ARQUITETURA DAS IGREJAS CATÓLICAS PÓS CONCÍLIO VATICANO II: REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO RELIGIOSO NA MODERNIDADE. Bruna Letícia Aguiar Benedito
Resumo Após o modernismo e a renovação litúrgica, a arquitetura religiosa assumiu características mais simples e desprovidas de ornamento. A modernização da igreja católica somadas ao processo evolutivo da arquitetura gerou uma perda de elementos arquitetônicos nas igrejas e com isso perdeu-se também a qualidade nesses ambientes e seu real significado. Aspectos estes fundamentais na concepção de espaços sagrados. O estudo enfoca nas igrejas católica após o Concílio Vaticano II, grande evento da religião nos anos 60. O objetivo foi identificar como as normas litúrgicas operam na concepção do espaço, podendo requalificar a igreja da Comunidade São Jorge. Então, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória e qualitativa juntamente a um estudo de caso, para investigar elementos que estruturam espaços sagrados de acordo com a liturgia. Conclui-se que esses espaços são mais que estéticos, são símbolos da religião a serviço da comunidade. Verificou-se que a perda da qualidade da igreja é devido ao processo de reformas inadequadas, sem planejamento e financeiramente, por serem igrejas de comunidades carentes, mas é possível requalificar o espaço conforme a liturgia católica e demanda de fiéis.
Palavras-chave: Arquitetura, Arquitetura Religiosa, Igrejas, Religião, Adequação Litúrgica.
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Abstract After modernism and the liturgical renewal, religious architecture assumed features more simple and devoid of ornament. The modernisation of the Catholic Church added to the evolution process of architecture generated a loss of architectural elements in churches and with it also the quality was lost in these environments and its meaning real. These aspects are fundamental in the conception of sacred spaces. The study focuses on catholic churches after Vatican Council II, the big event of the religion in the 1960s. The goal is to identify how the liturgical norms operate in the design of the space, and may re-qualify the church of St. George Community. So, was developed an exploratory and qualitative together with a case study, to investigate sacred spaces that structure elements according to the liturgy. Concluses that these spaces are more than aesthetic, are symbols of the religion in the service of the community. It was found that the loss of quality of the Church is due to inadequate reform, without planning and financially, for being churches in poor communities, but it is possible to requalify the space as the liturgy and Catholic faithful demand. Keywords: Architecture, Religious Architecture, Religious, Church, Liturgical Adequacy Resumen Después de la modernidad y la renovación litúrgica, la arquitectura religiosa tomó características más simples y carente de ornamento. La modernización de la Iglesia Católica añadido a la evolución del proceso de arquitectura generó una pérdida de elementos arquitectónicos en las iglesias y con ello pierde la calidad en estos entornos y su significado real. Estos aspectos fundamentales en el diseño de los espacios sagrados. El estudio se centra en la Iglesia Católica después del Vaticano II, acontecimiento importante de la religión en los años 60. El objetivo es identificar la forma en que operan las normas litúrgicas en el espacio de diseño y se pueden reciclar a la iglesia de San Jorge de la Comunidad. Así que una investigación exploratoria y cualitativa, junto con un estudio de caso para investigar los elementos que estructuran los espacios sagrados de acuerdo con la liturgia. Llegamos a la conclusión de que estos espacios son más que estético, son símbolos de servicio a la comunidad a la religión. Se encontró que la pérdida de calidad de la iglesia se debe al proceso de reformas inadecuadas, sin planificación y financieramente, ya que son las iglesias en las comunidades pobres, pero se puede recalificar el espacio que la liturgia católica y la demanda leal. Palabras clave: Arquitectura, Arquitectura religiosa, iglesias, religión, litúrgico adecuación.
