ArvoreSer

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Arvore er Alessandra Flores Amanda de Oliveira Bruna Hercog Gabriela Pires Queiroz Sodré Joice Almeida Ilana Sodré Nadjane de Sousa Reis Tainara Silva de Jesus

Bruna Hercog (org.)

1ª edição Salvador – Ba | 2018


Bruna Hercog

Tainara Silva de jesus

Gabriela Sodré

Amanda de Oliveira

Ilana Sodré

socorro literário

Joice almeida

Alessandra Flores

Nadjane de Sousa Reis

Valentina Garcia


é um convite. Tire os sapatos. Respire devagar. Escute os sons que vêm de dentro. Suba no palco. Sinta teus pés plantados no chão. Não tenha medo. Olhe. Olhe profundamente. Encontre teu caminho na troca de olhares. Permita-se (re)nascer. Escritora. Poetisa. Menina. Árvore. Mulher. Permita-se caminhar com Amanda, Joice, Gabriela, Ilana, Nadjane, Tainara, Bruna, Alessandra, Valentina. Escolha a cor da sua fita e alinhave sua leitura. As autoras, que aqui arvorescem escritoras, permitiram-se nascer poetisas e traçam nas próximas páginas seus rastros em forma de versos.

Venha. Sinta-se à vontade!



Negra

No caminho e na memรณria. Tainara Silva de Jesus


NEGRA, ROXA NOS MEUS SONHOS NO QUE VEJO NAS ENTRELINHAS, SOU GRITO AGUDO. ILana Sodré

Visito a mim mesma num processo de frustração de minha PRÓPRIA EXPECTATIVA. Joice Almeida

socorro literário


Sou negra, sou Sou branca n達o Isso nunca vai mudar, Minha sugest達o. Sou negra sou Sou carv達o n達o Pode me chamar de qualquer coisa Porque eu tenho orgulho De ser quem sou Negra, eu sou. Tainara Silva de Jesus

Preta! Ela gritou Preta! Ela rompeu Preta! Ela se fez imensa Preta! Ela se refez Preta! Ela ecoou em mim Bruna Hercog


Que eu não me descumpra,

Me descubra Encontre minhas raízes Caules, folhas, tronco Que eu cumpra o que eu prometer Nunca irei esquecer Que eu mergulhe nas lembranças Que eu seja esperança Que eu nunca deixe de chorar ou rir Que eu respeite meus momentos Que eu viva, desperte Sonhe mesmo Mas faça por mim, aqui, Hoje, sempre e para sempre ILana Sodré

Filtros? Filtro Sonho

Vale? Sonhar vale?

Filtre teu sonho que vale a pena.

Nadjane de Sousa Reis


Eu sou uma árvore Alta, cheia de folhas Tronco, flores

Eu sou uma árvore Frutífera, frondosa No topo alto estão os cachos Que voam livre a qualquer tentativa Do vento em fazer suas gracinhas Logo depois vem meu tronco Avantajado, escuro, forte Fincado no chão estão minhas raízes

Nelas, minhas histórias de vida se confundem Boas e más ações Diversos momentos Um emaranhado de sentimentos Por baixo da terra Eu me espalho, escorro Dissipando minhas raízartes Não canso de ir além Balanço então todo o corpo e digo Podem vir comigo também

ILana Sodré

Parada no tempo Congelada em mim O tempo passa muito rápido

E quanto a mim? Nadjane de Sousa Reis


Acabo de acordar e vejo o sol batendo em minha janela. Corro até a laje para ver: “caramba, que manhã mais bela!”. O sol iluminando os telhados das casas e as sombras das árvores cobrindo a praça. Depois de tomar café não tenho nada para fazer. Então, que tal encher a rua com bolhas de sabão? Pego o meu assopra-bolhas e lá estou eu no alto da casa, na laje, a me preparar: “vamos ver quantas bolhas eu consigo assoprar!”. De primeira, eu dei logo um soprão. Saíram dezenas de bolhinhas pequenas e pesadas que caíram, desastradamente, no chão. “ Irei tentar de novo, com um pouco menos de força. Mas, ainda assim foi forte. “Minha nossa, estourou bem em cima do muro. Puxa, estou sem sorte!”. Finalmente, assoprei de modo leve e delicado. Ora! Finalmente elas saíram do meu agrado. Da minha laje saíram então milhares de bolhinhas grandes, médias e pequenininhas. Assoprei milhares delas durante um tempão. Não demorou para o vento espalhálas em minha rua, que ficou tomada por bolhas de sabão. Nadjane de Sousa Reis

socorro literário

O que era pra ter ficado, por coincidência SE FOI Joice Almeida



socorro literário

O barqueiro navegou Nas fortes ondas do mar Desbravando o tom azul Um pouco mais verde pra lá Sentiu no salgado do mar Um pouco de melancolia Atirou-se então na água “Sirva-se da minha alegria”

