FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Tecnológicas Graduação em Arquitetura e Urbanismo Trabalho final de graduação Prof. Me. João Lucas Vieira Nogueira
C O M P L E X C U L T U R A M A R D S E R T Ã
O L O O
BRENO MARCOS PINHEIRO DE OLIVEIRA
Fortaleza 2018
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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Tecnológicas Graduação em Arquitetura e Urbanismo Trabalho final de graduação Prof. Me. João Lucas Vieira Nogueira
C O M P L E X C U L T U R A M A R D S E R T Ã
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BRENO MARCOS PINHEIRO DE OLIVEIRA
Fortaleza 2018
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C O M P L E X C U L T U R A M A R D S E R T Ã
O L O O
BRENO MARCOS PINHEIRO DE OLIVEIRA Trabalho de Final de Graduação apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Me. João Lucas Vieira Nogueira
Fortaleza 2018
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Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza Oliveira, Breno Marcos Pinheiro de . Complexo Cultural Mar do Sertão / Breno Marcos Pinheiro de Oliveira. - 2018 116 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2018. Orientação: João Lucas Vieira Nogueira. 1. Centro Cultural. 2. Requalificação Urbana. 3. Gentileza Urbana . I. Nogueira, João Lucas Vieira. II. Título.
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O L O O
BRENO MARCOS PINHEIRO DE OLIVEIRA Trabalho de Final de Graduação apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Fortaleza, _____ de ______________ de 2018. BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Me. João Lucas Vieira Nogueira Universidade de Fortaleza ___________________________________ Prof. Me. Augusto César Chagas Paiva Universidade de Fortaleza ___________________________________ Ney Barroso Filho Arquiteto e Urbanista Convidado
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Gorete e Raimundo, que sempre estiveram do meu lado confiando e apoiando todas as minhas decisões e nunca me deixando desanimar. Em especial, à minha mãe que, embora a ausência do dia a dia, sempre se fez presente em todos os momentos. Ao meu irmão Ray que, apesar da distância e de todos os desentendimentos, me apoiou nos meus momentos mais difíceis. A minha amiga Suelen, que, apesar da distância do tempo, sempre se fez presente e nunca me deixou desistir do que eu acreditava me apoiando em todas as minhas decisões durante todos esses anos e me ajudando a passar pelos momentos mais difíceis sem nunca me abandonar. Ao meu amigo Luandel por sempre apoiar as minhas ideias mais loucas e sempre estar comigo me estimulando a sair da minha zona de conforto e estando sempre comigo. A todos os meus amigos e colegas de graduação, em especial, a minha dupla Ingrid, por ter me aguentado esses anos sempre complementando as minhas ideias. Pelas noites acordados juntos fazendo projeto e chorando juntos na hora do desespero e por todas as noites que as nossas carreiras ainda nos reservam. Ao Professor João Lucas, meu orientador, pela disponibilidade e disposição de embarcar comigo nesse trabalho. Por todas trocas de ideias e experiências e por sempre nos estimular a sair da zona de conforto.
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A todos os professores que contribuíram com o meu conhecimento acadêmico durante esses cinco anos de graduação e por mostrarem que a arquitetura vai muito além do visual, mas sim usar o conhecimento como um instrumento de mudança social.
“
É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história; o que é preciso, é considerar o passado como presente histórico. O passado, visto como presente histórico é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas. Diante do presente histórico, nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para as novas situações de hoje que se apresentam a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros.
“
Lina Bo Bardi (Lina por escrito - 2009)
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RESUMO
A cultura nordestina traz em si diversas histórias e significados que mostram a luta que o povo passou durante o processo de consolidação do espaço, o que faz com que essa mensagem de regionalidade e representatividade precise ser disseminada. O Centro Cultural, visto como um meio de construção social e de um mecanismo desenvolvedor, tem como objetivo disseminar o conhecimento e ajudar na valorização e desenvolvimento tanto da cultura quanto do espaço urbano, tendo em vista o potencial de interesse e a área de influência desenvolvida por um equipamento cultural. O projeto tem como objetivo ajudar na requalificação e desenvolvimento da área beneficiando os moradores locais que hoje, em parcela, se encontram em situação de degetos por consequência de uma tentativa de requalificação que privilegiou apenas a zona de praia, beneficiando o comércio das barracas de praia e impactando negativamente no entorno. O projeto tem a intenção de tornar a edificação convidativa genrando diferentes usos para assim aumentar a interação social e disseminar conhecimento para a população gerando impactos positivos no processo de desenvolvimento local. Palavras-chave: centro cultural, regionalidade, requalificação urbana, construção social.
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Northeastern culture brings with it several stories and meanings that show the struggle that the people who lives there spent during the process of consolidation of space. This which makes this message of regionality and representation need to be disseminated. Because of this it is understood that the message of regionality and representativeness needs to be disseminated. The Cultural Center, seen as a means of social construction and a development mechanism, aims to disseminate knowledge and assist in the valorization and development of both culture and urban space, in view of the potential of interest and the area of ​​influence developed by a cultural equipment. The project aims to help in the requalification and development of the area benefiting local residents who today are in a situation of removal as a result of an attempt to requalification that privileged only the beach area, benefiting trade in beach huts and negatively impacting its surrounding. The project is intended to make the building inviting. Generating different uses to increase social interaction and disseminate knowledge to the population. Thus generating positive impacts on the local development process.
ABSTRACT
Key-words: cultural center, regionality, urban renewal, social construction.
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SUMÁRIO
1.0 2.0 3.0 4.0
1.1. Justificativa................................................................. 16 1.2. Metodologia............................................................... 18
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Dejetos....................................................................... 22 2.2. Arquitetura Nordestina................................................24 2.2.1. Caatinga...................................................................24 2.2.2. Areial.......................................................................26 2.3. Nostalgia e Melancolia................................................ 28
......................................................................................... 32
TIPOLOGIAS DO CENTROS CULTURAIS
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ESTUDOS DE CASO
4.1. Centro Cultural Arauco................................................ 36 4.2. Centro Cultural São Paulo............................................40 4.3. Cais do Sertão.............................................................45 4.4. Museu da Fotografia................................................... 49
5.0 6.0 7.0
5.1. O Bairro......................................................................56 5.2. O Terreno................................................................... 60 5.3. Lei de Uso e Ocupação do Solo....................................62
DIAGNÓSTICO DA ÁREA
PROJETO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. Conceito..................................................................... 66 6.2. Partido....................................................................... 68 6.3. Programa de Necessidades..........................................70 6.4. Implantação................................................................76 6.5. Sistema Estrutural....................................................... 91
7.1. Conclusão................................................................... 104 7.2. Bibliografia................................................................. 106 7.3. Lista de Figuras........................................................... 108 7.4. Lista de Tabelas.......................................................... 109
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1.0 14
INTRODUÇÃO
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1.1
JUSTIFICATIVA
Nascido em Iguatu, município localizado na região Centro-Sul do Estado do Ceará, me mudei para Fortaleza e comecei a morar sozinho aos 15 anos de idade para me dedicar aos estudos, o que me fez pensar que, a cada dia, quero ir cada vez mais em busca dos meus objetivos e, independente de onde eu esteja, nunca perder a minha essência nordestina. A partir de então, comecei a idealizar a ideia de um Centro de Cultura Regional, um local multifuncional que pudesse fazer refletir a quem frequentasse, trazendo uma memória afetiva e sentimento de representatividade para os habitantes da região e disseminando a cultura regional para os visitantes de outras localidades. Na obra “Os Sertões” do autor Euclides da Cunha (1984) que relata a Guerra de Canudos, grande marco na história nordestina, o autor faz a seguinte citação “... o certão[sic] virará praia e a praia virará certão[sic]” (p.72), expondo as duas principais tipologias geográficas nordestinas, e fazendo refletir sobre o êxodo que eu mesmo vivi de sair da ruralidade da região Centro-Sul do Ceará para a capital, onde o mar é uma das principais características.
