PARANÁ
Ano 5
Edição 207
15 a 21 de abril de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
358.718 21.172 3.051 mortos por dia
mortos em uma semana
Entrevista | p. 5 RESPONSABILIDADE Para infectologista, governos precisam se comprometer com medidas de combate à pandemia
Paraná | p. 4 EXAUSTÃO Com sobrecarga de trabalho e esgotamento psicológico, profissionais da enfermagem lutam contra terceirização de UPA
mortos no total
Dados: Consórcio de Veículos de Imprensa
Giorgia Prates
Um país que morre
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 15 a 21 de abril de 2021
SEMANA
Um desastre chamado governo Bolsonaro EDITORIAL
J
air Bolsonaro acumula crimes de responsabilidade na condução da Presidência da República. A conversa revelada pelo senador ex-aliado Jorge Kajuru (Cidadania) é um grave sintoma da já conhecida política bolsonarista de ataque às instituições e ao povo brasileiro. O anseio por abafar investigações, aliás, não é novidade para Bolsonaro, que já andou interferindo na Polícia Federal para blindar sua família de apurações do Ministério Público e Polícia Federal. Desta vez, em nenhum momento recusou o teor do diálogo divulgado. O fato é que a Comissão Par-
lamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado Federal foi aberta, mesmo após o presidente genocida ter demonstrado receio de um “relatório sacana” e ameaçado “sair na porrada” com quem pretende investigá-lo, requentando o clima de golpismo há semanas. O Senado, na CPI, investigará ações e omissões do governo federal em relação à pandemia, além dos repasses federais aos estados e munícipios para o controle do vírus. Na semana em que o Brasil ultrapassa 350 mil mórbitos causados pela Covid-19, decorrentes da gestão de-
Cotas para negros e indígenas em Curitiba Vereadora, primeira mulher negra eleita para a Câmara Municipal de Curitiba. Feminista negra, professora de História, mestre em Educação
C
uritiba é, infelizmente, uma cidade racista! Essa discriminação está presente na organização da cidade e até em discursos de autoridades. Mesmo com avanços recentes na discussão sobre esse tema, a capital do Paraná ainda está muito atrasada na implementação de políticas públicas de promoção da igualdade racial. Para mudar essa realidade, precisamos, com urgência, de ações concretas. Por essa razão, o primeiro projeto de lei apresentado pelo nosso mandato institui um sistema de cotas para a população negra e povos indígenas nos concursos públicos da Prefeitura. Pelo texto, serão reservadas 20% das vagas oferecidas. A proposta está
tramitando na Câmara Municipal e já recebeu parecer da Procuradoria Jurídica, atestando sua legalidade e constitucionalidade. Segundo o Censo IBGE 2010, a quantidade de negros e indígenas em Curitiba soma cerca de 25% do total da população. Mas essa distribuição não é reproduzida, por exemplo, nos espaços de decisão. Dos atuais 38 vereadores, apenas três são negros. No primeiro escalão da Prefeitura, 100% dos secretários escolhidos pelo prefeito Rafael Greca (DEM) são brancos. A política de cotas não é uma novidade. Já foi validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e é adotada no governo estadual, desde 2003, no governo federal, desde 2014, e em dezenas de capitais e municípios do nosso país. Além disso, estamos em um momento da história em que não existe mais espaço para questionar a necessidade e a validade dessa política. Mas, como é de conhecimento
sastrosa que o mantém no posto de pior líder mundial a lidar com a crise pandêmica, Bolsonaro joga contra a democracia e busca refresco em um campo recoberto de mortes. Que a CPI seja digna para colocá-lo no lugar que a História lhe reserva.
