Brasil Music Exchange 2012

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Brasil Music Exchange

Edição 2012

O Brasil Music Exchange, projeto conduzido pela BM&A e a APEX-Brasil, procura estimular, como diz o próprio nome, atividades e trocas de experiências no mercado musical. Com uma equipe especializada composta por profissionais da BM&A e uma extensa lista de contatos, o Brasil Music Exchange traz ao cenário musical uma nova visão de negócios, viabilizando ações voltadas para o desenvolvimento potencial do mercado.

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Promover a música do Brasil no exterior é, desde 2010, a missão do Brasil Music Exchange. Desenvolvido pela associação BM&A - Brasil Música e Artes, em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o projeto visa à divulgação mundial mais efetiva, constante e consistente da música brasileira. O Brasil Music Exchange vem atuando como um facilitador na comunicação entre as empresas, artistas e produtores nacionais e internacionais. Funciona como uma “ponte” para que os empresários possam dar início ao projeto de uma carreira internacional. A ideia não é patrocinar os empresários ou artistas. A intenção é criar atores no mercado para que eles gerem seus próprios negócios. O projeto participa atualmente de 14 feiras internacionais, possibilitando a apresentação de diversos artistas brasileiros; produz e distribui CDs promocionais, com conteúdo exclusivamente nacional; viabiliza a vinda de profissionais de mídia e compradores internacionais ao Brasil, para o encontro com produtores musicais brasileiros e artistas; realiza seminários de sensibilização e workshops; produção de duas newsletters (nacional e internacional) com informações sobre o mercado musical; e conta com o trabalho de três consultores internacionais instalados na Europa e nos EUA.

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Juan Corral fala sobre Turnês Internacionais O empresário Juan Corral começou a trabalhar cedo com o mercado musical. Aos 17 anos viu um anúncio no jornal que chamou sua atenção. Uma vaga de emprego na Hellion Records cujo requisito principal era gostar de música. Não teve dúvidas, enviou seu currículo e conquistou a vaga. Depois disso passou pela Century Media Records, multinacional na qual atuou com vendas internacionais, e montou sua própria produtora, a Dusk Till Dawn Agency -­‐ que licenciou álbuns para o Japão, Rússia e México, e atuou como management de bandas como Aquaria, Tribuzy e a lendária paulista Korzus. Foi convidado para fazer parte da equipe da Base 2 Produções, onde foi agente de vendas e produtor de estrada de bandas como Sepultura, Forgotten Boys, Massacration e Ratos de Porão. No Tom Brasil, Corral coordenou diversos eventos corporativos e shows de grandes artistas, como Chico Buarque, Roberto Carlos, Marisa Monte, Deep Purple, Daft Punk, Yeah Yeah Yeahs e Ana Carolina. Com essa experiência, Corral passou a conhecer não só o mercado internacional com o qual estava acostumado, como também o nacional, o que o levou, em 2008, a ser convidado para ser o responsável pela produção geral e pelo desenvolvimento do festival Maquinaria Rock Fest – que acabou se transformando no SWU.

Agora, contribuindo com a Agência Produtora, atua no agenciamento, gerenciamento e A&R de artistas e bandas, como Funk Como Le Gusta, João Donato, Chico Teixeira e Tiê. Com esta última, aliás, fez uma turnê pelos Estados Unidos e América do Sul, como nos conta na entrevista abaixo. Corral fala ainda sobre como planejar, qual a hora certa para cair na estrada, como fazer a divulgação de uma turnê no exterior e muito mais. Por quais países a Tiê passou nessa última turnê? EUA, sendo um show no Texas pelo festival SXSW (South by Southwest), um em Nova York no clube Nublu -­‐ que tem um perfil muito legal e um histórico forte com artistas brasileiros, onde, toda quarta, se apresenta o forró in the dark, que é composta por brasileiros radicados em Nova York -­‐ e logo depois, na América do Sul, fizemos Chile, Argentina e Uruguai. Todo artista deve fazer uma turnê fora do país? Sem dúvidas. Além dessa experiência valorizar o artista dentro do próprio país – afinal, o brasileiro é um povo que olha muito mais pra fora do que pra dentro -­‐ o próprio artista vê outras realidades, outros mercados e começa a olhar o próprio trabalho de forma diferente. Há também o fator da troca cultural com os artistas locais, o que gera uma "amizade musical", por assim se dizer, no qual o público é o principal beneficiado. E qual é o momento certo para o artista brasileiro fazer uma turnê internacional?

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Não tem uma definição exata do momento certo, mas eu diria que o ideal é quando o artista tem uma gravadora ou selo lançando seu material. A apresentação serviria para ajudar na divulgação e vendas nos shows, aproveitando para fazer toda a promoção nas mídias com o artista pessoalmente.

Acredito que os editais sejam os melhores para este tipo de trabalho com artistas nacionais, pois pelo que tenho acompanhado, os modelos de crowdfunding estão muito mais ligados a artistas internacionais. Até o momento não consegui visualizar algum que seja 100% para artistas nacionais e tenha funcionado devidamente.

Em sua opinião, como deve ser o planejamento de uma turnê? Há perspectivas sobre quanto tempo de antecedência se deve planejar, qual é o orçamento básico e como calcular isso?

Como, normalmente, o artista não é tão conhecido lá fora como é aqui, o investimento em divulgação tem que ser muito maior? Que tipo de coisa é preciso fazer (que não se faz aqui)?

No mínimo seis meses antes das datas é o ideal, mas também às vezes tudo acaba acontecendo por oportunidades de shows de última hora. São nestes momentos que as contas aumentam vertiginosamente. O orçamento depende muito de que tipo de show ou proposta ou orçamento o artista tem para se apresentar. Normalmente temos garantidos os custos e necessidades básicas para realizar as apresentações, mas em casos de festivais, como o SXSW, em que o artista tem que se bancar 100%, o básico começaria logicamente com passaportes -­‐ como verificar se todos os integrantes possuem passaporte válido e dentro das normas necessárias. Na sequência, os vistos, o que é essencial que seja feito com muito tempo de antecedência para o caso de eventuais contratempos. Depois passagens aéreas, hospedagem, backline local, alimentação e traslados.

É importante, principalmente, a divulgação nas mídias sociais, como facebook, twitter entre outros, pois pensar em investir dinheiro em divulgação nestes lugares é difícil -­‐ até porque o retorno é mais de vendas de merchandising do que outra coisa, dependendo da proposta. O ideal é investir no intercâmbio cultural entre artistas destes lugares antes de viajar. Sendo assim, o artista nacional acaba sendo indicado por outro artista internacional que já tem um público formatado, o que acaba gerando uma repercussão dentro do meio.

Com a internet, as opções de financiamento de uma turnê se tornou mais real do que a alguns anos. Um exemplo disso é o crowdfunding. O que você acha dessas opções?

Em que mercados há mais espaço para os artistas brasileiros hoje em dia? Há lugares onde a música nacional penetra mais facilmente? Os mercados europeu, americano e asiático estão em recessão. Qualquer tipo de ação para estes lugares acabam não tendo o mesmo resultado que havia antes da crise. Um dado relevante é que o momento agora é da América do Sul, sendo os maiores mercados do momento Brasil, Chile, Argentina e Colômbia, nesta ordem. O mercado esta voltando a atenção completamente para o Brasil, e isso vai ficar

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cada vez mais acentuado com a chegada das Olimpíadas e Copa do Mundo. Para o artista independente, fazer uma turnê internacional é um passo muito arriscado? É um investimento futuro. Não é possível lucrar nas primeiras empreitadas pra fora se não for o merchandising, se der empate já é algo muito bom. E isto acontece também com os artistas internacionais novos, então nunca consegui ver isto como um investimento negativo, a experiência sempre vale o risco. E sobre a Tiê, já estão colhendo resultados da última turnê? Qual foi o balanço geral? SXSW foi, mais do que outra coisa, uma vitrine. No entanto, na América do Sul, tivemos ótima resposta de público no Chile e na Argentina. Já no Uruguai a Tiê tem um nome forte por ter feito 4 shows por lá e cada vez melhor, fizemos 2 shows sold out nesta última tour.

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Entrevista: Johannes Theurer

Johannes Theurer é um experiente editor e produtor de rádio em Berlin, presidente da “World Music Workshop of the European Broadcasting Union” (a maior associação de emissoras do serviço público), editor da “World Music Charts Europe” (que reúne 46 locutores de rádio em 24 países) e curador do catálogo de música online dismarc.org. Contato: Johannes.Theurer@rbb-­‐online.de O quão interessante é a música brasileira para os jornalistas de música e estações de rádio alemãs? Temos que dividir os meios de comunicação em duas áreas principais, o interesse especial e o “mainstream”. Produtores de programas de interesse especial podem querer acompanhar as tendências no Brasil. Em particular, artistas do jazz ou da world music se sentem obrigados a tocar música brasileira de tempos em tempos. Gravadoras

independentes têm uma boa oportunidade de serem ouvidas e de serem descobertas no ar. DJ Dolores, Nação Zumbi, Lenine e outros encontram atenção nesses nichos. Mas será que eles também encontrarão um lugar para transmissão? Eles têm que dividir um espaço muito limitado com muitas outras nações da África, América e Ásia, mais um monte de gravações do circuito alternativo da Europa. A competição é dura.

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Nos principais programas a imagem do Brasil ainda se caracteriza por Bossa Nova. Desde que a Lambada aconteceu, Getz / Gilberto é, talvez, a música brasileira mais tocada nas rádios mainstream. Ao mesmo tempo megastars como Ivete Sangalo são quase desconhecidos na Alemanha. Bebel Gilberto ou CEU têm suas oportunidades como os modernos pós-­‐Bossa. O que os músicos brasileiros podem fazer para atrair o interesse da mídia alemã? Prepare-­‐se para jornalistas que não falam português. Suas informações precisam estar em inglês, alemão seria ainda melhor. Se você tiver uma mensagem, formate-­‐a. Não gaste muito tempo com o pessoal de mídia para traduzir sua história. Deixe-­‐a curta e simples! Se você tiver um link com Jobim, Gil ou outros clássicos, diga. Compare a sua música a outras tendências globais, não apenas a fenômenos regionais brasileiros. Não há necessidade de enviar presentes, jabá é praticamente desconhecido na Alemanha. Contate pessoas que falam inglês ou alemão, elas reagirão instantaneamente. Sua música pode ser ouvida com mais curiosidade se ela vier como parte de uma história geral, por exemplo, se tratar de futebol, carnaval ou Amazonas. Se uma banda está em turnê, ela pode se tornar interessante para a editoria de cultura como informação atual (mas apenas por um período muito limitado). Seu ponto de acesso para a Alemanha pode ser o seu produtor, que organiza uma turnê. Ele vai reportar à mídia local de acordo com suas experiências, ou o seu selo pode enviar seus CDs para jornalistas selecionados, como os apresentadores de rádio no júri do World Music Charts Europe, que há mais de 21 anos de existência já se tornou uma

influente rede para caçar talentos do mundo todo. Se você ler uma boa história sobre o Brasil em um jornal, dê um google no autor e entre em contato direto com ele em vez de enviar os seus CDs para o escritório editorial. Além disso, você pode optar por contratar um promotor de mídia, mas certifique-­‐se de que você concorda com uma estratégia que é entendida por ambos os lados da mesma maneira antes de começar. Contratar um promotor não sai barato, mas pode ser uma boa escolha se você realmente deseja alcançar algum status. Qual a importância dos meios digitais para promover artistas na Alemanha / Europa? As pessoas devem também usar os elementos tradicionais, como CD ou publicidade impressa? Se você quiser construir o nome de um artista, você tem que considerar que a promoção e divulgação online valem muito. Mas quanto peso isso realmente terá? Você nunca sabe. Enquanto blogueiros vão gostar de citar uma declaração de mídia impressa ou rádio do Reino Unido ou dos Estados Unidos, eles dificilmente serão citados de volta nas rádios ou jornais. A propósito: esqueça a mídia em português se você quiser atingir a Europa. Eu não acho que faça muito sentido investir em publicidade online. Revistas impressas ou anúncios tomam muito do seu orçamento também. Pode ser muito difícil alcançar seu ROI (retorno sobre investimento). Você deve ser facilmente rastreável por algum vídeo do Youtube (mesmo não estando na melhor qualidade, ele pode mostrar sua personalidade), além disso, algumas faixas no Myspace são úteis para que um jornalista obtenha uma visão geral acerca do seu projeto. Quando isso se torna uma transmissão real, seu contato na rádio escolherá músicas da pilha de CD’s dele/dela. Isto significa que o produto físico deve estar nas mãos destas pessoas.

