Geraldo Magela/Agência Brasil
Serra na Lava Jato, de novo
Cultura e Consciência Negra Novembro já começou e a agenda cultural é especial sobre a Consciência Negra. Todas as atrações são gratuitas!
Odebrecht revela pagamento de caixa dois à campanha do atual ministro, ex-senador pelo PSDB
PARANÁ
Cultura | p. 07
Divulgação
Geral | p. 03
01 a 10 de novembro de 2016
distribuição gratuita
Ano 01 | Edição 20
Votos brancos, nulos e abstenções são o principal recado dos eleitores Cidades | p.04
Violência contra jovens
Gabriel Dietrich
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de “não-votos” chegou a 32,5% do eleitorado brasileiro nas Editorial | p. 02 e Brasil | p.06 eleições municipais
De janeiro a março deste ano, o número de assassinatos em Curitiba cresceu 11,5% em comparação ao mesmo período de 2015
Esportes | p.08
Paul Pierce vai se aposentar Divulgação
As 38 anos, o astros da NBA anuncia que deixará as quadras. Pierce é da equipe de basquete Los Angeles Clippers.
RESISTÊNCIA Apesar dos pedidos de reintegração, estudantes deixam a marca da resistência nas ocupações das escolas. Os secundaristas ganham reforço contra a reforma do ensino médio e a PEC 241 com o crescimento de ocupações nas universidades pelo Brasil. Cidades | p. 05
2 | Editorial
Brasil de Fato PR
Paraná, 01 a 10 de novembro de 2016
Vitória de Greca consolida grupo tradicional na política A
vitória de Rafael Greca (PMN) à prefeitura de Curitiba, com 53,25% dos votos, à frente de Ney Leprevost (PSD), que fez 46,75%, é considerada uma vitória para o atual governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que apoiou Greca desde o primeiro turno. Assim como Richa, o perfil do vencedor dessas eleições é o de pertencer a uma família tradicional e de poder na política paranaense. Greca se consolidou nos anos 1990, vinculado ao ex-prefeito Jaime Lerner e ao grupo que dominou a pre-
Votos brancos, nulos e abstenção no segundo turno chegaram a um patamar de 35%
feitura da capital por mais de vinte anos. Os trabalhadores devem estar atentos ao perfil personalista de
Reinaldo Ferrigno/Agência Câmara
OPINIÃO
Violência no campo: um passado presente Rafaela de Lima, advogada popular da organização Terra de Direitos
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
EDIÇÃO Camilla Hoshino e Ednubia Ghisi COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Franciele Petry Schramm, Renato Freitas e Rafaela de Lima ARTICULISTAS Roger Pereira, Manolo Ramires, Cesar Caldas e Bruno Porpetta REVISÃO Maurini Souza ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes FOTOGRAFIA Gabriel Dietrich e Giorgia Prates CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Pedro Carrano, Fernando Marcelino e Naiara Bittencourt, Robson Sebatian TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato.com.br
com os trabalhadores, caso de sindicatos e associações de bairro. Isso é preocupante, em um momento quando cresce a pressão na capital por melhores serviços públicos, transporte e moradia. Reformar a política Votos brancos, nulos e abstenção no segundo turno chegaram a um patamar de 35%, número maior que no primeiro turno. A insatisfação do povo com os políticos reforça a necessidade de uma reforma política: com maior participação popular e menos participação do financiamento privado na política, que ainda predomina e segue levando ao poder apenas famílias tradicionais.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 20 do Brasil de Fato PR, que circulará sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Greca, prefeito entre 1993-1996, que já mostrou resolver os problemas sem valorizar espaços de diálogo
N
o dia 7 de fevereiro de 1998, na cidade de Marilena, Noroeste do Paraná, aos 65 anos, o trabalhador rural sem-terra Sebastião Camargo foi executado. Dezoito anos depois, no dia 7 de abril de 2016, outros dois trabalhadores sem-terra foram assassinados, desta vez em Quedas do Iguaçu, a cerca de 400km de Marilena. Vilmar Bordin e Leonir Orbach foram vítimas de um massacre, promovido por grupos especiais da Polícia Militar. Nas quase duas décadas que separam um crime de outro, o contexto de desigualdade e violência no campo pouco mudou. A Reforma Agrária não saiu do papel. Apenas
no Paraná, cerca de 10 mil famílias permanecem acampadas e os conflitos agrários ainda são uma realidade presente. Se antes o inimigo tinha uma “cara’’ facilmente identificável no fazendeiro, hoje o inimigo se esconde por detrás de nomes empresariais e logotipos. Repaginado, esse “novo” inimigo coopta o aparelho estatal principalmente através do financiamento de campanhas eleitorais - e
se utiliza da estrutura policial para promover seus interesses privados. Também tenta influenciar a população, investindo milhões em campanhas publicitárias para desqualificar os movimentos populares de luta pela terra. O passado é presente. Trabalhadoras/es sem-terra continuam sendo violentadas/os diariamente: não apenas pelo jagunço, fazendeiro, policial ou segurança, mas pelo médico que discrimina pacientes oriundos Julio Carignano de acampamentos do MST ou pelo funcionário do cartório eleitoral que se nega a aceitar cadastro de acampado como comprovante de residência. É preciso superar o passado (que é presente) e evitar que mais casos de morte de trabalhadores sem-terra voltem a acontecer. Nós, enquanto sociedade, precisamos assumir esse compromisso.
