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Margaret Mallory

O Pecador Returns of The Highlanders 2

Tradução/Pesquisa: GRH Revisão Inicial: Ana Claudia Revisão Final e Formatação: Ana Paula G.

Returns of The Highlanders 1-O Guardião(The Guardian) Após anos de luta no exterior, Ian MacDonald volta para casa para encontrar seu clã em perigo. Para salvar seus parentes, ele deve corrigir os erros do seu


passado. . . e reivindicar a noiva que renegou por muito tempo. Quando era menina, Sìleas via em Ian o seu cavaleiro de armadura brilhante. Mas quando sua tentativa de resgate comprometeu sua virtude perante o clã, Ian foi forçado a se casar contra sua vontade. Cinco anos depois, Sìleas transformou-se de uma menina estranha em uma mulher bela e independente, que sabe que merece mais do que o marido relutante que preferiu a guerra à ficar com sua jovem esposa. Agora, este Highlander diabolicamente belo está finalmente apaixonado. Ele quer uma segunda chance com Sìleas - e não vai aceitar um não como resposta.

2-O Pecador (The Sinner) Alex MacDonald é conhecido por sua habilidade como guerreiro, sua destreza com as mulheres, e sua promessa de nunca ter uma esposa. Mas agora o seu laird lhe pediu para fazer um último sacrifício: Casar-se com Glynis MacNeil, uma moça famosa por sua beleza. Desafiadora e rebelde, Glynis se recusa a apaixonar-se por outro canalha bonito. No entanto, quando os pecados do passado de Alex forçam uma união improvável, Glynis cede à tentação e se torna sua esposa. Será que a sua nova paixão será forte o suficiente para combater o inimigo que ameaça a sua casa, seu clã, e suas próprias vidas?

3-The Warrior Da Ilha de Skye aos campos de batalha da França, Duncan MacDonald nunca esqueceu o verdadeiro amor que deixou para trás. Considerado indigno da filha de um laird, Duncan abandonou a encantadora Moira para provar sua coragem em batalha. Agora, quando chamado para resgatá-la de um clã rival, uma coisa é certa: o que sente por Moira é mais forte do que nunca. Vendida em casamento a um homem violento, Moira fará de tudo para garantir que ela e seu filho sobrevivam. Quando um enorme guerreiro chega para salvá-la, acha que suas preces foram atendidas, até que percebe que é Duncan, o homem que há anos dilacerou seu coração e agora é sua única esperança. PREVISÃO DE LANÇAMENTO NO SITE DA AUTORA – OUTUBRO 2012

4-The Chieftain – PREVISÃO DE LANÇAMENTO NO SITE DA AUTORA - 2013 – Sem resumo.

PRÓLOGO EM UM NAVIO ao largo da costa leste da Escócia Maio 1515 ─Chorar não vai adiantar nada ─, disse a mulher. ─Tem que ficar quieta, se você quiser ir para cima. Claire enxugou os olhos em sua manga e se esforçou para ficar de pé. 2


─É melhor aprender a ser forte, onde você está indo─, disse a mulher, quando ela juntou suas saias para subir a escada de corda. ─Eles dizem que a Escócia é cheio de guerreiros selvagens que preferem cortar sua garganta a lhe desejar bom dia. Os degraus eram demasiado distantes para as pernas de Claire, e as saias pesadas da mulher roçaram sua cabeça enquanto ela subia. Quando o navio balançou, ela perdeu o pé. Por um momento, muito assustador, Claire balançou pelos braços, chutando o ar, até que o pé encontrou o degrau novamente. ─Eu não sei como os escoceses podem chamar a si mesmos de cristãos─, a mulher disse em uma voz abafada acima dela ─, quando têm fadas más se escondendo atrás de cada pedra. Finalmente, uma rajada de ar frio da noite bateu no rosto de Claire e soprou o cabelo para trás. ─Não fale com ninguém─, disse a mulher, agarrando o pulso de Claire em um aperto doloroso ─ ou a senhora vai me demitir, e então você não vai ter ninguém para cuidar de você. Claire inclinou a cabeça para trás para olhar para as estrelas. Toda noite quando a mulher lhe trazia comida e lhe permitia subir a escada por um curto tempo, ela encontrava a estrela e fazia o seu desejo de ir para casa, para sua avó e seu avô. Ela não entendia por que seus avós tinham deixado esta mulher levála embora, ou porque, apesar de ter certeza que ela fez o seu desejo para a estrela mais brilhante, ela não se encontrara na sua própria cama pela manhã. Mas ela sabia que vovó e vovô não aprovariam como esta mulher estava cuidando da sua menina pequena especial. Portanto, esta noite, ela fez um novo desejo. Por favor, envie alguém melhor para cuidar de mim.

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CAPÍTULO 1 Na costa oposta DA ESCÓCIA NO DIA SEGUINTE ─Você é um demônio, Alex Bàn MacDonald! Alex pegou a bota que a mulher atirou em sua cabeça. Quando ele parou na escada para calça-la, outra bota bateu na parede de pedra atrás dele e saltou para baixo da escada. ─Janet, pode jogar minha camisa e meu kilt também, por favor?─ Perguntou. Seu cabelo escuro caiu por cima do ombro quando ela inclinou-se nas escadas para encará-lo. ─Meu nome não é Janet! Droga, Janet foi à última. ─Desculpe Mary─, disse ele. ─Tenho certeza de que você não quer que ninguém me veja saindo nu de sua casa, seja uma boa moça e jogue as minhas roupas para baixo. ─Você não sabe mesmo porque estou com raiva, não é? A voz da mulher agora tinha tom que o deixava nervoso. Deus, ele odiava quando choravam. Alex pensou em partir sem suas roupas. ─Preciso ir─ disse ele. ─Meu amigo está aqui com o barco, esperando. 4


─Você não vai voltar, vai?─ Mary disse. Ele não deveria ter vindo em primeiro lugar. Ele evitou Mary durante semanas, mas ela o encontrou na casa de seu pai ontem à noite, bêbado e desesperado. Depois de uma semana com seus pais, ele teria seguido um demônio para o inferno para escapar. ─Eu ia deixar meu marido por você, ─ Mary disse baixinho. ─Pelo amor de Deus, não faça isso!─ Alex mordeu a língua para não lembrar que foi ela quem começou o caso e deixou bem claro na ocasião que tudo o que ela queria dele estava entre suas pernas. ─Tenho certeza de que seu marido é um bom homem. ─Ele é um idiota! ─Idiota ou não, ele não vai gostar de encontrar roupas de outro homem em seu quarto─, disse Alex, falando com ela no mesmo tom que ele usava para acalmar os cavalos. ─Então, por favor, Mary, devolva-as para que eu possa ir. ─Você vai se arrepender, Alexander Bàn MacDonald! Ele já se arrependera. Sua camisa e o plaid flutuaram para baixo quando a porta bateu lá em cima. Enquanto se vestia, Alex tinha um sentimento amargo em seu peito. Na maioria das vezes, ele conseguia partir em bons termos com as mulheres que levava para a cama. Ele gostava delas, elas gostavam dele, e entendia que era só diversão. Mas ele calculou mal com aquela. ─Alex!─ Através da janela aberta, ouviu Duncan chamando da praia. ─Há um homem andando pelo caminho. Ponha seu rabo no barco! Alex pulou a janela e correu para o barco. Não estava em seu melhor momento. Ele tomou o leme enquanto Duncan levantava a vela, e se dirigiram para o mar aberto. Duncan estava de mau humor, mas ele sempre estava. Ele andou em torno do barco, para garantir que tudo estava amarrado, já estava. ─ Você não cansa dessas artimanhas com as mulheres?─ Duncan disse finalmente. ─Deus sabe que eu cansei. Alex estava muito cansado disso, mas não estava disposto a admitir. Em vez disso, ele disse: 5


─ Era mais fácil na França. Alex e Duncan, juntamente com os primos Alex, Connor e Ian, haviam passado cinco anos na França, lutando e se divertindo. Tinha sido muito bom. Uma vez que uma nobre francesa desse a seu marido um herdeiro, ninguém se importava, se ela discretamente tomasse um amante. Ah, era quase esperado que isso acontecesse. Na verdade, os Highlanders não eram mais propensos a manter os seus votos, mas as guerras e o derramamento de sangue do clã eram uma consequência muito frequente. ─Como você soube onde me encontrar?─ Alex perguntou quando a sua curiosidade levou a melhor sobre ele. ─Eu vi Mary arrastar seu rabo bêbado ontem à noite, assim que eu cheguei─, disse Duncan. ─Você não parecia valer a pena o trabalho, mas então, ela não me pareceu se importar. Alex fixou o olhar no horizonte quando navegavam pelas casas de seus pais. Quando sua mãe deixou seu pai, ela tinha apenas atravessado à enseada, de onde ela podia vê-lo. Ambos pagavam servos nas casas um do outro para espionar para eles. ─Por que minha mãe insiste em voltar para a casa de meu pai quando eu os visito?─ Alex perguntou, embora não esperasse uma resposta. ─Meus ouvidos ainda se ressentem da gritaria. Quando chegaram a águas abertas, Alex se esticou para aproveitar o sol e a brisa do mar. Eles tinham uma longa viagem pela frente, de Skye, sua ilha natal, para as ilhas exteriores. ─Lembre-me como Connor nos convenceu a fazer uma visita a MacNeil─, disse Alex. ─Nós nos oferecemos voluntariamente─, disse Duncan. ─Ah, foi uma tolice─, disse Alex, ─quando sabemos que o chefe MacNeil está à procura de maridos para suas filhas. ─Sim. Alex abriu um olho para olhar para o seu grande amigo de cabelos vermelhos. ─Estávamos bêbados? ─Sim─, disse Duncan com um de seus raros sorrisos. 6


Duncan era um homem bom, um pouquinho mais sisudo atualmente, o que só servia para mostrar que o amor pode fazer o mais forte dos homens ficar de joelhos. ─E ele não nos disse que queria que nós visitássemos os MacNeils enquanto estamos nas ilhas exteriores─, disse Duncan, ─até depois que ele atraiu-nos com a perspectiva de perseguir alguns piratas. ─Desde que Connor se tornou chefe ─, Alex disse: ─Eu juro que ele fica mais ardiloso a cada dia. ─Você poderia facilitar as coisas se casando com uma das filhas de MacNeil─ disse Duncan, o canto da boca levantado. ─ Vejo que você ainda lembra como fazer uma piada. ─ Não eram muitos os homens que se atreviam a zombar de Duncan, então Alex fazia o possível para compensar isso. ─Sabe que é o que Connor quer─ disse Duncan. ─Ele não tem irmãos para fazer alianças matrimoniais com outros clãs, então um primo vai ter que fazer. Se você não gostar de nenhuma das moças MacNeil, há uma abundância de filhas de outros chefes. ─Eu morreria por Connor, ─ disse Alex, perdendo o humor─, mas eu não me casarei por ele. ─Connor tem um jeito de conseguir o que ele quer─, disse Duncan. ─Aposto que você vai se casar dentro de meio ano. Alex sentou-se e sorriu para o seu amigo. ─O que devemos apostar? ─Este barco─ disse Duncan. ─Perfeito─. Alex amava a elegante e pequena galera que cortava a água como um peixe. Eles haviam discutido sobre quem tinha mais direito a ela desde que a tinham roubado de Maclean Shaggy. ─Você vai perder este barco. *** ─Pode se apressar com sua costura?─ Glynis perguntou, quando ela olhou pela janela. ─O barco está quase no portão do mar. ─Seu pai vai matá-la por isso. ─ A expressão da velha Molly era triste, mas a agulha voou ao longo da costura na cintura de Glynis. ─Melhor morrer do que casar de novo─ Glynis disse baixinho. 7


─Esse truque funcionará apenas uma vez, se funcionar. ─ A velha Molly parou para amarrar um nó e retirar a agulha. ─ você está jogando um jogo perigoso, moça. Glynis cruzou os braços. ─Eu não vou deixar ele me casar novamente. ─O seu pai é tão teimoso quanto você, e ele é o chefe. ─ A velha Molly olhou por cima de sua costura para fixar os olhos em Glynis. ─Nem todos os homens possuem os corações negros como seu primeiro marido. ─Talvez não─, disse Glynis, embora ela estivesse longe de estar convencida. ─Mas os MacDonalds de Sleat são conhecidos conquistadores. Juro sobre o túmulo da minha avó, eu não vou casar com um deles. ─Cuidado com o que jura, moça,─ Molly disse. ─Eu conhecia bem sua avó, e eu odiaria que você fizesse a boa mulher revirar no túmulo. ─Ai!─ Glynis gritou quando um barulho alto fez Molly enfiar a agulha no seu quadril. ─Venha até o hall, Glynis!─ Seu pai gritou do outro lado da porta. ─Nossos hóspedes estão chegando. ─Estou quase pronta, pai─ Glynis respondeu, e se esgueirou até a porta. ─Não pense que vai me enganar com uma voz doce─ disse ele. ─O que está fazendo aí? Glynis arriscou abrir uma fresta da porta e enfiou a cara nela. Seu pai, um homem enorme, estava parecendo tão mal-humorado como sua reputação. ─Você disse que eu deveria vestir-me de forma que estes malditos MacDonalds não se esquecessem de mim tão cedo ─ disse ela. ─Isso leva um tempo pai. Ele estreitou os olhos para ela, mas deixou passar. Depois de todos esses anos convivendo com a esposa e as filhas, as mulheres ainda eram em grande parte um mistério para seu pai. Nesta guerra com ele, Glynis estava disposta a usar qualquer pequena vantagem que tinha.

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─O novo chefe não veio mesmo─, disse ele, no que para ele era uma voz baixa. ─Mas era demais esperar que um chefe levasse você, depois da vergonha que causou a si mesma. Um desses outros terão de levá-la. ─ Glynis engoliu o nó na garganta. Seu pai a culpava pelo seu casamento fracassado e acreditava que ela tinha desonrado sua família, isso doía mais que qualquer coisa que seu marido tinha feito com ela. ─Eu não fiz nada de vergonhoso─, disse ela com os dentes cerrados. ─Mas farei, se você me forçar a tomar outro marido. Glynis tinha total direito de acabar seu casamento realizado pela tradição Highland do casamento a prova. Infelizmente, nem seu pai nem seu ex-marido haviam aceitado muito bem a sua decisão. ─Você nasceu obstinada como um boi─, o pai gritou pela fresta de seis polegadas na porta. ─Mas eu sou seu pai e seu chefe, e fará o que eu disser. ─Que homem vai querer uma mulher que envergonhou a si mesma? ─ Ela sussurrou para ele. ─Ah, os homens são loucos por beleza─, disse o pai. ─Apesar do que aconteceu, ainda é bonita. Glynis bateu a porta na cara dele e a trancou. ─Você vai fazer o que eu disser, ou eu vou expulsá-la para morrer de fome!─ Isso era tudo que poderia fazer em meio a sua longa série de maldições antes de seus passos ecoarem pela escada de pedra em espiral. Glynis piscou rapidamente para conter as lágrimas. Ela foi feita com choro. ─Eu deveria ter dado veneno a você como presente de casamento,então poderia voltar para casa como uma viúva,─ Molly disse atrás dela. ─Eu disse ao chefe que ele estava casando você com um homem mau, mas ele é tão teimoso quanto sua filha . ─Rápido agora.─ Glynis pegou a pequena tigela da mesa ao lado e estendeu-a para Molly. ─Vai estragar tudo, se ele perder a paciência e voltar para arrastar-me lá para baixo. A velha Molly soltou um grande suspiro e mergulhou os dedos na pasta de argila vermelha. 9


CAPÍTULO 2 Fortaleza MacNeil, Ilha de Barra Alex guiou o barco para o portão do mar do castelo MacNeil, que era construído em uma ilha de rocha a poucos metros da costa. Pouco tempo depois, ele e Duncan foram cercados por um grande grupo de guerreiros MacNeil que os escoltaram até o castelo. ─Eu acho que nós os amedrontamos─, disse Alex em voz baixa para Duncan. ─Nós poderíamos derrotá-los─, grunhiu Duncan. ─Será que você notou que há doze deles?─ Alex perguntou. ─Não estou dizendo que seria fácil. Alex riu, o que fez os MacNeils sacarem suas espadas. Ele estava se divertindo. Ainda assim, ele esperava que ele e Duncan não tivessem que lutar para sair de lá. Estes eram os guerreiros das montanhas, não ingleses ou Lowlanders, e todos sabiam que os MacNeils eram combatentes cruéis e ardilosos. Quase tão cruéis e ardilosos quanto os MacDonalds. Mas os MacNeils tinham armas mais perigosas em seu arsenal. Alex ouviu Duncan gemer ao lado dele quando entraram na sala e viu o que estava esperando por eles. ─Deus nos salve─ escapou dos lábios de Alex. Havia três moças tagarelando sentadas na mesa principal. As meninas eram muito bonitas, mas jovens e inocentes o suficiente para dar urticária em Alex. Uma delas acenou para ele, então a irmã dela deu-lhe uma cotovelada nas costelas, e as três tiveram em um ataque de risos por trás de suas mãos. Ia ser uma longa noite. ─Silêncio!─ O chefe trovejou, e a cor deixou os rostos das meninas. 10


Depois de trocar cumprimentos com Alex e Duncan, MacNeil introduziu sua esposa, uma mulher atraente, com metade de sua idade, e seu jovem filho, que estava sentado em seu colo. ─Estas são as minhas três filhas mais novas,─ o chefe disse, acenando com o braço para as meninas. ─A minha mais velha vai se juntar a nós em breve. A filha ausente devia ser a de quem eles tinham ouvido falar. Diziam que ela possuía uma beleza rara e que havia sido devolvida por seu marido em desgraça. Ela parecia ser o tipo de mulher preferido por Alex. Antes que o chefe pudesse indicar-lhes onde se sentar, Alex e Duncan se sentaram no lado oposto das três moças. Depois de uma oração superficial, vinho e cerveja foram servidos, e as negociações começaram. Alex queria resolver logo tudo e partir. ─Nosso chefe espera fortalecer a amizade entre nossos dois clãs e enviou-nos aqui em uma missão de boa vontade. O MacNeil olhava para a porta, o rosto cada vez mais escuro. Apesar de seu anfitrião não pareceu estar ouvindo uma palavra, Alex seguiu em frente. ─Nosso chefe compromete-se a juntar-se a você na luta contra os piratas que estão assediando suas praias─ disse Alex. Isso chamou a atenção de MacNeil ─O pior deles é o seu próprio tio, Hugh Dubh─, disse ele, usando o apelido de Hugh O negro, dado a ele por seu coração negro. ─Hugh é seu meio tio ─ Duncan disse, como se isso explicasse tudo. ─Dois de seus outros meios tios se juntaram aos piratas também. ─Como vou ter certeza que estes piratas MacDonald não estão estuprando e saqueando as ilhas exteriores sobre as ordens do seu chefe?─ O MacNeil perguntou. Isto era precisamente o que Connor temia que os outros chefes achassem. ─Porque eles invadiram as terras do nosso próprio clã em North Uist ─ disse Alex. ─Como não podemos saber quando ou onde Hugh vai atacar, 11


a melhor maneira de apanhá-lo é encontrar seu acampamento. Ouviu quaisquer rumores de onde poderia estar? ─Dizem que Hugh Dubh tem montes de ouro escondidos em seu acampamento─, uma das filhas de MacNeil saltou, ─e ele tem um monstro do mar que o protege. ─E ninguém pode encontrar Hugh─, acrescentou outra menina, fixando os grandes olhos azuis em Alex, ─porque ele pode chamar uma névoa do mar por mágica e desaparecer. ─Então eu tenho apenas que procurar por um monstro marinho na névoa─, Alex disse para as meninas, e Duncan olhou para ele de cara feia por causar uma nova rodada de risos. ─Chega desses contos tolos─, seu pai gritou para as meninas, em seguida, virou-se para Alex e Duncan. ─ É verdade que navio de Hugh desaparece misteriosamente no nevoeiro, e ninguém sabe onde é o seu esconderijo. O chefe MacNeil inclinou a cabeça para trás para tomar um longo gole do seu copo, em seguida, bateu em cima da mesa, cuspindo e sufocando. Alex seguiu a direção de seu olhar e quase engasgou com sua própria cerveja, quando viu a mulher. Ah, a pobre moça sofreu o pior caso de varíola que Alex já tinha visto. A mulher atravessou a sala em um ritmo acelerado, o olhar fixo no chão. Quando ela tomou o lugar no final da mesa ao lado de Alex, ele teve que se afastar para abrir espaço para ela. Ela era muito forte, embora não de forma agradável. Alex tentou não olhar para as erupções quando ele virou-se para cumprimentá-la. Mas ele não conseguiu. Ossos de Deus, estas não eram cicatrizes antigas, as pústulas ainda estavam escorrendo! O sangue nunca o perturbou, é claro, mas era um pouquinho sensível com relação a feridas infectadas.

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─Eles me chamam de Alexander Bàn.─ Alexandre, O louro. Ele abriu um sorriso brilhante e esperou. Quando ela manteve seu olhar sobre a mesa e não respondeu, ele perguntou: ─E você é? ─Glynis. Como ela se recusou a olhar para ele, Alex poderia olhá-la livremente. Quanto mais ele olhava, mais certeza tinha que as bexigas não estavam escorrendo, elas estavam derretendo. O divertimento puxou os cantos da boca. ─Eu confesso, deixou-me curioso─, disse ele, inclinando-se para perto de seu ouvido. ─O que faria uma moça marcar a própria pele? Glynis levantou a cabeça e olhou para ele. Apesar da distração causada pelas bolhas vermelhas que estavam escorrendo pelo seu rosto, Alex não poderia deixar de notar que ela tinha belos olhos cinzentos. ─É cruel zombar da aparência infeliz de uma dama─, disse ela. Foi desconcertante ouvir uma voz tão encantadora sair daquele rosto alarmante. Alex deixou o seu olhar vagar sobre ela, detendo-se no pescoço de cisne gracioso e nos dedos longos e finos apertando o copo de vinho. ─Seu segredo está seguro comigo, moça─, Alex disse em voz baixa. ─Mas eu suspeito que sua família já saiba que é um disfarce. Ele estava esperando por uma risada, mas não conseguiu nenhuma. ─Venha─, disse ele, balançando as sobrancelhas para ela. ─Diga-me por que fez isto. Ela tomou um longo gole de seu vinho, e depois disse: ─Assim não iria querer casar comigo, é claro. Alex riu. ─Eu temo que tenha ganhado uma boa dose de problemas por nada, porque eu não tenho intenção de sair daqui com uma mulher. Mas isso acontece com frequência de os homens a virem apenas uma vez e desejarem casar com você? ─Meu pai diz que os homens são loucos por beleza, então eu não podia correr o risco. A mulher disse isso com absoluta seriedade. Alex não se divertia tanto há muito tempo e ele era um homem que se divertia facilmente. 13


─Não importa o quão bonita seja sob o disfarce,─ disse Alex, ─você está a salvo da possibilidade de encontrar felicidade conjugal comigo. Ela procurou seu rosto, como se tentando decidir se podia acreditar nele. A combinação de sua expressão sóbria e as bolhas escorrendo pelo seu rosto tornou difícil não rir, mas ele conseguiu. ─Meu pai estava certo de que seu chefe gostaria de ter um novo casamento entre nossos clãs,─ disse ela, finalmente, ─para mostrar sua boa vontade após os problemas causados pela pirataria MacDonald. ─Seu pai não está muito errado.─ disse Alex. ─Mas meu chefe, que também é meu primo e bom amigo, conhece meus sentimentos sobre o casamento. Alex percebeu que estivera tão concentrado em sua conversa com esta moça incomum que tinha ignorando o pai e o resto da mesa. Quando ele virou-se para juntar-se a conversa, no entanto, descobriu que ninguém estava falando. Cada membro da família de Glynis estava olhando para eles. Alex adivinhou que esta foi a primeira vez que Glynis tinha tentado este método particular de frustrar um pretendente em potencial. Glynis o cutucou. Quando ele se virou para ela, ela balançou a cabeça em direção a Duncan, que, como de costume, estava ingerindo quantidades surpreendentes de alimentos. ─E o seu amigo?─ Ela perguntou em voz baixa. ─Ele está precisando de uma mulher? Duncan só queria uma mulher. Infelizmente, aquela mulher especial estava vivendo na Irlanda com o marido. ─Não, você está segura com Duncan também. Glynis relaxou os ombros e fechou os olhos, como se ele tivesse dito que um ente querido ela pensava ter morrido tivesse sido encontrado vivo. ─É um prazer falar com uma mulher que é quase tão contra o casamento como eu.─ Alex ergueu a taça para ela. ─Pela nossa fuga de uma união abençoada. Aparentemente Glynis não podia dar-lhe um sorriso, mas ela levantou a taça para o seu brinde. 14


─Como percebeu que o meu vestido tinha enchimento?─ Perguntou ela. ─Eu belisquei seu traseiro. O queixo dela caiu. ─Você não ousaria. ─Ah, é claro que eu ousaria─, disse ele, embora não tivesse feito isto. ─E você não sentiu nada. ─Como sabe que eu não senti?─ Perguntou ela. ─Bem, é assim─, disse ele, inclinando-se nos cotovelos. ─Um beliscão faz um homem ganhar ou uma tapa ou um piscar de olhos, e você não me deu nenhum deles. Sua risada era ainda mais encantadora por ser inesperada. ─Você é um diabo─, disse ela e cutucou-lhe braço com o dedo. O dedo longo e fino o fez saber como seria o resto de sua aparência sem o enchimento. Ele era um homem de imaginação considerável. ─O que ganha com mais frequência, uma piscadela ou um tapa?─, Perguntou ela. ─É sempre uma piscadela, moça. Glynis riu de novo e perdeu o olhar assustado que seu pai e as irmãs lhe deram. ─Você é um homem vaidoso, com certeza.─ Ela pegou uma coxa de galinha do prato enquanto falava, e Alex percebeu que não tinha comido nada desde que ela sentou-se. ─É só que eu conheço que as mulheres─, explicou Alex, pegando um pedaço de carne de carneiro assada com sua faca. ─Então eu posso dizer quais delas vão gostar de um beliscão. Glynis apontou a coxa para ele. ─Você me beliscou, e eu não gostei. ─Beliscar o seu enchimento não conta─, disse Alex. ─Você vai piscar se eu a beliscar, lady Glynis. Você pode não saber ainda, mas eu sei. Em vez de rir e cutucá-lo de novo, como ele esperava, sua expressão ficou tensa. ─Eu não gosto do jeito que meu pai está me olhando. ─Como é que ele está olhando para você?─ Alex perguntou. ─Esperançoso. *** 15


Alex e Duncan dormiram no chão do corredor embalados pelo ronco dos MacNeils. Ao amanhecer, Alex acordou ao som de pisadas leves cruzando o chão. Ele rolou para o lado e saltou de pé, deixando seu anfitrião chutar o espaço vazio onde Alex estava deitado. ─Você é rápido─ disse o MacNeil, com um aceno de aprovação. ─Eu só queria acordá-lo. ─Isso poderia tê-lo matado ─, disse Alex, colocando o punhal de volta no cinto. ─E então eu teria um sem fim de problemas para sair de sua bela casa. Duncan fingia dormir, mas sua mão estava sobre o punho de sua adaga. Se Alex desse o sinal, Duncan cortaria a garganta de seu hospedeiro, e os dois estariam a meio caminho para seu barco antes de alguém na sala saber o que tinha acontecido. ─Venha dar um passeio comigo─, disse o MacNeil. ─Eu tenho algo para mostrar-lhe. ─Eu poderia respirar um pouco de ar fresco depois de todo o uísque você me deu na noite passada. Porque era difícil descobrir as verdadeiras intenções de um homem quando ele estava sóbrio, Alex acompanhara MacNeil drinque a drinque até tarde da noite. Sem dúvida, seu anfitrião tinha o mesmo objetivo em mente. ─Ninguém o forçou a beber─, disse MacNeil, enquanto deixavam o salão. ─Ah, mas você sabe que eu sou um MacDonald─, disse Alex. ─Nós não gostamos de perder, sejam competições de bebida ou batalhas. O MacNeil levantou uma sobrancelha. ─Ou mulheres? Alex não mordeu a isca. O problema dele nunca tinha sido perder as mulheres, mas encontrar uma maneira graciosa para dispensá-las quando chegasse a hora, o que ele sempre fez. Alex seguiu MacNeil até o portão e sobre a calçada estreita que ligava o castelo a ilha principal. MacNeil parou e apontou para a praia. ─Minha filha Glynis está lá. O olhar de Alex estava voltado para a figura esguia andando descalça ao longo da costa, de costas para eles. Seus longos cabelos estavam 16


esvoaçando ao vento, e a cada poucos metros, parava e inclinava-se para pegar alguma coisa da praia. Ah, ela era uma bela visão. Alex tinha uma fraqueza por mulheres que gostavam de molhar os pés. ─Você me parece um homem curioso─ disse o MacNeil. ─Não quer saber o que ela realmente se parece? Alex queria saber. Ele estreitou os olhos para MacNeil. Ele estava mais acostumado a ter pais escondendo suas filhas dele. ─ Você não gosta de sua filha? ─Glynis é minha única filha da minha primeira esposa. Ela é igualzinha a sua mãe, que era a mulher mais difícil que já nasceu. ─ MacNeil suspirou. ─Deus, como eu a amava. Se Alex precisasse, o que não era o caso, essa era mais uma prova que o amor levava a miséria. ─As outras são moças doces e obedientes que vão dizer aos seus maridos que eles são sábios, inteligentes e sempre certos, sendo eles ou não─, continuou o chefe. ─Mas não Glynis. As irmãs mais novas pareciam muito aborrecidas. ─Eu não criei Glynis diferente, ela apenas é─, disse MacNeil. ─Se fossemos atacados e eu morresse, as outras meninas iriam chorar e lamentar, criaturas indefesas que são. Mas Glynis iria pegar uma espada e lutar como uma loba para proteger os outros. ─Então, por que está tão ansioso para ver Glynis casar?─ Alex perguntou. Ela parecia à única a valer a pena manter junto a ele. ─Ela e sua madrasta são como gravetos secos e uma tocha acesa. Glynis precisa de sua própria casa. Ela não gosta de estar sob o polegar de outra mulher. ─Ou de um homem─, disse Alex. ─A julgar pelo que ouvi dizer que ela fez com seu ex-marido. ─Ah, ele foi um tolo por contar a história ─, MacNeil disse com um aceno de mão. ─ Qual homem com um pouco de orgulho próprio iria admitir que sua esposa enfiasse a adaga em seu quadril? Sabe o que ela estava mirando, é claro. 17


Alex fez uma careta. Ele já fizera mulheres chorarem e, ocasionalmente, jogar coisas nele, mas nenhuma delas jamais havia tentado cortar suas partes viris. Mas então, Alex nunca havia se casado.

CAPÍTULO 3 O cheiro forte da maré baixa encheu o nariz de Alex enquanto ele seguia Glynis MacNeil sobre as rochas cobertas de crostas e algas ao longo da costa. Cada vez que o vento soprava contra suas saias e revelava seu corpo esguio, ele sorria para si mesmo. Ela estava absorvida na coleta de conchas e não pareceu ouvir a sua abordagem sobre os gritos das gaivotas, e a batida rítmica das ondas. Quando ela subiu as saias para criar uma cesta improvisada para sua coleção, um suspiro de apreciação escapou da garganta de Alex. Ele não conseguia ver mais que tornozelos finos e alguns poucos centímetros preciosos da panturrilha, mas seu olhar deslizou para cima, imaginando pernas longas e bem torneadas. Glynis parou sobre uma piscina de maré. Algo chamou sua atenção, e ela se baixou para um olhar mais atento, envolvendo os braços em volta dos joelhos. Seus cabelos castanhos formaram uma cortina, escondendo o

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rosto de sua vista. Será que o rosto da moça era tão atraente como o seu corpo, longo e fino? Era hora de satisfazer a sua curiosidade. Em alguns passos longos, ele estava acima dela. ─Vejo que você encontrou uma estrela do mar roxa─, disse Alex. ─Isso significa que a boa sorte está vindo em sua direção.─ Ele inventou isso, é claro. Quando Glynis inclinou a cabeça para trás para olhar para ele, o coração de Alex perdeu uma batida em seguida disparou no peito. Ele notou a beleza de seus olhos grandes e cinzentos na noite anterior. Mas naquele rosto, eles eram devastadores. Suas feições eram uma mistura tentadora de salubridade e sensualidade, das sardas delicadamente espalhadas em todo o nariz aos seus lábios cheios e rosados. A combinação inusitada começou a lutar dentro dele. Ele tinha um desejo selvagem de deitá-la na areia e ver aqueles olhos cinzentos brilharem com prazer que ele fazia coisas proibidas com ela. Ao mesmo tempo, ele sentiu uma vontade estranha de protegê-la. Alex sabia que devia tranquilizá-la, pois ele claramente a assustara, mas as palavras lhe faltaram. Isto era tão incomum que ele se perguntou por um momento, se uma fada tinha lançado um feitiço sobre ele. Mas, então, a moça caiu sentada, e ele soube que ela era humana. *** A voz do homem assustou Glynis, e ela olhou para cima com o coração batendo forte. Ela reconheceu o guerreiro dourado que aparecera acima dela como Alex MacDonald, o homem que ela tinha falado ontem à noite. Pelo menos, parte dela sabia quem era ele. Mas com a luz do nascer do sol brilhando sobre ele, ele parecia um saqueador Viking saído das velhas histórias seannachie que seu pai contara. Ela podia imaginá-lo de pé na proa de seu navio com seu cabelo loiro-platinado soprando atrás dele e braceletes trabalhados de ouro 19


circundando seus braços musculosos e nus. Quando ele fixou os olhos verdes da cor do mar sobre ela, ela se sentia como se alguma coisa batesse em seu peito, e ela caiu para trás. O choque da água fria tirou-a de seu transe. O calor inundou seu rosto enquanto ela percebeu que estava sentada em uma piscina de água do mar, encharcando a suas saias de sua pele. ─Desculpe, moça. Eu não deveria ter assustado você desse jeito. ─O brilho de humor que tocou seus olhos quando ele estendeu a mão devia têlo feito menos ameaçador, mas isso não aconteceu. Glynis engoliu em seco e deu-lhe a mão, que estava coberta com areia. Ele a ergueu sem esforço, como se ela fosse tão pequena como suas irmãs. Mesmo apesar de muito alta, Glynis teve de inclinar a cabeça para trás para olhar para seu rosto. Ela estava vagamente consciente de que estava olhando para ele fixamente, mas ela não conseguia parar. Qual foi o pensamento de Deus, permitindo que um homem fosse tão bonito? Ele estava tão perto que o calor que irradia de seu corpo levou o frio para longe dela. O humor que tinha tocado os olhos se foi, substituído por algo mais sombrio que a puxava para este guerreiro MacDonald como se uma ressaca estivesse arrastando-a para o mar. ─Você deveria prestar mais atenção em volta, moça─ disse Alex, ainda de pé muito perto. ─Eu poderia ser um homem perigoso. ─E não é?─ Perguntou ela. ─Eu?─ Seus dentes eram brancos, e seu sorriso tinha a força do sol de verão em um dia claro. ─Eu sou perigoso como o pecado. ─Os guardas do meu pai podem nos ver do castelo. Alex olhou por cima do ombro. ─Eu poderia levá-la para trás das árvores ou para o meu barco antes que eles atravessassem a porta do castelo. ─ Ele fez uma pausa, os olhos brilhando. ─Especialmente se você quisesse. Ela revirou os olhos. ─Não tenho medo disso. 20


─Tem certeza?─ Ele perguntou com uma voz rouca que ressoava em algum lugar profundo na barriga. Glynis prendeu a respiração, incapaz de se mover, quando Alex ergueu a mão para seu rosto. Mesmo ela antecipando o toque dele, seu estômago vibrou quando ele roçou a parte de trás dos dedos contra sua bochecha. Seu olhar caiu para a boca larga e sensual, e sua garganta ficou seca. Este homem sabia como beijar uma moça, não seria como aquele miserável Magnus Clanranald com quem ela casara. Ela sentiu-se inclinado para frente e jogou a cabeça para trás. ─Advirto-lhe, eu tenho um punhal, e eu não tenho medo de usá-lo. ─Eu ouvi, mas você não vai precisar do seu punhal─ disse Alex. ─Eu gosto de minhas mulheres dispostas. E ela apostava que havia muitas delas. ─Você não tem nada a temer─, disse ele. ─Eu nunca prejudico as mulheres. ─Se você não conta partir seus corações. Glynis não sabia o que a fez deixar escapar as palavras. Mas ele endureceu, e ela viu a verdade refletida em seus olhos. Alex MacDonald tinha partido corações, mas não se gabava disso. Não, doía-lhe. Claro, isso só aumentava seu charme. Um homem sem coração seria mais fácil resistir. ─Você está segura comigo.─ Alex deu-lhe uma piscadela, e ela quase podia vê-lo por a sua máscara de charme. ─Eu não brinco com as mulheres que estão à procura de maridos. ─Não estou procurando um marido.─ Suas bochechas esquentaram logo que as palavras saíram de sua boca. ─Eu não quis dizer que desejo d ... d ...─ mais que tentasse, não conseguia obter a palavra divertimento cruzar seus lábios. ─Eu não posso dizer o mesmo.─ Ele deu-lhe um sorriso diabólico que enviou dardos quentes através de sua pele. ─Mas mesmo que você não esteja procurando um marido, seu pai está, o que equivale à mesma coisa. Além disso, você merece mais do que eu. ─Eu sei─, ela retrucou. ─Deus me livre de outro namorador bonito. 21


Algo cintilou em seus olhos antes que a máscara sorridente fosse posta no lugar novamente. Era uma máscara ofuscantemente bonita, mas Glynis encontrou-se perguntando sobre o lado de Alexander MacDonald que ele escondia do mundo. Ela se sentia culpada por ser dura com ele, quando o homem não tinha feito nada mais do que provocá-la, então ela perguntou: ─Não quer ver o meu local favorito? ─Pode ser mais divertido encontrar sozinho─, disse ele. Sua respiração ficou presa enquanto seus olhos viajaram lentamente sobre ela,da cabeça aos pés. ─Eu quis dizer na praia!─ Ela apertou seu braço, e era como ferro fundido. ─Ah, você é o pior patife que eu já conheci. Ele riu e pegou a mão dela. ─Leve-me onde quiser senhora. A mão de Alex era grande e quente em torno da dela. Ela nunca andou de mãos dadas com um homem antes, e ela sentiu um pouquinho mau com isso, mas de uma forma agradável. Ela o levou até o final da baía. ─As focas gostam de ficar aqui.─ Ela apontou para uma rocha enorme, plana, que se projetava para fora da água a poucos metros da costa. Eles encontraram uma área seca na areia da praia e sentaram-se. Quando ela tirou a mão da dele, o seu olhar deslizou sobre o braço, parando nos cabelos de ouro contra a pele bronzeada. Alex esticou as pernas longas e musculosas, que eram cobertas com o mesmo pelo dourado. ─Você deve se deitar de bruços─, disse ele, ─assim que o sol pode secar a parte de trás do seu vestido. Glynis ficou tentada. Sua madrasta faria comentários desagradáveis sobre as maneiras desleixados Glynis, se ela voltasse para o castelo com o vestido encharcado. Mas ela também não poderia deitar-se quando estava sozinha com um homem. ─Eu não gostaria que seu pai pensasse que eu a deitei de costas na areia─, disse Alex. ─Nós estaríamos casados antes do meio dia.

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Glynis desabou sobre seu estômago e inclinou-se sobre os cotovelos. Eles assistiram em um silêncio amigável como as focas lançavam-se para fora do mar para tirar uma soneca na rocha plana. Alex cutucou com seu joelho. ─Que outros truques têm usado para afastar potenciais maridos? ─Eu lhes digo que sou estéril─. Ela manteve sua voz calma para encobrir o quanto essa dor a machucava. ─Isso é suficiente para desencorajar a maioria deles. ─Você não pode saber com certeza, pode?─ Alex perguntou. ─Você é jovem ainda. Glynis encolheu os ombros. Já que ela nunca iria se casar novamente, isso não tinha problema. ─E sobre os homens que já têm herdeiros?─ Perguntou ele. ─Como você os desencorajava? ─Eu esfregava as cebolas em minhas roupas e mastigava alho.─ Ela suspirou. ─Se isso não for suficiente, eu digo que sonhei que estava vestindo roupas de viúva no meu próximo aniversário. A risada de Alex retumbou profundamente em sua garganta. Era um som surpreendentemente agradável. ─Foi você que começou a história de esfaquear seu marido?─ Perguntou ele. ─Eu temo que sim─, disse ela. ─Eu acho que é útil. Desta vez, o riso despertou duas ou três focas, que levantaram a cabeça para olhar para eles antes de retomar seu sono. ─Eu duvido que seu pai esteja tentando casá-la para fazê-la sofrer─, disse Alex. ─Ele precisa de alianças, assim como meu chefe. ─E as alianças erradas trarão desastre─, disse Glynis. ─Eu disse ao meu pai para não aderir a esta rebelião, mas, é claro, ele não quis me ouvir. Metade dos clãs nas Ilhas Ocidentais havia se levantado contra a Coroa escocesa em mais outra maldita rebelião. ─A rebelião vai falhar eventualmente─ disse Alex. ─Mas até isso acontecer, qualquer clã que fique do lado da Coroa, se arrisca a ser atacado por seus vizinhos. 23


─É inteligente da parte de seu chefe deixar que os dois lados o cortejem ─ disse ela. ─Cortejá-lo?─ Alex disse. ─Connor se sente como se ele abraçasse dois monstros do mar, enquanto cada um deles tenta tirar-lhe a cabeça e jogá-lo no mar. Ela não pode deixar de sorrir de sua descrição colorida, mas ela estava preocupada com seu clã. ─Você tem sorte de ser um homem. Pode servir seu clã sem ser comprado e vendido como uma vaca. ─Eu nunca conheci uma mulher com uma opinião tão ruim de um casamento─, disse Alex, em seguida, ele acrescentou algo baixinho que soava muito parecido a ─com exceção de minha mãe. ─Eu faria qualquer coisa pelo meu clã, menos casar─ disse Glynis. ─Já que nós concordamos sobre isso─, Alex disse: ─ podemos ser amigos, não é? Ela olhou por cima do ombro dele. ─ Você está falando serio? ─Normalmente eu me torno amigos das mulheres depois que as levo para a cama─ disse ele. ─Mas eu vou fazer uma exceção com você. ─Você está brincando comigo novamente─ disse ela. ─Você é tão séria, eu não consigo me controlar─, disse Alex com uma voz suave. ─Mas se nos encontrarmos novamente, pode confiar em mim para ser um amigo. Glynis estudou seus olhos verde-mar. ─Então eu vou ser sua amiga também, Alex MacDonald. Quando ela desviou o olhar de volta para as focas, várias delas levantaram a cabeça. Então, uma por uma, começaram deslizar para dentro da água. ─Levante-se─, disse Alex com a voz de aço. Antes que ela pudesse se mover, as mãos cercaram sua cintura, e ele levantou-a. ─Droga─, Alex disse entre os dentes, quando uma galera de guerra deslizou em torno da baía. ─Eles podem ser amigos─, disse Glynis, mas seu coração estava batendo velozmente no peito. 24


─Esse navio é de Hugh MacDonald─, disse Alex, o olhar fixo nele. ─Vamos tentar ultrapassá-los e voltar para o castelo. Alex agarrou a mão dela, e eles voaram sobre a areia e rochas. A galera pirata deve ter sido vista no castelo também. Do outro lado da pequena baía, duas dúzias de homens derramaram-se sobre a calçada do castelo. Os piratas estavam navegando para o meio da praia e entre eles o castelo em uma tentativa de cortá-los antes que os homens de seu pai pudessem alcançá-los. Parecia que os piratas iam ter sucesso. Apesar de seus pés descalços estarem cortados e sangrando, Glynis correu mais e mais rápido. Mas os guardas do castelo estavam muito longe e os piratas muito próximos. Os guardas ainda estavam a cem metros de distância quando o barco do pirata alcançou a terra. Glynis deu um solavanco e parou e assistiu com horror como os homens caiam para o lado do navio e começaram a espirrar em direção à costa. Alex a pôs sobre uma rocha elevada. ─Fique aqui, onde eu posso vê-la,─ ele ordenou. ─Eu não vou deixálos chegar até você. Quando Alex se virou, ele pegou sua claymore das costas, e o aço de sua lâmina assobiou pelo ar. Seu grito de guerra ─Fraoch!─, Trovejou em seus ouvidos enquanto corria direto para os piratas que vinham em direção a eles através das ondas. Sem diminuir o passo, Alex cortou os dois primeiros homens. Quando ele saltou sobre a lâmina de um terceiro, meteu a sua claymore no flanco do homem. Glynis gritou quando outro pirata atacou Alex antes que ele pudesse se recuperar de seu último golpe, com a grande espada de duas mãos. Com movimentos fluidos, Alex lançou mão de sua claymore, puxou sua adaga do cinto, e mergulhou-a no peito do homem. O agressor caiu de joelhos com um grito, e seu sangue coloriu a água ao seu redor em nuvens enferrujadas. 25


Alex olhou por cima do ombro para ela como se para ter certeza de que nenhum dos piratas havia passado por ele. Seus olhos eram assassinos, e cada músculo tenso e pronto. Este não era o homem que estava rindo sentado ao lado de Glynis admirando as focas há pouco tempo. Não, este Bàn Alexander MacDonald era todo um guerreiro Highland temível e magnífico de se ver. Homens de seu pai estavam correndo os últimos metros para se juntar à luta, com Duncan MacDonald na liderança. Os dois grupos se encontraram com gritos, grunhidos e tinido de espadas. Glynis não conseguia tirar os olhos dos dois homens MacDonald. Apesar de o número dos piratas ser maior, a dupla era letal. Eles empurravam os piratas para trás, e vice-versa, sob um ataque unificado e feroz. Embora os homens de seu pai lutassem bem, eles lutaram individualmente. Os guerreiros MacDonald lutaram como uma unidade implacável. Sua violência tinha uma graça e controle dada por anos de prática. Depois de um tempo, ela entendeu alguns dos sinais silenciosos entre eles. Você pega este, eu vou pegar aquele. Os piratas caíram diante deles, um após o outro. Algo chamou sua atenção entre a feroz batalha na praia e o navio pirata. Um homem ficou sozinho na proa, com os braços cruzados sobre seu peito largo. Ele estava olhando para ela. Quando seus olhos se encontraram através da distância, um frio subiu sua espinha. Ela sentiu aquele homem queria fazer-lhe mal e não apenas o mal que ele fazia a qualquer um que cruzasse seu caminho. Ela não sabia por que, mas sentia como se estivesse fixando-a em sua mente, como se ele tivesse um plano especial, maligno para ela. Com os olhos ainda sobre ela, o homem pôs os dedos à boca e fez um assobio agudo. Os piratas na praia correram para o barco e escalaram os lados, como ratos.

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Alex correu atrás deles pelas ondas, até que ficou com a água até a cintura. ─Hugh MacDonald Dubh─, ele gritou, acenando com a claymore no ar. ─Volte e lute, seu covarde miserável! ─Diga ao meu sobrinho que eu vou vê-lo morto─, o homem da proa gritou de volta. Ele abaixou-se apenas quando adaga de Alex navegou através do ar até onde a sua cabeça tinha estado. Enquanto os homens de seu pai, congratularam-se com o sucesso na condução dos piratas para fora e Duncan limpava sua espada, Alex ficou na água chovendo maldições sobre o navio de partida. Por fim, Alex virou-se e caminhou através das ondas para a praia com o sol brilhando em seu cabelo e fogo queimando em seus olhos. ─É seguro ir para o castelo agora, dona Glynis ─, um dos homens de seu pai disse. ─Deixe-me ajudá-la a descer. Quando o homem pegou-a pela cintura, o grito de Alex o parou. ─Tire as mãos de cima dela! O guarda saltou para trás e olhou para Alex. O coração de Glynis estava na garganta, quando Alex invadiu a praia pingando água e sangue, parecendo seus ancestrais vikings que uma vez aterrorizaram estas costas. Seus olhos fixaram-s nela como se ninguém mais existisse. Quando Alex chegou a ela, ele apertou as mãos em volta da cintura e levantou-a da rocha. Seus olhos não deixaram seu rosto enquanto ele a deslizava para baixo, cada centímetro de seu corpo atritando com o calor escaldante de sua estrutura muscular. Os joelhos de Glynis estavam fracos quando seus pés tocaram o chão. Olhos de Alex tinha uma ferocidade selvagem e uma fome que fez seu pulso disparar. ─Sim─ ela sussurrou e o abraçou quando ele a inclinou para trás. *** A paixão da batalha pulsava nas veias de Alex e deixou-o rígido. Quando ele se virou e viu Glynis sobre a rocha, teria matado para possuí-la. Ele nunca quis uma mulher tanto quanto queria Glynis MacNeil agora. 27


A partir do momento em que seus corpos se tocaram, ele sentiu como se tivesse sido ordenado que eles devessem se juntar. O corpo dela se fundiu ao seu, como se tivesse sido feito só para ele. Alex beijou-a com toda a luxúria correndo através dele, a sua língua invadindo, possuindo. Ele tinha que tê-la. Ele ouviu Duncan chamar o seu nome através da névoa da luxúria, mas ele não deu à mínima. Nada importava, apenas a doce boca dessa mulher sobre a sua. Ela era uma maravilha sob suas mãos, respondendo com uma paixão tão grande que ele teve ânsia de deita-la e tomá-la na areia. A ponta afiada de aço no meio das costas era um pouco mais difícil de ignorar do que Duncan. ─Eu o aprecio por salvar a minha filha dos seus parentes piratas miseráveis─, disse o MacNeil perto do ouvido de Alex. ─Mas a menos que queira sair daqui com uma mulher, é melhor libertá-la agora. Alex a queria tanto que ele quase poderia ter concordado com uma vida acorrentado só para tê-la desta vez. Mas quando os olhos de Glynis se arregalaram em pânico, ele recobrou seus sentidos. Lentamente, ele se endireitou e forçou-se a libertá-la. Glynis cambaleou, como se suas pernas não pudessem segurá-la. Quando Alex começou a se aproximar dela, o pai deu-lhe um olhar sufocante e colocou um braço firme em seus ombros. Alex olhou para esquerda e direita, detendo-se no círculo dos homens ao seu redor. Que loucura tomou conta dele para abraçar a filha do chefe e beijá-la assim em frente de todos os guerreiros de seu pai? Alex não dedicara um pensamento para os outros homens na praia. Não, ele ainda não os tinha visto. Roubar um beijo de uma moça disposta não era uma ofensa grave, portanto, o MacNeil provavelmente não iria matá-lo. Por outro lado, o momento foi inadequado, e qualquer tolo poderia ver que ele não tinha a intenção de parar com o beijo. 28


─O que tem a dizer em sua defesa, Alex Bàn MacDonald?─ O chefe MacNeil exigiu. ─Se eu disser que estou arrependido por beijar sua filha, nós dois sabemos que eu estaria mentindo─, disse Alex. Então ele se virou para Glynis, que parecia tão confusa como ele. ─Sinto muito, moça, se eu envergonhei você. Alex desejava poder falar com ela sem todos os outros assistirem, para que ele pudesse perguntar se ela estava bem. Mas se ele ficasse sozinho com Glynis MacNeil agora, ele sabia muito bem que não perderia a oportunidade falando.

CAPÍTULO 4 DUNSCAITH CASTLE, Isle of Skye DOIS MESES DEPOIS Alex acenou para seu primo, o chefe dos MacDonalds de Sleat, que estava indo até a praia do Castelo Dunscaith para encontrá-lo. O cabelo preto na altura dos ombros de Connor explodiu atrás dele quando ele saltou de pedra em pedra. ─Já começou a se arrepender de tomar a chefia?─ Alex perguntou, enquanto Connor ajudava a puxar o barco para a praia. ─Todos os dias,─ Connor disse com uma risada seca. ─Como estão os nossos homens de Norte Uist? ─Eles perderam muita coisa para os atacantes, mas eles não vão morrer de fome─, disse Alex. ─A pesca é boa, e os outros suprimentos entregues devem bastar até a próxima colheita.

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Depois de subir o morro, ele e Connor atravessaram a ponte estreita para o castelo, que foi construída sobre uma rocha fora do promontório. ─Ian e Duncan estão aqui também─, disse Connor. ─Temos negócios do clã para discutir. No interior, o salão estava limpo e os servos sóbrios. Era muito diferente das condições do castelo quando Connor o tirou de seu tio, Hugh. A limpeza e a ordem eram o trabalho da irmã de Duncan, Ilysa. Embora eles não fossem realmente parentes, Ilysa era a coisa mais próxima que Connor tinha de um parente do sexo feminino para exercer as funções do castelo no lugar de uma esposa. Seu primo Ian, que parecia tanto com Connor que poderiam passar por irmãos, estava sentado à mesa alta do chefe com Duncan. ─Ian, você está um trapo─, Alex cumprimentou-o. Ian sorriu. ─As gêmeas estão mantendo Sìleas e eu acordados a maioria das noites. Estão nascendo novos dentes. Ah, não. A última vez que Alex tinha visto as filhas de Ian, uma delas se arrastou até sua perna, afundou o dentes em seu joelho, e segurou como uma ostra. ─É só o começo dos problemas que essas lindas bebês vão causarlhe─, disse Alex. ─sabe disso, não é? ─Eu sei─, disse Ian com um sorriso cansado. ─São lindas, não são? O pensamento sobre o crescimento das filhas de Ian causou arrepios em Alex, mas os olhos de Ian brilharam quando ele falou de seus pequeninos e ruivos demônios. Ao sinal de Connor, os outros homens na sala afastaram-se para permitir que os quatro conversassem em particular. Connor tinha um conselho formal do conselho de anciãos, como era esperado, mas todos sabiam que Ian, Alex, e Duncan eram seus conselheiros mais próximos. ─Precisamos forjar alianças fortes para sobreviver nestes tempos conturbados─, disse Connor, tomando lugar na mesa de Alex. ─O nosso clã ainda é fraco depois de perder meu pai e tantos outros homens na Batalha de Flodden. 30


Os quatro estavam na França, quando receberam a notícia da perda desastrosa dos escoceses para as forças de Henrique VIII em Flodden. Eles haviam retornado para casa para encontrar seu rei e o seu chefe entre os mortos e seu clã em um estado terrível. ─Conseguimos jogar Hugh para fora do castelo e da chefia do clã─, disse Alex. Ele não mencionou que o tio de Connor ainda era uma fonte de discórdia dentro do clã. Alguns de seus membros confundiram a brutalidade de Hugh com força e, se fosse dada a chance, iriam apoiá-lo como chefe. ─Temos muito a fazer ainda─, disse Connor, sua voz dura. ─Não podemos descansar até que tenhamos controle sobre todas as terras que por direito pertencem ao nosso clã. ─Sim!─, Disse Duncan, e todos eles levantaram as taças. Eles tinham fixado a sua base aqui na Ilha de Skye, com Connor ocupando o Castelo Dunscaith de um lado da Península Sleat e Ian o castelo de Knock do outro. Doía a todos, no entanto, que os MacLeods houvessem roubado a Península Trotternish enquanto quatro deles ainda estavam na França. E agora, Hugh e seus piratas estavam destruindo suas terras na ilha de North Uist. ─Nós ainda não temos a força para lutar contra os MacLeods pelo resto de nossas terras aqui em Skye─, disse Ian. ─Essa será uma batalha sangrenta, quando for travada. ─Nossa primeira tarefa deve ser a de proteger nossos parentes em North Uist ─, disse Alex. ─Nosso povo, vive à mercê dos piratas.─ Ver como seus parentes foram predados tinha aberto um buraco em seu estômago. ─Eu concordo─, disse Connor. ─Antes da colheita de outono, eu quero que um de vocês reconstrua nosso castelo em North Uist e permaneça lá para proteger os membros do nosso clã. ─É hora de nós cuidarmos de seus tios saqueadores.─ Alex teve um ardente desejo de estrangular Hugh com as próprias mãos por tirar a 31


comida da boca de seus próprios parentes. ─Dê-me alguns guerreiros, e eu zarparei pela manhã. ─Se não fosse por essa rebelião maldita, eu o enviava, agora,─ Connor disse, balançando a cabeça. ─Infelizmente, temos outro negócio que não pode esperar. ─O que aconteceu?─ Duncan perguntou. ─O novo regente convocou-me para o tribunal de Edimburgo─ disse Connor. Quando o rei escocês foi morto em Flodden, ele deixou um bebê como seu herdeiro, e as facções da corte tinham estado lutando pelo controle desde então. A viúva do rei, que também era a irmã do odiado Henrique VIII, foi regente por um tempo. Mas quando a rainha se casou novamente, o Conselho havia chamado John Stewart, o Duque de Albany, da França para tomar seu lugar. ─Albany quer que o novo chefe dos MacDonalds de Sleat se ajoelhe e jure fidelidade à Coroa─, disse Ian. ─Ah, não, você não pode ir─, disse Duncan. ─Você sabe quantas vezes um chefe Highland obedeceu a uma convocação a corte e acabou morto ou preso. ─Nós não podemos arriscar perdê-lo,─ disse Ian. Eles não estavam apenas falando de afeto para Connor. Por tradição, seu chefe devia ser um homem que tinha o sangue do chefe da família em suas veias. Ian e Alex eram parentes de Connor através de suas mães e não poderiam substituí-lo, graças a Deus. Os únicos homens ainda vivos que poderiam ser chefe além de Connor eram seus tios, e seu clã não iria sobreviver sob a liderança de um deles. ─Sim, mas se eu não for, Albany vai acreditar que eu me juntei à rebelião─. Connor deu um suspiro profundo. ─Está cada vez mais difícil ficar de fora desta luta entre os clãs rebeldes e a Coroa, embora eu não veja vantagem para o nosso clã de qualquer maneira. ─Envie um de nós em seu lugar─, disse Ian. ─Quem for, vai apresentar uma desculpa porque não pôde fazer a longa viagem para 32


Edimburgo neste momento e apaziguar o regente com a garantia vaga de sua boa vontade. Ian era quase tão conivente como Connor. ─O homem que for, vai se arriscar a ser mantido refém pela Coroa─, disse Alex, ─mas é um bom plano. ─Os rebeldes também estão pressionando-me a escolher um dos lados─, disse Connor. ─Há uma reunião dos clãs rebeldes no reduto Maclean. Se eu não estiver lá, poderíamos ser atacados pelos clãs vizinhos que apoiam a rebelião. Os MacLeods, por exemplo, ficariam felizes com uma desculpa para tentar levar mais de nossas terras. ─Mais uma vez, envie um de nós─, disse Ian. ─Nós temos que equilibrar os dois lados por tanto tempo quanto pudermos. ─O que me traz de volta à nossa necessidade de alianças─, disse Connor, olhando diretamente para Alex. ─Alianças de casamento. ─Não─, disse Alex, encontrando o olhar de seu primo. ─Você não vai pedir isso de mim. Connor passou a mão sobre o rosto. Ele parecia ainda mais cansado do que Ian, e muito menos feliz. ─O que eu proponho é que Alex case com uma moça cujo clã está do lado da rebelião,─ Connor disse, ─e Duncan case com uma moça cujo clã seja do outro lado. Duncan lançou a Connor um olhar de soslaio que poderia congelar um lago. ─Pensei que você estava a salvo de seus esquemas, não é, Duncan?─ Alex disse. ─Nenhum chefe vai me querer para sua filha─, disse Duncan para Connor. ─Eu sou apenas um filho da sua ex-babá. ─Você é o capitão da minha guarda e tão próximo como um irmão para mim─ disse Connor. ─Você será uma boa aquisição para um chefe com filhas solteiras. Duncan olhou para seu copo e não argumentou, mas ele era tão obstinado quanto Alex sobre isto.

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─Vocês vão se casar mais cedo ou mais tarde, como todos os homens fazem─, disse Connor, enquanto enchia os copos de Alex e Duncan, com mais uísque. ─Estou apenas sugerindo que o façam mais cedo. ─Eu não vou fazer isso─, Alex disse com uma voz dura. ─Nem agora, nem nunca. ─Precisamos de aliados,─ Connor repetiu. ─Então eu vou procurar uma esposa para você─, disse Alex. Se alguém precisava de uma mulher para agitar seu sangue, era Connor. Ele não tinha tocado numa mulher desde que se tornou chefe. ─Estou mesmo disposto a levar as filhas dos chefes para a cama─, disse Alex, ─apenas para que eu possa dizer-lhe qual é suficientemente sem graça para você. ─Se eu tomar uma mulher, que seria interpretado como escolha de lados na rebelião─, disse Connor, ─e eu não estou preparado para fazer isso. Porra, mas Connor estava difícil de irritar estes dias. ─Sei─, disse Alex. ─Você é o prêmio a ser pendurado diante de todos até o último momento possível. Connor suspirou. ─Tudo o que eu estou pedindo é que encontre as filhas desses chefes e veja se há uma a seu gosto. ─Fizemos uma lista de mulheres para você considerar─, Ian disse, tirando uma folha de pergaminho e abrindo-a sobre a mesa. ─O quê?─ Alex disse. ─Como pode ver, temos muitas escolhas─, disse Ian. ─Eu já dividi entre aqueles a favor e contra a rebelião. ─Deixamos os Campbells porque a filha de um conde parecia fora do nosso alcance─, disse Connor, com os olhos brilhando. ─Mas se você conseguir conquistar uma, eu não vou reclamar. Alex tornou a encher seu copo, perguntando-se quando isso acabaria. ─Eu quero que vocês dois vão ao encontro dos rebeldes em Castelo Duart em Mull,─ Connor disse. ─De lá, um de vocês pode ir para Edimburgo para ver o regente.

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─Vai ser uma estadia agradável em Castelo Duart, convivendo com os rebeldes e um anfitrião que tentou assassinar-nos─, disse Alex, e todos riram. Connor bateu o dedo no pergaminho. ─Enquanto estiverem na reunião rebelde, podem conhecer algumas das potenciais noivas da minha lista. Connor empurrou a lista para o outro lado da mesa em direção a Duncan e Alex. Nenhum deles iria levá-la, mas os nomes eram simples o suficiente para decorar. ─Ahh, a filha mais velha de McNeil está no topo da lista─, disse Duncan. ─Alex, eu soube que mostrou interesse na moça─, disse Connor. ─Beijando-a na frente de seu pai e clã. Alex olhou para Duncan. ─Traidor. ─Quer que eu mande uma mensagem para seu pai?─ Connor perguntou com um brilho perverso nos olhos. ─O beijo não significou nada─ protestou Alex. ─Vocês sabem que eu tenho uma queda por moças bonitas. Fiquei fora de mim por um momento, foi tudo. Duncan tomou um gole lento e baixou seu copo. ─ Um momento bastante longo, Alex. Alex não podia deixar de rir. Mas ele estava pensando que o beijo não tinha demorado tempo suficiente. ─Eu quase me esqueci, Alex─, disse Connor, procurando dentro de sua camisa. ─Padre Brian esteve aqui, e ele trouxe uma carta para você.

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CAPÍTULO 5 Quem poderia me escrever uma carta? ─Alex perguntou. Qualquer pessoa que quisesse falar com ele tinha apenas que entrar em seu barco para encontrá-lo. ─Parece que passou por muitas mãos até chegar aqui,─ Connor disse, segurando o pergaminho amassado. ─Não reconhece o selo? Ele estudou o selo rosa, lembranças vagas da França, as mensagens perfumadas, e amorosas passaram pela cabeça de Alex. Ele cheirou a carta. Uma leve sugestão de lavanda permanecia. Alex quebrou o selo e desdobrou o pergaminho. A rebuscada caligrafia francesa veio a sua memória. Desta vez, a imagem do perfeito par de seios fartos veio em sua mente. ─Quanto tempo você vai manter-nos à espera?─ Connor perguntou. ─Só saboreando o momento─, disse Alex. ─Não se lembram de Sabine Savoisy, a condessa que me levou para a cama logo depois que chegamos à França? ─Você não pode esperar que eu me lembrasse de todas as suas mulheres─, disse Connor. ─Eu não posso contar quantas foram, e muito menos lembrar seus nomes. ─Houve apenas uma condessa. Deve lembra-se de Sabine, ela tinha uma enorme casa nos arredores de Paris. Connor assentiu. ─E seios adoráveis. Não era costume de Connor falar cruamente na frente de uma mulher, mas ele não pareceu perceber que Ilysa estava por perto. ─Então, você lembra-se de Sabine.─ Alex olhou a data no topo da carta. Dia 10 de Maio do ano de Nosso Senhor de 1515. ─Levou muito tempo para chegar aqui. 36


Os quatro quase não tinham segredos, então Alex começou a ler em voz alta. Estou em Edimburgo visitando a esposa do embaixador francês. Devido a esse miserável tempo úmido de vocês e por falta de entretenimento. Estou entediada além da razão e gostaria de receber a sua visita. ─A mulher deve ter uma memória excelente,─ Ian disse, ─para pedir-lhe para fazer uma viagem tão longa para uma trepada. ─Mesmo eu sendo muito bom─, disse Alex, batendo a borda da carta contra a mesa ─, eu suspeito que Sabine possa encontrar um homem em Edimburgo se fosse seu único propósito. Não, ela tem algum outro motivo para querer-me lá. Eu apodrecerei nesta cidade horrível até o mês de julho. Tenha misericórdia de mim e venha rapidamente. Seu amigo D'Arcy está aqui, somando-se o tédio. Eles lutaram com D'Arcy, na França. ─D'Arcy tem laços estreitos com Albany─, disse Connor. Assim como Sabine, mas Alex manteve aquilo para si mesmo. Ele tomou um gole de seu uísque e depois leu o resto da missiva. Eu tenho um presente especial para você. Eu sei como você gosta de surpresas. Eu prometo que você vai se arrepender se não vier. Alex colocou seu copo na mesa e leu a carta duas vezes mais para si mesmo. A mensagem era velada, a assinatura indeterminado, e o selo não era oficial. Mas, a condessa sempre foi cuidadosa. ─Não tem nenhuma noção do que este “presente especial” pode ser? ─ Connor perguntou, lendo por cima do ombro. ─ Além do óbvio. Alex balançou a cabeça. ─Não, mas eu vou a Edimburgo para você e descubro. ─Vocês devem levar a carta a Teàrlag─, disse Ilysa. Connor parou ao som de sua voz. ─Perdoe-me, Ilysa, eu não a vi aqui─, disse ele. ─O que acha, Alex? Não tem problema mostrar a carta à velha vidente. *** 37


O vento soprava o cabelo de Connor enquanto ele ajustava a vela. ─É bom estar na água. ─Você deve sair velejando com mais frequência.─ Alex estava preocupado com seu primo. O peso das suas responsabilidades aparecia nas linhas de cansaço em seu rosto. Era uma viagem curta para a casa da vidente, que se situava em uma borda entre as montanhas e o mar. Os quatro haviam feito isso inúmeras vezes, quando eram meninos, mas hoje, eram apenas Alex, Connor, e Ilysa no barco. Duncan tinha ido com Ian para visitar Sìleas e as bebês, apesar da advertência de Alex de que as gêmeas eram mordedoras. Homem corajoso. ─Como é que você conseguiu a galera de Shaggy e não eu?─ Connor perguntou. ─Porque eu a amo melhor─, disse Alex, acariciando a amurada. Connor riu, um som bem-vindo. Ilysa, que se preocupava com Connor mais do que ninguém, deu um olhar grato para Alex. Pouco tempo depois, eles levaram o barco para enseada abaixo da casa de Teàrlag e subiram os degraus escorregadios cortados no penhasco de pedra. Teàrlag estava esperando por eles fora de sua casa. Apesar da suavidade do dia no início do verão, ela estava curvada, com dois xales enrolados em torno de si, como se diante de um vento forte. ─Eu vi vocês vindo─, disse ela, como saudação. Com o seu olho bom, Teàrlag não conseguia ver muito, no sentido usual, mas ela era uma vidente de grande renome. A maioria das pessoas a evitava, pois ela tinha uma tendência enervante para prever a morte. Eles entraram, e Ilysa descarregou a cesta de comida que ela tinha trazido, enquanto Alex e Connor se sentavam com Teàrlag em sua pequena mesa. ─Hush, eles vão embora logo─, disse Teàrlag a sua vaca, que estava mugindo queixosamente do outro lado da meia parede que dividia a casa. ─Ilysa, pegue o meu uísque. Não todo dia eu recebo uma visita de nosso chefe .

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─Nós precisamos de sua ajuda com uma carta─, disse Connor depois que eles beberam. Alex abriu o pergaminho e segurou-o sobre a mesa. Claro, a vidente não sabia ler, mas isso não era o ponto de trazê-lo. ─É de uma mulher que diz que ela tem um presente especial para mim─, disse Alex. ─Pode me dizer o que poderia ser? Teàrlag gargalhou. ─Um presente especial? É isso que eles chamam agora? Ah, até mesmo, a velha vidente fazia piadas. Ilysa ajudou Teàrlag com a lareira, pegou uma pequena tigela de ervas da prateleira, e jogou uma pitada no fogo. Depois de respirar profundamente a explosão de fumaça pungente, a vidente voltou ao seu banquinho e colocou as mãos sobre a carta. ─Eu vejo três mulheres, Alex Bàn MacDonald─, disse ela com uma voz distante. Só três? Alex dificilmente precisava de um vidente para dizer-lhe que havia mulheres em seu futuro. Na verdade, Teàrlag tinha visto mulheres em seu futuro desde que ele tinha doze anos. ─Em sua viagem, três mulheres irão pedir-lhe ajuda, e deve dá-la─, disse ela. ─Mas cuidado! Uma traz perigo e a outra mentiras. Alex raramente recusou algo a uma mulher, então isso não lhe dizia respeito. E um pouco de perigo e mentiras só fazia as coisas interessantes. ─E quanto à terceira moça?─ Perguntou ele. ─Ah.─ Tearlag deu-lhe um olhar azedo. ─Esta tem o poder de satisfazer os seus desejos mais profundos. Alex sorriu. ─Perigo, engano e profundos desejos. Eu estou ansioso por esta viagem. Teàrlag fechou os olhos e balançou um lado para outro, fazendo um ruído estranho. Alex sempre quis saber o quanto do desempenho Teàrlag era teatro. ─Você é um pecador, Alexander Bàn─, ela gritou. ─E o tempo virá em breve, quando você vai pagar pelos seus pecados.

