The opera's compendium

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R A DA R EXPOSIÇÃO

R E SU MO DA

ÓPERA

Victoria & Albert explora a união de todas as artes, numa exposição tão eloquente quanto as primedonne que marcaram a Europa nos últimos 400 anos por Juliana Resende 102 HARPER’S BAZAAR | SETEMBRO 2017

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FOTOS: MATTHIAS SCHALLER; DIVULGAÇÃO E CORTESIA V&A MUEUM

À esq., pintura de Edgar Degas, de 1876. Abaixo, ensaio de Einstein on the Beach, de Philip Glass. Na pág. ao lado, Milano (2005), do artista Matthias Schaller

AINDA REVERBERANDO o excepcional trabalho de seu ex-diretor Martin Roth (falecido em julho e responsável por inovar com exposições pop que atraíram multidões, como David Bowie Is), o Victoria & Albert Museum traz mais uma mostra que promete ficar na história: Ópera - Paixão, Política e Poder (Opera - Passion, Politics and Power). São 400 anos em cena, com mais de 300 itens em exibição, conectando sete cidades europeias por meio da ópera, gênero artístico que surgiu na Renascença italiana e segue evoluindo no século 21. “A ideia é apresentar essa arte em sua totalidade, de forma a encher os olhos, ouvidos e os demais sentidos do público entendido e leigo”, diz Kate Bailey, curadora do V&A. Para ocupar seu recém-inaugurado Sackler Courtyard, o museu se uniu à Royal Opera House para tornar possível a ambiciosa empreitada, inédita no mundo: mostrar a ópera em todo o seu esplendor artístico. E levando em conta o contexto socioeconômico e cultural de uma época em que a Europa se consolidava como referência civilizatória, com avanços comportamentais e utopias políticas. Raridades, incluindo obras-primas como figurinos de Salvador Dalí (para Salomé, de Peter Brook, 1949), uma pintura de Édouard Manet retratando a Paris em ebulição de 1860 (para Tannhauser, de Wagner), além do piano em que Mo-

zart (representado por Le Nozze di Figaro, 1786) tocou em Praga, estão misturadas com libretos, figurinos, partituras e objetos de cena originais. Isso tudo afirma a ópera como um espetáculo completo e revolucionário – às vezes, literalmente, como é o caso de Lady Macbeth Mtsensk (1934), de Shostakovich, retratando a nova era soviética e banida pela censura em 1936; e Salomé, de Richard Strauss (que teve figurinos de Versace), uma ode ao papel da nova mulher que surgia. “Ao chegar em Londres, em 2011, como diretor operístico da Royal Opera House, a primeira coisa que fiz foi me reunir com líderes de outras instituições culturais para me inteirar dos desafios”, relembra Kasper Holten. “Jamais poderia imaginar que meu encontro com Martin Roth resultaria nesta colaboração.” Opera - Politics, Passion and Power é multimídia e imersiva. Som e imagens em vídeo, além da parte física, agregam ações que saem do museu, como programas da BBC e um curso grátis sobre a história da ópera online, parceria com o King’s College London. A ideia é transformar visitantes em primedonne, passando desde a primeira ópera encenada publicamenTte La Incoronazione di Poppea, de Monteverdi, que estreou no carnaval de Veneza de 1642, às coxias de Rinaldo (1711), de Handel, chegando a obras contemporâneas, como Einstein on the Beach, de Phillip Glass, e Mittwoch aos Licht, de Stockhausen.

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