TFG - tese "O Neues Bauen e a habitação social" / Final work - Thesis

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o neues bauen e a habitação social



o neues bauen e a habitação social bruna limoli silva

trabalho final de graduação | orientador: renato cymbalista | junho de 2014 faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade de são paulo



"Es war, als Ăśffne sich der Himmel" "Foi como se o cĂŠu se abrisse." um dos primeiros moradores do Siemensstadt, sessenta anos apĂłs mudar-se para o conjunto habitacional.



agradecimentos

À orientação cuidadosa de Renato Cymbalista, sempre trazendo novos pontos de vista e criativas sugestões. À Christiane Fülscher, professora do Instituto de História da Arquitetura da Universidade de Stuttgart, pelas suas dicas e prontidão em ajudar. Aos meus irmãos, Angélica e Júlio, e a todos os meus amigos que me acompanharam nessa trajetória e, especialmente, a Amparo, Luis e Thomás, pelas suas opiniões e auxílio no desenvolvimento deste trabalho. A Mônica, Caetano e Maria Clara, pela força durante nossa convivência em São Paulo. Ao meu namorado Robert, pelo seu constante incentivo e ajuda nessa pesquisa. Aos meus pais, Isabel e Oscar, pelo apoio incondicional.



por quê?

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a exposição

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o neues bauen

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as origens do estilo

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a alemanha antes da 1ª guerra mundial: antecedentes

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pós-guerra e transformações: a consolidação da nova arquitetura

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o papel da bauhaus

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a habitação social

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o caso de frankfurt

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o caso de berlim

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experimentos e modelos

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conjuntos analisados

79 81

berlim falkenberg schillerpark hufeisensiedlung carl legien weiße stadt siemensstadt frankfurt praunheim römerstadt westhausen

85 93 101 113 121 129 137 141 149 157

bibliografia

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iconografia

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índice



Em 2011, durante a disciplina História do Urbanismo Contemporâneo, comecei a me interessar pelo tema

uma nova era e também pela situação de emergência em que se encontrava a Alemanha no pós-guerra,

do Neues Bauen e realizei uma pequena pesquisa sobre o conjunto habitacional Hufeisensiedlung, porém a escas-sez de material de pesquisa não permitiram um maior aprofundamento. Durante o meu intercâmbio com a Universidade de Stuttgart (2012-2013), cursei uma disciplina chamada "Rote (T)Räume: Neues Bauen = Neues Wohnen?" (Espaços/Sonhos vermelhos: novo construir = novo morar?), constituída por seminários sobre diversos conjuntos habitacionais produzidos durante o Neues Bauen. Até o final do

quanto à constante aparição do tema da nova arquitetura em diversos jornais e revistas. O segundo é a integração de diversas escalas nos projetos de habitação, que envolviam desde o desenho urbano do conjunto, até os edifícios e unidades, além dos equipamentos (lavanderias, creches, lojas, consultórios etc.). Em muitos casos, projetou-se também o mobiliário, adequado aos novos padrões de moradia. Tal unidade de projeto mostra como a nova arquitetura de fato buscava adequar-se às novas necessidades, assim co-

intercâmbio, coletei um material so-bre o tema, que eu já pretendia abordar no TFG, mas ainda não sabia exatamente como. Embora o movimento tenha abrangido a ar-quitetura e o urbanismo de um modo geral, o meu olhar voltou-se cada vez mais para a habitação social ao longo do TFG I. Antes do início do TFG II, com um objeto de estudo definido, realizei uma viagem para a Alemanha, em que visitei e coletei mais informações sobre todos os conjuntos aqui analisados.

mo propôr um novo modo de habitar.

por quê?

Assim, como produto de TFG, resolvi montar uma exposição sobre a habitação social no Neues Bauen (paralelamente à criação de um website, como uma forma de extensão), pois acredito que seja uma forma prática de trazer uma parte, ainda que pequena e sob um ponto de vista particular, de um tema tão rico para a FAU.

Há dois motivos principais pelos quais considero o Neues Bauen um tema de grande importância. O primeiro é a politização do debate arquitetônico durante a República de Weimar (1919 - 33), que se deve tanto ao grande incentivo por parte do Estado à produção de uma nova arquitetura, por ela ser um símbolo de 09



A ideia de uma exposição surgiu mais como um meio do que como um fim, embora ela seja o principal

conjunto em si, no qual estão destacadas as informações importantes, tais como osequipamentos proje-

produto do TFG. O meu foco esteve em seu conteúdo e não em sua organização (linguagem visual, montagem etc.). Isso não significa que não houve um trabalho em relação aos aspectos formais e práticos; pelo contrário: experimentei diversos formatos de cartazes e estruturas de apresentação, sempre buscando uma linguagem que fosse o mais clara e simples possível. Um dos maiores desafios foi conciliar a quantidade de informações coletadas com a dinâmica de uma exposição. Ao invés de longos textos, procu-

tados, as fases de construção, os arquitetos envolvidos, o modo construtivo, entre outras, e indicados os pontos dos quais tirei as fotos, de modo que o espectador possa fazer um "passeio imaginário" por esses conjuntos. Ao lado das fotos, coloquei alguns exemplos de tipologias, que também estão indicadas no mapa do conjunto. A confeccção dos cartazes desta parte demandou basicamente: 1. definir uma lógica visual e também de conteúdo aplicável a todos os conjuntos; 2. traduzir informações visualmente; 3.

rei, sempre que possível, traduzi-las visualmente.

selecionar fotos e desenhos, de modo a mostrar o que é relevante em cada conjunto; 4. redesenhar todas as plantas e cortes selecionados, uma vez que foram ou escaneadas de livros antigos (em sua maioria) ou encontradas em arquivos digitais (desenhos originais escaneados); 5. tratar as fotos; 6. reconstruir os percursos, pa-ra colocar as indicações, a fim de organizar a leitura.

A exposição divide-se em duas partes principais: a primeira apresenta um panorama do Neues Bauen e o contexto em que o movimento se desenvolveu, buscando mostrar as várias situações em que ele se expressou. A segunda e mais importante parte consiste em estudos de caso e subdivide-se em duas: seis conjuntos habitacionais em Berlim (Falkenberg, Schillerpark, Hufeisensiedlung, Weiße Stadt, Siemensstadt e Carl Legien) e três em Frankfurt (Praunheim, Römerstadt e Westhausen).

a exposição

Todos eles seguem uma mesma lógica: primeiro apresenta-se um pequeno texto sobre o projeto, a sua comunicação com a cidade e a sua relação com o entorno. Em segundo lugar, apresenta-se o projeto do 11



o neues bauen


as origens do estilo

O movimento Neues Bauen (literalmente "Novo Construir", normalmente traduzido como "Nova Arquitetura") caracterizou tanto um período quanto um desdobramento específico da arquitetura moderna alemã. Símbolo da República de Weimar (1918 1933), destoava fortemente de qualquer outra corrente do modernismo, por propôr uma completa ruptura em relação ao passado, expressando-se de uma maneira radical tanto na sua forma quanto na sua ideologia. No entanto, para entendê-lo é necessário compreender tanto o contexto do qual emergiu o movimento moderno no fim do século XIX, quanto o da sua diferenciação definitiva em relação às demais vanguardas modernistas, ao fim da 1ª Guerra Mundial. Duas revoluções em estilo nas artes e na arquitetura definiram os caminhos do modernismo na Alemanha. A primeira ocorreu por volta de 1900, época marcada por uma série de transformações estilísiticas, que surgiram como uma reação ao ecletismo desordenado e exagerado que se vinha produzindo desde meados do século XIX. Defendidas por diversos arquitetos e apoiadas por pequenos grupos da burguesia, essas mudanças buscavam uma simplicidade, transformando radicalmente o historicismo, mas sem rejeitá-lo de fato. A maioria dos arquitetos voltou-se para um estilo mais puro e impessoal, através, principalmente, da recusa do ornamento e, dessa maneira, desprenderam-se inclusive de vanguardas contempo-

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râneas que buscavam novos tipos de ornamentos, como é o caso do Jugendstil. Até 1915, os arquitetos, com exceção de alguns poucos como Hans Poelzig, Peter Behrens e Josef Maria Olbrich, que tentaram reinventar motivos tradicionais, tenderam às formas mais puras e subdividiram-se em diversas vertentes. Contudo, em ambos os casos, havia um desejo de inovação. Mas somente pouco tempo antes da guerra é que a busca por inovações radicais começa a gerar experimentos de fato influentes, como a Fábrica Fagus (1911 -1914, Walter Gropius e Adolf Meyer) e os projetos de Bruno Taut, Walter Gropius e Henry van de Velde para a exposição do Deutscher Werkbund organizada em Colônia em 1914. A segunda revolução estilística veio com o fim da guerra e foi muito menos abrangente do aquela do início do século. O consenso entre as diversas correntes progressistas foi desaparecendo, enquanto um estilo muito mais bem-definido apontava de fato para uma nova arquitetura. Liderado essencialmente por Gropius, o novo estilo concentrou-se em volumes de geometrias simples e puras, organizados de maneira assimétrica, totalmente desprovidos de ornamentos. Foi essa a arquitetura moderna, que se convenciou a chamar "estilo Bauhaus" ou International Style, e não as suas diversas vertentes surgidas no pré-guerra, que foi, alguns anos mais tarde, combatida durante o Nazismo. Tal estilo não teve suas origens formais na


Alemanha, mas principalmente no movimento holandês De Stjil, também conhecido como neoplasticismo, que por sua vez, foi fortemente influenciado pela pintura de Mondrian e pela arquitetura de Frank Lloyd Wright. Porém, o impacto que ele teve na Alemanha não é comparável a nenhum outro país: o suporte do governo da República de Weimar logo no início possibilitou o seu rápido desenvolvimento dentro de um breve período e a sua consolidação.

Fig. 1, à esq., abaixo. Peter Behrens. Casa na Künstler Kolonie. Darmstadt, 1901. Fig. 2, na coluna do meio, acima. Joseph Maria Olbrich. Casa na Künstler Kolonie. Darmstadt, 1901. Fig. 3, na coluna do meio, abaixo. Henry van de Velde. Teatro para a exposição do Deutscher Werkbund. Colônia, 1914. Fig. 4, à dir., acima. Joseph Maria Olbrich. Prédio da Secessão Vienense, movimento liderado por Gustav Klimt, que buscava romper com as escolas artísticas tradicionais. Viena, 1897/98.

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Fig. 5. acima, à esq. Theo van Doesburg. Composição VII (As três graças). 1917. Fig. 6, acima, à dir. Gerrit Rietveld. Cadeira vermelho-azul. 1918/1923. Fig. 7, abaixo. Theo van Doesburg e Cor van Eesteren. Estudo de cores para centro comercial e restaurante-café. 1924.

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Fig. 8. Adolf Meyes e Walter Gropius. Fábrica Fagus. Alfed an der Leine, 1911. Foto de 1924.

Diferente de países como Inglaterra e França, a Revolução Industrial na Alemanha ocorreu tardiamente, tendo se iniciado em meados do século XIX, durante o período da Confederação Germânica (1814 - 1871), porém a sua intensificação deu-se após a unificação alemã, durante o Império (1871-1918). O crescimento industrial neste período foi tão forte e rápido, que, em poucos anos, a indústria alemã conseguiu concorrer com países que já passavam pela 2ª fase da Revolução

te rural para uma potência industrial culminou em uma explosão demográfica nas grandes cidades. Enquanto a arquitetura se perdia cada vez mais em um ecletismo caótico, em moldes vitorianos, a habitação permanecia exclusiva ao setor privado, sob forte especulação imobiliária. Dessa forma, a nova camada social, o proletariado, que crescia conforme o acelerado ritmo industrial, aglomerou-se em Mietskasernen (casebres de aluguel), espécies de cortiços.

a alemanha antes da 1ª guerra mundial: antecedentes

Industrial. A rápida passagem de um país praticamen17


Fig. 9, à esq., acima. Fábrica de máquinas da Companhia Richard Hartmann. Chemntiz, 1868. Fig. 10, à esq., abaixo. Hugo Krayn. Metropolis. Berlim, 1914. Deutsches Historisches Museum. Fig. 11, coluna do meio, acima. Moradia no porão de uma Mietskaserne. Sorauer Straße, Berlim, 1908. Fig. 12, coluna do meio, abaixo. Mietskasernen. Berlim, 1900. Fig. 13, à dir., acima. Planta de um pavimento de uma Mietskaserne em Berlim. Cada cor representa uma unidade habitacional, geralmente com apenas um cômodo (excluindo cozinha e toillette). Até 30 pessoas chegavam a morar em uma única unidade.

