Geral | p. 3
Cultura | p. 7
Xisto, fertilizantes e Repar são nossos
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Tela da diversidade
Dia 11 (segunda), às 9h, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), sociedade civil debate a necessidade de que empresas estatais - caso da Repar, Fafen e Usina do Xisto não sejam privatizadas no Paraná. Cidades como Araucária e São Mateus dependem da arrecadação dessas unidades
Fidé exibe 24 filmes universitários de 13 países
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PARANÁ
Ano 4
Edição 144
7 a 13 de novembro de 2019
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
As pragas que assolam o Brasil
Leandro Taques
Divulgação Giorgia Prates
Agência Brasil Ascom
Ratinho despeja mais de 450 famílias sem terra Só neste ano foram cumpridos pela PM oito mandados de reintegração de posse Campo | p. 6
EBC
Desemprego, salário caindo, miséria, privatizações, mortes no campo, presidente que fala demais, desastres ambientais, Justiça partidarizada, caos na saúde e desmonte da educação pública. População sofre com o atual governo Brasil | p. 4 e 5
AFP
Brasil Geral||p. p.63 CPT
Ataque a servidores municipais Greca quer congelar carreiras até 2021 e impedir organização sindical
Brasil | p. 6| p. 2 Editorial A destruição do estado social Emendas propostas pelo governo à Constituição pioram os serviços públicos
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 7 a 13 de novembro de 2019
EDITORIAL
OPINIÃO
O pacote da destruição Por que mês do estado brasileiro da Consciência Negra? O atual governo federal dá mais um passo para a destruição do caráter social do estado brasileiro. Acossado por denúncias de todo tipo, inclusive por possível envolvimento no assassinato de Marielle Franco, Bolsonaro já mostrou sua incompetência para administrar o Brasil, e aposta no desmonte do estado como pauta para acalmar as classes dominantes do país. Após aprovar uma reforma da previdência, Bolsonaro e seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes, propõem mudanças na Constituição que passam por cortar investimentos e tornar mais precários os serviços públicos, congelando também o salário mínimo. Embora fundamentais no atendimento à população, os servidores públicos
estão no alvo: poderão ter suas jornadas reduzidas e salários cortados. Além disso, gastos com saúde e educação serão reduzidos. A destruição do estado brasileiro não para por aí. Outras reformas são prometidas, desde a administrativa até a das privatizações. O pacto federativo anuncia mais abutres sobre o nosso petróleo. A venda da Eletrobrás, patrimônio do povo, já está anunciada. É urgente uma ampla mobilização social contra essas medidas de destruição das políticas sociais e da soberania do país. Em cada estado será lançada a Frente em Defesa da Soberania Nacional. Participe para que o governo não entregue de graça nossas estatais e recursos naturais!
SEMANA
Anatalina Lourenço e Rosana Fernandes,
P
militantes da Secretaria de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
or que precisamos do Dia da Consciência Negra? E consciência negra é só pra negros? Qual a dificuldade em entender o sentido da data? Perguntas necessárias para entender o Brasil, o que foi a escravidão e os seus efeitos na formação da sociedade brasileira. No país, os negros representam 54% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo IBGE. No grupo dos 10% mais pobres, os negros representam 75% das pessoas, mas entre o 1% mais rico, somam apenas 17,8% dos integrantes. Disfarçar o racismo com a história de “consciência humana” é o mesmo que revigorar o mito da democracia racial e condenar o povo negro a outros séculos de exclusão. Em outras palavras: não há nada mais racista do que diminuir a importância do mês da Consciência Negra, principalmente o dia 20 de novembro, dia de Zumbi. Esta data é um esforço para
a construção social, o desenvolvimento da identidade de pessoas negras. Em primeiro lugar precisamos entender que vivemos um novo momento político, social e cultural no Brasil, marcado por um tsunami conservador, elitista e racista. Como consequência desse momento o país elegeu um racista como presidente. Bolsonaro representa um retrocesso na emancipação da população negra, que vinha ocorrendo com os programas sociais. Ele despreza a consciência negra e diz que é “coitadismo”. Porém, o Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888. O tráfico de escravos e os trabalhos forçados de milhões de africanos deram as bases para o desenvolvimento do capitalismo no país. É necessária justiça social. O Brasil tem uma enorme dívida com os negros. Por isso, é imperativo criar políticas de reparação para o crescimento, valorização, justiça e reconhecimento. O racismo é uma ferida aberta, consequência histórica, e irá sempre ser abordada até o dia em que as pessoas negras forem realmente livres.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 144 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Anatalina Lourenço, Rosana Fernandes e Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates, Leandro Taques e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato| PR Geral 3