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Qual a melhor maneira para que artistas e produtores brasileiros se introduzam na Alemanha?

o que é o negócio da World Music, venha e visite a Womex, em outubro.

Não há uma estratégia real de como se fazer isso. Tentativas e erros são normais. Geralmente se deve começar em grandes cidades, como Berlin e Hamburgo, mas lá você também pode encontrar uma forte competição. O que eu disse sobre a língua se aplica novamente: se você não consegue se comunicar em inglês, esqueça! Se você fala alemão, ganhou mais pontos. Shows e apresentações são cruciais para tonar o artista conhecido, então o trabalho dos produtores tem de ser feito. Os festivais podem ser vistos de cima a baixo na lista do “European Forum of Worldwide Music Festivals”. Conheça o perfil de cada um deles. Você pode se oferecer como uma contribuição brasileira para o programa do festival que vem com apoio governamental da turnê? Muito bem, isso deve inspirar a conversa com os produtores do festival. Se você quiser ver pessoalmente sobre

Quando você pensa em música brasileira, o que vem em sua mente? Você tem alguns artistas favoritos? É natural que se pense em Gilberto Gil imediatamente. Jobim, Lenine, Caetano Veloso, Nação Zumbi, Luisa Maita, Tom Zé. E eu ainda não me esqueci do Olodum.Meus favoritos? Mawaca por exemplo. Lucas Santtana, Hamilton de Holanda, Gilberto Gil, SPOK Frevo Orchestra e muitos outros. Na verdade eu quase não tenho nenhum favorito fixo do Brasil. Eu escuto mais novos lançamentos brasileiros com curiosidade.

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Entrevista: Emmanuel Zunz, CEO da ONErpm

Emmanuel Zunz é CEO da ONErpm, uma plataforma de distribuição, venda e compartilhamento de música pela internet. Ele está em São Paulo para fixar o escritório da empresa no Brasil e também na América Latina. Nesta entrevista, Zunz fala sobre o mercado musical nacional e internacional, dá dicas aos novos artistas sobre como distribuir sua música e o futuro desse nicho com as novas plataformas que estão surgindo. O que exatamente é a ONEprm? ONErpm é uma plataforma digital de distribuição de música e de comércio social. Nós entregamos a música para as lojas e serviços de streaming do mundo todo, como iTunes, Spotify, Sonora, Rdio etc. e permitimos que os artistas possam vender direto para os seus fãs, ou mesmo doá-­‐las em troca de um endereço de e-­‐mail, no Facebook. Você está em Brasil, certo? O que está fazendo aqui? Sim, eu estou no Brasil. Vim para abrir o escritório da ONErpm, em São Paulo, e contratar uma equipe para conduzir os negócios aqui no Brasil e na América Latina.

Com base em sua experiência profissional, pode nos falar um pouco sobre quando os artistas devem dar a sua música ou quando devem vendê-­‐la? Sim, vou abordar alguns dos aspectos aqui, embora este seja um assunto importante que requer um ensaio pensativo e sugestões, talvez mais do que eu possa dizer em poucas frases. Vou começar por dizer que todos os artistas, não importa o estágio ou nível de sua carreira, devem sempre dar alguma de suas músicas de graça para seus fãs – mas não todas. Esta é uma realidade. Quando isso acontecer, faça de forma organizada para que você saiba quem está baixando seu trabalho. No final do dia você tem que construir uma carreira e a melhor maneira de fazer isso é crescer com uma base de fãs dedicada. Saber o máximo que puder sobre eles é muito importante.

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O que eu não gosto no Brasil hoje, e que eu acho que precisa ser mudado, é que quando os artistas / bandas dão sua música, eles não o fazem de forma organizada. Isso faz com que eles se percam no processo, reduzindo o valor da sua arte. O que eu vejo a maioria dos artistas fazendo hoje é adotar uma estratégia de distribuição errada. Os artistas sobem o disco em sites como o rapidshare e mandam o link para seus amigos / fãs. Em minha opinião esta é a coisa errada a fazer, porque ao menos você deveria receber um endereço de e-­‐mail em troca desse download, o que lhe permitiria construir uma relação mais profunda com esse fã em longo prazo. A ONErpm oferece as ferramentas para fazer isso, mas nós não somos o único serviço, há também outras opções. Você pode permitir que os fãs doem dinheiro ou digam seu preço para baixar suas músicas. Talvez um fã queira pagar R$ 5 por um download. Aqui estão as minhas sugestões e algumas dicas rápidas: 1. Se você é uma nova banda ou artista, é importante oferecer sua música gratuitamente, mas de uma forma organizada que permita a você construir uma boa base de fãs. Você deve também adotar uma estratégia de boa distribuição global e ter a certeza que seu trabalho estará disponível nos maiores serviços de música do mundo, que são ótimos para descoberta de música e obtenção de novos fãs, além de permitir que você ganhe algum dinheiro. 2. No caso de uma banda ou artista já estabelecido no mercado, também se deve oferecer alguma música aos fãs de forma gratuita, mas com muito menos frequência. Faça isso para ocasiões especiais, como um pré-­‐lançamento de um single antes do álbum ser lançado ou como uma versão especial da música para seus fãs mais

dedicados. Dar música gratuitamente pode ser um marketing excelente ou péssimo, tudo depende de como você opta por entregá-­‐la, e quando. As diferenças de abordagem tem um grande papel na evolução da sua carreira. Como você avalia a situação da música brasileira no cenário internacional? Acho que as pessoas do mundo todo amam a música brasileira, mas ainda não a conhecem muito bem. Elas ainda acham que a música brasileira é Bossa Nova ou Samba e não estão muito familiarizadas com a profundidade de sons que o Brasil tem a oferecer. Acredito que isso vai mudar em breve, pois o Brasil continua a crescer economicamente, além de ter uma maior relevância internacional. Em sua opinião, o que os artistas brasileiros podem fazer para serem reconhecidos no exterior? Uma estratégia interessante é colaborar com outros artistas nos EUA, Europa, etc. A ONErpm trabalha com um monte de artistas internacionais. Um deles, Blitz the Ambassador, originário de Gana, mas que vive no Brooklyn, colaborou com grandes músicos, incluindo BNegão, do Brasil. Isto o ajudou a firmar sua carreira em alguns mercados-­‐chave. E, claro, ele usou a ONErpm para distribuir sua arte para o mundo, então sua música estava disponível em todos os lugares, o que foi a melhor decisão que ele tomou (risos)! Pela primeira vez no Reino Unido, downloads de música agora vendem mais do que CDs. Você acha que os downloads podem ser

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uma fonte de renda significativa para artistas brasileiros independentes? Sim, absolutamente, e na verdade, já estamos vendo isso. Desde que o iTunes foi lançado no Brasil vimos nossas vendas de música digital vender mais que o triplo. Também estamos percebendo rendas significativas a partir de serviços de streaming, como o Sonora. Acredito que quando o iTunes começar a aceitar a moeda brasileira e cartões de crédito brasileiros, vamos ver uma explosão ainda maior do consumo de música digital. Você poderia recomendar ferramentas ou serviços online para ajudar a promover a música brasileira e ajudar a estimular as vendas? Além de ONErpm, eu também gosto do onesheet.com porque tem um bom layout e puxa todas as informações de um número de fontes, o que lhe permite exibir sua música de uma maneira limpa e elegante, além de linká-­‐la para o iTunes. Eu gosto também do official.fm porque eles têm ótimos dispositivos. O Headliner.fm oferece uma plataforma

interessante, onde outros artistas ajudam a promovê-­‐lo. O Gumroad é uma plataforma de “direct-­‐to fan” nova que nós também gostamos. Estas plataformas são universais e atendem às necessidades de todos os artistas, não só brasileiros. Você prevê o YouTube se tornando uma fonte de importação de lucros? Mais música é transmitida no Youtube do que em qualquer outro lugar do mundo. É também onde a maioria das pessoas descobrem música nova. Eu acho que o potencial é significativo, mas ele acabará por depender de como o conteúdo é rentabilizado e como as pessoas serão pagas. Além de fazer distribuição digital, a ONErpm vai oferecer música também para cinema, televisão, videogames etc? Sim, já temos algumas parcerias com Modiba e Música YB, em Nova York e São Paulo respectivamente, mas esta é uma área em que gostaria de crescer internamente também.

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Benjamin Taubkin e a cena musical na Europa

A Europa é um dos principais destinos de músicos brasileiros que desejam uma carreira internacional. Para ajudar a esses artistas com mais informações sobre o mercado europeu, a BM&A conversou com Benjamin Taubkin, um dos artistas brasileiros mais reconhecidos internacionalmente. Ele foi o curador do europália.brasil Festival, evento que aconteceu principalmente em Bruxelas, na Bélgica, durante o ano de 2011. Taubkin trabalha com música desde a adolescência e já atuou como produtor, curador, músico e compositor, sempre focando em músicas que valorizam o conteúdo e a criação, desde estilos tradicionais até ritmos contemporâneos. Em 1996 ele criou, com um seleto grupo de artistas, o projeto Núcleo Contemporâneo – uma produtora e selo alternativo. Benjamin está envolvido também em outros projetos e programas sobre a tradicional, moderna e urbana música brasileira ao redor do mundo, trabalhando junto com músicos e compositores de lugares como Marrocos, Coréia, Israel, África do Sul, Índia e América do Sul. Em 2011, tocou com a Jazz Sinfonica Orchestra, em São Paulo -­‐ uma experiência que pretende dar continuidade.

