Livro Corações de Asfalto - Primeiro Capítulo

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O homem que retratou a cidade pelo vidro do Ă´nibus

Eu, cobrador


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Eu, cobrador O homem que retratou a cidade pelo vidro do ônibus

Parada 1 - Avenida Ipiranga — A Rosana não veio hoje? — pergunta a moça de cabelos castanho-escuros e queixo pronunciado ao rodar a catraca do ônibus em movimento, equilibrando-se como pode. — A Rosana veio, ela já desceu — responde prontamente o Antonio Erivaldo da Silva, 56 anos, cobrador, pele morena talhada por rugas na testa e salpicada com manchas nas maçãs do rosto redondo que estampa um sorriso fácil e carismático. Seus cabelos ralos são grisalhos, os olhos grandes destacam-se sobre o nariz adunco e achatado. — Tchau! Bom trabalho, Toninho! — Alguns viajantes de curta distância se despedem calorosamente, e ele retribui. — Tchau! Até amanhã — responde, batendo no caixa para sinalizar que as portas já podiam ser fechadas. Toninho carrega os fones de ouvido empoleirados ao redor do pescoço, veste camisa social clara listrada, calça azul-escura, meia azul-marinho, sapato preto desgastado e amassado, porém ainda conservando certo brilho de outrora. A mochila marrom balança pendurada na janela, fazendo tilintar o chaveiro no formato de um ônibus. Alguns usuários do coletivo têm o número do celular do cobrador anotado para mandar mensagem perguntando se ele está chegando no ponto, pois aquele é o último ônibus da linha 3139 na parte da manhã. As viagens seguintes dele vão para a Praça da Sé. Na catraca, chama atenção o número de passageiros: 61.457, zerado pela última vez sabe-se lá quando. Toninho e o motorista Marival, com quem trabalha desde 2014, transportam juntos uma média de 300 pessoas todos os dias, exceto aos domingos, das 6h30 às 15 horas. A linha que veio lotada do Jardim Vila Formosa, zona leste de São Paulo, se esvazia ao chegar ao centro e retorna ao sentido bairro com apenas cinco passageiros. Por estar há quatro anos nesse itinerário, Toninho o considera “sua linha”, pois “só sai de lá se quiser”. Em clima de tranquilidade, Antonio, que acorda às 5h30 e não reclama de sair da cama cedo, utiliza o tempo livre para estudar inglês (já está no nível intermediário) e ouvir as notícias no rádio durante a volta.

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— Nossa, li “trocentos” livros aqui. Li muito. Uma média de quatro livros por mês. Agatha Christie eu detonei, Sidney Sheldon, e fui indo… Um ônibus vermelho com destino ao Terminal Carrão freia abruptamente ao lado do dele. O motorista brincalhão, com as portas escancaradas, aponta para Antonio e grita:

— Você é o melhor, hein! — Em seguida, dá uma gargalhada.

Toninho gosta de trabalhar na rua por causa desses momentos singulares.

— Você tem aquela coisa de estar livre, andando, vendo o que está acontecendo, e até fazendo o mesmo percurso, aquela coisa que às vezes o pessoal pode achar monótono. Sempre tem uma coisa diferente na rua, uma coisa nova pra você ver… Nunca é a mesma coisa. Talvez por isso ele quis registrar esses instantes únicos do espaço público quando começou a trabalhar como cobrador.

