Esportes | p.8
Pela soberania nacional! No dia 3 de outubro, aniversário da Petrobras, maior empresa pública brasileira, organizações de todo o país vão às ruas para defender empresas públicas, serviços mais baratos e um Estado a serviço dos interesses da população.
O título lá no estádio Colunista conta de onde viu o drible de Cirino
Reprodução | Athletico
PARANÁ
Ano 4
Edição 140
26 de setembro a 2 de outubro de 2019
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana Reprodução
EXCLUSIVO
Universidade demite professor por assédio sexual Denúncia | p. 4 e 5
ALUNAS CONTAM O QUE OCORREU ENTENDA O QUE É ASSÉDIO NA LEI CASO É INÉDITO EM UNIVERSIDADES FEDERAIS NO PR
Leandro Taques credito foto
Geral | p. 3
Indígenas são perseguidos
RATINHO JR. FAZ 7º DESPEJO DE SEMTERRA Bispos lançam nota contra reintegrações de posse Direitos | p.6
Número de assassinatos cresceu 22,7% em 2018
Cultura | p. 7
Programação pra criançada Sábado tem atividades gratuitas no Sesi Portão
Geral | p. 3
O roubo dos paraísos fiscais Recursos que podiam ir para saúde vão para fora do país
2 Opinião Brasil de Fato PR
Lei reduzirá qualidade do ensino superior no Paraná EDITORIAL
A
Lei Geral das Universidades (LGU), se aprovada, vai tornar as universidades paranaenses ainda mais precárias, com menos estrutura, recursos e redução do já debilitado quadro de professores. Nas eleições passadas, todos os candidatos, inclusive Ratinho Júnior, defenderam investimentos na área de educação. Mas a LGU significa o contrário. Após analisar conteúdo da minuta da lei, especialistas e profissionais da área se posicionaram contra, apontando que ela é inconstitucional e nociva. Por diminuir o poder de decisão das universidades e, principalmente, por piorar a relação professor-aluno, impactará diretamente na
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excelência do ensino. O governador Ratinho segue a linha do governo federal, que pretende estabelecer até 2020 o programa Future-se. Os dois projetos atendem exclusivamente à lógica do mercado: uma educação voltada a interesses individuais e particulares, perdendo seu objetivo nobre que é atender o conjunto da população. Queremos uma educação de qualidade, com boas salas de aula, equipamentos, professores qualificados e aumento do número de vagas? A Lei Geral das Universidades (LGU) representa o oposto dessa ideia: é o que há de pior para as universidades do Paraná.
SEMANA
Os inimigos criados por Jair Bolsonaro OPINIÃO
Pedro Carrano,
integrante do Brasil de Fato Paraná e da organização Consulta Popular
P
ara governar, Bolsonaro precisa manter grandes inimigos, internos e externos, para dar unidade à sua base social, mantê-la ativa e dar sentido a um governo que, diante da crise do capitalismo, não tem saída ou projeto a não ser um programa que não tem capacidade de reerguer a economia e gerar empregos. Esse inimigo precisa ser uma ameaça. Seja a ameaça da esquerda, materializada principalmente no PT, e também Cuba e Venezuela no plano internacional. Bolsonaro precisa de um inimigo diariamente a ser atacado e representado com rótulos. É um inimigo confrontado tanto até que não desperte mais empatia. Um inimigo que deve ser aniquilado. Esse é o perigo. Basta lembrar, por exemplo, os comentários de ódio sobre a jovem Ágatha nas páginas das celebridades que prestavam sentimentos à família. E também os comentários
quando Lula perdeu o neto. Bolsonaro escapou dos fatos e parecia estar delirando na Assembleia da ONU. Isso porque o “presidente” precisa de um inimigo que seja em parte um fantasma e que possa ser acionado no momento quando vende, no plano concreto, as empresas estatais, os recursos naturais e os direitos trabalhistas. Nesta hora, surgem ideias fantasmagóricas de “comunistas”, “kit gays”, “invasão sobre a Amazônia”. Ao mesmo tempo, ele busca também se apropriar e esvaziar pautas da esquerda. Ou alguém acha que ele liga mesmo para a soberania nacional? Seu governo é o oposto disso. Bolsonaro parece ser a cada dia o candidato a tentar acabar com os setores progressistas e democráticos. Certamente, não conseguirá. Mas os casos de criminalização já estão acontecendo pelo país. Da prisão de Lula a Preta Ferreira, a novos incidentes com a PM que vivenciamos em cada manifestação. Assassinatos de lideranças indígenas a crianças negras no Rio. A guerra está posta na mesa.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 140 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Fernando Lopez ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Edna dos Santos , Gibran Mendes e Leandro Taques DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 11 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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Paraná, 26 de setembro a 2 de outubro de 2019