A areia denuncia que o tempo tá passando Eu me recuso a aceitar Quero mais devagar. Eu me sento na areia E olho para o mar. Joice Almeida

Ilana Sodré

O rio que corre em minhas veias Anseia desaguar em seu mar. Ilana Sodré

“O ciclo d’água é uma dança eterna”. Eu sei. E eu danço ela. Mas, quando paro, as lágrimas vêm. Lembram-me que eu sou um pouco de chuva também. Ilana Sodré


Amanda de Oliveira

i, d

or, d d e

gua. á ’ t n o C a. e nad

u on tí g

Leve-me como a brisa leve Não como um vendaval que te carregue Leve-me como se fosse leve E não se deixe levar se te entristece Leve-me e me ensina a levar a nossa solidão Não me deixe só no meio da multidão Leve-me como um avião um dia te levou Não me deixe com as sobras de um velho amor Leve-me com a melodia, o sol, as estrelas, a lua Leve-me como se eu ainda fosse tua

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“Eu perdi a palavra”. Revelei. Viram poesia em meu esquecimento. Anotei. Percebi o quanto pode haver poesia nas sutilezas. Gabriela Sodré


MINHA FEROCIDADE.

Vontade de alcançar coisas. Ilana Sodré



Sigo solta Sigo sĂł De pena Nada Alessandra Flores

Todos me diziam para nĂŁo ir Quanto mais me diziam Mais eu me aproximava Amanda de Oliveira


Folha e pétala Ventre em brasa Água rasa Alessandra Flores

Afeto Infância Mato Pés descalços Passarinho Ninho Vôo Chão Sair-ficar-pousar-voar

Hora de guardar o avião e esconder as asas Nadjane de Sousa Reis

Gabriela Sodré

Repouse em mim depois de um longo voo Descansarei suas rasas em minhas asas Ilana Sodré


socorro literário

Querem cortar minhas asas Logo eu, passarinho

- Me salte, mermão! Já tenho pena, Não preciso da sua não! Joice Almeida



socorro literário

Todas as marcas de meu corpo significam que fui tratada com carinho. paradoxal, né? você vai ver marcas roxas, arranhões, bolinhas... só que veja bem, olhe bem, eu tenho roxos de tanto cair. porque eu corri. eu tenho vontade de correr às vezes me sinto livre eu tenho arranhões de carinho. eu tenho bolinhas de amor. eu tenho bolinhas de amor dos insetos. eles precisam do meu corpo pra se defender, sabe?

tenho bolinhas do amor próprio dos insetos. eu tenho objetos em mim que as pessoas me deram: - que pulseira bacana! - você quer? toma! aquele batom borrado na bochecha sem querer: - oh, menina, desculpa, sujei seu rosto de batom. aí a gente limpa aquele borrão. o esmalte gasto na unha... muitas louças na pia... fiz muita pipoca e bolo essa semana... Corpo de uma aleatória: - O que foi isso, Joice? (senta que lá vem história...) Joice Almeida



a Crític rilos g Ouço a Crític Nadjane de Sousa Reis


socorro literĂĄrio

A maioria das minhas certezas sĂŁo Joice Almeida

achos



Começa pela raiz Quando sua mão toca meu cabelo Enquanto separa as mechas Eu me olho no espelho Sinto os seus dedos magros Remexendo meus cachos Suas mãos ágeis Encontram cada mecha com precisão E envolvem uma e outra Transformando fios em admiração Elas caem por meus ombros Eu as toco com emoção As garotas se reúnem Como numa atração

As raízes apertadinhas, presas em tranças coloridinhas Parecem o arco-íris saindo da minha caixinha Minhas ideias transbordam E escapam dos cachinhos presos, mas ilesos Como uma mágica ou talvez paixão Eu era a princesa Agora sou rainha Essa é a minha coroação! Ilana Sodré


