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O que cada candidato a presidente fará com o salário mínimo

Ministro de Bolsonaro fala em mexer no reajuste. Lula promete aumento real

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Gabriel Carriconde Aumento real Enquanto o ministro de Jair Bolsonaro defende a

Com a renda média do trabalha- ideia de criar um novo critério pador despencando 5,1% no últi- ra o reajuste do mínimo, o ex-presimo trimestre deste ano, segundo o dente e candidato Luiz Inácio Lula IBGE, o debate sobre o salário mí- da Silva (PT) propõe retomar o aunimo é um dos principais neste se- mento real. “Nos nossos governos gundo turno das eleições. Trabalha- dávamos o aumento acima da indora do setor de limpeza, Valdirene flação mais o crescimento do PIB”, Lopes, 56, diz que a situação para disse o candidato petista, em entrepagar as contas de casa é “de aper- vista ao podcast Flowcast. to”. Lembra que em anos anterio- Sandro Silva, economista do Deres o salário que ganhava dava para partamento Intersindical de Estasustentar a família, mas atualmente, tísticas e Estudos Socioeconômicos todo mês, é de “amarrar a barriga”. (Dieese), acredita que Bolsonaro “Trabalho desde muito cedo, antes a não tem sido claro em relação ao gente conseguia se virar bem com o que pretende fazer com o mínimo. salário que eu ganhava, pagávamos “Nos últimos anos, apenas foi reas contas e sobrava um pouquinho. pondo a inflação. Apesar do discurHoje, todo mês é um aperto”, relata. so ter mudado, ele não tem sido cla-

Na semana passada, o ministro ro em relação a qual regra seguirá”, da Economia de Bolsonaro, Paulo analisa. Guedes, levantou a possibilidade Para o presidente da CUT-PR, de desvincular da inflação o valor Márcio Kieller, os reajustes dados do salário mínimo no próximo ano. nos últimos para os trabalhadores Isto é, podendo reduzir ainda mais o têm sido menores. O sindicalista valor. Os trabalhadores que ganham acredita que caso Lula seja eleio mínimo já não têm ganho real des- to, haverá o retorno da política de de 2019. Até o primeiro ano de man- valorização do mínimo. “Temos dato de Bolsonaro, o mínimo era alertado que, desde 2016, tem sido corrigido pela inflação mais o cres- interrompida a política de valorizacimento do PIB. Isso acabou e hoje ção do mínimo, e o ex-presidente falam em não garantir nem mesmo Lula tem apontado que vai voltar a a reposição da inflação. valorizar o salário”, diz.

Trabalhadores querem a volta de mais conquistas

Atendimento de reivindicações baixou nos governos de Temer e Bolsonaro

Pedro Carrano

Os trabalhadores nos períodos de governos do PT, principalmente entre os anos de 2003 a 2012, tiveram mais ganhos na pauta sindical e salarial. Isso também levou ao aumento no número de mobilizações, paralisações e greves por melhorias econômicas, num cenário de mais estabilidade e oferta de empregos. Os trabalhadores conquistavam e tinham o direito de buscar mais avanços.

Em 2012, por exemplo, 93% das negociações salariais tiveram aumento real, acima da inflação. Porém, já em 2015, em meio à crise e à pressão de um golpe contra o governo Dilma Rousseff, este número de conquistas passou para 63% das negociações, de acordo com dados do Dieese.

Pautas defensivas Em 2016, depois da chegada de Michel Temer ao governo, as reivindicações dos trabalhadores tornaram-se defensivas, contra a retirada de direitos. Naquele ano, 78% das paralisações na indústria privada tinham reivindicações defensivas e quase 60% denunciaram o descumprimento de direitos.

Na sequência, em 2018, de acordo com o Dieese, mais de um terço, ou 37% das mobilizações, teve como pauta o pagamento salarial em atraso. E apenas 76% das reivindicações dos trabalhadores tiveram atendimento. No governo Bolsonaro, cai o número de greves entre 2020 e 2021, com grande salto para 95% das negociações salariais tendo caráter defensivo e de manutenção de direitos.

Greve de desalento O alto número de greves no ano é sinal de vitalidade econômica, porque os trabalhadores sentem um ambiente econômico bom para pedir mais. Em 2010, foram 446 greves, em um cenário econômico favorável, chegando a 873 greves em 2012.

Durante o governo de Bolsonaro, marcado pelo desemprego, o Dieese apontou o surgimento das chamadas “greves de desalento”. São “mobilizações sem esperança”, resultado das terceirizações e precarizações dos serviços. “Encampados principalmente pelos trabalhadores menos qualificados, empregados por empresas prestadoras de serviços terceirizados exigem a regularização dos salários há meses em atraso”.

Giorgia Prates

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