Brasil de Fato PR - Edição 241

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Brasil | p. 4

Paraná | p. 6

Editorial | p. 2

Audiovisual perseguido

Em defesa da Ilha do Mel

Educação vira marketing

Setor sofre com ataques do governo e desregulamentação da profissão

Nativos lançam protocolo de consulta a comunidades tradicionais

Interesses do governo do estado são distantes da necessidade do povo

PARANÁ

Ano 5

Edição 241

9 a 15 de dezembro de 2021

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

Bolsonaro nunca mais

Cultura | p. 7

Arte inclusiva Pessoas com deficiência têm destaque na arte de Amanda Lyra Leticiah Futata

Mulheres denunciam racismo, violência e falta de comida na mesa Brasil | p. 5 Giorgia Prates

Esportes | p. 8

O último campeonato Atléticos decidem Copa do Brasil de olho em milhões

Divulgação


Brasil de Fato PR 2 Opinião

A propaganda eleitoral precoce de Ratinho Jr. EDITORIAL

E

xiste um ditado que diz: “A propaganda é a alma do negócio”. Às vésperas de 2022 o governo de Ratinho Jr. investe pesado em propagandas do seu mandato. Os anúncios pagos nas redes sociais retratam a educação como um produto de qualidade oferecido pelo governo. A pegadinha do marketing fica evidente, uma vez que educação não é um produto, e sim um direito. Esta

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semana, a Secretaria de Estado da Educação anunciou o aumento do piso salarial dos professores, o que seria uma boa notícia, mas por trás da propaganda o governo segue sem dialogar e atender as reivindicações da categoria. É no Paraná que o projeto de Estado neoliberal é levado a sério, uma vez que este governo segue com sua agenda de desmonte, transformando direito em mercadoria e

vendendo a ideia de modernização e avanço. Durante a pandemia, Ratinho foi o governador mais alinhado com o governo genocida de Bolsonaro, buscando inclusive militarizar escolas. A propaganda diz que no Paraná a educação pública é outra história. Mas a realidade evidencia os interesses do governo que são bem distantes da necessidade do povo paranaense.

SEMANA

Lei de Cotas tem que ser renovada para sonharmos com um Brasil menos desigual

OPINIÃO

Rosana de Sousa Fernandes,

dirigente do Sindicato dos Químicos de São Paulo. Formada em Serviço Social e Sindicalismo, Educação e Trabalho. Foi a primeira secretária Nacional de Juventude da CUT. Hoje está em seu segundo mandato como dirigente adjunta da CUT na Secretaria Nacional de Combate ao Racismo

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riada em 2012, a Lei de Cotas das instituições de ensino federal (Lei 12.711/2012) perderá a validade em 2022, caso não seja renovada pelo Congresso. As cotas têm como objetivo reparar injustiças históricas causadas pela escravidão imposta às pessoas negras. A lei garante que se reserve, nas Universidades Públicas e Institutos Federais, no mínimo 50% das vagas de cada curso para estudantes que concluíram o ensino médio em escolas públicas. Metade dessas vagas reservadas deve ser destinada a estudantes de famílias com renda mensal igual ou menor que 1,5 salário mínimo per capita. Dentro da quantidade total destinada aos cotistas, as vagas devem ser preenchidas por estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com

deficiência em proporção no mínimo igual à respectiva desses grupos no estado em que a instituição está localizada a partir do censo mais atualizado do IBGE. Antes das cotas, não havia praticamente diversidade nas universidades públicas. Desde as primeiras políticas de cotas, implementadas em 2001, o número de estudantes negros ampliou gradativamente nas universidades públicas. A ampliação de representatividade de grupos não hegemônicos nas universidades ocasionou em incentivo para jovens periféricos, especialmente negros, que antes não viam o ensino superior enquanto possibilidade e passaram a reivindicar e ocupar esses espaços. É curioso que, embora a educação seja direito de todos, o nível de escolaridade dos negros costuma ser aquém ao dos brancos, mesmo quando se trata de alunos brancos pobres. O sistema de cotas para afrodescendentes tem como meta dar oportunidade aos desiguais o acesso aos direitos fundamentais, que segundo a Constituição Federal/1988, é direito de todos. *O Artigo completo está no site do Brasil de Fato Paraná

