Brasil de Fato PR - Edição 279

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não

Esportes

Emoção que o Coxa não queria Brasil sem máscara

para

candidato

eleitoral é crime

É a educação que importa

Com Bolsonaro, 142 mil famílias estão em risco de perder moradia Brasil | p. 5 Despejos forçados Religião
é
favorecer
Assédio
Padres e pastores pregam a volta dos ensinamentos de Cristo e do Evangelho Ministério Público tem canais para que empresários sejam denunciados Brasil | p. 6Brasil | p. 4 Paraná | p. 6
Escândalos no MEC e queda de investimentos fazem Brasil regredir Editorial | p. 2
| p. 8 Cultura | p. 7
Risco de rebaixamento ainda é alto no fim do Brasileirão Livro retrata “destruição” do País, da pandemia ao desmonte do estado Ano 5 Edição 279 20 a 26 de outubro de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.brPARANÁ
Giorgia Prates
Divulgação
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Brasil de Fato PR

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 279 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Maurini de Souza ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes

CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS

/bdfpr @brasildefatopr

Pela educação se mede um governo

Que Bolsonaro é desrespeitoso, o povo brasileiro está cansado de saber, mas não é apenas sua falta de educação que choca. A sua gestão do Ministério da Educação é uma das piores da história. Teve ministro fazendo ode ao nazismo, acusação de ministro recebendo propina em ouro de pastores para liberação de obras e, recentemente, o orçamento das universidades foi novamente ameaçado.

Após pressão, o governo disse que iria recuar no corte de verbas que inviabilizaria a manutenção das universidades, mas manteve bloqueio de mais de R$ 600 milhões no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI),

que prejudicará em 92% os recursos previstos para o desenvolvimento de pesquisas, atingindo diretamente as universidades públicas, responsáveis pela produção de ciência no país. Impacta inclusive a UFNT, única universidade criada por Bolsonaro, cujo projeto e estrutura física são legados de gestões anteriores.

Bolsonaro também é inimigo da infância. O mesmo presidente que falou que “pintou um clima” com uma adolescente de 13 anos, cortou investimentos para construção da infraestrutura de creches e pré-escolas e reduziu drasticamente o orçamento da merenda escolar, mais um capítulo da fome, que só aumenta no Brasil.

opinião

E o que farei de Jesus, chamado Cristo? (Mateus 27:22)

Maurini de Souza, Jornalista, teatróloga e professora. Evangélica

As igrejas pararam de pregar os evangelhos; há algum tempo; nos cultos, só Antigo Testamento ou livros de Paulo. Jesus não cabe mais neles.

Para falar de Jesus, têm que dizer que Jesus chorou quando viu pessoas chorarem a morte de Lázaro. Teve compaixão, sentiu a dor. Como conciliar, então, Jesus com o apoio a um homem que, no meio da pandemia, povo sofrendo, imitou gente morrendo e caiu na gargalhada?

Para pregar Jesus, têm que dizer que ele foi severo com o que usou arma: “guarde a espada. Quem lança mão da espada por ela

será morto”. Como pode ser colocado ao lado de alguém que trabalhou a vida toda promovendo arma e violência? Foi afastado do exército. Como deputado, tudo que fez foi defender arma. Como presidente, divulgou o símbolo da “arminha” como propaganda. Arma mata, só isso. Não dá pra apoiar ao lado de Cristo.

E, ainda, para falar de Jesus, têm que mostrar João 8.48: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio. Quando mente, fala sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira”.

Bolsonaro mentiu nos debates. Ele sabia que dava para conferir, mas mentiu mesmo assim – é sua língua. Conheço um pastor há

30 anos. Nesta campanha, mandou vídeos: tudo mentira – vídeo montado e ele repassa. Pensei: que demônio é esse que faz uma campanha inteira baseado em mentira?

Não dá para conciliar. As igrejas tinham que escolher entre Jesus ou bolsonaro (em minúsculo).

E escolheram bolsonaro.

A prova é que, quando se fala no Evangelho, elas não escutam. Ouvidos moucos; dão respostas que estão longe de Cristo e Sua palavra. Perderam o amor. Vejo a multidão gente de igreja gritando “Barrabás”.

