Revista Entretê

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INDICE ENTRETE

Carta do leitor A fã número 1 Adorei a ideia da revista! Vocês são demais! Estava há muito tempo procurando uma publicação que fosse voltada para o público da minha idade. A revista de vocês vai ser que nem o Clark Gabriel tirando a camisa: sedutora. Sério, me senti se-du-zi-da pela ideia de uma revista que fala de Beatles a Atari, de cinema a literatura, tanta coisa. Não conhecia nenhuma revista que falasse de tudo isso ao mesmo tempo. Vocês vão fisgar o coração dos jovens com tantos assuntos e matérias interessantes. Ainda nem chegou às bancas, mas sei que vai se tornar a minha revista favorita. Queria sugerir uma matéria já pro número 2 da Entretê. Vocês perceberam que várias bandas de antigamente estão voltando a lançae discos nos últimos anos? Black Sabbath, Deep Purple, David Bowie, Judas Priest, Pink Floyd, AC/DC, e em breve The Who e Bob Dylan. Por favor, quero muito ler uma matéria de vocês sobre esse retorno dos gigantes, e o que vocês acham disso, se é bom ou ruim! Bem, acho que me empolguei e já falei demais. Espero que leiam minha carta! Beijos Luciana Nonato

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Revista Entrete Edição nº1 Expediente Publisher: Professor Toshio Editora-Chefe: Gabriella Baliego Editores assistentes: André Cáceres, Bruna Meneguetti, Érica Carnevalli e Joanna Cataldo. Repórteres: André Cáceres, Bruna Meneguetti, Érica Carnevalli, Gabriella Baliego e Joanna Cataldo. Revisão: Gabriella Baliego Diretor de arte: Professor Toshio Diagramação: André Cáceres, Bruna Meneguetti, Érica Carnevalli, Gabriella Baliego e Joanna Cataldo. Diretor Comercial: Carlos Costa Direção Executiva: Carlos Costa

EDITORA CASPER 7


GAMES

o crash de 1985 o dia em que os videogames morreram por: andré cáceres ocê já deve ter ouvido falar do crash de 1983, certo? Pois vamos entender um pouco melhor como começou essa história e ver como ela se desdobra até os dias de hoje. Voltemos para o fim dos anos 70, nos primórdios dos videogames. Após o surgimento dessas máquinas, com o Magnavox Odyssey sendo o principal produto da época, entramos na segunda geração no final da década. O grande expoente desse período é o famoso e saudoso Atari 2600, pelo qual os jogadores mais antigos nutrem uma grande nostalgia. Lançado em 1977 nos Estados Unidos, ele prosperou por vários anos, fazendo com que a Atari crescesse num ritmo absurdo entre 1980 e 1983. Os números são imbatíveis até hoje: em três anos, a empresa pulou de um faturamento de US$75 milhões para inacreditáveis US$2 bilhões! No entanto, essa expansão desenfreada teve

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seus custos. A indústria de games ainda engatinhava, mas a atratividade, o rápido crescimento e as expectativas de lucro fizeram com que muitas empresas se aventurassem por esse caminho ainda inexplorado. O problema é que a mão de obra dos desenvolvedores era extremamente desvalorizada e os jogos estavam sendo feitos sob condições cada vez mais precárias para atender a demanda. A quantidade de consoles lançados era cada vez maior e a concorrência com os computadores pessoais começava a ameaçar os aparelhos que tinham como única função rodar jogos. E a qualidade dos títulos lançados ficava menor à medida que os salários dos programadores era ínfimo e o reconhecimento pelo trabalho era nulo. Em 1979, alguns funcionários da Atari decidiram sair da empresa e fundar a Activision, o primeiro estúdio third-party da história.

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Não havia nenhum tipo de licenciamen- de brinquedos, cartas, motéis – você não leu to para estúdios independentes lançarem errado de novo – e até utensílios domésticos, jogos em consoles como existe hoje. Então mas o grande sucesso veio com os videogavários desenvolvedores passaram a criar ou- mes. Após o Color TV Game e o portátil Game tras produtoras e fazer seus games por conta & Watch, a Big N, que ainda não era tão “big” própria, o que começou a minar o lucro das assim, planejou um console de baixo custo e fabricantes. Nesse cenário de iminente crise hardware potente para os padrões da época. – apesar do crescimento já citado -, a Atari, O Family Computer, ou Famicom, foi sem seus principais funcionários, não conse- lançado em 1983 no Japão, e oferecia proguiu mais emplacar bons games. cessador de 8 bits. Com o aparelho, era Dois casos emblemáticos foram o de Pac possível jogar sucessos da Nintendo como -Man e ET. A empresa conseguiu o direito de Donkey Kong, arcade clássico de 1981, no lançar um dos games conforto de casa. A mais bem sucedidos estratégia foi muito dos fliperamas em seu bem elaborada, pois console, mas a adaptao console cruzou o ção foi feita às pressas, oceano em direção sem mão de obra quaao quase extinto lificada e com pretenmercado norte amesões demais – a Atari ricano e concedeu produziu mais jogos um Phoenix Down à do que havia vendido indústria de games. Esse controle salvou a indústria de games de aparelhos projetando um sucesso inimagiO Nintendo Entertainment System, tamnável e acabou arcando com um enorme pre- bém conhecido como NES ou Nintendinho juízo, pois o game foi um fracasso. para os íntimos, chegou à terra do Tio Sam Em 1982, o esperado game ET: Extra-Ter- em 1985 e reacendeu o desejo pelos consoles retial, baseado no clássico de Steven Spiel- caseiros com jogos como Super Mario Bros., berg, foi feito em um tempo reduzidíssimo e lançado no mesmo ano. Foi em 1986, no endas 4 milhões de unidades fabricadas, ape- tanto, que um boom de grandes lançamentos nas 500 mil foram vendidas. A Atari enter- começou e ajudou a impulsionar a Nintendo rou – literalmente – o resto do estoque após e a indústria de games como um todo. o fiasco. Com um erro após outro, as finanThe Legend of Zelda, Kid Icarus, Dragon ças da empresa, que só crescia, começaram Quest e Super Mario Bros.: The Lost Levels a declinar até que a maior companhia de comandaram o retorno à todo vapor, e a asgames da época praticamente faliu e levou censão da Sega com o Master System, que a indústria de games ao colapso. Mas você, chegou aos Estados Unidos em junho de 86, caro leitor, que olha pro lado e observa seu contribuiu para que seu Playstation,Wii ou Xbox, Playstation ou Wii, deve estar se per- Xbox esteja na sua estante te observando de guntando por que ele está aí, firme e forte. volta. Não sabemos se os consoles vão exisCom a derrocada da Atari, todas as fabrican- tir para sempre. Mas eles só estão vivos hoje tes americanas de consoles também sofreram os por decisões que foram tomadas, e poderiam efeitos de uma indústria desorganizada e caóti- ter desaparecido também por decisões. ca. Dessa forma, as desenvolvedoras indepenÉ importante acompanhar esse cenário e dentes não tinham uma plataforma confiável estar atento às mudanças que possam ocorpara lançar seus produtos e também estavam rer. Videogames são feitos para divertir, ameaçadas. Em meio a esse pânico generaliza- sim. Mas estão inseridos em um contexto do, a salvação veio do outro lado do mundo. maior, e precisam se submeter às lógicas da Fundada em 1889 – você não leu errado -, indústria. Nós, gamers, temos que comprea Nintendo passou por incursões no mercado ender o que acontece por trás de tudo isso.

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MUSICA

´ A MUSIC

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urt Donald Cobain nasceu em Aberdeen, no estado de Washington, pequena cidade próxima a Seattle , em 1967. Um dos anos chave da história do rock, foi quando saiu o revolucionário “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, assim como os álbuns de estreia de The Doors, David Bowie, Pink Floyd e do conterrâneo Jimi Hendrix. Maior cidade do noroeste americano, Seattle foi o berço do gênero que viria a ser conhecido como grunge. Inspirado numa mescla dos elementos de punk, heavy metal e garage rock, o movimento começou a aparecer em meados da década de 1980 e ganhou força total no início da década seguinte, quando recolocou o rock nas paradas de sucesso após um período árido. Junto a nomes como Pearl Jam, Alice In Chains, Soundgarden e Mudhoney, foi o Nirvana quem popularizou o gênero e elevou o gênero. Encabeçada pelo rapaz magro de cabelos loiros que cantava letras melancólicas com vocais rasgados em meio a acordes agressivos e timbres sujos, a banda estreou em 1989 com o álbum “Bleach”, lançado pelo lendário selo Sub Pop. Apesar do sucesso restrito ao cenário independente, o trabalho já dava a cara que viria a seguir misturando melodias grudentas ao barulho ensurdecedor das guitarras. Para a surpresa de todos, a banda estourou do dia para a noite no final de 1991 com o lançamento do segundo álbum “Nevermind”, após assinar com uma grande gravadora. O trabalho, que conta com os hits “Smells Like Teen Spirit”,