EXPEDIENTE
OPINIÃO
Carol Dartora,
Jair Bolsonaro joga contra a democracia e busca refresco em um campo recoberto de mortes
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
público, o perfil da maior parte dos vereadores da capital é de pessoas brancas e conservadoras. Por essas e outras razões, convidamos todas e todos a assinar e compartilhar o abaixo -assinado disponível em change.org/ AprovaCotasCuritiba, que é uma das iniciativas de apoio e pressão popular pela aprovação das cotas em Curitiba. Giorgia Prates
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 207 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Lia Bianchini e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Carol Dartora ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Paraná, 15 a 21 de abril de 2021
Geral
FRASE DA SEMANA
Vereadores mantêm veto e derrubam reabertura de escolas A manhã do dia 13 de abril foi acalorada na Câmara Municipal de Curitiba por conta do veto do prefeito Rafael Greca (DEM) com relação ao projeto que torna a educação essencial na cidade. O argumento do gestor é de que não pode ser retirada do Poder Executivo a decisão de manter escolas fechadas dependendo da gravidade da pandemia. Ele se apoia em decisão do STF que dá autonomia a governadores e prefeitos para gerirem medidas de combate à pandemia. O veto foi criticado pelos autores do projeto, os vereadores Denian Couto (Podemos), Indiara Barbosa e Amália Barbosa (Novo). O veto foi mantido por 24 vereadores, e 10 vereadores votaram pela derrubada. A lei foi aprovada no começo de fevereiro e o veto foi assinado pelo prefeito no momento em que Curitiba adotava lockdown, em março de 2021. Após isso, Greca disse que as aulas presenciais só voltam após a vacinação dos professores da rede municipal. “Votamos contra o projeto por entender que ele era inconstitucional e por conta do mérito, de que as aulas só devem retornar a partir da vacinação dos trabalhadores da educação”, disse a vereadora professora Josete, justificando o voto dos três vereadores do PT. Rodrigo Fonseca | Câmara de Curitiba
“A postura do governo diante da crise é criminosa. Mais do que a CPI, já chegou a hora de um pedido de impeachment que unifique todos os setores que defendem a vida” Talíria Petrone deputada federal (PSOL), em comentário no Twitter sobre a tentativa de Bolsonaro de dificultar as investigações da CPI da Pandemia
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NOTAS BDF
Por Pedro Carrano
Pressão conservadora O vereador Renato Freitas (PT) sofre pressão da bancada conservadora na Câmara. Osias Moraes (PRB), Ezequias Barros (PMB), Marciano Barros (Republicanos) e Tânia Guerrero (PSL), entraram com pedido de representação por que-
bra de decoro parlamentar, devido às críticas de Freitas às comunidades terapêuticas, acusando vínculo com recursos oriundos do Estado – o que, para Freitas, vai de encontro ao princípio constitucional de que o Estado é laico (não religioso).
Público e gratuito ou pago? Freitas também tem feito críticas à gestão, caso do episódio da sinalização de Greca que anunciou multa sobre ações de solidariedade não centralizadas pela Prefeitura. No caso das comunidades, Frei-
tas disse, em resposta à fala de Ezequias Barros: “Não é gratuito, vereador, há um convênio entre órgãos públicos e estas comunidades”, criticou, em sessão do dia 13 de fevereiro.
Peru: Professor à frente Cerca de 20 milhões de peruanos votaram no primeiro turno das eleições presidenciais do país. O segundo turno será no dia 6 de junho, entre o professor e sindicalista Pedro Castillo contra a extrema direita representada por Keyko Fujimori.
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EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA SEMIPRESENCIAL/DIGITAL A Cooperativa Mista Triunfense dos Agricultores e Agricultoras Familiares Ltda – COAFTRIL, vem através de seu Presidente Emilio Paizani de Chaves, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas pelo Estatuto Social desta entidade e as leis vigentes, CONVOCAR os/as seus/suas cooperados/as, para participar da ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA SEMIPRESENCIAL/DIGITAL na modalidade online, para os cooperados que tiverem condições de acesso a internet participarem, e também através de boletim de voto disponibilizados aos cooperados até 7 dias antes da realização da assembleia, a ser realizada no dia 26 de abril de 2021, na sede da Cooperativa, localizada na Rua Pe Francisco Webber, nº10 sala 02 – Centro, São Joao do Triunfo-PR, com