Quando Pilates pergunta: o que farei de Jesus, chamado Cristo? Respondem, em massa, sem refletir: Crucifica-o.

Isso é muito triste.

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SEMANAEXPEDIENTE
Desde fevereiro de 2016 2 Opinião
editorial

Disse o cantor Seu Jorge, em vídeo em suas redes sociais, comentando os ataques racistas que sofreu em apresentação numa festa do clube social Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na sexta-feira (14). “Nunca, jamais nos curvaremos ao racismo e à intolerância, seja ela qual for. Não cederemos um milímetro ao ódio”, concluiu.

Pesquisa aperta

O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) denunciou que o governador reeleito Ratinho Júnior se “esqueceu” dos servidores públicos do Executivo. Ele encaminhou projeto que aumenta em R$ 31,7 milhões o orçamento do Ministério Público Estadual e prevê abertura de crédito suplementar para o Tribunal de Justiça gastar com pessoal.

Para Veneri, a prioridade de Ratinho Jr não corresponde às necessidades da população. “Em vez de reduzir os percentuais do Legislativo e Judiciário, para fazer frente às despesas do Executivo, onde está a grande massa de servidores que atende à maioria da população, o governador vai privilegiar um setor que já é bem atendido. É simbólico que no país dos privilegiados, os privilégios sejam cada vez mais reforçados”, disse Veneri.

De acordo com a oposição, o projeto de Ratinho também permite abertura de créditos suplementares para o Poder Judiciário e Ministério Público em caso de aumento de despesas com pessoal. O governador também se propõe a pagar, com recursos do Executivo, os precatórios devidos aos servidores do Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública.

A pesquisa Datafolha divulgada na quarta (19) mostra queda de 1% nas intenções de voto do ex-presidente Lula e crescimento de 1% de Bolsonaro, pequena variação em relação a outras pesquisas divulgadas na semana. Hoje, pelo Datafolha, Lula venceria com 52% dos votos válidos, contra 48% de Bolsonaro, no limite de 2% a mais e 2% a menos da margem de erro.

Pintou um crime

Na quarta (19) um dos principais assuntos no Twitter era: “Pintou um crime”, em referência à frase de Bolsonaro em entrevista de que teria visto meninas de 13 a 14 anos, venezuelanas, “arrumadinhas”, que achava que

eram prostitutas e que teria “Pintado um clima” e ele teria entrado na casa das moças. Nesse mesmo dia, a base de apoio de Bolsonaro no Congresso votou contra projeto de lei que transforma pedo lia em crime hediondo.

Disputa pelos evangélicos

Num momento em que há verdadeira guerra pelo voto dos evangélicos, o ex-presidente Lula divulgou carta-compromisso pela liberdade religiosa. Nela, garante o respeito às religiões em seu eventual novo mandato. “Nesta reta final do segundo turno, decidi escrever esta Carta Pú-

Fake news

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu na terça (18) pela abertura de investigação sobre suposto esquema de desinformação nas redes sociais para favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro (PL). O ministro Benedito Gonçalves ordenou que o vereador Carlos

blica ao Povo Evangélico... A grande maioria dos brasileiros que viveram os oito anos em que fui Presidente da República sabe que mantive o mais absoluto respeito pelas liberdades coletivas e individuais, particularmente pela Liberdade Religiosa”, escreveu.

Comida cara

O subida dos preços dos alimentos é a mais alta desde 1994, quando foi criado o Plano Real. De janeiro a setembro deste ano, o grupo alimentação e bebidas acumula alta de 9,54%. O número assusta, apesar da terceira de ação do ano, provocada pela queda nos preços dos combustíveis, em que Bolsonaro cortou impostos, medida que acaba depois das eleições e a gasolina voltará a subir.

Aplicativo não ensina

Texto no site da APP Sindicato desmente Bolsonaro sobre um aplicativo que ensinaria crianças a ler em seis meses. “A PUC do Rio Grande do Sul, que adaptou o aplicativo para o Português, divulgou nota oficial no dia seguinte ao debate, afirmando que o jogo tem o objetivo não de alfabetizar, mas de auxiliar no desenvolvimento da consciência fonológica e fonêmica das crianças, relacionando letras e sons.”

