TFG: Alfredo - Um edifício híbrido para a Barra Funda

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FIAM FAAM - CENTRO UNIVERSITÁRIO BRUNA LAET

ALFREDO – UM EDIFÍCIO HÍBRIDO PARA A BARRA FUNDA

SÃO PAULO DEZEMBRO 2015


FIAM FAAM - CENTRO UNIVERSITÁRIO BRUNA LAET

Trabalho de conclusão de curso apresentado à FIAM-FAAM Centro Universitário como exigência parcial para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista, sob a orientação do Professor Alfredo Figueiredo.

SÃO PAULO DEZEMBRO 2015


LAET, Bruna Natália Amorim Alfredo, Um edifício Híbrido para a Barra Funda – Barra Funda – Bruna Natália Amorim Laet São Paulo: [s.n.], 2015. 55 fl ; il. ; 3 cm. Trabalho Final de Graduação – FIAM FAAM Centro Universitário, Curso de Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Alfredo Figueiredo Notas 1. Multifuncional 2. Híbrido 3. Hotel 4. Mercado 5. Fazenda Vertical 6. Cultivo Orgânico 7. Cultivo Hidropônico


BRUNA LAET

ALFREDO – UM EDIFÍCIO HÍBRIDO PARA A BARRA FUNDA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à FIAM-FAAM Centro Universitário como exigência parcial para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista, sob a orientação do Professor Alfredo Figueiredo.

Alfredo Figueiredo FIAM - FAAM - Professor Orientador

Professor FIAM - FAAM - Professor

SÃO PAULO DEZEMBRO 2015

Professor FIAM - FAAM - Professor Convidado


Lista de Figuras

Figura 15 - Mapa de localização e vistas Fonte: Bruna Laet

Figura 1 - Sliced Porosity Block de Steven Holl Fonte: http://www.e-architect.co.uk/ Acesso em 25 de maio de 2015

Figura 16 e 17 – Vistas do lote Fonte: Bruna Laet

Figura 2 – Construção da Estação Barra Funda na ferrovia The São Paulo Railway Co Fonte: http://www.omb100.com/ - Acesso em 25 de maio de 2015

Figura 18 e 19 – Vistas da quadra Fonte: Bruna Laet Figura 20 – Condomínio residencial do entorno Fonte: google maps

Figura 3 - Largo da Banana - hoje Memorial da América Latina acesso: 15 novembro 2015

Figura 21e 22 – Vista da Av Auro Soares de Moura Andrade x Rua Dr Alfredo de Castro Fonte: Bruna Laet

Figura 4 – Construção do Memorial da América Latina Fonte: http://www.omb100.com/ acesso: 15 novembro 2015

Figura 23 - Vista da Rua Tagipuru x Av Dr Adolpho Pinto Fon-te: Bruna Laet

Figura 5 – Mapa de Localização Fonte: www.google.com.br e arte por Bruna Laet - Acesso em 25 de maio de 2015 Figura 6 – Plano Regional de Estratégico da Subprefeitura da Lapa Fonte: Prefeitura de São Paulo Acesso: 03 de março de 2015

Figura 24 - Vista da Rua Tagipuru x Rua Fuad Maufel Fonte: Bruna Laet Figura 25 - Vista da Rua Tagipuru Fonte: Bruna Laet Figura 26 - Vista da Rua Tagipuru Fonte: Bruna Laet Figura 27 - Vista da Rua Tagipuru Fonte: Bruna Laet

Figura 7 – Mapa Subsetores Operação Urbana Consorciada Água Branca Fonte: Prefeitura de São Paulo Acesso: 03 de março de 2015

Figura 28 - Vista da Rua Tagipuru x Rua Dr Alfredo de Castro Fonte: Bruna Laet

Figura 8 – Mapa Subsetores Operação Urbana Água Branca – Subsetor 11 Fonte: Prefeitura de São Paulo Acesso: 03 de março de 2015

Figura 29 - Vista da Rua Dr Alfredo de Castro Fonte: Bruna Laet

Figura 9 – Mapa Hipsométrico Fonte: Prefeitura de São Paulo Acesso: 03 de março de 2015 Figura 10 - Mapa Topográfico Fonte: Prefeitura de São Paulo Acesso: 06 de março de 2015 Figura 11- Estudo de uso do solo

Fonte: Bruna Laet

Figura 30 - Estudo da quadra Castro Fonte: Bruna Laet Figura 31 - Parking and more - HHF Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 32 – Parking and more - HHF Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 33- Parking and more - HHF Fonte: Archidaily

Acesso: junho/2015

Figura 34- Parking and more - HHF Fonte: Archidaily

Acesso: junho/2015

Figura 12 - Estudo de gabarito Fonte: Bruna Laet

Figura 35 - Parking and more – HHF Fonte: Archidaily

Figura 13 - maquete escala 1:5000 Fonte: Bruna Laet

Figura 36 - Parking and more Fonte: Archidaily

Figura 14 – Equipamentos – Raio de 700m Fonte: Bruna Laet

Acesso: junho/2015

Acesso: junho/2015


Figura 36 - Parking and more Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 37 - Maquete do Parking and more HHF Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 38 - Maquete Parking and more HHF Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 39 e 40 – Circulações Parking and more Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 41 – Cobertura e praça Parking and more Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 42 – Estacionamento e praça Parking and more Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 43 – Corte Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 44 – Bosco Verticale Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 45 – Bosco Verticale Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 46 – Bosco Verticale – Diagrama de árvores Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 47 – Bosco Verticale – Diagrama de árvores Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 48 – Elevações e Corte com esquema de fachadas Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 49 – Elevação e composição de fachadas Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 50 - Respiro Urbano Programa Fonte: Projetar.org Acesso: agosto/2015

Figura 51- Respiro Urbano - Fazenda Vertical da Av. Paulista Fonte: Projetar.org Acesso: agosto/2015 Figura 52 - Parque da Cidade Afflalo e Gasperini Fonte: www.afflaloegasperini.com.br acesso: Junho 2015 Figura 53 - Parque da Cidade Afflalo e Gasperini Fonte: www.afflaloegasperini.com.br acesso: Junho 2015 Figura 54 - Parque da Cidade Afflalo e Gasperini Fonte: www.afflaloegasperini.com.br acesso: Junho 2015 Figura 55 – Ed. Brascan Usos Implantação Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 56 – Ed. Brascan usos nas torres Fonte: Archidaily Acesso: junho/2015 Figura 57 - Layout Eataly Nova YorkFonte: www.asasedestinos.com.br acesso: Agosto/2015 Figura 58 – Eataly Nova York Fonte: www.asasedestinos.com.br acesso: Agosto/2015 Figura 59 – Eataly São Paulo Fonte: http://gastronomichael.blogspot.com.br/ acesso: agosto/ 2015 Figura 60 - Estudo de insolação - solstício de verão Fonte: Bruna Laet Figura 61 - Estudo de insolação - solstício de inverno Fonte: Bruna Laet Figura 62 - Estudo de Insolação - Solstício de Primavera - 20 de Setembro Fonte: Bruna Laet Figura 63 - Estudo de Insolação - Solstício de Verão - 21 de Junho Fonte: Bruna Laet Figura 64 - Estudo de Insolação - Solstício de Inverno - 21 de Dezembro Fonte: Bruna Laet


Figura 65 - Estudo de Insolação - Solstício de Outono - 20 de Março Fonte: Bruna Laet Figura 66 e 67 - Estudo de ventilação Fonte: Bruna Laet Figura 68 – Croquis de Implantação segundo o fluxo de pedestres Fonte: Bruna Laet Figura 69 - Croqui com diferentes visuais da esquina Fonte: Bruna Laet Figura 70 – Estudo Fachada Norte Fonte: Bruna Laet Figura 71 - Usos multifuncionais Fonte: Bruna Laet Figura 72 – Croquis de estudo Fachada Leste Fonte: Bruna Laet Figura 73 – Croquis de estudo de layout e disposição Fonte: Bruna Laet Figura 74 – Croquis de estudo de fachadas Fonte: Bruna Laet Figura 75 - Croquis de estudo de fachada inclinada com estutura em aço Fonte: Bruna Laet Figura 76 e 77 - Croquis estudo de fachadas Fonte: Bruna Laet Figura 78 - Croquis do estudo de fachada e layout Fonte: Bruna Laet Figura 79 e 80 - Croquis detalhe fachada Fonte: Bruna Laet

