Brasil de Fato PR - Edição 206

Page 1

Cidades | p. 6

Cidades | p. 4

Reprodução

Reparação histórica

PARANÁ

Ano 5

Conheça a história e obra de Emerenciana Cardoso Neves, encoberta pela história oficial, artista negra retratada em escultura no Centro de Curitiba

Edição 206

8 a 14 de abril de 2021

Cidades | p. 6

Ensino falho

Insegurança Alimentar

Famílias de estudantes criticam ensino remoto da rede pública municipal

Prefeitura de Colombo deixa 26 mil crianças sem kit merenda

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

GRECA QUER O POVO NA XEPA Prefeito de Curitiba propõe projeto de lei que dificulta doações à população de rua Movimentos populares e organizações reagem e repudiam atitude Editorial | p.2 Paraná p.5

Montagem: imagens Divulgação


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

Nem república nem feudo, Curitiba é do povo! EDITORIAL

C

uritiba já foi conhecida como o centro de uma república judiciária que definiu o criminoso afastamento de Lula, como candidato à Presidência, em 2018. Agora, porém, ganha nova fama nacional: por se tornar o feudo do prefeito Rafael Greca, que propôs um projeto de lei municipal intitulado “Programa Mesa Solidária em Curitiba”. Sob a aparência da defesa da segurança alimentar e nutricional o projeto, no fundo, significa burocratizar, cen-

tralizar e criminalizar a solidariedade social contra a fome, ainda mais em tempos de pandemia. Burocratiza porque impõe cadastros, exigências e horários aos doadores da alimentação (art. 8 a 11). Centraliza porque sugere que sem a Prefeitura não pode haver doação (art. 4 a 7). Criminaliza porque previa infrações genéricas e sanções descabidas (art. 12 a 17). Diante do protesto contra a criminalização da entrega de alimentos, Greca recuou sobre a previsão de multas. Es-

sas punições contra as organizações que atendem o povo em situação de rua são vistas também em São Paulo. A pressão da sociedade e das organizações populares foi tão grande que o episódio ganhou visibilidade e a Câmara não votou o projeto e aprovou realização de audiência pública para o dia 22 de abril. A força da solidariedade popular venceu uma batalha. E é possível derrotar o prefeito com nojo de pobre que quer fazer de Curitiba o seu feudo elitizado.

SEMANA

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 206 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Lia Bianchini e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas COLABORARAM NESTA EDIÇÃO xx ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com

Trabalhadores enfrentam momento mais duro em 20 anos

OPINIÃO

Pedro Carrano,

jornalista, integrante do BdF PR e da União de Moradores/as e Trabalhadores/as (UMT)

U

m dos índices importantes para medir a situação da classe trabalhadora brasileira em certo período são os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o número de greves em um ano. É um sinal se o momento é favorável ou não para a ação

organizada de pressão dos trabalhadores. No longo período entre entre 2002 e 2016, houve no Brasil um índice crescente de aumento do número de greves, com pautas propositivas e conquistas salariais acima da inflação – sinal da condição econômica e do cenário político favorável. Desde 2016, porém, as ações dos trabalhadores recuaram. Entre as principais retiradas de direitos que foram decisivas para isso estão

a aprovação da terceirização (Lei nº 13.429) e a reforma trabalhista (Lei nº 13.429), ambas em 2017, no governo Temer (MDB), complementado pela reforma da previdência, em 2019, no governo Bolsonaro (sem partido). Em meio à atual tempestade no país, social, política, sanitária e econômica, outro dado revelador sobre as dificuldades aponta que cerca de 70% das unidades de negociação tiveram reajustes com perdas, abaixo da infla-

ção. O percentual necessário para recompor as perdas na data-base seria de 5,53%, que não foi alcançado, segundo o IBGE. Ainda de acordo com o Dieese, as negociações na indústria têm melhor desempenho na comparação com as do comércio e serviços; este último apresenta os piores resultados. Para se ter uma comparação, em 2012, 93% das negociações salariais tiveram aumento real, acima da inflação, já em 2015 este

número passou para 63%. A profundidade da crise gera desemprego, subemprego, trabalhos precários e desanima muita gente a procurar algo. No mesmo sentido, é revelador que a parcela formalizada dos trabalhadores também enfrente dificuldades. Com isso, é menos poder de compra, menos dinheiro girando na economia, menos produção. E o governo Bolsonaro não toma medidas contrárias, de incentivo ao trabalho e renda.