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Introdução Desde tempos antigos a arquitetura das igrejas católicas sempre esteve relacionada com o contexto de cada época em que se encontrava, e isso de fato marcou não somente o passar dos anos mas a imagem da cidade e sua relação com os edifícios igrejas. Com as influências do movimento moderno no século XX, a arquitetura desses edifícios foi se transformando e assumindo características típicas do modernismo: com formas mais simples, desprovidas de ornamentação e materiais característicos da época. A monumentalidade das igrejas antigas, feitas referências e legado da arquitetura religiosa, foram perdidas e substituídas por fachadas mais limpas. (ORTIZ, 2006) “A modernidade criou um conjunto de padrões bem como condutas que determinam os sujeitos e suas possibilidades.” (MELCHIOR, 2009) Dos anos 60 até a atualidade, a arquitetura religiosa esteve em intenso processo de renovação, com construções mais ousadas. Isso ressalta o problema da ruptura com padrões antigos e evidencia a relação da arquitetura e das igrejas, que se mostram compreensivas com as transformações e inovações arquitetônicas e artísticas. Tal fato afirma que é quase impossível desvincular a arquitetura religiosa da evolução natural da arquitetura. Na história da criação do espaço religioso, foram realizados diversos concílios: o Concílio de Trento (1545), e o mais recente o Concílio Vaticano II (1965). O Concílio Vaticano II é o mais recentes e seus documentos são válidos ainda atualmente. (MARTINS, 2015) Este Concílio foi um grande evento da Igreja Católica no século XX, tendo como objetivo modernizar a igreja. O papa João XXIII convidou membros da igreja para vários encontros e debates no Vaticano, para discussões de temas pertinentes que envolviam questões de uma igreja reformulada, como: rituais da missa, os deveres de cada padre, a liberdade religiosa e a relação da Igreja com os fiéis e os costumes da época. Durante o século XX houve uma má interpretação do funcionalismo moderno. O conceito de fim do adorno, transformou-se em ausência de significado, e o conceito de “limpeza” transformou-se em ausência completa destas composições que caracterizavam um espaço religioso. Segundo o arquiteto especialista em arquitetura sacra, Eduardo Faust (2010), as construções de igrejas com técnicas construtivas mais modernas, marcada pelo uso do concreto e do aço, são muito mais viáveis economicamente. Essas técnicas caracterizam os princípios modernos, criando assim uma nova linguagem arquitetônica. Além da perda de elementos arquitetônicos 3
com a era modernista, houve também um grande afastamento dos arquitetos das obras, o que empobreceu a composição dessas igrejas. Isso culminou para uma falta de projetos como referência de arquitetura religiosa, e assim fez com que o perfil de arquitetura “sem significado” assumisse um papel nos edifícios igrejas moderno. Ao final do século XX renasceu o interesse nos arquitetos pela arquitetura religiosa em geral, e várias igrejas foram projetadas por grandes artistas estimulando a produção nessa área. Mas o ponto da arquitetura religiosa é que uma igreja não deve transparecer somente o belo, mas sua forma que é consequente do espírito que a anima e a faz ser o que é: instrumento a serviço da comunidade cristã para suas reuniões e ao ser símbolo transmitindo uma mensagem sobre essas igrejas. Hoje como ontem, a Igreja tem necessidade de vós e volta-se para vós. E diz-vos pela nossa voz: não permitais que se rompa uma aliança entre todas fecunda. Não vos recuseis a colocar o vosso talento ao serviço da verdade divina. Não fecheis o vosso espírito ao sopro do Espírito Santo. O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração. E isto por vossas mãos. (PAPA PAULO VI, 1965)
As igrejas construídas nos últimos 50 anos são carentes de qualidade arquitetônica, e podemos ver essa característica refletida na tipologia característica das igrejas católicas da região do Vale do Aço: Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. Em Ipatinga as igrejas assumiram um perfil de igreja simples com uma racionalização de elementos arquitetônicos e uma tipologia de construção mais simples e limpa, sem ornamentação em sua fachada ou no interior das igrejas. Nas igrejas do bairro Bethânia, retratam bem a questão de igrejas possuírem um perfil mais simples, devido ao público que frequenta esses locais. Das comunidades criadas (as CEB´s), a Igreja da Comunidade São Jorge, sede da Paróquia Cristo Redentor, foi criada com o objetivo de atender a população carente do bairro, que era desprovido de qualidade em vários aspectos no começo da caminhada dos cristãos. A igreja sofreu várias modificações em seu espaço para que atendesse a demanda de fiéis que aumentaram com os anos, e visando uma melhora da igreja e seu espaço, mas mesmo assim a igreja possui dificuldades em acolher toda a comunidade. Esses fatores junto aos problemas sociais envolvidos, resultaram na dificuldade de produzir um espaço sagrado para igreja, comprometendo a qualidade do espaço e um ambiente que, como as igreja, são feitos para acolher os fiéis e estabelecer o contato com
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o Divino, foi perdido na medida que o mesmo foi sendo modificado sem planejamento arquitetônico e ligado a liturgia católica.
