BRUNO SOARES
para os meus pais, pelo apoio de sempre.
POSFÁCIO “Pile Up” é meu trabalho de conclusão de curso de Design pela UNESP de Bauru. Ele nasceu dessa estranha necessidade de fazer quadrinhos, que se concretizou quando eu participei pela primeira vez do FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, em 2013. O FIQ foi o primeiro evento de quadrinhos que eu fui, e aquele ambiente cheio de autores, leitores, palestras e oficinas gratuitas me impactou. Lembro de querer ficar lá o dia inteiro, queria que o evento durasse pra sempre. Foi no FIQ que me veio um daqueles raros momentos de clareza que a gente presencia na vida, lá percebi que precisava estar no meio daqueles autores, precisava fazer quadrinhos. Durante toda a faculdade foquei no estudo do desenho e na busca do meu traço, só no final fui sentir a necessidade em escrever e me aprofundar mais nessa área. Por isso, pra esse primeiro quadrinho aproveitei pra fazer algo simples. Como não me sinto muito confortável escrevendo diálogos, resolvi fazer um quadrinho mudo e focar simplesmente na narrativa. Criei os personagens e, enquanto ia planejando as páginas, deixei a história se estruturar sozinha, sempre tentando esquecer de conceitos e fórmulas já estabelecidas. Me inspirei muito em histórias como Arzach, do Moebius, feita no improviso e sem diálogos, com personagens e cenários incrivelmente malucos. Cave-In do Brian Ralph, um dos professores que eu tive a oportunidade de ter aula quando fiz intercâmbio, também foi com certeza uma influência. Paul Pope e Charles Burns também foram grandes referências no traço. Durante o processo percebi que não adianta quebrar a cabeça tentando definir qual mensagem passar antes de começar a escrever uma história, a mensagem surge naturalmente sem que você perceba, a própria história escolhe sua mensagem. Com Pile Up, só me toquei no final de todo o
processo que a história fala sobre ciclos, algo conveniente, já que o próprio quadrinho marca o encerramento de um ciclo pra mim, a graduação. A lição que eu tiro dessa minha primeira experiência fazendo um quadrinho com pelo menos mais de 10 páginas é que, fazer quadrinhos é um processo principalmente de autoconhecimento. É um processo longo e solitário que, em muitos momentos, te permite olhar pra dentro de si mesmo, te força a lidar com a ansiedade, a paciência, e a encarar as coisas com mais tranquilidade. É um processo que parece que nunca vai acabar, e quando de repente acaba, a gente sente saudades. Bruno Soares Bauru, Novembro de 2017
e-mail: brsfc@hotmail.com
“Pile Up entrega uma ficção científica inesperada e muito humana. Uma tempestade de sentimentos em uma trama silenciosa, porém muito fértil. Uma HQ que me deixou tenso a maior parte do tempo e que, no final, me trouxe esperança.”
CAMILO SOLANO
Autor de Semilunar, Desengano e Badida