Brasil de Fato PR

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

Geral | 3

FRASE DA SEMANA

JUVENTUDE

o

A história se repete

lgaçã

Se o governo federal insistir no modelo híbrido de concessão de rodovias, pode ficar sem as estradas estaduais paranaenses para o leilão de novembro. Com previsão de 30 anos de pedágio, a proposta apresentada encontra resistência dos deputados estaduais, de senadores, do G7 (FIESP, Fercomércio, FAEP, ACP, Fetranspar, Faciap, Fecoopar) e da sociedade paranaense. Após o término da consulta pública da ANTT, esses atores enviaram documentação apontando os problemas da licitação. A avaliação conjunta é de que este modelo de pedágio, que cria novas praças, prevê um modelo de negócio para as transnacionais da infraestrutura e não prevê a menor tarifa como único critério de licitação. Ele foi firmado entre o governador Ratinho Júnior (PSD) e DER/PR e Secretaria de Infraestrutura com a União, de acordo com memorando de 2019 que a reportagem teve acesso. Só faltou combinar com os paranaenses. A proposta ainda enfrenta oposição do G7, que sustenta a “total insatisfação com o modelo vigente há 24 anos e aguardam um modelo de licitação da concessão pela menor tarifa sem limite de desconto”.

Cantora Ludmilla, em show no BBB 21, no sábado (3). No mesmo dia, o ex-participante Rodolffo havia feito uma piada racista, comparando o cabelo black power do brother João Luiz a uma peruca de homem das cavernas.

COLUNA DA

Divu

Modelo do pedágio encontra forte resistência dos paranaenses

“Respeita o nosso funk, respeita a nossa cor, respeita o nosso cabelo”

NOTAS BDF

Por Pedro Carrano

Plataformas digitais

Luta de classes no Equador

Em 2020, a Clínica Direito do Trabalho da UFPR realizou estudo sobre as plataformas de entrega. Parte do resultado dessa pesquisa publicada em revista científica, com o título de “Condições de trabalho de entregadores via plataforma digital durante a COVID-19”, constatou o aumento da precariedade do trabalho de entregadores, com o aumento da jornada e a redução da renda.

Os equatorianos decidirão no dia 11 de abril quem será o novo presidente do país. Andrés Araúz, da União pela Esperança, candidatura de esquerda com apoio popular, lidera com 34% a 37% das intenções de voto, já o banqueiro Guillermo Lasso, do aliança Creo, acumula de 27% a 30%.

Ensino superior: em casa! Obrigar professores e estudantes de instituições de ensino superior a voltar às aulas presenciais, mesmo que no sistema híbrido, é visto como irresponsabilidade pelo Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes), que alerta que universidades em vários estados estão postergando a volta às salas de aula.

Decisão em aberto Cerca de 20% do eleitorado ainda não decidiu quem irá escolher no dia. Para buscar esse voto, os dois candidatos percorrem o país, que agora possui oito das suas 24 regiões em estado de exceção por conta da pandemia de coronavírus (com Opera Mundi). Way Home Studio

A narrativa anticorrupção é usada historicamente pelas elites brasileiras para fragilizar governos progressistas de esquerda. Sempre, no entanto, de forma mascarada. Além da pauta anticorrupção, outro elemento envolvido na queda desses governos é a indústria de petróleo e gás, em especial, a Petrobras. Pegamos como exemplo o golpe de 1954, que culminou no suicídio de Vargas. Não à toa, em 1953 iniciava-se o processo de criação da Petrobras, que se organizava de forma que mantivesse o monopólio petrolífero, contrariando interesses internacionais. Outro momento é o golpe de 1964 contra João Goulart. O presidente havia anunciado que iria nacionalizar petroleiras privadas e se apropriar da distribuição de combustíveis no país. Por fim, o golpe de 2016, em que Lula e Dilma alteram o papel da petroleira, trazendo-a para o centro da política, estimulando o mercado interno para gerar emprego e renda. Ou seja, o discurso anticorrupção, envolvendo a Petrobrás, não tem como fim combater a corrupção objetivamente, e sim desmoralizar instituições públicas e derrubar governos progressistas. Ana Keil, militante do Levante Popular da Juventude e da Consulta Popular