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Teàrlag não foi a primeira a fazer esta previsão particular. Alex tinha quase certeza de que ela estava apenas pregando para ele agora, como fazia desde que era um rapaz. ─E o presente?─ Connor perguntou. Teàrlag ficou em silêncio por tanto tempo que Alex pensou que ela poderia ter dormido. ─Eu vejo o brilho, como um raio de luar─, Teàrlag disse, acenando com a mão na frente do rosto. Alex bufou. Um raio de luar. Ah, aquele seria um presente útil. Agora, se fosse uma espada, bem, um homem poderia sempre usar outra boa espada. ─Não é uma espada─, Teàrlag disse, arregalando os olhos. ─Este é um presente importante, e você deve ir buscá-lo. Agora vá! Eles deixaram Ilysa com Teàrlag, que estava ensinando a ela os remédios antigos. Duncan tinha proibido sua irmã de aprender com a velha vidente, mas Ilysa era uma das poucas criaturas na terra de Deus que não era intimidada por ele. ─Isso foi ainda mais estranho do que o habitual─, disse Alex, logo que eles estavam fora da casa. ─Mas eu espero que vocês tenham percebido que Teàrlag não previu um casamento para mim. ─Eu quero que Duncan também procure uma esposa, enquanto estiverem na reunião rebelde,─ Connor disse, implacável. ─Ele não vai fazer isto─, disse Alex. ─Duncan ainda ama sua irmã. ─Moira está casada─, disse Connor. ─É hora de Duncan esquecê-la e encontrar uma esposa. ─Ele não vai. ─Vamos fazer tudo o que for preciso para proteger o clã─, disse Connor. Connor estava soando mais como um chefe agora. ─E Alex, você tem o mau hábito de atrair mulheres inadequadas─, disse Connor. ─Não queremos fazer quaisquer novos inimigos enquanto você estiver fora, já temos o suficiente para nos preocupar.

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CAPÍTULO 6 Castelo Duart, Isle of Mull Glynis puxou o capuz de seu manto sobre seu rosto enquanto ela e seu pai entravam para o pátio do castelo, que já estava lotado com os convidados. Os MacNeils de Barra e Macleans de Duart tinham uma longa amizade, e ela tinha ido muitas vezes ao castelo Duart. Mas este foi seu primeiro grande encontro do clã desde o fim de seu casamento. Quando o chefe Maclean viu seu pai, ele s os o afastou dos outros convidados para cumprimentá-los. ─Chefe MacNeil, eu mais uma vez dou-lhe as boas vindas a minha casa. Poucas pessoas faziam Glynis se sentir desconfortável, mas Lachlan Cattanach Maclean, também conhecido como Shaggy, era um deles. Ela estava acostumada a guerreiros ferozes, mas Shaggy era imprevisível. Na verdade, ela achava-o um pouco louco. ─Eu tive que deixar minha esposa em casa, porque ela está grávida,─ o pai Glynis disse. ─Uma mulher que faz o seu dever, fornecendo crianças ao seu marido,─ Shaggy disse, ─é o único tipo de mulher que vale a pena manter. Glynis não tinha certeza se Shaggy desejara insultá-la ou sua atual esposa, Catherine Campbell. ─Como pode ver, eu trouxe Glynis dessa vez─, disse o pai. ─Eu estou esperando encontrar um marido novo para ela. Glynis abaixou a cabeça ainda mais, embora o que ela queria fazer era chutar seu pai. ─Sua filha se tornou tímida─ disse Shaggy. Seu pai tossiu. ─Você não bate mais nos rapazes como costumava fazer, não é?─ Shaggy disse a ela. ─Apenas os apunhalá-la, sim? 41


─Só quando provocada─, ela murmurou, enquanto Shaggy riu, e seu pai lhe dava uma cotovelada. ─Se a minha esposa, filha do conde,─ Shaggy disse com sarcasmo tão pesado que raspou o chão ─, se dignasse a descer para cumprimentar meus convidados, eu tenho certeza que ela iria mostrar-vos a câmara reservada para as moças. ─Glynis pode encontrá-la─, disse o pai. ─Vamos conversar com os outros convidados no primeiro salão. Glynis mal tinha posto os pés no Castelo Duart, e já estava contando as horas até a hora de partir. Uma vez dentro da fortaleza, ficaram de pé na entrada do salão barulhento. Muitos clãs estavam representados, a julgar pelo número de homens vestidos com as camisas cor de açafrão e plaids de lã fina usados pela nobreza dos clãs. ─O jovem chefe dos MacDonalds de Sleat é um homem difícil─, disse seu pai, sua voz rascante com desagrado. ─Parece que ele não veio. ─Você também não devia ter vindo, pai─ Glynis disse. ─Juntar-se a essa rebelião foi um erro, e você deve sair agora. ─Eu pedi o seu conselho, filha? Estas não são questões para as mulheres decidirem. ─Por favor, pai ─ Glynis disse, e puxou-o pelo braço. ─Não concorde com nada mais. Impedir seu pai de tornar-se mais profundamente envolvido nesta rebelião foi à única razão para ela aceitar vir para a reunião sem ser amarrada e amordaçada. ─Suas chances de agarrar um chefe são pequenas agora─, disse o pai, os olhos percorrendo o aposento. ─Se você tivesse se mostrado fértil, podia ser diferente. Glynis disse a si mesma que seu pai não sabia como sua insistência sobre sua incapacidade de conceber era como uma lâmina em seu coração. E só por isso ela o perdoava. ─Lembre-se─, ele disse: ─O mel pode ser doce, mas ninguém o lambe de uma roseira brava. Glynis prendeu a respiração. 42


─O que é isso?─ O pai perguntou. Suas mãos tremiam quando ela alisou suas saias e tentou se recompor. Seu ex-marido, Magnus Clanranald, o homem que a tinha humilhado e envergonhado, estava no corredor. Ela não tinha posto os olhos sobre ele desde a noite em que o deixou. Como de costume, Magnus estava dando toda a sua atenção para os seios de uma garota rechonchuda que estava em seu colo. ─Eu não sabia que Magnus estaria aqui─, disse o pai, seguindo o seu olhar. Seu rosto queimava e os olhos ardiam. Ela devia ter enfiado sua adaga no coração negro de Magnus, quando teve a chance. ─Eu não acredito em você ─ disse ela. ─Você sabia muito bem que Magnus estaria aqui. Glynis virou-se e saiu correndo para fora da torre. *** ─Como é que Connor nos convenceu a visitar Shaggy Maclean?─ Alex olhou o Castelo Duart à frente deles em um penhasco. Duncan estava tocando sua flauta e não se incomodou em responder. Era uma música triste, é claro. ─Espero que as acomodações sejam melhores do que em nossa visita anterior─, disse Alex. A última vez que eles estiveram no castelo Maclean Shaggy, eles foram presos na masmorra. Duncan enfiou a flauta dentro de sua camisa. ─Então, mantenha distância da esposa de Shaggy dessa vez. ─Você não pode me culpar ─, disse Alex. ─Ela se aproveitou de mim quando eu estava fraco por causa da surra que me deram. Eu não tinha forças para resistir a ela. ─Nunca tem força para resistir a uma moça disposta. ─Disposta? Eu pensei que a mulher iria comer a carne dos meus ossos ─, disse Alex. ─E você deve me agradecer, pois ela nos ajudou a escapar da masmorra de Shaggy. ─Gostaríamos de ter encontrado outra saída─, disse Duncan. ─Nós sempre encontramos. 43


─A esposa de Shaggy é uma Campbell,─ Alex disse para irritar Duncan. ─Eu devo fazer a minha parte para nos aproximar de tão poderoso clã. Shaggy se casara a irmã do chefe Campbell em uma tentativa de trazer a paz entre seus clãs. Os dois se odiavam, no entanto, o que servia para mostrar que o casamento era uma base fraca para formar uma aliança. Isso fez com que Alex pensasse no casamento desastroso de Glynis MacNeil. Na verdade, ele pensava em Glynis com uma frequência surpreendente. Ela era uma mulher terrivelmente intrigante, embora não fosse o seu tipo. Ele gostava de mulheres com natureza calma e virtude fácil. ─Por que você apenas não arranja uma amante como um homem normal?─ Duncan perguntou. Alex fez uma careta. ─Ah, não. Uma amante pode se tornar muito parecida com uma esposa. Ele tinha visto isso acontecer muitas vezes. Quando garoto, era sempre em seu ombro que choravam quando seu pai as mandava embora. Alex tentava alertar as mulheres, mas não adiantava. Depois de alguns meses, elas sempre esperavam um arranjo permanente de um tipo ou outro. ─Pelo menos eu gosto das mulheres que eu levo para a cama. Eu até converso com elas, algo que você deveria tentar. ─, disse Alex. ─Você já falou com sua amante algo além de, passe o peixe e tire a roupa? ─É hora de baixar as velas, rapazes─, Duncan chamou os outros homens. ─Pegue um remo. Infelizmente, eles não poderiam chegar a Shaggy no barco que eles roubaram dele, então eles estavam navegando uma das galeras de guerra. Embora fosse grande o suficiente para levar cinquenta guerreiros, Connor tinha sido capaz de enviar apenas os dezoito homens necessários aos remos. ─Espero que Rhona acredite que por trás de todo o silêncio, você está tendo pensamentos profundos sobre ela─, disse Alex, se inclinando 44


sobre o timão. ─Você a tem em sua cama há meses, e ainda assim não se importaria se ela partisse de amanhã, não é? ─Eu não me importo com ela.─ Duncan encolheu os ombros. ─Nós satisfazemos as necessidades um do outro, e ela não faz barulho como as suas mulheres fazem. ─Satisfazer as necessidades do outro.─ Alex bufou. ─Isso parece tão divertido. ─Descansem os remos,─ Duncan gritou, e deslizou para a praia abaixo do castelo. *** Alex já estava entediado de ouvir os homens que estavam reunidos no pátio do castelo. Como sempre, houve muita conversa inútil sobre o retorno aos dias de glória, quando metade das Highlands respondia ao Senhor das Ilhas, em vez de o Rei da Escócia. Por cento e cinquenta anos, o Senhor das Ilhas tinha sido o líder de todos os ramos do clã MacDonald e seus vassalos, que incluía os Macleans, os MacLeods, os MacNeils, e o resto. De acordo com o senhorio, os clãs tinham seguido a lei celta e antigos costumes. Essa parte não tinha mudado muito, ainda ignoravam o direito escocês e as diretivas da igreja em Roma, exceto quando conveniente. Mas tinham passado mais de vinte anos desde que o Senhor das Ilhas tinha sido forçado a submeter-se a coroa. Sem um líder, os clãs lutavam entre si o tempo todo. Isso no entanto, não os impedia de se levantar contra a Coroa novamente e novamente. ─Nós vamos queimar Inverness!─ Um jovem gritou, apertando o punho no ar. ─De novo não.─ Alex suspirou e virou-se para Duncan. ─Quantas vezes Inverness foi queimada? ─Alguns homens estão praticando no campo atrás do castelo─, disse Duncan. ─Desde que talvez iremos lutar contra estes rebeldes, um dia, vamos ver o quanto eles são bons. 45


Quando Alex e Duncan entraram no campo, os homens interromperam a prática. Vinte pares de olhos hostis fixaram-se sobre eles. ─O que os MacDonalds de Sleat fazem aqui?─ Disse um homem alto o suficiente para todos ouvirem. Ele era um guerreiro MacLeod com uma longa cicatriz no lado do rosto. ─Nós não somos seus inimigos─, disse Alex. ─Então por que o seu clã não se uniu à rebelião?─ Outro homem perguntou. ─Porque nós estamos cheios de boa vontade para todos─, disse Alex, abrindo os braços. A maioria dos homens riu o que poderia ter dado um fim a isso, se não fosse por um jovem com uma barba rala e os olhos evasivos. ─Eu digo que os MacDonalds de Sleat se recusam a se juntar a nós porque são lutadores pobres.─ O homem fez uma pausa e acrescentou: ─Ou então eles são apenas covardes. ─É isso─, disse Duncan, enquanto desembainhava sua claymore. ─Quem é o primeiro? ─Vou lutar com você,─ o mesmo tolo disse, e deu um passo adiante para enfrentar Duncan. ─Quem é o próximo?─ Alex sacou sua espada, ele não poderia deixar Duncan defender a honra do clã sozinho. ─Que tal você com a cara feia? Enquanto Alex lutava contra o guerreiro MacLeod, ele assistiu a outra luta com o canto do olho. Duncan lutou com seu controle habitual. Seu adversário tinha o rosto vermelho e praguejava quando caia para trás, uma e outra vez, sob o assalto da claymore Duncan. Em um instante, o homem estava deitado de costas com o pé de Duncan em seu peito e a ponta da espada de Duncan logo abaixo a barba rala. Depois de Alex e Duncan derrotarem três ou quatro adversários cada um, os ânimos arrefecidos, os outros homens retomaram a prática, como se nada tivesse ocorrido.

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─Isso foi bom─, disse Alex, quando ele e Duncan descansavam contra a parede do castelo. Eles observaram os outros, comentando em voz baixa sobre a sua habilidade ou a falta dela. Mas, então, a atenção de Alex foi capturada por uma mulher que saiu da porta do castelo. Ela fez uma brusca virada e caminhou em direção a eles em um ritmo furioso com a cabeça baixa. ─É Glynis MacNeil?─ Duncan perguntou. ─Sim. Que diabos ela está fazendo aqui sozinha? ─Havia outras mulheres na reunião, mas tiveram o bom senso de ficar dentro da torre ou ficar perto de seus homens. Alex pegou o braço dela quando ela passou por ele. ─Não vá ─ Sua boca ficou seca. Ele tinha esquecido o impacto que seu rosto tinha sobre ele. Ele tentou dizer a si mesmo que ela não era mais bonita do que uma centena de mulheres que ele conhecia, mas havia algo nela que roubava seus pensamentos. Glynis estava olhando para ele com seus luminosos olhos cinzentos. Embora soubesse que era um erro, ele deixou seu olhar cair para a boca. Seus lábios se separaram. A lembrança daquele beijo na praia cantou através de seu corpo, despertando sua atenção integral. Alex repreendeu a si mesmo. Ele não podia deixar isso acontecer novamente. ─Você está chateada─, disse Alex. ─O que há de errado? ─Nada.─ Mas então ela olhou para trás em direção ao portão, e a cor sumiu de seu rosto. Um musculoso guerreiro com uma barba negra e olhos pretos, tinha acabado de entrar em campo. Ele tinha sua claymore amarrada às costas e parecia que ele queria aderir à prática. Mas quando o seu olhar caiu sobre Glynis, ele parou no lugar. A tensão que correu entre os dois era tão palpável como uma corda esticada segurando uma vela em uma tempestade. ─Quem é ele?─ Alex perguntou. ─O chefe de Clanranald─, disse ela tão baixo que mal conseguiu ouvi-la. ─Magnus, meu ex-marido. 47


─ Parece que ele abriga algum ressentimento contra você─, disse Alex. ─Ele teria preferido que eu tivesse deixado nosso casamento direto para o túmulo. ─Você!─ Magnus rugiu, puxando a claymore de suas costas. ─Leve-a.─ Alex empurrou Glynis para Duncan e posicionou-se alguns passos na frente deles, as pernas afastadas e sua espada pronta. ─Cuidado─, disse Duncan em voz baixa atrás dele. ─Este sabe como lutar. O chefe Clanranald levantou sua claymore sobre sua cabeça e gritou novamente enquanto corria em direção a eles. O golpe foi tão forte que Alex sentiu a vibração de seus pés. ─Você esqueceu que é um convidado aqui─, Alex resmungou entre sua próxima troca de golpes. Os olhos do homem estavam selvagens pela raiva, e ele lançou a sua espada com a força de uma pedra caindo de um penhasco. Para um homem tão pesado e musculoso, ele era rápido, também. Precisou de toda a habilidade força de Alex para levá-lo em direção ao meio do campo. Quando Alex tinha-o bem longe da parede, ele arriscou um olhar para ter certeza que Duncan tinha levado Glynis para dentro do castelo. Desviar a atenção mesmo por um momento foi um erro. Alex teve que cair no chão para evitar o golpe seguinte do chefe Clanranald. Ele sentiu o vento da lâmina em seu cabelo. Antes que ele pudesse se levantar, seu adversário baixou sua espada com um grunhido alto. Alex rolou para fora do caminho, pouco antes da lâmina bateu no chão. Isso não era prática de luta, o chefe Clanranald estava tentando matálo. Os dois cruzaram espadas por todo o pátio. Alex girou e atingiu Magnus tão fortemente com a lateral da sua espada que quase o tirou do chão. Quando ouviu gritos de incentivo, Alex tornou-se ciente de que uma multidão se reuniu para assisti-los.

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Mas Alex não estava dando um show neste momento. Ele estava lutando por sua vida. O suor escorria pelas costas enquanto ele alternadamente bloqueava a espada Magnus e atacava. Por fim, ele sentiu seu oponente cansar. Eles se inclinaram um para o outro, espadas cruzadas e os rostos a centímetros de distância. ─Apenas um homem fraco deixaria uma moça perturbá-lo tanto─, Alex zombava dele. ─Ela não me chateou,─ Magnus assobiou, seus olhos negros salientes com a fúria. Quando eles se separaram, Magnus atacou duramente, mas seus golpes eram menos controlados. Alex girou e dançou em volta dele, balançando a espada mais uma vez, acabando com ele. ─Ouvi dizer que ela cortou seus culhões fora─, Alex disse alto o suficiente para apenas Magnus ouvi-lo ─, e o deixou menos homem. Desta vez, quando Magnus atacou, Alex afastou-se e esticou o pé. O chefe Clanranald caiu no chão. Em um instante, Alex sentou-se montado em cima de seu oponente e levantou-lhe a cabeça pelos cabelos. Duncan apareceu com um balde de água e encharcou o chefe Clanranald, que cuspiu e tossiu. ─ Agradeça-me para salvá-lo de matar uma moça que não o aborrece─, Alex disse, ainda respirando com dificuldade. ─E por falar nisso, eu acredito que somos primos de algum tipo, a minha mãe é uma Clanranald. ─Largue-me! Alex se inclinou para falar no ouvido do homem. ─Fique longe de Glynis MacNeil se sabe o que é bom para você. Da próxima vez, eu vou mata-lo e agora você sabe que eu posso fazer isso. Magnus Clanranald era um chefe e um homem de orgulho. Ameaçálo não era sábio, mas era necessário. Alex deixou o homem com o rosto no chão.

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─Vamos dar um mergulho─, disse Alex, quando ele e Duncan se afastaram do campo. ─Eu diria que nós estamos fazendo um bom trabalho de seguir as ordens de Connor para fazer amigos entre os clãs rebeldes. ─Isso é bom para lembrá-los que os MacDonalds sabem como lutar,─ disse Duncan. ─É melhor que eles nos respeitem do que gostem de nós. ─Eu me abstive de matar o chefe Clanranald─, destacou Alex. ─Isso provavelmente foi um erro─, disse Duncan. ─Eu estava observando os membros do clã enquanto você estava lutando, e pelo menos metade deles estavam prontos para agradecê-lo por acabar com ele. *** Glynis ignorou a ordem de Duncan para ir para dentro da fortaleza e ficou paralisada assistindo a luta através da porta aberta. Aparentemente, o capitão da guarda MacDonald estava acostumado a ser obedecido, pois ele a deixou sem olhar para trás. ─Você não vai querer perder essa luta!─, Alguém gritou. As pessoas a acotovelavam enquanto abriam caminho para sair para o pátio externo. Felizmente, ninguém parecia perceber a luta tinha a ver com ela. Uma grande multidão cercou os dois homens que estavam cruzando espadas ferozmente para cima e para baixo no campo. ─Eu não a culpo por assistir. Alex MacDonald é pecaminosamente bonito. Glynis estacou ao som da voz rica e profunda de uma mulher, ao seu lado. Ela virou-se para descobrir que pertencia a bela misteriosa, Lady Catherine Campbell, que era esposa Shaggy Maclean. Com seu cabelo escuro ondulado e voluptuosas curvas, a mulher exalava uma sensualidade que deixava os homens ofegantes. Catherine era o sonho de todo homem, ela sabia disso. Próximo a ela, Glynis sentiu-se como uma boneca que seu pai uma vez fez para ela a partir de paus e cordas velhos. ─Louvado seja Deus─, disse Glynis quando Alex e Duncan deixaram Magnus esparramado no chão. 50


─Eu sabia que Alex iria ganhar─, disse Catherine. ─Ele tem os dons de habilidade e sorte do próprio diabo. Quando Magnus começou a levantar-se, Glynis pegou suas saias para ir para dentro antes que ele a visse novamente. Mas quando ela se virou, o brilho do sol no metal chamou sua atenção. Magnus estava puxando uma lâmina curta de sua manga. ─Alex!─ Glynis gritou. O aviso era desnecessário. Alex já havia estudado bem o inimigo e já estava girando e se agachando. Ele se moveu tão rápido que era difícil dizer exatamente como ele fez isso, mas a bota atingiu mão Magnus com tal força que a adaga voou pelo ar. Um momento depois,os próprios homens de Magnus pegaram-lhe por debaixo dos braços e arrastaram-no para longe. A tentativa de esfaquear outro hóspede pelas costas era uma violação grave das regras de hospitalidade Highland. Alex limpou a testa com a manga e desceu em direção à água com Duncan. Glynis viu os dois homens entrarem no mar e mergulhar. Quando Alex surgiu, depois de nadar, com a camisa agarrada ao seu peito largo, e seu cabelo penteado para trás e pendurado até os ombros, um pequeno gemido escapou dela. Ela havia se esquecido de que Catherine ainda estava de pé ao lado dela até que ela falou de novo. ─Poupe a si mesma de mágoa, não lance seu olhar sobre Alex MacDonald─, disse Catherine. ─Além do mais, você não é seu tipo. ─Eu lancei olhares sobre nenhum homem─, Glynis disse, sentindose irracionalmente irritada com o comentário. ─E o que você quer dizer com, eu não sou seu tipo? ─Você pode ter vinte anos, mas ainda é uma menina─, disse Catherine com um riso em sua voz. ─Um homem como Alex precisa de uma mulher.

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CAPÍTULO 7 Alex olhou para Glynis quando ele e Duncan entraram no castelo, pensando que merecia receber um beijo dela após essa luta. Ele estava pronto para arriscar, embora não na frente de seu pai. Mas Glynis não estava entre a multidão que o parabenizava. ─Foi uma bela luta ─ Shaggy Maclean disse, batendo nas costas de Alex. Alex se absteve de dizer a Shaggy para manter as malditas mãos longe dele. Ele não tinha esquecido a tentativa de Shaggy de ajudar Hugh a tomar a chefia de Connor. ─Eu soube que os homens testaram a sua perícia, também,─ Shaggy disse, e arriscou a vida apertando o ombro de Duncan. ─Precisamos de guerreiros como vocês lutando pela rebelião. ─Vamos discutir isso com o nosso chefe─, disse Duncan. Ele e Duncan desculparam-se e foram lavar a água salgada do seu mergulho no poço no pátio do castelo. Depois, Alex subiu as escadas da torre, olhando para a câmara vazia onde poderia ficar longe do barulho no corredor. Ele devia cumprimentar a sua anfitriã, mas ele pretendia evitar Catherine Campbell durante o tempo que pudesse. Alex tirou suas roupas molhadas e colocou a camisa seca que tinha trazido de seu barco. Seus músculos doíam agradavelmente pelo trabalhado duro. Com um suspiro, ele se deitou em cima dos lençóis. Ele não tinha ideia de há quanto tempo estava dormindo quando acordou com a deliciosa sensação de dedos de uma mulher acariciando sua barriga. Sorriu para si mesmo e se entregou na fantasia completamente inadequada que era Glynis MacNeil correndo os dedos sobre sua pele. Ah, isso é muito bom, Glynis. O cabelo longo fez cócegas em seu peito, e ele imaginou seu cabelo castanho espesso deslizando sobre ele. Sim. 52


Podia ser que se decepcionasse, mas ele achou que era hora de descobrir quem realmente estava lá. Quando ele abriu os olhos, Catherine Campbell estava debruçada sobre ele com o cabelo derramando sobre o peito. ─Eu estava procurando por você─, disse ela na sua voz rouca. ─E agora eu o encontrei. Ela o encontrara, realmente. Sua mão estava enrolada em torno de seu pênis. Catherine era uma mulher linda, e ele ficou tentado. Deus sabia, seu corpo estava pronto. Mas ao contrário do que muitos pensavam dele, Alex respeitava certas regras. ─Eu não posso fazer isso, Catherine─, disse ele. ─Não quando eu sou um hóspede na casa do seu marido. ─Isso não o impediu da última vez─, disse ela. Quando ela começou a mover a mão para cima em seu eixo, ele segurou seu pulso, o que não foi fácil. ─Eu era um prisioneiro no calabouço de Shaggy ,não seu convidado─, disse ele. ─As regras habituais de cortesia não se aplicam. Catherine deu uma risada gutural. Alex se esforçou para não perceber que suas saias estavam arrumadas para revelar as coxas encantadoras e que toda vez que ela se inclinava sobre ele, os seios ainda mais encantadores pressionavam contra o corpete decotado, como se implorando para serem libertados. ─Você não precisa se preocupar com Shaggy, porque eu vou deixálo─, disse Catherine, e a garganta de Alex ficou seca quando ela passou as mãos pelos lados dos seios até os quadris e, em seguida, os topos de suas coxas nuas . ─Veja, eu preciso de um homem que possa me agradar. Não havia nada que Connor gostaria mais do que uma ligação estreita com os Campbells. E Catherine estava claramente sugerindo uma estreita ligação de algum tipo. ─Mas você não deixou Shaggy ainda─, disse ele. ─Então me deixe levantar. 53


Quando ela não se moveu, Alex decidiu que ele teria de tirá-la de cima dele, mas não parecia haver nenhum lugar seguro para colocar suas mãos. ─Vamos ficar nus, Alexander.─ Ela se inclinou contra ele, pressionando seus seios fartos contra o peito, e aferrando os braços em volta de seu pescoço. Não havia como ele dizer não a uma bela mulher que queria que ficasse nu. Ele resolveu seguir o velho ditado: Já que o remo está à mão, reme com ele. Com ela esfregando contra ele, seu corpo era a favor de se render E ainda assim, ele não queria verdadeiramente Catherine. Não era apenas porque transar com a esposa de seu anfitrião era contra um de seus poucos princípios, ou que ele se sentiu usado, embora ele se sentisse. Catherine queria punir o marido. E pior, ele suspeitava que ela quisesse ser apanhada. Ela era uma mulher linda e disposta. E, no entanto, Alex não conseguia se livrar dela o suficientemente rápido para se vestir. Quando ele se sentou, pegou-a pela cintura e a pôs no chão. Quando ele se levantou, Catherine veio atrás dele e colocou os braços ao redor de sua cintura. Suas mãos corriam sobre o peito e quadris, e ele levou um momento muito longo para se lembrar de por que isso era uma má ideia. No momento em que ele lembrou, ela puxou a camisa sobre a cabeça. ─Catherine. Eu disse a você que não posso fazer isso. Quando ele se virou e tirou sua camisa das mãos dela, ela apertou-se contra ele. Ah, Catherine tentava um santo. Logo que ele retirou os dedos de seu pescoço, estavam em sua bunda. Ela fazia muito, muito bem. Quando ela beijou seu peito, fechou os olhos e reforçou a sua resolução. ─Você sabe que você me quer─, disse ela contra a sua pele. ─Não agora, Catherine.─ Gentilmente, ele a empurrou.

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Antes que ela pudesse agarrá-lo novamente, Alex reuniu o resto de suas roupas de cima do banco. Quando ele se virou e caminhou para a porta, ela já estava aberta. Oh, Deus, não.

CAPÍTULO 8 O ruído e vozes abaixo ficaram abafados quando Glynis subiu as escadas de pedra circulares. Ela devia encontrar Alex na sala e agradecerlhe pelo que fez, mas ela não queria correr o risco de ver Magnus de novo tão cedo. Quando ela chegou ao terceiro andar, fez uma pausa, tentando lembrar-se qual o quarto que MacLeans geralmente reservava para as mulheres da nobreza. Uma vez que todos estavam no salão para o almoço, ela não precisava se preocupar em perturbar ninguém, então ela abriu a porta à sua direita. Glynis deu um passo para dentro e congelou. Em algum lugar no fundo do fundo de sua mente, uma voz dizia-lhe para sair. Mas os pés não obedeciam. Alexander Bàn MacDonald ficou de costas para a porta, completamente nu. Como ela sabia que era ele de costas era uma coisa que ela ia perguntar- se mais tarde. Mas um olhar para o cabelo loiro, os 55


ombros largos, as pernas longas e musculosas, aquela bunda perfeita e viril e Glynis sabia com certeza que esse homem nu era Alex. Dos dedos de uma mulher estavam entrelaçados na parte de trás do pescoço dele. Glynis ainda não podia mover a mão segurava o trinco da porta como se fundida a ele. Ela forçou-se a olhar para o chão, mas não havia nada que pudesse fazer para diminuir seu batimento cardíaco. Quando a mulher deu uma gargalhada gutural, Glynis não pode deixar de olhar para cima novamente. Ela não conseguia respirar. A mulher estava com as mãos na bunda nua de Alex. Glynis imaginou como seus músculos se sentiriam sob os seus dedos. ─Não agora, Catherine.─ A voz de Alex penetrou seu torpor. Glynis teve que sair antes que Alex a visse. E mesmo assim, ela sentia como se seus pés estivessem pregados ao chão. Alex se virou. Ah, era um pecado um homem ser tão alto e bonito. Não era justo. Seus olhos deslizavam sobre ele, movendo-se lentamente do seu cabelo úmido, loiro e rosto marcante para o seu peito largo. Queria sentir o pelo áspero e os músculos rígidos sob as palmas das mãos. E então o seu olhar caiu ainda mais. Sua boca se abriu, e ela sentiu um aperto estranho dentro dela, enquanto ela olhava para o seu eixo totalmente ereto. De repente, ela percebeu o que estava fazendo, e ela levantou o seu olhar de volta para seu rosto. Alex havia parado onde estava. Um sorriso escuro brincava sobre seus lábios. ─Glynis.─ Ele falou o nome dela lentamente, como se saboreando cada letra. Sua voz era densa, mel dourado como o resto dele. Glynis estava tão encantada que tinha esquecido que havia mais alguém no quarto. Quando a mulher saiu de trás de Alex e colocou o braço em volta de sua cintura, Alex parecia tão assustado como Glynis.

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A mulher era Catherine Campbell, a mulher do chefe Maclean. Com seus cabelos pretos e brilhantes despenteados, seu vestido solto para revelar os topos de seus seios generosos, e seus olhos escuros de desejo, ela estava deslumbrante. Alex chamou o nome de Glynis enquanto ela descia as escadas. Sua voz ecoou pelas paredes de pedra e dentro de sua cabeça, mas ela não parou. Ela correu para fora da fortaleza, cruzou o pátio, e saiu pelo portão. Só depois que ela alcançou a praia foi que ela finalmente parou. Ela se sentou em uma pedra e apertou a palma da mão contra o peito, tentando recuperar o fôlego. Suas mãos tremiam, e seu coração disparou como se fosse estourar. Por que ela estava tão chateada? Ela mal conhecia Alex MacDonald. E pelo que ela sabia sobre ele, ela não deveria ter ficado surpresa ao encontrá-lo na cama com uma mulher. Ainda assim, tinha sido um choque ver o casal assim. Ela cobriu o rosto, lembrando quando o viu nu. Ah, ela olhou para suas partes viris! Como pode? Claro, seria a mulher mais bonita em todas as Highlands, que estava na cama com Alex. Mas a esposa de seu anfitrião? Insensato, mas Glynis tinha pensado que ele não era tão desonrado. *** Alex tentou encontrar Glynis, logo que ele tinha se desembaraçado de Catherine. Por que ele sentiu a necessidade de se explicar para Glynis, ele não sabia. Mas por alguma razão, era importante para ele que ela não achasse que ele era ainda pior do que realmente era. Alex ainda não tinha visto Glynis quando ele e Duncan entraram no salão para a ceia. Ele examinou o aposento a procura dela. Ele não tinha muito tempo, estava indo para Edimburgo, na parte da manhã. ─Quem está procurando?─ Duncan perguntou. ─Ninguém─ disse Alex.

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─Hmmph,─ Duncan resmungou, mas deixou passar. ─Estes rebeldes estão tramando algo. Donald Gallda e os outros chefes reuniram-se esta tarde sem nenhum dos seus homens presentes. Donald MacDonald Gallda de Lachalsh foi o último MacDonald a assumir a liderança da rebelião. O rei o levara para ser criado nas Lowlands após a rebelião de seu pai, que foi o motivo para os Highlanders chamarem Donald Gallda, o Estrangeiro. ─Vamos nos dividir e ver o que podemos descobrir─, disse Alex. ─Vou ver se esse lote bêbado sabe de alguma coisa─, disse Duncan com um aceno em direção a uma mesa de guerreiros Maclean. ─Eu suponho que você vai conversar com os MacNeils. Antes de Alex poder perguntar a Duncan que ele quis dizer com essa observação, Duncan foi embora. Alex encontrou o chefe MacNeil perto da lareira. A julgar pela sua saudação cordial, o homem tinha perdoado Alex pelo beijo na praia. ─Eu tenho um aviso para você─, disse o MacNeil sob o ruído do salão. ─Ninguém, a não ser os chefes deve saber antes do tempo, mas nós vamos atacar o Castelo Mingary amanhã. ─Isso é cutucar um ninho de vespa.─ Mingary foi construído pelos MacIains, que eram aliados da Coroa. A Coroa ficaria em pé de guerra por isso, o que tornou ainda mais importante para Alex chegar a Edimburgo para tranquilizar o regente. ─Se você não quer tomar parte dele, é melhor já ter partido pela manhã.─ O MacNeil olhou em volta para ter certeza de que ninguém estava escutando. ─Eles pretendem dar a você e Duncan a escolha de lutar com a gente ou serem os primeiros a morrer na batalha. Se o primo de Connor e o capitão de sua guarda participassem do ataque, os aliados da Coroa iriam saber, e seu clã estaria comprometido com a rebelião. ─Os cães.─ Alex deveria ter esperado por isso.

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─Eu não concordo em forçar um chefe dessa maneira─, o MacNeil disse. ─Mas depois que os outros os viram lutar, eles estão determinados a vê-los do lado direito ou morto. ─Eu aprecio o aviso.─ Eles teriam que sair hoje à noite, ele para Edimburgo, e Duncan e o resto de seus homens para Skye. ─Sendo Highlanders, estes outros chefes ficarão ainda mais impressionado se vocês conseguirem escapar daqui debaixo de seus narizes─, disse MacNeil, e ambos riram. ─Eles nunca vão nos ouvir sair─, Alex disse com uma piscadela. Ele estava ansioso para falar com Duncan, mas isso teria de esperar até depois da refeição. ─Vamos encontrar sua filha e sentar? ─Ela está sentada à mesa principal hoje à noite. Alex se virou e viu que Glynis estava de fato à mesa principal, sentada ao lado da doninha com a barba rala. ─Quem é esse? ─O segundo filho de Shaggy, Alain.─ O MacNeil uma cotovelada nele. ─Ele seria uma boa escolha para minha Glynis. ─Ele?─ Alex olhou para o casal à mesa principal por um longo momento, tentando decidir se o chefe MacNeil estava zombando dele. ─Sim─, o MacNeil disse, balançando a cabeça. ─Alain é filho de um chefe de um clã forte, que apoia a rebelião, e ela o conhecia toda a sua vida. ─Ele não é um homem que eu iria confiar─, disse Alex. Por um breve momento, Glynis encontrou seus olhos. Mas quando Alex sorriu e balançou a cabeça, ela virou a sua. ─E você é?─ MacNeil perguntou. ─O quê?─ Alex perguntou, com seu olhar ainda em Glynis. ─Um homem de confiança. Aquilo chamou sua atenção. Alex sabia exatamente o que o chefe queria perguntar-lhe. Ele ouviu a voz de sua mãe em sua cabeça, como se ela estivesse de pé ao lado dele. Você será como o seu pai! E Alex acabou por ser como seu pai. Ele gostava de mulheres, embora nunca a mesma por muito tempo. Mas em um aspecto, Alex estava determinado a ser diferente de seu pai. Ele não iria cometer o erro de se casar com uma mulher boa e fazer com que ela o odiasse. 59


─Sua filha teria o seu punhal em mim, em nenhum momento─, disse Alex. ─E eu mereço. ─Alain vai servir─, disse o chefe MacNeil. ─Claro, eu prefiro que ela e Magnus Clanranald arrumem suas diferenças. Alex se virou para olhar para ele. ─Não pode dizer isso─, disse ele, lutando para manter a voz baixa. ─Magnus é um homem vil e ele é um perigo para ela. ─Ah─, disse MacNeil, descartando isso com um aceno de mão. ─Eles tiveram um mau começo. Um pouco de tempo é tudo que eles precisam e um bebê, é claro. Um bebê resolveria o problema. Você não pode culpar Magnus por querer um herdeiro. Todo homem quer. Ele a mandaria de volta para Magnus? Alex queria bater a cabeça dura de MacNeil em cima da mesa, mas meter bom senso na cabeça do homem era claramente uma tarefa impossível. Alex virou sua caneca, pedindo a Deus que Shaggy tivesse servido uísque ao invés de cerveja. *** A trava da porta rangeu quando Glynis a deslizou. Através do pulsar em seus ouvidos, ela ouviu uma das mulheres na cama atrás dela suspirar. Suas mãos tremiam enquanto esperava a mulher chamá-la. Houve um farfalhar de roupas de cama, e ela prendeu a respiração, esperando. O silêncio pairou sobre o aposento novamente. Movendo-se tão rapidamente quanto possível na escuridão, Glynis pegou o saco de pano que ela tinha deixado ao lado da porta, levantou o manto do cabide, e saiu. O pânico correu através de seus membros, quando uma grande mão cobriu sua boca.

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CAPÍTULO 9 ─Não grite. Sou eu. ─Alex não liberou a mão da boca Glynis até que ela concordou. ─Eu pedi-lhe para me encontrar fora das cozinhas─ murmurou. ─Quieta. Nós não podemos falar aqui. ─Ele colocou seu braço ao redor dela e levou-a para baixo pelas escadas antes que alguém em um dos quartos ouvisse e saísse para investigar. Quando chegaram ao piso principal, ele continuou descendo para as despensas. Com tantos convidados no castelo, eles poderiam encontrar servos dormindo ou ainda trabalhando na cozinha, então ele pegou uma tocha acesa da parede e empurrou-a para um depósito. ─O que estava pensando ao me pedir para encontrá-la há essa hora? ─, Disse ele, aproximando a tocha do candeeiro na parede. Alex estava na cozinha organizando os suprimentos de que precisava para levar com ele para Edimburgo, quando um rapaz apareceu e lhe disse que uma senhora queria que ele a encontrasse à meia-noite fora das cozinhas. Esta não foi a primeira vez que ele recebeu esse tipo de pedido. Ele estava prestes a enviar o rapaz embora, mas algo o fez pedir ao rapaz para descrever a dama. ─Estou contente por que você veio─ disse Glynis.

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─Você não me deu escolha─ disse ele. ─Eu não poderia deixá-la atravessar um castelo cheio de guerreiros, metade deles bêbado, procurando por mim no escuro. Ele respirou fundo. Ele queria dizer adeus a ela e explicar sobre o que ela tinha visto quando ela encontrou com ele e Catherine, mas ele não tinha muito tempo. Ele iria encontrar Duncan em breve, e, em seguida, todos iriam partir. ─Por que você queria me ver?─, Perguntou ele. ─Quando conversei com seu amigo Duncan, esta tarde, ele me disse que você está indo para Edimburgo. Como ela teria convencido o taciturno Duncan a compartilhar os seus negócios com ela? ─Eu quero que vocês me levem com vocês─, disse ela. Alex não ficaria mais atordoado se ela criasse asas de fada e voasse sobre as panelas e sacos de grãos do armazém. Mas o que estava Glynis sugerindo? Seu coração deu um salto grande enquanto ele considerava a possibilidade de que ela poderia realmente querer fugir com ele. Aparentemente, ela gostou do que viu hoje cedo. Mas parecia tão improvável que ele tinha que perguntar. ─Por quê? ─Eu decidi viver com a família de minha mãe─, disse ela. ─Eles são Lowlanders e vivem em Edimburgo. Alex esperou pelo o alívio que ele deveria sentir ao saber que seu pedido não tinha nada a ver com ele, mas ele não veio. Um mau sinal. ─Sabe muito bem que eu não posso simplesmente fugir com você pela Escócia─, disse Alex. ─Você precisa─, disse ela, cerrando os punhos. ─meu pai quer me casar com Alain. Alex queria bater em alguma coisa. Ele não tinha tempo para isso, e seu pai não o tinha escutado antes, mas ele queria ajudá-la se pudesse. ─Não sabe onde seu pai está? Eu vou falar com ele. ─Você acha que meu pai é o tipo de homem que acata um conselho? Ela marcou um ponto, mas ele disse: ─Eu posso ser muito persuasivo. 62


─Ouvi dizer─, disse Glynis com mais que um toque de sarcasmo. ─Mas não importa. Meu pai é teimoso demais. Assim como sua filha. ─Você considerou um compromisso? Não há nenhum homem com quem esteja disposta a casar? Glynis negou firmemente com a cabeça e cruzou os braços. ─Você disse que queria ser meu amigo. ─Roubar uma moça de seu pai não é ser um amigo─, disse ele, embora suas palavras parecessem vazias. A família de sua mãe não poderia fazer pior por ela. ─Leve-me, Alexander Bàn MacDonald─, disse ela, seus olhos cinza endurecendo. ─Ou eu vou dizer ao chefe Maclean agora mesmo que eu vi você agarrando sua esposa. ─Aquilo não era o que parecia!─ Alex estava tão acostumado a ter cometido qualquer crime pelo qual fosse acusado que ele mal sabia como se defender. ─Meu clã tem laços com os Campbells, então eu não podia ofendê-la. ─Você se sacrificou pelo bem do seu clã, não foi? ─Eu não fiz o que você pensa─, protestou Alex. ─Embora não tenha sido fácil, acredite. A julgar pela linha sombria de sua boca, Glynis não ficou impressionada com seu autodomínio. ─Catherine está perto de seus irmãos─, explicou. ─Se você se esqueceu, eles são o conde de Argyll e o Barão de Cawdor, então eu tinha que ser muito cuidadoso com a maneira de dizer não. ─Parecia um 'sim' para mim, afinal você estava nu e tudo mais. Ah, ela estava cheia de sarcasmo esta noite. Glynis deu um passo mais perto e bateu o dedo no peito dele. Apesar da raiva em seus olhos, a ponta do dedo fazia calor irradiar por seu corpo. ─E se eu contar a Shaggy Maclean o que vi e deixá-lo resolver isso? ─ Perguntou ela. Deus o ajudasse, ela era uma mulher determinada. Se ela saísse correndo para Shaggy com esta historia agora, nenhum dos MacDonalds escaparia esta noite. Alex passou a mão pelos cabelos. Ele poderia amarrá63


la e deixá-la na despensa. Mas ele não gostava da ideia de deixá-la desamparada, sem saber quanto tempo ela poderia ficar aqui, ou se iriam encontrá-la. ─Se você disser a Shaggy, ele vai me matar─, disse Alex, tentando argumentar com ela. ─Não seria minha culpa─, disse ela. ─Um homem deve pagar por seus pecados. Teàrlag não disse algo parecido a ele? ─Você não seria tão cruel─, disse ele, embora Glynis estivesse parecendo ser. ─E eu estou dizendo a você, eu não pequei com Catherine. Não desta vez, de qualquer maneira. ─Vou fazer o que for preciso ─, disse Glynis com aquele olhar obstinado em seus olhos. ─Há centenas de homens aqui. Meu pai não vai saber que eu fugi com você, se essa é a sua preocupação. Com seu pai atacando Mingary, ele nem sequer saberia que ela ficou desaparecida por dias. Ainda assim, era muito tola. ─A verdade sempre aparece.─ Alex cruzou os braços sobre o peito. ─Já pensou no que seu pai vai fazer se descobrir que fui eu que a levou embora? Zangado como ele estará, ele vai exigir casamento. Pela primeira vez, Glynis parecia incerta. O irritava saber que a possibilidade de ser forçada a casar com ele era a única parte de seu plano ridículo que a fazia hesitar. ─Eu vou ter que assumir o risco─, disse ela com uma voz dura. ─Agora, eu vou bater na porta do quarto de Shaggy, ou vai me levar?

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CAPÍTULO 10 ─Vamos ─, disse Alex. Glynis prendeu a respiração quando ele a apertou contra seu lado. Seus pés mal tocavam o chão, quando eles passaram as cozinhas e começaram a subir as escadas. O que ela estava fazendo, se colocar nas mãos de um homem que ela mal conhecia? O que a fez confiar neste guerreiro demasiado belo de um clã diferente? Ele não lhe devia nenhuma lealdade. E ele estava com raiva porque ela o coagira para levá-la. Ele poderia abandoná-la no deserto. Esta foi à coisa mais ultrajante que já tinha feito, exceto, talvez, esfaquear o marido. Mas atacar Magnus era algo que simplesmente aconteceu, ela não havia planejado. O ar fresco da noite bateu no rosto dela enquanto eles deixavam a torre, mas o calor de Alex irradiada através dela. Ele tinha o corpo de um guerreiro, poderoso e gracioso, e ele a segurava com uma firmeza que fez seu coração martelar. Será que Alex espera ser mais do que sua escolta? Alguns homens podiam achar isso uma hipótese razoável, especialmente se ele era o tipo de homem que estava acostumado a ter mulheres se oferecendo para ele. Se metade do que tinha ouvido falar sobre Alex Bàn MacDonald era verdade, ele era aquele tipo de homem. 65


─Se alguém nos vir─, Alex disse em voz baixa, ─queremos que eles acreditem que somos um casal de amantes escapando para um encontro. Alex queria apenas fingir. Glynis estava, naturalmente, aliviada que Alex não tivesse confundido as suas intenções. ─É uma sorte eu ter um companheiro com tanta experiência ─ ela sussurrou. ─Mantenha sua cabeça baixa─ disse Alex. ─Nós não queremos que ninguém a reconheça. ─Acho que não importa se eles reconhecerem você─, disse ela. ─Na verdade, pode parecer suspeito se passar uma noite sem alguém vê-lo se esgueirar com uma moça. ─Shhh. Eles estavam caminhando ao longo da muralha do castelo, à vista do portão agora.O coração de Glynis disparou. Será que os guardas iriam detêlos? Será que eles exigiriam saber quem ela era e chamariam seu pai? Alex diminuiu os seus passos. Quando ele se inclinou para baixo, o calor de sua respiração em seu ouvido enviou um arrepio por todo o caminho para os dedos dos pés. ─Ande junto comigo─, ele sussurrou. Ela quase gritou quando ele deslizou a mão sob a sua capa e ao longo de sua caixa torácica. Era muito perto de seu peito. Ela agarrou seu pulso e sussurrou: ─Eu não posso respirar com sua mão ai. Ele riu no fundo de sua garganta, mas não removeu sua mão. Em vez disso, ele esfregou o pescoço. ─ Mudou de ideia?─, Disse ele contra sua pele. ─Porque se você quer ir a Edimburgo, é preciso primeiro sair do castelo. Ela ouviu o som das botas ao virar a esquina da torre principal. A próxima coisa que ela percebeu, foi que Alex a empurrava contra a parede de pedra. Sua boca estava na dela antes que ela pudesse pensar, Oh, Deus, ele vai me beijar! E isso não parecia ser um beijo de mentira. Seu corpo estava rígido contra o dela, mas sua boca era suave e quente. Enquanto Alex a beijava de 66


novo e de novo, seus joelhos ficaram tão fracos que tive que colocar os braços em volta de seu pescoço para não cair. Ele segurou-a mais apertado contra ele aprofundando seus beijos, sua língua na boca dela, sondando, procurando. Suas entranhas se transformaram em líquido, e sua cabeça girou. As coisas que outras mulheres disseram sobre o beijo eram verdade, afinal. Esse foi seu último pensamento claro. Suas mãos se moviam sob seu manto, segurando seu quadril, deslizando para cima nos lados de seus seios. Quando sentiu que o seu eixo duro contra sua barriga, um gemido escapou de sua garganta. Ela enroscou os dedos em seus cabelos, puxando-o para mais perto ainda. De repente, Alex interrompeu o beijo. Ele estava respirando com dificuldade, e ele ainda a mantinha pressionada contra a parede para que ela sentisse cada centímetro de seu calor através de suas roupas. Ele emoldurou o rosto com as mãos e olhou em seus olhos. Ela piscou, tentando assimilar o que tinha acontecido com ela e o que isso significava. ─Acaso acho que convenceu os guardas─, perguntou ele, correndo o dedo em seu rosto ─, ou devo beijá-la novamente para ter certeza? Ela ficou mortificada. Foi tudo uma brincadeira para ele. *** Como foi que ele perdeu o controle assim? Deus o ajude, ele queria levantar as saias de Glynis e tomá-la ali contra a parede do castelo com os guardas passando por aqui. Alex pensou que ele poderia contar com o bom senso de Glynis. Ha! Ela derreteu em seus braços a partir do primeiro toque de seus lábios e ele perdeu a cabeça. Como ele conseguiria fazer todo o caminho para Edimburgo? Isso era culpa de Teàrlag. Ele deveria ter amarrado Glynis em vez de seguir a admoestação da vidente para ajudar as mulheres que pedissem ajuda a ele. E se ele realizasse seus desejos mais profundos com essa, ela com certeza lhe traria perigo. Ir para a cama com a filha solteira de um 67


chefe era uma ofensa grave que justificava a punição mais dura possível à morte ou casamento. Alex ignorou as piadas dos guardas sobre a obtenção de areia em seu cabelo e vários lugares privados, quando os homens os deixaram sair pelo portão. Glynis tentou puxar a mão dela, mas ele ignorou isso também. Segurando-a firmemente, ele a levou até a praia. ─Por aqui,─ Duncan chamou. Alex seguiu a voz de Duncan até a silhueta de seu amigo emergir da escuridão. ─Eu “emprestei” este barco dos MacLeans para você─, disse Duncan. ─É velho, mas ele deve levar você para o continente. ─Você é um bom homem─, disse Alex. ─É melhor você partir também. Seus homens e a galera estavam prontos e à espera de Duncan na enseada próxima. Apesar de Glynis, tudo tinha ido bem até agora. Mas a qualquer momento, alguém no salão poderia acordar e perceber que todos os MacDonalds de Sleat tinham sumido. Olhar de Duncan passou dele para Glynis e vice-versa, pedindo uma explicação. ─Você nunca a viu─, disse Alex. ─Este era seu plano, não meu. Ela quer que eu a leve a seus parentes em Edimburgo. ─ Lady Glynis ─, disse Duncan, ─ você está certa de querer fazer isso? ─Eu posso levar você de volta para o castelo, e ninguém saberia.─ Alex prendeu a respiração, esperando a sua resposta. ─Eu vou─, disse Glynis, e subiu no barco. Parecia que Alex estava em uma aventura. Teàrlag disse que três mulheres exigiriam a sua ajuda, e que ele esperava desesperadamente que a velha vidente tivesse contado errado. ─Nós não somos os únicos que saem hoje à noite no escuro─, disse Duncan para Alex, depois de terem se afastado para falar em privado. ─Eu vi outro barco sair um par de horas atrás. Alex esperou, percebendo que Duncan tinha algo mais a dizer a ele. ─Glynis é uma boa mulher─, disse Duncan. 68


─Eu sei que ela é─, disse Alex. ─Eu não pretendo tirar proveito da situação. ─Boa sorte─, disse Duncan, apertando o ombro de Alex. ─Eu suspeito que você vá precisar dela. *** A lua brilhava entre as nuvens movendo-se rapidamente na noite, revelando as rochas ocasionalmente erguendo-se acima do mar. Alex manobrou o barco facilmente. Ele não conhecia as águas ao redor de Mull, bem como aquelas que navegou ao redor das ilhas ao norte e oeste. Mas o sangue Viking era forte nele, e dava-lhe um sexto sentido sobre a água. O único som era o barulho suave de seus remos. A água era calma e silenciosa, e nem ele nem Glynis tinham falado uma palavra desde que deixaram à costa. ─Você não tem de me beijar─, Glynis disse. Sorriu para si mesmo. Obviamente, Glynis tinha sido atingida por aqueles beijos, também. ─Você podia ter fingido─ disse ela. ─Estava escuro demais para os guardas perceberem a diferença. ─E por que eu iria querer fazer isso?─ Perguntou ele. Glynis pigarreou. ─Eu temo que não fui clara. Quando pedi a você para me levar com você. ─Me forçou, você quer dizer─ disse Alex. ─Eu não quis dizer isso como um convite a ... a ... Alex não conseguia ajudar a si mesmo. ─Para fazer amor com você de manhã, de noite, ao meio-dia, e, todo o caminho para Edimburgo? ─Alex! Glynis soou tão escandalizada que ele riu. ─Não pule na água, eu sei que estava apenas procurando uma escolta, não um amante.─ Baixinho, ele acrescentou: ─Uma vergonha, isso. Uma vergonha. Isso ia ser um inferno de uma longa viagem. ─O que sabe da família de sua mãe?─ Ele perguntou para desviar-se.

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─Eu nunca os conheci, mas eu sei que eles são uma família de comerciantes ricos e respeitados─ disse ela. ─Um dos meus tios é um sacerdote. Alex iria certificar-se que a família de sua mãe eram pessoas boas, antes que ele a deixasse com eles. Se não fossem, o céu o ajudasse, pois ele não sabia o que faria com ela então. ─Por que vai viajar para Edimburgo?─ Glynis perguntou. ─Tenho negócios do meu chefe para resolver ─ disse Alex. ─E alguns meus próprios. Ele deveria ter mantido a boca fechada sobre o seu próprio negócio. Antes que ela pudesse perguntar sobre isso, ele disse: ─É um mundo perigoso, Glynis. Goste ou não, você precisa de um marido para protegê-la. Suas próprias palavras causou uma sensação irritante em seu intestino. ─Tal como o meu último marido me protegeu? Não, obrigada─ disse Glynis. ─A família da minha mãe vai cuidar de mim. Além disso, Edimburgo soa como um lugar calmo. Alex não gostou da ideia dela sozinha com apenas uma família de Lowlanders e padres para protegê-la. ─Você pode encontrar um Highland forte. ─Hmmph. Eu tive um deles ─ disse ela Uma forte neblina havia descido. Alex ouviu um som fraco de miado à distância e levantou os remos para ouvir. ─O que é isso?─ Glynis perguntou em voz baixa. ─Parece um gato preso em uma árvore. Isso não era um gato. Alex remou o barco na direção do som através da névoa esvoaçante.

CAPÍTULO 11 ─Ajude! Alguém me ajude! ─O grito veio através da densa neblina. 70


─É uma mulher─ Glynis disse, inclinando-se e agarrando o joelho de Alex. ─Sim─. Ele sabia que era uma fêmea desde o começo. A questão era: de que tipo? Alex não era supersticioso para um Highlander, mas todas as histórias que ele já tinha ouvido falar sobre selkies voltaram para ele quando ele remou para mais perto. A selkie era uma criatura do mar que era conhecida por tomar a forma de uma mulher bonita e atrair os marinheiros para a morte. Em quase todas as histórias, selkies apareciam aos homens, quando uma densa neblina pairava sobre a água. ─Ajude-me! Na frente dele, a forma de uma rocha negra emergiu da névoa. ─Eu posso vê-la!─ Glynis estava no barco, apontando. ─Ela está se agarrando a essa pedra. Alex viu o contorno da metade superior de uma figura de cabelos longos flutuando acima da linha de água. Suas pernas ou cauda debaixo da água. ─Espere─ ele gritou. ─Nós estamos indo até você. ─Ela está só lá!─ Glynis disse. ─Entre na parte de trás do barco.─ Sabendo Glynis não era o tipo de seguir ordens sem uma explicação, ele acrescentou, ─Eu preciso de vocês para manter o barco estável, enquanto eu puxá-la para dentro Mas, se Alex visse uma cauda, ele soltaria essa criatura de volta ao mar. Ele trouxe o barco até próximo à rocha. Quando ele se inclinou para fora para levantá-la, ela manteve os braços em torno da rocha. Ah, isso não era selkie. A coitada estava tremendo como um cordeiro recém-nascido. ─Você pode soltar agora─ disse ele, usando o mesmo tom suave que ele iria usar com um cavalo irritado. ─Peguei-a. Apenas dois pés da rocha permaneciam acima da água, e a maré ainda estava subindo mais uma ou duas horas, e ela não teria mais nada para segurar. Há quanto tempo ela estava aqui, agarrando-se a rocha

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enquanto a água subia em torno dela? Não admira que ela estivesse com medo de se soltar. ─Não se preocupe moça─ disse ele. ─Você está a salvo agora. ─Alex?─ Perguntou a mulher com uma voz rouca. ─É você?─ Deus no Céu, a mulher agarrada à rocha era Catherine Campbell. ─Sim, sou eu─ disse ele. ─Coloque seus braços em volta do meu pescoço. Eu prometo que não vai cair. As saias de Catherine estavam cheias de água, ele levantou-a para o barco. Movendo-se rapidamente, ele soltou seu plaid e envolveu-o em torno de ambos, então ele começou a esfregar as costas e membros para fazer o seu sangue circular. Ela estava tão fria que os dentes batiam. Glynis encontrou um cobertor e o colocou nos ombros de Catherine. ─O que aconteceu, Catherine?─ Alex perguntou. ─Como é que você veio parar aqui? ─Sh-sh-Aggy fez isso.─ Seus dentes batiam enquanto falava. ─Ele, ele me trouxe aqui e me deixou. ─Esta dizendo Shaggy deixou você para se afogar? Ela assentiu com a cabeça contra o peito. Os santos têm misericórdia! Alex tinha visto uma boa dose de violência em sua vida, e ele sabia de casos de homens assassinando esposas ou amantes em fúria. Mas a crueldade fria deste caso chocou. Shaggy queria que sua esposa visse a água subir durante horas, sabendo o tempo todo que ela iria se afogar no final. ─Temos que ir para a praia e acender uma fogueira para ela─ disse a Glynis. ─Então nós vamos precisar levá-la a sua família. ─O que você quer que eu faça?─ Glynis perguntou. ─Eu posso remar. Graças a Deus Glynis não era o tipo de mulher que perdia a cabeça em uma crise. ─Eu vou remar─ disse ele. ─Basta mantê-la quente como puder. A segunda mulher pediu a sua ajuda. *** Glynis tentou levar Catherine Campbell para a parte de trás do barco, Alex pegou os remos, mas a mulher caiu de seus braços como uma enguia. 72


Quando Glynis tentou novamente, Catherine colocou os braços em volta da cintura de Alex por trás e se agarrou a ele, assim como ela agarrara a rocha. ─Está tudo bem. Basta enrolar o meu plaid em torno dela ─ disse Alex. ─Meu corpo vai exalar muito calor enquanto eu remar. Enquanto remava, Alex acalmou Lady Catherine com um murmúrio constante, baixo, como se estivesse acalmando um bebê em seus braços. Glynis se sentia inútil. Ela mordeu o lábio contra o seu próprio desapontamento. Depois do que Lady Catherine tinha sofrido, era mesquinho ela pensar sobre como os seus próprios planos foram arruinados. Alex iria insistir em levar Catherine com segurança para o castelo de seu irmão, como era correto, e Glynis nunca iria para Edimburgo. O chefe Campbell iria enviar uma mensagem ao pai de Glynis. E ela iria para casa com uma vergonha pior do que antes. ─A neblina está se erguendo, e o vento está soprando─ disse Alex para Glynis depois de um tempo. ─Podemos levantar a vela agora, e estaremos do lado Campbell do lago, em um momento. Depois que Glynis ajudou a levantar pequena vela do barco, Alex sentou Lady Catherine em seu colo e sentou-se com um braço em volta dela e outro guiando o barco. ─Catherine, se você se sentir bem o suficiente para falar─ disse Alex, ─pode dizer-nos porque Shaggy deixou-a naquela rocha? ─Ele queria se livrar de mim sem ganhar à ira dos meus irmãos─ disse ela. ─Ele queria me matar, sem sangue nas mãos. ─Quem mais estava envolvido?─ Alex perguntou. ─Shaggy remou até a rocha sozinho, ele não quis arriscar nenhuma língua solta─ disse Catherine, a raiva fortalecendo sua voz. ─Enquanto ele me amarrava como um porco para assar, ele teve o prazer considerável em me dizer como a água iria subir até eu não teria nenhuma pedra para segurar.

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Glynis pensou que Lady Catherine parecia suficientemente recuperada para sentar-se sozinha. Catherine, no entanto, não se soltava de Alex. ─Que vergonha eu não ter conseguido envenená-lo─ disse Catherine. ─Eu tentei duas vezes, mas Shaggy é um pássaro velho resistente. Glynis trocou olhares com Alex, mas ele não demonstrou surpresa com esta confissão notável. ─O veneno não fez mais do que torná-lo doente por um dia ou dois─ disse Catherine. ─Digo a vocês era muito decepcionante. Alex limpou a garganta. ─Acho que ele planejou informar os seus irmãos que você sofreu um acidente. ─Sim, e ele tem algumas centenas de homens para dizer que ele estava lutando contra os MacIains no Castelo Mingary no dia em que desapareci─ disse Catherine, sua voz dura com amargura. ─Shaggy vai pagar por isso. Meus irmãos vão pegá-lo. Eles estavam finalmente chegando perto da outra margem, onde os pescadores estavam à beira da água, preparando seus barcos para a pesca da manhã. ─Eles devem ser Campbells─ disse Alex. ─Vocês duas fiquem no barco enquanto eu falo com eles. Glynis pegou um dos remos e segurou-a contra o fundo do lago para estabilizar o barco quando Alex saiu. Enquanto ele e o pescador falavam em voz baixa, Glynis sentiu os olhos dos homens sobre ela e Lady Catherine. ─Catherine, esses pescadores são os membros do clã─ Alex disse quando voltou para elas. ─Podemos ficar aqui no acampamento antes da viagem para o castelo Inveraray. Glynis sabia quantos dias e milhas eles teriam que caminhar para chegar à fortaleza Campbell, e seu espírito se afundou mais ainda. Os pescadores pareciam temer a irmã de seu chefe e se esforçaram para torná-los confortáveis. Depois de lhes dar comida e cobertores e 74


atiçarem o fogo, eles deixaram os três para descansar e tomaram seus barcos para pescar. Glynis estava tão cansada depois de passar a noite toda acordada na água que adormeceu pouco antes de sua cabeça tocar o chão. Quando ela acordou, estava perto do anoitecer, e os pescadores estavam de volta. Alex estava sentado ao lado dela, talhando um pedaço de pau com sua adaga. Ela se sentou e olhou em volta. Lady Catherine estava a vários metros de distância cercada por vários homens que tinham acabado de chegar. ─Quem são eles?─ Ela perguntou Alex. ─Os pescadores sentiram que a irmã do chefe precisava de guerreiros Campbell para acompanhá-la em casa─ disse Alex, com seus olhos sobre os homens. ─ Eles foram buscá-los. Os guerreiros Campbell fizeram uma careta para Alex quando Catherine os deixou para sentar ao lado dele. ─Estes homens vão levá-la com segurança para o Castelo Inveraray ─ disse Alex. ─Mas guarde sua história sobre o que Shaggy fez, apenas para os ouvidos de seus irmãos. Catherine deslizou a mão pelo braço de Alex. ─Eu quero que você me leve até lá. ─Glynis e eu devemos estar a caminho de Edimburgo, na parte da manhã─ disse Alex. O alívio inundou Glynis. Ele a levaria para a família de sua mãe depois de tudo. ─Por que está viajando com ela?─ Catherine olhou de soslaio para Glynis como se fosse lama presa em seus sapatos. ─Eu estou levando Glynis aos parentes de sua mãe, nada mais─ disse ele. ─Nós não queremos seu pai descubra, então não diga aos homens quem somos. ─Certamente a sua viagem pode esperar─ disse Catherine, soando com sua habitual arrogância. ─Eu tenho que encontrar alguém em Edimburgo antes do final do mês. Alex deu um sorriso para Catherine que iria derreter o coração de uma

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bruxa. ─Venha, Catherine, sabe muito bem que ninguém em terras Campbell ousaria prejudicar um fio de cabelo de sua cabeça bonita. Ah, o homem poderia encantar as asas de uma fada. Glynis estava desgostosa com os dois. ─Eu o perdoarei, se você prometer me visitar em seu retorno─ disse Catherine, pegando seu braço novamente. ─Eu vou fazer isso─ disse Alex. ─Meus irmãos vão querer recompensá-lo por me salvar.─ Catherine inclinou a cabeça e olhou para Alex sob seus cílios escuros. ─E eu vou querer recompensar você também. *** ─Vamos partir assim que o acampamento estiver calmo─ disse Alex perto do ouvido de Glynis. ─Eu pensei que partiríamos pela manhã. ─Eu prefiro não ser arrastado para fora durante a noite para ter minha garganta cortada─ disse Alex. ─Estes homens não seguem as ordens de Catherine, e são desconfiados de estranhos que passam por suas terras. Bem, isso era verdade com todos os Highlanders. ─Nesse meio tempo, vou incentivá-los a ser cautelosos. Alex se levantou e, tomando seu tempo, encontrou os olhos de cada homem ao redor do fogo. Então ele sacudiu a claymore tão rápido que parecia um borrão. Glynis sentiu a tensão dos homens quando eles trocaram olhares e silenciosamente debatiam qual deles iria enfrentar esse estranho corajoso. Ela rezou para que Alex soubesse o que estava fazendo. Alex jogou sua claymore várias vezes, indo e voltando. Na primeira vez ele fez isso com as duas mãos, e então ele passou a pesada lâmina de mão em mão como se estivesse cortando através do fogo em suaves arcos mortais. Após esta exibição, ele ficou na frente de Glynis e disse: ─Ninguém toca nela. Glynis engoliu em seco. De repente, ela sentiu-se muito quente. Quando Alex se sentou ao lado dela novamente, ela podia sentir a energia saindo dele. 76


Ele se virou e falou-lhe baixinho, em tom de comando. ─Você vai dormir comigo.

CAPÍTULO 12 Não era assim que Glynis tinha imaginado, que Alex gostaria de pedir a ela para deitar com ele, não que ela tivesse imaginado isto, é claro. Mas se tivesse, seria mais definitivamente como a beijara quando ele a prendera contra a parede do castelo. Sua boca faminta, com as mãos urgentes. Sua voz rouca de desejo. Preciso de você, Glynis. Eu não quero ninguém além de você. Glynis balançou a cabeça para limpá-la. Por todos os santos, o que ela estava pensando? Alex não era o tipo de homem que queria apenas uma mulher. Ao mesmo tempo, quando Alex ficou atrás dela e puxou-a contra ele, ela deixou-se fingir, apenas por um momento, que ele estava cochichando em seu ouvido, eu a quero tanto. Só você. O braço em torno dela segurava um punhal. ─Eu vou acordá-la quando for hora─ disse ele.

