Reportagem Perfil
Naturalmente Alternativa Por dentro da maneira distinta de levar a vida de Yung Quando é perguntada sobre quais estilos ela mais se identifica, logo responde “Se olhar para o meu cabelo e falar Emo...” e todos ao redor começam a rir. Essa é a bem-humorada Tawana Bonfimm Yung, de 19 anos, que tem uma vida praticamente igual à de todas as outras pessoas da sua idade, estuda, sai com os amigos, pratica esportes, mas por onde passa destaca-se, de forma positiva, por sua maneira de vestir-se e comportar-se. Ao passar deixa paz e alegria. Uma pessoa de opostos: mulher e menina, simples e complexa, séria e despojada, segundo suas palavras “Tenho essa coisa meio camaleão, consigo me adaptar a várias situações até por ter vários gostos”. Realmente a tribo com a qual mais se identifica não é a Emocore, para alívio da mesma, já que virou uma bagunça, “Tudo o que é diferente virou Emo, porque é o estilo alternativo mais próximo das pessoas”, mas isso sem um discurso preconceituoso. Quanto ao seu estilo, como as pessoas não a conhecem, já passou por uns problemas. “Uma vez eu quase apanhei de uns punks perto do Pátio Brasil. Eles pensaram que eu era um viado (risos). Muito páia (sic). Eu corri muito”. Contudo, lembra que esse tipo de atitude é muito rara, as pessoas geralmente vêem e respeitam. Nenhuma tribo conseguiria englobar o seu ser. O alternativismo seria o que mais consegue defini-la e pode dar uma base de como ela é e qual é a sua visão de mundo, mas foram “As outras pessoas que me rotularam como alternativa”. Seu estilo de se vestir é considerado alternativo pela combinação de roupas, mas é uma
coisa natural, ela compra o que a agrada e veste o que estiver no armário na hora. Como também trabalhou com moda, é bastante fashion. Apesar de não ser fácil abarcar todas as suas manifestações, o alternativismo sempre foi ligado às pessoas mais rebeldes e críticas. Nana Yung, como é mais conhecida, não se encaixa no estereótipo de “rebelde sem causa”, porém é crítica, não feroz, somente tem uma visão formada sobre os assuntos. “É muito difícil me convencer, um cara para me convencer de alguma coisa tem que ser bom, não que eu seja intransigente, é possível me convencer, mas não acredito no que as pessoas dizem facilmente”. Ao mesmo tempo ela é esperançosa, acredita que as coisas podem dar certo, e é isso o que a dá forças para seguir em frente e lutar pelo o que deseja. Batalhadora, nunca teve um emprego oficial, mas já trabalhou com uma tia nos Correios selando cartas; trabalhou com moda; no restaurante de um tio; desfilou com 16, 17 anos; fotografou casamentos; trabalhou em algumas festas como bargirl, pois havia feito teatro e aprendido algumas coisas circenses, como rodar malabares e cuspir fogo. Hoje ela não pára um segundo. Faz dois cursos superiores, Publicidade e Letras; participa do núcleo de fotografia em uma das universidades; malha no mínimo três vezes na semana; às vezes joga futebol com as “Peladeras”, grupo de futsal feminino de Brasília; e estuda francês e latim. Ademais, fala inglês e já fez street dance e balé. Como se percebe, é hiperativa, mas só descobriu isso depois que cresceu. “Filho de pobre não descobre que é
hiperativo, descobre que é danado e apanha por isso (risos)”. Teve uma infância de anos dourados, sempre fez muita coisa, e nunca foi suficiente. Hoje ela mora com oito pessoas, fora os parentes transitórios. Sua mãe é formada em Artes Cênicas e Plásticas, e hoje é engajada no meio político. Seu pai, já falecido, assim como sua mãe, marcou sua infância e a influenciou bastante. “Meus pais eram pessoas diferentes, minha família era diferente, por conseqüência fui uma pessoa diferente desde criança”. Por esse motivo, ela não se tornou alternativa, apenas descobriu-se. Pessoa de muitas habilidades, afirma que “Habilidade tem a ver com treinamento, não é nada excepcional ser mais ligada ao artístico porque sempre fui criada no meio, foram coisas que fui adquirindo naturalmente, de acordo com as experiências que tive quando era criança. Só tive as experiências mais cedo do que as pessoas costumam ter, esse seria o diferencial”. Do lado materno, pode-se dizer que ela herdou o lado cultural, desde pequena aprendeu a mexer com argila, fazer escultura, em casa tinha sua própria parede onde podia pintar e expressar-se à vontade, além de sua mãe influenciar para que gostasse de música, cinema e teatro. Seu “pai herói”, mesmo estando na sua presença somente até os doze anos, deixou marcas profundas no seu gosto musical e abriu um caminho para a cultura oriental, que é uma característica particular em sua vida. Seu pai sempre foi um grande fã de Chuck Norris e Bruce Lee, então desde pequena aprendeu a tomar gosto pelas
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