FRASE DA SEMANA
Paraísos fiscais desviam R$ 2,7 trilhões dos lucros das multinacionais Já pensou se o excedente do lucro das multinacionais fosse parar na segurança, saúde e educação da população mundial? Os governos não precisariam aumentar tempo de contribuição da aposentadoria, reduzir direitos trabalhistas, querer cortar 13º salário, congelar reajuste do salário mínimo. É isso que se chama de distribuição de renda. Contudo, 40% dos lucros das multinacionais têm outros destinos. Eles alimentam paraísos fiscais como Mônaco, Bahamas e San Marino. De acordo com pesquisas das Universidades da Califórnia, Berkeley e da Universidade de Copenhague, em 2016, cerca de US$ 650 bilhões de dólares foram transferidos para paraísos fiscais. Isso representa R$ 2,7 trilhões. Como comparação, o PIB do Brasil em 2018 foi de R$ 6,8 trilhões. |Para os pesquisadores, “as empresas multinacionais transferem lucros para paraísos fiscais para reduzir suas contas fiscais globais”. De acordo com o mapa produzido no site missingprofits.world, “o Brasil perde 10% de sua receita tributária por causa desses paraísos fiscais”, cerca de US$ 5,8 bilhões (R$ 24 bilhões) sendo que a maior parte vai parar em paraísos na União Europeia e em Bermudas, Caribe, Porto Rico.
“Não teve tiroteio nenhum”
Relatório do Cimi evidencia ofensiva aos povos indígenas
Afirma motorista da kombi onde a menina Ágatha, de 8 anos, foi atingida por um tiro de fuzil e morreu. E complementou: “Falou que foi tiroteio de todos os lados. É mentira, é mentira!”
Reprodução
No dia 3 de outubro, sociedade luta contra privatizações Redação No dia 3 de outubro, acontece em todo o país e em Curitiba um ato em defesa da Petrobrás e também da soberania nacional. Em vista dos riscos de venda de empresas nacionais para grupos estrangeiros, caso da Eletrobras, Petrobras e Correios, a bandeira da soberania nacional vem ganhando força. Porém, o que significa defender a soberania nacional? Em programa de entrevista do Brasil de Fato Paraná, foram ouvidos especialistas dos setores de energia elétrica e petroquímico, para concluir que soberania nacional significa o controle e planejamento dos recursos e empresas nacionais. “Quando se privatiza a empresa, no setor de fertilizantes foi todo privatizado nos anos 90, e o que aconteceu? Houve cresci-
No Paraná, Sanepar e Copel transferem 50% dos lucros para a mão dos seus acionistas, boa parte privados. A conta de luz aumentou 450% nos últimos anos, a de água também, com as privatizações” mento da empresa? Nenhum”, exemplifica Santiago Santos, petroquímico e diretor do Sindiquímica. Soberania sobre a energia Hoje, o governo do Paraná busca privatizar a Copel Telecom, ao lado da Companhia Paranaense de Gás (Compagás). Tal fato
é analisado como uma entrega de empresa lucrativa, com eficiência tecnológica e que atende todas as cidades do estado. “Com cinismo dizem que a Copel Telecom será mais eficiente nas mãos da iniciativa privada, mas na verdade ela vai deixar de existir”, aponta Cícero Martins, do Fórum em Defesa da Copel Telecom. O problema central é que, uma vez com a iniciativa privada, o objetivo da empresa deixa de ser o interesse público. “A privatização encarece o custo de vida dos trabalhadores brasileiros. No Paraná, Sanepar e Copel transferiam lucros aos seus acionistas em torno de 25% até 2011. Hoje, 50% acaba indo para a mão dos seus acionistas, boa parte privados. A conta de luz aumentou 450% nos últimos anos, a de água também, com as privatizações”, critica Robson Formica, do MAB.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou no dia 24, em Brasília, o relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil – dados de 2018. O documento sistematiza os tipos de violência que acometem povos e comunidades no país. Os dados apontam crescimento de 22,7% no número de assassinatos de indígenas. Foram 135 mortes em 2018, enquanto em 2017 foram 110. Os estados com maiores registros foram Roraima (62) e Mato Grosso do Sul (38). No Paraná foram 8 mortes de indígenas em 2018, sendo três delas por assassinatos. As outras cinco mortes foram ocasionadas por atropelamentos. Ainda em relação aos números estaduais, o relatório aponta seis tentativas de assassinatos, um caso e abuso do poder, um de racismo e discriminação, um caso de lesão corporal grave, um caso de estupro, quatro casos de desassistência e omissão do poder público e sete de mortalidade infantil. Os casos no Paraná concentram-se na região Oeste, palco de conflitos históricos entre os povos Avá-Guarani e setores ruralistas. O documento do Cimi aponta que o grande problema segue sendo a omissão e morosidade na regularização de terras. Existem 40 áreas nesta situação em todo Paraná, boa parte delas entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa.