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Ele pensava que ela poderia dormir? Entre esperar que os Campbells cortassem sua garganta e ter o corpo de Alex em volta dela, aquilo parecia uma perspectiva improvável. Ela estava bem acordada ouvindo a respiração de Alex quando os outros se posicionaram ao redor da fogueira. Apesar das queixas de Catherine, os guerreiros Campbell haviam insistido para que ela fizesse a sua cama longe dos “estranhos”. ─Eles têm dois homens vigiando os cavalos─ Alex sussurrou em seu ouvido. ─Vou pegá-los primeiro e depois volto para você. Antes que Glynis pudesse dizer não, ele tinha ido embora sem um som. Como ele iria subjugar os guardas? E mesmo se ele conseguisse, com certeza ele iria assustar os cavalos e acordar os outros homens. O que ela estava fazendo, aguardando aqui para ser assassinada ou pior? Ela quase gritou quando sentiu um toque em seu ombro. Ela se virou para encontrar Alex de cócoras ao lado dela. Como ele voltou tão rapidamente? Ele colocou o dedo aos lábios e fez sinal para ela ir com ele. Os roncos e suspiros dos homens dormindo parecia anormalmente alto, assim como os ramos debaixo dos seus pés. A cada passo, ela esperava ouvir um grito atrás dela. Mas os anjos deviam estar vigiando, pois nenhum dos homens Campbell acordou. Quando ela e Alex estavam a trinta metros do acampamento, Glynis ouviu o relinchar de um cavalo. Na escuridão, ela viu o contorno de dois cavalos. Um deles relinchou e correu em direção a eles. ─Ah, Buttercup, é um bom cavalo─ Alex disse em voz baixa, enquanto esfregava o topete do cavalo. O outro cavalo cutucou Alex o empurrou com o seu nariz. ─Agora, não seja ciumento, Rosebud. ─Conhece estes cavalos?─ Glynis perguntou. ─Acabamos de nos conhecer─ disse Alex. ─É uma longa viagem por terra daqui para Edimburgo por isso estamos emprestando eles dos Campbells. ─Mas se roubar seus cavalos, eles irão atrás de nós, com certeza. 78


─Nós devemos nos apressar─ disse Alex, em uma voz calma, enquanto esfregava o segundo cavalo. ─Não sabe como montar? Os santos a protegessem. ─Sim, mas.., Sem esperar que ela terminasse, ele levantou-a sobre o cavalo, que já estava selado, e entregou-lhe as rédeas. ─Podemos falar sobre isso no caminho. ─Que cavalo eu estou montando? ─Eu o chamo de Rosebud─ disse ele, quando se virou sobre o outro. ─Seja bom para ela. ─Eu nunca tinha andado no escuro antes. ─Vamos andar devagar─ Alex disse quando levou seu cavalo para a liderança. ─Basta deixar Rosebud ir, e você vai ficar bem. ─E se os Campbells nos perseguirem?─ Perguntou ela. ─Seu primeiro dever é fazer com que a irmã do chefe chegue em segurança a Inveraray, então eles provavelmente não nos seguirão─ disse Alex sobre seu ombro. ─E eu espantei os outros cavalos. Depois do que parecia ser um par de horas, Alex desmontou e levou os seus cavalos através de um riacho. Em seguida, ele levantou-a de sua montaria. ─Vamos dormir aqui, onde nós vamos ficar escondidos por esses arbustos─ disse ele. ─Não deveríamos ir mais longe? ─Temos uma boa vantagem sobre os Campbells, e eles não serão capazes de procurar os seus cavalos até o amanhecer─ disse Alex. ─Além disso, é perigoso andar no escuro. Perigoso andar no escuro? Glynis estava com os braços cruzados enquanto Alex abria dois cobertores. ─Temos que descansar enquanto pudermos─ disse ele, se deitando em um deles. ─Vamos precisar sai novamente na primeira luz. Glynis deitou-se no outro cobertor, de frente para ele. ─Será que você dormiu quando os pescadores nos deixaram em seu acampamento hoje?─ Perguntou ela. ─Claro que não. ─Como você faz isso com os cavalos?─ Perguntou ela. 79


─Eu apenas tenho jeito com cavalos─ disse ele em voz baixa. ─Eu sempre tenho. Assim como ele tinha jeito com as mulheres. *** ─É hora de partir ─ disse Alex depois que eles comeram o café da manhã frio na luz do amanhecer. Ele não conseguia entender por que Glynis parecia surpresa que ele tivesse pegado a carne seca, queijo, e bolo de aveia do seu barco antes de pegar os cavalos na noite passada. Será que ela queria viajar com fome? Ele estava ansioso para colocar mais distância entre eles e os Campbells. Não houve necessidade preocupá-la na noite passada, mas ele não estava tão certo quanto fingiu que nenhum dos Campbells iria seguilos. Glynis enrolou os cobertores e embalou a comida, enquanto ele selava os cavalos. ─Viajar por terras de outros clãs é perigoso, com apenas dois de nós─ disse Alex, erguendo-a para Rosebud. ─Eu não quero você fora da minha vista, entendeu? Glynis fitou-o com seu olhar sério e balançou a cabeça. Eles cavalgaram firmemente por horas. Embora Alex não visse ninguém atrás deles, duas vezes ele teve que rapidamente puxar os cavalos para fora do caminho para evitar o encontro com outros viajantes. Por causa de Glynis, ele não podia correr riscos. Para passar o tempo, ele contou suas histórias. Glynis gostou mais de uma sobre como Ian se apaixonou por sua esposa Sìleas, a julgar por todas as perguntas que ela fez. ─Ian a deixou por cinco anos depois eles se casaram?─ Perguntou ela. ─Ah, ele não aceitou bem, sendo forçado a dizer os votos com um punhal nas costas─ disse Alex. ─E ele culpou Sìleas por isto. ─Estou contente porque a sua história terminou bem─ Glynis disse com um sorriso suave. 80


─Acaso precisa parar e esticar as pernas?─ Perguntou ele, mas ela balançou a cabeça. ─Para uma garota com um temperamento azedo, você não se queixa muito. ─É a minha madrasta, que diz que eu sou azeda─. Glynis soltou um suspiro. ─E é verdade que eu me queixo quando ela espera que eu sente dentro de casa fazendo bordados por horas. ─Bem, é uma boa companhia para viajar─ Alex disse a ela. ─Vocês têm várias vantagens sobre os que costumam viajar comigo. ─Tenho? ─Por um lado, é mais bonita do olhar que os meus primos e Duncan─ disse ele. ─E por outro, você não ouviu todas as minhas histórias antes. Por outro lado, se ele estivesse viajando com um deles, ele não teria que mergulhar fora do caminho como um Lowlander assustado cada vez que um grupo de guerreiros cruzava seu caminho. ─Você tem um dom para contar histórias─ Glynis disse com um leve rubor. ─Eu não me importaria se você as contasse para mim mais de uma vez. ─Você vai se arrepender dessas palavras,─ ele disse, e riu. ─Temos uma longa jornada pela frente, e eu só tenho três dias de histórias.─ Claro, Alex tinha muito mais que não podia dizer a ela. ─Você me contou sobre Ian─ disse ela. ─Quer falar sobre seu amigo Duncan agora? Por que ela quer saber sobre Duncan? ─Duncan é um guerreiro feroz─ disse ele, depois de um momento. ─Eu nunca o vi derrotado. Nem uma vez. ─Eu gostei dele─ disse ela. ─Ele parece ... De confiança. Alex abafou um gemido. ─Sim, Duncan é extremamente confiável. Ele é estável, nunca vacila. Decide o que quer e é isso. Todas as coisas que Alex não era. ─Há uma boa dose de mistério sobre o nascimento de Duncan─ disse Alex. ─E alguns dizem que um pouco de magia. 81


─Você tem que me contar─ Glynis disse, virando os olhos arregalados para ele. ─Quando a mãe de Duncan era uma moça de dezesseis anos, ela foi roubada da praia um dia─ disse Alex, estabelecendo-se em sua história. ─Um ano depois, ela foi devolvida à mesma praia com um bebê em seus braços. Essa criança era Duncan. ─Quem a levou? ─Sua mãe nunca soprou uma palavra sobre o que aconteceu, ou onde ela tinha ido, ou quem era o pai de seu filho.─ Alex fez uma pausa. ─Oito anos depois, tudo aconteceu de novo. ─E ela ainda não contou?─ Glynis estava se inclinando tanto na sua sela que ele teve medo que ela caísse de seu cavalo. ─Ela levou o seu segredo para o túmulo. À medida que andava e ele contou suas histórias, Alex examinou as colinas verdes polvilhadas com flores de verão. Os Campbells deveriam ter voltado agora, mas havia muitos outros homens perigosos que viajavam nesta trilha pelas montanhas. ─Com quem é que deve reunir-se em Edimburgo, antes do final do mês? Alex fez uma careta. Ele esperava que ela não estivesse ouvindo quando ele mencionou aquilo a Catherine. ─Ah, eu vejo que essa é uma história que você não quer me contar,─ Glynis disse, erguendo as sobrancelhas. ─Claro, agora é a única que eu gostaria de ouvir. Alex esfregou o pescoço. Ele não queria discutir a condessa ou a carta com Glynis MacNeil. ─Então, quem estaria esperando por Alex Bàn MacDonald em Edimburgo?─ Ela bateu o dedo no queixo, era um queixo muito bonito. ─Definitivamente, uma mulher. Esta moça, que normalmente era tão grave, estava provocando-o. Alex poderia ter gostado do brilho nos olhos dela, se ela tivesse escolhido um tema diferente. 82


─Esta mulher em particular deve ter algo especial que você quer─ Glynis disse, apertando os olhos. ─ Não é a mesma “recompensa” que Lady Catherine estava oferecendo, uma vez que você claramente não precisa viajar todo o caminho para Edimburgo para isso. ─Tudo bem, vou contar.─ A historia que ele contou sobre Sabine foi curta pois ele deixou de fora as partes da cama. ─A condessa─ Glynis disse, e havia algo mais difícil para ela saber agora. ─Suponho que é ainda mais impressionante do que a filha de um conde. Alex nunca fingiu ser diferente do que ele era. A maioria das mulheres gostava dele e ele nunca se importou muito de uma maneira ou outra se era aprovado. E, no entanto, era malditamente decepcionante ter Glynis MacNeil pensando mal dele. *** As pernas de Glynis estavam tão rígidas quando finalmente pararam para passar a noite que ela mal conseguia andar. E ainda, as horas tinham voado. Alex Bàn MacDonald tinha uma qualidade mágica que ela suspeitava atraia fêmeas de três a sessenta anos de idade. Não era apenas a sua aparência, ele realmente era muito bonito. Quando ele estava falando com você, tinha um jeito de fazer você se sentir como se não houvesse mais ninguém no mundo com quem ele preferisse estar. Glynis percebeu que estava seguindo Alex ao redor do acampamento como um cachorrinho e se conteve. Enquanto ele cuidava dos cavalos, ela juntou musgo seco e gravetos para uma fogueira. ─Você é uma moça útil.─ Alex entregou-lhe os cobertores enrolados e agachou-se para fazer o fogo. Glynis olhou para os cobertores em seus braços. Ontem à noite, Alex estava esgotado depois de remar toda a noite anterior. Mas agora, com Alex acordado e o charme fluindo dele como o mel, a colocação das mantas parecia ser de extrema importância. Qual a distância que ela deveria distribuí-los? Em lados opostos do fogo, ou lado a lado? 83


─Você deve estar cansado.─ O brilho do pôr do sol tocou o cabelo de Alex enquanto ele sorria para ela. ─Sente-se, moça. Ela caiu sobre uma rocha. Segurando os cobertores contra o peito, ela olhou em volta para evitar olhar para ele. Alex tinha escolhido um local encantador próximo a um lago rodeado por montanhas. ─De manhã, eu vou pegar alguns peixes para o café da manhã─ disse ele enquanto entregava-lhe a carne seca e outro bolo de aveia. ─Nós vamos fazer uma refeição rápida hoje à noite e ir para a cama. O bolo de aveia grudou na garganta. Ele falou como se a refeição e a cama fossem atividades que eles compartilhavam frequentemente. Glynis tomou um grande gole da garrafa de cerveja e disse a si mesma que este não era um bom momento para se lembrar de como ele a beijou contra a muralha do castelo. E ainda, agora que a memória veio em sua cabeça, não havia como removê-la. Alex puxou os cobertores de seu colo, lembrando-a que ela ainda os segurava. Quando ele colocou-os lado a lado, ela tomou outro gole de cerveja. Será que ela teria força para resistir-lhe? A nova pergunta vibrou em sua mente. Será que ela quer resistir? *** Alex ficou acordado olhando para as nuvens se movendo contra o céu escuro e se forçou a pensar em seus pais. Reviver suas batalhas e gritos em sua cabeça era sua única esperança de manter as mãos longe da mulher ao lado dele. Seu pênis, no entanto, não quis ouvir a razão. Ele sabia muito bem que Glynis não queria casar mais do que ele. E, no entanto, ela tentava a sua vontade. Embora ela não o tocasse, ele podia senti-la inclinando-se para ele na escuridão. Seu desejo vibrava através dele. Isso tornava malditamente difícil manter seus pais em sua cabeça. Você não pode ter essa mulher. Você não pode ter essa mulher. Ele cantou as palavras mais e mais para si mesmo. Ele desistiu de seus pais e imaginou-se nadando na água gelada. 84


Então ele e Glynis estavam nus em um lago morno, com os cabelos flutuando ao seu redor na água ... Alex balançou a cabeça. Não havia lagos quentes na Escócia. Ah, esta viagem a Edimburgo ia matá-lo com certeza.

CAPÍTULO 13 Alex pediu a cada santo em que ele pôde pensar para dar-lhe força. Três dias e noites a sós com Glynis, especialmente à noite e ele estava perdendo sua cabeça. Ele sentiu uma pontada na parte de trás do seu pescoço novamente. Ele estava tão tenso pela luxúria reprimida que ele não sabia se alguém estava na trilha atrás deles ou se uma pulga estava coçando-se uma centena de quilômetros de distância. 85


─ Vamos sair da trilha aqui para fazer o nosso acampamento─ disse ele, no caso de haver realmente alguém vindo atrás deles. Ele estava feliz de ter começado a chover, pois apagaria seus rastros. Pouco tempo depois, ele estava xingando o tempo. Somente nas Highlands cairia granizo em meados de julho. Agora ele teria que fazer um abrigo para eles dormirem com um de seus cobertores, deixando-lhes apenas um cobertor para compartilhar. As fadas estavam fazendo travessuras e rindo dele em suas colinas de fadas. ─Vou procurar musgo seco para fazer uma fogueira─ disse Glynis. ─Sem o fogo. ─Mas eu estou congelando─ disse ela, segurando seu manto perto dela. Alex se absteve de sugerir o método óbvio para duas pessoas se aquecerem numa noite fria. ─Pode haver alguém atrás de nós na trilha─ disse ele. ─Não é nada para se preocupar, mas vamos esperar até de manhã para fazer uma fogueira. O granizo grudava em seu cabelo enquanto Glynis ajudava a amarrar dois cantos do cobertor a uma árvore e fixar os outros cantos no chão com paus. ─Fique aqui enquanto eu cuido dos cavalos─ disse ele. ─Estarei de volta em breve. O vento estava soprando com mais força quando ele conduziu Rosebud e Buttercup para o pequeno bosque perto do riacho que corria ao longo da base do vale. Uma mistura de granizo e chuva gelada, atingia seu rosto enquanto corria de volta para verificar Glynis. Quando ele se arrastou para dentro do seu improvisado abrigo, ele a encontrou tremendo tanto que os dentes batiam. Alex jurou que podia ouvir as fadas rindo quando ele colocou os braços em volta dela e esfregou suas costas. O perfume de seus cabelos encheu seu nariz. Como poderia uma mulher cheirar tão bem depois de um

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longo dia de cavalgada? Forçou-se a libertá-la assim que ela parou de tremer. Ele abriu a sacola com a sua oferta cada vez menor de alimentos. ─Receio que comeremos carne-seca e bolo de aveia novamente. ─O gosto é maravilhoso─ Glynis disse, arrancando um pedaço da carne com os dentes. Ela comeu com um entusiasmo que o fazia imaginar seus outros apetites. Senhor acima, dormir tão perto dela ia fazer esta noite, um ainda pior do que as outras. ─Tenho um pouco de cerveja─ disse ele, entregando-lhe o frasco. Ah, ele precisava de uísque. ─Isso me fará dormir rapidamente.─ disse ela com um sorriso, devolvendo o frasco. Havia apenas uma coisa que iria colocá-lo para dormir. Deitar de costas sobre o cobertor e fazer amor com ela duas ou três vezes. ─Nós tivemos um longo dia de cavalgada─ disse ela. Ele tomou um longo gole do frasco, sua mente em outro tipo de cavalgada. ─Eu não agradeci corretamente por tudo que você fez por mim.─ Quando ela baixou os olhos, os cílios se espalharam contra as maçãs do rosto. Era um reflexo do estado que ele estava achar isso insuportavelmente excitante. ─Obrigada por me trazer com você, embora você não quisesse, e por me ajudar a escapar do Castelo Duart sem ser apanhada. E por lembrar a comida e cobertores, e roubar os cavalos, e me contar histórias, e mantendo-me segura ... E ... Por tudo. Alex ouviu a hesitação em sua voz, mas não sabia o que significava. Ele se amaldiçoou por esperar que ela juntasse coragem para sugerir que eles fazem amor até que nenhum deles conseguisse andar. ─Bem, boa noite, então.─ Ela deitou-se abruptamente e se enrolou em uma bola. A tempestade fez com que parecesse mais tarde do que era, e Alex não estava cansado. À luz do anoitecer, viu seu peito subindo e descendo. 87


Ele tomou outro gole da cerveja, desejando mais uma vez ter algo mais forte. Um suspiro escapou-lhe quando ele se deitou e sentiu o calor de seu corpo ao longo de seu lado. Ele olhou para o cobertor amarrado acima deles, saltando com o vento. Até as últimas noites, ele alguma vez já dormiu ao lado de uma mulher sem fazer amor com ela primeiro? Não, ele estava certo de que ele nunca tinha sofrido essa forma particular de tortura antes. Ele estava tão rígido que se Glynis soprasse sobre ele, ele podia explodir. ─Eu estou congelando─ disse ela, e se aconchegou a seu lado. Alex rangeu os dentes e abraçou-a. Quando ela descansou a cabeça no peito dele, ele ficou imóvel e tenso, tentando controlar sua respiração. Pela centésima vez, lembrou-se de que ele nunca levava para a cama mulheres virtuosas especialmente as solteiras e que seria errado tirar proveito da situação. No entanto, o desejo, escuro e irracional, testava a sua vontade como a tempestade batendo contra seu frágil abrigo. Ele a desejava profundamente, e ele a queria agora. Ele queria enterrar o rosto em seu cabelo e provar o sal de sua pele em sua língua. Deitá-la de costas e sentir suas pernas longas enroscadas em torno dele quando ele se enterrasse dentro dela. Agora. Agora. Agora. Embora Alex desejasse poder fingir o contrário, esta latejante luxúria era apenas por Glynis, e só ela poderia sacia-lo. Sua intensidade o puxava, sua seriedade o desafiava. Ele queria destruir seu autocontrole, acender uma tocha naquela calma constante e ouvi-la gritar o seu nome quando ela se transformasse em fogo líquido debaixo dele. Quando ela rolou para o lado, ele rolou com ela, o desejo puxando-o como se fosse um ímã. A tensão retorcia em sua barriga quando ele respirou o perfume de urze e pinheiro em seu cabelo. Apertando os olhos fechados, ele pousou a mão levemente em seu quadril. 88


A tempestade lá fora não era nada comparada à tempestade furiosa dentro dele. Depois de todas as mulheres que tinham vindo tão fácil, foi como se um inferno especial tinha sido concebido apenas para ele, prendendo-o sob este pequeno abrigo com uma mulher que ele não poderia ter. Talvez Deus fosse uma mulher depois de tudo. *** O uivo do vento acordou Glynis e ela se encolheu contra Alex, encapsulada no calor de seu corpo dobrado em torno dela. Ela nunca dormiu com braços de um homem ao seu redor antes, se ela não contasse o marido cair em um estupor bêbado em cima dela depois de usá-la. A luz fraca do crepúsculo cinza ainda enchia seu abrigo, por que ela não tinha dormido muito. Com Alex deitado atrás dela, tocando-a, ela não iria voltar a dormir tão cedo. Alex estava em um sono profundo, a julgar pela forma como ainda ele estava. Ela se sentiu nervosa e inquieta. Quando ela chegou mais perto dele, sentiu seu eixo, duro e urgente contra o seu traseiro. Se ele estivesse acordado, ela teria que se afastar. A mão dele se moveu para cobrir seu seio. Cada vez que ela a afastava para longe, voltava, como se seu lugar fosse lá, quando, é claro, não tinha nada que estar ali. Ela se sentia culpada, mas já que ele não estava acordado saber que ela gostava da sensação de sua mão grande cobrindo-lhe o seio, era realmente um pecado? Será que ela se importava se era um pecado? ─Glynis. Ela prendeu a respiração ao som da voz de Alex em seu ouvido. ─ Não posso ser responsabilizado pelo que vai acontecer se continuar a se mover contra mim desse jeito─ disse ele. ─Eu estou implorando para você parar. O diabo a fez se pressionar contra ele. ─Ahh, você é tão boa─ disse ele, e ela suspirou quando ele deslizou a mão até sua coxa e subiu novamente. 89


Ela queria que ele fizesse isso outra vez. Quando ele não fez, ela virou de costas para olhar para ele. Ele se apoiou no cotovelo e se inclinou sobre ela com o rosto tão perto que ela podia sentir sua respiração. Incapaz de resistir, ela envolveu o rosto dele com a mão. Gostou do toque da barba áspera contra a palma da mão. ─Nós não podemos fazer isso, Glynis. ─Por que não? Alex deu-lhe aquele sorriso que sempre fazia seu estômago saltar. ─Você sabe as razões. Glynis havia sido responsável toda a sua vida, colocando seu clã em primeiro lugar, cuidar de suas irmãs e irmão, oferecendo conselhos ao seu pai, quer ele os seguisse ou não e que ela ganhara com isso? Magnus Clanranald, foi o que ganhara. Era como se ela tivesse comprado um marido sujo que a envergonhara e que a mataria se pudesse. ─Você me beijou antes. Qual é o problema em fazê-lo novamente? ─Ela passou a língua sobre seu lábio superior, lembrando o gosto de sua boca na dela. ─Beije-me, Alex. Seus olhos ficaram escuros, e ele apertou a mandíbula por um longo tempo. Quando ele finalmente cedeu e inclinou-se, seu estômago se contraiu em antecipação. No momento em que seus lábios se tocaram, o fogo se espalhou sob a pele dela. Ela o puxou para baixo em um beijo profundo. Sim, era isso que ela queria. O calor de seu corpo correu através dela. Seus seios doíam, a cabeça girava, e ela sentiu como se estivesse caindo para trás, mas ela estava no chão. Quando ele segurou seu seio, ela gemeu em sua boca. Suas pernas se entrelaçaram enquanto seus beijos se tornavam mais profundos, mais frenéticos. Queria sentir seu peso sobre ela, sentir a sua pele nua sob seus dedos. Mas Alex afastou-se. Seu olhar estava quente e sua respiração áspera. ─É um jogo perigoso que você está jogando.─ Seus dedos tremiam enquanto ele afastava os cabelos do rosto. ─Uma coisa leva a outra. 90


─Eu espero que sim.─ Glynis não tinha certeza quando ela decidiu que queria tudo, mas queria. Magnus tinha sido um imbecil. Ele alegou que era culpa dela não aquecer ao seu toque, mas ela entendeu agora que Magnus não tinha a menor noção de como tocá-la. Ela queria saber como era sentir paixão à noite, e ela nunca teria outra chance. Ou um homem melhor para mostrar a ela. ─Você pode pensar que isso é o que quer─ disse Alex, ─mas você não quer realmente. ─Eu quero─. Seus dedos ainda agarravam a frente de sua camisa, e ela não soltou. ─Talvez você queira neste momento, mas você iria se arrepender mais tarde.─ Ele suspirou quando traçou-lhe o lado do rosto com o dedo. ─Eu não quero ser um arrependimento pra você. Ela balançou a cabeça com veemência. ─Eu não vou me arrepender. Eu prometo. Alex deu um leve sorriso. ─Mas eu vou. Você é precisamente o tipo de mulher que eu evito levar para a cama. Seu estômago apertou, e ela virou o rosto para o lado. ─O que há de errado comigo?─ Ela perguntou, sua voz saindo alta e fina. ─Ah, não que eu não a deseje─ disse Alex, passando os nós dos dedos contra sua bochecha. ─Eu nunca quis tanto uma mulher . Sem dúvida ele estava mascarando a verdade, mas havia tal desejo em sua voz que ela acreditou que ele a desejava. ─Então por que não?─ Perguntou ela. ─Você esperaria mais de mim do que eu sou capaz de dar─ disse ele em voz baixa. ─Você iria querer que eu estivesse lá amanhã e no dia seguinte e daqui a um ano. Eu não posso fazer uma mulher feliz por tanto tempo. ─Você está errado sobre o que eu quero─ disse ela. ─Eu não quero um marido, mas eu quero um amante. Ele fez um som baixo no fundo da garganta, que a fez vibrar 91


─Eu sou cuidadoso─ disse ele ─mas há sempre uma chance de eu engravidá-la. Ela não tinha ideia o que ele quis dizer por ser ─cuidadoso─ mas ela balançou a cabeça novamente. ─Eu disse a você que sou estéril. A partir do momento em que Glynis iniciou seus fluxos, a madrasta tinha lhe advertido que bastava uma vez para uma garota ficar grávida. Mas até mesmo os encantamentos de fertilidade não funcionaram para ela. Glynis tinha vivido com Magnus por três meses intermináveis antes que ela o esfaqueasse e fugisse, e ela não tinha concebido. ─Você não é do tipo que tem casos─ disse Alex. ─Como pode dizer que eu não sou o tipo que tem casos quando estou pedindo um? ─Porque você não poderia tomá-lo como apenas um pouco de diversão─ disse ele, torcendo uma mecha de seu cabelo em torno do dedo. ─Você não tem um só osso frívolo em seu corpo, Glynis MacNeil. ─Eu não vou ter essa chance novamente─ disse ela. ─Estou sempre vigiada, nunca estou livre. Sua família a criticava por ser muito séria. Agora que ela decidiu fazer algo totalmente irresponsável e perverso, ela estava determinada a ter sucesso. Ela nunca foi de fazer as coisas pela metade. ─Eu não vou casar de novo. Antes de eu passar o resto da minha vida em paz, eu quero estar com um homem. ─Ela sentiu Alex ir enfraquecendo e passou as mãos no peito dele. ─Eu quero estar com você. Um relâmpago estourou e brilhou pela abertura no cobertor pendurado. Por um instante, a sua luz branca brilhou sobre Alex, tornandoo parecido com o rei de fadas jogando a sua magia sobre ela. Toda jovem namorada nas Ilhas Ocidentais era avisada que não poderia resistir ao rei de fadas não sem um amuleto especial de proteção. Se Glynis tivesse um amuleto, ela o jogaria fora. Ela deixou cair o olhar para a boca de Alex e sussurrou: ─Mostre-me a sua magia.

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CAPÍTULO 14 Alex sabia que era errado, mas seria necessário ser um santo para resistir a ela. E Deus sabia, ele não era nenhum santo. Embora ele raramente pagasse por seus pecados, eles teriam que pagar por esse. Não importa o que Glynis dissesse agora, ela iria se arrepender. Mesmo sabendo disso, Alex era impotente contra a força do desejo, tanto dela como dele. Ele a desejara desde o momento em que a vira catando conchas na praia de Barra. Tudo o que ele podia fazer era ter certeza que ele lhe dera prazer o suficiente para que o pecado valesse o custo para ela. Mas cada plano, cada pensamento, cada fio de razão o deixou quando seus lábios encontraram os dela. Ele afundou-se nela, seus lábios se movendo em uma dança lenta e apaixonada que o deixou querendo mais. Ele beijou as sobrancelhas, as bochechas, abaixo das orelhas delicadas. Em seguida, ele enterrou o rosto em seu pescoço e respirou o cheiro da sua pele. Quando ela colocou os braços ao redor de seu pescoço, ele moveu suas mãos sobre ela, seguindo as linhas suaves de seu corpo. Ela era como 93


o mar, misteriosa e familiar ao mesmo tempo. Ele queria descobrir todos os mistérios, conhecer cada lugar secreto. Luxúria subiu por ele enquanto Glynis derretia em seus braços como cera mole. Alex pensou que conhecia as mulheres, mas ele se sentia como se estivesse navegando em águas desconhecidas. E se ele caísse para fora da borda do mundo, não se importaria porque nenhuma mulher jamais o fizera se sentir tão bem. Ele precisava senti-la contra a sua pele. Levantou-se de joelhos e puxou a camisa sobre a cabeça. Quando a jogou de lado, ele sentiu tanto quanto viu o olhar dela se mover sobre seu peito na escuridão. Seu olhar caiu para seu membro, que estava de pé implorando para ser notado. Seus lábios se separaram quando ela olhou para ele, enviando outro raio de desejo por ele. ─ Você está aquecida o suficiente para tirar o seu vestido?─ Ele perguntou, tentando e não conseguindo manter a nota de desespero em sua voz. Ela deu-lhe um aceno solene. Sua moça séria. Quando ele se inclinou sobre ela e deslizou seu vestido por cima suas pernas longas e finas, ele se perguntou se não era muito jovem para entregar seu coração. Ela era como uma corça, graciosa e feita para correr. Ele queria correr com ela, para ir aonde ela o levasse. Ele ergueu o joelho e beijou-a. Foi perfeito, como o resto dela. Ela respirou fundo quando ele deslizou a mão na pele sedosa de sua coxa. Sua boca seguiu sua mão quando ele subiu, centímetro por centímetro, torturando-a. Quando seus dedos roçaram os cachos entre suas pernas, ela saltou. ─Shh,─ ele a acalmou. ─Eu vou lhe dar prazer. Deus do céu, ela já estava molhada para ele. Ele queria enterrar o rosto entre as pernas dela e prová-la, mas ela ficou tensa, e ele percebeu que seria uma experiência nova e que seria melhor guardá-la para um

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pouquinho mais tarde. Por ter sido casada um ano, ela parecia inocente. Mas, então, alguns tolos nunca tinham tempo para saborear uma mulher. Alex pretendia saborear cada centímetro de Glynis MacNeil até que ela estivesse fraca e saciada de fazer amor. E então ele faria tudo de novo. ─Pode sentar-se para que possamos tirar o seu vestido do caminho?─ Disse ele, enquanto a puxava para cima. Quando ela colocou os braços ao seu redor, eles caíram em beijos profundos novamente, e ele achou difícil concentrar-se em desapertar os ganchos na parte de trás do vestido. Finalmente, ele tirou o vestido por cima de sua cabeça. Ele puxou-a contra ele novamente e fechou os olhos pela sensação de sua pele macia sob as mãos e os seios pressionados contra o peito. Eles caíram de volta sobre os cobertores. Estava escuro demais para vê-la agora, mas suas mãos e boca exploraram seu corpo. Ele beijou os seios, provocando os mamilos com os dentes e língua, depois sugando até que ela gemeu e arqueou contra ele. Moveu-se para deitar ao lado dela e beijou-a como se fosse morrer se não fizesse isso, porque ele acreditava que morreria. Ela estava escorregadia e quente sob sua mão. Os pequenos sons que ela fazia quando ele a tocava o estavam deixando louco de desejo. Ele sofria para entrar nela, para sentir o sexo apertado em torno de seu eixo. Ele rolou com ela até ela se deitou em cima dele. Era muito cedo, muito cedo. Ele tentou recuperar o fôlego, para ir mais devagar.O batimento cardíaco dela combinava com seu quando ele segurou-a firmemente contra ele. ─Eu o quero dentro de mim─ disse ela. O calor subiu por ele e ele estava certo de que nunca tinha ouvido palavras mais doces em sua vida. Ele agarrou seus quadris para facilitar a penetração. O suor estourou em sua testa quando a ponta de seu eixo pressionou contra centro dela. ─Deus do céu, você é demais, Glynis─ disse ele, fechando os olhos. ─Podemos fazer assim?─ Perguntou ela. 95


─Nunca ficou em cima?─ O que em nome de Deus estava errado com seu marido? ─O que eu faço?─ Perguntou ela. ─Sente-se. Sim, assim. ─Ele gemia, e Glynis engasgou quando ela afundou lentamente em cima dele. Enquanto ele segurava seus quadris para guiá-la, disse em uma voz firme, ─É como se balançar com o movimento do mar. Seus antepassados devem ter sido ninfas do mar. Em um momento, ela deixou cego pelo desejo. Ele ficou alheio a qualquer coisa, exceto o ritmo de seus quadris e a sensação do sexo dela apertado em torno de seu eixo. Sua respiração já estava irregular quando ele correu a mão na coxa e encontrou o ponto sensível com o polegar. Estava escuro demais para ver mais de seu contorno. Mas junto com o vento uivante, ele ouviu seus suspiros e gemidos. Então, ela caiu para frente e agarrou-lhe os ombros como se estivesse se afogando e ele fosse o único que poderia salvá-la. Cada roçar de seu cabelo no peito enviou tentáculos de sensação ao seu núcleo. Um raio caiu de novo, e ele sentiu como se ele percorresse seu corpo. Seus nervos e músculo esticados com a tensão crescente. Quando seu corpo apertou em torno dele e ela gritou, ele estava perdido na tempestade com ela. Seu coração trovejou em seus ouvidos quando ele puxou seus quadris contra ele novamente e novamente. Como se a distância, ouviu sua voz chamando o nome dela quando ele explodiu dentro dela. Ele passou os braços em volta de Glynis e segurou-a com tanta força que percebeu que estava esmagando-a, mas ele não podia soltá-la. Ele queria ficar dentro dela para sempre. Como tinha sido tonto ao pensar que não iria acabar assim. Desde o início, era inevitável. A partir daquele primeiro beijo estúpido ele deu nela na praia na frente de seu pai e todos do clã dela. Desde a noite que a abraçara contra a parede no Castelo Duart, eles não podiam manter suas

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mãos longe um do outro. Uma vez que eles se conheceram, eles eram obrigados a acabar deitado nos braços um do outro como agora. ─Eu não sabia─ disse ela em seu peito, e ele sentiu a umidade das lágrimas em sua pele. ─Eu não sabia. Eu não sabia. Alex não sabia, também. Em toda a sua experiência, ele nunca tinha sentido uma necessidade tão forte. Nunca ficou tão completamente perdido de paixão. Glynis MacNeil o apanhou completamente de surpresa.

CAPÍTULO 15 Quando Glynis acordou, o sol estava brilhando num brilho nebuloso através do tecido do cobertor que de alguma forma ainda pairava sobre eles. Será que a noite passada realmente aconteceu? Deve ter acontecido, a imaginação Glynis não era tão boa quanto a isso. Ela entendeu agora por que as mulheres estavam dispostas a receber Alex Bàn MacDonald em suas camas por quanto tempo ele estivesse disposto a ficar. Ela arriscou virar-se para olhar para ele. Ah, Alex era bonito o suficiente para deixar as fadas com ciúmes. Ela deixou seu olhar vagar sobre os traços perfeitos, o nariz reto, maçãs do rosto altas e queixo forte 97


sombreado com pelos dourados. Mesmo no sono, sua boca estava curvada para cima nos cantos, como se tivesse um segredo perverso para contar que a faria rir. Suas bochechas esquentaram quando ela se lembrou de todos os lugares que sua boca havia tocado. Por três vezes ele se aproximou dela no meio da noite e a fez sentir coisas que nunca tinha sentido antes. Ela queria conhecer a paixão com um homem. Tarde demais, ela percebeu que poderia ser melhor se não conhecesse os prazeres que eram possíveis entre um homem e uma mulher. Certamente seria mais fácil viver sem eles, se ainda fosse ignorante. Ela lembrou a felicidade que sentira em seus braços e suspirou. Não, ela não podia lamentar a noite. *** ─Conte-me sobre o seu casamento─ Alex perguntou. Glynis virou em seus braços, morna e sonolenta. ─Por que quer saber? Ele encolheu os ombros. ─Estou curioso, isso é tudo. Os olhos dela, como sempre, pareciam ver direto em seu coração mentiroso. Na verdade, ele queria perguntar a ela sobre seu casamento com Magnus o tempo todo. Ele sentiu o puxão estranho de ciúme pelo homem que a havia tocado em todos os lugares que ele tocara. ─ Vocês têm tanta animosidade um para com o outro que eu acho que você deve ter se importado profundamente com ele, uma vez.─ Alex tinha aprendido com seus pais como o amor pode se transformar em ódio. ─Hmmph.─ Ela cruzou os braços e olhou para o cobertor amarrado acima deles. ─Magnus Clanranald não se preocupa com ninguém além de si mesmo. Ela não tinha dito que ela não se importara com Clanranald. ─Magnus não gosta de perder suas posses─ disse ela. ─Ele achava que eu era uma delas. ─Por que o deixou?─ Alex perguntou.

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─O casamento teve lugar no castelo da minha família em Barra, então eu não sabia o que estava me esperando em sua casa.─ Glynis ficou quieta por um longo momento antes de falar novamente. ─Sua amante estava lá para cumprimentá-lo, junto com um par de moças muito amigáveis. Magnus não fez nenhum esforço para escondê-las e não viu nenhuma razão para fazê-lo. Ele até deixou a sua amante tomar o meu lugar à mesa. Ah, aquilo soava muito parecido com seu pai. Mas a mãe de Alex lutou duramente na guerra amarga entre eles. ─Magnus é o pior dos chefes─ ela disse, sua voz dura agora. ─Enquanto meu pai às vezes comete erros de julgamento, ele sempre tenta fazer o que é melhor para o nosso clã. Magnus coloca seus próprios interesses antes de seu clã, sempre. Alex suspeitou que o motivo verdadeiro porque ela deixou Magnus era que ela não o respeitava. ─Eu tentei proteger os membros do clã da fúria dele, mas eu não consegui. Glynis secou uma lágrima com uma mão impaciente. ─Eu o vi matar uma vez em um acesso de raiva e outra porque o homem se opôs ao interesse de Magnus por sua filha. Alex segurou seu rosto com a mão. ─O ódio de Magnus parecia fixar-se em você quando o vimos no Castelo Duart. Alguma vez ele bateu em você? ─Não. Ele sabia que se fizesse isto, meu pai viria com suas galeras de guerra cheias de homens ─ disse ela. ─Magnus não queria problemas, mas isto foi antes de eu esfaqueá-lo e partir. Para todos os pecados de Alex, pelo menos ele tinha levado Glynis longe o suficiente para estar segura. *** ─Chega dessa conversa séria.─ Um sorriso lento se espalhou pelo rosto de Alex enquanto ele se inclinou sobre ela, e seus olhos verdes

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dançavam. ─Se tiver a força para fazer amor novamente antes do café, eu faço. Deixar Alex tocá-la toda no escuro da noite era uma coisa, mas era plena luz do dia agora. ─Ah, me desculpe, moça─ disse ele, franzindo a testa. ─Está muito dolorida? Ela estava ferida, mas não tão dolorida. ─Nós poderíamos tentar outras coisas─ disse ele, dando-lhe um olhar tão cheio de pecado que fez seu pulso vibrar. ─Estou bem─ ela disse, sua voz saindo alta. ─Então, o que diz, Glynis? Em um centavo, para uma libra? ─Sua respiração engatou enquanto ele acariciava o interior de sua coxa. ─Quando se confessar com o padre, a penitência é provável que seja a mesma, se o fazemos duas vezes ou vinte. ─Vinte vezes?─ A voz ficou mais alta ainda. ─ Mudou de ideia sobre isso?─ Alex perguntou, sua expressão repentinamente séria. ─Apenas me diga se mudou, e eu a deixarei em paz. ─Não,─ ela disse. ─Eu só não esperava que você quisesse fazer amor novamente. ─Eu não quero?─ Disse ele e riu. Então ele ficou de joelhos e começou a soltar o cobertor da árvore. ─É abafado aqui. Glynis viu os músculos de suas costas enquanto ele se estendeu para desenganchar os cantos. Além de ser capaz de lhe perguntar as questões mais particulares, como se estivesse discutindo o tempo, o homem estava completamente inconsciente de sua nudez. Mas e daí, ele era lindo. O cobertor caiu no chão, e a luz do sol caiu sobre ele. Quando ele voltou, a luz quente beijou a pele sobre os músculos esculpidos e brilhou sobre o pelo dourado em seu peito largo. Seu olhar derivou para baixo, e ela engoliu quando ela viu como ele estava pronto para fazer amor novamente. ─Venha, deixe-me vê-la─ disse ele, puxando o cobertor que ela segurava contra o peito.

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Ela se lembrava de como Magnus ridicularizava, dizendo seus seios eram muito pequenos. Foi o menor dos pecados para os quais ele iria queimar no inferno, mas a lembrança doía do mesmo jeito. ─Não podemos fazer isso sem você olhar para mim?─ Perguntou ela. ─Você não vai ficar tímida agora, vai?─ Alex cruzou os próprios braços sobre o peito. ─Vamos parar agora mesmo, se eu não puder ver. Eu estava ansioso por isso ha muito tempo. ─Você estava me esperando para ir para a cama com você o tempo todo?─ Ela ficou horrorizada. ─Não, eu não estava esperando isso.─ Seu sorriso se tornou mais amplo. ─Mas não significa que eu não estava imaginando você nua. ─Isso não é a mesma coisa─ disse ela. ─Claro, eu vi você na noite passada, mas a luz era muito pobre─ disse ele, fazendo uma careta. ─Meus seios são muito pequenos─ ela deixou escapar. Seu rosto estava escaldante. ─O tolo disse isso?─ Ele puxou o cobertor de novo. ─Por favor, Glynis. Eu a tive em minhas mãos o suficiente ontem à noite para ter uma boa ideia do que seus seios parecem. Por favor. Ficou claro que o homem ia pedir até que ela cedesse. Quando ele puxou o cobertor de novo, ela soltou. ─Ah, moça, minha imaginação foi muita falha─ disse ele. ─Você é tão bonita como as selkies que atraem homens para a morte no mar. Suas palavras, tanto a agradavam como envergonhavam ainda mais. ─Alex, você vai deitar agora? Em vez disso, ele ajoelhou-se pelos pés e beijou-a de seus dedos para cima até que seus lábios quentes fizeram cócegas em seu joelho. Ondas de calor aqueceram sua barriga quando ele subiu da sua coxa até seu quadril. Quando ele chegou a seus seios, ela estava sem fôlego. Ele segurou os seios em suas mãos. ─Eles são perfeitos─ disse ele, seus olhos intensos sobre a dela. ─Você é perfeita.

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Na luz do sol sobre eles, ela viu como ele balançou sua língua sobre o mamilo ereto. Quando ele o tomou em sua boca e gemeu, ela fechou os olhos e entregou-se às sensações que corriam através dela. Apenas quando Glynis pensou que não podia suportar mais isso, moveu-se para beijá-la no ombro e passar sua língua na cavidade acima de sua clavícula. Ele trabalhou ao longo da lateral do pescoço até sua orelha com os lábios quentes e língua. Ela sentiu como se estivesse derretendo no chão no momento em que ele afirmava sua boca novamente. Com cada movimento de suas mãos fortes, ele limpou outra má memória do toque de Magnus. Ela queria que ele substituísse cada grama de aborrecimento e humilhação com prazer e alegria. Oh, Deus, como ela queria. Ela enrolou as pernas em torno de quadris de Alex, puxando-o para frente. ─Eu não quero apressar esse momento─ disse ele contra sua orelha. ─Eu vou ter certeza de que você não se esquecerá de mim tão cedo, Glynis MacNeil. Não era provável. Ela quase riu, mas depois sua respiração ficou presa quando sua mão se moveu entre as pernas. Na primeira, os músculos foram todos fracos como ele realizou a sua magia sobre ela. Em seguida, o prazer aumentou a tensão dentro dela até que ela pensou que ia explodir em pedaços. ─Por favor, Alex, por favor─ disse ela, puxando-lhe os ombros. Ele pairava sobre ela, provocando-a e beijando-a sem parar até que finalmente que um gemido agudo saiu de sua garganta quando ele finalmente entrou dentro dela. Finalmente. Alex parecia saber como mantê-la na ponta, movendo-se tão lenta e profundamente, até que ela queria bater os punhos contra seu peito. ─Mais forte─ disse ela, tentando não gritar. ─Mais forte. ─Diga-me que você não se esquecerá de mim─ disse ele, empurrando dentro dela. ─Diga-me. ─Eu não vou esquecer─ disse ela entre suspiros. ─Eu não vou. Não enquanto ela vivesse. 102


Glynis poderia dizer o momento em que ele perdeu o controle porque uma selvageria substituiu seus movimentos lentos. Ele era puro desejo e necessidade e cheio da mesma alegria que ela sentia, eles se uniram em uma explosão de calor branco e estrelas. Mas depois, quando ela estava deitada ao lado dele olhando para o céu azul acima dela, a alegria se esvaiu dela pouco a pouco. Ela percebeu que Alex MacDonald poderia prejudicá-la de uma forma que Magnus nunca poderia. Ela nunca se importou com Magnus. Não, o desprezava. Antes que sua noite de núpcias acabasse, ela fechou seu coração para ele. Mas este era diferente. Ela teria que guardar seu coração com cuidado para manter Alex afastado dele. Ele não tinha intenção de guardálo, não queria mais do que ela queria dar para ele. Mas a cada piscar de olhos e sorriso, ele roubou um pedaço dele. E quando fez amor com ela, ele o segurou em suas mãos.

CAPÍTULO 16 Alex não podia confiar em si mesmo com essa mulher. Ele sentia muito. Ele queria muito. Isso não era normal para ele. Vários dias fazendo amor com ela de manhã, noite, meio-dia e seu desejo por ela não afrouxava um pouco. Em seu orgulho, Alex tinha pensado que iria iluminar as noites para Glynis e dar-lhe abundância de prazer para lembrar-se dele. Mas cada vez que ele fez amor com ela, ele ficava tão surpreso quanto à primeira. Enquanto observava a luz do amanhecer sobre as colinas lançar um brilho dourado no rosto adormecido, a voz de seu pai bateu em sua cabeça. Cuidado com uma mulher que pode levar sua alma, pois ela vai de fazer sua vida uma miséria. 103


Ge Milis is Fion, tha e dhìol ri searbh. O vinho é doce, o amargo é pagar. E por que ele estava tão determinado que ela não o esquecesse? Ele nunca se importou antes. Não, ele esperava que as mulheres que ele levava para cama o esquecessem e o deixassem sozinho quando tudo acabava. Mas Glynis não tinha nada em comum com as outras, riu, as mulheres abertamente sensuais ele geralmente levava para a cama. Não, ela não era seu tipo habitual de jeito nenhum. Ela era o tipo sobre o qual seu pai o havia alertado. Foi uma sorte para eles dois que Glynis era estéril, pois ele era um lunático, quando estava com ela. Depois de contar a ela que ele sempre foi cuidadoso, ele continuou se esquecendo de puxar como devia. Inferno, ele nunca pensou nisso. Ele tinha que ter controle de si mesmo. Quando Glynis abriu os olhos e sorriu para ele, ele se sentiu tão emocionado que não conseguia respirar. ─Nós vamos ter que fazer melhor tempo, ou eu me atrasarei para Edimburgo─ disse Alex, não dando a mínima sobre a chegada a tempo de ver Sabine. Levantou-se de seus cobertores quentes e pegou suas roupas. Não foi como se tivesse entrado em pânico e fugisse, mas ele estava desesperado para se por a caminho. ─Eu preciso verificar as armadilhas que coloquei ontem à noite, antes de ir ─ ele disse, amarrando sua claymore. Eles estavam acampados em uma clareira bem abaixo da trilha, então ela devia estar segura e ele precisava fugir dela para limpar a cabeça. ─Eu vou me arrumar─ Glynis disse, e Alex ouviu a mágoa em sua voz. ─Tenha cuidado e fique perto do acampamento.─ Ele se agachou ao lado dela e tocou seu rosto. ─Não vá onde você pode ser vista a partir do caminho. Olhando para o rosto, com aqueles olhos grandes, solenes e sardas em todo o nariz, Alex não podia escapar do conhecimento que ele tinha 104


corrompido uma moça saudável. O fato de que ela queria ser corrompida não o desculpava. Este tinha sido um grande erro. *** Glynis respirou profundamente enquanto arrumava os cobertores. Ela deveria ter esperado que Alex fosse cansar dela rapidamente. Selando Rosebud, ela fez uma pausa para descansar a cabeça no ombro do cavalo. Ela queria culpar Alex pela dor brotando no peito, mas ele tentou avisá-la que ela não poderia fazer isso levianamente. Ela cerrou os punhos e disse a si mesma que uma vez que ela estivesse em Edimburgo, ela iria esquecer Alex MacDonald. Já que Alex estava com tanta pressa para chegar lá, ela não estava esperaria por ele dar água aos cavalos. A caminhada até o pequeno lago onde tinham ido ontem à noite foi um pouco mais do que ela se lembrava, mas estava bem escondida pelas árvores. Depois de deixar os cavalos beberem, ela os amarrou na borda da clareira próxima, onde eles poderiam pastar na grama, então ela tirou os sapatos e entrou na água. Fechando os olhos, ela inclinou a cabeça para trás e deixou o sol passar por cima dela. Ela respirou fundo várias vezes até que se sentiu mais calma. Seus olhos se abriram quando um mal-estar súbito tomou conta dela. Ela se virou, e seu coração caiu para seu estômago. Ao longo dos topos das árvores, viu um homem no caminho. Ele estava muito longe para ela dizer se ele a viu, também. Glynis prendeu a respiração e forçou-se a mover-se lentamente para fora da água, para não chamar a sua atenção. Quando ela chegou à cobertura das árvores, fez uma pausa, ouvindo rígida. Mas ela não ouviu nada exceto os pássaros e da brisa na copa ramos. Ela se escondeu atrás de um arbusto espesso e enrolou-se em uma bola. Será que o homem procurava por ela? Seu coração bateu em seus ouvidos enquanto ela esperava. Por favor, Deus, faça Alex voltar logo. 105


Glynis esqueceu os cavalos até que ouviu um relincho alto. Ela se arrastou sobre o chão, até que ela pudesse ver a clareira onde os havia deixado. ─Besta maldita!─ Um guerreiro alto com uma claymore amarrada às costas estava tentando pegar a corda de Rosebud, mas ela estava bufando e escoiceando. ─Vou mostrar que é o mestre! Glynis assistiu com horror quando o homem chicoteou o pescoço de Rosebud de novo e de novo. Agora, os dois cavalos estavam empinando e lutando contra as cordas. Ela tinha que fazer algo. Havia apenas um homem, e ela tinha a surpresa ao seu lado. Ela pegou um pedaço de pau pesado do chão. Devia atacá-lo enquanto ele estivesse de costas para ela. Ainda assim, ela hesitou, esperando que Alex aparecesse através das árvores. Mas os cavalos estavam frenéticos, seus relinchos como gritos em seus ouvidos. Ela não podia suportar. Levantando o pau por cima da cabeça com ambas as mãos, correu para o homem. Argh! Com toda a sua força, ela golpeou-o na parte de trás da cabeça. Fez um estrondo feio, e ele caiu ao chão. Oh, Deus, ela o matou? ─Silêncio, silêncio.─ Ela tentou acalmar os cavalos. Mas seus olhos rolavam para trás, e eles ficaram ainda mais selvagem. Glynis sentiu uma pontada na parte de trás do pescoço e de repente soube por que os cavalos estavam ainda mais assustados. Ela gritou e puxou o punhal quando se virou. Meia dúzia de guerreiros entrou na pequena clareira. ─Para trás!─ Ela ficou na frente dos cavalos, segurando o pau ensanguentado em uma mão e seu punhal na outra. Seu olhar voou de um para outro. Deus, não. Ela reconheceu estes homens. Eles eram membros da guarda pessoal de Magnus. ─Nós estamos procurando você, há dias.─ Quem que falou foi Fingall, um homem enorme, com dentes quebrados que era conhecida por aterrorizar os mais fracos entre os membros do clã. ─Magnus enviou

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homens em todas as direções à sua procura, mas tivemos sorte quando nos deparamos com alguns pescadores que viram Campbell você. ─Estávamos começando a nos perguntar se eles mentiram para nós sobre qual caminho pegaram─ outro dos homens disse. ─Mas não podíamos voltar atrás e perguntar-lhes novamente, porque os deixamos todos mortos. Isso trouxe uma rodada de riso dos outros. ─Você matam pescadores indefesos, e chamam a si mesmos de guerreiros?─ Glynis disse. ─Você me enoja! ─Você sempre teve uma língua afiada.─ Fingall disse. ─Mas vamos logo abafar sua valentia. Ele sinalizou para os outros, e todos eles começaram a se mover em direção a ela. Atrás dela, os cavalos começaram a empinar e relinchar novamente. ─Magnus quer você de volta viva, isso é tudo─ disse Fingall. ─Nós vamos nos divertir um pouco com você no caminho de volta. *** Alex assobiava para si mesmo enquanto caminhava para a lateral da colina através da grama alta e molhada. Glynis não era como as outras mulheres, mas era apenas outro caso para ele. Tudo o que precisara foi de algum tempo para vagar sozinho para perceber que tinha exagerado em sua reação ao que acontecera entre eles. Quando isso acontecia com relação às mulheres, não valia a pena pensar muito. Um grito ecoou pelas colinas e reverberou através de seus ossos. Glynis. Alex correu para o acampamento, o medo gelado correndo em suas veias. O acampamento estava vazio. Sem parar, ele continuou correndo na direção de onde seu grito tinha vindo. ─Alex!─ Glynis gritou o seu nome neste momento. Seus pés tomaram o caminho em direção ao lago. Ele sacou sua claymore explodindo por entre os galhos baixos dentro da clareira. Os detalhes da cena a sua frente ficaram registrados em sua mente em um instante. Glynis, seu punhal em uma mão, um pedaço de pau na 107


outra. Um corpo em seus pés. Seis guerreiros, suas armas desembainhadas, em um semicírculo em frente a ela. Eles mantinham Glynis de costas para os cavalos, que empinavam perigosamente perto dela. Alex gritou para chamar a atenção dos homens enquanto ele corria direto para eles. Quando ele saltou sobre um tronco, jogou sua primeira adaga. Atingiu o homem mais próximo Glynis no peito e ele caiu. Outro dos atacantes se aproximou dela e Alex jogou sua segunda adaga na garganta do homem. Restavam quatro homens. Alex jogou sua claymore contra um machado. Quando Rosebud empinou, ele empurrou outro debaixo dos seus cascos. Uma fúria vermelha o percorreu quando ele meteu a sua claymore em outro. ─Afaste-se dos cavalos antes que a atinjam!─ Gritou para Glynis, quando o último homem veio para ele. Alex puxou outra adaga de sua bota enquanto se abaixava sob o balanço da espada do homem. Enquanto se levantava, ele enterrou o punhal entre as costelas do homem. O atacante caiu. Alex soltou a respiração. Então Glynis gritou novamente. Quando ele se virou, Alex viu que o homem que ele pensou que estava morto quando chegou até a clareira havia se levantado. Sangue escorria de um ferimento na cabeça quando ele tropeçou na direção dela. Ela atacou muito cedo com seu punhal. Alex correu rapidamente para eles quando o homem ferido pegou o braço de Glynis que segurava a faca. Antes que o homem pudesse pôr Glynis na frente dele para usá-la como um escudo, Alex atingiu o miserável. Ele arrancou os dedos do moribundo do pulso de Glynis e puxou-a para seus braços. ─Está tudo bem, moça?─ Ele perguntou quando ele conseguiu botar as palavras para fora. ─Sim─ Glynis disse em seu ombro. ─Eles eram homens de Magnus. Cristo tenha piedade. Ele nunca deveria tê-la deixado nem um instante. 108


─Sinto muito─ disse ela com voz trêmula. ─Eu não sabia que poderia ser vista do lago. ─A culpa é minha. Eu nunca deveria ter trazido você. ─Alex estava tão acostumado a esses tipos de perigos que ele não tinha reconhecido o quão tolo foi por levar sozinho, uma mulher nesta jornada. ─Eu me escondi─ disse ela, ─mas depois eu vi um deles ferir os cavalos. ─O shluagh!─ Alex pediu ajuda as fadas. ─Você arriscou sua vida pelos cavalos? ─Ele espancou Rosebud─. Glynis recostou-se e olhou para ele com os olhos arregalados. ─Eu só vi o homem em primeiro lugar, e eu sabia que você não tinha ido muito longe. Assim que vi os outros, eu gritei por você. ─E se eu não tivesse chegado aqui a tempo?─ Em um piscar de olhos, um desses homens poderia ter cortado sua garganta ou a estuprado. ─Você é um perigo para si mesma, mulher. Ele estava furioso com ela. E ao mesmo tempo, ele a desejava tanto que seus dentes doíam. *** A encosta estava coberta de flores silvestres, com ovelhas pastando aqui e ali. ─Eu pensei que você tinha se cansado de mim─ Glynis disse, em sua usual maneira direta, enquanto ela estava deitada em seus braços. Após o ataque, Alex tinha trazido Glynis direto até o topo da colina mais alta, onde ele podia ver por milhas e milhas. Uma vez ele estava certo de que ninguém mais iria surpreendê-los, ele tinha feito amor com ela primeiro freneticamente e depois muito cuidadosamente. ─A verdade é que eu não me canso de você─ disse Alex, passando seu polegar sobre o lábio inferior. Não havia porque fingir que ele podia resistir a ela. Eles estariam em Edimburgo, em poucos dias, e isso iria acabar. Por que negar-se o prazer, nesse meio tempo?

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Alex notou o quão alto o sol estava e sabia que eles deviam se por a caminho. Mas o cheiro do cabelo dela estava em seu nariz e a seda de sua pele sob seus dedos. Então, em vez disso, ele viu dois falcões voar indo e vindo contra o céu azul de verão enquanto ele e Glynis conversavam sobre a rebelião, o novo regente, e o que mais viesse em suas cabeças. Quando Glynis chegou mais perto, Alex exalou um suspiro e fechou os olhos. Deus o ajude, ele a queria novamente. Certamente, isso não poderia continuar. Seu desejo por ela acabaria por desaparecer, como aconteceu com cada mulher que ele já tinha desejado. Nesse meio tempo, ele iria aproveitar o presente, como sempre fazia. Quando ele inclinou-lhe a cabeça para cima com o dedo para beijá-la, os olhos cinzentos Glynis buscaram os dele, como se ela estivesse tentando ver o coração do pecador. Mas o coração deste pecador estava enterrado muito fundo para ela encontrá-lo.

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CAPÍTULO 17 EDIMBURGO Glynis segurou o braço de Alex firmemente enquanto subiam a rua calçada e alta através do coração da cidade. Sinos retiniam, e carroças passavam por ela. Edimburgo era uma colmeia zunindo de atividade, com as pessoas transportando mercadorias subindo e descendo as ruas apinhadas. Ao contrário dos Lowlanders correndo ao seu redor como coelhos, Glynis sentia como se tivesse pesos nos pés. Tão logo eles encontrassem a casa de seus parentes, ela e Alex se separariam. Ela tentou dizer a si mesma que temia deixá-lo por causa das incertezas à frente, mas ela nunca foi boa em mentir. A rua principal, partia do alto cortando cidade, como a coluna vertebral de um cão sentado. Entre os edifícios, Glynis teve vislumbres de uma fortaleza enorme construída de pedra negra sobre um rochedo. ─Isso é o Castelo de Edimburgo─ disse Alex, seguindo o seu olhar. ─É aí onde você está indo se encontrar com o regente e sua condessa?─ Perguntou ela. ─Ela não é minha condessa─ Alex disse em um tom cortante. Ainda assim, Glynis se perguntou o que havia com a francesa que podia fazer Alex realizar todo o caminho para Edimburgo para vê-la. ─A realeza acha que é muito ventoso e frio lá em cima ─ disse Alex, balançando a cabeça em direção ao castelo. ─Eles preferem o conforto do Palácio de Holyrood, que está atrás de nós, no outro extremo da cidade. É onde espero encontrar o regente e a condessa . ─Ah, parece um desperdício ter dois castelos em uma cidade─ disse ela. 111


─Eu temo que ser sensível não é requisito para ser real─ disse Alex, e apertou-lhe o braço. ─Mas se houver um ataque Inglês, a realeza será levada até a colina do Castelo de Edimburgo, pois é uma fortaleza inexpugnável. Ninguém quer ser preso lá. ─É lá que eles mantêm Donald MacDonald Dubh?─ Perguntou ela. Donald Dubh era o verdadeiro herdeiro do senhorio das ilhas. Quando criança, ele foi mantido em cativeiro pelos Campbells, que eram a família de sua mãe. Depois ele fugiu, unindo clãs e ele elevou uma grande rebelião. ─Sim, eles mantiveram Donald Dubh preso no Castelo de Edimburgo, quando foi pego dez anos atrás─ disse Alex. ─Se fosse possível para tirá-lo, seja pela força ou pela astúcia, os rebeldes teriam feito isso há muito tempo. Como ela iria sentir falta de conversar com Alex e ouvir suas histórias. À noite, depois de terem feito amor, ele contava suas historias, tão encantador como qualquer bardo. Ela adormecia ao som de sua voz e acordava em seus braços. A lembrança fez seus olhos arderem. ─Que cheiro horrível é esse?─ Glynis perguntou, enquanto limpava o olho com sua manga. ─É tão ruim que faz meus olhos lacrimejarem. ─Muitas pessoas que vivem juntas.─ Alex apontou para uma das muitas passagens estreitas saindo da rua principal. ─Os edifícios tem dez e doze andares de altura sobre essas passagens que eles chamam de vielas. Todos os que vivem neles jogam seus respectivos resíduos pelas suas portas ou janelas, e tudo flui para baixo, para o lago. O lago não tem saída, então a sujeira da cidade estagna lá. ─Isso é nojento─ disse ela, franzindo o nariz. ─Não é tão repugnante para os ricos que vivem perto da rua principal, mais distante do lago.─ Alex fez uma pausa em sua explicação enquanto a guiava em torno de um homem carregando pedaços de pão fumegante em sua cabeça. ─Descendo as vielas, aqueles que são mais abastados vivem no alto, enquanto as almas mais pobres vivem na parte 112


mais baixa. Os mais pobres dos pobres vivem na base do morro ao lado do lago. ─Como eles sobrevivem?─ Perguntou ela. ─Se eles nascem aqui, acho que estão acostumados a isso─ disse ele, ─Assim como nós ilhéus estamos acostumados com o som do mar e da sensação do vento em nossos rostos. ─ Você vai ficar na cidade muito tempo?─ Ela não pôde deixar de perguntar. ─Um par de dias. Só o tempo que for preciso para conseguir uma audiência com o regente. Foi uma sorte Alex não ficar muito tempo. Caso contrário, ela temia que fosse se comportar como todas as outras mulheres que ele deixou querendo mais. Ela seria fraca o suficiente para o procuraria, na esperança de encontrá-lo nos lugares mais improváveis. E pior, ela rezaria para que ele sentisse falta dela e a procurasse. Pensamentos tolos! Mesmo que Alex permanecesse na cidade, ela nunca correu o risco de continuar o caso. Ela permitiu-se essa loucura selvagem antes de se instalar em sua vida como uma solteirona. ─Aqui é St. Giles─ disse Alex, quando eles chegaram a uma igreja enorme em uma praça. Alex perguntou por seus parentes quando ele guardou os cavalos em uma taverna perto da fronteira da cidade. O taberneiro disse-lhes que seu tio, o padre, foi anexado ao St. Giles e morava perto de sua irmã. Alex jogou uma moeda para um menino sujo, mendigando do outro lado da rua da igreja. ─Onde posso encontrar a família Hume? Alex falou com o rapaz em escocês lowlander, que Glynis poderia entender se não fosse falado demasiado depressa. Ela não entendeu metade da resposta do rapaz, mas ele apontou para o beco atrás de si. ─Ele diz que é a única com a porta vermelha ─ disse Alex. Glynis aumentou seu aperto no braço de Alex quando eles se voltaram para o beco estreito. As construções eram tão elevadas em ambos os lados que apenas uma pequena parte do céu aparecia entre elas. 113


─Eles não podem ver como está o tempo ─ disse ela, surpresa com a ideia. ─Acho que eles não precisam saber, pois nem plantam, nem navegam─ disse Alex. Eles ficaram em frente à porta impressionantemente vermelha. Em vez de bater, Alex virou-se e pegou-lhe as duas mãos. ─Tem certeza que quer entrar?─ Perguntou ele. Na verdade, ela estava morrendo de medo de entrar. Mas o que mais ela poderia fazer depois de viajar por toda a Escócia para chegar até aqui? Rastejar para casa com mais vergonha do que da última vez? Quando ela conseguiu dar um aceno de cabeça, algo brilhou nos olhos de Alex que ela não conseguia ler. Preocupação? Arrependimento? Antes que ela pudesse ter certeza, ele deixou cair às mãos e bateu na porta. *** Não havia nada com a casa que pudesse fazer Alex desconfortável, e ainda assim ele estava. Claramente, ele pertencia a uma família próspera, e a serva que atendeu a porta era limpa e respeitosa. Depois de Alex dizer por que estava ali, ela os levou pelas escadas para uma sala com móveis caros e tapeçarias. Enquanto esperavam que a serva anunciasse sua presença, Alex observou Glynis. Ela estava pálida como a morte. Ele se virou quando uma gorda mulher de meia-idade com um rosto agradável entrou na sala. Ah, ela parecia o tipo de tia favorita de todos, a que sempre tinha um sorriso e um mimo em seu bolso para as crianças. Ela parou logo após da porta, os olhos fixos em Glynis. ─Eu não acreditei quando Bessie me falou─ disse ela, apertando sua mão rechonchuda contra o peito. ─Mas você parece tanto com a minha irmãzinha que é como ver o fantasma dela. Quando a mulher atravessou a sala e abraçou Glynis, Alex notou o contraste entre a figura da tia, baixa e arredondada e corpo de Glynis, esbelta e graciosa. Ele abafou um suspiro quando se lembrou de si mesmo passando as mãos pelos longos membros nus de Glynis. 114


─Eu sou sua tia Peg,─ a mulher mais velha disse, depois ela enxugou os olhos. ─Meu marido Henry vai ficar muito feliz ao encontrá-la E eu vou enviar um rapaz para dizer ao seu tio em St. Giles. Depois de todos esses anos, finalmente colocar os olhos na criança da minha irmã ... A mulher conversava incessantemente, mas Alex não podia ver nada de mal nela. ─ Este homem bonito é seu marido?─ Peg perguntou, virando-se para ele com um brilho nos olhos. ─Não─ disse Glynis com força desnecessária. ─Este é Alexander MacDonald. Ele ... E sua grande comitiva, que incluiu várias mulheres, escoltou-me até aqui. ─Então, onde está seu marido?─ Peg perguntou. ─Certamente está em idade de ter um? ─Eu era casada─ Glynis disse, ─mas ... ─Oh, minha querida, ficou viúva─ disse Peg, com o rosto todo beliscado com preocupação. Glynis lançou a Alex um olhar desesperado, e ele lhe deu um leve aceno para que ela soubesse que o seu segredo estava a salvo. ─Parece que será bem tratada aqui─ disse Alex, e a tia sorriu para ele. ─Com sua permissão, deixo-as agora. Ele ficou na frente de Glynis e pegou suas mãos. Embora não houvesse nada mais a fazer por ela, sentiu-se perturbado por deixá-la. Apesar do pânico nos olhos de Glynis, ela ficaria bem. Ela era a mulher mais capaz e determinada que já conhecera. Esta doce tia não seria nenhum desafio para uma moça que colocou uma lâmina em um guerreiro Highland e convenceu outro para levá-la cruzando toda a Escócia. Em uma semana, Glynis teria esta casa funcionando como ela achava que deveria e os Humes achariam perfeito. Não importa o que Glynis acreditava agora, Alex estava certo de que ela acabaria se casando novamente. Qualquer homem que quisesse uma esposa seria um tolo se a deixasse escapar. A próxima vez que Alex a visse, se ele a visse outra vez, ela pertenceria a outro homem. 115


─Desejo-lhe felicidade, Glynis─ disse ele, apertando as mãos. ─Você merece. ─Você também─ ela disse, sua voz um sussurro. Uma vez que não eram parentes, não era adequado ele beijar sua bochecha. Mas quando tinha se preocupado com propriedade? Ele segurou seu rosto e apertou os lábios contra a pele macia pela última vez. Apesar de o ar da cidade suja, o cabelo ainda cheirava as agulhas de pinheiro onde tinha dormido na noite anterior. ─Vou sentir falta de dormir com você─ ele sussurrou no ouvido dela para fazê-la corar. Mas isso não era tudo o que ele iria perder. Pela primeira vez em sua vida, Alex estava perto de fazer papel de bobo por uma mulher. Ele estava escapando na hora certa.

CAPÍTULO 18 Depois de verificar Rosebud e Buttercup, Alex pagou por uma cama e um banho na taverna. Uma hora depois, ele estava a caminho do Palácio 116


de Holyrood. Ele tentou forçar sua mente longe de Glynis e concentrar seus pensamentos sobre seu encontro com o regente. Mas sentia-se estranho, como se ele tivesse deixado Glynis nas mãos de piratas em vez de sua doce tia. Felizmente, Alex era melhor seguindo seus instintos. Se Connor queria alguém que iria planejar tudo antes do tempo como um jogo de xadrez, ele deveria ter enviado Ian ou vir pessoalmente. O objetivo de Alex era claro: tranquilizar a Coroa que seu clã não apoiaria a rebelião, evitando qualquer compromisso específico para combater os rebeldes. Quanto ao seu negócio pessoal, ele perdeu o interesse no presente de Sabine, qualquer que fosse. Ainda assim, tinha sido tolo por chegar no último dia de julho e se arriscar a perdê-la. Ele diminuiu o ritmo para passar mais um par de noites com Glynis. Ah, ele mal se conhecia. E agora, sentia-se irritado porque Glynis não tinha feito nenhum barulho quando ele a deixou. O que ele esperava? Que Glynis fosse chorar e implorar para ele ficar? Não havia razão para aquilo. Os guardas no portão do palácio eram MacKenzies, com quem seu clã não tinha rixa atualmente e o deixaram passar sem dificuldade. Na entrada para o palácio, Alex encontrou a corte escocesa guardada por franceses. Isso o irritava, embora ele devesse ter esperado isso. O novo regente passou pouco tempo na Escócia e não falava nem escocês, nem gaélico. De acordo com o taberneiro, o regente tinha trazido uma enorme comitiva com ele da França, incluindo malabaristas, pelo amor de Deus. ─Suas armas─ um dos guardas disse-lhe em francês. Quando Alex desembainhou sua claymore, ele examinou o salão lotado. Sabine havia mencionado em sua carta que D'Arcy, um nobre francês com quem Alex tinha lutado na França, estava aqui com o contingente francês. Uma vez que tanto D'Arcy como Sabine conheciam bem o regente, esperava obter a opinião de um deles antes de sua audiência. 117


─Aquelas também─ disse o guarda, apontando para as adagas que pendiam do cinto de Alex. Alex as tirou, já que ele não tinha escolha se quisesse entrar. ─Seu nome e o que deseja?─ Um dos outros guardas exigiu. ─Eu sou Alexander MacDonald de Sleat. Antes que ele pudesse dizer o que queria, os guardas começaram a gritar. ─Il est un MacDonald!─ Ele é um MacDonald! ─Un rebelle!─ Um rebelde! Em um instante, duas dezenas de guardas o cercaram com suas espadas desembainhadas. O shluagh. Alex chegou a pensar em lutar abrindo caminho para fora, mas matar alguns dos guardas do regente no interior do palácio real provavelmente não iria servir seu clã também. Ainda assim, um homem não poderia ser criticado por jogar alguns socos. Pelos gritos dos guardas excitados quando o arrastaram até as escadas, Alex percebeu que eles pensaram que ele era Alexander MacDonald de Dunivaig e Glens, que era um dos chefes rebeldes. Aparentemente, eles não sabiam que metade dos guerreiros nas Ilhas Ocidentais eram chamados de Alexander ou Donald por causa dos antigos senhores das ilhas. Alex suspeitou que ele tivesse a sua audiência com o regente, mais cedo do que o esperado. Os guardas o levaram através de portas duplas para um salão com decoração elaborada pintado de rosa. No interior, cortesãos e damas vestidas de sedas giravam em torno de um homem em uma cadeira ornamentada que tinha barba e astutos olhos azuis de uma Stewart. Portanto, este deve ser John Stewart, que era o Duque de Albany, o regente atual, e terceiro na linha de sucessão ao trono após os dois bebês reais. Quando os dois guardas segurando os braços de Alex tentaram atirálo para o chão aos pés do regente, Alex bateu a cabeça juntos e os deixou

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cair. Ele olhou sobre o ombro para os outros guardas antes de cair no joelho. ─Sua Graça─ Alex disse em francês. ─Seus homens me confundiram com um líder rebelde porque os tolos não distinguem um maldito clã MacDonald de outro. Albany ergueu as sobrancelhas. Se foi por admiração por seu francês perfeito ou porque ele tinha chamado de tolos os guardas de Albany, Alex não ligou muito. ─E o que MacDonald é você? ─Eu sou Alexander MacDonald de Sleat─ disse Alex. ─E se você me permite um conselho, sugiro-lhe substituir os guardas franceses por homens que sabem quem é seu inimigo e quem não é. ─Isso não é uma tarefa fácil─ disse Albany, tocando as pontas dos dedos de suas mãos quando olhou para Alex ─ mesmo para alguém que possa distinguir um MacDonald de outro. Touché. ─Perdoe a nossa vigilância contra os traidores─ Albany disse. ─Um grupo de MacIains acabou de chegar para informar que os rebeldes sitiaram Mingary e devastaram todas as terras ao redor. ─Meu clã não tomou parte deste ataque─ disse Alex. ─Eu preferiria ouvir isto do seu chefe.─ Albany se levantou e começou a andar na frente de Alex. ─Eu suponho que ele está aqui com você, em Edimburgo, como ordenei? ─Eu sou primo do nosso chefe─ disse Alex. ─Eu vim em seu lugar para representá-lo. ─Eu não estou certo.─ O regente parou de andar e fixou seus penetrantes olhos azuis em Alex. ─Chamei o seu chefe, não seu primo. ─Ele teria vindo, mas ele foi gravemente ferido no momento em que ele se tornou chefe e ainda não totalmente recuperado─ disse Alex, sabendo que uma verdade parcial era sempre mais crível do que uma mentira completa.