Paraná, 7 a 13 de novembro de 2019
FRASE DA SEMANA
Greca quer congelar carreiras de servidores até o fim de 2021 O prefeito Rafael Greca enviou à Câmara de Vereadores pacote de projetos que afeta diretamente o funcionalismo público. Foram quatro propostas encaminhadas que dizem respeito aos vencimentos, planos de carreiras, liberação de dirigentes sindicais e extinção de cargos da administração pública. O primeiro projeto prevê reajuste de 3,5% aos servidores, empregados públicos, aposentados e pensionistas. Junto ao PL, a prefeitura encaminhou um projeto que congela os planos de carreira da categoria até 31 de dezembro de 2021. Na justificativa, a administração aponta que a medida é reflexo do impacto que a Reforma da Previdência trará em todo país, além de ressaltar aspectos da reforma administrativa e tributária. Líder da oposição na Câmara, a vereadora Professora Josete (PT) disse que “é inadmissível que novamente os servidores sejam penalizados pela gestão. Novamente o prefeito toma uma atitude arbitrária, enviando projetos que não foram debatidos com a categoria”, comentou. Outra proposta do prefeito é alterar a organização dos trabalhadores, diminuindo o número de dirigentes liberados para atividade sindical. Pela proposta, o número máximo de liberação será de seis diretores.
“Mataram um guardião da floresta, mas a luta continua”
Eleições para Conselho Tutelar Após muita confusão, erros no processo eleitoral e pedidos de impugnação de candidatos, a nova eleição para o Conselho Tutelar em Curitiba foi marcada para o próximo dia 10, em seis locais. Terão novo pleito as regionais Bairro Novo, Boqueirão, Cajuru, Pinheirinho, Santa Felicidade e Tatuquara.
O “guardião da floresta” Paulo Paulino Guajajara (foto) foi assassinado na sexta-feira (1º). Para Cicera Guajajara, os guardiões e guerreiras da floresta jamais vão abaixar a cabeça. “Isso que aconteceu com Paulinho vai ficar na história e cada vez mais vem fortalecer o trabalho dos guardiões.” Patrick Raynaud | APIB
Audiência Pública discute prejuízos de possível privatização da Repar Redação No próximo dia 11 de novembro, às 9h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), petroleiros, petroquímicos e pesquisadores participam da Audiência Pública sobre os “Impactos da Privatização da Petrobras no Paraná”. O objetivo é avaliar, de forma técnica, os prejuízos que a tentativa de venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e da Usina do Xisto podem ge-
rar em cidades como Araucária, Paranaguá, São Mateus do Sul. No caso das refinarias, desde 2018 há a tentativa de retirar a capacidade nacional de refino a bons preços para povo, privatizando as refinarias no Sul e Nordeste do país. “Vale ressaltar que Araucária possui o maior parque industrial do estado. A expectativa é que a geração de impostos alcance, em 2019, a cifra de R$ 18,7 bilhões. Desse montante, a Repar representa aproximadamente 70%. Diante disso, é interessante para o Paraná Fotos Públicas
perder a Petrobras?”, questiona o Fórum em Defesa da Petrobras. Presença de especialistas A audiência é de iniciativa do deputado estadual Requião Filho (MDB) e do Fórum em Defesa da Petrobras. “O momento é de pressão pela defesa dos empregos e contra a privatização. Todos em defesa da Petrobras estatal e soberana”, afirma convocatória do Fórum. A audiência conta com a presença de especialistas no ramo, entre os quais Paulo César Riberio Lima, ex-engenheiro da Petrobrás e consultor parlamentar. Autor do livro “A importância do Refino para a Petrobras e para o Brasil”. Audiência pública: “Impactos da Privatização da Petrobras no Paraná” Data: 11 de novembro, 9h Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná – Praça Nossa Sra. de Salete, s/nº - Centro Cívico
Gastos Fantasmas A edição do jornal O Estado de S.Paulo do dia 3 de novembro denuncia que o deputado federal Felipe Francischini (PSL) e outros parlamentares do partido de Jair Bolsonaro (PSL) gastaram parte da verba do chamado “cotão” a que têm direito para despesas do mandato com empresas suspeitas de serem “fantasmas”. Entre maio e outubro, Francischini contratou por R$ 45 mil a Look Estratégias e Marketing, que não existe no endereço indicado.