Parada 2 - Viaduto Nove de Julho O episódio ocorrera havia anos, mas ainda estava fresco na memória. O trólebus seguia vacilante pelo asfalto esburacado da capital paulista, impulsionado pela energia elétrica dos cabos suspensos, sobre a rua quando duas senhoras adentraram seu interior e uma delas se lembrou de uma história curiosa que havia lido. — Você viu? Tem um cobrador de ônibus que fica o dia inteiro tirando foto. O cara, em vez de estar trabalhando, fica aí… Por isso que não vai para a frente mesmo, fica tirando foto! Mal sabia a velhinha que o profissional em questão era o que estava sentado a poucos metros dela no veículo em movimento. Naquela época, Toninho pensava com seus botões: “Poxa, não estou atrapalhando o serviço, a empresa não está me questionando disso aí”. — No começo eu tinha uma discriminação comigo mesmo. Falava: “Fiz tanta coisa e estou aqui de cobrador, o dia inteiro sem fazer nada”. Poxa… Eu, cobrador? Aí comecei a procurar alguma coisa para fazer. Sempre gostei de fotografia. Ele conta o episódio espremendo os olhos e coçando o indicador, como sempre faz para buscar as lembranças guardadas. A motivação maior do cobrador para tirar as fotos, no entanto, não poderia ter sido mais nobre: resgatar o passado da cidade.

Na época, Toninho trabalhava na linha que ia da Avenida Gentil de Moura, no Ipiranga, até a

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Praça da República. Sempre preferiu trabalhar no elétrico (trólebus), por estes terem percursos mais “sossegados”. Lá permaneceu durante dez anos, passando por vários dos pontos turísticos da região central. Transitando diariamente pelo Ipiranga, Sé, Theatro Municipal, Praça da República, Avenida São João, entre outros, teve a ideia de unir dois elementos que havia visto recentemente. O primeiro, um livro sobre a história de São Paulo — chamado Retalhos da Velha São Paulo, de Geraldo Sesso Junior, que hoje em dia só é encontrado em sebos. O segundo, um trajeto histórico para a cidade, ideia que leu na coluna do jornalista Gilberto Dimenstein no jornal Folha de S.Paulo. Assim, o cobrador passou a registrar em fotografias alguns dos cartões-postais enquanto contava suas histórias. Não foi sem esforço que Antonio comprou, em 2004, uma câmera Benq de 1.3 megapixels. Gastou 400 reais, na época quase o dobro de um salário mínimo, em dez prestações. Ele criou um fotolog no portal Terra e descobriu seu verdadeiro instinto de fotógrafo quando passou pela Rua Líbero Badaró de trólebus e presenciou uma cena chocante. — Devia ter sido um assalto. Sabe quando você faz uma foto sem querer e ela sai bem realista, mas sem mostrar? Na foto em preto e branco era possível ver o sangue escorrendo, mas o corpo estava oculto por detrás de um policial. Foi com esse clique que Toninho se inscreveu em um concurso e saiu vencedor, em 2005, atraindo ainda mais atenção para sua página na internet. — A foto até pode ser bonita, mas ela tem que ter um contexto, um conteúdo, algo que agregue. De repente todo mundo tirou a foto daquele lugar, mas a sua foto tem aquele diferencial, o ângulo, alguma coisa que você transmite no olhar. Uma das obras mais marcantes de Antonio foi clicada em agosto de 2004, quando viu corpos estirados após uma chacina na Sé ao passar lá às 5 horas da manhã. Fotografando a cena antes mesmo da imprensa. No mês seguinte, o mesmo Dimenstein que o inspirara escreveu um artigo na Folha de S.Paulo sobre o fotolog do cobrador e os acessos dispararam “de cem para mil”. O crescente público de sua página chamou a atenção do Sesc Ipiranga, que o convidou a expor seus melhores cliques em 2005, no 451º aniversário de São Paulo. Até hoje, a maioria deles está guardada com esmero, envolta em um papel vermelho, em sua casa. Roseli, sua mulher, retira as fotos do envelope com cuidado, como se desmanchasse um origami. — Todas as fotos são de dentro do ônibus. Tem algumas que foram improviso. Essas fotos [foram tiradas] com a resolução de 1.3 [megapixels]. Pra fazer elas desse tamanho aqui, para deixar exposto, foi uma briga. Olha a pigmentação! Hoje se tira foto muito melhor do que essa daí — Toninho se desdobra em autocríticas enquanto a mulher volta a dobrar os envelopes, seguindo à risca os vincos nos papéis. Um dia, conta ele, um grupo de jovens adentrou o ônibus na Avenida Nazaré e um deles perguntou aos outros. 15


— Gente, o que vocês vão fazer hoje?