Professor faz a diferença

Bolsonaro (PL) explique em até três dias o uso de suas redes na campanha. Na lista de esclarecimentos também estão Jair Bolsonaro e outros dois filhos. A ação visa 47 pessoas físicas e 34 responsáveis por perfis, grupos e canais na internet.

“Para uma criança ser alfabetizada, ela precisa de instrução sistemática e consistente, de vivências e apoio da escola e especialmente de educadores”, diz a PUC. No debate, Bolsonaro afirmou que o governo dele alfabetizaria crianças em seis meses. “A alfabetização em seis meses simplesmente não existe e se baseia numa concepção equivocada do que é ensinar uma criança a ler e escrever”, diz nota no site da APP.

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“O que eu presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista.”
FRASE DA SEMANA Geral 3
Ratinho se “esquece” do funcionalismo
Reprodução

Para católicos e evangélicos, religiões devem voltar a seguir o Evangelho

Ana Carolina Caldas usavam roupas vermelhas e xingaram o padre Camilo Junior, que celebrava a missa das 14h.

Em 12 de outubro, na cidade de Aparecida, onde milhares de devotos de Nossa Senhora vão para participar das homenagens à Padroeira do Brasil, apoiadores do presidente Bolsonaro, que esteve presente na missa, agrediram jornalistas e até pessoas que

Ao final, o padre afirmou que o “o momento não era de pedir de voto, mas de “pedir bênção” à Santa. A declaração ocorreu na cerimônia de consagração solene a Nossa Senhora Aparecida.

Igreja para os mais pobres

Para o padre e professor Joaquim Parron, da Igreja Católica Nossa Senhora Aparecida, da Vila Torres, em Curitiba, religião e política podem andar juntas sem o “cabresto” para angariar votos. “A religião e a fé podem dar valores para despertar a participação política na sociedade, mas nunca deveria ser usada para escolher candidato A ou B. Jesus falava da importância da justiça para os mais pobres, e isso pode motivar pessoas a se engajarem em projetos políticos para ajudar essa população mais vulnerável”, comenta.

“Adorar mitos”

Seguidores do presidente interromperam o momento com vaias, palavras de ordem e tentaram puxar o coro de “mito”, o que não teve adesão de outras pessoas presentes. O padre pediu silêncio e rogou aos fiéis que preparassem o “coração, viemos aqui para rezar”.

Outros casos semelhan-

tes de agressão a religiosos e invasão de igrejas e templos têm acontecido por todo o Brasil, assim como também fiéis relatando e denunciando pressão de pastores e lideranças religiosas para votarem em determinado candidato. Para falar sobre este momento, o Brasil de Fato Paraná ouviu religiosos.

Seguir Cristo

Analisando a eleição de 2022, na opinião dos entrevistados, a religião vem sendo usada de forma indevida por políticos. “O que se percebe nessa campanha eleitoral é o uso sujo da religião principalmente por um candidato, que se diz religioso, mas que na prática nada tem de religioso. Muitas pessoas estão deixando de participar de cultos que deixaram de adorar a Deus para adorar supostos ‘mitos”. Para esse candidato, seria importante dizer o que disse Jesus: ‘Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.’ Ou seja, nas celebrações religiosas devem adorar o Deus verdadeiro, e não um candidato, diz o padre Parron.

Diálogo com quem pensa diferente

Já para o Padre Lionel, missionário congoniano, é muito perigoso deixar crescer a instrumentalização da religião para fins políticos. “A história das religiões nos mostra que cada vez que as religiões foram instrumentalizadas para outros fins, nunca deu certo, porque isso não conduz com a sua natureza de amor, misericórdia e diálogo”, afirma. Para ele, “como cristãos é preciso ter o cuidado para não ir contra o Evangelho, ele prega o diálogo com quem pensa diferente de nós”, conclui.

O pastor evangélico Mike Vieira lembra que a religião representa o acolhimento, e não poder. “Jesus se fez presente nos lugares onde se encontravam aqueles que não tinham lugar, os deslocados, os socialmente rejeitados e os convidou a caminhar para um novo caminho, que trazia amor e esperança. O Evangelho que pregamos e o Jesus que seguimos jamais precisaria de cargos de poder para propagar sua palavra. Ao contrário, Ele teve suas preferências entre os mais pobres e excluídos, vítimas daqueles que se faziam donos dos lugares”, explica.