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 241 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Rosana de Sousa Fernandes ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


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Geral

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FRASE DA SEMANA

Sérgio Moro na folha de pagamento de partido O ex-juiz Sérgio Moro já pode atualizar seu currículo com um novo cargo: pré-candidato à Presidência, que vai render ao ex-ministro de Bolsonaro milhares de reais. Aliás, remunerar políticos era um dos métodos criticados pela Operação Lava Jato, que via nisso uma forma de lavagem de dinheiro. Moro entrou para a folha de pagamento do Podemos, após se filiar ao partido no fim de novembro. Ele vai receber mensalmente R$ 22 mil. Mais de 20 salários mínimos ou 55 pessoas no Auxílio Brasil, criado por Bolsonaro. O Podemos tem recursos para pagar o milionário salário. Embora tenha votado contra o fundo eleitoral, tem direito a R$ 282 milhões em 2022. Número acima, por exemplo, do que os R$ 78 milhões que tinha direito em 2020. O valor do fundo é definido pela quantidade de parlamentares no Congresso. Embora não seja ilícito, o salário de Moro é constrangedor, uma vez que a Lava Jato dizia que pagamento de políticos era uma forma de corrupção. Lula, por exemplo, recebe R$ 30 mil. Já Ciro Gomes, recebe R$ 26,3 mil. Segundo o exchefe da operação, Deltan Dallagnol, em 2015, a prática de fazer doações ocorria para mascarar corrupção.

“Moro é um juiz corrupto e terá que explicar por que destruiu a Petrobras”

Reajuste de professores O governador Ratinho Júnior (PSD) anunciou o reajuste para professores e funcionários públicos. Os valores, no entanto, são questionados por sindicatos e deputados. Para eles, o valor para os professores vai promover achatamento das carreiras. Já o reajuste dos servidores é considerado como gratificação.

Disse em entrevista ao Brasil de Fato a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Ela ainda afirmou: “...ele foi considerado um juiz incompetente, por que ele armou um processo contra o presidente Lula, articulou com delatores, articulou com o Ministério Público”.

Armadilhas para a categoria Câmera dos Deputados

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Esquerda “inimiga” Documentos a que o site The Intercept teve acesso mostram que no treinamento da “elite” do Exército, em 2020, os inimigos eram um partido de operários e um movimento de luta pela terra. Houve “uma simulação em que candidatos a integrar a sua tropa de elite tiveram de combater uma ‘organização armada clandestina’. No texto que apresenta o exercício, a força explica que o inimigo fictício surgiu ‘de uma dissidência do Partido dos Operários’, o ‘PO’, que ‘recruta e treina militantes do MLT’, o ‘Movimento de Luta pela Terra’.”

Ação ilegal Segundo especialista ouvido pelo The Intercept, “Uma operação como essa, de Forças Especiais, seria completamente ilegal. Não há nenhum respaldo legal ou constitucional [para uma ação como a simulada no exercício]. Ele está desconectado de qualquer respeito ao estado de direito brasileiro... É presente entre os militares a ideia de que eles são solucionadores de quaisquer problemas [do país], o que gera situações como o que vivemos na atualidade...”, afirmou Juliano Cortinhas, professor da UNB.

Lula vence Pesquisa da Quaest Consultoria, publicada na quarta-feira (8), mostra que o ex-presidente Lula (PT) ganharia no primeiro turno em todos os cenários pesquisados se as eleições fossem hoje. Suas intenções de voto variam de 46% a 48%, tirando brancos e nulos, venceria na primeira rodada. No cenário mais provável, Bolsonaro aparece em segundo lugar (23%) e Sérgio Moro em terceiro (10%). Ciro teria 5%.