— Vamos lá, vamos lá! É de graça, vamos ver a exposição de um cobrador que fez umas fotografias, disseram que são muito bonitas. Vamos lá ver! Quieto, Antonio sentiu-se feliz com a conversa. Não falou nada, manteve-se anônimo, mas pensou consigo: “Eles vão ver minhas fotos”. — Na época, em 15 dias, teve seis mil visitas de pessoas que assinaram o livro no Sesc. Isso aí acaba quebrando essa coisa desse preconceito. Que apesar [da profissão] você consegue fazer alguma coisa além.

Parada 3 - Avenida Rangel Pestana — Faz de conta que não sabe de nada — cochicha um homem que acabara de entrar no ônibus para o cobrador. — Tá bom. Na Sé, uma moto com uma câmera passa filmando o coletivo. Os passageiros olham desconfiados, pensando que pode ser um trólebus novo chamando a atenção. Depois, o barulho de helicóptero rasga o céu. A essa hora, Toninho já estava ao vivo em rede nacional, no programa da Adriane Galisteu. O ano era 2007. No Theatro Municipal, uma repórter faz sinal e entra no ônibus. O cobrador finge surpresa, já havia sido avisado de tudo, mas a timidez, apreensão e vergonha são reais. Ele não sabe o que vão perguntar e teme falar “alguma besteira”. — Eu tinha que identificar algumas coisas históricas na hora, eram umas coisas supersimples — explica Toninho, que participou de uma ação do programa para ganhar “de surpresa” uma Kodak semiprofissional e um curso de fotografia de seis meses no Senac. — Na verdade, já fizeram para eu ganhar a câmera. Desde que saiu na Folha, Toninho apareceu em muitos outros lugares, como Globo, Band, SBT, Record e Gazeta, além de ter conseguido flagrantes urbanos que renderam fotos suas estampadas no Estadão, UOL e outros veículos. Passando de trólebus pela Avenida Rangel Pestana (nomeada em homenagem a um jornalista), ele relembra o assédio da imprensa quando ganhou notoriedade por seu trabalho fotográfico.

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— Uma coisa que chamava atenção era a foto digital ser algo novo e eu ser cobrador. Perguntavam: “Pô, onde você aprendeu a fazer foto?”. Eu não aprendi. Pelo menos não havia sido ensinado até então. Com o curso que ganhou no programa de Galisteu, adquiriu não apenas técnicas de fotografia, mas um grande impulso para voltar a estudar e alimentar sua já insaciável sede de conhecimento. — Você não tem colégio completo? — perguntaram a Toninho no ato da inscrição. Ele só tinha o curso técnico. Ficou constrangido, mas acabou fazendo o curso de fotografia porque a equipe do programa deu um jeito de o encaixar. Com o episódio, sua esposa reforçou que ele “tinha que terminar o colégio”. — Aquilo impregnou e o curso acabou sendo um incentivo porque eu tava acomodado. Faltava o último ano do colégio para terminar e, na verdade, isso me levou a estudar. Hoje a gente sabe que até queimadura tem segundo grau. Toninho repete a anedota diversas vezes ao longo das conversas e ri. Ele não percebe que o ensino, na verdade, o levou a alçar outros voos, muito mais altos do que ele próprio imaginava, e, surpreendentemente, acabaram fazendo-o se distanciar da fotografia.