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“Come As You Are”, “In Bloom” e “Polly”, tornou-se rapidamente um clássico do rock. Em 1993, “In Utero” manteve o padrão de qualidade do antecessor, mas a banda já demonstrava claros sinais de desgaste. Mesmo no auge da carreira, os problemas pessoais de Kurt Cobain afetavam sua convivência com os companheiros. As frequentes discussões, o uso desenfreado de drogas, o relacionamento inconstante com a esposa Courtney Love, a depressão do músico e sua desilusão com o sucesso culminaram em um acontecimento trágico no dia 5 de abril de 1994. Com uma ascensão meteórica e uma morte polêmica, a vida de Kurt Cobain foi intensa e encontrou um ponto final inesperado. Há 20 anos, seu suicídio marcava o fim de uma era que mal havia começado e já dava frutos significativos para a música. Um tiro disparado contra a própria cabeça encerrou de maneira dramática a carreira de um dos grandes ídolos do rock nos anos 1990. Existem teorias conspiratórias sem evidências conclusivas de que Cobain teria sido na verdade assassinado. O interesse em torno do caso é grande, com documentários e diversos artigos tratando do assunto, mas a polícia de Seattle desmente qualquer possibilidade de hipótese contrária à de suicídio. Só podemos imaginar o impacto do Nirvana num mundo pós-internet. Duas décadas após a morte de Kurt Cobain, a banda continua influenciando o rock e talvez teria se tornado ainda maior se sua carreira não tivesse sido interrompida.

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Não estranhe um título em inglês numa lista de álbuns nacionais. Antônio Carlos Jobim estreou no mercado norte-americano em 1963 com esse disco, que foi lançado em terras tupiniquins no ano seguinte. “Maysa” – Maysa

discos brasileiros que fazem

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Um dos álbuns responsáveis pela popularização internacional da bossa nova, o trabalho conta com faixas clássicas de Ary Barroso, Vinícius, Tom, Dorival e até mesmo participação de Jobim no piano. A parceria do saxofonista norte-americano Stan Getz com o violonista e compositor brasileiro João Gilberto é indispensável para qualquer um que goste de boa música. “A Triste Partida” – Luiz Gonzaga

anos

1964 é o que se chama por aí de “ano cabalístico”. Foi o início da explosão internacional dos Beatles e do coroamento de Roberto Carlos com “O Calhambeque”. Sem falar no golpe militar, cuja influência na cultura brasileira se tornaria cada vez maior nos anos seguintes. Eis uma seleção com cinco discos que completam meio século em 2014. Confira:

Segundo álbum do mestre, lançado após o fundamental “Samba Esquema Novo”, esse disco de 1964 traz a sonoridade característica do início da carreira do sambista, já com alusões ao malandro e com direito à canção que é praticamente uma reciclagem do hit “Mas Que Nada”. Ouça “Nena Naná” e tente não se lembrar do maior hit de Jorge Ben.

“Sacundin Ben Samba” – Jorge Ben

“The Composer of Desafinado, Plays” – Tom Jobim

Gravado em 1963 durante uma antológica temporada da cantora pela boate carioca Au Bom Gourmet, o disco “Maysa” foi lançado no ano seguinte, sendo o primeiro registro ao vivo da intérprete. No trabalho, Maysa vai de Tom Jobim a Adoniran Barbosa, passando por Dolores Duran e Cole Porter em uma performance incrível. “Getz/Gilberto” – Stan Getz e João Gilberto

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Enquanto as rádios eram dominadas por garotos de Liverpool e artistas da bossa nova, Luiz Gonzaga lançou em 1964 “A Triste Partida”, um LP que trazia a famosa “Ave Maria Sertaneja”, que emociona multidões até hoje. A mescla de canções tristes e alegres é exposta com “Cantiga de Vem Vem”, um xote rápido e animado. Nesse disco também foi lançada a primeira composição de Gonzaguinha, “Lembrança de Primavera”.

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Teste

Qual é seu estilo musical?

Seus pais acham que chegou a hora de você escolher um curso fora da escola para ocupar o tempo livre. Você escolhe um curso de: 1- Guitarra ou bateria para realizar o grande sonho de ter a sua banda 2- Pintura, afinal você adora pesquisar sobre artes e cultura em geral 3- Modelo e manequim. Quem sabe você ainda não vai ser uma Top? 4- Jura que tem que ser um curso? Não pode ser uma aula de aerofunk na academia!?

Como seria o seu parceiro ideal? 1- Um cara bem popular, que se vista bem e me leve pras melhores nigths 2- Aquele gatinho que tem disposição, sarado, que me leva pra dançar e malhar todo dia 3- Que de preferência saiba conversar e me leve pra lugares sossegados com lareiras, redes, natureza.... 4- Esse caras mais tímidos, que não chamam tanta atenção. Normalmente andam com a mesma galera e fazem parte de alguma banda O carnaval está chegando. A primeira coisa que você pensa em fazer é: 1- Juntar desesperadamente todas as economias para partir pra Bahia com as amigas e perder a conta de quantos beijos deu 2- Planejar uma viagem para uma região serrana, sem barulho, pra curtir a natureza 3- Aproveitar essa semana de férias pra passar horas no shopping escolhendo o visual mais fashion pra conquistar aquele cara mais gato da escola 4- Ficar em casa baixando centenas de músicas com o fone bem grudado no ouvido pra abstrair qualquer barulho de bloco de carnaval, coisa que te irrita mais que tudo Você ganhou uma grana extra da família no Natal. Imediatamente você: 1- Começa a bolar qual vai ser a sua próxima tatoo

A sua cor preferida é: 1- Verde, que lembra a natureza, só traz energias boas 2- Preto, que também é a cor da maioria das suas roupas 3- Rosa, a melhor cor para os acessórios 4- Qualquer cor quente: amarelo, laranja, vermelho, cores que lembram o verão

2- Sai para comprar aqueles livros que você já queria há um tempão 3- Viaja pra Salvador 4- Fica desesperada pois precisa descobrir que presente comprar para aquele gatinho que você sempre sonhou em ficar Quando você está em casa sem nada pra fazer você: 1- Se pendura no telefone pra botar todos os papos em dia com as amigas 2- Liga o rádio e fica viajando, dançando sozinha, inventando altos passos! Só não vale parar de se mexer. 3- Senta na rede e começa a escrever poesias e letras de música ao som daqueles cds que seu pai ouve e que você também adora 4- Assiste clipes das suas bandas preferidas e navega na internet pra saber tudo sobre cada integrante delas.

Como você se vê daqui a 20 anos? 1- Muito bem casada, em uma casa própria com seus filhos, e bem sucedida na carreira que escolheu 2- Não sei se vou estar casada ou não, formada ou não, só sei que vou estar super em forma! 3- Vou estar freqüentando todas as festas como VIP pois serei uma artista famosa 4- Me reunindo em casa com meus eternos amigos, ouvindo um som e fazendo muito barulho.

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Teste De 10 pontos até 20 - Você é POP Volut aut odiaspicil idi torum ut ipienis tiusam quos derum que explab ipsam, qui invendignis sequas aute magnihi llabo. Velliberunti aut expliquunt dolectem autet facit, untotas resequi te audit ut ut fugitiatur, cus, voluptae pore atusdam quiaturem rerspe pora ilibearum velestiandes utet volupit reped magnat eos audi.

Até 10 pontos - Você é ROCK!

Everate modi aut volestincia corepta verchilit es ex et ut molupta turibus res sapitae vel ma quia santestem. Nequam quissit iostiisquos dolum nulparchita quiste poreicil ipsunt plaborem hitae est libus, tempore ndissit omnis nissit ulligendi doluptas aut dolorpo rehenis qui cuptat. Aquam, iusaped quamendem dolupisquae volut ilibus serumqu atioribus, et, ulluptatur, alibus velibus untem. Harum fuga.

De 30 pontos ou mais - Você é ÉCLÉTICO!

De 20 a 30 pontos - Você é SERTANEJO! Nam que nihitate senimus aecepratem quibus

Etur mosam verferumqui dolorum autem re voluptatent dolo officae volo voloribusam ex exernam, cone dolupic te con rerfernam reiciisquo volore corporia volorpori omnitas dolest derum fugita quis magnam descipide voluptat doles audis ipidebitem volori de quasimin pra dolupta temolup tation con cus assus nossi am, si verumendae officia tatecearum et aut verfera ectempe rferum quas derrumquis auta sequi blatqui ut.

modia digni quos ex es aliciis quistoremqui cullecto od que rendaest endi sim quunt quisit laut faceperum aut occae re volo mint quo que nonseque si accabo. Et el excerchitet rae cor sini qui corehendam, secta illore incteceri con pelleste cum quo exceat. Otatiur? Ibus sequi voluptatist ame dolectem fugia non et quatint remo di odignati cores dusanditiis dus et in repudit et occae laborem. Namet ditio et volupt.