Segundo turno

Miguel Schincariol / AFP

Caso haja necessidade de segundo turno, a vantagem do ex-presidente também seria grande frente aos principais concorrentes. Lula teria 55% contra Bolsonaro (31%). Contra Moro seriam 53% a 29%. Sobre Ciro a vantagem é de 54% a 21%. A pesquisa ocorreu entre 2 e 5 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Para a APP Sindicato, a proposta tem diversas armadilhas para a categoria. Entre elas, o achatamento da carreira, a dependência de uma gratificação que é perdida em caso de afastamento, perda ou congelamento do auxílio transporte e até alteração no adicional noturno. O projeto revoga os parágrafos do Plano de Carreira que definem os percentuais entre classes e níveis, não estabelece novos índices e conta como salário gratificação.

Adicional noturno O PL também retira, no período de férias e no 13º, o auxílio-transporte, reduzindo, para professores, o “reajuste” no cômputo anual. Uma das mudanças mais drásticas é na alteração do adicional noturno, que começava às 18h e passa para as 22h. “Muitos funcionários e professores perderão parcelas significativas dos seus salários. Uma merendeira que trabalha à noite e ganhará R$ 40 com os 3% da data-base poderá perder R$ 250 com a mudança do adicional”, alertou a APP.


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Setor audiovisual está sendo destruído pelo governo por ideologia e ignorância Trabalhadores sofrem com jornadas exaustivas e enfrentam desregulamentação e boicote Gabriel Carriconde

“F

iz um trampo de ficção que, entre uma diária e outra, foram apenas 8 horas de descanso, e no fechamento não computaram as horas extras. Quando questionei, a produção disse que não ia pagar e eles alegaram que as horas não eram devidas pois, ao aceitar o trabalho, eu tinha conhecimento de que as 12 horas de descanso não seriam cumpridas.” Depoimentos como este têm sido cada vez mais recorrentes no meio audiovisual. Trabalhadores com excessiva carga de trabalho, atrasos nos salários, assédio e desrespeito a direitos trabalhistas... Para dar voz a esse tipo de denúncia, foi criado o perfil BrCrewStories, no Instagram, baseado na conta Iatse_stories, que também denuncia abusos na indústria cinematográfica dos Estados Unidos, país de maior produção audiovisual do mundo. Trabalhadores da área e produtores culturais analisam que diante do ataque do atual governo federal, com o esvaziamento de políticas de incentivo, a desregulamentação de leis trabalhistas e a desorganização do setor, a exploração de trabalhadores tem se tornado mais evidente numa indústria que chegou a representar 0,5% do PIB antes da pandemia, superando, por exemplo, a indústria têxtil e farmacêutica. A reportagem do Brasil de Fato Paraná conversou com a idealizadora da página BrCrewStories. Sob anonimato, relata que há um “profundo medo das pessoas na área de relatar as irregularidades a que estão sujeitas, por medo de retaliação e ficarem sem emprego”. A ideia de criar um espaço seguro de trabalhador para trabalhador escancara, segundo ela, a “crueldade de um mercado que é alimentado pelas vivências de técnicas e técnicos, as maiores vítimas dessa estrutura.” A página, atualmente, tem mais de 200 relatos para serem divulgados. São denúncias que vão de assédio moral e sexual, racismo e atrasos de

pagamentos. A responsável destaca também a importância de os trabalhadores se sindicalizarem. “Nossa categoria sofre de uma desorganização histórica e uma representação sindical frágil e com pouca estrutura. Um de nossos objetivos é incentivar que os trabalhadores entrem para as associações e construam uma luta sindical.” Um dos sindicatos de traba-

lhadores da área, o Sindcine, dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal, lançou na última semana campanha em defesa da melhoria das jornadas denominada #JornadaJusta, na defesa de uma jornada de 10 horas para cinco dias de trabalho, tempo que é desrespeitado cotidianamente.