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Em um primeiro momento, a situação caótica das cidades gerou uma certa repulsa à cidade industrial e à máquina, às quais atribuiu-se a responsabilidade pelas péssimas condições de vida da população. Os movimentos de reforma que se opunham ao rebuscado ecletismo, que já não fazia sentindo algum nessas cidades, foram profundamente influenciados pelo Arts and Crafts inglês e, em torno de 1890, começaram a propôr a produção de bens através de oficinas, baseadas na ideia das corporações de ofício medievais e no


caráter educativo dos processos criativos do artesão. Os objetivos eram a elevação da qualidade dos produtos industriais, substituindo as mercadorias de massa, e a integracão do trabalhador, que deveria se orientar pela busca de uma unidade estilística, no processo produtivo. Nesse contexto, surge, em 1907, o Deutscher Werkbund (Confedereção alemã do trabalho), uma associação de arquitetos, artistas, empresários e industriais, interessados no refinamento da produção industrial, que ocorreria através da unificação da indústria, artes e ofícios, do seu caráter educativo e da propanganda. Pretendia-se estender a busca por uma unidade estética a diversas escalas de projeto, "da almofada do sofá ao urbanismo", como dizia Hermann Muthesius, um de seus principais fundadores. A busca por uma cultura unificada se dá mais no campo intelectual do que técnico, dados o seu caráter utópico e o fato de que a sua própria origem é uma resposta aos problemas sociais de uma época. Forçado pelo contexto, o grupo deixa o caráter individual da concepção artística, defendido por Henry van de Velde, em direção à padronização, defendida por Muthesius, buscando novas formas para elevar a qualidade da inevitável produção em massa. Anos mais tarde, o Deutscher Werkbund teria um papel fundamental na consolidação do estilo do Neues Bauen. Também como uma reação aos problemas sociais das cidades industriais, o conceito de cidade-jardim do in-

glês Ebenezer Howard ganha um enorme espaço na arquitetura produzida até a 1ª Guerra Mundial na Alemanha. O primeiro exemplo concretizado é Hellerau, nos arredores de Dresden, idealizado pelas Deutsche Werkstätte für Handwerkkunst (Oficinas Alemãs de Artes Aplicadas) em 1907. Isolado da grande cidade, o proprietário do conjunto não era mais privado e, sim, uma cooperativa; tanto a cidade-jardim em si quanto uma fábrica para a produção de móveis padronizados foram projetados em um mesmo complexo, além de outras instalações de produção e estabelecimentos culturais. Projetado por membros do Deutscher Werkbund, Hellerau tornou-se em 1909 sua sede e, devido à sua vida cultural intensa, agiu também como difusor das ideias do grupo. Embora esse modelo de cidade-jardim não tenha se sustentado nos conjuntos habitacionais do pós-guerra, ele exerceu uma enorme influência em sua concepção urbana, principalmente na ideia de se incentivar uma coletividade, tanto na escala da cidade quanto na sua dinâmica interna.

Fig. 14, à esq., abaixo. Cidade-jardim Hellerau, interior do pátio com as oficinas. Dresden. Fig. 15., à dir., acima. Cidade-jardim Hellerau, entrada do complexo de oficinas. Dresden, 2013. Fig. 16, à dir., abaixo. Cidade-jardim Hellerau. Dresden, 2013.

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pós-guerra e transformações: a consolidação da nova arquitetura

Nos primeiros anos após a guerra, a Alemanha encontrava-se economicamente arruinada e, por isso, a

para que eles tivessem um impacto muito maior na

reconstrução em larga-escala do país foi inviabilizada

cia social da arquitetura.

até 1924, quando a economia se reestruturou e a inflação foi controlada. Consequentemente, nesse período de estagnção na construção, os arquitetos começaram a se expressar através de inúmeros livros, artigos e periódicos, cuja ideia principal baseava-se na necessidade de uma arquitetura completamente nova, adequada à nova sociedade criada pela guerra e pela revolução política (a instauração da república). Desde 1918, colocou-se a ideia de uma nova arquitetura, que, apoiada pelo novo e revolucionário governo, agiria como uma força educadora na formação de uma nova sociedade, em que a proposta de um novo estilo não era uma questão meramente formal, mas de abrangência social e cultural. Na Europa, de um modo geral, apareceram diversos grupos artísticos e manifestos revolucionários, como o dadaísmo na França e na Suíça e o construtivismo na Rússia. Porém, o espírito de revolta na Alemanha, herdado da fase de ativismo político do Expressionismo característica dos últimos anos da guerra, estimulou a politização de diversos grupos artísticos e periódicos de arte e arquitetura, voltados para questões sociais e culturais. Embora os arquitetos radicais formassem apenas um dentre vários outros grupos politicamente engajados, as questões práticas relacionadas à reconstrução e ao enorme déficit habitacional contribuíram 20

opinião pública, tornando-a consciente da importân-

Os escritos de Bruno Taut e Walter Gropius foram os mais influentes dos primeiros anos de pós-guerra e acabaram por definir uma teoria da arquitetura que envolveu o Neues Bauen na política. Ambos possuíam um destaque na arquitetura alemã desde antes da guerra, devido principalmente às suas obras radicais para a exposição do Deutscher Werkbund de 1914 em Colônia. Além disso, Taut destacou-se pelo seu trabalho com habitação e urbanismo, que, após a guerra, estendeu-se para uma escala maior, como diretor da construção muncipal de Magdeburgo (1921 - 1923) e, depois, arquiteto responsável da GEHAG, a mais influente sociedade de construção de habitação de Berlim dos anos 20. Gropius, por sua vez, destacou-se em um primeiro momento pelo seu trabalho com projetos industriais, desde a sua colaboração no escritório de Peter Behrens (1908), no qual também trabalharam Mies van der Rohe e Le Corbusier, até o projeto para a fábrica Fagus (1911 - 1914). No pósguerra, o arquiteto ganha destaque internacional no modernismo sobretudo pelo seu papel na criação da Bauhaus em Weimar (1919), pelo desenho do complexo de edifícios em Dessau (1925 - 1926) e pelos edifícios no conjunto habitacional Siemenssadt (1929 - 1934).


Em seus escritos, os dois arquitetos passaram a entender a guerra não só como uma derrota militar, mas como um esgotamento de um conjunto de valores da cultura alemã. Mesmo em suas radicais obras do préguerra, que também lhe conferiram destaque em relação a outros arquitetos, ainda se podia encontrar alguns traços de ligação com a tradição, enquanto no pós-guerra, Taut e Gropius passaram a entender as antigas formas como ruínas e a propôr uma ruptura completa com qualquer referência ao passado. Para eles, a guerra e a revolução não eram só uma questão política, mas fatores que passaram a dizer respeito a todos os aspectos da existência. Uma nova era deveria, então, ser acompanhada por uma nova arquitetura, que se tornaria a forma de expressão mais elevada do homem. Dessa maneira, eles se colocaram não só como líderes de uma revolução na arquitetura, mas

de uma revolução cultural mais ampla. Em seus escritos, os dois arquitetos valeram-se de metáforas para explicar o papel da arquitetura na nova sociedade. Taut utilizou sobretudo de referências à luz e ao cristal, carregadas de simbologias e apresentadas em seus projetos fantasiosos e utópicos, que simbolizavam a esperança em uma nova Europa. A arquitetura, baseada no seu conceito de Sozialer Gedanke (pensamento sociail), teria um dupla função: expressar as novas relações sociais através do planejamento urbano e do projeto de edifícios públicos e relacionar as outras formas de arte com as necessidades "espirituais" da sociedade. Gropius, por sua vez, valeu-se inicialmente da imagem da catedral medieval, símbolo de uma era na época, e das corporações de ofício que a construíam,

Fig. 17, acima. Bruno Taut. Projeto para Jena em 1919, com o conceito de Stadtkrone (coroa da cidade), em que um monumento de cristal figura ao meio da cidade (Kristalturm - torre de cristal). 1917. Fig. 18, à esq. Bruno Taut. Glasspavillion (pavilhão de de vidro) para a exposição do Deutscher Werkbund de 1914 em Colônia. Maquete iluminada de Arno Ebner. Darmstadt, 2005.

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o papel da bauhaus

em que o espírito criativo significava uma "unidade espiritual". De forma semelhante, propôs novas guil-

um "novo totalismo", como dizia Gropius.

das, em que o trabalho cooperativo deveria ser realizado sem barreiras entre arquitetos, pintores, escultores, em um retorno ao trabalho manual (Handwerk). No entanto, não se tratava do mesmo caso que, nos primeiros anos da fundação do Deutscher Werkbund, gerou uma disputa interna (individualização x padronização), em que membros liderados por van de Velde tentaram, sem sucesso, repudiar a produção industrial, aos moldes românticos de John Ruskin e William Morris. Diferentemente, Gropius imaginou

Apesar da Nova Arquitetura ter produzido poucos exemplos concretos nos primeiros anos do pós-guerra, ela já foi logo no início associdada a uma nova era e, por isso, apoiada pelo governo da República de Weimar, como uma forma de propaganda do novo regime. A primeira escola da Bauhaus, fundada em 1919, foi o primeiro exemplo do "patrocínio" do Estado ao movimento do Neues Bauen, o que se tornaria cada vez mais comum e uma característica do período republicano. A sua fundação na conservadora cidade de Weimar, orgulhosa de sua tradição clássica, gerou, em dois momentos distintos, uma forte oposição à escola, à sua concepção de ensino radical e à sua significância política. Quando as primeiras aulas começaram, a cidade, que era o centro da revolução política na Alemanha, já passava por um momento de instabilidade e tensões políticas. Em um primeiro momento, a chegada de uma escola revolucionária e radical em uma cidade histórica, famosa pela sua tradição neoclássica e bem-reputada Academia de Arte, aliada à tentativa de Gropius de interferir no currículo desta, causou uma forte polêmica na cidade. Não demorou para que os ataques à escola se tornassem públicos em artigos de jornais, que acusavam influências "estrangeiras e não-germânicas", além de associá-la frequentemente às ideias comunistas e a um símbolo de

um retorno ao trabalho do artesão como uma forma de repensar os fundamentos do trabalho de arquitetos, pintores e escultores a fim de buscar um tipo integrado de expressão artística. Os seus escritos eram muito menos complexos e elaborados do que os de Bruno Taut, mas exerceram uma influência maior e mais direta na consolidação do Neues Bauen, principalmente porque ele sempre preferiu trabalhar em cooperação com outros arquitetos, professores e alunos, sempre liderando discussões em torno da nova arquitetura. A partir de 1922, os escritos de Taut e Gropius começaram a perder os simbolismos e o tom poético e visionário e passaram a discutir mais profundamente as relações entre a máquina e a nova arquitetura, mantendo a busca por um novo princípio de estrutura e ordem na sociedade alemã e pela reintegração de todas as esferas da vida em uma nova unidade, criando 22

decadência. Porém, essa primeira controvérsia acabou


A segunda onda de ataques à escola surgiu após a sua primeira exposição, uma maquete de um conjunto de habitações, em 1922, e foi intensificada após a segunda grande exposição, uma casa-modelo construída, em 1923. Apesar da simpática recepção pela Alemanha de um modo geral, em Weimar elas foram duramente criticadas pela imprensa em suas concepções filosóficas e estéticas. O modo de ensino na Bauhaus, como almejava Gropius, de fato encorajava os alunos a desprender-se de todas as tradições e focava-se em classes voltadas para o trabalho manual, como marcenaria, tecelaria, fotografia etc. A utilização de volumes cúbicos desprovidos de qualquer forma de ornamento foi colocada pela crítica conservadora como uma forma de arte primitiva de raças inferiores, enquanto outros acusavam o novo estilo de mecanizar a habitação e submter o homem à máquina, o que levaria a uma destruição da cultura. Enquanto na imprensa nacional, o debate sobre a nova arquitetura ganhava um

destaque cada vez maior, em Weimar, partidos conservadores ganhavam cada vez mais poder e, após um corte 60% em suas verbas e uma ordem de subordinação à antiga Academia de arte, Gropius transfere a Bauhaus para Dessau em 1925, mantendo o apoio que tinha da Alemanha em geral e tendo a oportunidade de exercitar, em sua nova sede, experimentos de vários tipos, do próprio conjunto de prédios da escola, considerado o exemplo mais desenvolvido de arranjo espacial de volumes e planos dos anos 20 , até conjuntos habitacionais. O papel da Bauhaus na consolidação do novo estilo deve-se essencialmente a dois fatores: por um lado, com suas controvérsias, ela trouxe para o debate nacional o tema das interrelações entre arquitetura, sociedade e cultura; por outro, as suas experimentações, ícones de uma nova era, ajudam a definir a estética da nova arquitetura.

Fig. 19. Estudos de volumes cúbicos de Walter Gropius. 1922/1923.

Fig. 20. Exposição polêmica montada por Gropius e estudantes. Weimar, 1922.

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Fig. 21, à esq., acima. Cartaz de Joost Schmidt para a exposição de 1923 em Weimar. Fig. 22, à dir., acima. Haus am Horn, casa experimental para a exposição. Projeto de Georg Muche, pintor e desginer, em cooperação com estudantes. Planejamento eexecução de Adolf Meyer. 1923. Fig. 23, à esq., abaixo. Planta da casa. Fig. 24, à dir., abaixo. Sala de estar com formas simples e superfícies lisas. Mobiliário de Marcel Breuer. 1923.

