EDITORIAL
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EDITORIAL
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EDITORIAL
BRUNO KARVAN
DESIGN EDITORIAL Daydreamer @o.indiano @karvanart
LUISA BICALITO
EDITORIAL Recém formada em de Design de Moda pela Universidade Veiga de Almeida. Antes de se encontrar no curso de Moda, frequentou o curso de Letras da UFRRJ. Luisa já atuou como assistente de estilo e em backstages de desfiles, além de ter seu projeto de pesquisa “Crítica de Moda: Das revistas aos blogs” aprovado no 12º Colóquio de Moda.
EDITORIAL
EXPEDIENTE
EDITORIAL
EXPEDIENTE UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ESCOLA DE DESIGN FACULDADE DE DESIGN DE MODA RUA: IBITURUNA, 108, TIJUCA, RJ COORDENAÇÃO GERAL DO CURSO DE DESIGN DE MODA ALINE MONÇORES amoncores@uva.br
ORIENTADORES ALINE MONÇORES ADRIANA SAGGESE ANA PAULA FEIJÓ CHRISTIANA CARVALHO FLÁVIO BRAGANÇA LEONARDO CALDI THIERRY COUTINHO BANCA ALINE MONÇORES ADRIANA SAGGESE ANA PAULA FEIJÓ CHRISTIANA CARVALHO FLÁVIO BRAGANÇA GABRIEL RABELO LEONARDO CALDI THIERRY COUTINHO VANESSA RIVERA FOTOGRAFIA MARIANA RANGEL THAMIRYS PEREIRA DESIGN EDITORIAL BRUNO KARVAN
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EDITORIAL LUISA BICALITO
ILUSTRAÇAO DA CAPA LUIZA KLEM DESIGN DA CAPA ITALO FIGUEREIDO
EDITORIAL
EDITORIAL
BANCA/ORIENTADORES ALINE MONÇORES
ORIENTADORA - BANCA Doutora e mestre em Design (PUC-Rio), Especialista em Marketing (AM/SP), graduada em moda (UVA-RJ) Com experiência na área de Desenho Industrial, com ênfase em moda, atuando principalmente nos seguintes temas: moda, comportamento, design, tendências, consumo e cultura, atualmente leciona em diferentes IES em cursos de graduação e pós-graduação e é coordenadora do curso de Moda da UVA Tijuca.
ADRIANA SAGGESE
ORIENTADORA - BANCA Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ e pós-graduada em Comunicação Empresarial, atua até hoje na área de arquitetura, administrando o próprio escritório. Desde a infância teve contato com a área de modelagem. Sua mãe, Sylvia Saggese, é autora do livro Modelagem Industrial Brasileira e possuía uma confecção de roupas femininas. Adriana foi coordenadora editorial deste livro e fez diversos cursos de Modelagem e Moulage no Rio de Janeiro e São Paulo. Leciona na Universidade Veiga de Almeida desde 1998 em todas as disciplinas da área de Modelagem.
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ORIENTADORA - BANCA Mestre em Design pela PUC-Rio, Especialista em Design de Moda pelo SENAI CETIQT e Bacharel em Desenho Industrial com ênfase em Projeto de Produto pela PUC-Rio. Com cursos de extensão em Ourivesaria pelo SENAI, possui experiência de mercado, trabalhando há mais de 20 anos para empresas do campo joalheiro. No meio acadêmico, atuando desde 2007, como docente nas áreas de joalheria e moda dos cursos de graduação da Escola de Design da Universidade Veiga de Almeida – UVA. Sempre em busca de novos desafios, trabalha o processo criativo desde o conceito ao desenvolvimento do produto final. Tem interesse nas seguintes áreas: adorno pessoal, joalheria, design, moda, arte e novas tecnologias.
FLÁVIO BRAGANÇA
ORIENTADOR - BANCA
Doutorando em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/ MAST. Mestre em Ciência da Arte pela UFF. Formado em Artes Cênicas pela UNIRIO, com Bacharelado em Cenografia e Figurino. Atualmente é professor auxiliar da Universidade Veiga de Almeida – UVA nas disciplinas História da Moda e do Vestuário, História da Moda no Brasil, Moda e Cultura Contemporânea e Projeto Final. É coordenador da Pós-graduação em Produção de Moda - Styling da UVA desde 2008. Tem experiência na área de artes, com ênfase no vestuário, atuando principalmente em figurino e Design de Moda.
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ANA PAULA FEIJÓ
EDITORIAL
BANCA/ORIENTADORES LEONARDO CALDI
ORIENTADOR - BANCA
Professor na Universidade Veiga de Almeida UVA, nos cursos de Moda, Design Gráfico, Publicidade e Arquitetura. É Mestre em Comunicação pela Université Paris 8 e doutorando em Design pela ESDI. Atuou como diretor de arte e designer gráfico na agência Estima, na Globo.com e na Morgan Paris. No curso de Moda da UVA, além de professor de Ilustração Digital, é responsável em TCC 2 pela disciplina Programação Visual, onde orienta as produções dos books das coleções finais das alunas e alunos.
THIERRY COUTINHO
ORIENTADOR - BANCA
Mestre em Design e Doutorando em Comunicação Social. Pesquisa as relações entre moda e comunicação do “novo homem” ocidental. Docente nas disciplinas de criação, produto e projeto de moda da UVA
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BANCA - CONVIDADO
Formado em Design de Moda pela UVA, pós graduado em Marketing Digital e atualmente coordenador de Marketing da marca Botswana.
VANESSA RIVERA
BANCA - CONVIDADO
Carioca, designer de moda com pós-graduação na Itália, administradora, pesquisadora de comportamento de consumo, consultora em design de moda, professora em multi disciplinas no SENAC/RJ e ESPM /RJ. Atuou como Designer, Visual Merchandising e Marketing de moda em Florença- Itália por 10 anos. Consultora e pesquisadora no Instituto de Design no Projeto Diário de inspirações - SENAI/Cetiqt-RJ. Sócia-diretora da COMPLEXCIDADE, incubadora de novos negócios de moda.
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GABRIEL RABELO
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COLABORADORES
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DA ESQUERDA PARA DIREITA CHRIS BERNARDES COLUNISTA
GISELLY MARTINS COLUNISTA
Giselly Martins é graduada em moda e mestranda em Antropologia. Com projetos voltados para moda consciente, já trabalhou como estilista e professora em projetos sociais, hoje, se dedica a sua marca que trabalha com a reutilização de jeans, mantendo o ciclo do produto ativo. Além de da palestras com foco em novas formas de consumo e upcycling, continua dando oficinas para conscientizar as pessoas da necessidade do repensar a moda e seus processos.
CLARA AMARANTE COLUNISTA
Bailarina formada no Centro de Artes Nós da Dança da mestra Regina Sauer. Está no último semestre do curso de Design de Moda na UVA e há um ano e meio trabalhando na área de estilo da Maria Filó. Carioca, curiosa, gosta de animações e comédias românticas.
JÉSSICA ALVES JORNALISMO
Designer, feminista, aspirante a jornalista de moda & filmmaker. Obcecada por design simples, filmagem e edição de vídeos, queijo e Steve Jobs. Mantém um site chamado Stay Foolish, com seu portfólio de moda e textos, e um canal no youtube onde fala sobre moda consciente, feminismo e sustentabilidade.
ISABELLE MESQUITA CRÔNICA Designer e Artista. Se formou em Design de Moda em 2013, se especializou em tecidos na Universidade de Tecnologia de Auckland em 2014, fez mestrado em Gestao de Moda e Luxo em 2017 na Escola de Negócios de Paris e residencia artística em 2017 na Galeria 59 Rivoli, Paris.
MARIANA RANGEL FOTOGRAFIA
Fotógrafa, designer de interiores, young at heart.
LUIZA KLEM
ilustração da CAPA
Designer de Moda e Ilustradora.
THAMIRYS PEREIRA FOTOGRAFIA
Niteroiense de 22 anos. Estudante de Moda, desenhava e costurava looks desde pequena. Se apaixonou pela fotografia quando a descobriu através de seu pai e amigos; foca em Moda , Street Style.