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─Ou ele está no cerco ao Castelo de Mingary com os outros rebeldes.─ A face de Albany foi ficando vermelha. ─Eu não vou tolerar isso! Não se engane, os clãs nas Ilhas Ocidentais serão derrotados. ─Meu clã não tem nenhuma disputa com a coroa ou com os MacIains─ disse Alex, desejando ter chegado antes da notícia deste mais recente ataque rebelde. ─Eu preciso de provas─ disse o regente, os olhos apertados em fendas iradas. ─Se meu clã estivesse lutando, eu estaria com eles.─ Alex abriu os braços. ─Como você pode ver, eu estou aqui. ─Enquanto o seu chefe está em Mingary com três centenas de guerreiros, estuprando e pilhando com o resto destes pagãos traidores─ gritou Albany. ─Não cometemos estupro─ disse Alex, ofendido. Ser chamado de pagãos traidores, no entanto, não o incomodava em demasia. Um Highlander só era verdadeiramente fiel ao seu clã, e apesar de Highlanders serem tão bons cristãos como qualquer outro, eles não deixavam isso interferir com os velhos costumes mais do que o necessário. ─Se o seu clã não está na aliança com os rebeldes, então eu espero que o seu chefe envie guerreiros prontamente para combatê-los. ─Ele vai enviar, logo que ele puder dispor dos homens─ disse Alex. ─Por enquanto, meu chefe deve manter seus guerreiros em casa para proteger o nosso clã dos MacLeods, que já roubaram algumas de nossas terras, e dos piratas, que estão invadindo acima e abaixo das Ilhas Ocidentais. Na verdade, Sua Graça, poderíamos usar alguma ajuda nós mesmos. A julgar pela expressão trovejante do regente, ele não gostava da sugestão de Alex. ─Talvez o MacDonalds de Sleat precisem de um chefe que esteja disposto a lutar pela coroa─ Albany tirou. ─Eu acho que Hugh MacDonald faria isso se fosse chefe.

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Alex geralmente controlava o seu temperamento, mas a ameaça velada do regente de apoiar Hugh em uma tentativa de tomar a chefia de Connor o tinha feito esquentar rapidamente. ─Nós o chamamos de Hugh Dubh, Black Hugh, por causa de seu coração negro─ disse Alex. ─Ele é um dos piratas que aterrorizam gente inocente, e você seria um tolo de confiar nele. Os cortesãos, observando sua troca de palavras ofegaram como um só. ─Vou usar tudo e todos que eu puder para desmantelar esta rebelião─. A voz de Albany era suave agora, mas seus punhos estavam fechados tão apertados que os nós dos dedos estavam brancos. ─Diga-me, o seu chefe tem um filho ou um irmão? ─Seu irmão está morto, e ele não tem nenhum filho ainda.─ Uma ferroada de mal-estar começou a subir pela coluna de Alex. ─Você é o seu parente mais próximo? ─Estou tão perto como qualquer outro, depois que sua irmã casou na Irlanda─ disse Alex. ─Então nós vamos ter que nos contentar com você como refém─ disse o regente. ─Você será nosso convidado no Castelo de Edimburgo até o seu chefe mandar seus guerreiros para lutar contra os rebeldes. O desejo de escapar pulsava através Alex. Em um flash, ele soube como iria fazê-lo. Viu-se puxando sua adaga escondida e saltando sobre o regente. Com seu punhal na garganta de Albany, ele poderia usá-lo para sair do palácio. A partir daí, seria fácil fugir da cidade. Alex era rápido, e ousado. Ele sabia que poderia fazê-lo. Não havia nada que ele odiaria mais do que ser trancado em um espaço confinado durante meses ou anos. Ele preferia lutar cem batalhas, morrer uma dezena de mortes horríveis. E, no entanto, um homem deve fazer o sacrifício que é necessário, não o que ele iria escolher para si mesmo. Se servir como refém da Coroa seria ganhar tempo para Connor e o clã, Alex devia se deixar prender. Albany acenou com a mão para os guardas e gritou: ─Prendam-no! 121


CAPÍTULO 19 ─Meu Deus, está linda, ─ a tia de Glynis disse, apertando as mãos na frente dela. ─O vestido se encaixa como uma luva em você. Glynis correu as mãos sobre a lã macia. Parecia estranho estar vestindo roupas de sua mãe. Bessie, a empregada de meia-idade, tinha encontrado o baú com as coisas de sua mãe no sótão. ─Você é do tamanho dela─ Bessie disse, fechando o último botão na parte de trás do pescoço de Glynis. ─E tão bonita. ─Meu pai sempre disse o quanto eu era como ela.─ E ele nunca pareceu notar o olhar de irritação no rosto de sua madrasta, quando ele dizia isso. Pela primeira vez, Glynis se sentiu culpada, sabendo como seu pai devia estar preocupado com ela. Eles sempre tiveram uma ligação estreita, embora suas brigas desde que deixou Magnus houvessem se acirrado. ─Eu nunca vou entender o que deu na minha irmã para fugir e casar com um Highlander selvagem,─ Tia Peg disse, tocando a testa com o dorso da mão rechonchuda. ─Ele era diabolicamente bonito─ a empregada disse em voz muito baixa para sua tia ouvir. Glynis não acreditava que era a razão pela qual sua mãe o havia seguido por toda a Escócia, mas o pai dela deve ter sido bonito quando jovem. ─Foi porque ele a amava muito─ disse Glynis. Ela sentiu uma picada no olho, pensando nas visitas diárias do pai ao túmulo de sua mãe. Quantas vezes ela o espiara lá quando era criança e o ouviu tendo uma discussão com sua mulher morta há muito tempo? Se 122


Glynis tinha crescido com a expectativa de ter o amor em seu casamento, era porque seu pai a incentivara a isto, mesmo que inadvertidamente. ─O amor não coloca comida na mesa─ disse a tia. ─Henry saiu da sua loja para levar-nos em nossa missão, por isso não devemos deixá-lo esperando. Glynis tinha cem perguntas que ela queria perguntar sobre sua mãe, mas sua tia tinha pouco a dizer sobre o assunto, quando ela perguntou antes. Em muito pouco tempo, Glynis encontrou-se na High Street de novo. A cidade não era nada como as imagens românticas que ela tinha de lá. Sua babá, Molly, contou histórias sobre como seus pais se apaixonaram aqui quando seu pai foi chamado ao tribunal. De acordo com Molly, seu pai tinha sido um homem perdido no momento em que viu pela primeira vez sua mãe nesta mesma rua. Como ele percebeu-a no meio deste caos? ─É sempre assim?─ Glynis perguntou. O barulho constante de vozes, carros e sinos fez pulsar cabeça. ─Sim─ disse a tia. ─Emocionante, não é? ─Não há lugar como aqui, com exceção de Londres,─ o marido de sua tia disse. Henry era um homem atarracado, careca que parecia tão suave e agradável como a tia. Quando Glynis seguiu-os pela porta de outra loja, ela teve que virar de lado para evitar uma mulher carregando uma cesta grande. Eles haviam visitado meia dúzia de lojas, e sua tia e tio não tinham comprado nada. ─O que é que você está procurando?─ Fosse o que fosse, Glynis esperava que eles encontrassem isso em breve. Glynis sentiu uma cotovelada em seu lado e olhou para baixo para encontrar sua tia sorrindo para ela com um sorriso tão grande que seus olhos estavam quase fechados acima de suas bochechas rechonchudas. ─Um marido,─ sua tia sussurrou em voz tonta. ─Henry diz que dois dos comerciantes solteiros estão interessados em você e nós só estamos fora há uma hora! *** 123


A escuridão pousou sobre a alma de Alex quando a porta se fechou atrás dele chiando. Na luz da lanterna que entrava através da grade da porta de ferro, ele examinou sua cela. Ele estava na cripta que sustentava o peso do castelo e pousava sobre a rocha negra em que foi construído. O teto curvo era demasiado baixo para ele ficar de pé, então ele se sentou no chão de pedra irregular e segurou a cabeça em suas mãos. Sua liberdade era tudo para ele. Navegar, lutar,trepar. Essa era a sua vida. Sua cela não tinha sequer uma janela. Ele sabia que poderia chegar a isso quando ele concordou em comparecer a corte por Connor, mas ele não tinha deixado a si mesmo pensar sobre isso. A maioria dos reféns era mantida em melhores acomodações, aparentemente ele tinha causado uma má impressão no regente. À medida que as horas se passaram, Alex perguntou como ele iria manter sua sanidade nos próximos meses. Ele sentiu o peso das toneladas de pedra acima dele. Ele ouviu passos abafados e presumiu que eles estavam trazendo-lhe a sua primeira refeição. Mas quando um guarda com dentes de ferro abriu a grade de sua cela, ele estava de mãos vazias. ─Você tem amigos em lugares altos─ disse o guarda. ─ Siga-me. Alex pulou de pé e quase bateu a cabeça em sua pressa de sair. Sentindo-se como um rato, ele seguiu o guarda pelo corredor, entre as celas. A impaciência correu através de seus músculos quando o guarda se atrapalhou com as chaves na última porta. Finalmente, ele abriu, e Alex saiu para uma explosão de luz do sol que era como entrar no céu. Um homem alto, de cabelos escuros, um francês com um lenço branco ao pescoço estava esperando lá. Pelos santos, era o Cavaleiro Branco, Antoine D'Arcy, Sieur de La Bastie. ─Você está livre, Alexander─ disse D'Arcy. Alex não acreditava muito nisso até que D'Arcy sinalizou para um homem de pé atrás dele, que veio para frente para entregar Alex sua claymore e suas Adagas. 124


─Deus abençoe a você, D'Arcy─ disse Alex, prendendo sua claymore. ─Você pode considerar sua dívida comigo paga. ─Salvar um homem da prisão não é igual a salvar a vida de um homem─ disse D'Arcy. ─É para mim─ disse Alex e apertou o ombro de D’ Arcy. ─Como você fez isso? ─Foi uma sorte eu estar na sala e ver os guardas levá-lo─ disse D'Arcy, uma vez que começou a caminhar na direção da porta do castelo. ─Eu disse ao regente que você e seu chefe tinham lutado contra os ingleses conosco na França, e assim vocês não poderiam ser traidores. Por que combater os Ingleses devia garantir a sua lealdade à Coroa Escocesa era um mistério para Alex, mas ele não disse isso. ─O regente aceitou isso? ─Eu lhe disse que iria defender a sua honra até a morte. Apesar de tudo o que ele tinha passado, Alex teve que lutar com um sorriso. D'Arcy cultivava as virtudes dos antigos cavaleiros que pareciam ingênuos a um Highlander. ─Eu suspeito que ser rico, intitulado, e famoso por toda a França por suas habilidades de luta pode ter sido bem convincente ─ disse Alex. ─É claro─ disse D'Arcy, sem o menor humor. D'Arcy tinha cavalos esperando por eles no pátio inferior do castelo ao lado da guarita de pedra maciça. Quando Alex cavalgou através da porta, ele olhou para as pontas de ferro das grades levantadas acima de sua cabeça. Soltou a respiração quando chegou ao outro lado. ─Albany pediu a você para vir para a Escócia?─ Alex perguntou. ─Ele precisava de ajuda para convencer a rainha e sua facção Inglesa a desistir da regência─ disse D'Arcy. ─Tivemos de cercar o Castelo de Stirling antes de ela entregar as crianças reais. Eles continuaram a falar de políticas reais enquanto desciam o morro. Mesmo o ar da cidade cheirava bem para Alex. ─O que a rainha e seu novo marido vão fazer agora?─ Alex perguntou.

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O chefe Douglas tinha rastejado para a cama da rainha, em uma tentativa de poder quase antes de o corpo do rei estar frio. ─A rainha fugiu para a Inglaterra, para junto de seu irmão, o rei Henrique VIII, mas o marido ...─ D'Arcy fez uma pausa, levantando uma sobrancelha, ─... Acompanhou-a até à fronteira e voltou. Alex riu. ─Há o amor de verdade. Acho que o Douglas tinha medo de ser rotulado como um traidor e perder suas terras. ─Estou contente por seu clã não fazer parte dessa rebelião─ disse D'Arcy. ─Eu prefiro não enfrentar você, seus primos e aquele enorme companheiro de vocês, Duncan, em uma batalha. Alex sorriu, lembrando a última vez que tinham praticado juntos. Tinha sido uma luta difícil, mas havia terminado com D'Arcy em suas costas e a ponta da lâmina de Alex em sua garganta. Para seu crédito, D'Arcy havia se rendido com a sua graça habitual. ─Você verá que rebeliões são como a lama nas Highlands─ disse Alex. ─Em todo lugar que você pisa, mais escorre através de seus dedos. ─Albany tem a intenção de pôr fim a elas─ disse D'Arcy. ─Ele e o Conselho nomearam Colin Campbell, o conde de Argyll, como protetor das Ilhas Ocidentais, e eles deram-lhe autoridade para pôr fim à rebelião─ pela espada e pelo fogo. ─Ah, é perigoso dar tanto poder para os Campbells─ disse Alex. ─Albany está consciente do risco─ disse D'Arcy. ─Mas, como a Coroa escocesa não tem exército próprio, ele deve confiar em chefes que pode comandar um grande número de homens para reforçar a autoridade da Coroa. Neste caso, Colin Campbell. Alex chegou a Edimburgo para apaziguar a Coroa, mas era o chefe Campbell, que agora tinha poder imediato sobre os clãs nas Ilhas Ocidentais. Felizmente, o chefe Campbell devia a Alex um favor por resgatar sua irmã. Ele esperava que pudesse usá-lo para beneficiar seu clã.

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─Albany encarregou-me de entregar o decreto para o chefe Campbell,─ disse D'Arcy. ─Se você estiver indo para casa, você deve viajar comigo até o Castelo Inveraray. Seria como nos velhos tempos. ─Eu vou partir assim que recolher os meus cavalos─ disse Alex. ─Mas vou esperar por você fora da cidade. ─Eu não posso deixar você ir ainda─ disse D'Arcy. ─Sabine de Savoisy insistiu para eu levá-lo até o palácio para vê-la. Alex gemeu. Ele tinha esquecido de Sabine.

CAPÍTULO 20

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Os guardas na porta do palácio pareciam querer matar Alex, mas o deixaram entrar com D'Arcy. Uma vez que eles estavam lá dentro, D'Arcy enviou uma mensagem para Sabine por um dos servos. ─Ah, a requintada Sabine de Savoisy chegou─ disse D'Arcy, pouco tempo depois. Alex virou-se a tempo de vê-la descendo a larga escadaria. Todos os homens no salão pareciam estar olhando para ela quando ela fez uma pausa nas escadas para examinar o salão. Quando seus olhos encontraram os de Alex, ela lhe deu um leve aceno. ─ Você e ela já ...─ disse D'Arcy. ─Há muito tempo atrás─ disse Alex. ─Se você deseja cavalgar para Inveraray comigo e meus homens, nos encontre amanhã ao meio-dia fora dos portões do palácio─ disse D'Arcy. ─Claro, eu não vou te culpar se você decidir ficar mais tempo com Sabine. D'Arcy se despediu de Alex e atravessou a sala para cumprimentar Sabine. ─Você está tão linda como sempre─ disse ele, levando a mão dela aos lábios. Sabine era alguns anos mais velha do que Alex, então ela devia ter de cerca de 30 anos agora. As linhas de seu rosto eram mais nítidas, dando-lhe uma gritante beleza, mais austera. Seu cabelo foi puxado num coque, alto e elaborado que chamou a atenção para a linha graciosa de seu pescoço. ─Estou muito contente que você tenha podido me visitar finalmente. Quando ela pegou o seu braço, acrescentou em voz baixa: ─Eu vou levá-lo para uma sala onde nós podemos ficar sozinhos. Suas saias farfalharam e brilharam quando eles atravessaram a sala lotada. Quando ela levou-o através de uma porta baixa, subiu uma escada no fundo e entrou em uma câmara com uma grande cama de dossel no centro, Alex questionou em que tipo de missão tola ele estava. Certamente Sabine não poderia ter pedido a ele para viajar até aqui para rolar na cama por uma hora ou duas.

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Quando ela se acomodou no sofá perto da janela, Alex suspirou com alívio e tomou a cadeira à sua frente. ─Você parece bem, Alexander─ disse ela com um sorriso brilhante. Ele segurou seu olhar e deixou o silêncio crescer entre eles, enquanto esperava que ela indicasse seu propósito. ─Será que o seu clã apoia a facção que favorece a França, ou você favorece os laços com os terríveis ingleses? ─Temo que os Highlanders tenham estado muito ocupados cortando gargantas uns dos outros para dar a questão a nossa atenção plena─ disse Alex. Sabine inclinou a cabeça para trás, revelando sua garganta marfim, e deu uma risada, luz musical. Havia aqueles que ficariam surpresos ao saber que foi o riso de Sabine, e não o seu corpo exuberante, que inicialmente o tinham atraído para ela. ─Será que você me pediu para viajar por toda a Escócia para o território Lowlander, para discutir política com você? ─Você costumava ser melhor em tomar o seu tempo com as preliminares ...─ disse ela, seus lábios se curvaram divertidos. ─Desculpe, mas seu amigo Albany tinha me jogado em uma cela de prisão hoje. ─Ouvi dizer que você fez uma entrada memorável. ─ Ela riu novamente, mas desta vez foi um riso nervoso. ─Você é a conversa do palácio. ─O que é esse presente que você tem para mim?─ Perguntou ele. Ela deixou cair o olhar e passou os dedos ao longo da borda do sofá. Esta hesitação era diferente da Sabine, que tinha tomado conta de um Highlander jovem e o deixara saber, em termos inequívocos o que ela queria dele. Alex se inclinou para trás e esperou. ─Eu tive um filho─ disse ela. ─Parabéns─. Alex deu de ombros. ─Isso deve ter agradado o seu marido na sua idade avançada. ─ Seu marido tinha uns 80 anos.

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─Dificilmente, já que a criança não poderia ter sido dele─ disse ela, dando a Alex um olhar penetrante. ─Foi uma sorte para mim que meu marido morreu antes da minha gravidez aparecer. Uma onda de mal-estar revolveu o intestino de Alex. ─Quando teve essa criança? Ela ergueu o olhar para o teto e tocou com um dedo o rosto empoado. ─Deixe-me tentar lembrar─ disse ela com um tom sarcástico na sua voz. ─Oh sim, a criança nasceu precisamente oito meses e meio depois que terminou o nosso caso. Certamente ela não estava sugerindo que a criança era dele? O que o intrigava era por que ela iria lhe contar essa mentira. ─Nosso caso começou e terminou pouco depois que cheguei à França─ disse ele, inclinando a sobrancelha para ela. ─Mas eu estive na França por mais cinco anos. Se a criança era minha, uma mulher tão engenhosa como você poderia ter dado um jeito de me contar. ─Eu não tinha razão para dizer-lhe─ disse ela. ─Eu não queria que ninguém soubesse, e o luto pela morte de meu marido me deu a desculpa para afastar-me da sociedade por alguns meses. Isso explicaria por que ele nunca tinha ouvido falar de Sabine ter um filho. Não significa, porém, que a criança era dele. ─Por que não me disse, se você acreditava que a criança poderia ser minha?─ Perguntou ele. ─Eu temia que você fizesse muito barulho─ disse ela, virando a cabeça para olhar pela janela. Alex sentou-se ereto. ─ Barulho? Um homem não faz barulho. ─Não importa o quanto você não ligue para as mulheres─ disse ela com uma voz fina, ─Eu entendo que você tem ... Highlanders possuem sentimentos invulgarmente fortes sobre as relações de sangue. ─Chega de jogos, Sabine.─ Alex se inclinou para frente e pegou seus braços. ─Se há verdadeiramente uma criança, o que faz com que julgue que é minha? E eu não vou acreditar que eu era seu único amante. ─Você era meu único amante na época em que engravidei─ disse ela, olhando para ele. 130


─Ou o único que acha que é ingênuo o suficiente para acreditar que a criança é dele. ─Se você lembrar, ─ ela disse, sua voz tão afiado como uma navalha ─ que não deixou minha casa por uma quinzena. Mesmo engenhosa como sou, não teria sido possível ter outro caso, ao mesmo tempo. Nunca saiu de sua casa? Ah, raramente saía de sua cama, exceto para fazer amor no chão ou contra a parede. Ele lembrou como seus bem treinados funcionários deixaram as bandejas de comida e bebida fora da porta do quarto. Ainda assim, Sabine poderia facilmente mentir quando a criança foi concebida. ─Você vai saber que o filho é seu quando vê-lo─ disse ela, e cruzou as mãos no colo. Ela deve pensar que ele iria aceitar qualquer criança de cabelos louros como os dele. E ainda, se a criança fosse dele, tinha motivos para estar furioso com ela. ─Você acreditava que o filho era meu o tempo todo─ disse ele, erguendo a voz, ─e não me disse? ─Eu queria manter a existência da criança em segredo. E Alex queria sacudir Sabine até os dentes baterem. Respirou fundo antes de falar novamente. ─Então, por que me contou agora? ─Eu fiquei sem dinheiro. ─ Ela olhou para ele por debaixo de seus cílios. ─Então tenho que casar novamente. O coração de Alex afundou-se com um baque. Será que ela queria que ele reivindicasse seu filho e casasse com ela? Ele não podia imaginar uma mulher pior. Por que, Sabine era exatamente como ele. ─Eu não sou um homem pobre, ─ disse ele─ mas eu não sou rico, também. A expressão de Sabine ficou nublada por um momento, e então ela inclinou a cabeça para trás em um riso genuíno. ─Alex, eu não estou sugerindo que nos casemos!─ Ela levantou a mão em direção à janela e disse: ─Você pode me ver vivendo neste deserto? 131


Se ela considerava Edinburgh um deserto, então Skye vai parecer-lhe como atravessar o rio Estige para o Hades. ─Mon Dieu!─ Ela limpou os cantos dos olhos com um lenço de renda, ainda tremendo de tanto rir. ─Encontrar um homem rico não foi difícil. Na verdade, eu já estou noiva. Outro homem criaria seu filho? Alex se levantou e começou a andar pela sala. ─O problema é que eu não posso arriscar que o meu noivo descubra que eu tive um filho fora do casamento. ─ Ela limpou a garganta. ─Ele é muito generoso, mas seu administrador leva suas funções muito a sério. Ora, o desgraçado acompanha cada centavo! ─O que isso tem a ver comigo?─ Alex perguntou. ─Eu temo que se eu continuar a sustentar a criança, o meu segredo seja descoberto.─ Ela fez uma pausa e lambeu os lábios. ─Então, eu trouxe a criança aqui. ─A criança está aqui?─ Alex pensou que ouvira errado. ─Não aqui no palácio, é claro.─ Sabine abanou-se com a mão. ─Mas, sim, ela está aqui em Edimburgo. Achei prudente falar a sós com você primeiro, antes de vê-la. ─Ela?─ Bom Deus, Sabine estava dizendo-lhe esta criança era uma menina? ─Disseram-me que ela é uma ... Criança ... Incomum─ disse Sabine. ─Disseram? ─Você não acha que a criança ia viver comigo?─ Sabine revirou os olhos como se ela o achasse de raciocínio lento. ─Claro que não─ disse ele. ─Ter um filho bastardo seria muito inconveniente. ─Não seja tolo ─ vociferou, sua expressão de repente com raiva. ─Os homens podem ter seus filhos bastardos, se o desejarem, mas para uma mulher seria uma catástrofe. Alex teve de reconhecer que havia alguma verdade nisso, pelo menos na França. ─Então, onde sua filha vive?─ Perguntou ele. 132


Sabine encolheu um ombro elegante. ─Com um casal de idosos no campo. O que Sabine queria? Era dinheiro? Será que ela achava que uma pequena visita a criança era necessário para convencê-lo a pagar? ─Diga-me por se deu ao trabalho de trazer a criança aqui─ disse ele. ─Por que, de fato!─ Sua mão escorregou para seu peito. ─Foi um risco, mas teria sido um risco maior mantê-la na França. Por fim, se deu conta de que Sabine queria que ele levasse a criança. Ele começou a andar pela pequena sala novamente, sentindo-se como um animal encurralado. ─Você está dizendo que esta criança é uma menina?─ Ele podia ouvir o desespero em sua voz. ─Sim, é─ disse Sabine, fria como poderia ser. ─E agora, após todo esse tempo─ disse ele, abrindo os braços, ─você quer entregá-la, como uma roupa que você cansou de usar? ─Não é isso. Alex sentiu como se tivesse sido jogado em um mar agitado e as ondas estivessem muito alto para ele ver o caminho até a praia. ─Você deve levá-la, Alexander. Ele passou as mãos pelo cabelo enquanto caminhava para trás e para frente. ─Qual é o nome da criança? ─Eu acredito─ disse ela, desviando o olhar para o lado, ─que o casal com quem morava a chamava de Claire. ─Cristo, Sabine, você nem sequer deu à criança um nome?─ Ele ficou furioso por ter feito um filho nesta mulher...uma mãe tão ruim. Sabine era quem ela era. Alex sentiu pena da criança, ter uma mãe com tão pouco respeito por ela. Mesmo quando seus pais brigavam como cães famintos, ele nunca duvidou que o amavam. Eles simplesmente se preocupavam mais em fazer o outro infeliz. ─Eu estou com ela desde o seu desde o nascimento,─ disse Sabine. ─Agora você deve levá-la.

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Ele ouviu a voz de Teàrlag em sua cabeça: Três mulheres vão pedir a sua ajuda, e deve dar. Não, não isso. ─O que eu faria com uma menina pequenina?─ Perguntou ele, erguendo as mãos. A ideia era ridícula. ─Você deve conhecer alguém que possa cuidar dela─ disse Sabine, como se ela estivesse falando de um cão de estimação. ─Eu ouvi dizer que o seu primo Ian casou. Talvez ele pudesse adotá-la? Se você não tiver mais ninguém, pode sempre colocá-la em um convento. ─Um convento?─ Disse ele, erguendo a voz. ─A criança tem o que de cinco, seis anos de idade? Sabine ficou de pé e alisou o vestido. ─Antes de você decidir abandoná-la ─ Abandoná-la? ─Eu sugiro que você encontre sua filha,─ Sabine terminou, ignorando a sua interrupção. Sua filha. Poderia ser verdade que ele tinha uma filha? ─Meu navio sai em dois dias.─ Sabine puxou um pedaço de papel para fora da manga e entregou a ele. ─Encontre-me neste endereço, ao amanhecer, e eu o levarei até ela. Alex ouviu o farfalhar de saias de Sabine enquanto ela caminhava até a porta, mas ele não levantou o olhar do papel dobrado que apertava na mão. ─Uma última coisa, Alexander─ disse ela. ─Albany pretende prendê-lo logo que D'Arcy sai da cidade.

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CAPÍTULO 21 Skrit scrit, scrit. Claire encolheu os pés quando o rato cruzou o chão. Era maior e mais ousado do que os ratos nos campos em casa. A velha não tinha trazido comida ainda hoje, então ela e sua boneca estavam com fome. Pobre Marie estava suja também. Se Grandmère estivesse aqui, ela ralharia com Claire por não cuidar melhor de sua boneca. Grandpère tinha feito especialmente para Marie sua filhinha de palha e corda, e então Grandmère tinha costurado seu lindo vestido de retalhos. A menina apertou o nariz contra a barriga macia Marie e cheirou, mas o cheiro de Grandmère e Grandpère tinha sumido há um longo, longo tempo.

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CAPÍTULO 22 Quando Glynis desceu para o jantar, um homem vestido de vestes de padre já estava sentado à cabeceira da mesa. Ele olhou para ela com olhos cinzentos que eram da mesma cor e forma que os dela, mas eles eram tão frios quanto um lago congelado. ─Ela se parece com a nossa irmã mais velha─ o padre disse em um tom seco. ─Você é o meu tio?─ Glynis perguntou. Depois de crescer em uma família em que ela não se parecia com ninguém, Glynis tinha ficado desapontada ao não ver nenhuma semelhança entre ela e sua tia. Ela podia ver-se neste alto e magro padre, mas ela não gostou do que viu. ─Sim, eu sou Padre Thomas─ disse ele, como se ser ele mesmo fosse uma grande responsabilidade. ─Você pode sentar-se. O traseiro de Glynis mal encostou-se ao banco antes de seu tio começar a oração. Ele recitou rapidamente sem inflexão, dando Glynis a impressão que sua mente estava em outro lugar. Quando terminou a oração, ele serviu-se dos melhores pedaços de carne no tabuleiro e começou a comer antes que o resto deles se servisse. ─Eu espero que você tenha uma natureza mais obediente do que sua mãe ─ disse ele, olhando para ela com uma expressão sombria. ─Eu rezo para que você não traga mais vergonha para nossa família. Ele não esperava uma resposta e Glynis teve que morder a língua para impedir-se de dar-lhe que ele tinha certeza de não gostar. A animada tia Peg e Henry pareciam murchos na presença do sacerdote, e a conversa do jantar foi afetada. No meio da refeição, o sacerdote depôs sua faca de comer. ─Gavin Douglas foi preso─ anunciou. Tia Peg engasgou, e Henry empalideceu. ─Como pode ser isso?─ Henry perguntou. ─Ele deveria se tornar o arcebispo de St. Andrews. 136


─A rainha nomeou-o, e ela já não é regente,─ O Padre Thomas sibilou. ─Agora, os Douglas estão em desgraça. ─O que isso significa?─ Peg perguntou com uma voz hesitante. ─Isso significa, querida irmã,─ Padre Thomas disse, virando os olhos venenosos sobre ela, ─que eu não vou para St. Andrews com Gavin Douglas. Glynis ficou tentada a sugerir que o padre Thomas deveria ser grato, ele não estava seguindo Gavin Douglas para a prisão. ─O que em nome de Deus deu em Gavin para aconselhar o sobrinho a se casar com a rainha?─ Padre Thomas ergueu as mãos enquanto falava, como se implorando ao céu. ─Como seu amante, Archibald Douglas tinha a rainha em seu bolso. E o Conselho não podia fazer nada porque o rei determinou que a rainha devesse ser regente, desde que ela não se casasse novamente. Glynis deixou cair seu olhar para a comida esfriando na frente dela. ─Maldito inferno─ o padre Thomas disse. ─Gavin devia ter ficado coma sua poesia. ─Ele é um poeta?─ Glynis perguntou, na esperança de desviar o padre Thomas para um tema menos perturbador para ele. ─Gavin Douglas é famoso por sua própria poesia, assim como por suas traduções de poemas antigos,─ Padre Thomas disse. ─A atividade inútil, é claro, mas que não lhe teria custado um bispado. ─Inútil?─ Glynis disse. ─Nós temos nossos poetas escoceses em alta estima. Pela maneira como as sobrancelhas do pai Thomas se elevaram, ele não estava acostumado a discordância. ─Por que o pobre homem foi preso?─ Glynis perguntou, sua curiosidade ultrapassando sua cautela, como sempre fazia. ─Ele é acusado de tentar comprar o bispado do Papa.─ Padre Thomas encolheu os ombros ossudos. ─Se os seguidores de Albany não suspeitassem que Gavin também aconselhou a rainha a fugir para a Inglaterra com o herdeiro escocês, ninguém se importaria se ele comprou. Glynis pigarreou. 137


─Está consciente, tio, de que esta atitude do novo regente significa para os clãs das montanhas? ─Claro que eu estou─ ele retrucou. ─É uma sorte você ter escapado daquele lugar esquecido por Deus, Albany deu aos Campbells a bênção da coroa para destruir essa rebelião Highlander pela espada e pelo fogo. Glynis colocou a mão na garganta, temendo por sua família. ─O que significa isso? ─Isso significa que eles estão livres para devastar as terras dos rebeldes e matar quem estiver em seu caminho, incluindo mulheres e crianças─ o padre Thomas disse: ─Quando os rebeldes forem derrotados, e serão, os Campbells vão prender os filhos mais velhos dos chefes rebeldes como reféns para garantir o bom comportamento de seu pai. ─Meu irmão tem apenas quatro anos de idade. ─ Glynis sentiu-se mal. ─Então, ainda pode ser possível ensinar-lhe maneiras civilizadas. Se seu pai soubesse do plano, certamente ele iria cair em si e deixar a rebelião. Antes que Glynis pudesse questionar o padre Thomas ainda mais, ele ficou de pé. ─Eu devo conseguir a minha promoção independente de Gavin Douglas agora─ disse ele, fixando o seu olhar duro sobre Henry. ─Vai ser caro. Padre Thomas não esperou por uma resposta. Sem nem mesmo um aceno, ele saiu da sala com longas passadas. ─Thomas é um homem importante na igreja─ disse Peg quando ele tinha ido, como se isso justificasse a sua grosseria. ─Coma─ disse Henry a Glynis, enfiando uma torta de maçã na boca. ─Um homem gosta de uma mulher com um pouco de carne em seus ossos. Glynis não conseguiu recuperar seu bom humor tão rapidamente quanto sua tia Peg e Henry, mas ela conseguiu dar um sorriso fraco e deu uma mordida. As maçãs não eram tão acidas como em casa. Nada era gostoso aqui.

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─O que vocês pensam sobre James Baker?─ Henry disse, olhando para a tia. ─Ele é um bom homem. Será que ele não daria um bom marido para nossa sobrinha? Glynis engasgou com o pedaço de torta seca presa na garganta. ─Obrigada por sua preocupação─ disse ela, quando ela pode falar, ─mas eu não quero casar de novo. ─ Não quer se casar?─ disse Henry, em seguida, repetiu mais alto: ─Não quer se casar? Quando Glynis balançou a cabeça, Henry e sua tia trocaram olhares espantados. ─James é um homem firme, com um bom futuro.─ Sua tia chegou do outro lado da mesa estreita e afagou-lhe a mão. ─Não se pode ferir-lhe ao encontro. ─Graças a você gentilmente─ Glynis disse. ─Mas encontrar o homem não vai mudar minha decisão. Bessie veio em seguida e se abaixou para falar com Henry em voz baixa. ─James está aqui─ disse Henry, e deu um largo sorriso para Glynis. ─Arrume-se enquanto eu vou buscá-lo. Duas horas depois, Glynis estava tão entediada que queria esfaquearse no olho. James era de longe o homem mais tedioso que ela conhecera em sua vida. Infelizmente, ele era pouco atraente também. ─Você nunca deixou a cidade?─ Perguntou ela depois de ouvi-lo tagarelar sobre seus negócios. ─Certamente deve ter tempo para velejar ou um passeio nos prados de vez em quando? ─Há piratas que pululam nos mares!─ O pobre James parecia genuinamente alarmado. ─Além disso, o mar deixa-me doente como um cão. O mar lhe fazia mal? Uma onda de nostalgia tomou conta de Glynis, deixando uma sensação de desesperança em sua esteira. Ela sempre viveu no mar e não tinha noção de quanto ela ia perder. Mesmo quando ela estava casada com 139


o desprezível Magnus, ela podia ouvir o mar de sua janela e caminhar na praia todos os dias. A atenção de Glynis foi trazida de volta ao presente pelo súbito calor úmido de uma mão pesada em sua coxa. ─Você é uma coisa bonita─ disse James, inclinando-se perto o suficiente para ela ver o cuspe em seu queixo. ─E eu acredito que eu sou o homem ideal para domesticar uma selvagem moça Highlander.

CAPÍTULO 23 Alex caminhou pelas ruas da cidade nas horas sombrias antes da madrugada. Ocasionalmente, as mulheres da noite o chamavam de portas. Ninguém mais estava fora há esta hora exceto os ladrões e grupos de jovens 140


bêbados à procura de uma luta. Mas com sua claymore amarrada às costas e as adagas penduradas em seu cinto à vista, ninguém deu problemas a Alex. Depois de se jogar e virar na cama pequena demais na taverna, Alex tinha desistido do sono. Ele gostaria de poder conversar com Glynis sobre o problema da pequenina menina que Sabine dizia ser sua filha. Glynis lhe daria conselhos honestos. Mas ele não podia acordar casa dos parentes batendo em sua porta no meio da noite. Quando os primeiros raios da aurora lancearam através do céu, ele desdobrou o papel que Sabine havia lhe dado e leu as instruções escritas lá. Que diabos havia de errado com Sabine para manter a criança na parte mais miserável da cidade? Alex dobrou numa viela e puxou seu plaid sobre a boca e o nariz enquanto caminhava cada vez para mais longe, descendo a colina. Ele estava quase chegando ao lago cheio de esgoto antes de finalmente atingir o local. Ele bateu na porta com a fúria correndo em suas veias. A mulher abriu a porta apenas o suficiente para ele ver seu cabelo oleoso e o rosto aflito. Seus olhos se arregalaram quando ela levou-o dentro ─Alexander MacDonald?─ Ela perguntou com uma voz rouca. ─Sim. Quando a mulher abriu mais a porta, Alex abaixou a cabeça e entrou. Ele encontrou-se em uma sala de teto baixo iluminado por uma única lâmpada fumarenta. Não havia mais ninguém lá, apenas os dois. ─Onde está a condessa?─ Perguntou ele, embora tivesse percebido enquanto caminhava que nunca Sabine iria arruinar os sapatos delicados que vindo a este lugar desesperado. ─Eu nunca vi a senhora─ disse a mulher. ─A empregada disse que você me pagaria. Ele fora enganado. ─O navio zarpou?─ Alex perguntou, mesmo sabendo que sim. A mulher acenou com a cabeça. ─Sim, de madrugada. ─E a criança? ─Estou com ela, mas deve pagar-me primeiro. 141


Sabine sabia que, independentemente de a menina ser dele ou não, Alex não seria capaz de deixar uma criança neste lugar miserável, sem ninguém para cuidar dela. Pelo menos, ele esperava que Sabine soubesse disso quando ela abandonou a filha. Uma tira de pano esfarrapado pendia sobre a porta de um quarto contiguo, e ele suspeitava que a filha estivesse lá. Apesar de Alex poder ter ido buscá-la ele próprio, a mulher merecia seu salário. Ele deixou cair às moedas na palma da mão à espera. Seu coração disparou quando a mulher desapareceu na escuridão atrás da cortina. O que em nome de Deus estava errado com ele? Ele era destemido navegando em uma tempestade ou indo para a batalha, e mesmo assim um frisson desconhecido de terror viajou até os joelhos pelo o encontro com uma criança. Antes que tivesse tempo para se preparar, a mulher afastou o pano e reentrou na sala levando uma criança pela mão. O presente de Sabine para ele. Alex nunca ficou sem palavras em sua vida, mas ele estava muito chocado para falar. Olhando para a criança, ele teve a estranha sensação de que ele estava vendo uma versão feminina de si mesmo quando menino. Seu cabelo era do mesmo tom de louro que o seu, e ela tinha pernas longas como um potro recém-nascido. ─Ela é uma criança estranha,─ disse a mulher. ─Não fala uma palavra. ─Talvez ela não tenha nada a dizer a você. ─ Alex percebeu o quão suja estava a menina, e um pensamento horrível lhe ocorreu. ─ Quanto tempo você a manteve aqui? ─Desde que ela foi levada para mim um par de meses atrás─ disse a mulher. ─Como pode ver, eu tenho tomado muito cuidado com ela. Deus tenha misericórdia. A criança deve ter estado aqui desde que Sabine chegou a Edimburgo. Que provavelmente tinha sugado as palavras certas para fora da pobre pequenina. Alex lembrou o quão desesperado ele 142


se sentia naquela cela após apenas um par de horas, e ele podia ter chorado pela criança. Alex se ajoelhou para dar um olhar mais atento para ela. Os olhos do mesmo tom de verde que os seus. Embora seu rosto fosse em forma de coração, ao invés do queixo quadrado como o dele, ela tinha uma versão delicada de seu nariz reto e sua boca generosa com o seu lábio inferior cheio. Alex ouviu a mulher ir embora, mas ele não tirava os olhos da criança. Ele sentia uma estranha compulsão para tocá-la. Ele sorriu para ela tocou-lhe rosto e sentiu uma onda de alívio quando ela não se abalou. Ela tinha a pele macia de um bebê. Seu coração doía quando ele pensava nela fechada neste lugar escuro e miserável por tanto tempo. ─Disseram-me que seu nome é Claire─ disse ele, falando com ela em francês. Ela assentiu com a cabeça. Mesmo que a criança fosse muda, ela não era surda. ─Não sabe o que o seu nome significa?─ Perguntou ele. Ela balançou a cabeça. ─Brilhante e resplandecente. Radiante ─ disse ele, movimentando os dedos. Pela primeira vez ele ficou grato pelo latim que tinha sido forçado a aprender na universidade. ─Em gaélico, a língua de onde eu venho, dizemos Sorcha. Claire era um nome lindo, mas parecia frágil em seu ouvido. ─Sorcha é um nome forte─ disse ele. ─Esta bem se eu chamá-la assim? Seu olhar não vacilou quando ela fez uma pausa para considerar esta situação e, em seguida, deu-lhe um aceno lento. ─Sorcha, está pronta para deixar este lugar malcheiroso e vir em uma aventura comigo? A menina balançou a cabeça novamente. Ela era uma moça corajosa, é claro. ─Temos uma longa jornada pela frente─ disse ele. ─Estou levando você para casa, para Skye. 143


Isso ia muito além de seus planos. Ele não tinha noção do que iria fazer com ela quando chegasse lá. ─Skye é uma ilha rodeada de mar─ disse ele, esticando os braços para fora. ─E é tão bela como o céu. Ela colocou polegar na boca, mas ele sabia que ela estava ouvindo atentamente. Quando ele a pegou, não estava preparado para a onda de emoção que lhe encheu o peito ao segurar sua filha pequenina, pela primeira vez. Seus longos cabelos caíram emaranhados no braço quando ela inclinou a cabeça para trás para examiná-lo. ─Se você está querendo saber quem eu sou─ disse ele, tocando o dedo no nariz pequenino. ─Eu sou seu pai, moça.

CAPÍTULO 24

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─Uma mulher poderia encontrar alguém pior do que James, ─a tia de Glynis disse no café da manhã. ─Ele é um homem firme, e você nunca precisará se preocupar com outras mulheres com ele. Realmente. ─Eu não posso casar com um homem que odeia o mar─ disse Glynis, uma vez que eles não quiseram ouvir que ela não queria casar. ─Nós nunca nos daríamos bem. Henry olhou para ela como se ela fosse louca. ─O que tem a ver uma coisa com a outra? Uma visão de Alex saltando sobre um tronco brandindo sua claymore em uma mão e jogando seu punhal com a outra veio a ela. Mesmo se ela quisesse um marido, como ela poderia deixar um desses miseráveis homens tocá-la depois de Alex? ─Se você não gosta de James, que tal Tim Silversmith?─ Tia Peg perguntou. ─Você deve se lembrar dele, a sua foi a terceira loja que visitamos ontem. Infelizmente, ela lembrava-se do ourives muito claramente. ─Ele é mais baixo do que eu. ─ Era o menor dos defeitos, mas o primeiro que explodiu de sua boca. ─É uma vergonha você ser tão alta─ disse Henry, balançando a cabeça como se fosse uma grande infelicidade. ─Mas eu não acredito que Tim se importe. ─Ele é pálido como barriga de um peixe─ Glynis disse. ─E ele tem mal hálito. ─O importante é que ele poderia mantê-la muito bem─ disse a tia. Glynis era filha de um chefe e seu pai providenciaria um dote significativo, se ela se casasse novamente. Mas ela estava suspeitando do estado das finanças de seus familiares de Edimburgo e decidiu não informá-los. ─Há centenas de comerciantes em nossa grande cidade. ─ Henry se levantou e esticou os braços grossos. ─Nós vamos encontrar um a seu gosto. 145


─Estamos muito felizes de você estar nos visitando─ disse a tia depois que Henry saiu. ─Mas o que será de seu futuro, criança, se você não pretende se casar? Glynis tinha a intenção de ser a parente solteirona que envelhecia no sótão. ─Certamente você não veio aqui esperando viver conosco para sempre, veio?─ A tia perguntou, juntando as sobrancelhas. Glynis sentou-se ereta. Nas Highlands, a hospitalidade era um dever sagrado. Era impensável expulsar qualquer hóspede, muito menos um que era também um parente próximo. O anfitrião os aguentava enquanto fosse preciso. ─Peço desculpas─ Glynis disse, sentindo o rosto esquentar. ─Eu não sabia que estava me impondo. ─Tudo o que queremos é que seja feliz, mas para isso, uma mulher precisa de um marido─ disse a tia, dando-lhe um sorriso doce. ─E quanto mais rico ele for, mais feliz você será. ─Estão esperando que este marido rico ajude a apoiar as ambições do padre Thomas?─ Glynis perguntou. ─Isso seria uma bênção adicional, é claro. ─ Sua tia afagou-lhe a mão. ─Nós não queremos ir para os agiotas de novo. *** O sol brilhante feria os olhos de Claire, mas era bom senti-lo em seu rosto. Ela não conseguia se lembrar da última vez que tinha saído. Ela estava muito acima das pessoas na rua, sentada nos ombros do homem com os olhos risonhos. S-o-r-ch-a. Ela praticou o nome que o homem lhe dera na cabeça dela. Grandmère só a chamava de Claire quando ela estava com raiva, seu nome verdadeiro era ma chère. Mas talvez ela estivesse errada. Quando Grandmère lhe deu a boneca, ela havia chamado Marie por nomes diferentes, até encontrar o nome certo. O homem falava com ela em palavras que eram familiares, e às vezes ela tentou entender o que ele estava dizendo. Mas ela se acostumara a ouvir 146


outras coisas. Ela sabia pelo aumento do tom na voz da velha quando ela ia dar uma tapa nela. Mas a voz do homem, alta e profunda a fazia feliz. *** Alex carregava a criança em seus ombros para impedir as pessoas de pisar a coisa pequenina. ─Vê aquela água à distância?─ Ele perguntou, virando-se e apontando. ─Essa é o Firth, aonde o barco em que você veio para Edimburgo navegou. Será que você gosta de velejar? Quando ele olhou para ela, ela balançou a cabeça. Já que a criança precisava aprender gaélico, ele falava tudo primeiro em gaélico e depois em francês. ─Estamos indo dizer adeus a um amigo meu antes de sairmos─ disse ele, começando a subir o morro novamente. ─Não vai demorar muito. Mesmo muito ansioso para deixar a cidade, ele precisava ver que Glynis estava se dando bem com a tia. Pelo menos foi o que ele disse a si mesmo. Quando chegaram a casa, ele pôs Sorcha no chão. Parecia muito mais do que um dia desde que ele estivera diante desta porta vermelha com Glynis. Na sua batida, a mesma moça de ontem atendeu. ─Vim para falar com Mistress Glynis Ele parou quando viu Glynis descendo a escada, parecendo tão fresca como uma brisa de primavera em um vestido verde pálido. O único sinal de surpresa que ela mostrou ao vê-lo com uma menina pequenina segurando sua mão foi uma ligeira ampliação de seus olhos. ─Glynis, esta é minha filha. Alex esperou que ela o chamasse de conquistador, pecador, ou pior. ─Eu posso ver que ela é─ Glynis disse com um brilho nos olhos. Ela inclinou-se com um sorriso caloroso e tocou o ombro de Sorcha. ─Qual é o seu nome, criança? ─Ela não fala─ disse ele. ─Ela não entende gaélico?─ Glynis perguntou, olhando para ele.

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─Sua mãe era francesa, por isso ela não fala gaélico─ disse ele. ─Mas o que eu quis dizer é que ela ainda não disse uma palavra de qualquer tipo. ─Onde está sua mãe?─ Glynis perguntou em voz baixa. ─Voltando para a França. Glynis encontrou seu olhar, e ele ficou grato por ela não pedir nenhuma explicação. ─Eu pensei que talvez sua família aqui possa saber de uma boa mulher que eu pudesse contratar para cuidar da minha filha na viagem de volta─ disse ele. ─Eu não tenho a menor noção de como cuidar de uma criança, especialmente uma menina. ─Eu poderia fazer isso─ disse Glynis rapidamente. Alex olhou para ela, perguntando se ele tinha ouvido corretamente. ─Eu tenho três irmãs mais novas, por isso sei como fazer isso─ ela disse, sua voz anormalmente elevada. ─E não teria de me pagar. Foi um choque ouvir isso antes do café da manhã. ─O que está dizendo? Tenha piedade de um homem faminto e fale claramente. ─Eu me sinto tola após todos os problemas que eu lhe causei para me trazer até aqui ─ disse ela. ─Eu gostei muito ─ disse ele, fazendo-a corar. ─Mas você acabou de chegar. Por que quer voltar tão cedo? ─Eu não sabia como seria aqui, com todas as pessoas e os ruídos e tão longe do mar─ disse ela, apertando a saia do vestido nas mãos. ─E a família da minha mãe está decidida a dar-me em casamento a um comerciante. ─Para um comerciante? Eles são loucos? ─Não, mas eles estão com pouco dinheiro. ─ Glynis agarrou seu braço e olhou para ele de uma forma suplicante. ─Eu prefiro ser infeliz em casa a infeliz aqui. Por favor, Alex, não me deixe nesta cidade. ─Pegue suas coisas─ disse ele. ─Obrigada. ─ Glynis jogou os braços em volta do pescoço de Alex. Muito cedo, ela o soltou.

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─Melhor não dizer a seus parentes─ disse ele, pegando o braço dela antes que ela pudesse voar escada acima. ─Nós não queremos uma discussão. Ele e Glynis se viraram para olhar para a empregada, que ainda estava de pé atrás Glynis. ─Eu vou dizer-lhe o mesmo que eu disse a sua mãe─ disse a mulher. ─Você não encontrará a felicidade nesta casa, vá com o seu belo Highlander tão rápido como vocês puderem. ─Deus te abençoe Bessie─ Glynis disse, pegando suas saias e indo em direção as escadas. ─Mas me leve com você, senhora─ disse a empregada. As duas mulheres fixaram os olhos suplicantes em Alex. ─ Bessie pode ir? Por favor? ─Glynis perguntou. ─Não será bom se eu não tiver uma acompanhante comigo quando eu chegar em casa. Nós podemos dizer ao meu pai que ela viajou conosco na ida e na volta. ─Sim─. Deus o ajudasse, ele estaria viajando com três fêmeas agora. Ele não comentou que uma babá foi o que ele pediu, em primeiro lugar. Quando Alex viu as duas mulheres desaparecem as escadas, ele sentiu um puxão desconhecido em sua mão e olhou para baixo. Pelos santos, ele já tinha esquecido a sua filha pequenina. Que tipo de pai ele iria ser? Sorcha deu mais um puxão em sua mão e apontou para as escadas, como que pedindo uma explicação. ─Glynis vem conosco─ disse ele. ─Ela vai cuidar de você. Sua filha lhe deu o mais fraco dos sorrisos, seu primeiro e fez seu coração amolecer. ─Então você gosta da Senhora Glynis ─ perguntou a ela. Sorcha colocou o polegar na boca e deu-lhe um aceno solene. Alex suspirou. ─Eu também.

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CAPÍTULO 25 Alex estava na cocheira por trás da taverna selando os cavalos rapidamente quando ouviu passos atrás dele. Mas era só a filha do taberneiro, então baixou sua adaga. Ela era uma moça forte de 17 anos mais ou menos, e ela levou um momento para recuperar o fôlego. ─ Você conseguiu encontrar um vestido limpo para a pequena com essa moeda que eu lhe dei?─ Perguntou ele. Alex ficou aliviado que Glynis insistiu em dar a criança um banho na taberna porque ele nunca teria tentado ele próprio. Sorcha estava tão suja, porém, que ele havia planejado metê-la no primeiro lago que encontrasse. ─Eu encontrei um vestido, mas não é isso que eu vim dizer-lhe ─ a jovem disse entre suspiros. ─Há guardas reais lá dentro procurando você. Eu disse a eles que não tinha visto você desde ontem, mas eles não vão sair, e eles estão olhando para a porta. Porra, eles tinham chegado mais cedo. O regente estava ansioso para prendê-lo novamente. ─Pode trazer meus amigos pelos fundos sem os guardas verem vocês?─ Perguntou ele. Quando a jovem deu-lhe um aceno sério, ele pegou-a pelos ombros e beijou a bochecha dela. ─Obrigada. É muita gentileza sua. A moça corou e correu para dentro. Pouco tempo depois, Alex e suas três acompanhantes saiam pelos fundos sem que nenhum guarda os visse. ─Veja como Sorcha monta em um cavalo─ disse Alex, enquanto segurava a filha na frente dele em Rosebud. ─Ela deve ter herdado isso de mim, está no sangue, você sabe. Glynis deu-lhe um sorriso indulgente. Ela estava parecendo tão bonita quanto poderia estar. ─Relaxe, Bessie─ Alex disse a empregada porque ela estava sentada tão rígida quanto uma tábua atrás de Glynis e segurando-a em um aperto de morte. 150


─Vocês chamam esta besta enorme de olhos demoníacos de Buttercup?─ Bessie perguntou. ─Ele tentou me morder! ─Ah, você a aborreceu.─ Ele se aproximou e deu um tapinha em Buttercup. Glynis cobriu a boca para abafar um riso. ─São homens de D’Arcy─ Alex disse, apontando para o grupo que se reuniu em frente ao portão do palácio. Ele desejou que eles estivessem se encontrando em qualquer lugar, menos aqui, mas ele não achava que os homens do regente tentariam levá-lo na frente de D'Arcy. D'Arcy o avistou e seguiu em direção a eles, o seu lenço branco tremulando na brisa. ─Eu temia que você não fosse se juntar a nós.─ D'Arcy abriu um sorriso de dentes brancos para Glynis e Sorcha. ─ Estas senhoras encantadoras estão aqui para nos ver partir? ─Eles estão viajando comigo─ disse Alex. ─Que surpresa agradável─ disse D'Arcy, o seu olhar persistente em Glynis. Alex virou-se para Glynis. ─Peço desculpas por falar em francês, mas não sei se o meu amigo aqui fala mais nada. ─Por que você está falando em gaélico com esta senhora encantadora?─ D'Arcy disse. ─Eu não sei falar gaélico, mas eu sei um pouco de Escocês. ─Ela não sabe─ Alex mentiu. ─Que vergonha, mas eu acho que não será capaz de falar com ela. ─Com as mulheres, é possível falar apenas com os olhos─ disse D'Arcy, o seu olhar nunca deixando seu rosto. Ah, franceses. ─O que ele disse?─ Glynis perguntou. ─Ele quer saber onde é o banheiro─ disse Alex. ─Ele precisa dar uma mijada antes de sairmos. As sobrancelhas de Glynis se arquearam, e ela corou um tom tornando-se cor de rosa. ─Qual é o nome da senhora?─ D'Arcy perguntou.

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─Glynis MacNeil. ─ Alex forneceu-lhe a informação relutantemente. Mas, uma vez que estariam viajando juntos todo o caminho até a fortaleza Campbell de Inveraray, ele não poderia manter seu nome em segredo. ─Ela é a sua?─ D'Arcy perguntou. ─Não, ela não é minha. ─ Então, por nenhuma boa razão, acrescentou, ─Não exatamente. Por que ele estava fazendo isso? Não poderia haver melhor homem para Glynis. Sir Antoine d'Arcy era um cavaleiro campeão que possuía importantes títulos e terras na França e estava intimamente ligado ao novo regente da Escócia. Além disso, ele tinha as virtudes pessoais de ser corajoso, honesto e consciencioso. Foram essas qualidades, ao invés daquele ridículo lenço branco, que D'Arcy tinha ganhado o apelido o Cavaleiro Branco. De fato, D'Arcy era tão virtuoso ao ponto de ser um pouco maçante. E ele não era um Highlander, mas ninguém escolhia onde ia nascer. ─O que ele veio fazer na Escócia?─ Glynis perguntou. Alex traduziu a pergunta dela e gemeu baixinho quando ouviu a resposta de D’Arcy. ─D'Arcy projetou a nova artilharia e fortificação do Castelo Dunbar, para prepará-lo para o retorno de Albany. ─ Alex limpou a garganta. ─E ele projetou a nova artilharia t aqui no Castelo de Edimburgo, também. Ah, ser rico e intitulado não era suficiente? Tinha que ser um homem brilhante também? ─Meu Deus, ele é impressionante─ Glynis disse, acenando para D'Arcy. ─Eu suspeito que ele também anda sobre a água. ─ Alex achava lista de realizações de seu amigo bastante tediosa. ─Sua mulher atual é bastante diferente das que você teve na França─ disse D'Arcy, chamando a atenção de Alex novamente. ─Ela tem uma beleza sutil, que é muito mais intrigante. ─Ela não é minha amante atual ─ Alex disse entre os dentes. Ele não queria D'Arcy pensando que Glynis era desse tipo. 152


D'Arcy tirou os olhos de Glynis tempo suficiente para levantar as sobrancelhas para Alex. ─Então, ela está disponível, não? ─Não da forma que você está sugerindo─ disse Alex. ─Não vai reunir os seus homens? Não ficando mais cedo. ─Eu tenho uma mula extra que a empregada pode montar─ disse D'Arcy. ─A senhora vai ficar mais confortável se cavalgar sozinha. Quando D'Arcy virou seu cavalo para reunir os seus homens, Alex olhou para baixo para descobrir que Sorcha estava com o rosto pressionado contra ele. Ele poderia ter chutado a si mesmo por deixar sua irritação com D'Arcy evidente. A criança era tão sensível aos seus humores que ele teria que ser mais cuidadoso. ─Não há nada para se preocupar, pequenina─ disse ele, acariciando seu cabelo macio. ─Ninguém aqui vai prejudicar você. ─Foi sorte podermos nos unir ao grupo do Senhor D’ Arcy─ Glynis disse, quando eles começaram a cavalgar. ─Hmmph. ─ Alex teria preferido viajar em separado, mas viajar com os homens de D’Arcy seria mais seguro. Com três mulheres aos seus cuidados, Alex não tinha escolha. Enquanto eles cavalgavam para fora da cidade, Alex tentou desesperadamente pensar no que ele faria com a sua filha, quando chegasse a Skye. Ele poderia entregá-la a sua mãe para criar, mas ele temia que seus pais fossem lutar tanto por um neto quanto eles tinham lutado pelo filho. Por um ou dois quilômetros, ele considerou deixar Sorcha com seu primo Ian e sua esposa, como Sabine tinha sugerido. Mas as gêmeas iam ser terrores. Tendo sido um ele próprio, Alex poderia reconhecer o traço. Não, não faria nada. Ele olhou para Sorcha, que adormecera contra ele, e suspirou. A verdade mais profunda é que ele não queria desistir de sua filha. Ele nunca poderia ter previsto que iria se sentir assim, mas ele não imaginara isso, também. O problema era que não podia criá-la sozinho, uma menina precisava de uma mãe. 153


Alex tentou sem sucesso, mas não houve como evitar a conclusão óbvia. Para manter sua filha perto, ele teria de algemar-se a uma mulher. Ele estivera enganando a si próprio, em qualquer caso, ao acreditar que poderia escapar casamento para sempre. Nem seus pais nem Connor lhe dariam paz. Ele não queria uma esposa. Mas, gostando ou não, ele tinha uma súbita necessidade de uma. A imagem de Glynis em pé na frente do estábulo com um punhal em uma mão e uma vara ensanguentada na outra veio à sua mente. Ela daria uma mãe ferozmente protetora. Depois da indiferença de Sabine, aquele era precisamente o tipo de mãe que a filha precisava e merecia. Múineann ga seift. A necessidade é a mãe da invenção. Ele poderia resolver todos os seus problemas com um só golpe, e a resposta estava andando ao lado dele. Glynis estava no topo da lista de Connor de perspectivas de casamento, então Alex podia cumprir o seu dever para com seu clã e fornecer uma boa mãe para Sorcha, ao mesmo tempo. E ainda satisfaria o desejo que ele tinha de levá-la para a cama. Glynis precisava de um marido, e ele precisava de uma esposa. Alex tinha certeza que poderia fazer um bom acordo com ela. Ele se virou e deu um sorriso largo para Glynis. Como se costuma dizer jogue a isca enquanto a maré está baixa. *** O que Alex estava fazendo, sorrindo e piscando para ela daquele jeito, para qualquer um ver? ─Eu gostaria de sair de fininho com você e compartilhar um cobertor sob as estrelas esta noite─ disse Alex. Glynis baixou os olhos, corando até a raiz dos cabelos. Felizmente, os soldados tinham se espalhado ao longo da trilha não estavam ao alcance da voz. Bessie parecia estar se divertindo muito, conversando com o servo de D’Arcy na parte de trás do grupo. ─Você está com sua filha, ─ ela sussurrou. 154


─Eu senti sua falta na minha cama na noite passada─ disse Alex. ─Eu não consegui dormir de jeito nenhum. ─Alex, silêncio!─ Disse. ─Tenho certeza de que você diz isso a todas as suas mulheres. ─Não, eu nunca digo às mulheres que eu sinto falta delas. Glynis não sabia o que fazer com isso. Apesar de si mesma, ela ficou lisonjeada por Alex ainda desejá-la. Mas, eles tinham uma longa jornada pela frente, e não havia outras mulheres, a não ser Bessie, que tinha uns bons vinte anos sobre ele. ─O que houve entre nós não devia ter acontecido─ disse ela, virando-se para falar com ele em voz baixa. ─E você sabe muito bem que não pode acontecer novamente. ─Por que não? O homem era enlouquecedor. ─Eu só fiz aquilo porque ninguém jamais descobriria─ ela sussurrou. ─E porque eu nunca esperava vê-lo outra vez. ─Você quer ─ disse Alex, dando-lhe aquele olhar quente que fez o peito tão apertado que mal podia respirar. O cabelo dele chegava aos ombros, e lembrou-se o agarrando entre os dedos. E como era a sensação de tê-lo dentro dela, dizendo seu nome mais e mais. Sim, ela queria. ─Não importa se eu quero ou não─ disse ela. ─Eu não posso, e eu não vou.

CAPÍTULO 26 Glynis sentou-se com Sorcha no colo enquanto Alex alimentava o fogo. Depois de quatro noites, eles estabeleceram uma rotina. Eles jantavam com D'Arcy e os seus homens ao redor da fogueira principal, e 155


então Alex acendia uma fogueira longe dos outros para eles. Ele também fez uma tenda de cobertores extras para Glynis, Bessie, e Sorcha, para darlhes privacidade. Bessie, que não estava acostumada a longos dias de cavalgada, já estava dormindo dentro dela. A luz do fogo brilhava no cabelo liso de Alex e nas linhas fortes de seu rosto perfeito. Apesar de o frio ter aumentado, ele empurrou as mangas para cima, revelando seus musculosos antebraços. Quando ele a pegou olhando para ele, prendeu-a com um olhar crepitante. Então deslizou seu olhar sobre ela da cabeça aos pés, fazendo algumas paradas, fazendo ela se sentir como se estivesse correndo os dedos sobre sua pele nua. Glynis sabia o que queria e porque queria, também. Sua resistência estava diminuindo, andar ao lado dele durante todo o dia e depois dormir a poucos metros dele a cada noite. Viajando pelo mesmo caminho a fez lembrar muito claramente como eles haviam passado suas noites a caminho de Edimburgo. Ela não traria vergonha sobre si e sua família por ter um caso aberto com Alex. Mas ela tinha chegado à conclusão de que, se havia alguma maneira de ter um caso em segredo novamente, ela o faria. Já que isto parecia totalmente impossível com a criança, a empregada e vinte homens a poucos passos de distância, Glynis resolutamente focou sua atenção em Sorcha. ─Um, dois, três... Quatro─ ela repetiu em gaélico, erguendo os dedos da criança. ─Cinco... Seis... Sete... ─ Glynis sentiu os olhos de Alex sobre ela e se voltou para ele. ─Pare de me olhar assim. Um sorriso lento se espalhou sobre o rosto dele. ─Como se a desejasse? Não posso, Glynis. Eu a desejo. ─Veja o que está dizendo, ─ ela sussurrou. ─Você não sabe o quanto a criança compreende gaélico já. ─ Apesar do fato de que a cabeça de Sorcha pesar contra o peito de Glynis e suas pálpebras estarem fechadas, Glynis continuou. ─Oito, nove... 156


─Pelo amor de Deus, Glynis, deixe a pobre criança dormir. ─ Alex pegou Sorcha em seus braços, então ele parou e olhou para sua filha com um sorriso suave. ─Eu estou ansioso para levá-la para velejar. Pode ver que o sangue Viking é forte nela, assim como é em mim. ─Sim─ Glynis disse, pensando que eles faziam uma dupla extraordinária com seu cabelo louro brilhando à luz do fogo. ─E quando você a levou para o lago hoje, ela nadou como um peixinho. Alex colocou Sorcha dentro da barraca ao lado de Bessie. Quando voltou, sentou-se perto o suficiente para Glynis sentir sua manga roçando a dela. Ela olhou para o fogo e tentou fazer-se respirar normalmente. ─Tenho uma proposta para você─ disse Alex. O estomago de Glynis deu um pequeno salto. ─Uma proposta? Ela esperava que sua voz não soasse tão dura e afetada a ele como soou a ela. Será que ele precisava propor isto a ela formalmente? Seria mais fácil se ele saísse furtivamente com ela na escuridão, tomasse-a nos braços, e cobrisse-a de beijos. Mas Alex não iria deixá-la fingir que a seduzira. Não, ele iria fazê-la reconhecer que ela escolheu pecar com ele. ─Eu aceito. ─ Ela estava segurando a saia do vestido com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Ele não poderia apenas ir em frente? ─Eu ainda não disse a você qual é a proposta. ─Você sempre tem que me provocar?─ Glynis estava tão embaraçada que não podia olhar para ele. ─Eu disse que a resposta é sim. Mas não agora temos de esperar até que estamos certos de que todos os homens estão dormindo para que ninguém nos veja. Alex tocou seu cotovelo, enviando faíscas de calor por seu braço. ─Eu não quero provocá-la ─ disse ele em voz baixa que reverberou através dela. ─E eu não estou propondo que seja minha amante, se é isso que você pensa. Um calor correu por dela. Era dez vezes, ou melhor, uma centena de vezes, mais embaraçoso dizer sim a uma proposta que não foi feita, do que a uma que tinha sido. 157


─Espere─ Alex disse, segurando o braço dela quando ela tentou se afastar. Ela sentiu-se magoada, bem como humilhada e ela queria ficar longe dele. ─Glynis, escute-me. ─ Ela lutou contra ele, mas ele segurou-a em um aperto firme. ─Eu quero dormir com você. Isso foi muito humilhante. ─Deixe-me ir, Alex. Ele virou o rosto na direção dele. ─Acredite em mim, eu a desejo. A aspereza em sua voz e o calor em seus olhos a fez se sentir confusa e atrapalhada. Ele a queria ou não? ─Dormir com você faz parte do que eu estou propondo─ disse ele, seus olhos verdes fixos nos dela. ─Mas não é a parte mais importante. Havia algo mais importante para Alex MacDonald que trepar? Isto era uma surpresa. ─O que mais você quer de mim?─ Ela não conseguia pensar com ele tão perto. Alex soltou-a e limpou a garganta. Para um homem que era geralmente confiante, de repente ele parecia desconfortável em sua própria pele. Todos os seus instintos estavam em alerta, dizendo-lhe para ser cautelosa. O que quer que Alex estivesse prestes a perguntar a ela, com certeza era algo que ele não queria. ─Casamento─. Alex disse que em uma expiração, como se forçando a palavra para fora. ─É isso que eu estou pedindo. ─Casamento?─ Glynis não poderia ter ficado mais surpresa se uma dúzia de fadas tivesse se juntou a eles na fogueira. ─Você vai ter que tomar outro marido─ disse Alex. ─Certamente pode ver isso agora? Ela vinha tentando aceitar a ideia desde que descobrira que a família de sua mãe era tão inflexível quanto o pai dela em vê-la se casar novamente. Mas era um remédio amargo de engolir.

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─Mesmo não gostando da ideia de casar de novo, eu admito que possa não ter escolha no final─ disse ela. ─Mas você, Alex, você não pode estar falando a sério sobre querer uma mulher. ─Minha filha precisa de uma mãe─ disse ele. Claro, isso foi o que o motivou a isso. Por que ela não tinha pensado nisso antes? ─Por que eu?─ Perguntou ela. ─Há muitas mulheres, incluindo filhas de chefes que querem um marido. ─Sorcha gostou de você desde o início─ disse Alex. ─Ela está se apegando a você, e eu acredito que você gosta dela também. Uma onda inesperada decepção encheu o peito de Glynis. ─Você seria uma boa mãe para ela─ disse ele. ─E essa é a razão por que você me pediu para ser sua esposa?─ Sua voz era mais alta do que ela pretendia. ─Nós nos damos bem o suficiente. ─ Alex deu de ombros e deu-lhe o sorriso diabólico. ─Especialmente na cama. ─Então, ir para a cama com você faria parte dos meus deveres, além de ser babá?─ Ela retrucou. ─Por quanto tempo, Alex? Quando seus olhos se moveram como os de um animal encurralado, Glynis sentiu como se seu coração estivesse sendo apertado por um punho. ─Você ouviu o que eu fiz para o meu primeiro marido. ─ Ela deliberadamente olhou para sua virilha. ─ Você não tem medo que eu faça o mesmo com você? *** Alex jogou a cabeça para trás e riu. ─Eu gosto de seu senso de humor, Glynis. Se ele pudesse manter as coisas leves e fáceis entre eles, tudo ficaria bem ou, pelo menos, suficientemente bem. Ele estava determinado a criar sua filha em uma casa sem as brigas e gritos que ele cresceu ouvindo. De seus pais, ele havia aprendido que uma forte emoção levava facilmente a outra, que o amor pode se transformar em ódio. E o ódio durava muito mais tempo.