Atualmente encontra-se um grande desafio para os arquitetos dar resposta a problemática relacionada a igrejas juntamente com suas alterações conceituais pós Concílio. Desta maneira, é pertinente investigar a arquitetura religiosa contemporânea de acordo com o ponto de vista da comunidade e dos padres, para enfim requalificar o espaço respeitando as normas litúrgicas. O conhecimento em relação a liturgia ligado a arquitetura é fundamental na concepção de lugares sagrados, podendo ser ponto de partida para a produção do espaço de forma contemporânea. Levando em conta todos esses fatores e analisando os espaços de igrejas atuais, é notável uma perda significativa de elementos e de qualidade arquitetônica. O mesmo pode-se dizer sobre o significado e o símbolo que a igreja representa, e assim tem-se uma arquitetura divergente ao sentido de espaço sagrado. Ao estimular a elaboração de projetos de igrejas católicas, ajuda-se na produção de um referencial que poderá futuramente servir de base para entender de modo geral esses espaços religiosos modernos. Assim, arquitetos serão norteados e embasados nessas referências, podendo criar uma tipologia e arquitetura coerente ao significado de sagrado. Portanto, é pertinente o estudo e a forma de conceber edifícios igrejas sob normas litúrgicas, para garantir a inclusão e relação do usuário com o ambiente. E a arquitetura faz parte disso. Sendo assim, o objetivo com a pesquisa trata-se de analisar as normas conciliais litúrgicas e arquitetura religiosa em si, para poder aplicá-las ao projeto arquitetônico e propor requalificação do espaço da Igreja da Comunidade São Jorge em Ipatinga, e dando continuidade a esse processo de requalificar a outros espaços religiosos que não atendem os objetivos da igreja e nem como uma forma arquitetura. Então, para embasamento de pesquisa e estimular análise crítica construtiva para esses lugares é necessário entender a relação da igreja Comunidade São Jorge com seu entorno, levantar dados do lote e da vizinhança, sobre a construção e características da igreja e seu espaço, além de analisar qual fatores foram estimulantes para a perda da qualidade espacial. Sobre as normas que definem a religião é muito importante identificar as normas conciliais que interferem no espaço litúrgico de cada igreja e as alterações no espaço após o Concílio Vaticano II. Enfim, a pesquisa trata de conhecer e identificar problemas no ambiente que são possíveis de solucionar em meio a estudo e observação, como formas de melhoria no conforto térmico e 5
acústico, iluminação, adequações e nova linguagem no mobiliário, seguindo requisitos propostos pelo Concílio. E assim, finalmente, propor requalificação do ambiente de oração. Como metodologia de estudo de pesquisa foi utilizada a de investigação e estudo de caso. O método de investigação consiste em uma pesquisa qualitativa exploratória, visando melhor compreensão com levantamento bibliográfico. O estudo de caso tem o objetivo de compilar informações e desenvolver levantamento da Igreja Comunidade São Jorge com mapeamentos, levantamento fotográfico e bibliográfico e pesquisa de campo. Outro procedimento metodológico foi utilizado, que foram as entrevistas com membros da comunidade católica, padres e outros membros da igreja, a mesma vida inserir processo participativo na concepção de requalificar a igreja.
Liturgia Católica: Concílio Vaticano II O Concílio Vaticano II foi o 21º Concílio Ecumênico da Igreja Católica, convocado em 1961pelo Papa João XXIII.Marcado por várias conferências realizadas entre o período de 1962 a 1965, considerado grande evento da Igreja Católica. O contexto histórico em que se deu o Vaticano II foi marcado pelo ambiente materialista, crise da Civilização Ocidental, movida pela força do individualismo e pelas crescentes desigualdades entre povos. Isso despertou na Igreja Católica certo desafio de renovar seus princípios a fim de ter uma papel significativo na sociedade contemporânea. (MARTINS, 2015) Contudo, em 1961 aconteceu o anúncio público da convocação do Concílio Vaticano II para o ano de 1962. Declarou-se então, o Humanae Salutis com finalidade conciliar de abrir a Igreja Católica às sociedades contemporâneas e de unir as comunidades outras cristãs, atrair cristãos afastados. O Concílio Vaticano II foi um concílio de cunho pastoral e ecumênico, com intensões de atualização da verdade revelada da fé nos tempos atuais, um retorno às fontes. Trata-se de um Concílio que vem de encontro com a realidade sócio cultural do século XX, dialogando com o homem moderno. A liturgia a partir do Vaticano II foi um verdadeiro retorno ás fontes. Procurou adaptar-se à realidade cultural de cada nação. Um dos grandes méritos foi a missa celebrada de frente para o povo, tornando assim uma celebração comunitária em que o centro da celebração é o Cristo. (Geovani dos Santos Pereira, 2012)
