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Brasil | p. 6Cultura | p. 7 Esportes | p. 8Editorial
EDITORIAL Alta dos alimentos aflige população
Colocar comida no prato tem sido um desafio diário para parte considerável do povo brasileiro. Segundo a FAO, agência da ONU para alimentação e agricultura, a insegurança alimentar atinge cerca de um quarto da população do país. O que se agrava com a alta no preço dos itens da cesta básica.
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Enquanto diversos países estocaram alimentos diante das incertezas da pandemia, o governo brasileiro não se pla-
SEMANA
nejou para enfrentar a questão. A isso se alia a alta do dólar, que torna mais atrativo vender os produtos agrícolas no mercado internacional. O agronegócio está a todo o vapor exportando arroz e carne, enquanto a fome aumenta e o mercado doméstico encolhe.
O aumento do preço da comida se relaciona, ainda, aos custos da produção com energia e combustíveis, que dispararam no último período. Em lugar de priorizar uma política de contenção do valor da luz e da gasolina, fazendo uso das estatais para proteger o povo da crise, Bolsonaro prioriza a privatização da Eletrobras e o lucro dos acionistas da Petrobras.
O governo não está preocupado com a diminuição do mercado interno e com a necessidade mais básica do povo, que precisa, antes de tudo, colocar comida na mesa.
EXPEDIENTE
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 230 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini
COLABORARAM NESTA
EDIÇÃO Carol Dartora ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
OPINIÃO O silêncio do prefeito
Carol Dartora,
Vereadora de Curitiba pelo PT, primeira mulher negra eleita para a Câmara Municipal da capital do Paraná. Professora de História, mestre em Educação, militante do Movimento Negro, secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTQIA+ na APP-Sindicato
Quanto vale uma vida? Muito provavelmente, a resposta da maioria das pessoas para esta pergunta deve ser de que nenhuma vida tem preço. Mas por qual motivo algumas autoridades da nossa cidade ficam mudas, completamente caladas, quando o Estado mata um jovem trabalhador, morador da periferia, de apenas 22 anos, pai de um bebê de nove meses?
Já se passaram mais de 10 dias desde que Mateus Silva Noga foi assassinado por tiros da Guarda Municipal de Curitiba (GM), enquanto comemorava com amigos a conquista da sua carteira de motorista. Até agora, o prefeito Rafael Greca (DEM) não teceu uma única palavra de solidariedade à família de Mateus pelo desastre provocado por sua polícia municipal.
Mateus foi alvejado pelas costas. Os tiros de calibre 12 perfuraram o coração, rins, fígado, baço, intestino e os pulmões dele. A GM ainda registrou no boletim de ocorrência que o jovem seria o autor de “injusta agressão” contra o aparato policial, o que é uma grande mentira. Outras duas pessoas, uma mulher de 31 anos e uma adolescente de 14 anos, também ficaram feridas.
Mas afinal quem se importa? Mateus não morava no Batel, bairro nobre da cidade. Ele estava no Largo da Ordem, local turístico, democrático e ponto de encontro das populações periféricas, LGBTQIA+, da juventude negra. Ele não era filho de um descendente europeu, etnia cotidianamente exaltada e privilegiada pelo prefeito em suas ações de governo, mais do que as origens e raízes do povo brasileiro.
O caso do Largo da Ordem não é fato isolado e o silêncio do prefeito, maior autoridade da cidade e chefe da Guarda Municipal, só confirma que esta política higienista contra as populações historicamente oprimidas determina um preço para nossas vidas. Mas se combinaram de nos matar, precisamos lembrar ao sistema de que nós combinamos de resistir e transformar.
Greca tenta tomar reajuste do funcionalismo
Em meio à negociação com os servidores municipais, a Prefeitura de Curitiba tenta revogar o reajuste de 3,14% concedido em novembro de 2020. A justificativa para a retirada do reajuste é uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa já foi impedida por uma decisão judicial da 5ª Vara da Fazendo que determinou o pagamento, mas Greca ainda pode recorrer.
A iniciativa de Curitiba já foi tentada em diversos municípios do estado. Nelas, a interpretação da decisão é diferente e os reajustes foram mantidos. Entre as cidades que debateram e mantiveram o reajuste concedido em 2020 estão Maringá, Uniflor, Nova Esperança, Sarandi e Marialva. Em Tuneiras do Oeste, porém, o reajuste foi retirado. Já em Castelo Branco, os servidores municipais estão em contato com os vereadores para impedir a revogação do reajuste.
