Artigo Emilie Andrade no UOL

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Semear (melhores) Futuros: contar histórias na Escola

Projeto Semear Futuros desenvolvido pela atriz Emilie Andrade traz a ideia de tornar a escola um ambiente acolhedor através da contação de histórias

Após contabilizar ataques armados a escolas em 2022 B 46, o maior número em um ano desde 1999 Hhttps://www.washingtonpost.com/education/interactive/school-shootingsdatabase/],  o jornal Washington Post publica nesta quarta-feira T13/04V, um artigo sobre a ‘Internacionalização” da violência que atinge as escolas americanas há décadas [ https://www.washingtonpost.com/world/2023/04/12/brazil-school-shootingscolumbine-effect/]. O Brasil está entre os países onde os atiradores e matadores têm encontrado solo féril. Os ataques em escolas e até uma creche recém-ocorridos de norte a sul do país parecem não fatos isolados, mas um fenômeno maior, que mobiliza educadores, pais e governantes, e aterroriza crianças.

Especialistas ouvidos pela mídia concordam que não há uma solução pontual – como a contratação de policiais e/ou seguranças para patrulhar escolas – para um problema complexo. E sim a necessidade de ações formativas mais profundas e humanizadas incorporadas na metodologia, visando a criação e manutenção de uma cultura de paz e não violência nas escolas. Para tanto, técnicas de contação de histórias tem se mostrado uma ferramenta poderosa nesse processo de transformação, uma maneira inovadora de ampliar a empatia e o pertencimento das pessoas sobre si mesmas, o outro, a comunidade, o meio ambiente e o mundo.

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Foi desenvolvendo este vasto potencial e aferindo o impacto das histórias na educação –muito antes de essa onda de violência acontecer nas escolas brasileiras – que criei a série de encontros Semear Futuros: Contar Histórias na Escola.

Trata-se de uma ação formativa gratuita, parte do projeto Sementeira: Histórias

» EDUCAÇÃO
EMILIE ANDRADE* PUBLICADO EM 19/04/2023, ÀS 10H00
Emilie Andrade, atriz e criadora da Sementeira 7 Foto: arquivo pessoal
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Regando sementes

Foi desenvolvendo este vasto potencial e aferindo o impacto das histórias na educação –muito antes de essa onda de violência acontecer nas escolas brasileiras – que criei a série de encontros Semear Futuros: Contar Histórias na Escola.

Trata-se de uma ação formativa gratuita, parte do projeto Sementeira: Histórias Semeiam Mundos [ https://bit.ly/sementeirabrpr], aprovado no edital PROAC  041/2022 Vale do Futuro, para realização de ações educativo-culturais em escolas públicas do Vale do Ribeira – uma das regiões mais carentes do estado de São Paulo.

Além das sessões de contação de histórias nas escolas, estamos oferecendo gratuitamente essa ação formativa para profissionais da educação, cultura e ações sociais que vão receber o projeto, mas também para o público em geral, com foco em educadores. Nos dois encontros pelo Zoom – dias 19/04, às 19h, e 29/04, às 14h –, o participante poderá fazer perguntas ao vivo. O objetivo da Sementeira é trazer uma nova percepção da realidade, outros modos de existir, de ser, de viver, de ter esperança.

Nosso projeto encontra toda sua base apoiada nas necessidades expressas no item 4.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O item 4 diz respeito à educação de qualidade e o item 4.7 afirma que devemos:

Até 2030, garantir que todos os estudantes adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e da não violência, cidadania, global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável. ”

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Os encontros com alunos – até o fechamento deste artigo foram oito – quatro em

escolas urbanas e quatro em escolas rurais, todas públicas – foram muito bonitos,

Engajamento

Os encontros com alunos – até o fechamento deste artigo foram oito – quatro em escolas urbanas e quatro em escolas rurais, todas públicas – foram muito bonitos, emocionantes e promissores. O que mais me chamou atenção foi justamente a atenção das crianças, muito interessadas nas histórias, atentas, ouvindo, falando, participando… Não encontrei esse comportamento nas contações que conduzi antes da pandemia. Pode ser decorrente de fatores demográficos e culturais, mas o fato é que centenas de estudantes (mais de 200 em apenas uma sessão, em Iguape) se engajaram em reflexões por meio das histórias que contei e ouvi nestes dias. Mágico.

Tem sido extremamente gratificante a realização destas atividades extra-curriculares e lúdicas com alunos de escolas públicas. Mas é inegável o clima pesado que se abateu entre educadores, em função da crescente violência nas escolas. Embora também positivamente impactados pelas atividades da Sementeira, os professores das classes em que estive se mostraram tensos e sem saber como agir diante das ameaças e da evidente vulnerabilidade.

'Serenidade e acolhimento'

Não que tenhamos abordado diretamente os ataques em nossas contações de histórias, mas os comentários que ouvi dos educadores soam como os da professora Gina Vieira, pesquisadora em educação no Distrito Federal, numa reportagem da Agência Brasil [https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023704/violencia-nas-escolascomo-falar-com-criancas-e-adolescentes],

Gina ficou aturdida “ao ouvir do filho de 12 anos a palavra ‘massacre’ e perguntas que exigem mais do que uma simples resposta: exigem atenção, ouvidos disponíveis, seriedade, serenidade e acolhimento”, diz o texto. É muito do que o trabalho da Sementeira se propõe. Concordo com a professora de psicologia Belinda Mandelbaum, da Universidade de São Paulo TUSPV. também ouvida na matéria, que recomenda o diálogo: “Escutar os medos e as impressões, acolher esses sentimentos. A partir dessa escuta, os adultos podem, de alguma maneira, contribuir para uma ampliação da compreensão da criança sobre aquilo que ocorreu”.

Para a psicopedagoga Ana Paula Barbosa, que também é professora de psicologia e pesquisa o desenvolvimento infantil, é fundamental que os adultos não neguem às crianças a possibilidade de sentir e se emocionar.É isso que estamos estimulando com a contação de histórias nas escolas e em qualquer outro lugar. Quero que o nosso trabalho seja uma fonte nutridora de sensibilidade, beleza e inspiração para cuidar de nosso coração – especialmente daqueles que trabalham com educação e que, há muito tempo, mas muito mais nas últimas semanas, está muito dolorido e com muitas feridas.

Ação formativa Semear Futuros: Contar Histórias na Escola:

Ação formativa Semear Futuros: Contar Histórias na Escola: Zoom – dias 19/04, às 19h, e 29/04, às 14h. Inscrições: bit.ly/educasemente

*Emilie Andrade é atriz, contadora de histórias e criadora da Sementeira.

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