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No processo de pesquisa, observou-se uma semelhança no modo de pensar projetos de centros culturais, podendo destacar, dentre estes, a escolha do terreno que, na maioria das vezes, é definida por ser uma área com algum potencial de desenvolvimento, tendo em vista que um centro cultural é um equipamento disseminador de informação, estudo abordado por Luciene Borges Ramos (2007). Nessa mesma lógica, a localização adotada para a implantação do Complexo Cultural Mar do Sertão foi a Praia do Futuro I, bairro localizado na cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, situado no norte da região Nordeste. O bairro da Praia do Futuro I é considerado como uma área de grande potencial turístico advindo da cultura praiana que se desenvolveu devido a locação das barracas de praia concentradas na orla local, o que fez com que o entorno dessa área se tornasse subutilizado, aumentando significativamente a discriminação e a marginalidade.
Durante o processo projetual foi de fundamental importância ter conhecimento sobre as morfologias e individualidades do local em que será concebido o projeto. A história e a cultura de um determinado local. Uma edificação de valor social, econômico e cultural que pode refletir diretamente no crescimento econômico local, na valorização da terra e no desenvolvimento urbano da área, classificados por Raquel Rolnik (2011) como variáveis distintas, e contribuir com meios de auxílio e lazer à população e visitantes, desenvolver atividades profissionalizantes contribuindo com a capacitação da população local e com a proposta de desenvolver o comércio para contribuir com a economia na região, associados à importância de ressaltar os aspectos da cultura local.
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1.2
METODOLOGIA
A metodologia desse trabalho se divide em três etapas:
1.
A primeira etapa foi definida pela revisão bibliográfica e o levantamento de dados e visitas in loco.
2.
A segunda parte consistiu no diagnóstico a partir do estudo do contexo local e pesquisas com moradores e visitantes locais para entender as reais necessidade da população para a área em questão.
3.
18
A terceira etapa compreende a elaboração do projeto do Complexo Cultural Mar do Sertão após a análise dos estudos realizados nas etapas anteriores, que permitiu uma proposta projetual coerente com as necessidades do local.
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2.0 20
REFERENCIAL TEÓRICO
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2.1 DEJETOS
Como um dos principais objetivos do objeto de pesquisa que se dá na proposta de capacitação da população, fazendo com que a realidade residual na qual esta parcela se encontra se reverta na região, tomando por base o texto “Dejetos materiais e informacionais como elementos culturais” da autora Raquel Rennó que cita: “A dispersão da informação é parte da troca, e elementos que antes poderiam ser considerados não-partícipes de um sistema (resíduos) são apropriados por outros, reconstruindo estruturas, assumindo novas funções e em muitos casos alimentando posteriormente o próprio sistema de onde foram excluídos.” (2007) A proposta de projeto de um Complexo Cultural Nordestino tem como uma das diretrizes a integração dos seus espaços com os visitantes e da população local com edifício e o ambiente urbano, criando espaços de interação social para uma tentativa de reinserir a população local, que se encontra em situação residual, à seu real espaço na sociedade, tendo em vista que essa é considerada dejeto do seu próprio meio, uma vez que a área da Praia do Futuro I é uma faixa com potencial turístico definido pela concentração das barracas de praia localizadas ao longo da orla, fazendo com que o resto da região passe a ficar em desuso podendo ocasionar o processo de marginalização, abordado por Raquel Rennó:
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“É preciso compreender em que medida a residualidade gerada pela constante exclusão e ignorância em relação ao reaproveitamento de materiais e organização dos grupos sociais periféricos é um processo que impede que se crie a necessária elasticidade cognitiva da qual se beneficiariam tanto “excluídos” quanto “excludentes”. Tampouco serviria cair em diferenciações das “minorias” ou de grupos “menos favorecidos” como um modo de conhecimento que não reconhece.” (2007) A implantação de um equipamento cultural deve levar em consideração as diferentes ramificações da cultura, como a cultura da massa - que é considerada como um meio manipulado às classes com menos acesso à informação - e a cultura de elite, que pode ser apontada como contribuinte para a alienação da cultura de massa, gerando, assim, uma hierarquia cultural que potencializa o processo residual, segundo abordado por Vilém Flusser no tecto “Fenomenologia do brasileiro: Em Busca de um Novo Homem” (1998). Segundo Flusser, “(d)Arquitetura: trata-se de uma ruptura de alienação em dimensão material tão grande que é reconhecida até no estrangeiro, de forma que permite uma discussão ligeira.”, o que nos leva a refletir sobre a função dos equipamentos culturais em integrar a população reduzindo a alienação da cultura de massa e, dessa forma, a situação de dejeto dos moradores locais.