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Este ano o músico está envolvido em três projetos de CD – o primeiro voltado para a música brasileira e marroquina, o segundo misturando ritmos brasileiros tradicionais do nordeste com batidas urbanas e modernas, e o terceiro, uma parceria com o percussionista Adriano Adewale. Como curador, ele é responsável por escolher os artistas para Casa do Núcleo e Mercado Cultural da Bahia -­‐ que está programado para acontecer em dezembro. -­‐ O que é a Europália? Europalia é uma instituição belga que, a cada dois anos, organiza um festival dedicado às artes de um determinado país ou região do mundo. Em 2011 o Brasil foi o foco; em 2013 será a Índia. Em 2009, foi a China. Eles parecem estar lidando com os BRICs. -­‐ Qual foi exatamente a sua participação no festival? Fui convidado para ser o curador de música do evento. -­‐ Como foi ser curador de um projeto como este? Não foi um processo simples – foi um trabalho duro e bem complexo. Primeiro eu fui à Bélgica para encontrar vários curadores diferentes, e conhecer os diferentes espaços culturais disponíveis. Europalia trabalha em parceria com centros culturais belgas, teatros, salas de concertos. Nestes primeiros encontros eu apresentei minhas ideias, e fiquei por dentro das expectativas para cada espaço. A partir destes contatos iniciais, um primeiro esboço da programação proposta foi feito. Minha intenção era abraçar o universo mais amplo possível que representasse a música de várias regiões. Mas para cada proposta, eu precisava encontrar um espaço que mostrasse interesse no que estava sendo proposto. Tomando a música clássica como um exemplo, eu

gostaria de ter incluído compositores importantes do século XX, como Camargo Guarnieri, Cláudio Santoro, Radamés Gnattalli e outros. Mas isso não era possível. Por outro lado, consegui incluir no programa o “Camerata Aberta”, grupo dedicado à música erudita contemporânea brasileira. Eu também queria levar para a Europa alguns universos musicais que não tiveram muita exposição por lá, como a viola, o acordeon, a música instrumental, o choro -­‐ o que de fato aconteceu. -­‐ E como o público europeu reagiu à arte brasileira? Eles receberam muito bem, na verdade. Em nossa avaliação final, houve o diagnóstico que o teatro, dança e música foram os destaques do festival em termos de resposta, tanto pelo público, como pela mídia local. Claro, nem todos os eventos tinham uma casa cheia, mas isso é porque se optou por apostar em novos artistas e / ou artistas desconhecidos na Europa. Muitos tiveram a oportunidade de tocar pela primeira vez nesse continente. Eu acredito que esta é uma das principais responsabilidades de iniciativas governamentais, o de assumir riscos para promover as novas produções culturais. -­‐ Como você, agora, avalia o evento? Eu acho que na Bélgica e Holanda (onde também aconteceram várias apresentações), os resultados foram muito positivos. Eu estava em Bruxelas para a cerimônia de encerramento, em janeiro, e ouvi de

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vários realizadores do evento que suas expectativas foram cumpridas. Por outro lado fiquei surpreso com a falta de interesse da imprensa brasileira durante todo o evento. O pouco conteúdo que foi publicado nos principais meios de comunicação se concentrou nas dificuldades que passamos -­‐ que são naturais em eventos desse porte, e ocorrerá sempre em tais iniciativas. Mas o projeto foi muito bem sucedido. Nós temos um relatório vindo da imprensa europeia com mais de 200 páginas, somente sobre música. Tudo com críticas positivas. O Brasil foi destacado positivamente durante todo o ano de 2011 nesses países. A marca do Brasil na Bélgica foram as bandeiras Volpi -­‐ foi muito bom vê-­‐las espalhadas em praças e ruas, um anti-­‐clichê. E é uma pena que ninguém tenha mencionado isso na imprensa brasileira. Gostaria de fazer uma ressalva: Quando convidado para realizar a programação pelo Ministério da Cultura do Brasil, soube que a instituição belga havia feito o mesmo convite para um profissional local -­‐ de tal forma que faríamos um trabalho em parceria. Mas no processo, não conseguimos afinar nossos pontos de vista -­‐ e ele

terminou por se desligar do evento. Tentei levar em conta algumas iniciativas que ele havia proposto, eventualmente adaptando alguma coisa. Mas não foi um trabalho feito em conjunto. -­‐ O que, em sua opinião, precisa ser feito para aumentar a participação de artistas brasileiros no mercado internacional? Bem, a Europa hoje está lidando com uma crise que já afeta os investimentos em projetos culturais, mas acho que ainda há espaço para o que é produzido aqui. Constância é importante. Nós já vemos uma maior presença brasileira em eventos como Womex e Jazzahead, isso é parte do processo. Convidar os produtores europeus e curadores para conhecer o país também tem dado resultados. É o tipo de trabalho que recompensa com o tempo. O Brasil tem uma grande vantagem, ele não produz música para consumo externo, e isso significa que o que deixa o país é autêntico, genuíno, e está sendo constantemente sendo renovado. E isso mantém o público interessado no que está acontecendo.

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Dirk Schade entrevista Claudia Frenzel

Claudia Frenzel é originária de Thuringia e jornalista freelancer de música (rádio e jornal). Trabalhou por 7 anos como editora de música na rádio nacional RBB Rádio Multikulti e agora trabalha para RBB/ WDR Funkhaus Europa. Na Rádio Multikulti foi responsável por várias apresentações de DJ’s, incluindo um show de música brasileira mensal, hospedado por Djane Grace Kelly Mendonça. Produziu vários trabalhos lidando com música nos últimos anos, como o projeto de intercâmbio alemão-­‐israelense "Iland"; programação de música para "Kulturstadion" durante o Mundial IAAF de Atletismo 2010, em Berlim; programação de música Fête de la Musique Berlin desde 2008 e foi membro do júri de vários eventos culturais na Alemanha, como Rudolstadt Festival, o maior festival alemão de música mundial e de raiz. Cláudia é especializada em música israelense e world music. Com sua parceira Elina Tilipman, ela fundou a agência de artista WIAA -­‐ WANTED! Internacional que faz consultoria, promoção e turnês de música. Também estão desenvolvendo conceitos para produções especiais e intercâmbios musicais. "A música é uma linguagem que todos entendem", diz. Quão interessante é a música brasileira para os jornalistas e estações de rádio alemãs?

Samba e Bossa Nova e nomes conhecidos como Gilberto Gil ou Seu Jorge.

Em geral, os jornalistas e rádios estão interessados somente na música mainstream. AFunkhaus Europa apresenta a música pop de todo o mundo. Eu acho que outras estações apenas mostram "clichês" como

O que os artistas brasileiros podem fazer para despertar o interesse da mídia alemã?

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Hum, boa pergunta: Se eu tivesse uma resposta, provavelmente estaria rica. Acho que, em geral, a mídia popular alemã está procurando principalmente os mercados do Reino Unido, EUA e talvez alguns outros lugares. A mídia como um todo, como sabemos, não está interessada em histórias pequenas. É claro que alguma coisa que é solicitada pelo público terá lugar. Mas com certeza o artista deve marcar presença na Alemanha para que seja apresentado pela mídia ao público. Se um artista não está em turnê, não há história, mas se há shows acontecendo, haverá história. Qual a importância dos meios digitais para promover artistas na Alemanha / Europa? As pessoas devem também usar os elementos tradicionais como CD ou publicidade impressa? Pessoalmente eu sou uma fã da nova era. Eu acho que você pode apresentar bandas tão bem digital quanto fisicamente. E também acho que isto é mais “eco-­‐friendly”, pois sabemos que lotes de cd’s são distribuídos ao redor do mundo e nunca ouvidos. Sei que alguns jornalistas não noticiam aquilo que não possuem fisicamente, mas, em minha opinião, isso é apenas uma questão de tempo.

Tenha um plano e lembre-­‐se: não é porque você é conhecido em casa que será fora de casa. É um novo começo na Europa. Tenha um plano sobre qual é o seu objetivo e o seu público, seja realista e saiba que se trata de um investimento no começo. Fique atento a eventos já existentes para se apresentar (como Fête de la Musique) ou participe de feiras de música com apresentações de seu país (como WOMEX, Babel Med, PopKomm, Reeperbahn etc). Tenha um forte planejamento de marketing e grande público local para isto. Quando você pensa em música brasileira, quais artistas vêm à sua cabeça? Você tem algum artista favorito do Brasil? Quando comecei a trabalhar com World Music, o Brasil nunca tinha sido um grande atrativo para mim, pois só tinha em mente o mainstream clichê sobre Samba e Carnaval. Até que um amigo e DJ, Garcé Kelly, apresentou-­‐me a música do norte do Brasil, o forró, e muito mais, então eu acho que sei muito mais sobre a música brasileira hoje. Quando penso em música do Brasil, tenho em mente nomes como Fernanda Abreu, Bebel Gilberto, Marisa Monte, Chico Buarque, Sergio Mendes, Olodum, Tom Zé etc.

Como você recomenda que artistas e produtores se iniciem na Alemanha?

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Turnês Internacionais: Marcos Borghetti reporta suas experiências

Poucos sabem que o gaiteiro gaúcho Renato Borghetti é um dos artistas brasileiros de mais sólida carreira internacional. Já realizou inúmeras turnês pela Europa, passando por países como Itália, Croácia, República Tcheca e Alemanha. Na Áustria, onde se apresenta regularmente desde 2000, Renato se sente em casa, pois não há cidade em que não tenha tocado. O gaiteiro possui até fã clube em Viena, onde faz parte do casting de uma produtora local. No Brasil, quem cuida de sua carreira é o irmão e empresário Marcos Borghetti que falou com o blog, nesta seção sobre turnês internacionais: Qual é o momento certo para um artista brasileiro tentar uma turnê internacional? Não existe um momento certo e definido. Isso vai da percepção da própria banda, líderes e produção. O trabalho deve estar maduro e com uma “cara”, o que facilita na hora de definir o local, evento ou projeto. Um bom material de divulgação já traduzido é condicional. Quanto tempo antes é preciso começar a planejar? Quais são as etapas deste planejamento?

As etapas não alteram muito, são as mesmas da organização de uma tour nacional, salvo que europeus, americanos e canadenses costumam fechar as datas com 8 a 12 meses de antecedência. Primeiros contatos, link com produtores locais, espaços sintonizados com o trabalho desenvolvido, envio de material, definição de condições, muito diálogo. Existe algum tipo específico de opção de financiamento para bancar uma turnê no exterior?

