de Saúde Municipal para que respondam ao pedido de garantia de vacina de 943 profissionais que atuam no Hospital das Clínicas. A decisão é uma primeira resposta judicial ao Mandado de Segurança Coletivo impetrado pelo Sinditest contra o prefeito de Curitiba. Na ação coletiva, a assessoria jurídica demonstra que os profissionais (181 servidores e empregados públicos administrativos; 382 terceirizados, 16 colabores em licença e 69 em trabalho remoto; além de 295 alunos em internato dentro da instituição), embora pertencentes ao grupo prioritário, previstos para a vacinação na Fase 1, foram preteridos na imunização, que se encontra na Fase 2.

Vereadores aprovam projeto que autoriza compra de vacinas pela Prefeitura Giorgia Prates

Redação A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou projetos de lei que autorizam o município a adquirir vacinas para o enfrentamento da pandemia e a participação no consórcio de compra de imunizantes que deve ser formado no próximo dia 22 de março. Os projetos, que tramitaram em regime de urgência, foram aprovados durante sessão remota, por unanimidade. Com a sanção do prefeito, a compra poderá ser realizada, por meio de con-

Fila de carros à espera da vacina em Curitiba

sórcio ou individualmente, em duas situações: descumprimento, por parte da União, do Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação ou ausência de cober-

tura imunológica suficiente contra a doença. Além disso, a proposta ainda autoriza o remanejamento de recursos do orçamento vigente para a compra dos imunizantes.

Para a vereadora Professora Josete – PT, “Esta é uma medida necessária para acelerar o processo de imunização na cidade para conter a contaminação no nosso município. O governo federal tem sido irresponsável, não se organizou e não priorizou a compra de vacinas,” disse. Josete alerta que a compra, se for feita, ainda demorará. “É preciso destacar que as vacinas compradas não chegarão nos próximos dias. Até por que há a falta de vacinas no mercado internacional e já estamos muito atrás”, diz.


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Movimento completa 30 anos e luta contra privatização da Eletrobras

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MAB é composto pela diversidade do povo brasileiro atingido por megaempreendimentos Giorgia Prates e Pedro Carrano

O

programa BDF Paraná Entrevista abordou, no dia 15, os 30 anos do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que no Paraná e no Brasil organiza comunidades atingidas por hidrelétricas e megaempreendimentos. Ao longo do tempo, o MAB ampliou de uma pauta de indenização aos atingidos para uma compreensão do controle popular sobre os recursos naturais de água e energia, hoje nas mãos de empresas transnacionais, encarecendo o custo de vida do povo.

“A energia passa a ser implementada pelo capital enquanto mercadoria. A partir daí a luta e organização do movimento toma novos rumos, entendendo o contexto do setor elétrico”, explica Nívea Diógenes, integrante da coordenação nacional do MAB. O debate é central neste momento quando o governo Bolsonaro (sem partido) quer a privatização da principal empresa de base do setor, a Eletrobras, e suas áreas de geração, transmissão e distribuição. Para o MAB, há interesses financeiros corporativos na venda de patrimônio de 125 usinas de geJoka Madruga

ração, 71.153 Km de linhas de transmissão e 366 subestações. Voltando às origens do movimento, Robson Formica, também da coordenação do MAB, comenta que o movimento abrange sujeitos afetados pelos empreendimentos – de arrendatários rurais, indígenas, quilombolas, camponeses, pequenos agricultores, pescadores artesanais, gerando lutas que remetem aos anos 70, contra um modelo energético excludente ao povo. “Somente a luta organizada do povo é capaz de resistir à ofensiva do capital e conquistar direitos. Esse é o grande aprendizado nesses anos de luta dos atingidos”, diz. Por falar em lutas, Nívea critica o momento de aplicação de tarifaços, em que o povo trabalhador é penalizado: “O custo de geração de energia é muito baixo, mas o preço todo mundo sente com o valor da energia, então não é uma luta só do agricultor, expulso da beira do rio, é luta dos urbanos, que também pagam tarifa cara”, convoca.