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Fig. 25, à esq., acima. Vista aérea do complexo da Bauhaus. Dessau, 1925/1926. Fig. 26., à esq., abaixo. Vista para a ala de escritórios e escola técnica, com estúdios ao fundo (prédio mais alto). Dessau, Fevereiro/2014. Fig. 27., à dir., abaixo. Vista para a ala da escola técnica em primeiro plano e de oficinas ao fundo. Dessau, Fevereiro/2014.

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Fig. 28, à esq., acima. Fundo da casa Moholy-Nagy (uma das casas para professores - Meisterhäuser) . Fig. 29, à dir., acima. Entrada da casa Moholy-Nagy. Fig. 30, à esq., abaixo. Vista para o bloco de escritórios. Fig. 31, à dir., abaixo. Vista para o bloco de estúdios. Dessau, Fevereiro/2014.

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Embora o Neues Bauen tivesse abrangido todos os tipos de construção - escolas, fábricas, igrejas, teatros,

como Siedlungen, tornou-se um símbolo reconhecido pelo público não só do Neues Bauen como também

lojas, escritórios etc. -, foi na habitação que ele me-

do novo Estado, sendo financiada por uma variedade

lhor e mais frequentemente se expressou. Comparada com as construções anteriores à guerra, a transformação da habitação se deu em três aspectos: na sua forma, no modo construtivo e nos proprietários. Vale lembrar que, na prática, a nova arquitetura aplicava-se somen-te a uma minoria das construções. No entanto, o contraste com os modelos contemporâneos de

de agências municipais, estaduais e federais. Porém, a reponsabilidade do Estado pelo setor de habitação tem uma origem anterior a 1924 e mais profunda do que associações propagandísticas entre uma nova arquitetura e uma nova era. O crescimento demográfico nas grandes cidades, que já era alto em função da migração da população rural e do crescimento da indústria bélica, e a estagnação da habitação durante e depois da guerra, agravada por um rígido sistema de controle dos aluguéis entre 1917 e 1922, tornaram o déficit habitacional ainda mais grave. O governo foi forçado pelo contexto a assumir a responsabilidade

formas mais tradicionalistas foi muito maior no setor da habitação, em que pedrominavam exemplares extremamente ornamentados, do que em qualquer outro. A República de Weimar havia se tornado o centro do desenvolvimento do novo estilo que iria revolucionar a arquitetura na Europa e no mundo, apesar das importantes contribuições de arquitetos radicais em outros países, como Le Corbusier na França e J. J. P. Oud na Holanda. O patrocínio do Estado à nova arquitura, combinado com o crescimento descontrolado das grandes cidades e do déficit habitacional, levou a investimentos massivos em programas públicos de habitação a partir da estabilização da economia em torno de 1924. Como haviam previsto Taut e Gropius em seus escritos dos seis anos anteriores, houve de fato uma dependência de uma nova organi-zação sócio-política para a consolidação de um novo estilo. A construção de conjuntos habitacionais, conhecidos

a habitação social

pelo setor de moradia. Antes mesmo da fundação da República de Weimar, em novembro de 1918, a Assembléia legislativa da Prússia , em março do mesmo ano, aprovou uma lei baseada no "direito de cada cidadão a uma moradia adequada de acordo com suas condições" , que deu origem a um sistema de empréstimos do Estado a sociedades cooperativas de construção (Gemeinnützige Baugesellschaften) e ao estabelecimento de agências municipais e regionais de supervisão do planejamento e do financiamento da construção de habitação social (Wohnungsfürsorgegesellschaften). Logo após a fundação da República, tais políticas foram incorporadas na nova Constituição, acrescidas de um série de regulamentações que 27


Fig. 32, à esq. Eierteichsiedlung, da sociedade deconstrução DeGeWo,de estilo mais conservador. Fritz-Reuter-Allee, Berlim, década de 20. Fig. 33, à dir. Paul Mebes e Paul Emmerich. Siedlung Heidehof. Zehlendorf, Berlim, 1924.

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definiam padrões mínimos para a habitação social.

parte de Alemanha e as administrações públicas ou incorporaram essas sociedades ou passaram a traba-

Em 1924, não só a construção foi retomada, como também foi instaurado um controverso sistema de arrecadação de 15% dos aluguéis das moradias já existentes para o financiamento da construção de novas habitações, através do repasse da maior parte dessa verba para as sociedades de construção. Essas sociedades já existiam desde a última década do século XIX sob a forma de cooperativas (sem fins lucrativos), com o mesmo objetivo de aliviar o déficit habitacional, mas, até então, elas agiam de maneira inde-

lhar em parceria com elas. Frequentemente, as autoridades públicas chamavam arquitetos, sobretudo os de tendência radical, para ocupar cargos de responsabilidade por esses programas. Nos anos de pico da construção durante a República de Weimar, 70% das unidades habitacionais foram financiadas por fundos públicos.

pendente do Estado. Elas surgiram como organizações filantrópicas no início, mas um pouco antes da guerra, passaram a ser formadas por grupos de diversos setores da sociedade. Dessa maneira, um programa federal de habitação ganhou apoio na maior

Otto Haesler (Celle, 1923), considerada um marco no desenvolvimento da nova arquitetura, com seus volumes cúbicos bem-definidos e uso de cores em planos lisos, sem ornamentos. Celle foi a primeira cidade alemã a empregar um arquiteto radical como responsá-

O primeiro exemplo de conjunto habitacional do Neues Bauen é a Siedlung Italienischer Garten de


vel pela habitação social. Haesler continuou a coordenar uma série de habitações, além de projetar edifícios públicos. O seu segundo conjunto habitacional, Georgsgarten, revolucionou na sua implantação: diferente dos conjuntos antigos, em que os edifícios fechavam-se em torno de um pátio, esse introduziu o conceito de Zeilenbau (prédios organizados em fileiras paralelas), afim de que todos os cômodos pudessem obter o máximo de ar e luz.

Fig. 34, à esq., acima. Construção da Siedlung Blumläger Feld. Celle, 1930. Fig. 35, esq., abaixo. Blumläger Feld. Celle, 1931. Fig. 36, na coluna do meio, acima. Siedlung Italienischer Garten, de 1924, considerada o primeiro conjunto habitacional do Neues Bauen. Celle, 2005. Fig. 37, na coluna do meio, abaixo. Siedlung Georgsgarten, de 1925. Celle. Fig. 38, à dir., acima. Siedlung Italienischer Garten, estudo de cores. Fig. 39, à dir., abaixo. Otto Haesler. Escola popular (Altsädter Volksschule ou Glasschule), símbolo do Neues Bauen. Celle, 1927.

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Fig. 40. Comparação entre uma moradia tradicional (acima) e uma moderna (abaixo): da esq. para a dir., mobiliário, circulação e áreas livres.

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A primeira cidade em que o programa de habitação se deu em larga escala foi Frankfurt, que também foi

e no urbanismo como uma expressão adequada de uma "nova e definitiva metrópole cultural". Além dos

a única cidade alemã em que todo tipo de construção

periódicos, o programa também foi divulgado em um

financiada pelo governo foi projetada por arquitetos radicais, o que não encontrou resistência de nenhum grupo expressivo. Trata-se de um caso especial, pois Frankfurt, já antes da guerra, possuía uma tradição de planejamento urbano, leis de expropriação que permitiam a aquisição de terrenos para parques e habitações, além das sociedades de construção mais progressistas. Em 1925, Ernst May, arquiteto adepto do Neues Baues, foi escolhido pelo prefeito para coordenar o recém-criado departamento de construção (Dezernent für Bauwesen) e uma grande equipe de arquitetos. Além de ter uma grande liberdade na criação de planos urbanos, o escritório de May era responsável pelos pedidos de empréstimos federais e municipais paraa construção. Até sua ida para Frankfurt, no entanto, Ernst May havia trabalhado com Raymond Unwin na Inglaterra e, entre 1919 e 1925, foi arquiteto e administrador de uma agência pública repsonsável por conjuntos habitacionais em importantes zonas industriais da Silésia. Curiosamente, até sua ida para Frankfurt, onde teve contato com o trabalho de Haesler, Taut e Gropius, May não havia trabalhado com as formas do Neues Bauen. O seu escritório criou, então, o programa Das Neue Frankfurt e, entre 1926 e 1930, pulicou uma revista de mesmo nome,

conjunto de quatro filmes mudos sobre a habitação mínima, a cozinha de Frankfurt, o Neues Bauen na cidade e a "fábrica de casas" do programa (uma indústria munipal de pré-fabricados).

que buscava demonstrar o novo estilo na arquitetura

rados periféricos e, além disso, foram previstos

o caso de frankfurt

Desde os primeiros conjuntos habitacionais, apesar de serem pequenos, já se percebia uma completa ruptura com as formas tradicionais: o uso de cobertura plana, empenas lisas, cores chapadas, janelas dispostas de uma maneira irreverente, edifícios distribuídos ao longo do comprimento da rua etc. Também, desde o início, May deixou clara a sua vontade de criar comunidades com um certo caráter suburbano, reforçado pelo seu plano para a expansão da cidade, em que havia uma sucessão de anéis, separados um dos outros por parques e áreas cultiváveis, projeto que não foi realizado na escala pretendida. Esse desejo certamente deriva de seu contato com o movimento cidadejardim na Inglaterra. Outros fatores reforçam esse aspecto suburbano da maioria das Siedlungen em Frankfurt: predominam os edifícios baixos acompanhados por grandes jardins, destinados ao cultivo de alimentos (o que é bastante compreensível, dada a situação precária do pós-guerra), os terrenos localizam nos limites da cidade, sendo ainda hoje conside31


Fig. 41. Acima, esquema de desenvolvimento urbano concêntrico realizado até a década de 20 e, abaixo, concepção de Ernst May de expansão descentralizada através de cidades-satélites (Trabantenstädte). Fig. 42, ao lado. Mapa de Frankfurt com as Siedlungen do programa Das Neue Frankfurt (1926 - 1930) e mancha urbana em 1930.

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diversos equipamentos dentro ou nos arredores dos conjuntos (escolas, comércio, consultórios, lavande-

uma intenção de que esses conjuntos fossem organismos independentes da cidade e nem de que se colo-

rias coletivas etc.). No entanto, diferente das ideias do movimento cidade-jardim, não havia, no caso de May,

cassem como uma forma de repúdio à cidade grande, industrial.


Fig. 43, à esq., acima. Siedlung Römerstadt, vista a partir do vale do Nidda. Fig. 44, à esq., abaixo. Diversas capas da revista Das Neue Frankfurt (temas variados: conjuntos habitacionais, escolas, planejamento urbano, móveis etc.). A fonte tipográfica, Kramer, foi desenvolvida pelo arquiteto de mesmo nome, integrante da equipe de May, e foi utilizada não só nas revistas, mas nos cartazes e nos números das casas. Deu origem à famosa Futura, um dos símbolos do design modernista. Fig. 45, à dir., acima. Ernst May. Representação esquemática do desenvolvimento do desenho dos conjuntos habitacionaus modernos. Fig. 46, à dir., abaixo. Siedlung Bruchfeldstraße. 1926.

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Fig. 47, à esq., acima. Lavanderia coletiva na Siedlung Westhausen. Fig. 48, à esq., abaixo. Lavanderia coletiva na Siedlung Westhausen. Fig. 49, à dir., acima. Uso misto: habitação e comércio no conjunto habitacional Hellerhof. Fig. 50, à dir., abaixo. Escola Ebelfeldschule, construída pelo programa Das Neue Frankfurt, vizinha ao conjunto Praunheim. Foi a primeira escola com planta livre e organizada em pavilhões, sendo que todas as salas possuíam um acesso direto ao jardim ou a um terraço. 1930.

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O sucesso do programa Das Neue Frankfurt e da diminuição do déficit habitacional deve-se a uma série de fatores. Em 1925, foi feito um plano de 10 anos,

mais pobres, estava regulamentado que eles não deveriam ultrapassar 25% da renda familiar. Então, a fim de baratear os custos da construção e tornar o valor

que previa a construção de 1.200 unidades habitacionais por ano, tendo essa meta aumentado para 4.000 em 1928. Em cinco anos (1926 - 1930) foram construídas 12.000 unidades, o dobro da meta inicial, sendo que, nesse período, 10% da população total da cidade morava em algum dos conjuntos produzidos pelo programa. Uma das principais formas de obtenção de verbas deve-se a uma lei de 1924, que previa que 44% dos impostos relativos à habitação arrecadados fossem repassados para o programa. Para que os alu-

do aluguel o mais baixo possível, foi necessário incentivar o uso de pré-fabricados. O próprio escritório de May possuía uma subdivisão, responsável pela produção de elementos pré-fabricados em uma indústria municipal, criada especialmente para o programa, conseguindo produzir pré-fabricados por um valor mais baixo do que o de mercado. Não menos importante foi a ideia de unidades mínimas de habitação, que, em 1929, foi tema do 2º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (Die Wohnung für das Exis-

guéis pudessem ser pagos também pelas camadas

tenzminimum - A moradia para a existência mínima),

Fig. 51, à esq., acima. Montagem de painéis pré-fabricados de concreto em estrutura metálica em um conjunto de Frankfurt. Fig. 52, à dir., acima. Primeiras casas com painéis pré-fabricados de concreto no conjunto Praunheim. 1926.

