A RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE NA CONTEMPORANEIDADE (Paula) A perspectiva ambiental consiste em um modo de ver o mundo no qual se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida. Dessa feita, na medida em que a humanidade aperfeiçoa sua capacidade de intervenção na natureza para satisfação de suas necessidades crescentes, emergem em contrapartida tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos. Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, alicerçado na industrialização, com uma nova forma de produção e organização do trabalho, a mecanização e produção industrial, a mecanização da agricultura e uso intenso de agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades. Assim, podemos apontar as seguintes características: “cientificismo; matematização da realidade do mundo; mecanicismo (vide a metáfora do mundo como uma máquina em Descartes); materialismo com o desencantamento do mundo; ateísmo” . Nesse contexto, conferiu-se à natureza um valor puramente utilitário. Evidencia-se, portanto, que se faz necessária uma mudança paradigmática dos objetivos políticos e econômicos, a fim de evitarmos a exploração desenfreada dos recursos naturais, ante o perigo real e próximo de esgotamento dos recursos naturais em nosso planeta. Nesse cenário, constata-se que os desafios ambientais globais, como os impactos decorrentes das mudanças climáticas, da redução da biodiversidade pela extinção de inúmeras espécies, pelo uso excessivo do patrimônio natural determinando graves problemas ambientais e de saúde, estão também intrinsecamente associados ao problema da pobreza e à sustentabilidade dos ecossistemas e, consequentemente, a questões de segurança dos recursos e estabilidade política. Por outro lado, a busca incessante por matérias-primas gera uma insegurança quanto à concorrência global para obtenção de recursos naturais, a qual poderá agravar-se tendo em vista o aumento da procura, da diminuição da oferta e de uma menor estabilidade no fornecimento destes. A disputa por recursos aumenta a pressão sobre os ecossistemas em todo o mundo e, em especial, sobre a sua capacidade para assegurar a continuidade no fornecimento de insumo alimentar, energético e de recursos hídricos. Neste sentido, tendo em vista que as análises das relações entre homem e natureza demonstram a complexidade e interdisciplinaridade da questão ambiental, podemos − através do aporte de estudos baseados nas modernas teorias de sistemas, que, por sua vez, fazem parte de uma nova maneira de se refletir sobre a ciência − delinear um novo paradigma ecológico. Ora, considerando a inevitável interferência que uma nação exerce sobre outra por meio das ações relacionadas ao meio ambiente, há de ser em conta a ocorrência de um risco sistêmico, devido a um aumento das interconexões entre os vários riscos, tal como a hiperexploração continuada do capital natural, o que coloca a questão ambiental na pauta dos temas de relevância internacional.
Crise ambiental (Adelina) Por volta de 1970, governos e entidades começaram a dar atenção às consequências de suas ações no meio ambiente. Quatro décadas depois ainda existem dificuldades para controlar a exploração desenfreada dos recursos naturais. O modelo capitalista de desenvolvimento, cada vez mais arraigado nas sociedades atuais, exerce uma pressão muito forte sobre o meio ambiente, o que culminou em uma crise ambiental global. O futuro do planeta – e de todos nós – depende de uma modificação global de pensamento e atitudes. Segundo a ONU, apenas com a criação de políticas públicas internacionais e de modelos de desenvolvimento sustentáveis será possível combater a crise ambiental global que assombra o planeta. A crise ambiental, portanto, gera críticas ao desenvolvimentismo e seus limites. Fato é que o sistema vigente de produção de bens de consumo necessita ser analisado de forma crítica, a partir de valores superiores ao mero consumismo. Espera-se a superação da noção de que o ser humano deve produzir eficientemente e consumir vorazmente, vez que nesse binômio, segundo Kant, a dignidade pessoal e autônoma de ser humano é perdida (Kant, 2001). Percebe-se uma urgência em se vincular a racionalidade técnico-científica a uma racionalidade ética, não apenas por ser uma dimensão essencial da ação humana, mas também por ser a natureza em si um valor e um sujeito de valores. Não se trata de retrocesso, e sim de progresso necessário na racionalização da sociedade. As práticas cientificam não podem ser constituídas sem que estejam incluídas numa lógica ética. Problemas ambientais (Sinara) Era muito difícil, naquela época, ter um pensamento ecocêntrico, já que o racionalismo e o antropocentrismo imperavam nas formas de agir e de pensar. Os limites da tolerância da natureza, porém, devido à sua vulnerabilidade, devem ser questionáveis. Não se sabe até quando ela aguentará a agressão intensificada do homem, derivando, desse limite, vários problemas. Essas consequências estão apenas começando a aparecer e a aterrorizar a sociedade humana, dentre elas(6): a) o problema da escassez de alimentos: esse torna-se mais grave à medida que cresce a população mundial, a qual depende dos recursos naturais para suprir uma de suas necessidades mais elementares. Tais recursos, no entanto, são limitados e agravados pela salinização do solo devido à permanente irrigação e, também, alterações climáticas causadas pela falta de oxigênio decorrente da destruição das florestas, consequências de uma agricultura mais intensiva e estendida; b) o problema da matéria-prima: o grande problema não é a sua limitação, mas sim sua localização, vez que se encontra em camadas cada vez mais profundas (no fundo oceânico em toda a extensão do planeta, porém, em baixa concentração), causando problemas de energias para sua extração; c) o problema das fontes de energia: as renováveis (luz solar, ventos, etc.) não seriam suficientes para abastecer toda uma população
moderna mundial. As não renováveis (carbono, petróleo, gás natural) demoram centenas de anos para se formar, visto que derivam de síntese orgânica - que, se fossem influenciadas pelo homem, causariam inúmeros problemas térmicos à natureza, comparando seu dano ao da energia nuclear; d) o problema da conscientização e educação da população: infelizmente, só se dá valor a determinado bem ou situação quando se sabe o tamanho do prejuízo que sua ausência acarretará, daí a dificuldade de haver uma postura coletiva mais séria frente ao problema ambiental. Difícil é prever os efeitos que a biosfera, juntamente com a ação humana, causará à sociedade. O que não poderia ocorrer, mas ocorre, é o pensamento baseado no fato de que pouco se sabe ou não se sabe sobre o futuro, não sendo vantajoso trocar o conhecido - o presente e suas reais necessidades - pelo desconhecido - o futuro e seus possíveis problemas.