Figura 81 e 82 - Estudo de brise e fachada em cortes Fonte: Bruna Laet

Figura 83 - Estudo de suporte para vasos e cahepôes nos brise da fachada Fonte: Bruna Laet Figura 84 - Estudo de suporte para vasos e cahepôes nos brise da fachada Fonte: Bruna Laet

Figura 85 – Materiais escolhidos Portas portas pivotantes, painel de fechamento em tela pop de aço patinável e elementos vazados Fonte: google.com/imagens acesso: setembro 2015 . Figura 86 - Guia de combinações de plantas. Disponível em http://fazfacil. com.br. Acesso em 21/09/2015 Figura 87 e 88 - Croquis estudo fachada sul Hotel Fonte: Bruna Laet


Introdução O objetivo de pesquisa do trabalho aqui apresentado é referente ao projeto de um edifício híbrido para o bairro da Barra Funda. O tema híbrido é atual e pode sempre se adequar às necessidades do cliente e do local, mas a proposta de uso é pioneira e vem sendo experimentada em outros formatos no Brasil e pelo mundo afora. A proposta de uma fazenda vertical com um mercado em um edifício que funciona também um hotel com gestões separadas, é uma das características que diferencia o edifício híbrido do multifuncional. No capítulo 1 - Histórico do Tema- será possível entender como se deu o processo de desenvolvimento deste modelo de edifício, que está atrelado às transformações dos ambientes e das necessidades das cidades como forma de aproveitar a terra e seu potencial construtivo. Uma vez compreendido o tema, é imprescindível a análise da macro e microrregião onde estará inserida a edificação. O levantamento dos aspectos do local influenciaram diretamente a concepção arquitetônica do projeto. No capítulo 2 – Aspectos Urbanos – Histórico do Local – será tratada a relevância da área onde o projeto está inserido, bem como suas características históricas, urbanas e legais.

É importante salientar que este estudo pretende abordar além do projeto arquitetônico, as novas etapas do processo de cultivo de alimentos no Brasil e no mundo, que se renovam a cada descoberta. O projeto recorrente do edifício híbrido ganha outros conceitos que devem ser levados em consideração, pois necessitam do amparo de um projeto arquitetônico de qualidade, bem como fora necessário em 1956, quando Frank Lloyd Wright surpreendeu a todos como o projeto da Torre Price, nos Estados Unidos. Assim sendo, é possível considerar que foram levantados neste trabalho os aspectos mais relevantes para o desenvolvimento do projeto, apresentados a seguir.

Como parte corriqueira de qualquer estudo para a elaboração de um projeto, é comum recorrer a estudos de caso de outras obras, de forma a enriquecer nossos conhecimentos ao estudar soluções e situações semelhantes ao tema tratado. O capítulo 3 – Estudos de Caso – apresenta três estudos de caso que auxiliaram no desenvolvimento do projeto através de suas soluções arquitetônicas, envolvendo aspectos como projeto estrutural, relação com o local público e configuração dos espaços internos. Finalmente, no capítulo 4 – Projeto – Alfredo Um Edifício Híbrido para a Barra Funda, é apresentada a evolução das etapas de trabalho, desde as idéias iniciais, e seus conceitos até o projeto final. É notável neste capítulo o encontro de todos os temas tratados neste trabalho, pois todos foram relevantes para a conclusão do projeto final. O desenvolvimento dos estudos caminhou em paralelo ao projeto, que se aperfeiçoou a cada conhecimento adquirido. Isso significa que o resultado final do projeto corrobora seu conceito através das pesquisas.

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Sumário Introdução ��������������������������������������������������������������������������������8 1. Histórico do Tema ����������������������������������������������������������������� 11 1.1 Origem dos edifícios Híbridos ���������������������������������������������� 11 1.2 Origem do edifício multifuncional no Brasil ������������������������ 11 1.3 Fazenda vertical, mercado e hotel ������������������������������������ 12 2 . Aspectos Urbanos ������������������������������������������������������������� 14 2.1 Histórico da Barra Funda ���������������������������������������������������� 14 2.2 Levantamento Geográfico e Urbanístico �������������������������� 15 2.3 Análise de dados populacionais e de renda ��������������������� 15 VOCAÇÃO ������������������������������������������������������������������������������� 16 CARÊNCIAS ������������������������������������������������������������������������������ 16 DEMANDAS ������������������������������������������������������������������������������� 16 2.4 Mapa Regional ������������������������������������������������������������������� 17 2.5 Legislação �������������������������������������������������������������������������� 18 2.6 – MAQUETE ESCALA 1:5.000 ������������������������������������������������ 21 2.7 - EQUIPAMENTOS ����������������������������������������������������������������� 21 2.8 Levantamento fotográfico ������������������������������������������������� 23

4. O Projeto ������������������������������������������������������������������������ 38 4.1 – Conceito e Contexto urbano ��������������������������������������� 38 4.2 – O lote e seus condicionantes ��������������������������������������� 39 4.3 – O Partido Arquitetônico ������������������������������������������������ 41 4.3 – Programa de necessidades ������������������������������������������ 44 4.4 – Tabela de Áreas ������������������������������������������������������������� 45 4.5– Memorial Descritivo �������������������������������������������������������� 46 Conclusão ������������������������������������������������������������������������� 55

3. Estudos de Caso ����������������������������������������������������������������������29

3.1 PARKING AND MORE ���������������������������������������������������������� 29 3.4 Edifício Parque da Cidade ������������������������������������������������� 34 3.5 Edifício Brascan ������������������������������������������������������������������� 35 3.6 Eataly ���������������������������������������������������������������������������������� 36

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1. EDIFÍCIO HÍBRIDO

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1. Histórico do Tema 1.1 Origem dos edifícios Híbridos O Edifício Multifuncional teve origem em dois momentos. O primeiro na União Soviética e na Europa como condensador social em que considerava importante a coletivização da maior parte das funções. A moradia, o trabalho e o lazer no mesmo lugar aproximavam as mulheres do trabalho e tornavam as atividades cotidianas eventos públicos. Em segundo plano teve origem no sistema capitalista e no desenvolvimento das cidades em que o valor da terra era muito alto e desestimulava os investidores. Estes edifícios com o passar do tempo foram chamados de híbridos porque podem ser tão diversos quanto uma cidade em programa, tempo de uso. Os edifícios híbridos são propostos para diminuir os deslocamentos agregando serviços e também atrair pessoas para o comércio dando mais dinâmica e movimento aos lugares Em Paris, as galerias comerciais que ocupavam o térreo dos edifícios tinha uma rua interna coberta que ao mesmo tempo em que protegiam as residências e as reservavam ao interior do lote, traziam vida e movimento ao local. Desde o final do século XIX com o desenvolvimento da indústria e de novas tecnologias muitas combinações têm sido experimentadas. Com o constante crescimento populacional urbano e o aumento do custo da terra, procura-se agregar mais usos explorando o máximo potencial construtivo, criar novas centralidades em escalas menores se interligando na macrorregião para que a cidade seja mais eficiente, funcional e dinâmica. Mais recentemente esses projetos têm ganhado volumes cada vez maiores e são chamados de edifícios híbridos, não só pela diversificação dos usos como gestão individual de cada bloco/serviço, como exemplo temos algumas obras de Steven Holl, como o Sliced Porosity Block na China.

Figura 1 – Sliced Porosity Block de Steven Holl

1.2 Origem do edifício multifuncional no Brasil Com forte influência pela tradição do comércio na cidade de São Paulo desde a época em que a cidade era apenas um ponto de passagem pra exportação de café, as residências têm sido transformadas em uso misto quando o proprietário decide abrir um pequeno negócio no pavimento térreo e manter a moradia no andar superior. Nos anos 50 São Paulo ganha o seu primeiro edifício multifuncional, construído pelo empresário José Tjurs, que segundo Brasil, (2007, pág. 47) tinha o sonho de transformar a Avenida Paulista na Quinta Avenida de Nova York. O projeto selecionado em concurso fechado foi do arquiteto Daniel Libeskind e mesmo após 6 décadas o edifício ainda é moderno e atende a diversos usos como comercial, residencial, centro comercial, academia, cinema e teatro. Os usos propostos para estes edifícios podem mudar de acordo com a necessidade de cada região , por este motivo em alguns casos são propostos hotéis em vez de torre residencial. No primeiro estudo havia uma lâmina vertical com apartamentos residenciais, comerciais e hotel, mas na época não era permitido construir hotéis na Avenida Paulista então Daniel Libeskind dividiu em 3 volumes onde o hotel foi substituído por uso residencial.