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Segundo o Padre Paulo Ricardo (2011), o Concílio seria pra despertar a Igreja Católica, modernizando-a, e fazendo-a ter consciência da crise ética que assolava o mundo. Houve vários assuntos pertinentes nos debates e votações no Vaticano. Entre estas discussões temas como os rituais da missa, os deveres de cada padre, a liberdade religiosa e a relação da Igreja com os fiéis e os costumes da época, foram abordados. “O Concílio tocou em temas delicados, que mudaram a compreensão da Igreja sobre sua presença no mundo moderno. Foram repensadas, por exemplo, as relações com as outras igrejas cristãs, o judaísmo e crenças não-cristãs” (Pedro Vasconcelos)
Após três anos de encontros, os membros da igreja católica promulgaram 16 documentos ao final do Concílio Vaticano II.Dos documentos, foram elaboradas constituições para a igreja como Dei Verbum, quetrata sobre a revelação e a escuta e transmissão da Palavra de Deus; Lumen Gentium, que é sobre a Igreja; Sacrosanctum Concilium, sobre a Liturgia e Gaudium et Spes, que trata da questão da relação da Igreja com o mundo moderno. Muitas questões teológicas e sobre a hierarquia da Igreja foram discutidas no Concílio. O papa dividiria parte de seu poder com outros cardeais. As missas passaram a ser rezadas na língua de cada país, ao invés do latim, e nos costumes a igreja pouco se mostrou flexível e ainda continuava a condenar o sexo antes do casamento e defendendo o celibato para os padres.
O Sacrossanctum Concilium Dentre os documentos elaborados durante o Concílio Vaticano II, o Sacrosanctum Concilium se destaca por trazer novas concepções em relação a várias áreas na igreja católica desde seus ministérios até a arte e arquitetura. A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium tratou da questão da reformulação litúrgica da Igreja católica. Foi o primeiro dos documentos aprovados por unanimidade dos votos, promulgado em 1963 pelo Papa Paulo VI. O documento renova a teologia da liturgia sagrada, mostra que Deus usa sinais para nos comunicar e que Cristo celebra na eucaristia junto a seu povo. “Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força” (PAPA PAULO VI, 1963) Uma mudança significativa deve-se a afirmação da participação ativa do leigo nos atos litúrgicos. Leigos e leigas agora convidados a participar da ação litúrgica, em comunhão com o ministro ordenado que preside os ritos litúrgicos. Houve uma valorização das práticas piedosas e devocionais, trazendo a consciência de que a liturgia é um ato celebrativo mais importante que essas práticas. 7
A Sagrada Escritura é principal base da reforma, uma vez que é a ela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos, dela se tiram a capacidade de dar razão e significados. Outro ponto no documento, foi a retomada do processo de educação para liturgia para futuros padres e também para os leigos. A reforma da liturgia foi possivelmente aquela que mais mudou na prática a vida das pessoas que frequentavam a Igreja. Cita-se muito a mudança do latim para a língua do lugar onde ministrada a celebração da liturgia. O Sacrosanctum Concilium discute temas relacionados aos sacramentos, especialmente do batismo e do matrimônio, dando orientações para a música litúrgica, vestes litúrgicas, devoção aos santos e a Maria, e a renovação de todas as instâncias da liturgia na Igreja Católica. A partir do documento as comunidades começaram a criar grupos de liturgia, de música litúrgica e arte. Houve maior participação das pessoas na igreja, e assim os ministérios se mostraram mais eficazes. O documento vai reger toda a atividade eclesiástica em todas as suas dimensões, no que diz sobre arte sacra incluindo a arquitetura. O mesmo também recorda que a igreja assume todo o estilo de arte, mas que deve ser orientada pela liturgia. Além disso, diz respeito sobre a necessidade de zelo na formação de artistas, cuidado na instrução do clero na arte sacra. (PAPA PAULO VI, 1963) A igreja tem como objetivo acolher essas novas obras e preservar as antigas e não descarta-las por mudarem o gosto. Outra Constituição, Gaudium et Spes, encoraja a Igreja a aderir à arte contemporânea, mas sem que vá contra a arte litúrgica. Assim promove a beleza sem trata-la de modo particular. A igreja deve reconhecer as novas formas artísticas, que se adaptam às exigências dos nossos contemporâneos. Sejam admitidas nos templos quando, com linguagem conveniente e conforme as exigências litúrgicas levantam o espírito a Deus. Deste modo, o conhecimento de Deus é mais perfeitamente manifestado; a pregação evangélica torna-se mais compreensível ao espírito dos homens e aparece como integrada nas suas condições normais de vida. (PAPA PAULO VI, 1963)
O espaço religioso As celebrações da palavra acontecem na igreja que é o espaço celestial na terra e reproduzido pelo espaço celebrativo, este local é onde o povo se reúne para celebrara a liturgia. Os cristão identificam as igrejas como lugar de comunhão com Deus e de plena oração. 8
