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Brasil | p. 6Editorial | p. 2 Opinião
SEMANA
editorial Bolsonaro vai pra guerra eleitoral, enquanto Brasil afunda
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Desde já, a disputa eleitoral se acirra, polarizada entre a liderança de Lula contra Bolsonaro. Em pesquisa recente, a diferença entre os dois aponta para 44% a 30%. Desta vez, porém, os números de Bolsonaro tiveram leve aumento. Mesmo que mantenha forte rejeição.
Em meio ao desemprego e à inflação geral, Bolsonaro apresenta recuperação apoiada em viagens, medidas sociais pontuais e anúncios de obras em ritmo de campanha. Para agradar ao grande capital, realiza 84 leilões de concessão de rodovias, ao lado da tentativa de privatizar seis portos a toque de caixa. E ameaça de privatização da Petrobras.
Denúncias ainda se somam e apontam o vínculo da família presidencial com milícias. O mais recente escândalo é o áudio da irmã do miliciano Adriano Nóbrega afirmando que teriam sido oferecidos cargos no Planalto para que fosse morto e, os laços com a família do presidente, escondidos. Por tudo isso, motivos não faltam para a queda do governo, pressionado outra vez nos atos de rua, no dia 9 de abril.
Por sua vez, a candidatura de Lula carrega as aspirações do campo democrático e de esquerda. Cabe neste momento a Lula e às forças populares apresentar ao povo um programa com medidas que resolvam os problemas sociais e combatam o modelo neoliberal, que tanto piorou a vida desde 2016.
EXPEDIENTE
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 251 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini
COLABORARAM NESTA
EDIÇÃO Milton Alves ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes
CONSELHO OPERATIVO
Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com
REDES SOCIAIS
/bdfpr @brasildefatopr
opinião A campanha eleitoral e a defesa de uma Petrobras para os brasileiros
Milton Alves,
Escritor e colunista do site do
Brasil de Fato Paraná
Uma questão promete esquentar mais ainda a pauta da disputa eleitoral em curso no país, obrigando uma definição dos candidatos à presidência. Trata-se do futuro da Petrobras e do lugar da empresa estatal no projeto de reconstrução econômica do país.
Uma pesquisa divulgada em abril pelo PoderData revela que 54% dos entrevistados são contra a privatização da empresa, 30% são favoráveis e 16% não sabem ou não opinaram.
Apesar da criminosa e permanente campanha do governo Bolsonaro e da mídia empresarial pela privatização integral da Petrobras, a pesquisa revela que cresce entre os brasileiros uma opinião contra a política sistemática de desmonte e venda fatiada da estatal, uma política antinacional e intensificada após o golpe contra o mandato da presidente Dilma Rousseff — e que foi um alvo prioritário da Operação Lava Jato.
Com isso, o governo Bolsonaro provocou, de imediato, uma elevação nos preços dos derivados de petróleo de amplo consumo popular – gasolina, gás de cozinha, óleo diesel -, impactando no bolso e nas condições de vida da classe média e dos trabalhadores.
A adoção pela Petrobras do mecanismo do Preço de Paridade de Importação (PPI), instituído pelo golpista Temer e aplicado por Bolsonaro, dolarizou os preços domésticos dos combustíveis, o que teve o efeito nefasto de elevar o patamar do atual ciclo inflacionário.
A resposta do governo Bolsonaro para a crise nos preços dos combustíveis é a promessa de intensificar o processo de privatização total da Petrobras. Neste sentido, a indicação do lobista Adriano Pires no lugar do general entreguista Joaquim Silva e Luna aponta para uma radicalização da política privatizante. Portanto, a campanha eleitoral de Lula precisa combater as propostas privatistas da extrema direita bolsonarista e dos esquálidos candidatos da 3ª via neoliberal, que defendem em bloco a privatização total da Petrobras.
Moro dá pedalada no domicílio eleitoral
O ex-candidato à presidência Sérgio Moro não só trocou de partido como trocou de domicílio eleitoral. Saiu de Curitiba para São Paulo. A pedalada eleitoral dele e da conja, no entanto, não cou por isso. Ele é alvo de uma notícia-crime no TRE paulista movida por Roberta Luchsinger, pré-candidata no estado.