Brasil de Fato PR 4 Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

Mulheres negras pedem reparação histórica à escultura no Centro de Curitiba

Reprodução

Obra teve como modelo artista negra da cidade; nome popular é pejorativo Ana Carolina Caldas

Q

uem percorre as ruas de Curitiba se depara com estátuas, esculturas e bustos de personalidades históricas. Na Praça José Borges de Macedo, no Centro, por exemplo, há uma escultura conhecida como “Maria Lata D´Água”, do artista Erbo Stenzel. A obra, no entanto, esconde a real identidade da mulher negra ali representada. Trata-se de Emerenciana Cardoso Neves, conhecida artisticamente por Anita Cardoso Neves, uma grande artista paranaense invisibilizada na cidade. Para fazer reparação histórica, a vereadora Carol Dartora (PT) apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal para que a escultura receba o nome correto. “Com a aprovação do projeto, a escultura deixará de ser chamada pela expressão pejorativa e será denominada como ‘Emerenciana Cardoso Neves’”, explica. Emerenciana cursou a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1953. Foi escultora, poeta, contribuiu com enredos de escolas de samba, fez declamações de seus poemas em rádios. Colega de Erbo Stenzel, Emerenciana foi modelo para a criação da escultura.

Uma das responsáveis pela descoberta da identidade da escultura foi a artista visual, pesquisadora e performancer Eliana Brasil. “Me chamou a atenção a figura da mulher negra erguida em praça pública, mas me frustrou não encontrar nenhuma identificação sobre o trabalho”, diz. A pesquisadora conta que só foi saber detalhes da obra na universidade, quando conheceu a biografia de Stenzel e o nome original da escultura: “Água pro morro”. Em 2018, Eliana realizou um trabalho de extensão a partir da obra. “Meu trabalho tratava sobre resistência, re-existência e solitude. Era de al-

Arquivo Pessoal | Eliana Brasil

A HISTÓRIA A PARTIR DA PERSPECTIVA NEGRA guma forma o que a imagem daquela mulher negra representava para mim”, lembra. A pesquisa ganhou força com o apoio do movimento feminista negro. “A história da Emerenciana é importante para denunciar o apagamento e a invisibilização da mulher negra”, avalia Tânia Lopes, doutora em Educação, militante da Movimenta Feminista Negra e Coordenadora do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência. Para Tânia, contar a história da artista por trás da escultura “visibiliza e ensina a Curitiba outras histórias da nossa sociedade, a partir da perspectiva das mulheres negras”.


Brasil de Fato PR

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

Brasil | 5

Política de Greca é baseada no nojo à população de rua, afirma ativista “P

or que, ao invés de criticar, não coloca a mão na massa e ajuda essas pessoas?”, protesta Marcos Rogério Inocêncio, do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintcom-PR). O sindicato apoia, há um ano, a cozinha solidária voltada ao povo em situação de rua. Essa é apenas uma entre as vozes críticas à sinalização do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), que dificulta ações de doação de alimentos a pessoas em situação de rua. Greca enviou à Câmara Municipal, em 31/03, Projeto de Lei que exige autorização da Prefeitura para realização de ações solidárias. Segundo o PL, a Secretaria Municipal de Seguran-