Perseguição em escola A peça “Quando Quebra Queima”, apresentada no colégio estadual Hugo Simas, gerou polêmica depois de protesto da mãe de um dos alunos, sugerindo doutrinação e repudiando o conteúdo da apresentação. Houve tentativa de ato de grupos conservadores, mas a peça, construída a partir das experiências de ocupação das escolas em 2016, foi encenada com apoio de movimentos sociais e da direção da escola.
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Paraná, 6 a 13 de novembro de 2019
Brasil de Fato PR
Paraná, 6 a 13 de novembro de 2019
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As dez pragas que assolam o Brasil Fome, miséria, piora na qualidade de vida, venda de riquezas nacionais, desmonte da saúde e educação estão entre as verdadeiras pestes que a maioria da população está enfrentando em 2019
Fotos Públicas
Além do assassinato do guardião da floresta Paulo Paulino Guajajara, no dia 1 de novembro, na Terra Indígena Arariboia, Maranhão, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registra que, no dia 22 de março, a liderança do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), no Pará, Dilma Ferreira Silva, foi vítima de massacre que vitimou três pessoas no Assentamento Salvador Allende. Em 24 de março, também foram encontrados três corpos carbonizados em fazenda próxima dali. Dados da própria CPT mostram que a Justiça brasileira julgou apenas oito de cada 100 casos de conflitos com mortes no campo nos últimos 33 anos. A liberação de armas para propriedades rurais tende a piorar esse cenário.
Em dezembro de 2014, no final do primeiro governo de Dilma Roussef (PT), o Brasil teve a mais baixa taxa de desemprego, de 4,3%, segundo pesquisa do IBGE. De lá para cá, só piorou. A taxa ficou entre 12% e 13% nos últimos anos e está, na última pesquisa, de agosto, em 11,8%, 12,6 milhões de pessoas sem ter onde trabalhar. Outro problema é que a pequena queda na taxa que aconteceu este ano foi porque as pessoas começaram a trabalhar em bicos ou em empregos sem carteira. O Brasil bateu em agosto o recorde do trabalho informal, com 41,4% dos trabalhadores não tendo nenhum direito garantido.
o an sc To
Desmonte da educação pública
Corte de verbas para a educação em geral, principalmente as universidades e institutos federais, criação do Future-se, que pode ser o fim da autonomia das universidades públicas, à cobrança de mensalidades e, até, à privatização das instituições e corte de bolsas de pesquisas, mostram o que nas palavras do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) é um verdadeiro “desprezo de Jair Bolsonaro pela educação. Expele raiva da educação pública, a persegue, diminui recursos. Expressa toda a sua mediocridade e obscurantismo ao colocar a educação como inimiga”.
Partido do Judiciário
O vazamento das mensagens trocadas por celular entre o juiz Sergio Moro e os membros da Lava Jato pelo site The Intercept e outros veículos de comunicação mostraram como o sistema de justiça atuou de maneira combinada para prender Lula e impedir que fosse candidato a presidente. Já como ministro, Moro defende todas as irregularidades cometidas por Bolsonaro. Neste mês devem ser julgadas no Supremo Tribunal Federal ações importantes como a da prisão em segunda instância e a suspeição de Moro nos julgamentos de Lula. É necessário ver se o Supremo corrigirá alguns dos desvios feitos. ke ay M
Roberto Jayme | ASCOM
Presidente e filhos falam demais e mentem
A ameaça do filho de Bolsonaro de implantação do AI-5 (ato que permitiu prisões e torturas e cassação de direitos políticos pela ditadura), caso manifestações como as do Chile chegassem ao Brasil, é apenas a besteira mais recentes. Bolsonaro, o pai, já comprou briga com países árabes por sua defesa de Israel, falou mentira sobre a morte do pai do presidente da OAB na ditadura, entre outras frases, que não ajudam em nada o Brasil.