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Magnus Clanranald tinha cometido o mesmo erro que o pai de Alex envergonhando sua esposa por ser indiscreto com as suas outras mulheres. Não havia necessidade disso. Um bom marido era sensível aos sentimentos de sua esposa. Se Alex não conseguisse controlar seus impulsos, então ele manteria seus casos breves e fora da vista de Glynis. ─Eu sempre a respeitaria. ─ Alex olhou para o fogo e lhe falou de seu coração. ─Eu prometo que eu nunca iria constranger você. Eu sempre seria discreto. Seus pais lhe disseram inúmeras vezes que não estava em seu sangue se contentar com uma mulher. Mas, no momento, pelo menos, todos os seus impulsos envolviam Glynis. Ele não ficaria satisfeito até que a possuísse de cem maneiras diferentes. Pelos santos, ele desejava aquela mulher como nunca desejara outra. Os últimos quatro dias e noites quase o mataram. Ele virou-se, com a intenção de finalmente arrastá-la para o bosque. Mas parou quando viu que o fogo queimando nos olhos dela não era o tipo que ele esperara. ─Oouu!─ O som emitido enquanto ela ficava de pé o fez feliz por não haver louça para ela lançar nele. Aparentemente, prometer ser discreto tinha sido a coisa errada a dizer. Ele se levantou e considerou a melhor forma de acalmá-la. ─Que mulher─ disse ela, plantando seus punhos nas ancas ─ poderia dizer não para ter um marido tão atencioso? ─Eu não quero mentir para você─ disse ele. ─Eu nunca tentei ser fiel, então eu não sei se posso. ─Você é tão romântico, Alexander Bàn MacDonald. Meu Deus, a teimosa Glynis MacNeil esperava amor? Ele não tinha noção de que ela nutria essas esperanças. ─Eu pensei que seu primeiro casamento tinha curado você de expectativas irracionais─ disse ele, e soube imediatamente que havia cometido outro erro. 160


─Então, eu sou irracional?─ Seus olhos eram fendas estreitas como os de um gato selvagem pronto para atacar. ─E, no entanto, você me pediu para ser a mãe de sua filha, gerir a sua casa, e ser sua amante enquanto você quiser. E então, quando você se cansar de mim em sua cama, eu ficarei de lado enquanto tem um caso “discreto” após o outro com todas as mulheres dispostas nas ilhas ocidentais? Alex mudou o peso de um pé para o outro. Ele não dormiu com toda mulher disponível, mas parecia melhor não mencionar isso agora. ─E, porque é um homem, bonito e charmoso─ disse ela, estendendo as mãos ─Eu devo, é claro, concordar com este acordo. ─Você é uma mulher sensata─ disse ele, que estava tendo sérias dúvidas sobre isso. ─Você tem que casar com alguém, e eu não sou pior do que a maioria. Não muito pior, de qualquer maneira. ─Além disso─ acrescentou, ─vocês já foi para a cama comigo, então devemos casar. ─Eu presumo, ─ ela continuou, como se ele não tivesse falado ─ que eu poderia ter casos também, desde que eu fosse discreta. ─Não─. A palavra estava fora da boca antes que ele pensasse. Ele teria de matar qualquer homem que tocasse sua esposa, mas pensou melhor antes de dizer isso a ela. ─E se você ficar grávida? Eu preciso saber que o filho era meu. ─Deixando de lado o fato de que eu sou estéril ─ disse ela. ─Você está dizendo que deveria criar seus filhos com outras mulheres, mas não o contrário. ─Sim─. Era assim que o mundo funcionava. Por que ela faz parecer como se tivesse inventado isso? ─Mas eu só tenho uma filha. ─Até agora─. Ela cruzou os braços. ─Eu aprecio que você tenha me agraciado com sua gentil oferta, mas não vou casar com outro namorador. Se eu for forçada a tomar outro marido, vou casar com um homem firme e sério em que possa confiar. Ele pegou a mão dela, mas ela a puxou. 161


─Você, Alexander Bàn MacDonald─ disse ela, enfiando o dedo em seu peito ─ é o ultimo homem em todas as Highlands que eu gostaria para marido. *** Sorcha abriu os olhos para escuridão e o medo correu através dela. Quando ouviu a respiração suave das mulheres em ambos os lados dela, ela soube que não estava de volta na sala com os ratos grandes. Ainda assim, ela queria ver as estrelas para ter certeza. Tomando cuidado para não acordar Glynis e Bessie, ela se arrastou para fora da tenda em suas mãos e joelhos. Do outro lado da fogueira fria, o pai sentava-se sozinho no escuro. Ele não era mais que um vulto negro, mas ela sabia que era ele. E ele estava triste. A grama molhou seus pés enquanto ela caminhava em volta da fogueira para ele. ─Você também não conseguia dormir?─ Ele perguntou com uma voz suave quando ela rastejou em seu colo. Ela assentiu com a cabeça contra o peito e apontou para as estrelas. ─Um desejo?─ Ele sempre parecia entendê-la. Sentiu-o rir e então dizer: ─Eu suponho que não faz mal. Juntos, eles encontraram a estrela mais brilhante para que ele pudesse fazer o seu desejo. Sorcha não precisa fazer um. O dela havia sido concedido quando seu pai a encontrou.

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CAPÍTULO 27 Pelos santos, Glynis MacNeil era uma mulher obstinada. Na semana que Alex sugeriu que se casassem, não tinha falado com ele, exceto quando absolutamente necessário. Pior, ela passou tempo demais andando ao lado de D'Arcy. Eles estavam na frente dele e Sorcha agora, envolvido em uma conversa animada, que os movimentos das mãos revelava tanto quanto as palavras. Parecia que ela estava ensinando gaélico a D'Arcy. Ainda assim, Glynis tinha mantido sua promessa de cuidar de Sorcha na viagem. Toda noite, ela sentava-se perto do fogo com a filha no colo e, em seguida, dormia com ela, em vez dele. Alex geralmente deixava as mulheres virem até ele, mas ele não estava interessado seduzir Glynis para persuadi-la a casar com ele. Não seria difícil fazer isso, sabia que ela o desejava. Ele sempre a pegava olhando para ele, porque ele estava sempre olhando para ela também. Infelizmente, as oportunidades para seduzi-la durante a viagem a céu aberto com vinte homens e sua filha eram poucas, por isso Alex foi passando o tempo até chegar ao reduto Campbell. 163


Nesse meio tempo, ele estava cortejando-a com suas histórias ao redor da fogueira. Glynis era uma surpresa constante, por debaixo daquele comportamento sóbrio, sensato, era uma moça com uma fraqueza por um bom conto. Alex esperava que a sua fraqueza se estendesse até o contador de histórias. ─Aquele castelo que você vê do outro lado do lago é Inveraray, a sede do clã Campbell,─ Alex disse, apontando-o para Sorcha. Algumas vezes ele falava com ela somente em gaélico, e ela tocava em seu braço para que ele soubesse que ela não entendia. ─Vamos alcançá-lo amanhã. Glynis desacelerou seu cavalo para andar ao lado deles. ─Os Campbells são um clã poderoso, e este é apenas um dos seus castelos─ Alex continuou. ─O chefe Campbell pode levantar centenas de guerreiros. Ele olhou para a forma rígida de Glynis e decidiu que um pouquinho de ciúme pode ajudar a sua causa. ─Glynis, não acha que eu deveria procurar uma esposa entre os Campbells? Nada poderia agradar mais meu chefe. ─Nem o meu. ─ Ela deu-lhe um olhar que cortava o granito. ─Eu suspeito que a filha de um chefe agradaria aos ladrões de terras Campbells. ─Se quer para pegar um homem, sugiro-lhe trabalhar em seu charme─ disse Alex. ─Os homens gostam das mulheres doces, agradáveis. Sorcha bateu em seu braço, mas ele balançou a cabeça. Esta não era uma conversa para uma criança. ─É isso o que vai dizer a sua filha?─ Glynis perguntou. ─Que ela deve ser doce e agradável? ─Se eu quisesse que ela se casasse, eu diria─ ele mentiu. ─Hmmph. Sorcha estava batendo furiosamente em seu braço. Finalmente, ele afastou seu olhar da mulher irritante ao lado dele para olhar para sua filha. ─Por que estamos discutindo, é que o que você quer saber?─ Ele perguntou a Sorcha. Quando ela assentiu com a cabeça, ele disse: ─Porque Glynis é teimosa como uma mula e não pode ver o que é bom para ela. 164


Ele repetiu isso em três línguas para ter certeza que Glynis não perdeu seu significado. *** Sorcha adormecera com a cabeça no colo de Glynis há muito tempo atrás, e Bessie estava bocejando ao lado dela, enquanto os homens se revezaram para contar histórias. Glynis se protegera contra qualquer tentativa de Alex de encontrá-la sozinha nesta sua última noite antes de chegar ao Castelo Inveraray, mas ele parecia não ter pressa para deixar o acampamento principal. Ela devia despertar Sorcha e Bessie e ir para a cama, mas ela estava gostando das historias. Se ela fosse sincera, estava apenas à espera de ouvir Alex. Ninguém contava uma história como ele e isto deu a ela uma desculpa para vê-lo. Quando finalmente foi a vez de Alex, Glynis sorriu em antecipação. ─Uma vez que estamos prestes a visitar os Campbells, vou contarlhes a verdadeira história sobre como o irmão do chefe dos Campbell tornou-se o Senhor de Cawdor. Alex esticou as pernas, acomodando-se para uma longa historia. Quando ele falou, sua voz reverberou em torno do círculo, atraindo-os e aquecendo Glynis tanto quanto o fogo. ─Dezessete anos atrás, o ultimo Senhor de Cawdor morreu, não deixando nenhum herdeiro, a não ser um bebê de cabelos vermelhos. O nome dela era Muriel, e ela foi a última de sua linhagem, a única herdeira da antiga sede de Cawdor. ─Chefes de todas as Highlands começaram a conspirar, interessados em fazer um casamento entre a jovem Muriel e seu filho, pois qualquer homem com quem a menina se casasse se tornaria o próximo Senhor de Cawdor. A moça era apenas um bebê, então eles tiveram tempo de sobra para trabalhar os seus planos, ou assim eles pensavam. ─Mas toda aquela terra e riqueza nas mãos de uma menininha revelou-se uma grande tentação para os Campbells. Um dia, quando a 165


pequena Muriel tinha quatro anos de idade, sua babá a levou para fora Castelo de Cawdor para desfrutar do bom tempo. Foi quando um grupo de Campbells, que estava esperando apenas uma oportunidade como essa, saíram das arvores e a sequestraram. Glynis engasgou, e os olhos de Alex brilharam para ela quando ele encontrou o seu olhar através do fogo. ─Os tios de Muriel os perseguiram, é claro. Os Campbells estavam longe de casa, e parecia que o clã de Muriel iria pegá-los. Mas os Campbells os viram chegando e puseram um grande caldeirão de ferro emborcado no chão. Então um dos Campbell ordenou que todos os seus sete filhos defendessem o caldeirão até a morte, fingindo que a pequena Muriel estava lá dentro. ─Os sete filhos lutaram muito, e cada um deles morreu. Quando o clã de Muriel levantou o caldeirão para resgatá-la, não encontraram nada, apenas a grama verde no chão. Enquanto eles estavam lutando com os sete irmãos, o resto do grupo Campbell tinha fugido com a menina. ─É uma longa jornada de Cawdor às terras Campbell, ─ um dos homens em torno da fogueira, disse. ─Será que a pequena Muriel sobreviveu? ─Vocês terão de decidir sozinhos─ disse Alex. ─Quando um dos guerreiros Campbell perguntou o que aconteceria se a criança morresse antes que ela atingiu a idade de casar, o chefe disse... Alex fez uma pausa até que alguém gritou: ─Venha, Alex, diga-nos o que ele disse. ─O chefe disse que a pequena herdeira nunca morreria enquanto uma moça de cabelos vermelhos pudesse ser encontrada em ambos os lados do Lago Awe, que, como sabem, está no coração do território Campbell. ─Maldito bastardo─ disse um homem em meio a risos ao redor da fogueira. ─Foi para evitar coisas deste tipo─ disse Alex, levantando o dedo ─ que a ama de Muriel teve a ideia de cortar a ponta do dedo da menininha, quando ela viu os Campbells chegando. 166


─Ah, a pobre criança!─ Bessie murmurou ao lado Glynis. ─Vocês acham, que após os problemas que os Campbells passaram para por suas mãos em Muriel, deixariam que uma falange ausente em um dedo pequenino se interpusesse entre eles e toda aquela terra e da riqueza? ─ Alex deixou seu olhar mover-se lentamente em torno do círculo. ─Quem vai dizer que não encontraram outra menina de cabelos vermelhos e cortaram a ponta de seu dedo? Houve um longo silêncio em torno da fogueira. ─Mas Muriel sobreviveu?─ Glynis não pode deixar de perguntar. ─A maioria acredita que sim─ disse Alex. ─A moça de cabelos vermelhos foi criada na casa do chefe Campbell, e em seu aniversário de doze anos ela se casou com o filho do chefe, John. Era muito jovem para se casar, embora fosse a idade legal de consentimento. ─Ah, a coitada deve ser miserável─ Glynis disse. ─É verdade que o casal se casou pela mais prática das razões─ disse Alex, dando-lhe um olhar aguçado do outro lado da fogueira. ─Isso foi há cinco anos, e por todas as contas, eles são um casal extremamente feliz. Glynis entendeu Alex. Segurando seu olhar, ela disse, ─Devotados um ao outro, sem dúvida. ─Sim, apesar do fato de que os Campbells mataram todos os tios de Muriel, após o casamento─ disse Alex, em seguida, ele desviou o olhar para os homens ao redor do fogo. ─A lição, rapazes, é para evitar ficar entre os Campbells e o que eles querem. ─Eu podia ouvir as histórias que ele conta todas as noites e nunca se cansar delas─ Bessie disse com um longo suspiro. Glynis também, se ela não tivesse que perguntar quem o narrador estava levando para a cama mais tarde.

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CAPÍTULO 28 Castelo de Inveraray, Argyll. Glynis se forçou a afastar o seu olhar do dedo cortado da jovem mulher de cabelos vermelhos para seu rosto. Pela maneira como Lady Muriel olhava para seu marido, era óbvio que ela adorava o homem. O que foi uma agradável surpresa foi a forma que a expressão dura de John Campbell suavizou-se quando ele olhou para Muriel. Felicidade irradiada deles. Glynis reprimiu a onda de emoção que ameaçava sufocá-la pela visão do casal. Há muito tempo, ela acreditava que iria encontrar um amor como aquele quando se casasse. Ela tinha decidido nunca casar novamente, ao invés de aceitar algo menos uma segunda vez. Contra sua vontade, seu olhar percorreu a mesa passando de Muriel e John para Archibald Campbell, que se tornou conde e chefe quando seu pai foi morto na Batalha de Flodden. O chefe Campbell tinha cabelos pretos, peito largo e olhos penetrantes de um falcão. Não foi o chefe, no entanto, que chamou sua atenção, mas sua irmã. Catherine Campbell sentou do outro lado do chefe para compartilhar um prato de comida com Alex. Com suas curvas exuberantes, pele 168


cremosa, olhos escuros e luminosos, Catherine era o tipo de mulher, que todo homem cobiçava. E qualquer um podia ver que ela queria Alex. Catherine não era uma mulher sutil. A risada de Catherine profunda e sensual parecia fluir acima do barulho na sala em linha reta para orelhas de Glynis. Glynis pegou um pedaço de carne de porco com a faca e o cortou em pequenos pedaços para Sorcha, que se sentara ao lado dela. Ela mastigava a própria comida com tal determinação que seu maxilar doía. Glynis estava tão concentrada em manter o seu olhar sobre os alimentos que não tinha percebido o silêncio na sala até que Sorcha a cutucou. Quando ela olhou para cima, o único som na sala era um sussurro furioso entre o chefe Campbell e seu irmão e irmã, que estavam sentados de cada lado dele. O assento ao lado de Catherine estava vazio. ─Glynis. Glynis pulou ao som da voz de Alex por trás dela. Ele pousou a mão em seu ombro e disse: perto de seu ouvido: ─Estamos saindo da sala. ─Por quê?─ Perguntou ela. ─Shaggy MacLean acaba de entrar pela porta─ disse ele. ─É melhor não somos apanhados no meio deste jogo. Alex não esperou que ela concordasse. Ele pegou Sorcha, puxou Glynis e levou-as através de uma porta lateral perto do fim da mesa principal. A porta dava para um corredor estreito entre a parede do castelo de pedra e painéis de madeira decorativa da parede interior do salão. ─O que está Shaggy fazendo aqui?─ Glynis sussurrou. ─Eu acredito que ele veio para compartilhar a notícia infinitamente triste da morte acidental de sua amada esposa, Catherine, com seus irmãos. ─Não!─ Glynis disse. ─Venha─ Alex disse com um largo sorriso. ─Há um olho mágico atrás da mesa principal através do qual podemos assistir a diversão. Vigias em um castelo eram segredos de família. Ou Catherine Campbell tinha uma terrível falta de critério ou ela estava antecipando trazer Alex para a família. 169


─Quem estava sentado ao seu lado?─ Alex perguntou. ─Você parecia amigável. Glynis esquecera que ela tinha falado com o homem, e ela levou um momento para recordar o seu nome. ─Malcolm Campbell. Ele parecia um homem quieto e estável. ─Você dizer aborrecido e tedioso─ disse Alex. ─Tenho certeza que ele é um bom homem─ disse ela. ─ “Águas paradas são profundas”. ─Estagnadas, mais provável. ─ Alex virou-se para Sorcha e levou o dedo aos lábios. ─Vou explicar-lhe mais tarde, doçura. Alex parou e apontou dois orifícios, juntos. Ele colocou seu braço ao redor dos ombros de Glynis enquanto eles se inclinavam para olhar. Ela fechou os olhos por um momento, desfrutando de seu toque, antes que ela se lembrasse do que deveria estar fazendo. ─Eu o vejo─ ela sussurrou. Shaggy estava andando pelo grande salão com cabeça baixa, como se não pudesse suportar o peso de sua dor. Na metade da sala, ele cambaleou. E então começou a chorar e lamentar, fazendo os sons mais miseráveis que Glynis jamais ouvira. ─Ah, o homem está fazendo uma representação e tanto─ disse Alex ao lado dela. Lady Catherine tinha deixado à mesa. Glynis lembrou o quanto custara a ela mesma ver seu ex-marido e não podia culpar Catherine por querer evitar ver Shaggy depois do que ele tinha feito para ela. Os ombros de Shaggy tremiam quando ele fez uma pausa para enxugar o rosto com um lenço grande. Ele continuou desta forma, chorando e lamentando, até que estava a alguns metros à frente da mesa alta do chefe. Então, de repente, ele parou. Sua boca se abriu, e sua mão foi para o coração. Glynis seguiu o seu olhar com os olhos arregalados e viu Catherine tomar seu lugar ao lado do chefe Campbell.

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Glynis ouviu o riso profundo de Alex quando Shaggy olhou por cima do ombro, esperando, evidentemente, os guardas Campbell convergirem para ele. ─Será que eles vão matá-lo?─ Glynis perguntou. ─Os Campbells vão observar a antiga tradição de hospitalidade Highland─ disse Alex, ─e abster-se de assassinar Shaggy, enquanto ele é um convidado em sua casa. O chefe Campbell deu a um dos servos um leve aceno, e o homem guiou Shaggy a um assento. Enquanto Shaggy parecia doente, os irmãos Campbell continuaram sentados na mesa principal comendo e bebendo como se nada estivesse errado. Eles eram muito sangue-frio. ─Sorcha está ficando inquieta─ disse Alex. ─Não haverá mais nada a ver hoje à noite, exceto ver Shaggy suar. Alex levou Glynis para fora do estreito corredor e subiu uma escada. ─O que os Campbells vão fazer com Shaggy?─ Perguntou ela. ─Eles vão esperar e brincar com ele─ disse Alex. ─Shaggy nunca vai saber que dia eles vão atacar. Mas um dia ele vai ser encontrado morto com um punhal na barriga, e todo mundo vai saber que foi um Campbell que o colocou lá. Alex abriu uma porta no topo das escadas, e Glynis encontrou-se fora do dormitório que compartilhava com Sorcha e Bessie. ─Como é que você sabe sobre os vigias e passagens secretas no reduto Campbell?─ Perguntou ela. ─As pessoas gostam de me contar segredos─ disse Alex. “As pessoas” significava as mulheres. E neste caso particular, Lady Catherine Campbell. Glynis ajudou Sorcha ir para a cama, e, em seguida, Alex sentou no chão ao lado do catre de sua filha e contou-lhe uma longa história, facilmente indo e voltando do francês para o gaélico. Embora Glynis estivesse familiarizada com a historia, Alex a tornou mais emocionante do que o seannachie de seu pai já fizera. ─Ela parece um anjo pequenino─ disse Glynis quando Sorcha tinha adormecido. 171


─É cedo ainda─ disse Alex com um brilho em seus olhos que a deixava nervosa. ─Bessie chegará em breve─ disse ela. Alex balançou a cabeça. ─Eu acredito que sua empregada encontrou um homem. ─Bessie?─ Glynis ficou chocada. ─Você deve estar brincando. ─Você pode confiar em mim─ disse Alex, dando um passo em sua direção. ─Nós não vamos vê-la por pelo menos um par de horas. Glynis recuou até seu calcanhar chocar-se contra a porta de madeira. ─De qualquer modo─ disse Alex, quando chegou por trás dela e deslizou o ferrolho do outro lado ─ devemos ter certeza de que não seremos interrompidos. ─Sua filha está dormindo no chão! ─Para isso é que as cortinas da cama servem─ disse ele. ─Venha, Glynis, deixe-me levá-la para trás deles e mostrar o quanto eu senti sua falta. ─ Catherine não está esperando por você?─ Perguntou ela. ─Então, você é ciumenta. ─ Ele riu. ─Eu suspeito que Catherine e seus irmãos estarão vigiando Shaggy durante metade da noite. ─Entendo. Tem algum tempo livre, é isso? ─Você é a única que eu pedi para ser minha esposa─ disse ele. Ela fechou os olhos quando ele abaixou a cabeça e apertou os lábios quentes ao lado de sua garganta. ─É você que eu quero Glynis MacNeil─ disse ele contra sua pele. ─Não me mande procurar outra mulher. ─Eu não posso fazer isso─ disse ela, empurrando-o para longe. ─Nós não estamos sequer casados ainda, e tem outra mulher esperando vocês mais tarde. ─Mas eu não a quero ─ disse ele. ─Eu quero você. Ele parecia tão sincero que seria fácil de acreditar nele. Ainda assim, não negou que Catherine o esperava. ─Por quanto tempo você me quer?─ Perguntou ela. ─Uma semana? Um mês? Isso não serve para mim. ─E se eu prometesse que eu não a trairia?─ Disse ele, parecendo magoado. ─Será que você me aceitaria, então? Sorcha eu preciso de você. 172


─Como eu poderia confiar em você?─ Perguntou ela, apesar de que com as mãos de Alex correndo sobre ela, estava tentada a aceitá-lo. ─Você me disse antes que você não tem certeza se poderia ser fiel. ─Se eu der minha palavra─ disse ele com aço em sua voz: ─Eu vou mantê-la. Ela queria que ele fosse fiel, porque não desejava ninguém além dele. Ah, era uma tolice querer o impossível de Alexander Bàn MacDonald. Se ele a amasse, ela lançaria o seu destino aos quatro ventos e esperaria o melhor. Mas Alex só queria se casar com ela por causa de sua filha. ─Por favor, Glynis─ ele disse, sua voz como uma carícia em sua pele. ─Diga que vai se casar comigo e venha para a cama. CAPÍTULO 29 Alex estava flertando descaradamente com Catherine, embora seu coração não estivesse ali. Ele havia passado a metade de sua vida tentando evitar as mulheres ciumentas, e aqui ele estava fazendo o seu melhor para fazer ciúme a uma. E não estava funcionando, droga. Na noite passada, ele tinha certeza que Glynis ia ceder, mas ela não cedera. Se ela continuasse a recusar, ele teria que escolher outra. Sua filha precisava de uma mãe. Alex viu sua filha e Bessie passando pela porta que levava aos andares superiores. Glynis não estava com elas. Quando ele olhou em volta da sala, não a viu. D'Arcy também não estava. Sob a mesa, a mão de Catherine foi subindo a perna e o céu sabia que seu pênis estava sofrendo com a falta de atenção. Mas ele não tinha tempo para isso agora. ─Venha para o meu quarto esta noite─ disse ela perto de seu ouvido. Alex costumava evitar promessas, e não fez uma agora. ─Logo me reunirei com seus irmãos, e devo primeiro olhar minha filha─ disse ele, afastando a mão de Catarina de sua perna. Ele tinha a intenção de ver Sorcha, logo que ele descobrisse onde estava Glynis. 173


─Sua filha?─ Catherine inclinou-se para ele até o peito ser pressionado contra seu braço. ─Certamente a babá pode cuidar dela? ─Sorcha não está acostumada a ter tantos estranhos em volta─ disse Alex. ─Ela teve um momento difícil, e ela fica ansiosa, se não me vir por muito tempo. ─Pobre criança─ disse Catherine, franzindo os lábios cheios, vermelhos. ─Ela tem sorte de ter um pai tão atencioso. Alex sorriu, satisfeito com o elogio e pela preocupação de Catherine com sua filha. ─Estou contente por você compreender. Se ele não pudesse persuadir Glynis a ter bom senso, talvez ele devesse considerar o casamento com Catherine. *** Glynis se sentia tão agitada que pediu a Bessie para levar Sorcha para tirar uma soneca enquanto ela dava uma caminhada ao longo da praia do lago. Ela estava com o olhar perdido nas montanhas, desejando que estar em casa, quando sentiu alguém ao seu lado e se virou. ─Você me assustou, Senhor d'Arcy─ disse ela, colocando a mão em seu peito. ─Por favor, me chame de Antoine─ disse ele em seu sotaque encantador. ─Posso andar com você? ─Claro─ disse ela. ─Tem um dom notável para as línguas, Senhor Antoine. O gaélico melhora a cada dia. ─Eu tenho um bom professor─ disse ele, tomando-lhe o braço. ─Eu espero que você continue a praticar comigo. ─Eu vou ficar aqui em Inveraray pouco tempo mais. ─ Ela esperava. ─Mas ficarei feliz em ajudá-lo até eu partir. Depois de andarem por um tempo, D'Arcy parou e se virou para encará-la. ─Eu tenho uma questão importante a lhe perguntar. ─ Ele pegou a mão dela e beijou-a, como se ela fosse uma princesa. ─Albany nomeou-me castelão do Castelo Dunbar, uma grande fortaleza no mar ao leste. Você consideraria se juntar a mim lá e ser a rainha do meu castelo? 174


Uma proposta de casamento era a última coisa que ela esperava. Glynis sabia que deveria gritar sim e jogar os braços em volta de seu pescoço. D'Arcy era perfeito em todos os sentidos possíveis: bonito, sério, íntegro e um guerreiro renomado. Mais importante, ele estava estreitamente ligado ao regente e, portanto, em posição de proteger seu clã. D'Arcy estava tão acima das expectativas de seu pai para ela, que estava tentada a concordar em ser sua esposa, apenas por maldade. E ele seria um marido mais atencioso. Então, por que ela ficava aqui sem dizer nada? Porque o rosto de Alex MacDonald, cheio de risos, inundou a sua visão. Alex era errado para ela, de muitas formas, e ainda o diabo a tentava a escolher o homem pecaminosamente encantador. ─Obrigada por sua gentil oferta─ disse ela. ─Por favor, me dê um dia para considerar. ─Claro. D'Arcy beijou sua mão novamente. Foi um gesto romântico que deveria tê-la feito suspirar. Mas, mesmo sendo belo e galante como D'Arcy, ela não sentiu nenhuma faísca. Foi uma grande decepção. Ela, no entanto, não precisaria perguntar a ele se ele iria honrar seus votos, um homem como D'Arcy seria sempre honrado. *** Alex piscou para Catherine e deixou-a para encontrar Glynis. Nos degraus da torre principal, ele encontrou D'Arcy. ─Acabei de falar com sua encantadora amiga Glynis. ─ D'Arcy sorriu para Alex como um gato que se enfiou sua pata no creme. ─Eu temo que você vá fazer o resto da viagem sem ela. Ela vai ficar comigo. ─O quê? ─Ela pediu um dia para considerar a minha proposta,─ disse D'Arcy ─mas acredito que ela vai dizer sim. ─Você pediu a Glynis para ser sua esposa?─ Alex sentiu como se estivesse caindo em um poço profundo sem corda para segurar. ─Claro que não─ disse D'Arcy. ─Eu já tenho uma esposa. 175


─Vocês têm uma mulher? ─Como você deve saber meu amigo,─ D'Arcy disse, colocando a mão no ombro de Alex. ─Minha querida Isabelle estava grávida quando eu parti, e então concordamos que ela deve permanecer na França por enquanto. Francamente, não estou de todo certo se seu país selvagem que se adequará a ela. ─Se já tem uma mulher ─ disse Alex, ─então o que você pretende fazer com Glynis? ─Torná-la minha amante, é claro─ disse ele. ─Se Isabelle for capaz de se juntar a mim na Escócia mais tarde, então eu vou fazer outros arranjos para Glynis. Eu não embaraçarei a minha esposa, mantendo outra mulher na nossa casa, enquanto ela está lá. ─Você não acredita seriamente Glynis concordaria em ser sua amante, não é?─ Alex perguntou. ─Eu sei que você está preocupado com o bem-estar de Glynis─ disse D'Arcy. ─Então eu quero garantir-lhe que se houverem crianças da nossa ligação, vou cuidar delas. ─Você não compreende─ disse Alex, querendo sacudi-lo por sua estupidez. ─Tenho certeza que Glynis acredita você está oferecendo casamento. ─Casamento?─ As sobrancelhas de D’Arcy se arquearam. ─Por que, mesmo se eu já não fosse casado, seria um absurdo. A cabeça de Alex parecia que ia explodir. ─E por que seria absurdo? ─Eu nunca poderia casar com esse tipo de mulher. Alex agarrou D'Arcy pela frente de sua túnica. ─O que quer dizer com “esse tipo de mulher”? ─O tipo que tem um caso com você, Alexander. ─Glynis não é desse tipo. ─ Alex desfechou um soco no queixo de D’Arcy, que machucou sua mão como o diabo, mas foi muito gratificante, no entanto. ─Foi um erro honesto─ D'Arcy disse, esfregando o queixo. ─Posso dizer que você já dormiu com ela pelo jeito que vocês dois se entreolham. Portanto, não importa o que você diz, Glynis não é inocente. 176


─Temos um ditado aqui: Muitas vezes a boca de um homem quebrou o seu nariz─ disse Alex. ─Se você não quer que seu nariz quebrado, sugirolhe lembrar de que Glynis é filha de um chefe e uma mulher merecedora de seu respeito. ─Eu não fui desrespeitoso─ D'Arcy disse, parecendo ofendido. ─Eu simplesmente fiz uma oferta. ─Eu pensei que o Cavaleiro Branco era puro demais para olhar para outra mulher, uma vez que tivesse uma esposa. ─Nenhum homem é tão puro. ─ D'Arcy fez uma pausa para limpar o sangue do canto da boca com um lenço branco. ─Eu não entendo por que você está chateado. Não há nenhum mal em manter uma amante, especialmente quando a minha mulher não está aqui. ─Você vai contar a Glynis suas verdadeiras intenções─ disse Alex, inclinando-se para frente até que estivessem cara a cara. ─Eu não tive a intenção de enganá-la─ disse D'Arcy, e deu um passo para trás. ─Você vai dizer-lhe hoje. ─Eu vou ser honesto com Glynis, é claro. ─ D'Arcy levantou uma sobrancelha. ─Você vai fazer o mesmo, meu amigo? ─Eu não a enganei─. Na verdade, ele tinha feito a ela uma proposta honrosa. ─No entanto, eu não acredito que você disse a senhora de seus sentimentos verdadeiros─ disse D'Arcy, estudando-o com os olhos apertados. ─Se eu tivesse percebido antes, eu nunca teria me aproximado dela. *** Sorcha se escondeu atrás de saias Bessie, quando viu a mulher de olhos negros vindo na direção deles. Às vezes, a mulher olhava para Sorcha como um cão feroz. ─Você pode ir─ a mulher disse a Bessie. ─Vou levá-la a seu pai. ─A senhora me disse... ─ Bessie começou a dizer, mas sua voz desapareceu. Sorcha entendia como as palavras podem ficar presas dentro de você. 177


Bessie saiu com um longo olhar sobre o ombro. Quando a mulher tomou o pulso de Sorcha, esta tentou se afastar, mas a mulher deu-lhe aquele olhar de cão feroz. ─Não faça barulho─ a mulher a agarrou, e começou a arrastá-la até o caminho. Sorcha queria chamar por seu pai ou Glynis, mas sua garganta estava bem fechada. ─Não entende uma palavra que eu digo? Ah, como é que um homem inteligente como Alex é pai de uma idiota? A voz da mulher era como os olhos, cheia de dentes afiados. ─O homem mima você como um animal de estimação─ disse ela. ─Eu não posso ter meu marido colocando sua filha idiota diante de mim e os filhos de sangue Campbell que pretendo dar a ele.

CAPÍTULO 30 Glynis olhava pela janela do quarto para as colinas distantes, enquanto escovava os cabelos. Como uma criança, ela tinha passado a tarde 178


inteira aqui dentro para não ver Alex ou D'Arcy antes que ela tomasse sua decisão. Embora ela soubesse que essa seria a única coisa sensata a fazer, ela não conseguia convencer-se de dar a D'Arcy permissão para se aproximar de seu pai para negociar um contrato de casamento. Pelo canto do olho, Glynis pegou um flash de cabelos cor de luar. Ela aproximou-se da estreita janela para ver melhor. O que Catherine Campbell estava fazendo com Sorcha no caminho que corria ao longo do lago? A criança sentia falta de Rosebud e Buttercup, então Glynis a enviara com Bessie para ver se Alex poderia levá-la para um último passeio antes de os proprietários dos cavalos viessem reclamá-los. Alex deve ter deixado Catherine levar Sorcha para um passeio em seu lugar. Este era um plano de Catherine para ganhar Alex, pois a mulher não gostava da criança. Glynis tinha visto como Catherine olhava para Sorcha quando Alex não estava olhando. Para ser caridosa, talvez Catherine estivesse tentando forjar um vínculo com a criança. Mas havia algo na maneira determinada como Catherine estava andando que fez os cabelos na parte de trás do pescoço de Glynis levantar. E a criança estava arrastando os pés. Quando Glynis viu como Sorcha olhava por cima do ombro, ela largou a escova e voou para a porta. Ela provavelmente estava sendo tola, mas o medo pulsava em suas veias, exortando os seus pés mais rápido. Quando chegou ao salão, ela se forçou a diminuir para um passeio rápido e tomou cuidado para não encontrar os olhos de ninguém, para que não tentassem falar com ela. Ela não podia ver Sorcha e Catherine quando ela saiu das portas do castelo. O suor umedeceu suas palmas. Assim que ela chegou ao pé dos degraus de entrada da torre, Glynis pegou suas saias e correu pelo pátio do castelo, através do portão, e até o lago. Ela continuou correndo ao longo do caminho que desaparecia no mato alto da beira do lago. Embora ela não tivesse motivos para suspeitar que Catherine fosse prejudicar a criança, Glynis não podia afastar seu 179


medo. Ela correu mais rápido, sem se importar com os espinhos que puxavam seu vestido. Ramos arranhavam seus braços e face. Quando chegou a uma divisão no caminho, ela parou, o coração disparado. Um atalho subia o morro, enquanto o outro continuava através da espessa vegetação ao longo da praia. Ela tomou o caminho da praia, o instinto dizendo a ela que o maior perigo estava naquela direção. Quando não conseguiu vê-las, o pânico bateu em suas veias. Se ela tivesse tomado a bifurcação errada? Ela começou a virar quando pensou ter ouvido algo. Glynis parou para ouvir. No início, não conseguia ouvir nada por causa do barulho de seu coração. Mas depois, ela ouviu novamente. Gemido de uma criança. ─Seu pai vai ficar desapontado─ ela ouviu uma voz de mulher, bajulando ─ quando disser a ele que tem medo da água. Sorcha não temia a água, Glynis nunca tinha visto uma criança tão corajosa. Glynis deixou o caminho e continuou andando no meio do mato à beira do lago. A visão que teve deveria ter sido uma imagem pacífica: uma bela mulher de cabelos escuros levando uma criança de cabelos louros para um mergulho em um lago calmo numa tarde dourada. A água estava no peito de Sorcha. Em vez de espirrar e jogar na água, como ela fez quando Alex levou-a para nadar, o corpo dela estava rígido. Catherine estava puxando seu braço. ─Posso juntar-me a vocês?─ Glynis gritou, abrindo caminho através do último dos arbustos. ─Não há nada que eu goste mais do que um mergulho no final da tarde. Quando Catherine olhou para cima, Glynis fingiu não notar sua expressão furiosa e lhe deu um sorriso brilhante. Mas seu coração parou em seu peito quando ela viu que os olhos de Sorcha estavam cheios de lágrimas não derramadas. ─Oh, querida,─ Glynis disse, olhando em torno dela como se ela fosse estúpida, ─parece que você se esqueceu de trazer roupa seca. 180


─Uma empregada está vindo com elas─ disse Catherine. ─Eu não sei o que está atrasando-a. ─Ah, empregadas domésticas,─ Glynis disse, balançando a cabeça. ─Parece que ela esqueceu, então é melhor você vir para cá, Alex MacDonald é muito protetor com sua filha pequenina, e ele não ficará satisfeito se ela pegar um resfriado. Catherine olhou para Sorcha. ─Vou trazê-la outro dia, eu prometo. Assim que Catherine soltou o pulso de Sorcha, a criança correu para fora da água e em linha reta para os braços de Glynis. ─Uma criança com medo─ disse Catherine. ─percebe-se que ela não nasceu uma Highlander. A fúria assassina bateu através Glynis. Mas, enquanto estivesse no coração da fortaleza Campbell, que não iria pagar para chamar a irmã do chefe da mentirosa que ela era. Fingir que nada tinha acontecido enquanto ela caminhava ao lado de Catherine e segurava a criança nos braços, foi uma das coisas mais difíceis que Glynis já tinha feito. Se ela não houvesse deixado o seu punhal no quarto, o corpo morto de Catherine poderia muito bem ter sido encontrado no caminho mais tarde naquele dia. Claramente, Catherine decidiu que queria Alex e não sua filha. ─Como disse, Sorcha não nasceu uma Highlander─ Glynis disse. ─Temo que ela terá uma difícil adaptação na casa de Alexander MacDonald. É um lugar, isolado e desabitado. Claro, Glynis nunca tinha estado lá. Se ela pudesse dissuadir Catherine de perseguir Alex, não importava contanto que Sorcha ficasse segura. ─Como é a casa de Alex?─ Catherine perguntou. ─Ele fica em um alto penhasco de frente para o norte sobre o mar, onde o vento está sempre soprando. ─ Glynis estremeceu. ─Eles não recebem muitos visitantes lá. Você poderia passar semanas sem ver uma alma fora de casa. Catherine franziu o cenho. 181


─Quantas pessoas moram na casa? ─Temo que a família passou tempos difíceis─ disse Glynis, e balançou a cabeça. ─Mas o primo de Alexandre é chefe, e ele tem Alex em alta estima. ─Isso é verdade, mas o líder deve manter todos os seus guerreiros em seu próprio castelo, Dunscaith─ Glynis disse. ─Infelizmente, ele pode oferecer pouca ajuda quando os piratas atacam, como eles fazem com frequência. E depois, claro, há os MacLeods. ─Ah, você está apenas com inveja─ disse Catherine, um sorriso curvando seus lábios. ─Eu vi como você olha para Alexandre. Porra, Glynis nunca foi boa em mentir. O que mais ela poderia fazer para proteger a criança? Se ela dissesse a Alex que tinha visto, ele não acreditaria Catherine pretendia matar a criança. E ela não podia culpá-la, pois ninguém o faria. E, no entanto, Glynis nunca tivera tanta certeza de nada em sua vida. Glynis manteve seu olhar fixo à frente, enquanto elas marchavam ao longo do caminho. Sua pele coçava pelo calor úmido da criança através da frente molhada do vestido. Embora os braços estivessem cansados, ela segurou Sorcha apertada contra ela. Quando chegaram à bifurcação no caminho, Catherine parou-a com uma mão no ombro dela. ─Deixe-me, ─ Glynis disse, sua aparência fria se desfazendo. ─Eu estou fazendo-lhe um favor, Glynis, pois nós duas sabemos que você não poderia manter um homem como Alex satisfeito─ disse Catherine com seu sorriso de gato. ─Ele vai estar na minha cama esta noite e ele não vai querer deixá-la. Com isso, Catherine virou-se e tomou a bifurcação que subiu a montanha, o vestido molhado pego a cada curva. Glynis entendeu por que Shaggy havia deixado à mulher em uma pedra gigantesca. *** Alex estava de mau humor, enquanto esperava para os guardas admiti-lo na câmara privada do chefe Campbell. Até o momento, D'Arcy 182


teria dito a Glynis de suas verdadeiras intenções. Alex tinha desistido de visitar sua filha, porque ele não queria encontrar Glynis chorando por causa do francês. ─O chefe está pronto para você─ um dos guardas disse. ─Eu vou pegar suas armas. O chefe Campbell tinha centenas de guerreiros sob seu comando e muito mais guardas para protegê-lo que o regente. Ficar sem a sua claymore e adagas piorou o humor de Alex. Ele nunca se sentia bem sem suas armas sempre à mão. Dentro da câmara, o chefe Campbell e seu irmão John, o Barão de Cawdor, estavam sentados em cadeiras esculpidas com ricas tapeçarias penduradas na parede atrás deles. Alex precisava manter-se frio. Estes dois tinham provado que eram astutos o suficiente para se manter no poder nas correntes em constante mudança da realeza e da política do clã. O chefe Campbell acenou a seus guardas para saírem da sala, um gesto simbólico de confiança. Ao contrário de Alex, os dois Campbells usavam suas armas. ─Minha irmã Catherine me diz que você é a pessoa que a salvou de um afogamento─ o chefe disse quando Alex se sentou na única cadeira em frente a eles. ─ Foi sorte eu estar lá para oferecer ajuda─ disse Alex. ─Não estamos satisfeitos por você ter roubado os cavalos de nossos homens─ John, o Barão de Cawdor, disse. ─Mas estamos impressionados. ─Eu só os peguei emprestados ─ disse Alex. ─Alguém matou os Campbells pescadores você conheceu. ─ Os olhos negros do chefe queimavam brilhantes com a raiva. ─Um deles viveu o suficiente para dizer-nos que não foi você. Isso foi sorte. ─D'Arcy disse-me que você teve alguma dificuldade com o nosso novo regente─ disse o chefe. ─Dificuldade? Ah, o regente gostou tanto de mim que ele queria manter-me como um hóspede permanente ─ disse Alex, e os dois riram Campbells. 183


─Eu gosto de pagar as minhas dívidas─ disse o chefe. ─Eu me certificarei que, os MacDonalds de Sleat não sejam falsamente acusados de serem rebeldes traidores. ─Eu aprecio isso─ disse Alex, e o chefe concordou, aceitando o seu agradecimento. Agora a parte difícil. ─Como sabe, as Ilhas Ocidentais estão fervilhando com os rebeldes. Por não se juntar a eles, meu clã corre o risco de ser atacado. Para ficarmos ao lado da Coroa nessa luta, precisamos de um forte aliado. O chefe Campbell assentiu e cruzou as mãos. ─Isso seria sábio. ─A aliança de casamento é um meio de ligar os nossos clãs na amizade─ disse John. ─Uma vez que este assunto com Shaggy Maclean está resolvido, nossa irmã estará livre para casar de novo. O suor escorreu pelas costas de Alex. Ele esperava que eles não estivessem sugerindo que ele achava que estavam. ─Eu não tenho autoridade para concordar com um casamento em nome do meu chefe─ disse Alex e dificilmente se sentiu culpado por atirar Connor aos lobos. ─Catherine parece favorecer você─ disse John. ─Ah, eu não sou mais do que um primo do chefe. ─ A cabeça de Alex estava latejando. Agora que a oferta estava sendo feita, ele de repente estava muito certo de que não queria se casar com Catherine. ─Tenho certeza que vocês vão querer alguém mais importante. ─Depois do casamento que eu arranjei para ela quase terminar em sua morte─ o chefe disse: ─Eu estou inclinado a deixar Catherine escolher o seu caminho desta vez. O shluagh! Alex silenciosamente pediu a ajuda das fadas. ─Sua irmã é a moça mais bonita que já enfeitou as Highlands, ─ disse Alex ─ mas eu já pedi outra para ser minha esposa.─ Embora Glynis houvesse se recusado, ele pediu. ─Essa bela moça MacNeil?─ John perguntou. ─Sim, e já me deitei com ela─ disse Alex. Sob o costume Highland, uma promessa seguida por uma cama era tão bom quanto casar. Alex não 184


disse que a cama tinha vindo antes, e não depois da promessa. ─Tenho a intenção de negociar o contrato de casamento com seu pai quando voltar. ─Desejo-lhe felicidade─ John disse: ─mas eu sugiro que vocês esconda o punhal de sua esposa. Alex forçou uma risada, mas ele não achou a observação divertida. ─Creio que o meu chefe ficaria honrado em negociar uma aliança, no lugar do casamento. ─ Alex estava sugerindo um acordo pelo qual seu clã teria a proteção dos poderosos Campbells em troca de enviar guerreiros quando os Campbells precisassem deles. ─Diga a seu chefe que eu sou a favor disso─ disse o Campbell. ─Eu entendo que ele tem seus próprios problemas para lidar agora, mas vou esperar que ele venha com seus guerreiros quando eu precisar deles. Alex podia ir para casa agora, sabendo que tinha conseguido o melhor que podia para o seu clã. Claro, eles poderiam contar com os Campbells apenas enquanto seus interesses coincidissem. Os Campbells cuidavam dos Campbells, sempre. Mas por enquanto, os Campbells os protegeriam, tanto da Coroa como dos outros clãs. O que iria libertá-los para voltarem sua atenção para subjugar os piratas em North Uist. Glynis poderia arruinar tudo. Se ela não se tornasse esposa de Alex, num futuro muito próximo, o chefe Campbell iria se ofender pela recusa de Alex a sua irmã. E a única maneira de corrigir isso seria se casar com Catherine. Alex estava com um humor sombrio quando bateu na porta do quarto Glynis. ─Onde elas estão?─ Perguntou ele, quando encontrou apenas Bessie lá. ─Eu não sei onde a senhora Glynis está, mas eu pensei que Sorcha estava com você. ─Comigo? ─Sim, Lady Catherine disse que iria levar Sorcha para você─ Bessie disse. ─Como vocês pareciam extraordinariamente amigáveis, eu achei que iria querer que eu dissesse não a ela, ou melhor... 185


─Se a sua senhora tivesse concordado em se casar comigo, então eu não precisaria ser excepcionalmente amigável com outra mulher! Alex virou as costas e saiu, pensando que não era comum ele ser tão irritável. Depois de pesquisar todas as áreas comuns do castelo sem encontrar Glynis, Sorcha, ou Catherine, ele foi até a passarela que corria ao longo do topo na parede do castelo para ver se poderia vê-las de lá. Ele estava andando para frente e para trás, insultando os guardas, quando viu Glynis emergir do caminho que margeava o lago. Ele viu imediatamente que algo estava errado. Seu cabelo estava solto, e ela estava balançando com o peso de algo que ela estava segurando contra o peito. Um instante depois, ele percebeu que a carga que carregava era Sorcha. Alex desceu a escada correndo dois degraus de cada vez. Ele estava do outro lado do pátio e no portão antes de Glynis chegar ao castelo. Quando ele viu que as roupas de sua filha estavam molhadas e seu cabelo caía pelas costas, seu estômago caiu aos seus pés. ─O que aconteceu?─ Ele tentou levantá-la dos braços de Glynis, mas Sorcha se apegou a ela como um macaco. ─Sorcha teve um susto na água─ Glynis disse, ─mas ela está ilesa. Ele respirou fundo, tentando se acalmar. Como Ian sobrevivia com duas filhas? Alex supôs que com a prática cada tombo de sua filha não iria lhe tirar um ano de sua vida. ─Eu mudei de ideia─ Glynis disse, e ela tinha um olhar feroz. ─Mudou de ideia sobre o quê?─ Perguntou ele. ─Se você ainda me quer, eu estou pronta para casar com você.

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CAPÍTULO 31 Verdadeiramente, Glynis era uma mulher surpreendente. Quando Alex pensou que ela nunca aceitaria se casar com ele, ela decidiu que casaria, sem persuasão. Isso era o que ele queria. E, no entanto, ele não se sentia muito aliviado. Por que ela mudara de ideia tão de repente? Alex analisou a questão, enquanto esperava fora do quarto enquanto Sorcha e Glynis trocavam suas roupas molhadas. Talvez o pequeno acidente de Sorcha, qualquer que fosse, fez Glynis perceber quão apegada ela estava à criança. Mais provavelmente, foi porque D'Arcy havia lhe dito que sua oferta era para ser sua amante. Magoava Alex saber que Glynis finalmente concordou em casar com ele, na esteira de sua decepção com D'Arcy. Glynis saiu do quarto e fechou a porta suavemente atrás dela. ─Sorcha precisa de um descanso. Bessie vai ficar com ela. ─Ótimo─ disse ele, agarrando-lhe o pulso. ─Nós precisamos conversar. Ele a puxou pelas escadas para a câmara anterior, que estava desocupada. Depois de deslizar a barra do outro lado da porta, ele se virou para encará-la. ─O que você quer Glynis? ─Eu quero casar com você─ Glynis disse. ─Você não me quer mais? ─Eu quero─ disse Alex, que ficaria consideravelmente mais feliz se soubesse que suas razões para mudar de ideia não tivessem nada a ver com ele. ─Eu tenho condições─ disse Glynis. ─Por que isso não me surpreende?─ Ele cruzou os braços e estreitou os olhos. ─E quais seriam essas condições? 187


─A primeira é irmos embora do Castelo Inveraray rapidamente. ─Eu devo dizer adeus ao chefe e sua família─ disse Alex. ─Mas partir em uma hora. Seus ombros relaxaram um pouco. Evidentemente, ela estava desesperada para ficar longe de D'Arcy e deixar esse desapontamento para trás. ─O que mais?─ Ele perguntou, mantendo a voz calma. Seu rosto estava tenso, e ela não conseguia olhar nos olhos dele. O que quer que esta segunda condição fosse, era difícil para ela falar sobre isso. E ele estava certo de que não iria gostar. ─Não vou partilhar a sua cama. O quê? Se havia uma coisa sobre a ele estava confiante, era de que ele a agradara sob os cobertores. Será que ela gostava tão pouco dele que iria renunciar ao prazer que compartilhavam na cama? ─Se tudo que eu quisesse fosse uma babá, poderia contratar uma. E acredito que teria boas chances de encontrar bonita e levá-la para a cama também. ─Ele acrescentou a última parte porque estava com raiva. ─Eu quero uma esposa. Em todos os sentidos. Glynis corou e mordeu o lábio. Ela não podia realmente esperar que ele concordasse com isso. Ele esperou para ouvir o que ela realmente queria. ─Eu vou compartilhar sua cama, mas apenas enquanto for fiel. ─ Ela levantou os graves olhos cinzentos para encará-lo. ─Se você tomar outra mulher, eu nunca vou de bom grado dividir a cama com você novamente. ─Nunca de boa vontade?─ Disse ele, uma raiva quente enviando faíscas através de seus olhos. O que ela pensava dele? ─Eu não sou o tipo de homem que força as mulheres. ─Se você tomar outra mulher, então deve concordar em me dar uma casa para viver em separado─ disse ela. ─Uma pequena casa de campo serviria. A raiva brotou em seu peito, ameaçando explodir. Não, ele não iria viver como seus pais. 188


─Você não concorda?─ Ela sustentou seu olhar como se estivesse tentando ver a verdade em sua alma. Ele puxou-a contra ele e cobriu sua boca com a dele. Ele beijou-a com toda a fúria e paixão reprimida dentro dele, até que ela era como fogo líquido em seus braços. Quando ele se afastou, seus olhos estavam atordoados, exatamente como ele queria. ─Vocês quer que eu faça amor com você─ disse ele, ─até que ouça o sangue trovejando em seus ouvidos e veja estrelas quando eu a fizer gozar uma vez após outra. Sua respiração era irregular, e os lábios entreabertos e macios de seus beijos. ─Diga,─ ele exigiu. ─Eu quero─ ela disse, sua voz quase um sussurro. ─Você quer que eu seja o seu marido e partilhar a minha cama toda noite. Diga! ─Eu quero. Beijou-a novamente até que ela gemeu em sua boca e balançou contra ele. Por Deus, ela desejaria a ele e somente ele. Sua ira ainda não passara, quando ele afastou-a uma segunda vez. ─Eu vou concordar com um casamento de verdade, então,─ ela disse, empertigada passando as mãos sobre o vestido para alisá-lo. ─Se decidirmos depois de um ano que não deu certo, nós vamos nos separar sem nenhum ressentimento. A menos, claro, que você tome outra mulher antes, então, nesse caso, será como eu disse antes. Era hora de resolver isso entre eles. Alex puxou a adaga de seu cinto e ouviu-a prender a respiração quando ele a usou para cortar uma tira de pano da barra de sua camisa. Ele segurou sua mão e entrelaçou seus dedos s com os dela. Segurou as mãos levantadas entre eles e olhou-a nos olhos enquanto enrolava a tira de pano em torno de seus pulsos três vezes. ─Tomo-a como minha esposa, Glynis MacNeil, filha de Gilleonan MacNeil de Barra, e eu serei seu marido. ─ Alex fez uma pausa, e então 189


disse em voz determinada, ─Até a morte, Glynis. Será que você ouviu isso? Até a morte. De acordo com a tradição Highland, um homem que estava infeliz com o casamento poderia devolver a mulher a seu pai, juntamente com seu dote, no final de um ano. Isto era mais comumente feito quando a mulher não engravidava, mas se houvesse uma criança, a criança era considerada legítima. Infelizmente, a mulher poderia sair do casamento também. Alex não conseguiria segurar Glynis por mais de um ano sem um sacerdote e os sacerdotes eram poucos e distantes entre si nas Highlands, mas conseguiria isso de qualquer maneira. Ela apertou os lábios em uma linha fina e olhou para ele. ─Você já fez isso antes─ disse ele. ─Você sabe o que dizer. Quando ele viu o brilho do sofrimento nos olhos dela, ele lamentou lembrá-la de seu casamento anterior. Mas, por razões que não entendia, ele estava muito bravo para se desculpar. ─Tudo bem─ disse ela entre dentes cerrados. ─Tomo você como meu marido, Alexander MacDonald, e prometo ser sua esposa. ─Até que a morte nos separe─ ele terminou por ela. ─Até que a morte nos separe─ disse ela, os olhos disparando adagas para ele. ─Ou até você se desviar, como ambos sabemos que fará. ─Não me confunda com Clanranald, pois eu vou fazê-la manter a sua promessa─ disse Alex. ─Não fui eu quem quebrou a promessa primeiro, e eu não vou quebrar com você também─ disse ela. ─Mas, se você tomar outra mulher, eu nunca vou partilhar a sua cama de novo. ─Vou fazer das tripas coração para ter certeza de que você nunca me dirá não─ disse ele. Ela engasgou quando ele a puxou com força contra ele novamente. Quando ele se inclinou para baixo, ela fez um som estridente no fundo da garganta, em seguida, seus olhos se fecharam e ela inclinou a cabeça para trás. Ele parou um pouco abaixo de seus lábios entreabertos. ─Arrume suas coisas─ disse ele. ─Prometi a você que nós partiríamos logo, e eu sou um homem de palavra. 190


CAPÍTULO 32 Por que Alex estava tão furioso com ela? Ela concordou com o casamento completo. E agora, queria muito usufruir os direitos do casamento. ─Poderíamos ficar a noite─ disse Alex, sua respiração fazendo cócegas nos lábios. ─Mas só se estiver disposta a libertar-me da minha promessa de partir logo. Ele estava apoiando suas costas com um braço forte, enquanto passava a outra mão pela lateral de seu corpo. Quando ele tocou a lateral do seu seio, ela mordeu o lábio para não suspirar alto. Como ela sentira falta de seu toque. ─Se é isso que você quer, tem que me pedir─ disse ele. Por que ele insistia para que ela pedisse? Porque ela tinha picado o seu orgulho, sugerindo que ele poderia forçá-la um dia, se ela se recusasse. Ela não deveria ter dito isso, pois sabia que ele não era assim. Glynis se lembrou de como seu primeiro marido a jogara na cama e tomara a sua virgindade sem preâmbulos e certamente sem esperar a sua permissão. Mas Alex exigiu que ela desse o seu consentimento explícito. Era difícil confessar que ela queria, por isso a obrigou a admitir que este não era um ato puramente altruísta de proteger a criança. Não foi meramente uma decisão prática para escolher um marido antes de seu pai o fizesse por ela. 191


─Sim, é isso que eu quero─ ela sussurrou. ─Eu quero você, Alex MacDonald. Ele caminhou com ela para trás até que a cama bateu contra as suas costas. Ela ficou grata pelo apoio, pois os joelhos se enfraqueceram enquanto Alex depositava beijos em sua garganta. Quando ele apertou os lábios quentes na curva acima de sua clavícula, um suspiro escapou. A respiração dele na sua pele fez os seios doem. Quando as mãos, finalmente os cobriram, ela fechou os olhos. Quando Alex a beijou na boca novamente, suas línguas se moveram em um ritmo primitivo que a encheu de saudade. Ela passou os braços em volta do pescoço dele e deslizou os dedos pelos cabelos. Quando ele se afastou, o corpo seguiu, pressionando contra ele. ─Por que não atrasamos nossa partida e passamos a noite?─ Ele perguntou com uma voz áspera com o desejo. ─Sim ─ disse ela novamente. ─Leve-me para a cama. ─Muito bem, esposa. Alex afastou as cortinas, sentou-a na cama alta, e acendeu a vela na mesa ao lado. Ele era brincalhão, muitas vezes na cama, mas não havia nada de leve na maneira como ele estava olhando para ela agora. ─O vestido─ disse ele em voz tensa. ─Tire. Glynis engoliu em seco e decidiu começar com seus sapatos. Ela tirou um e depois o outro, deixando-os cair com batidas suaves no aposento silencioso. Quando ela deslizou sua meia pela panturrilha, olhou para cima e viu o peito de Alex subindo e descendo em respirações lentas e profundas. Ele estava olhando para ela tão ferozmente que seus dedos tremiam um pouco quando ela descobriu a cabeça coberta e libertou os cabelos do coque que Bessie havia feito há pouco tempo. Depois de desapertar os primeiros dois ganchos na parte de trás de seu vestido, ela deixou cair os braços. ─Eu não posso fazer o resto sozinha.

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Alex apertou a mandíbula , mas lhe deu um breve aceno de cabeça. Ela estava tão tenso que se sentia tonto quando ela deu três passos para alcançá-lo e se virou. Quando seus dedos roçaram a parte de trás do seu pescoço, ela respirou forte com o choque de seu toque. Um pouco de sua confiança voltou quando percebeu que Alex, que normalmente era perito na remoção de roupas femininas, ficou atrapalhado com os ganchos. Depois que ele os soltou, ele arrastou o vestido de seus ombros e o deixou cair em uma piscina ao redor de seus pés. Seus lábios eram gentis quando ele espalhou beijos suaves contra o pescoço dela, mas suas mãos agarraram seus braços com tanta força que quase doía. Quando ela se inclinou para trás contra ele, ela sentiu o calor sólido através de sua fina camisa. Ele beijou o cabelo dela e ao lado de seu rosto enquanto puxava a camisa de seus ombros. Ela sentiu o ar fresco em seus seios por um instante antes que ele os tomasse em suas mãos. ─Ah, Glynis. ─ Sua respiração estava quente em seu ouvido. ─Eu ia morrer se você me prendesse a minha promessa e me fizesse esperar. Ele raspou os dentes ao longo de seu ombro enquanto deslizava uma mão por baixo da roupa que ainda se apegava a seus quadris. Ele gemeu quando pôs sua mão em concha entre as pernas dela. Em seguida, o prazer percorreu-a quando os dedos mergulharam e exploraram. Suas pernas se tornaram fracas, e ela cedeu contra ele quando uma onda de calor se espalhou em sua barriga. Mas então ele começou a se mover contra ela, apertando o seu eixo duro dentro dela, e ela se apertou contra ele. Ela virou-se em seus braços, querendo seu beijo. Suas roupas eram ásperas contra seus mamilos sensíveis. Segurando seus quadris, ele apertou-a contra ele, dando-lhe longos e profundos beijos. Ela afastou a boca. ─Alex, eu preciso deitar. Ele afastou as cobertas com uma mão, e depois a levantou e a pôs na cama em um movimento ágil. Antes que ela pudesse piscar, Alex havia desatado seu plaid e puxado a camisa sobre a cabeça. 193


Glynis viu os músculos de suas costas e coxas, ele se estendeu e se inclinou para remover as botas. Então, ele ficou em pé de frente para ela em toda sua glória. Ah, ele era magnífico. A luz das velas refletindo em todos os contornos de seus braços musculosos e do torso. Glynis engoliu em seco quando seu olhar mudou-se para baixo de seu peito a sua barriga lisa e equipe completa. Quando ela levantou o olhar de volta para o rosto, os olhos de Alex queimaram sua pele. Seu coração batia forte contra o peito e sua respiração ficou mais rápida quando ele subiu na cama. A antecipação correu através dela quando ele se aproximou. Imediatamente, ela foi envolvida por seu desejo, sob seu peso, e se afogou na paixão imprudente. Suas mãos estavam por toda parte e cada parte dela doía pelo seu toque. Ela tentou recuperar o fôlego, enquanto ele beijava as sobrancelhas, suas bochechas, o queixo, a orelha. Quando ele desceu por sua garganta com seus lábios e língua, ela inclinou o peito para cima. ─Sim, ─ ela gemeu quando suas mãos cobriram seus seios e encontraram seus mamilos. Ela ouviu-se emitir sons incoerentes quando ele depositou beijos molhados por seu peito enquanto provocando os mamilos com os polegares. Ela pensou que poderia morrer com o prazer e isso foi antes de ele deslizar a língua por seu seio até o mamilo. Ela cerrou os dedos no cabelo de Alex quando ele circulou o mamilo com a língua e, em seguida, tomou-o em sua boca. Ele sugava seu seio como se estivesse tentando absorver a alma dela. Era demais. Ela agarrou a seus ombros, e não sabia dizer se estava implorando para ele parar ou implorando-lhe que não. Então ele passou a língua ao longo da parte inferior de seu seio e pressionou beijos sobre suas costelas. Seu cabelo deixou um rastro de faíscas quando roçou sua pele. A antecipação cresceu, quando seus beijos

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desceram, movendo-se sobre seu baixo ventre e sobre o quadril, e ele passou o braço em torno de sua coxa. Por último, ele descansou a mão no seu monte e encontrou o ponto sensível entre as pernas dela com o polegar. Ela afundou-se no turbilhão de sensações. O que esse homem fazia com ela! Ela ficou tensa quando sentiu o calor de sua respiração e sua língua passar perto de onde a mão estava. Ele tinha feito isso antes, mas ela ainda não conseguia acreditar. Ela levantou a cabeça. Sua respiração se tornou superficial quando ele moveu sua mão para beijá-la entre as pernas. Em seguida, ele atirou-lhe um olhar escaldante que fez encolher por dentro. ─Você gosta disto─ disse ele em voz baixa que vibrou através dela. Gostar? Ela adorava. Ela deixou cair à cabeça para trás na cama. Se ela tivesse que passar algum tempo no purgatório por isso, ela estava disposta. Ela prendeu a respiração quando ele passou a língua sobre esse mesmo ponto sensível. Oh, Deus. Ela apertou as cobertas nas mãos e entregou-se à tempestade de sensações enquanto Alex lambia, chupava e passava a língua sobre e dentro dela. Ela tentou ficar quieta, mas suspiros e gemidos e uma espécie de súplica vinham de sua garganta. Ela jogou a cabeça de um lado para o outro, mas Alex foi implacável. Quando ela sentiu-se chegando ao orgasmo, ele agarrou seu corpo apertado. Ele não iria deixá-la afastar-se dele até que seu corpo sofreu um espasmo em uma explosão de prazer. Ela estremeceu quando ele passou a língua levemente até seu estômago. Quando ele se estendeu a seu lado, ela se virou para ele, ainda abalada com a intensidade de sua libertação, e colocou os braços em torno dele. Ela enterrou o rosto em seu pescoço. ─Eu tenho vontade de fazer isso por vários dias─ disse ele, enquanto corria os dedos para cima e para baixo na lateral de seu corpo. ─Isso é tão bom que tenho certeza que deve ser muito pecaminoso─ disse ela contra a sua pele. 195


Ela sentiu o reverberar baixo de sua risada. ─Nada é pecado entre um homem e sua mulher, mas se lhe agrada pensar que é, então não vou discutir com você. Quando ela chegou mais perto, o membro dele pressionou contra sua barriga, lembrando-lhe de sua necessidade. E então, ela queria tudo de novo. Ela puxou-o para um beijo profundo. Alex gemeu em sua boca enquanto ela esfregava a palma para cima seu membro. Ele não precisava de mais encorajamento. Quando ele rolou de costas, ela colocou suas pernas em torno dele. Ela fechou os olhos contra a onda de prazer quando ele deslizou dentro dela. Quando ela abriu os olhos novamente, ele segurou sua cabeça entre as mãos e olhou para ela. ─Eu senti falta de estar assim com você─ disse Alex, como se a confissão fosse arrancada contra a sua vontade. ─Eu senti sua falta também. Com seus olhos fixos um nos do outro, ele começou a se mover dentro e fora. Sua respiração era irregular, e seu rosto tenso. Ela sabia que Alex se orgulhava de seu controle, mas ela sentiu que ele estava a ponto de perdê-lo e ela queria que isto acontecesse. Ela queria sentir a sua fome, para saber que ele estava tão afetado como ela. Como ele moveu-se mais rápida e profundamente, ela segurou-lhe os ombros e envolveu as pernas com mais força em torno dele. Ela sentia tantas emoções dentro de si, esperança, afeto, desejo, que ela sentiu como se seu peito pudesse explodir. Eu te amo. As palavras estavam em sua mente e quase nos lábios. Ondas de prazer ofuscante a percorreram quando ele enfiou dentro dela novamente e novamente. Ele gritou o nome dela enquanto se movia dentro dela uma última vez. Em seguida, ele caiu em cima dela, o seu corpo pesado, mas reconfortante. Ele era dela. Pelo menos por enquanto, ele era dela. Depois de um tempo curto, ele rolou para o lado, trazendo-a com ele. Seus membros estavam moles, como se fossem dobrar nas ondas como

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algas. Ela se deitou com a cabeça em seu peito e o coração trovejando em seu ouvido. Algo profundo tinha acontecido, e ela tinha mudado para sempre. Não era porque ela havia concordado em casar com ele, embora isso certamente mudasses a sua vida. Deus a ajudasse, mas não havia como evitar, ela tinha se apaixonado por ele. Ela estava sozinha, ou tinha Alex sentiu tanto quanto ela quando ele estava dentro dela? Alex estava deitado de costas com um braço sobre ela e sua outra mão segurando a dela em seu peito. Glynis viu seu perfil enquanto ele olhava para o teto. ─O que esta pensando?─ Ela finalmente perguntou. ─É estranho casar sem Connor, Ian, e Duncan saber─ disse Alex. Ela engoliu seu desapontamento. ─Você é muito próximo deles, não é? ─Sim. Nós quatro já passamos por tudo juntos ─ disse ele com um sorriso na voz. ─Eles são os primeiros a quem eu vou contar. ─E seus pais? Ele suspirou. ─Eu vou dizer-lhes quando vê-los. Será que seus pais não vão ficar satisfeitos com o casamento? Será que eles têm alguém em mente para ele? Alex se virou para ela e segurou o rosto dela com a mão. ─Vamos casar corretamente quando voltamos a Skye─ disse ele, encarando-a. ─Vou mandar avisar a seu pai. Assim que ele chegar, nós vamos pronunciar os nossos votos de novo diante de testemunhas e ter uma grande festa de casamento no Castelo Dunscaith. ─Vou conhecer seus pais nesta festa de casamento?─ Perguntou ela. ─Como elas são? ─Nós podemos falar sobre meus pais mais tarde─ disse ele, encostando seus lábios nos dela. *** Não havia como Glynis voltar atrás em sua palavra. Mesmo assim, Alex não ficaria satisfeito até que ele assinasse um contrato de casamento 197


formal com seu pai, e eles tivessem pronunciado seus votos diante de uma dúzia de membros dos clãs. Se Alex pudesse encontrar um sacerdote, tanto melhor. Enquanto faziam amor, sua raiva e ressentimento tinham queimado na chama quente do desejo. Ele estava tão perdido na sua paixão por Glynis que nada mais importava. E, depois, quando ela estava deitada em seus braços, a felicidade tomou conta dele por longos momentos, cegando-o às verdades que ele não devia esquecer. Mas com o amanhecer, sua cautela voltou junto com o seu ressentimento. Alex sabia que não tinha direito de ressentir-se porque Glynis só aceitou se casar com ele depois que soube que D'Arcy não estava oferecendo-lhe casamento. Nem devia ficar irritado porque Glynis o via como o menos ofensivo de escolhas indesejáveis, Pois o próprio Alex usara aquele argumento. E se ela também aceitara porque queria ser uma mãe para sua filha, ele devia estar feliz com isso. E, no entanto, todas essas coisas o devoravam. Alex era tão avesso ao casamento quanto ela. Mas quando ele decidiu casar, Glynis MacNeil era sua primeira e sua única opção. Ninguém mais serviria. O que o perturbava mais do que tudo.