a primeira convocação às 07:00 horas com a presença de no mínimo 2/3 (dois terços) dos Cooperados, em segunda convocação às 08:00 horas com a presença mínima de metade mais 01 dos cooperados, e se necessário a terceira convocação às 09:00 horas, com a presença de 10 (dez) cooperados , aptos a voto presentes respectivamente no momento, tanto de maneira online através do link da plataforma Google Meet/Zoom, disponibilizado em até 2 dias antecedentes a assembleia, e através do boletim de voto, disponibilizado em até 7 dias anterior à realização da mesma. Para deliberarem da seguinte ordem do dia: 1- Prestação de Contas do ano de 2020; 2- Eleições e posse de Nova Direção para o período de 2021 a 2023: 3- Eleição e posse do Conselho Fiscal para o Ano de 2021 a 2022. 4- Assuntos Gerais. Todos os cooperados devem estar, obrigatoriamente, utilizando máscara facial. Para fins de quórum no número de associados nesta data e de 102 (cento e dois). São Joao do Triunfo-PR, 15 de abril de 2021. Emilio Paizani de Chaves Presidente da COAFTRIL
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Para servidores da enfermagem, terceirização de UPAs não é solução Segmento acusa sobrecarga, mudança nos locais de trabalho, esgotamento psicológico e ausência de canais de comunicação com a Prefeitura Pedro Carrano, fotos de Giorgia Prates
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á presenciamos a morte de seis pacientes em uma mesma noite, temos dois empregos, estamos cansados e com problemas psicológicos”, resume Arthur Arruda Rocha, técnico de enfermagem atuante na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pinheirinho e integrante do Coletivo Sismuc, durante a live “BdF Entrevista”, na segunda (12). Os problemas neste período da pandemia são evidentes e podem ser resumidos pelos trabalhadores: sobrecarga, falta de estrutura nas UPAs, fechamento de Unidades de Saúde (US) sobrecarregando o atendimento a outras doenças, ausência de insumos necessários, caso de oxigênio, e dificuldade de carregar e organizar o espaço, o que fica a cargo dos próprios trabalhadores. Em resumo: exaustão. Com isso, desde dezembro de 2020, sindicatos municipais têm se mobilizado. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) e o Sindicato dos Sevidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec) chamaram atos de diálogo com a população diante da US Aurora (Novo Mundo), da UPA Boqueirão e, recentemente, o foco é a UPA Fazendinha. “Profissionais de unidades básicas passaram a atender urgência e emergência. A US não foi feita para isso, foi feita para prevenção e casos crônicos, diários”, afirma Raquel Padilha, presidenta do Sismec, complementando que nas UPAs o perfil é de emergência. Ambos os profissionais da enfermagem colocaram-se contra o processo de terceirização da UPA Fazendinha, encaminhado pela Prefeitura, e reafirmaram a necessidade de contratação de servidores. Já o relato de Rocha enfoca a sobrecarga física e emocional do servidor. “Não puderam construir um
plano de contingência diante de casos que aumentaram muito. Estamos vivendo um cenário de guerra dentro das UPAs. Vivemos retaliação, perseguição das chefias de forma muito velada, para que ninguém fale nada. Faltam EPIs [Equipamentos de Proteção Individual]”, diz Rocha. O Sismec levanta que 96 trabalhadoras da base da enfermagem criam os filhos sozinhas, o que aumenta a dificuldade nos casos de fechamento e remanejamento de unidades. “É a quarta vez que eles movimentam profissionais, que passam a trabalhar longe de casa”, protesta Raquel.
CONSELHO APARELHADO
VISÃO DA PREFEITURA
A percepção é de um conselho municipal de Saúde omisso, fraco e aparelhado pela gestão. Os vários comentários durante a live confirmaram a crítica e colocaram a necessidade de fortalecimento do Fórum Popular de Saúde (FOPS), como espaço de luta pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A Prefeitura, solicitada pelo Brasil de Fato Paraná, reafirmou o encaminhamento em relação à UPA Fazendinha: “O gerenciamento da UPA Fazendinha passa a ser feito pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde, mas mantendo todo o atendimento conforme definição da SMS. Com essa alteração, a Secretaria poderá re-
forçar o quadro de profissionais desta e de outras UPAs da cidade, para onde serão transferidos preferencialmente os servidores que estão hoje na UPA Fazendinha. A mudança é uma medida de reorganização para enfrentamento à pandemia e de nenhuma forma traz prejuízos aos profissionais e nem à população.”