Brasil de Fato PR
Paraná, 01 a 10 de novembro de 2016
mandou
FRASE DA SEMANA
bem
“Uma semana nas ocupações nos trouxe um conhecimento muito maior sobre política e cidadania. Deixamos de ser meros adolescentes e nos tornamos cidadãos comprometidos”,
mandou
mal
Divulgação
A Polícia Militar interrompeu uma peça de teatro de rua e prendeu o ator Caio Martinez Pacheco, no dia 30 de outubro, em Santos/SP. A ação aconteceu quando a Trupe Olho da Rua apresentava a peça “Blitz”, que faz críticas à atuação da PM. Além de manter o ator preso até 23h30 do mesmo dia, a PM apreendeu celulares de pessoas que gravavam a cena, além de equipamentos do grupo de teatro.
Pedro de Oliverira/Alep
Divulgação
Giorgia Prates
A atriz Letícia Sabatella mandou bem ao visitar o Colégio Estadual Arnaldo Jansen, na região Metropolitana de Curitiba, primeira escola a ser ocupada no Brasil contra as reformas no ensino médio. A atriz recitou uma parte da ‘Ilíada,’ de Homero, que fala sobre heróis e admitiu sua admiração pelo movimento secundarista. “É muito legitima essa união, essa resistência, esse gesto heróico de vocês”, declarou a atriz.
3 | Geral
disse Ana Julia Ribeiro, estudante de 16 anos, da escola ocupada Senador Manuel Alencar Guimarães, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Odebrecht relata pagamento de caixa dois à campanha de José Serra
CESTA DE NATAL DA AGRICULTURA FAMILIAR Panetone, geleia, mel, biscoito, queijo, cachaça, chá, café e suco são alguns dos produtos produzidos por cooperativas do MST, por famílias assentadas, em áreas da reforma agrária, que podem estar na mesa de Natal deste ano. São três opções de cestas, com 10, 19 ou 22 itens. Os preços variam entre R$100 e R$200. Mais Informações: cestareformaagrariapr@gmail.com.
Parte do dinheiro foi transferida para uma conta na Suíça Da Redação, Edição: Juliana Gonçalves, BDF SP
A empreiteira Odebrecht revelou à Operação Lava Jato que repassou R$ 23 milhões via caixa dois à campanha presidencial do atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, em 2010. A informação foi obtida no acordo de delação premiada de Valter Campanato/ Agência Brasil
dois executivos da empresa, Pedro Novis e Carlos Armando Paschoal. Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, uma parte do montante do dinheiro foi transferida para uma conta na Suíça. A empresa prometeu ainda entregar aos investigadores comprovantes de depósitos feitos na conta no exterior e também no Brasil. Esta não é a primeira vez que o nome de José Serra está envolvido na Lava Jato. O tucano configura na lista de políticos apreendida na casa do presidente da construtora, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, preso durante a 23ª fase da Operação em fevereiro deste ano. Serra é chamado de “careca” ou “vizinho” em documentos internos da empreiteira, por já ter sido vizinho do executivo Pedro Novis.