Ministério Público recomenda reabertura da Fafen-PR para produção de oxigênio Organizações vêm cobrando há um ano a reabertura da fábrica fechada pela gestão da Petrobrás em plena pandemia Redação O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) recomendam a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) em Araucária, PR. A unidade tem capacidade para produção de 760 mil metros cúbicos de oxigênio diariamente e foi fe-

chada por Jair Bolsonaro em março do ano passado. A quantidade é suficiente para atender dez vezes o Amazonas durante o pico da pandemia. O alerta foi feito pelos petroleiros, em janeiro deste ano. “Enquanto os pacientes com Covid dos hospitais de Manaus estão morrendo sufocados pela falta de cilindros de

oxigênio, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras no Paraná poderia estar produzindo 30 mil metros cúbicos de oxigênio por hora”, informou a FUP em reportagem publicada pelo site da entidade. Em função destas denúncias, o MPF e o MPT encaminharam nesta semana ofício ao governador do Paraná, Ratinho Júnior, pe-

dindo a reativação imediata da fábrica, que com pequenas alterações na sua planta poderia produzir oxigênio hospitalar. Os procuradores pedem ainda que no prazo de três dias seja informado o tempo e o custo necessário para esta adequação, além da readmissão imediata dos ex-trabalhadores para garantir a produção.

O documento também cita a falta de oxigênio em Manaus, a evolução da ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em todo o Brasil, a proximidade de um cenário caótico na rede hospitalar em todas as regiões do País e que o próprio governo do Paraná “já foi acionado, por diversas vezes, quanto à reativação da FAFEN-PR”.


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Brasil Cultura de Fato PR |7

Paraná, 18 a 24 de março de 2021

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Músico lança nova canção inspirada nas ações solidárias do MST “Abube” fala da importância da terra, da colheita, dos saberes tradicionais e da cultura popular. Clipe foi gravado no assentamento Contestado, da Lapa (PR). Rita Hilachuk

A

aos mutirões de plantio de manejo de hortas e agroflorestas comunitárias, cultivados para a continuidade das ações de solidariedade do MST durante a pandemia. A ação reúne famílias assentadas e integrantes do coletivo Marmitas da Terra, formados por militantes de Curitiba e Região. O artista Petrus é amazonense, tem 27 anos, nasceu em Tabatinga, na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru, e cresceu com as influências dos ritmos afro -latino-americanos. Atual-

Gibran Mendes

s ações de solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná inspiraram a composição de “Adube”, do artista popular Petrus Cuesta, lançada no fim de fevereiro. A música mistura MPB e Hip Hop, utiliza instrumentos de sopro, percussão e cordas para falar da importância da terra, da colheita, dos saberes tradicionais e da cultura popular. “A letra se concretizou mesmo com a relação MST-PR, nas

vivências de voluntário da ação Marmitas da Terra, nas colheitas e no manejo da terra, na percepção dessas pessoas com a terra e na solidariedade e partilha. Tudo isso foi fortalecendo a canção”, explica o músico. As gravações do clipe de “Adube” foram feitas no Assentamento Contestado e na Escola Latino Americana de Agroecologia da Ana Primavesi (ELAA), localizadas na Lapa (PR), no dia em que o assentamento comemorava 22 anos de luta. É nessa comunidade que Petrus também se soma

Por Venancio Oliveira

O glorioso fardo - Isso é uma aventura! – Ela havia dito. Fora lá no começo, gritara ao silêncio dos pássaros. Que tempos! Ela exalava uma juventude particular. Menos pelo tempo de vida e mais pela novidade do existir daquela empreitada. Um brilho singular. Um bege com violeta no semblante. Parecia soar uma música no fundo do nosso âmago. Uma marcha eufórica e triunfalista da cor da esperança raspada no coração de pedra dos dragões da ressurreição. Consigo ainda hoje cantarolar essa marcha. Será que existiu? Ou apenas era o som da natureza do

seu entusiasmo? E agora? Em meio a esse silêncio mortífero da noite, carregamos essa caixa de madeira e cimento. Sua voz agora é apenas uma resposta distorcida do eco dessa montanha cruel. Mas mesmo assim carregamos essa caixa e o peso de tudo que isso representa. E aonde ela está? Nessa caixa? Que trazemos aqui dentro? Meu corpo dói, mas a palma amiga me consola. - Agora é minha vez – ela diz. Agora posso beber dos lábios da paz momentânea, antes de levar o glorioso peso.