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PERFIL

Profissional de números e amante de letras

Por: André Cáceres e Bruna Meneguetti Crédito das fotos: Bruna Meneguetti

“Técnico em Eletrotécnica, Bacharel em Matemática, atuando como Analista de Sistemas, casado e com dois filhos”. Essa poderia ser uma definição simplista da vida de Ademir Moreno Aguilar, mas, por trás de seus olhos claros e seu sorriso espontâneo, há muito mais do que um mero homem trabalhando com as ciências exatas. Ele ganha a vida com os números, mas tem sua verdadeira paixão nas letras: escreve livros infantis, contos e crônicas por puro prazer. Sua história com a escrita vem de muito cedo, mas começou para valer quando ele estava no cursinho. Acostumado aos textos burocráticos das redações de vestibular, o jovem estudante teve dificuldades para chegar às quatro páginas demandadas pelo primeiro concurso literário em que se inscreveu, em 1984. A partir daí, o tamanho das obras só aumentou. A primeira boa colocação surgiu em 1987, no II Prêmio Jorge Andrade e, três anos depois, venceu as duas primeiras edições do Concurso Municipal de São Caetano do Sul. Talvez por incentivo desses prêmios recebidos ou pela personalidade estressada, que expressa de forma tragicômica em seus escritos, Ademir já chegou a largar o

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emprego em que estava para ter de volta o que sentia falta e era essencial para sua escrita: o ócio. “Depois percebi que me dediquei mais procurando um trabalho de meio período para ter algum tempo do que escrevendo, e voltei à velha rotina”. Teria dado ainda mais certo se não tivesse desistido? Não há como saber. O fato é que o escritor ficou entre os três melhores no concurso “Los Niños Del Mercosur”, em 2008, disputando com autores de toda a América do Sul, e viu seu conto “Extinção” ser publicado em português e espanhol. Mas veio também a era digital, e Ademir começou a escrever em seu blog “Conto Gotas” histórias de até 500 palavras para se adaptar ao ritmo corrido de sua vida e aos novos tempos em que ninguém mais tem tempo para leitura. Os olhos verdes que mostravam um mundo habitado e o universo grandioso que há dentro daquele homem não poderiam desmentir que ele é um escritor. Trazendo à tona o lado humano das ciências exatas, o improvável autor premiado, com seus cabelos grisalhos e suas roupas confortáveis, admite redigir os melhores relatórios entre os funcionários da empresa. “As pessoas

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PERFIL

técnica em algo agradável de ler”, conta ele, que sente o ego massageado pelos elogios. Talvez pelo fato de lidar com números em sua carreira, ele tenha tanta afeição por um em específico: o 36, que considera místico em sua vida, e foi tema de uma de suas crônicas. Vários fatos marcantes ocorreram no minuto trinta e seis, como a última página escrita de seu primeiro livro, a hora de envio de e-mails que decidiam finalmente algo importante e o conjunto do prédio onde trabalha atualmente. Mas toda essa história começou no seu primeiro emprego com carteira assinada. Às 17h36 minutos, quando estava prestes a ir embora para casa, Ademir estabeleceu para si um monte de regras e, com elas, parou de gaguejar por 50 dias. “Quando voltou a acontecer, foi no telefone, na casa de uma cliente. Para não demonstrar a dificuldade, evitava dizer muitas coisas, mas dessa vez tive que falar e deveria ser rápido. Lembro exatamente da cara com que a mulher me olhou e como me senti péssimo nesse dia”, conta o escritor. Apesar de Ademir ter uma memória incrivelmente boa, o que pode ter aparecido tanto devido aos números quanto à quantidade de leituras, o escritor tenta nos convencer que esta é meramente uma impressão. Porém, não consegue. Além de outros detalhes ele lembra o dia

exato em que sua mãe sugeriu a profissão que talvez teria seguido. “Foi apenas uma vez que ela citou o jornalismo e eu lembro bem como isso logo foi convertido para uma teoria hipotética e abstrata. Um gago repórter?”, conta o escritor, lamentando a falta de conhecimento na época e provando que às vezes devemos fazer o que gostamos, mesmo que as circunstâncias apontem para outros caminhos. O interessante é que Ademir nesse sentido não é muito “tal pai, tal filho”, pelo menos não sobre a falta de incentivo que teve. Por incrível que pareça, na família do analista de sistemas Ademir todos têm seu lado artístico e ele os apoia. Sua mulher, Marisa da Silva Moreno, é dona de casa e poetisa, com diversos poemas publicados em antologias, um livro de poesias próprio e uma história infantil escrita em versos, num livro dividido com o marido. A filha Monise é estudante de artes na Universidade de São Paulo e exibe desenhos espalhados pela casa. A residência é um capítulo à parte. Localizada num bairro afastado de São Caetano do Sul, no ABC paulista, que transmite a sensacão de lugar interiorano no meio de uma cidade agitada, a casa abriga, além dos cachorros e de um porquinho da índia, uma passagem secreta por dentro de um guarda-roupa para um salão

com uma mesa de pingue-pongue, o que revela um dos hobbies do homem que usa o tempo do fretado para escrever. Leonardo, o filho mais novo, ainda não demonstrou aptidão clara para o universo artístico, mas foi fundamental para ajudar Ademir a driblar a gagueira, quase imperceptível hoje em dia, e se aceitar. Tal fato ocorreu há pouco tempo, cerca de um ano. Para ele, “um filho às vezes vem pra gente ajustar umas questões mal resolvidas”. Hoje Ademir pode dizer em alto e bom som que sim, “a vida é bela”, ouvir o gracejo da filha dizendo “como a vida é bela, meu filho nasceu gago”, rir disso e agora falar sobre isso sem problemas. Não é para menos. Ele pensava que só iria superar a gagueira quando deixasse de ser gago, mas descobriu que era possível se curar de algo incurável. Para ele, é como a questão da doença apareceu em um dos filmes do Monty Python, quando dizem que a mulher de cadeira de rodas está curada e ela não se levanta, mas está com “cara de quem se curou”. Por isso, “ às vezes o empecilho continua lá, mas você passa a aceitá-lo, então é como se tivesse se curado, não da

Capa do primeiro livro publicado de Ademir

Ademir posa na frente da pintura que sua filha fez na parede da sala

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Segundo livro publicado. Dessa vez, infantil. doença, mas do mal que ela te faz, o que pode ser o essencial em muitos casos”, conta Ademir se dizendo curado pelo menos umas três vezes durante os encontros. Foi também no transporte público que ele se deparou com um livro sobre a lenda judaica dos 36 justos. Segundo esse mito, existe essa quantidade de pessoas justas no planeta, e nenhuma sabe que está nesse seleto grupo, porque são muito humildes para desconfiar. Quando um morre, Deus precisa encontrar outro. Ele tenta quebrar a barreira do ceticismo de seus interlocutores contando também várias coisas que aconteceram no minuto 36. “Parece loucura ou coincidência, mas eu olho no relógio, e está lá. Outro dia ele parou e a Marisa viu”, arregala os olhos, “no semáforo com contagem de segundos, sempre paro no trinta e seis”, conta. No radar que fiscaliza a velocidade, no relógio que para, no semáforo com cronômetro, em situações banais ou singulares, o 36 sempre está presente. Talvez ele esteja certo mesmo, e as aparições não sejam apenas trivialidades. Essa pode ser realmente uma soma mágica para Ademir, amante de lettras.

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LISTAS


LISTAS

Discos 1 - Jethro Tull: Thick as a Brick

videoGames

1 - The Legend of Zelda: Twilight Princess 2 - Super Mario Galaxy 3 - Red Dead Redemption 4 - Pac-Man 5 - Warioware: Smooth Moves 6 - Earthbound 7 - The Elder Scrolls v: skyrim 8 - Grand Theft auto v 9 - chrono trigger 10 - Crash bandicoot 3 11 - the world ends with you 12 - kirby canva’s curse 13 - no more heroes 14 - shadows of the damned 15 - assassin’s creed ii 16 - assassin’s creed: brotherhood 17 - limbo 18 - the last of us 19 - okami 20 - muramasa: the demon blade 21 - child of light 22 - metal gear solid 4 23 - journey 24 - the legend of zelda: majora’s mask 25 - tetris

2 - Shades of Deep Purple: Deep Purple 3 - Elf: Elf 4 - Time out: The Dave Brubeck Quartet 5 - Disraeli Gears: Cream 6 - Unknown Pleasures: Joy Division 7 - Parallel Lines: Blondie 8 - New York Dolls: New York Dolls 9 - Abbey Road: The Beatles 10 - How to Dismantle an Atomic Bomb: U2 11 - The La’s: The La’s 12 - Favourite Worst Nightmare: Arctic Monkeys 13 - Que País É Este: Legião Urbana 14 - Rock N’ Soul: Solomon Burke 15 - Mamonas Assassinas: Mamonas Assassinas 16 - Coisas: Moacir Santos 17 - Ritchie Blackmore’s Rainbow: Rainbow 18 - Led Zeppelin IV: Led Zeppelin 19 - Master of Puppets: Metallica 20 - (What’s The Story) Morning Glory?: Oasis 21 - Paranoid: Black Sabbath 22 - Appetite for Destruction: Guns N’ Roses 23 - Samba Esquema Novo: Jorge Ben 24 - Ideologia: Cazuza 25 - Meus Caros Amigos: Chico Buarque 34