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dormitório cozinha cozinha e sala

banh.

sala

dormitório

(dormitório)

dormitório dormitório

dormitório

Fig. 53, à esq. Planta de 1914. Apartamento de 53 m² e dois dormitórios. Nessa época, nas habitações mais pobres, era comum sala e cozinha seram integradas, geralmente em uma área pequena e pouco funcional. Além disso, era comum haver somente um lavabo (com chuveiro/banheira coletivo/a), normalmente próximo à cozinha. Fig. 54, na coluna do meio. Planta de 1926. Apartamento de 2 dormitórios e 65 m². Conjunto habitacional Bruchfeldstraße. Fig. 55, à dir. Exemplo de habitação mínima: apartamento de 41,5 m² e possibilidade de 2 dormitórios. Edifício Laubengang, Siedlung Praunheim.

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sala

cozinha

sediado em Frankfurt. A compactação das unidades habitacionais talvez tenha sido o único ponto que gerou alguma controvérsia na mídia, principalmente na proposta de móveis embutidos, mas não muito expressiva. A minimização dos espaços deu-se sobretudo nas áreas íntimas, dando um certo privilégio à sala de estar, onde deveriam acontecer as atividades da família, em relação aos outros espaços. May e sua equipe não só se responsabilizaram pela produção de elementos construtivos pré-fabricados, como também pelo design de diversos móveis e aparelhos, pensados para "encaixar" nesses espaços racionalizados, de mo-

blemático exemplo, desenhado no escritório de May pela arquiteta austríaca Margarete Schütte-Lihotzky, é a cozinha de Frankfurt, então colocada como um espaço de trabalho, o qual deveria ser otimizado através de um desenho racional: houve um estudo dos movimentos da dona-de-casa, desde o preparo dos alimentos até a organização e a limpeza, criando-se uma lógica espacial, dinamizada pelos armários embutidos, que economizasse tempo e força. Se, diante das demandas urgentes, não houve muito espaço para experimentalismos no desenho urbano dos conjuntos ou no tratamento das fachadas, no interior das unidades,

do que a diminuição espacial não oferecesse obstáculos às atividades e funções dentro do lar. O mais em-

as inovações transformam completamente as plantas tradicionais.


Fig. 56, acima, à esq. Cama embutida aberta. Siedlung Praunheim. Fig. 57, acima, na coluna do meio. Cama embutida fechada. Praunheim. Fig. 58, acima, à dir. Camas embutidas, armazenáveis embaixo de um guarda-roupa embutido e um banco/sofá. Fig. 59, abaixo, à esq. Exposição de cadeiras do programa Das Neue Frankfurt com quadros de Mondrian na parede.

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Fig. 60, acima, à esq. Mobiliário de Ferdinand Kramer, um dos mais importantes arquitetos e designers do modernismo alemão e integrante da equipe de May durante o Das Neue Frankfurt. Fig. 61, acima, na coluna do meio. Móveis de Kramer. Projeto de 1927. Fig. 62, acima, à dir. Luminárias de Christian Dell. Projeto de 1928. Fig. 63, abaixo, à dir. Dois dos catálogos de mobiliário publicados no periódico Das Neue Frankfurt.

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Fig. 64, acima, à esq. Mobiliário de Kramer. Sala da Casa Ernst-May (May Haus, hoje um museu). Fig. 65, acima, à dir. Mobiliário deKramer. Dormitório da Casa Ernst-May; Fig. 66, abaixo, à esq. Mobiliário de Kramer. Sala da Casa Ernst-May. Conjunto habitacional Römerstadt. Frankfurt, Março/2014.

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cozinha

cozinha

sala

cozinha e sala

antiga sala com cozinha Fig. 67. Cozinha de Frankfurt: conexão com a sala.

sala com cozinha em um nicho

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cozinha de frankfurt e sala independentes

Fig. 68. Evolução da cozinha: sala e cozinha, completamente integradas antes nas habitações mais simples, tornam-se áreas independentes.

vista parede do fogão

Fig. 69. Comparação entre uma casa tradicional e uma casa com cozinha de Frankfurt: redução do deslocamentos gerados entre cozinhar e servir os alimentos.

sala

Fig. 70. Vistas e planta da cozinha de Frankfurt.

vista parede dos armários embutidos e pia


Fig. 71, acima, à esq. Cozinha de Frankfurt. Fig. 72, acima, à dir. Cozinha de Frankfurt. Casa Ernst May. Römerstadt, Frankfurt, Março/2014. Fig. 73. abaixo, à esq. Variações da cozinha de Frankfurt. Casa Schminke (Hans Scharoun, 1932). Löbau, Março/2013. Fig. 74, abaixo, à dir. Detalhe das gavetas de alumínio para armazamento de alimentos não-perecíveis. Casa Schminke (Hans Scharoun, 1932). Löbau, Março/2013.

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Fig. 75, acima, à esq. Detalhe das gavetas de alumínio para estocagem de alimentos não perecíveis. Casa Ernst May. Römerstadt, Frankfurt, Março/2014. Fig. 76, acima, à dir. Armário embutido sobre pia. Casa Ernst May. Römerstadt, Frankfurt, Março/2014. Fig. 77, abaixo, à esq. Tábua de passar roupa embutida na parede. Deve-se lembrar que a maioria dos ferros de passar naquela época eram a gás ou a carvão. Casa Ernst May. Römerstadt, Frankfurt, Março/2014. Fig. 78, abaixo, à dir. Pia e armário com tábuas embutidas sobre as gavetas. Casa Ernst May. Römerstadt, Frankfurt, Março/2014.

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Diferentemente de Frankfurt, em Berlim, a construção da maioria dos conjuntos não se deu por agências

O déficit de moradia na cidade era de 130.000 unidades no ano de 1920, lembrando que se considerava

públicas, mas sim por cooperativas de construção,

déficit quando mais de cinco pessoas moravam em

que permaneceram independentes da municipalidade (GSW, GEWOBAG, GEHAG, DEGEWO, GAGFAH, entre outras). Durante os anos 20, apesar de Berlim ser o principal centro de novas tendências da arquitetura, além de ser o centro cultural mais ativo da Europa, a administração pública da construção permaneceu relativamente conservadora. No entanto, no início da década, a cidade possuía a maior quantidade de obras características do Neues Bauen, patrocinadas tanto pelo setor privado quanto por ricos entusiastas da nova arquitetura. Na habitação social, como não havia muitos incentivos do governo em relação ao

um apartamento de um cômodo ou mais de dez pessoas em um apartamento de dois cômodos. Embora a necessidade de economia e eficiência na construção e no projeto fossem ainda maior em Berlim, considerando o seu maior déficit habitacional , as unidades eram um pouco maiores do que em Frankfurt. Quanto ao desenho urbano dos conjuntos, houve um es-

novo estilo, algumas antigas sociedades de construção fundiram-se e, em 1924, fundaram a GEHAG (Gemeinnützige Heimstätten-, Spar- und Bau-Aktiengesellschaft), que se tornou responsável por 70% dos conjuntos habitacionais do Neues Bauen em Berlim. Fundada por Martin Wagner, a GEHAG nomeou Bruno Taut, que havia acabado de deixar o cargo de diretor da construção muncipal em Magdeburgo, como diretor dos projetos.

prédios davam uma certa impressão de massividade e repetitividade inevitáveis.

A densidade populacional em Berlim na década de 20 era maior do que em qualquer outra capital: 75 pessoas/1000 m² ; Nova Iorque e Londres, por exemplo, possuíam uma densidade de 20 pessoas/1000 m². O

o caso de berlim

forço, principalmente da parte de Taut, para uma variedade, que só conseguiu ser atingida até um certo ponto, uma vez que os conjuntos berlinenses, como, por exemplo, o Hufeisensiedlung ou o Onkel-TomsHütte eram muito grandes e as extensas fileiras de

Não só a GEHAG projetou importantes conjuntos do Neues Bauen, mas também sociedades que seguiram o seu modelo, sobretudo a partir de 1927. Um exemplo interessante é o de uma cooperativa do complexo industrial da Siemens, que produziu um dos conjuntos mais famosos dessa época para fornecer moradia aos seus trabalhadores. O Siemensstadt tornou-se mundialmente famoso por ter sido desenhado por diversos nomes conhecidos e influentes da arquitetura na época. O conjunto também era chamado de Ringsiedlung, pois, em sua maioria, esses arqui43


tetos eram integrantes do Der Ring (A aliança), um grupo fundado em 1926 por May, Taut, Gropius, Wagner e mais cerca de vinte arquitetos ligados ao Neues Bauen. Os seus integrantes publicavam jornais especializados, montavam diversas exposições, votavam juntos na Associação de Arquitetos Alemães (BDA) e, além disso, passaram a integrar o CIAM em 1928, aumentando a influência do novo estilo tanto na Alemanha quanto no exterior.

Fig. 79, acima, à dir. Complexo da Siemens. Berlim, 1935. Fig. 80, no meio, à esq. Foto aérea Hufeisensiedlung. Berlim, 1931. Fig. 81, no meio, à dir. Complexo da Siemens. Berlim, 1910. Fig. 82, abaixo. Edifício Multifamiliar de Bruno Taut para o conjunto Onkel Toms-Hütte.

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nº de habitantes 4.500.000

4.000.000

3.500.000

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

1600 Fig. 83. Cartaz da sociedade de construção GAGFAH para a inauguração da Siedlung Fischtalgrund. Exposição construir e morar (Ausstellung Bauen und Wohnen).

1650

1700

1750

Fig. 84. Gráfico com crescimento demográfico em Berlim desde 1600.

1800

1850

1900

1950

2000

ano

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Fig. 85. Densidade média das casas em diferentes grandes cidades. Década de 20. Em casa casa vivem em média: Haia - 6 pessoas Londres - 8 pessoas Nova Iorque - 20 pessoas V iena - 50 pessoas Berlim - 76 pessoas

46

Em 1927, Martin Wagner tornou-se diretor do departamento de construção e planejamento de Berlim,

pelas sociedades cooperativas.

tentando iniciar um plano similar ao de Ernst May em Frankfurt, que previa a expansão dos subúrbios da cidade e, inclusive, até publicou-se um periódico com o nome "Das neue Berlim". Mas o programa em si não teve tanta influência na construção nem sucesso, dados o tamanho da cidade (4,3 milhões de habitantes, contra 540 mil em Frankfurt, em 1930) e a complexidade da sua administração pública. Desse modo, a habitação social continuou sendo produzida

Embora a construção de Siedlungen em Berlim não tenha acontecido de maneira unificada como em Frankfurt, entre 1924 e 1931 foram construídas na capital 146.000 unidades habitacionais (uma média aproximada de 20.000 unidades ao ano), sendo que cerca de metade destas estavam distribuídas em 17 grandes conjuntos habitacionais, com uma média de 4.000 unidades cada. O déficit habitacional, que era de 130.000 moradias em 1920, passou a ser de


200.000 em 1929, mesmo com o intenso ritmo de construção. Wagner propôs, então, a construção de 70.000 unidades ao ano para eliminar o déficit habitacional, o que significava, pelo menos, triplicar o ritmo que se tinha até então. Um ponto importante a se considerar é que a construção em Berlim, apesar das diversas sociedades, era bastante burocrática: um projeto precisava passar por trinta instâncias até ser aprovado. O próprio programa Das neue Berlin possuía quatro instâncias somente para fiscalização (Baupolizei - polícia da construção) e duas comissões de estética (Komission für Ästhetik). Por um lado, é provável que essa burocracia não tenha permitido à construção operar com a máxima eficiência possível. Por outro, as instâncias de fiscalização e estética também possibilitaram um melhor desenvolvimento prático do novo estilo, o que, ao se comparar com Frankfurt, pode ser claramente percebido nas fachadas. O fato do programa de May ter tido mais sucesso do que o de Wagner, no sentido de unificar a construção de habitação social, não significa que a a construção em si tenha tido uma qualidade inferior em Berlim. Em Frankfurt, por exemplo, as Siedlungen foram deliberadamente construídas nos limites da cidade. Já em Berlim, embora a maioria tenha sido construída

projetos realizados em regiões não tão afastadas. E, mesmo assim, a busca pela criação de uma comunidade e uma vida coletiva se fez tão presente quanto. Diversos equipamentos coletivos foram igualmente previstos. O mesmo acontece com o método construtivo: embora não houvesse em Berlim uma indústria municipal voltada para a produção de pré-fabricados, eles foram utilizados da mesma maneira pelas

em bairros distantes do centro, há mais exemplos de

sociedades de construção.

Fig. 86. Uso de pré-fabricados no conjunto Splanemann. Friederichsfelde, Berlim, 1926.