Rafale Stédile
4 | Cidades
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Homicídio contra jovens cresceu quase 700% em 34 anos Morte do estudante em escola ocupada reflete altos índices de violência contra a juventude Por Diangela Menegazzi , de Curitiba (PR)
A
morte do adolescente Lucas Eduardo Araújo Mota dentro de uma escola ocupada do bairro Santa Felicidade, em Curitiba, reabre o debate sobre violência contra a juventude. Longe de ser um fato isolado, ou ocasionado em decorrência do movimento das ocupações dos secundaristas, o assassinato do estudante reflete um pro-
blema que tem se agravado no estado e no país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a faixa etária de 15 a 29 anos de idade representava, em 2014, aproximadamente, 26% da população total do país. No entanto, a participação juvenil no total de homicídios por arma de fogo (HAF) mais que duplica o peso demográfico dos jovens: 58%. Segundo dados do Mapa
De janeiro a março deste ano, o número de assassinatos em Curitiba cresceu 11,5% em comparação com o mesmo período de 2015
Centrais sindicais preparam Dia Nacional de Lutas Da redação, de Curitiba (PR)
APOIADORES
Oito centrais sindicais brasileiras preparam mobilizações para o dia 11 de novembro contra as medidas que estão sendo anunciadas e implementadas pelo governo de Michel Temer (PMDB). O Dia de Lutas envolve diversas categorias e faz parte da mobilização que as organizações de trabalhadores e os movimentos sociais têm feito para construir uma greve geral no país. Na data, as entidades têm como principais críticas a Proposta de
Emenda Constitucional 241 – que congela investimentos públicos nos próximos 20 anos; o Projeto de Lei Complementar 257 – plano de resgate financeiro a estados e municípios que impõe congelamento dos reajustes salariais de servidores públicos; a reforma da Previdência; a Medida Provisória (MP) 746 que altera o ensino médio; e a reforma trabalhista, que envolve a terceirização em todas atividades e a flexibilização da CLT. Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também participam da ação. Uma paralisação está prevista para o dia 25 de novembro.
da Violência no Brasil, de 2014, considerando o total de homicídios por arma de fogo (HAF), o número passou de 6.104, em 1980, para 42.291, em 2014: crescimento de 592,8%. Entre os jovens, este crescimento foi bem maior: pulou de 3.159, em 1980, para 25.255, em 2014: crescimento de 699,5%. No ano de 2014, no Paraná, a cada 100 mil habitantes na faixa etária de 15 a 29 anos, 45,9 eram vítimas de homicídio por ar-
DESPEJO FORÇADO A Polícia Militar do Paraná foi denunciada ao Ministério Público pelo despejo forçado de cerca de 300 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no bairro Tatuquara, sul de Curitiba, no dia 29 de outubro. A PM executou uma reintegração de posse sem determinação judicial, o que é uma ação arbitrária e abusiva, afirma o advogado popular da Organização Terra de Direitos, que irá representar o MP para que o órgão apure responsabilidade da PM.
mas de fogo. O número paranaense foi maior do que o do Rio Grande do Sul (43,9) e o de Santa Catarina (16,6). Entre janeiro e março deste ano, o número de assassinatos em Curitiba cresceu 11,5% em comparação com o mesmo período de 2015 – de 130 para 145 homicídios. O levantamento é da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, divulgado no final de maio desde ano.
Camilla Hoshino
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5 | Cidades
A escola nunca mais será a mesma “Resistir” é a marca que deixam os estudantes, apesar das ordens de reintegração de posse e tentativas de desocupação Por Camilla Hoshino, de Curitiba (PR)
Apoio da sociedade
ós vamos levar a luta estudantil para frente, nós vamos mostrar que não estamos aqui de brincadeira, e que o Brasil vai ser um país de todos”, discursou a estudante paranaense Ana Júlia Ribeiro, na segunda-feira (31/10), no Senado. A reunião foi convocada por parlamentares para debater os impactos na Educação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que congela gastos públicos federais nas próximas duas décadas. Aos 16 anos, a estudante do Colégio Senador Manuel Alencar Guimarães, de Curitiba, ganhou repercussão nacional ao defender as ocupações de escolas no país contra a reforma do ensino média proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB), no dia 26 de outubro, na tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná. Sua fala, firme e emocionante, viralizou e chegou a ser considerada pela jornalista Paula Cesarino Costa, ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, como “o melhor discurso político da história recente”. O movimento secundarista, que chegou a alcançar cerca de 850 escolas no Paraná, agora se espalha pelo Brasil e ganha reforço nas universidades. No Estado, já são aproximadamente 16 campi universitários ocupados.