Parada 4 - Avenida Alcântara Machado Os cinco passageiros que subiram no trólebus no sentido bairro e foram para os assentos traseiros ainda estavam lá. Nenhum deles havia pago em dinheiro. Enquanto ouve os bipes eletrônicos dos bilhetes friccionados contra a catraca tecnológica, com seus circuitos elétricos trocando informações dali para lá, Antonio, que adora história, admite a possibilidade de sua profissão tornar-se, em breve, parte do passado. Segundo a SPTrans, dos 9,6 milhões de embarques diários, 576 mil são pagos com dinheiro, representando 6% do montante. Isso significa que os 19.341 cobradores teriam sido necessários, em média, 30 vezes por dia. Porém desde que Toninho passou pela Praça da República até o ponto final, no Jardim Vila Formosa, teve de cobrar apenas duas passagens. Os cobradores custam 800 milhões de reais por ano segundo João Doria, enquanto o valor pago em dinheiro nas catracas equivale a 798 milhões de reais anuais. O sistema é composto por 14.425 veículos que percorrem 85,5 milhões de quilômetros por mês, e em 2017 transportaram 2,4 bilhões de passageiros até outubro, de acordo com a SPTrans. Das 1.336 linhas, a mais utilizada é a que transita entre o Largo do Paissandu, no centro, e a Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.

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Ao passar pelo Viaduto Alcântara Machado, na direção da Radial Leste, o cearense Toninho se diz satisfeito pela relação que tem com São Paulo, cidade que o acolheu quando veio de sua terra natal, Crato, e que ele continua a admirar pela janela do ônibus, com ou sem sua Benq na mão. Entre seus devaneios, conta a história da Rua do Gasômetro, que inaugurou a iluminação a gás nas vias paulistanas, e fala sobre Vadico, parceiro esquecido de Noel Rosa, que nasceu por ali, ‘‘pelos lados do Brás.’’ Toninho poderia muito bem ser um guia turístico pelo entusiasmo com o qual vai transmitindo seus conhecimentos. Esse fascínio, contudo, não o impede de detectar as más intenções em algumas pessoas que entram no seu trólebus. O cobrador já teve seu caixa assaltado (curiosamente na Rua Conselheiro Furtado) e ganhou malícia com o tempo. — A gente percebe quando a pessoa senta perto da catraca, chega perto do ponto, vai passar e não tem dinheiro. Ou vem com nota de 50 reais três vezes seguidas e não tem troco. A cara da cidade muda e o cobrador vê o muro branco pintado com o símbolo grená do Clube Atlético Juventus. Ele se dá conta de que acabara de entrar em um mundo à parte dentro de São Paulo: o tradicional bairro da Mooca.

Parada 5 - Rua dos Trilhos Toninho é o mais paulistano dos cearenses. Migrou para São Paulo com os pais — uma professora e um pintor de paredes — aos sete anos. Morava no Jardim Colorado, próximo à Avenida Sapopemba, a maior via da cidade, com seus 45 quilômetros de extensão. Fez até o segundo ano do colegial no bairro e então cursou Retífica no Senai, enquanto estagiava em metalúrgicas — o que hoje pode fazê-lo se aposentar mais cedo por conta da insalubridade. — A empresa era patrocinadora [do Senai]. Na época tinha um salário mínimo para estudar. De um salário mínimo [quando fui efetivado], passei a ganhar dez, alguma coisa assim. Quando saiu da empresa, foi indicado para ser auxiliar de estoque na Rede Zacharias de Pneus. Não se importou em trabalhar com um setor que nada tinha a ver com o seu. Galgou carreira durante 11 anos e tornou-se encarregado de compras após passar por diversos departamentos. E as câmeras não foram a única inovação tecnológica da qual ele fez parte. Toninho se diz uma das primeiras pessoas a usar internet no Brasil, no período em que trabalhava na Rede Zacharias, pois lidava com computadores para suas tarefas enquanto “ninguém sabia ainda o que era”. Na mesma época, a empresa ofereceu-lhe a chance de fazer um curso de inglês e uma faculdade, mas ele não aproveitou.

