Prince em dose dupla / Prince on a double shot

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Morto em 2016, cantor Prince ganha mostras simultâneas em Londres

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Prince fotografado em parque nos EUA em outubro de 1999.

JULIANA RESENDE DE LONDRES

10/11/2017 13h36

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Prince (1958­1916) se interessava por expandir limites. Artísticos, sexuais, estéticos, criativos. O americano negro e baixinho (media 1,57 cm), filho de um casal de músicos, nasceu em Minneapolis, nos Estados Unidos, longe do eixo cultural. Nada disso foi capaz de diminuir sua estatura como músico, multi­instrumentista e compositor. Por isso, não param de surgir frutos de sua produção e imagem inconfundíveis, um ano e meio após sua morte por overdose do opioide fentanil, aos 57.

O gênio de Minneapolis que misturou as referências de Chuck Berry, Elvis, James Brown e Jimi Hendrix segue hipnotizando as massas na exposição grandiosa "My Name Is Prince", na O2 Arena por 42 dias. O público fica vidrado em seus videoclipes lascivos ­ a maioria superproduções, com coreografias e sets

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My Name is Prince
N O T Í C I A S P O R E ­ M A I L
E N V I E S U A N O T Í C I A S I G A A F O L H A
Steve Parke Notícias Poder ASSINE A FOLHA Busca Site

sofisticados, muito brilho, glamour e mulheres lindas contracenando com sua figura enigmática.

Público

Se "My Name Is Prince" reforça sua imagem de popstar, com todos os trejeitos, expressões, poses, olhares, figurinos, excentricidades e guitarras que se amontoam em vários ambientes multimídia, é na simplicidade de outra exposição, "Picturing Prince", aberta na última quarta­feira (09/11), que o músico se revela. Por isso, é preciso visitar as duas mostras para se ter uma visão completa do artista e de seu legado.

O roadshow "My Name Is Prince" ostenta o lado icônico do músico. Filas de visitantes param em frente ao sobretudo roxo das turnês "Purple Rain" (1984/1985), "LoveSexy" (1988/1989) e do filme "Graffiti Bridge" (1990) como se estivessem vendo um fantasma da era MTV. A guitarra Gibson L65 com a qual ele estreou na TV, no programa American Bandstand, em 1980, e o inesquecível terno estampado com nuvens que ele usou no vídeo de Raspberry Beret (1985) também estão entre os destaques.

Privado

Dez dias antes da abertura de "My Name is Prince" foi lançado o livro "Prince: A Private View". Com prefácio de Beyoncé e fotos de Afshin Shahidi, outra lenda do mundo pop, o livro traz retratos feitos durante 20 anos de amizade. Beyoncé escreve que "a palavra 'ícone' é apenas uma definição superficial para o que Prince era e do que ele significou para mim".

A mesma visão intimista é o que faz "Picturing Prince" tão especial. "Ele estava sempre querendo ir além e tinha essa postura também com quem trabalhava", conta Steve Parke, diretor de arte que virou fotografo oficial de Prince no decorrer dos 13 anos que trabalhou com ele em Paisley Park, estúdio e residência do músico, que chamava de "meca de criatividade". São dele os retratos exibidos em "Picturing Prince" ­ também nome de livro lançado simultaneamente.

Foi ideia de Prince que Parke, responsável por criar cenários e capas de discos, também o fotografasse. A maior parte desses registros nunca mostrados ao público, e pode ser conferida em "Picturing Prince", em cartaz até 03/12, na Galeria Proud Central. "É uma mostra modesta sobre uma intensa colaboração", define Parke, sobre o ex­chefe exigente que suas lentes sutilmente desnudam.

Plantado na folhagem

Prince faz carão, mas também se deixa fotografar no camarim, fazendo o cabelo, vestindo fantasia, tirando a máscara. As fotos mais despretensiosas são as que impressionam ­ como uma em que ele está no meio de plantas. "Ele foi se enfiando no meio da folhagem cada vez mais e mais. Deixei ele ir até onde tive de ordenar: 'Está ótimo aí!'. Ele parece tão fora do mundo e tão relaxado", diz Parke. "Em paz".

Paz não é exatamente o que Prince enfrentava no final na vida, brigando com sua gravadora, a Warner, pelo controle sobre sua obra. Foi nessa fase que ele ficou ainda mais recluso e misterioso, adotando um símbolo impronunciável como nome artístico e produzindo prolixamente álbuns seus ­ como "Musicology" (2004), depois compreendido como uma espécie de réquiem. "Sempre me preocupei com uma coisa ao decidir trabalhar com música: ter total liberdade para criar", lê­se em uma das frases atribuídas a Prince na exposição "My Name Is Prince".

Liberdade não faltava em Paisley Park, apesar da fama de controlador do músico. "Muitas vezes viramos noites trabalhando em conceitos que representavam rigorosamente sua visão, seja de um show, um disco, um figurino, um clipe, um set", lembra Parke. Quando estava em turnê, a rotina frenética o consumia. Vale lembrar que é de Prince o recorde de shows na O2 Arena, em Londres: 21 noites, todas lotadas, em agosto e setembro de 2007.

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