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Fig. 87, acima, à esq. Reconstrução das cores originais das fachadas dos edifícios de Bruno Ahrends e Wilhelm Bünning. Fig. 88, abaixo, à esq. Bruno Taut. Combinações de cores entre portas e paredes. Siedlung Onkel-Toms-Hütte. Berlim, 1930. Fig. 89, à dir. Bruno Taut. Esquema de cores na Siedlung OnkelToms-Hütte. Berlim, 1930/1931.

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Fig. 90, acima, à esq. Um apartamento no conjunto Hufeisensiedlung, com mobiliário e cores originais. Fig. 91, acima, à dir. Sala de estar e escritório em apartamento de Hans Scharoun no conjunto Siemensstadt. Fig. 92, abaixo, à esq. Sala de um apartamento de 61 m² no conjunto Onkel-Toms-Hütte. Berlim, 1927. Fig. 93, abaixo, à dir. Cozinha de um apartamento de 61 m² no conjunto Onkel-Toms-Hütte. Berlim, 1927.

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passar

secagem lavagem

molho sala de controle

sala de espera crianças

Na página ao lado: Fig. 94, acima, à esq. Bruno Ahrends. Creche no conjunto Weiße Stadt, logo após a sua inauguração. Berlim, 1931. Fig. 95, acima, à dir. Wilhelm Büning. Lavanderia coletiva e central de aquecimento. Fig. 96, abaixo, à esq. Bruno Taut. Restaurante-café no conjunto Onkel-Toms-Hütte. Fig. 97, abaixo, àdir. Bruno Taut. Interior do Restaurante-café no conjunto Onkel-Toms-Hütte. Nesta página: Fig. 98, acima, à esq. Planta da lavanderia coletiva do conjunto Siemensstadt. Fig. 99, acima, à dir. Lavanderia coletiva do conjunto Siemensstadt. Entrega das roupas sujas. Cabine individual com máquinas de lavar, secadora e tanque. Fig. 100, no meio, à dir. Lavanderia coletiva do conjunto Siemensstadt. Fig. 101, abaixo, à esq. Lavanderia coletiva do conjunto Siemensstadt. Sala de controle e pesagem das roupas. Fig. 102, abaixo, à dir. Lavanderia coletiva do conjunto Siemensstadt. Sala de espera para crianças.

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experimentos e modelos

Berlim e Frankfurt permaneceram casos isolados de grandes programas de habitação social nos moldes do novo estilo até 1927, sendo seguidos por cidades como Magdeburgo, Colônia, Duisburg, Altona, Hamburgo, Düsseldorf, Breslávia, entre outras. Além da crescente demanda por habitação, um dos motivos que impulsionaram a adoção das ideias mais radicais foi a aproximação do Neues Bauen com a Neue Sachlichkeit (Nova objetividade/praticidade), um movimento originado nos primeiros anos da década de 20 como reação ao expressionismo, que se estendia a diversas esferas da arte (pintura, escultura, música, cinema etc.) e que, como o próprio nome sugere, co-

Fig.103. Vista aérea da Siedlung Törten. Walter Gropius. Dessau, 1929. Na página ao lado: Fig. 104. Implantação do conjunto Törten e tipos de unidades.

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locava-se em direção a uma forma de expressão simples e precisa. Um outro motivo, ainda mais relevante no caso da habitação social no Neues Bauen, foi a grande publicidade dada a alguns poucos e pequenos, mas influentes, projetos experimentais. Um primeiro exemplo são os conjuntos de prédios em Dessau idealizados por Gropius, especialmente a Siedlung Törten. O arquiteto, assim como May, tinha um grande apoio da municipalidade. O complexo foi construído entre 1926 e 1927 e foi um exemplo mais prático da nova arquitetura do que as exposições da Bauhaus de 1922 e 1923.


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Fig. 105, acima, à esq. Início das obras em 1926. Em primeiro plano, vigas para a montagem das lajes. Fig. 106, acima, à dir. Casas do tipo Sietö II-1928. 1929. Fig. 107, no meio, à esq. Prédio com mercado coletivo à esquerda e torre de alta tensão no centro do conjunto. 1928. Fig. 108, no meio, à dir. Quintais das casas, ainda em construção. Fig. 109, abaixo, à esq. Mercado cooperativo (Konsumverein). 1928. Fig. 110, abaixo, à dir. Casas do tipo Sietö II-2927. 1929.

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Fig. 111, acima, à esq. Uma das únicas casas que mantiveram a fachada original. Fig. 112, acima, na coluna do meio. Alteração das fachadas. Fig. 113, acima, à dir. O antigo mercado coletivo, com a fachada bem preservada, funciona hoje como um centro de informações sobre o conjunto de edifícios Gropius em Dessau. Fig. 114, abaixo, à esq. Além dos caixilhos, as paredes foram pintadas. Fig. 115, abaixo, à dir. Caixilhos, Revestimentos e portas alterados. Dessau, Siedlung Törten. Fevereiro/2014.

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O Deutscher Werkbund também foi muito importante para a propagação do novo estilo na habitação. Nos anos 20, o grupo publicou a revista de Die Form (A forma), que buscava abranger todas as formas do design como forma de reorganizar as formas de trabalho e vida. O tema rendeu uma exposição em Stuttgart em 1924, consagrando o seu lema "forma sem ornamentos", sustentado até 1933. O grupo realizou outras exposições de caráter vanguardista tanto na Alemanha quanto em outros países europeus, promovendo essas ideias, não só no design, mas em outras áreas (como cinema e foto por exemplo). Mas foi na construção de conjuntos habitacionais experimentais que o Werkbund destacou-se como uma influência na adoção do novo estilo na habitação social. O seu primeiro experimento e também mais famoso, de 1927, foi o conjunto Weißenhof, em Stuttgart, ao qual se seguiram outros exemplos dentro fora da Alemanha. Em 1928, uma subdivisão do grupo na então Tchecoslováquia, financiada por uma empresa local, construiu o conjunto Nový Dům (Nova casa), em Brno, com dezesseis casas, formando um conjunto de volumes cúbicos, geometricamente organizados ao redor de uma praça, comouma espécie de pátio. Em 1932, em Praga, financiado por proprietários particulares, o Werkbund tchecoslovaco construiu o conjunto "Baba" (Výstavní kolonie na Babě - colônia/ 56

conjunto de exposição Baba), com 33 casas, integradas no terreno de acordo com a topografia. No mesmo ano, a seção austríaca do Werkbund construiu em Viena um conjunto, sob o tema de habitações pequenas, financiado por uma cooperativa local (GESIBA). Foram projetadas 70 unidades habitacionais, divididas entre casas geminadas e habitações unifamiliares. Uma realização interessante do Deutscher Werkbund foi em 1929 na cidade Breslávia (atual Wrocław, Polônia), conhecida como "WuWa" (Wohnung und Werkraum - Moradia e espaço de trabalho), em que somente arquitetos locais participaram, fazendo com que o conjunto não ganhasse tanta popularidade. Este conjunto possui uma grande variedade de edifícios (unifamiliares, casas geminadas em um único e longo bloco, edifícios multifamiliares, uma creche etc.) e exemplificou muito bem o estilo do Neues Bauen. Dois edifícios destacaram-se: a "casa coletiva" (Kollektivhaus), um prédio de 5 pavimentos de Adolf Rading, divididos entre áreas de convivência, unidades habitacionais e estúdios para artistas; o edifício para solteiros (Ledigenheim), de Hans Scharoun, em que as unidades habitacionais eram mínimas e as áreas coletivas, incluindo convivência, refeitório e lavanderia, foram valorizadas. Infelizmente, hoje esse conjunto pouco conhecido encontra-se completamente modificado, com exceção de alguns poucos casos.


Fig. 116, acima. Maquete do conjunto Baba. Praga, República Tcheca. Fig. 117, abaixo. Maquete do conjunto Nový dům (Nova Casa). Brno, República Tcheca.

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Fig. 118, acima, à esq. Planta da casa Palička, de Mart Stam, no conjunto Baba, Praga. Fig. 119, acima, na coluna do meio. Casa Palička, fachada frontal. Praga. Abril/2013. Fig. 120, acima, à dir. Casa Palička, fundos. Praga. Abril/2013. Fig. 121, abaixo, à esq. Edifício multifamiliar de Bohuslav Fuchs. Nový Dům, Brno, República Tcheca. Fig.122, abaixo, à dir. Edifício multifamiliar de Joruslav Grunt. Nový Dům, Brno, República Tcheca.

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Fig. 123, acima, à esq. Edifício multifamiliar de Gerrit Rietveld para a exposição do Werkbund. Viena. Abril/2013. Fig. 124, acima, à dir. Vista para o conjunto da exposição do Werkbund em Viena. Fig. 125, abaixo, à esq. Habitação unifamiliar de Josef Hoffmann para a exposição do Werkbund. Viena. Abril/2013. Fig. 126, abaixo, à dir. Edifício multifamiliar de André Lurçat. Viena. Abril/2013.

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Fig. 127, acima, à esq. Cartaz para a exposição do Werkbund Wohnung und Werkraum (Moradia e espaço de trabalho), na Breslávia, Polônia (antes, Breslau, Alemanha). Fig. 128, acima, à dir. Maquete do conjunto. Fig. 129, no meio, à esq. Maquete do edifício Ledigenwohnheim (moradia para solteiros), de Hans Scharoun. Fig. 130, no meio, à dir. Maquete da creche, de Paul Heim e Albert Kempter. Fig. 131, abaixo, à esq. Maquete do edifício multifamiliar com corredor (Laubenganghaus), de Paul Heim e Albert Kempter. Fig. 132, abaixo, à dir. Maquete do bloco com casas geminadas.

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Fig. 133, acima, à esq. Maquete de edifício multifamiliar de uso mist (Kollektivhaus - casa coletiva), de Adolf Rading. Fig. 134, acima, na coluna do meio. Laubenganghaus, de Paul Heim e Albert Kempter. Março/2013. Fig. 135, acima, à dir. Casa unifamiliar de Heinrich Lauterbach. Março/2013. Fig. 136, no meio, à esq. Kollektivhaus. Março/2013. Fig. 137, no meio, na coluna do meio. Bloco de casas geminadas. Março/2013. Fig. 138, no meio, à dir. Creche, Heim e Kempter. Março/2013. Fig. 139, abaixo, à esq. Kollektivhaus: espaço interno alterado (o átrio de um lado foifechado; hoje é uma moradia estudantil) Fig. 140, abaixo, à dir. Casas com terraço comum. Março/2013.

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Fig. 141, acima, à esq. Edifício Ledigenwohnheim de Hans Scharoun Fig. 142, acima, à dir. Corredor (hoje funciona um hotel no edifício). Breslávia. Março/2013. Fig. 143, ao lado. Planta do 2º pavimento.

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Fig. 144, acima, à esq. Edifício de Scharoun. Vista a partir da cobertura. Fig. 145, acima, à dir. Refeitório. Fig. 146, ao lado. Saguão. Breslávia. Março/2013.

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Fig. 147, acima, à esq. Ledigenwohnheim, de Scharoun. Pequena cozinha embutida (o edifício possuía uma grande cozinha coletiva). Fig. 148, acima, à dir. Corredor. Fig. 149, ao lado. Réplica do mobiliário original. Breslávia. Março/2013.

64


O conjunto de Weißenhof foi, sem dúvidas, o que mais influenciou a habitação do Neues Bauen no fim dos anos 20 e também o mais polêmico dos trabalhos do Werkbund dessa época. A exposição, aberta ao público, atraiu 20.000 visitantes por dia, de diversas partes da Alemanha e de outros países europeus. Sob a direção de Mies van der Rohe, que também foi responsável pelo seu desenho urbano, o conjunto possuía vinte e um edifícios (dos quais restam onze), sendo eles casas unifamiliares, geminadas, em fileiras e um edifício de apartamentos. A maioria dos edifícios ali apresentados foram desenhados por arquitetos de renome, alemães e estrangeiros, entre eles Le Corbusier, J. J. P. Oud, Walter Gropius, Bruno Taut e Hans Scharoun, o que lhe conferiu ainda mais destaque. A exposição, assim como os edifícios do Gropius em Dessau, foi financiada parcialmente por órgãos do Parlamento e do Ministério do Trabalho, criados especialmente para pesquisar métodos econômicos para a habitação social. Certamente, o Weißenhof não foi uma obra barata e nem possuía uma relação direta com a habitação em massa, mas o seu caráter experimental e a criação de diversas "novas formas de morar" de excepcional qualidade ajudaram o estilo a ser mais aceito entre arquitetos e leigos. A exposição não contou somente com a construção dos edifícios, mas também com uma exposição de um inovador e prático mobiliário e uma nova relação deste com o espaço construído, além de fotografias e desenhos de outros

projetos habitacionais radicais. Mais do que no conjunto, as maiores transformações e inovações estavam no desenho do interior das unidades. O cartaz da exposição inclusive mostrava uma sala com um desenho e um mobiliário antiquado com um enorme "X" vermelho sobre a foto e a pergunta: "Como morar?".