Desastres ambientais
As maiores queimadas da história e desastre com derramamento de óleo nas praias do Nordeste estão entre os efeitos da política ambiental do governo federal. Segundo o ex-ministro do meio ambiente, Carlos Minc, é uma ameaça não só ao Brasil, mas a todo o mundo. Para ele, será difícil reverter esses desastres, pois as ações do governo são rápidas e desastrosas. “Tiraram todo o poder do Ibama e do ICMBio, ataram as mãos da fiscalização, destruíram o Fundo Amazônia e estimularam os pecuaristas a adentrar nas florestas. O governo ligou a motosserra, acendeu o pavio do molotov e, depois, aponta o dedo para os ambientalistas. É cruel.”
Giorgia Prates
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Salário despenca para os mais pobres
Outro triste recorde batido pelo governo Bolsonaro neste ano é a maior diferença entre salários dos mais ricos e mais pobres. O IBGE mostra que se trata da maior distância desde 2012, quando surge o dado. O 1% mais rico entre os trabalhadores ganha, na média, R$ 27.744, enquanto 50% dos trabalhadores mais pobres ganham, na média, R$ 820. E a distância vem aumentando. Os mais ricos estão ficando mais ricos e os mais pobre estão se tornando miseráveis. E metade dos trabalhadores do país tem média salarial abaixo de um salário mínimo, não ganhando nem o necessário para a subsistência.
CPT
Mortes no campo
Desemprego e recorde de informalidade
AFP
Agência Brasil
Brasil à venda
O governo Bolsonaro faz como aquela pessoa que vende a casa própria para ir viver de aluguel e gastar o dinheiro. E depois não tem mais a casa e fica quebrado. Já vendeu a BR Distribuidora e mais quatro empresas do grupo Petrobras BR, além da agência BB Turismo, ligada ao Banco do Brasil. E já anunciou que quer vender Correios, Eletrobras, Telebras, Casa da Moeda, Serpro, Dataprev, entre outras empresas do povo brasileiro. Para a população vai sobrar aumento nas tarifas e piora nos serviços. Petrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil também estão na mira para serem vendidas aos poucos.
Caos na saúde
Pesquisa do Datafolha de setembro de 2019 mostra que a saúde é o principal problema do Brasil, seguida por educação e desemprego. E a situação pode piorar mais ainda se aprovada a medida, proposta esta semana ao Congresso, que elimina a obrigação de estados e municípios investirem obrigatoriamente parte de seus orçamentos na área. Para o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, o atual governo ameaça o princípio de universalidade do SUS. O projeto é reduzir ao máximo a atenção básica em saúde, dirigida para aqueles que não podem pagar, para que todos os demais sejam induzidos a buscar atendimento no mercado.
José Cruz
P
ara a maior parte da população brasileira, a vida está piorando em 2019, entenda o que vem acontecendo em dez áreas essenciais para o desenvolvimento do país e que impactam diretamente na sua qualidade de vida.
Até como consequência dos baixos salários e do desemprego, documento do Banco Mundial mostra que a crise econômica entre 2014 e 2017 empurrou 7,4 milhões de brasileiros para a pobreza. O número de pessoas vivendo com menos de 21 reais por dia passou de 36,5 milhões para quase 44 milhões de pessoas. E a fatia dos miseráveis entre o total de pobres do país saltou de 15,4% para 23%. E, para piorar, na proposta de orçamento enviada pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional no fim de agosto, 24 de 31 áreas de atuação federal terão recursos reduzidos.