Em 1º de dezembro, assembleia nacional da categoria foi organizada e se tirou um calendário de lutas e reivindicações. A presidente do Sindicine, Sonia Santana, destacou a importância do evento. “Iremos apresentar nossas reivindicações aos contratantes e patronais. Foram mais de 1.800 pessoas na sala. É importante os trabalhadores se sindicalizarem e tirarem sua DRT.” Giorgia Prates

REGULAMENTAÇÃO Para o pesquisador em Produção Audiovisual na Unespar, Alexandre Rafael, há necessidade de regulamentação. “É necessária uma regulação das leis trabalhistas, com uma jornada justa. Os governos Lula e Requião fomentaram muito a abertura de cursos superiores na área. Não falta formação de mão de obra, só que a demanda está muito concentrada, e a produção é feita em escala industrial.” Manoel Neto, especialista em relações de trabalho na Cultura, destaca que o setor tem sido hostil aos trabalhadores. “Há relatos até de pagamentos por nota fria, uma espécie de “rachadinha”. Esse processo ocorre também

pelo enfraquecimento do setor com a paralisação do financiamento estatal feito por Bolsonaro e Temer.” Gustavo Guimarães, produtor e roteirista, cita que o avanço de empresas multinacionais no mercado de “streaming” também enfraqueceu as produções nacionais. “Nosso setor foi destruído pelo atual governo por pura ideologia e ignorância. Se esses caras soubessem o papel da indústria audiovisual... O setor envolve tudo que é criatividade, comunicação, turismo, gastronomia, é gigantesco. É algo próximo de 3% do PIB, mas se você pensar em toda a cadeia produtiva, a gente fala de 18%.”


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Brasil

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Mulheres fazem ato Fora Bolsonaro Confira a manifestação que aconteceu no sábado, 4, no Centro de Curitiba

Redação

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manhã de sábado, 4/12, teve manifestação do Fora Bolsonaro em Curitiba organizado por mulheres das entidades que compõem a Campanha Nacional pelo impeachment do presidente. Com o mote “Bolsonaro nunca mais”, os atos aconteceram em praticamente todas as capitais do país.

“O ataque que as mulheres têm sofrido no governo Bolsonaro é inegável”, diz o chamado para o ato, assinado por 29 organizações. Entre elas estão a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), o Movimento Negro Unificado (MNU), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União de

Negras e Negros pela Igualdade (Unegro). Assinam também a convocatória os setoriais de mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB).

Giorgia Prates

Medidas como reforço de vacinação serão decisivas para controle da pandemia em 2022 Ana Carolina Caldas

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om o avanço da vacinação no Brasil, o número de casos e óbitos começou a cair, dando esperanças de um 2022 melhor. Porém, com o surgimento da variante Ômicron em mais de 20 países, inclusive no Brasil, e o novo aumento da contaminação em países da Europa, há ainda muitas dúvidas sobre o próximo ano. Para especialistas, o que será decisivo é a tomada de medidas já conhecidas com agilidade e de forma constante. Para o professor de infectologia da Universidade Positivo Marcelo Ducroquet, existem diferenças entre o Brasil e a Europa que podem ser decisivas para um prognóstico positivo. “Estamos com adesão à vacinação no Brasil melhor que muitos países europeus, o que pode nos diferenciar. Outra vertente im-

portante é que no Brasil tivemos uma onda de contaminação com a variante Gama, enquanto a Europa está mais com a Delta, o que pode ser mais agressivo. Pode ser que essas diferenças nos protejam”, explica. Já para o professor Emanuel Maltempi de Souza, presidente da Comissão de Combate e Prevenção à Covid 19 da UFPR, é preciso olhar o cenário europeu para nos adiantarmos e evitarmos cenário pior do que já tivemos. “Se chegarmos ao outono com número crescente como na Europa, e nossa imunidade não estiver robusta, podemos até superar o que está acontecendo em vários desses países. Isso acontecerá se houver demora para aplicar dose de reforço, tivermos grande número de não vacinados, crianças não vacinadas e flexibilização das medidas de prevenção”, diz.

