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Opinião
EDITORIAL A “espiada” da CIA sobre o Brasil e a América Latina
Os escândalos de incompetência e corrupção no enfrentamento à Covid-19 têm aprofundado os abalos ao governo Bolsonaro. Em meio à crise política, William J. Burns, diretor chefe da CIA, veio ao Brasil após passagem pela Colômbia. Sem divulgação dos assuntos tratados, reuniu-se com o alto escalão militarministerial do governo: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil).
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No misterioso encontro, esteve presente também Alexandre Ramagem, in-
terventor de Bolsonaro na Agência Brasileira de Inteligência, que caracterizou o encontro como uma visita “simbólica”.
A presença de Burns no Brasil gera dúvidas sobre o significado deste fato geopolítico, sobretudo se consideradas as pesquisas eleitorais que indicam a vitória de Lula em 2022, as recentes vitórias de partidos de esquerda no Peru e na Bolívia, além da instauração da Assembleia Constituinte no Chile, presidida pela professora indígena mapuche Elisa Antileo.
Os territórios do Brasil e da Colômbia são pontos de apoio estratégicos do poder imperialista dos EUA sobre as nações da América Latina. E agora esta visita, recepcionada por um governo alinhado aos interesses estadunidenses.
O que a CIA anda novamente espiando por aqui?
SEMANA
OPINIÃO Julho das pretas: mulheres negras pela libertação
Reprodução
Carol Dartora,
Vereadora de Curitiba, primeira mulher negra eleita para a Câmara Municipal da capital do Paraná. Professora de História, mestre em Educação, militante da Marcha Mundial das Mulheres e do Movimento Negro, secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTI+ na APP-Sindicato
Neste mês, inauguramos uma data que, apesar de ainda se manifestar muito timidamente no cenário político brasileiro, representa um sopro na luta antirracista e pela vida das mulheres negras: o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Lélia Gonzalez nos diz que “Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual”.
Quando afirmamos que mulheres negras são atingidas pela violência e pela discriminação de forma multiplicada, estamos falando justamente de processos do colonialismo patriarcal que tornam nós, mulheres negras, subalternas ao machismo, racismo e à violência que acomete o povo negro.
O Julho das Pretas é um mês em que podemos discutir as fissuras das desigualdades social e de raça do Brasil pela perspectiva de pessoas que estiveram à margem desde a fundação do país, mas que mesmo assim são figuras tão indispensáveis para ultrapassarmos as barreiras sociais que nos impedem de valorizarmos e garantir a liberdade para as vidas negras.
A luta das mulheres negras perpassa o fim do genocídio contra o nosso povo e uma luta constante para que findem-se as estruturas violentas que nos mantêm em situação de subordinação.
É para que as mulheres negras alcancem sua libertação, que os caminhos da juventude negra se estendam às universidades e não se encerrem tão precocemente pela violência, e para que o povo brasileiro como um todo possa atingir uma real e efetiva democracia, com igualdade e dignidade para todas e todos e com políticas sociais que nos permitam garantir a equidade racial e de gênero.
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 219 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
EXPEDIENTE
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Carol Dartora ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
Projeto de iniciativa popular na ponta dos dedos
A Câmara Municipal de Curitiba aderiu ao projeto “Mudamos”, que possibilita a apresentação de projetos populares de forma virtual. Basta ter uma ideia na cabeça e encaminhar a sua demanda para analisepl@mudamos.org que ela será analisada, segundo a equipe de comunicação da CMC.
De acordo com a Câmara, a possibilidade de apresentar e coletar assinaturas virtuais foi possibilitada por uma parceria com o ITS Rio, que estuda o impacto e o futuro da tecnologia no Brasil e no mundo, desenvolvendo o aplicativo para cumprir a lei complementar 118/2020, proposta pelo vereador Marcos Vieira, do PDT.
Em Curitiba, os PIP necessitam de apoio de 5% dos eleitores da cidade. O vereador Professor Euller (PSD) se coloca à disposição para ajudar nas propostas.