EBC
Miséria
Redação
Brasil de Fato PR 6 Campo
Paraná, 7 a 13 de novembro de 2019
Governador descumpre acordo e deixa mais de 450 famílias sem terra
Brasil de Fato PR Leandro Taques
300 famílias do acampamento Quilombo dos Palmares sofrem despejo em Londrina (PR), julho de 2019
O governo do Paraná soma, no seu primeiro ano, oito despejos, com forte repressão policial Ana Carolina Caldas
P
or volta das 7h da manhã da quinta-feira, 19 de setembro, cerca de 50 viaturas da Polícia Militar chegaram à comunidade José Rodrigues, localizada em Laranjal, região central do Paraná, para executar o despejo das famílias. Outros sete despejos semelhantes aconteceram ao longo do ano de 2019, com forte repressão policial contra famílias, crianças e idosos. A destruição da comunidade em Laranjal ocorreu poucos dias após uma reunião entre o governador Ratinho Junior e comissão de sete bispos e representantes da CNBB do Paraná, em que o governo se comprometeu com uma série de medidas. Segundo informações do Movimento Sem Terra (MST), houve compromisso de rever as ações de despejo, fortalecer a Comissão Estadual de Mediação de Conflitos Fundiário e criar a PUBLICIDADE
Desde 2016, mais de 50 famílias se instalaram em Laranjal e começaram a produção agrícola, após o governo federal declarar, em 2010, a área improdutiva e de interesse para reforma agrária.
DESPEJOS EM MASSA
Leandro Taques
Vara da Justiça para Mediações de Conflitos Agrários, prevista no artigo 126 da Constituição Federal. Porém, após essa reunião, mais dois despejos aconteceram, com descumprimento do pacto firmado. O agricultor José Damasceno, integrante da coordenação estadual do MST, considera que isso faz parte da judicialização da política que vem sendo feita no Brasil por parte da direita. “Isso se estende, por exemplo, para a
questão da reforma agrária, que é uma questão social. Um assunto que deveria ser decisão política, que deveria cumprir a Constituição de 1988, que fala em desapropriar terras improdutivas, colocar a terra a serviço da sociedade.” No caso do Paraná, Damasceno diz que a preocupação é maior. “O governo precisa rever esses despejos. O Estado despeja, deixa inúmeras famílias abandonadas e transfere o problema. Não resolve.”
Desde maio, mais de 450 famílias ocupantes de comunidades no interior foram despejadas, deixando produções agrícolas, moradias e trabalhos para trás, e atualmente encontram-se em situação de abandono. O Paraná conta com 143 territórios ocupados por camponeses, comunidades tradicionais e povos indígenas sem regularização definitiva. As ocupações de camponeses sem terra têm média de 10 a 15 anos, sendo algumas com mais de 20 e até 30 anos, com impacto social e econômico importantes, especialmente, pela produção de alimentos, que abastece as comunidades no entorno e escolas. Em Laranjal, por exemplo, segundo o MST, com o trabalho no campo, as famílias acampadas garantiam renda mensal de cerca de R$ 1.300, o que significava qualidade de vida gerada a partir do trabalho coletivo e do acesso à terra. Além disso, a comunidade passou a fomentar a economia local. Segundo o estudo realizado pela prefeitura municipal, a comunidade contribuía com R$ 1.782.430 no produto interno bruto do município. Recentemente o governador Ratinho Junior assinou o decreto do Plano de Introdução Progressiva de Produtos Orgânicos na Alimentação Escolar do Estado do Paraná. Grande parte desses alimentos, já usados na merenda escolar, vem da produção dos assentamentos agrícolas do Movimento Sem Terra. Com os despejos, toneladas de alimentos sem agrotóxicos deixarão de ser produzidos e entregues. Em nota enviada ao Brasil de Fato, o governo do Paraná disse que “não é o Poder Executivo quem determina a desocupação de áreas invadidas, e sim a Justiça. Em caso de necessidade, a Justiça solicita apoio ao aparato do Estado para ações de reintegração de posse.” E ainda que “tem sido feito, por parte do governo, todo o esforço para que as reintegrações de posse ou desocupações de áreas invadidas ocorram de forma pacífica e dentro da lei.”
Brasil de Fato PR
BrasilCultura de Fato PR 7
Paraná, 7 a 13 de novembro de 2019
Gibran Mendes Divulgação
Festival expõe documentários produzidos em universidades Todas as sessões têm entrada franca, com retirada de ingressos uma hora antes de cada sessão
Redação O Festival Internacional do Documentário Estudantil (Fidé) inicia sua quinta edição brasileira, de 7 a 10 de novembro, na Cinemateca de Curitiba, divulgando documentários produzidos em âmbito estudantil, em escolas, universidades e cursos livres do mundo todo. Este ano o número de filmes inscritos triplicou em relação às edições anteriores, chegando a mais de 600 trabalhos de estudan-
tes de todos os continentes. Destes, a equipe de curadoria selecionou 24 documentários de 13 países, a maioria inéditos no Brasil. “O festival dá visibilidade ao trabalho de jovens documentaristas e às suas respectivas instituições de ensino, contribuindo para o pensamento crítico, a formação de plateia e a difusão do documentário como um dos gêneros mais livres e inventivos do cinema contemporâneo”, informa a organização do evento.