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“Cobrem dos gestores públicos medidas eficazes para frear a pandemia” Infectologista do HC defende vacinação em massa e compromisso dos governos no combate à Covid-19 Ana Carolina Caldas
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situação da pandemia no Brasil continua crítica. Os registros semanais de mortes por Covid-19 no país deram um salto nas últimas quatro semanas. O Brasil acumula mais de 13 milhões de infectados e mais de 358 mil mortes. A média é de mais de três mil mortes por dia. Junto a essa situação, a vacinação segue em ritmo lento, com apenas 3,49% da população imunizada. No Paraná, a situação não é diferente. Os últimos boletins da Secretaria
Estadual de Saúde apontam uma média móvel de três mil casos e 250 mortes por dia. Já sobre o número de pessoas vacinadas, 12,72% da população recebeu a primeira dose e 3,39% a segunda dose. Para analisar a atual situação da pandemia no estado, o Brasil de Fato Paraná conversou com o médico infectologista do Serviço de Vigilância Hospitalar do Hospital de Clínicas, Bernardo Montesanti Machado de Almeida. Segundo o médico, há um cenário que começa a demonstrar uma diminuição
da contaminação comunitária no estado. Porém, ele destaca que os números podem voltar a crescer, se não houver vacinação acelerada, testagem como medida de rastreamento populacional e compromisso por parte dos gestores públicos.
Arquivo Pessoal
ENTREVISTA Brasil de Fato: Qual sua avaliação do momento atual pelo qual passa o Paraná no enfrentamento ao coronavírus? Bernardo Montesanti Machado de Almeida Após as medidas mais rígidas tomadas pelo governo do Paraná, há, neste momento, indicadores que começam a demonstrar redução de casos positivos para o vírus. Os próximos indicadores, esperamos que seja no número de internamentos e o mais tardio será o de óbitos. Porém, com o relaxamento novamente das medidas, é possível que uma nova onda surja. É preciso que, sistematicamente, os governos continuem com medidas compensatórias. O que deveria ser feito, de forma emergencial, por parte dos governos? Estamos ainda vendo resquícios de comportamentos de dois meses atrás. Por isso, é importante, por exemplo,
que os líderes locais deem exemplos, intensifiquem a comunicação e fiscalização das medidas para que ocorra conscientização e adesão por parte da população. Um fator bastante importante e que ainda não faz parte do entendimento dos gestores é a ampliação da testagem. Teríamos que passar a fazer testes como rastreamento populacional de casos transmissores, como feito na Coréia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, países que já estão em um momento de controle da transmissão comunitária. De que forma a vacinação pode ajudar na queda de casos e óbitos? O ritmo da vacinação no Brasil tem sido muito lento, então não temos como gerar expectativa de que neste ano isso fará grande diferença em relação à diminuição da transmissibilidade. Agrava ainda que, atualmente, há um aumento de casos graves entre adultos jovens, faixa etária que
no Brasil ainda nem aparece no calendário de imunização. O cenário só muda com a aceleração desse processo e a vacinação em massa. Dentro dos hospitais, quais as principais dificuldades no atendimento diário? Em todo o pico ocorre um aumento na carga mental e emocional de quem está na linha de frente. Essa onda trouxe novos elementos, como a redução da faixa etária
entre os internados como casos graves. Há esse agravante de termos que, diariamente, escolher quem deve ocupar os leitos já tão escassos. Também tem sido parte da nossa rotina a escassez de insumos, o que fez com que tivéssemos que economizar na hora de exames e outros procedimentos. Que mensagem você, como profissional que está na linha de frente, deixaria pa-
ra a população? A primeira é que, quem puder, lance mão de tudo o que tiver condição para evitar a exposição ao vírus. A segunda é que cobrem dos gestores públicos medidas eficazes para frear a pandemia. Grande parte do sucesso em países que controlaram a pandemia foi a união entre poder público e população. Nesses países, foram garantidas condições para que as pessoas pudessem se proteger.