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2.2
ARQUITETURA NORDESTINA
2.2.2 CAATINGA
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O livro “Arquitetura popular brasileira”, do autor Günter Weimer, aborda como se deu a consolidação da cultura brasileira a partir do processo de colonização do território, mostrando que a nossa cultura é um misto de todas as culturas que fizeram parte desse processo. Weimer apresenta as tipologias da arquitetura brasileira, pontuando as individualidades que elas apresentam às diferentes localidades, em que se pode destacar, para essa pesquisa, a arquitetura das moradas da caatinga e das moradas dos areais, tendo em vista que representam as duas principais tipologias arquitetônicas que reforçam as peculiaridades geográficas da região nordestina. Ao se referir à arquitetura das moradas da caatinga (Figura: 01), o autor pontua algumas características dessa região, podendo-se apontar as longas estiagens entremeadas por curtos períodos de chuvas abundantes e as vegetações arbustivas que, juntamente com o potencial do solo fértil, faz com que essa vegetação se desenvolva, fazendo com que a área se cubra de verde durante esse período e, à medida em que a chuva começa a entrar em escassez, essa vegetação perca as folhas, sobrando apenas os galhos e troncos. Uma outra característica é a presença de plantas medicinais junto à porta da casa. Sobre os elementos arquitetônicos observados por Weimer, pode-se encontrar as plantas quadradas ou retangulares, telhado de duas águas com coberturas vegetais de folhas de palmeiras, um arranjo interno com três compartimentos formado por uma sala na frente e uma cozinha nos fundos ligadas entre si por um corredor lateral ao longo de um quarto fechado e a presença de um alpendre ou varanda frontal. Outro tipo de edificação presente e característica da região são as casas de pau-a-pique. Houve mudanças no processo construtivo que incluíram a presença do telhado de quatro águas e a substituição da palha por telhas canal, trazendo maior durabilidade e eficiência às edificações.
Figura 01 Arquitetura da Caatinga Sertão do Pajeú Fonte: André Dib Fotografia
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2.2.3 AREIAL
Ao analisar a tipologia das moradas dos areais (Figura: 02), percebe-se a predominante presença de coqueiros como vegetação e que as edificações se aproveitam do potencial de isolamento térmico propiciado pela areia, sendo em vista que esses edifícios se encontravam parcialmente enterrados e não continham portas externas. Havia semelhança às moradas da caatinga uma vez que estas apresentam telhados com 4 águas também se utilizando da cobertura vegetal advinda da palha de buriti, que serve também para a vedação das paredes. Quanto à arquitetura, percebe-se uma planta limpa com a presença de um único cômodo. As acomodações se dá por meio de redes e bancos de troncos de árvores. Observa-se também a presença de pátios cercados e alpendres. Nas moradas dos areais também é comum se encontrar edificações destinadas às jangadas que, geralmente, são o meio de sustento de parte da população local que sobrevive da pesca. Essas edificações, normalmente, são próximas ou integradas às residências.
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Figura 02 Arquitetura do Areial Casa de Pescador na Praia da Peroba Fonte: Andre Felipe Carvalho Flickr
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2.3 NOSTALGIA E MELANCOLIA
A peça “O Grande Encontro” (Figura: 03), dos diretores cearenses Aretha Karen e Thiago Nunes, aborda a temática nordestina em um musical que engloba três romances simultâneos que são contados através das música de Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Elba Ramalho e Zé Ramalho, nordestinos e grandes nomes da música popular brasileira. O casal Fernanda e Marcelo que passam por uma crise no relacionamento pelo sentimento nostálgico de Fernanda que, após mudar para a capital para viver com seu amado, tem que decidir entre o amor do seu companheiro e o amor pela sua cidade no interior nordestino. O casal Luiz e Flor que, enquanto passam por dificuldades advindas da seca no interior do sertão, descobrem uma gravidez inesperada fazendo com que Luiz decida se mudar para a capital em busca de melhores condições de vida. E Sabiá, um moço jovem que sonha em sair do interior litorâneo em busca de novas oportunidades, mas conhece Diana, moça nova na cidade, por quem se apaixona e passa a viver o dilema entre o seu sonho e sentimento. O intuito da peça é mostrar as diversas formas e situações de como os indivíduos reagem sentimentalmente com as sensações de amor, nostalgia, e esperança que habitam no coração do povo nordestino e que faz com que essa admiração que o povo tem por suas raizes seja entendida e transmitida para o projeto.
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Figura 03 O Grande Encontro O Musical Fonte: Página Oficial da Peça
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3.0 30
TIPOLOGIAS DOS CENTROS CULTURAIS
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TIPOLOGIAS DOS Alguns referenciais em comum na elaboração de centros culCENTROS CULTURAIS turais é a escolha do terreno em que a proposta de projeto
deve ser inserida que, na maioria das vezes, é uma região com algum potencial de desenvolvimento. Segundo Luciene Borges Ramo na dissertação “O centro cultural como equipamento disseminador de informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto”, que faz uma análise geral e específica sobre as tipologias dos centros culturais ao redor de todo o mundo: “A escolha do local de instalação do centro cultural, segundo os autores, está vinculada muitas vezes à necessidade de se revitalizar regiões inteiras da cidade através da ação cultural, o que efetivamente acontece após a inauguração do espaço.” (2007) Quanto à tipologia dessas edificações, a autora evidencia algumas semelhanças adotadas no programa de necessidades quando afirma que:
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“Quanto às atividades, os centros culturais têm em comum a idéia da polivalência, que determina um programa variado que inclui atividades práticas como oficinas, cursos e grupos experimentais; atividades de formação intelectual, como palestras, ciclos de debates e seminários; e atividades de fruição estética como exposições, espetáculos e apresentações musicais. O espaço físico de cada centro acaba sendo determinante em relação à quantidade e à variedade de atividades oferecidas. Em comum, os centros têm o fato de propor espaços em seu interior que sirvam de local de convivência e encontros.” (2007)
Luciene Borges Ramos enfatiza que o programa também pode variar de acordo com as necessidades de cada área e edificação para melhor atender às tipologias locais e à população, como é o caso do objeto desta pesquisa, que visa a criação de um Complexo que, além de atender aos programas comuns, se diferencia pela sua preocupação em vincular os aspectos culturais locais ao projeto de arquitetura.
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4.0 34
ESTUDOS DE CASO
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4.1
O programa, a capacidade dos diferentes espaços e o funcionamento do Centro Cultural surgem a partir da participação ativa da comunidade através dos seus diferentes agentes culturais.
CENTRO CULTURAL O CCA (Figura: 04) é projetado como um lugar de encontro, de parARAUCO ticipação e de expressão de toda a manifestação cultural e artística. No tecido urbano o edifício se comporta como parte do espaço público (Figura: 06) e consolida com uma interessante relação de proximidade com o oceando e localizado em uma esquina icônica da cidade de maneira permeável ao pedestre e ao visitante(Figura 05). Decidiu-se que todas as atividades massivas e públicas seriam desenvolvidas no primeiro nível, o da rua (Figura: 07). O teatro, a cafeteria, a loja, o foyer de exposições e as salas multiuso se relacionam com o espaço público e abrem-se para o pátio coberto. A simultaneidade, a atividade, o intercâmbio, a convivência são características desse nível e conferem o caráter público ao Centro Cultural. A biblioteca, a administração e os serviços foram acomodados no segundo nível (Figura: 08) mais silencioso e controlado. O espaço da biblioteca percorre quase todo o perímetro do segundo nível e constrói ambas fachadas da esquina. Uma pele de madeira laminada filtra o sol oeste e direciona as vistas para a montanha Colo Colo, lugar sagrado para os Mapuches. O segundo nível foi erguido sobre a calçada e libera o caminho através do interior do Centro Cultural, cobrindo uma grande superfície desse espaço público. Essa operação confere uma certa leveza ao edifício, acolhendo a circulação natural dos pedestres e convidando-os a entrar;
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A disposição dos volumes gera um vazio no centro do terreno, uma praça interior, um foyer do Centro Cultural, um espaço articulador de todo o programa.