ÍTALO FIGUEIREDO DESIGN DA CAPA E ilustração CRÔNICA
Carioca de 29 anos, Designer Gráfico. Aficionado por social media, moda, estilo, filmes, séries, animes, HQs, e outras manifestações da cultura pop. Formado em 2017 em Design Gráfico - Ilustração e Animação Digital na Universidade Veiga de Almeida - Tijuca
JOHN OLIVEIRA COLUNISTA
Carioca, 21 anos e estudante de Design Gráfico e Animação. Possuo um amor incondicional por tudo que envolva arte. Eclético por natureza e incapaz de listar favoritos de qualquer coisa. Apaixonado por filmes populares, mas não troco as produções independentes por nada. Tenho muitos sonhos, inclusive, o de viver da arte e vender miçangas na praia.
DOUGLAS TAVARES COLUNISTA
Douglas Tavares é designer de Moda graduado em 2016 pela Universidade Veiga de Almeida e sua marca 1985 d.D. é voltada para os fazeres manuais, tingimento natural e fibras naturais produzidas no Brasil. Todas as suas peças são confeccionadas em Muzambinho/MG.
EDITORIAL
Chris Bernardes é formada em Design de Interiores com especialização em Visual Merchandising pela Universidade Veiga de Almeida. Possui ampla experiência no mercado, participando de toda estratégia de desenvolvimento de produtos de visual merchandising, divulgação e marketing dos projetos como estética de design de interiores e gráfico, incluindo eventos. Desenvolve projetos comerciais e residenciais acreditando que cada ambiente é uma oportunidade única de apresentar o seu olhar através de pequenas e grandes ousadias, e que os sentidos são despertados pela forma harmoniosa pela qual se projetam os espaços.
EDITORIAL
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EDITORIAL LUISA BICALITO ASPAS VANESSA RIVERA PERFIL RIQUE GROOVE MODA GISELY MARTINS EDITORIAL DOIIS DESIGNERS FOTOGRAFIA ISADORA LIMA
DOUGLAS TAVARES
CHRIS BERNARDES
MODA
INTERIORES
LOJA 1985 d.D
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JOHN OLIVEIRA
CINEMA
CLARA AMARANTE
ISABELLE MESQUITA
MODA
CrôNICA
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DESIGNERS
EDITORIAL EDITORIAL
por Luisa Bicalito
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A sensação de terminar um ciclo é gratificante. Fazer o projeto final é uma experiência completamente diferente de tudo o que vivemos durante os períodos da graduação. É como reunir todas as disciplinas em um só período. O que vocês irão ver ao longo desta revista, é um resultado intenso de (muita!) dedicação de todos os alunos. Nós chegamos nas primeiras orientações com uma ideia em mente, mas ao longo do semestre, tudo muda. Quebramos nossos próprios paradigmas e experimentamos formas, jeitos, texturas... até achar aquilo que fizesse do nosso projeto único e só nosso. Acredito que essa é a grande questão do projeto final: expressar o que somos e o que pensamos como designers. Sentimos o peso de concluir a faculdade com um portfólio que nos represente e que faça nossas escolhas valerem a pena. Além de pensar no produto que estamos produzindo, nós pensamos e lidamos com outras situações. Como disse anteriormente, o projeto final II é interdisciplinar. É preciso pensar e olhar o projeto em todos os ângulos e fazer ele funcionar. O projeto deve ser coeso. E para isso foi necessário idas e mais idas ao centro do Rio para fazer pesquisa de materiais. Desenhar, desenhar, desenhar e desenhar. Pensar em custos, lidar diretamente com as pessoas que estão envolvidas no trabalho (costureiras, fornecedores, gráfica...) para que tudo seja feito no prazo. Também é preciso pensar graficamente a melhor maneira de compor o book. E idealizar cada detalhe da apresentação final: no visual das modelos, nos acessórios, na iluminação do desfile. Sem contar que as vezes era preciso voltar a parte teórica e pensar “a coleção que estou desenvolvendo está coerente com a minha pesquisa? ”. É muito trabalho para um semestre! E assim, neste semestre, tivemos mais uma banca repleta de novos designers mostrando sua identidade em busca de algo diferente, e porque não dizer: inovador. Rayssa Ribeiro, por exemplo, mostrou um punk repaginado na coleção “Repunk”. Surpreendendo a plateia, a aluna substituiu o preto pelo branco, o jeans pelo moletom e destacou as cores neon, além de usar pelúcia, couro e acrílico.
Jéssica Alves buscou inspiração na vida do Steve Jobs, com referência nos produtos da Apple, misturando crochê e plástico. Alguns alunos também resgataram histórias e movimentos brasileiros, como a formanda Karolyna Melo, que fez uma coleção de moda praia, baseada no Gilberto Gil dentro do movimento tropicalista, com muita cor, estampas e um trabalho incrível de macramê. Luisa Bicalito com as Camélias do Quilombo do Leblon, lembrando de uma importante narrativa no desfecho da abolição da escravatura, com tingimentos artesanais e misturando cordas de algodão cru e seda. O formando Victor Mazzei buscou na história da vida pessoal e profissional do carnavalesco Clóvis Bornay, a inspiração para sua coleção colorida e sofisticada, com uma apresentação empolgante. Ingrid Medeiros trouxe para o seu projeto o subúrbio do Rio de Janeiro para sua coleção masculina, com muita estampa e uma apresentação animada com o grupo de dança Cia Move-se e Formou Crew. As emoções ficaram para as apresentações da Bárbara Matias, com uma coleção delicada e encantadora sobre Dom Quixote e da aluna Bruna Cidade que trouxe como tema as obras do artista Ernesto Neto para a sua coleção de moda infantil. O show ficou por conta das apresentações dos alunos Brendon Buenaga e Roberta Oro. Brendon exibiu os três looks confeccionados inspirados na série “American Horror Story”, com um desfile pensando em todos os detalhes: teatralidade, maquiagem sombria e uma produção que deixou toda a plateia contagiada. Roberta Oro, com a coleção baseada na estética do filme Blade Runner apresentou cinco looks com diversos beneficiamentos, mostrando seu olhar atento aos detalhes. Resumindo, foi um dia emocionante com apresentações impecáveis de profissionais que iniciam suas carreiras com projetos promissores para entrar no mercado ou para lançarem suas próprias marcas. Para nós, formandos, o reconhecimento de nossos talentos, aprendizado e amadurecimento.
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Enfim, formados!
COMPRE MENOS, ESCOLHA MELHOR, FAÇA DURAR - VIVIENNE WESTWOOD -
FAST FASHION NAO É DE GRAÇA, ALGUÉM EM ALGUM LUGAR ESTÁ PAGANDO - LUCY SIEGLE -
use roupas que faรงam diferenรงa - SOLITAIRE TOWNSEND -
A diferença entre estilo e moda é qualidade - GIORGIO ARMANI -
A ELEGÂNCIA SURGE DA BELEZA DE DENTRO E DE FORA - COCO CHANEL -
A revolução será fabulosa - LUCY SHEA -
FAÇA PARTE DA REVOLUÇÃO DA MODA O Fashion Revolution Day é um movimento criado por um conselho global de líderes da indústria da moda sustentável que se uniram depois do desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh no dia 24 de abril de 2013 que deixou 1.133 mortos e 2.500 feridos. A campanha surgiu com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto em todas as fases do processo de produção e consumo, mostrando ao mundo que a mudança é possível através da celebração dos envolvidos na criação de um futuro mais sustentável e criar conexões exigindo transparência. A moda é uma força a ser considerada. Ela inspira, provoca, conduz e cativa. O Fashion Revolution quer ajudar a tornar a moda uma força para o bem.“O Fashion Revolution Day promete ser uma das poucas campanhas verdadeiramente globais a surgir neste século”, diz Lola Young, criadora do Grupo Parlamentar de Todos os Partidos sobre Ética e Sustentabilidade na Moda no Reino Unido. A co-fundadora do movimento, Orsola de Castro, completa: “Nós queremos que você pergunte: ‘Quem Fez Minhas Roupas?’. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos. Esperamos que o Fashion Revolution Day inicie um processo de descoberta, aumentando a conscientização sobre o fato de que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve centenas de pessoas, realçando a força de trabalho invisível por trás das roupas que vestimos”.