Eu não nado, boio, fecho os olhos, sinto o sol quente tocar minha pele como se quisesse me fazer sentir um pouco do seu clamor. As ondas vão e vem, fortes e fracas, altas e baixas, me arrastam e me trazem, me levam de volta. As ondas puxam e envolvem meu corpo e a paz do mar segura meu coração. Iemanjá, menina, mulher, rainha trança meus cabelos depois de tocá-los com carinho. E ele me protege, o mar sabe que estou em seu ninho e me envolve com toda sua emoção, ele me dá vida, me ama, me cuida, é minha paixão. E antes mesmo de tocá-lo eu o reverencio, o saúdo, sorrio. Ele é minha paz, como Sansão e seu cabelo, é minha força e em mim, quando ele repousa, não existem coisas pequenas, nunca há pouca coisa. É o mar, em toda as suas formas, de todo o seu coração. É o mar. Ilana Sodré


Tracei as linhas da minha vida O vento veio e bagunçou Soprou paixão onde não tinha Levou tristeza e trouxe amor Junto com a baderna que ali tinha Meu cabelo também bagunçou Sua mão enroscou na balburdia minha “Não é balburdia, são cachos, amor” Ilana Sodré

Meu cabelo não é azul nem rosa. É preto mesmo. Nasci assim. Penteia. Penteia esse cabelo, menina! Que arrumação sem fim Não é liso Nem cacheado Não é fácil pentear esse cabelo Estica e puxa. Que cabelo embolado! Acorda meio que sim e meio que não Tem dia que está o ó! Feito massinha na mão. Eu penteio ele só Só que não quero pentear mais não. Nadjane de Sousa Reis


NESSA GUERRA,

MEU CABELO CRESPO É MINHA ARMADURA

Ilana Sodré


Rosto triste Lágrimas a rolar Olhar ao horizonte Mas, a cabeça, erguida. Gabriela Sodré

Preto, não luto Preto, calma Preto, luto não! Cor de equilíbrio Nadjane de Sousa Reis

Sai. Fico. Não pode. Posso. Cale. Grito. Alise. Encrespo. Arranque. Exibo Guarde. Escancaro Escolha. Experimento Encolha. Agiganto Desista. Invento Sai. Finco. Bruna Hercog

Meus cabelos BRANCOS sempre foram charmosos. Desde sempre quis ser igual a vocês. Estou a um milhão de fios de distância. Ilana Sodré


Enquanto uma de nós sofrer Todas sofrerão Todos os dias são bilhões de nós em caixões Em valas, hospitais Queremos muito mais Do que violência velada Que bate e assopra E depois diz “me perdoa, amor” Queremos mais do que poder decidir sobre nossos corpos O mundo das mulheres é um sufoco Violadas, mortas, estupradas! E ainda levando a culpa Mando então uma pergunta sem compromisso,

Qual é a sua parte nisso? Ilana Sodré


pรกgina que dobra com poesia de tainar


verso da pรกgina de tainara



Falo Ninguém me escuta Gritaria quase surda Toma conta do ambiente Elevo a voz Não sou ouvida Falo mais alto Mal-entendida Eu tenho atenção Tenho público furioso Furacão Dedo no rosto Coerência na fala Ouço risadas Mas, continua Bato na mesa

A alegria fresca logo se acalma “Não é nada” Não estou ouvindo Parece domingo na feira de São Joaquim O “olha o aipim” É até mais educado Estou de lado Não grito, brado Chamando a atenção Eu sou a fúria Nas entrelinhas Sou grito agudo Olhar ameaçador E me contenho Do meu calor Pois, emoção não ajuda

A minha luta é dura É complicada Faca afiada No limão azedo Então eu calo Antes de me zangar Outros dias eu poderei falar E quando eu falar Com todo meu coração Irão ouvir Com plena atenção Não quero fieis Tão pouco seguidores Quero mente aberta


Esperando a hora certa Para entender Que eu não prego Eu manifesto

Que é mimimi, vitimismo, falta do que fazer

E detesto o fato De nenhum deles saber Que a cada 23 segundos Um jovem negro é assassinado no Brasil

O genocídio do povo negro é fato Toda hora mais um no asfalto Está ali a nos lembrar Que preto é visto como bandido