Figura 04 Centro Cultural Arauco Fonte: ArchDaily
Figura 05 Imagem de Satélite da Localização do Centro Cultural Arauco Fonte: ArchDaily
Figura 06 Imagem aérea do Centro Cultural Arauco e entorno Fonte: ArchDaily
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Figura 07 Planta do Primeiro Pavimento Fonte: ArchDaily
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Figura 08 Planta do Segundo Pavimento Fonte: ArchDaily
Figura 09 Corte Esquemรกtico Fonte: ArchDaily
Figura 10 Corte Esquematico Fonte: ArchDaily
Figura 11 Corte Esquematico Fonte: ArchDaily
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4.2
Concebido como o primeiro centro cultural multidisciplinar do país, o CCSP (Figura 12) tem espaços de naturezas muito diversas, destinados a usos complementares e amplos, ocupando sua extensa área de 46.500 m² e quatro pisos.
CENTRO CULTURAL SÃO PAULO São cinco salas de espetáculos – Adoniran Barbosa, nosso espaço de arena único, rodeado por vidros; Jardel Filho, mais tradicional, que recebe música, teatro e dança; Lima Barreto e Paulo Emílio, destinadas à programação de cinema; e Espaço Cênico Ademar Guerra, localizado no porão do CCSP, multiuso e alternativo. Para mostras em geral, dispõe de dois pisos expositivos: o Flávio de Carvalho (Figura: 16) e o Caio Graco (Figura: 15), que possui acesso a partir da Rua Vergueiro e abriga a Sala Tarsila do Amaral (Figura: 17), ambiente climatizado dedicado especialmente a exposições do acervo da instituição. O conjunto de bibliotecas acessíveis ao frequentador conta com a Biblioteca Sérgio Milliet (Figura: 14), o maior e mais generalizado acervo, e outras mais específicas: a Alfredo Volpi, especializada em livros de arte; a Gibiteca Henfil, em histórias em quadrinhos; a Louis Braille, que oferece ampla coleção de livros em braille e audiolivros; a Biblioteca de Culturas Surdas, com acervo e atendimento especial para o público surdo. O CCSP abriga, ainda, um laboratório para restauro e conservação de livros, documentos e obras.
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Entre as áreas livres (Figura: 13) estão a Área de Convivência, próxima ao Restaurante e à entrada da Vergueiro; o Foyer, que reúne os públicos das diferentes salas antes e depois dos eventos, além de dar acesso à Central de Informações; o Corredor da Dança, utilizado por praticantes amadores e profissionais de diversas expressões artísticas, do tango ao break; e até mesmo a Rampa de acesso ao metrô, que foi reconfigurada pelo uso do público e não é mais somente um lugar de acesso, mas um espaço repleto de artistas.
Figura 12 Rampas de Acesso Internas Fonte: Site Cidade de São Paulo
Figura 13 Jardim Suspenso Fonte: Site Oficial do Centro Cultural São Paulo
Figura 14 Biblioteca Sergio Milliet Fonte: Veja São Paulo
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Figura 15 Planta do Piso Caio Graco Fonte: Site Oficial do CCSP
Figura 16 Planta do Piso Flรกvio de Carvalho Fonte: Site Oficial do CCSP
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Figura 17 Planta do Piso Tarsila do Amaral Fonte: Site Oficial do CCSP
Assinado por Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, da Brasil Arquitetura, o Cais do Sertão proporciona ao visitante uma experiência de imersão na cultura popular nordestina. Tendo como fio condutor a obra de Luiz Gonzaga, o museu mescla, através de seus territórios, a tradição e a tecnologia, onde a arquitetura faz parte da narrativa. Foi utilizada a técnica do concreto aparente pigmentado, sem revestimento final, como reboco ou pintura, em que a cor empregada faz referência a uma pedra do Sertão do Piauí.
4.3
CENTRO CULTURAL CAIS DO SERTÃO
Na sua entrada, o edifício conta com uma grande marquise em concreto protendido (Figura: 18), formando um vão livre de, aproximadamente, 25m, com uma abertura circular na sua parte central, para permitir o plantio do Juazeiro. A construção é composta por duas edificações: Módulo 1 e Módulo 2. No módulo 1 está instalada a exposição de longa duração, e a sua estrutura é feita de concreto armado e cobertura metálica que mantém a aparência do antigo armazém que existia no local. O módulo 2 (Figuras: 20), onde encontram-se salas de exposição temporária, reserva técnica, auditório, dentre outros espaços, apresenta uma estrutura ainda mais sofisticada: um vão livre de 56 metros de extensão, recoberto por uma máscara de cobogó, remetendo à renda, à terra trincada e à visão do sertanejo da galhada na caatinga (Figura: 19). Pela importância de sua localização e de seu programa sociocultural, o conjunto do museu (com suas áreas livres e de convívio) deveria também criar um novo marco urbano na paisagem do Recife.
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Deveria ainda funcionar como agente de requalificação urbanística de todo o centro histórico, reforçando os laços da cidade com suas águas – canais, rios e mar. Ao apresentar a vida sertaneja em um moderno equipamento à beira mar da metrópole pernambucana, o museu procura abrir os olhos de todos os brasileiros para o universo fantástico, ao mesmo tempo rico e pobre, trágico e festivo, violento e poético de grande parte da população que habita esta vastidão territorial chamada sertão.