O Pastor Mike faz uma crítica a setores da Igreja Evangélica que começaram a se preocupar com o poder. “Existe um movimento mundial de vários setores do campo evangélico para que o estado possa ser um Estado Teocrático. Temos inúmeros exemplos de países onde as leis são baseadas em livros sagrados. O Brasil segue o mesmo caminho, tentando incluir leis bíblicas do velho testamento em suas leis. A Bíblia Sagrada tem sido utilizada para dar golpes em países democráticos usando senhas como: ‘Deus, família, lei e ordem, corrupção, pátria’ levando o país para um retrocesso atacando nosso Estado Democrático de Direito”, cita.

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Religião pode estimular participação, mas não ser usada para favorecer candidato
4 Brasil
“Nas celebrações religiosas devem adorar o Deus verdadeiro, e não um candidato”
Arquivo Arquivo Julio Ponciono

142 mil famílias enxergam em Bolsonaro risco de despejo forçado

Durante a pandemia, 21.492 crianças foram despejadas e mais de 20 mil idosos

teve que arriscar porque estava difícil e decidimos lutar e conseguir nosso espaço”, admite.

Esta é a situação de 142 mil famílias brasileiras, no campo e na cidade, que sofrem risco de despejo a partir do começo de novembro. Isso porque é o fim do prazo, no dia 31 de outubro, da orientação do Supremo Tribunal Federal (STF) que impede a realização de despejo forçado durante a crise social e sanitária da pandemia.

aluguel ou tiveram que partir para áreas de ocupação. Houve registro de aumento de 655% no número de famílias ameaçadas de perder sua moradia desde o início da pandemia.

PLENÁRIA APONTA VISITA A COMUNIDADES

Patricia Renata é trabalhadora em serviços gerais. Possui carteira assinada. Já o marido é autônomo, montador de móveis e os pedidos caíram muito na pandemia. Mãe de um bebê de 1 ano e de uma jovem de 15, a trabalhadora aderiu à recente ocupação Independência Popular, no dia 7 de setembro, mesmo num momento de incerteza. “Um pouco de medo, mas a gente

O resultado das eleições no segundo turno, dia 30, também traz insegurança. Afinal, o histórico do atual governo federal mostra a realização de despejos durante o período da pandemia. Só no Paraná, 1.600 famílias foram despejadas desde 2020. No Brasil, foram 31.421 famílias até maio de 2022, de acordo com dados da campanha nacional Despejo Zero.

Pessoas reais Mais que números, pessoas. Diante do desemprego e do aumento do custo de vida, muitos não conseguiram quitar o

Sem alternativa

A história de Francisco Abraão, morador com esposa e filho da ocupação Independência Popular, é comum a quem já viveu a realidade do despejo, porém não tinha condições de pagar o aluguel. “Eu estava na Electrolux, terceirizado, fui mandado embora, o aluguel estava apertado, para mim e para minha família”, afirma Abraão, que hoje fabrica churrasqueiras artesanais ao lado de um amigo. Ele e a companheira aderiram à nova ocupação, mesmo já tendo experiência de despejo forçado na Cidade Industrial (CIC), “Os policiais chegaram de madrugada dando chute na lona”, recorda.

Falta de política para moradia A busca por áreas de ocupa-

ção conflita com um urbanismo excludente e com a ausência de políticas públicas na área. Levantamento da Fundação João Pinheiro, adotado pelo governo federal desde 1995, aponta cerca 6 milhões de pessoas sem moradia neste País, com dados de 2020.

Entre as pessoas que demandam um teto para viver, 1.5 milhão vivem em moradias precárias, 1,3 milhão moram com outras famílias e 3 milhões sofrem com o preço do aluguel. Já o governo Bolsonaro cortou 98% dos recursos para a produção de novas unidades habitacionais para a faixa direcionada para famílias com renda de até R$ 1.800, que compõem a maior parte do déficit habitacional do país. Os dados são da campanha Despejo Zero.

Neste período, entre o número total de pessoas afetadas pela falta de solução dos órgãos públicos, é chocante perceber que 21.492 crianças foram despejadas e mais 20.990 idosas. São Paulo, Amazonas e Pernambuco foram os estados com maior incidência do risco de reintegração de posse.