Por Venâncio de Oliveira
Semelhantes
Início O evento começou na França em 2008, com um grupo de estudantes estrangeiros de mestrado em Cinema na Universidade Paris 8, que se reuniu para projetar documentários em um lençol branco em uma casa ocupada no subúrbio de Paris. Em 2012, o festival aconteceu pela primeira vez no Brasil, onde tem sido realizado em caráter bianual, com exibição na Cinemateca de Curitiba, pela Motim Comunicação e Arte.
DICAS MASTIGADAS
Farofa de couve e banana Ingredientes
Como preparar
2 colheres de sopa de óleo 1 cebola 2 dentes de alho 2-3 folhas de couve 2 bananas 1 xícara de farinha de mandioca fina 1 pimenta de cheiro Um punhado de coentro Sal e pimenta do reino a gosto
Pique a cebola, o alho, a pimenta de cheiro e o coentro. Retire o talo das folhas de couve e pique os dois separados. Em uma panela grande, aqueça o óleo. Doure a cebola e os talos de couve. Junte o alho e as folhas de couve e refogue até a couve murchar. Enquanto refoga os legumes, descasque e pique as bananas. Acrescente a banana e polvilhe a farinha por cima. Misture bem e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando, por mais dois minutos. Se quiser uma farofa mais seca é só juntar mais farinha. Tempere com sal e pimenta do reino. Desligue o fogo, acrescente o coentro e a pimenta de cheiro e misture bem.
Ele passava com seu grande e belo carro de Homem das armas. Insinuava-se com seu porte másculo. Suas estrelas ali a brotarem conquistas pomposas. Adversários um dia foram estraçalhados pelos seus dentes. Ah... eu me vejo naqueles olhos dilacerantes. Ele sou eu? Eu sou ele? Tentei me exibir para que ele entendesse essa semelhança secreta. “Sou igual a você!” tencionei gritar. Meu pelo luzia como seus óculos dourados, que convocam esta ordem autoritária de violência. Uivei! Lati. Corri. E fazia aquela pose para que ele me dissera: - Sim, de fato, meu caro presidente, somos tua matilha leal. Nisso, ele chegou e se aproximou do meu focinho. Lambeu-me. Corremos juntos pelos montes como bons predadores. Estaríamos sempre à espreita de alguma ordem para exterminar o inimigo oculto. Todo espectro de rebelião e justiça deveria ser estraçalhado pelos nossos dentes selvagens. E sim, ali poderíamos realizar todos nossos instintos vorazes.
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Brasil de Fato PR 8 Esportes
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Paraná, 7 a 13 de novembro de 2019
Final única da Libertadores muda para o Peru
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Flamengo e River Plate decidem trocar do jogo para o estádio Monumental, em Lima Frédi Vasconcelos
A
primeira vez em que a Libertadores será decidida em jogo único, num campo neutro, está envolvida em polêmica desde que começaram os protestos populares contra o governo do Chile. Num primeiro momento, tanto os chilenos quanto a confederação sul-americana, a Conmebol, mantiveram a partida para a capital, Santiago. Só que nesta quarta, dia 6, após reunião com os finalistas Flamengo e River Plate, foi anunciada a mudança de local de maneira improvisada. Mesmo sem ainda ter assinado contratos, Lima, no Peru, foi anunciada como nova sede, para o jogo que acontece no dia 23, no Estádio Monumental. O problema é que, em maio deste ano, Lima foi trocada por Assunção como sede da final da
Sul-Americana porque a Conmebol alegou falhas em “questões de organização”. Antes, optou por retirar o Mundial Sub-17 do país e transferir para o Brasil, onde está sendo realizado. Imprevistos Mas as confusões em finais de Libertadores não começaram neste ano. Em 2018, o
segundo jogo da final também teve de ser transferido de Buenos Aires para Madri depois que o ônibus em que estavam os jogadores do Boca Juniors foi atacado quando chegavam para o jogo no Monumental de Nuñez, campo do River Plate. Na final na capital espanhola, o River se sagrou campeão ganhando por 3 a 1.