ça Alimentar e Nutricional organizaria datas, locais e horários de atendimento pelo autorizado. Na primeira versão do texto, em caso de descumprimento das exigências, estava prevista multa entre R$ 150 e R$ 550. Após pressão social, foi retirado de pauta o requerimento de urgência para o projeto. Na terça (5), foi aprovada solicitação de audiência pública sobre o tema. Na quarta (6), nova versão do texto foi enviada à Câmara, agora sem a previsão de punição com multas. Críticas Entre organizações e movimentos populares, a revolta é geral. “Greca é orgulhoso, a política dele é baseada nesse nojo do pessoal de rua”, afirma Leonildo Monteiro, do Movimen-

Prefeito rebate críticas Quem conhece Greca pode se recordar que, em 2016, então candidato a prefeito, ele falou sem meias palavras em horror ao “cheiro de pobre”. “A primeira vez que tentei carregar um pobre pra dentro do meu carro eu vomitei por causa do cheiro”, disse, à época. Fontes da reportagem no interior da Prefeitura de Curitiba apontam uma indisposição do prefeito com as iniciativas sociais que atuam desde o início da pandemia no Brasil. Nas redes sociais, no entanto, o prefeito afirmou que “o projeto não proíbe a distribuição de comida às pessoas em situação de vulnerabilidade social” e garantiu que a “participação da sociedade civil é assegurada”.

to Nacional da População de Rua (MNPR) e InRua. Monteiro pontua que as ações do movimento, junto a entidades e sindicatos, atendem cerca de 1500 pessoas por semana. O InRua afirma ainda que essa demanda não será suprida caso as doações fiquem centralizadas no projeto “Mesa Solidária”, da gestão municipal. Movimentos populares, por sua vez, argumentam que o projeto terá limites de alcance geográfico e de pessoas. Setores da igreja católica também se manifestaram. A Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de Curitiba recomendou discussão do projeto, com “ampla participação de todas as organizações e pessoas que atuam com o povo em situação de rua na cidade”.

Demandas não atendidas Carta de entidades que trabalham com a população carente, em situação de rua, desempregados e trabalhadores informais lembra que a gestão Greca ignora demandas para melhorar a situação desta população. “As demandas eram simples e diretas: abertura dos restaurantes populares [...],

abertura dos banheiros públicos [...], oferta de água potável em pontos estratégicos, oferta de serviços que possibilitassem o cadastramento de pessoas em situação de rua ao auxílio emergencial, ampliação de vagas para possibilitar [...] quarentena ao máximo de pessoas possíveis”, diz trecho do documento.

AO POVO, A FOME

Com a repercussão do projeto nas redes sociais, tornou-se viral uma publicação de Greca do início de março. Nela, o prefeito compartilha foto de um café da manhã luxuoso, com figos, chá verde, geleia de laranja e broa de centeio “com o gosto de Curitiba”

19 milhões

de pessoas passam fome no Brasil

116,8 milhões

de brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar Fonte: Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - Rede Penssan

4 mil toneladas

Reprodução | Facebook

Pedro Carrano

Giorgia Prates

Movimentos populares e organizações reagem à tentativa do prefeito de Curitiba de limitar ações de solidariedade

quantidade de alimentos que o MST doou desde março de 2020 em todo o Brasil

533 toneladas

é a quantidade de alimentos doada pelo MST no Paraná

51 mil

AO PREFEITO, MESA FARTA

o total de marmitas produzidas e doadas pela ação Marmitas da Terra em Curitiba


Brasil de Fato PR 6 Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

Reprodução

Ensino remoto da rede pública municipal ainda é falho Familiares de estudantes apontam falta de interação, aulas cansativas e planejamento inadequado como principais problemas Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

Ana Carolina Caldas

A

pós um ano de aulas remotas, mães, pais e professores são unânimes em reclamar das condições de ensino e aprendizagem. Para Diego Monteiro de Souza, pai de Letícia, 9 anos, a metodologia oferecida não desperta interesse na criança. “Aqui em casa estamos apresentando mais matérias que já deveriam ter sido mostradas na série dela”, conta. Já Antônia Almeida, mãe de Felipe, 10 anos, conta que a principal dificuldade é a falta de interação com professores. “Nem sempre eu vou saber o que é correto e avaliar as dificuldades dele”, diz. Atualmente, estudantes da rede municipal assistem a vídeoaulas gravadas e enviam atividades para a escola quinzenalmente. A professora da Faculdade de Pedagogia da UFPR, PUBLICIDADE