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1.3 Fazenda vertical, mercado e hotel Os usos foram propostos com base no estudo de macro região e de micro regiões pelo fato de que o bairro tem infraestrutura consolidada e muitos equipamentos, porém a quadra especificamente a ser trabalhada é uma parte com menor movimento, com edifícios vazios que atraem moradores de rua. O Plano Diretor Estratégico propõe edifícios multifuncionais para o bairro da Barra Funda que oferece grandes áreas devido ao seu histórico industrial e ótimo potencial construtivo aumentado pela Operação Urbana da Água Branca. A proposta de uma fazenda vertical para o bairro da Barra Funda está baseada não somente no futuro do bairro que passa por transformações, mas na tendência cada vez mais comum de aproveitar as grandes áreas de coberturas dos edifícios disponíveis e subutilizadas em coberturas verdes, para criar respiros na cidade criando pontos verdes de respiro, trazer o cultivo e a produção de alimentos mais próximo do consumidor final. A proposta é aumentar essa área e ter um edifício inteiro voltado para produção de alimentos.

A fazenda vertical já é uma realidade em muitas cidades do mundo, apesar do caráter ainda experimental no Brasil com a iniciativa da população civil em promover hortas comunitárias nos canteiros da cidade, organizando-se e trocando informações através da internet para que todos possam colher os alimentos livremente. A fazenda vertical e o mercado promovem melhorias na comunidade, gerando emprego e diminuindo o custo da comida e também fornece ao hotel alimento não apenas para redução de custos, mas o consumo total de água, energia e a diminuição de gases emitidos. O Hotel é proposto pela ótima localização para dar apoio aos outros equipamentos existentes como Memorial da América Latina, Expo Barra Funda, Casa das Américas que constantemente promovem feiras de negócios, eventos, lazer e cultura. O terreno escolhido no bairro da Barra Funda é vizinho do Memorial da América Latina, portanto tem muita programação cultural e é próximo de um dos pontos nodais mais importantes da cidade, o metrô Barra Funda.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) as previsões para a economia mundial é de que 89% da população será urbana até 2050 o que influencia diretamente o custo da terra. Portanto, diminuir a distância entre onde os alimentos são produzidos e onde são consumidos com o objetivo de diminuir os custos com transporte, e ainda de inserirmos mais pontos verdes, denominados “pontos de respiros” nas cidades para criar microclima mais ameno, estes são apenas algumas das necessidades a serem atendidas a longo prazo. “As principais emissões de gases de efeito estufa associadas diretamente às áreas urbanas derivam da queima de combustíveis fósseis para o transporte (38%), a produção de eletricidade (21%) e a indústria (17%).” (ONU) A curto prazo é necessário diminuir a quantidade de lixo produzido e utilizá-lo como parte do processo de decomposição utilizando-o como adubo e seus derivados em venenos naturais, diminuir a quantidade de pesticidas utilizados na produção dos alimentos, promovendo variedade, assim o agrossistema entra em equilíbrio e é capaz de criar uma auto regulagem.

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2. ASPECTOS URBANOS

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2 . Aspectos Urbanos 2.1 Histórico da Barra Funda A história do bairro da Barra Funda remonta o povoamento de São Paulo na época bandeirista quando havia a Chácara do Carvalho, propriedade do Barão de Iguape que com apenas 5 casas, abrigavam 31 pessoas. Após o loteamento da chácara, os primeiros habitantes do bairro foram os imigrantes italianos, que além de trabalharem na ferrovia, também se dividiam em seus pequenos negócios como serralheria e oficinas mecânicas servindo à população abastada dos Campos Elíseos, porém sua pre¬sença também foi marcante na construção civil e suas características ca¬sas geminadas com entrada lateral, uma cozinha, uma fileira de cômodos e um porão, segundo o que diz Pires em publicação para a Folha da Manhã: “Esta arquitetura é conhecida como “ponta de chuva”, por serem as casas traçadas pelos capomastri (mestre de obras) italianos com a ponta de um guarda-chuva na terra no início da construção.” (Pires,2015, pg) No século XIX as olarias que utilizavam o barro do Rio Tietê trouxeram desenvolvimento e aumento do povoado. Depois a produção e transporte do açúcar, mais tarde do café que trouxe prosperidade à toda cidade, foi fundada a ferrovia “The São Paulo Railway Co Ltda” que ligava Santos a Jundiaí, passando por São Paulo. A única estação do lado oeste da cidade era a Água Branca e depois a estação Lapa que neste período começava a se definir como bairro urbano, abrindo loteamentos e atraindo imigrantes italianos.

da América Latina, jogando capoeira, cantando e dançando e assim a Barra Funda é também o berço do samba paulistano. Segundo Brunelli ( 2006, p.18) “É interessante destacar que as planícies até então desertas (preteridas em razão de seus terrenos serem considerados ingratos), começaram a ser ocupadas Figura 2 – Construção da Estação com a chegada das estradas de Barra Funda na ferrovia The São ferro. As indústrias instalaram-se ao Paulo Railway Co longo dessas ferrovias(...)” A crise de 1929 veio e abalou o desenvolvimento econômico da região, os casarões da classe média cafeeira foram ocupados e transformados em cortiços, as indústrias transferiram suas atividades e ali permaneceram apenas pequenos trabalhadores artesanais como serralheiros, mecânicos, mercearias e pequenas indústrias têxteis e alimentícios.

A ferrovia incentivou o surgimento das primeiras indústrias da região, após a I Guerra Mundial o bairro começa a se expandir, na década de 20 o grande parque industrial denominado Indústrias Reunidas Matarazzo foi inaugurado e com ele uma nova estação de trem para escoar o que ali era produzido. A esta altura a Barra Funda recebia muitas pessoas negras que moravam nas casinhas e cortiços, prestavam serviços gerais nas casas nobres dos Campos Elíseos. Outros ficavam na chegada da via férrea ajudando aos passageiros com as bagagens e entre um serviço e outros ficavam no largo da banana, onde atualmente está o Memorial

Figura 3 - Largo da Banana - hoje Memorial da América Latina

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“A Barra Funda caracterizou-se por ser um bairro misto – área industrial e de habitação operária. Possuía pequenas fábricas de fundo de quintal, de caráter doméstico, fabricando massas, óleo, tintas de escrever;” diz Brunelli, 2006, pg.21. Nas décadas de 50 e 60 foi acelerada a construção de rodovias das marginais Tietê e Pinheiros e em pouco tempo São Paulo tem o maior número de indústrias da América do Sul. “A divisão do bairro data da construção das linhas de trem que separaram a região localizada entre a linha de trem e a marginal Tietê (Barra Funda de baixo) e a localizada entre a linha de trem e os Campos Elíseos (Barra Funda de cima). Por muito tempo foram ligadas por duas porteiras, uma na Rua Anhanguera e outra na rua Assis. A parte de cima até hoje goza de maior infraestrutura e poder aquisitivo.“ Pires, 2015) Figura 4 – Construção do Memorial da América Latina Hoje é um dos bairros mais bem servidos em infraestrutura urbana e a implantação do Terminal Intermodal da Barra Funda deu um novo impulso trazendo consigo equipamentos

2.2 Levantamento Geográfico e Urbanístico O bairro é gerido pela Subprefeitura da Água Branca ocupa uma área de 5,60km² do território com densidade demográfica de apenas 2.568, segundo dados da Prefeitura de São Paulo. É um número baixo, porém a transformação que o bairro vem atravessando e abandonando sua vocação industrial, o êxodo das indústrias para outras regiões oferece novas glebas e galpões para oferecer diversos produtos e serviços, em lotes menores. Essa ação evita grandes áreas desertas e sem movimento de pessoas na cidade. No senso de 2010 a população total era de 14.383, onde cerca de 56% da população têm renda superior a 10 salários 2.3 Análise de dados populacionais e de renda Os dados aqui apresentados são fruto de pesquisas e comparações entre as similares informações disponíveis em livros, no banco de dados da Subprefeitura da Água Branca, dados do SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em diferentes intervalos de tempo entre 2006 e 2014.