Gabriel Dietrich
“N
Resistência “Estamos fazendo uma barricada com os estudantes e não vamos sair. Vamos continuar resistindo”, afirma Oruê Brasileiro, de 15 anos, estudante do Colégio Estadual do Paraná (CEP), no Centro de Curitiba. Apesar das determinações da Justiça pela reintegração de posse nas escolas e da multa de 10 mil reais por dia que pode atingir os alunos do CEP no caso de descumprimento da ordem, a decisão dos estudantes demonstra o sentimento que tem guiado as mobilizações do mo-
“Partiu, Pedrão”, disse Keyla Oliveira, de 17 anos, aos seus colegas quando soube que o MBL havia convocado um protesto em frente ao Colégio Pedro Macedo, na sexta-feira (29). “Se for preciso os colégios periféricos saírem para ajudar os colégios centrais, vamos ajudar. E se for preciso os centrais irem até os periféricos também vai acontecer”, garante Keyla. Essa atitude tem sido frequente não apenas entre estudantes, mas
entre a comunidade escolar e movimentos solidários aos secundaristas. No caso do Pedro Macedo, centenas de pessoas formaram uma corrente humana para defender a ocupação. Mães e pais de alunos afirmam se preocupar com a forma com que os militantes do MBL têm disseminado um sentimento de raiva e de ameaça às ocupações, mas se tranquilizam ao ver o apoio em defesa da escola ocupada. “Nos dá novamente esperança de que é possível mudar”, diz Irialda de Oliveira, mãe de Ísis, aluna do Colégio Pedro Macedo.
vimento secundarista: resistência. Mesmo sob ameaças, os estudantes vivenciaram nas ocupações dias de organização, aprendizado e tomada de consciência no processo de debater outro modelo de educação possível nas escolas. E a marca que resistirá após o cumprimento de cada uma das ordens da Justiça é a de que a escola nunca mais será a mesma. Gabriel Dietrich
Gabriel Dietrich
Repressão
Prestes a completar um mês de mobilizações, os estudantes enfrentam repressão de grupos como o Movimento Brasil Libre (MBL), que tenta organizar ações de desocupação nas escolas em contato com pais, alunos e professores contrários às ocupações, por meio do movimento recém-criado Desocupa Paraná.
Militantes do MBL, com ideias próximas ao PSDB, de Beto Richa e do PMDB, de Michel Temer, têm incentivado discussões e brigas em frente a colégios de Curitiba. Exemplo disso ocorreu em frente ao Colégio Estadual Professor Lysimaco Ferreira da Costa, na noite do dia 27, quando alunos que ocupam a escola foram agredidos.
A mãe de uma aluna, que apoiou o protesto pela desocupação, chegou a afirmar que era possível governar só para os ricos, pois “eles têm mais inteligência”. Ela ainda confessou que não se importava com a exclusão de disciplinas como sociologia, filosofia e artes do currículo e que os estudantes deveriam “pegar no pesado”.
6 | Brasil
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Eleições Municipais
Abstenções, brancos e nulos superam eleitos no Rio, BH e Porto Alegre Em Curitiba, a soma dos votos ausentes, nulos e brancos chegou a quase 36% Tânia Rêgo/Agência Brasil
Por Ivan Richard Esposito e Iolando Lourenço, da Agência Brasil
Insatisfação Para o cientista político da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Geraldo Tadeu Moreira, o crescimento expressivo das abstenções e dos votos brancos e nulos demonstra a insatisfação do eleitorado com a classe política.