ASPAS EDITORIAL
por Vanessa Rivera
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Chegar a uma banca de final de curso é sempre um misto de sentimentos, sou a única pessoa externa, estranha aos olhares dos alunos. Não sei o que vai acontecer, quais são os temas, quais são as características de cada aluno, as dificuldades dos caminhos percorridos até chegar naqueles 15 min, mais ou menos, do tudo ou nada. 15 min onde pode dar tudo incrivelmente certo ou pode dar errado e manchar todo o desenvolvimento de semestres estudados, construindo e desconstruindo ideias, semestres de aulas que, às vezes, parecem que não servem pra nada. E é ali, naqueles 15 min, que nos damos conta que servem, servem pra solidificar a fala, criar uma estética individual, dar coragem no caminhar. Os 15 minutos não são a apresentação de um trabalho, são a apresentação da construção profissional individual, é a porta de saída da faculdade e a porta de entrada no mercado de trabalho, é o tapa na cara de quem duvidou das suas capacidades, e possibilidade de mostrar a que vieram ao mundo, é um alivio e uma gloria, é o fim de um período que pareceu não acabar nunca. E eu, me sento ali, refém da minha própria construção individual e espero sempre receber e perceber esses caminhos tão únicos, poder reciclar meu olhar através desses trabalhos e me emociono, sempre! É lindo poder estar nesse lugar único no imaginário individual, partilhar deste ponto alto do trabalho desenvolvido e de alguma maneira, poder contribuir para que ele faça sentido para um mercado que anda tão mal tratado. 15 min que me fizeram viajar do Egito ao subúrbio carioca, das brasilidades ao Steve Jobs e ao re-punk passando pelas camélias do Quilombo do Leblon, da estética dos fil-
mes de Wes Anderson, da ilha fiscal e seu último baile a cultura Wica. Cada um colocando um pouco do que os emociona, do que os toca, do que é possível ser mostrado, são sempre temas surpreendentes sob um olhar novo, cheio de vontade, cheio de pensamento, cheio de si. São aqueles 15 min, que eu adoraria que fossem horas, para que pudesse conhecer cada detalhe daquela história, cada pedacinho de sonho, cada coisa que deu errado (adoro o que dá errado também) e principalmente cada pessoa por trás da criação. Sim, porque os trabalhos são feitos por pessoas, e cada pessoa ali tem uma história para contar. Alguns trabalhos são melhores em modelagens, outros em identidade visual, outros em produção de moda, o que já nos indica os caminhos profissionais que cada um começa a abrir para si, dentre das enormes possibilidades do mercado e já é possível ali, identificar alguns traços marcantes da personalidade profissional e pessoal de cada. E eu, fico presa a subjetividade daqueles minutos e devo somente avaliar o trabalho apresentado, apesar de fazer umas perguntas em off aos colegas professores da banca, minha avaliação é feita ali, a sangue frio, sem contexto ou envolvimento. E trabalho após trabalho, a magia acontece, as carinhas se mostram, os nervosismos vão embora e fica o registro de um período de dedicação e honra pela profissão. Nos 15 minutos do final de 2017, devo confessar que talvez tenha sido umas das melhores bancas que participei, daquelas que renovam a esperança por um mercado mais criativo e ativo, que me fazem lembrar o porquê eu escolhi esse caminho há 20 e poucos anos atrás. Obrigada e Coragem!
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QUINZE MINUTOS
ED PERFIL
Rique Groove
Por Jéssica Alves 30 | 2018
PERFIL ED
‘’Não podemos mais aceitar quem não se abre e considerara novas possibilidades’’, afirma o designer O designer que já conhecia e admirava André Carvalhal, fez algumas peças em co-criação para a Ahlma e foi convidado para trabalhar na equipe quando a marca decolou. Há mais de sete anos no mercado de moda, Rique Gonçalves possui formação acadêmica, já desfilou com sua marca autoral de moda masculina (R. Groove) no extinto Fashion Rio e hoje comanda ao lado de Luiz Wachelke o setor de estilo masculino da Ahlma. Rique acredita que a Nova Era da Moda é o despertar de uma nova consciência, uma consciência menos egoísta e que pensa mais no coletivo.
‘’Não podemos mais aceitar quem não se abre e considerara novas possibilidades nesse direcionamento, que favorece a todos. Sabemos que não é o caminho mais fácil, talvez não seja o mais barato também, mas é extremamente necessário‘’, garante. Nos últimos tempos muito tem se falado sobre consumir moda de forma mais consciente, se preocupando com quem fez suas peças e como foram feitas. Muitas marcas já estabelecidas no mercado estão abraçando fatos do movimento Slow fashion e adotando uma postura mais transparente quando se trata da produção de suas roupas. De outro lado, existem marcas que já nascem dentro deste movimento, já nascem com outra visão de negócio, dispostas a fazer a diferença na indústria, como é o caso da Ahlma.
A Ahlma é uma iniciativa de André Carvalhal, autor dos livros ‘’Moda com propósito’’ e ‘’A moda imita a vida’’ e Rony Meisler, CEO da Reserva que visa fazer moda de um jeito diferente dos modelos tradicionais atuais e mais de acordo com a Nova Era da Moda. O que significa isso? Comércio justo sem trabalho escravo, reduzir o descarte de matéria-prima, trabalho colaborativo, consumo consciente.
Na Ahlma o processo criativo acontece de forma totalmente diferente se comparado com marcas tradicionais. Primeiro busca-se os materiais disponíveis para reaproveitamento e apenas depois começam a surgir as criações.
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ED PERFIL
‘’O processo da Ahlma é desafiador. Tive que virar uma chave em minha mente. Hoje vejo que este processo traz uma grande identidade as coleções, que acabaram por definir parte do DNA da marca, que é a mistura. Mistura de matérias, do “largo” com o “junto ao corpo”, mistura de públicos, a Ahlma é uma marca híbrida também por conta disso‘’, conta o designer. Rique também falou sobre seu processo criativo, ele diz que sempre procura estar atento a demanda das pessoas e olha para diversas coisas, o tempo todo.
‘’E engraçado como tem criadores que super valorizam sua criatividade, mas a inspiração pode vir de todo lugar, inclusive de muita coisa aparentemente banal e periférico’’, ainda pondera. É possível enxergar que atualmente os designers estão se posicionando cada vez mais no que se diz respeito ao movimento da Nova Era, não só no Brasil, mas também em muitos outros países. O designer é essencial nesta nova jornada em busca da moda mais ética. De acordo com Rique ‘’o papel do designer é pensar e apresentar possíveis soluções para certos problemas’’. Ele conta que na Ahlma, uma das causas escolhidas, foi o excesso de tecidos acumulados em fabricantes e fornecedores. Tecidos em perfeito estado, que poderiam ser utilizados, mas que acabam nos lixões do país. Quase 100% das peças da marca são criadas a partir desses tecidos. Eles são recuperados e aí sim começa o processo de criação das peças, que no final das contas possuem um baixo impacto ambiental. Para Rique, essa é uma das soluções possíveis que um designer pode propor e ele ainda acrescenta que:
‘’Quando falamos em sustentabilidade, temos muitos aspectos a serem pensados, que vão do impacto ambiental ao desenvolvimento humano. O importante é escolher uma causa e começar a fazer o que tiver ao seu alcance. Como consumidor, consumir mais de pequenos produtores, e saber quem e como estão sendo feitas suas roupas, já é um bom começo‘’. O designer relata que nos mais de 7 anos com sua marca, a R.Groove, teve experiência com pessoas, grandes fabricas e todo o sistema da moda. Ele conta que viu muito desperdício, e depois de um tempo, os processos até então utilizados pelo sistema e também por ele, começaram a não fazer mais sentido.
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Com a inquietude, sua consciência foi expandindo gradualmente e começou a se informar cada vez mais e logo buscou participar de alguns eventos como o ‘Fashion Revolution’ (movimento que tem como propósito a conscientização para o sistema da moda brasileira). Rique se mostra bastante engajado com ações que certamente são muito positivas, ele conta que foi no ano passado que começou a trabalhar com marcas mais sustentáveis de alguma forma.