Fig. 150. Cartaz para a exposição do Deutscher Werkbund em Stuttgart, com a pergunta "Como viver?". Willi Baumeister. 1927.

65


Fig. 151. Implantação do conjunto com os arquitetos participantes. Edifícios destruídos na 2ª Guerra em vermelho.

66


Fig. 152, acima, à esq. Weißenhof recém-inaugurado. Fig. 153, acima, à dir. Visitas no dia da inauguração. 23/Julho/1927. Fig. 154, abaixo. Maquete do conjunto de 1927, reconstruída em 1968.

67


Fig. 155, acima, à esq. Isometria de casa unifamiliar (menor) e casa geminada (Doppelhaus) de Le Corbusier. Fig. 156, acima, na coluna do meio. Vista para a lateral da casa unifamiliar. Agosto/2012. Fig. 157, acima, à dir. Vista para a entrada da casa unifamiliar. Fig. 158, abaixo, à esq. Maquete da casa unifamiliar, sem a cobertura, mostrando o pé-direito duplo da sala. Fig. 159, abaixo, à dir. Vista para o fundo da casa unifamiliar. Agosto/2012.

68


Fig. 160, acima, à esq. Vista para entrada da casa geminada de Le Corbusier. Outubro/2012. Fig. 161, acima, na coluna do meio. Vista a partir da cobertura. Outubro/2012. Fig. 162, acima, à dir. De cima p/ baixo: plantas do térreo, 1º pavimento e cobertura, nas quais podem-se notar os "5 pontos da nova arquitetura" Fig. 163, abaixo, à esq. Vista para a lateral. Junho/2013. Fig. 164, abaixo, à dir. Vista a partir do átrio. Junho/2013.

69


Fig. 165, acima, à esq. Armários e camas embutidos. Fig. 166, acima, na coluna do meio. Porta deslizante. Fig. 167, na coluna do meio, à esq. Porta deslizante com porta de abrir acoplada. Fig. 168, abaixo, à esq. Porta deslizante com porta de abrir deslizando entre os dois elementos que compõem o piloti. (não deixar de notar a independência do caixilho e a sua ininterupção) Fig. 169, abaixo, à dir. Porta deslizante com porta de abrir já encaixada no pilote e aberta. Fig. 170, acima, à dir. Outra porta deslizante pelo meio do piloti. Casa geminada Le Corbusier. Weißenhofsiedlung. Stuttgart. Outubro/2012.

70


Fig. 171, acima, à esq. Cores originais, 1º pavimento. Fig. 172, acima, na coluna do meio. Cores originais, pavimento da cobertura. Fig. 173, acima, à dir. Corredor com janelas altas e armários embutidos. Fig. 174, abaixo, à esq. Cozinha. Fig. 175, abaixo, à dir. Quarto com armário embutido. Casa geminada Le Corbusier. Weißenhofsiedlung. Stuttgart. Outubro/2012.

71


Fig. 176, acima. Pavimento-tipo. Apartamentos com planta livre (toda a estrutura está no perímetro das unidades, com exceção de um ou dois pilares). Fig. 177, na fileira do meio, à esq. Isometria, mostrando os terraços. Fig. 178, na fileira e na coluna do meio. Construção: ousadia no uso de estrutura metálica. Fig. 179, na fileira do meio, à dir. Parede variável. Fig. 180, abaixo, à esq. Vista para a entrada. Junho/2013. Fig. 181, abaixo, à dir. Vista para o fundo. Outubro/2012. Weißenhofsiedlung, edifício multifamiliar de Mies van der Rohe.

72


Fig. 182, acima, à esq. Três casas geminadas, de Mart Stam. Fig. 183, acima, à dir. Fundo das casas geminadas de J. J. P. Oud. Fig. 184, na fileira do meio, à esq. Edifício multifamiliar com terraço de Peter Behrens. Fig. 185, na fileira do meio à dir. Frente das casas geminadas de J. J. P. Oud. Fig. 186, abaixo, à esq. Casa unifamiliar (hoje habitada por duas famílias) de Adolf Schneck. Fig. 187, abaixo, à dir. Casa unifamiliar de Hans Scharoun. Weißenhofsiedlung. Stuttgart. Outubro/2012.

73


Fig. 188. Fotomontagem retirada do "Schwäbisches Heimatbuch", de 1941.

Se por um lado, o complexo de edifícios de Gropius em Dessau e os conjuntos radicais construídos pelo

em que prédios são dispostos em fileiras paralelas, organizados na direção norte-sul, o que foi acusado

Deutscher Werkbund influenciaram a construção pública de habitação na Alemanha como um todo, por outro, também reanimaram o debate público e à oposição ao novo estilo. Os arquitetos conservadores opuseram-se a esses conjuntos, especialmente ao Weißenhof, que obteve enorme sucesso, acusando-os de jeito "estrangeiro" de construir (devido principalmente às coberturas planas), de utilizar materiais de construção "artificiais" (no caso do concreto armado e do steel frame usado em alguns edifícios), entre ou-

de formalista pela crítica. O projeto, porém, não foi concluído e, assim que o Partido Nazista tomou o poder, o conjunto começou a ser "completado" com edifícios mais tradicionais.

tras críticas. A esses arquitetos conservadores juntaram-se profissionais especializados em coberturas, janelas, carpintaria, entre outros, que, até então, construíam de uma maneira mais artesanal e tradicional, relacionando a nova arquitetura com a possibilidade de desemprego, o que era uma ameaça irreal, pois a instabilidade econômica já era uma realidade em praticamente todos os setores de trabalho após a guerra.

ciação entre crescimento urbano e decadência racial. E, embora haja uma ideia de que o Nazismo atacou o modernismo de maneira generalizada, na verdade, o alvo foi a arquitetura radical do Neues Bauen. Isso porque, na oposição ao movimento, os nazistas um discurso conservador que condenava a falta de tradição e baseava-se em argumentos racistas. Além disso, a própria associação que os arquitetos radicais faziam com uma nova era, tornando a nova arquitetura um símbolo da República de Weimar, foi utilizada no discurso de oposição. Dessa maneira, quando o governo demonstrou-se extremamente instável, sobretudo a partir da crise mundial de 1929, o ataque ao Neues Bauen traduziu um ataque à República de Weimar, impulsionando a ascensão do partido nazista, mesmo sem este ter um programa arquitetônico definido, até

Um outro conjunto habitacional, que também foi uma exposição (Die Gebrauchswohnung - A moradia útil), mas não foi realizado pelo Deutscher Werkbund, foi o Dammerstock, resultado de um concurso promovido pelo município de Karlsruhe. O projeto de 1929 coordenado por Gropius foi duramente criticado especialmente pela sua rígida malha urbana, emque os edifícios seguem o conceito de Zeilenbau, 74

Assim como na controvérsia da Bauhaus em Weimar, conforme o Neues Bauen ganhava publicidade, esses ataques ganhavam uma força enorme e os argumentos nacionalistas e anti-semitas ganhavam cada vez mais espaço na imprensa de direita e também a asso-

a sua chegada ao poder em 1933.


Fig. 189, acima, à esq. Cartaz de Kurt Schwitters para a exposição de Dammerstok, 1929. Fig. 190, acima, à dir. Foto aérea de 1929. Fig. 191, abaixo, à esq. Pavilhão da exposição. Março/2014. Fig. 192, abaixo, à dir. Implantação com fases de construção. O conjunto Dammerstock, em Karlsruhe.

75


Fig. 193, acima, à esq. Edifício multifamiliar de Otto Haesler. Fig. 194, acima, na coluna do meio. Edifício multifamiliar de Wilhelm Riphahn e Caspar Maria Grod. Fig. 195, acima, à dir. Edifício multifamiliar de Franz Roeckle à esquerda e edifícioconstruído após 1945 à direita. Fig. 196, na fileira do meio, à esq. Franz Roeckle. Edifício multifamiliar. Fig. 197, na fileira do meio, à dir. Alfred Fischer. Casa unifamiliar com terraço. Fig. 198, abaixo, à esq. Casas geminadas e, ao fundo, casas construídas durante o Nazismo. Fig. 199, abaixo, à dir. Casas geminadas. Conjunto habitacional Dammerstock. Karlsruhe. Março/2014.

76


Fig. 200, acima. Restaurante em primeiro plano. Fig. 201, na fileira do meio, à esq. Edifício da lavandeira coletiva. Otto Haesler. Fig. 202, na fileira do meio, à dir. Edifício da lavanderia coletiva. Fig. 203, abaixo, à esq. Detalhe da caixa de correio. Fig. 204, abaixo, à dir. Depósito de lixo, atrás da caixa de correio. Conjunto habitacional Dammerstock. Karlsruhe. Março/2014.

77



conjuntos analisados



berlim



trem metropolitano (SBahn ) metrô (U-Bahn

)

bonde elétrico (Straßenbahn) 5 6

2

1 - Falkenberg (1913 - 1928) 2 - Schillerpark (1924 - 1930) 3 - Hufeisensiedlung (1925 1930) 4 - Carl Legien (1928 - 1934) 5 - Weiße Stadt (1929 - 1931) 6 - Siemensstadt (1929 - 1934)

4

3

1

0

5

10

20 km

N

Mapa de Berlim com conjuntos estudados. Rede de transporte e mancha urbana atuais. 83



falkenberg

tram a força que o movimento cidade-jardim ainda possuía antes da guerra.

dados do projeto arquitetos: Bruno Taut, Heinrich Tessenow proprietário na época: berliner sparund bauverein unidades habitacionais: 148, das quais 80 são unifamiliares. área: 4,4 ha Localizado a sudeste de Berlim, nos limites da cidade, Falkenberg foi construído antes da Primeira Guerra Mundial, num período em que o déficit habitacional já era grande, mas nem se comparava à situação de pós-guerra. O conjunto apresenta um número reduzido de habitações, predominando os tipos unifamiliares, os quais, juntamente com sua inserção em uma área distante da cidade e muito pouco densa, mos-

Nesse caso, o estudo de Bruno Taut, que propõe o uso da cor como uma forma de substituir os ornamentos de uma arquitetura rebuscada e cara que se costumava produzir na época, atinge a sua máxima expressão. Criando-se uma composição com cores intensas, através de sequências, assimetrias etc, o arquiteto constrói uma dinâmica estética, confrontando o aspecto cinzento dacidade industrial. Cada habitação, unifamiliar ou coletiva, possui um jardim próprio, variando de 135 a 600m², originalmente projetados para o cultivo de alimentos para os próprios moradores e, em alguns casos, para a criação de ani-mais de pequeno porte, evidenciando um aspecto rural. Todas essas características diferem muito da arquitetura pensada para a habitação social do pós-guerra, mas, apesar disso, há dois aspectos fundamen-tais para o desenvolvimento de uma nova arquitetura: a recusa do ornamento e o financiamento através de cooperativas de construção. 85


86


Fig. 205, acima, à esq. 1913. Fig. 206, acima, à dir. Casas na rua Gartenstadtweg. Foto de 1913. Fig. 207, abaixo, à esq. Akazienhof. 1915. Fig. 208, abaixo, na coluna do meio. Casas com jardim escalonado na rua Gartenstadtweg. 1915. Fig. 209, abaixo, à dir. Akazienhof. 1930.

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10 7 9 8

11

plantas: exemplos de tipologias a 4

fotos acervo pessoal (fevereiro/2013, fevereiro/2014)

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9

10

11 91


12

13

cozinha (3,3m x 4,6m)

Planta de uma casa de 2 dormitórios na rua Gartenstadtweg. Além do térreo e o do 1º andar, a casa ainda possui um porão, onde há um depósito e uma área de serviço, e também um sótão, acessado pelo maior dos dois dormitórios.

sala (4,3m x 3,7m)

térreo

ban. dormitório (1,5m x (3,3m x 3,0m) 2,2m)

dormitório (4,6m x 4,3m)

1º andar a

90


schillerpark

dados do projeto arquitetos: Bruno Taut (reconstrução nos anos 50 por Max Taut e Hans Hoffmann) proprietário na época: berliner sparund bauverein unidades habitacionais: 290 área: 4,6 ha

O conjunto possui apenas edifícios multifamiliares, uma pequena variedade de cores, substituída pelo uso de tijolos ce-râmicos vermelhos, fachadas padronizadas, cobertura plana , etc. Antes acentuado pelas fortes cores e disposição dos edifícios, agora o jogo formal se dá através da disposição das varandas, ora incrustradas na fachada, ora projetando-se para fora dela. Estas são sustentadas por pilares de concreto armado e aparente, que ultrapassam a altura do pavimento, conferindo aos edifícios um certo caráter expressionista, combinado com a precisão da nova arquitetura.