A iniciativa permite que os cidadãos assinem projetos em qualquer parte do país, como a proposta “Lei do Rio Limpo”, apresentada por Marcos Juliano Ofenbock, e que pretende “exigir medidas múltiplas e amplas para a realização da limpeza dos rios da cidade de Curitiba, melhorando o sistema de saneamento, monitorando o sistema de esgoto”. A iniciativa já colheu 2 mil das 3 mil iniciais. O objetivo final são 65 mil assinaturas.
FRASE DA SEMANA
Alguém sabe onde tá o cunhado? Aquele que não “devolvia” a rachadinha inteira pro Jair?
Questionou em seu Twitter o humorista Gregorio Duvivier, referindo-se a uma gravação em que uma cunhada de Bolsonaro declara que seu irmão foi demitido pelo presidente, quando era deputado, porque não devolvia todo o dinheiro combinado do salário.
Divulgação
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Já apelou
Com todas as pesquisas mostrando que perde as eleições no segundo turno e algumas apontando que não passa do primeiro num embate com Lula, Jair Bolsonaro ameaçou não aceitar o resultado das urnas. Em entrevista à Rádio Guaíba na quarta, 7, disse que o “nosso” lado pode não aceitar o resultado.“ Bravata ou estratégia à la Trump, a bobagem foi lançada.
O que disse
“Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se esse método continuar aí, sem Agência Brasil inclusive a contagem pública, eles vão ter problema, porque algum lado pode não aceitar o resultado. Esse lado obviamente é o nosso lado, pode não aceitar esse resultado. Nós queremos transparência. […] Havendo problemas, vamos recontar”, a rmou Bolsonaro em entrevista à rádio Guaíba, de Porto Alegre.
Delírio
O presidente chegou a dizer que não há credibilidade nas urnas eletrônicas e, sem provas, afirmou que houve fraude nas eleições de 2014, que Aécio Neves (PSDB) teria ganhado. “Nosso levantamento, feito por gente que entende do assunto, garante que sim. Não sou técnico de informática, mas foi comprovada fraude em 2014”, disse Bolsonaro. A tática de acusar sem provas as eleições não funcionou para Trump, nos EUA. Mas é necessário ver o que acontecerá no Brasil caso Bolsonaro ainda esteja na Presidência em 2022.
Sem resposta
Há 1211 dias da morte de Marielle continua a pergunta: Quem mandou matar a vereadora? E a resposta parece cada dia mais longe (ou não?). Na quarta, 7, a Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou a quarta troca do delegado encarregado das investigações. Assumiu Henrique Damasceno, responsável pelo caso Henry Borel. Nas redes, o Instituto Marielle Franco questionou: “Trocaram o delegado do caso Marielle pela 4° vez. Já são mais de 3 anos sem respostas! Por que tantas trocas no comando das investigações? Por que tanta demora?”
Privatização via Sedex
O governo Bolsonaro tem imposto à sociedade uma política de indiferença com a morte de mais de 527 mil pessoas, pautas conservadoras e um programa de aprofundamento da entrega de empresas públicas. No caso dos Correios, há interesses de empresas gigantes da logística como FedEx, Amazon, entre outras, passando pela brasileira Magazine Luiza.
Interesses
Grandes corporações estão interessadas em privatizar os Correios para se apropriarem da expertise, capilaridade e eficiência da estatal, que hoje é indispensável até mesmo para a iniciativa privada. Depois da privatização criminosa da Eletrobras, agora o presidente da Câmara, Arthur Lira, adianta para julho a perspectiva de privatizar uma empresa lucrativa, com carteira de serviços ampla e voltada às necessidades reais do povo brasileiro.
A quebra do monopólio dos Correios no setor postal deverá elevar o preço dos serviços para a população. Em regiões de pouco acesso, caso da Amazônia, os Correios representam inclusão bancária, vacina e remédios. Entre os serviços, é importante listar o contrato com o Ministério da Educação (MEC) na entrega de todos os livros da educação básica e o transporte e distribuição das provas do Enem.