‘’Montei um desfile na SPFW para a marca Green Co., que também tem um propósito de menor impacto para o meio ambiente, e além disso, participei de uma imersão de 6 meses no Museu do Amanhã, que teve como intuito repensar a moda através de novas tecnologias. Cultivamos “biotecidos”, como o Kumbucha (novo couro sustentável, cultivado a partir de bactérias geradas pelo vinagre) e criamos “wearables”, peças que influenciam ampliam de alguma forma a performance humana’’, o designer acrescenta. Ele também deixa um conselho para os futuros designers que querem trabalhar com moda sustentável:
‘’Cultivem mais a empatia. A empatia pela costureira que costura suas peças, a empatia por quem faz a lavanderia, empatia pelo cliente, pelo modelista, e principalmente - pela causa dos outros. Acredito que uma consciência se expande quando se conhece e valoriza o lugar do outro. Ninguém é melhor que ninguém’’. Por fim ele ainda diz que é necessário que os designers saibam fazer roupas, mas não só isso. Para Rique ‘’moda não se faz somente com técnica, moda precisa de sentimento. Comece se inspirando em criadores e artistas. Procure decodificar suas referências e direcionamentos. Esta observação também te dará um bom repertório, para que com o tempo, você se torne um bom designer. Comece fazendo. Você nunca estará pronto’’.
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ED MODA
Giselly Martins
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MODA ED
MODA& CONSCIÊNCIA
Qual o preço do CONSUMO ? De acordo com a Folha S.Paulo, o Brasil produz cerca de 175 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. Número no qual não é dito quando se adquire uma peça. Também não é falado como aquela roupa foi feita, de onde veio à fibra, como o tecido chegou até a confecção, quem fez, quem costurou, não é dito como aquele produto chegou até a loja e até você. Compra-se como um ato corriqueiro e é esquecido o preço que foi pago para aquele produto estar ali, com aquele preço. Quem nunca olhou para uma peça e pensou “ Nossa, está tão baratinho, vale apena comprar “ e por um momento as palavras perdem seu real sentido, pois o barato se relaciona com o preço e não mais com o valor. Quando se adquire uma peça, é levado junto todo o processo. Sim processo. Para um produto chegar até a loja, este passa por diversos processos e várias mãos que o torna produto. Pessoas na qual, por muitas vezes, não são valorizadas pelo seu trabalho, são exploradas, e com a possível chance de não poder comprar aquele produto que ela mesma participou do processo, pois o salário que ganha a impede de adquiri-lo. Por essa e outras várias questões dentro da indústria têxtil, fala-se sobre consciência. O pensar o processo e nas pessoas que fazem parte dele é o caminho a ser construído para a consciência dentro da moda. Essa visão precisa ser entendida, afinal, somos consumidores, e pensar antes de adquirir algo é o que torna tudo mais transparente. A partir desse questionamento passa a existir um diálogo maior entre o consumidor e as marcas, para assim a marca ter a oportunidade de expor o seu processo, deixando o indivíduo consciente do que está comprando. Quando se compra um produto, o individuo está financiando todo o processo pelo qual o produto passou, e carrega consigo o nome daquela empresa. Por isso é necessário entender realmente o processo para que esse investimento seja feito em marcas sérias, coerentes e transparentes. Dessa forma, o mercado entendeu a necessidade de
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repensar o processo para assim novas iniciativas surgirem, como por exemplo o uso de tecidos orgânicos,biodegradáveis, tingimentos naturais, estamparia botânica e a reutilização dos resíduos, que, como foi citado anteriormente, é um numero alarmante. Reutilizar é uma das soluções mais eficazes para esse lugar de tamanho desperdício que se chegou. Quantas coisas no guarda roupa que nunca se usou, que até mesmo esqueceu o porquê comprou. Aquele medo de repetir roupa no evento que estará às mesmas pessoas da ultima vez que usou. Essas questões costumam surgir quando está na frente do armário. Mas existe a possibilidade de recriar, desconstruir, usar o tecido daquela roupa que já usou muito para fazer outra roupa, um acessório. A reutilização desses materiais descartados está ai para aumentar esse ciclo de vida do produto, da uma nova oportunidade pra ele ser outra coisa, com a possibilidade de vestir você, ou até mesmo outra pessoa. Junto com a reutilização, outro jeito de fazer essa roupa circular é o brechó, que abre infinitas possibilidades, e todas essas carregadas de histórias. Dando oportunidade para as roupas que estão encalhadas no guarda roupa viverem uma nova história com outra pessoa e assim por diante. Abrindo espaço para a customização, permitindo trocar botões, tirar mangas, aumentar, diminuir, também é uma solução para fazer essa roupa viver mais momentos. O consumo desenfreado trouxe conseqüências alarmantes para a sociedade, além de degradar o meio ambiente, distanciou cada vez mais as pessoas do produto, impedindo
“Quantas coisas no guarda roupa que nunca se usou.”
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-as de olhar para o que já tem e se sentirem satisfeitas. Vivienne Westwood, estilista que ficou conhecida nos anos 70 através do movimento punk, sempre usou a moda como ferramenta de dialogo para transmitir seu discurso. Em 2010, depois do seu desfile de inverno em Londres, fez todos refletirem quando pediu para que parassem com todo o consumismo. De fato, já existe roupa demais no mundo, será mesmo que existe a necessidade de produzir mais? O individuo anseia pelo novo, pelo atual, por aquilo que ainda não tem. De fato, a consciência é um exercício diário, com o tempo, entende-se que é melhor falar dos valores, dos processos e das pessoas. Que melhor contar histórias através dos produtos do que simplesmente contar mais uma roupa dentro do armário. É melhor conectar, se unir, construir e desconstruir. Além de dizer para comprarem do pequeno produtor, de quem conhece realmente o processo, antes de tudo é preciso se questionar. Se informe, pergunte,questione-se, mova-se. A hora é agora.
Dica da Giselly Para entender mais. Em dezembro/2017 teve o lançamento do livro + Sustentabilidade às Marcas de Moda , que oferece um panorama dessa nova forma de fazer moda. É um livro colaborativo, que foi desenvolvido por dezessete profissionais do meio da moda e sustentabilidade. E está disponível para quem estiver com vontade de fazer uma boa leitura.
ADIANTE Editorial da marca Doiis de Giselly Martins e Byanca Coutinho
Fotografia e Edição: Fatima Amaral Modelos: Fatima Amaral Lorena Silva Paola Pugian Rhayene Ferreira
EDITORIAL DESIGNERS
Designers Isis Mendes
AS EXCÊNTRICAS INFLUÊNCISA DE WES
Denise Dahinten
ENTRE CAMP E MULTICULTURA
Caroline Machado Misr
Luisa Bicalito CAMÉLIAS DO LEBLON
Alice Amaro Amour
Ingrid Dias
Subúrbio da Zona Norte Carioca
Val Silva
BELLE ÉPOQUE CARIOCA
Karolyna Melo Brasilidade
Jéssica Alves
STAY HUNGRY, STAY FOOLISH
Nathalia Costa O METALÚRGICO DA MODA
Rayssa Ribeiro
MOVIMENTO PUNK E A MODA
Brendom Buenaga Esbbath
Fotografia: Thamirys Pereira
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Fotografia de transiçao: Mariana Rangel
DESIGNERS EDITORIAL
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EDITORIAL DESIGNERS
Isis
Mendes AS EXCÊNTRICAS INFLUÊNCIAS DE WES
A coleção teve como base estudos e pesquisas que tinham como finalidade entender as influências que a filmografia do diretor Wes Anderson tem no campo da moda e do design.
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DESIGNERS EDITORIAL
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EDITORIAL DESIGNERS
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Denise
Dahinten
ENTRE CAMP E MULTICULTURA: Uma análise dos figurinos da personagem “Dorita” do filme “Entre a loura e a morena” A coleção tem com base a analise dos figurinos da personagem “Dorita” do filme estadunidense “Entre a loura e a morena” com a artista brasileira Carmen Miranda no elenco. Neste filme, a artista veste figurinos fortemente estilizados com referências multiculturais. A intenção do projeto é trazer o conceito da multicultura e a estética do camp como estilo para uma coleção feminina de moda.
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Caroline
Machado Misr Egito e Moda
A coleção tem como base a história do Egito Antigo, especialmente o período do Antigo Império, buscando investigar sobre a vida da civilização egípcia antiga, tendo como principal foco a mitologia, a qual é cheia de simbologia. “Mirs”, nome da coleção, é a pronuncia da palavra “Egito” em árabe.