mente, divide os preparativos do lançamento de seu primeiro álbum com o trabalho de músico-brincante no Grupo Baquetá, do qual participa desde 2016. O Baquetá desenvolve estudos e espetáculos basean-

do-se na diáspora africana e dos saberes dos povos originários, com foco no público infanto-juvenil. Outras canções que já gravou são “Ave Tropical” e “Teu Ser”, que podem ser ouvidas no YouTube e no Spotfy.

DICAS MASTIGADAS

Lasanha de berinjela A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 3 berinjelas orgânicas. 1 lata de molho de tomate. 300 g. de queijo muçarela fatiado. Azeite. 1 maço de cheiro verde. Azeitonas sem caroço cortadas. Requeijão a gosto.

Reprodução

Modo de preparo Corte as berinjelas em fatias finas, no sentido do comprimento. Unte uma assadeira refratária com azeite e passe um pouco de molho de tomate. Forre com uma camada de berinjela. Cubra com molho de tomate, salpique com azeitonas e cheiro verde. Em seguida, coloque uma camada de queijo. Acrescente mais uma camada de berinjela, cubra com molho de tomate e por cima coloque mais uma camada de queijo muçarela. Repita o processo para formar mais duas camadas. Por cima da última camada, coloque requeijão e cubra a assadeira com papel alumínio. Leve ao forno em temperatura de 180º por cerca de 30 minutos. Após isso, retire o papel alumínio e deixe por mais 5 ou 10 minutos, até gratinar.


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Paraná, 18 a 24 de março de 2021

8 Esportes

O para não para do futebol Agravamento da pandemia deixa interrogação sobre calendário 2021 Frédi Vasconcelos

A

pandemia (e a insistência de federações e clubes em ter jogos no pior momento da crise) está deixando ainda mais maluco o calendário do futebol. No Paraná, quem olhou a tabela na quarta-feira, 17, viu que nesse dia foram disputados dois jogos, um

pela terceira rodada, entre Londrina e Azuriz, empate em 1 a 1, e outro pela quarta, Toledo e Paraná, vitória paranista no interior por 2 a 0 (veja coluna abaixo). A maluquice aumenta mais ainda quando se olha a tabela e se vê que alguns times nem estrearam, como os casos do Coritiba e do Cascavel, com um total de 0 Divulgação

Paraná venceu o Toledo por 2 a 0, fora de casa, na quarta, 17

jogo em 0 rodada. A principal explicação é o avanço da pandemia e os decretos das prefeituras proibindo atividades esportivas nas cidades. Por outro lado, o Azuris, clube empresa que estreia no Paranaense e manda jogos em Pato Branco, já disputou três partidas. Na quarta, para que acontecesse o jogo do Londrina, a partida teve que ser disputada em Arapongas, já que na cidade-sede do mandante também não foi permitido. Mas os ingredientes da bagunça aumentam a cada dia. A Prefeitura de Cascavel autorizou que o time da cidade fizesse partida pela Copa do Brasil contra o Figueirense. Daí a federação paranaense tentou aproveitar e marcar partida do Cascavel e Athletico para a próxima segunda-feira, dia 22. O problema é que o clube da capital, além de não mandar seus jogos em Curitiba, está impedido até mesmo de treinar em seu CT. Por isso o jogo não deve acontecer. Ou vai. A esta altura ninguém sabe...A única certeza, hoje, é que dificilmente os estaduais terminarão na data prevista, 23 de maio.