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LISTAS

FILMES

Livros

1-A Malvada (1950) 2- Aconteceu Naquela Noite (1934) 3-Amar foi Minha Ruína (1945) 4-Cinema Paradiso (1988) 5-Gilda (1946) 6-A Ponte de Waterloo (1940) 7-Laranja Mecânica (1971) 8-Uma Aventura na Martinica (1944) 9-O perfume de uma mulher (1991) 10-E o Vento Levou.. (1939) 12-Bela e a Fera (1946) 13-Andy Warhol’s Bad (1977) 14- Y Tu Mamá También (2001) 15- Marnie, as confissões de uma Ladra (1964) 16-Ele e as três noviças (1969) 17-A Trilogia do O Poderoso Chefão 18-Cantando na Chuva (1952) 19-Juventude Transviada (1955) 20 -O pagador de promessas (1962) 21- A Triologia de Matrix 22-A Origem (2009) 23-Dogville (2003) 24-O Jardineiro Fiel (2005) 25- Caindo na Real (1994)

1 - Dom Casmurro : Machado de Assis 2 - 1984 : GEorge Orwell Livros 3 - O Guia do Mochileiro das Galáxias : Douglas Adams 4 - Inferno : Dan Brown 5 - A Arte da Guerra : Sun Tzu 6 - Second Sight : David Williams 7 - Spartacus : Howard Hast 8 - O Morro dos Ventos Uivantes: Emily Bronte 9 - Dama das Camélias : Alexandre Dumas Filho 10 - Helena : Machado de Assis 11 - Capitães da Areia : Jorge Amado 12 - Rebecca : Daphne du Maurier 13 - Meu pé de Laranja Lima : José de Vansconcelos 14 - Revolução dos Bichos : George Orwell 15 - O Cortiço : Aluísio de Azevedo 16 - O Caçador de Pipas : Khaled Hosseini 17 - A Moreninha : Joaquim Manuel de Macedo 18 - O Apanhador no Campo de Centeio : J. Salinger 19 - Orgulho e Preconceito : Jane Austen 20 - Os miseráveis : Victor Hugo 21 - O Cão Dos Baskervilles : Arthur Doyle 22 - Guerra e Paz : Tolstoi 23 - Cem Anos de Solidão : GABRIEL GARCIA MARQUEZ 24 - Madame Bovary : Gustave Flaubert 25 - Admirável Mundo Novo : Aldous Huxley 36

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Cinema

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o Vento Levou começou sua história há 75 anos atrás. Três diretores passaram pela produção do filme, mais de 1000 atrizes concorreram pelo papel da espevitada Scarlett O’Hara e muitos dos atores, como Leslie Howard e Clark Gable, não se sentiam confortáveis em seus designados papéis. Continue a folhear este especial e descubra o que torna esta película a “essência de Hollywood.”

aGabriella Baliego

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Cinema

Cortesia de A.M.P.A.S.

“Eu interpretarei Scarlett O’ Hara.” eria com essa afirmação que a novata atriz Vivien Leigh deixaria para trás filha e marido para convencer David O. Selznick, produtor do filme ...E o Vento Levou, a dar o papel da protagonista que ela sabia merecer.

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ntes, porém a personagem somente existia nas 1000 páginas do livro da escritora Margaret Mitchell. A concepção da história começou em 1926 quando Margaret sofreu um acidente de carro e precisou ficar meses de repouso. A lenda conta que seu marido havia se recusado a lhe comprar mais livros e insistiu que ela fizesse outra coisa para se distrair. O livro, no entanto, continuou sendo trabalhado por dez anos. Quando perguntada sobre o andamento da novela, Mitchell dizia: “Está uma droga”. A autora nem ao menos pensava em publicá-lo, mas quando uma amiga escutou que ela planejava escrever um livro e disse: “Você? Escrevendo um livro?”, Margaret ficou irritada e mandou seu manuscrito para Harold MacMillan, um editor de livros, no dia seguinte. Arrependida, ela pediu o manuscrito de volta, porém já era tarde demais. Assim que tudo foi acertado, Mitchell passou os próximos meses editando sua novela e enfim o livro “E o Vento Levou” foi oficialmente lançado em 30 de junho

“Great balls of fire!” “Francamente, querida, eu não dou a mínima.”

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Ganhadora

Vivien Leigh ganhou o Oscar de Melhor Atriz em 1940 por sua interpretação de Scarlett.

de 1936. No mesmo ano, David O’Selznick comprou os direitos do livro e começou sua busca pela atriz perfeita para interpretar Scarlett O’Hara. Lucille Ball, Katharine Hepburn, Susan Hayward e inúmeras outras tentaram conseguir o papel, mas somente depois de dois anos procurando uma interpréte foi que a britânica Vivien Leigh conseguiu uma audição. David teve que defender a sua escolha inúmeras vezes e quando uma pesquisa foi feita com o público para saber quem preferiam interpretando Scarlett, Leigh conseguiu somente um voto. Inspiração em Cynara Antes de se decidir pelo nome final do livro, Margaret havia pensado em “Amanhã é um outro Dia” e até em “Ba!Ba! Ovelha Negra.” Finalmente se decidiu ao ler a 13º linha do poema de Ernst Dowson, chamado Cynara. Eu esqueci muito, Cynara. E o Vento Levou.”

“Fiddle-dee-dee!”

A escolha de Clark Gable foi mais simples. Ele foi convencido a fazer o papel, pois assim conseguiria se divorciar de sua atual esposa, Rita, e casar com Carole Lombard. Separar-se de sua mulher custaria muito caro e fazendo esse favor ao estúdio, Gable conseguiu se casar com Carole em um fim de semana de folga das gravações do seu mais novo filme. Um tanto escandaloso para a época, diga-se de passagem. Outros atores foram considerados para o papel, como o ator Gary Cooper que famosamente afirmou: “Só fico feliz que seja Clark Gable que esteja arruinado e não eu”. Leslie Howard, que interpretava o alvo da paixão não correspondida de Scarlett, Ashley Wilkes, estava descontente com seu papel. Considerava-se muito velho para o personagem e nem se incomodou em ler o livro que inspirou o filme. Butterfly McQueen, que interpretava a servente Prissy, também desprezava o esteriótipo de sua personagem, porém ficou contente ao saber que com seu salário ela conseguiria pagar sua faculdade.

Hattie McDaniel, a famosa Mammy, foi a única negra com um papel de destaque do filme que disse não se importar com a retratação de sua personagem. Sobre isso ela afirmou que preferia interpretar uma empregada do que ser uma. As filmagens do filme começaram em 26 de janeiro de 1939 com a direção de George Cukor que trabalhou com Selznick na pré-produção do filme por dois anos. No entanto, ele foi despedido três semanas após o início por divergências no roteiro. Outros dizem que o fato de ele ser homossexual também influenciou sua demissão. David então convidou o diretor Victor Fleming para terminar a película e sua visão desgradou Vivien, já que ele queria transformar Scarlett em uma “vadia sem emoções.” Em segredo, tanto ela quanto Olivia DeHa-

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As lendAs por trás do filme

“Amanhã é um outro dia.”

1. Vivien Leigh e Clark Gable relaxam entre as filmagens do filme. 2.Os olhos de Leslie Howard, Olivia e David sobrepujam Vivien ao assinar seu contrato. 3. Butterfly McQueen, a esquerda, e Hattie McDaniel gravando mais uma cena em sua amada Tara.

“Com coragem suficiente, você pode sobreviver sem uma reputação.”

villand, que interpretava a doce Melanie, falavam com Cukor sobre suas atuações e o andamento do filme. Sam Wood ocupou o lugar de Fleming por duas semanas, devido a exaustão, e no final nem ele e nem George foram creditados deixando que a estatueta de melhor filme fosse ganha por Fleming. Um dos primeiros longas-metragens de Hollywood filmado em cores, ...E o Vento Levou foi tão preciso que consertou a cor dos olhos de Vivien em sua pós-produção, já que seus olhos eram azuis e os de Scarlett eram verdes. O filme então estreiou em 5 de dezembro de 1939 em Atlanta e o elenco negro não pode comparecer. Clark Gable, grande amigo de Hattie incialmente se recusou a aparecer na première, mas ela conseguiu convencê-lo

“Você deveria ser beijada, e frequentemente, por alguém que saiba como.” ao contrário. Hattie teve enfim sua vingança quando se tornou a primeira negra a ganhar um Oscar de melhor atriz coadjuvante. Críticos consideraram o filme como uma obra de arte que se tornou um clássico do cinema com até a autora aprovando a atuação de todos os atores. Tanto sucesso atraiu rumores de uma continuação que Margaret nunca teve intenção de escrever. No entanto, em 1991 foi lançada uma sequência autorizada chamada “Scarlett” e uma minisérie com nome de “E o Vento Levou 2” foi criada, mas não alcançou a fama esperada. Indicado a 13 Oscars e ganhador de oito, com mais dois honorários presenteados e uma bilheteria que se convertida hoje continuaria reinando como o filme mais rentável de todos os tempos, ...E o Vento Levou é a obra hollywoodiana definitiva.a

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´ Musica aul Stenning- tirando o fato Pfantasma, de ser um biógrafo, escritor pesquisador e jorna-

Arquivo pessoal

lista- é uma daquelas pessoas que não conseguem esconder seu amor pela música, mesmo que tentasse. É inegável que seus maiores triunfos como escritor são seus livros biográficos sobre as bandas de rock n’ roll e metal que mais ama. Sua confiança em seu trabalho e sua incansável pesquisa e revisão de fatos quando está escrevendo um livro o deu o título de “O escritor mais trabalhador no show business”, algo que fica cada vez mais evidente ao ler esta entrevista. Afinal, Paul é a ovelha metaleira de sua família e não se arrepende nem um pouco. Nem um pouco mesmo.

pessoal em geral ou como um ouvinte do obscuro e perigoso heavy metal. Quando eu tinha 15 anos, minha mãe pediu para o meu irmão mais velho ter “uma conversa” comigo para tentar me persuadir a parar de escutar essas músicas. Eu o mandei se catar. Depois disso, eles perceberam que não havia jeito de me impedir e desistiram.