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Até pouco tempo atrás, o MINC auxiliava na compra das aéreas para turnês de grupos nacionais. Para tanto, enviava-­‐se o projeto ao Ministério com roteiro, material da banda e justificativas. Mas nem sempre as respostas vinham no tempo certo e as tratativas de organização da tour não podem se dar ao luxo de esperar pela resposta. De qualquer maneira, é um instrumento válido. Outra opção são as Embaixadas Brasileiras no exterior, que eventualmente podem oferecer algum suporte. Qual é a maior dificuldade em termos de produção? Há diferenças gritantes em relação ao mercado brasileiro? A maior dificuldade para a saída de grupos do Brasil são as aéreas. Salvo solistas que normalmente viajam sozinhos ou no máximo com mais um acompanhante, o tamanho dos grupos sempre foi uma dificuldade para a produção. E este cálculo se estende para as demais despesas, hospedagem e alimentação. Já foi pior, mas dólar e euro ainda estão caros. De modo geral, qual é a maior dificuldade para se organizar uma turnê internacional? É o link confiável com o local onde se pretende mostrar o trabalho. A partir do momento em que a produção do grupo tem segurança com o outro lado tudo fica mais fácil. Esta conexão pode ocorrer de diversas formas. Uma produção local séria, teatros ou casas tradicionais no acolhimento e contratação de músicos estrangeiros, etc. Quem está no outro país auxiliando ou produzindo tem de entender que a banda não está indo passear, e que qualquer day off custa muito caro, que os shows tem de ser preferencialmente, um atrás do outro, divulgar,

tocar, jantar, dormir e estrada (van, trem ou vôos low-­‐cost) e tudo de novo no dia seguinte. Como, normalmente, o artista não é tão conhecido lá fora como é aqui, o investimento em divulgação tem que ser muito maior? Que tipo de coisa é preciso fazer (que não se faz aqui)? A divulgação tem de ser a maior possível e também a melhor. Isto não difere daqui. Um bom site atualizado (bi ou trilíngue) e disponibilização de material para download. Redes sociais auxiliam bastante. Descobrir no local em que se pretende tocar, quais os veículos específicos de divulgação, uma banda de música étnica ou world music não vai divulgar nos mesmos locais de samba ou MPB. A internet é uma aliada nesses casos? Fica mais fácil o planejamento e a divulgação por conta da rede? Sem dúvida, hoje tu elabora toda a tour desde os primeiros contatos, envio de dados, fotos, vídeos, tudo pela web, a custo zero. Que tipo de precauções é preciso tomar para não jogar dinheiro fora? Há que se ter mais cuidado com alguns aspectos que aqui, talvez, nem seriam levados em conta? Uma tour internacional é sempre um desafio e acho que aí é que reside o encanto de sair e vencer fora. Tenho comigo um conselho do mestre Hermeto Pascoal, que me disse um dia para trabalhar sempre com produtores locais. Tenho excelentes parceiros brasileiros, mas se vou aos EUA, procuro por um americano, na Europa um europeu e assim

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por diante. Normalmente as primeiras tours envolvem riscos maiores, tudo é novidade. Atuo na área instrumental, e posso afirmar que se tu vais a um local, apresenta o trabalho do teu grupo e a acolhida é satisfatória, tu volta. Os organizadores vão te cobrar novos trabalhos e te avalizar para outros contratantes e assim por diante. Depois que o trem começa a andar e as coisa se sedimentam é extremamente gratificante. Em quais mercados há mais espaço para os artistas brasileiros hoje em dia?

A música brasileira é mágica em qualquer estilo e percebo que é bem vinda em qualquer lugar. Arrisco a dizer que vai além do trabalho que se pretende mostrar, pois quando se diz que é brasileiro, tu já arranca um pouco na frente dos outros. Somos muito queridos fora, ao contrário de alguns países. Isso ajuda. A participação de músicos/bandas brasileiros (as) vem crescendo no mercado internacional? É possível contabilizar isso? Sim, para aqueles com trabalho de qualidade e boa organização o mundo está um pouco menor. Mas também não perdoa amadores.

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Entrevista exclusiva com Micha MC Lücke de Berlim/Alemanha

Micha MC Lücke é um grande jornalista de música e um dos mais populares apresentadores de rádio em Berlim, Alemanha. Ele começou como radialista em 1987. Radio Eins é seu o quarto programa em 25 anos de carreira e é baseado em Berlim / Brandenburg. Este é um dos mais importantes canais de rádio na Alemanha com uma programação de alta qualidade. Quão interessante é a música do Brasil para os jornalistas de música e estações de rádio alemã? A música brasileira em geral é tão interessante quanto qualquer outra música do mundo, além de Inglaterra e EUA, de onde vem a maioria das coisas que ouvimos e tocamos no rádio. O Pop foi inventado na Inglaterra, o Rock n’ Roll nos Estados Unidos, e ambos os gêneros são grandes na Alemanha, e portanto, estão na Rádio Eins. Mas há alguns anos um programa chamado "Multikulti" (que significa multi-­‐cultural) foi encerrado e os funcionários, incluindo o diretor, somaram-­‐se ao nosso programa. A porcentagem World Music, incluindo músicas do Brasil, têm aumentado e todos os nossos ouvintes gostaram.

Especialmente no verão. Apesar de estereótipos, a maioria dos alemães associam a música brasileira com Bossa Nova, e embora saibamos que a esta pode ser bastante melancólica, tem também uma leveza. É claro que até 2014, com a Copa do Mundo, haverá um crescente interesse na música brasileira, e não só na música tradicional brasileira. O que os músicos do Brasil devem fazer para captarem o interesse da mídia alemã?

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Eles podem ser sexy, como CSS! Ou podem ser rockin ', como Sepultura! O que quero dizer é que, no fim, é uma questão de qualidade para conquistar a Alemanha, tanto no pop quanto no rock. O CSS tem isso, eles são "Cansei de Ser Sexy”: dos cinco membros da banda, quatro são meninas bonitas, que cantam e interpretam. Eu os vi, e ao vivo são incríveis! Estas são qualidades que impressionam pessoas de todo o mundo. CSS tem qualidade internacional, assim como o Sepultura no cenário metal. E é isso: cantar em inglês, tocar bem, pensar em temas globais, se você quiser sucesso internacional! Sempre haverá um nicho para a música brasileira tradicional, mas em uma escala maior você tem que pensar global! Qual a importância dos meios digitais para promover artistas na Alemanha / Europa? As pessoas também devem usar os elementos tradicionais, como CD ou publicidade impressa? Digital Media é extremamente importante. É barato, rápido e, claro, o futuro. Se uma mídia digital te pega, você não precisa de um selo, nem um distribuidor. A mídia digital tem um impacto imediato. Olhe para o sucesso que o "New York Times" fez, apesar de cobrar pela net e com todos dizendo que aquilo não iria funcionar! Bem, funcionou muito com a vinda do I-­‐Pad. Ou olhe para a importante revista alemã "Der Spiegel", onde os dois ex-­‐chefes se separaram: um ficou cuidando do material impresso, enquanto o outro é agora responsável por tudo online. Então, agora os dois mundos, mídia impressa e digital, estão no mesmo nível, mas não por muito mais tempo. Os CDs nós ainda usaremos por alguns anos. Todos os anos lemos artigos sobre a morte do CD, e embora tenha havido um renascimento do vinil e um crescimento ainda mais importante do download, as vendas de CDs na Alemanha em 2010 correspondem a 40% do mercado de música. Quanto à publicidade impressa você vai queimar o seu dinheiro, eu

sinto dizer! Para grandes nomes isso ainda pode estar funcionando, porque as pessoas vão lembrar que a Madonna vai lançar um disco. Mas para novos artistas é uma ferramenta inútil e cara hoje em dia. O que você recomendaria a artistas brasileiros ou agentes que querem adentrar na Alemanha? Se eu fosse um agente, entraria em contato com Christina Ruiz-­‐ Kellersmann, esposa do cara que cuida de Classic&Jazz Bossa na Universal Music da Alemanha. Ela é brasileira, vive em Berlim, conhece todos os brasileiros que vivem e trabalham na cidade, e cuida de artistas do Brasil, de grandes nomes como Sergio Mendes, com quem trabalhou em julho passado. Eu ainda recomendaria entrar em contato com emissoras de rádio. Nem sempre se encaixam, mas sei que muitas bandas, principalmente de lugares mais "exóticos" como o Brasil, encontram nosso programa por sorte, ou melhor dizer, pela falta de grandes estrelas dispostas a fazer o esforço para chegarem aos nossos ouvidos. Sempre há uma oportunidade para jovens artistas que se esforçam. No nosso programa diário, por exemplo, estamos sempre à procura de sons especiais, que realizam shows em Berlim. À noite, temos um programa chamado "Planet Fruit", que é destinado para a músicas de todo o mundo. E por gêneros que não são tipicamente Pop e Rock. Se houver algum dinheiro eu recomendo um showcase. Isso não acontece muito mais como na década de 90, mas os jornalistas estão sempre dispostos a sairem para um drink de graça. Mas sério, grandes negociações podem ser feitas no bar!

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Quando você pensa em música brasileira, quais artistas vêm à mente? Você tem algum favorito? Eu amo Tom Jobim e Luiz Bonfá, especialmente por seu trabalho em "Orfeu Negro" e eu adoro João Gilberto e a sua maneira única de tocar o violão. Quando se trata de Rock, meus favoritos são Los Hermanos e Roberto Carlos. A Legião Urbana foi uma grande banda punk, e se for

para ser mais extremo eu gosto de Sepultura / Soulfly e Krisiun. Max Cavalera, é um cantor que admiro. Eu o conheço muito bem, porque o entrevistei algumas vezes. Eu também gostei muito do Funk Carioca que escutei com DJ Marlboro. Mas acima de tudo meus heróis são Gilberto Gil e Sergio Mendes. Micha MC Lücke está no email mc@wdp.net

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A repercussão da música brasileira na Itália

Andrea Sbaragli é um italiano de 48 anos de idade, apaixonado por música brasileira. Em Florence, onde mora, ele comanda a agência de produção, empresariamento e promoção artística A Buzz Supreme, onde trabalha com diversos artistas e que possui uma sede em Milão também. Em seus 15 anos de experiência no mercado da música, Andrea trabalhou para diversos selos e gravadoras, entre elas DRO Records (Espanha), Sub Pop (EUA), e até com a brasileira Trama, em 2006/2007 onde promoveu nomes como Gal Costa, Otto, BID, entre outros, na Italia. A partir daí, Andrea firmou sua paixão pela música do Brasil e hoje ele possui um projeto chamado “Bras.It”, que visa promover artistas brasileiros. No momento ele está lançando o disco “Cine Privê” do carioca Domênico Lancelloti na Itália. Andrea costuma dizer que a música brasileira é sua “cup of tea!”. Ele conversou com o BRMusicExchange: Como é a relação entre os italianos e música brasileira? Existe uma tradição de música brasileira na Itália. No final dos anos 60 e nos anos 70 houve muitas parcerias entre artistas Italianos e Brasileiros. Isso se perdeu nas últimas duas décadas por causa das estratégias das grandes gravadoras que se dirigiram para o mercado global norte-­‐americano.