Ômicron Marcelo diz que a Ômicron ainda é uma incógnita. “O que temos são algumas pistas, que ela parece ser bem mais transmissível, mas não se sabe quanto à agressividade. O momento ainda é de prevenção e atenção”, explica. O que se sabe é que a Ômicron contém número considerado alto de mutações, são 32 mutações da chamada proteína Spike, que o vírus usa para se prender a células humanas e infectá-las. Na variante Delta, considerada altamente infecciosa, são 8 mutações. Controle da pandemia Para o controle da pandemia, Marcelo afirma ser necessário continuar apostando em medidas simples. “Uso de máscara deve ser prorrogado, evitar grandes aglomerações em ambientes fechados e é importante e continuar com esquema de

vacinação. A maior parte dos especialistas vem defendendo as doses reforço”, explica. Maltempi diz que, além da vacinação completa, com reforço para toda a população e a manutenção das medidas de prevenção, é importante também apostar em conclusões de estudos científicos para o controle a longo prazo. “Se continuarmos fazendo o que já está dando certo e ampliarmos para algumas vertentes apontadas pela ciência, como testagem e genotipagem, o cenário é otimista. É preciso ampliar e manter a testagem em contactantes e não sintomáticos como forma de verificar circulação do vírus e implantar a vigilância genômica com sequenciamento de 10% de todos os casos positivos.” Segundo o professor, se esses cuidados forem bem implementados, é possível avistar um cenário positivo para 2022.


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Nativos reivindicam direito à consulta prévia em projetos para Ilha do Mel Lançamento online do Protocolo de Consulta das comunidades tradicionais aconteceu na terça (7) Franciele Petry Schramm e Lizely Borges

Redação

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ativos da Ilha do Mel realizaram, na terça (7), o lançamento online do Protocolo de Consulta das comunidades tradicionais. O documento apresenta os acordos coletivos sobre como as comunidades devem ser consultadas em projetos de leis ou

outras medidas administrativas que possam impactar seus modos de vida. O protocolo é uma construção coletiva. “A gente refletiu junto sobre o que somos, sobre nossa história, como vivemos, o que nos ameaça e o que o território nativo representa para a gente”, contou Amarildo Soares Mendes, da comu-

nidade Brasília e membro da Associação dos Nativos da Ilha do Mel (Animpo). Nas palavras do morador, o protocolo é um acordo coletivo sobre como os nativos querem ser consultados para ações do poder público e de empresas privadas que afetam o modo de vida tradicional. A promotora de justiça Ana Ca-

Onde e como comprar cestas de Natal da Reforma Agrária no Paraná Redação Seis coletivos estão preparando opções de Cestas de Natal vinculados à rede Armazém do Campo. As cestas são compostas por alimentos in natura e/ou processados, produzidos pela Reforma Agrária, Agricultura Familiar, comunidades indígenas e quilombolas e Economia Solidária. Veja onde encontrar: Curitiba São 2 tamanhos de cestas (pequena e grande), nas opções: sem bebidas alcoólicas ou com bebidas alcoólicas. Além das cestas para consumo próprio, existe a Cesta Esperança,

em que, ao comprá-la, você faz uma doação a famílias em situação de vulnerabilidade. Pedidos até 14/12, pelo site https://www. produtosdaterrapr.com.br/ Maringá São quatro opções diferentes de cestas. Além das cestas para consumo próprio e também a Cesta Solidariedade. Contato: (44) 99980

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1995. Entregas em Paiçandu, Maringá e Sarandi Londrina São cinco opções diferentes de cestas para adquirir e a Cesta Solidariedade. Pedidos até 19/12, pelo site. Loja física: Rua Piauí, 95, loja 2. WhatsApp: (43) 9 9992 2196 Ortigueira São quatro opções diferentes de cestas e a Cesta Solidariedade. Pedidos até 18/12, pelo WhatsApp: (42) 9 9831 1136. Loja física: Avenida Laurindo Barbosa de Macedo, Nº 1085 Laranjeiras do Sul e Guarapuava Pelo Whats (42) 9 9809 7911