“Estamos com um sistema político com baixa representatividade. As pessoas estão clamando por um conjunto de reformas” Geraldo Tadeu Moreira, cientista político
“Esse comportamento tem crescido nas últimas duas eleições, 2014 e 2016. É um indicativo de que a insatisfação com o sistema político ocorrida em 2013, com as manifestações de rua, não foi tratada. Estamos com um sistema político com baixa representatividade. As pessoas estão clamando por um conjunto de reformas. Isso fica evidente no comportamento do eleitor”, disse Moreira. No Rio de Janeiro, especificamente, disse Moreira, o grande número de abstenções, brancos e nulo pode ter ocorrido devido ao fato de Crivella e Freixo representarem extremos opostos na política. “De um lado, o Freixo representa a esquerda e Crivella é de centro-direita. Então, os eleitores de centro, que representam um terço do eleitorado, não se sentiu representado por esses candidatos”.
APOIADORES
as três principais capitais em que houve disputa em segundo turno no dia 30 de outubro, a soma das abstenções e dos votos brancos e nulos superou o total de votos recebidos pelos prefeitos eleitos. Assim como havia ocorrido no primeiro turno em São Paulo, quando o prefeito eleito, João Dória (PSDB), teve menos votos (3.085.187) do que a soma dos brancos, nulos e abstenções (3.096.304), agora, no segundo turno, isso se repetiu no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Porto Alegre. Em Curitiba, a soma das abstenções, brancos e nulos ficou um pouco abaixo do total de votos recebidos pelo prefeito eleito, Rafael Greca (PMN). Greca recebeu 461.736 votos e a soma dos votos nulos (117.920), brancos (44.834) e abstenções (259.399) atingiu 422.153 votos, ou seja, cerca de 36%. No Rio de Janeiro não compareceram às urnas 1.314.950 eleitores, 149.866 votaram em branco e 569.536 anularam os votos. Ou seja, 2.034.352 optaram por não votar nem em Marcelo Crivella (PRB), que venceu a disputa com 1.700.030 votos, nem em Marcelo Freixo, que conquistou 1.163.662 votos.
Revista Coquetel
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7 | 7Cultura | Cultura
CULTURA E NEGRITUDE | Por Renato Freitas Jr
Esvaziar as senzalas modernas e construir nosso Quilombo! Pulei da cama cedo e vi minha mãe juntando as moedas para a minha passagem. Algo em mim ficava em ebulição todo o dia 20 de novembro. “Meus amigos estarão na XV fazendo rap? Vai ter roda de Capoeira ou alguma peça de teatro sobre o tema?”. Desci do ônibus e encontrei dois amigos ouvindo “Sou Negrão”, do Rappin Hood. Cheio de orgulho, segui meu destino e, já no local da entrevista, me vi concorrendo a uma das quatro vagas de empacotador de mercado. Perguntaram se eu tinha algum problema de saúde, passagem na Delegacia de Adolescentes e se usava drogas. Respondi “não” a tudo e estava empregado! O plano era abandonar por um tempo o colégio e ajudar minha mãe a pagar o aluguel. Cheguei na minha vila e contei a notícia ao meu melhor amigo. Ele comemorou e disse que no Pão de Açúcar haveria possibilidades de gorjeta, como o filho da Dona Sônia, da rua de baixo, que ga-
nhava quase dez reais por dia levando as compras no carro dos boy. Minha mãe ficou feliz e fez meu almoço. No Pão de Açúcar, as coisas tinham cheiro de novo, de quando a gente fazia compra e sonhava. Meu padrasto dizia que um dia nossa compra iria lotar dois carrinhos e teríamos carro para colocar tudo no porta-malas. Enquanto esse dia não chegava, a gente ia de ônibus e contava o número de sacolas que cada um poderia trazer.