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Partidos pedem ao STF suspensão de lei que cria escolas cívico-militares no Paraná
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Mais de 200 estabelecimentos educacionais no estado já estão sob o novo regime; ação questiona constitucionalidade Ana Carolina Caldas
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Geraldo Bubniak | AEN
PT, o PSOL e o PCdoB ajuizaram Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Lei 20.338/2020, que cria e regulamenta o funcionamento de escolas cívico-militares no Paraná. A medida já foi implementada pelo governo do Paraná em mais de 200 escolas no ano de 2020. A ADIN questiona que a mudança de regime de gestão ape-
nas poderia ser realizada pela União. Sendo assim, o estado do Paraná não possuiria competência para editar tal lei, já que não está previsto na Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB). “Este é um primeiro passo para reverter a anomalia educacional que o governador Ratinho Junior criou no Paraná para agradar Bolsonaro”, disse o deputado estadual Tadeu Veneri (PT). A ADIN também argumen-
ta que a escolha de militares inativos para atuar nas gestões das escolas viola a Constituição Federal, pois representa desvio das funcionalidades dos membros das forças de segurança paranaenses. Os partidos pedem que os efeitos da Lei sejam imediatamente suspensos, de modo que não haja a implementação das escolas cívico-militares até que o Plenário do STF tome uma decisão final sobre a matéria. Rodolfo Jaruga, advogado que redigiu a ADIN, explica que “os autos estão conclusos para decisão inicial do ministro Dias Toffoli desde o dia 9 de abril. Mas o que está em análise agora é o pedido de liminar, isto é, o pedido cautelar de suspensão da lei. Isso pode ocorrer a qualquer momento”. O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação para saber se haveria a imediata suspensão. Até o fechamento desta edição, não houve retorno.
Sindicato alerta para risco à saúde de professores e estudantes com volta às aulas presenciais em universidades Redação O Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) foi alertado de que algumas instituições privadas de ensino da capital começaram a retomar aulas presenciais. Professores dos Centros Universitários UniDomBosco e UniOpet, da Puc-PR, da Unicesumar e da Universidade Positivo entraram em contato com o sindicato.
No UniDombosco, as aulas práticas dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia retornaram ao modelo híbrido no dia 22/03. Na Unicesumar, as aulas do período matutino já teriam voltado e as dos outros turnos voltam em 19/04. Na Puc-PR, os cursos de Engenharias e Multicom – Laboratórios de Comunicação - já estariam no modelo híbrido. A Universidade Positivo teria noticiado o
retorno no início do próximo semestre e as aulas no UniOpet regressam nos próximos dias. “Alertamos que as instituições de ensino superior serão responsabilizadas pelos prejuízos que vierem a ser sofridos por professores”, disse Valdyr Perrini, presidente do Sinpes. O BdF-PR pediu posicionamento oficial às universidade citadas. Até o fechamento desta edição, apenas Puc-PR e Positivo atenderam à solicitação.
A Puc-PR confirmou o retorno gradual das atividades presenciais. “De acordo com a evolução do cenário de pandemia e restrições Municipais e Estaduais, as atividades são ampliadas ou restringidas”, diz, em nota. A Universidade Positivo informou que ainda não tem data definida para retorno presencial e “segue estudando e monitorando as atualizações dos protocolos e diretrizes do Estado do Paraná e do município de Curitiba”.
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Cultura 7
UFPR promove Abril Indígena Edição 2021 do evento é gratuita e inteiramente virtual Redação
A
Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove uma série de atividades virtuais neste mês de abril, com intuito de dar visibilidade à atuação dos povos indígenas. É o “#AbrilIndígenaUFPR2021”, que, neste ano, traz programação com eventos sobre vida, cultura e arte indígena. Segundo a organização, o evento coloca na agenda da universidade diferentes aspectos da vida e das produções indígenas, e funciona como momento para a reivindicação e luta pelos direitos destas populações, além de dar visibilidade às expressões artísticas e intelectuais dos povos indígenas no Brasil. Na sua edição de 2021, realizada de forma totalmente virtual, o Abril Indígena UFPR propõe uma programação que aborda aspectos dos efeitos da pandemia nas comunidades indígenas, especialmente do Paraná, e constitui um meio de divulgação das atuações de profissionais e artistas indígenas no campo da arte e da cultura. Além de extensa programação acadêmica e cultural, o evento