P O P U L A Ç Ã O Crianças até 17 anos - 14% Adultos de 23 a 59 anos - 56% Idosos + 60 anos - 30%

R

E

N

D

Até 2 salários mínimos - 2% De 1 a 5 salários mínimos - 8% Mais de 10 salários mínimos - 82%

A

No trabalho de Sposati (1996), citado por Brunelli (2006) constata que os extremos de riqueza e pobreza são mais reduzidos em comparação a outros pontos da cidade. Apesar de central e com abundância de equipamentos o bairro tem algumas áreas sem atendimento onde ficam pessoas em condição de moradores de rua, mas quando se caminha em direção ao bairro de Perdizes pode-se encontrar vários edifícios de uso misto com suas fachadas ativas.

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VOCAÇÃO

A vocação do bairro até a década passada era industrial e têm se transformado mas nunca deixará de ser uma centralidade. Com muita diversidade, equipamentos de cultura abundantes, equipamentos esportivos, equipamentos institucionais e infraestrutura, o local aceita propostas para novos usos e melhor aproveitamento através de adensamento. Oferecer um ambiente urbano agradável e convidativo para que as pessoas passem a morar e trabalhar pelas proximidades. A região tem um ponto intermodal dos mais movimentados, com opções abundantes de transporte público além de estar próximo a diversos eixos viários como a Avenida Francisco Matarazzo, a Avenida Pacaembu e a Avenida Marquês de São Vicente.

CARÊNCIAS

Os espaços públicos necessitam de desenho urbano que integre as diferentes micro áreas aumentando os pontos verdes, com jardins de chuva para escoamento de águas pluviais. Locais para o convívio ao ar livre que sejam gentis e acolhedores, em que se possa ficar ou apenas se proteger da chuva.

DEMANDAS

É necessário adensamento populacional através de residências como de hotéis e diversificação de usos através de edifícios multifuncionais. É necessário aumentar comércios e serviços locais que incluam o bairro na cena gastronômica da cidade e de sua atividade noturna, aumentando o número de estabelecimentos com conceito de empório ou mercearia que tenham integrados tipos de comércios menores como padaria, farmácia, minimercado, ainda são raros e se localizam numa distância superior ao raio

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2.4 Mapa Regional Vias de trânsito rápido: Marginal Tietê Avenida Antártica Avenida Doutor Abraão Ribeiro Avenida Pacaembu Vias Coletoras: Av. Marquês de São Vicente Av. Doutor Auro Soares de Moura Andrade Av. Francisco Matarazzo Vias Locais: Rua Tagipuru Rua Doutor Alfredo de Castro Av. Auro Soares de Moura Andrade Avenida Sumaré Rua Fuad Maufel Rua Turiassú Rua Cândido Espinheira

Lote tracejado em vermelho Figura 5 Mapa de Localização

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2.5 Legislação De acordo com os mapas de uso do solo e ocupação produzidos pelo SEAD para a Prefeitura de São Paulo, podemos ter um diagnóstico do local e um pouco do seu histórico, que pode direcionar as subdivisões das áreas mistas propostas.

Figura 7 - Mapa Subsetores Operação Urbana Consorciada Água Branca

Figura 6 – Plano Regional de Estratégico

O Plano Diretor define o uso do solo como zona mista de alta densidade e para melhor aproveitamento da terra e da infraestrutura consolidada, a proposta de 2014 é incentivar o adensamento através de residências e edifícios multifuncionais. Algumas destas diretrizes são substituídas pela Operação Urbana Consorciada da Água Branca que inclui o lote no Setor I e subsetor 11. O que se mantém desta tabela é a taxa de permeabilidade de 50%, já a taxa de coeficiente de aproveitamento vai pra 4,0, sem limite de altura.

Figure 8– Mapa Subsetores Operação Urbana Água Branca – Subsetor 11

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No mapa hipsométrico identifica-se a parte mais clara planícies de inundação nos níveis de 720m a 730m.

Figura 9 - Mapa Hipsométrico Toda a região da subprefeitura da Água Branca precisa aumentar a permeabilidade dos seus espaços urbanos e adotar medidas de captação e retardo e uso de águas pluviais, como por exemplo cisternas, jardins e pisos drenantes. “Para viabilizar o acesso universal ao saneamento básico é necessária a integração das políticas e programas que compõe o Sistema de Saneamento Ambiental12, o estabelecimento de ações preventivas para a gestão dos recursos hídricos, a conservação das áreas de proteção e recuperação de mananciais, a realização da drenagem urbana e gestão integrada de resíduos sólidos, com a previsão de coleta seletiva, centrais de triagem e reciclagem, bem como o desenvolvimento de atividades de educação ambiental e comunicação social. Para tanto, estão previstas, entre outras ações, a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Ambiental Integrado, do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos13 e do Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais.” Plano Diretor Estratégico, 2013, pg 57.

Figure 10 - Mapa Topográfico

No artigo 6º da Operação Urbana Consorciada da Barra Funda as diretrizes sobre água e permeabilidade: “XI - Preservar o lençol freático por meio da limitação do número de pavimentos em subsolo nas edificações; XII - Ampliar e melhorar a infraestrutura de drenagem, inclusive por meio da utilização de materiais com maior permeabilidade na pavimentação das obras públicas, tais como pisos intertravados e filtros drenantes; XIII - Promover o tratamento das águas pluviais e a prevenção contra a poluição difusa PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2006

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O levantamento de uso do solo mostra basicamente grandes lotes institucionais, muitos pontos comerciais ocupando grandes glebas, assim como indústrias. As residências estão localizadas no bairro de Perdizes. O gabarito predominante é até 6 pavimentos, considerado baixo, e à medida que o uso se torna mais residencial ou misto o gabarito aumenta para 10 ou mais pavimentos.

Figure 11 – Estudo de Uso do Solo

Figure 12 – Estudo de Gabarito

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2.6 – MAQUETE ESCALA 1:5.000

1- Metrô Barra Funda 2- Unesp 3- Memorial da América Latina 4- Uninove 5- Expo Barra Funda 6- Casa das Américas 7- Vila Country 8- Parque da Água Branca Lote em vermelho

2.7 - EQUIPAMENTOS O levantamento dos principais equipamentos no raio de 700m do terreno mostrados no diagrama a seguir identifica vários equipamentos de cultura, institucionais, de lazer, lotes industriais da região oferecem ao lugar uma caminhada árida e cansativa, tudo é muito distante e deserto, com muros altos e fechados sem vistas, isso quando não é uma grande avenida de fluxo intenso e impraticável de se caminhar. A situação vai se tornando mais agradável, com aspecto residência e lotes menores com mais opções de pequenos comércios à medida em que nos aproximamos do bairro de Perdizes, a partir da Rua Francisco Matarazzo em direção à Rua Turiassú e ao Parque da Água Branca, com altos edifícios residenciais.

Imagem 13 - maquete escala 1:5000

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1- Memorial da América Latina 2- Uninove 3- Senai 4- Rede Record 5- Metrô e Terminal Rodoviário 6- Palmeiras Barra Funda 7- Espaço das Américas 8- Previdência Social 9- Escola Estadual 10- Secr. Justiça 11- UNESP 12- FED Paulista Futebol 13- Expo Barra Funda 14- Parque da Água Branca 15- Vila Country

Figura 14 – Equipamentos – Raio de 700m

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2.8 Levantamento fotográfico

Figura 16 – Vistas do lote da Av Auro Soares de Moura

Figura 15 - Mapa de localização e vistas

O levantamento fotográfico e urbanístico da quadra mostra as visuais para o Memorial da América Latina, a praça e a interessante relação com a esquina e a edificação existente no lote no encontro das ruas Alfredo de Castro x Fuad Naufel x Avenida Auro Soares de Moura Andrade.

Figura 17 – Vistas do lote da Rua Fuad Maufel

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Figura 20 – Condomínio residencial do entorno

O caminho percorrido do Metrô Barra Funda até o lote pode ser feito por dois trajetos, caso opte por passar pela Avenida Auro Soares de Moura Andrade, é um caminho com muitos carros, portanto com poluição sonora, muito árido, sem área verde, sem coberturas para se proteger da chuva e do sol, até que se alcance a praça na bifurcação entre o Memorial da América Latina e o lote, onde há um ponto de ônibus. O fluxo de ônibus é intenso, não tem comércio local e portanto não tem muitas pessoas caso precise pedir alguma informação. Caso o transeunte opte por fazer o caminho pela Rua Tagipuru, o caminho é um pouco mais agradável, ainda que tenha um trecho de estacionamentos igualmente murado e árido, passando por trás do Memorial da Amélica Latina e alcançando a praça que já é uma parte mais movimentada por conta da faculdade Uninove.