lência que abrevia nossas vidas. ReAluguel, x-salada e corpos setiram de nós a humanidade e a criami-vivos O instrutor explicou o tratividade para que reste o instinto, a balho: “Vocês aqui são os que tão força física e o raciocínio mecânico mais embaixo e fazem o que mancapaz de separar produtos na sacola. damos fazer. É fácil: basta colocar As novas formas de domínio são os produtos na sacola e não mistumais sutis. Antes matavam e esconrar comida com material de limpeza. diam nossos cadáveres. Agora maFácil, né? Até se treinar um macaco tam e nos deixam em corpos semiele consegue, então acho que vocês vivos, servindo atrás de algum baltambém!”. A comparação me aborrecão. Com essa recordação é que hoceu. Mas estava empolgado demais je conclamo todas e todos a colocaem ajudar no pagamento do aluguel rem o produto foe talvez comra da sacola, misprar uma roupa turando sabão ou um x-salada. em pó com pão de Quinze anos alho e lotando as depois percebo ruas no dia 20 de a forma de es- “Antes matavam e novembro. Uma cravidão a que escondiam nossos greve negra, uma somos submetidos. Roubam cadáveres. Agora matam deserção dos suesnossa autoestie nos deixam em corpos bempregos, vaziando as senma, nos impezalas modernas e dem de sonhar semi-vivos, servindo construindo nose nos tornam atrás de algum balcão” so Quilombo! reféns da vio-
AGENDA 0800 | Especial Mês da Consciência Negra A agenda cultural da edição de novembro do Brasil de Fato é especial, de cima a baixo com atividades relacionadas ao mês da Consciência Negra. Tem atividade para quase todos os dias de novembro, mas o grande encontro é no dia 20, com Festa do Rosário, quando é celebrando o Dia da Consciência Negra e o respeito à diversidade religiosa. Como sempre, todas as atrações divulgadas aqui são gratuitas! * As atrações são abertas a todas as idades.
Divulgação
Conexão Malê O quê: intercâmbio cultural Brasil Senegal Quando: dia 5, das 10h às 18h. Onde: Memorial de Curitiba, R. do Rosário, 160 - Centro. Quanto: 0800
Ginga Total O quê: o grupo de dança Ginga Total apresenta o espetáculo “Batuta Brasis”. Quando: dia 15, das 19h às 20h Onde: Casa Hoffmann, R. Doutor Claudino dos Santos, 58 São Francisco Quanto: 0800
Caravana Cultura da Periferia ao Centro O quê: shows com MC- LZO, DJ – Ras Black Sound, Rap – Juanito Lapaz, Preto Wit, Ant, Cesar Preto, Vaso Ruim, Graffiti Marcelo Diamant e Cypher de Break além de Recital e varal de poesias Quando: dia 6, das 13h às 19h Onde: Palco das Ruínas de São Francisco Quanto: 0800
Batuqueiros da Fonte da Memória O quê: Oficina de toques Quando: dia 17, das 19h às 21h Onde: Casa Hoffman, R. Doutor Claudino dos Santos, 58 - São Francisco Quanto: 0800
Linha Preta O quê: exposição de grafites de Luz Amorim e Candiero Quando: de 12 a 23, das 9h às 18h Onde: Salão Paranaguá, no Memorial de Curitiba, R. do Rosário, 160 - Centro Quanto: 0800
A preta de Curitiba O quê: show com a cantora Dayane Paixão: a preta de Curitiba Quando: 15 de novembro, das 20h às 21h Onde: Casa Hoffman, R. Doutor Claudino dos Santos, 58 - São Francisco Quanto: 0800
8 | Esportes
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TOQUES CURTOS | Por Bruno Porpetta
Seleção “doía” em Tite após Copa Tite disse que não assistia à seleção depois da escolha de Dunga Após a Copa do Mundo em 2014, o mir por seu grande momento profistreinador Tite era cogitado para assional no Corinthians, por isso ver os sumir a seleção brasileira. A tragédia jogos da seleção “doía” e poderia trado Mineirão exigia mudanças, mas a zer um “sentimento ruim”. O treinaCBF preferiu redor se esquivou da correr ao passapergunta sobre a cado e contratar pacidade do seu anteDunga. cessor para o cargo. Para a InSegundo Tite, apeTite chega ao ter TV de Natal nas os melhores mo(RN), onde a sementos das partidas próximo desafio leção joga pee os comentários socom 100% de las Eliminatórias bre a - seleção tinham aproveitamento da Copa de 2018 sua atenção. Tite checontra a Bolívia, ga ao próximo desafio à frente da no dia 6 de oucom 100% de aproveiseleção tubro, Tite disse tamento à frente da que não assistia seleção, com duas vià seleção depois tórias contra Equador da escolha de Dunga. e Colômbia. O Brasil é vice-líder das Ele já se sentia pronto para assuEliminatórias.