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Breve giro O final do ano está próximo, mas ainda tem muita bola para rolar nos gramados. Nesta semana, trazemos algumas informações gerais para você não se perder nos jogos. Nos campos paulistanos, tivemos a primeira partida da “Final Majestosa”. O São Paulo recebeu o Corinthians – que chegou a mais uma final no ano – no Morumbi e foi um jogaço, com direito a bicicleta de Cris Rozeira. Mas quem saiu com a vantagem no placar foram as alvinegras. O jogo, que foi transmitido pela SporTV, bateu recorde de audiência, tendo mais espectadores que a Premier League, por exemplo. Em terras cariocas, as finais estaduais também estão definidas: um clássico FlaXFlu. O Flamengo/Marinha, depois de ser goleado por 4x1 pelo Botafogo, virou o placar ao vencer o segundo jogo por 7x2. Já o Fluminense despachou o Vasco. O tricolor venceu a partida inicial por 3x2 e, depois, garantiu a classificação com um empate por 1x1. Para fechar nosso giro, vamos até a China, onde a Seleção Brasileira já está se preparando para um torneio amistoso. A estreia será contra o Canadá na quinta-feira, dia 7.
O caminho é pelo Sul
Déjà-vu
Obrigado e boa sorte
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
Não existe atalho. Por paradoxal que possa parecer, para estar tranquilo em Salvador-BA contra o Vitória, na última rodada, é necessário que o Coritiba cumpra uma jornada meridional, trazendo do Sul pelo menos uma vitória. Voltar com 3 ou 4 pontos de sua viagem a Florianópolis-SC e Pelotas-RS, onde enfrenta Figueirense e Brasil, nas noites de 8 e 12 deste mês, será de suma importância para embalar a marcha rumo à primeira divisão. O departamento de Matemática da UFMG estima em 68,3% a probabilidade de o coxa-branca alcançar seu objetivo. A ciência, contudo, nem sempre leva em conta o fator humano: Rafinha, tecnicamente o mais qualificado atleta do Coritiba, estará disponível, se tanto, em um ou dois dos cinco jogos que restam. Caberá aos demais, organizados pelo técnico Jorginho, compensar essa ausência suando muito. Do Rio Grande à Bahia, onde se sagrou Campeão do Povo.
Foi bater o olho no confronto de sexta-feira, dia 8, diante do Vitória, que a mente já embarcou para 11 de julho de 1992. Mais especificamente para a cidade de Salvador, onde conquistamos nosso primeiro título nacional. Eram 60 mil baianos contra a gente. Na bagagem tínhamos a vantagem do empate, um time unido, um treineiro chamado Otacílio Gonçalves e dois cidadãos chamados Saulo e Maurílio. Seria a primeira vez entre tantas que o Paraná Clube chamaria a atenção do país. Reza a lenda que, naquele dia, o Otacílio Gonçalves, acostumado com longas preleções, disse poucas palavras aos jogadores no vestiário: “obrigado por me fazer campeão”. Em 2019 estamos longe do título, corremos por fora pelo acesso. Mas meu sentimento de gratidão é parecido. Obrigado por nos permitir sonhar, eu diria a esses jogadores.
O torcedor atleticano sofreu um choque de realidade com a decisão de Tiago Nunes trocar o Furacão pelo Corinthians. O clube mudou de patamar, consegue disputar com os grandes do Brasil e da América do Sul, mas ainda não consegue competir com o poderio financeiro do eixo Rio-SP. Já não precisamos mais vender nossas revelações para outro clube brasileiro antes que se transfira para o exterior, mas, com a austera (e correta) política de teto salarial, não tivemos como segurar o técnico mais cobiçado do Brasil. Fica um sentimento de frustração, pois as boas perspectivas para 2020 poderiam segurar o treinador. Mas ele fez uma opção. Por um salário (bem) maior e um novo desafio que pode colocá-lo entre os grandes técnicos do Brasil. Tiago Nunes não merece ser julgado. O técnico mais vitorioso da história do Athletico merece gratidão e o desejo de boa sorte.