Figura 18 e 19 – Vistas da quadra

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Figura 23 - Vista da Rua Tagipuru x Av Dr Adolpho Pinto

Figura 21e 22 – Vista da Av Auro Soares de Moura Andrade x Rua Dr Alfredo de Castro

Figura 24 - Vista da Rua Tagipuru x Rua Fuad Maufel

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Figura 27 - Vista da Rua Dr Alfredo de Castro

Figura 25 - Vista da Rua Tagipuru Bem próximo a esquina da Uninove, a escola técnica Senai oferece também movimento para esse encontro de 3 ruas um edifício histórico reformado e ajardinado com portões baixos.

Ainda na Rua Alfredo de Castro onde estão esse edifício e galpão abandonados a situação das calçadas e da iluminação pública tem o mesmo aspecto, por vezes oferecendo perigo para os transeuntes como revestimento de piso deficiente na calçada, buracos, árvores sem o devido tratamento de poda o que também dificulta a iluminação. Um fator que torna o local poluído visualmente é a fiação dos postes de energia elétrica.

Figura 28 - Vista do passeio público na Rua Dr Alfredo de Castro Figura 26 - Vista da Rua Tagipuru x Rua Dr Alfredo de Castro

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A permeabilidade da quadra não existe, é inteiramente ocupada, a Rua Alfredo de Castro oferece uma caminhada ininterrupta de 300m. A área verde pontual nesta quadra oferece alívio pra quem chega, um dos poucos pontos positivos, além de ter bons mobiliários como relógio, ponto de ônibus, lixeiras. Faltam bancos, lugares de estar com coberturas para se proteger da chuva e do sol, a iluminação pública só é satisfatória da Avenida Auro, a mais movimentada, e os postes das praças são muito altos.

Imagem 29 - Vista Rua Dr Alfredo de Castro Na quadra existem 2 bicicletários, ambos na Rua Tagipuru. Um deles na praça da bifurcação com a Rua Fuad Naufel e o outro na esquina da Uninove, ao lado do relógio. Imagem 30 – Estudo da quadra

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3. ESTUDOS DE CASO

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3. Estudos de Caso A etapa inicial de qualquer projeto surge da pesquisa, seja um projeto inovador ou não. É necessário saber das necessidades que devem ser atendidas, o público a quem se destina, como este tipo de projeto é implantado e o quais as previsões para o futuro, para que o projeto continue funcionando caso as demandas e necessidades mudem. Os estudos de caso aqui apresentados nos dão diretrizes importantes de projeto. Os estudos de caso aqui apresentados são alguns dos que inspiraram o projeto do edifício multifuncional, tendo como complemento muitos outros projetos inclusive referências de processo de produção como a LUFA Farms, uma estufa implantada no telhado de uma loja no Canadá. O parque Epcot da Disney onde funciona uma estufa de alimentos hidropônicos e aquaponia para fornecer alimento para todo o complexo.

Figura 31- Parking and more - HHF

3.1 PARKING AND MORE FICHA TÉCNICA: HHF ARCHITECTS Localização: BASEL, SUIÇA ÁREA CONSTRUÍDA: 8000m² ANO 2014 O primeiro projeto que inspirou foi o Edifício Parking and More, um multifuncional proposto para a Suíça com a forma muito próxima do terreno escolhido com usos interessantes e que torna o edifício completamente permeável, as circulações propostas são interessantes as rampas para carros e pedestres é convidativa.

Figura 32- Parking and more - HHF

Antes era apenas um prédio de estacionamentos, e depois da intervenção teve seu programa aumentado e diversificado. Porém neste projeto há pouca área verde, provavelmente por se tratar de uma região em que neva frequentemente. “Combina um parque de estacionamento com restaurantes, instalações desportivas, e lojas, criando uma rua vibrante e animada e uma praça urbana parcialmente cobertos. O Projeto é parte de um trio de edifícios formando as rápidas taxas da área de densificação e urbanização. Outras instalações incluem um jardim urbano no telhado salão de eventos, e numerosos restaurantes, refletindo ‘desejo de alcançar o máximo de funcionalidade.” Fonte: Archidaily

Figura 33- Parking and more - HHF

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Figura 34 - Parking and more

Figura 35 - Maquete do Parking and more

Figura 39 e 40 – Circulações Parking and more

Figura 36 - Maquete do Parking and more

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3.2 Bosco Verticale / Floresta Vertical

Figura 41 – Cobertura e praça Parking and more

Ficha Técnica Arquitetos: Boeri Studio (Stefano Boeri, Gianandrea Barreca, Giovanni La Varra) Local: Milão, Itália Design Phase: 2006 – 2008 Construção: 2008 – 2013 1 torre de 76 metros de altura 1 torre de 110 metros de altura O Floresta vertical é um edifício residencial construído na cidade de Milão com a proposta de reflorestamento urbano para regenerar o meio ambiente urbano sem que seja necessário expandir o território. Foram selecionadas árvores de 3m, 6m e 9m de altura, arbustos e forrações que juntas as fachadas compõem 7 mil m² de florestas.

Figura 42 – Estacionamento Parking and more

Figura 43 – Corte Parking and more Figura 44 – Bosco Verticale

Figura 45 – Bosco Verticale

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Figura 46 – Bosco Verticale – Diagrama de árvores

Figura 47 – Bosco Verticale – Diagrama de árvores

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Figura 48 – Elevações e Corte com esquema de fachadas

Figura 49 – Composição de fachada

3.3 Respiro Urbano

O projeto “Respiro Urbano” (figura 1) vencedor do concurso para uma fazenda vertical na Avenida Paulista é uma das inspirações, a proposta inovadora forma um conjunto organizado de funções que combinam sistema estrutural em aço pré-fabricado, planos de lajes combinados com fechamento segundo a necessidade de insolação.

Figura 50: Respiro Urbano Programa

Figura 51 - Respiro Urbano - Fazenda Vertical da Av. Paulista

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3.4 Edifício Parque da Cidade Ficha técnica: Projeto: Afflalo e Gasperini arquitetos Ano: 2010 Uso Misto / Comercial / Residencial / Hotel Cidade: São Paulo, Brasil Área construída: 82.218,63 m² O edifício Parque da Cidade do escritório Afflalo e Gasperini que tem no térreo paisagismo com muita área verde e espaço de convivência com restaurante. Figura 54 - Parque da Cidade Afflalo e Gasperini

Figura 52 - Parque da Cidade Afflalo e Gasperini

Figura 53 - Parque da Cidade Afflalo e Gasperini

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3.5 Edifício Brascan Ficha Técnica Ano Inauguração: Setembro de 2003 Área do terreno: 12.610m² Área construída: 93,919m² ABL: 3.024m² Número de lojas: 22 Cinema (Kinoplex): 4 Academia Estação Fitness: 1

Figura 55 – Ed. Brascan Usos Implantação e usos

Este complexo que ocupa uma quadra inteira no bairro do Itaim com conceito de open mal é uma referência de programa, organização de áreas e dimensionamento de espaços.

Figura 56 – Ed. Brascan usos nas torres

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3.6 Eataly Para o mercado a rede de mercearia Eataly que oferece enorme variedade de produtos inspirou o layout, fachadas e a complementar a comercialização dos produtos da fazenda vertical. Além de ser uma referência à história do bairro que teve início com os operários italianos, o mercado inclui o bairro da Barra Funda no circuito da gastronomia da cidade.