Contudo, o espaço religioso é identificado pelos atos litúrgicos que aí se realizam, que lhe conferem sacralidade. A liturgia é o meio que aproxima o povo dos atos litúrgicos celebrados. No ponto número três do Sacrosanctum Concilium refere-se sobre a participação dos cristãos promover ações sagradas. Sendo assim, a participação da assembleia e suas reuniões são os primeiros elementos litúrgicos. (PAPA PAULO VI, 1963) Dentre as variedades celebrativas na liturgia cristã, destaca-se a Eucaristia; Liturgia das horas; Sacramentos. O movimento litúrgico, que culminou com a realização do Concílio Vaticano II em 1965, estimulou no seio da Igreja uma enorme vontade de mudanças litúrgicas. No contexto arquitetônico, além de construir com fidelidade e fundamento, foi construir baseando na tecnologia da contemporaneidade. A essencial forma de construir igrejas novas com caráter único e de forma que respondesse às normas da liturgia, mas explorando técnicas e formas diversas ao espaço existente até então, na tentativa de trazer os cristãos para participarem da celebração. (PAPA PAULO VI, 1963) Então, a disposição e definição do espaço se tornou ponto crucial depois da reforma litúrgica garantindo sua funcionalidade e retorno à simplicidade destes locais de celebração e resgate de elementos litúrgicos. O documento Sacrosanctum Concilium, refere que a Igreja nunca considerou um estilo próprio, mas se adequou a todas as épocas, criando assim um grande histórico artístico que deve continuar sendo conservado com zelo. Seja também cultivada livremente 'na Igreja a arte do nosso tempo, a arte de todos os povos e regiões, desde que sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados. Assim poderá ela unir a sua voz ao admirável cântico de glória que grandes homens elevaram à fé católica em séculos passados. (PAPA PAULO VI, 1965)
Conclui-se que é fundamental a arquitetura religiosa fomentada nas normas pós conciliares, onde na estrutura interna da igreja o centro está no altar como pedra angular na doutrina católica com participação de toda a comunidade na eucaristia, e como a devoção individual e comunitária. De acordo com o documento discutido nessa sessão, o Domingo celebra a Ressureição de Cristo e para resgatar esse acontecimento da última ceia do Senhor, foi criado o principal sacramento a missa. Por esse acontecimento todo o espaço celebrativo tem que ser pensado para a celebração da missa, sendo o altar sua principal referência onde se celebra o rito fundamental. (PAPA PAULO VI, 1963)
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O espaço celebrativo compõem-se por elementos litúrgicos. O altar, que é a peça mais importante do presbitério e do espaço em geral, simboliza a mesa da Última Ceia, na qual se a realiza a consagração. O ambão, geralmente de madeira, conhecido como a Mesa da Palavra, onde o celebrante e a comunidade fazem as leituras. O fiéis que são a Assembleia, elemento muito importante na celebração da liturgia. A pia Batismal é onde se realiza o batismo, nomeado também Batistério. (PAPA PAULO VI, 1963) Outros elementos, são a Sédia, onde se encontra o presidente celebrante da eucaristia; o Coro , um grupo que acompanha a celebração com cânticos; o Presbitério, onde se encontram somente o clero, bispo e presbíteros, localizava-se, originalmente, nas antigas basílicas no fundo da abside, atualmente se encontra dentro da igreja; o Sacrário, que caracteriza a religião católica, e identifica-se por ser um pequeno armário que guarda a Hóstia Consagrada (o Corpo de Cristo), e por fim, a Via-sacra que são estações de penitência da paixão de Cristo e se encontravam dentro do espaço, mas esse elemento litúrgico não é mais tão encontrado nos espaços religiosos católicos atuais. (PAPA PAULO VI, 1963)
Igreja da Comunidades São Jorge e seus antecedentes Com a chegada dos frades da Ordem franciscana em Ipatinga, teve início o trabalho de Base, inspirado na opção pelos pobres. A proposta era de uma igreja voltada para os carentes, baseada na formação de Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s), são grupos de cristãos leigos, geralmente pobres, que se reúnem regularmente, nas casas de famílias ou em centros comunitários, a fim de ouvir e aprofundar a Palavra de Deus. Chamamos COMUNIDADES por reunirem pessoas que têm a mesma fé e pertencem a uma mesma igreja, além de compartilhar das suas experiências e a luta pela sobrevivência em meio as dificuldades de cada um. (TULLER, 2010) São ECLESIAIS, por se tratar de grupos de seguidores dos exemplos de Jesus, e estão congregados em uma mesma igreja. (TULLER, 2010) E são de BASE porque é vivida pelo povo que está na base humana e cristã, gente pobre ou pessoas que se colocam ao lado dos pobres. Base como sinônimo de fundamento, princípio e essência, grupo que partilha fé e se ajudam. (TULLER, 2010) Essas comunidades nasceram da necessidade do povo se unir, para melhor participar da Igreja, discutir seus direitos e problemas a serem resolvidos. Formavam comunidades sobretudo de pobres ao redor da Palavra de Deus, partilhavam o que tinham e testemunhavam a fé.