A advogada Gisele Veneri explica por que o entendimento utilizado em Curitiba é equivocado. “O acórdão do TCE foi emitido para o município de Paranavaí. A reclamação no STF também para essa cidade. Em nenhum momento essa decisão tem repercussão geral. Por isso, os demais municípios, enquanto não houver determinação do Tribunal de Contas ou do STF direcionada, eles não têm por obrigação revogar esses reajustes que foram devidamente votados nas câmaras municipais”, esclarece a advogada.
FRASE DA SEMANA “Vergonha na ONU. Discurso de Bolsonaro é sucessão de mentiras”
Disse a vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos. Para ela, o presidente em seu discurso “descredenciou a mídia, defendeu o tratamento precoce, negou a realidade da miséria, do desmatamento, do descaso com a pandemia e com nossos indígenas. Um desserviço imensurável para a imagem e a economia do Brasil.”
Diego Galba | Vice-Governadoria PE
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos Bancado pelo agro
Saíram os dados do IBGE que mostram que nunca o agronegócio ganhou tanto dinheiro no país. Em 2020, apesar da crise em outros setores, a produção agrícola do país atingiu faturamento de R$ 470,5 bilhões, 30,4% maior que em 2019. A área plantada totalizou 83,4 milhões de hectares, 2,7% superior. Os dados são da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada nesta semana.
Preços nas alturas
A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas chegou a 255,4 milhões de toneladas, 5% maior que a de 2019. A diferença entre este aumento da produção e o aumento do faturamento (+30%) se deve principalmente à alta do dólar e ao aumento dos preços dentro e fora do Brasil. Nunca o agronegócio lucrou tanto. O que explica, em boa parte, sua adesão ao atual governo, apesar da gestão desastrosa em todos os outros setores da economia.
Secom | MT | Divulgação
Pegou mal
Além das mentiras em seu discurso, como dizer que o Brasil estava à beira do socialismo quando assumiu, nenhum dos maiores veículos da imprensa internacional avaliou positivamente o discurso de Bolsonaro na ONU. A CNN americana, por exemplo, disse que o presidente “fez um discurso desafiador, mas isolado, nesta 76ª Assembleia Geral da ONU.” E que apresentou uma versão “muito diferente do país devastado pelo coronavírus” e “fustigado pelos incêndios na Amazônia”.
Espalhando o vírus
Após a confirmação da contaminação por Covid do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na viagem aos Estados Unidos, a Anvisa recomendou que todos os que estiveram com ele fiquem em quarentena no seu retorno ao Brasil. A ver se a recomendação será cumprida. Havia a previsão de participação do presidente em motociata no interior do Paraná no final de semana, em viagem que, segundo o deputado Ricardo Barros, foi adiada. Caso a comitiva não mantenha a quarentena, as pessoas serão punidas pela Anvisa como foi a seleção da Argentina?
Fora Bolsonaro
Movimentos sociais e partidos de oposição (PT, Psol, PCdoB, PDT, PSB, PV, Rede, Cidadania e Solidariedade) preparam ato em 2 de outubro. “Será o mais amplo possível, com entidades da sociedade civil, entidades sindicais e movimentos populares... O mote é Fora, Bolsonaro, impeachment já”, resumiu o presidente do PSB, Carlos Siqueira, à Rede Brasil Atual.
Casa da Resistência
No sábado, dia 25, acontece reunião de planejamento das atividades do Instituto Casa da Resistência, em Curitiba. Será a partir das 13h, no Espaço Cultural dos Bancários, Rua Piquiri, 380. Falam da conjuntura atual as advogadas Clair da Flora Martins e Ivete Caribé da Rocha. De maneira virtual, também participará o jornalista Breno Altman, do Opera Mundi.
Estreou nesta semana a Rádio Plantô, Brotô! com o episódio “Semente crioula na terra assegura alimento saudável no prato”. Foram relatadas ações da Rede Sementes da Agroecologia (ReSA) para garantir a circulação e multiplicação das sementes na pandemia, como O Festival da Agrobiodiversidade e o Projeto Emergencial de Conservação e Multiplicação da Agrobiodiversidade. Para conhecer, acesse www.resaagroecologia. com.br.