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CAPÍTULO 33 A pobre Bessie provou ser uma Lowlander, passando a maior parte da longa viagem por mar, com a cabeça para fora do barco. Enquanto Glynis arrumava um cobertor em torno da serva adormecida, ouviu Alex rindo e conversando com os homens Campbells que os estavam levando a Skye. O chefe Campbell tinha fornecido um barco para levá-los para casa, e Alex tinha convencido os Campbells a deixá-lo tomar o leme. Sob a sua mão segura, o barco deslizou sobre a água e em torno das rochas tão bem como uma fada voando através das árvores em uma floresta. Glynis mordeu o lábio e fixou os olhos na Ilha de Skye à frente no horizonte. Alex não tinha rido com ela uma vez desde que deixaram Inveraray. A partir do momento em que ela lhe tinha dito que seria sua esposa, ele tinha perdido o bom humor. Claramente, Alex não queria o casamento. Ele precisava de uma esposa, ou melhor, uma mãe para sua filha, mas ele não estava feliz com isso. Ela deveria ter dado atenção a sua primeira conversa com ele em Barra. Você está a salvo de encontrar felicidade conjugal comigo. Felicidade conjugal, na verdade parecia mais com miséria. No que ela se metera? Glynis se sentou ao lado de Sorcha e penteou o cabelo assanhado pelo vento da criança com os dedos. Quando Sorcha sorriu para ela, ela se lembrou que o casamento tinha seu lado bom. Ele lhe deu a maternidade, um dom precioso que ela pensou que lhe seria negado. E Alex não a criticava constantemente e esperava que ela fosse diferente do que era, como tanto Magnus como sua madrasta tinham feito. Ele iria protegê-la com sua vida, não havia dúvida. Mas Alex iria partir o coração dela. Quando Magnus teve outras mulheres, tinha ferido seu orgulho, mas isso era tudo. Seria diferente com Alex. Quando se deitaram juntos, ele não só lhe deu prazer, embora com 199


certeza sentisse muito, ele mostrou partes de si mesma que ela não tinha conhecido antes. Depois do que eles tinham compartilhado, ela não podia suportar saber que ele estava indo para a cama de outra mulher. Porque ela o amava. Deus a ajudasse. Quando Alex voltou seus olhos verde mar sobre ela, o riso deixou sua face, e seu coração afundou. Ele deu o leme para um dos outros homens, cruzou o barco para se sentar ao lado dela, e pôs Sorcha em seu colo. ─A terra à nossa direita é a Península Sleat de Skye. ─ Alex descansou a mão no ombro de Glynis e inclinou a cabeça para ela, enquanto apontava. ─E o castelo que está vendo é Dunscaith, o castelo de meu laird. Glynis sentiu-se atraída pelo corpo dele. Ela desejava encostarse a ele, mas ela não o fez. ─Dunscaith tem o nome de Scathach, a rainha guerreira que teve sua escola lendária de heróis no local onde está o castelo do nosso chefe atual─ disse Alex, falando primeiro em francês para Sorcha e, em seguida, em gaélico. ─Essas montanhas além do castelo são os Cuillins, que são chamadas assim por causa de Cúchulainn, o mais famoso dos heróis treinados por Scathach. Glynis não pôde deixar de sorrir, porque soube reconhecer o início de uma de suas histórias. Ela acrescentou as histórias de Alex à sua lista de coisas boas que o casamento lhe trouxe. ─Agora, Scathach só treinava os guerreiros mais bravos e mais qualificados. Para provar-se digno, um homem primeiro tinha de penetrar sua fortaleza, que tinha muitas defesas, inclusive os mágicos. Cúchulainn chegou aqui da Irlanda ainda um rapaz, depois que o pai da moça que amava disse que só concordaria com o casamento se Cúchulainn fosse treinado como um guerreiro por Scathach. ─Cúchulainn conseguiu entrar no castelo e foi aceito pela rainha guerreira. Mais tarde, como parte de seu treinamento, ele ajudou Scathach a subjugar um chefe vizinho que estava causando problemas a Scathach. No 200


processo de realização desta tarefa, Cúchulainn teve um filho com a mulher. E, embora seu coração estivesse sempre com a jovem namorada que ele amava, na Irlanda, ele também ficou “amigo” da filha de Scathach. Infelizmente, ele teve que matar o marido dela em um duelo, que tenho certeza que ele se arrependeu. Creio que foi após a amizade com a filha, que Cúchulainn fez amizade com a própria Scathach. ─Que tipo de história é essa que está contando a uma menina pequenina?─ Glynis interrompeu. ─Eu não posso mudar a história─ disse Alex, levantando os ombros. ─É a lenda do nosso castelo. ─Os MacDonalds devem ter lendas de sedutores s e os chamam de heróis─ Glynis disse, cruzando os braços. ─Cúchulainn não era um homem casado na época. ─ Alex limpou a garganta e começou novamente. ─Quando Cúchulainn voltou à Irlanda, o pai da moça se recusou a deixá-los casar, embora Cúchulainn tivesse cumprido a condição. Veja, o pai nunca intencionou permitir o casamento e acreditava que havia estabelecido uma condição impossível. Bem, isso foi um erro, com certeza. Cúchulainn capturou a fortaleza do pai, pegou o tesouro do homem e sua vida e, em seguida, casou-se com seu amor. Glynis estivera perdida na história e ficou surpresa quando Alex parou de falar. Eles estavam perto o bastante de Dunscaith agora para ela conseguir ver os guardas nas paredes. ─Eu vou contar-lhe mais histórias sobre Scathach e Cúchulainn mais tarde─ Alex disse a Sorcha. ─Mas agora, é hora de você encontrar o clã MacDonald. Quando o barco parou ao lado do portão do mar, Glynis levantou-se para agradecer aos Campbell. Eles estavam ansiosos para voltar para suas casas e recusaram a oferta de Alex de hospitalidade. Um deles, no entanto, insistiu em levar Bessie para o castelo, porque ela ainda estava muito doente da viagem.

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Alex pegou Sorcha em um braço e estendeu a outra mão para Glynis. Quando ela olhou para seu rosto triste, seu coração se afundou ainda mais. ─Não se preocupe. Nunca pensei que eu ia encontrar uma mulher disposta a me aturar ─ disse Alex, mas seu humor parecia forçado. ─Eles todos ficarão muito felizes de conhecê-la. Se apenas Alex ficasse feliz, ela não se preocuparia com o resto dos MacDonalds. Ela sentiu como se fosse um peso atado ao pescoço dele. Mal eles subiram as escadas íngremes para o pátio do castelo e Glynis foi cercada por MacDonalds. Pareceu-lhe que todos os homens MacDonald eram extraordinariamente altos. Ela teve de inclinar a cabeça para trás para respirar. No meio deste mar de estranhos, ela viu Duncan andando na direção deles. Ele acenou para ela, e os cantos da sua boca levantaram um milímetro, o que ela tomou como um sorriso. Em ambos os lados de Duncan estavam dois belos guerreiros de cabelos escuros, que pareciam ser irmãos. ─Venha conhecer os meus primos─ disse Alex, empurrando-a para frente com a mão nas costas dela. Antes de Alex poder apresentá-la e Sorcha, Glynis ouviu um berro conhecido vir de trás dos homens reunidos. ─Alexander Bàn MacDonald! Glynis colocou a mão na testa. Nay. Não poderia ser seu pai. ─Alexander Bàn MacDonald!─ Desta vez, o rugido abriu um caminho através dos guerreiros MacDonald como Moisés dividindo o Mar Vermelho e na outra extremidade dele estava seu pai. Quando ele caminhou na direção deles, Alex colocou Sorcha de pé atrás dele e pegou a mão de Glynis. ─Depois de roubar a minha filha debaixo do meu nariz e arrastá-la para Deus sabe onde durante semanas─ gritou o pai, com o rosto vermelho, ─você vai ser meu genro, antes do fim do dia, ou será um homem morto! Por que seu pai está fazendo isso? ─Pai, Alex não fez─ ela começou a explicar, mas Alex cortou.

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─Peço perdão por ter roubado sua filha de você─ disse Alex, colocando a mão sobre o coração. ─Mas às vezes um homem deve agir com ousadia para conseguir a mulher que ele quer. Alex estava levando a culpa por tudo. Ela poderia ter apreciado o gesto se ele tivesse feito isso por afeto a ela, ao invés de orgulho viril. ─Eu acredito que você está consciente de que sua filha era... Contra o casamento─ Alex continuou. ─Então, eu não tinha escolha a não ser forçá-la a aceitar por meio do rapto. Ah, seu pai não poderia parecer mais satisfeito. Sentia-se como um porco preso entre dois cozinheiros. ─Consegui convencê-la a me aceitar como marido─ disse Alex, ─e nós fizemos uma promessa de casamento um ao outro. ─Uma suposta união de mãos com apenas os dois sob as estrelas não vai servir─ disse o pai, plantando a mãos nos quadris. ─Glynis é filha de um chefe, não uma garota sem um tostão. Você vai fazer isso direito, Alexander MacDonald, com um contrato e votos feitos diante de ambos os chefes dos clãs. ─Isso é precisamente o meu desejo também, senhor─ disse Alex. Os dois estavam se divertindo tentando superar o outro em sua vontade de tê-la bem e corretamente ligada no casamento. Cada um tinha as suas razões, que nada tinham a ver com os seus sentimentos sobre o assunto. ─O chefe MacDonald cuidou do acordo─ disse o pai. Como o pai dela sabia que ela estaria retornando com Alex, quando ela mesma não tinha ideia? E, pelos santos, há quanto tempo seu pai estava esperando aqui? Ele deveria ter ido para casa e fingido que não havia nada errado. Ah, era humilhante. ─Eu tenho estado esperando aqui por semanas─ disse o pai, confirmando o seu pior medo. ─Vamos celebrar logo esse casamento! Um dos dois belos guerreiros de cabelos escuros com Duncan deu um passo adiante.

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─Mil boas vindas a você, Glynis, filha de Gilleonan MacNeil de Barra─ disse ele. ─Eu sou Connor, chefe do MacDonalds de Sleat, e eu estou muito feliz por tê-la aqui no Castelo Dunscaith. Após os gritos de seu pai, ela apreciou o cumprimento formal do chefe e respondeu na mesma moeda. ─Abençoada seja a casa do neto de Hugh MacDonald e bisneto do Senhor das Ilhas. O chefe apontou para o outro guerreiro de cabelos escuros, que tinha os olhos mais azuis que Glynis já tinha visto. ─Este é Ian, que é meu primo, assim como Alex. Ela foi apresentada em rápida sucessão para algumas dezenas de MacDonalds e em seguida cumprimentada pelos poucos homens MacNeil que estavam aqui com seu pai. Sua cabeça estava girando quando duas mulheres tiveram piedade dela e interromperam os cumprimentos. Uma era pequena e rápida e vestida com um vestido muito grande para a sua figura esbelta, e a outra era uma ruiva linda que carregavam dois bebes gêmeos em seus braços. ─Venha com a gente. ─ A mulher pequena sorriu colocando a mão nas costas de Glynis e pegando a mão de Sorcha. ─Eu tenho uma câmara pronta para você. Eu já vi a sua serva, a pobre coitada. Glynis deixou as duas mulheres levarem-na para dentro com Sorcha e subiu as escadas até um quarto arrumado que cheirava a urze. ─Nós pensamos que vocês precisavam ser resgatadas─ disse a ruiva, dando a Glynis um largo sorriso. ─Eu sou Sìleas, esposa de Ian. ─E eu sou Ilysa, irmã de Duncan─ disse a outra mulher. ─Mandei alguém para trazer um pouco de comida e bebida. Se você precisar de coisa alguma, é só pedir. Glynis ficou intrigada em porque a irmã de Duncan parecia estar gerenciando a casa do chefe, mas, talvez, o chefe não tivesse parente próximo do sexo feminino para preencher o papel da esposa. Era estranho que ele não tivesse uma esposa, pois, um chefe tinha um dever ainda maior do que os outros homens de produzir herdeiros. 204


─Vocês sabem pelo meu pai que eu sou Glynis─ disse ela. ─E esta é Sorcha, filha de Alex. ─Eu sabia que era filha de Alex no momento em que a vi Sorcha─ Sìleas disse com um sorriso suave. Sorcha não conseguia tirar os olhos das gêmeas e deu um par de passos cautelosos em relação a elas. ─Esta é Beitris─ Sìleas disse, inclinando a cabeça para um dos bebês. ─E esta é Alexandra, em homenagem ao seu pai. Quando Alexandra agarrou o nariz de Sorcha, ambos os bebês gritaram de alegria pela sua traquinagem e Sorcha riu. Glynis pôs a mão no peito. Ouvir o riso de Sorcha pela primeira vez parecia como um pequeno milagre. ─Estou contente por Alex ter encontrado você─ disse Ilysa, depois de terem falado sobre os bebês por um tempo. ─Francamente, nenhum de nós estava certo de que ele iria mostrar tanto bom senso. ─Aconteceu de eu ser a mulher mais à mão quando ele precisou de uma esposa─ Glynis disse. Percebendo que tinha falado demais, ela tentou brincar. ─An ràmh é fhaisg ar làimh, iomair leis. ─ Se tem apenas um remo à mão, então reme com ele. ─Alex nunca teve dificuldades para encontrar mulheres, então eu tenho certeza que não foi esse o motivo─ disse Sìleas. ─Agora melhor nós arrumarmos você, porque eu acredito que eles pretendem celebrar o casamento esta noite. Hoje à noite?

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CAPÍTULO 34 Glynis sentia-se mal. Seu estômago doía, sua cabeça latejava, e pavor pesava sobre o peito, tornando-lhe difícil respirar. Embora Sìleas e Ilysa fossem a bondade encarnada, seus rostos sorridentes só faziam Glynis se sentir pior. Toda vez que uma delas mencionava como estavam encantadas por Alex ter escolhido uma noiva que era tão diferente do “seu tipo preferido”, ela se perguntava quanto tempo levaria antes que ele voltasse ao seu comportamento habitual e ao seu tipo preferido de mulher. Bang, bang, bang. Ah, Glynis conhecia aquela batida. ─É meu pai. ─ Ela correu para chegar até a porta e depois saiu para que eles pudessem falar em privado. ─Você me deixou preocupado, moça. ─ Seu pai a ergueu em um abraço esmagador. Isso levantou os espíritos, até que ele a colocou no chão e disse: ─Louvado seja Deus, ele vai se casar com você. Eu temia ter que matá-lo. ─Isso não aconteceu como pensa, pai─ disse ela. ─Alex realmente não me quer. ─Ah, claro que o homem a quer, ─ disse o pai. ─ desde que ele a viu pela primeira vez na praia de Barra. Ela suspirou. ─O que quero dizer, pai, é que ele não me quer por esposa. Não verdadeiramente. Seu pai levantou o queixo. ─Eu sei que cometi um erro com Magnus Clanranald. Esta foi a primeira vez que ele havia admitido isso. ─Mas Alex vê você pelo que é, e ele gosta do que vê─ disse o pai. ─Este homem vai amá-la, queira ele ou não. Glynis engoliu o nó na garganta. Mesmo que seu pai não pudesse estar mais errado, aqueceu-lhe o coração saber que ele queria isso para ela. ─Como soube que foi com Alex que eu fugi?─ Perguntou ela. ─Eu observei vocês, e eu achei vocês só precisavam de algum tempo juntos para que isso acontecesse─ disse ele. ─Então, eu a deixei acreditar 206


que eu ia fazê-la casar com Alain Maclean, que é ainda mais louco do que seu pai Shaggy. ─Você fez isso de propósito? ─Sim─ disse o pai, sorrindo de orelha a orelha. Ela não podia acreditar! Apesar de todos os seus esforços para frustrar os planos de seu pai para ela, de colocar seu destino nas mãos de um estranho para viajar todo o caminho para Edimburgo, ela acabou fazendo exatamente o que ele queria. ─Eu fui para casa antes de vir aqui de esperar por você─ disse ele antes que ela pudesse começar a gritar com ele. Ele inclinou-se para chegar até um saco de pano a seus pés e puxou um vestido azul suave dele. ─Sua madrasta fez um vestido novo para você se casar ─É lindo!─ Glynis disse, segurando-o. ─Foi gentil da parte dela, verdadeiramente. Oh, pai, eu gostaria de poder ver o resto da família. ─Todos sentem sua falta─ disse o pai. ─Diga ao seu novo marido para levá-la para uma longa visita em breve. Glynis orou para que ela não estivesse voltando para casa sozinha e cheia de vergonha novamente. *** Alex estava na frente do salão, ladeado por Connor e Duncan de um lado e pelo chefe MacNeil e Ian do outro, à espera de sua noiva fazer a sua aparição. E esperando. Quando o pai de Glynis deu um passo, olhando como se quisesse buscá-la e arrastá-la pelas escadas pelos cabelos, Alex agarrou seu braço em um punho de ferro. ─Dê-lhe tempo. ─ Alex encarou o pai dela e não o soltou até que o chefe concordou e recuou. Quando as vozes na sala silenciaram, Alex virou-se e respirou profundamente ao ver Glynis na extremidade do corredor. Ela usava um vestido azul suave que chamava a atenção para a sua figura, esbelta e elegante e que flutuava sobre ela enquanto caminhava. Com seu rico cabelo castanho puxado para cima em uma coroa de flores e fitas, e depois em 207


cascata pelas costas, ela parecia uma ninfa vinda da floresta para encantálo. Mas sob a sua coroa de flores, a face de Glynis estava tensa. Seus grandes olhos cinza tinham o mesmo olhar de pânico que Alex tinha visto em uma corça ferida, enquanto estava deitada no chão com uma flecha no flanco. Glynis hesitou em cada passo, parecendo que ela ia saltar se alguém fizesse um barulho mais alto. Parecia que demorava uma eternidade para cruzar o salão. Finalmente, ela se pôs diante dele. Glynis não tinha mudado de ideia. Mas estivera perto. *** Alex estava incrivelmente bonito, alto e marcante em sua camisa açafrão e plaid em tons de verde que combinavam com seus olhos. A maioria das pessoas se reuniu no salão, particularmente o seu próprio clã, devia estar se perguntando como é que a moça, magra e séria veio a ser a única que Alex escolheu para casar. Glynis disparou olhares a esquerda e à direita, ela atravessou o corredor sem fim, uma pergunta diferente arrastando seus passos. Quantas mulheres na sala tinham dormido com Alex? Duas? Três? Uma dúzia? ─Vocês está linda─ disse Alex, fazendo o papel de noivo, quando ela finalmente chegou ao fim do desafio. ─Acredito que assinaremos primeiro contrato. Por nós, ele quis dizer seu pai, é claro. Ao mesmo tempo, Alex a levou com ele para a pequena mesa onde o contrato tinha sido colocado. Ela tinha aprendido a ler, mas estava muito nervosa para dar sentido a qualquer uma das palavras. ─É aceitável para você?─ Alex perguntou, o que era gentil, mas inútil, já que seu pai já havia assinado. Ela não poderia dizer uma palavra através de sua garganta, então ela balançou a cabeça. Quando Alex assinou, a assinatura dele era grande e com um toque corajoso, assim como ele era. Ela se sentia como um rato, magro e marrom ao lado dele. 208


Depois que ela e Alex voltaram a seus lugares, os chefes fizeram discursos sobre uma união gloriosa, a fertilidade, e etc. Ela não viu nenhum sacerdote, por isso pareceu que Alex não tinha conseguido encontrar um em curto prazo. Glynis ignorou os discursos e fechou os olhos para dizer sua própria oração. Por favor, Deus, me dê alguns meses com ele antes que ele parta o meu coração. ─Glynis!─ Quando ela ouviu seu pai dizer o nome dela, ela abriu os olhos para encontrar ambos os chefes olhando para ela. ─Diga seus votos, ─ seu pai sibilou. Seu coração martelava tão alto que pensou que eles deviam ouvi-lo. ─Eu... ─ Sua garganta estava seca demais, e ela teve que parar para engolir. Ela levou três tentativas, mas ela disse as palavras. Ela fixou o olhar no chão enquanto esperava para Alex dizer seus votos. Ele ficou em silêncio. Alex já não falava, mais, o seu silêncio parecia se expandir e encher o salão. Quando Glynis arriscou um olhar de soslaio para ele, ele estava olhando para ela com uma expressão sombria e feroz em seu rosto. Alex agarrou-a pelo pulso. Ela teve que lutar para manter os pés no chão quando ele a arrastou para fora do salão com suas longas pernas. ─O shluagh!─ Ela sussurrou. O que ela tinha feito para merecer isso?

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CAPÍTULO 35 Alex arrastou Glynis para um dormitório grande que ela assumiu devia ser o do chefe, porque embora contíguo ao salão, tinha sido parcamente mobiliado e as paredes não tinha decoração. Depois de sentá-la em uma cadeira, Alex puxou outra de forma que eles se sentaram frente a frente com não mais do que um pé entre eles. ─Glynis, eu não posso ir em frente com o casamento quando parece como se você estivesse indo para o seu próprio enforcamento─ disse Alex. ─Vamos acabar com isso agora se você está infeliz por ser minha esposa. Ela estava chocada demais para falar. Depois de fazer tudo o que podia para convencê-la a casar com ele, agora ele queria libertá-la de sua promessa? ─Eu esperava que você pudesse me ver como um homem com quem poderia ser feliz e se reconciliasse com o casamento─ disse ele. ─Mas parece que você não pode, e eu não vou criar a minha filha em uma casa cheia de raiva e infelicidade. O coração de Glynis estava batendo tão forte que o peito doía. ─Não vai ser fácil convencer o seu pai que eu não levei você para cama e lhe dei motivos para concordar com o casamento─ disse ele com um suspiro resignado, ─mas eu vou conseguir. Ela não queria voltar para a casa de seu pai para ser colocada em exposição para um fluxo interminável de pretendentes desagradáveis novamente. ─E todas as pessoas esperando lá fora por nós? Alex os dispensou com um aceno de mão. ─Eu sei que você foi pressionada a fazer isso, mas você é uma moça teimosa que conhece sua própria mente. Então me diga, por que você concordou em se casar comigo? 210


Glynis fez uma pausa para umedecer os lábios. Ela não tinha certeza se devia lhe dizer a verdade, mas ela não tinha mais nada a dizer. ─Porque eu temia que quisesse se casar com Catherine, e eu acreditava que ela iria maltratar Sorcha. Em vez de ignorar sua acusação ou exigir provas, Alex simplesmente olhou para ela com firmeza e esperou ela se explicar. ─Porque Sorcha é silenciosa, ela sente as coisas que os outros não percebem. ─Sim, eu tenho notado isso─ disse Alex. ─Eu encontrei Catherine com Sorcha no lago onde ninguém poderia ver─ Glynis disse. ─Eu poderia dizer que Sorcha estava morrendo de medo dela. Ela contou-lhe o resto do que aconteceu, mas não havia muito mais a dizer. ─Uma trará perigo─ ele murmurou quando passou as mãos pelos cabelos. ─Eu não tinha noção de que Catherine iria querer prejudicar Sorcha. Glynis estava acostumada a ter sua opinião ignorada por seu pai e todos os outros. Tocou-lhe que Alex não questionasse a sua percepção do que tinha acontecido no lago naquele dia. ─Bem, eu estava certo sobre uma coisa─ Alex disse com um sorriso triste. ─Você seria uma boa mãe para Sorcha. ─Não podemos ficar unidos apenas por uma criança ─ Glynis disse, piscando duro para manter as lágrimas. ─Como você disse, ser uma esposa é mais do que ser uma babá. ─Eu a queria para mim também─ disse ele, e passou os nós de seus dedos pelo seu rosto. ─Eu sei que é importante para você que seu marido seja fiel. Isto é parte do que está fazendo-a tão infeliz com a perspectiva de ser casada comigo? Glynis desceu seu olhar para as mãos cruzadas no colo e assentiu. ─Então eu lhe daria a minha palavra de que, enquanto partilhamos uma cama, como homem e mulher, eu não vou ter nenhuma outra. Quando ele falou pela primeira vez do casamento, ele só prometia ser discreto em seus casos. Ele estava disposto a fazer-lhe a promessa que ela 211


queria agora, mas ela poderia confiar nele? Mesmo que Alex dissesse isso agora, que ele ainda iria dizer em um mês? ─Eu não posso fazer mais do que dar-lhe a minha palavra sobre isso. ─ Ele se levantou e olhou para ela. ─Eu gostaria que isso fosse o suficiente. Se Alex tivesse gritado com ela e saído, Glynis não poderia tê-lo detido. Mas em vez disso, ele se inclinou e beijou a bochecha dela, um gesto carinhoso que trouxe as lágrimas de volta novamente. Então ele se virou e caminhou calmamente em direção à porta. Como Alex disse, ele era a melhor de suas escolhas, de longe. Mas mais do que isso, ele era o único homem que ela queria. Teria ela a coragem de assumir o risco de que ele não iria machucá-la? Ela seria forte o suficiente para sobreviver se ele a decepcionasse? Tudo o que Glynis sabia era que ela não podia suportar a ideia de casar com outro. ─Alex! Quando ele se virou, seu rosto, que normalmente era tão cheia de humor, parecia irritado. ─Você estava certo. Eu não cumpri a minha parte no acordo ─ disse ela. ─Já que eu disse que iria casar com você, eu não deveria ter feito isso a contragosto. Isso foi errado, e eu sinto muito. ─Você não precisa pedir desculpas─ disse Alex, parecendo cansado. ─Eu vou contar aos outros agora, e eu vou mandar alguém trazer o jantar para você, assim não tem que enfrentá-los. Quando ele começou a sair de novo, ela saltou de pé. ─Espere. Você não me entendeu. ─Isso é verdade─ disse ele, dando-lhe um sorriso amargo. ─O que eu quero dizer é que acho que devemos nos casar─ disse ela rapidamente. ─Eu vou fazer o melhor possível. Ele deu uma risada seca. ─Fazer o melhor em alguma coisa que você odeia? Não, isso não é bom o suficiente. ─Eu quero casar com você, Alex─ disse ela, e era a verdade. Com todo o coração, ela queria isto. ─E eu vou tentar confiar em você.

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─Esta certa que quer ir em frente com isso?─ Sua expressão era solene. ─Eu disse a você, eu não quero um casamento experimental. Minha filha já perdeu quem a criou até agora. Alex havia lhe dito que ele a queria para si também, e ela iria se agarrar a isso. Embora ele não iria se casar se não fosse por Sorcha, ele devia gostar um pouco dela. Glynis reprimiu suas dúvidas e assentiu. ─Tudo que peço de você é uma casa tranquila para mim e minha filha. ─ Alex estendeu a mão, e quando ela a pegou, ele lhe deu um sorriso genuíno. ─Duncan está entretendo a todos com sua flauta, mas não vamos fazê-los esperar mais. *** ─Pronta?─ Alex perguntou, quando eles ficaram juntos no lado de fora da sala. Deu-lhe um aperto de mão reconfortante, em seguida, abriu a porta. O burburinho de vozes morreu, e todos se viraram em direção a eles. Em um instante, Duncan abandonou a canção triste que ele estava tocando e começou uma animada melodia que soava como pura felicidade. Quando os MacDonalds explodiram em gritos selvagens, sinalizando a sua aprovação do casamento, Glynis sentiu-se corar com prazer. A esperança inundou seu coração. Ela sorriu para Alex, enquanto caminhavam de mãos dadas para frente do salão. Desta vez, eles disseram que seus votos em vozes fortes e sem hesitação. Em seguida, Alex deu-lhe um beijo que fez a multidão a assobiar e gritar novamente. Assim que ele a soltou, Sorcha, que estava de pé com Sìleas e Ilysa, jogou os braços ao redor da cintura de Glynis. E de repente, Glynis tinha um marido e uma filha. Com o braço de Alex sobre seus ombros, sua filha de novo ao seu lado, e todos os MacDonalds a dar-lhe uma recepção calorosa, Glynis pôs suas dúvidas de lado e decidiu aproveitar seu dia de felicidade.

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Os membros do clã de Alex surgiram um após o outro para desejarlhes felicidades, dando-lhes os cumprimentos tradicionais. Saoghal fada dhuibh. Longa vida para vocês. A h-uile là sona dhuibh arma là Idir dona dhuibh. Que cada dia seja feliz para vocês, sem um único dia ruim. Alex estava rindo de algo que seu primo Ian tinha dito quando Glynis sentiu-lhe ficar rígido ao lado dela. ─Então, é verdade que você deixou uma moça apanhá-lo, ─ uma voz profunda gritou. Quando Glynis virou para ver quem tinha falado, ela sentiu como se estivesse olhando para o futuro e vendo Alex trinta anos mais velho. O alto guerreiro louro não poderia ser outro senão o pai de Alex. Ah, era um pecado um homem ainda ser tão bonito na sua idade. ─Eu a apanhei, Pai─ Alex disse, sua voz tão dura quanto suas costas. ─Eu sou um homem de sorte. Alex disse isso com uma ferocidade que fez soar mais como um desafio do que uma expressão de boa sorte. ─Ah, você é uma moça bonita─ disse o pai, dando uma piscadela para Glynis e segurou suas mãos. Era fácil ver de onde Alex herdara seu charme, mas o homem mais velho tinha uma dureza em seus olhos que Glynis só tinha visto em Alex quando ele lutou e agora. Quando seu pai se inclinou para beijá-la, Alex estendeu o braço para detê-lo. ─Já era hora de cumprir seu dever e casar─ disse o pai, encarando Alex. ─Um homem precisa de um herdeiro. Uma mulher de cabelo escuro afastou o grupo em torno deles e jogou os braços em torno de Alex. ─É verdade? Você arrumou uma esposa finalmente? ─Sim, mãe─ Alex disse em uma voz tensa, quando ele gentilmente a empurrou. ─O que vocês estão fazendo aqui? ─MacNeil alegou que você tinha fugido com sua filha e estava esperando-os aqui─ disse o pai. ─E então o nosso chefe mandou avisar que hoje você estaria aqui com a moça. 214


Alex lançou um olhar fulminante para Connor. ─Nós não poderíamos faltar ao casamento do nosso único filho─ sua mãe disse, ─então nós viemos juntos. ─Vocês vieram juntos?─ Alex perguntou. ─No mesmo navio? ─Não havia muito tempo─ disse sua mãe. ─Estou satisfeito por poderem se juntar a nós para a festa de casamento─ disse Alex, mas ele não parecia nada satisfeito. ─Mãe, Pai, esta é a minha noiva, Glynis, filha de Gilleonan da Barra, chefe dos MacNeils. ─Eu não achava que houvesse uma moça em todas as Highlands que pudesse capturar o meu filho─ disse o pai com outra piscadela. ─Mas você me provou o contrário. ─Que coisa horrível de dizer a uma noiva─ sua mãe ralhou. ─Só espero que o nosso filho seja melhor marido do que você. Glynis estava começando a entender de onde vinha à aversão ao casamento de Alex e por que ele estava tão determinado em ter um lar tranquilo. ─De qualquer forma você conseguiu, querida─ disse sua mãe, batendo no braço de Glynis, ─Eu louvo a Deus, porque eu temia que eu nunca iria ver um neto meu. ─Então ficará feliz em ouvir a minha outra notícia.─ Alex chamou Sorcha de onde ela estava se escondendo atrás dele e descansou as mãos em seus ombros. ─Esta é minha filha, Sorcha. Sua mãe gritou e jogou as mãos no ar. Antes que seu pai e sua mãe pudessem lançar-se sobre a pobre criança, Alex levantou Sorcha em seus braços. Ele falou em francês com ela, sem traduzir em gaélico, então voltou sua atenção para seus pais. ─Sorcha não optou por falar ainda─ disse ele em tom firme. ─Ela vai fazer isto quando quiser, então não a pressionem. Que família. Glynis de repente percebeu que ela nunca perguntou a Alex, onde iriam morar. Pelos santos, ela esperava que não fosse com seus pais. 215


*** Alex sentiu como se estivesse sufocando. Sua mãe e seu pai estavam na mesma sala, sua noiva estava parecendo como se preferisse estar no fundo do mar, e sua filha estava encolhida contra seu peito com as mãos cobrindo o rosto. A chegada de seus pais o fez lembrar as razões porque ele nunca quis se casar.

CAPÍTULO 36 Após a refeição ter terminado e os velhos e os jovens começarem a ir para suas camas, os amigos de Alex se reuniram para contar a Glynis histórias e piadas sobre o noivo. Eles estavam todos bebendo e se divertindo muito, como os homens faziam em tais ocasiões. Seu novo

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marido, no entanto, parecia estar apreciando sua bebida um pouco mais do que as piadas. ─É um dia especial para mim também─ disse Duncan. ─Não é comum é homem receber um presente no dia do casamento de seu amigo. ─Que presente é esse?─ Alex perguntou. ─O que roubou de Shaggy pertence a mim agora─ disse Duncan. ─Não lembra a nossa aposta? ─Que aposta?─ Alex perguntou. ─Eu apostei que você casaria dentro de meio ano─ disse Duncan. ─E então você se casou, quando só se passaram três meses. ─Ah, não!─ Alex disse. ─Você não iria levá-la de mim. ─Eu faria─ disse Duncan, com um sorriso lento. ─Pelos santos, eu odeio perder o barco─ disse Alex. ─Você sabe o quanto eu o amo. Glynis apertou os lábios. Alex tinha anunciar para todo o seu clã que ele amava mais um barco roubado que sua nova esposa? ─Eu diria que você levou a melhor no final da aposta─ disse Duncan, e se virou para ela. ─Alex é um homem de sorte. Desejo-lhe toda a felicidade com o canalha maldito. Glynis colou um sorriso em seu rosto enquanto os homens riram. Em seguida, Duncan voltou-se e recolheu moedas de todos os outros homens. Parecia que cada um deles tinha apostado contra Alex se casar. ─Você parece bem para um homem morto─ um homem pequeno e magro disse, enquanto batia nas costas de Alex. ─O que quer dizer, Tait?─ Alex perguntou. ─ Alex não nos disse que preferia morrer a se casar?─ Tait gritou para os outros. Connor agarrou Tait pelas costas de sua camisa como se fosse um gato. ─Você sabe como é Alex. Mas Tait não se intimidou. ─Alex disse centenas de vezes: ─ É melhor amarrar uma âncora na minha perna e me jogar no mar que me amarrar a uma mulher. Melhor me bater com um... O som da voz Tait sumiu quando Connor saiu com ele. 217


Ian deu a Glynis um sorriso que ela estava certa havia parado alguns corações. ─Nós não tivemos a oportunidade de sair com o noivo na noite antes do casamento, como é habitual. Não se importa se tomamos o seu marido um pouquinho antes de dá-lo a você para o bem? ─Ou para o mal!─ Um dos outros homens gritou, causando mais uma rodada de riso. *** Casado. Como isso tinha acontecido? Alex tomou outro gole da garrafa de uísque. Desde que ele era um rapazinho, jurou que nunca faria isso. Ele tinha uma esposa. Apesar do fato de que ele havia passado a última quinzena sendo sedutor com Glynis, quase implorando para que se casasse com ele, era difícil de entender. ─Seja corajoso─ Ian disse, apertando seu ombro. ─E se eu não puder fazer isso?─ Alex disse, o desespero crescente em sua garganta. ─É a instrução básica você que precisa?─ Duncan perguntou com uma cara séria. ─O que vai para onde e como? ─Eu não quero dizer na cama, eu sei como agradar uma mulher. ─ Alex cutucou o braço de Duncan, em seguida, virou-se para Ian. ─É todo o resto do tempo. O que eu faço com ela? ─Faça o mesmo que sempre fez, a diferença é que tem alguém para conversar sobre isso. ─ Ian sorriu. ─ Desejando falar sobre isso ou não. Alex deu um longo gole enquanto os outros riam. ─Glynis parece uma boa mulher─ disse Connor. ─Tenho certeza que você não tem nada para se preocupar. Preocupado? Ele olhou para Glynis, com Sorcha dormindo em seu ombro. Ele estava petrificado com medo de falhar com elas. Oh, Deus, não. Alex fechou os olhos quando seu pai empurrou Ian de lado para se sentar ao seu lado e colocou o braço em torno dele. Ge b'e thig arma chuireadh, suidhidh e arma iarraidh. Quem vem sem ser convidado sente-se onde encontrar lugar. 218


Ian, Connor e Duncan tinham percebido que ele estava afundando sob as ondas e o arrastaram para um canto da sala para uma conversa particular. Alex não queria falar com ninguém, especialmente seu pai. ─Não ame uma mulher─ disse o pai, olhando para a mãe de Alex, no outro lado do corredor ─ ou ela vai arrancar seu coração e dá-lo para os peixes. *** Sorcha bocejou e encostou-se em Glynis. Glynis beijou o topo de sua cabeça, confortada pela da presença da criança. Do outro lado da sala, ela viu Sìleas entrar e vir direto em direção a elas. ─Sorcha pode dormir com a gente e os nossos dois bebês,─ Sìleas disse, estendendo a mão para Sorcha. ─Os gêmeos já estão lá em cima com sua babá. ─Sorcha não é acostumada a estranhos─ Glynis começou a dizer antes de Sorcha se afastar e pegar a mão de Sìleas. ─É a sua noite de núpcias─ Sìleas disse com um sorriso suave. ─Sorcha vai gostar de estar com os gêmeos. Glynis se sentiu solitária sem ela. A mãe de Alex veio se sentar ao lado dela, o que era improvável que a animasse. A mãe dele deve ter sido bonita antes que as linhas de decepção fossem gravadas na pele ao redor dos olhos e da boca. ─Alex tem um bom coração─ sua mãe disse, batendo na mão da Glynis. ─Infelizmente, ele tem sangue ruim de seu pai. A mãe dele enrolou as palavras. Será que todos os MacDonalds estavam bêbados? ─Ao único homem capaz de domar a minha filha selvagem!─ Seu pai gritou do outro lado da sala, enquanto erguia a taça provando que o MacDonalds não superavam os MacNeils quando estes começavam a beber. Glynis fechou os olhos e desejou estar em qualquer lugar, menos em seu casamento. 219


Glynis diria que quanto mais bêbado os homens tornaram-se, o mais coloridas eram suas histórias. Lembranças de seu primeiro casamento rodaram pela sua cabeça e oprimiram seu peito. Magnus não era o tipo de homem sensível à primeira vez de uma moça, e bêbado, ele foi pior. Glynis ficou de pé, com a intenção de desaparecer para fora da sala e subir as escadas para o quarto que Ilysa tinha preparado para eles e trancar a porta quando chegasse lá. Mas antes que ela desse dois passos, um dos homens gritou: ─Alex, a sua noiva está cansada de esperar por você. Hora de ir para a cama!

CAPÍTULO 37 Alex não se lembrava de sua noite de núpcias. Deus o ajude, ele era um bastardo. Um homem inútil. Uma pobre imitação de marido. E a sua cabeça doía como o diabo. Oh, Jesus, me leve agora. O que ele estava pensando? 220


Sua boca estava seca, tinha areia nos olhos, ainda estava bêbado e tinha essa dor de cabeça horrível. E o pior de tudo foi à sensação de vazio no estômago que mostrava que ele tinha se alimentado mal. Por mais horrível que ele se sentisse, rolou para sua noiva, com a intenção de compensar sua falta de atenção fazendo amor de manhã. Ele esticou o braço para fora e tateou em volta. Mas sua esposa não estava na cama. Alex se arrastou para fora da cama e despejou o jarro de água na bacia. Ele jogou água no rosto, e quando isso não fez efeito, ele enfiou a cabeça na bacia e fechou os olhos. Ossos de Deus, se sentia mal. E sabia que ia piorar. Alex passou a hora seguinte vasculhando o castelo de alto e baixo procurando Glynis enquanto tentava evitar dizer a alguém que ele já havia perdido a esposa. Ele finalmente a encontrou em um dos barcos puxados para cima na praia. Ela estava sentada reta como uma flecha com os braços cruzados sobre o peito, um olhar sombrio no rosto e os olhos fixos no mar. Glynis não se virou para olhar para ele enquanto subia no barco. ─O que está fazendo aqui?─ Ele perguntou depois de um tempo. ─Estou esperando para partir─ disse ela. ─Eu quero colocar a nossa noite de núpcias para traz o mais rápido possível. Ele havia dormido durante sua noite de núpcias. Deus o ajude, porque a cama era a única parte em ser um marido que Alex tinha certeza que poderia fazer bem. Glynis apenas ficou lá com os braços cruzados e boca fechada novamente. Pelo menos ela não gritava e jogava coisas como sua mãe. Ele considerou dizer-lhe que sua verdadeira noite de núpcias tinha sido depois de terem feito seus votos um para o outro e ele saiu-se muito bem. Mas pensou melhor. Só quando ele pensou que ela nunca iria falar novamente, Glynis disse: ─Você nunca me disse onde vamos viver. ─Bem, isso é algo que eu queria discutir com você. 221


─Não finja que eu tenho uma escolha, e que você ainda não decidiu─ disse ela com o olhar ainda fixo no horizonte. Ele respirou fundo e lembrou-se que ela estava acostumada a ter suas opiniões ignoradas. Talvez isso lhe desse uma oportunidade para recuperar o terreno perdido. ─As terras de meu pai vão ser minhas um dia, então há uma boa razão para viver ali. ─ Alex percebeu que suas costas se tornaram mais rígidas, embora ele não via como isso era possível. ─Mas Connor precisa de um homem para ir para North Uist, onde os membros do clã estão vivendo à mercê da pirataria. Alex queria ir para lá. Lutar contra os piratas o agradava é claro, e viver com um de seus pais era a sua própria visão do inferno. Mas ainda mais do que isso, ele queria assumir a responsabilidade de assegurar North Uist para seu clã. ─Antes de partir, eu disse a Connor que quando voltasse, iria viver em North Uist e traria a ordem para a ilha─ disse ele. ─Mas isso foi antes que eu tivesse uma esposa e uma filha a considerar. É muito mais perigoso do que lá nas terras de meu pai, por isso estou inclinado a pedir a Connor para enviar Duncan em meu lugar. Glynis inclinou os olhos para ele. ─Eu não sou moça frágil, como o tipo você conheceu na corte ou na França. ─Eu não disse que era, mas você é minha responsabilidade agora. ─North Uist é perto de Barra, por isso duvido que seja mais perigoso─ disse ela. ─E, se precisasse de ajuda para lutar, meu pai mandaria homens. Se ele tinha sido obrigado a tomar uma esposa, louvado seja Deus, que ela fosse uma moça destemida. Ainda assim, ele queria ser honesto com ela sobre o que os esperava lá. ─O nosso clã tem um velho castelo lá, Dunfaileag, que deve proporcionar proteção suficiente, uma vez que seja reparado─ disse ele. ─Mas vai levar uma boa dose de trabalho, antes que seja confortável ou seguro. 222


─Eu gosto de estar ocupada─ disse ela. ─E você deve esquecido viajei para Edimburgo e voltei dormindo ao ar livre no chão duro? ─Não, eu não me esqueci de uma única noite. ─ Ele encontrou seus olhos e deu um sorriso que a fez corar. Ele estava feliz pela oportunidade de lembrá-la que ele sabia como agradá-la sob os cobertores quando não estava bêbado. ─Eu podia ver minha família com mais frequência─ disse ela. ─Por favor, Alex, eu quero ir. Graças a Deus! ─Meus pais estão nos esperando, por isso vamos ter que fazer-lhes uma visita no caminho─ disse ele. ─Mas então vamos navegar para North Uist. Glynis finalmente deu-lhe um sorriso. Eles tiveram uma conversa civilizada e chegaram a um acordo sobre um assunto importante, sem barulho ou luta. É um bom presságio para o futuro. Alex não quis mencionar seu ex-marido, mas North Uist tinha uma vantagem sobre Skye, era mais distante da base do chefe Clanranald no Castelo Tioram. ─Pegamos o barco de Hugh Dubh quando o tiramos do Castelo Dunscaith─ disse Alex, batendo na amurada. ─Como sabe que este era o barco que Connor queria que levasse? ─Ilysa me disse. Claro. Alex olhou para o longo barco. Era uma galera de guerra, de modo que Connor teve que colocar dezoito homens para remar. ─Vou precisar de uma galera de guerra em North Uist ─ disse Alex, se conformando com isto. Ele apoiou os cotovelos na amurada para admirar o barco de Shaggy, que parecia lindo sobre a água. ─Era uma pena perder aquela cozinha doce. ─Se eu ouvir mais uma palavra sobre esta galera, que não pertence a você, em primeiro lugar─ Glynis disse: ─Eu juro que vou atear fogo nela. E Alex se orgulhava de compreender as mulheres. Ele não tinha ideia de por que falar do barco de Shaggy a perturbava. Felizmente, ele viu Ilysa 223


caminhando até a praia com Sorcha e Bessie. Decidindo que era melhor deixar Glynis se acalmar, Alex foi ao encontro delas. ─Eu não tive a oportunidade de dizer-lhe antes─ disse Ilysa, quando ele chegou junto delas. ─Teàrlag mandou uma mensagem para você. ─Espere por mim no barco, Sorcha. ─ A julgar pela experiência passada, a mensagem de Teàrlag não seria algo que ele queria que sua filha ouvisse. Depois de Sorcha sair com Bessie, Alex disse, ─Teàrlag não podia esperar para me admoestar em pessoa? ─Não há advertências desta vez─ Ilysa disse, sorrindo. ─Ela envia bênçãos pelo seu casamento. ─Então foi assim que soube deveria ter a mão comida e bebida suficiente para uma festa─ disse Alex. ─Obrigado. Connor não tinha noção de tudo que Ilysa que fazia. Embora ela fosse jovem, Connor nunca iria encontrar uma mulher que pudesse manter o castelo tão bem. Cha bhi fios aire math an tobair gus an tràigh e. O valor do poço não é conhecido até que ele esteja seco. ─Teàrlag disse para lembrar-lhe que ela estava certa sobre as três mulheres─ Ilysa disse, ─e sobre o presente especial e brilhante como um raio de luar. Alex olhou por cima do ombro para sua filha pequenina, cujo cabelo era da cor do luar e cujo nome significa ─radiante─. ─Sim, ela é um presente especial. ─E as três mulheres?─ Ilysa perguntou. ─As três pediram a minha ajuda, embora eu não possa dizer que nenhuma delas me deu uma escolha sobre ajudar ou não─ ele disse. ─Glynis me ameaçou, a mãe de Sorcha partiu sem ela, e eu não poderia deixar a outra se afogar. Ilysa riu. ─Acho que não. ─Como Teàrlag previu, uma trouxe um engano e outra perigo─ disse ele, e seu coração se apertou enquanto pensava em como ele poderia ter perdido Sorcha. Tentando recuperar o tom de brincadeira, ele disse: ─E eu

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estou esperando que minha nova esposa vá cumprir alguns dos meus desejos mais profundos esta noite. Ilysa lhe deu um leve sorriso e tocou em seu braço. ─Abra seu coração para Glynis. ─E por que eu deveria seguir o conselho da irmã caçula de Duncan? ─ Alex perguntou. ─Porque, enquanto alguns dizem que você tem uma mulher melhor do que merece─ Ilysa disse: ─Eu acredito que você pode ser um homem tão bom quanto você quiser ser, Alexander Bàn MacDonald. *** Sorcha inclinou-se contra o pai e acenou um adeus para o Castelo Dunscaith quando eles navegaram para longe. Ela já sentia saudade das pequenas meninas de cabelos vermelhos. Embora elas fizessem sons muito engraçados, diziam apenas uma palavra. Sorcha não se importava que gritassem repetidamente Da! Da! Se isso as deixava felizes. Mas ela estava desapontada, não conseguira ver a rainha guerreira sobre quem seu pai lhe falara. A menos que sua nova mãe fosse a rainha guerreira. Glynis vestia-se como as outras mulheres, mas Sorcha poderia imaginá-la lutando com uma grande espada. Ela se sentia segura com Glynis.

CAPÍTULO 38 Glynis pretendia ficar com raiva de Alex por um tempo muito longo. 225


Claro que seu marido ter dormido na sua noite de núpcias foi uma grande melhoria em relação à noite de núpcias do primeiro casamento. Ah, Magnus era um porco, nojento e egoísta dentro e fora da cama. Glynis sentiu-se amolecer em relação a Alex quando ela o viu no leme, com Sorcha no seu colo, apontando marcos na costa e nas ilhas pequenas por onde passavam. Alex tinha uma natureza fácil e generosa. Quando sua curiosidade venceu sua teimosia, ela avançou ao longo da amurada até estar perto o suficiente para ouvir o que Alex estava dizendo. ─Ali é onde mora sua avó,─ Alex disse, apontando para uma casa de dois andares em uma ilha à sua direita. Em seguida, ele apontou para uma casa fortificada maior e mais velha a uma curta distância da costa à sua esquerda. ─E essa é do seu avô, que é onde vamos ficar. Sorcha puxou seu braço e levantou dois dedos. ─Por que eles têm duas casas?─ Alex parou por um longo momento antes de responder. ─Eles precisavam de espaço para todos os seus amigos. Glynis deveria ter tomado isso como um aviso. Os pais de Alex tinham saído mais cedo de Dunscaith e ambos estavam esperando por eles no salão. Enquanto as servas entravam e saíam com bebidas e pratos de comida, cumprimentavam Alex de forma excessivamente amigável. Nenhuma delas era velha ou pouco atraente. Esta casa era muito parecida com Clanranald. O que deixou Glynis fisicamente doente por estar aqui. Apesar das piadas e comentários risonhos de Alex não serem tão óbvios como os beliscões e abraços de Magnus, seu relacionamento com várias das mulheres ficou claro. Glynis foi perdendo rapidamente o seu apreço pela natureza generosa seu novo marido. ─Olá, Anna, ─ Alex chamou uma ruiva rechonchuda, que piscou para ele. ─Você está muito bem, Brigid─ disse ele à beleza de cabelos escuros que fez questão de roçar em seu ombro quando lhe trouxe um copo de cerveja.

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O suor porejou nas palmas das mãos de Glynis quando ela lutou com outra onda de náusea. Ela fixou o olhar na parede oposta e se apoiou na mesa quando ficou de pé. ─Eu gostaria de me instalar em meu quarto, se alguém me mostrar onde fica. *** ─Aqui estamos─ disse Alex, quando abriu a porta para Glynis e Sorcha. Parecia estranho estar em seu antigo quarto, e mais estranho ainda instalar a sua nova família no mesmo. A partir do momento que ele teve idade suficiente para navegar por conta própria, ele tinha passado tão pouco tempo aqui quanto possível. Ele estava sempre fora se aventurando ou dependendo do ponto de vista, se metendo em encrencas com Connor, Ian, e Duncan. Ele tornou-se um convidado regular em Dunscaith e na casa de Ian. Sorcha foi até a janela olhar para fora, e Glynis olhou em todos os lugares, menos para ele. Alex olhou para a pequena cama. Seus pés ficariam para fora, mas Glynis não poderia evitá-lo em uma cama desse tamanho. Ele estava desesperado para passar algum tempo sozinho com ela, tanto dentro como fora da cama. Ele iria pedir a sua mãe para levar Sorcha para dormir com ela. Ele ficou satisfeito quando sua mãe apareceu na porta. ─Precisam de mais alguma coisa?─ Perguntou ela. Embora sua mãe tenha partido anos atrás, ela sempre assumia o papel de anfitriã no momento em que pisava na casa de seu pai. Antes que Alex pudesse falar com ela sobre os arranjos noturnos, a mãe seguiu em frente com o que ela tinha vindo dizer-lhes. ─Os membros do clã neste lado de Skye não receberam convites para ir para a festa de casamento em Dunscaith. ─ Ela apertou as mãos e sorriu para eles. ─Então, eu convidei todos para vir aqui esta noite para a outra festa de casamento! 227


Alex ficou furioso com a mãe. A última coisa que ele precisava hoje era uma segunda festa de casamento. ─É muita gentileza sua─ Glynis disse, mas ela ficara pálida como a morte. ─Eu estou um pouquinho cansada de toda a emoção... ... De ontem à noite. Então, se você não se importa de levar Sorcha, eu gostaria de descansar um pouco. ─Eu gostaria de me deitar também─ disse Alex, sentindo-se esperançoso. ─Tenho certeza que você pode encontrar uma cama em algum lugar─ Glynis disse, dando-lhe um olhar que azedaria o leite. ─Que diabos fez, Mãe?─ Alex perguntou, quando eles desceram as escadas. ─Devia ter me perguntou antes de convidar a todos. ─Eu queria fazer sua esposa e filha se sentirem bem-vindas─ disse a mãe, sorrindo para Sorcha. Alex não foi apaziguado pelas boas intenções de sua mãe. Seus pais sempre faziam exatamente como eles queriam, sem pensar em ninguém. O convite já fora feito, assim esta noite seria passa entretendo cada homem, mulher e criança no raio de uma viagem de meio dia da casa de seu pai. Um pouco mais tarde, ele estava sentado na sala contemplando o seu futuro sombrio com um copo de cerveja quando as vozes de seus pais penetraram seus pensamentos. Quando ele se voltou, viu sua filha esmagando sua boneca antiga enquanto olhava para trás e para frente entre seus pais. ─Eu não ligo para o que você diz,─ sua mãe disse, inclinando-se para frente com as mãos nos quadris. ─Estou levando Sorcha para casa comigo esta noite. ─Você não vai levar a minha neta desta casa─ gritou o pai. Seus pais estavam muito absortos em sua discussão para perceber que Sorcha os observava com os olhos arregalados. Alex se aproximou e pegou sua filha. Quando ela se inclinou contra ele com o dedo na boca, afastou seus cabelos para trás e beijou sua testa.

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─Eu não vou permitir isso─ ele disse aos seus pais, que fizeram uma pausa longa o suficiente para olhar para ele. ─ Vocês vão se comportar na presença da minha filha, ou vocês não vão mais vê-la. Seus pais falaram ao mesmo tempo. ─Mas ela é minha única neta. ─Você não tem o direito! ─Eu tenho o direito─ disse Alex, que fixava seu olhar em cada um de seus pais, por sua vez. ─E eu não vou permitir que briguem por ela como fizeram comigo. Alex nunca havia expressado seus sentimentos sobre suas brigas antes, e ambos estavam chocados demais para falar. Ele supunha que isso acontecia frequentemente com as famílias. As verdades óbvias nunca eram ditas em voz alta, como se isso de alguma maneira as tornassem menos verdadeiras. ─Eu não vou dizer-lhes de novo─ disse ele. ─Se vocês não podem ser civilizados um com o outro na frente da minha filha, vamos sair e não voltaremos. *** As coisas estavam indo de mal a pior. Ah, por que Mary tem que vir para a festa? Alex sentiu inferior a sujeira quando cumprimentou o marido dela. Agora que ele próprio era um marido, via toda a situação bastante diferente. O marido de Mary era um bundão, mas isso não desculpava Alex por levar sua mulher para a cama. Alex mataria qualquer homem que fizesse o mesmo com ele. O simples pensamento das mãos de outro homem em Glynis o fazia pensar em assassinato. Durante todo o jantar Mary tentou chamar a atenção de Alex. Alex firmemente a ignorou e tentou o seu melhor para conversar com Glynis. ─Eu sinto muito por todos os convidados hoje à noite─ disse ele, inclinando-se perto do ouvido de Glynis.

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─Por que está pedindo desculpa?─ Disse ela, as costas tão duras como uma tábua. ─É de mim ou da sua filha que se vergonha de apresentar a eles? Alex apertou sua mandíbula para evitar gritar com ela. ─Sabe muito bem que eu não estou envergonhado de nenhuma de vocês duas ─ disse ele, quando conseguia falar em voz baixa. ─ Não pode achar um meio termo e tentar ser agradável? ─Se você queria uma mulher agradável, devia ter escolhido outra pessoa─ disse ela num sussurro feroz. ─Eu avisei-lhe desde o início sobre o meu temperamento azedo. Com isso, Glynis virou-lhe as costas para falar com sua mãe, que estava sentada ao seu outro lado. Ah! Sua cabeça já estava martelando, quando Mary se levantou e lhe deu uma piscadela por cima do ombro quando deixou o salão. Porra, pelo menos, ele poderia colocar um ponto final nisso. Ele esperou no vestíbulo até Mary voltar do reservado. Quando ela entrou e o viu, abriu um largo sorriso. ─Alex. ─Silêncio!─ Ele agarrou Mary pelo pulso e arrastou-a para fora para o pátio escuro. Assim que ele virou o canto da casa onde eles não podiam ser vistos da porta, ele a puxou para encará-lo. ─Então, você sentiu minha falta─ disse ela e começou a correr a palma da mão pelo seu peito. ─Que diabos está fazendo, Mary?─ Disse ele, empurrando a mão dela. ─Eu trouxe vocês aqui para dizer-lhe para parar esta loucura antes que minha esposa perceba. ─Francamente, sua noiva não parece se importar a ponto de fazer alguma coisa. ─Ela faria─ disse Alex, que estava começando a duvidar de si mesmo. ─Ela só não é tão óbvia em suas atenções, como algumas pessoas. Mary deu uma risada. ─De fato. ─Eu quero que vá para casa agora e não volte─ disse ele, mantendo a voz baixa. 230


─Onde é que vocês quer encontrar, então?─ Perguntou ela. ─Mantenha sua voz baixa─ ele sussurrou. ─Você não está me entendendo. Eu sou um homem casado agora, e eu não tenho nenhuma intenção de começar um caso com você ou qualquer outra pessoa. ─Vocês sabe o que dizem sobre as boas intenções─ disse Mary com um sorriso em sua voz. ─Eu quero dizer, Mary─ disse Alex. ─Eu não quero criar problemas para você, mas farei isto se for preciso. ─Eu gosto de problemas. ─ Ela riu e inclinou-se contra ele. ─Eu estou avisando você ─ disse ele, empurrando-a para longe dele pelos ombros. ─Pegue o seu marido e vá para casa. Alex a deixou em pé sozinha no escuro e subiu os degraus da casa. Deus no Céu, o que ele tinha visto naquela mulher? *** Glynis tinha certeza que todos no salão estavam rindo dela por trás de suas mãos. Durante toda a noite, a mulher chamada Mary estivera olhando e piscando para Alex. O marido de Mary devia ser meio cego, mas não havia nada de errado com a visão de Glynis. Quando Alex e Mary desapareceram, Glynis deveria ter tido mais orgulho para não segui-los, mas ela simplesmente não podia ficar parada. Ela tinha que ter a certeza de que Alex realmente tinha ido encontrar uma amante na segunda noite do seu casamento. Quando ela saiu para o vestíbulo e não viu nenhum deles, seu peito ficou muito apertado. Embora Glynis temesse que Alex tivesse saído com a mulher, ela queria provar que estava errada. Ainda assim, ela disse a si mesma, não deve julgá-lo sem realmente vê-lo com a mulher miserável. Havia apenas dois lugares onde se poderia ir a partir do vestíbulo, sair ou subir as escadas para os quartos. Glynis não poderia enfrentar encontrá-los em um quarto, então ela saiu pela porta da frente, tomando cuidado para não fazer barulho. Quando

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a porta se fechou atrás dela, ela ouviu um murmúrio de vozes. Ela seguiu o som descendo as escadas para o canto da casa. Seu coração se afundou quando ela reconheceu o tom baixo da voz de Alex. Embora ele estivesse falando muito baixo para ela entender as suas palavras, Glynis não teve problemas para ouvir a mulher. ─Onde é que você quer me encontrar, então?─ Mary perguntou. Não, isso não poderia estar acontecendo. Glynis apertou os olhos e respirou de boca aberta, tentando recuperar o controle. De alguma forma, ela devia voltar para dentro sem parecer como se tivesse suas entranhas abertas e arrancadas do corpo como um peixe capturado. ─Eu gosto de problemas─ foi à última coisa que Glynis ouviu. As palavras soavam em seus ouvidos enquanto ela tropeçava cegamente para a porta. Agora ela sabia qual o “tipo preferido” de mulher de Alex, era o tipo suave e fácil, que incitava a luxúria de um homem. Mulheres que gostavam de problemas.

CAPÍTULO 39 Alex voltou para a sala para encontrar assento de sua esposa vazio. ─Onde está Glynis?─ Ele perguntou à sua mãe. ─Ela disse que Sorcha parecia cansada e levou-a para cima─ disse sua mãe. ─Eu lhe disse que ficaria feliz em levar Sorcha comigo, mas Glynis não quis ouvir. Porra. Porra. Porra. 232


─Não pode sair também quando temos todos esses convidados─ sua mãe sussurrou. ─Você os convidou mãe, por isso você pode entretê-los. Alex saiu sem olhar para trás e subiu as escadas dois degraus de cada vez. Ele esperava encontrar Glynis acomodando Sorcha na cama ou contando-lhe uma história, mas o quarto estava escuro. ─Glynis, eu sei que você não pode estar dormindo ainda─ disse Alex. A voz de Glynis saiu da escuridão. ─Shhh. Você vai acordar Sorcha. ─Então saia e fale comigo. ─Não tenho nada a dizer a você─ Glynis disse. ─Sorcha está na cama comigo, então você pode se acomodar no chão. ─Peço desculpas por ontem à noite─ disse ele em voz baixa. ─Eu queria fazer amor com você esta noite. ─Comigo e com quem mais? ─Eu não mereço isso─ disse ele. ─Eu nem sequer tive tempo de fazer nada que eu não deveria, mesmo se eu estivesse inclinado, que eu não estou. ─Eu não acredito em você─ disse Glynis. ─E eu não quero falar sobre isso hoje à noite. Ele tentou fazer Glynis ter bom senso, mas era como esvaziar mar com uma cesta. Eventualmente, ele cansou de falar para si mesmo na escuridão, então ele se deitou no chão frio e enrolou o kilt em torno de si. Ele ficou tentado a dizer-lhe que havia outras camas nesta casa das quais ele não seria expulso. Mas pensou nas brigas de seus pais e mordeu a língua. Claramente, ele não teria seus mais profundos desejos realizados hoje. Depois de rolar e virar no chão duro durante toda a noite, ele acordou abruptamente para um quarto cheio de luz e se sentou. A cama ao lado dele estava vazia.

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Assim, na segunda manhã de seu casamento, Alex foi procurar sua esposa. Quando ele estava atravessando a sala, sua mãe enfiou a cabeça por trás do biombo. ─Chame seu pai─ disse ela. ─Preciso falar com os dois a sós. Estar preso sozinho com sua mãe e seu pai era a última coisa que ele precisava no momento. ─Mais tarde, mãe. Viu Glynis? ─É sobre ela que temos de falar─ disse ela. ─Isso é importante, Alex, de modo que chame o seu pai. Agora. Seu pai estava em seu quarto, sozinho, pela primeira vez. Pouco tempo depois, os três estavam sentados à pequena mesa que estava por trás do biombo na sala. Alex preferia ser fervido em óleo a sentar com os dois em um espaço pequeno, mas ali estava ele. Seu pai se recostou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito. No tom grosseiro que reservava para a mãe de Alex, ele disse: ─O que é isso, Morag? Sua mãe abriu a boca para gritar com ele, mas com um esforço ela se conteve. ─Fergus, deve remover desta casa todas as mulheres que nosso filho levou para cama em um momento ou outro. ─ Sua mãe fez esta declaração surpreendente em uma voz calma e razoável, como se ela estivesse dizendo que eles estavam sem sal ou precisavam de outro barril de vinho. Alex e seu pai trocaram olhares, mas ambos estavam muito assustados para dizer uma palavra. ─Será que são tão bobos que não podem ver o que está acontecendo? Perguntou ela. ─Eu não tenho nenhuma ideia do que está falando, mãe. ─Não é nenhuma surpresa que seu pai seja totalmente desprovido de consideração por uma jovem noiva, ─ disse sua mãe. ─Mas, Alex, não pode ver como magoa Glynis ter essas mulheres a sua volta? ─O que é que você pensa que eu fiz?─ Alex sentiu ofendido, o que era uma sensação muito nova para ele. ─Eu não toquei uma mulher desde que me casei. Inferno, ele ainda não tinha tocado a sua esposa. 234


─Estou aliviado de ouvir isso─ disse a mãe, levando a mão ao peito. ─Então não é tarde demais para consertar as coisas com Glynis e convencêla a ficar com você. Alex sentiu como se o chão estivesse se movendo. Ele sabia que Glynis estava chateada, mas ela já estava planejando deixá-lo? ─O que quer dizer, Morag?─ O pai perguntou. ─Que você é um tolo, se não acha que essas mulheres têm encontrado maneiras de fazer Glynis saber que já estiveram na cama de Alex e esperam estar novamente─ disse ela, e Alex tinha a impressão de que ela estava falando sobre si mesma como uma jovem esposa, tanto quanto ela estava falando sobre Glynis. ─Você não ajuda em nada, Alex, por ser um paquerador ainda pior do que seu pai. ─Eu brinco com elas─ disse ele, erguendo as mãos. ─Não significa nada. ─E como é Glynis deveria saber isso?─ Sua mãe perguntou. ─Eu lhe dei a minha promessa. ─Assim como todo marido mulherengo nas Highlands fez antes de você─ disse ela, ─incluindo seu primeiro marido e seu pai. ─Não vou mudar a minha casa para agradá-la... ─Você vai fazer isso, pai─ disse Alex, cortando seu pai. Em seguida, ele os deixou para encontrar sua esposa. *** Alex encontrou Glynis andando sozinha na praia. Ela estava descalça, sua garota da ilha. Ao vê-la assim, ele sentiu um profundo desejo por ela que não tinha nada a ver com salvar o seu orgulho ou que necessitasse de uma mãe para sua filha. Alex queria esta mulher ao seu lado, e vê-la olhar para ele com um sorriso nos olhos. Quando Glynis o viu, ela parou e esperou por ele, com o vento soprando seus cabelos e saias. Ela parecia tão bonita, mas seus olhos estavam tristes. ─Senta-se comigo?─ Perguntou ele.

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Ela deu-lhe um aceno de cabeça e o deixou pegar a mão dela. Ele a levou até a praia para se sentar na grama onde estava seco. Ainda segurando a mão dela, contou-lhe sobre sua conversa com o pai e a mãe. ─Eu vou tentar explicar isso para você e ser sincero─ disse ele, esfregando o polegar sobre a palma da mão ─ embora você não vá gostar do que vou dizer. ─Eu quero a verdade─ disse ela. ─Tudo bem─ disse ele. ─Desde que eu era um rapazinho, meu pai me disse que homens como nós precisávamos de mulheres como nós precisamos do mar e que uma mulher nunca seria suficiente para nós. Então, sempre houve mulheres na casa de meu pai. Mulheres dispostas, se entende o estou dizendo. Ele olhou para Glynis. Ela estava olhando para o mar, mas ela estava ouvindo. ─Isso era apenas como ele era─ disse ele. ─Eu pensei que o que eu fiz antes de casar não importasse. Mas eu não percebi como pareceria a vocês, estando aqui. Glynis ficou pensativa por um longo momento. Finalmente, ela se virou para ele e disse: ─Será que você iria querer partilhar uma casa com homens que eu tinha levado para a cama? ─Tive a impressão de que houve apenas um homem antes de mim. ─ E se dependesse de Alex, o homem seria amarrado com correntes no fundo do mar. Falando com muito cuidado, ele perguntou: ─Foram muitos? Esta, de todas as coisas, trouxe um sorriso ao seu rosto. Ela tocou o braço dele, e ele se surpreendeu com a forma que o pequeno gesto pode acalmá-lo. Ela o tinha na palma da sua mão. Deus o ajude se ela já sabia disso. ─Houve apenas um─ ela disse. ─E ele não valia nada. Alex teve o bom senso para não dizer a Glynis quanto isto o agradava, mas ele ergueu a mão e apertou-a contra seus lábios. ─Vamos partir amanhã para North Uist, e nós vamos fazer para nós um tipo diferente de casa lá. 236


─Por certo─ Glynis disse, e deu uma risada curta. ─Eu disse ao meu pai que ele deve mudar a sua criadagem se ele quer que a gente ainda volte aqui. ─Ele vai fazer isso?─ Perguntou ela. ─Suspeito que minha mãe vai fazer isso por ele.─ Alex quase podia ouvi-la: Eu vou ficar apenas até as prostitutas de Fergus serem substituídas por mulheres decentes do clã, de preferência sem dentes e os idosas. ─Ela está querendo fazer isso há anos. – brincou Alex. ─Eu não quero que as mulheres sejam expulsas sem ter para onde ir─ disse Glynis. Alex segurou seu rosto com a mão. Ela era uma boa mulher, como Ilysa disse, melhor do que ele merecia. ─Vou pedir à minha mãe para enviá-las para suas famílias ou encontrar maridos para elas. ─ Se Alex tinha que descobrir como lidar com uma mulher, todo homem deveria também. ─E sobre aquela mulher, Mary?─ Glynis perguntou em voz baixa. ─Eu dormi na cama dela algumas vezes, mas terminei antes de ir para a reunião com Shaggy Maclean─ disse ele. ─Eu não tenho orgulho do que fiz, pois ela era casada na época, mas eu não quebrei nenhuma promessa. ─Ouvi você com ela lá fora─ Glynis disse, sua voz ainda muito baixa. ─Eu estava pedindo a ela para ir embora. ─ Ele pegou a mão dela e beijou-a novamente. ─Glynis, você é a única que eu quero. Está determinada a me fazer sofrer mais, ou quer vir para a cama comigo agora? Glynis olhou para ele com seus claros olhos cinzentos. ─Eu quero. Finalmente, ele estava levando sua mulher para cama, um lugar onde ele sabia que era seu terreno.