Mas os italianos gostam de música brasileira. Há alguns anos o disco dos Tribalistas fez um enorme sucesso por aqui. E este verão foi da Maria Gadú com “Shimbalaiê”, que ainda está fazendo sucesso nas rádios italianas. Infelizmente, não vejo estratégias por trás destes sucessos de uma música só, não há uma promoção para a incrível nova musica brasileira. Na Itália existem poucos brasileiros se apresentando

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anualmente. Além de Caetano e Gil, que excursionam com certa freqüência no país, a maioria dos brasileiros que tocam aqui se apresentam em festivais. Parece que esta é a única forma de bancar os custos da viagem. Parece que o público italiano vê a musica brasileira como uma “experiência de verão”, o que pra mim, é uma redução do potencial que esta tem em meu país. Quais artistas brasileiros são bem conhecidos na Itália? Muitos que chegaram na década de 70 como Chico Buarque, Toquinho, Vinícius, João Gilberto, Elis Regina, Tom Jobim e Gilberto Gil. Caetano, Gil, Jobim e João Gilberto são meus ícones da música, Tom Zé é meu herói! O tributo que David Byrne fez a Tom Zé, me mostrou que tudo que eu estava procurando na música era possível encontrar no oceano da música brasileira. Depois, nos anos 90, houve o grande sucesso da versão de Caetano Veloso e Jacques Morelenbaum para “The Cucurrucucu Paloma", que entrou na trilha do filme Hable con Ella, do Almodóvar. Quando eu tive a oportunidade de promover a versão remasterizada e digital do disco “Elis e Tom”, fiquei tão orgulhoso em trabalhar com uma das maiores obras de todos os tempos. Desta vez, finalmente eu pude mostrar meu trabalho de uma forma muito mais abrangente, pois até meus amigos que não são muitos ligados em música conheciam “Águas de Março”. Mas o trabalho de promoção do Brasil feito aqui na Itália muitas vezes não é o suficiente. Mesmo o disco do Caetano com a banda Cê não foi promovido de forma correta.

O que um artista brasileiro deve fazer para trabalhar bem no mercado Italiano? Antes de tudo, o mercado italiano não é grande e é importante saber disso para calcular o tamanho do investimento. Mas ele pode ser uma porta de entrada importante para o resto da Europa. Para que o artista tenha reconhecimento, é necessário um plano a longo prazo, se você não tiver uma boa verba para investir em marketing e promoção. Obviamente isso depende também do gênero musical. Se a música tem potencial de tocar nas rádios mais importantes, você deve escolher a hora certa para promovê-­‐la e fazer um plano, especialmente se o artista tem a possibilidade de ficar na Itália por um longo tempo. A melhor coisa, para um artista independente, é fazer algumas turnês durante o ano com um disco distribuído por aqui e uma promoção boa. Mas por favor, nada de turnês em Julho! O que você tem feito atualmente? Estamos promovendo os discos de Domenico Lancelotti e da Banda Black Rio. Fizemos também Marcos Valle e Azymuth há alguns meses. Pra mim, trabalhar com música brasileira é sinônimo de felicidade. Para a Black Rio fiz um plano de imprensa e promoção nas rádios. Infelizmente a verba que recebemos dos selos é cada vez menor, enquanto o número de vendas cai por causa da crise da indústria musical. Mas o disco é muito bom e conseguimos ótimas resenhas em revistas de música e algumas músicas foram para a Rádio Nacional. Para o Domênico Lancelotti nosso trabalho é bem diferente. O disco foi licenciado por uma gravadora italiana, a Malintenti Dischi e eu tive a chance de trabalhar com mais força. É sempre muito bom trabalhar

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com ele, pois acredito que ele construa um bom caminho na Itália. Já conseguimos boas entrevistas e resenhas. Alguma outra novidade?

No momento estou trabalhando com outro projeto entre Brasil e Itália. Haverá um festival no Rio no ano que vem que irá unir bandas independentes dos dois países. O projeto é maravilhoso e espero poder chegar aí com muitos artistas. E tenho outro projeto, que é um disco com os artistas italianos mais interessantes. Meu sonho é poder gravar ele no Brasil com o produtor que eu mais gosto no mundo, o nome dele é Kassin.

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O visto para os EUA

Conseguir uma data no exterior e se organizar para a viagem requer uma série de burocracias. O Visto para entrar em outro país é a primeira – e mais importante. O ideal é que o artista tenha sempre o seu passaporte em dia, pois ao surgir uma chance de realizar um show em outro país, sua produção se encarregará apenas da emissão do visto, vacinas, seguros, etc – que já são muitos itens para resolver. Muitas vezes o tempo é curto, sendo necessário um despachante para agilizar o processo. Leia abaixo as nossas dicas e aproveite que o festival americano South by Southwest está com as insrições abertas. Os EUA recebem, anualmente, milhares de brasileiros bookados para shows. E se seu artista não é como a cantora paulistana Tita Lima, que tem o Green Card há 15 anos e em breve irá ganhar a cidadania americana, é melhor se apressar para tirar o visto de trabalho, pois o consulado americano no Brasil é o mais procurado. Para pisar em território americano é necessário levar a documentação básica ao consulado. Para isso é preciso o agendamento no site oficial dos Vistos para os EUA, onde está o passo a passo do processo. Para fazer shows no país (visto de trabalho, categorias H1B ou L1), o artista ainda deve apresentar uma petição de trabalho vinda do contratante americano e com isso, pagar uma taxa extra, como Tita Lima faz com seus músicos. “Pedimos uma carta do festival comprovando que o músico irá tocar comigo em tal data. A imigração tem acesso a tudo, myspace, facebook, etc”.

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Se o artista tiver como comprovar que não será remunerado pelo show, é possível entrar com o visto de turista ou negócios (categoria B1 ou B1/B2), contanto que a carta do contratante diga que o evento está pagando somente os custos de passagem, hospedagem e alimentação e que o artista não está sendo remunerado. Essa situação aconteceu com o nosso artista do mês, DJ Tudo. “Fui para os EUA discotecar com visto de turista porque o Festival e o Lincoln Center (Nova York) emitiram um documento que comprovava que a grana que me davam era para pagar os custos da viagem. Como o Lincoln Center é um órgão público, a relação com a embaixada Americana era maravilhosa”, conta. Nesta mesma viagem, DJ Tudo possuía outros convites para se apresentar, mas como teria que ter o visto de trabalho, desistiu, afinal a taxa para obter o carimbo era maior do que o cachê combinado. A cantora Karina Buhr já teve problemas com vistos nos EUA. Foi em 2001, durante uma tour pelos EUA e Canadá com sua antiga banda, Comadre Fulozinha. “A gente tocou nos dois países e o visto pros EUA (que vale para o Canadá também) era só até o último dia de show. Voltamos em outro dia, sendo que na volta tinha escala (só escala, nem era conexão) em Miami e a imigração encrencou. Tivemos que passar 30 horas no aeroporto e pagar caro para poder voltar pra casa”. Este episódio só reforça o que já foi dito anteriormente: o visto deve valer até o momento em que o artista volta para o Brasil. Se você quiser saber mais sobre como tirar o visto para se apresentar no exterior, clique aqui. Este é o site-­‐referência para todos os despachantes e agentes de viagens. Ao clicar em “países” você escolhe o destino e tem acesso ao serviço completo. No entanto, não deixe de telefonar no Consulado dos EUA no Brasil para saber sobre outros requerimentos. Boa Viagem! Serviço para emissão de visto americano: DE ACORDO COM AS REGRAS CONSULARES, TODOS OS REQUERENTES DE VISTOS DEVEM COMPARECER PESSOALMENTE NO CONSULADO/EMBAIXADA PARA ENTREVISTA PESSOAL. TAL FATO DEVE-­‐SE PRINCIPALMENTE À REGRA EM QUE TODOS OS REQUERENTES DEVEM FORNECER SUAS IMPRESSÕES DIGITAIS NO ATO DA ENTREVISTA. DOCUMENTAÇÃO BÁSICA PARA TODOS OS SOLICITANTES -­‐ APRESENTAR NO ATO DA ENTREVISTA PESSOAL:

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.Comprovante de agendamento de entrevista .Taxa consular de solicitação de visto recolhida em qualquer agência Citibank (recolhida antes de dar entrada no pedido de visto -­‐ O Consulado de São Paulo não possui caixa do Citibank e portanto, a taxa deve obrigatoriamente ser recolhida antecipadamente em uma agência do Citibank) .Passaporte atual com validade mínima de 07meses (para entrar nos E.U.A o passaporte deverá estar com validade mínima de 06 meses). .Passaporte anterior vencido (todos que possuir). .Confirmação de preenchimento on line do formulário modelo DS 160 , com foto digitalizada (aplicado há pelo menos 03 dias úteis) .01 foto 5 X 5 cm , recente (máximo 06 meses/fundo branco, sem óculos e sem franja) -­‐ preferencialmente a mesma foto submetida no preenchimento do form. DS 160 . .Passaporte de suporte original (parentes ou amigos que estejam viajando com o solicitante e já possuam visto Americano válido). .Passaportes Originais com visto válido de parentes em primeiro grau (pai/mãe/irmão/esposo(a)/filhos)mesmo que não estejam viajando com o requerente mas que já possuam visto valido). .Extratos bancários atualizados ref. 03 últimos meses (Conta corrente/ poupança/ investimentos/ fundos). .Declaração de Imposto de Renda Completa com Recibo de Entrega Original, do último exercício .Registro de Imóveis ou Escrituras de imóveis ( se possuir). .Certificado de Registro de Veículo do solicitante ou da família-­‐pais/esposo(a).

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. Carteira funcional ( CRM, OAB, CRC, CREA, se possuir ). . se empregado acrescentar: 03 últimos holerites + carteira de trabalho original atualizada .se empregador acrescentar: 03 últimos pró-­‐labores + contrato social e última alteração contratual + Cartão CNPJ + I.R. pessoa jurídica completo. . se autônomo acrescentar: declaração da empresa em papel timbrado informando que o passageiro presta serviços, incluindo dados da função, período e valor recebido mensalmente + declaração do contador informando os três últimos rendimentos + contrato de prestação de serviços. . se proprietários de imóveis acrescentar:contrato de aluguel + recibos dos três últimos meses VIAGENS À NEGÓCIOS/ FEIRAS/ CONGRESSOS/ TREINAMENTOS/ EVENTOS (visto categoria B1 ou B1/B2): *para shows não remunerados . Documentação básica .Declaração da empresa do Brasil em papel timbrado, apresentando o colaborador, explicando os motivos da viagem e se responsabilizando pela mesma .Carta convite da empresa nos Estados Unidos em papel timbrado(Original ou via fax legível) ou comprovante de inscrição em evento e/ou quaisquer outros documentos que comprovem o motivo da viagem aos EUA VIAGENS À TRABALHO ( vistos categorias H1B ou L1): *para shows remunerados . Documentação Básica . Petição de trabalho , Notice of Action ou Blanket Petition completo vindo dos EUA ( original)