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Luisa
Bicalito
camélias do LEBLON e a moda Uma investigação do ícone do movimento abolicionista A coleçao se baseia no estudo sobre as “Camélias do Leblon”, símbolo da abolição da escravatura cultivado no quilombo do Leblon no século XIX, investigando o seu contexto histórico e realizando uma análise do discurso e ideologias propagadas. A partir desse relato, refletir sobre o significado das “Camélias” e suas características físicas e uma análise da indumentária
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dos escravizados do século XIX. Esta pesquisa foi realizada através de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, pesquisa de mercado voltada à cidade Nova Iguaçu e análise do público consumidor como objetivo o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nas “Camélias do Leblon”.
DESIGNERS EDITORIAL
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EDITORIAL DESIGNERS
DESIGNERS EDITORIAL
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EDITORIAL DESIGNERS
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Alice
Amaro
Armour Uma Interpretação das Armaduras Através da Moda
A coleção tem com inspiração as armaduras medievais italianas e alemães do século XVI. Foram realizadas análises de assuntos similares com o tema, buscando novos campos a serem explorados, referências estéticas e conceituais. Livros, artigos e teses, além de uma visita ao Instituto Ricardo Brennand.
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Ingrid
Dias
SUBÚRBIO DA ZONA NORTE CARIOCA: ROMPENDO ESTEREÓTIPOS A coleção tem como base o estudo do subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro, através da investigação acerca do seu viés histórico-cultural para compreensão do desenvolvimento do espaço físico e simbólico da região.
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Val
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BELLE ÉPOQUE CARIOCA A indumentária das mulheres no “último baile do império” A coleção tem como base o estudo da indumentária das mulheres usada no “Último Baile do Império”, no final do século XIX, período da Belle Époque carioca. Em 9 de novembro de 1889, o Rio de Janeiro, fervilhava com a realização do suntuoso baile da Ilha Fiscal em homenagem à tripulação de um navio chileno.
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Karolyna
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BRASILIDADE A revolução do Movimento Tropicalista e as influências do cantor Gilberto Gil nos anos 60. A inspiração para a coleção são as influências do cantor Gilberto Gil para o Movimento Tropicalista na década de 60, e o estudo da origem do Movimento Tropicalista, analisando o momento e o meio em que se inseriu no Brasil.
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Jéssica
Alves
STAY HUNGRY, STAY FOOLISH A ESTÉTICA APPLE COMO DIRETRIZ PARA INOVAÇÃO A estética Apple foi a inspiração para esta coleção outono/inverno. O co-fundador da empresa, Steve Jobs, era obcecado pelo design de seus produtos, ele era praticante do zen budismo e esse fato teve grande influência em seu senso estético. Por este motivo, para esta coleção a designer buscou inspiração também dentro das referência de Steve Jobs, em sua trajetória. Sendo assim elementos como as vestimentas dos monges até placas mães de Imacs viraram inspiração para o presente trabalho. 106 | 2018
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Nathalia
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O METALÚRGICO DA MODA: PACO RABANNE E O ADVENTO DA MULHER FUTURISTA Esta coleção de moda tem base na análise da poética das obras do artista contemporâneo brasileiro Ernesto Neto, articulando-a com o conceito de arte contemporânea e a aproximação desta com a moda. Focando nos aspectos lúdicos, interativos e orgânicos do artista escolhido.
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Ribeiro O AVESSO DA HISTÓRIA: MOVIMENTO PUNK E A MODA.
A coleção se inspira no estudo sobre o movimento punk, que nasceu na década de 70, motivado por uma onda de pessimismo e desperança do futuro, foi um movimento em que a Inglaterra vivia uma crise politica e social. Com a indumentária e a música, o movimento punk cria uma linguagem revolucionária. Esse estilo, por mais que fosse contra o sistema de consumo, foi absorvido pela indústria se tornando um estilo de moda massificado e usado por outros jovens mesmo que não adeptos do movimento. 118 | 2018
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Brendom
Buenaga ESBBATH : ANÁLISE DOS FIGURINOS E CENÁRIOS DA SÉRIE, AMERICAN HORROR STORY: COVEN COM BASE NA CULTURA WICCA. A coleção tem como tema a Bruxaria e Wicca, inspirado nos figurinos, cenários e elementos usados na série American Horror Story: Coven, como base nos estudos teóricos sobre a Bruxaria Contemporânea e paganismo em geral.
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Isadora
LIMA Isadora Lima é estudante de Design de Moda na Universidade Veiga de Almeida (UVA), formada em Balé Clássico com carteira do sindicato, atua como professora na mesma área. Trabalha profissionalmente com fotografia há 1 ano e aguarda a Vogue contrata-lá.
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ED FOTOGRAFIA Ensaio “Claro e Escuro” no qual retrata o balé O Lago dos Cisnes, inspirado na obra do fotógrafo Tim Walker. Para a matéria de Tópico em Fotografia - 5° Período (2016)
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FOTOGRAFIA ED Ensaio feito para divulgar coleções de moda de estudantes da UVA. Para a matéria de Tópico em Jornalismo de Moda 6° Período (2016)
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FOTOGRAFIA ED Parte do ensaio “Com açúcar, sem afeto”, no qual se inspirava na moda Plus Size carioca. Para a matéria Produção de Eventos - 5° Período (2016)
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Parte do ensaio “Com açúcar, sem afeto”, no qual se inspirava na moda Plus Size carioca. Para a matéria Produção de Eventos - 5° Período (2016)
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Designers Bruna Cidade
A ARTE CONTEMPOR NEA E A MODA
Luiza Klem
ilustraçao da moda
Matheus Costa LE CORBUSIER
Rebecca pierre SGT. PEPPER’S
Rebeca Barreto M. C. ESCHER
Thayanne Ferreira O ART NOUVEAU E A MODA
Roberta Oro
A ESTÉTICA BLADE RUNNER
Victor Mazzei Clóvis Bornay
Giselle Dexheimer Roda do Ano
Pedro Guimarães O CORPO É O MAIS PROFUNDO
Fotografia: Mariana Rangel
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Bruna
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A ARTE CONTEMPORÂNEA E A MODA: INTERVENÇÃO CRIATIVA DO ARTISTA ERNESTO NETO Esta coleção de moda tem como base a análise da poética das obras do artista contemporâneo brasileiro Ernesto Neto, articulando-a com o conceito de arte contemporânea e a aproximação desta com a moda. Focando nos aspectos lúdicos, interativos e orgânicos do artista escolhido. Fotografia: Thamirys Pereira
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Catherine
MEDEIROS MANDALA
A coleçao se inspira na analisa da estética das mandalas nas religiões. Foram investigados os conceitos do tema, apresentando a diferença entre as religiões que aplicam estes desenhos, fazendo analise do ritual mais importante na cultura Oriental chamado Kalachakra, a influência que a mesma exerce mentalmente e energeticamente e como é realizada toda a construção, avaliando os critérios de organização do mesmo.
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Luiza
Klem Ilustraçao da Moda
De todas as ilustrações e coleções criadas pelo estilista e ilustrador Yves Saint Laurent, a coleção Índia se destaca por todas as suas cores e formas. Com diferentes traços, pinturas, combinações e marcada pelo contraste de cores; a silhueta e o estilo de suas peças serviram como inspiração para a criação desta coleção cápsula de Outono/Inverno 2018. Os diferentes elementos identificados em suas ilustrações, foram explorados minuciosamente em cada família, afim de que os mesmos, quando agrupados, pudessem ex182 | 2018
pressar, harmonicamente, a identidade do artista. O estudo das cores, das formas e da arte vista em seus trabalhos, permitiram a realização de uma releitura de suas características criativas. Logo, foram representadas em novas peças de maneira inspiracional, sem apropriação literal de seu trabalho.
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Costa
LE CORBUSIER As formas da Villa Savoye.
Este trabalho tem como intuito construir uma coleção de moda a partir de uma análise da Villa Savoye, edificação de um dos maiores arquitetos do modernismo, Charles-Edouard Jeanneret-Gris mais conhecido como Le Corbusier. Sua estética rígida, simples e funcional simbolizou a manifestação do movimento na arquitetura do século XX. A amplitude de seu trabalho e a imersão em busca constante pela inovação e solução dos problemas pertinentes à habitação em seus projetos, fizeram com 190 | 2018
que as relações entre casa e indivíduo se modificasse e uma nova estética florescer. Em um século de inovações técnicas e de uma demanda por moradia, Le Corbusier e o movimento moderno trouxeram para arquitetura um novo propósito, o de inovar, levando em consideração o período de mudanças socioeconômicas.