No estado mais industrializado do país, São Paulo, ocorreram 6.279 despejos, com toda a violência que essa situação implica. O aumento do número de ações em meio à pandemia chegou a 79%, número baseado na ausência do pagamento de aluguéis e financiamentos, aponta reportagem do Brasil de Fato Paraná.

Em Curitiba e Região Metropolitana, cerca de 10 áreas de ocupação e sete movimentos apontaram conscientizar as comunidades sobre o risco de despejo no próximo período e a relação disso com a votação no segundo turno. Para isso, organizam uma plenária popular em 22 de outubro (sábado) no auditório do Espaço Cultural dos Bancários (Piquiri, 380 – Rebouças). “Temos que quebrar a cultura de que fazemos tudo na necessidade, e acabamos deixando pra lá pontos que agregam na educação e na política. Temos que quebrar isso de car sempre na expectativa da reintegração de posse”, re ete Ivan Carlos Pinheiro, dirigente da União de Moradores (UMT) e do Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD).

BOLSONARO NÃO QUERIA SUSPENSÃO DE DESPEJOS

Durante a pandemia, a lei nº 14.216 e a ADPF nº 828, ao lado de outras decisões, determinaram suspensão de despejos. Aprovada pelo Congresso, a lei que proíbe despejos foi vetada por Bolsonaro. Porém, o Congresso derrubou o veto e a lei valeria até o m de

2021, o que foi postergado para 31 de março por decisão do Supremo. Mais tarde, o ministro Luís Roberto Barroso estendeu até 30 de junho a vigência de lei. Com mobilizações sociais em todo o país, Barroso prorrogou a vigência até 31 de outubro.

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Brasil 5
Giorgia Prates Giorgia Prates

Tentar obrigar empregado a votar em determinado candidato é crime

Em entrevista ao programa “Quarta Sindical”, parceria do Brasil de Fato Paraná e a CUT Paraná, a Procuradora Regional do Trabalho, Margaret Matos de Carvalho, e o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Cascavel Anderson Corrêa da Silva esclareceram o que vem a ser assédio eleitoral e quais as punições que podem se impostas a empresas e empresários caso pressionem seus funcionários a votar em determinado candidato.

A procuradora lembra que nunca houve tanta pressão dos patrões como agora e que o Paraná é recordista em denúncias. Porém o voto é secreto e tem de prevalecer a vontade do trabalhador. “É importante reafirmar isso, que o voto é secreto. Mesmo que o patrão ou a empresa diga o contrário, não tem como saber qual será seu voto, a não ser que você diga”, explica.

Anderson também ressalta que a Constituição garante o voto direto e secreto. “O assédio eleitoral ocorre quando o patrão abusa do poder diretivo para tentar constranger, impor ou até mesmo sugerir que o trabalhador vote no candidato que ele prefere. Existe o assédio mais grosseiro, de ameaçar de demissão se o candidato dele não ganhar, mas também formas mais brandas, de prometer vantagens.”

Outro fato que aponta é que o assédio, além de um ilícito trabalhista, apurado pelo MPT, é também um crime eleitoral, investigado pelo Ministério Público Eleitoral e pela Justiça Eleitoral. São dois tipos de responsabilização, na parte trabalhista, ação para que cesse

a conduta ilícita e sejam pagas indenizações. Na Justiça Eleitoral, há outras punições.

Maior violência Para doutora Margaret, há uma conjuntura de maior violência nas relações de trabalho de 2018 para cá. “Isso se soma a esse período eleitoral em que o patrão acha que é dono do empregado. Mas ele não tem o direito de invadir sua vida privada. O empregado não é um objeto, tem direitos que precisam ser preserva-

dos. Coação, intimidação e humilhação com o objetivo de votar no candidato de patrão ou mesmo obrigar a usar camiseta ou fazer campanha com seus familiares não podem ser aceitos”. Para ela, isso faz parte de uma conjuntura de acirramento, de discurso de ódio, de ataques à democracia. “A nossa democracia está assentada no voto secreto, não pode ser aceita a tentativa de imposição à força da posição de determinado grupo, afirma.”