Paraná, 26 de setembro a 2 de outubro de 2019
4 | Denúncia
Brasil de Fato PR
Paraná, 26 de setembro a 2 de outubro de 2019
Professor é demitido por assédio em universidade federal no Paraná Irã Dudeque era professor no curso de Arquitetura e Urbanismo na UTFPR. Caso vinha desde 2017 Redação
F
oi publicada no Diário Oficial da União, no começo deste mês, a exoneração do professor Irã Taborda Dudeque, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Na portaria assinada pelo reitor da instituição, o motivo da demissão é “por prática de assédio” (veja reprodução ao lado). A reportagem do Brasil de Fato Paraná apurou que o caso é ligado a assédio sexual denunciado por alunas em outubro de 2017, após viagem feita a Ouro Preto (MG) e outras cidades históricas por uma turma do curso, em que o professor era o responsável. Segundo entrevistas, teria chegado embriagado a uma festa, feito perguntas íntimas sobre suas vidas sexuais, além de passar a mão em partes de seus corpos (leia os depoimentos na página ao lado).
Reprodução
Alguns dias após essa viagem, as alunas procuraram a comissão de ética da universidade, foram aconselhadas a fazer o relato do que aconteceu por escrito. Cinco alunas mandaram seus depoimentos, duas haviam sido assediadas, duas as tinham apoiado e conheciam outros casos de assédio do mesmo professor, além de outra que preferiu ficar anônima, mas também passou por constrangimento com Irã numa festa de calouros em 2015. Após essas denúncias, foi aberta comissão de sindicância para avaliar o que ocorrera, que sugeriu a abertura de processo administrativo. Após a convocação de testemunhas dos dois lados, a comissão processante indicou a demissão do professor, após dois anos de investigações, o que foi concretizado pela portaria assinada pelo reitor, no primeiro caso de demissão por assédio sexual em universidade federal do Paraná. Reprodução
OUTRO LADO A reportagem entrou em contato com o professor em seu número de telefone. A ligação não foi atendida e ocorreu novo contato via mensagem de WhatsApp, explicando o teor da reportagem e se gostaria de dar sua versão. A mensagem foi visualizada, porém não respondida. Ao final da tarde, quando uma terceira tentativa de contato seria feita, o número utilizado pela redação foi bloqueado. O jornal está à disposição para que apresente sua versão dos fatos.
UTFPR NÃO SE MANIFESTA Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do campus Curitiba da UTFPR afirmou que não iria se pronunciar sobre o caso. Mas o BDF apurou que, além da exoneração, o processo foi enviado para o Ministério Público.
SINDICATO FOI PROCURADO O Sindicato dos professores da UTFPR (Sindiutfpr) foi procurado por Irã Dudeque, que consultou um advogado da entidade, mas preferiu ser representado por um defensor particular durante o processo.