Figura 18 Entrada do Módulo 1 do Cais do Sertão Fonte: Brasil Arquitetura
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Figura 19 Fachada do Módulo 2 do Cais do Sertão Fonte: Brasil Arquitetura
Figura 20 Cais do SertĂŁo Fonte: Brasil Arquitetura
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Figura 21 Planta do Primeiro Pavimento Fonte: Brasil Arquitetura
Figura 22 Planta do Segundo Pavimento Fonte: Brasil Arquitetura
0
Figura 23 Planta do Terceiro Pavimento Fonte: Brasil Arquitetura
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Figura 24 Planta do Quarto Pavimento Fonte: Brasil Arquitetura
O objeto do trabalho foi um edifício existente com aproximados 2000 m² de área construída, localizado no bairro Varjota, em Fortaleza, Ceará. Com vida social bastante ativa, o bairro é considerado um pólo gastronômico, e importante ponto de encontro para parte do público da cidade. O edifício possui o total de cinco pavimentos. Já no acesso principal, há uma escada generosa que marca o eixo de entrada do Museu. Associada à ela, existe a rampa para cadeirantes tratada de uma maneira escultural na composição de fachada e destacada por um largo recuado que funciona como uma pequena praça, a qual abriga a carnaúba, árvore típica do semiárido nordestino e que traz o elemento regional para a volumetria sóbria do edifício (Figura: 25). O pavimento térreo (Figura: 28) contempla o Lobby, que abriga café, biblioteca, loja, banheiros sociais e a área de exposição temporária. A exposição permanente ocupa o primeiro (Figura: 29) e segundo (Figura: 30) pavimentos, idênticos em planta, completamente sóbrios nas áreas expositivas, mas exibem um agradável jardim vertical na área da passarela (Figura: 26), que representa uma transição, quase como um descanso visual, entre fragmentos das mostras. Existe ainda, no terceiro pavimento (Figura: 31), um terraço parcialmente coberto que tem vista para a cidade, e uma sala multiuso, ambos para eventos, oficinas e palestras. No subsolo (Figura: 27), foi resolvido toda a parte administrativa e de apoio, incluindo uma reserva técnica para o acervo.
4.4 MUSEU DA FOTOGRAFIA
O conceito do projeto foi a valorização do volume em balanço como principal elemento da fachada, revestindo-o com uma estrutura metálica solta da alvenaria externa e chapas de ACM perfuradas, as quais, além de proteger da forte incidência solar própria de Fortaleza, configura, através da sua variação de tamanhos dos furos, um dinamismo a esse volume puro, gerando uma espécie de mosaico. 49
A intenção principal do projeto foi criar uma arquitetura contemporânea que expressasse, através de sua volumetria, atemporalidade e sobriedade das formas e dos materiais.
Figura 25 Fachada Principal Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
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Figura 26 Hall de Exposição Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
Figura 27 Planta do Subsolo Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
Figura 28 Pavimento TĂŠrreo Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
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Figura 29 Primeiro Pavimento Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
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Figura 30 Segundo Pavimento Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
Figura 31 Terceiro Pavimento Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
Figura 32 Corte Esquemรกtico Museu da Fotografia Fonte: ArchDaily
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5.0 54
DIAGNÓSTICO DA ÁREA
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5.1 O BAIRRO
A Praia do Futuro se divide em duas grandes áreas: Praia do Futuro I (Figura: 33) e a Praia do Futuro II. Segundo dados do IBGE (2010), a Praia do Futuro I possui 6.630 habitantes. Em um período de dez anos, observou um crescimento populacional de 127,29% no bairro da Praia do Futuro I. Considerada última faixa de praia a ser incorporada ao espaço urbano de Fortaleza na década de 1950, a Praia do Futuro surge na como um loteamento de propriedade de Antonio Valdir Diogo. A Praia do Futuro passou a se configurar como uma nova zona de lazer da Cidade de Fortaleza, para onde se destinava boa parte da elite nas décadas de 1960 e 1970 em busca de opção de entretenimento na orla. A nova definição dos usos da Praia do Futuro teve início em 1999, quando a Associação dos Empresários da Praia do Futuro e a Secretaria de Turismo do Estado do Ceará lançaram o Projeto Turístico “Esta Praia Tem Futuro”, em que assuntos como infraestrutura e a estrutura das barracas de praia seriam discutidos e levados em consideração com o intuito de deconstrui uma “praia de futuro”. Isso foi planejado com a finalidade de impulsionar os lucros dos empreendimentos situados na orla da praia por consequência do aumento do fluxo de turistas na áerea. Tendo em vista esse histórico de desenvolvimentos na área por consequência dos visuais e do potencial turístico local, o bairro da Praia do Futuro I se mostra como uma área favorável à implantação de um equipamento de cultura capaz de dar um novo uso para o bairro, depois de observada a ausência de edificações de cunho cultural (Figura: 34), proporcionando o desenvolvimento tanto esperado pelo planejamento de futuro.
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Figura 33 Imagem AĂŠrea da Praia do Futuro 1 Fonte: Google Earth Adaptado pelo Autor
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Limite do Bairro
Hotel
Barracas de Praia
UPA
Terreno
Escola de Surf
Av. Dioguinho Av. Santos Dumont
Educacional Praรงa
Figura 34 Mapa de Usos da Praia do Futuro 1 Fonte: Acervo do Autor
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5.2 O TERRENO
Figura 35 Vista do Entorno do Terreno Fonte: Acervo do Autor
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Figura 36 Vista do Entorno do Terreno Fonte: Acrevo do Autor
O terreno em questão localiza-se no bairro da Praia do Futuro I, entre as vias coletoras Trajano de Medeiros e Paulo Mendes e as vias locais Carlos Jereissati e Oliveira Filho (Figura:37), possuindo uma área aproximada de 25.000m². A topografia é uma das características mais marcantes do terreno. Com aproximadamente trinta metros de desnível, tomando por referência o topo do terreno localizado na avenida Trajano de Madeiros e a base situada na rua Oliveira Filho, a elevação acentuada permite uma vista privilegiada da praia e do entorno, fazendo com que haja a interação e a proximidade dos indivíduos com o mar (Figuras: 35 e 36).
Vias Coletoras Vias Locais
ilho
es
O Rua
P
end
Aven
id
aja a Tr
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Rua
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Figura 37 Hierarquia das Vias do Terreno Fonte: Acervo do Autor
ida Aven
Carl
rei os Je
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i
ida Aven
San
t
um os D
ont
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5.3
Visando obedecer às normas urbanísticas do município, foram consultados o Plano Diretor Participativo de Fortaleza - (PDPFor-2009) e a Lei Complementar Nº 236, de 11 de agosto de 2017, que dispõe sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LUOS).
LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Segundo a LUOS, o Terreno está inserido em uma ZO VII - Zona de
Orla referente a localização da Praia do Futuro que define os seguintes parâmetros: I - índice de aproveitamento básico: 2,0; II - índice de aproveitamento máximo: 2,0; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,1; IV - taxa de permeabilidade - 40%; V - taxa de ocupação - 50%; VI - taxa de ocupação de subsolo - 50%; VII - altura máxima da edificação - 36m; VIII - área mínima do lote - 200m; IX - testada mínima do lote - 8m; X - profundidade mínima do lote - 25m. A LUOS insere equipamentos como Centros Culturais como grupo Institucional e subgrupo Equipamentos para Cultura e Lazer (ECL), clase 3PE, na atividade Centro Social Urbano. Para tal edificação o numéro de vagas, segundo a LUOS, será um objeto de estudo, não sendo, dessa forma, definida. A LUOS não especifica a quantidade de recuo necessária para classe 3PE, indicando também que este será objeto de estudo.