O primeiro projeto de Bruno Taut após a 1ª guerra já possui características bem diferentes do seu anterior Falkenberg. Devido a uma viagem de estudos à Holanda, realizada no início dos anos 20, a influência da arquitetura holandesa contemporânea, principalmente através de J. P. Oud, manifesta-se no conjunto

É nova também a ideia de áreas verdes semi-públicas, em que os prédios delimi-tam pátios, que, ao mesmo tempo, po-dem ser acessados por qualquer pedestre e conferem um senso de coletividade e pertencimento aos moradores. As relações com o entorno também são outras: Taut cria um corredor verde que leva ao parque em frente, construído pela própria comuni-

Schillerpark não só nos aspectos estéticos e construtivos, mas também no seu desenho urbano.

dade entre 1909 e 1913 e considerado o primeiro parque público de Berlim. 93


94


Fig. 210, acima, à esq. 1ª Fase de desenvolvimento. Bristolstraße. 1929. Fig. 211, acima, à dir. Crianças brincando em espelho d'água no Schillerpark. 1925. Fig. 212, abaixo. 2ª Fase de desenvolvimento. Corker Straße. 1930.

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10 9

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fotos acervo pessoal (fevereiro/2014)

11

N

96

3 5

plantas: exemplos de tipologias

100

4

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complemento e restauro na década de 50 (max taut e hans hoffmann)

2

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1

3ª fase (1929 - 1930)

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2ª fase (1926 - 1928)

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1

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Apartamento de 2 dormitórios (cerca de 75 m²) 2

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3

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Apartamento de 1 dormitório (cerca de 56 m²) 5 98

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6

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4,00 m

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11

4,00 m

cozinha 2,65 m

Apartamento de 2 dormitórios (cerca de 68 m²)

4

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hufeisensiedlung

dados do projeto arquitetos: Bruno Taut e Martin Wagner data de construção: 1925 - 1930 proprietário na época: GEHAG unidades habitacionais: 1960 unidades habitacionais, das quais 675 são unifamiliares; de 1 a 4 dormitórios área: 37,1 ha

Situado no distrito periférico Neukölln, é o maior dos conjuntos, tendo oferecido moradia para 5.000 pessoas. Na época do projeto, a cooperativa GEHAG perdeu uma boa parte do terreno a ela destinada para uma outra cooperativa, DeGeWo, com um estilo mais tradicionalista, após uma série de reivindicações por membros da ala conservadora do parlamento. Por

isso, o conjunto está situado em duas áreas separadas. Os limites entre os dois são visualmente claros, uma vez que se optou por um massivo e extenso edifício delineando a avenida que os separam (Fritz-ReuterAlle), conhecido como Rote Front (frente vermelha), que foi intencionalmente projetado para marcar as diferenças entre eles. Taut volta a utilizar cores intensas e a criar jogos formais com assimetrias e dispondo algumas casas geminadas em "zigue-zague". Integrando à topografia local a arquitetura e incumbido de combinar habitações unifamiliares e multifamiliares, respectivamente no interior e no perímetro das quadras, o arquiteto criou uma paisagem urbana ímpar, reunindo elementos das cidades-jardins e dos espaços coletivos e funcionais da habitação social da época. Harmonicamente inseridos no projeto, espaços coletivos, como lavanderias, depósitos de lixo padronizados, parques infantis e até mesmo áreas específicas para a limpeza de tapetes, mostram o cuidado com as necessidades dos seus habitantes. 101


102


Fig. 213, acima, à esq. Vista aérea de um cartão postal de 1930. Fig. 214, acima, à dir. 2ª fase de construção: praça e habitações unifamiliares. Década de 30. Fig. 215, abaixo, à esq. Acesso ao edifício principal. 1928. Fig. 216, abaixo, à dir. Café em uma esquina da rua Parchimer Allee. Década de 30.

103


5

fases 1ª fase (1925 - 1926) 2ª fase (1926 - 1927)

d

3ª fase (1927 - 1928)

6 7

3ª fase (1929 - 1930)

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comércio e serviços

8

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104

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11

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N 250 m

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fotos acervo pessoal (fevereiro/2013 e fevereiro/2014)

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plantas: exemplos de tipologias

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3ª fase (1932 - 1933)

b

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4ª fase (1928 - 1929)

16

12

13


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Unidade-padrão do edifício em forma de ferradura, com 2 dormitórios (60 m²)

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Unidade das extremidades do edifício em forma de ferradura, com 3 dormitórios (96 m²)

b

2 105


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Apartamento de 1 dormitório (49 m²), pertecente à "Frente Vermelha" 7

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Casa de 3 dormitórios (cerca de 60 m²)

11 108

2º andar d

12


13

14

e

15

sala de estar e jantar

cozinha

Apartamento de 2 dormitórios, 3ª fase (63 m²) 109


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cozinha

sala de estar e jantar

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Apartamento de 1 dormitório, 6ª fase (50 m²)

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22 111


cozinha

sala de estar e jantar

térreo

Casa de 2 dormitórios, 6ª fase (65 m²)

112

1º andar

g


carl legien jeto já estava sugerido pelo plano de desenvolvimento urbano de Berlim de Hobrecht (séc. XIX).

dados do projeto arquitetos: Bruno Taut e Franz Hillinger proprietário na época da construção: GEHAG unidades habitacionais: 1149, de 1 a 4 dormitórios (80% até 2 dormitórios) área: 4,6 ha

Dentre os seis, o conjunto Carl Legien foi construído na área mais densa e central, em que a lógica das Mietskasernen era dominante. Como uma forma de combatê-la e superar o elevado preço dos terrenos nessa região, Bruno Taut e Franz Hillinger, diretor do escritório da GEHAG, propõem apenas edifícios de 4 e 5 pavimentos, de modo a adensar o conjunto. Diferentemente dos outros, o desenho urbano deste pro-

Combinando-se edifícios organizados em fileiras, contornando o perímetro das quadras, com generosos jardins semi-públicos, foi possível dar a sensação de se viver em uma área verde, mesmo no denso centro berlinense. Enquanto a utilização das cores como elemento fundamental da arquitetura lembra o projeto de Britz, a influência da habitação social holandesa lembra o Schillerpark: áreas verdes como pátios semi-abertos, varandas que ora se fundem às facha-das, ora se projetam além delas, etc. A sequência de jardins no interior dos edifícios em forma de U cria uma ligação entre os espaços do conjunto, que gera uma identidade, tanto quanto reforça o senso de coletividade, como se pode observar no caso do pátio Akazienhof, em Falkenberg. Apesar de sua riqueza ao sintetizar princípios dos três conjuntos anteriores de Taut, de suas inovações e de, assim como os outros conjuntos berlineses analisados, também estar na lista da UNESCO como patrimônio cultural da humanidade, há uma grande dificuldade em se encontrar imagens de projeto, sobretudo dos apartamentos. 113


114


Fig. 217, acima, à esq. Pátio com central de aquecimento e lavanderia coletiva. Fotografia colorida, 1932. Fig. 218, acima, à dir. Vista aérea. 1930. Fig. 219, abaixo, à esq. Um dos pátios abertos do conjunto. 1932. Fig. 220, acima, à dir. Comércio na esquina da Erich-WeinertStraße com a Gubitz Straße. Década de 30.

115


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comércio e serviços lavanderia coletiva

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central de aquecimento

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fotos acervo pessoal (fevereiro/2014) N

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plantas: exemplos de tipologias

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Apartamento de 3 dormitórios (80 m²) 117


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10 119


cozinha

Apartamento de 2 dormitórios (62 m²) c

12 120

11


weiße stadt

perímetro das quadras, cujo desenho é de Otto Rudolf Salvisberg e interior, permeado por áreas verdes coletivas, desenhadas por Ludwig Lesser. dados do projeto arquitetos: Otto Rudolf Salvisberg, Bruno Ahrends e Wilhem Büning proprietário na época: gemeinnützige heimstättengesellschaft primus mbh unidades habitacionais: 1268, de 1 a 3 dormitórios (80% até 2 dormitórios) área: 14,3 ha

Localizado a noroeste de Berlim, a cerca de 8 km de distância do centro, o conjunto habitacional Weiße Stadt (cidade branca) foi projetado sob a supervisão de Martin Wagner, conselheiro de desenvolvimento urbano do município. Racional e econômico, o projeto visava à padronização dos apartamentos e ao uso de pré-fabricados. Os blocos de edifícios, em geral, estão organizados em fileiras ou contornam o

Todos os edifícios possuem cobertura plana e, em sua maioria, 3 andares. Predominam os apartamentos de 45 m² a 55 m², com 1 ou 2 dormitórios, constituindo cerca de 80% do total. Diferentemente dos projetos coordenados por Bruno Taut, a cor branca predomina nas fachadas, enquanto os detalhes (calhas, portas, caixilhos, beirais etc.), em cores vibrantes, criam um contraste, tornando a clareza formal de suas marcantes estruturas cúbicas uma característica do projeto. A quantidade de equipamentos projetados é impressionante para os padrões tanto daquela época quanto para os atuais: 23 lojas, distribuídas de maneira descentralizada e de acordo com a quantidade de habitantes, 1 consultório médico, 1 creche, 2 lavanderias coletivas e 1 central de aquecimento, a qual, juntamente com uma das lavanderias, foi demolida nos anos 60. 121


122


Fig. 221, acima, à esq. Vista para o leste. 1930. Fig. 222, acima, à dir. Foto aérea. Notam-se os terrenos vazios no entorno e a preservação das chaminés de uma antiga fábrica. 1957. Fig. 223, abaixo, à esq. Jardins entre edifícios de Salvisberg. 1930. Fig. 224, abaixo, à dir. Situação após a 2ª Guerra.

123


lindauer all

arquitetos

e

3

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Otto R. Salvisberg

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Wilhelm Bünning

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Bruno Ahrends

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outros usos previstos creche comércio e serviços

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lavanderia coletiva 8

lavanderia demolida central de aquecimento

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plantas: exemplos de tipologias fotos acervo pessoal (fevereiro/2014)

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1

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3

Cada pavimento possui 6 apartamentos. Os da ponta com 45m², possuem apenas 1 dormitório, enquanto as unidades do meio (4), de 55 m², possuem 2 e uma sala de estar maior (Salvisberg). 125


térreo

1º andar

unidade 1 unidade 2 unidade 3 (cada unidade possui cerca de 90 m²) 2º andar

Casa para 3 famílias (Salvisberg). 4

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Apartamento de 2 dormitórios de Salvisberg. 126


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Apartamento de 3 dormitórios de Bünning. d

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65 m²

48m²

Apartamento de 2 dormitórios e ampla sala de Ahrends. 11 128

f

Apartamento de 2 dormitórios de Ahrends. g


siemensstadt

dados de projeto arquitetos: Hans Scharoun, Walter Gropius, Otto Bartning, Fred Forbat, Hugo Häring, Paul Henning proprietário na época: gemeinnützige heimstättengesellschaft primus mbh unidades habitacionais: 1370, de 1 a 3 dormitórios (90% até 2) área: 19,3 ha Construído simultaneamente ao vizinho Weisse Stadt, antecipa ainda mais o modelo de cidade moderna, arejada e permeada por áreas verdes, de certa forma prevendo a arquitetura habitacional após a 2ª Guerra Mundial. Também é conhecido como Ringsiedlung, uma vez que, com exceção de Henning e Forbat, todos os arquitetos envolvidos eram integrantes do grupo de vanguarda berlinense Der Ring, cujo princi-

pal objetivo era promover a nova arquitetura. Encomendado por uma cooperativa municipal voltada para a habitação social, cada um dos sete arquitetos projetou edifícios individualmente, resultando em uma grande variedade de estilos, do funcionalismo de Gropius, ao organicismo de Häring, abrangendo praticamente todas as vertentes da Neues Bauen. Hans Scharoun, que havia recentemente rompido com o racionalismo e cujo estilo vai do expressionismo ao organicismo, é o responsável pelo desenho urbano, desenvolvendo aqui pela primeira vez seu Leitmotiv de vizinhança, relacionando os espaços em que as pessoas vivem e integrando dois terrenos separados pela linha do trem. As relações dos edifícios com as áreas verdes, além dos pátios verdes entre eles e jardins privados, são reforçadas por um parque aberto, criado entre as seções projetadas por Henning e Häring, através do qual diversos caminhos levam aos edifícios no entorno. A mistura de diferentes tipos de áreas verdes gera uma alternância de espaços públicos, semi-públicos e privados. 129


130


Fig. 225, acima, à esq. Edifício de Bartning e central de aquecimento ao fundo. Fig. 226, acima, à dir. Foto aérea, com fábrica da Siemens em primeiro plano. 1930. Fig. 227, abaixo, à esq. Desenho para reconstituição das cores originais. Fig. 228, na fileira do meio, à dir. Reconstrução. Década de 50. Fig. 229, abaixo, à dir. Isometria de Häring, mostrando áreas livres na cobertura.

131


arquitetos Hans Scharoun Otto Bartning weg

Paul Henning

3 4

outros usos

central de aquecimento

plantas: exemplos de tipologias fotos acervo pessoal (fevereiro/2014) 132

d

c

Hans Scharoun (década de 50)

geislerpfa

jugen

Fred Forbat

lavanderia coletiva

amm

dfern

Hugo Häring

comércio e serviços

heckerd

heide

Walter Gropius

g

10 h 5

9

d

6

7

e go ebelsstra

b

f

ße

8

a2 1

N 0

50

100

250 m


1

2

b

3

Apartamento de 2 dormitórios (66 m²), Hans Scharoun.