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CAPÍTULO 40 ─O que você está fazendo? ─Glynis gritou quando Alex levantou nos braços e começou a carregá-la até a casa. ─Eu estou deixando todo mundo saber que eu estou morrendo de vontade de violentar minha mulher─ Alex disse, sorrindo para ela. Glynis se sentiu envergonhada e contente ao mesmo tempo por sua intenção de proclamar para toda a família que ela era a mulher que ele tinha escolhido, a mulher que ele queria. Os convidados que ficaram durante a noite comemoraram quando Alex levou-a ao redor do salão, felizes, sem dúvida, porque eles teriam uma bela história para contar. Quando Alex levou-a para as escadas em meio aos gritos, Glynis teve um vislumbre de Sorcha sentada entre seus pais. Os três estavam batendo palmas, e os pais de Alex pareciam felizes. ─Você pode me colocar no chão agora─ disse ela quando chegaram à porta do quarto. ─Claro que não─ disse ele. ─Não vou arriscar a má sorte que se esconde nas portas pela terceira vez. 238


Ela revirou os olhos, mas não pôde deixar de rir quando ele chutou a porta e entrou. Assim que a colocou no chão, ele fechou a porta e apertou-a contra si. O riso morreu em sua garganta quando ela viu o desejo em seus olhos. ─Ah, eu estava desejando tanto você ─ disse ele, segurando seu rosto entre as mãos. Seus olhos se fecharam enquanto sua boca encontrou a dela. Por um longo, longo tempo, ele apenas a beijou, não como uma etapa para outra coisa, mas como se quisesse fazê-lo para sempre. Seus dedos deslizaram em seus cabelos e apoiou a cabeça, enquanto as línguas moviam-se uma contra a outra em beijos profundos. Glynis se sentiu à deriva e sem fôlego, enquanto beijava seu rosto, as pálpebras, o cabelo dela. ─Cronaím thú─ disse ele. Eu senti sua falta. Suas mãos deslizaram para baixo dos ombros e braços. Então eles caíram em beijos profundos novamente, ele segurou-a em um firme aperto com as mãos espalmadas sobre as costelas e nas costas. Seus seios clamavam por seu toque. O desejo a inundou. Ela estendeu a mão entre eles e a mão sobre o comprimento do seu eixo ereto, extraindo um gemido profundo dele, e um suspiro dela sua própria. ─O shluagh─ disse ele, convocando as fadas da misericórdia. A boca de Alex estava faminta, febril, devorando a dela quando ele roçou os quadris contra ela, prendendo-a à parede. Seus dedos escavaram seus quadris, e ainda não podiam chegar perto o suficiente. Quando ele levantou-a, ela colocou suas pernas em volta da cintura. Passou as mãos sob o vestido ao longo da pele nua de suas coxas, até que tocou sua parte inferior. Através de suas roupas que ela sentiu sua ereção contra o ponto sensível entre as pernas. Ela se agarrou a ele, puxando-o para mais perto, mas havia muito tecido entre eles. Tinham sido dias e dias desde que ele esteve dentro dela. Ela queria fundir-se com seu calor, ir para as 239


profundezas escuras da paixão com ele. Ela balançou contra ele, implorando. Por favor, por favor, por favor. A tensão entre eles irradiou quando ele puxou seu lábio inferior com os dentes da violência mal controlada. Mas ela queria sentir toda a força de seu desejo por ela, livre de amarras , liberta de qualquer restrição e cautela. Ele tinha uma mão em seu sei, massageando e amassando, enquanto segurava suas nádegas com a outra. Sua língua e a respiração eram quentes no ouvido dela. ─Você está usando muitas roupas. Quero senti-la. Ela ouviu os botões saltarem enquanto ele puxava o corpete para baixo. ─Sim, ─ ela respirou quando a palma da mão áspera em concha tocou seu peito nu. Sua cabeça caiu para trás contra a porta. Ela estava perdida numa névoa de desejo quando ele apertou seu mamilo e arrastou a língua e os lábios ao longo do lado de sua garganta. ─Eu preciso de você agora─ disse ele, ofegante contra sua orelha. ─Oh, por favor, Glynis, agora. Sim. Agora. Ela puxou sua camisa, mas eles estavam abraçados com muita força. Sua boca cobriu a dela novamente enquanto ele movia seus quadris para longe o tempo suficiente para empurrar sua camisa para cima. ─Oh!─ Ela sentiu a ponta do seu eixo contra ela. Quando ele parou, apertando os olhos fechados, ela enterrou os dedos em seus ombros. ─Agora, Alex. Agora. Ele fez um som estrangulado, e em um golpe profundo, ele estava dentro dela. Ela enrolou as pernas mais apertadas em torno de seus quadris. Ela mordeu-lhe o ombro, o controle de Alex se partiu, e ele bateu contra ela, novamente e novamente. As costas dela batiam contra a porta, e ela não se importava. ─Mais forte, mais forte─ gritou ela, enquanto seus corpos se moviam juntos. Ela ouviu-se gritar quando ele subiu contra ela, e um arrebatamento devastador sacudiu-a.

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Alex caiu contra ela, seu corpo quente, sua respiração dura contra sua orelha. Ela estremeceu quando ele passou as mãos ao longo de sua coxa e sobre seu quadril. ─Segure-se em mim─ disse ele, e então ele levou-a para a cama. Com uma mão, ele puxou as cobertas para trás e, em seguida, caiu de lado com ela do outro lado da cama. ─Pelos santos, você quase me matou─ disse ele. ─Mas foi como tocar o céu. Ele envolveu-a nos braços e atirou sua perna sobre ela também. Ela caiu em sono profundo rodeada em seu calor. Glynis não sabia há quanto tempo estava dormindo quando foi despertado por uma brisa leve seu rosto. Ela abriu os olhos para encontrar Alex soprando sobre ela. ─Por que está fazendo isso?─ Ela perguntou com um sorriso lento. ─Eu acordei e queria a sua atenção─ disse ele. ─Não se importa? ─Não. ─Veja, eu estive aqui deitado pensando em maneiras de desculparme por ser inútil a noite do nosso casamento. ─ Ele tinha um brilho diabólico nos olhos que fez o quarto, de repente parece quente. ─Eu provavelmente já sei algumas coisas que ainda não tentei. Seria fácil deixá-lo distraí-la, mas Glynis tinha uma pergunta séria. ─Por que ficou tão embriagado naquela noite?─ Perguntou ela. ─Eu não via Connor, Duncan e Ian há um longo tempo e... ─Eu acho que era outra coisa─ disse ela. Alex desviou o olhar e não falou por um tempo. Finalmente, ele disse: ─Você sabe que eu nunca quis casar, vocês já conheceu meus pais, então, agora, sabe o porquê. Seu estômago apertou, mas ela fez uma pergunta para qual ela já deveria estar preparada para ouvir a resposta. ─Quando eles chegaram a Dunscaith, trouxeram todas as lembranças, as brigas e combates, a miséria sem fim entre eles. ─ Ele voltou a olhar para ela e tocou seu rosto com as costas de seus dedos. ─Isso me preocupou um pouco, mas não durou muito. 241


─Estou contente por me dizer a verdade─ disse ela. ─Eu quero que prometa que nunca vai mentir para mim. ─Eu não vou mentir para você─ disse Alex. ─E agora eu vou dizerlhe que eu quero. ─O que é?─ Perguntou ela. ─Estou feliz por lutar contra os inimigos do meu clã, eu gosto disso, mas eu não quero brigar com você. ─Podemos argumentar de vez em quando─ disse ela. Ele encolheu os ombros. ─Eu quero que as coisas sejam pacíficas entre nós. Glynis de repente se sentiu desconfortável com seu vestido enrolado em torno dela. Ela se sentou na beira da cama e tentou destorcê-lo. ─Eu espero poder encontrar uma agulha e linha para que eu possa costurar o meu vestido eu mesma. Se eu tiver que pedir a um dos servos para fazê-lo, eles vão falar sobre nós por semanas. ─Vamos tirar o seu vestido do caminho─ disse ele, arrastando o dedo sobre o ombro nu. Um leve toque, e ela se derretia. O que esse homem fez com ela. Ele sentou-se e desprendeu o resto dos botões nas costas e depois pressionou beijos macios e quentes até a base de sua espinha. Então ele empurrou o vestido para baixo e mordiscou seu traseiro, enviando pequenos choques de excitação que ecoavam em um aperto de seu ventre. ─Levante-se, para que possamos tirar isso de você─ disse ele. Quando ela se levantou, ele a ajudou a sair do vestido. Então, com as mãos nos seus quadris, ele a puxou de volta para se sentar entre as suas pernas. Ele jogou-lhe o cabelo para um lado e beijou seu pescoço, enquanto uma mão acariciava seu sei e a outra subia pelo interior de sua coxa. ─Quando você disse que queria companhia─ disse ela, ─Eu pensei que queria dizer-vos queria alguém para conversar. ─Eu quero─ disse ele. ─Eu quero que você me diga como quer que eu a toque.

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─Isso é bom─ ela conseguiu dizer, quando ele começou a acaricia-la em círculos entre as pernas. Ela deixou a cabeça cair para trás em seu ombro. ─Você é tão bonita─ disse ele num sussurro rouco, enquanto seus dedos realizavam sua mágica. ─Quero ouvir seus gritos quando você gozar. Ela agarrou sua perna quando as sensações ficaram mais fortes. Seu membro estava duro dedo contra suas nádegas, mas ele parecia decidido a dar-lhe prazer. Quando a respiração dela ficou ofegante, ele sugou seu ombro e enfiou um dedo dentro dela. Todo o tempo, ele estava rolando o mamilo entre o polegar e o indicador. Ela arqueou as costas enquanto a tensão crescia dentro dela até ela achar que poderia se partir ao meio. Mas Alex estava no controle, o amante habilidoso que sabia como agradar uma mulher, qualquer mulher. ─Pare─ disse ela, puxando a mão dele. ─O que há de errado?─ Perguntou ele. Ela virou-se e empurrou-o de volta na cama. ─Eu quero senti-lo dentro de mim, sem nada entre nós─ disse ela, se inclinando sobre ele. ─Eu quero tocá-lo de uma maneira que nenhuma outra mulher tocou. Eu quero tocar seu coração. ─Glynis, eu não posso... ─Não estou dizendo que você tem que me amar de imediato─ disse ela. ─Mas eu não posso fazer as coisas pela metade, Alex. Eu não sou esse tipo de pessoa. ─Ah, Glynis, não. ─Eu amo você, Alexander Bàn MacDonald─ disse ela. ─Eu não vou dizer de novo porque eu sei que é desconfortável para você ouvir isto. Mas você precisa saber que guarda meu coração em suas mãos. Ela montou nele e deslizou lentamente sobre seu eixo. ─Jesus, Glynis─ disse ele. ─Isso significa que você pode me machucar muito─ disse ela. ─E se o fizer, eu não serei capaz de perdoá-lo. Nunca mais. ─Eu não vou machucar você─ disse ele como se fosse uma prece, quando começaram a se mover juntos lentamente. ─Eu não vou. 243


CAPÍTULO 41 North Uist Dois meses mais tarde Alex estava na amurada do Castelo Dunfaileag com Tormond, o velho guerreiro rabugento que havia se tornado seu braço direito na supervisão da reconstrução das defesas do castelo. ─Terminaremos de tapar este último buraco na parede hoje─ disse Tormond, examinando o trabalho. ─É uma vergonha este velho castelo não ter sido construído em uma ilha ao largo da costa ─ disse Alex, não pela primeira vez. Ao contrário de muitos castelos nas ilhas ocidentais, incluindo Dunscaith e a fortaleza MacNeil, Dunfaileag postava-se em uma colina rochosa acima da costa, onde ele era acessível por terra. ─Teríamos problemas para suportar um ataque em massa de outro clã. ─Não há muito risco de isso acontecer aqui, não é?─ Tormond disse. ─Agora que está consertada, Dunfaileag vai resistir bem contra invasores. Os piratas contavam com o sigilo e velocidade, geralmente atacando com um pequeno grupo de homens. Logo que Alex chegou, ele teve atritos 244


regulares com invasores. Eles se aventuraram a ir ao seu lado da ilha cada vez menos agora. Mas ele ainda não tinha visto navio de Hugh, e se perguntou por quê. Alex sorriu quando se virou e viu sua esposa e filha na praia abaixo do castelo. Ele se lembrou da primeira vez que tinha visto Glynis sem seu disfarce na praia de Barra. Ele riu para si mesmo, lembrando as manchas de barro vermelho escorrendo pelo seu rosto. Que mulher determinada era a sua esposa! Atualmente Glynis estava determinada em transformar o Castelo Dunfaileag em uma casa bem administrada e que fosse confortável para todos os que viviam e trabalhavam dentro de suas paredes. Ela desabrochara ao estar no comando de uma grande casa. As semanas tinham voado. Alex nem sabia como chegara ao estado em que não podia mais imaginar sua vida sem ela. Ela tinha tomado conta dele lentamente, insinuando-se como uma névoa quente de verão permeando sua pele, seus sentidos, e sua própria alma, até que ele precisava dela como do ar para respirar. ─Assuma aqui─ disse Alex para Tormond. ─Eu vou dar um pequeno passeio com minha esposa e filha. Tormond assentiu. ─Você é um homem de sorte por ter essas duas. Mas a sorte era uma coisa frágil, que poderia se virar contra você em um momento. Alex sabia que um pecador como ele não merecia sua boa sorte, mas ele estava rezando para que melhorar seu comportamento servisse para alguma coisa. Ele desceu os degraus e depois seguiu a trilha para a praia. Quando Sorcha o viu correu para ele segurando uma concha. ─Veja só, você encontrou uma concha mágica. ─ Alex ergueu a concha examinando-a cuidadosamente. ─Esta veio todo o caminho da Irlanda nas costas de um golfinho.

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Sorcha riu e pegou-a de volta. Seu riso é mais e mais frequente agora, e às vezes ela parece estar prestes a falar. Em pouco tempo, ouviria a voz da filha, ele tinha certeza. Quando Sorcha saiu em busca de mais tesouros, Glynis o pegou pelo braço, e eles caminharam ao longo da costa. Ah, a vida era muito boa. ─ Reparou como Peiter, o jovem pescador que traz peixe até ao castelo, às vezes, para o que está fazendo quando a irmã de Seamus está por aqui? Seamus era o garoto de dez anos de idade, que seguia Alex por todo lugar como um cachorrinho. Por sugestão de Glynis, Alex tinha finalmente dado ao rapaz o trabalho de limpeza de suas armas. ─Irmã de Seamus─ questionou. ─Sim, é uma moça bonita com o cabelo dourado─ Glynis disse. ─O nome dela é Una. ─Hmm─. Embora Glynis tivesse começado a confiar nele, Alex tomou cuidado para não dizer ou fazer nada que pudesse mudar isso. Pela mesma razão, ele não achou necessário dizer a Glynis que todos os seus homens paravam de trabalhar para olhar a moça especial, quando ela chegou ao castelo. ─Peiter quer se casar com ela─ disse, olhando para ele com um brilho suave nos olhos. ─E como você sabe isso? ─Perguntei-lhe, é claro. Alex riu, perguntando como ela tinha arrancado esta confissão do jovem. Infelizmente, sua esposa parecia ver o estado apaixonado de Peiter como um problema que precisava de solução. ─Pode falar com seu pai em nome dele? Alex gemeu. ─É só você pedir, e eu vou lutar com cem homens para você. Mas... Casamenteiro. ─Você representa o seu chefe aqui em North Uist ─ Glynis disse em seu tom mais razoável. ─E um dos deveres de um chefe é aprovar os casamentos, e até mesmo incentivá-los às vezes. 246


─Connor não mencionou esse dever para mim. ─ Alex não se preocupou em apontar que ela não tinha apreciado quando seu próprio pai exerceu essa responsabilidade de chefe em particular. Glynis inclinou-se contra ele e sorriu para ele. ─Eu quero que eles sejam felizes como nós. ─Vou conversar com Peiter primeiro. E se ele disser que sim, eu vou falar com o pai. ─Alex suspirou e beijou seu nariz. ─Agora nós dois sabemos que não há nada que você não consiga de mim. *** Alex se manteve de olho em Peiter na próxima vez que a irmã de Seamus veio até o castelo. O coitado ficou com a boca aberta e não ouviu Alex até que ele disse seu nome duas vezes. ─Una é uma moça bonita─ Alex disse-lhe. ─Sim─ disse Peiter em um suspiro, seguindo-a por todo o pátio do castelo com os olhos. ─Já tentou falar com ela?─ Alex perguntou. ─Nós éramos bons amigos quando crianças─ disse Peiter. ─Mas ela não vai sequer olhar para mim agora. Alex viu como a jovem manteve o olhar fixo no chão e não cumprimentou nenhum dos homens, mas ela deve ter conhecido a maioria deles toda a sua vida. Mesmo tão tímida como ela era, ela vinha ao castelo, muitas vezes. Seamus era velho para sua irmã ir buscá-lo, mas o rapaz estava sempre contente de vê-la. Apesar de sua diferença de idade, os dois pareciam estranhamente próximos. ─É casamento que tem em mente, então?─ Alex perguntou a Peiter. ─Tudo que eu quero nesta vida é me casar com Una─ disse Peiter, o olhar fixo nas costas da moça enquanto ela saia pela porta do castelo com seu irmão. ─Eu pedi seu pai, mas ele se recusa a considerar-me, apesar de eu poder dar para ela mais do que ele. Alex tinha conhecido o pai de Una e Seamus e não gostara dele à primeira vista. Ele não ficou surpreso ao ouvir que o homem não era um bom provedor, pois, embora fosse um homem de compleição forte, ele 247


tinha uma reputação de ser preguiçoso e gostar muito do seu jarro de whisky. ─Será que seu pai fez um acordo com outro homem para se casar com ela?─ Alex perguntou. ─Não, ele é apenas um bastardo egoísta─ disse Peiter. ─Ele me disse que precisa manter Una casa para cuidar dele porque sua esposa está morta. Alex obrigou a si mesmo a dizer: ─Você quer que vá falar com ele? ─Eu ficaria eternamente grato─ Peiter disse, virando os olhos suplicantes para ele. ─Una é a única moça que eu sempre vou querer. Ah, o jovem estava em um mau caminho. *** ─Eu vi o pai de Seamus e Una, com outros pescadores na praia hoje e desci para falar com ele─ relatou Alex para Glynis algumas noites mais tarde, enquanto eles estavam deitados na cama. ─As coisas não correram bem. ─Você tem a autoridade do chefe, de modo poderia ordenar o casamento─ disse Glynis. ─Mas eu acho que não seria prudente, pelo menos não ainda. Alex ficou alegre por Glynis entender que forçar uma moça a casar contra a vontade do pai causaria uma boa dose de resmungos entre os homens. ─Vou arrumar o casamento na hora certa, desde que Una também queira, mas o meu primeiro dever é proteger os MacDonalds em North Uist─ disse Alex. ─Para liderar meu clã aqui, devo ganhar sua confiança. ─Eu o acompanharei há qualquer lugar─ Glynis disse, e beijou sua bochecha. ─A maioria dos homens já sabem que é um homem bom e um líder forte, e o restante saberá em breve. O peito de Alex inchou pelo seu elogio como se ele fosse um rapaz em vez de um guerreiro experiente. Enquanto Glynis tivesse fé nele, ele podia fazer qualquer coisa. *** 248


Uma semana depois, Alex estava praticando no pátio com os outros homens quando reparou que Seamus tinha um olho negro. O rapaz estava mantendo a cabeça virada, como se ele não quisesse que ninguém o visse. ─Isso é suficiente por hoje─ Alex gritou para os homens. ─Bom trabalho. Alex caminhou até onde Seamus estava encostado na parede do castelo. ─Você entrou em uma briga?─ Alex perguntou. A maioria dos rapazes tinha orgulho de ter algo para mostrar depois de uma briga, mas a cabeça de Seamus afundou ainda mais em seus ombros. ─Então, o que aconteceu com seu olho?─ Quando Seamus apertou os lábios e balançou a cabeça, Alex colocou a mão no ombro do rapaz. ─Eu vou fazer o que puder para ajudar, seja lá o que for. Seamus arriscou um olhar de soslaio para Alex. ─Em particular─ ele sussurrou. ─Ninguém pode saber. Prometa. ─Você tem a minha palavra─ disse Alex. ─Aqui, pegue o meu escudo, e nós falaremos sobre isso no arsenal. Quando eles estavam sozinhos no arsenal, Alex sentou ao lado do garoto em um banco baixo de madeira. Ele pretendia os machados e as outras armas penduradas na parede de pedra na frente dele enquanto esperava que Seamus falasse. ─É a minha irmã─ Seamus engasgou. Ah, problemas familiares, a pior espécie. ─O que há com Una? ─O meu pai, meu... Pai... ─ Seamus não conseguia articular as palavras, e vários pensamentos rodopiavam na cabeça de Alex, nenhum deles agradável. ─O seu pai a machucou?─ questionou. Seamus acenou com a cabeça sem olhar para cima. Alex forçou-se a manter a voz calma. ─Suponho que você está com o olho preto tentando protegê-la? Quando o rapaz acenou com a cabeça novamente, Alex cerrou os dentes contra a raiva cega que rugia através dele. O pai de Seamus trinta

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centímetros mais alto e tinha duas vezes o peso do rapaz. Alex queria matar o homem. ─Eu sei o que é estar com raiva de seu pai─ disse Alex, apesar de seu próprio pai só ter posto a mão sobre ele quando foi bem merecido, e depois de ter pensado muito. ─Como o seu pai machuca a sua irmã? Alex fingiu não ver as lágrimas que começaram a correr pelo rosto do rapaz e respirou fundo. Isto era ainda pior do que ele pensava. ─Você é um rapaz corajoso, mas você não tem tamanho ou idade suficiente para lidar com o problema sozinho─ disse Alex. ─Quando o nosso chefe me fez administrador do Castelo Dunfaileag, ele fez a segurança de todos os membros de nosso clã aqui em North Uist minha responsabilidade, o que inclui você e sua irmã. Deve dizer-me qual é o problema para que eu possa fazer o meu dever. ─Eu não sei exatamente─ disse Seamus, se mexendo. ─Mas ele fica bêbado e manda-me para fora da casa. Ele tranca a porta para que eu não possa voltar, mas eu posso ouvir a minha irmã gritando. O estômago de Alex revolveu. Oh, Deus, havia muita maldade neste mundo. ─Quando ele me deixa voltar, ─ Seamus disse, sua voz quase um sussurro, ─Una está chorando na cama. Papai diz a ela para manter a boca fechada, ou ele vai fazer de novo. O homem deve ir direto para o inferno, e Alex queria apressá-lo em sua jornada. ─Você fez bem em me dizer─ disse Alex, e os ombros do rapaz relaxaram, como se um peso tivesse sido tirado deles. ─Eu vou fazer uma visita ao seu pai. ─Ele foi pescar em águas profundas─ disse Seamus. ─Nós não o esperamos de volta por alguns dias. Que ele se afogue e me livre do problema. ─Vocês dois vão ficar no castelo até que eu possa resolver isso com seu pai─ disse Alex. ─Nós vamos buscar Una e suas coisas agora. ─Eu não sei se ela vai vir─ disse Seamus. ─Os homens a assustam. Melhor deixar-me falar com ela primeiro. 250


─Eu vou trazer a minha esposa─ disse Alex. ─Ela será capaz de persuadir Una. ─Mas você vos prometeu não dizer a ninguém!─ Os olhos de Seamus estavam em pânico. ─Você me deu sua palavra. ─Tudo bem, eu não vou dizer a minha esposa ainda─ Alex disse, estendendo a mão para acalmar o rapaz. ─Vá para casa e fale com Una, e eu vou pegar vocês depois do jantar. Esperar duas horas não devia fazer qualquer diferença.

CAPÍTULO 42 Eu preciso ver um problema com um dos inquilinos ─ Alex disse no final da ceia. Ele se levantou e beijou a testa de sua esposa. ─Não deve demorar muito, mas não espere. 251


O vento varreu a grama alta, ondulando-a como um mar de âmbar, enquanto Alex a cruzava na escuridão crescente. À sua frente, à luz fraca de velas brilhava através da janela da pequena cabana na beira do mar. A tristeza parecia envergar o seu telhado de colmo. Alex bateu na porta desgastada da casa. Quando sua batida foi recebida pelo silêncio, ele bateu novamente. ─Seamus, sou eu, abra. Silêncio novamente. Um mal-estar resolveu o intestino de Alex. Deulhes outro momento, e então ele abriu a porta. Alex era um guerreiro, e lutava desde que ele era quase tão jovem quanto Seamus. E, no entanto, ele ficou olhando por um longo momento para o caos na casa de um cômodo antes de entrar, perguntas inundaram sua mente quando seu olhar percorreu a louça quebrada espalhada pelo chão, a mesa e bancos virados, antes de olhar para o corpo. O pai de Seamus estava deitado de costas em uma poça de sangue com uma faca cravada no meio do peito. O cheiro de arenque queimado finalmente penetrou os pensamentos de Alex. Quando ele atravessou a pequena sala da lareira, passou a camisa em torno de sua mão, depois levantou a panela de seu gancho sobre o fogo e colocou-a sobre o chão de terra. A panela chiava enquanto ele apagava o fogo com um jarro de água que havia sobrevivido milagrosamente ao turbilhão. Alex afastou a fumaça de seu rosto e olhou em volta da casa novamente. Maria Mãe de Deus, onde estavam? Seu coração apertou-se quando viu um pé, ainda nu sob a cama. Quando ele caiu de joelhos no meio da louça quebrada, ele viu um emaranhado de braços e pernas debaixo da cama. Ele orou por um sinal de vida. ─É seguro sair─ disse ele, falando em voz baixa. ─Sou eu, Alex. Quando a cabeça e os ombros de Seamus saíram de debaixo da cama, alívio percorreu o corpo de Alex. Ele puxou Seamus e segurou-o no colo como se tivesse a idade de Sorcha. 252


Una rolou debaixo da cama com um atiçador de fogo na mão. A moça estava coberta de sangue. Quando ela viu Alex segurando seu irmão, ela piscou várias vezes e depois, lentamente, deixou cair o braço com o atiçador a seu lado. ─Eu fiz isso, não Seamus─ disse ela. ─Eu o matei. ─Você tiveram um bom motivo, moça─ disse Alex. ─Ninguém que souber o que seu pai fez com você vai culpá-la. ─ Se todo mundo iria acreditar era outra questão. ─Eu morreria de vergonha se alguém soubesse─ disse Una. ─Eu não quero que ninguém saiba o que ele fez. Nunca mais. Una começara a tremer, e Alex não teve coragem de fazer a moça sofrer mais. Ele respirou fundo quando se tornou claro que ele teria que fazer. ─Se você e seu irmão puderem fingir que nada disso aconteceu─ disse ele, ─então ninguém precisa saber que você matou seu pai ou por quê. Ambos concordaram. Guardar segredos sobre o que acontecia nesta casa não era novidade para eles. ─Vou levar seu corpo para o mar no barco dele─ disse Alex. ─Os pescadores se perdem no mar o tempo todo. Quando ele não voltar para casa em uma semana ou duas, as pessoas vão assumir que ele se afogou. Seamus e Una olharam para Alex como se ele fosse um enviado de Deus. ─Podem limpar aqui enquanto eu estiver fora? ─Sim, ─ disse a menina. ─Seamus, eu vou precisar de uma corda e uma pá─ disse Alex, Tirando as botas. ─Traga-os até o barco. Alex ergueu o corpo por cima do ombro e levou-o até o barco, que ele encontrou na praia, logo abaixo da cabana. O pai deles mantinha o barco em más condições de tal forma que nenhum dos pescadores ficaria surpreso quando lançado na terra com um buraco no meio. Um corpo com um ferimento a faca, no entanto, poderia ser um problema. Alex resmungou quando levantou uma pedra pesada para o barco. 253


Seamus saiu da escuridão e colocou a pá e uma corda no barco. ─Estarei de volta em poucas horas.─ Alex apertou os ombros do rapaz. Pareciam frágeis e ossudos sob suas mãos. ─Vai dar tudo certo. Após a descer a costa um pouco, Alex pôs o barco em linha reta para o mar por um quilômetro ou mais. Ele amarrou a pedra no o corpo e jogou ambos para o lado. Dane-se se ele diria uma oração para o homem. Depois de furar um buraco no barco com a pá, Alex mergulhou para o lado. Ele era um nadador forte, então a pior parte era o tempo frio. Ainda assim, parecia demorar uma eternidade para chegar a terra. Quando o fez, ele estava tão frio que estava tremendo. Ele estava descalço e molhado, mas se aqueceu enquanto fazia a longa caminhada de volta guiado pela luz das estrelas. Quando ele chegou a casa, o céu tinha os tons cinzentos da madrugada. Felizmente as crianças, embora Una tivesse dezessete anos, Alex não podia deixar de pensar nela como uma criança tinham um bom fogo aceso. Alex ficou diante dele para secar suas roupas enquanto pode. ─Vocês fizeram um bom trabalho de limpeza─ disse ele, calçando suas botas. ─Eu queimei a roupa que eu estava usando─ disse Una. ─Ótimo. Agora descanse um pouco. ─Ambos estavam muito pálidos e tinham olheiras sob seus olhos. ─Eu voltarei para ver se está tudo bem amanhã. Alex estava exausto na volta para o castelo, quando estava amanhecendo. Os guardas no portão eram homens que tinham vindo com ele de Skye. Ele suspeitou que eles poderiam pensar que ele estava na cama de alguma mulher, como antigamente, mas não poderia dizer-lhes que passou a noite se livrando de um corpo no mar e estava muito cansado para pensar na droga de uma explicação melhor. Ele os poria a par de tudo pela manhã. Louvado sejam os santos por Glynis não acordar com o barulho. De qualquer maneira, antes de abrir a porta do quarto Alex tirou suas botas e depois as colocou cuidadosamente no chão atrás da porta. Depois de 254


pendurar as roupas úmidas sobre um banquinho, Alex e enfiou debaixo das cobertas e envolveu-se em torno de Glynis. Depois de uma noite infernal, a paz caiu sobre ele, como sempre fazia quando ele adormecia com sua esposa em seus braços. *** Glynis estava deitada de lado olhando para o céu rosado do amanhecer pela janela estreita. O braço do marido pesava atirado em suas costelas. A cada respiração sua, o peso parecia crescer mais e mais o até que ela se sentia como se estivesse sufocando. Mas ela sabia que não era o seu braço, mas o peso em seu coração que tornava tão difícil de respirar. Ela disse a si mesma para não se apressar no julgamento. Poderia haver uma dúzia de razões para que Alex se arrastasse para a cama ao amanhecer. E, no entanto, ela só conseguia pensar em uma. Ela latejava em sua cabeça. Outra mulher, outra mulher. Ela apertou os olhos e rezou. Por favor, Deus, não deixe isso ser verdade. Se Alex tinha planejado encontrar uma amante, isso explicaria por que ele estava distraído durante todo o jantar na noite passada. E então lá estava a sua explicação vaga sobre a necessidade de visitar um inquilino, algo que ele nunca fez a noite. E suas palavras de despedida: Não espere. Alex estava dormindo como o morto ou como um homem que tinha passado a noite saciando-se. Glynis não podia ficar deitada aqui mais um momento esperando Alex acordar e dizer-lhe onde ele tinha estado toda a noite. Quando ela jogou os lençóis e sentou-se, a primeira coisa que viu foram as botas. Alex tinha arrumado-as ordenadamente atrás da porta em vez de jogá-las no chão ao lado da cama como sempre fazia. Seu marido havia tido o cuidado para não acordá-la quando entrou Glynis ficou tão chateada que o pensamento de tomar o café da manhã lhe fez mal. Depois de pegar um bolo de aveia na cozinha e guardá-

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lo no bolso, ela saiu para uma caminhada na praia. Desejou bom dia para os homens na guarda quando começou cruzar o portão, depois parou. ─Estavam aqui quando meu marido chegou esta manhã?─ Ela perguntou a um dos homens. Seu estômago afundou quando o guarda olhou para longe e jogou o peso de lado a lado. ─Sim, ─ disse o homem, em seguida, rapidamente acrescentou: ─mas ele não disse onde tinha ido. Aparentemente, Alex não precisava dizer nada para o homem adivinhar.

CAPÍTULO 43 Alex acordou com o sol brilhando em seu rosto. Ele piscou para apagar as imagens da visão sangrenta da casa e olhou à volta do quarto vazio. Bom Deus, como ele tinha dormido até tão tarde? Ele não estava acostumado a acordar sem Glynis, e não gostou disso E onde no inferno estavam as botas? Ele estava de joelhos olhando debaixo 256


da cama antes de se lembrar de que as deixara atrás da porta. Ele sorriu pensando como aquilo deve ter agradado sua mulher ordenada. Seu estômago roncou, e seus músculos doíam quando ele deslizou uma camisa limpa sobre sua cabeça. Foi um mergulho muito duro na noite passada, e ele estava morrendo de fome. Quando ele desceu para o hall, Sorcha foi até ele. Deveria ser meiodia, pois todos estavam sentados nas mesas, esperando por ele para iniciar a refeição, todos exceto sua esposa. Ele pegou Sorcha e esfregou sua cabeça com os dedos. ─Onde está sua mãe? Sorcha apontou na direção da praia. ─Ela deve ter perdido a noção do tempo─ disse Alex. ─Ela ama suas caminhadas. Os outros estavam esperando para comer, e os homens tinham trabalho a fazer, então Alex sentou-se e sinalizou para a refeição começar. Ele sentia falta de Glynis ao lado dele na mesa, mas tudo bem. Ele estava ansioso para ver como Seamus e Una estavam se saindo. Assim que ele os visse, iria encontrar Glynis e explicar a situação para ela. Pobre Una. Alex esperava que a moça fosse forte o suficiente para se recuperar desse horror. Quando ele atravessou o campo para a sua casa, ele pegou algumas flores do campo para ela. Quando chegou a casa e bateu, Una abriu a porta. Ela olhou para as flores que ele lhe estendia, como se fossem algum presente estranho das fadas. ─Obrigada, ─ ela finalmente disse com uma voz suave e as pegou. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Deus o ajudasse, será que a moça tinha visto tão pouca bondade em sua jovem vida que um punhado de flores poderia tocá-la assim? Alex colocou a mão em seu ombro e entrou. ─A casa parece bem─ disse ele. ─Sinto pela mesa e cadeiras. Vou trazer ferramentas da próxima vez e consertá-las para vocês. ─Esta não a primeira vez que elas foram quebradas─ disse Seamus. ─Por enquanto, os dois devem agir como se nada de anormal tivesse acontecido─ lembrou-lhes. ─Seamus deve vir até o castelo, como de

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costume. Então, depois de alguns dias, vocês podem perguntar aos outros pescadores, se eles já viram barco de seu pai. Acham que podem fazer isso? ─Eu não posso perguntar a ninguém sobre ele,─ Una disse, balançando a cabeça violentamente. Seamus pegou a mão de sua irmã. ─Eu pergunto. Alex estava começando a se preocupar que a moça iria entregá-los. ─Eu preciso dizer a minha esposa a verdade sobre o que aconteceu─ disse ele. ─Eu não posso ter segredos entre nós. ─Não! Por favor! ─Una disse e afastou-se dele. ─Silêncio, agora, está tudo certo─ disse Alex, tentando acalmá-la. ─Eu odeio que você saiba sobre isso. ─ Sua voz estava tremendo, e ela estava torcendo as mãos. ─Eu não aguento que mais ninguém saiba. Eu não posso, não posso! Alex não podia correr o risco de a moça desmoronar, ela pode acabar dizendo a todos sobre o assassinato de seu pai, e então ele teria uma confusão ainda pior para limpar. E Glynis não podia mentir nem para salvar a vida dela. Se ele lhe contasse, a verdade apareceria em seu rosto cada vez que olhasse para Seamus ou sua irmã. ─Tudo bem, eu não vou dizer a minha esposa ainda─ disse Alex. ─Eu vou dar-lhe um dia para pensar sobre isso, e depois vamos conversar novamente. *** Enquanto Glynis passeava na praia, ela lembrou-se que Alex não havia lhe dado nenhum motivo para duvidar dele até agora. Sua personalidade amigável e fácil a tinha enganado no começo, mas sob o charme e o humor era um homem de confiança que levava suas responsabilidades a sério. Essa foi a razão pela qual seu laird, que conhecia Alex, melhor que qualquer outra pessoa, lhe confiasse o Castelo Dunfaileag e a segurança de seu clã na ilha. Claro, um homem podia ser leal a seu chefe e não a sua esposa. Glynis empurrou esse pensamento de lado. Alex não mostrou sinais de que ele estava cansado dela na cama ou fora dela. Ele teria uma boa 258


explicação para onde ele estava ontem à noite, e ela ficaria irritado com ela por ficar chateada com nada. E ficar chateada não era bom para seu bebê. Tendo finalmente se acalmado, Glynis deixou a praia. Ela começou a subir o caminho para o castelo. Mas quando parou e virou-se para apreciar a vista, viu Alex. Ele estava andando de costas para ela, mas com seus cabelos louros, sua altura, e o jeito leve de andar, ele não poderia ser confundido com qualquer outra pessoa. Glynis correu para alcançá-lo. Quando ela chegou mais perto, viu que Alex apanhara flores para ela. Ah, seu guerreiro tinha um coração mole. Glynis o chamou, mas ele não a ouviu sobre o vento. Sorriu para si mesma quando decidiu sugerir que fossem verdadeiramente maus e fizessem amor ao ar livre no meio do dia. Eles não tinham feito isso uma vez desde sua viagem para Edimburgo. Glynis colocou a mão para cima para proteger os olhos enquanto Alex se aproximou de uma pequena cabana. Todos os medos que ela tinha passado a manhã afastando agora se chocavam contra ela como uma onda quebrando. Ela esperou, todos os músculos tensos, para ver quem iria cumprimentar o marido na casa deste pescador humilde. Quando a porta se abriu, Glynis reconhecido cabelo ouro escuro de Una. O terror enfiou garras em sua barriga como um monstro marinho. Quando Alex entregou as flores a Una, Glynis caiu de joelhos na grama alta. Ela sentiu como se uma lâmina afiada estivesse perfurando seu peito quando seu marido descansou a mão no ombro de Una, abaixou-se sob a porta baixa e fechou a porta da casa atrás dele. Glynis estava tão tonta que deixou cair a cabeça sobre os joelhos para não desmaiar. Todas as peças se encaixaram. A relutância de Alex para organizar o casamento para Peiter, As visitas diárias de Una ao castelo. A moça não evitava olhar para outros homens, porque ela era tímida, mas porque ela pertencia ao guerreiro que era o guardião do Castelo Dunfaileag. Glynis cobriu o rosto com as mãos. A moça era tão jovem! 259


Embora Glynis houvesse sido induzida a confiar em Alex, lá no fundo ela sabia que nunca seria suficiente para ele. Eventualmente, o desejo de Alex por ela iria desaparecer, e ele teria outra. E depois outra. Mas Glynis pensou que ele iria para uma mulher como Catherine Campbell ou que voltaria para Mary em Skye. Una era apenas a filha de um pescador pobre. Glynis nunca, nunca pensou que Alex iria tirar proveito de uma moça jovem e inexperiente, que não estava em posição de recusá-lo. Como se ela estivera tão enganada sobre que tipo de homem era seu marido? Glynis vomitou na grama até que não havia nada dentro dela. Então ela se sentou no chão com a cabeça entre os joelhos. Quando ela teve a força para ficar de pé, ela se levantou com as pernas trêmulas. Nada em sua vida seria tão difícil como o que ela tinha que fazer agora. Ela não se permitiu olhar para trás, para a casa onde seu marido estava pecando com uma doce moça de cabelos dourados. Em vez disso, Glynis apertou as mãos em punhos, enrijeceu as costas, e começou a fazer o caminho de volta para o castelo para arrumar as coisas. Ela o deixaria hoje.

CAPÍTULO 44

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Alex sentia que havia um vento ruim soprando, logo que ele entrou no portão. Os homens evitaram o seu olhar, e as mulheres lançavam olhares acusatórios pelos cantos de seus olhos. Certamente, o corpo não poderia ter sido encontrado. Alex passou em sua mente como ele amarrou a pedra nele. Ele procurou Glynis no salão. Quando ele nãoa encontrou lá, subiu até seu quarto, dois degraus de cada vez, e abriu a porta. Glynis estava de joelhos diante de um baú aberto, cercado por vestidos. Quando ela olhou para cima, viu que ela estava chorando. ─Glynis, o que aconteceu? ─Talvez você deva me dizer─ disse ela em voz tensa. Ela pegou um vestido e dobrou-o em um retângulo com movimentos bruscos. ─Por que está com raiva?─ Perguntou ele. ─E o que está fazendo com suas roupas? ─Eu estou partindo. O pânico subiu na garganta de Alex. ─Pensei que já tínhamos resolvido isto Glynis. Por que você vai me deixar? Como pode? Quando ela olhou para cima, seus olhos estavam molhados, mas aguçados como punhais. ─Eu disse a você que eu o deixaria, se tomasse outra mulher. ─Mas eu não fiz nada!─ Alex disse. ─Eu fiz uma promessa, e juro que não a quebrei. ─Outra esposa talvez não ligasse para isso─ ela disse, enquanto dobrava outro vestido. ─Mas eu disse a você que o deixaria, se fosse infiel, e eu farei isso. ─Alguém disse alguma coisa que a fez acreditar nisso?─ Perguntou ele. ─Você me acusa, sem sequer perguntar-me a verdade. ─Então eu vou perguntar ─ disse ela, olhando para ele. ─Onde você estava na noite passada? Ah, a única coisa que ele não podia contar para ela. Ele tinha dado sua palavra. Além disso, Alex não tinha certeza se Glynis pensaria melhor dele por encobrir um assassinato e largar o corpo no mar. Ele coçou a nuca, quando tentava pensar na melhor forma de responder a ela. Passou por sua

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cabeça inventar uma boa história, mas ele havia prometido nunca mentir para ela. ─Eu não posso dizer agora, mas vou dizer-lhe, logo que eu puder. ─Eu pensei que você seria mais rápido com uma mentira, sendo um bom contador de histórias─ disse ela. ─Mas você deve estar cansado. ─Eu não gosto de ser chamado de mentiroso. ─ Alex estava começando a ficar com raiva mesmo. ─E pare de dobrar suas malditas roupas. ─Você é um mentiroso─ ela disse, sua voz embargada. ─Eu o vi esta tarde. ─Então os seus olhos a enganaram. ─Você trouxe flores para a casa dela. Alex não conseguia acreditar que ela estava acusando-o de traí-la. ─Você acha que eu levei Una para a cama?─ Disse ele, estendendo os braços. ─Mas ela é apenas uma criança! ─Dezessete anos não é nenhuma criança. ─ Glynis apertou os lábios e retomou a sua arrumação metódica. Era como um golpe no peito saber que Glynis acreditava que iria atrair para sua cama uma jovem que estava com tanto medo de homens que ela não podia nem olhar para eles. Depois de conhecê-lo todo esse tempo, depois e viver com ele como sua esposa, como poderia pensar Glynis tão mal dele? ─Eu não vou estar aqui quando Una trouxer o seu filho para o castelo─ Glynis disse, ela batendo um par de sapatos no peito. ─Será que você acha que eu seria feliz cuidando de todos os seus filhos bastardos? O sangue nas veias de Alex ficou tão frio quanto o gelo de Janeiro. ─É assim que vocês se sente sobre a minha filha? ─Não Sorcha─ Glynis disse rapidamente. ─Mas isso não significa que eu quero uma casa cheia de crianças, lembrando-me de suas infidelidades. Alex bateu na tampa da caixa fechada com o punho e pegou Glynis pelos braços. ─Não fiz nada de errado, então você não vai embora. 262


*** Alex sentou-se na sala bebendo. De lá, ele podia ver as escadas e ter certeza de sua esposa não deixou o castelo sem o seu conhecimento. Quando Bessie entrou no salão com Sorcha, ela deu uma olhada para ele e se apressou a levar Sorcha. O resto da casa mostrou o bom senso de deixálo sozinho também. O insulto se fixou na cabeça de Alex, bloqueando todo o resto. Ele tinha concordado com as regras de Glynis, não fez nada para merecer suas acusações e falta de consideração. Se ela descesse as escadas em busca de um servo para levar o baú para o próximo barco, eles iam ter um inferno de uma briga. Tudo o que Alex queria era um lar tranquilo para sua filha. Era pedir muito? Um casamento sem gritos, apenas uma mulher firme que não jogaria louça e que não iria abandoná-lo. Em vez disso, ele tinha conseguido exatamente o que ele não queria: jogado para fora da cama de sua esposa, lutando e gritando, e sua esposa fazendo as malas para deixá-lo. Ele passara a vida inteira tentando evitar viver como seus pais, só para acabar do mesmo modo. Horas se passaram. Alex ouviu barulho vindo lá de baixo e suspeitou toda a casa estava amontoada na cozinha entre os espetos e as mesas de trabalho jantando. E Glynis ainda não mostrara seu rosto. Pelo menos ela não tinha tentado sair. Alex serviu a última dose da garrafa de uísque em seu copo e bebeu. Talvez Glynis tenha se arrependido de seu julgamento duro, bem que deveria. Ela era uma mulher orgulhosa. Provavelmente, ela estivesse lá em cima, juntando coragem para pedir desculpas a ele. Ele merecia um pedido de desculpas. E estava cansado de esperar por ela. Ele ia lá agora, e iria resolver este problema entre eles. Ele marchou pelas escadas até a porta do seu quarto e levantou o trinco. Mas quando ele empurrou a porta não abriu. Ele balançou a alça, não acreditando que ela o trancara. 263


Glynis havia barrado a porta maldita. ─Glynis─ gritou ao bater o punho contra ela. ─Abra esta porta para o seu marido. Agora. ─Vá embora. ─ A voz dela soou abafada através da porta. ─Você vai se arrepender, eu juro. Alex nunca se aborrecia, mas ele estava aborrecido agora. A raiva bateu por todos os ossos e músculos que ele desceu as escadas, pegou um machado da parede, e subiu de volta com ele. ─Afaste-se da porta!─ Gritou ele. Crack! Ele balançou o machado com tanta força que reverberou nos braços. Glynis não gritou, provando que sua esposa tinha gelo em suas veias. Crack! Crack! Crack! Sua violência contra a porta o fez se sentir bem. Quando as placas cederam de forma barulhenta, ele estendeu o braço pelo buraco e deslizou a barra de volta. Então ele chutou a porta com tanta força que ela se abriu e bateu contra a parede. E ali, sentada em seu baú com os braços cruzados, estava sua esposa. Ele era um marido injustiçado, um homem irritado com um machado nas mãos, e Glynis olhava para ele como se não tivesse nada a temer. Ela não estava, é claro, mas ela deveria ter tido o bom senso de parecer assustada. Ela não o respeitava? Ele atravessou o quarto e ficou sobre ela. Seu peito arfava, seus ouvidos repicavam. O único sinal de que um furioso guerreiro Highland preocupava Glynis um pouquinho era uma contração leve no olho esquerdo. ─Você não vai bloquear a porta do nosso quarto para mim de novo─ disse ele. ─Eu disse a você─ disse ela, tão calma como poderia estar, ─ que eu não iria dividir a cama com você se tomasse outra mulher. ─Prometi a você que eu não levaria outra mulher para a cama─ disse ele, ─e eu não fiz isso. ─Você espera que eu acredite nisso?─ Ela levantou-se, cerrando os punhos nos lados do corpo. ─Um homem como você diz qualquer coisa. 264


─Um homem como eu?─ A raiva apertou sua garganta, sufocando suas palavras. ─O que quer dizer com isso, Glynis MacNeil? ─Eu quero dizer é que você é um homem cuja palavra não significa nada─ disse ela. ─Eu deveria ter me casado Senhor D'Arcy. Ele era um homem honrado. Ele teria mantido seus votos. Alex sentiu como se sua cabeça estivesse explodindo. Até agora, ele acreditava que D'Arcy tinha dito a ela de suas verdadeiras intenções. ─Talvez eu aceite a oferta de D'Arcy agora─ disse ela. ─O que é ser sua prostituta?─ Alex disse. ─Porque é isso que D'Arcy ia oferecer-lhe. Ele não teria feito promessas a você, como eu fiz. Mesmo chateado como Alex estava com ela, ele não teria dito a Glynis do insulto de D’Arcy agora, exceto porque ele não podia confiar nela para não sair perambulando por toda a Escócia para encontrar o francês. ─Não, as intenções de D’Arcy eram boas─ Glynis disse. ─Você é uma tola, mulher─ disse Alex. ─D'Arcy tem uma esposa na França. Os lábios de Glynis se separaram, e ela piscou várias vezes. Em um sussurro, ela disse: ─Isso não pode ser verdade. Sua decepção óbvia destroçou Alex. ─Sim, o seu cavaleiro branco tem uma esposa, provavelmente, que veio com um título─ ele cuspiu. ─E quando ela se juntar a ele na Escócia, o senso de honra que você preza tanto, exigiria que D'Arcy a enviasse para longe. Veja, ele pensaria que seria cruel aborrecer sua esposa, mantendo sua prostituta em sua casa enquanto ela estava lá. Glynis sentou-se no baú com um baque. ─Os franceses não tratam seus filhos bastardos como os homens das montanhas fazem─ continuou Alex. ─Apesar de D'Arcy poder se sentir obrigado pela honra a sustentar qualquer criança que você tivesse com ele, ele nunca iria reclamar os seus filhos ou permitir-lhes pôr o pé em sua casa e contaminar seus herdeiros legítimos. Alex viu o choque nos olhos dela, mas não era nada comparado a dor no seu peito. 265


─Eu tenho muito a responder nesta vida─ disse ele, ─mas você é o única que foi infiel no casamento. ─Eu?─ Disse ela, batendo a mão dela contra seu peito. ─Eu não sou o pecador aqui. ─Você manteve outro homem em seu coração, Glynis. ─ Ele podia ver isso agora. ─Eu não. Alex a interrompeu, ele não quis ouvir suas desculpas. ─Minha promessa era que eu não teria outra mulher enquanto você compartilhasse minha cama─ disse ele. ─Eu tenho necessidades, como qualquer homem, e se não me quer... Ele deixou as palavras pairam no ar antes de dizer. ─Eu sei como agradar uma moça debaixo dos cobertores─ disse ele, inclinando-se perto dela. ─Eu não vou ter nenhuma dificuldade em encontrar substitutas para você. Alex queria que Glynis ficasse acordada pensando nele com outra mulher, fazendo-a gritar de prazer. Ele queria que ela se arrependesse do que tinha feito e o chamasse de volta. Ele virou as costas e deixou-a. O machado ainda estava em sua mão.

CAPÍTULO 45 Depois de escurecer, Alex foi para o chalé para ver como Seamus e Una estavam. Pelo que pode ver, eles estavam melhor do que ele. Ele não queria dormir na sala com todos os seus homens fingindo não perceber que sua esposa tinha-o expulsado de seu quarto. Então, ao invés de retornar ao castelo, desceu para a praia para fazer sua cama fria na galera de guerra. Enquanto olhava para as estrelas, Alex não podia deixar de pensar em todas as noites que ele e Glynis tinham dormido juntos ao ar livre em 266


sua viagem a Edimburgo. Ah, como isso acontecera? Ele pensou que sua ameaça de levar outras mulheres para a cama traria Glynis de volta. Doeu mais do que o seu orgulho que não tivesse acontecido isto. Quando acordou pela manhã, ele sentou na praia olhando para o mar. Ele tinha trabalhado duro todos os dias durante os últimos dois meses, na reconstrução do castelo, formando os homens, perseguindo os piratas. Mas ele não sentia vontade de fazer uma coisa maldita hoje. Ele ouviu uma risadinha e se virou para ver sua filha correndo em sua direção com os cabelos voando atrás dela. Quando ela colidiu com ele e lançou os braços ao redor de seu pescoço, ele fechou os olhos. Pelo menos ele ainda tinha a ela. Deus, ele amava esta criança. Bessie estava sem fôlego quando gritou para a menina. ─Sorcha, vá para a cozinha e traga alguma coisa para seu pai comer. Sorcha sorriu com prazer ao lhe ser confiado esta tarefa. Quando ela saiu em disparada, Bessie permaneceu com os pés plantados na frente dele. ─Não quer acusar-me de algo também?─ Alex perguntou. ─Não─. Bessie mordeu o lábio, parecendo inquieta. ─A senhora Glynis não vai ficar satisfeita por eu contar-lhe isto, mas acho que tem o direito de saber. A parte de trás do pescoço de Alex arrepiou. ─O que é que eu tenho o direito de saber? A mulher remexeu as mãos por um tempo antes de finalmente falar de novo. ─Sua esposa está grávida. A dor correu através dele, cegando-o com sua força. Glynis estava carregando seu filho, e ela não tinha achado necessário contar-lhe. Há quanto tempo ela mantinha segredo e por quê? Ela estava planejando deixálo o tempo todo? *** ─Vistes o seu pai?─ Glynis perguntou a Sorcha quando ela vinha subindo os degraus da torre. Sorcha apontou na direção da praia. ─Não corra dentro de casa─ disse ela, e tocou a face da Sorcha. 267


Glynis encontrou Alex sentado sozinho na praia. Quando ela estava ao lado dele, ele não olhou para ela. ─Estou indo para casa─ disse ela. ─Esta é a sua casa. ─Estou voltando para meu pai─ disse ela. ─Você pode fornecer um barco, ou eu vou roubar um. Alex continuou com o olhar perdido no horizonte enquanto falava. ─Será que você pretendia ir embora e nunca me dizer sobre a criança? Glynis prendeu a respiração. Como ele sabia sobre o bebê? Embora ele ainda não olhasse para ela, ela podia sentir a raiva e mágoa vibrando nele. Ah, tinha sido um erro não contar a ele. ─Eu não tinha certeza─ disse ela com uma voz suave. ─Meus fluxos sempre foram irregulares, e eu pensei que era estéril, então eu não acreditei em um primeiro momento. Eu queria ter certeza antes contar-lhe. ─Mas você sabia, e você manteve escondido de mim. Glynis queria salvá-lo da decepção se ela estivesse errada. Mas lhe contaria em breve. ─Sinto muito─ ela disse: ─Mas isso não muda nada. ─Não muda?─ Ele disse, sua voz perigosamente baixa. Ele se virou para encará-la, e seus olhos a queimavam como uma tocha no pergaminho. ─Eu não posso mais viver com você agora. ─ Sua voz tremeu ─Eu quero ir para o meu pai. ─Se você está realmente decidida a fazer isto─ disse Alex, seus olhos duros como o gelo ─ então eu permitirei que parta depois que a criança nascer. ─Depois? Mas ainda faltam muitos meses ─ disse ela. ─Você não pode me manter aqui. ─Como eu disse, você pode partir depois que a criança nascer, se é isso que quer─ disse Alex. ─Mas a criança fica aqui. ─Não pode estar falando serio─ Glynis disse, sua voz saindo estridente. ─Você não iria tentar me forçar a ficar com a ameaça de tomar o meu filho. 268


─Não estou ameaçando, e pode fazer como você quiser─ disse ele. ─Mas a criança vai permanecer aqui. ─Você não faria isso comigo ─ Glynis disse, procurando em seu rosto por um pouco de suavidade e não encontrando. ─Não, você não pode me odiar tanto assim. ─É você que quer ir embora. Eu pedi para você ficar. ─Alex ficou de pé. ─Se você for separada do nosso filho, é por sua própria escolha. Eu não vou assumir a culpa por isso. ─Eu não vou deixar que afaste meu filho de mim─ Glynis disse, cerrando os punhos. ─Sob a lei Highland, é direito de um pai. ─Mas a maioria dos pais não o reivindicam, ao menos enquanto a criança é pequena. ─ Glynis agarrou na manga da camisa dele, mas ele afastou-a. ─Alex, você não faria isso. ─Já que acredita que eu iria seduzir pobre e assustada moça, Una─ disse Alex, olhando para ela, ─então deve saber que eu sou capaz de qualquer coisa.

CAPÍTULO 46 A tensão era tão densa entre ela e Alex na mesa que Glynis não podia comer. Tinha sido assim durante uma semana, e ela estava sentindo a pressão, assim como todos na casa. Quando ela depôs sua faca de comer, 269


ela sentiu os olhos de Alex sobre ela e não podia deixar de lançar-lhe um olhar de soslaio. Havia linhas ao redor dos olhos, e sua expressão era sombria. Os sorrisos raramente agraciavam seu rosto atualmente, exceto quando ele estava brincando com Sorcha. Diferentemente da maioria dos pais de meninas, ele dava muita atenção a ela. Tratava-a como o presente especial e inesperado que ela significava para ele. Se Glynis levasse seu bebê para longe com ela, estaria negando a criança um pai maravilhoso. Mas era pior ainda separar um bebê de sua mãe, não era? Nada do que ela fizesse seria correto. Glynis se levantou da mesa sem comer e deixou o salão. Ela estava descendo os degraus da torre principal, quando Alex pegou o braço dela e a virou para ele. ─Porra, Glynis, precisa comer─ disse Alex. ─Você não se importa se eu morrer de fome, exceto pela criança que eu carrego. Alex deu um passo para trás, como se suas palavras fossem um golpe físico. ─Depois de tudo que houve entre nós, como pode dizer isso de mim? Foi uma coisa dura para dizer, e ela não teria dito se não estivesse tão cansada. Ela achava difícil dormir sozinha na cama deles. ─Você ganhou, Glynis─ Alex sentou nos degraus e segurou a cabeça em suas mãos. ─Eu tentei fazer o que eu achava que era melhor, mas nada saiu como eu queria. Vencer? Ela não podia se sentir pior. Oh, Deus, ela odiava vê-lo assim. ─Esta dizendo que vai me deixar ir?─ Perguntou ela. ─Sim. E leve Sorcha com você ─ disse ele, soando como se as palavras fossem arrancadas dele. ─Eu não posso dar-lhe a família que ela precisa. Glynis sentou ao lado dele na escada. ─Não, Alex. Eu não posso fazer isso. ─Você se tornou uma mãe para ela─ disse Alex. ─Sorcha precisa de você, mais do que ela precisa de mim. 270


─Você sabe que eu a amo com todo meu coração, mas eu nunca poderia pedir-lhe para desistir dela. Ele se virou, e seu olhar pairou sobre ela como uma névoa fria do mar. ─E, no entanto, você me pediu para desistir do meu outro filho sem qualquer hesitação. ─Não foi assim. ─Você acha que vou me importar menos com esta criança?─ Perguntou ele. ─Que o bebê que fizemos juntos seria menos precioso para mim do que Sorcha? Glynis cair seu olhar para o colo e abanou a cabeça. ─Se sabe disso, ─ Alex disse: ─então, como pode crer que eu arriscaria tudo o que importa para mim por uma trepada com uma moça que mal conheço? ─Vocês nunca se importou antes─ Glynis disse em voz baixa. ─Eu não tinha nada a perder. ─ Alex se levantou. ─Vá quando quiser. Eu não vou impedi-la. *** Sorcha moveu os olhos de seu pai para a mãe e vice-versa. Sua tristeza pesava em seu peito. Ela apertou o que restava de sua boneca. Bessie tentou esconder Marie, mas Sorcha sempre a achava de novo. Ela sabia que seus pais estavam esperando que ela falasse. Às vezes, quando ela estava sozinha ela podia fazer as palavras que estavam sempre em sua cabeça saírem da sua boca. Mas isso foi antes que ela entendesse que a mãe dela estava indo embora. Ela tinha ouvido rumores sobre isso por todo o castelo. Sorcha queria dizer a sua mãe para não deixá-los. Ela queria perguntar se era culpa dela por Glynis estar partindo. Mas seu peito apertou mais e mais, prendendo as palavras dentro dela.

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CAPÍTULO 47 Glynis vai embora amanhã. Como Alex sempre suspeitara, era incapaz de manter uma mulher feliz por muito tempo, incapaz de ser o bom marido e pai que queria ser. O sangue falava mais alto. Mas ele sentia tanta falta de Glynis que seu coração doía a cada passo. Ele tentou gritar com ela, raciocinar com ela, ameaçá-la e tinha chegado muito perto de implorar. Agora, ele faria uma última tentativa. Ele queria que ela ficasse com ele, porque ela confiava e respeitavao. Ah inferno, ele queria que ela ficasse porque ela se importava com ele. Mas com ela partindo amanhã cedo, Alex estava desesperado o suficiente para que ele não se importasse se ela ficava com ele pelas razões errados, desde que ela ficasse. Era hora de usar suas habilidades. Ele iria levá-la para a cama. E então ele iria deixar Glynis tão louca de paixão que contrariando sua decisão e, apesar das mentiras que ela acreditava sobre ele, ela o aceitaria de volta. E mesmo se ela não o aceitasse, Alex teria uma última noite com ela. *** Glynis sentou-se costurando junto à janela porque ela tinha terminado de embalar suas coisas e não tinha mais nada a fazer. Embora ela preferisse estar lá fora, era melhor para ela e Alex se ela o evitasse até que embarcasse no barco amanhã. Era um daqueles bons dias de outono quando 272


eles tinham uma trégua entre as tempestades e o sol brilhava como se fosse verão. Mas em seu coração, não houve pausa nas chuvas. O riso Alex flutuou através da janela, e sua agulha parou. Alex era, por natureza, cheio de bom humor e mesmo assim quanto tempo fazia que ela tinha ouvido sua risada? Ela sentia falta do som de seus risos. E se ele tivesse procurado outra mulher porque Glynis drenara a alegria dele? Ela era dura e tinha opiniões fortes. Se fosse doce e bemhumorada como suas irmãs, talvez Alex não tivesse se desviado. Ou talvez ela pudesse viver com o seu desvio. Mas ela era uma pessoa difícil, exigente. Glynis largou sua costura e pegou o medalhão de prata de São Miguel da mesa ao lado dela. Ela girou o medalhão em sua corrente pesada e o observou girar, pensando no dia em que havia lhe chamado à atenção em uma das lojas para onde a tia e o tio a tinham arrastado. Quando ela partiu de Edimburgo quase correndo, enfiou-o em sua bolsa e o esqueceu até que se deparou com ele, enquanto fazia as malas hoje. Ela parou de girar e esfregou o dedo sobre ele. Ela havia trocado um dos seus anéis pelo medalhão porque a imagem de São Miguel, o anjo guerreiro, parecia tanto com Alex. O riso de Alex entrou pela janela novamente. Atraída pelo som como se fosse uma corda amarrada ao seu coração, Glynis largou o medalhão em cima da mesa e foi até a janela. A visão de Alex no pátio do castelo lhe roubou o fôlego. Com movimentos graciosos, rápidos, ele estava demonstrando o uso da claymore para alguns dos rapazes mais velhos. Alex com uma espada em suas mãos era pura beleza masculina em movimento. A garganta de Glynis ficou seca enquanto ele dançava e girava e cortava sua espada no ar com força letal. Seus dedos coçavam para tocar os poderosos músculos do peito, braços e costas enquanto ele balançava a pesada espada de lado a lado com segurança e movimentos suaves. Quando os homens pararam para descansar, Alex deu um tapa nas costas de um dos rapazes. Seu largo sorriso, mostrando os dentes brancos, 273


lembrou novamente de quão pouco ela o tinha visto nos últimos tempos. Muito tempo depois de Alex sumir de vista e as vozes dos homens esmaecerem, Glynis permaneceu na janela. Ela olhou para o mar, lembrando como Alex costumava olhar para ela com um brilho nos olhos. ─Glynis. Seu coração foi para a garganta com o som de sua voz atrás dela. Quando ela se virou, Alex estava na porta, seu corpo, muito magro encostado no batente da porta. Ele não vestira sua camisa, e a pele brilhava como se ainda retivesse o calor do sol. ─Eu não o ouvi─ disse ela estupidamente, desviando o olhar para seu rosto, o que não era mais seguro do que o seu corpo. Ela adorava tudo naquele rosto, sua mandíbula sombreada pela barba, os ângulos fortes, a boca larga e sensual. Quando se encontrou com seus olhos verdes, eles brilharam com o conhecimento de cada centímetro de seu corpo. Será que Alex disse algo mais do que o nome dela? O coração de Glynis estava batendo tão forte contra o peito dela, ela podia ter perdido isso. Ela ficou tensa, tentando desesperadamente convencer-se a detê-lo se ele se aproximasse. Mas então, um nó de decepção apertou seu estômago quando ele não o fez. Em vez disso, ele atravessou o quarto para a cadeira, olhando para ela pelo canto do olho. Pela maneira como sua boca contorceu-se no canto, Alex sabia exatamente o efeito que teve sobre ela. Ah, ele era um demônio. Alex sentou na cadeira, colocou as mãos atrás da cabeça, e estendeu as pernas longas e musculosas. Sua respiração ficou superficial como ele deixou o seu olhar queimar sobre ela como se ela não estivesse vestindo nada. ─Venha sentar no meu colo, Glynis─ disse ele, movendo o dedo. ─Você sabe que deseja isto. ─Eu não─ disse ela, embora seu corpo estivesse se inclinando em direção a ele como uma flor ao sol. Como ela ansiava por seu toque. 274


Alex riu. ─Você sempre foi uma péssima mentirosa. ─Isso não é um defeito ─ disse ela, endurecendo. ─Sim, é um dos seus encantos─ disse ele, dando-lhe um sorriso que enviou uma onda de desejo por ela. ─Tenho uma proposta para você. ─Uma proposta?─ Sua vida havia mudado a última vez que ele tinha dito isso a ela. ─Venha sentar-se comigo, e eu direi o que é. Ele não estava com raiva e gritando com ela. Alex estava como antigamente, relaxado e bem humorado, assim, sem parar para se perguntar por que, ela parou ao lado dele. Ao invés de tentar puxá-la para seu colo, ele passou o dedo lentamente até seu braço. Ela não podia empurrá-lo por um gesto tão pequeno, e mesmo assim o toque lento e suave deixou todos os seus sentidos acesos. Todo o seu ser focado no percurso de seu dedo deslizando para cima sob a manga solta. Quando as mãos fecharam na cintura e levantou-a para seu colo, nenhuma palavra de objeção saiu de sua boca. Queria fechar os olhos e inclinar-se contra a sua estrutura sólida. Por que ela não podia apenas aceitar a sua natureza, sem questionamentos? Alex não podia evitar que as mulheres se sentissem atraídas por ele como moscas ao mel. Era o que acontecia. E, no entanto, Glynis queria ser a única. Ela tinha que ser. ─Isso não é tão ruim, é?─ Perguntou ele, enquanto brincava com seus cabelos. Ela reprimiu um suspiro quando os dedos roçaram seu pescoço. Finalmente, ela se lembrou de perguntar: ─Qual é a proposta? ─Eu sei que você sente minha falta na cama─ disse Alex. ─E Deus sabe, eu sinto a sua. Ele sentia falta dela. Ela não ficou feliz ao ouvi-lo dizer isso. ─Isso não é suficiente─ disse ela, embora no momento, quase fosse. Quando ela disse isso, pensou ter visto um flash de dor cruzar o rosto de Alex, antes que ele o escondesse com outro sorriso. 275


─Sou um homem sentimental─ disse Alex, passando os dedos em sua bochecha. ─Eu acho que deveríamos ter mais uma noite juntos para lembrarmos um do outro. O “não” ficou preso na garganta quando sentiu a respiração dele em seu ouvido. ─Eu sei como agradar você─ ele sussurrou. Quando Alex esfregou seu pescoço do jeito que ela gostava, Glynis inclinou a cabeça para trás. Alex sabia como agradá-la. Ela ansiava por seu toque em cada vale e crista de seu corpo. Sua proximidade lançou um encantamento sobre ela. Ela não podia formar pensamentos claros, enquanto suas mãos deslizavam sobre ela e ele baixava a boca para a dela. Quando seus lábios tocaram os dela, ela mergulhou nele. Tudo nele, seu cheiro, seu beijo, seu calor era familiar e enchia os espaços vazios que havia deixado dentro dela. Alex se movia lentamente, como se tivesse medo de acordá-la de seu sonho. Ela estava tão perdida nele que mal percebeu quando ele levou-a para a cama. Ele a tocou com uma ternura que fez seu coração sangrar. Não importa o que ele fez com outra pessoa, ela sabia que ele se importava com ela. Transparecia na maneira como ele a abraçava. Eles estavam nus sem ela saber ou se importar como isso aconteceu. Ele disse que seu nome repetidas vezes enquanto corria beijos doces pelos braços e apertou-lhe a palma da mão contra o rosto áspero. Com sua delicadeza, ele quebrou todas as defesas que ela tinha erguido contra ele. Ela apertou os olhos fechados, sentindo coisas demais para suportar olhar para seu rosto. Mesmo quando ele estava em seus braços, ela estava de luto pela perda dele. Ela ficara magoada, e sabia que o magoara profundamente também, mas ela não via uma maneira de pararem de ferir um ao outro, exceto partir.

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Glynis o puxou firmemente para ela, sua profunda necessidade dele envolvendo-a com um desespero silencioso. Se ele dissesse agora que a amava, ela iria acreditar nele. ─Você não me esquecerá─ disse ele antes de se enfiar dentro dela. ─Eu não poderia, ─ ela sussurrou. ─Nunca mais. ─Você vai pensar em mim durante a noite. ─ Ele segurou o rosto dela entre as mãos e forçou-a a olhar em seus olhos. ─E você vai querer que eu estivesse lá. ─Sim. ─ Ela colocou os braços e as pernas em torno dele e se agarrou a ele enquanto ele se movia contra ela. Glynis cravou as unhas em suas costas enquanto sua necessidade por ele crescia até ela sentir como se fosse explodir. Lágrimas escorriam pelos lados de seu rosto enquanto emoções muito grandes para conter giravam dentro dela. Ela sentiu como se estivesse se afogando em seu amor por ele. Por que ele não a ama? Por que ele não se importa o suficiente? Quando seu corpo estremeceu com a força de sua libertação, ela sentiu como se tivesse tocado tanto o céu quanto o Inferno. ─Oh, Deus, Glynis, como pode deixar-me?─ Alex disse pouco antes de explodir dentro dela e apesar de saber que ele não tinha a intenção de fazer isso durar, era comovente. Depois, ele segurou-a com o rosto enterrado em seu cabelo. Ela queria ceder, dizer o que ele queria ouvir, ficar no aconchego de seus braços e nunca mais sair. Se pelo menos vez ele tivesse dito que a amava, ela não o largaria. Mas ele não disse. *** Quando Bessie chegou na manhã seguinte, Glynis sentou-se rapidamente e secou o rosto nos lençóis. ─Tormond está pronto para levá-la na galera de guerra─ Bessie disse. ─sei que não é da minha conta, mas o que esta fazendo deixando um homem tão bem? Isto não vai fazê-la feliz.