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Libertadores em fase decisiva A fase de grupos da Libertadores já passou e as equipes se preparam para as decisões. A Ferroviária conseguiu a classificação para o mata-mata em uma partida emocionante. Após um começo difícil no torneio, as guerreiras grenás precisavam de uma combinação de resultados e uma vitória em cima da Universidad de Chile. Tudo deu certo e as brasileiras golearam as chilenas por 4x1 e ficaram com a vaga por terem feito um gol a mais que o Libertad Limpeño, do Paraguai. Já nas quartas a Ferrinha bateu o River Plate por 1x0 em um jogo disputado. O Corinthians era favorito e tinha um aproveitamento invejável na competição. Após uma classificação tranquila na fase de grupos, golearam (mais uma goleada para a conta!) o Santiago Morning, do Chile, por 7x0. Na quarta, o Corinthians enfrentou o América de Cali e mesmo tendo maior volume não conseguiu concretizar a vantagem. Após o empate em 1x1 no tempo regular, o jogo foi para os pênaltis, as colombianas não perdoaram e o Corinthians caiu na semifinal. A Ferroviária joga com a Universidad de Chile na quinta-feira, 18, às 17h, é a esperança brasileira de título.

Mais atípico que 2020

Nove da esperança!

Saudade do Caldeirão

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Douglas Gasparin Arruda

As repercussões do avanço da Covid-19 no futebol brasileiro estão em praticamente todas as vertentes do esporte no país. Na última quartafeira (17/3), o prefeito Helder Lazarotto, de Colombo-PR, viu-se obrigado pelas circunstâncias a fazer uma nova alteração regulamentar nas mais diversas atividades no município. Com isso, o Centro de Treinamentos do Coritiba voltou a ser liberado para treinos coletivos nos dias de semana. Por quanto tempo a autorização perdurará, contudo, é uma incógnita nesse trágico 2021 para o povo brasileiro. A proibição de jogos em diversas unidades da Federação impacta fortemente o planejamento dos clubes – mesmo o de curtíssimo prazo. A dificuldade é de tal envergadura que muitos times retornam de compromissos interestaduais sem que suas comissões técnicas possam lhes informar do preparo físico, técnico e tático para os jogos subsequentes.

Quando o camisa nove do Paraná, o Da Silva, pegou a bola para bater o pênalti na cidade de Toledo nesta quarta-feira, 17 de março, eram 142 dias que um jogador com esse número nas costas não fazia gols pelo Paraná Clube. O último havia sido o Bruno Gomes, na vitória por 4 a 0 sobre o Oeste, em 26 de outubro de 2020, ainda pelo primeiro turno do brasileirão. Depois daquele jogo o Paraná ganhou apenas mais duas vezes. Voltando a Toledo e a 2021, com tranquilidade, o Da Silva deslocou o goleiro para um lado e chutou no outro. Estava marcado o primeiro gol do tricolor no Paranaense. O primeiro gol de um camisa nove em 2021. Depois do técnico Maurílio, o Da Silva foi o primeiro contratado para essa temporada. Uma espécie de pedra fundamental. Ninguém melhor para estrear a artilharia tricolor. Que seja o primeiro de muitos! Gustavinho ainda fez o segundo na vitória sobre o Toledo.

Assim que os estádios deixaram de receber público, muitos torcedores passaram a reclamar da saudade de assistir aos jogos na arquibancada. Como torcedor, a minha saudade é de algo que não retorna com o fi m da pandemia: o Caldeirão. O processo de elitização do estádio sempre foi uma busca da direção, encabeçada por Petraglia. Porém, até os anos que antecederam a Copa de 2014, tal projeto parecia longe de se concretizar. Aí começaram as guerras entre as organizadas, punições, perdas de mando de campo e um afastamento entre a direção do clube e a torcida. Nosso Caldeirão, antes temido pelos adversários, tornou-se uma geladeira cinzenta, sem vida – e a equipe voando em campo. Entendo a saudade dos torcedores que estão há 1 ano sem ver seus times de perto, mas ela vai passar. A minha, não.


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