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rolina Pinto Franceschi, membro do Núcleo de Proteção aos Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério Público do Paraná, afirmou que a “consulta é um direito humano fundamental, que deve ser assegurado para garantir o efetivo diálogo entre grupos da sociedade e o estado.” O processo de construção do protocolo envolveu as comunidades tradicionais de Brasília, Farol, Fortaleza e Praia Grande, que reúnem cerca de 70 famílias que vivem da pesca artesanal e do turismo. Ao longo do último ano, foram feitas atividades formativas e debates para se chegar ao documento final. As comunidades localizadas em Nova Brasília sofrem há anos com a pressão da especulação imobiliária, acentuada por um modelo de exploração turística de base não comunitária, e também pelas restrições impostas às famílias nativas por órgãos públicos. A ilha do Mel é um dos destinos turísticos mais importantes do Paraná e uma área de preservação inserida dentro de um Parque Estadual administrado pelo Instituto Água e Terra (IAT).


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Cultura 7

Artista curitibana lança clipe com equipe formada por pessoas com deficiências

DICAS MASTIGADAS

Por Aloan Damasceno

Vatapá de Farinha de Mandioca

Amanda Lyra é portadora de deficiência e luta por mais acesso na arte

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Leticiah Futata

Ana Carolina Caldas

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artista curitibana Amanda Lyra lançou o clipe “Sem Reclamar”, com canção que critica o olhar capacitista para com a diversidade de corpos que existem. A música vem acompanhada do primeiro videoclipe da artista, produção acessível, com elenco composto por pessoas com deficiência em um lugar de protagonismo e destaque. Toda a comunicação musical do vídeo foi pensada por pessoas com deficiência para contemplar as diferentes linguagens de acesso à música e ao seu significado. Haverá uma segunda versão do clipe com audiodescrição, o que também possibilitará a reprodução da obra em podcasts. O roteiro e a letra da música serão disponibilizados em texto, para que pessoas surdo-cegas também tenham acesso por meio de uma página para a navegação com display braile. Além da janela em libras, outro recurso para pessoas surdas e com baixa visão, é o estilo de legenda, dinâmico e colorido, para ser acompanhado como karaokê, em alto contraste e em velocidade pensada para facilitar a compreensão de pessoas neuro-

diversas e neurotípicas. “Sem Reclamar”, para a autora, é um clipe-protesto e quebra com o ciclo da falta de acesso, disponibilizando recursos para que todo mundo possa curtir. Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, Amanda aponta caminhos para uma arte mais acessível. Confira: Brasil de Fato Paraná – Como sua carreira artística se encontra com sua trajetória pessoal? Amanda Lyra – Venho de uma família de artistas. Aos 9 anos, comecei dando “palhinha” com meu pai em shows. Aos 16, comecei a tocar na noite curitibana e, aos 21, fiz meu primeiro show em teatro. De lá para cá, nunca parei. Sempre fui uma pessoa com deficiência, nasci com atrofia muscular espinhal do tipo 3 e me tornei cadeirante há 5 anos, quando caí de uma escada. A cadeira ressignificou minha vivência enquanto mulher com deficiência e eu entendi que precisava dialogar com a lingua-

gem que eu conhecia, a música. Comecei a compor sobre essa questão da deficiência, preconceito e como me sentia com isso. Hoje entendo que meu propósito de vida é mobilizar estruturas para que as pessoas com deficiência possam ocupar todos os lugares. Gostaria que você contasse sobre o novo trabalho... Toda a produção cultural, musical e audiovisual, especialmente relacionada à música, nunca contemplou outras realidades e linguagens que não a padrão. Muita gente já trabalhou com alguma forma de “acessibilização”, como inserir legendas, libras etc. Porém, nosso projeto já nasceu acessível porque em todas as partes do caminho, concepção do roteiro, proposta, recursos de acessibilidade, direção de arte, tudo passou por uma consultoria de pessoas com deficiências. A gente protagonizou todo o projeto. O lema é “nada sobre nós sem nós”. Por exemplo, a parte de libras do clipe não é feita por duas pes-