Figura 58 – Layout Eataly Nova York

Figura 57 - Eataly São Paulo

Figura 59 - Eataly Nova York

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4. O PROJETO UM EDIFÍCIO HÍBRIDO PARA A BARRA FUNDA

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4. O Projeto 4.1 – Conceito e Contexto urbano Apesar de ser um bairro bem localizado e bem equipado, com boa infraestrutura, muitas opções de programas culturais e um aumento crescente de empreendimentos residenciais, a quadra fica isolada do bairro. O lote está localizado em frente ao Memorial da América Latina, no encontro de três ruas que pode se tornar um ponto comercial de interesse. Para a definição dos tipos de serviços oferecidos neste novo edifício foi realizado um estudo urbano macro regional e do planejamento previsto pelo Plano Diretor além de pesquisa com os moradores combinadas às previsões futuras para a economia. A fazenda vertical, o mercado e o hotel é a combinação coerente para o bairro. A proposta de adensamento para o bairro deve ser apoiada por outros tipos de serviços para que as pessoas ali residentes possam, além de morar e trabalhar, comer em um lugar aconchegante nas pausas entre suas atividades. A intensão de se ter uma torre de 12 pavimentos totalmente voltada para o cultivo vertical de hortaliças, legumes e verduras pode parecer utópica mas estão sendo feitos experimentos empíricos. Além disso, a utopia é a bússola do arquiteto, para propor soluções é necessário um olhar inovador e a universidade é o campo ideal para a experimentação. Para Buckminster Fuller, “Você nunca mudará as coisas lutando contra a realidade. Para mudar algo, construa um novo modelo que torne o existente obsoleto.” A fazenda vertical é proposta a partir das atuais e cada vez mais frequentes adaptações de coberturas de estabelecimentos comerciais, em hortas e telhados verdes para o aproveitamento destes espaços disponíveis com grande incidência de sol que também ajudam a controlar a temperatura interna do edifício minimizando o uso de energia com ventilação forçada. Um exemplo disso são restaurantes em Nova York e Paris e aproveitaram os espaços das lajes para terem comida fresca e com menor custo. No Canadá existe a LUFA Farms no telhado de um edifício comercial que ocupa quase uma quadra.

No Brasil temos o exemplo, ainda em fase de implementação, o Grupo Eldorado que aproveita o lixo gerado na área de alimentação do shopping para fazer compostagem, destinando 80% do seu lixo, e que deixa de ser destinado à lixões e aterros sanitários, como recurso interno de retorno ao ser utilizado como substrato na horta que fica na cobertura Juntamente com a El Dorado Tower, uma das primeiras torres de São Paulo a ter certificação LEED. Na primeira fase de implementação da horta utilizando 30% da área de cobertura disponível, foi possível gerar comida suficiente para os funcionários e que a partir das próximas fases a produção aumente proporcionalmente à área utilizadas e técnicas desenvolvidas, segundo o engenheiro de processos responsável. Todo tipo de alimento que chega ao município de São Paulo vem principalmente das cidades do interior do Estado onde são planta-das, cultivadas, colhidas e transportadas o mais rápido possível para manter a sua integridade. Estes alimentos são armazenados, negociados e vendidos ainda durante a madrugada no CEAGESP, localizado no extremo oeste da cidade, na Vila Leopoldina já próximo ao município de Osasco. Só então os feirantes fazem a distribuição regional em feiras livres e mercados. Esta cadeia encarece o produto, e o alimento chega ao consumidor final com a vida útil diminuta. O produtor que se especializa em um tipo de cultivo para gerar volume e aumentar a velocidade, o que empobrece o solo e a fauna das hortas, gerando mais pragas e doenças, que obrigam o uso venenos e agrotóxicos. Como podemos notar a natureza tem um ciclo perfeito onde até o lixo é útil e tem parte importante em todo o processo. O mercado surge como um intermediário para que a comercialização dos produtos cultivados atenda à população de quase 20.0001 pessoas do bairro. Outros produtos complementam cardápio como massas, vinhos, queijos, padaria, café e restaurantes.

1

Dados da Subprefeitura da Lapa, São Paulo.

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Durante o levantamento urbanístico em campo foi possível perceber a dificuldade de encontrar restaurantes e locais para fazer uma pausa no trabalho ou nos estudos e encontrar um comércio de alimentos a uma distância disponível ao pedestre de até 600 metros de raio. Os pontos mais próximos estão nos shoppings West Plaza e alguns estabelecimentos já no bairro de Perdizes, podemos calcular, no mínimo, 1,20km de caminhada. O Hotel foi proposto para atender os vários equipamentos culturais e de lazer localizados nas proximidades, além da enorme demanda por estar tão próximo a um ponto modal. Levando em consideração o impacto que tem um empreendimento hoteleiro principalmente relacionado ao volume de comida necessário para atender aos hóspedes, aproximadamente 150kg de comida ao dia para um empreendimento de médio porte (até 200 unidades). Neste sentido a fazenda vertical então dá o suporte e ainda ajuda na economia interna do hotel que tem como maior parte de sua receita interna gerada principalmente por eventos e reuniões e não apenas pelo serviço de hospedagem, (Andrade, Nelson. Pg 20, 2013).

Figura 60 - Estudo de insolação - solstício de verão

4.2 – O Lote e seus condicionantes O lote tem 5.500m² e está localizado na esquina onde se encontram a Av. Auro Soares de Moura Andrade, a Rua Fuad Maufel e a Rua Doutor Alfredo de Castro, esta última que dá nome ao novo edifício. Diante dos estudos de insolação, tendo as fachadas norte e leste sem impedimentos e com insolação intensa, o desenho das fachadas procurou proteger a fazenda vertical dos ventos sul e sudestes, aproveitando de forma calculada na ventilação do hotel. A fachada do Hotel voltada para a Rua Doutor Alfredo de Castro recebe maior insolação na parte da manhã. Por isso a abertura central gerando uma área comum no 2º Pavimento, desta forma é possível aproveitar a insolação na fachada norte onde está a circulação horizontal permitindo ainda que a ventilação seja cruzada.

Figura 61 - Estudo de insolação - solstício de inverno

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Durante a primavera e o outono a cidade de São Paulo tem temperaturas mais amenas, nota-se pelo estudo que sombras e insolação tendem ao equilíbrio. No inverno nota-se a mancha de sombras maior.

Figura 62 - Estudo de Insolação - Solstício de Primavera 20 de Setembro

Figura 63 - Estudo de Insolação - Solstício de Verão - 21 de Junho

Pela imagem abaixo, no verão em dezembro é quando temos a maior insolação, com ausência de sombras ao meio dia.

Figura 64 - Estudo de Insolação - Solstício de Inverno - 21 de Dezembro

Figura 65 - Estudo de Insolação - Solstício de Outono - 20 de Março

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Os estudos de ventilação nos mostram predominância de ventos na direção sul no inverno e ventos vindos do sudeste, principamente no outono. Durante o verão e a primavera é possível ventos que partem de leste, sul e sudeste de forma mais lenta.

4.3 – O Partido Arquitetônico Na concepção do edifício multifuncional Alfredo buscou-se trazer movimento e interação entre pedestres, edificação e passeio público complementando os equipamentos existentes com novas propostas de usos. Como a edificação não se encontra isolada, mas em meio a um cenário urbano consolidado, buscou-se integrar a edificação na paisagem composta por altas torres e por um equipamento cultural tombado, como a obra de Niemeyer, de forma coerente e funcional, de modo que o usuário possa manter contato com o meio urbano em que está inserido mesmo no interior do prédio. A ideia partiu dos fluxos de pedestres, uma vez em que se trata de um lote de esquina que toma o formato triangular em um cruzamento movimentado por carros e que poderia ser melhor ocupado por pedestres e ciclistas. Foi traçada uma linha reta de forma que resultasse um triângulo equilátero abrindo o espaço no menor ângulo do lote para o passeio público e estadia temporária de forma a oferecer uma visão mais ampla para que se possa aguardar ao atravessar na faixa de pedestres, maior conexão e novas visuais para a Rua Doutor Alfredo de Castro. Dessa forma, o passeio que já era largo ganhou área livre com paisagismo, liberando a esquina que é naturalmente um ponto de encontro e de referência, com novas visuais tanto para quem passa como para quem está utilizando o equipamento.

Figura 66 e 67 - Estudo de ventilação

Figura 68 – Croquis de Implantação segundo o fluxo de pedestres

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Como uma continuidade da vida urbana o mercado proposto no térreo com a comercialização dos produtos da fazenda vertical é complementado com outros produtos como massas, queijos, vinhos, cervejas, cereais, sementes, castanhas e cafés. No primeiro pavimento é proposta uma praça de alimentação com algumas opções de restaurantes e cafés com vista privilegiada para um dos maiores pontos turísticos de São Paulo. O balanço de 10m da esquina ao mesmo tempo que abre novas visuais oferece proteção e convida a entrar ou sentar-se para contemplação.

Para o estudo volumétrico a forma inicial era composta por fachadas inclinadas para melhor aproveitamento da insolação. Porém, ao ajustar o programa essa forma tornou-se limitante. Mesmo com o alto potencial construtivo disponível, o terreno é estreito na sua dimensão transversal e as lajes foram estendidas até completarem a fachada para que o espaço disponível fosse melhor aproveitado, atendendo o programa e o gabarito disponível para manter a coerência de altura gradativa e intermediária entre os edifícios de 35 metros de altura e o Memorial com no máximo 12m.