Antonia, mãe do Felipe, e Diego, pai da Letícia: dificuldades nas aulas à distância

Adriane Knoblauch, destaca que nem todas as famílias tem acesso de qualidade à internet para acompanhar aulas em tempo real, mas considera que o planejamento pedagógico deveria ser adequado à realidade de cada turma. “Imagino que, sabendo dessa realidade, a Secretaria optou pela televisão em substituição à internet. São dois os maiores problemas: a centralização das decisões e a desvinculação do ensino com a realidade das turmas”, analisa.

O que diz a Secretaria de Educação Em nota, a Secretaria informou que “criou o Núcleo de Ensino Híbrido, que orienta e atende dúvidas de profissionais e também das famílias. [...] Com relação às famílias, os professores das turmas podem ajudar e esclarecer pais/responsáveis, bem como os dez Núcleos Regionais de Educação. Sobre a formação dos professores, ela é realizada de maneira contínua por meio do programa Veredas Formativas”.

Prefeitura de Colombo deixa de entregar kit alimentação previsto em lei Crianças da rede municipal de ensino estão sem receber alimentos desde dezembro Giorgia Prates Desde dezembro de 2020, a Prefeitura de Colombo não entrega o kit de merenda escolar para crianças matriculadas na rede municipal de ensino. Com a suspensão das aulas presenciais em decorrência da pandemia, a entrega de alimentos via Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) foi mantida, sob a lei 13.987, de abril de 2020. “Muitas mães perderam o emprego e esse kit ajudaria a suprir a necessidade das crianças nesse tempo que elas estão em casa, com menos recursos”, diz Valéria Regina Domingues Santos, vice-coordenadora do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) de Colombo. Cerca de

26 mil estudantes estão sendo prejudicados pelo atraso. Em nota, a Prefeitura justificou que os kits atrasaram por trâmites burocráticos: existia uma licitação em andamento e o chamamento da Agricultura Familiar 01/2021, etapa do Pnae, estava em fase de credenciamento. Na quarta (7), foi publicada no Diário Oficial a homologação do chamamento público para credenciamento de Cooperativas ou Associações inscritas no Pnae para fornecimento de gêneros alimentícios orgânicos, que irão compor o kit. Segundo a Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Lazer e Juventude, o processo depende, agora, da inscrição dos agricultores interessados em participar.


Brasil de Fato PR 7 | Cultura

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

FCC lança programação online com grupos musicais curitibanos Vídeos são parte dos programas Domingo 11h30 e Terça Brasileira, do Conservatório de MPB Redação

P

rogramas tradicionais do Conservatório de MPB de Curitiba entraram na programação virtual da Fundação Cultural. São vídeos de alta qualidade de 12 grupos musicais de Curitiba, gravados exclusivamente para o Domingo 11h30 e a Terça Brasileira. As transmissões acontecem pelo Facebook da Fundação Cultural de Curitiba, Conservatório de MPB e Youtube. Toda semana, até 29 de junho, um vídeo novo será lançado. Foram gravadas três músicas autorais ou de compositores nacionais para cada formação, englobando diversos gêneros musicais,

entre eles música popular brasileira, clássica, infantil, samba, reggae e baião. A seleção dos grupos foi realizada por edital lançado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19. Com o isolamento social, o formato foi alterado e os vídeos foram gravados entre os meses de outubro e novembro de 2020, no Teatro do Paiol, seguindo o protocolo de distanciamento. Os programas vinculados ao Conservatório acontecem anualmente. A intenção é proporcionar um espaço permanente de divulgação da produção musical dos artistas de Curitiba, mostrando as diversas vertentes da música brasileira.