DENUNCIE ASSÉDIO SEXUAL Ligue para o telefone da Polícia Militar (190) ou para o Disque Mulher (190
Alunas relatam o assédio sexual Reportagem entrevistou pessoas que fizeram a denúncia contra o professor Irã. Acompanhe trechos do que disseram. Os nomes serão preservados para que não sofram constrangimentos PERGUNTAS ÍNTIMAS E PASSAVA A MÃO Comigo aconteceu em 15 de setembro de 2017. Irã se sentou do meu lado. Inicialmente foi uma conversa normal, depois começou a fazer perguntas bem invasivas: ‘se eu tinha namorado?’ ‘Como era nossa relação?’ ‘Ele beija o seu pescoço?’, ‘Ele te pega pela frente ou por trás?’... Fiquei constrangida, mas tentei desviar o assunto. Continuamos conversando, mas, num certo momento, “esbarrou” a mão na minha coxa e chegou a fazer um comentário sobre minha pele estar fria. Achei que tinha sido sem querer e não me importei. Depois, aproximou a mão e começou a passar e apertar minha coxa de novo. Falei que aquilo era estranho e era pra parar. Ele disse que ‘coisas estranhas acontecem em Minas’, mas o assunto mudou. Depois de um tempo falou algo como ‘nunca, nem em 1 milhão de anos eu vou poder tocar sua coxa?’, insinuando que ia me tocar de novo... Depois de um momento de conversa, colocou a mão bem ao lado da minha perna e começou a acariciar com a parte de trás. Falei pra parar, porque aquilo era errado. Ele não me respeitou e continuou passando a mão. Falei de novo pra parar. Ele fez sinal de ‘silêncio’ com o dedo na boca, dizendo que não era pra eu gritar nem fazer escândalo...” Dei um jeito de sair de lá com amigas que passavam.”
DANÇA E PERGUNTAS ÍNTIMAS Em setembro de 2017 eu estava no quarto período e não era mais aluna do professor Irã. Ele sempre organizava uma viagem por ano por conta da questão histórica/arquitetônica. Fui para Ouro Preto e cidades históricas, e a gente ficava hospedada numa república masculina. No primeiro dia em Ouro Preto teve uma festa. O professor chegou completamente embriagado. Assim que me viu veio em minha direção, me abraçou, em seguida escolheu uma música e me chamou pra dançar. Aceitei constrangida, mas até então era uma situação amigável. Enquanto a gente dançava ele pedia que eu me soltasse, que me aproximasse mais, passava a mão em mim, pedia que me soltasse e ficasse mais “tranquila” enquanto eu mostrava meu desconforto. Soltei-me dele e desci para outro ambiente. Ele me avistou novamente, sentou do meu lado, bem próximo, começou a fazer perguntas pessoais, bastante íntimas. Ao mesmo tempo que se aproximava muito perto do meu rosto. Vi uma amiga passando e pedi para que sentasse perto de mim. Mas continuou falando de conquista, paixão, começou a me cantar. Estava totalmente desconfortável e me retirei dali.
Colocou a mão na minha perna e começou a acariciar. Falei pra parar. Continuou. Falei de novo pra parar. Fez sinal de “silêncio” e disse que não era pra eu gritar nem fazer escândalo...”
OUTRA VIAGEM Alguns semestres atrás fui a uma das viagens do curso para Minas Gerais, organizada pelo professor Irã. A hospedagem era numa república masculina em Ouro Preto, o que não configura em si um problema. A não ser pelo posicionamento estranho do professor, na época, que fazia a descrição para os moradores de cada menina que passava: ‘essa é solteira’, ‘essa outra também’. Lembro que quando eu passei, disse ‘essa aí não pode, pertence a tal garoto que está na viagem’. Essa atitude é bastante inapropriada, e faz parecer que nós meninas estávamos servindo de moeda de troca entre o professor e os donos da hospedagem...