62
63
6.0 64
PROJETO
65
6.1 CONCEITO
A intenção do projeto se dá pela relação que se buscou em integrar a edificação com a orla da Praia do Futuro de forma convidativa aos visitantes e que não se tornasse uma edificação muito verticalizada, tornando-se uma barreira visual, o que fez com que a escolha do terreno com elevado desnível fosse um dos principais pontos de partida do projeto, possibilitando o aproveitamento dos níveis da topografia do terreno para a concepção da edificação para buscar os objetivos almejados. O projeto também conta com a elaboração de espaços que consigam representar as diversidades encontradas nas regiões sertaneja e praiana nordestinas, permitindo que o visitante possa sentir a sensação nostálgica e representativa por estar em um ambiente que contemple o sertão e a orla no mesmo lugar por uma expressão de regionalidade.
66
67
6.2 PARTIDO
68
Partindo do conceito da regionalidade, forma reta e retangular das plantas dos pavimentos da edificação, se refere diretamente a arquitetura popular brasileira utilizada nas edificações encontradas na consolidação dos espaços sertanejos e litorâneos, que se utilizam desse artifício para elaborar plantas simples e objetivas, como foi abordado por Weimer, assim como a sensação de diferença de aterramento parcial do edifício, ocasionado pelos níveis topográficos do terreno e a expressão do partido adotado tendo como referência a arquitetura dos areais que se utiliza dessa implantação parcialmente enterrada pelo seu potencial térmico causado pela areia, sendo utilizado no projeto como também uma forma de isolamento acústico parcial, tendo em vista a necessidade de baixa incidência de ondas sonoras em algumas áreas de exposições, biblioteca e teatro que necessitam de um isolamento acústico mais efetivo.
Figura 38 Perspectiva IsomĂŠtrica Fonte: Imagens do Autor
69
6.3
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O processo que levou ao planejamento do programa de necessidades foi bastante minucioso e partiu, primeiramente, para o entendimento de algumas da possíveis necessidades dos moradores e visitantes do local a partir de uma entrevista realizada com 27 pessoas de diferentes idades: Você é morador da Praia do Futuro I?
Sim (13,8%) Não (86,2%)
O que você acha da iluminação pública?
Ótimo (0%) Bom (10,3%) Regular (48,3%) Ruim (41,4%)
70
Como você julga a qualidade de pavimentação das vias?
Ótimo (0%) Bom (20,7%) Regular (51,7%) Ruim (27,6%)
O que você acha das opções de lazer?
Ótimo (2,9%) Bom (44,1%) Regular (47,1%) Ruim (5,9%)
Quantidade significativa de áreas verdes?
Como você considera a segurança local?
Ótimo Bom Regular (23,5%) Ruim (76,5%)
Ótimo Bom (8,8%) Regular (35,3%) Ruim (55,9%)
Como você julga as oportunidades de emprego e profissionalização na região?
Como você considera a qualidade de acessibilidade para deficientes?
Ótimo Bom (20,6%) Regular (61,8%) Ruim (17,6%)
Ótimo Bom (2,9%) Regular (44,1%) Ruim (52,9%) Como você julga a mobilidade via transporte público?
Ótimo (20,6%) Bom (38,2%) Regular (41,2%) Ruim
71
Em resposta à entrevista, quando questionados sobre o que a implantação de um equipamento cultural poderia influenciar na área, muitos afirmaram que seria uma alternativa de lazer que não se restringe às barracas de praia, podendo assim contribuir com a valorização do entorno, como foi o caso de Victoria Pontes, estudante de 20 anos, que afirma que a implantação de um centro cultural na região “seria interessante para promover uma integração dos usuários no bairro, e traria um outro uso para a região, fazendo com que o foco não fosse só nas barracas de praia” e que deu como sugestão “integrar os espaços, não isolar a comunidade local, a utilização de binários nas vias, a permissão de uma maior acessibilidade e trabalhar para que o local tenha uma identidade mais forte, de uma maneira geral, não só na orla”. Yasmin Oliveira, estudante de 20 anos, fala que “A área é muito valorizada pela questão turística, que, ao me ver, resume-se apenas nas barracas de praias que tomam o lugar. Digamos assim que elas roubam a cena no bairro, pois você está na praia do futuro e não tem a oportunidade de perceber características do bairro, pouco vê os moradores se apropriando dos poucos espaços que lhe são fornecidos. Considerando então, que um centro de cultura e lazer agregaria bastante valor à comunidade, traria diferentes oportunidades e poderíamos nos referir ao mucuripe sem pensar apenas nas barracas de praia.”. Após o levantamento de dados sobre algumas das necessidades da área como resposta da entrevista aprigada, a elaboração do organograma para definir a hierarquia dos espaços a serem propostos foi elaborado.