Que os feminicídios Entre mulheres negras cresceu duas vezes mais

E não consegue escapar De todos esses estereótipos Que a novela das nove exalta

Enquanto entre mulheres brancas diminuiu E tem gente com audácia pra dizer

Nossas mortes são como fogo em palha O nosso sangue está no chão desse país Não dá para lutar Quando não existe justiça ou juiz Então eu me levanto E vou para a linha de frente Quem sabe unidos Consigamos vencer Pois ontem foi Cláudia E amanhã pode ser eu ou você. Ilana Sodré


Mãe Preta Luta Glória Vitória é te ter Para me apoiar, me guiar Minha mãe, preta, Para sempre vou te amar Ilana Sodré

Minha vó é engraçada. Sempre que vou ver ela, ela me fala a mesma coisa: que saiu de casa nova, foi morar com a tia. A tia botava ela pra trabalhar pesado e deixava ela sem comer algumas vezes. Tainara Silva de Jesus


Dona Nilda, Dona Nilda! Que história é essa de Depois de ficar a 100 metros distância Do supermercado e lembrar De algo que esqueceu de comprar? Dona Nilda, Dona Nilda! Que história é essa de “gastura”? Diz logo que está com fome mulher! Não inventa palavra não! Quer falar bonito mas, aposto que nem sabe o significado dessa palavra. Dona Nilda, Dona Nilda! A senhora tem vasilhas escrito lasanha com macarrão dentro, a de arroz tem galinha e a vasilha de lápis de cor tem escrito pizza dona Nilda? Ô dona Nilda!

Dona Nilda, dona Nilda! Deixou o feijão no fogo, E depois saiu pra conversar com a vizinha? O feijão vai queimar, dona Nilda! Vai queimar...queimou ÊÊÊ dona Nilda...! Dona Nilda,dona Nilda! Dorme tarde, acorda cedo, fica com sono E, às vezes dorme o dia inteiro depois reclama Que não conseguiu ver a novela Mas, que teimosa essa dona Nilda viu? Não pode comer gordura, mas adora uma fritura Olha o coração, Dona Nilda! Chama Tidus de Cassimiro Preto, Tartarugo, Nenenzinho de nanãe mas ela é uma gata essa dona Nilda!

Uma gata! De onde você tira esses nomes? Prepara comida gostosa como ninguém Cozinheira de mão cheia, faz bolo, Faz lasanha, faz carurú, vatapá e peixe Mas, odeia comer a própria comida Como é que pode isso dona Nilda! Mãe carinhosa, mãe presente Mãe minha, minha mãe coruja Deixa eu crescer dona Nilda! Melhor vizinha, melhor mãe Melhor pessoa. Todos amam a dona Nilda. Nadjane de Sousa Reis


Minha primeira inspiração Foi minha mãe Mulher retada, forte Que deu o norte do meu mundo Não me pariu, me deu a luz Não me fez, fui concebida Criada aos trancos e barrancos Filha única querida Aprendi desde cedo Minha missão nessa vida “Tem que ser independente, Essa minha menininha” E olhando para essa mulher Fiz da minha vida o espelho Segui seus passos direito Sem desviar nem piscar Ela é meu exemplo, meu modelo E para sempre será Ilana Sodré


socorro literário

Sou pessoa, sou indivíduo

DIVISÍVEL Quer um pedaço pra levar pra sua mãe? Joice Almeida

ue rasg

aqui

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poesia

Elas achavam que eram Precisavam ser declamadas

Todos os dias Ilana SodrĂŠ


Ilana Sodré. 23 anos. Embora já tenha passado por todas as idades antes dessa. Leitora voraz, apegada ao passado, ao presente e ao futuro. Tranquila, agitada. Doce e amarga. Contraditória. É mais noite que dia. Ama qualquer texto, inclusive poesia. É, algumas vezes, poesia. Outras nem tanto. Ama ficar sozinha para se compreender. É da escrita, de corpo e alma. E escreve do jeito que seu coração quer. Ilana é presa aos moldes, às vezes solta. Ilana é a que imagina tudo na mente mil vezes antes de escrever ou fazer acontecer. E que se enche de esperança feito criança quando acontece. Ilana, esse poço de contradições, sou eu.