Assista ao vídeoclipe https://www.youtube.com/ watch?v=J3wra8tUAtc

soas ouvintes que escutaram a música e a interpretaram e estão contando para um surdo. São duas pessoas surdas que criaram a versão junto comigo, porque me comunico em libras. A gente está provando que não é necessário atrelar uma pessoa sem deficiência aos trabalhos com pessoas portadoras de deficiências. O que falta no mundo artístico para mais trabalhos como este? É pensar que existem outros públicos. No Brasil temos mais de 45 milhões de pessoas com deficiência. Tanta coisa que podemos argumentar para criar outros tipos de linguagens e comunicação entre a música e vários tipos de pessoas. Inclusive estamos estruturando um site com versão de outro tipo de audiodescrição, mais técnica, e mesmo assim poética em texto para que pessoas surdas-cegas possam acessar. A gente pode fazer pontes entre pessoas que não escutam e a música, temos tecnologia e recursos para isso. Além da boa vontade, de mais artistas entenderem que não existe só a sua realidade no mundo, é dar voz a mais causas e oportunizar que mais gente tenha acesso ao seu trabalho.

Ingredientes 50 ml. de azeite de dendê ½ l de leite de coco 60 g de castanha de caju 150 g de amendoim torrado 150 g de camarão seco 1 pedaço pequeno de gengibre 1 cebola orgânica 6 colheres de sopa de farinha de mandioca sal a gosto Modo de Preparo Adicione todos os ingredientes no liquidificador, exceto o dendê e a farinha. Bata até obter uma mistura homogênea e despeje na panela, ainda com o fogo desligado, adicione seis colheres de farinha de mandioca. Depois, cozinhe por 12 a 14 minutos, até que a mistura mude de consistência. Adicione 50 ml de azeite de dendê. Quando a mistura soltar do fundo da panela, desligue o fogo. Dica A farinha de mandioca pode ser substituída por três ou quatro pães dormidos, de molho no leite de coco. O vatapá pode ser servido como acompanhamento de xinxim de galinha, moqueca ou peixe frito. Reprodução


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Atléticos disputam último título do ano

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Breve giro

Além de R$ 30 milhões a mais na conta, CDB será segunda conquista mais importante de 2021 Frédi Vasconcelos

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uando entrarem em campo no domingo, 12, e na quarta, 15, os atléticos mineiro e paranaense disputarão na final da Copa do Brasil milhões de reais (R$ 56 milhões para o campeão e R$ 23 milhões para o vice) e também quem levantará a segunda taça mais importante do ano para cada clube. Conquistaram o Brasileirão e a Sul-Americana, dividindo com o Palmeiras, campeão

da Libertadores, a hegemonia do futebol brasileiro em 2021. Mas há disputa também entre dois dos melhores jogadores do ano. Hulk, pelo Galo, é um dos principais artilheiros, com 65 jogos disputados, 34 gols marcados e 13 assistências. Já Nikão disputou 48 partidas, fez 9 gols e contribuiu com 12 assistências. A destacar a participação na Sul-Americana, em que fez o gol decisivo contra o Bragantino. Divulgação

A grande diferença entre os dois times foi o Brasileirão. O Galo tornou-se campeão depois de 50 anos, e o Furacão teve de lutar até a penúltima rodada para se livrar do rebaixamento. Com os objetivos alcançados, vão poupar os times na última rodada e descansar seus principais jogadores para a decisão. Nos embates que tiveram este ano, o time mineiro levou vantagem nas duas partidas pelo Brasileirão, com vitória por 2 a 0 em Belo Horizonte e 1 a 0 em Curitiba. O que não quer dizer muita coisa, porque no mata-mata tudo muda e qualquer resultado é possível em 180 minutos. Encontro nos tribunais Antes da final, os dois atléticos se encontrarão no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Serão julgados pela briga entre torcedores na Arena da Baixada. A pena pode ir de R$ 100 a R$ 100 mil de multa, e até mesmo perda de mandos no ano que vem.

