BRASIL
Heróis
da resistência Já se passaram quase 70 anos, mas a vida dos brasileiros que foram à Segunda Guerra Mundial nunca mais foi a mesma. Entre terror, lembranças e alegrias, os ex-combatentes eternizaram seus nomes na história
POR BRUNO MATEUS FOTOS CARLOS HAUCK
“Era uma tarde de janeiro. Daquelas tardes chuvosas de janeiro. Talvez de 1992, não se sabe ao certo, mas foi por aquele começo de década. O garoto havia saído com a mãe para fazer-lhe companhia pelo Centro de Belo Horizonte. Andanças. Ele adorava comer pastel com caldo de cana, o que inegavelmente deu ao passeio um tom mais atraente. No fim da tarde, com o céu ameaçando chuva, foram ao museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Quando chegaram, um senhor estava trancando a porta solenemente. O horário de visitação havia se encerrado e mãe e filho perderam viagem. Uma pena, disse, trouxe meu filho para conhecer o museu, o avô dele foi combatente na guerra. E qual é o nome dele, perguntou o senhor, e quando ouviu, abriu um largo sorriso. Se ,26
é para o neto do Jair, faço questão, disse, recuando e abrindo a porta. Ao entrar no museu, a imaginação tomou conta da cabeça do menino e as histórias que ele ouviu ganharam contorno nas fardas, armas e granadas; nos mapas, nos relatos. Em 2008, com todas as honras que lhe eram devidas, o ex-combatente Jair foi enterrado e o garoto de outrora, agora já homem feito, não pôde estar lá, já que morava em outro país. Hoje, ele até se arrepende um pouco de não ter conversado mais sobre os horrores e a solidão da guerra com seu avô, mas são coisas da vida. E hoje, também, sobram o respeito, as lembranças e algumas palavras como homenagem.”