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As CEBs foram crescendo e se espalhando por todo o Brasil. Então, daí a necessidade de reunir e articular essas comunidades para que pudessem trocar experiências a serviço de compromisso comum. Foram criadas as comunidades inseridas, que seriam localizadas próximas aos grupos carentes e marginalizados, para realizar inserção dos pobres nas igrejas. Trata-se de possibilitar a vivência dessas pessoas com os valores cristão, através de um aprofundamento em contato com o povo e a opção de levar uma vida simples semelhante a eles, valorizando a religiosidade popular e a caminha da vida na religião. Os frades se reuniram para a criação de uma comunidade inserida e depois de várias reuniões com temas sobre a localização dessa comunidade, os bispos indicaram a Região do Vale do Aço. Em 1983, os frades visitaram locais para a fundação dessas comunidades e Ipatinga foi a escolhida para recebe-las, devido a estar situada entre duas grandes Empresas Siderúrgicas, Usiminas e Acesita (Atualmente, Arcelor-Mittal). Em contato com os padres da Paróquia Cristo Rei, foi sugerido o bairro Bethânia para a instalação da comunidade franciscana, e assim comunidades do Canaã, Vila Celeste, Vale do Sol e outras também ficaram na responsabilidade dos franciscanos. A escolha do bairro se deu por ser um bairro de periferia, com vários problemas sociais, com grande número de desempregados e grande falta de infraestrutura urbana. A primeira morada dos frades foi no próprio bairro, uma casa extremamente simples. Mais tarde foram adquirindo moveis, com a ajuda e doação dos membros dos grupos de reflexão da comunidade. Mas a ideia era estar no meio dos pobres, vivenciar o que eles viviam, do modo simples.
A Paróquia
A Paróquia Cristo Libertador foi criada em 15 de dezembro de 1988, em uma reunião realizada na casa paroquial da Paróquia Cristo Rei. As comunidades Canaã, Vila Celeste, Vista Alegre, Vale do Sol, Bethânia, Vila Militar, Dom Oscar Romero, São Francisco, Monte Sinai e Esperança formaria a nova Paróquia. O processo de instalação foi feito em seis meses, com assembleias e reuniões locais, a primeira aconteceu na Comunidade São Jorge e depois na Comunidade São Judas Tadeu, com algumas deliberações relativas à instalação e escolha de uma secretária. A Paróquia foi estruturada em 15 comunidades, cada um com um Conselho Pastoral Comunitário (CPC). A esse órgão era cabível organizar assembleias anuais na comunidades, 11
com o objetivo de identificar eventuais problemas e resolvê-los. A sede da Paróquia seria no bairro Canaã. (TULLER, 2010)
A Comunidade A comunidade São Jorge foi erguida juntamente com o bairro Bethânia, e após muitas lutas e intensas discussões, foi erguido o templo. Ao organizarem e definirem a igreja internamente houve várias conversas e partir delas foi decidido que o altar deveria retratar a situação de pobreza das pessoas, mas também retratar a esperança e a luta por uma vida fraterna regida na religião, assim foi pintada no altar a Cruz dos Mártires. (TULLER, 2010) A igreja da Comunidade São Jorge possui 42 anos de caminhada junto a história dos franciscanos que vieram trazer os princípios de comunidades inseridas, essas foram feitas para garantir a inserção das comunidades periféricas caracterizadas por carência e pobreza, além da simplicidade do perfil de vida dessas pessoas. Localizada no bairro Bethânia, foi feita sede da Paróquia desmembrada da original Paróquia Cristo Libertar, chamada Paróquia Cristo Redentor criada em 7 de fevereiro de 2007.