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─Eu não sei o que estou fazendo─ Glynis admitiu. ─Eu nem sequer disse a Sorcha ainda. Acho que eu estava esperando até ter certeza que eu não mudaria de ideia. Mas Sorcha era uma criança que sabia das coisas sem precisar ser ditas. ─Vai partir seu coração deixar seu pai─ Bessie disse. Com essa acusação soando em seus ouvidos, Glynis se vestiu e desceu. Ela estava tão cheia de dúvidas de que não sabia se ainda pretendia entrar no barco ou não. Ela deveria ter se dado mais tempo para pensar em vez de insistir em partir imediatamente. Pela primeira vez, ela desejava saber fazer as coisas pela metade. Ela encontrou Alex sentado sozinho com Sorcha. A sala raramente estava vazia, por isso era evidente que todos tinham saído para dar-lhe tempo com sua filha. ─Sua mãe e eu precisamos conversar─ disse a Sorcha. ─peça a um dos cavalariços para levá-la para visitar os cavalos, e eu irei encontrar você lá assim que terminarmos. Sorcha moveu o olhar entre eles, com o rosto muito solene para uma criança tão jovem. Então, ela beijou o rosto de seu pai e deixou o salão com os pés arrastando. ─Diga a Sorcha o que achar melhor─ disse Alex, a dor em seu rosto enquanto ele observava Sorcha sair. ─Ela parecia próximo de falar há pouco tempo. ─Eu estou esperando que ela fale quando se sentir mais segura. Glynis abriu a boca para dizer-lhe que ela não tinha certeza se queria ir, mas Alex levantou a mão. ─Isso é difícil, então me deixe terminar ─ disse ele. ─Se o nosso bebê for um menino, eu quero que o mande para mim, para a sua formação quando ele tiver idade suficiente. Nosso mundo é perigoso, e um menino deve ter habilidades de lutar para sobreviver e fazer sua parte para proteger o seu clã. Eu sei que seu pai é querido por você, mas ele está ficando velho. Vou treinar o seu irmão também, se quiser mandá-lo para mim. 278


Alex não era o encantador superficial que ela pensava, embora o homem pudesse encantar até um santo com seu charme. Ele faria qualquer coisa por seus filhos, até mesmo abandoná-los. Embora Glynis sempre se orgulhasse de ter a determinação de fazer o que era certo, ela duvidava que ela tivesse a força de caráter para fazer esse sacrifício. Ela estava errada sobre Alex de outras maneiras também? Ele nunca negou o seu passado mulherengo, mas será que ele tinha mudado? Glynis sempre era decidida e firme em suas opiniões, mas por uma vez, ela não sabia em que acreditar ou o que ela devia fazer. ─Eu não vou pedir a anulação do casamento─ Alex disse em uma voz calma e firme. ─E peço-lhe que espere o ano inteiro antes de você fazê-lo. Outro homem não poria o seu orgulho de lado assim deixando a porta aberta para ela, depois de ter sido ela a ir embora. Glynis sentiu-se tão sombria quanto às chuvas de novembro quando Alex se levantou e foi embora. Ela queria confiar nele. Tinha quase certeza que o julgara mal. E, apesar de suas dúvidas, ela percebeu que não poderia enfrentar a vida sem ele. ─Alex─ ela gritou. Mas sua voz foi abafada pelos gritos que soavam através da porta aberta da torre. Quando Alex correu para fora, ela o seguiu. Ela abruptamente no topo dos degraus. Uma galera tinha entrado na sua pequena baía e estava navegando em linha reta para o castelo.

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CAPÍTULO 48 ─É o barco do nosso chefe! ─Alex gritou para seus homens. Quando ele correu para a praia para recebê-los, Glynis pegou suas saias e seguiu com todos os outros. Ela chegou à praia a tempo de ver Connor descer da galera, seguido de perto por Ian e Duncan. ─O que aconteceu?─ Alex perguntou depois de cumprimentar seus velhos amigos com batidas nas costas. ─Você não traria tantos guerreiros de Skye apenas para uma visita amigável. ─Não podemos esperar mais tempo para lidar com os meus malditos tios ─ disse Connor. ─O que eles fizeram agora?─ Alex perguntou. ─Angus e Torquil foram à casa de Banranald enquanto ele estava fora─ disse Connor. ─E Angus tentou estuprar a mulher de Banranald. ─A casa de Banranald não é longe daqui─ disse Alex. ─Como é que você soube antes de mim? ─A mulher que Angus tentou estuprar é uma Clanranald, como nossas mães─ disse Ian, retomando a história. ─Ela fugiu para seus parentes Clanranald, e seu chefe imediatamente enviou um emissário oficial para Connor pedindo justiça. Glynis não pode deixar de interromper os homens para perguntar: ─Magnus Clanranald tomou uma atitude por causa de uma ofensa contra uma das mulheres do clã? ─Os Clanranalds tiraram Magnus da chefia, ─ Duncan disse. ─Eles foram longe o suficiente para banir sua linhagem da chefia para sempre. Glynis nunca tinha ouvido falar de tal coisa, mas se alguém merecia tal tratamento, era Magnus. ─Então, quem é seu chefe agora?─ Alex perguntou. ─Essa é a boa notícia─ disse Connor. ─A chefia caiu para o primo de nossas mães e outro Alexander. Como sabe, ele é um homem bom. Ele quer Angus e Torquil entregues a ele para serem castigados e eu quero Hugh. Eles vão ficar juntos. ─Enquanto buscamos nas ilhas mais afastadas ─ Ian disse, ─os Clanranalds estão procurando por eles nas ilhas ao sul e leste. 280


─Eu não vi navios seus tios─ disse Alex. ─Tem ideia de onde poderíamos encontrá-los? Ninguém respondeu, mas Duncan, Connor e Ian evitaram olhar para Glynis. ─Barra?─ Glynis perguntou. Seu coração batendo contra o peito. ─Eles vão para a Barra? ─Não sabemos com certeza─ disse Connor. ─Mas temos ouvido rumores de que os meus tios estão planejando um ataque grande aos MacNeils com ambos os seus navios. ─Seu pai vai precisar da nossa ajuda─ disse Alex, tocando o braço de Glynis, antes de se virar para os outros. ─Meus homens estarão prontos para navegar em um quarto de hora. Depois de gritar ordens para seus homens, Alex tomou Glynis pelo braço e a levou até a praia a uma curta distância dos outros. ─É muito perigoso para você ir para o seu pai agora─ disse ele. ─E eu preciso de você aqui enquanto eu estiver fora. ─Claro. ─Vou deixar a metade dos meus homens aqui para proteger vocês e ao castelo. Com os piratas velejando para Barra, deve ser suficiente ─ disse Alex, mas ele parecia inquieto. ─Nós vamos ficar bem─ Glynis assegurou-lhe. ─Mas você deve salvar meu irmão e minhas irmãs. As meninas são delicadas. Eles não conseguirão... ──Shh, não se preocupe─ disse Alex, e tocou seu rosto. ─Eu não vou deixar nada acontecer com eles. ─Eu sou muito grata a você por lutar por eles. Mesmo que ela o estivesse deixando, Alex estava honrando o acordo que tinha feito para proteger sua família e seu clã. Glynis odiava ele ter que navegar para o perigo com as coisas dando tão erradas entre eles. Quando ele a deixou para se juntar aos outros homens, ela se lembrou de que estava usando o medalhão de prata. Ela colocou-o quando se vestia, para consolarse. ─Espere!─ Ela o chamou. ─Tenho uma coisa para você. 281


Ela correu para onde estava a beira da água e esticou-se na ponta dos pés para colocar a corrente em volta do seu pescoço. ─É de São Miguel, o anjo guerreiro de Deus ─ disse ela, segurando o medalhão para ele ver. ─Ele deveria dar proteção especial aos dois cavaleiros e marinheiros. ─Ah, Glynis, é muita gentileza sua─ disse Alex ao colocá-lo dentro de sua camisa, ao lado de seu coração. ─Mas não há nada para se preocupar. ─Esteja seguro─ disse ela, enquanto se levantava na ponta dos pés para beijar sua bochecha. Quando os braços de Alex e apertaram ao redor dela, ela descansou a cabeça em seu ombro. Glynis sentiu seu peito subir e descer em um profundo suspiro, então ele beijou o cabelo dela. Ela o amava tanto. Alex a soltou enquanto Sorcha vinha correndo até a praia, seu cabelo esvoaçando atrás dela. Quando ela atirou-se para Alex a toda a velocidade, ele levantou-a nos braços. ─Preciso ir caçar alguns piratas ─ Alex disse-lhe, fazendo soar como uma aventura, que ele provavelmente pensou que era. ─Mas sua mãe vai estar aqui para cuidar de você. Ele beijou Sorcha e a entregou a Glynis. Então ele pegou seu escudo e sua claymore de Seamus, que os havia levado até a praia. Nesse momento, todo o clã se reunira na praia, e Alex escolheu homens que iriam e os que ficariam. Quando navio Alex partiu na esteira da outra galera de guerra, ele estava no leme, o cabelo chicoteando ao vento. Ele acenou com a espada para eles, parecendo um rei Viking. Glynis segurou a mão de Sorcha e olhou até o barco de Alex desaparecer no horizonte. Quando ela finalmente se virou, o único que restou na praia, além dela e Sorcha foi Seamus. ─Seamus, quer levar Sorcha até Bessie no castelo para mim?─ Glynis perguntou.

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Ela deveria ter sido corajosa o suficiente para fazer isso antes. Assim que as duas crianças tinham ido embora, Glynis encontrou o caminho que levava para a casa onde ela havia visto Alex deixar as flores daquele dia terrível. O suor porejou em suas palmas quando Glynis lembrou a si mesma sentada na grama alta, com a cabeça entre os joelhos tentando recuperar o fôlego. Mas ela tinha que descobrir a verdade. Quando ela chegou à casa antiga, com o telhado roto, Glynis bateu antes que perdesse a coragem. Ninguém respondeu por tanto tempo que ela pensou que ninguém estava em casa. Mas, então, a porta finalmente se abriu, e Una ficou parada na porta. Ah, ela era uma moça bonita. ─Eu vi o barco zarpar, ─ Una disse. ─Ele partiu? ─Meu marido?─ Glynis ficou surpresa com a descontração da moça ao falar de Alex para ela. ─Sim, ele se foi. Una mordeu o lábio e baixou o olhar para o chão. Em uma voz que era quase um sussurro, ela perguntou: ─ Ele pedir-lhe para vir? ─Por que ele faria isso? Una olhou para cima, de olhos arregalados. ─Então ele não lhe falou sobre mim? Glynis estava prestes a perguntar por que, em nome de tudo o que era sagrado Una se surpreendia que seu amante não tivesse falado a sua esposa sobre ela... Mas nada se encaixava. O comportamento da moça era completamente inadequado. ─Ele disse que não iria contar,─ Una disse, deixando cair seu olhar novamente. ─Eu deveria ter confiado nele. ─Talvez nós duas devêssemos ter confiado. ─ O shluagh, o que eu fiz? ─Deixe-me entrar e vamos conversar. Glynis era persistente, e em pouco tempo, ela tinha arrancado toda a história trágica da moça. Quando Una chorou em seu ombro, Glynis sentiu uma fúria assassina contra o homem que chamava de pai e cometera pecados imperdoáveis contra esta pobre moça. ─Por que Alex não me contou?─ Disse ela baixinho. 283


─Ele ficava me dizendo o quão boa você seria comigo, ─ Una disse. ─Mas eu o fiz prometer não contar a você porque eu estava com medo. ─Você e Seamus irão para o castelo hoje─ Glynis disse, enquanto esfregava as costas de Una. ─Seu pai se foi a tempo suficiente, e com tantos dos nossos guerreiros fora, é mais seguro para vocês lá. Alex deve ter contado tudo a ela. Una parecia tão frágil, no entanto, Glynis podia entender que ele sentira medo de aumentar a sua angústia. E ele tinha dado sua palavra a Una. Como ela estava aprendendo, ele era um homem que cumpria suas promessas. Mas Glynis sabia que aqueles não eram os únicos motivos porque Alex não tinha contado nada a ela. O marido dela queria que ela acreditasse nele, confiasse nele sem precisar de prova. E ela não tinha confiado. *** Três dias depois, Glynis e Sorcha estavam novamente na praia abaixo do castelo. O vento estava forte o suficiente para picar o rosto, mas Glynis senti-se mais perto de Alex, com apenas o mar entre eles. ─Seu pai vai estar em casa logo,logo─ Glynis disse, colocando a mão no ombro de Sorcha. ─Tudo vai ficar bem com a nossa família, então. O rosto de Sorcha se iluminou como o sol rompendo as nuvens. Embora Glynis nunca tivesse dito a Sorcha sobre seu plano de deixar Alex, a criança tinha percebido a tensão entre eles. Pouco tempo depois, Sorcha se agachou ao lado de uma poça deixada pela maré e saltando com excitação, acenou para Glynis. Glynis estava inclinando-se para olhar de soslaio para o ouriço do mar que Sorcha estava apontando quando o sino do castelo começou a tocar. Gong. Gong. Gong. O coração de Glynis foi para sua garganta. O sino era reservado aos alertas de perigo. Quando Glynis olhou para o castelo, vários homens estavam gritando para ela da amurada e apontando para o mar. Ela se virou e viu um navio vindo em direção ao promontório na baía. ─Corra!─ Ela agarrou a mão de Sorcha, e voaram pela praia. 284


Gong. Gong. Gong. O sino ecoou nas colinas e vibrou com os ossos do Glynis. Ela tinha visto o navio antes. Mas onde? Como eles escalaram os degraus esculpidos na rocha sob o castelo, Glynis olhou para o horizonte. Medo correu através de seus membros. Havia três velas agora. ─Mais rápido, Sorcha! Um guarda correu para fora do portão para levar Sorcha nos últimos metros. Assim que eles passaram por ela, outro bateu a porta atrás deles. No interior, os homens estavam correndo para buscar armas do arsenal. Bessie estava esperando por elas. ─Leve-a para dentro da torre─ Glynis disse a Bessie. Então ela viu Tormond, o homem que Alex tinha deixado no comando, correndo em sua direção. Ele era um homem de cinquenta anos, com os bíceps protuberantes e cabelo grisalho. ─Você reconhece os navios?─ Glynis perguntou a ele. ─Dois deles pertencem aos piratas MacDonalds, ─ Tormond disse. Então era o navio de Hugh MacDonald, ela o havia reconhecido quando ele tinha atacado Barra, enquanto Alex e Duncan estavam lá. ─Eu tenho minhas suspeitas sobre o terceiro, ─ Tormond disse. ─Eu estava esperando que você desse uma olhada nele. ─Eu? Glynis não poderia imaginar que houvesse um navio que ela conhecesse melhor do que ele, mas ela subiu na amurada com ele. Os três navios estavam muito mais próximos agora. Ela levantou a mão para sombrear os olhos e suspirou. ─Sim, eu conheço esse navio. ─ Glynis não poderia confundir o dragão vermelho pintado na vela. ─É de Magnus Clanranald.

CAPÍTULO 49

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─Alex diz que tem coragem e bom senso por isso vou dizer-lhe a pura verdade ─ disse Tormond. ─Eles terão cinquenta homens em cada um desses navios. Será um milagre se nós pudemos segurar o castelo. ─Deus nos ajude─ disse Glynis e benzeu-se. ─Já que nós somos do mesmo clã que os piratas MacDonald, espero que eles deixem-nos viver, mas eles vão depredar tudo.─ Tormond fez uma pausa. ─Eles não respeitam mulheres. Já estupraram suas próprias mulheres antes. ─Vou mandar as mulheres para as colinas─ Glynis disse. ─Vamos mantê-los fora enquanto pudermos. ─ Tormond tocou em seu braço, um gesto inesperadamente suave do homem mal-humorado. ─Alex nos avisou que Magnus é um perigo especial para você, deve levar a criança e esconder-se bem. Glynis encontrou a maioria das mulheres reunida no salão com Bessie e Sorcha. Ela contou-as e faltavam duas. ─Todas vocês sigam Bessie pelos fundos!─ Glynis gritou. ─ Todas devem correr para as colinas e se esconder tão rápido como puder. Agora depressa! ─E quanto a você senhora?─ Bessie perguntou. ─Eu vou seguir assim que eu encontrar as outras─ Glynis disse, empurrando Bessie. ─Vá! Vá! Glynis correu de sala em sala gritando. Ela finalmente encontrou as duas servas que faltam escondidas debaixo de uma mesa na cozinha e mandou-as se juntar as outras. Oh, Deus, ela tinha esquecido Una e Seamus. Ela não podia deixar os piratas porem as mãos na pobre Una. Glynis pegou suas saias e correu para fora da fortaleza, na esperança de encontrá-los nos estábulos. Setas caiam em torno dela enquanto ela corria pelo pátio. Seamus a viu chegar e ficou ao lado da porta aberta do estábulo, acenando para ela entrar. Felizmente, Una estava bem atrás dele. ─Vocês devem vir comigo para os fundos─ Glynis disse, agarrando a mão de Seamus. ─Agora depressa! 286


A pequena porta que levava aos campos estava entreaberta. Enquanto corriam em direção a ela, Glynis olhou para cima e viu homens brigando em cima da amurada. Ela empurrou Una e Seamus na frente dela e gritou para eles, ─Corram o mais rápido que puder e escondam-se! Quando Glynis abaixou-se através da porta atrás deles, ela viu as mulheres e crianças que ela enviara anteriormente dispersas sobre as colinas correndo por suas vidas. Mas uma mulher havia se virado e estava correndo de volta para o castelo. Pelos santos, era Bessie! Glynis correu para encontrá-la no campo. Quando ela alcançou Bessie, ambas estavam com falta de ar. ─Sorcha não está com você?─ Bessie perguntou. ─Eu a mandei com você. ─ O medo percorreu membros de Glynis. ─O que aconteceu? ─Sinto muito, senhora─ Bessie disse, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. ─Eu estava levando as outras mulheres, como você mandou, mas Sorcha queria ir com você. Eu pensei que tivesse ido apenas ao andar de cima. Mas depois que saiu, comecei a me preocupar, então procurei por você. ─Vou encontrá-la─ disse Glynis. Quando Bessie hesitou, Glynis a empurrou. ─Eu não posso me preocupar com você também, então vá! Quando Glynis reentrou o castelo, ela deparou-se com os sons de barulho de luta de espadas na parte superior das paredes e do constante bater de um aríete reverberando contra o portão da frente. Bang, bang, bang. ─Sorcha, Sorcha!─ Ela chamou, enquanto corria através da torre, fazendo uma pausa para olhar atrás das portas e por baixo dos bancos e mesas. Onde estava a filha? Deus, por favor, eu preciso encontrá-la. Glynis subiu as escadas. Se Sorcha estava escondida em algum outro lugar do castelo, Glynis estava perdendo um tempo precioso. Os gritos dos homens que lutavam entraram pela janela, enquanto ela passava correndo 287


por eles. Os sons estavam muito perto, alguns dos atacantes deve ter passado por cima do muro para o pátio do castelo. ─Sorcha! Sou eu, Glynis ─ ela gritou, enquanto procurava no quarto que ela dividia com Alex. Ela pegou sua adaga da mesa ao lado, então caiu de joelhos para olhar debaixo da cama. Sorcha não estava lá. O tempo estava se esgotando. Quando ela se levantou, seu olhar caiu sobre o baú na parte inferior da cama. Ela correu para ele, abriu a tampa e viu o cabelo brilhante de Sorcha. Sua filha estava enroscada como uma bola com a cabeça baixa e estava tremendo violentamente. ─Sorcha, amor, eu estou aqui─ disse Glynis, descansando a mão nas costas dela. A criança olhou para ela com olhos verdes de Alex. Então ela saltou e jogou os braços em volta do pescoço de Glynis. Glynis a apertou. Louvado seja Deus, que ela encontrou a menina. Glynis pulou ao som de madeira se partindo. Ele foi seguido por um rugido de vozes. Ela correu para a janela, carregando Sorcha com ela. Ah, não. Os piratas tinha quebrado o portão e estavam se dirigindo para o pátio do castelo abaixo. Era tarde demais para escapar. A cena abaixo era caótica, com os homens gritando e balançando as claymores. Glynis não podia dizer quem estava ganhando ou até mesmo quem estava em qual lado. E então ela viu Magnus, e ficou sem respiração. Ele ficou sozinho no meio do pátio, ignorando a luta que estava acontecendo ao seu redor. Sua claymore estava desembainhada e pronta, mas ele ficou parado, varrendo os terrenos do castelo com os seus olhos negros. Um arrepio passou por ela. Magnus estava procurando por ela. Quando seu olhar se voltou para elas, Glynis saltou de volta para as sombras com Sorcha. Como ele começou a ir para a torre com um passo

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determinado, Glynis se forçou a deter ao impulso de correr cegamente. Elas estavam presas sem ter para onde ir. Ela tinha que pensar. Ela devia encontrar uma maneira de proteger Sorcha. ─Você encontrou o melhor lugar do castelo inteiro para se esconder─ disse Glynis, passando a mão nos cabelos da menina. ─Eu vou colocá-la de volta dentro do baú e vou cobrir você. Sorcha sacudiu a cabeça e cravou os dedos nos braços de Glynis. ─Seu pai precisa de você, então faça o que eu digo e seja uma moça corajosa─ Glynis disse com voz firme. ─Não importa o que você ouvir, não deve sair até que esses homens maus forem embora. Altas vozes masculinas soaram na sala abaixo. ─Você deve fazer isso por mim─ Glynis disse, segurando o rosto de Sorcha. Glynis ouviu botas subindo as escadas e jogou a criança no baú. Seu coração batia forte em seus ouvidos quando ela tirou sua capa e colocou-a sobre Sorcha. ─Eu amo você ─ ela murmurou, e fechou a tampa um instante antes de a porta se abrir. Quando ela se virou, Magnus Clanranald surgiu na porta. ─Glynis, minha querida esposa─ disse Magnus, ─você tem muito a responder.

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CAPÍTULO 50 ─Porra, onde estão eles? ─Alex disse, enquanto olhava outro compartimento vazio. Depois de encontrar os MacNeils sãos e salvos por trás das paredes do castelo e eles terem navegado em cada entrada e lago na Barra. ─Nós fomos conduzidos a uma perseguição inútil─. Duncan bateu com o punho contra a amurada. ─Eu aposto que Hugh espalhou que ele pretendia invadir Barra para desviar-nos do seu verdadeiro plano. ─E ele conseguiu─ disse Connor com o olhar fixo no horizonte. Alguém que não o conhecia bem, não diria por seu exterior calmo que o chefe estava tão irritado como Duncan. ─Temos pouca chance de encontrar Hugh até que ele ataque novamente. Ele e seus homens poderiam estar escondidos em qualquer uma das mil entradas nas Ilhas Ocidentais. ─Eles poderiam ter ido para North Uist─. O coração de Alex começou a bater forte quando o pensamento lhe ocorreu. ─Enquanto nós navegamos ao sul, ao longo do lado oeste das ilhas, Hugh e seus homens poderiam ter navegado ao norte no lado leste. ─Alex, eles poderiam estar em qualquer lugar─ disse Connor. ─Hugh foi atacar a minha casa.─ A certeza daquilo caiu sobre Alex como uma névoa fria e pesada. ─Temos de voltar logo. Connor não parecia convencido, mas ele fez um sinal aos homens para virarem os navios para o norte. ─Faz sentido o fato de Hugh atacar o Castelo Dunfaileag─ disse Ian. ─Seria a sua maneira de mostrar desprezo por você, Connor. Seu tio sabe que tem muitos homens leais a Dunscaith agora para ele atacá-lo, então ao invés disso ele atraiu você para as ilhas exteriores. E então, enquanto ele nos mantinha olhando para o outro lado, ele tomaria o nosso castelo daqui. 290


Hugh gostaria de fazer Connor parecer tolo invadindo o Castelo Dunfaileag enquanto Connor e seu castelão estavam por perto com duas galeras de guerra cheias de homens. ─Deixei minha esposa e filha desprotegidas─ disse Alex, enquanto olhava para o norte no mar sem fim. Ele temia que tudo desse errado: que ele não soubesse como manter Glynis feliz, que fosse machucá-la, que ela roubasse seu coração. Todas essas coisas aconteceram, mas eles não eram nada perto disso. Em sua vaidade, nunca havia lhe ocorrido que ele não seria suficiente para proteger sua esposa e filha. Esse era o único dever que um homem tinha sobre todos os outros. Duncan veio ficar ao lado dele na amurada e descansou a mão no ombro de Alex. ─Mesmo que Hugh tenha ido para Dunfaileag, ele não tem homens suficientes para tomar o castelo. *** Pelo canto do olho, Glynis viu a adaga na cama, onde ela deve ter largado quando ela foi abrir o baú. Quando Magnus deu um passo em direção a ela, ela pulou e agarrou-a. Então ela pulou para trás, segurando-a na frente dela com ambas as mãos. ─Fique longe de mim, Magnus─ Glynis disse. ─Eu já o esfaqueei uma vez, então você sabe que eu tenho coragem de fazê-lo de novo. ─Eu estava bêbado no momento e fui tolo o bastante para não esperar que minha própria esposa fosse puxar uma adaga para mim─ disse Magnus. ─Não sou nem um nem outro agora. Baixe a adaga antes que você se machuque. Se não fosse por Sorcha, ela teria lutado com ele de qualquer maneira, tão desesperadamente quanto fosse possível. Mas Glynis não queria que a filha a ouvisse sendo ferida. ─Vou soltá-la─ disse ela, ─assim que você me disser por que está aqui e o que você pretende fazer comigo. 291


─Você me pertence─ disse ele. ─Eu estou levando você para longe de seu falso marido. ─Mas por quê? Você nunca gostou de mim. ─O que importa?─ Magnus disse, seu rosto vermelho. ─Você é minha mulher, e não me deixará a menos que eu diga. Ela estava desesperada no momento, mas Glynis podia ver agora que ela devia ter encontrado uma maneira mais calma de deixá-lo. Ferir Magnus com uma adaga e roubar um barco era tão tolo como picar um touro louco com uma vara. ─Alex vai me encontrar e me trazer de volta─ disse ela, tentando manter sua coragem. ─Ninguém encontrou-nos ainda─ disse Magnus com um sorriso de escárnio. ─Nosso acampamento está escondido atrás de uma ilha em Loch Eyenort em South Uist. ─Deixe-me aqui. ─ Embora soubesse que implorar nunca funcionou com Magnus, ela não se conteve. ─Você não me quer para sua esposa. Você nunca quis. ─Sim, eu não a quero, pois você está muito suja para mim agora─ disse ele. ─Mas eu vou gostar de ver os outros homens compartilhando você. Magnus iria fazer isso também. Ele a odiava muito. ─Abaixe a adaga, ou você vai morrer nesta sala─ disse Magnus. ─Faça a sua escolha rapidamente, pois eu estou tentado pela ideia de Alex MacDonald encontrá-la morta em uma poça de sangue no chão de seu quarto. Alex encontrá-la seria ruim o suficiente, mas pior seria Sorcha ver o corpo dela em primeiro lugar. Glynis deixou a adaga cair ruidosamente no chão. ─Você não seria rápida o suficiente. ─ Magnus deu dois passos largos em direção a ela e colocou a bota sobre a adaga . ─Eu vi como Alex MacDonald olhou para você, para minha esposa, e eu quero que ele chegue em casa e encontre sua cama ensopada com seu sangue. 292


O veneno nos olhos negros de Magnus fez o coração de Glynis congelar em seu peito. ─No inicio ele não a reconhecerá─ disse Magnus, tocando a lâmina em sua mão. ─Mas eventualmente, ele saberá que é você pelo anel no seu dedo ou uma mecha de seu cabelo. E então ele vai passar o resto de suas noites imaginando como seus gritos encheram o quarto.

CAPÍTULO 51 Alex olhou para o contorno do Castelo Dunfaileag na distância. Uma coluna fina de fumaça subia por trás de seus muros. Ele tentou dizer a si mesmo que poderia haver uma dúzia de causas para um incêndio, uma lâmpada virada no estábulo, um incêndio de gordura na cozinha, todos eles facilmente controlados e apagados. E não havia navios à vista. Certamente era um bom sinal. Enquanto se aproximavam, ele viu as tábuas quebradas do portão. Os piratas estiveram aqui e se foram. Duncan empurrou o homem no leme de lado e guiou a sua galera com a mão certa, enquanto Ian e Connor ficaram de cada lado do Alex, sem dizer uma palavra. E ainda assim, pareceu levar a metade da vida dele para navegar a distância restante para a praia. ─Olhe─ Ian disse, apontando. ─Há mulheres na praia.

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Alex sentiu os joelhos vacilantes com o alívio. Tormond deve ter tido tempo para enviar as mulheres para se esconderem nas montanhas. Aos poucos, Alex soltou o fôlego. Antes de o barco raspar o fundo, ele saltou e correu para a praia. As mulheres o cercaram. Nenhuma delas parecia ferida, mas elas estavam todas falando ao mesmo tempo. ─Piratas! Piratas estiveram aqui! Nem Glynis nem Sorcha estavam com as mulheres, então elas deviam estar no castelo. Vários de seus homens estavam descendo os degraus de rocha. Tormond, que estava na liderança, estava mancando e tinha um corte longo no lado do rosto e um dos braços sangrava. ─Vocês fizeram bem em mandar as mulheres para fora, ─ Alex cumprimentou-o. ─perdemos muitos homens? ─Nós lutamos tanto tempo quanto pudemos, mas ficou claro que não podíamos segurar o castelo─ disse Tormond. ─Quando achei que as mulheres estavam bem longe, eu me entreguei, na esperança de salvar tantos homens quanto fosse possível. ─Você agiu bem. ─ Alex começou a subir os degraus. Ele estava ansioso para ver com seus próprios olhos que sua esposa e filha estavam seguras. Tormond seguiu atrás dele. ─Os piratas nos prenderam em um dos quartos de armazenamento ao longo da parede, enquanto eles saquearam o castelo. Alex chegou ao topo e viu a porta quebrada. Conseguir tábuas de carvalho para substituí-lo levaria um longo tempo, mas havia coisas piores. Ele entrou através de um buraco no pátio do castelo. ─Quantos atacantes eram?─ Alex perguntou, mas ele estava se perguntando por que Glynis e Sorcha não estavam correndo ao seu encontro. ─Havia três navios, todos cheios de homens. ─Três?─ Alex perguntou, voltando-se para Tormond. ─Quem eram eles?

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─Dois pertencem a Hugh Dubh e seus irmãos─ disse Tormond. ─O terceiro é de Magnus Clanranald. Magnus? Alex sentiu como se o chão estivesse afundando com ele. ─Onde está Glynis?─ Quando Tormond não respondeu de imediato, Alex agarrou-o pela camisa rasgada e o sacudiu. ─Onde está minha mulher? ─Nós temos procurado em todos os lugares. ─ Tormond não conseguia encontrar os olhos de Alex. ─Mas não conseguimos encontrá-la ou a sua filha. *** O animo de Glynis afundava quanto mais eles navegaram para dentro de Loch Evocênort. Deus a protegesse, pois poderia levar semanas antes de Alex encontrá-la. Loch Evocênort tinha tantas baías e ilhas que, mesmo que Alex viesse para cá em sua busca, não a encontraria facilmente. Glynis esfregou o sangue em sua testa com a manga. Pelo menos ela não estava no mesmo barco que Magnus. ─Se você deixar o corte em paz, ele vai parar de sangrar. Glynis olhou para cima para encontrar Hugh Dubh pé sobre ela. Embora o rosto castigado de Hugh o fizesse parecer mais velho que seus trinta e poucos anos, ele tinha a poderosa construção de um homem no seu auge. ─Se você está preocupado que eu possa morrer em seu poder─ Glynis retrucou: ─então devia me dar algo para costurar esta ferida. Tudo o que ela tinha sofrido era um corte e um longo momento de terror em que ela acreditava que iria morrer nas mãos de Magnus. Hugh tinha puxado Magnus para longe dela na hora certa. Na discussão que se seguiu entre os dois homens, Hugh tinha tomado a posição de que um refém vivo valia mais que um morto. ─Você podia mostrar um pouquinho de gratidão depois de eu ter salvado sua vida─ disse Hugh, dando-lhe o que ele deve ter acreditado era um sorriso encantador. 295


─Você não fez isso por mim─ disse ela. ─Você fez isso pelo o ouro que meu marido e meu pai vão dar a você pelo meu resgate. ─Vou receber mais do que ouro por você, moça─ disse Hugh, se encostando-se à amurada e cruzando os braços sobre o peito largo. Hugh a usaria como isca. Glynis sabia disso, e ainda tinha que perguntar. ─O que mais? ─Eu quero vingança, assim como Magnus ─ disse Hugh. ─Mas Magnus é um homem simples, muito impaciente. Ao contrário dele, eu vou gostar do jogo, me vingar do meu sobrinho, e acabar com o ouro também. Hugh era vaidoso. Se ela pudesse picar o seu orgulho, ele talvez lhe dissesse que este jogo era esse. ─Você acha que pode ganhar de Connor?─ Glynis perguntou. ─Dizem que ele é muito inteligente. ─Ele é, mas Connor também tem uma grande fraqueza. ─ Hugh assentiu para si mesmo enquanto olhava para longe. ─Connor daria sua vida sem hesitação por qualquer um daqueles três: Alex, Ian, ou Duncan. Isso era verdade com cada um dos quatro homens. Glynis sabia como Hugh pretendia usar a lealdade de Connor contra ele. ─Todo mundo nas ilhas sabia sobre o voto de Alex de nunca se casar─ disse Hugh. ─Então, quando eu soube que ele tinha tomado uma noiva, eu percebi que só podia ser porque Alex tinha encontrado uma mulher que ele simplesmente tinha que ter ou morrer. ─Não foi assim. ─ Glynis disse, dando-lhe um olhar de soslaio. ─Alex precisava de uma mãe para sua filha, e eu estava por perto. Hugh latiu uma risada. ─ Geralmente os homens é que são tolos. Glynis havia sido uma tola, mas ela não ia admitir isso para Hugh. ─A opinião de um pirata ladrão significa menos do que nada para mim. ─Alex deve gostar de uma língua afiada. ─ Hugh estava tamborilando os dedos sobre a amurada. ─Eu acredito que ele fará qualquer

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coisa para tê-la de volta. E meu sobrinho Connor faria qualquer coisa por Alex. ─Connor é um homem bom─ Glynis disse. ─Eu não sei como vocês dois podem compartilhar o mesmo sangue. ─Confesso que isto também me surpreende ─ disse Hugh, coçando a barba. ─A lealdade é uma falha em um chefe highlander e vai custar a Connor a sua vida. Glynis se virou para Hugh. ─Sua vida? ─Sim─. Hugh tinha os olhos dourados de um lobo. ─E você, moça, é a isca na minha armadilha. Os quatro vão se unir para resgatar você, e eu estarei esperando. Hugh havia planejado o tempo todo. Ele havia atraído Connor e os outros para as ilhas exteriores com o propósito de prendê-los. ─Este é o lugar perfeito. ─ Hugh apontou para uma pequena ilha no lago quando navegavam no estreito canal ─ A metade dos meus homens estará escondida na ilha, ali, em frente ao meu acampamento. Teremos duas correntes sob a água entre a ilha e a costa que serão levantadas para prender o barco entre as duas para que eles não possam escapar. ─Eles são guerreiros experientes, perceberão a armadilha─ disse ela, esperando que fosse verdade. ─Eles vão navegar direto para a armadilha quando a virem, amarrada a um tronco na praia, seminua─ Hugh disse, sorrindo para si mesmo. ─Ah, com certeza vai deixar Alex cego de raiva. ─Você perdeu seu tempo. Alex não virá resgatar

─ disse ela,

tentando o seu melhor para manter a voz firme. ─Você conhece a sua reputação. Ele já está cansado de mim. ─Se for esse o caso, eu vou ficar tão decepcionado que darei você a Magnus, depois que meus irmãos tiverem se divertido com você. ─ Hugh riu. ─De qualquer maneira, eu tinha já planejado fazer isso no final. ***

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As palavras eram importantes. Na escuridão, Sorcha as praticava mais e mais em sua cabeça para que ela não as esquecesse. Em seguida, ela as sussurrou, testando os sons com a boca. Ela tinha quase esquecido o quarto escuro, sujo com os ratos grandes, onde seu pai a encontrou. Mas a lembrança voltou neste lugar pequeno, escuro e ameaçou arrancar as palavras de sua cabeça novamente. Ela respirou o cheiro de sua mãe nas roupas que a rodeavam. Ela ouviu vozes, mas não eram de seu pai, então ela tapou os ouvidos e parou de falar até que as vozes foram embora. Ainda assim, as batidas do seu coração tornava difícil ouvir as palavras. Mas ela seria forte como a rainha guerreira, Scathach. Ela seria forte como a mãe.

CAPÍTULO 52 ─Sua esposa estava levando as mulheres para fora pelo portão de trás ─ disse Tormond. ─Eu pensei que ela estava segura com as outras. ─Glynis provavelmente ainda está escondida no campo,─ disse Ian. Tormond balançou a cabeça. ─ Bessie disse que Sorcha desapareceu, e a senhora voltou para o castelo para encontrá-la. Nay. Não pode ser que eu tenha perdido as duas. Quando o olhar de Alex percorreu o pátio, viu homens mortos e feridos, mas não havia mulheres ou crianças. Tentou pensar. Onde poderiam estar? ─Nós procuramos por toda parte─ disse Tormond.

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─Então, procure de novo!─ Alex correu para abrir as portas dos armazéns ao longo da parede. Ele encontrou sacos de grãos rasgados, e os barris de vinho e cerveja tinham sumido. ─Glynis! Sorcha! ─Ele chamou de novo e de novo enquanto procurava. Ele não podia se permitir o pensamento de que ele poderia estar à procura de seus corpos. Maria, Mãe de Deus, protegei-as. Ele fez promessas a Deus enquanto procurava por elas. Leve a mim, mas, por favor, as mantenha em segurança. As mãos de Alex tremiam quando ele entrou na torre. As armas nas paredes tinham ido embora. As mesas foram derrubadas. O salão estava estranhamente silencioso, com exceção da louça esmaga sob seus pés. ─Glynis! Sorcha! ─O silêncio respondeu pesando sobre ele. Suas botas ecoaram nos degraus de pedra, enquanto subia as escadas para os quartos no andar de cima. Será que ele iria encontrá-las mortas? O corpo de sua mulher, ferido e usado pelos homens sujos que tinham destruído a sua casa? Alex não achava que era forte o suficiente para isso, mas ele continuou andando. Quando ele empurrou a porta do quarto, ela se abriu lentamente, revelando o quarto polegada por polegada. Em contraste com o resto da torre, o quarto estava limpo e arrumado. Parecia que Glynis tinha acabado de sair. Exceto por sua adaga caída no chão. Alex caiu de joelhos e a pegou. Não havia sangue nela, louvado seja Deus. Mas se Glynis e Sorcha não estivessem aqui, isso significava que os piratas e Magnus as levaram e sua intenção só poderia ser ruim. Alex tinha de encontrar sua esposa e filha antes que elas fossem machucadas, mas ele não sabia para onde olhar. Alex bateu no chão com os punhos. ─Onde é que eles as levaram?─ Ele gritou. ─Onde? Onde? Um rangido ao lado dele o fez saltar. Quando ele viu sua filha pequenina de pé no baú segurando a tampa aberta, Alex apertou-a em seus 299


braços. Ele correu as mãos sobre ela para assegurar-se que as fadas não estavam pregando peças aos seus olhos, e então ele segurou-a firmemente contra ele. Doce Jesus e todos os anjos, obrigado. Alex pensou ter ouvido uma vozinha em seu ouvido, dizendo: ─Sim. Ele se inclinou para trás. ─Foi você, Sorcha? Ela olhou para ele com seus olhos claros e assentiu. Em meio a um dia de pavor e desespero, o milagre de ouvir a voz doce de sua filha pela primeira vez, tomou conta dele. ─O que foi que você disse, mo chroí?─ Alex perguntou afastando seus cabelos para trás com os dedos. ─Eye─. Ele tinha pensado que ela estava dizendo sim antes, mas desta vez quando ela disse a palavra ela descansou a ponta de seu dedo ao lado de seu olho. ─Aconteceu alguma coisa com seu olho?─ Perguntou ele. ─É lá que o homem mau levou mamãe. Sua filha falou em gaélico perfeito, mas Alex não tinha ideia do que ela queria dizer. ─Eye Snort ─ Sorcha disse. ─É lá que o homem mau, disse que a estava levando. Eye Snort? O que em nome do céu era... ─Eye North Loch ─ questionou. ─Em South Uist? ─South Uist─ Sorcha repetiu, balançou a cabeça. Alex deu-lhe um grande beijo na testa. ─Você é abençoada. ─Mamãe o chamou de Magnus─ Sorcha disse. ─Ela não gosta dele. ─Isso ajuda muito, pequena─ disse Alex, mantendo a voz calma com esforço. ─ Lembra mais alguma coisa? ─Outro homem mau veio, e eles discutiram. ─Será que você ouviu o nome do segundo homem? Sorcha deu-lhe um aceno solene. ─Hugh. ─Você agiu muito, muito bem─ Alex disse ele descendo as escadas com ela. ─Agora eu preciso deixá-la com Bessie, enquanto eu vou buscar a sua mãe. ─Traga-a para casa─ Sorcha disse, abraçando-lhe o pescoço. ─Trarei. 300


Alex tinha acabado de receber um milagre. E agora ele precisava de outro.

CAPÍTULO 53 ─Vou deixar seu marido ensopado por alguns dias ─ disse Hugh, enquanto amarrava seus pulsos ao mastro. ─Eu preciso da minha isca viva até lá, por isso estou deixando aqui um homem para protegê-la de Magnus. Fez um inimigo e tanto, moça, embora eu não possa dizer que a culpo por você enfiar uma adaga nele. Magnus é um burro. ─Aithníonn ciaróg ciaróg Eile, ─ Glynis disse. Um inseto reconhece outro inseto. Hugh bateu tão forte em seu rosto que Glynis viu estrelas e cambaleou. 301


─Segure a sua língua se você quiser mantê-la intacta─ disse ele. Ela tinha sido tola por instigá-lo, sua madrasta sempre disse que ela não sabia quando ficar quieta. Porque Hugh a protegera de Magnus, ela relaxou a guarda em torno dele. Ela deveria sempre lembrar que Hugh era um homem cruel que matava inocentes e roubava comida da boca das crianças. ─Se Magnus puser os pés no meu barco contra as minhas ordens, mate-o. ─ Hugh disse ao homem dele. ─Eu poderia usar outro barco. Enquanto Hugh saltava sobre a amurada da galera, Glynis o examinou. Ele era um homem enorme, musculoso, com cabelos desgrenhados, o rosto cheio de cicatrizes, e apenas uma orelha. Quando o guarda se virou, o olhar que ele deu a ela enviou avisos de alarme através de suas veias. Glynis sentia-se impotente para se defender, amarrada como um cão ao mastro. Ela puxou as cordas, mas estas se mantiveram firmes. *** Um forte nevoeiro rolou sobre o lago, quando anoiteceu. Embora Alex não pudesse ver a costa, o riso estridente do acampamento dos piratas soava claramente através das águas calmas. Hugh havia se tornado relaxado. Por trás do riso, Alex ouviu o barulho de copos e o crepitar das fogueiras. Hugh e os homens Magnus eram mais numerosos, mas eles tinham a surpresa a seu favor. A julgar pelos sons, os homens de Hugh já beberam bastante, celebrando com o uísque e a cerveja de Alex. Alex, Duncan, Ian, e Connor estava na frente da sua galera e iriam primeiro. Enquanto os outros eram bons guerreiros, os quatro lutavam juntos há muitos anos. E eram os melhores. Alex fez um sinal para os outros, e os quatro saltaram pela lateral do barco com um respingo macio. Ele parou para ouvir, mas os piratas continuaram como antes. Assim que ele assobiou baixo imitando uma pomba, os outros homens começaram a cair na água atrás deles. Moveramse silenciosamente com a água na altura do peito, segurando seus escudos e 302


claymores sobre suas cabeças. Ao se aproximar da costa, Alex pode ver o brilho das fogueiras através da névoa espessa. Ele e Connor se esconderam no mato perto da costa, enquanto Duncan e Ian levavam a maioria dos homens por trás do acampamento. O grupo de Duncan e Ian iria atacar por trás de modo que os piratas não pudessem escapar para o interior. O plano era prender os piratas entre o diabo e o profundo mar azul. Antes de dar o sinal, a tarefa de Alex e Connor era ter certeza que Glynis s e todos os outros reféns não seriam pegos no meio do ataque. Eles rastejaram para frente até estar perto o suficiente para ver os rostos dos homens reunidos ao redor das fogueiras. Alex viu Hugh e os outros tios de Connor, Angus e Torquil. Mas ele não viu Magnus. Ou Glynis. O sangue de Alex esfriou quando viu um homem sair de uma barraca que tinha sido armada e outro entrar Ou era ali que o uísque estava ou eles estavam se revezando com uma mulher. Quando Alex ouviu uma mulher gritar, ele ficou de pé antes de Connor segurar seu braço para detê-lo. Não, Connor sussurrou e balançou a cabeça. Ele acenou com a cabeça na direção para onde Duncan tinha ido, para lhe dizer que Duncan estava mais perto e que lidaria com isso. O sangue martelava na cabeça de Alex. Em sua mente, Alex podia ver Duncan escorregando na parte de trás da tenda e, em seguida, segurando sua mão sobre a boca do homem para mantê-lo quieto enquanto cortava sua garganta. O homem não saiu da tenda. Sim, os quatro se conheciam muito bem. Não foi Glynis que ele tinha ouvido gritar. Alex esquadrinhou o resto do acampamento, mas ele não a viu ou quaisquer outros presos que estariam em perigo quando eles atacaram. Mas onde estava Glynis? Será que ela também estava na tenda, estuprada por uma dúzia de homens? Ou ela estava morta? Alex se forçou a concentrar-se na batalha pela frente. Quando Connor tocou em seu braço, Alex fez outro chamado baixo para alertar os 303


homens que estavam com Ian e Duncan que era tempo. Um instante depois, ele e Connor se levantaram, gritando o grito de guerra MacDonald, ─Fraoch! Seus homens do outro lado do fogo ecoaram seu grito feroz. Fraoch! Fraoch! Fraoch! Alex canalizou sua raiva reprimida e seu medo por sua esposa em sua lâmina, cortando um homem após o outro. A febre da batalha queimando em suas veias como fogo azul. Ele girou e girou como um louco, até que a voz de Duncan penetrou através dos sons de batalha em torno dele. ─Connor precisa de ajuda!─ Duncan gritou do outro lado do fogo. Alex se virou e viu que Hugh e vários de seus homens estavam se aproximando de Connor. Alex saltou em sua defesa, e os dois lutaram de costas um para o outro, como já haviam feito muitas vezes. Apesar de tudo, Alex começou a gostar de si mesmo. Ele foi feito para isso. Ninguém poderia derrotá-los quando lutavam assim, exceto, talvez, Duncan e Ian. Hugh era um lutador forte e esperto, mas ele estava sempre disposto a arriscar as vidas de seus homens antes da sua própria. Quando ficou claro que Alex e Connor estavam ganhando a luta, Hugh fugiu na escuridão. ─Vou pegar Hugh─ gritou Connor. ─Angus está correndo para os seus barcos, pegue-o antes que ele escape. Através do nevoeiro, Alex vislumbrava apenas as costas de um homem correndo para o lago. Alex jogou-se sobre ele e o jogou no chão, caindo em cima dele com um baque. ─Onde ela está?─ Alex gritou, quando se sentou no peito de Angus com sua adaga contra a garganta do homem. Quando Angus não respondeu com rapidez suficiente, Alex pressionou a lâmina mais profundamente, desenhando uma linha de sangue. Pronunciando cada palavra, ele disse: ─Onde está minha mulher? ─No barco, ─ Angus engasgou. ─Qual barco? ─Hugh─ disse Angus. ─Ele a colocou lá para mantê-la longe de Magnus. 304


─Se eu descobrir que colocou um dedo nela, Angus─ Alex disse entre os dentes cerrados, ─Eu voltarei e o estriparei. Alex não tinha tempo para amarrar Angus então ele pegou a rocha mais próxima e bateu-lhe na cabeça. *** Os pulsos de Glynis estavam doloridos de lutar para soltar as cordas, mas ela continuou tentando. Ela olhou por cima do ombro para o vigia malhumorado, imaginando se havia uma maneira de se apossar da adaga dele. Ele tinha uma lâmpada a óleo ao lado dele, mas a neblina era tão espessa que ela podia ver pouco mais do que o seu contorno escuro, sentado com as pernas apoiada na lateral do barco. De alguma forma, ela tinha que se libertar e avisar Alex e os outros antes que eles caíssem na armadilha de Hugh. Ela não tinha visto uma aldeia ou até mesmo um chalé quando estavam navegando para o acampamento. Uma vez que ela escapasse, teria um longo caminho a percorrer antes que ela encontrasse alguém para ajudá-la, mas ela iria a pé para o inferno e voltaria se fosse preciso. De repente, ouviram-se gritos e os sons de luta na praia. Glynis não podia ver o que estava acontecendo através do nevoeiro e da escuridão, mas ela não tinha ouvido um barco chegar. Não foi surpresa para ela que os piratas começassem a lutar entre si. Hugh e Magnus eram aliados desconfiados. Um não confiava no outro, e com razão. ─Arrgh... O som horrível de engasgos estava perto. Onde estava seu guarda? Glynis inclinou-se na medida em que a corda permitia e apertou os olhos para a escuridão na extremidade do barco. A figura de um homem lentamente emergiu do nevoeiro noite, carregando sua espada claymore a frente dele. Mesmo antes que ela pudesse ver seu rosto, ela soube quem era. Ela estava sozinha no barco com Magnus. *** 305


Os outros ainda estavam presos na batalha, e Alex não poderia esperar por eles. Ele correu em meio ao nevoeiro denso, sugando o ar pesado profundamente em seus pulmões. Quando ele chegou à beira do lago, viu uma luz vacilante sobre a água. Deus, não! Um dos barcos estava em chamas. Alex entrou na água. As três embarcações piratas surgiam do nevoeiro como navios fantasmas, mal iluminadas pelo brilho do fogo no navio do meio. Alex podia divisar apenas a cabeça da serpente esculpida na proa. Era o navio de Hugh que estava queimando. Ele prendeu seu punhal entre os dentes e nadou o resto do caminho para o barco. Ele encontrou uma corda pendurada sobre a lateral perto da proa em chamas. Quando ele puxou a si mesmo, se esforçou para ouvir, mas não conseguia ouvir nada sobre o crepitar das chamas e os sons da batalha em curso na praia. Quando ele rolou para o lado para o barco, caiu em algo macio. Um corpo. Sua mente girava com as possibilidades, e um medo frio se instalou em sua barriga. Magnus deve ter matado o guarda. Através das chamas, ele vislumbrou das costas de um homem. Então ele ouviu uma voz profunda e raivosa. Voz Magnus. ─Você me fez de tolo diante de todo o meu clã─ disse Magnus. ─É por isso que me tiraram a chefia. Eles perderam o respeito por mim por sua causa. ─Eles lhe tiraram a chefia, porque você era cruel com seu próprio povo. Ah, aquela era sua esposa, argumentando com um homem mau, com uma lâmina na mão. Deus o ajude, Magnus estava muito perto dela. Alex avançou com cautela, sabendo que tinha apenas uma chance. Se Magnus o ouvisse, ele podia matar Glynis antes que Alex pudesse alcançá-la. ─Todos os meus problemas começaram com você─ disse Magnus, movendo a lâmina no ar como um louco. A chamas estavam lambendo seus 306


pés, mas ele estava tão furioso que não parecia notar. ─Eu deveria ter arrastado você de volta por seu cabelo e fodido você até engravidá-la. Alex rastejou para frente, sua própria raiva quase sem controle. ─Todo mundo já estava rindo de mim por causa do que você fez─ disse Magnus. ─Então, quando ouvi que você não deixou Shaggy com seu pai, fui à sua procura. Eu não podia deixar minha mulher fugiu com outro homem. ─Eu não sou sua esposa!─ Glynis disse. Alex sentiu que Magnus estava prestes a atacá-la. O fogo estava tão quente agora que o suor escorria pelo seu rosto enquanto ele chegava mais perto. Ele teria sua chance em breve. ─Foi quando eu corri atrás de você que tomaram a chefia de mim─ gritou Magnus. ─Eles nunca teriam tido coragem de fazê-lo se eu tivesse estado lá. Por sua causa, eles me tiraram tudo! Quando Magnus girou o braço para trás, Alex já estava correndo através das chamas. *** ─Glynis! Tudo parecia acontecer ao mesmo tempo: Glynis ouviu a voz de Alex gritando seu nome, uma adaga voou pelo ar e se enterrou no mastro com um barulho metálico acima de sua cabeça, Magnus levantou os braços e arqueou para trás, gritando de dor. Através das chamas, ela viu Alex atravessando o barco em direção a eles com seu cabelo voando atrás dele. Todos os santos sejam louvados! Parecia um dos heróis lendários de seus contos. Magnus, um guerreiro poderoso, se recuperou a tempo de bloquear espada de Alex, que balançou os braços e os joelhos dobrados, com o esforço. Quando ele se virou, viu a adaga saindo do seu ombro. Lembrando-se dela acima de sua cabeça, Glynis estendeu a mão e a arrancou da madeira. Voltando a lâmina na direção dela, ela moveu-a desajeitadamente contra as cordas que prendiam seus pulsos. Pareceu durar uma eternidade, mas finalmente ela cortou as acordas. 307


Glynis se afastou do caminho enquanto os homens lutavam no espaço apertado, derrubando barris de cerveja e fazendo os porcos roubados guincharem. Suas espadas chiavam e raspavam a madeira do barco enquanto as chamas subiam em torno deles. Conforme o calor esquentava seu rosto, Glynis temia que tudo fosse consumido no incêndio. Suas mãos tremiam, mas ela segurou o punhal na frente dela, à procura de uma oportunidade para usá-lo em Magnus. Mas os dois homens estavam se movendo muito rápido para ela ter certeza que não atingiria Alex por engano. E, em seguida, Magnus estava correndo diretamente para ela através das chamas, o rosto contorcido de raiva negra. Pouco antes de chegar a ela, Alex puxou-o pela parte de trás de sua camisa. Dor subiu pela perna de Glynis. Quando ela olhou para baixo, suas saias estavam em chamas. Ela se inclinou e bateu nas chamas com as mãos. Mas o cabelo dela pendeu sobre os ombros. Quando ele pegou fogo, ela gritou. Alex atravessou as chamas em uma corrida louca. A próxima coisa que Glynis percebeu foi que estavam voando pelo ar. Eles atingiram a água bruscamente, cortando a respiração dela. O último som que ouviu quando mergulhou foi o chiar das chamas de encontro à água. Ela engoliu água e começou a tossir. A água escorria pelo seu rosto, e o cheiro de cabelo queimado enchia o seu nariz, enquanto Alex a levava para a praia. Ela apoiou o rosto contra seu peito e ouviu o som reconfortante de seu coração trovejando. ─Mo chroí, ele a feriu?─ Perguntou ele. ─ você está bem? ─Agora estou. Alex parou de andar. ─Eu a amo muito. Eu não iria suportar se eu a perdesse. Glynis deixou as palavras derramarem-se sobre ela. Alex a amava. ─Você nunca vai me perder─ disse ela. ─Nunca.

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CAPÍTULO 54 ─Nada mais de uísque! ─Glynis afastou o copo que Alex levava à sua boca. Duncan, Ian, e Connor estavam todos pairando sobre ela, parecendo um bando de galinhas. ─A queimadura é o pior tipo de ferida─ disse Alex. ─Não é preciso ser valente agora. Ela deixara que os homens a encharcassem de uísque ─ a cura dos homens para tudo - ontem à noite, mas ela queria chegar em casa sóbria, pelo amor de Deus. ─Minha perna mal dói agora─ disse Glynis, embora doesse como o diabo. ─Eu não quero que a nossa filha me veja tropeçando para fora do barco. ─Você não vai tropeçar, porque você não andará─ disse Alex, em um tom que lhe disse que não devia argumentar sobre o assunto. ─Você tem bastante gente esperando para lhe dar as boas vindas novamente─ disse Ian. Glynis ignorou os protestos do marido e se levantou. Parecia que todos, desde o castelo até as casas vizinhas haviam descido para a praia para cumprimentá-los. Ela sorriu para Alex e apertou sua mão. Quando Alex levou-a para fora do barco, as pessoas esperando na praia aplaudiram , o que quase a fez chorar. Alex a pôs no chão quando Sorcha correu. Glynis caiu de joelhos na areia e estendeu os braços para a filha. 309


─Mãe─ Sorcha disse, enquanto jogava os braços em volta do pescoço de Glynis. ─Eu sabia que papai traria você para casa. Enquanto abraçava Sorcha firmemente contra ela, Glynis se permitiu chorar. Ela sempre se lembraria desse momento, quando ela ouviu a voz da filha pela primeira vez, chamando-a de mãe. ─Sua mãe tem uma ferida de batalha que prova o quanto ela é corajosa─ disse Alex, ajudando Glynis a se levantar novamente. Ele descansou a mão na cabeça de Sorcha. ─Espere até vê-la, é uma beleza. Glynis riu porque ela sabia o que ele queria dizer. ─Vamos nos despedir de vocês agora e juntar-nos aos nossos homens em outro navio─ disse Connor. ─Você não pode ficar?─ Glynis perguntou, olhando de Connor para Ian e Duncan. ─Devemos entregar Angus e Torquil ao chefe Clanranald para receberem a sua punição─ disse Connor. ─Os Clanranalds, pelo menos, vão ter justiça. ─Eu sei que vocês lamentam por Hugh ter escapado novamente. ─ Alex apertou o ombro de Connor. ─Mas eu aprecio o que fizeram. Quando Alex levara Glynis para a praia, escapando do navio em chamas, encontraram Connor correndo desabaladamente em direção ao lago. Eles descobriram mais tarde que Connor estava lutando com Hugh, quando este lhe disse que Glynis estava no navio em chamas. ─Ah, você não precisa da minha ajuda─ disse Connor. ─Mas você achou que eu precisava─ disse Alex. ─Você deixou Hugh para me ajudar a salvar a minha esposa. ─Você faria o mesmo por mim. ─ Connor fez uma pausa e depois lhe deu um sorriso torto. ─Se eu tivesse uma esposa. ─É tempo de arranjar uma─ disse Alex. ─Devo fazer-lhe uma lista? Os outros homens riram tanto que Glynis suspeitou que ela fizesse parte da piada. ─Não há necessidade disso ainda─ Ian disse, e deu uma cotovelada nas costelas de Duncan. ─Temos tudo planejado, e Duncan é o próximo. ─Não acredite nisso─ disse Duncan no ouvido de Glynis, quando ele se inclinou para dar um beijo de despedida em sua bochecha. 310


─Mesmo assim, ─ ela sussurrou de volta ─ eu o aconselho a não apostar aquela galera que você roubou de Shaggy. *** Alex ficou aliviado de ter sua esposa em casa. Ele esperava que ela fosse ficar. Embora Glynis tivesse dito que nunca o deixaria, ela quase fora queimada viva pouco antes. Como um guerreiro, ele ouviu muitas vezes homens fazerem promessas quando encaravam a morte, que logo eram esquecidas assim que o perigo passava. Ele queria ouvir Glynis dizer novamente. No navio, eles não tiveram oportunidade de falar a sós. Assim que Connor e os outros zarparam, Alex virou-se, com a intenção de levantar Glynis nos braços e levá-la para o castelo. Mas ele congelou no lugar, quando viu Una correndo em direção a ele pela praia. Ah, Glynis com certeza ia pensar o pior. Mas quando Una os alcançou, ela pegou as mãos de Glynis. O coração de Alex começou a bater outra vez. Aparentemente, as duas se encontraram e conversaram em sua ausência. ─Estou tão feliz que você está bem─ Una disse a Glynis. ─Viu Peiter lá?─ Glynis disse, balançando a cabeça na direção do jovem pescador, que, como de costume, estava olhando para Una com os olhos arregalados. ─Sim, ─ Una disse, o rosto corado. ─Eu sei que você não está pronta. Mas quando estiver, Peiter é um bom homem em quem pode confiar. ─Glynis colocou o braço em volta de Alex e se inclinou para ele. ─Como meu marido. O peito de Alex inchou-se, ao mesmo tempo em que se divertia vendo que sua esposa estava pondo a casa ordem antes mesmo de terem deixado a praia. ─Ela precisa descansar─ disse Alex, acenando para as pessoas. ─Estou bem─ disse Glynis, enquanto ele a levava para o castelo. ─Eu quero ficar a sós com você ─ disse Alex, dando-lhe uma piscadela. ─Eu tenho algo para dar a você. 311


─É o tipo de presente que geralmente envolve tirar as nossas roupas? ─ Perguntou ela, balançando as sobrancelhas para ele. Ele riu. ─Eu acredito que vocês está se sentindo melhor, mulher. Depois que ele a levou nos braços para o quarto, colocou-a na cama e enfiou travesseiros atrás das costas e outro sob a perna machucada. ─Falei com seu pai quando paramos em Barra à procura de Hugh e dos outros─ disse Alex, sentando-se na beirada da cama para dar uma olhada em sua perna. A queimadura sarava bem, louvado seja Deus. ─Eu acredito que eu o convenci a fazer as pazes com Colin Campbell e se apresentar a Coroa. ─Oh, isso é um bom presente─ Glynis disse, inclinando-se para tocar sua face. ─Isso não é o seu presente─ disse ele, procurando algo em sua bolsa de couro. ─Nós casamos tão depressa que não tive tempo para encontrar um anel, então eu pedi a Ilysa para me ajudar. Ela encontrou alguém para fazer o que eu queria, e Duncan trouxe com ele. Alex pegou a mão dela e colocou o anel de prata em seu dedo. ─Ah, Alex, é lindo!─ Disse. ─São duas garças esculpidas nele? ─Sim─ disse ele. ─Garças tem apenas um companheiro durante a vida toda, e é isso que eu quero. Ela olhou para ele com os olhos marejados. ─Estou triste por não ter confiado você. Eu nunca vou cometer esse erro novamente. ─Nunca me deixe─ disse ele, pegando-a nos braços ─ porque eu a amarei para sempre. Ainda era difícil para ele dizer isso, embora já fosse verdade há muito tempo. Quando ele a soltou, ela estendeu a mão e sorriu examinando o anel novamente. ─Eu suspeito que Ilysa e Teàrlag colocaram todos os tipos de encantamentos mágicos sobre ele─ disse ele. ─Você não precisa de encantamentos mágicos para me segurar.─ Glynis segurou suas mãos e olhou para ele com seus graves olhos 312


cinzentos. ─Você sabe como eu sou teimosa. Você não poderia se livrar de mim agora, mesmo se quisesse. Alex sentiu-se relaxar. Glynis era a mulher mais determinada que ele havia conhecido, e ela decidiu ficar com ele. A expressão dela suavizou, e ela disse: ─Vamos fazer um lar para os nossos filhos que seja cheio de amor, mo shíorghrá.─ Meu amor eterno. Alex tomou o rosto de sua esposa em suas mãos e beijou-a longa e lentamente.

EPÍLOGO Dia de Santa Brígida (AL Fhèill Brìghde) 01 de fevereiro de 1516 ─Senti sua falta─ disse Alex, beijando rosto de sua mulher novamente enquanto voltavam da praia. Ele acabara de voltar de um encontro com Connor e os outros em Dunscaith. ─Você não devia ter navegado por Minch até Skye nesta época do ano─ ela repreendeu. ─Tenho São Miguel para me proteger─ disse ele, colocando a mão sobre o peito, onde o medalhão descansava. ─Além disso, tem sido um inverno ameno. Ele prendeu o plaid mais firmemente em torno dos ombros de Glynis. A julgar pelo vento cortante vindo da água, eles teriam uma mudança no tempo. ─O salão está um pouquinho barulhento, ─ Glynis avisou. ─Então me conte as notícias agora, antes de entrarmos. ─Angus e Torquil estão mortos─ disse Alex. ─O chefe Clanranald amarrou Angus em um saco e jogou no mar, sem delongas, já que foi ele quem ofendeu a mulher do clã. ─E quanto a Torquil? 313


─Ele foi mantido prisioneiro por um tempo, mas depois ele se gabou de quão rápido podia correr. Quando o deixaram correr na praia para provar isso, ele tentou fugir. Ele foi atingido na perna por uma flecha. ─Ele morreu disso? ─Bem... ─ disse Alex, ─eles decidiram que o ferimento era incurável e o executaram. ─Hmmph. E como está Connor? ─Hugh prometeu uma vingança sangrenta pelas mortes de seus irmãos─ disse Alex. ─E se isso não é suficiente, há um rumor de que os MacLeods e os MacLeans secretamente avisaram a Coroa que eles estão dispostos a mudar de lado na rebelião por um preço. ─Por um preço? ─Sim, e o preço é geralmente as terras de outra pessoa ─ disse Alex. ─E Connor soube que sua irmã Moira está sendo maltratada por seu marido. ─Ah, isso é terrível─ disse Glynis. ─O que ele vai fazer? ─Ele enviou Duncan para a Irlanda para descobrir se é verdade─ disse Alex, dando-lhe um olhar de soslaio. ─Isso é pedir muito de Duncan, ─ Glynis disse. ─Eu não contei a notícia mais surpreendente─ disse Alex, ainda não acreditando ele próprio. ─Meus pais estão vivendo juntos, e eles estão agindo como dois pombinhos. Glynis riu e apertou seu braço enquanto subiam os degraus para a torre. ─Eles ainda não pensam em ninguém além de si mesmos, mas estão mais fáceis de se conviver. ─Estou contente por você ter chegado em casa a tempo para celebrar o Dia de Santa Brígida─ Glynis disse, enquanto ele abria a porta para ela. Alex não tinha ideia que era dia de Santa Brígida. Quando eles entraram na sala, ele viu Sorcha com o grupo de mulheres e crianças na longa mesa. Elas haviam feito a estatueta tradicional da santa com feixes de grãos e estavam decorando com fitas e conchas. ─Pai!─ Sorcha correu para cumprimentá-lo e puxou sua mão. ─Venha ver Santa Brígida. 314


Alex obedientemente admirou a boneca em toda elegância dela. ─Venham, crianças─ disse sua mulher, ─e eu vou contar-lhes sobre o Dia de Santa Brígida. Enquanto as crianças se reuniram em torno dela junto ao fogo, Glynis descansou a mão em sua barriga inchada e sorriu para ele. Eles estavam tão felizes com o bebê. ─O Dia de Santa Brígida é comemorado na época em que as ovelhas produzem seu leite preparando-se para o nascimento dos cordeirinhos─ ela disse às crianças. ─Embora o inverno ainda não tenha terminado, vemos o primeiro vislumbre da primavera. Nós celebramos a vida nova, o renascimento da terra, e nossa esperança de uma boa pesca após o período chuvoso. Nenhum trabalho de fiação ou qualquer outro envolvendo uma roda é permitido porque a roda do tempo está girando entre as estações. Alex riu para si mesmo. Como na maioria dos dias comemorativos das montanhas, esta era uma celebração pagã envolta sob o disfarce de um santo cristão. ─Os pescadores apanham algas para fazer fertilizante, enquanto nós, mulheres, passamos o dia limpando─ Glynis continuou. ─E então nós colocamos lapas vivas nos quatro cantos de nossas casas limpas para promover a boa pesca. Glynis encontrou os olhos de Alex sobre as cabeças das crianças e deu-lhe outro sorriso. ─O Dia de Santa Brígida é o dia em que celebramos a casa, o lar e a família. Este era o tipo de lar que Alex havia sonhado quando ele era criança. Ele suspirou com contentamento, ele olhou para os rostos do povo que se reunira na antiga torre e que Glynis tinha transformado em lar. Ele acenou para Tormond, que, se ele não se enganava tinha a mão na perna de Bessie debaixo da mesa. Glynis enviou Sorcha à porta para convidar: ─ Brígida, entre.

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─Bem-vinda, Brígida,─ as outras mulheres cantavam. ─Sua cama está pronta. Glynis pegou a boneca da mesa, e todos se reuniram à volta dela enquanto ela a deitava em uma cama de juncos junto à lareira. ─Isso é chamado de varinha de Brigida─ explicou ela, enquanto depositava uma varinha de bétula polida ao lado da boneca. ─É usada para trazer a terra de volta à vida. ─Eu acho que sei o que a vara representa─ Alex sussurrou em seu ouvido. Ela deu-lhe um olhar grave e, em seguida entregou a Una uma tigela de água e uma vasilha de sal. ─Ponha-as lá fora para a santa abençoar. Vamos usá-las durante todo o ano em medicamentos, pois o dia de Santa Brígida é também um tempo de cura. Alex sabia por que ela escolheu Una para a tarefa, porque a moça tinha uma necessidade especial de cura. ─Isso vai trazer a cura e proteção para cada um de nós nos próximos meses─ disse Glynis, cortando uma tira de pano para cada membro da família deixar no lado de fora da porta para Santa Brígida abençoar. Alex pegou a sua para agradá-la, embora Glynis já tenha curado as suas feridas. O último ritual da noite, depois da festa, era feito pelo chefe da família que era abafar o fogo e espalhar as cinzas. Pela manhã, eles iriam procurar por sinais de visita da santa nas cinzas. Alex cumpriu rapidamente a tarefa, pois era a última coisa entre ele e a hora de levar sua mulher para a cama no andar de cima. Mais tarde naquela noite quando ele se deitou com ela em seus braços, Alex pensou em suas bênçãos e nas muitas mudanças feitas em sua vida nos últimos meses. Como Teàrlag previu, Glynis tinha cumprido seus desejos mais profundos.

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─Você me deu tudo que eu esperava, mas não acreditava que merecia─ disse ela. ─E você me fez um homem muito melhor do que eu pensei que poderia ser. ─Aguardo ansiosamente por cada dia com você ─ disse ela, quando encostou a palma da mão sobre seu coração. ─Você me faz tão feliz. Ele a fazia feliz. Contudo, Glynis o surpreendera desde o início. FIM

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