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07/01/2014

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http://www.valor.com.br/cultura/3386476/novas-tecnicas-de-ensino-boas-paraescola-e-o-aluno#ixzz2piVH4Z00

Novas técnicas de ensino, boas para a escola e o aluno

Inovações disruptivas abrem oportunidades de gestão avançada em universidades que tragam para sua contabilidade o benefício da economia de escala

Universidades podem, a um só tempo, reduzir custos e prover acesso de um maior número de estudantes a seus cursos, abrindo espaço para a aplicação de tecnologias de ensino a distância. Estarão se servindo, assim, das possibilidades oferecidas pela "inovação disruptiva", como propõem Clayton M. Christensen e Henry J. Eyring em seu livro. Esta não é a primeira vez que Christensen, professor da Harvard Business School e conhecido como o pai da inovação disruptiva, estende suas ideias ao campo da educação. Agora, em parceria com o professor e administrador da Brigham Young University, de Idaho, Estados Unidos, seus conceitos envolvem uma proposta de valorização dos cursos on-line, como forma de dar maior acesso educacional de qualidade a estudantes de menor renda. A seguir, os principais trechos da entrevista que Eyring concedeu ao Valor. Valor: Quais os principais problemas a serem enfrentados para vencer a crise que o senhor vê no ensino superior? Henry J. Eyring: Em razão das pressões financeiras, a maioria das universidades deveria encontrar formas de reduzir seus custos. Poderão fazer isso mantendo um número grande de alunos e um alto nível na qualidade do ensino. A chave é ter visão de crescimento através da inovação. A educação on-line permite que universidades tradicionais reduzam seus gastos sem sacrificar o bom nível de aprendizado. Em outras palavras, as universidades podem sair do buraco financeiro através da economia de escala. Valor: Em seu livro, o senhor atesta que modificar o DNA do ensino superior significa mudar um conceito intrínseco da elite sobre a educação. Por favor, explique. Eyring: As escolas tradicionais, incluindo as brasileiras, tendem a imitar outras, de maior prestígio. Por exemplo, as universidades federais de São Paulo, Rio e Brasília, que visitei em 1998, servem de modelo para outras escolas de ensino superior públicas do Brasil. Fiquei impressionado com elas naquela época, quando estive no Brasil em busca de alunos para o MBA da minha universidade. Da mesma forma, muitas escolas de negócios Página 3

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veem a FGV como um bom exemplo. Seguir um líder pode ser uma coisa boa, quando o grau de inovação, no setor, é insuficiente, baixo. Mas essa fórmula pode ser perigosa num ambiente de inovação disruptiva. Valor: O que significa inovação disruptiva? Eyring: Empresas se propõem melhorar seus produtos para que possam cobrar preços mais elevados. Obviamente, o custo também maior torna mais difícil atender aos clientes menos abastados. Os inovadores disruptivos entendem que novas tecnologias serviriam para baratear os custos da produção, fazendo com que consumidores de menor poder aquisitivo tenham acesso, de forma mais rápida e eficiente, a produtos e serviços melhores. São tecnologias capazes de atrair os clientes com menos dinheiro, que não têm outra opção. À medida que essas tecnologias são aprimoradas, rompe-se o processo das companhias que atendem um mercado mais sofisticado. Valor: Como essa teoria mercadológica pode ser aplicada à educação a distância? Eyring: A educação on-line é muito mais barata e conveniente do que o ensino universitário tradicional, pois não necessita de um campus físico e porque os alunos podem estudar sempre o que quiserem, respeitando-se o ritmo de cada um. Formar-se em ciência da computação no prestigioso e tradicional MIT pode custar mais de US$ 100.000, sem incluir o custo de se manter em Cambridge, Massachusetts. Hoje, o MIT já oferece um conjunto de sete cursos de ciência da computação ministrado on-line, com certificado que custa menos de US $ 1.000. O potencial disruptivo aí implícito é óbvio. Valor: Uma de suas afirmações é que o ensino superior tradicional se tornou "insuportavelmente caro". Como as universidades tradicionais poderiam reduzir seus próprios custos e os dos estudantes? Eyring: Universidades tradicionais podem reduzir seus gastos por aluno de duas formas. A primeira é fazer com que os professores se dediquem mais aos alunos e passem menos tempo em pesquisas. Isso lhes permitiria atender melhor aos estudantes, sem elevar custos salariais. E há o recurso da educação virtual. Se cada aluno tiver metade de suas aulas pela web, um campus inteiro passaria a ter a capacidade de ensinar o dobro de alunos. Valor: Receber um diploma universitário tem um significado cultural para muitas pessoas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, por ainda ser considerado uma ferramenta indispensável de ingresso no mercado. No entanto, o sistema de educação nunca beneficia toda a população. Como a educação on-line pode ser valorizada num mercado competitivo, com jovens em busca de contínuo aprimoramento? Eyring: A tecnologia on-line apresenta uma ótima oportunidade para educar populações em todo o mundo. A educação ideal deverá sempre incluir a instrução e o monitoramento Página 4

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presencial do professor. Mas a educação on-line, que muitas vezes é a única que a maioria das pessoas tem condições de pagar, pode ser suficiente para tirar da pobreza grande parte da população. Se o ensino virtual for somado ao presencial, a tecnologia também vai reduzir o custo do ensino universitário, beneficiando também aqueles afortunados que conseguem frequentar uma escola tradicional. Valor: No Brasil e em outros países em desenvolvimento, o número de pessoas interessadas em ingressar na universidade tem crescido nos últimos anos. No entanto, a qualidade dos cursos caiu. Como atender a essa demanda oferecendo boa qualidade de ensino? Eyring: A educação on-line, que se aprimora cada vez mais, como todas as outras tecnologias disruptivas, exige das universidades uma atenção maior aos seus alunos. Por isso, começam a usar a tecnologia para melhorar seus cursos presenciais. Uma das técnicas inovadoras é a de "inverter" a sala de aula, exigindo dos alunos que assistam a palestras virtuais antes de entrar em aula. É uma forma de o professor poder ajudá-los a discutir a matéria e a aplicar o que aprenderam. Assim, o professor tem condições de dar assistência a um maior número de estudantes, sem prejuízo para a qualidade das aulas. Valor: O senhor fala sobre a possibilidade de o conteúdo escolar ser desenvolvido, de forma cooperativa, entre os usuários da tecnologia on-line e professores. Como se consegue isso? Eyring: O Wikipedia já demonstrou que as pessoas, mesmo as que têm pouca educação formal, podem ensinar umas às outras, via internet, se tiverem a capacidade de sintetizar de forma concreta seu conhecimento. É o chamado "crowdsourcing", que já acontece no ensino superior em cursos on-line abertos, no qual alunos voluntários com maior experiência auxiliam os novatos. Ao mesmo tempo, os professores levantam subsídios para modificar seus cursos em tempo real. Essa experiência pode migrar para os campus universitários tradicionais com sucesso. "A Universidade Inovadora" Clayton M. Christensen e Henry J. Eyring. Editora: Bookman. 488 págs., R$ 82,00

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