Meu nome é Tainara Silva de Jesus. Tenho 11 anos. Faço aniversário no dia 30 de maio. Nasci em 2006. Sou uma menina normal. Não sou muito tímida, mas sou quieta. Não sou filha única. Tenho um irmão que se chama Maicon e faz aniversário no dia 23 de dezembro. Tenho outro irmão que se chama Mateus e faz aniversário dia 09 de abril. Minha mãe é a mulher que eu amo mais do que tudo nesse mundo. Joice Almeida. Literal. Paradoxal. Duvidosa. Pode ser assim que me defino. Que responsabilidade que é dar sentido a um nome, não é? Sempre que perguntado eu faço uma busca. Para dentro... Eu jamais serei os cursos que fiz, uma profissão. A cada vez eu me desprendo para um novo contexto. Sou literal porque respeito as palavras e a linguagem. Paradoxal porque entro em contradição em momentos certeiros – que deveriam ser certeiros. Duvidosa porque será mesmo que é para ser assim? A maioria de minhas certezas são “achos”. Condicionada às respostas de cada porquê. Efêmera. Porém com referências do que um dia eu já fui. socorro literário


Amanda de Oliveira. Apenas um amontoado de fui e procuro ser que através dos textos tenta se conectar com suas diversas partes. Não acredito ter algo muito grandioso para contar, levo uma vida pacata, cheia de rotinas e clichês. Minha única esperança é que dentro do escrito eu possa cada vez mais me entender e me comunicar comigo mesma. Gabriela Pires Queiroz Sodré. 21 anos, natural do recôncavo da Bahia. Coleciono memórias, boas e ruins, que formam o que sou hoje. Das memórias boas a gente desfruta, das ruins, a gente aprende. Apesar de falar sobre a vida, não sei falar sobre mim, talvez me falte autoconhecimento, mas mesmo assim creio que é como dizem “quem se define, se limita”. Acredito que estamos sempre em constante mudança. É o que busco: ser sempre uma versão melhor de mim mesma. “Não ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, tentar mudar sempre em vários aspectos, mas sem perder minha essência.


Sou Nadjane de Sousa Reis. Não tenho olhos azuis. São negros. São dois e funcionam muito bem, obrigada. Meu cabelo não é liso, é crespo. Caidinho assim? Isso é química, amor! E custa caro. Eu não sou rica, mas também não sou pobre, não sou patricinha e muito menos esnobe, mas sou humilde, claro! Minha pele é negra,não branca,morena nem amarela. É negra e muito bela. Negra que só ela. Eu sou assim, nem muito, nem pouco, nem aquela, nem aquele, nem outros, nem você, nem elas e fim.


Bruna Hercog é filha das águas. O mar é alimento da sua escrita. Baiana, natural de Salvador, encontra na poesia a possibilidade de manter viva a sua esperança. Sempre com um caderninho nas mãos, rabisca o mundo. Formou-se jornalista em 2007, mestra em Cultura e Sociedade pelo Poscult/UFBA em 2016, onde atualmente cursa o doutorado. As narrativas de vida são o alimento da sua escrita e da sua caminhada acadêmica. À frente da Assovio Comunicação Criativa - que tem a luxuosa colaboração de Valentina Garcia - descobriu a potência de fazer escritos virarem livros e, segue em ciranda, rodeada de mulheres poderosas que aceitam o seu convite de deixar-se nascer escritoras e poetas. Com as mulheres marés de Novos Alagados - senhoras de muitos anos e histórias - e em parceria com Alessandra Flores, contribuiu para a feitura do livro-ponte Assoalho de Lembranças (2017) e agora, com as meninas-mulheres-árvores, no Espaço Cultural Boca de Brasa, em Vista Alegre de Coutos, celebra o nascimento do livro ArvoreSer (2018).


Alessandra Flores gosta de gente. Atriz, bonequeira e jornalista. O cerne de seu ofício são as pessoas, embora construa criaturas por vezes insólitas. Após trabalhar e pesquisar em diversas comunidades, países e regiões de pós guerra como Kosovo, Bósnia e Croácia, Alessandra tem concentrado seus esforços em dois projetos, o Lugar de GigAntes e o Minha História Conto Eu. Formada em Comunicação Social pela UERJ, Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC- UFBA, as histórias de vida têm norteado seus múltiplos caminhos artísticos e acadêmicos. A crença de que todas as pessoas tem histórias para contar e que estas histórias precisam ser ouvidas e são potentes gatilhos para criação artística tem gerado trabalhos em diversas linguagens, como a performance, o teatro de bonecos e mais recentemente a criação de livros. No feliz encontro com Bruna e com as senhoras de Novos Alagados surge o livro-ponte Assoalho de Lembranças, ponte esta que segue agora alimentando olhares, transformando-se em objetos poéticos, regando flores-mulheres que ArvoreSem nesta cuidadosa publicação.