Denúncia | 5
QUE DIREITO
É ESSE? Naiara Bittecourt
O que é assédio sexual Insultos, piadas, violência física e psicológica, contatos indesejados, convites constantes, ameaças, constrangimentos, comentários, perseguições reais ou virtuais, mensagens ou desenhos obscenos, conversas de natureza sexual. Tudo isso pode ser considerado assédio sexual, que é enquadrado no Código Penal como o constrangimento de alguém. Assim, o assédio sexual está ligado ao poder e, nessa sociedade, atinge violentamente as mulheres. Em pesquisa do Datafolha, de 2017, 15% das mulheres brasileiras sofreram assédio sexual no local de trabalho e 4 em cada 10 mulheres já sofreram algum tipo de assédio, especialmente no transporte público. Infelizmente comum, assédio sexual é crime, motivo para demissão por justa causa, pode implicar exoneração de servidor público. O assédio sexual é sobretudo inaceitável, de forma que ultrapassa o âmbito privado e deve ser afastado mediante políticas públicas de conscientização e repúdio de tais práticas, com orientações e protocolos tanto nos órgãos estatais, como em empresas privadas, fiscalizadas pelo poder público. *Naiara Bittecourt é mestre e Doutoranda em Direito pela UFPR
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Brasil de Fato PR
Paraná, 26 de setembro a 2 de outubro de 2019
Despejo destrói comunidade de 54 famílias acampadas em Laranjal, no interior do Paraná Leandro Taques
Redação,
com informações do MST-PR
O
presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira, negou o pedido da prefeitura de Laranjal, no interior do Paraná, para suspensão de uma ordem de despejo, e com isso a Polícia Militar de Ratinho Júnior desalojou mais de 160 pessoas que viviam e produziam na comunidade José Rodrigues desde 2016. PUBLICIDADE
A terra estava ocupada pelas famílias desde que o governo federal a declarou como de interesse social para fins de reforma agrária, com base na avaliação de improdutividade feita pelo Incra, em 2010. Além de improdutiva, a Fazenda Prudentina, de 852,9 hectares, não tinha nenhum morador. “O poder público local manifestou-se e apresentou dados da importância da comunidade para a economia local. O comércio da cidade tinha re-
lação direta com as famílias e também se posicionou contra o despejo. O Ministério Público emitiu parecer favorável ao pedido de suspensão. Estranhamos essa pressa da Polícia Militar, de forma institucional, se oferecer ao Poder Judiciário para despejar uma área sobre a qual ainda havia outras soluções a serem construídas”, diz Roberto Baggio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ratinho Jr. descumpre acordos Este é o sétimo despejo de famílias sem-terra executado no Paraná desde o início da gestão de Ratinho Junior à frente do governo do estado e de Jair Bolsonaro na presidência. A destruição da comunidade José Rodrigues ocorreu poucos dias após uma reunião entre o governador e uma comissão de sete bispos e representantes da CNBB do Paraná, em que foram pactuados compromissos do Estado com relação às inúmeras ameaças de reintegração de posse.
Edna dos Santos
Em nota, bispos mostram preocupação com despejos de comunidades rurais Redação, com
informações do MST-PR
Bispos do Paraná, integrantes da Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiram uma nota sobre os conflitos fundiários ocorridos no campo paranaense. O documento veio a público no dia 23, três dias após a consumação do sétimo despejo de famílias Sem Terra no estado, ocorrido no município de Laranjal. Desde maio deste ano, 457 famílias tiveram suas comunidades destruídas. Os religiosos indicam “preocupação e solidariedade para com as famílias e comunidades, gente digna e laboriosa, que passam por sérias tensões e inseguranças, em função dos sucessivos mandados judiciais de reintegração de posse [...]” nas áreas onde vivem. É a segunda vez neste ano que os bis-
pos do Paraná se manifestam publicamente contra as reintegrações de posse. A primeira nota criticou a destruição da comunidade Quilombo dos Palmares, no dia 30 de julho, em Lerroville, área rural de Londrina, onde viviam 167 famílias. Para além das centenas de pessoas que perderam suas moradias e a terra de onde tiravam o sustento, os bispos reforçaram que esse é o contexto de outras 7 mil famílias - 25 mil pessoas, entre homens, mulheres, idosos, adolescentes, crianças e pessoas com deficiência. Como saída para os conflitos, os representantes do CNBB pedem ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para que institua a “Vara de Conflitos Fundiários” e destine juízes para dirimir os conflitos e encontrar vias de soluções jurídicas para as diversas áreas em processo de negociação.