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Desde 08/mar/2005, todas as solicitações feitas para um visto L1 utilizando o BLANKET PETITION, deverão efetuar o pagamento extra de US$ 500,00; além da taxa de solicitação do visto L1 adicional já existente no valor de US$ 100,00; ambas, pagas pelo requerente diretamente no consulado, logo após a entrevista pessoal. Para solicitações de visto L1 utilizando o \` Notice of Action\`, não houve alterações de taxas consulares; portanto, com taxa extra de US$ 100,00 a ser paga no consulado logo após entrevista pessoal. INFORMAÇÕES IMPORTANTES: Aconselhamos a leitura de todos os ítens abaixo, antes de dar andamento a um processo de solicitação de visto. 1: No caso de passaporte extraviado ou roubado, o passageiro deverá acrescentar cópia do boletim de Ocorrência + formulário de extravio/roubo padrão do Consulado Americano, fornecido pelo Consulado ou pelo despachante. 2: No dia da entrevista todos os documentos apresentados ao Consulado deverão ser ORIGINAIS . Todos os requerentes devem esperar na fila o atendimento; sem exceções; sendo o atendimento pessoal e não permitindo acompanhamento de terceiros. Aconselha-­‐se chegar ao Consulado com pelo menos, 30 minutos de antecedência do horário previamente agendado; sendo que o atendimento é por ordem de chegada. Requerentes com atraso superior a 30 minutos do horário agendado, não serão atendidos e deverão agendar nova entrevista para atendimento. 3: Menores com idade entre 14 e 17 anos têm que comparecer para entrevista pessoal, acompanhado de um dos pais. 4: De acordo com as regras consulares, cônjuges não podem se apresentar para entrevista no lugar do marido/mulher ou de seus filhos com idade à partir de 14 anos; lembrando que toda a solicitação de visto deve ser feita no Consulado ou Embaixada previamente escolhido e agendado. 5: Todos os requerentes devem comparecer pessoalmente para entrevista; exceto: . Menores com até 13 anos não precisam comparecer para a entrevista e podem ser representados por um dos pais ( obrigatório o agendamento prévio,quando os pais não possuem visto americano válido)ou, quando os pais possuam visto válido poderão utilizar o Prgram Especial MPP ( excusivamente no consulo de SP)

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DEVOLUÇÃO DO PASSAPORTE APÓS ENTREVISTA: Após o atendimento consular, no dia agendado, o requerente deverá procurar pelo guichê de atendimento de devolução do passaporte por sedex e deixar o protocolo de retirada com o responsável pelo serviço de retirada e envio via sedex do Consulado. Este serviço, é terceirizado e tem um custo adicional que gira em torno de R$ 18,00 à R$ 53,00 dependendo do local de devolução do passaporte solicitado pelo requerente; o pagamento da taxa e a informação do endereço de destino deverão ser realizadas no momento da entrega do protocolo para retirada do passaporte. Após a entrevista, o Consulado/Embaixada tem um prazo que varia de 03 à 10 dias para liberação do passaporte. Embaixada e Consulados Estrangeiros no Brasil: Embaixada dos Estados Unidos da América SES Avenida das Nações quadra 801 lote 3 CEP: 70.403-­‐900 – Brasília / DF Tel: (61) 3312-­‐7000 Fax: (61) 3312-­‐7676 site: consularbrasil@state.gov site: http://www.embaixadaamericana.org.br/ Consulado-­‐Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro Av. Presidente Wilson, nº 147 -­‐ Rio de Janeiro -­‐ RJ -­‐ Cep: 20030.020 Tel: (21) 2292 7117 Fax: (21) 3823-­‐2003 e-­‐mail: visario@state.gov Consulado-­‐Geral dos Estados Unidos em São Paulo /SP Rua Henri Dunant, 500 -­‐ Chácara Santo Antonio São Paulo -­‐ SP Tel: 11 5186 7000 Fax: (11) 5186-­‐7199 site: visasaopaulo@state.gov

Consulado dos Estados Unidos em Recife End. Rua Gonçalves Maia, 163 -­‐ Boa Vista Recife -­‐ PE CEP:50070-­‐060 Tel: (81) 3416-­‐3050 Fax: (81) 3231-­‐1906 e-­‐mail: recconsular@state.gov Embaixada e Consulados Brasileiros no Exterior: Embaixada do Brasil em Washington -­‐ DC 3006 Massachusetts Avenue N.W. Washington, D.C. 20008-­‐3699 -­‐ U.S.A. TEL.: (202) 238-­‐2700 (GERAL) e-­‐mail: consular@brasilemb.org site: www.brasilemb.org Embaixada do Brasil em Washington -­‐ Setor consular 3009 Whitehaven Street, N.W. Washington , D.C. 20008-­‐3634 tel: (202) 238-­‐2828 fax: (202) 238-­‐2818 Consulado-­‐Geral do Brasil em Boston -­‐ MA The Stattler Builing

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20 Park Plaza -­‐ Suite 820 Boston -­‐ MA 02116 -­‐ USA TEL.: (1 617) 542-­‐4000 FAX : (1617) 542-­‐4318 e-­‐mail: cgbos@consulatebrazil.org site: www.consulatebrazil.org Consulado-­‐Geral do Brasil em Chicago -­‐ IL 401, North Michigan Ave, Suite 3050 Chicago, Illinois -­‐ 60611 4207 TEL.: (312) 464-­‐0245 FAX: (312) 464-­‐0299 e-­‐mail: central@brazilconsulatechicago.org /cgchgo@ix.netcom.com Consulado-­‐Geral do Brasil em Houston -­‐ TX 1233 West Loop South -­‐ Suite 1150 Houston, Texas 77027 TEL.: (1713) 961-­‐3063 FAX : (1713) 961-­‐3070 e-­‐mail: consbras@brazilhouston.org ou consular@brazilhouston.org site: www.brazilhouston.org Consulado-­‐Geral do Brasil em Miami -­‐ FL 80 sw 8th Street, 26th floor Miami -­‐ FL -­‐ 33130 TEL.: (1305) 285-­‐6200 FAX : (1305) 285-­‐6232 e-­‐mail: consbras@brazilmiami.org site: www.brazilmiami.org Consulado-­‐Geral do Brasil em Nova York -­‐ NY 1185, Av. of the Americas, 21st Floor

New York -­‐ N.Y. 10036 -­‐ 2601 USA TEL.: (212) 827 0976 FAX: (212) 827-­‐9225 e-­‐mails: consulado@brazilny.org /trade@brazilny.org site: www.brazilny.org Consulado-­‐Geral do Brasil em São Francisco -­‐ CA 300 Montgomery Strre, Suite 1160 San Francisco -­‐ CA 94104 TEL.: (1415) 981-­‐8170 FAX: (1415) 981-­‐3628 e-­‐mail: brazilsf@pacbell.net site: www.brazilsf.org Consulado Geral do Brasil em Atlanta -­‐ GA 3500 Lenox Road, Suite 800 Atlanta -­‐ GA 30326 Tel: (404) 949 2400 Fax: (404) 949 2402 e-­‐ mail: info@atlantaconsulatebrazil.org /assistencia@atlantaconsulateb razil.org Consulado Geral do Brasil em Los Angeles -­‐ CA 8484 Wilshire Blvd., Suite 711 Beverly Hills -­‐ CA 90211 tel: (323) 651 2664 fax: (323) 651 1274 e-­‐mails: vistos@brazilian-­‐consulate.org ou trade@brazilian-­‐ consulate.org site: www.brazilian-­‐consulate.org

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Turnês Internacionais: Luiz Gabriel Lopes reporta suas experiências

Luiz Gabriel Lopes é um cancionista que vive em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. É vocalista e um dos principais compositores do Graveola e o Lixo Polifônico. O artista tem dois álbuns lançados com o grupo e no ano passado lançou seu primeiro trabalho solo, o disco “Passando Portas”, composto e gravado em Lisboa, Portugal. Luiz Gabriel e sua Graveola acabaram de voltar de uma turnê pela Europa, onde passaram por Portugal, Alemanha, Inglaterra e Holanda. Qual é o momento certo para um artista brasileiro tentar uma turnê internacional?

Quanto tempo antes é preciso começar a planejar? Quais são as etapas deste planejamento?

Penso que o ideal é ter algum material bem gravado e relativamente conhecido no país de origem, para então ampliar o território de ação com a devida solidez. Não há um momento exatamente certo, há o "feeling" da necessidade e um bocado de trabalho a ser feito nesse sentido.

Tudo depende da natureza dos convites: na Europa, por exemplo, os festivais e espaços mais interessantes fecham agenda com grande antecedência, então muitos contatos são feitos para períodos relativamente distantes. Uma grande questão do planejamento é saber potencializar as relações criadas durante as viagens para ampliar a sustentabilidade da circulação a médio/longo prazo. Nesse sentido, é extremamente importante estar atento no contato com o público, com

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a imprensa (tanto a oficial quanto a alternativa), tendo uma postura ativa de divulgação do trabalho em todas as instâncias. Ao estabelecer relações concretas com o circuito, a multiplicação do acesso ao trabalho se torna orgânico. Existe algum tipo específico de opção de financiamento para bancar uma turnê desse tipo? Em Minas Gerais temos hoje um mecanismo de governo muitíssimo interessante que são os programas de estímulo à circulação, que cobrem viagens internacionais. Há um edital de passagens que é bastante acessível e financia bilhetes a partir de convites feitos com a devida antecedência. Fora isso, a longo prazo é possível estabelecer convites que custeiem as passagens, mas isso já é uma etapa avançada do processo. A internet é uma aliada nesses casos? Fica mais fácil o planejamento e a divulgação por conta da rede? A internet é uma ferramenta fundamental em todos os sentidos, do managementlogístico das turnês à divulgação e ao contato com o público. Some-­‐se a isso o potencial multiplicador de acesso ao trabalho que é criado através de redes como o facebook e o myspace...

Do mercado com que tive algum contato, que é o europeu, tenho a impressão de que há espaço para a boa música brasileira por todo o continente, apesar de achar que Portugal é por excelência a porta de entrada, devido a uma série de conexões culturais estabelecidas num nível já avançado. Para além disso, há por toda a Europa um circuito da chamada "música do mundo" já estruturado em vários aspectos (público, mídia, remuneração), e que por possuir uma grande abertura conceitual através da idéia da "world music", permite a inserção de diversos estilos nos quais a música brasileira se encaixa de várias formas. A participação de músicos/bandas brasileiros (as) vem crescendo no mercado internacional? É possível contabilizar isso? Não tenho dúvidas de que hoje estamos munidos de plataformas de comunicação eficazes a um ponto de tornar cada vez mais viável a ampliação dos nichos de mercado dos artistas de toda parte do mundo. Além disso, a gradual tomada de consciência dessa possibilidade gera ações políticas positivas no sentido do fomento à circulação internacional (como os editais de que falei acima), criando novos pontos de apoio a esse processo de inserção e tornando essa realidade mais palpável a um número crescente de grupos artísticos.

Em que mercados há mais espaço para os artistas brasileiros hoje em dia? Há lugares onde a música nacional penetra mais facilmente? ********

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Turnês internacionais: Juliano Zappia reporta suas experiências

Juliano Zappia é jornalista e produtor. Ele mora em Londres há dez anos, onde atua como publisher da revista mensal e bilíngue JungleDrums. Na capital inglesa, organizou o primeiro festival de cinema brasileiro (New Brasil, em 2005), além do maior evento ao ar livre tendo o Brasil como tema, o Tô Dentro!, na beira do Rio Tâmisa, em 2006. Também produziu e promoveu shows de diversos artistas brasileiros de grande expressão como Maria Rita, Vanessa da Mata, Adriana Calcanhotto e Céu. Antes de tudo isso, fez jornalismo na PUC, cursou também a Birkbeck University e estudou “Creative Business” na Greenwich University, em 2008. Antes da ida à Inglaterra, atuou no Brasil como produtor e jornalista em projetos relacionados à música. Colaborou com os jornais The Guardian e Folha de São Paulo e diversas publicações como Superinteressante, Time Out, Billboard, Set, Capricho e Bizz. Este agitador cultural é mais um personagem na série de entrevistas “Turnês Internacionais”. -­‐ Qual é o momento certo para um artista brasileiro tentar uma turnê internacional?