COMO DENUNCIAR

Caso se sinta pressionado pelo patrão a votar em determinado candidato, é possível fazer denúncia a seu sindicato ou diretamente ao Ministério Público do Trabalho, pelo site www. mpt.mp.br e clicar na aba “Denuncie”. Ao preencher o formulário, seus dados serão mantidos em segredo e usados pelos procuradores apenas na investigação. É possível também fazer a delação anônima, mas isso dificulta a apuração. Os procuradores do MPT pedem que sejam enviados vídeos, fotos ou testemunhos de outras pessoas para facilitar as investigações. E mesmo que as empresas não sejam punidas até a data da eleição, os processos poderão continuar na Justiça do Trabalho e na Eleitoral.

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Procuradores do Trabalho esclarecem o que é assédio eleitoral e como denunciar
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Divulgação Divulgação Foto: Giorgia Prates

Livro “Brasil Sem Máscara” trata dos perigos de destruição da democracia

Na reta final da eleição presidencial, o novo livro do jornalista e escritor Milton Alves, “Brasil Sem Máscara - o governo Bolsonaro e a destruição do país”, fala do atual governo, que trouxe a volta da fome e, segundo análise do autor, foi o responsável por milhares de mortes durante a pandemia de Covid, além de destruir políticas públicas dirigidas ao desenvolvimento e à justiça social.

“Brasil Sem Máscara” trata do desmonte do estado nacional, com as privatizações das principais empresas estatais do Brasil e da mega-corrupção da compra de votos com o orçamento

Concerto pela Ucrânia

secreto — que enfraquece as políticas públicas inclusivas e os investimentos em obras estratégicas de infraestrutura para o desenvolvimento econômico do país. E, também, os riscos de ameaça golpista

e a cruzada obscurantista do bolsonarismo, que ataca as instituições do estado nacional, as liberdades democráticas e a pluralidade política e cultural.

Milton Alves exerce o jor-

Arrecadação de alimentos

Em homenagem ao povo ucraniano, o Grupo Folclórico Ucraniano Poltava leva ao palco da Capela Santa Maria seu mais novo concerto “ ”, em português, “Ucrânia, nação única”. O espetáculo acontece no dia 30/10, às 19h. Farão parte da apresentação também o coral e a orquestra do grupo, com narração da atriz convidada Simone Hidalgo. A cantora Mônica Salmaso estará em Curitiba em 27 de outubro, às 20h, para uma apresentação no Canal da Música num trio formado pelo pianista Nelson Ayres e o saxofonista Teco Cardoso. O show faz par-

O repertório contará com músicas nacionais ucranianas de compositores renomados e arranjos exclusivos feitos para o concerto. O evento tem como intuito arrecadar alimento para ajudar as famílias ucranianas refugiadas no Brasil. Para quem não puder participar, é possível também contribuir levando 1kg de alimento não perecível ao Clube Poltava ou à Capela Santa Maria.Divulgação

Show de Mônica Salmaso

te da programação organizada pela Fundação Cultural de Curitiba para comemorar os 50 Anos do Teatro do Paiol. Os ingressos estão à venda na plataforma Zet. Ingressos: R$ 50,00 e R$ 25,00 + taxas de serviço.

nalismo e colabora em diversas mídias progressistas. Para ele, é necessário explicitar e denunciar a atual situação que vivemos. “O nome que inclui o ‘sem máscara’ traz o contexto principalmente da

pandemia que revelou a natureza do governo Bolsonaro, que é de total desprezo às demandas sociais e à vida. A segunda parte do título traz a análise da destruição de políticas sociais, ambientais, institucional”, explica.

“Também a obra analisa essa polarização que estamos vivendo no período eleitoral, talvez a maior desde a redemocratização, que demonstra também que a classe dominante se vê muito representada neste governo, que executa uma política neoliberal ofensiva contra os direitos sociais, de extrema direita, autoritária e regressiva”, conclui Milton. O livro foi editado pela Kotter Editorial e está à venda nas principais livrarias do País.