72
CULTURALIZAR
DIFUNDIR
INTEGRAR
INTERAGIR
TEATRO
MUSEU
RESTAURANTE
FOYER ENTRADA
FOYER ESTUDIO
ENSINAR ENTRADA
EDUCACIONAL
RECEPÇÃO
BILHETERIA
BIBLIOTECA
ÁREA DE APOIO
ADMINISTRAÇÃO
BANHEIRO
ACERVO
REFEIÇÕES/ESTAR
BANHEIROS LABORATÓRIOS
CAFÉ
EXPO PERMANENTE
BANHEIROS
PLATÉIA
EXPO TEMPORÁRIA
BALCÃO/BAR
UTENSILIOS
SALAS DE AULA
COZINHA
UTENSILIOS
BIBLIOTECA
DEPÓSITO FIGURINO OFICINA CENÁRIO
CÂMARA FRIA
CAMARINS
DML
PALCO DE APOIO
PALCO PRINCIPAL
CONSULTA SALAS DE ESTUDO
DESPENSA HALL DE SERVIÇO
VESTIÁRIO DEPÓSITO GERAL 73
CARGA E DESCARGA
GUARDA VOLUMES
74
Figura 38 Organograma de Hierarquia para o Programa de Necessidades Fonte: Criação do Autor
O verbo culturalizar entra como principal verbo de interesse pelo valor que essa edificação pode representar pela implantação de um equipamento em uma área de intensa visibilidade turística ocasionada pela concentração das barracas de praia ao longo da orla, o que nos leva aos verbos posteriores, que se tratam de informar, ensinar, difundir e interagir, para criar consciência e informação para a população que a área pode ter um potencial de desenvolvimento que vai além do entretenimento gerado pelas barracas. Com a conclusão do organograma, o programa de necessidades foi elaborado de forma objetiva gerando quatro subprogramas a partir dos espaços principais encontrados advindos dos verbos representantes de sensações que se buscam atingir com o edifício: O Difundir, composto pelo programa de necessidades do teatro que compreende o foyer de entrada principal, banheiros, café, bilheteria, sala técnica, platéia, palco principal, palco de apoio, camarins, oficina de cenário, depósito de figurinos e foyer dos artistas; O Integrar, composto pelo programa de necessidades do museu que compreende as exposições temporárias, exposições permanentes, acervo e biblioteca; O Interagir, que compreende o restaurante com hall de entrada, área comum, banheiros, bar, cozinha, despensa, depósito de material de limpeza, depósito de utensílios, câmara fria, hall de serviço, vestiário e descanso de funcionários, depósito geral e carga e descarga; O Ensinar, que compreende a parte educacional formada por salas de aula, laboratórios, biblioteca, banheiros, recepção e salas administrativas. 75
6.4 IMPLANTAÇÃO
A implantação foi pensada em conjunto com o paisagismo de forma a atrair os visitantes a conhecer toda a edificação, assim como os espaços externos que possibilitam a interação dos indivíduos com o espaço público. A definição das áreas livres em conjunto com a paginação traz uma mistura de sensações causadas pela organicidade das curvas, trazendo uma alusão ao movimento dos ventos e do mar referentes à área do litoral nordestino, assim como as linhas duras decorrente das diferenças na paginação, que fazem alusão às rachaduras do piso seco do sertão nordestino. Os níveis em platô gerados na área externa a partir da topografia do terreno, faz com que haja a criação de diferentes espaços em cada nível existente, aumentando assim uma maior diversidade de usos no terreno e possibiliando mais interação com os mobiliários dispostos pelas áreas livres do terreno. O plano de massas gerado pela vegetação teve a intenção de demarcar e guiar acessos, assim como a intenção de criar diferentes espaços nos níveis gerados pelos platores, gerando uma espécie de praça por cada nível, diversificando ainda mais a experiência e dando mais dinamicidade a quem transita pela praça. Os níveis são conectados através de rampas e escadas que servem tanto de acesso, quanto como espaços versáteis de permanência para dias de eventos a céu aberto.
76
77
78
Figura 39 Planta de Implantação Humanizada Fonte: Criação do Autor
Tabela 01 Tabela de Revestimento do Piso Fonte: Criação do Autor
Figura 02 Tabela de Espécie de Vegetais Fonte: Criação do Autor
79
80
Figura 42 Implantação e o Entorno Fonte: Criação do Autor
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
O partido estrutural do projeto é bem objetivo. Tendo em vista o aterramento parcial da edificação, encontrou-se a necessidade de se utilizar o muro de contenção estrutural na maior parte do edifícil, o que proporcionou uma reduão no número de pilares, se concentando nos locais de abertura na laje, onde ficam as cortinas de vidro. As lajes em concreto protendido, medindo 25cm, foram de fundamental importância, tendo em vista a necessidade de vencer vãos maiores que os convencionais, já que que o programa de necessidades de edifício contenplava grandes vãos nas áreas de exposição e de teatro.
6.4
SISTEMA ESTRUTURA
O uso predominante do concreto na edificação também é estratégico, tendo em vista que a localização da praia do futuro possui difícil manutenção por censequencia dos ventos e maresia, o que se faz necessário a escolha de materiais mais resistentes e duradouros.
91
92
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
P04
P03
P02
P01
Porta de Correr com 2 Jan. Laterais 20
Porta de Correr com 2 Jan. Laterais 20
Porta 20
Porta de Correr Exterior 20
Porta 20
8
1
1
38
4
76
Quantidade
0,80
5,40
3,00
0,60
0,90
0,90
Largura
2,10
2,34
2,50
2,10
2,10
2,10
Altura
6,01 2,20
6,06
2,93
4,90
PROJEÇÃO DA EDIFICAÇÃO
4,03 3,49
18
6,82
19 x 0,16 = 2,80
4,32
21
Sobe
20
4,29
PROJEÇÃO DO PISO SUPERIOR
19
PR
O
JE
Ç
ÃO
D
A
VA R
19,95
AN
D
A
1,83
PROJEÇÃO DA EDIFICAÇÃO
PROJEÇÃO DA EDIFICAÇÃO
2,84
23
Mapa de Portas
4,98
22
Nome Porta
17
24 25
ID
P05
Porta 20
2,10
P06
1,20
2,10
2,50
2
0,90
2,70
4,00
Porta 20
1
3,00
4
P08
Porta 20
6
Porta de Correr com 2 Jan. Laterais 20
P09
Porta Dupla de Vitrine, Jan. Lateral, Travessa 20
P07
P10
2,10
16
1,80
15
5
14
Doors_Fire-Doors-&-Shutters_Puertas-Gismero_…
13
P12
PROJEÇÃO DA VARANDA 12
16 15,01
18,40
9,43
7,08
5,01
5,06
6,04
2,68
4,21
6,87
Malha Estrutural Escala: 1:500
GSPublisherVersion 0.84.100.100
Nome Porta
Quantidade
Largura
Mapa de Portas
ID
Mapa de Portas Altura
P01
Porta 20
76
0,90
2,10
P02
Porta de Correr Exterior 20
4
0,90
P03
Porta 20
38
0,60
P04
Porta de Correr com 2 Jan. Laterais 20
1
93 3,00
P05
Porta de Correr com 2 Jan. Laterais 20
1
5,40
P06
Porta 20
8
0,80
P07
Porta de Correr com 2 Jan. Laterais 20
4
4,00
P08
Porta 20
2
1,20
2,10
P09
Porta 20
1
0,90
2,10
P10
Porta Dupla de Vitrine, Jan. Lateral, Travessa 20
6
3,00
2,70
P12
Doors_Fire-Doors-&-Shutters_Puertas-Gismero_…
5
1,80
2,10
2,10 2,10 2,50 2,34 2,10 2,50
Previsualização… Vista do Lado O…
Subsolo 1
Previsualização… Vista do Lado O…
94
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
PROJEÇÃO DA VARANDA 6,01
12
4,90
13
2,93
14
6,06
15
20
4,29
19
6,82
18
4,03 3,49
PROJEÇÃO DA COBERTA
17
2,20
16
4,32
21
2,84 1,83 5 4 3 2 1
19,95
24 25
PROJEÇÃO DA MARQUISE
23
4,98
22
15 14 13 12 11 10 9 8
1 2 3 4 5 6 7
16 PROJEÇÃO DA VARANDA 15,01
18,40
9,43
7,08
5,01
5,06
6,04
2,68
4,21
6,87
Malha Estrutural 95 Térreo
Escala: 1:500
GSPublisherVersion 0.84.100.100
96
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13
2,93
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6,06
15
20
4,29 19 x 0,16 = 2,80
6,82
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PROJEÇÃO DA COBERTA
17
2,20
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16
15,01
18,40
9,43
7,08
5,01
5,06
6,04
2,68
4,21
6,87
Malha Estrutural Primeiro97 Pavimento Escala: 1:500
98
99
100
101
102
103
7.0 104
CONSIDERAÇÕES F I NA I S
105
7.1
CONCLUSÃO
O Centro Cultural é um dos principais meios de desenvolvimento urbano, social e cultural de uma cidade. As atividades propostas, juntamente com a oferta de atrativos, ajuda no desenvolvimento econômico e turistico da região, se estabelecendo assim como um meio de integração e condutor de cultura e conhecimento. É de funtamental importancância mostrar o valor dos equipamentos culturais, que vêm entrando cada dia mais em desuso, e torná-lo um ambiente convidativo e influente tendo em vista as diversas possibilidades de aprendizado e lazer que podem ser proporcionados por um Centro Cultural. É preciso dar valor à cultura local e não deixar de lado as nossas raízes, e sim absorver cada vez mais conhecimento. Por base nesse discurso, o Complexo Cultural Mar do Sertão surge como uma nova proposta de dar um novo uso ao bairro da Praia do Futuro I a fim de aumentar o desenvolvimento local e gerando atividades atrativas à população, assim como a proposta educacional a fim de qualificar os habitantes das comunidades do entorno com o intuito de reduzir a situação de dejeto em que parte dos moradores dessas comunidades se encontram. Por fim, espera-se ter contribuído para o conhecimento sobre equipamentos culturais como um qualificador urbano e social e de ter proposto uma edificação a fim de contribuir positivamente com o desenvolvimento da área da Praia do Futuro I.