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Rebecca
Pierre SGT. PEPPER’S COMO REFERÊNCIAS ESTÉTICA PARA UMA COLEÇÃO DE MODA UPCYCLING
A coleção teve como base a análise do processo de criação e a estética da capa do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band lançado em 1967 da banda de rock britânica The Beatles. Este trabalho também propõe uma reflexão acerca das práticas da indústria da moda, propondo uma maior conscientização sócio ambiental, buscando valorizar as práticas de produção e consumo sustentáveis.
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Barreto M. C. ESCHER “METAMORFOSE MODULAR”
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Criador de mundos impossíveis, amante da matemática, admirador do infinito e manipulador das leis da relatividade, são as características mais marcantes do grande artista Maurits Cornelis Escher. Sua visão admite a união do possível e impossível. Com foco nas xilogravuras Metamorfose I, II e III, a coleção apresenta a fusão da visão enigmática e emblemática de M. C. Escher com o conceito de modelagem modular, visa usar a construção, desconstrução e as transformações das formas tanto exploradas por Escher na criação de produtos de moda versáteis e destacáveis.
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Ferreira O ART NOUVEAU E A MODA: A CASA BATTLÓ COMO REFERENCIAL ESTÉTICO
Este trabalho analisa a estética da Casa Battló, obra arquitetônica do catalão Antoni Gaudí, estudou-se o Art Nouveau, movimento artístico da passagem do século XIX para o XX que inovou o design gráfico e de objetos, no qual a Casa Battló se insere. Focando nos cômodos da casa, que tem inspiração na natureza e nas linhas curvas e do corpo humano, pretende-se elaborar uma coleção de moda feminina.
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ORO A ESTÉTICA BLADE RUNNER
A coleção apresenta uma análise sobre a estética futurista do filme Blade Runner a partir da abordagem construída pelo diretor Ridley Scott, com ênfase no figurino e cenário.
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Clóvis Bornay, o homem que viveu sua fantasia. A coleção é inspirada na história de Clóvis Bornay, passando por toda sua vida pessoal e profissional com foco nas suas fantasias de luxo.
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Dexheimer Roda do Ano: Natureza e moda celebrando a vida
A coleção tem como inspiração a cultura pagã. No calendário que rege o ciclo de vida dos wiccanos, que é segmentado em oito comemorações sendo elas, Samhain, Imbolc, Beltane, Lammas, Mabon, Yule, Ostara, Litha.
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Guimarães O CORPO É O MAIS PROFUNDO: O SURGIMENTO DO CORPO CONTEMPORÂNEO E COMO A ROUPA PODE TRANSFORMÁ-LO
Este projeto, percorrendo do período medieval ao contemporâneo, apresenta como se deu a formação do corpo contemporâneo, através dos principais fatores que provocaram e ainda provocam alterações na forma de percebê-lo.
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A rota do tingimento Meu interesse por tingimento natural deu-se início no último ano da faculdade, durante o processo de TCC. Através de aulas com debates sobre sustentabilidade e os impactos causados pela Indústria Têxtil pude perceber que era um tema muito debatido também fora das aulas, em redes sociais e palestras. A princípio fui me munindo de informações, lendo artigos e livros, e acompanhando o trabalho de estilistas já consagrados. A minha primeira experiência com tingimento natural foi pessoalmente onde tive a oportunidade de estar cara a cara com todo o processo de tingimento na casa da Maria, mais conhecida como Santa, quando viajei para Muzambinho/MG em julho de 2016. Durante meu período teórico do TCC entrei em contato com a Diretora de Criação da marca Amaria Muzambinho que disponibilizou três dias para me mostrar todo o processo de produção de sua marca e dos tecidos vendidos para a Flavia Aranha. A primeira visita guiada seria a casa da tingideira, que com empréstimo conseguiu montar seu galpão para tingimento e comprar as máquinas e utensílios. Lá ela trabalha sozinha, liga a máquina já um pouco enferrujada para fazer as meadas, enquanto isso em um tanque ela põe o leite de soja caseiro feito um dia antes para deixar as meadas de algodão de molho. Um processo muito importante para que a proteína da soja facilite a absorção do pigmento. Já em outra bacia encontravam-se algumas meadas de molho no leite de soja que em seguida ela despejou num grande tacho com o pigmento retirado do urucum. Todo o passo a passo ela explica e demonstra com todo o cuidado e orgulho de seu trabalho, que chega a ser contagiante. A maioria das matérias-primas usadas em seus tingimentos é recolhida em seu quintal, pois Santa mora na roça no meio de cafezais e outras plantações. Desses cafezais ela consegue a lenha para seu fogão e também para tingir. Após deixar a meada no tacho durante uns quarenta minutos, ela retira e põe em outra bacia, já fora do fogo, com água e o acetato de ferro, mordente que ajuda a fixar 263
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o corante nas fibras. Outros mordentes que ela usa e que mesma produz: decoada (das cinzas que retira do fogão), pedra ume (comprado em farmácia) e o cobre. Após secar a sombra por dias, as meadas vão para outra máquina para encher novelos e mais novelos que seguem direto para a tecelagem em outro canto da cidade. Um ano depois volto a Muzambinho para produzir minha própria coleção, dessa vez não fiquei como espectador, pus a mão na massa (ou na colher de pau e bacias) e levei tecidos para tingir no galpão da Santa. Dessa vez já formado e com algumas oficinas de tingimento natural na bagagem, trocamos figurinhas durante três dias sobre tingimento, andamos no meio de seu grande quintal buscando plantas para fazer teste de tingimento ou para catar carambolas de sua árvore carregada. Como precisávamos tingir uma grande quantidade de tecido, e tecidos variados como organza de seda, linho com viscose e malha de algodão orgânico, fomos aos mercados em busca de casca de cebola. Para chegar no tom de verde que buscava, precisava de uma boa quantidade de casca de cebola e o uso do mordente de ferro. Entre tingimentos, café adoçado e muita proza, esses eram meus dias na casa da Santa. No meu último dia na cidade fui até a uma gráfica imprimir e plastificar um círculo cromático e entreguei a ela, pois em conversas anteriores ela havia comentado que era uma das coisas que tinha aprendido na 4ª série, último ano que esteve numa escola. Voltando ao período do processo de criação para o Projeto Final II, participei de um workshop liderado pela estilista Flavia Aranha sobre Impressões Botânicas. Entre curiosos para estar ao lado da estilista, uma minoria que tinha interesse em trabalhar num segmento mais consciente e queriam entender melhor as técnicas. Para conseguir estampar os tecidos demos uma 264 | 2018
volta ao redor de onde estava acontecendo o evento (Paraty Eco Fashion 2016) para buscar plantas tintórias que conseguissem deixar suas impressões no tecido. No caso não tive uma boa escolha e o resultado foi um tecido com várias manchas. Meses após tive a oportunidade de fazer uma oficina com a mestre de tingimento Hisako Kawakami, que trabalha com tingimento natural a mais de cinquenta anos, e suas oficinas são feitas em sua casa em São Paulo. Cheguei à rodoviária e fui direto para a sua casa, onde ela já me aguardava com café pronto. Assim que tomamos café ela me apresentou uma grande caixa com seus trabalhos durante anos que viajava lecionando tingimento no Brasil e em países na África. Uma senhora com pouco mais de oitenta anos sem se cansar de distribuir seus conhecimentos obtidos ainda na época que morava no Japão. Só sei que as horas foram passando, mais duas alunas chegaram e a oficina que terminaria as 16 horas foi prolongando até que as 18:30h já exaustos nos despedimos e fomos embora. Guardo com muito carinho os seus ensinamentos e as amostras de tecidos dos testes de tingimento. O tingimento natural na minha vida sempre será um processo de aprendizado. Sempre buscando artigos, matérias e livros sobre tingimento e plantas. É importante conhecer o nome das plantas e os seus pigmentos. Buscar matéria-prima nova, respeitar os processos do tingimento e ainda mais importante, explicar para o consumidor que o tingimento natural pode sofrer sim, alterações na cor e é importante ter um cuidado maior com essas peças. O tingimento natural está envolvido um tempo maior e um estudo do poder da natureza no nosso dia-a-dia.