Brasil de Fato PR
Cultura Brasil de| 7Fato PR
Paraná, 26 de setembro a 2 de outubro de 2019
Gibran Mendes
Tardes Brincantes para a garotada Contação de história, oficina e peça sobre Carmen Miranda estão na programação Divulgação
Por Fernando Lopez
Um negócio dos EUA O mito ofendeu os árabes, europeus, africanos, argentinos, chineses, chilenos...! Não tem problema, a gente agora é parça do Trump, vamos fazer “business com os states”. - Eba! Então vamos vender manufaturados pra eles? - Não. Não temos qualidade nem preço. - Vamos vender soja? - Não, eles competem com a gente. - Carne? - Competidor... - Milho? - Produzem mais que a gente. - Serviços? - Não temos nada competitivo na
área, sem contar a limitação do idioma. - Já sei! Avião! Nossa indústria aeronáutica é boa. - Era. Eles compraram a fábrica. - Carros? - Não. - Frutas? - Talvez uns abacates. - Pô, então pra que serve essa parceria? - Serve pra eles poderem exportar etanol pra cá, sem imposto. - Mito! Golaço! Vai baixar o preço do álcool! - Não... o etanol deles é mais caro que o nosso...
DICAS MASTIGADAS Ana Carolina Caldas No próximo sábado, dia 28, das 14h às 18h, o Teatro Sesi Portão recebe mais uma vez o projeto “Tardes Brincantes”. A programação, que é gratuita, inclui contação de histórias, oficinas e teatro. Das 14h às 15h, o cantador de histórias Rodrigo Hayalla apresentará textos do livro “Histórias à Brasileira”, de Ana Maria Machado, que serão contados de forma lúdica, com efeitos musicais a partir de instrumentos artesanais. A partir das 15h será a vez da Oficina “Construindo o Boi”, com Ali Freyer, que vai apresentar a narrativa “O Boi de Catirina”, de Ilan Brenman. A atividade vai mesclar dança, jogos e a construção de um boi de sucata. Para finalizar a tarde, das 16h às 17h, os presentes poderão assistir o espetáculo teatral “O que é que a Maria tem?“, da Cia Analgésica. A história é sobre a vida de Carmem Miranda, que se chamava
Maria. Uma das principais artistas do século 20, Carmen é um nome importantíssimo para a construção e discussão de uma identidade brasileira, e vários elementos de sua biografia são apropriados para a construção dessa peça da Cia Analgésica, um espetáculo cheio de cor e música, que mescla a presença de atores e bonecos que exigem técnicas diversas de manipulação.
Filé de salmão ao forno
Ingredientes 500 gramas de filé de salmão; Azeitonas fatiadas sem caroço; Orégano a gosto; Três colheres de sopa de molho de soja (shoyu); Sal a gosto; Azeite a gosto; Limão; Papel alumínio; 1/2 cebola fatiada.
Divulgação
Para ficar por dentro Onde: Teatro Sesi Portão, Rua Padre Leonardo Nunes, 180. Quando: 28 de setembro, das 14h às 18h Classificação: livre Quanto: gratuito, retirar ingresso com 1 hora de antecedência
Como fazer Lave o salmão com suco de limão. Aqueça o azeite e adicione a cebola fatiada, deixando no fogo até que fique transparente. Reserve. Cubra uma assadeira com papel alumínio de maneira que a sobra dê para forrar todo o peixe. Sobre o papel alumínio na assadeira, coloque o peixe já temperado com sal, regue com azeite e shoyu. Decore com fatias de azeitonas e um pouco de orégano. Despeje a cebola por cima. Embrulhe com o papel alumínio, de maneira que o líquido não derrame quando começar a esquentar. Leve ao forno médio para assar por cerca de 30 minutos. Sirva com legumes e salada verde.