A Igreja
Apresentação A Igreja da Comunidade São Jorge, também conhecida como sede da Paróquia Cristo Redentora, localiza-se na Rua Quebec no Bairro Bethânia em Ipatinga. De acordo com a Diocese de Itabira-Cel. Fabriciano a paróquia se encontra na Região Pastoral III. A sua implantação é em meio a uma vizinhança mista, residencial e comercial, e em uma região caracterizada por sua diversidade de tipologias e finalidades em relação a construções. Sua construção foi dada na década de 60, com a vinda de franciscanos para a comunidade, dando início a história da comunidade. A mesma foi levantada para atender a população carente do bairro. Nos últimos anos, a igreja e seu entorno desenvolveu muito devido ao crescimento populacional e desenvolvimento da área que precisou suprir ás necessidades da região. Sobre sua vizinhança, a maioria concentra-se em residências, permeadas por pequenos comércios da região, que tens fins de acolher a comunidade enquanto a certas necessidades básicas, como: supermercados, padarias, restaurantes, farmácias e outros tipos de serviços em geral. 12
Análise descritiva A implantação do edifício foi em um terreno cuja forma é alongada em suas laterais, e a proposta do edifício era construir uma igreja simples e desprovida de muita ornamentação, pois a necessidade maior era de criar um espaço de oração para atender a população que participava das reuniões e grupos de reflexão no princípio. O terreno tem uma fachada extensa, mas sua profundidade é de acordo com o padrão de lotes da região de aproximadamente trinta metros. A igreja foi disposta em uma das extremidades do lote, respeitando um afastamento considerável em uma de suas laterais que faz divisa com lote vizinho. Estrutura Sobre as técnicas construtivas, caracteriza-se por ser feita de alvenaria, revestida e pintura. Há afastamento frontal e lateral. Sua fachada não foi muito modificada, exceto por ter sido pintada, mas as portas e janelas ainda continuam as mesmas como mostra a figura 1, as duas grandes janelas e a porta frontal.
Fig. 1 – Fachada atual da Igreja da Comunidade São Jorge. Há uma cruz revestida de ladrilhos na cor marrom na fachada, e no alto da igreja uma cruz de ferro que pode ser vista de todos os ângulos, enfatizando o local que é uma igreja. Tal detalhe pode ser observado na figura 2, abaixo.
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Fig. 2 – Detalhe da cruz da Igreja foi feita para ser vista de todos os ângulos.
Elementos litúrgicos A igreja não é grande, interiormente, contendo área da Assembléia, com bancos de madeiras colocados de maneira que fique um espaço no meio da igreja como corredor de passagem; o altar, com a Mesa da Palavra (Ambão), a Sédia (cadeira do Presidente da celebração eucarística) e o Sacrário; a sala da eucaristia, onde ficam os instrumentos de celebração, fica ao lado do altar; a cantoria, do outro lado do altar; e ao lado da cantoria a sala do dízimo. Os elementos indicados, podem ser constatados nas figuras 3 e 4 dispostas a seguir.
Fig. 3 – Interior da Igreja.
Fig. 4 - Altar da Igreja com mesa da Palavra, Sacrário e cadeira do presidente.
Estes elementos são fundamentais na composição do espaço religioso católico, são instrumentos que tem papéis específicos e que participam da celebração eucarística. Os elementos são descritos nos documentos do Concílio, e cada um possui um significado e como deve ser colocado em um ambiente, por consequência eles são elementos estruturantes 14
do interior das igrejas. Mas, como descrito anteriormente sobre esses elementos, eles estariam dispostos corretamente dentro da igreja? Respondendo e analisando a figura desses objetos dentro do espaço católico, sim, estão presentes, mas sua disposição no ambiente pode não favorecer muito alguns outros elementos. Elementos como o coro, a assembleia e o presbitério devem ter posições privilegiadas no local para que todos possam presenciar os ritos litúrgicos celebrados. Assim, pode-se dizer que há uma necessidade de se pensar como colocar esses elementos no espaço de forma correta e favorável. Conforto Térmico Ao lado externo, foram feitos espaços abertos para acolher os fiéis por conta do espaço insuficiente dentro da igreja. Na figura 5 podemos ver o ambiente e sua organização. Essa modificação foi feita recentemente, junto à reforma do salão da igreja, onde foram construídos dois banheiros e adaptação de salas no térreo do prédio onde há catequese. No intuito de trazer um novo espaço para acolher os fiéis em dias cheios, esses espaços dão lugar a assembleia. Mas ao invés de proporcionar um conforto maior, acabou por esquentar o ambiente que não é de todo aberto e abafa tanto a parte de dentro como a de fora. Esse processo, proporciona calor e desconforto dentro da igreja que não é climatizada, e os ventiladores não dão conta de erradicar o calor. O ar não circula direito pois a entrada é a mesma que a saída, e parece não ter uma troca de ar que favoreça o ambiente termicamente. Este seria outro problema relacionado a qualidade espacial, que pode ser resolvido.