Galo e Furacão disputam segundo maior título da temporada 2021

Novo modelo jurídico constitutivo Por Cesar Caldas

Os mais de 18 mil sócios do Coxa têm compromisso marcado com o futuro do clube no próximo 23/12 (quinta-feira), das 10 às 14 horas, pela internet. Trata-se de assembleia geral extraordinária de autorização, solicitada pelo presidente Juarez Moraes e Silva e demais membros do G5, para tomar medidas voltadas a constituir uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), prevista da Lei Federal 14.193/2021. O presidente do Conselho Deliberativo, Jamil Ibrahim Tawil Filho, esclarece que, diferentemente das assembleias eleitorais, nas quais só têm direito a voto quem conta com dois anos de associação, a esta estão aptos todos os adimplentes com a contribuição mensal, independentemente da data em que se associaram. A lista dos habilitados está no site do CFC, assim como detalhes sobre o recém-criado modelo jurídico constitutivo.

O ano de 2021 está chegando ao final, mas ainda tem bola para rolar e histórias para contarmos. Começo lembrando que na última coluna falamos da despedida de Formiga no Torneio Internacional de Manaus. No campeonato, a Seleção Brasileira goleou a Índia na primeira partida por 6x1, depois venceu a Venezuela por 4x1 e no último jogo derrotou o Chile por 2x0, sagrando-se campeão com 100% de aproveitamento. Trocando a Seleção por clubes agora, a final do Campeonato Paulista também merece destaque. Corinthians e São Paulo decidem o título. O tricolor saiu com a vantagem no primeiro jogo, no Morumbi, pelo placar de 1x0. A segunda e decisiva partida ocorre na quarta-feira, 8, em Itaquera e foram 40 mil ingressos liberados. A perspectiva é de um novo recorde de público para a modalidade. Para fechar esse giro, há o Brasil Ladies Cup, competição com oito equipes sul-americanas: Palmeiras, Santos, River Plate (no grupo A) e Ferroviária, São Paulo, América de Cali e Internacional (no grupo B). Os jogos ocorrerão no Estádio Municipal de Santana do Parnaíba e a final no Allianz Parque. Os finalistas serão os times mais bem classificados em cada um dos grupos.

Feliz ano velho

Série A garantida!

Por Marcio Mittelbach

Por Douglas Gasparin Arruda

Depois de muito tempo, o Paraná iniciará um Campeonato Paranaense com o time minimamente definido. Fará até algumas semanas de pré-temporada. No entanto, depois de tudo o que vivemos, é importante refletir sobre como está se viabilizando essa reconstrução. Mais uma vez, uma parceria com um empresário. Não se trata de apoiar ou discordar da decisão da diretoria e do Conselho Deliberativo. Também não queremos analisar aqui o fato de que esse empresário é dono de uma ação já ganha na Justiça contra o Paraná no valor de R$ 20 milhões. Importante aqui é ter a clareza de que estamos usando praticamente os mesmos métodos de antes. Pode ser que essa parceria seja a única alternativa neste momento. Se é para nos livrar do pior, negócio fechado! O que não pode é a gente dar o problema por resolvido. Não pode é a gente achar que essa parceria por si só será capaz de reconduzir o Paraná ao lugar que ele merece.

Nesta segunda o Furacão se livrou do constrangimento de terminar o Brasileirão rebaixado justamente em um dos mais vitoriosos anos de sua história. E são várias as razões que ajudam a entender o problema. Primeiro, o óbvio: o campeonato está cada vez mais disputado. Vejam o quanto Grêmio, São Paulo e Santos gastaram para terminar o ano lutando contra o rebaixamento. Segundo: a questão psicológica. Não é fácil motivar um time em 3 competições ao mesmo tempo. Nem os clubes com elencos recheados de craques, como Flamengo e Galo, conseguiram. Por último: planejamento. O Athletico aprendeu ao longo da última década com seus erros e, com isso, tornou-se um dos times mais copeiros da atualidade. Mas ainda falta esse detalhe, que é o equilíbrio de planejamento entre as copas e o Brasileirão.


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