Divulgação

Programação de videoclipes 6/4 Terça Brasileira – Trio Fole Variado 11/4 Domingo 11h30 – Piazzolla Que Te Quiero 20/4 Terça Brasileira – Escafandro 25/4 Domingo 11h30 – Poesia e Samba 4/5 Terça Brasileira – Viva Jackson do Pandeiro 16/5 Domingo 11h30 – Chimareggae 18/5 Terça Brasileira – Na Pegada do Nordeste 30/5 Domingo 11h30 – Sincopé 1/6 Terça Brasileira – Belezas do Paraná 13/6 Domingo 11h30 – Tupi Pererê 15/6 Terça Brasileira – HSQ Hegenberg String Quartet 29/6 Terça Brasileira – Os Caipiras do Conservatório

Facebook da FCC facebook.com/ fundacaoculturaldecuritiba Facebook do Conservatório facebook.com/conservatorio. mpb.curitiba

Por Otto Leopoldo Winck

Gibran Mendes

DICAS MASTIGADAS

Sôbolos rios que vão Olha, as aves todas se calaram, você me disse. Aí eu me virei para o seu lado e vi que você chorava. De repente era como se não somente as aves mas todos os animais do planeta – vertebrados e invertebrados – tivessem se calado para que eu escutasse o rolar de uma lágrima pelo seu rosto. Foi como o apagar de um círio numa catedral vazia. Tive vontade de cair de joelhos e pedir perdão por todas minhas blasfêmias. O céu estava muito longe e o sol era uma bola de fogo

mergulhando no oceano. Chorei também. Chorei todas as mágoas de minha linhagem desde a expulsão do paraíso. Depois fez-se noite em nossos corações exaustos e minha cabeça no seu colo era o sinal de que talvez um anjo pudesse ter ouvido a prece que eu não chegara a articular. De

madrugada, acordamos com a algaravia dos pássaros. Rimos e choramos de novo. Agora de alegria. Havíamos sobrevivido ao fim do nosso mundo.

Molho de tomate caseiro A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 6 tomates orgânicos 6 dentes de alho orgânico Sal a gosto Manjericão Azeite ou óleo Modo de preparo Corte o alho em lâminas finas e refogue em azeite ou óleo. Corte os tomates em cubos, junte ao alho refogado e tempere com sal. Tampe a panela e deixe por 15 minutos em fogo baixo. Confira como está o refogado de tempo em tempo. Se estiver muito seco, adicione um pouco de água e mantenha a panela tampada até o líquido encorpar. Misture as folhas de manjericão e refogue por mais 5 minutos.

Reprodução


Brasil de Fato PR 8 Esportes

Copa do Brasil: vai, Coxa! Por Cesar Caldas

Após a vitória de 3x2 sobre o Operário, há 75% a chance de um integrante do G-12 do futebol brasileiro ser o adversário do Coritiba na 3ª fase da Copa do Brasil. O primeiro pote do sorteio, com 16 dos 32 classificados, será composto pelo critério da melhor posição no ranking 2021 da CBF. Nove deles já garantiram um lugar ali: Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG e as duplas San-São, Fla-Flu e Gre-Nal. É muito provável que os três outros “gigantes” (Cruzeiro, Vasco e Botafogo) também eliminem seus fracos oponentes até quarta-feira (14). Restaria ao alviverde torcer pelas “bolinhas” do quarteto restante classificado: Athletico-PR, Ceará, Chapecoense e Fortaleza. Não haverá vida fácil, mas o Coxa já disputou cinco semifi nais da competição, vencendo duas. Passar em junho às oitavas é um desafio a ser encarado com garra.

Brasil de Fato PR

Paraná, 8 a 14 de abril de 2021

Paraná Clube anuncia demissões e suspensão de pagamentos Rebaixado para 3ª divisão do Brasileirão e sem dinheiro, time vive pior crise da sua história Divulgação

Crédito

Agora ou nunca Por Marcio Mittelbach

Desde 2015, quando o ex-presidente Leonardo Oliveira assumiu, a situação fi nanceira do Paraná Clube é preocupante. Na realidade, a gravidade vem de antes, mas desde então buscou-se encontrar uma luz no fi m do túnel. Negocia com a Justiça do Trabalho daqui, um bom resultado esportivo dali, as coisas caminharam. Entre trancos e barrancos, o tricolor seguia um planejamento mínimo para buscar equilíbrio fi nanceiro a médio e longo prazo. Com a pandemia e o rebaixamento, tudo virou água. Sem bilheteria, com os planos de sócios desertos, patrocinadores escassos e sem verba de televisão, a crise bateu forte. O futuro é agora. Ou arregaçamos as mangas, colocamos as diferenças de lado e vamos em busca de uma solução, ou adeus Paraná Clube dos sonhos.

