Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 23 a 29 de setembro de 2021
Alta dos alimentos aflige população EDITORIAL
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olocar comida no prato tem sido um desafio diário para parte considerável do povo brasileiro. Segundo a FAO, agência da ONU para alimentação e agricultura, a insegurança alimentar atinge cerca de um quarto da população do país. O que se agrava com a alta no preço dos itens da cesta básica. Enquanto diversos países estocaram alimentos diante das incertezas da pandemia, o governo brasileiro não se pla-
nejou para enfrentar a questão. A isso se alia a alta do dólar, que torna mais atrativo vender os produtos agrícolas no mercado internacional. O agronegócio está a todo o vapor exportando arroz e carne, enquanto a fome aumenta e o mercado doméstico encolhe. O aumento do preço da comida se relaciona, ainda, aos custos da produção com energia e combustíveis, que dispararam no último período. Em lugar
de priorizar uma política de contenção do valor da luz e da gasolina, fazendo uso das estatais para proteger o povo da crise, Bolsonaro prioriza a privatização da Eletrobras e o lucro dos acionistas da Petrobras. O governo não está preocupado com a diminuição do mercado interno e com a necessidade mais básica do povo, que precisa, antes de tudo, colocar comida na mesa.
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 230 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
O silêncio do prefeito Carol Dartora,
Vereadora de Curitiba pelo PT, primeira mulher negra eleita para a Câmara Municipal da capital do Paraná. Professora de História, mestre em Educação, militante do Movimento Negro, secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTQIA+ na APP-Sindicato
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Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Carol Dartora ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
SEMANA
OPINIÃO
EXPEDIENTE
uanto vale uma vida? Muito provavelmente, a resposta da maioria das pessoas para esta pergunta deve ser de que nenhuma vida tem preço. Mas por qual motivo algumas autoridades da nossa cidade ficam mudas, completamente caladas, quando o Estado mata um
jovem trabalhador, morador da periferia, de apenas 22 anos, pai de um bebê de nove meses? Já se passaram mais de 10 dias desde que Mateus Silva Noga foi assassinado por tiros da Guarda Municipal de Curitiba (GM), enquanto comemorava com amigos a conquista da sua carteira de motorista. Até agora, o prefeito Rafael Greca (DEM) não teceu uma única palavra de solidariedade à família de Mateus pelo desastre provocado por sua polícia municipal. Mateus foi alvejado pelas costas. Os tiros de calibre 12 perfuraram o
coração, rins, fígado, baço, intestino e os pulmões dele. A GM ainda registrou no boletim de ocorrência que o jovem seria o autor de “injusta agressão” contra o aparato policial, o que é uma grande mentira. Outras duas pessoas, uma mulher de 31 anos e uma adolescente de 14 anos, também ficaram feridas. Mas afinal quem se importa? Mateus não morava no Batel, bairro nobre da cidade. Ele estava no Largo da Ordem, local turístico, democrático e ponto de encontro das populações periféricas, LGBTQIA+, da juventude negra. Ele não era filho
de um descendente europeu, etnia cotidianamente exaltada e privilegiada pelo prefeito em suas ações de governo, mais do que as origens e raízes do povo brasileiro. O caso do Largo da Ordem não é fato isolado e o silêncio do prefeito, maior autoridade da cidade e chefe da Guarda Municipal, só confirma que esta política higienista contra as populações historicamente oprimidas determina um preço para nossas vidas. Mas se combinaram de nos matar, precisamos lembrar ao sistema de que nós combinamos de resistir e transformar.