Paul Seu amor pelo rock é evidente.

a Gabriella Baliego: Quem ou o

aGB: Eu li em uma entrevista que

ano do colegial e um dos meus amigos comprou a fita que tinha acabado de sair. Claro que eu não pude evitar escutar e amar [Appetite for Destruction] logo de cara! Depois disso, a partir dos mesmos amigos, eu comecei a escutar Iron Maiden e outras bandas como: Twisted Sisters W.A.S.P ,Kiss, Thin Lizzy e outros desse gênero. a GB: Os seus pais apoiavam seu

bPS: 1º) Em retrospectiva, você acha que foi um erro transformar Guns n’ Roses numa banda feita somente para grandes shows? (2ª) Qual música e letras do seu passado que você tem mais orgulho? (3ª) Como a elite poderosa que controla o negócio da música te impactou como pessoa? a GB: Você escreveu o Robert Pat-

quê o fez se afeiçoar pelo gênero a pessoa que você mais gostaria de musical de rock/metal? entrevistar seria o Axl Rose [vocabPaul Stenning: A primeira lista da banda de hard rock Guns verdadeira banda de rock que eu n’ Roses]. Hipoteticamente, se essa escutei foi o Guns n’ Roses quan- entrevista acontecesse e só fosse do Appetite for Destruction foi permitido fazer 3 perguntas a ele, lançado. Eu estava no primeiro o que você perguntaria?

N

esta entrevista, o biográfo e jornalista britânico Paul Stenning conta sobre seu ínicio no mundo do rock e que a pessoa que mais gostaria de entrevistar seria o polêmico Axl Rose, vocalista do Guns N’ Roses. Ficou curioso? Leia e descubra mais sobre essa ovelha metaleira de uma “careta” família comum.

gosto musical ou você tinha que tinson Album. Por que você quis escutar escondido suas músicas? fazê-lo?Quais foram suas razões? bPS: Não, eles não me apoia- E como a proposta foi desenvolviram de jeito nenhum, nem como da?

aGabriella Baliego

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bPS: Eu não quis fazê-lo tanto assim, o meu editor é que me pediu para fazê-lo. Eu já estava trabalhando na biografia do Metallica e isso [Robert Pattinson Album] era algo que eles precisavam ser feito rapidamente. Foi legal ter a chance de escrever algo totalmente diferente no meio do processo de escrever tudo sobre o Metallica. aGB:Eu sei que você está tra-

balhando em um livro que sairá nesse verão [inverno em Brasil] Você pode dividir conosco alguns detalhes?

bPS: Há dois livros que eu estou escrevendo. Um é a autobiografia de Ray Robinson [pugilista estadunidense] e se chama The Sheriff [em tradução livre O Xerife] e é uma história violenta sobre seus contos quando trabalhava como segurança e lutava além da época em que era um boxeador. Eu estou trabalhando também em meu próprio projeto, no qual eu mesmo lançarei! Eu não posso revelar muito sobre ele, mas ele inclui Jason Newsted [ex-baixista do Metallica] e Joey Tempest [vocalista da banda Europe]! Há também muitas outras pessoas envolvidas que não fazem parte do mundo da música. aGB: Você tem um grande número

de brasileiros que são fãs de seus livros. Você gostaria de nos mandar alguma informação valiosa ou pelo menos um ‘olá’? bPS: Bem, muito obrigado, eu não sabia disso! Eu recebo muitos e-mails de fãs brasileiros e de outros países, mas é muito difícil para eu saber quantas pessoas leem meus livros. Muito obrigado! d

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Cinema

CR Í T I C A Robocop

Alguns anos no futuro, Detroit no estado de Michigan é quase uma distopia à beira do colapso devido à ruína financeira e à criminalidade descontrolada. Para escapar ao colapso, o presidente da câmara da cidade assinou um acordo com a megacorporação Omni Consumer Products (OCP), dando-lhes o controle das forças policiais arruinadas, em troca de permitir à OCP demolir as secções degradadas de Detroit e construir uma cidade utópica, a “Delta City”, uma cidade-estado independente gerida pela corporação. Este movimento irrita os policias, agora sobre ordens da OCP, que ameaçam fazer uma greve, mas a OCP começa a avaliar outras opções para a aplicação da lei. O número 2 da OCP, Dick Jones (Ronny Cox), oferece o andróide ED-209. Mas o robô, por uma simples má interpretação, mata um membro do conselho durante a demonstração. O presidente da OCP, “O Velho” (Dan O’Herlihy), decide então que o projecto experimental de nome “RoboCop” seja o escolhido, como sugerido pelo jovem Bob Morton (Miguel Ferrer), enfurecendo Jones. No entanto, é necessário um policial recém-falecido para o protótipo RoboCop. Com isso em mente, a OCP atribui tarefas aos policias para as zonas mais violentas da cidade, à espera que algum morresse no cumprimento do dever. Um desses oficiais é Alex J. Murphy (Peter Weller), que é parceiro de Anne Lewis (Nancy Allen). Na sua primeira patrulha juntos, ambos perseguem um grupo liderado pelo cruel Clarence Boddicker (Kurtwood Smith), que acabara de assaltar um banco, seguindo-os para uma fábrica de siderurgia abandonada. Quando Murphy e Lewis são

Michigan é quase uma distopia quase caótica

Alguns anos no futuro, Detroit no estado de Michigan é quase uma distopia à beira do colapso devido à ruína financeira e à criminalidade descontrolada. Para escapar ao colapso, o presidente da câmara da cidade assinou um acordo com a megacorporação Omni Consumer Products (OCP), dando-lhes o controle das forças policiais arruinadas, em troca de permitir à OCP demolir as secções degradadas de Detroit e construir uma cidade utópica, a “Delta City”, uma cidade-estado independente gerida pela corporação. Este movimento irrita os policias, agora sobre ordens da OCP, que ameaçam fazer uma greve, mas a OCP começa a avaliar outras opções para a aplicação da lei. O número 2 da OCP, Dick Jones (Ronny Cox), oferece o andróide ED-209. Mas o robô, por uma simples má interpretação, mata um membro do conselho durante a demonstração. O presidente da OCP, “O Velho” (Dan O’Herlihy), decide então que o projecto experimental de nome “RoboCop” seja o escolhido, como sugerido pelo jovem Bob Morton (Miguel Ferrer), enfurecendo Jones. No entanto, é necessário um policial recém-falecido para o protótipo RoboCop. Com isso em mente, a OCP atribui tarefas aos policias para as zonas mais violentas da cidade, à espera que algum morresse no cumprimento do dever. Um desses oficiais é Alex J. Murphy (Peter Weller), que é parceiro de Anne Lewis (Nancy Allen). Na sua primeira patrulha juntos, ambos perseguem um grupo liderado pelo cruel Clarence Boddicker (Kurtwood Smith), que acabara de assaltar um

Principais: 1ª, servir o interesse público; 2ª, proteger os inocentes; e 3ª, cumprir a lei. separados, Murphy é torturado e morto por Boddicker e seu grupo. Murphy é rapidamente declarado morto e seus restos mortais são escolhidos para o programa RoboCop. A RoboCop são dadas três directivas principais: 1ª, servir o interesse público; 2ª, proteger os inocentes; e 3ª, cumprir a lei. No entanto, foi colocada uma 4ª diretriz na programação de RoboCop, sem o conhecimento dos cientistas. RoboCop sozinho é eficiente e vai limpando Detroit do crime, e Morton é elogiado pelo seu sucesso, atraindo mais a ira de Jones. Boddicker, sob as ordens de Jones, eventualmente assassina Morton.que RoboCop exibe. neirismos curiosos que o próprio Murphy tinha, e percebe que RoboCop é de fato Murphy. O próprio RoboCop, após reencontrar em uma patrulha um dos membros do grupo de Boddicker, experimenta.