trará homenagens a duas mulheres indígenas: Bernaldina José Pedro e Indiamara Saliane Mendes. Bernaldina, conhecida como Vó Bernal, vítima da Covid-19, era do povo Macuxi, residente da Terra
Por Venâncio de Oliveira
Indígena Raposa Serra do Sol (RR), curandeira, artista e grande conhecedora dos cantos macuxi. Indiamara, do povo Kaingang, era médica formada na UFPR e atuava no Hospital Regional do Litoral. Quando: Durante todo o mês de abril Onde: Redes Sociais da UFPR @ufpr_oficial @proecufpr | @maeufpr @museudeartedaufpr @culturaufpr | @sipad.ufpr @pet_indigena Quanto: gratuito
Divulgação
O urso e o lobo A floresta apareceu em sua solidão natural. Ele estava só e não tinha mais o calor do sol de antes. Nem o afago tranquilo deles e delas. Ele estava apenas com o frio de seu corpo seminu. Olhou assustado. E num átimo de segundo, soou o rugido transloucado e imponente da besta. O peso do urso marrom mexeu com as estruturas e iluminou a escuridão. E nessa intensidade irrespirável de sua ferocidade, tentou rasgar a carne dele. Ela caiu no buraco para se proteger. Ali machucada e mancando tentou se apoiar no frio gélido da caverna de antanho, de quando éramos selvagens, sem a luz do acolhimento do sorriso delas. E, quando ela parecia se adaptar, se assoma o lobo com seu olhar que trovejava na escuridão. E, com a baba entre os dentes, sem pressa, caminha para o abate, na tocaia franca que se impõe ao medo. Ela ou ele olhava a fera. E nessa toada de inexorabilidade, tentava se firmar, orando para uma inexistência paterna, e seu pé se enrijeceu e conseguiu-se encontrar algum sentido na pedra fria. E nessa loucura toda e no medo, vocês gritaram o que...
DICAS MASTIGADAS
Hambúrguer de Feijão Preto A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 1 xícara (de chá) de feijão preto orgânico cru ½ de xícara (de chá) de cebola orgânica bem picada 2 dentes alho orgânico médios bem picados 1 colher (de sopa) de orégano desidratado 2 colheres (de sopa) de azeite ou óleo ½ xícara (de chá) de salsinha picada 1 colher (de sopa) de suco de limão orgânico Sal a gosto Pimenta moída a gosto ½ de xícara (de chá) de farinha de trigo
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Modo de Preparo Deixe o feijão de molho em água por 12 horas. Escorra, lave, cozinhe em panela de pressão. Após cozido, retire o feijão, escorrendo todo o caldo, e coloque em uma vasilha. Amasse com um garfo. Adicione cebola, alho, orégano, suco de limão, azeite, salsinha, e tempere com sal e pimenta a gosto e misture. Adicione a farinha e misture bem, até a massa ficar moldável. Modele hambúrgueres e frite em uma frigideira antiaderente com um fio de óleo.
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8 Esportes
Futebol deve furar a fila? Com flexibilização da compra de imunizantes, Athletico e Flamengo anunciaram intenção de obtê-los para vacinar sócios e jogadores Gabriel Carriconde
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Congresso Nacional aprovou, no início do mês, a flexibilização do acesso às vacinas no Brasil, abrindo possibilidade para que empresas privadas comprem o imunizante, sem precisar repassar para o Sistema Único de Saúde. O projeto ainda aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro. Apesar da medida ter sido vista como uma espécie de ‘’legalização do fura-fila’’, equipes de futebol brasileiras demonstraram intenção de comprar. O Athletico anunciou que pretende comprar a vacina para imunizar seu quadro de atletas, funcionários e sócios que pagaram em dia as mensalidades durante a pandemia. Entidades como a Federação Cearense de Futebol, e outras equipes do futebol brasileiro, como o Flamengo, também prometeram seguir os passos do clube paranaense. Apesar de não estar sob a jurisdição brasileira, a Confe-
deração de Sul-americana de Futebol (Conmebol) também pretende obter vacinas por conta própria. Apesar da movimentação no esporte para se obter o acesso ao imunizante, especialistas em saúde pública e jornalistas esportivos criticaram as iniciativas. Em uma coluna no UOL, a jornalista Milly Lacombe afirmou que esta é uma tentativa de furar a fila. ‘’A vacinação só