Fig. 5 – Lado externo, nas extremidades da Igreja. 15
Iluminação O edifício não recebe muita iluminação durante o dia, e o pouco que recebe os anexos laterais na igreja isolam um pouco da luz não proporcionando sua entrada para dentro da igreja. Como a região é normalmente quente, mesmo não entrando muita luz do sol, a sensação de calor dentro do ambiente é perceptível. Salão Paroquial A construção do salão paroquial foi (Figura 6) devido a necessidade de acolher as reuniões de pastorais e as aulas de catequese. Posteriormente foram feitas modificações no edifício para atender às necessidades da comunidade, como a cozinha, recepção e banheiros.
Fig. 6 – Salão Paroquial.
Fig. 7 – Espaços externo À igreja e Salão Paroquial
Atualmente, a igreja recebe muitos fiéis e isso contribuiu para lotação em exagero dentro da igreja, e as pessoas ocupam o lado de fora. Além desse, porém, com a superlotação no interior do espaço faz com que a climatização do ambiente, por ventiladores, seja insuficiente. Isso acaba que gera um desconforto no ambiente, e a assembleia necessita de um ambiente favorável para as práticas religiosas da igreja.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como objetivo principal de estudo e pesquisa foi adquirir conhecimento sobre as possíveis formas de se projetar um espaço religioso levando em conta normas pós-conciliares da liturgia católica. Assim ser capaz de produzir ou adequar o espaço com fins que visam melhorar a
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qualidade desses espaços, que se encontram perdidos entre os princípios religiosos e as construções modernas. A partir do estudo dos documentos do Concílio Vaticano II, interpretando-os para conceber uma arquitetura religiosa coerente com a demanda de fiéis e até mesmo propostas da igreja em si. Esse estudo capaz de nortear e possibilitar ao arquiteto diretrizes que os guiem na concepção de um projeto para espaços sagrados. A igreja da Comunidade São Jorge, base de observação e pesquisa exploratória para desenvolver e analisar fenômenos desses espaços. Com o estudo de como se deu as comunidades, e como fora inseridas no cenário urbano e social, nos possibilita dar atenção para quem se projeta. Esses espaços religiosos são caracterizados por sua simplicidade, mas não quer dizer que ele não tenha uma arquitetura ou até mesmo por acolher um bairro periférico tenha que se submeter a uma racionalização do que se diz respeito a qualidade arquitetônica do lugar. O conceito de inclusão social, pregado na criação desses tipos de comunidade, também gira entorno de possibilitar conforto ao usuário e lhes dar direito a igreja. A arquitetura expressa muito mais do que só a construção e seus estilos, mas também caracteriza as expressões enquanto religião e o sagrado, por isso a importância em se projetar o que condiz com cada igreja. Analisando todos os fatores que caracterizam as construções de edifícios igrejas atuais, concluise que a evolução e o desenvolvimento de técnicas potencializou a perda de elementos litúrgicos e arquitetônicos, tendo uma produção da arquitetura religiosa distante do significado de sagrado. Outra análise relevante, é sobre as normas litúrgicas efetivas no processo de produção desses espaços. Muitas normas são mal interpretadas e assim não se tem um espaço sagrado que atenda a religião como verdadeiramente tem que ser. Todo o processo de produção e concepção de projeto é fundamental o acompanhamento de um profissional da área. Percebe-se que muitos processos não são supervisionados por condições financeiras que muitas igrejas não podem bancar. Enfim, esses espaços tem de ser monitorados por superiores e membros de igreja juntamente com equipe profissional, para se garantir qualidade desses espaços.
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