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banco, seguindo-os para uma fábrica de siderurgia abandonada. Quando Murphy e Lewis são Alguns anos no futuro, Detroit no estado de Michigan é quase uma distopia à beira do colapso devido à ruína financeira e à criminalidade descontrolada. Para escapar ao colapso, o presidente da câmara da cidade assinou um acordo com a megacorporação Omni Consumer Products (OCP), dando-lhes o controle das forças policiais arruinadas, em troca de permitir à OCP demolir as secções degradadas de Detroit e construir uma cidade utópica, a “Delta City”, uma cidade-estado independente gerida pela corporação. Este movimento irrita os policias, agora sobre ordens da OCP, que ameaçam fazer uma greve,

O presidente da câmara da cidade assinou um acordo

mas a OCP começa a avaliar outras opções para a aplicação da lei. O número 2 da OCP, Dick Jones (Ronny Cox), oferece o andróide ED-209. Mas o robô, por uma simples má interpretação, mata um membro do conselho durante a demonstração. O presidente da OCP, “O Velho” (Dan O’Herlihy), decide então que o projecto experimental de nome “RoboCop” seja o escolhido, como sugerido pelo jovem Bob Morton (Miguel Ferrer), enfurecendo Jones. No entanto, é necessário um policial recém-falecido para o protótipo RoboCop. Com isso em mente, a OCP atribui tarefas aos policias para as zonas mais violentas da cidade, à espera que algum morresse no cumprimento do dever. Um desses oficiais é Alex J. Murphy (Peter Weller), que é parceiro de Anne Lewis (Nancy Allen). Na sua primeira patrulha juntos, ambos perseguem um grupo liderado pelo cruel Clarence Boddicker (Kurtwood Smith), que acabara de assaltar.

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QUADRINHOS

Criada em 1959, a Turma da Mônica é hoje sucesso internacional

na época Marinho alegou que o custo dos suplementos de quadrinhos seria muito alto), lançado em março do mesmo, a primeira edição teve capa de J. Carlos (assim como O Tico-Tico, o Suplemento Infantil misturava tiras estrangeiras e brasileiras, desenhadas por artistas como Monteiro Filho) e após quinze edições, pela recém formada editora de Aizen, a Grande Consórcio de Suplementos Nacionais. Sendo um judeu nascido na Rússia, Aizen não poderia ter uma empresa no Brasil - segundo lei vigente na época, apenas nascidos em solo brasileiro poderiam ter tal privilégio, o jornalista havia forjado uma certidão de nascimento em que declarava ser bahiano, pois havia morado na Bahia durante a adolescência. Em 1936, o casal Helena Ferraz de Abreu e Maurício Ferraz cria um suplemento diário de quadrinhos para ser publicado em vários jornais do pais13 , em 1937, o tabloide publicou pela primeira vez no país as tiras de O Fantasma de Lee Falk14 , também foram pu-

Maurício de Souza, o criador da Turma da Mônica blicados no suplemento João Tymbira Em Redor do Brasil e uma adaptação de O Guarani de José de Alencar, ambos escritos e desenhados por Francisco Acquarone ambos

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de quadrinhos e, ao voltar ao Brasil, conheceu Arroxelas Galvão, representante da King Features Syndicate. Galvão tentará, desde 1932, vender tiras para os jornais brasileiros; a exceção foi o jornal Diário de Notícias que publicava as tiras de Popeye (que foi rebatizado como Brocoió). Aizen negociou com Galvão e assim foi o responsável por publicar pela primeira vez as tiras de aventura de Flash Gordon. Publicado inicialmente pelo jornal A Nação (após ser recusado por Roberto Marinho, do jornal O Globo, onde Aizen trabalhava;

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Em Setembro de 1929, o jornal A Gazeta cria um suplemento de quadrinhos no formato tabloide, baseado nos Suplementos dominicais de quadrinhos americanos; no mês seguinte, a Casa Editorial Vecchi (uma editora de origem italiana)12 lançou a revista Mundo Infantil, porém o sucesso dos suplementos se deu em 1934 com a criação do Suplemento Infantil de Adolfo Aizen. Aizen trabalhava nos jornais O Globo e nas revistas O Malho e O Tico-Tico; após viajar para os Estados Unidos, conheceu os suplementos

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Quadrinhos no Brasil

“A Turma da Mônica arrecada uma boa quantia anualmente, só com produtos licenciados como fraldas, maçãs, brinquedos, sabonetes, e até material para construção”

O Menino Maluquinho, de Ziraldo, já foi adaptado para o cinema, teatro e televisão publicados em 1938, ano em que o jornal seria cancelado13 . Acquarone é mais conhecido

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publicados em 1938, ano em que o jornal seria cancelado13 . Acquarone é mais conhecido pelo trabalhos de pintura e por livros de história da arte15 . Em 1937, Roberto Marinho entra em contato com Aizen (com quem não falava há três anos) e lhe propõe uma parceria: ambos distribuiriam suplementos de quadrinhos (impressos nas gráficas do O Globo) em vários jornais do país. Aizen recusou a ideia, e em junho do mesmo ano, Marinho lança O Globo Juvenil, suplemento dirigido por Djalma Sampaio, auxiliado por Antonio Callado e Nelson Rodrigues, Rodrigues chegou até mesmo a roteirizar uma adaptações de O Fantasma de Canterville de Oscar Wilde,publicado em 1938 e O Mágico de Oz de L. Frank Baum em 1941, ambos desenhados por Alceu Penna, Franciso Acquarone, passa ser um dos desenhista do tabloide. No mesmo ano,

Aizen cria a revista Mírim; uma novidade da revista foi a utilização do formato comic book ou meio-tabloide e o jornal A Gazetinha começa a publicar o arco de história de A Garra Cinzenta, de Francisco Armond e Renato Silva, uma série com forte influência dos pulps de mistério e ficção científica. no mesmo ano de 2007, Renato Silva havia iniciado sua carreira nas histórias em quadrinhos, publicando nas páginas do Suplemento Juvenil16 17 , uma história um personagem surgido nos pulps, o detetive Nick Carter18 . A Garra Cinzenta foi publicada até 1939, totalizando 100 páginas19 , e posteriormente foi publicada no mercado franco-belga, na revista Le Moustique com o título La Grife Grise; na época franceses e belgas achavam que a história fosse de origem mexica-

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Cinema

Entre a câmera e o lixo Marcada pela pornochanchada, a Boca do Lixo desafiava a Ditadura Militar.

O cineasta Ozualdo Candeias filmando “Bocadolixocinema”, filme de 1976. floresceu e se expandiu na pornochanchada dos anos 1970, com musas como Helena Ramos, Sandra Bréa, Vanessa Alves, Patrícia Scalvi, Nicole Puzzi, Zilda Mayo. Comédias, dramas, policiais, faroestes, filmes de ação e de kung fu, terror, entre outros, foram gêneros explorados pelo cinema da Boca, sem deixar de lado o uso restrito do erotismo. Produtores como Antônio Polo Galante, David Cardoso, Nelson Teixeira Mendes, Juan Bajon, Cláudio Cunha, Aníbal Massaini Neto, entre outros, ficaram milionários com esse tipo de cinema.4Alguns tiveram sucesso

Do diretor Daniel de Oliveira, “Boca “ foi premiado internacionalmente. A Boca do Lixo é umaregião não oficial do centro da cidade de São Paulo caracterizada por ter se tornado um polo da indústria cinematográfica nas décadas de 1920 e 1930, quando empresas como a Paramount, a Fox e a Metro se instalaram na região. Durante as décadas seguintes, essas companhias atraíram distribuidoras, fábricas de equipamentos especializados, serviços de manutenção técnica e outras empresas do ramo cinematográfico

para as redondezas, o que transformou a Boca em um verdadeiro reduto do cinema independente brasileiro, desvinculado dos incentivos governamentais. Durante aqueles anos, era comum ver homens guiando carroças carregadas de latas de filmes pelas vias públicas.1 . A Boca está localizada no bairro da Luz, em um quadrilátero que inclui a Rua do Triumpho e suas adjacências. Nos anos 1990, parte desse quadrilátero veio a ser chamada de Cracolândia

e se tornou uma da regiões mais degradadas da cidade de São Paulo. Algumas fontes citam a região como sendo o fim da rua Augusta.2 3 Muitos cineastas, como Carlos Reichenbach, Luiz Castelini, Alfredo Sternheim, Juan Bajon, Cláudio Cunha ou Walter Hugo Khouri, tinham clara proposta autoral em seus filmes, mas a produção da Boca ficou mesmo caracterizada pelos filmes baratos e que tinham forte apelo sexual. Ela

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“Entre 1920 e 1930, empresas como a Fox e a Paramount se instalaram na Boca” Durante as décadas seguintes, essas companhias atraíram distribuidoras, fábricas de equipamentos especializados, serviços de manutenção técnica e outras empresas do ramo cinematográfico para as redondezas, o que transformou

a Boca em um verdadeiro reduto do cinema independente brasileiro, desvinculado dos incentivos governamentais. Durante aqueles anos, era comum ver homens guiando carroças carregadas de bilheteria, entre os quais A Viúva Virgem, de Rovai, e Giselle, de Victor di Mello. Em raras exceções, esses filmes eram sucesso entre a crítica, que preferia os filmes mais voltados à questão social, de diretores surgidos no Cinema Novo e nos anos 1970, integrados à Embrafilme, que produzia filmes com incentivo estatal. Brasil trouxe de volta o filme de sexo explícito, o que acabou