DICAS MASTIGADAS | Bolo de cenoura

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

3 cenouras orgânicas

4 ovos orgânicos

1 xícara (chá) de óleo

1 ½ xícara (chá) de açúcar

2 xícaras (chá) de farinha de trigo

1 colher (sopa) de fermento em pó

1 pitada de sal

Manteiga e farinha de trigo para untar

Modo de preparo

Preaqueça o forno a 180ºC. Numa tigela, coloque a farinha, o sal e o fermento, passando pela peneira. Misture e reserve. Corte as cenouras em rodelas e transfira para o liquidificador. Junte também óleo, ovos e açúcar e bata bem até ficar liso, por cerca de 5 minutos. Transfira a mistura líquida para uma tigela grande e adicione aos poucos os ingredientes secos. Com cuidado, transfira a massa para a forma previamente untada e enfarinhada e leve ao forno para assar por cerca de 45 minutos. Para saber se o bolo está pronto, espete um palito na massa: se sair limpo, pode retirar. Deixe esfriar por 15 minutos e acrescente a cobertura de sua preferência.

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Reprodução Reprodução Ana Carolina Caldas Milton Alves analisa os anos do governo Bolsonaro e seus impactos para o País
Cultura 7

Em busca da glória eterna! Por Douglas Gasparin Arruda

A vitória no clássico de domingo pode ter sido um dos principais momentos do Athletico no ano. Não sabemos como vai ser a nal, que história ela vai nos apresentar, mas uma coisa é certa: vencer o Athletiba alavancou os ânimos do time e serviu para unir elenco e torcida. A comemoração ao nal do jogo com os jogadores cantando junto com a torcida foi a preparação que faltava para colocar o time no foco para a disputa da nalíssima da Libertadores contra o Flamengo no dia 29 de outubro. Os jogos contra Bragantino e Palmeiras pelo Brasileirão agora se tornam mais tranquilos, e Felipão vai poder testar várias possibilidades sem a pressão por resultado. O dia mais aguardado do ano para a torcida rubro-negra está chegando, e agora não há espaço para pensamentos negativos. Que venha a glória eterna!

Após 2014, quando o Coritiba terminou o Campeonato Brasileiro com folga de nove pontos acima da Zona de Rebaixamento, seus torcedores têm passado as últimas rodadas da competição de sucessivas temporadas fazendo contas - ora para escapar da queda, ora na Série B na tentativa de subir. Neste ano, após enfrentar São Paulo e Internacional quinta-feira e domingo (20 e 23/10), no Morumbi e no Alto da Glória, respectivamente, virão as cinco rodadas decisivas que de nirão sua permanência na elite. O jogo diante do Fortaleza no Castelão é de grande risco, pois o time cearense busca vaga na 2ª fase da Libertadores. Derrotar um rebaixado Juventude no RS será obrigação e, após encarar as pedreiras Corinthians e Flamengo num Couto Pereira lotado, espera-se que no jogo contra o Cuiabá na Arena Pantanal o adversário não esteja no desespero.

Coritiba faz cálculos para evitar rebaixamento na série

A na reta final do campeonato

Aproveitamento do Alviverde fora de casa é fator negativo na luta contra descenso

pirar e pensar na próxima temporada.

Restando sete rodadas para o nal do Campeonato Brasileiro, o Coritiba faz as contas para evitar mais um rebaixamento para a série B.

A equipe comandada pelo técnico Guto Ferreira está na décima-quinta posição, com 34 pontos, a três pontos do primeiro clube na zona de rebaixamento, o Ceará. Para matematicamente se livrar da degola, o Coxa precisa chegar aos 42 pontos mágicos para res-

Apesar da proximidade da pontuação, contudo, o baixo desempenho fora de casa (cerca de 17% de aproveitamento) e a sequência difícil dentro do Couto Pereira, contra Internacional, Corinthians e Flamengo, equipes que lutam na parte de cima da tabela, podem complicar a vida do Coxa.

E longe do Couto Pereira é que o sacrifício verde e

aproveitamento do Coxa fora de casa

branco vira drama. A equipe não venceu jogando fora dos seus domínios. O próximo desa o é contra o São Paulo, no Morumbi, e para o técnico Guto Ferreira o momento é de colocar a cabeça no lugar, ainda mais depois da derrota no AthleTiba. “Temos que mostrar para eles que o campeonato não acabou. Se a gente se entregar agora, vamos para a vala. O mais importante são os resultados que vêm pela frente, o do clássico não podemos mais reverter”, a rmou em coletiva.

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