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— Pensava: “Vou estudar para quê? Sou encarregado de compras”. Então, você acaba perdendo várias coisas pelo caminho… Quando foi demitido, em 2000, continuou otimista. Sabia na prática como era o funcionamento de uma empresa por dentro e acreditava estar suficientemente qualificado. No entanto, nenhum dos possíveis empregadores que o entrevistaram pensavam o mesmo. Perguntavam onde ele havia estudado, mas Antonio não tinha ensino médio ou faculdade. Ele ainda tentou lecionar informática, mas a popularização dos computadores o fez perder o emprego novamente. — Como eu vim a ser cobrador? Foi por acaso. Na época, estavam contratando. Foi uma coisa bem simples, me deram 30 contas de troco. Na minha cabeça ia ser uma coisa momentânea, para suprir a necessidade da época. Só que aí vai passando o tempo e você acaba se acomodando. Não foi apenas no campo profissional que Toninho sofreu revezes. Antes de conhecer Roseli, ele teve duas noivas que morreram de maneiras trágicas. A primeira, em um acidente de trânsito do qual ele soube pela televisão. A segunda, por uma bala perdida em um assalto. — Dói, mas é inevitável. Na hora você perde as estruturas — Toninho: lida muito bem com a morte. Toninho sabe se adaptar e colocar a vida de volta aos eixos depois de sofrer perdas, assim como o trólebus, que segue seus cabos elétricos saindo da Rua dos Trilhos.

Parada 6 - Avenida Regente Feijó — Olha ali atrás daquela faculdade! — aponta de dentro do trólebus. — Lá fica a casa do Regente Feijó. Era uma senzala também! — animadamente, ele conta a história da residência tombada que está fechada, abandonada e “com a maior batalha jurídica” por ser em um dos bairros com o metro quadrado mais caro na cidade, o Jardim Anália Franco. Apesar de seu fotolog ter sido descontinuado pelo Terra em 2013, fazendo Toninho perder muitas de suas fotos, ele jamais deixará o hábito de contar histórias. Com a popularização das máquinas fotográficas e a mudança da linha da Gentil de Moura para a Terminal Carrão, o cobrador foi deixando as fotos de lado. Completou o ensino médio no supletivo Educação para Jovens e Adultos (EJA) e surpreendeu a todos em 2011 ao prestar o Enem. Tudo para começar uma faculdade que ele ainda não tinha certeza de qual seria. — Eu passei 30 anos sem estudar. E aí fui ver a nota e só dava Letras, Pedagogia e Marketing. Jornalismo não dava e História também não, que eu queria dentro das minhas opções. Aí acabei fazendo Pedagogia.

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Sua escolha foi certa. O cobrador se apaixonou pela profissão, descobrindo mais um de seus dons. Durante as férias de um mês, estagiou na Escola Municipal Cleómenes Campos, onde Ana Carolina, sua filha de nove anos, estuda. Antes mesmo de entrar na escola, ela já estava alfabetizada, pois Toninho a ensinara utilizando o método de Paulo Freire, aprendido na faculdade.

— Fiquei um mês na sala e olha, vou te falar, você acaba se apegando.

Toninho foi um dos dois homens a se formar na turma dominada por mulheres na Faculdade Sumaré do Tatuapé. Em 2015, após quatro anos sendo alvo de brincadeiras amistosas por parte das garotas de sua sala, terminou a faculdade. — Peguei o diploma, a colação, e falei: “E aí, e agora?” Quero ver se eu faço uma pós, alguma coisa assim. Você começa a estudar e abre novos horizontes, conhece outras pessoas, ideias diferentes, acaba se tornando aquele cidadão crítico. Hoje eu tento passar essa experiência de que vale a pena você estudar. Enquanto sua aposentadoria não chega, o ônibus acompanha Toninho. Expansivo nos gestos, com voz grave e articulado, ele segue seu caminho contando, orgulhoso, a própria história. Sua trajetória foi de altos e baixos, como as lombadas e buracos do asfalto por onde passa todos os dias sentado meio torto com o sorriso de prontidão para os passageiros, que, como os momentos da vida, vêm e vão.

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