Não existe fórmula, mas ter o CD lançado na Europa ou EUA ajuda, principalmente para chamar a atenção da imprensa local. O ideal é tentar pegar carona na época de festivais.

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-­‐ Quanto tempo antes é preciso começar a planejar? Quais são as etapas deste planejamento? Para um artista de médio porte (por exemplo Vanessa da Mata), pelo menos 4 meses de venda de ingressos. Para isso acontecer, o agente deve entrar em contato com o promotor com as datas certas com um mínimo de 6 meses de antecedência. -­‐ Existe algum tipo específico de opção de financiamento para bancar uma turnê desse tipo? Algumas embaixadas brasileiras ajudam com gastos, mas anda cada vez mais dificil. -­‐ Qual é a maior dificuldade em termos de produção? Há diferenças gritantes em relação ao mercado brasileiro? Ou seja, existem especificidades no Brasil em relação a produção de shows? Depende do artista e da fase da carreria. Uma Maria Rita pode querer trazer a sua turnê igual a do Brasil e fazer do show algo proibitivo para o mercado internacional, mas outros artistas com certeza encontraram condições (qualidade do som, estrutura da casa) como nunca viram no Brasil. A maior dificuldade é fazer o artista entender que tem que adaptar o seu show para fora, e isso inclui o repertório e a maneira que ele conduz o show. -­‐ De modo geral, qual é a maior dificuldade de se organizar uma turnê internacional?

Hoje em dia com a crise na Europa, queda do dólar e fortalecimento do real, é a quantidade alta que o produtor precisa vender de ingressos para não perder dinheiro. Conseguir apoio de imprensa em alguns países tambem é muito complicado (a concorrência com a musica africana acaba atrapalhando o Brasil), apoio da embaixada também. Os custos são altos e o retorno pro produtor e banda, baixos. Antigamente, valia sofrer e fazer isso para divulgar o novo trabalho, vender CDs, hoje em dia isso não acontece mais. -­‐ Como, normalmente, o artista não é tão conhecido lá fora como é aqui, o investimento em divulgação tem que ser muito maior? Que tipo de coisa é preciso fazer (que não se faz aqui)? Depende. Se o artista for tocar pra comunidade brasileira fora, não, o custo é relativamente barato. Já para um artista que quer chegar ao público estrangeiro, um bom investimento em RP e propaganda é recomendável. Vale procurar parcerias com quem já fez isso antes no país e obteve resultado. -­‐ A internet é uma aliada nesses casos? Fica mais fácil o planejamento e a divulgação por conta da rede? Totalmente. Facebook é ferramenta importantíssima, assim como o player Spotify. A maioria das vendas de ingresso é feita online. E hoje em dia sites como Mondomix, Sounds and Colours, blogs e tudo o mais, ajudam a vender ingressos. -­‐ Qual é a grande vantagem de se tentar uma turnê internacional? Que tipo de precaução é preciso tomar para não jogar dinheiro

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fora? Há que se ter mais cuidado com alguns aspectos que aqui, talvez, nem seriam levados em conta? Nos últimos anos anda complicado arrumar bons motivos para investir, já que o mercado nacional (Brasil) anda em expansão e o extrangeiro em retração, mas dependendo da fase e do estilo do artistas, vale muito. Por exemplo, se uma boa banda de percussão encontrar o parceiro/público certo, pode tocar em varios festivais/locais pelo mundo, coisa que no Brasil às vezes não conseguiria. Outros podem ter uma sonoridade mais estrangeira (banda de rock cantando em inglês) e o mercado fora do Brasil pode ser essencial. -­‐ Em que mercados há mais espaço para os artistas brasileiros hoje em dia? Há lugares onde a música nacional penetra mais facilmente?

A França ainda continua sendo um forte parceiro do Brasil, assim como Portugal. Já outros países é mais complicado. Na Inglaterra mesmo, a música latina de outros países e a africana parecem ter mais público do que a brasileira. -­‐ A participação de músicos/bandas brasileiros (as) vem crescendo no mercado internacional? É possível contabilizar isso? Sim. Mas sempre com ajuda de grandes empresas (caso do patrocínio da TAM no festival TenSamba na Espanha), governo (ajuda de embaixada) ou de trabalho de guerrilha onde o próprio músico é seu produtor (caso do Taubkim e tantos outros. Na minha opinião, é necessária uma força maior do governo, com uma política mais clara de expansão da música brasileira para que ela possa se fortalecer e ganhar espaço nesse momento delicado, em que a Europa passa por uma crise sem precedentes. O cenário não é bonito, mas é interessante.

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Turnês Internacionais: Felipe Julián reporta suas experiências

Felipe Julián é produtor e integrante do Axial. Com três álbuns lançados já percorreu o Brasil e alguns países da Europa com este projeto. Além de músico, Felipe também atua como professor do curso de Produção Musical na Anhembi Morumbi e é o criador do sistema Bagagem de distribuição digital de música, um aplicativo que une grupos musicais à artistas visuais. Ele é o primeiro personagem que abre uma série de entrevistas sobre turnês internacionais aqui no blog. O que ele aprendeu com estas viagens? Leia abaixo! Qual é o momento certo para um artista brasileiro tentar uma turnê internacional? Difícil dizer. Mas atualmente acredito que ele deve gerar uma boa estrutura no Brasil antes de viajar. No mínimo precisa ir com um portfiólio de boas realizações por aqui e com uma presença digital bem organizada na web, (sites de distribuição, matérias, videos etc..) pois se ele pretende voltar a viajar, precisa garantir que o público que vai conquistar nessa primeira viagem, tenha como continuar a relação com o seu trabalho. Com o Axial, decidimos montar um projeto de residência aqui em São Paulo mesmo para que, dessa residência e da

parceria com outros artistas nesse mesmo espaço, possamos gerar material e argumentos suficientes para fazer uma turnê na Europa ou na América Latina em condições menos mambembes do que as que fizemos anteriormente. Acho que acaba-­‐se dando muita "amostra grátis" ou "pocket show" pros estrangeiros e pouco "espetáculo". E ai fica uma sensação de que a música brasileira é meio assim mesmo, faz do jeito que der. Eu captei um pouco dessa opinião quando fui para a Alemanha. O planejamento acontece com quanto tempo de antecedência? Quais são as etapas?

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Se você descobrir me diga. Atualmente estou pensando que 6 meses é muito pouco. E quais as etapas? Difícil dizer pois tudo depende da existência prévia de convites ou não. Se já há um produtor ajudando lá fora, tudo fica mais fácil. Existe algum tipo específico de opção de financiamento para bancar uma turnê desse tipo? Não que eu saiba. Sei que há ajuda de passagens aéreas via MinC. Existem bolsas de intercâmbio para residências mas raramente é para mais de um artista. Já achei que os bancos poderiam dar linhas de crédito para exportação de bens culturais. Mas acho que isso é bastante complexo pois a maior parte desse dinheiro será gasto fora do país. Qual é a maior dificuldade em termos de produção? Há diferenças gritantes em relação ao mercado brasileiro? Ou seja, existem especificidades no Brasil em relação a produção de shows? Acho que o Brasil é muito profissional em realização de shows. Se você sabe produzir um show pra um festival daqui, vai ser igual fora daqui. A maior dificuldade que vejo é a distância com a Europa e EUA. A distância

encarece e dificulta tudo. Se houvesse um circuito latinoamericano consistente seria muito mais fácil. E se houvesse trem entre os países então teríamos um fenômeno cultural acontecendo na América Latina. Essa dificuldade de trânsito é muito grave aqui. Lá na Europa você vai de trem a um preço baixo de um lugar para o outro carregando todo seu equipamento sem custo adicional e chegando com ele em perfeito estado. Na verdade, estando na Europa (conheço apenas Alemanha, Portugal e Rep. Tcheca) a produção de um show ou de mais de um show parece mais fácil do que em São Paulo. A dificuldade é estar lá. De modo geral, qual é a maior dificuldade de se organizar uma turnê internacional? Distância. Pouco acesso às pessoas e espaços estando tão longe. Como, normalmente, o artista não é tão conhecido lá fora como é aqui, o investimento em divulgação tem que ser muito maior? Que tipo de coisa é preciso fazer (que não se faz aqui)? Juro que sinto que ocorra o oposto. Parece que lá fora você precisa divulgar menos do que aqui! Talvez o fato de ser um grupo estrangeiro desperte mais atenção. Mas sempre que tocamos fora, houve publico naturalmente. Se o Axial quiser tocar em Bauru, vai ter que catar o público na unha. A internet é uma aliada nesses casos? Fica mais fácil o planejamento e a divulgação por conta da rede?

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Sem dúvida! Mas o MySpace já não é o mesmo e acho que o boom já foi. Continua valendo mais o boca a boca. Mas há muitas ferramentas novas. Estive utilizando oSonicBids, o Reverbnation, o BandCamp e o ArtistData. Todos muito interessantes mas pouco indicados para quem está no Brasil. Eu acho que deveria haver algum serviço equivalente gerenciado aqui no Brasil que fomentasse o mercado interno e auxiliasse na viagem para o exterior. O ArtistData seria fantástico mas só faz sentido usá-­‐lo quando você já está lá. Qual é a grande vantagem de se tentar uma turnê internacional? Que tipo de precauções é preciso tomar para não jogar dinheiro fora? Há que se ter mais cuidado com alguns aspectos que aqui, talvez, nem seriam levados em conta? Minha experiência não é tão grande pra responder esta. Mas eu diria que nunca se deve marcar um show no mesmo dia em que se vai

chegar de avião na cidade. Tudo pode dar errado. Também não se devem subestimar as distâncias entre as cidades. De resto...não saberia o que dizer. Em que mercados há mais espaço para os artistas brasileiros hoje em dia? Há lugares onde a música nacional penetra mais facilmente? Sinto que a Alemanha gosta muito do Brasil. Estou certo que a Argentina também. Mas é mais fácil ir para a Argentina do que Alemanha. A participação de músicos/bandas brasileiros (as) vem crescendo no mercado internacional? É possível contabilizar isso? Isso só vocês poderão responder!! ; )

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Música Brasileira na imprensa de Chicago

Peter Margasak é um jornalista norte-­‐americano com um pé no Brasil. Entusiasta da nossa música desde meados dos anos 90, seu primeiro contato com as sonoridades brasileiras se deram através da Tropicália. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Tom Zé e Gal Costa foram os responsáveis por conquistar de vez os ouvidos de Peter, que antes já se interessava por Bossa Nova e Samba. “A cada ano que passa, tenho a impressão de que ainda há muito a se descobrir”, aponta. “Eu poderia passar anos imerso apenas na música de Pernambuco”, completa. Seus textos podem ser encontrados no caderno de cultura do Chicago Reader, o principal jornal de Chicago. As pesquisas são feitas em blogs de música do Brasil, graças ao seu entendimento da língua portuguesa. Se não fosse o bom trabalho destas “mídias alternativas”, encontrar novidades seria uma tarefa muito mais árdua. “Ainda é muito difícil saber o que realmente acontece no Brasil, não dá para depender das imprensas americana e britânica”, reclama. Além do Chicago Reader, Peter Margasak também escreve para a Downbeat Magazinerevista especializada em Jazz.: Quais artistas brasileiros você lista como os mais importantes e por quê?