Valentina Garcia acredita na arte do encontro e na visão “além do alcance”. Designer e artista gráfica, se comunica dando forma aos diversos conteúdos. No Seres, projeto autoral, manifesta sua expressão gráfica por meio de cores e vetores. Tendo formação em design gráfico e pós-graduação em design estratégico, passou por três editorias de arte de jornais periódicos, fez projetos de livros também para editora Corrupio e, entre outras coisas, foi consultora para o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em projeto que contempla a Convivência e Segurança Cidadã, também em feliz parceria com Bruna. Ao colaborar com a Assovio Comunicação Criativa se aproximou da poesia e de novas possibilidades. Crê nas pessoas e no amor que liberta.


FICHA TÉCNICA FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATTOS / PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR Prefeito Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto

Gerente Administrativo-Financeiro Gildete Nascimento Ferreira

Secretário Municipal de Cultura e Turismo Claudio Tinoco

Diretora de Planejamento e Projetos Culturais Silvia Russo

Presidente da FGM Fernando Guerreiro

Gerente de Promoção Cultural Felipe Dias Rego

Chefe de Gabinete Edwin Silva das Neves

Gerente de Equipamentos Culturais Chicco Assis

Assessora Chefe Viviane Vergasta Ramos

Diretora de Patrimônio e Humanidades Milena Luisa da Silva Tavares

Assessor Técnico Tato Drummond

Gerente de Patrimônio Cultural Magnair Barbosa

Gestor do Núcleo de Tecnologia da Informação Eric Castro

Gerente de Bibliotecas e Promoção do Livro e Leitura Jane Palma

Assessora Jurídica Thais Santana

Assessora de Comunicação Patricia Lins

ESTE LIVRO É RESULTADO DAS OFICINAS DE ESCRITA CRIATIVA CONDUZIDAS POR BRUNA HERCOG, COM APOIO DE ALESSANDRA FLORES, NO ÂMBITO DO PROJETO BOCA DE BRASA DE ABRIL A JUNHO DE 2018. É O SEGUNDO LIVRO QUE NASCE DA PARCERIA DAS ARTISTAS QUE ENCONTRAM NAS HISTÓRIAS DE VIDA DE MULHERES POTENTES GATILHOS POÉTICOS.


ESPAÇO CULTURAL BOCA DE BRASA - SUBÚRBIO 360 Direção Geral do Subúrbio 360 Celma Cristina de Santana Vitória

LIVRO Bruna Hercog Organização e Edição Final

Coordenação Geral do Espaço Cultural Boca de Brasa - Subúrbio 360 Chicco Assis e Manuela Sena

Amanda de Oliveira, Alessandra Flores, Bruna Hercog, Gabriela Sodré, Ilana Sodré, Joice Almeida, Nadjane de Sousa Reis e Tainara Silva de Jesus. Textos

Coordenação Pedagógica e Direção Artística Mariana Freire e Mariana Moreno

Valentina Garcia Projeto Gráfico

Coordenação de Produção Adriana Santana

Nadjane de Sousa Reis (capa, p.6 - poema de Joice e p.25 - poema de Ilana ) e Valentina Garcia Ilustrações

Produção Executiva Bianca Lessa Mobilização Cultural Jonas Bueno Produção Técnica Simone Carrera

Bruna Hercog Fotografias Alessandra Flores, Amanda de Oliveira, Gabriela Sodré, Ilana Sodré, Joice Almeida, Jonas Bueno, Nadjane de Sousa Reis, Tainara Silva de Jesus Confecção dos objetos poéticos Alessandra Flores e Bruna Hercog Educadoras da Oficina de Escrita Criativa Valentina Garcia Oficineira convidada

REALIZAÇÃO:


Esta publicação foi impressa em papel Color Plus Paris 80g/m2 com capa em papel Kraft 200g/m2, na gráfica Escrita. Junho de 2018.


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