106
107
7.2
BIBLIOGRAFIA
WEIMER, Günter. Arquitetura popular brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2005. CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Volume 1. São Paulo: Ministério da Cultura, Fundação Biblioteca Nacional, Departamento Nacional do Livro 1901. RENNÓ, Raquel. Espaços residuais - análise dos dejetos como elementos culturais. 1. ed. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2013. v. 1. 144p. ROLNIK, Raquel; KLINK, Jeroen. Crescimento econômico e desenvolvimento urbano - Por que nossas cidades continuam tão precárias?. São Paulo: Novos estudos, CEBRAP, 2011. 109p. RAMOS, Luciene Borges. O centro cultural como equipamento disseminador de informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto. 2007. 243p. Dissertação de Mestrado - Escola de Ciência da Informação da UFMG, Minas Gerais, Maio de 2007. FLUSSER, Vilém. Fenomenologia do brasileiro: Em Busca de um Novo Homem. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1998. SBEGHEN, Camilla. Centro Cultural Arauco - elton_léniz. 2018. <https://www.archdaily.com.br/br/890527/centro-cultural-arauco-elton-leniz>. Acesso em: 06 de Junho de 2018. Centro Cultural São Paulo. <http://centrocultural.sp.gov.br/site/>. Acesso em: 06 de Junho de 2018.
108
Cais de Sertão. <http://www.caisdosertao.org.br/cais/arquitetura/>. Acesso em: 06 de Junho de 2018.
Prefeitura de Fortaleza. Fortaleza em Mapas. <http://mapas.fortaleza.ce.gov.br>. Acesso em: 06 de Junho de 2018. SERPA, A., org. Espaços culturais: vivências, imaginações e representações [online]. Salvador: EDUFBA, 2008. 426 p. ISBN 978-85-2321189-9. Disponível em SciELO Books <http://books.scielo.org>. O Grande Encontro. Direção de Aretha Karen e Thiago Nunes . Fortaleza, 2018. Peça teatral. MACIEL, Wellington Ricardo Nogueira. Tempos e espaços da Praia do Futuro: Usos e Liminaridades. Fotaleza, Ceará.
109
7.3
LISTA DE FIGURAS
110
Fig. 01. Arquitetura da Caatinga, Sertão do Pajeú Fig. 02. Arquitetura do Areial, casa de pescador na Praia da Peroba Fig. 03. O Grande Encontro, O Musical Fig. 04. Centro Cultural Arauco Fig. 05. Imagem de Satélite da Localização do Centro Fig. 06. Imagem Aérea do Centro Cultural Arauco Fig. 07. Planta do Primeiro Pavimento Fig. 08. Planta do Segundo Pavimento Fig. 09. Corte Esquemático Fig. 10. Corte Esquemático Fig. 11. Corte Esquemático Fig. 12. Rampas de Acesso Internas Fig. 13. Jardim Suspenso Fig. 14. Biblioteca Sergio Millet Fig. 15. Planta do Pido Caio Graco Fig. 16. Planta do Piso Fábio de Carvalho Fig. 17. Planta do Piso Tarsila do Amaral Fig. 18. Entrada do Módulo 1 do Cais do Sertão Fig. 19. Fachada Módulo 2 do Cais do Sertão Fig. 20. Cais do Sertão Fig. 21. Planta do Primeiro Pavimento Fig. 22. Planta do Segundo Pavimento Fig. 23. Planta do Terceiro Pavimento Fig. 24. Planta do Quarto Pavimento Fig. 25. Fachada Principal Museu da Fotografia Fig. 26. Hall de Exposição Fig. 27. Planta do Subsolo Museu da Fotografia Fig. 28. Pavimento Térreo Museu da Fotografia Fig. 29. Primeiro Pavimento Museu da fotografia Fig. 30. Segundo Pavimento Museu da Fotografia Fig. 31. Terceiro Pavimento Museu da Fotografia Fig. 32. Corte Esquemático Fig. 33. Imagem Aérea da Praia do Futuro 1 Fig. 34. Mapa de Usos da Praia do Futuro 1
25 27 29 36 36 36 38 38 39 39 39 41 41 41 42 43 44 46 46 47 48 48 48 48 50 50 51 51 52 52 53 53 57 59
Fig. 35. Vista do Entorno do Terreno Fig. 36. Vista do Entorno do Terreno Fig. 37. Hierarquia das Vias do Terreno Fig. 38. Perspectiva Isométrica Fig. 39. Implantação Humanizada Fig. 40. Implantação e o Entorno
60 60 61 69 76 79
Tabela. 01. Tabela de Revestimento do Piso Tabel. 02. Tabela de Espécie de Vegetais Tabel. 03. Tabela de Esquadrias
79 79 93
7.4
LISTA DE QUADROS
111
FONTES UTILIZADAS: Oswald Open Sans Condensed C=0 M=70 Y=79 K=0 C=91 M=79 Y=62 K=97
112
113
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
114
Centro de Ciências Tecnológicas Graduação em Arquitetura e Urbanismo Trabalho final de graduação