Paul Pierce anuncia aposentadoria ao final da temporada da NBA Kobe Bryant, também se retiraram O ala Paul Pierce, da equipe de basdas quadras o pivô Tim Duncan, do quete Los Angeles Clippers, anunSan Antonio Spurs, e o ala-pivô Kevin ciou em texto publicado no The Garnett, do Minnesota TimberwolPlayers Tribune sua decisão de enves e ex-companheiro de Pierce no tícerrar a carreira no final da próxima tulo em 2008 com os Celtics. temporada, que começa em outubro. Com isso, fará uma Divulgação turnê de despedida com a equipe, assim como Kobe Bryant fez na última temporada. Aos 38 anos, Pierce foi campeão da NBA pelo Boston Celtics em 2008, além de eleito o MVP (sigla em inglês para “jogador mais valioso”) das finais. Pierce se junta a outros grandes astros da NBA que também anunciaram a apoPaul Pierce arremessa diante do brasileiro Huertas, no sentadoria. Além de clássico de Los Angeles
CORITIBA Por Cesar Caldas
PARANÁ Por Manolo Ramires
ATLÉTICO Por Roger Pereira
Déjà vu
Recomeçar em 2017
Tropeçando nos lanternas
Os 29 dias compreendidos entre 6 de novembro e 4 de dezembro serão para os torcedores coritibanos a repetição do período de aflição vivido na mesma época da temporada passada: acompanhar cinco jogos que decidirão a permanência na Primeira Divisão. A temporada foi de fracassos no Estadual e na Copa do Brasil, com derrotas para o freguês Atlético-PR e o Juventude, da Terceira Divisão. Na Copa Sul-Americana, o Coritiba limitouse a eliminar o Vitória (que frequenta a Zona do Rebaixamento) e o Belgrano, 23º colocado do Argentino, para em seguida ser eliminado nas quartas-de-final. Os adversários da reta final da Série A serão Atlético-MG, Santa Cruz, Flamengo (no Rio), Vitória e Ponte Preta (em Campinas). A angústia da luta por sete pontos salvadores abafa em certa medida o outro objetivo: a 12ª colocação, para ter calendário internacional em 2017.
A vitória paranista deu um fôlego diante da ameaça de rebaixamento para série C. As chances se reduziram a 1%. O ano esperançoso vai chegando ao fi m em cinco partidas. O balanço é negativo. Da empolgação a frustração, o Paraná Clube deve entender que novo planejamento é necessário. Independente dos bastidores, em que se cogita vender parte do seu patrimônio, o clube deve focar em uma preparação intensa já para o Campeonato Paranaense. Um possível título deve ser prioridade tricolor. Mas o acesso não é o sonho de dez entre dez paranistas? Sim. Todavia, o ano mostrou que elenco projetado apenas para um torneio não sobrevive. Um campeonato estadual forte é fundamental para reverter a desconfiança da torcida e promover uma entrada mais encorpada na competição nacional. Caso contrário, fará como 2016, tendo que remendar o elenco ao longo das rodadas.
O Atlético tem, no próximo final de semana, em Salvador, partida decisiva para sua aspiração de terminar o Campeonato Brasileiro no G6, com vaga garantida na Libertadores. Enfrenta o Vitória, para tentar quebrar a sequência de oito derrotas fora de casa, sem marcar nenhum gol. Se não pontuar, adeus Libertadores. Mas o retrospecto do Furacão contra os times da Zona do Rebaixamento (ZR) é pior que sua média no campeonato. Em 21 pontos disputados até agora contra Vitória, Figueirense, América e Santa Cruz, o rubro-negro conquistou 10. Média de 47%, enquanto seu aproveitamento no campeonato é de 52%. Para piorar, o Atlético é o único entre os times que estão brigando pela 6ª vaga na Libertadores que perdeu fora de casa para os três piores times do campeonato (Santa, Figueira e Coelho). Enquanto Corinthians, Grêmio e Fluminense não se complicam contra times da ZR e somam pontos fora de casa, o Furacão se enrosca na rabeira, o que pode custar a sonhada vaga.