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Chris Bernardes
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Tendencias 2017-2018 no Design de Interiores 1
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Tendências especiais no Decor
e interiores estão surgindo ainda que sutilmente mas você vai perceber por aí....já já! A antropologia de Consumo muitas vezes é a responsável pelo desenvolvimento e criação de um móvel ou acessório. Tudo é relevante, o material, a cor, a textura, todos esses elementos se originam na base do comportamento humano. E se você já se perguntou de onde nascem as tendências, está aí a resposta! Porque um comportamento leva ao outro como resposta. As Mostras que aconteceram no ano de 2017 ditaram as tendências para esse ano de 2018, e essas se baseiam na chamada Confort Zone ou seja, percebemos que o momento atual está direcionando a criatividade para as formas arredondadas, com mate-
riais mais táteis, proporcionando principalmente conforto!! Uma delas está ligada a questão tátil, ou seja a sensação que o objeto te proporcionará. As almofadas com tecido em Alto Relevo, (imagem 1) são as coqueluches do momento. Surgem tecidos que além de terem um apelo estético muito grande surpreendem pelo toque nas texturas e relevos; Uma outra tendencia é a do Brilho iridescente (imagem 2), sabe aquele brilho furtacor que remete ao conceito “unicórnio” e “sereia” de ser? Então, esse mesmo! Mas a tendência atual vista nas Mostras traz um caráter um pouquinho diferente ao visual holográfico, com materiais de tecnologia aliados ao metal oxidado. Não importando muito para os Designers a forma ou o uso, o importante é abusar do brilho.
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Outra tendencia do momento é sem dúvida os jardins particulares (imagem 3), sem nenhuma novidade as plantas retornaram com força total para os espaços não só externos mas internos também. Logo após a escolha para 2017 da Pantone ter um forte e expressivo tom de verde, as plantas surgiram nos ambientes internos com mais força ainda, representando não só essa escolha mais uma tendência de proximidade com a natureza que também deve ser observada. O Rosa, esse novo tom forte como tendência tem um nome glamouroso, o Millenial Pink (imagem 4). Ele já não é tão novo assim na paleta responsável pelos tons rosas, afinal tivemos como uma das escolhas da Pantone para 2016 o Quartz Rose e podemos dizer certamente que esse se transmutou para Millenial Pink em 2017, ganhando caráter político, ou seja agrada a muitos e vem se tornando a cor favorita dos criativos. Por isso mesmo estando em 2018 e a Pantone já tendo escolhido uma nova cor para esse ano, muito ainda vai se ver com com esse tom de rosa chic e elegante por aí! Não tenho como não mencionar a Cor do Ano de 2018 como uma das maiores tendências para esse ano. A Ultra Violet (imagem 5), assim definida a Cor de 2018, é vista como complexa porém uma escolha que proporciona calma. A cor é muito bem definida pela própria diretora da pantone. “Ultra Violet comunica originalidade, engenhosidade e pensamento visionário que nos indica o futuro“. Leatrice Eiseman, diretora executiva da Pantone.
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Uma tendência muito interessante, e a dos tapetes que se assemelham a uma verdadeira obra de arte. São os tapetes denominados Tapetes Statement (imagem 6), eles não são nada discretos, não usam só uma ou duas cores ou material, muito ao contrário disso! A evolução da tecnologia textil aliada ao retorno da valorização das técnicas manuais temos mais do que nunca verdadeiras obras de arte com mais uma vez o aspecto tátil impresso, proporcionando uma verdadeira experiência para quem que usufrui de um tapete como esse. As Tramas Humanazidas (imagem 7) também são uma forte tendencia para esse ano, elas podem ser reconhecidas com uma forte influencia das tramas naturais e artesanais como o uso de vime e ratan que já são tendencia absoluta na decoração. A Tendencia surge com essa base de materiais rústicos com aspecto mais high tech. Resultando em algo muito interessante. Sabemos que o Design é mutante e o mesmo vem sempre se atualizando e se reinventando, por isso essas tendências observadas, são uma luz sobre tudo que é possível descobrir no mundo do Design! Por isso a minha dica é: Treinem seus olhares para tudo aquilo que possa ser, ou se tornar tendencia, ela pode ser um diferencial inclusive na sua carreira profissional.
Do Ramo do Café à fibra do tecido. Editorial de lançamento do site da loja 1985 d.D de Douglas Tavares Fotografia: Thamirys Pereira Luís Pepper Ediçao: Bruno Karvan Modelos: Patrícia Sant’Ana
Com aguadas de aquarela nasce a primeira coleção inspirada na história do café no Brasil, retratadas por Debret e Rugendas. As peças foram produzidas em Muzambinho, sul de Minas Gerais e a marca tem como viés a produção em pequena escala e fomenta o uso de fibras naturais produzidas no Brasil, o tingimento natural e o trabalho manual. Comatemporais aguadas de aquarela nasce As roupas são e a primeira coleção inspirada na carregam histórias de fazeres história doartesãs café no Brasil, retratamanuais das dasmineiras. por Debret e Rugendas. As peças foram produzidas em
DOUGLAS TAVARES sul de Minas Muzambinho,
Gerais e a marca tem como viés a produção em pequena escala e fomenta o uso de fibras naturais produzidas no Brasil, o tingimento natural e o trabalho manual. As roupas são atemporais e carrePatrícia veste gam histórias de fazeres manuais macacão das artesãs mineiras.de tear
manual tingido com galhos de café DOUGLAS TAVARES e calça de cambraia de linho.
Patrícia veste vestido em malha de algodão colorido e com aplicações de crochê
PatrĂcia veste casaco em linho com viscose com forro em organza de seda tingidos com casca de cebola.
Patrícia veste casaco em linho com viscose com forro em organza de seda cru, blusa em malha de algodão orgânico e tingido com casca de cebola e calça de algodão colorido
PatrĂcia veste casaco em malha de algodĂŁo colorido
PatrĂcia veste bata em malha de algodĂŁo colorido
PatrĂcia veste Blusa em malha de algodĂŁo colorido
Patrícia veste camiseta Ramo de café em malha de algodão colorido
PatrĂcia veste Casaco em ribana de algodĂŁo colorido e botĂŁo de coco
Patrícia veste Blusa em malha de algodão orgânico tingida com casca de cebola e calça cropped de algodão colorido
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John Oliveira
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Greta Gerwig Uma força do cinema independente. Para os amantes de cinema, o início do ano é motivo de celebração pelas premiações e filmes promissores que vão estabelecendo-se na famosa corrida para o Oscar. Desta vez, além dos debates sobre os filmes, o movimento “Time’s Up” conseguiu chamar atenção mundial com centenas de artistas manifestando-se contra o assédio sexual no local de trabalho. Em meio à toda essa movimentação em Hollywood, há um nome que vêm crescendo e destacando-se cada vez mais: Greta Gerwig. Greta, de 34 anos, faz parte do Mumblecore (movimento artístico do cinema independente americano que tem como base filmes feitos com baixo orçamento e guiado por personagens de forma naturalista), e ficou conhecida por seus papéis marcantes em alguns filmes independentes, dentre eles inclui-se Frances Ha e Mistress America. Essas obra foram escritas por Greta e seu namorado, Noah Baumbach, que dirigiu ambos. Greta já havia sido indicada à algumas premiações anteriormente, mas com Frances Ha ela recebeu grande visibilidade com as indicações ao Globo de Ouro e Critics Choice Awards. Engana-se quem pensa que Greta cresceu na sombra de seu namorado, visto que não é apenas atuando que Greta segue conquistando os espectadores de
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todos os lugares, seu nome está em alta graças ao seu debute como diretora e roteirista em Lady Bird. Com a sua estreia aclamada, ela conseguiu ser a quinta mulher da história a ser indicada na categoria de Melhor Direção no Oscar, sem contar as outras quatro indicações nas categorias principais. Apesar de já ter escrito roteiros e ter dirigido um longa, esta é a primeira vez que Greta cria uma obra completamente autoral. Assim como a Greta, a protagonista de Lady Bird, Christine, nasceu em Sacramento (Capital do estado norte-americano da Califórnia). Mesmo que suas histórias se pareçam em uns aspectos, Greta já revelou que não são biográficas, entretanto, podem haver conexões com a sua vida pessoal. Como diversos grandes cineastas, ela nos possibilita a imergir em tramas intimistas com seu poder de se doar para cada nova história e ainda interpretar suas personagens.