Figura 70 – Estudo Fachada Norte

O estudo de ventilação e insolação determinou a separação em duas torres distintas para que, tanto a fazenda vertical como o hotel, utilizem a arquitetura para aproveitar os recursos naturais de forma consciente com o fim de diminuir o uso de ventilação forçada. Figura 69 - Croqui com diferentes visuais da esquina

Figura 71 - Usos multifuncionais

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Para Hertzberger (2006, p.538) “A primeira consideração de importância decisiva ao se projetar um espaço é determinar para que ele servirá ou não servirá, e, consequentemente, qual será o tamanho adequado. [...] Que dimensões dar a um espaço é sempre uma questão de avaliar a distância e a proximidade exigida entre as pessoas, dependendo da situação e do objetivo do espaço.” Ao pesquisar as formas mais viáveis de cultivo e tipos de plantas adequadas a serem cultivadas de modo vertical em lajes, a palavra diversificação foi a mais recorrente. O fato de ter espaços multiusos, flexíveis e adaptáveis foi o que mais influenciou na concepção dos espaços e volumes. Os panos de lajes sobrepostos foram abertos em alguns pontos para permitir que a luz solar penetre. O cultivo hidropônico acelera o tempo de colheita dos alimentos, mas exige mais cuidados e um ambiente mais controlado e mais artificial. Portanto o tipo de cultivo é diversificado entre orgânico e hidropônico para que haja ao mesmo tempo diversidade de espécies que se protegem de pragas e insetos. Dessa forma não é necessário ter um ambiente supercontrolado artificialmente e a arquitetura e seus diversos recursos mecânicos como brises, elementos vazados e pergolados podem ser utilizados de forma mecânica e funcional aproveitando os recursos naturais e assim diminuir o consumo de energia, produzir mais com menos água, ter área de compostagem e dar um destino útil ao lixo. Ao selecionar as espécies e os tipos de plantas foram escolhidas de acordo com vários critérios como tipo e tempo necessários para cultivo, época de colheita e dimensões. Depois, o layout foi definido pela quantidade de sol necessária para cada espécie que delimitou os canteiros definitivos em alvenaria, os canteiros móveis, as pérgolas e aramados para as plantas tipo trepadeiras. O funcionamento da produção como o início das sementeiras, como ocupam menos espaço e precisam de mais horas de sol podem ficar no pavimentos mais altos, e à medida que a planta se desenvolve vai sendo transportada aos pavimentos inferiores até que fique pronta para ser embalada no terceiro pavimento.

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4.3 – Programa de necessidades Pavimento Térreo Mercado Feira: Hortaliças, legumes e verduras Frutas Cereais e sementes Padaria e embutidos Bebidas Café 70m² Sorveteria Sanitários públicos 1º Pavimento Restaurantes 150m² Massas Vinhos Cervejas Subsolos 1º ao3º Estacionamentos em comum Lavanderia do Hotel Infraestrutura

Fazenda Vertical

Hotel

3º ao 12º Pavimento

Pavimento Térreo Lobby / Recepção Bar Circulação vertical Sanitários públicos Administrativo e Gerência Serviços / Governança Carga e Descarga

Produção de mudas Manejo e reprodução de mudas Sementeira Germinação Apoio e manutenção Almoxarifado Escritório / Monitoramento e pesquisa Área de compostagem Área aberta para formação de composto e substrato Canteiros definitivos de cultivo orgânico Canteiros móveis de cultivo orgânico Canteiros para cultivo hidropônico com ponto de água Pergolado para plantas trepadeiras 2º Pavimento Manuseio e embalagem / administrativo Oficinas Área de funcionários / Vestiários

1º Pavimento Área de funcionários Vestiários Cozinha Refeitório 2º Pavimento Salas flexíveis para eventos Salas de reunião / multiuso Salas de convenções 3º ao 10º Pavimento Suites Governança

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4.4 – Tabela de Áreas TABELA DE ÁREAS RESUMIDA FAZENDA VERTICAL(m²) PAVIMENTO MERCADO(m²) HOTEL(m²) TÉRREO 600 600 1º PAVIMENTO 700 500 2º PAVIMENTO 635 1.000 3º PAVIMENTO 625 1.000 4º PAVIMENTO 625 1.000 5º PAVIMENTO 625 1.000 6º PAVIMENTO 625 400 7º PAVIMENTO 625 400 8º PAVIMENTO 625 400 9º PAVIMENTO 625 400 10º PAVIMENTO 625 400 11º PAVIMENTO 625 400 12º PAVIMENTO 625 400 13º PAVIMENTO 625 400 COBERTURA BARRILETE 625 400 TOTAL(m²) TOTAL GERAL (m²)

8.135

1.300

SETOR SOCIAL

SUITES LAZER

SALAS DE REUNIÃO 20m² SALAS DE REUNIÃO 40m² SALAS DE EVENTOS 50m² SALAS DE EVENTOS 40m²

ADMINISTRATIVO

RECEPÇÃO / CAIXAS / RESERVAS ADMINISTRAÇÃO RECURSOS HUMANOS CONTABILIDADE GERÊNCIA MARKETING DIRETORIA CARGA / DESCARGA CONTROLE /BALANÇA / TRIAGEM PORTARIA SEGURANÇA ALMOXARIFADO GERAL ADMINISTRAÇÃO GOVERNANÇA SANITÁRIOS VESTIÁRIOS COZINHA REFEITÓRIO AMBULATÓRIO LAVANDERIA TOTAL

8.700 18.135

TABELA DE ÁREAS HOTEL AMBIENTE LOBBY BAR SANITÁRIOS SUÍTES 20m²

SERVIÇOS

ÁREA (m²) 200,00 70,00 35,00 1.520,00 160,00 80,00 50,00 80,00 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 12,00 100,00 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 70,00 12,00 50,00 240,00 48,00 9,00 70,00 2.905,00

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TABELA DE ÁREAS MERCADO E FAZENDA SETOR 61 - Croqui com diferentes AMBIENTE visuais da esquina ÁREA (m²) Figura MERCADO Restaurante 1 150,00 Restaurante 2 150,00 Restaurante 3 150,00 Restaurante 4 150,00 Café 95,00 Sorveteria 70,00 Frutas 50,00 Verduras 40,00 Legumes 50,00 Grãos 20,00 Padaria 60,00 Mercearia 60,00 Vinhos 55,00 Cervejas 40,00 Massas 55,00 CAIXAS 70,00 SANITÁRIOS 35,00 TOTAL 1.300,00 ADMINISTRATIVO ALMOXARIFADO 9,00 APOIO / ESCRITÓRIO 9,00 MANUSEIO / LIMPEZA 12,00 EMBALAGEM 20,00 OFICINAS 30,00 VESTIÁRIOS 40,00 SANITÁRIOS 30,00 TOTAL 150,00 CULTIVO MANEJO DE MUDAS 650,00 SEMENTEIRA 650,00 GERMINAÇÃO 650,00 ÁREA DE REPICAGEM 20,00 DESENVOLVIMENTO 650,00 CANTEIROS DEFINITIVOS 70,00 PERGOLADOS 200,00 ÁREA COMPOSTAGEM 100,00 SANITÁRIOS 30,00 ÁREA LIVRE FORMAÇÃO MATERIAL 9,00 TOTAL 3.029,00 TOTAL GERAL

4.479,00

4.5– Memorial Descritivo Todos estes fatores até aqui expostos influenciaram diretamente os tipos de fechamento escolhidos para as fachadas que foram estudadas uma a uma de acordo com o diagrama de insolação e ventilação. De acordo com os estudos de insolação e das necessidades das plantas depois da seleção de várias opções de fechamento e experimentos entre organização interna de layout juntamente com a composição da fachada. A inclinação da fachada foi eliminada pela dificuldade de resolver os triângulos gerados dando lugar a rasgos nas lajes para complementar as áreas sombreadas.

Figura 72 – Croquis de estudo Fachada Leste

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Figura 73 – Croquis de estudo de layout e disposição

Figura 74 – Croquis de estudo de fachadas

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Figura 76 e 77 - Croquis estudo de fachadas

Figura 78 - Croquis do estudo de fachada e layout

Figura 74 - estudo de fachada inclinada com estutura em aรงo

Figura 79e 80 - Croquis estudo de fachadas

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Figura 83 - Estudo de suporte para vasos e cahep么es nos brise da fachada

Figura 81 e 82 - Estudo de brise e fachada em cortes

Figura 84 - Estudo de suporte para vasos e cahep么es nos brises da fachada

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As fachadas do Hotel foram protegidas do sol e criam na fachada norte recortes em 45º que permitem a ventliação sem perder a vista e mantém o hóspede protegido. A fachada sul foi paginada de forma que as janelas e fechamentos em vidro seguissem a mesma paginação dos elementos vazados em maior escala e ainda contam com aplicação de uma tela tipo muxarabi de correr em trilho para proteger da insolação mais branda.