Moro não curtiu a denúncia. Em nota, disse que “não serão chicanas processuais, típicas da esquerda, que retirarão Moro e Rosângela das eleições de 2022”. Para ele, a legislação eleitoral permite a pedalada ao diferenciar “domicílio eleitoral” de moradia. E que, “o conceito de domicílio eleitoral é mais ELÁSTICO (grifo nosso) que no Direito Civil e se satisfaz com a demonstração de vínculos políticos, econômicos, sociais e familiares”.
Moro defende que, mesmo morando em Curitiba ou Miami, a elasticidade eleitoral o permite ser candidato por qualquer estado. Por outro lado, a notícia-crime observa que “como é público e notório, até pouco tempo os representados se dividiam entre o estado do Paraná e os Estados Unidos...”. Fora dos autos, Roberta se manifestou. “O Sérgio Moro faz uma política porca, cheia de mau-caratismo. Tratar um assunto técnico como político é de um amadorismo muito grande. Zero respeito à Justiça e zero respeito à política”.
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FRASE DA SEMANA
Disse o jornalista Juca Kfouri na “Folha de S.Paulo”, referindo-se a ataques feitos à jornalista Miriam Leitão, que sofreu torturas na ditadura. Para ele, a agressão de Eduardo Bolsonaro “se enquadra perfeitamente na oposição entre o humano e o desumano... Na verdade, entre o humano e o animalesco.”
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NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Eleição fake
A base bolsonarista se mobilizou na quarta, 7, para derrubar o pedido de urgência de votação na Câmara dos Deputados de projeto que pretende controlar as fake news. O discurso oficial foi o de manter as liberdades (inclusive para mentir), mas foi ouvido no plenário da Câmara que sem as fake news “Bolsonaro não ganha as eleições”. O pedido de urgência teve 249 votos favoráveis, mas precisava de 257. O mérito do projeto ainda será votado.
Luta pelas redes
Como já aconteceu nas eleições de 2018, as redes sociais e as fake news devem ter papel decisivo nas eleições deste ano. E é o terreno em que Bolsonaro nada de braçada. Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre março e abril deste ano, mostra que Bolsonaro lidera com certa folga em interações e visualizações na rede.
Números
No monitoramento amplo, os bolsonaristas controlam 25,84% dos perfis e geraram 50,66% das interações no período. Lula tem 34,73% dos perfis e conta com 29,16% das interações. No Twitter, Bolsonaro apareceu com 2,95 milhões de interações contra 2,53 milhões de Lula. No Instagram, Bolsonaro obteve 9,2 milhões de interações, com Lula batendo em 5,9 milhões.
Batalha pelo Telegram
Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou, em meados de 2021, que o Telegram teve grande crescimento no Brasil. E, segundo o levantamento, 92,5% dos usuários que seguem temas políticos estão em grupos e canais bolsonaristas (1,443 milhão de membros), 1% em grupos e canais de esquerda (apoio Lula e Ciro Gomes, com 15.956 membros) e 6,5% em grupos e canais indefinidos (100.199). O volume mensal de mensagens nos grupos monitorados saiu de 21.805 em janeiro de 2020 para 145.340 em janeiro de 2021 — aumento de 566% em um ano.
Reprodução
Assédio
Segundo denúncia da APP Sindicato, a plataforma digital Redação Paraná, lançada em 2021 com a promessa de facilitar o aprendizado e melhorar os índices da rede estadual, virou um instrumento de pressão, assédio e cobranças intermináveis nas mãos da Secretaria de Educação de Renato Feder e do governo Ratinho Jr.
Cobranças intermináveis
Na prática a plataforma produz: “Metas inalcançáveis, exposição pública das escolas que não atingem os resultados e estrutura não condizente com as exigências do governo tiram o sono de educadores(as) e atrapalham o processo de ensino-aprendizagem, se sobrepondo a outros conteúdos pedagógicos”, denuncia a APP em seu site. Leia mais em https:// appsindicato.org.br/pressao-retrabalho-e-dor-de-cabeca-redacao-parana-vira-instrumento-de-assedio-do-governo-ratinho/
Copel terceirizada
Menos funcionários, mais terceirizados, menos custos, mais lucros. Nos últimos 11 anos, a Copel, maior empresa do Paraná, demitiu copelianos enquanto avançava na contratação de terceirizados. A mudança faz com que a Copel reduzisse custos operacionais, de um lado, enquanto exigia mais de seus funcionários e aumentava o lucro dos acionistas privados, segundo denúncia do Sindicato dos Engenheiros.