Sinopse de Lady Bird: Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.
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O cinema mainstream/convencional possui apreço por trabalhar com diversos personagens e reviravoltas, regras que muitas vezes são impostas para os diretores e roteiristas surpreenderem o público, diferentemente de como o cinema da Greta funciona. Nos últimos anos, Greta transitou pelo cinema convencional representando personagens de outros artistas, mas com sua autonomia crescendo cada vez mais, a tendência é que seu nome cresça e a força do cinema independente seja transposto através dela para obras grandiosas que milhares de pessoas irão absorver. Lady Bird representa o início notável de uma cineasta com potencial ilimitado que carrega muito a dizer e a representar. Não percam esta nova obra na telona, dêem atenção para a história de uma jovem que reflete um pouco de todos nós, não percam Greta Gerwig de vista.
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Clara Amarante
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Tendência 2019
menos distração De acordo com o site Audaces.com, o termo tendência deriva do latim tendentia, particípio presente e nome plural substantivo do verbo tendere, cujos significados são “tender para”, “inclinar-se para” ou ser “atraído para”. Ou seja, são indícios que uma cultura projeta inconscientemente e podem ser captados e interpretados como futuros comportamentos e preferências, os quais serão canalizados pela indústria da moda em bens e serviços. Durante um tem talk em 2016, David polgar, que explora o uso da tecnolocia da perspectiva ética, emocional e moral, disse “a internet está fazendo com que os humanos ajam como robôs”, isso é verdadeiro especialmente para as gerações X e milennials, que estão quase sempre muito ocupados para processar suas próprias emoções. Na cultura da produtividade, a mentalidade do sempre trabalhando está impactando nosso bem-estar. Tony Crabbe, autor do livro “Ocupado demais para ler este livro” escreve que vivemos em um mundo infinito onde nada termina: temos sempre mais e-mails, reuniões e prazos, resultando na pressão de fazer tudo o que leva as pessoas a se sentirem sobrecarregada e distraídas. Em 2019, a demanda por menos distrações será prioridade por duas razões principais: estamos alcançando uma grande parte da população com ansiedade e a maioria quer dedicar mais o seu tempo ao que realmente importa. Então como chegaremos lá? Temos um conceito emergente de design calmo – tecnologia que se mistura ao nosso cotidiano sem que precisemos nos focar nesses dispositivos enquanto os utilizamos – é uma opção. Na teoria todos precisamos desplugar, mas a realidade é que nossas vidas e a internet estão interconectadas. Enquanto estamos ocupados nos desconectando, nossos e-mails e menssagens continuam chegando, criando mais estresse após o retorno. Ressignificar a tecnologia para diferentes propositos e valores é a forma de ir para frente. E em um mundo conectado digitalmente, como criamos momentos de menos distração? Na moda, estão sendo criadas tecnologias que verificam nossa pressão sanguinea, niveis de estresse, quantidade de toxinas e poluição nos ambientes. Carros que respondem as nossas emoções estão sendo criados para combater motoristas distraídos. Tecnologias que criam um espaço de trabalho com menos distrações estão sendo inseridas no mercado. (Tradução livre de um tópico abordado no future consumer 2019 – distraction-less do site wgsn.)
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Texto: Isabelle Mesquita Ilustraçao: Ítalo Figueiredo
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uem estuda ou aprecia a moda, a costura, a arte, a gastronomia ou qualquer tópico relacionado à criação, quer dar uma passadinha em Paris. Para poder ver e sentir essa coisa especial que essa cida-
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de extraordinária tem. Nem que seja uma visita de conexão de voo. E de repente: BOOM! O camarada chega e não quer se despedir. Vai ficando. Fica. Fiquei. Não é fácil. Tudo super et cool para se man-
meus ouvidos, trazendo um risinho de satisfação na boca. Por ouvi-la e por ver as luzes de Paris com tanta beleza e capricho naquela noite fria. Fui embora pela Avenue George V, olhando as vitrinas e rindo do luxo diante dos meus olhos, uma vez que eu estava vestindo aquele famoso casacão de montanha, verde musgo, sem corte, com o capuz na cabeça, as velhas botinas e a minha bolsa by me, velha companheira, atravessada ao corpo. Passei em frente ao Palais Galliera – Museu da Moda – e pensei em entrar pelo jardim para cortar caminho e sair logo em frente ao Palais de Tokyo, que já dá para ter uma bela vista da Madame de Ferro – a Senhora Eiffel. Entrei. O museu também estava aberto, eram umas 20h. Estava rolando a exposição do Mariano Fortuny. Perguntei à moça da entrada o horário de fechamento do museu. Ela disse que às 21h encerrava. Depois, se com 1h dava para ver a exposição – Fortuny, um Espagnol à Venise – e ela disse que sim, tranquilamente. Comprei o ingresso, que custou 10 Euros, e entrei. Que maravilhoso! Que criador gênio que eu ainda não ouvira falar. Me deparei com vestuários incríveis, do início do século XX, e os mais famosos Delphos Gown assinados por Fortuny. Vi trabalhos de design têxtil super precisos e feitos manualmente. Fotografias, obras de arte e tudo que você possa imaginar de um gênio criativo. Quanta riqueza de informação em uma acidental escapada noturna do metrô linha 13. Consegui aproveitar, fazer fotografias e aprender sobre cada peça exposta ali. Às 20h53 estava na porta de saída. Deixei o Galliera e fui dizer salut para a madame, que está logo em frente, continuando a jornada de volta para casa. Desci na estação Châtelet e fui comprar um falafel, lá nos árabes da Rue Saint Denis. Compro sempre lá nos caras, mas agora aumentou 1 euro. O sanduba está saindo a 6, pesado. Gosto de comer andando, por isso passo por ali. Pego o falafel, vou olhando as “modas” e mordiscando meu pão. Entrei no trem e voltei para casa. Já eram umas 22h30. Sei que amanhã tem mais. É isso que me faz ficar e ficar. É a surpresa. É a rua. É o “de repente de Paris”.
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ter na cidade luz. Mas olha, vale a pena ter que dar umas aulinhas de inglês para as criancinhas francesas, e aí ter uns trocados para bancar o iogurte e as bananas que a gente come para sobreviver. Entre as idas e vindas da vida parisiense, os dias passam e a rotina, que o trabalhar exige, também chega. Capricho da mente urbana que se manifesta em qualquer cidade grande, independente do lado do hemisfério que se esteja. Mas, de vez em quando, rola a fuga. Dia desses, uns dois dias antes do Nöel, terminei de dar uma aula, peguei o bonde em direção à estação de metrô Chântilon-Montrouge, linha 13, para voltar para casa. Estava cansada, morta. Peguei meu parceiro das viagens de trem – o livro – e caí nos devaneios da história. Mas aí, de repente, a mocinha que repete religiosamente os nomes das estações anunciou: Champs Elysées Clemenceau. Pensei em descer e dar um rolé por ali. Desci! Um frio de doer os dentes acompanhado de uma chuvinha fina. Já era noite, umas 19h30. Fui caminhando sem pensar em nada, observando o galerão de turistas tirando fotos daquilo que via e que não via pela frente. Logo adiante havia uma fila, bem generosa, nas calçadas do Grand Palais. Fui checar o que era. Se tratava do Singing in the Rain que estava em cartaz. Também tinha exposição do Gauguin rolando. Ainda está. Saí de lá porque os tickets eram caros. Continuei meu caminho excepcional. Fui degustando o frio, sentindo as gotas que o acaso servia do céu, observando a beleza da avenida, achando mágico aquele momento. Resolvi adicionar uma trilha sonora. Então coloquei os fones no ouvido para escutar alguma coisa no Spotify e dar mais emoção ao trajeto. Estava tocando um deep house, tipo Fade out lines. Os olhinhos brilharam quando atravessei a Avenue Montaigne, umas das avenidas mais conhecidas pelas boutiques de grandes nomes da moda de luxo e com uma arquitetura e urbanismo coerentes com a vizinhança. Ah, as luzes de Natal. Aquelas bem branquinhas, em todas as árvores sem folhas, indo até o final da avenida e fazendo uma brincadeira elegante com as lâmpadas da rua. Parei para contemplar por alguns minutos. Continuei o trajeto. A música continuava adoçando