Figura 87 - Croquis de estudo de fachada sul do hotel

Figura 88 - Croquis de estudo de fachada sul do hotel

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Os materiais escolhidos foram estrutura de concreto e revestimentos em placas cimentícias. Os fechamentos de fachada da fazenda vertical, que será o mais livre possível é tela pop em aço patinável para fechamento que também funciona como apoio para os cachepôs, vasos e sementeiras. Os elementos vazados aplicados na fachada tem a função de filtrar o calor excessivo e os brises verticais independentes em placa cimentícia colorida para fechamento e proteção contra os ventos excessivos. Alguns elementos do mercado usam a mesma linguagem em placa cimentícia, com grandes portas pivotantes coloridas e vidro e fechamento para filtrar a luz solar em tela pop em aço patinável.

Figura 85 -Materiais escolhidos

O layout e o funcionamento da fazenda vertical foi pensado a partir da seleção das hortaliças a serem cultivadas de acordo com as necessidades de insolação, ventilação, água, tipo de solo, modo de cultivo e tempo de colheita. Algumas plantas podem competir por recursos e outras podem servir de proteção contra insetos, as espécies foram combinadas a outras com a finalidade de criar um ambiente favorável diminuindo a necessidade de utilizar agrotóxicos. Os tipos de cultivo também foram diversificados entre orgânico e hidropônico para que o lixo do empreendimento seja reaproveitado pelo próprio complexo. Para isso, cada pavimento tem um espaço reservado para compostagem, para que todo o lixo gerado pelo empreendimento seja reaproveitado. Da compostagem é possível extrair diversos recursos que retornam às hortas em forma de composto orgânico para fertilização, além decombinada à outros produtos , o chorume pode servir de proteção e contra pragas.

Figura 86 - Guia de combinações de plantas

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HORTALIÇA

ALTURA

CLIMA

ÉPOCA

PLANTIO

Alface Alcachofra Acelga Agrião da água Agrião da terra Aipo/Salsão Almeirão Aspargo Brócolis Beldroega Chicória Couve Couve flor Ervilha Espinafre Fava Feijão Jambu Gergelim Jiló Mostarda Milho Quiabo Quinoa Repolho Tha Tsai

30 cm 60 cm 60 cm 80 cm

ameno sombra parcial ameno ameno

ano todo ago. a dez. ano todo ano todo

Sementeira Direto Direto Sementeira

80 cm 30 cm 30 cm 30 cm a 1m 60 cm 30 cm 45 cm 25 cm 30 cm 50 cm 30 cm até 1,5 m 60 cm 50 cm 50 cm 50 cm 60 cm até 1,5 m até 1,5 m 1a2m 60 cm 60 cm

ameno ameno ameno / sombra sombra / frio ameno quente ameno ameno ameno ameno ameno frio / luz intensa ameno quente quente/ameno quente/umido ameno quente quente quente frio / luz intensa ameno

ano todo ano todo ano todo ano todo mar. a jun. ano todo ano todo ano todo fev a jun. mar. a jun. ano todo set. a jan. ano todo ano todo ano todo ano todo ano todo set. a jan. ano todo set. a jan. ano todo ano todo

Direto Sementeira Direto Sementeira Sementeira Sementeira Sementeira Sementeira Sementeira Direto Direto Direto Sementeira Sementeira Direto Sementeira Direto Direto Direto Sementeira Direto Direto

TEMPO DE COLHEITA (DIAS) GERMINAÇÃO TRANSPLANTE DESENVOLV. 6 4 A 6 FOLHAS 80 30 90 6 90 6 15 DIAS 90 6 21 10 5 a 10 6 6 3 a 10 3 a 15 5 6 20 15 15 20 15 10 15 7 5a6 7 10

5 a 6 folhas 30 30 4 A 6 FOLHAS 30 30 dias 31 dias 20 dias 20 dias 6 folhas 4 a 6 folhas 10 a 15 cm -

80 150 70 100 80 80 90 100 120 70 120 100 90 90 90 90 70 150 80 100 90 45

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TUBÉRCULOS Alho Amendoim Batata Batata doce Beterraba Cebola

até 1m 50 cm 15 cm 16 cm 30 cm 30 cm

ameno/quente ameno ameno ameno ameno ameno

ano todo ano todo ano todo ano todo ano todo ano todo

sementeira sementeira sementeira sementeira Direto Direto

15 10 7 7 10 6 a 14

20 dias 10 a 15 cm acima de 2cm 5 a 10 cm 6 a 10 cm

200 90 45 100 90 80

Cenoura

30 cm

ameno

ano todo

Sementeira

10 a 20

50 dias

120

Gengibre

30 cm

ameno

ano todo

Direto

8 a 20

-

80

Mandioca

até 1,2m

ameno

ano todo

Direto

15

-

80

até 80 cm

ameno

ano todo

Direto

15

-

80

3,0m

ameno

ano todo

Direto

15

-

80

1,5m

ameno

mar. a jul.

Direto

7 a 10

-

50

Mandioquinha Nabo Rabanete

FRUTAS RASTEIRAS Abacaxi 1m Acerola até 3m Amora 1,6m Figo 60cm Melão 3m

quente quente quente quente ameno

FRUTAS BONSAI Laranja até 3m quente Limão até 3m quente Mexerica até 3m quente

ano todo set. a jan. set. a jan. set. a jan. ano todo

ano todo ano todo ano todo

Direto sementeira sementeira sementeira sementeira

sementeira sementeira sementeira

20 20 20 20 20

25 20 25 30 20

20 20 20

200 dias 200 dias 200 dias 200 dias 200 dias

15 15 15

200 dias 200 dias 200 dias 53


TREPADEIRAS Baunilha Chuchu Inhame Morango Maracujá Mini pepino Pepino Pimenta do reino Tomate Uva

até 10m 3m² 3m² 30 cm 2m² 30 cm 3,0 a 4,5m até 4m

sombra parcial ameno ameno frio quente ameno ameno ameno

ano todo ano todo ano todo ago. a set. ano todo ano todo ano todo ano todo

Direto Direto Direto Direto Direto Direto Direto Direto

8 a 20 9 a 20 10 a 20 10 a 20 10 a 20 10 a 20 10 a 20 10 a 20

-

200 120 120 120 120 90 90 200

até 5m 3m

quente ameno

ano todo ano todo

Direto Direto

20 a 30 15 a 20

-

90 150

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Conclusão A elaboração do projeto arquitetônico para o um edifício híbrido para o bairro da Barra Funda levou primeiramente em consideração as características urbanas de seu entorno com a identificação de suas potencialidades e fragilidades, de forma a conceber um embasamento para a concepção do projeto, que deverá proporcionar qualidade urbana e realizar sua função como edificação proposta. Desta forma, a análise urbana, juntamente com o uso da edificação proposto e terreno previamente definido, resultou na definição das coordenadas gerais do projeto, tais como a conexão com o ambiente público, e integração com a paisagem através do embasamento com fechamento em vidro. Estes foram itens decisivos para a concepção plástica do volume do edifício. O projeto para o edifício híbrido buscou valorizar as transformações que ocorrem nos modos de cultivo, produção de comida e a venda de seus excedentes. Foi justamente a ausência de projetos arquitetônicos voltados para este tema deram força para que fosse proposto. Durante o processo de desenvolvimento, foi elencada como primordial a conexão que este projeto teria com sua cidade e principalmente com seu entorno, uma vez que uma edificação sempre causará impactos, seja qual for o local de sua implantação. A partir disso, todo o projeto foi pensado, desde suas articulações internas até sua volumetria final. Por fim, foi possível notar que o projeto assim como seu tema transformaram-se em um só, pois o objetivo final era a troca recíproca de relações entre o urbano e a natureza promovendo interação entre as pessoas e o bairro, conceito mantido e defendido tanto por estilo de vida mais saudável e natural, quanto pela experiência de viver a cidade, conectando pessoas, edificações, equipamentos e a natureza na perfeita simbiose que ela promove.

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