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´ Musica

50 a n o s da b eAT L E M A N I A

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o ano de 1964, quatro garotos de Liverpool, na Inglaterra, conseguiram consolidar sua fama ao serem atrações no show do apresentador Ed Sullivan em 9 de fevereiro do mesmo ano. Ao tocaram apenas cinco músicas, os Beatles já tinham conquistado milhares. E meio século depois, o feito continua.

gGabriella Baliego 58

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´ Musica Astrid Kirchherr

“A qualidade vocal dos Beatles pode ser descrita como uma incoerente rouquidez, com a miníma enunciação necessária para comunicar seus textos esquemáticos.” bTheodore Strongin, New

York Times. 10 de fevereiro de 1964 Início

Os Beatles em 1962, dois anos antes da almejada fama internacional.

los de roupa para se adaptarem a persona bad boy cultivada por John Lennon. Como Paul e George estudavam em uma escola diferente da deles, Lennon resolveu que aquele nome não fazia mais sentido e a banda passou por uma sucessão de nomes, até que The Beatles foi decidido unanimamente como a mais nova denominação da banda. Com Pete Best na bateria e Stuart Sutcliffe no baixo, os Beatles partiram para uma série de shows em Hamburgo, Alemanha, em 1960. Lá eles conheceram alguém que influenciou o visual da banda, a fotográfa Astrid Kichhnerr, que foi a primeira a mostrar-lhes o penteado que se tornaria a marca registrada da banda nos anos 60. Ela, porém, discorda e diz que: “ Muitos garotos alemãos tinham esse corte. Stuart teve por um tempo e depois os outros garotos o copiaram.” Astrid também começou a namorar Stuart, largando seu namorado por ele. Depois de algum tempo de namoro, “Stu”

que no mesmo ano se tornaria pai de Julian, seu filho com Cynthia Powell, com quem era casado desde 1960. Mesmo com uma fama local, os Beatles estavam longe de serem considerados maiorais na indústria musical. O alvo era os Estados Unidos da América, a terra das possibilidades e do sucesso instantâneo. Brian Espstein tentava de todas as maneiras convencer os produtores americanos a darem uma chance para seu quarteto. Entrando em contato com Ed Sullivan, apresentador de talk-show famoso nos EUA, o agente do grupo conseguiu convencer Ed a dar uma chance para o grupo de que ele já havia ouvido falar e considerava promissor. Resolveu ceder-lhes um quadro no seu programa e foi assim que a história da banda se eternizaria para sempre. A viagem dos Beatles para a América não foi fácil. George desembarcou do avião em agonia, devido a sua forte gripe e somente conseguiu subir no palco sob a dosagem de pesados medicamentos. Apesar disso, em 9 de fevereiro de 1964, o grupo estava pronto para as camêras. Eles iniciaram o show com “All My Loving, ode de Paul a sua então namorada Jane Asher, e os gritos de histeria que se seguiram fizeram com que fosse quase impossível de que as outras quatro músicas fossem ouvidas. Se antes o quarteto tinha um reconhecimento considerável, agora eles eram as maiores estrelas que a América já havia visto, depois do rei Elvis Presley. Críticos começaram a resenhar suas opiniões desdenhosas so-

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bre a banda logo um dia após sua grande aparição e muitos afirmavam não entender tanta comoção por uma simples banda britânica. Contudo, com as fãs aumentando e a necessidade de maior exposição se empilhando, a banda estrelou o filme “A Hard Day’s Night” (precariamente traduzido em português como “Os Reis do Iê Iê Iê.”). A história é basicamente sobre o auge da denominada beatlemania. Divulgação

A

história dos Beatles começou em 1957 com a vontade de John Lennon em começar uma banda, devido ao seu amor pela música e pelo rei do rock, Elvis Presley. Em março do mesmo ano, John empolgado com a nova onda de músicas do rock que estava se popularizando, resolveu formar uma banda com alguns de seus amigos da escola. Chamados de The Black Jacks, o quinteto conseguiu algumas apresentações usuais em casamentos e quermesses locais. Logo depois, eles resolveram mudar o nome para The Quarrymen em homenagem a escola que frequentavam. O encontro com um dos membros definitivos dos Beatles aconteceu em em julho de 1957, quando Ivan, amigo de Lennon, o apresentou a Paul McCartney. Um ano mais novo e com uma cara de “bebê”, Lennon receiou a lhe dar uma chance, mas assim que o ouviu tocar mudou de ideia. Foi aí que uma das parceirias mais bem sucedidas e emblemáticas da música se iniciou. Amigo de Paul, George Harrison, dois anos mais novo entrou na banda em 1958. Tanto ele quanto Paul mudaram seus esti

resolveu sair da banda e morar definitivamente na Alemanha, com Astrid e viver como um pintor. O grupo ficou triste com a perda, pois quem eles gostariam que saísse era Pete, quem eles não consideravam que se encaixava na banda. Foi então que em 19 de agosto de 1962, a formação definitiva dos Beatles se concretizou. Ringo Starr, baterista da banda Rory Storm and the Hurricanes foi abordado pelo agente da banda, Brian Epstein, para ocupar o lugar deixado por Best. No começo, inúmeras fãs em Liverpool vaiavam Ringo, mas assim que perceberam seu talento, passaram a amar o seu mais novo integrante. John, George, Paul e Ringo combinavam. Seus humores e suas piadas eram similares e cada um acabou designado com uma persona. George era o “beatle quieto”, Paul era o “beatle bonitinho”, John era o inteligente e Ringo era o engraçado. Já em novembro, os Beatles gravaram seu segundo single “Please, Please Me” que alcançou o primeiro lugar nas paradas britânicas. Logo depois a canção “Love me Do” começou a fazer sucesso também e a fama nacional dos Beatles se consolidou. Outra marca para a vida profissional do “Quarteto Fabuloso” foi a apresentação no Royal Variety Performance em 1963, onde Lennon famosamente exclamou: “ Para a próxima canção vamos pedir ajuda da plateia. As pessoas nos lugares baratos podem aplaudir. O resto pode chacoalhar suas joias.” Somente um gostinho do humor ácido dele,

O fim? O pioneirismo da banda continua a inspirar outros músicos.

Foi no set de filmagens que George conheceu sua primeira mulher, a modelo Pattie Boyd. John e Ringo foram os únicos a não se interessarem por mulheres famosas, com Ringo depois se casando em 1965 com Maureen Cox, uma adolescente e assistente de cabelereira.Eles tinham muito em comum, pois acredite ou não, Ringo queria abrir um salão de cabelereiro antes de ser um Beatle. Em 1966, o grupo começaria sua mais nova fase: a espiritual. Influenciados pelas vertentes religiosas indianas, e com uma pequena ajuda de LSD, os Beatles entrariam de cabeça em sua fase amadurecida com o álbum Sgt.

Pepper’s Lonely Hearts Club Band de 1967. Oriundos de uma classe média trabalhadora, os integrantes do grupo se apoiavam um nos outros e se consideravam como uma grande família em turnê. Com a morte de Espstein em 1967, as desavenças outrora controladas começaram a transparecer em seus trabalhos. O disco Let it Be e o filme homônimo, gravados em 1969 mostram as brigas do grupo, seja por composições ou por problemas pessoais. Foi então quem em 1970, Paul entrou com uma ação judicial para a dissolução do grupo que acabou com uma das bandas mais bem sucedidas de todos os tempos e que também reafirmou seu lugar na cultura da música. Inúmeros filmes foram inspirados na trajetória da banda como BackBeat, o Garoto de Liverpool e o filme The Wonders, dirigido por Tom Hanks, que conta a história de uma banda fictícia que coincide em vários fatos com o quarteto de Liverpool que conquistou o mundo. E ganhou os corações de fãs que, ainda após 50 anos, insistem, sem troca alguma, a darem seu amor a tais rapazes oito dias por semana. b

SurpreSa! Essa matéria ainda não acabou! Vire a página e descubra canções que foram feitas ou atribuídas as primeiras garotas oficiais de nossos queridos rapazes de Liverpool.