Eu diria Orlando Silva, Carmen Miranda, João Gilberto, Antônio Carlos Jobim, Cartola, Caetano Veloso e Jorge Ben, apesar de esta ser uma pergunta bastante difícil. Alguns destes artistas possuem grande impacto nos EUA, mas todos eles me parecem ter influências

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significativas na construção da música do Brasil, afetando o trabalho das novas gerações e mudando os paradigmas artísticos. E quais novos artistas brasileiros têm chamado sua atenção ultimamente? Os artistas mais consistentes da última década, para mim, são os membros do Projeto +2, especialmente Kassin e Domenico. Mas eu me impressionei também com Lucas Santtana, Marcelo Camelo, Adriana Calcanhoto, Otto, Cidadão Instigado e Céu. Vejo todos estes artistas inspirados na tradição brasileira, mas desenhando novos caminhos com personalidade. Tenho certeza que existem muitos outros e uma das minhas maiores frustrações é não escutar mais do que realmente acontece no Brasil. A música brasileira circula bastante em Chicago?

Se você se refere à música brasileira na imprensa de Chicago, a resposta é: infelizmente não. Quando algum artista brasileiro vem se apresentar, saem pequenas matérias na mídia impressa -­‐ Chicago Reader, Time Out Chicago, Tribune. Você considera a música brasileira amplamente reconhecida nos EUA? Infelizmente quando os americanos pensam em música brasileira, eles pensam em Samba e Bossa Nova – quando pensam em algo além da “Garota de Ipanema”. A culpa é da imprensa Americana. Quando falamos de música internacional por aqui, há quase uma total falta de curiosidade. Os artistas conhecidos aqui são Caetano Veloso, Astrud Gilberto, Bebel Gilberto e Jobim. Uma geração mais jovem descobriu os Tropicalistas e há uma grande adoração por eles, principalmente pelos Mutantes.

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Intercâmbio de música – a nova moeda musical? A música brasileira é uma verdadeira marca no cenário musical internacional. As pessoas gostam da sonoridade única do Brasil. As pessoas em Berlim, Barcelona ou Nova York amam celebrar a música brasileira. Por outro lado, vejo que muitos artistas interessantes de todo o mundo gostariam de se apresentar no Brasil. No país, fervilham festivais, casas de shows e clubs e há uma boa conexão entre a cena musical nacional com a dos outros países sul-­‐americanos. Mas é sempre o mesmo problema: para os brasileiros é muito caro fazer shows na Europa ou América do Norte, pois na maioria da vezes é necessário conseguir dinheiro para voos e estadias. Para as agências europeias – por exemplo – há um risco financeiro elevado quando se fala em trazer novos nomes interessantes do Brasil para a Europa. Uma forma de compartilhar os interesses e riscos poderia ser a troca de artistas e projetos. Por exemplo: quando uma banda de metal de Berlim for tocar no Brasil, pode-­‐se estabalecer contato com uma agência de metal local e dela receber apoio para conseguir organizar a turnê e baratear custos de transporte, divulgação e hospedagem. Quando uma banda de metal brasileira for se apresentar na Alemanha, os parceiros alemães fazem o mesmo. É como uma permuta que torna o processo muito mais barato. Um lado utiliza as estruturas e conexões do outro, e vice versa. Outro exemplo poderia ser uma espécie de programa de troca entre os festivais. Os festivais do Brasil podem trocar atrações com festivais europeus. Pode-­‐se criar uma espécie de concurso de cooperação e quem sabe, conseguir um patrocínio. O que eu diria: temos que encontrar novas saídas e muitas vezes as oportunidades estão mais próximas do que imaginamos. Você está preparado? Então produza seu material promocional em inglês e procure parcerias.

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Bruno Amado and the relation APEX/BM&A Você conhece a APEX? Sabia que o trabalho da BM&A está relacionado à associação? Conversamos com Bruno Amado, gestor do projeto setorial integrado Apex-­‐Brasil e BM&A, que contou ao Blog do Brasil Music Exchange um pouco mais sobre esta parceria em prol da música brasileira! Confira: O que é a Apex? Como ela funciona? A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos é responsável pela promoção dos produtos e serviços brasileiros no mercado internacional. Esta é a sua missão, que se estende ainda ao apoio à internacionalização das empresas brasileiras e à atração de investimentos para o país. Todas as ações, projetos e atividades são pautados na construção da imagem do país como um fornecedor habilitado a atender aos mercados mais exigentes. A base do trabalho da Apex-­‐Brasil é a parceria com o setor privado, buscando sempre ampliar o número de empresas exportadoras, abrir novos mercados para os produtos e serviços nacionais e reforçar a presença brasileira em mercados tradicionais. Focalizada em seis complexos produtivos – agronegócio, casa e construção civil, entretenimento e serviços, máquinas e equipamentos, moda, tecnologia e saúde – a Agência desenvolve projetos com empresários de mais de 70 setores da economia, em todas as regiões do Brasil, estimulando-­‐os a integrar feiras internacionais, missões comerciais, exposições, encontros de negócios. Como começou a relação/envolvimento Apex-­‐Brasil e BM&A? O primeiro projeto setorial em parceria com a BM&A aconteceu em 2004 com a ideia de apoiar a internacionalização da música independente brasileira. Desde então, já aconteceram quatro edições do projeto que têm viabilizado a participação brasileira nas principais feiras e eventos internacionais, além de propiciar a vinda ao Brasil de formadores de opinião de diversos mercados que aqui têm a oportunidade de estar em contato com músicos e bandas de várias regiões do Brasil. Qual é a posição da Apex-­‐Brasil em relação à exportação da música brasileira?

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A Apex-­‐Brasil vem apoiando o setor de música desde 2004. É importante ressaltar que o projeto apoia músicos brasileiros e músicas produzidas no Brasil independente do seu gênero musical. O papel da Apex-­‐Brasil é apoiar a promoção comercial da indústria musical. Hoje estamos na quarta edição do Projeto Setorial em parceria com a BM&A, e a parceria tem procurado evoluir junto com as inovações tecnológicas e culturais dos últimos anos. O modelo de negócios na indústria da música vem passando por mudanças radicais e, atualmente, a exportação de CDs praticamente não existe. O foco principal das ações são o licenciamento e distribuição digital do conteúdo musical brasileiro, a venda de shows e turnês de artistas no exterior, além do licenciamento de trilhas sonoras para jogos e conteúdo audiovisual. Qual a importância do incentivo à troca de cultura? Sem dúvidas, a disseminação e internacionalização da música brasileira geram um interesse e curiosidade sobre o Brasil. Com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas, teremos um ambiente muito favorável para divulgar a nossa cultura e os nossos produtos. É importante estarmos preparados para não deixar passarem as oportunidades de negócio decorrentes dessa exposição positiva de nossa imagem mundo afora.

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Gratuito e legalmente legal: FMA tem um novo canal dedicado à música brasileira

Pesquisadores, programadores e amantes da música têm agora uma nova fonte quando pesquisarem por download de música brasileira gratuita e de maneira legal. Iniciado recentemente, o Free Music Archive contará com um novo canal, exclusivamente dedicado a promoção de novos artistas brasileiros, a NeoBrazilians. Com curadoria de Aline Ridolfi, jornalista brasileira radicada em Nova York, a página trará posts mensais e playlists cheias de faixas licenciadas em Creative Commons. A intenção é chamar a atenção do público internacional para novos estilos e sons produzidos por bandas independentes de todo o país. O BRMusicExchange conversou com Jason Sigal, um dos criadores do Free Music Archive – responsável pela página WFMU – para saber mais sobre o FMA. Ele explicou o projeto em detalhes. O que é o FMA? O Free Music Archive é uma biblioteca com as melhores músicas gratuitas e legais. Foi fundado pelo WFMU, uma estação de rádio sem fins lucrativos, que transmitia para as áreas de Nova York e Nova Jersey e tinha uma reputação de programação aventureira, com o objetivo de aplicar uma abordagem dos dj’s a uma rádio web. Ao contrário de outras grandes bibliotecas de música, nas quais as pessoas podem enviar o que quiserem, todas as músicas em nosso site são selecionadas por um de nossos curadores. Começamos com as estações de rádio como WFMU, KEXP, CBC Radio 3 e

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Kultur Deutchlandradio, mas estamos nos expandindo para incluir museus como o Museu Isabella Stewart Gardner, festivais como Primavera Sound, casas de show como Issue Project Room e instituições de ensino como a Universidade da Califórnia em Santa Barbara’s Cylinder Preservation & Digitization Project. Qual é o propósito do projeto? Para quem ele é feito? Nós queríamos fazer a ponte entre todos os músicos incríveis que distribuem a sua música de graça, e as pessoas em busca de sons legalmente legais de qualidade. Por exemplo, blogs, podcasts, música e produtores de vídeo on-­‐line podem ajudar os artistas a alcançar novos públicos, mas a lei em torno desses novos modelos de distribuição ainda está em andamento. As licenças de Creative Commons oferecem uma solução, mas os recursos que existiam para música legal em Creative Commons levaram um choque, como o myspace: um mar de pessoas gritando para ser ouvido, sem qualquer filtro. Através de uma abordagem com boa curadoria para a música gratuita, criamos uma plataforma que, além de divertida de navegar, ainda ajuda artistas e curadores a alcançarem novos públicos. Por que artistas e produtores devem participar? Se você já está disponibilizando algumas de suas músicas gratuitamente na internet, nós podemos ajudá-­‐lo a atingir um público maior. Outros sites de música contam com artistas para direcionar as pessoas para suas páginas, mas nós cuidamos da sua promoção. Por causa de nossos filtros de curadoria, tudo o que é adicionado à FMA é ouvido por centenas, senão milhares de pessoas imediatamente. O FMA tem se tornado um recurso popular para aqueles que buscam músicas de Creative Commons, por isso, se você escolher uma das licenças mais abertas, sua música pode se tornar um viral e atingir milhões através de um vídeo online. Mesmo que você queira limitar as coisas para “dowload-­‐only”, nós apresentamos sua música para mais pessoas do que o Megaupload faria, e, como somos uma organização sem fins lucrativos fazendo tudo legalmente, não teremos problemas como FBI – sua música estará segura conosco. Para saber mais, acesse: http://freemusicarchive.org/curator/neobrazilians/

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