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Paraná, 26 de setembro a 2 de outubro de 2019
Só eu sei por que não fico em casa Colunista do Athetico do Brasil de Fato narra como foi viajar e assistir à conquista da Copa do Brasil
Rômulo Cornelsen Teixeira
Roger Pereira
V
iajar para ver o Furacão sempre foi um dos passatempos preferidos. Depois de estar em São Caetano naquele 23 de dezembro de 2001, coloquei na cabeça que não perderia uma decisão do Atlético. Desde então, sempre com o mesmo grupo de amigos, estivemos em alguns jogos em São Paulo e Campinas no Brasileirão de 2004; no Beira-Rio e Morumbi, na Libertadores de 2005; em Paranaguá e Joinville, quando estivemos sem nossa Baixada; e no Maracanã, na Copa do Brasil de 2013. Desde São Caetano, no entanto, não íamos com vantagem para a decisão, o que deixou a confiança lá em cima. Saímos na madrugada, de carro e chegamos a Porto Alegre na hora do almoço. O clima foi espetacular. Circulamos pela cidade com nossas camisas rubro-negras, sendo respeitados por colorados e incentivados por gremistas. Chegamos com tranquilidade ao estádio. E o que vivemos nas 5 horas dentro do Beira Rio foi mágico. Sofremos com a pressão inicial do In-
ter, mas sentimos que as lições das derrotas anteriores foram assimiladas e vimos o “time mais argentino do Brasil” controlar o jogo, ser implacável no único ataque do primeiro tempo e fazer um segundo tempo impecável. O nervosismo persistiu até o último minuto, pois eles jogavam por um gol, mas a sensação era de que aquele título não escaparia. E, para coroar, para mostrar claro que não podemos mesmo ficar em casa em jogos como esse, fomos
coroados com a jogada do Cirino, bem no canto do estádio onde estávamos posicionados, fazendo tudo valer a pena. Festa completa de 2,3 mil atleticanos que representavam 2 milhões. Mais 800 quilômetros de estrada para chegar em Curitiba na tarde seguinte e participar da festa na Baixada. Agora é curtir de sangue doce esse restinho de ano e preparar o bolso para a próxima viagem, porque, Libertadores, estamos chegando...
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Sobre conquistas e conquistas Nós adoramos histórias de superação e o futebol é recheado delas, por isso, nesta semana gostaríamos de exaltar algumas conquistas do futebol de mulheres. A primeira, mais tradicional, foi a conquista de um torneio. A Seleção Brasileira, agora sob a batuta de Jonas Urias, venceu a Liga Sul-Americana sub-19. Derrotou todas as adversárias: Argentina, Chile, Bolívia e Uruguai por goleadas. O treinador ficou satisfeito, mas disse que esse é só o começo. A segunda veio com Megan Rapinoe, a estadunidense foi eleita a melhor jogadora pela FIFA. Conquista para lá de merecida e o discurso veio à altura. Rapinoe não deixou de se posicionar em prol das minorias e lembrou a força do futebol para mudar o mundo. Ainda na premiação da Fifa, a palmeirense Silva Greco e o filho Nickollas foram homenageados com o “Fan awards”, a mãe sempre narra do estádio os jogos do Verdão para ele. Por fim, lembramos da contratação de Mayara Bordin, ex-jogadora da seleção, para trabalhar na supervisão administrativa do time masculino do Athlético, mais um espaço ocupado por mulheres!
Júlio Rusch já!
Alguém para chamar de Cristo
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Em 10º lugar na Série B, o alviverde vai a campo no Couto Pereira às 16h30 do sábado (28/09) pressionado. Mais que os atletas, só mesmo a diretoria, alvo de protestos pacíficos, mas veementes, de torcedores na sede do clube nesta semana. O único sobre o qual as cobranças não são imediatas é Jorginho, treinador recém-contratado. Mudanças na equipe são necessárias – não há quem discorde. São seis jogos sem vencer. Causa estranheza o não aproveitamento de um volante daqueles raros que sabem “sair jogando”, no jargão do futebol: Júlio Rusch. Não é comum que, em 18 jogos, um jogador de contenção faça três gols e dê três assistências. É a performance dele no Figueirense. No Coxa, em 31 jogos como profissional, deu 7 assistências e anotou 3 gols. Foi dele, inclusive, em magistral cobrança de falta, o da vitória em Atletiba do ano passado. Sua ausência não faz o menor sentido.
Parcela da torcida paranista acredita que a culpa pelo Paraná não estar entre os quatro primeiros da Série B é do técnico Matheus Costa. O estagiário, como gostam de chamar, não teria experiência e seria conservador na forma como vê o futebol. Críticas sempre devem existir. O que é inadmissível é que se tente atribuir a uma pessoa a culpa por problemas muito maiores vividos pelo clube. Especialmente quando falamos do técnico do acesso em 2017. Cansados de tentar minar a imagem do presidente do clube, parcela da torcida quer crucificar o treinador. Mesmo com toda a dificuldade financeira e limitações técnicas existentes no elenco. Quando se usa a imagem do Matheus para criticar a gestão, está se fugindo do foco. Se existe convicção de que o caminho está equivocado, que se organize uma força política dentro do clube. Mas algo além da “cornetagem” nas redes sociais.