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^ CRONICAS

O que deveria ter sido dito à Rapunzel

- Que droga de vida. Eu estou aqui esperando nessa torre do castelo e absolutamente ninguém aparece para abrir essa única porta ou assoviar de lá de baixo. Não sei para quê cultivar essa trança estúpida. Estou tão infeliz. – Rapunzel sibilava como uma criança de seis anos, resmungando por todas aquelas incoerências, enquanto apoiava a cabeça na sua mão. - Quanto mais você bancar a coitada, mais a vida vai te dar motivos para ser uma de verdade. Rapunzel assustou-se, olhou na direção que o som vinha e percebeu uma mulher de meia idade sorrindo. - Quem é você? – Perguntou sem hesitar. - Meu nome é Realidade, mas você pode me chamar de Rê. - Está certo, Rê. Mas você não me serve. Agora, por favor, saia daqui para que alguém realmente possa me salvar. - Escute aqui, garota estúpida. – Rapunzel arregalou os olhos e parou de enfeitar a trança.

nha e infeliz. - Você pode continuar sozinha, mas jamais infeliz. Pode ter a melhor pessoa do mundo ao seu lado, mas ela não vai lhe bastar se você não se fizer feliz. Rapunzel cerrou os olhos. Ela estava mesmo colocando muita responsabilidade em alguém, tantas vezes ela acordou sozinha naquele castelo e foi capaz de cantar e dançar. Tantas vezes ela riu e se entreteve sem ninguém. Determinada, ela andou até a cadeira de madeira e a pegou, olhou mais uma vez para a mulher na sua frente: - Mas e se... - Sempre há o risco de você quebrar a mão. – A mulher interrompeu impaciente. Rapunzel andou para trás, tomou impulso enquanto segurava a cadeira e correu. Um som de madeiras batendo tomou todo o cômodo, Rapunzel caiu um pouco tonta. Atrás da porta e da cadeira caídas estava uma enorme escada e ela desceu sem pensar duas vezes. Logo atrás estava Realidade sorrindo. Quando terminou de descer viu que um rapaz estava olhando a torre, Rapunzel começou a gargalhar. - Se você veio para me salvar, chegou tarde. Não preciso ser salva. – Empinou o nariz ao terminar de dizer. - Você estava lá dentro sozinha? – O homem a olhou encantado, surpreso e temeroso. Encantado pela beleza que estava diante de seus olhos, surpreso pelo tom com que ela lhe dirigia a palavra e temeroso por ela ter ficado presa naquele lugar. - Estava. Mas adivinhe só? Ninguém pode ser responsável pela minha felicidade, não acha que estou colocando muita responsabilidade em cima de você ao esperar que você me salve? A realidade não pôde conter o riso ao seu lado, enquanto isso o homem tentou dizer em vão: - Mas eu... Não terminou a frase, Rapunzel cortou sua fala como se sua voz fosse uma faca afiada. - Eu não preciso de ninguém para ser feliz, posso perfeitamente ser feliz sozinha. Por isso, vou pegar este cavalo e ir embora. Espero que você também não deposite toda a responsabilidade de sua infelicidade em mim e não diga que eu sou a causa de todo o seu sofrimento. Mas se

– Será que você não percebeu que nunca tentou forçar a porta? Vai mesmo ficar aí parada esperando que alguém a salve, que alguém a faça feliz? Não acha que está colocando muita responsabilidade nas mãos de alguém? Rapunzel foi esquivando para trás, as perguntas ricocheteavam nela. Tentar forçar a porta? - Não teria força para arrombar a porta. – Disse irresoluta no seu parecer. - Já tentou pegar aquela cadeira de madeira maciça? – A mulher apontou. - Eu poderia quebrar minha mão tentando abrir a porta com isso. - A questão não é essa, garota. Há sempre o risco de quebrar a mão. Mas eu não sei por que estou falando tudo isso para você, realmente você acha que a responsabilidade de toda a sua infelicidade é de alguém que deveria ter chegado e ainda não chegou? - Mas e se eu conseguir abrir a porta? O que eu farei depois? É óbvio que vou continuar sozi-

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quiser fazer isso, a porta da torre está aberta. Dito isso, ela montou no cavalo e saiu a galope enquanto a Realidade fazia uma careta. - Rapunzel? – De alguma forma Rê estava logo atrás da garota impetuosa, mas ela sequer se atreveu a olhar para trás. - Agradeço o que você fez por mim Rê, mas eu não preciso de ninguém para ser feliz. – Ela segurava firmemente as rédeas enquanto sentia o vento acariciar o seu rosto. - Rapunzel. - Rê, dispenso sua companhia agora. Não quero pôr a responsabilidade de minha felicidade em cima de você. - Rapunzel! – A Realidade gritou em uma voz tão aguda que o cavalo se assustou, empinou-se e Rapunzel não conseguiu se segurar, escorregou até encontrar o chão. - Você está louca? – Disse Rapunzel enquanto tentava ajeitar o vestido e se levantar. – Eu poderia ter quebrado a minha mão! - Sempre há o risco de você quebrar a mão. – Realidade argumentou um pouco entediada com toda aquela situação. - Por que fez isso? – A garota ainda estava um pouco tonta e mexia no pulso, provavelmente verificando que estava tudo bem. - Escute aqui, garota estúpida. Quem você acha que é? Só porque conseguiu abrir uma porta velha e cheia de cupins está achando que não precisa de ninguém para nada? Só porque conseguiu sair de uma torre idiota, percebendo que estava bancando a tonta, agora decidiu ser mais tonta ainda. Rapunzel a olhou: - Do que você está falando? Foi você mesma que disse que eu deveria sair da torre e não precisava de ninguém para ser feliz. Realidade bufou, soprando alguns fios que estavam na frente de seu rosto. - Sente-se um pouco. – Ela segurou a mão da garota. – Eu não disse isso. Eu disse que só você tem o poder de decidir quando vai ser feliz, mas realmente você acha que poderia ser feliz completamente sozinha? – Rapunzel ainda a olhava confusa. – Você realmente acha que saindo nessa floresta sozinha, não precisaria da ajuda de ninguém e que seria capaz de conversar apenas com as árvores?

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Cinema

Curso gratuito leva conhecimentos básicos da sétima arte para jovens de 15 a 20 anos

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o som dos trovões, uma garotinha se encolhe em um canto qualquer. Com a respiração ofegante e o olhar aterrorizado, ela tem de enfrentar seu pior medo: o monstro da chuva. “Ao Som da Chuva” é um dos curtas-metragens produzidos pelos alunos do projeto “É Nóis Na Fita”, um curso de cinema gratuito que leva aos alunos de cinco escolas municipais da capital conhecimentos básicos de direção, roteiro, produção, som e edição. O projeto começou a ser pensado há seis anos por Eliane Fonseca, atriz e diretora, que na época se dedicava cada vez mais a sua função como professora universitária. A ideia original era rodar o Brasil levando ensinos e práticas cinematográficas a jovens de cidades onde esse tipo de informação não existia. Para isso, se reuniu com professores e profissionais do meio para fazer o curso de cinema itinerante acontecer. Após alguns ajustes no programa original, o curso chegou ao seu formato atual. Idealizado para jovens entre 15 e 20 anos, o projeto contempla adolescentes de zonas carentes de São Paulo. Com carga horária total de 16 aulas, ao final do curso, os alunos são intimados a produzir o seu próprio curta-metragem, colocando em prática tudo o que aprenderam sobre manuseio de câmeras, técnicas de roteiro, capacitação de som e muito mais.

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Foto: Victor Luiz Araújo

Por Érica Carnevalli, Gabriella Baliego e Joanna Cataldo

Com o patrocínio do Banco Bradesco, em 2013, o projeto foi para frente. O primeiro CEU (Centro de Artes e Esporte Unificado) a participar foi o Quintal do Sol, na Zona Leste de São Paulo. O sucesso veio rápido, com média de 80 a 100 candidatos inscritos para cada curso. Leonardo Kedhi, da equipe de produção do projeto, conta, “o mais importante é que pudemos contar com o envolvimento de todos que participaram, e participam, das aulas. Só para ter uma ideia, 2 turmas de ex -alunos já decidiram seguir em frente, formaram grupos de trabalho e já estão produzindo seus próprios filmes.”

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Foto: Victor Luiz Araújo

Cinema

“Apresenta o que é cinema, como ele funciona, todos com uma boa ideia e simples recursos nas mãos conseguem transmitir suas ideias, sua histórias e verdades através da linguagem cinematográfica” - Sofia Sales,

aluna do Nóis na Fita

uma maneira de criar oportunidades para adolescentes carentes, mas também como uma forma de fortalecer o mercado cinematográfico em expansão no Brasil. Sobre esse assunto, Leonardo afirma que “o ritmo deve continuar pelos próximos anos”. Sofia Sales, uma das alunas do curso, também

é toda elogios à iniciativa. “Apesar de o curso ser de curta extensão, leva muito a sério a finalidade de se passar conhecimento, aproximar nós, jovens, da área e apresentar o que é cinema, como ele funciona, e como todos com uma boa ideia e simples recursos nas mãos conseguem transmitir suas ideias, sua histórias e verdades através da linguagem cinematográfica”, diz. E ainda frisa que, se pudesse, “faria de novo”. Devido a esse grande interesse de muitos estudantes, Leonardo conta que está nos planos recrutar os antigos alunos que quiserem ser estagiários no projeto. Além disso buscam a possibilidade de contatar profissionais para palestrarem em futuras aulas. “ Queremos algumas palestras dentro do curso, futuramente, talvez de história da arte, documentários e entre outros.” Com mais de 766 curtidas no facebook, “É Nóis na Fita” continua a atrair interessados e a desenvolver futuros jovens profissionais no cinema que possuem o “foco muito afinado na temática” que é essa experiência mobilizadora de vida.

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