vai funcionar se alcançar as sociedades em suas totalidades. Mas o futebol sul-americano arregaça as mangas e se une à imoralidade fazendo plano para furar a fila’’. Já para o professor e neurocientista Miguel Nicolelis, a proposta é imoral. “O futebol pensa que está acima de qualquer lei e código moral. Para quem gosta de futebol, é um chute no estômago”, criticou, em entrevista ao UOL Esporte. Fernando Moreno | AGIF
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ELAS POR ELA Fernanda Haag
Uma data para não esquecer No dia 14 de abril de 1941, o Estado Novo de Getúlio Vargas publicou o Decreto 3.199, que afirmava: “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Essa deliberação incluía o futebol e, por isso, a modalidade foi vetada às mulheres por mais de 40 anos. Sim, você leu certo, mulheres eram proibidas de jogar bola. Parece absurdo, mas nem faz tanto tempo assim. A proibição atrasou o desenvolvimento da modalidade e sentimos as consequências até hoje. Contudo, elas nunca deixaram os gramados. Há registros de diferentes times e jogos com mulheres ao redor do Brasil e, sem dúvida, há muita coisa para ser recuperada. Aqui, no Paraná, venho levantando alguns desses registros e aproveito o espaço para contar sobre um jogo ocorrido em 1973, no Parque Britânia, em homenagem ao Dia do Gráfico. Formaram-se dois times de mulheres para disputar a partida comemorativa: a equipe da Impressora Paranaense e a Seleção Gráfica. Segundo relato do Diário do Paraná, o jogo gerou muita expectativa e foi disputado. Houve empate no tempo regular e a decisão foi para os pênaltis. Vitória da Impressora Paranaense, com a goleira Luci defendendo quatro penais. Esse é um dos exemplos de mulheres que driblaram a proibição e subverteram uma ordem autoritária, só podemos agradecer a todas que seguiram esse caminho.
A máxima de Didi e o Coxa
Craque da 12
Indefinição à vista
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
Didi, o “Pérola Negra”, considerado o melhor jogador do futebol brasileiro até a ascensão de Pelé, é autor de uma daquelas célebres frases que, apesar das obviedades que encerram, precisam de vez em quando ser pronunciadas. “Treino é treino, jogo é jogo”, dizia. No atual estado de incertezas sanitárias e econômicas, a comissão técnica e o elenco de jogadores do Coxa saúdam o decreto municipal que permite a realização de jogos do Campeonato Paranaense em Curitiba. Os seguidos travamentos do futebol nacional na temporada 2021 têm prejudicado o necessário ritmo de competitividade dos atletas. Até em termos psicológicos, só se entra em campo com espírito combativo quando, do outro lado, há adversários reais, e não camaradas do próprio clube. Que sejam remarcados para breve, pois, os confrontos contra Toledo e Azuriz, adiados de rodadas anteriores do Estadual.
“A decisão agora é sua, paranista.” Assim diz a imagem divulgada pelo Paraná Clube em suas redes sociais, na quarta (14). No texto, a postagem diz que o torcedor deve aguardar novidades. A campanha pode ter relação com a parceria entre o Paraná e uma empresa de marketing acionada para desenvolver um novo modelo de sócio torcedor. A “2BR” teve uma excelente passagem pelo Flamengo, onde ajudou a atingir a média de 100 mil sócios, e atualmente também assessora o Ceará Sporting Club. O momento é, de fato, de se tentar algo novo. O tricolor atingiu o recorde negativo no número de sócios torcedores durante a pandemia. Com a maioria das receitas extintas, as fichas vão todas para o marketing. Nem na zaga, nem no meio, nem no ataque. Em 2021, quem pode fazer a diferença para o tricolor estará em casa, segurando o controle remoto.
De acordo com o vereador Pier Petruzziello (PTB), a Prefeitura de Curitiba deve liberar a realização de partidas na cidade. Agora fica em questão se o próximo jogo do Athletico será mesmo contra o Aucas do Equador, pela Sulamericana, na terça (20), já que não está descartada uma rodada pelo Paranaense no fi nal de semana. Para se ter ideia do tamanho do problema: o Aucas precisou jogar sua última partida no Equador contra o Barcelona de Guayaquil com apenas 7 jogadores em campo. Com 16 minutos de jogo, a partida precisou ser encerrada, já que o goleiro Johan Lara saiu por lesão. Segundo o médico do clube, Daniel Rosales, dá tempo para recuperar os jogadores até terça. Situação horrível e que poderia ser evitada com o mínimo de bom senso daqueles que têm a caneta na mão.