Apartamento de 2 dormitórios (63 m²), Hans Scharoun.

a

133


Apartamento de 3 dormitórios (72 m²), Walter Gropius. c

4

Apartamento de 2 dormitórios (58 m²), Hugo Häring. 5 134

d


6

7

Apartamento de 2 dormitórios (57,6 m²), Fred Forbat

Apartamento de 1 dormitório (45 m²), Otto Bartning 8

e

f 135


9

Apartamento de 2 dormitórios (52 m²), Paul Henning g 136

Apartamento de 2 dormitórios (72 m²), Paul Henning h

10


frankfurt



trem metropolitano (SBahn ) metrô (U-Bahn

)

bonde elétrico (Straßenbahn)

1

1 - Praunheim (1913 - 1928) 2 - Römerstadt (1924 - 1930) 3 - Westhausen (1925 - 1930)

2

3

N 0

5

10

20 km

Mapa de Frankfurt com conjuntos analisados. Rede de transportes e mancha urbana atuais. 139



praunheim

dados do projeto arquitetos: Ernst May, Herbert Boehm, Wolfgang Bangert, Emmil Kaufmann, Adolf Meyer, L. becker, Anton Brenner, C.H. Ruddlof proprietário na época: município de Frankfurt (1ª e 2ª fases), ABG (3º fase) unidades habitacionais:1441 construídas (1550 planejadas), de 2 a 4 dormitórios área: 34 ha Construído em uma época de expansão de Frankfurt, o conjunto de 1,5 km de comprimento situa-se nos limites da cidade e foi o primeiro do programa municipal Das neue Frankfurt. Enquanto as unidades habitacionais das duas primeiras fases, construídas pela prefeitura, foram por ela vendidas através de financiamentos, as da 3ª e última fase, construídas por uma cooperativa, foram, em sua maioria, alugadas.

Nota-se um certo caráter experimental, tanto nas variadas tipologias quanto no uso de painéis de concreto pré-fabricados. Com 18 trabalhadores, era possível se levantar uma casa em um dia e meio. Durante o 2º CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), realizado em Frankfurt em 1929 e coordenado por Ernst May, Praunheim foi um exemplo prático do conceito de habitação social daquele momento. A unidade de habitação mínima, tema do congresso (Wohnung für das Existenzminimum), é encontrada sobretudo nos edifícios da terceira fase. Diferentemente dos conjuntos berlinenses, apenas algumas casas e prédios são protegidos como patrimônio histórico, possuindo uma das fachadas mais alteradas dos conjuntos habitacionais de Frankfurt. As cores são aqui utilizadas no sentido inverso ao do Weiße Stadt e do Siemensstadt: as paredes são coloridas, geralmente em azul e vermelho, enquanto os caixilhos são brancos. 141


142


Fig. 230, acima, à esq. Vista aérea. Cartão postal de 1929. Fig. 231, acima, à dir. Edifício de Anton Brenner, visto do fundo fundo. 1930. Fig. 232, acima, à esq. Casas com terraço, na rua Damaschkeanger. 1927. Fig. 233, acima, à dir. Habitações unifamiliares na Rua Am Ebelfeld. 1930.

143


9 8 muthesiusweg

8

c

9 a

12

3ª fase

ludwig-landmann-straße

7

11

heerstraße

6 2

33 11

e

r straß hkeange

damasc

4 4

10 10 5

5

am ebelfeld

N

b

2ª fase

2ª fase

1ª fase 0

tipos de habitação unifamiliar, 2 ou 3 andares unifamiliar, 2 andares, préfabricada unifamiliar, 3 andares, dependência multifamiliar

144

50

100

250 m

outros usos previstos comércio e serviços plantas: exemplos de tipologias fotos acervo pessoal (março/2014)


1

2

3

4 145


5

6

depósito

sala de estar e jantar

banheiro e lavanderia

cozinha w.c.

porão

térreo

1º andar

Casa construída com painéis pré-fabricados, 2 dormitórios (55 m²) 7 146

a


8

9 Corte mostrando o esquema de encaixe das unidades. Intercalando-se as unidades, pôde-se obter um pé-direito maior para a área social

+.18

cozinha corredor

10

+.18

sala de estar +.18

+.10

+.18

Planta flexível: as áreas reservadas para os dormitórios podem ser tanto integradas à sala de estar quanto fechadas. Apartamento de 55 m². b 147


11

corredor

12

sala de estar

cozinha

Apartamento com planta flexível: possiblidade de 1 ou 2 dormitórios (41,5 m²) c 148


römerstadt

erior do conjunto. Assim, o que viesse a ser construído futuramente ao redor dele não obstruiria tal vista.

dados do projeto arquitetos: Ernst May, Herbert Boehm, Wolfgang Bangert, Albert Winter, Walter Schütte, Karl Blattner, Martin Eslaesser, C.H. Ruddlof, Gustav Schaupp, Franz Schuster proprietário na época: ABG unidades habitacionais: 1182 construídas (1220 planejadas), de 1 a 3 dormitórios área: 35,9 ha Também com cerca de 1,5km de comprimento, o con-junto de Römerstadt foi desenhado paralelamente ao rio Nidda. Ao sul, a fim de que todas as casas pudessem ter uma vista para o rio, pelo menos do último pavimento, e utilizando-se da acidentada topografia do vale, uma boa parte do terreno foi aterrada, sendo sustentada por um muro de contenção de 3m de altura, que praticamente não pode ser visto do in-

Ao norte, encontra-se uma das duas vias principais, na qual concentra-se o transporte público, ligando o conjunto ao centro, a 9 km de distância. A outra avenida, no sentido norte-sul, divide o conjunto em duas partes (hoje é uma via expressa elevada). Nas duas vias, predominam os edifícios multifamiliares de 3 a 4 andares (unidades de 1 e 2 dormitórios), de modo a "proteger" o interior do conjunto, no qual predominam as habitações unifamiliares, de 2 andares (unidades de 2 e 3 dormitórios). Todas as unidades habitacionais possuíam a cozinha de Frankfurt, além de fogão elétrico e água quente com aquecimento elétrico na cozinha e no banheiro. Na época, o conjunto era uma grande novidade e simbolizou a chegada dos hábitos americanos à Alemanha, sendo conhecido como "Römerstadt elétrico". Além das moradias, foram projetados 10 lojas, 1 escola popular (Volksschule) e um edifício misto(comércio, habitação e serviços). 149


150


Fig. 234, acima, à esq. Vista aérea. 1930. Fig. 235, acima, à dir. Foto a partir do vale do Nidda. Fig. 236, abaixo, à esq. Habitações unifamiliares, na rua Im Heidelfeld. 1934. Fig. 237, abaixo, na coluna do meio. Aquarela de Hermann Treuner. 1929. Fig. 238, abaixo, à dir. Fotografia colorida, vista para o muro de contenção, ao sul do conjunto. 1928.

151


2 a

1

5

in der römerstadt 10

7 6

11

m

am

b

c im bu rgfel d

3

u for

4 8 9

ha dri

N

an str aß e

0

50 100

250 m

comércio e serviços plantas e cortes: exemplos de tipologias fotos acervo pessoal (março/2014) 152


1

2

Apartamentos de 48 m², 1 dormitório. Edifício multifamiliar de 4 andares. a 153


5

a

6

10,00 m

4

8,75 m

circulação

habitação

consultório

Exemplo de uso misto. 2º andar do edifício na rua Hadrianstraße. 154


6

7

Corte - casas unifamiliares na rua Im Burgerfeld c 155


156

8

9

11

12


westhausen

dados do projeto arquitetos: Ernst May, Herbert Boehm, Wolfgang Bangert, Emmil Kaufmann, Adolf Meyer, Anton Brenner, Ferdinand Kramer, Eugen Blank, Max Bromme, L. Becker proprietário na época: ABG na 1ª fase e nassauische heimstätte na 2ª fase unidades habitacionais:1116 construídas (1532 planejadas), de 2 a 3 dormitórios área: 11,4 ha Último do programa Das Neue Frankfurt, Westhausen teve de ser construído com um orçamento limitado, por causa da crise de 1929. Mais denso do que os anteriores, o conjunto possui um desenho urbano rígido, adaptando-se pouco à topografia e formado por uma malha perpendicular, retilínea e simples, assemelhando-se à parte oeste de Praunheim. O seu interior foi desenhado com poucas e pequenas ruas,

que não dão acesso direto às unidades, diferente dos outros conjuntos. Nele, predominam as calçadas, juntas aos jardins, estando as moradias inseridas em uma área verde e calma. Para que as moradias custassem o mínimo possível, as plantas das unidades foram alteradas; dormitórios, cozinhas e, principalmente, banheiros foram reduzidos. As menores unidades (40m²) foram criticadas em diversos jornais e revistas. Outros, no entanto, elogiaram o projeto dos móveis embutidos (não só na cozinha, mas também nos outros cômodos) e sua economia de espaço. Este conjunto trouxe duas lições importantes para a época: a primeira, de que a préfabricação e a racionalização do espaço reduzem os custos, tanto que 75% das unidades do conjunto foram alugadas por operários, enquanto nos outros conjuntos, essa taxa era menor; a segunda, de que a rigidez e a uniformidade do traço não necessariamente geram espaços monótonos. 157


158


Fig. 239, acima, à esq. Vista para noroeste, com edifícios multifamiliares. 1931. Fig. 240, acima, à dir. Vista aérea. 1931. Fig. 241, na fileira do meio, à esq. Edifício multifamiliar, vistos a partir da rua Zillestraße. 1930. Fig. 242, abaixo, à esq. Casas para duas famílias, ainda conservadas. 1977.

159


pré-fabricados multifamiliares

1 2

a 3

fases de construção 1ª fase 2ª fase

4 5

outros usos previstos lavanderia coletiva

b+c

central de aquecimento plantas: exemplos de tipologias

7

fotos acervo pessoal (março/2014) 0 160

50

100

6

8

N 250 m


1

depósito depósito

2

quarto de secagem

banho e lavanderia

porão

térreo

casa para 2 famílias em 3 pavimentos (cerca de 42 m² cada unidade, sem contar o porão, de uso compartilhado)

1º andar a 161


3

4

b

5

unidade de 2 dormitórios em edifício multifamiliar (cerca de 48 m²) 162


6

7

8

c 163




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Theo_van_Doesburg Fig. 6. http://www.detail.de/architektur/termine/gerrit-

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industrialisierung-geschichte-revolution Fig. 10. http://ghdi.ghi-dc.org/sub_image.cfm? image_id=1649

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Fig. 144 - Fig. 149. Acervo pessoal. Fig.150. http://thecharnelhouse.org/2013/07/30/ foreign-architects-in-the-soviet-union-during-the-first-two-

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five-year-plans/willi-baumeister-die-wohnungwerkbund-ausstellung-1927/ Fig. 151. Trabalho gráfico em cima de diversas fontes.

Fig. 215. Akademie der Kunst Berlin. Fig. 216. Bauhaus Archiv. Fig. 217. Keimsche Mineralfarben Lohwald.

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Fig. 218. GEHAG Berlin. Fig. 219. Landesbildstelle Berlin.

that-changed-the-world-the-weissenhof-settlementstuttgart/ Fig. 153. KIRSCH, 1987. p. 12.

Fig. 220 - Fig. 225. Bauhaus Archiv. Fig. 226. Landesarchiv Berlin. Fig. 227 - Fig. 229. Bauhaus Archiv.

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Fig. 163 - Fig. 175. Acervo pessoal. Fig. 176. KURZ, J.; ULMER, M., 2006. p. 46.

Fig. 237. beta.ernst-may.de Fig. 238. http://100-jahre-landschaftsarchitektur.de/

Fig. 177. KURZ, J.; ULMER, M., 2006. p. 47. Fig. 178. KURZ, J.; ULMER, M., 2006. p. 48. Fig. 179. KURZ, J.; ULMER, M., 2006. p. 49.

index.php/ausstellung/projekte/details/73 Fig. 239. UNGERS, 1983. p. 107. Fig. 240. UNGERS, 1983. p. 105.

Fig. 180 - Fig. 187. Acervo pessoal.

Fig. 241 - Fig. 242. UNGERS, 1983. p. 107.

Fig. 188. JOEDICKE, J.; PLATH, C., 1987. p. 63. Fig. 189. FRANZEN, 1993. p. 93. Fig. 190. FRANZEN, 1993. p. 44. Fig. 191. Acervo pessoal. Fig. 192. Imagem retirada de mural informativo no próprio conjunto. Fig. 193 - Fig. 204. Acervo pessoal. Fig. 205. Technische Universität Cottbus. Fig. 206 - Fig. 209. Berliner Bau- und Wohnungsgenossenschaft von 1892, Berlim. 170

Demais imagens ( na parte de conjuntos analisados): Implantações, mapas e plantas foram coletadas em diversas fontes e foi feito um trabalho gráfico em cima delas. As fotos indicadas nas implantações são de acervo pessoal.



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