Gabriel Carriconde

A

tarde de 9 de abril de 2006 marcou o último grande título do Paraná Clube, que ainda comemorou naquele mesmo ano uma inédita vaga para a Libertadores de 2007. O passado de glórias e conquistas, que vai da hegemonia de títulos estaduais nos anos 90, até o recente acesso à elite, em 2017, é apenas uma triste caricatura. Em meio à pandemia, o cenário, que já era difícil, agravou-se de vez. O mais recente capítulo da crise sem fim do Tricolor da Vila Capanema veio

no último dia 31 de março, quando o clube anunciou um corte de 50% de gastos, demissões e suspensão de pagamentos a fornecedores. Em carta divulgada no site do clube, informa-se que “os problemas gerados pela pandemia de Covid-19 pioraram drasticamente a situação financeira do Paraná”. O aumento nos custos com testes de Covid-19, a queda de receitas com anunciantes e patrocínios, além dos fracos resultados em campo, com o rebaixamento para a Série C, alteraram fortemente os valores recebidos pela equipe. O clube também vê uma enorme debandada de sócio-torcedores, e o aumento de inadimplentes. Ao todo, apenas 1,2 mil sócios estão em dia. Internamente a situação também é complicada desde a renúncia do ex-presidente Leonardo Oliveira. Em campo, a temporada começou com derrota para a equipe do FC Cascavel, na estreia do Paranaense, e com eliminação na Copa do Brasil para o Cianorte. Com o ex-atacante e ídolo, Saulo, no comando técnico, o Paraná ainda tentará fazer mágica no orçamento para reforçar o plantel, visando à disputa dos torneios deste ano.

ELAS POR ELA Fernanda Haag Mudança de planejamento Por Douglas Gasparin Arruda

Após mais uma derrota do time de aspirantes e um futebol abaixo da crítica, refletir sobre o planejamento para a temporada tornou-se determinante para o futuro do Athletico. Nos anos anteriores, a utilização dos aspirantes para a disputa do paranaense se mostrou frutífera. Além dos três títulos em sequência, a revelação de bons jogadores garantiu a formação de elencos competitivos e não muito caros. Mas a pandemia apresenta desafios diferentes e respostas rápidas. Por isso, o time principal já entra para a disputa das próximas duas rodadas com objetivos imediatos: ganhar ritmo para a temporada e tirar o time da indecorosa lanterna do paranaense. Não é o melhor cenário para uma estreia. Para ajudar, as partidas ainda não foram marcadas pela federação.

Seleção Brasileira Desde o dia 5, a Seleção Brasileira está na Granja Comary para um período de treinamentos. As atividades fazem parte do ciclo de observações da comissão técnica, visando aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Pia Sundhage convocou as jogadoras na semana passada, foram 25 convocadas e depois Giovanna Crivelari se juntou à lista. A preparação irá até o dia 13 de abril e é a terceira convocação de 2021. Em janeiro, houve um período de treinamentos em Viamão. Em março, na primeira data FIFA do ano, a Seleção participou do Torneio She Believes Cup, enfrentan-

do Argentina, Canadá e Estados Unidos. Os planos originais para esta janela FIFA envolviam jogos com seleções europeias, o que ficou impossibilitado devido às restrições sanitárias da pandemia de Covid-19. Uma das convocadas foi a goleira da Ferroviária, Luciana, recémcampeã da Libertadores e que teve papel importante na conquista das guerreiras grenás. A treinadora sueca já afirmou em algumas oportunidades que as vagas para o gol do Brasil ainda estão em disputa. Acreditando nisso, Luciana segue em busca do carimbo no passaporte para Tóquio.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.