BRASIL W W W. T I P O S B R A S I L . C O M . B R
R$ 10,00
Entrevista com
Thiago Reginato - tipocali conta mais sobre o artista, seu interesse por tipografia e muito mais. Vale a pena conferir.
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HELVETICA | ENTREVISTA COM O TIPOGRAFO CARLOS ROCHA
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EDITORIAL | EDIÇÃO #01
Hello.
DE OLHO NOS TIPOS Há muito se foi o tempo em que o Design era um raro ofício. De lá para cá a sociedade afluente e global intensificou e acelerou seus processos de comunicação. Claro que o Design não perdeu seu apelo, nem o designer seu charme, mas é inegável que ele, atendendo a tantas demandas, multiplicou sua presença por todos os campos. Apesar de tudo, essa multidão de profissionais não significa companhia, nem impede que cada um venha a se sentir pessoal e profissionalmente isolado. Esse é o problema: para uma vida de trabalho plena, precisa o designer se relacionar com a coletividade dos que, como ele, no mesmo campo atuam. O jovem designer (ou a jovem designer), com sua estação de trabalho preparada para lhe prover eficiência, precisão, versatilidade e rapidez parece ser profissional mais completo do que aqueles que lhe foram anteriores. Mas essa comodidade muitas vezes o isola, e lhe custa viver numa certa solidão digital. O resultado é, apesar de tantas vantagens, poder subsistir um sentimento de que há menos satisfação, na vida e na carreira. BRUNO PEREIRA diretor de redação brunopereira@tipos.combr
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CREDITOS | EXPEDIENTE
ColAboradores Conheça algumas pessoas que colaboraram para esta edição:
EXPEDIENTE: A Revista TIPOS BRASIL é uma publicação da Editora Vertente Em Parceria com: CEPETIN- Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantojuvenil Cátedra da PUC-RJ UFF UERJ Diretora: Maria Helena Kühner Jornalista Responsável: Leny Werneck Reg.Prof. nº13. 482/ 60/ 220
PAULO HEITLINGER trabalhou para a comunicação social e para diversas editoras, fez publicidade e marketing. Iniciou-se como layouter e graphic designer, produzindo posters, anúncios, brochuras, revistas, livros e web-sites.
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TÂNIA GALLUZZI especializada no setor de comunicação impressa, a jornalista é também responsável pela Revista Abigraf, cobrindo os assuntos pertinentes ao setor gráfico há mais de 20 anos.
Thiago Reginato é de São Paulo, 23 anos, formado na ESPM no curso de Design visual com ênfase em marketing. Criador do Tipocali e sócio do Maquinário Laboratório Criativo
Conselho Editorial: Carlos Augusto Nazareth Daniel Schenker Edir Meirelles Eliana Yunes Eliane Ganem Francisco Gregório Filho Ivo Barbieri Jonn Roe Leslie Damasceno Luís Francisco Wasilewski Nanci Nóbrega Projeto gráfico: Bruno Pereira
suMário A no 1
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Nº 1
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JULHO
2013
Para que é que precisamos da Helvetica?
PAULO HEITLINGER
O trend da globalização persiste . Pág. 07 Historial da Helvetica . Pág. 08 Sucesso mundial . Pág. 09 A fonte das multinacionais . Pág. 09 Um flagelo chamado Arial . Pág. 11
Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento
TÂNIA GALLUZZI
Entrevista CLAUDÍO ROCHA . Pág. 12
tipocali
GISMULLR - ABDUZEEDO Entrevista THIAGO REGINATO . Pág. 16
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FIQUE POR DENTRO
Para que é que precisamos da Helvetica? PAULO HEITLINGER Fevereiro de 2007
O 50º. aniversário da Helvetica – uma família de fontes criada em 1957 pelo suíço Max Miedinger – foi o pretexto para rodar um documentário que ilustra a expansão de conhecido typeface. Reacende-se uma polémica que já vem de alguns anos atrás e que merece a pena retomar. Vejamos porquê. Quando o editor suíço Lars Müller publicou o seu livrinho Hommage to Helvetica (que entretanto está à venda a bom preço nas lojas da FNAC), argumentava que «este typeface sabe fazer tudo, e é neste aspecto que é genial ... Tive vontade de publicar este livro para reagir contra a inflação das fontes. Temos hoje cerca de 30.000 fontes, mas que não servem para grande coisa. Em vez de inventar novas fontes, valia mais renovar a tipografia com as fontes existentes. É este o caminho para o qual aponta o sucesso da Helvetica». Em resposta a Lars Müller, tenho a argumentar que para um suíço a Helvetica pode servir para muitas aplicações, mas para mim não serve para grande coisa, pois falta-lhe qualquer personalidade tipográfica. Ça manque du charme, diriam os franceses.Temos milhares de fontes disponíveis para as mais variadas aplicações, de modo que a questão pertinente será: Para que é que nós precisamos ainda dessa letra de horripilante estética, criada à cinquenta anos para atender às necessidades de clientes à procura de uma letra “despersonalizada”, “neutral”, apta a garantir-lhes um fácil acesso a um mercado global?
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Quando o editor suíço Lars Müller publicou o seu livrinho Hommage to Helvetica (que entretanto está à venda a bom preço nas lojas da FNAC), argumentava que «este typeface sabe fazer tudo, e é neste aspecto que é genial ... Tive vontade de publicar este livro para reagir contra a inflação das fontes. Temos hoje cerca de 30.000 fontes, mas que não servem para grande coisa. É este o caminho para o qual aponta o sucesso da Helvetica». Em resposta a Lars Müller, tenho a argumentar que para um suíço a Helvetica pode servir para muitas aplicações, mas para mim não serve para grande coisa, pois falta-lhe qualquer personalidade tipográfica. Ça manque du charme, diriam os franceses.Temos milhares de fontes disponíveis para as mais variadas aplicações, de modo que a questão pertinente será: Para que é que nós precisamos ainda dessa letra de horripilante estética, criada à cinquenta anos para atender às necessidades de clientes à procura de uma letra “despersonalizada”, “neutral”, apta a garantir-lhes um fácil acesso a um mercado global?
“Em vez de inventar novas fontes, valia mais renovar a tipografia com as fontes existentes.”
O TREND DA GLOBALIZAÇÃO PERSISTE A resposta, embora não goste dela, é simples. Em pleno século XXI, a Helvetica continua em uso, por força do persistente revivalismo que nos aflige há anos. O conceituado designer e crítico canadiano Nick Shinn, denunciando os maléficos efeitos da authority of mass fashion, escreveu: «A Helvetica regressou em grande. Na rua, vemo-la em campanhas publicitárias de empresas tão diferentes como a IBM e The Gap. Nas vendas online, está sempre no topo das listas das fontes mais vendidas...»
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FIQUE POR DENTRO
A fonte que o typeface designer e ensaísta Nick Shinn apelida com toda a pertinência face of uniformity tem vindo a ocupar posições para as quais nuncafoi concebida, mas os designers contemporâneos, com medo de afirmar as suas raizes culturais e os contextos regionais, preferem a «fonte sem personalidade». Nunca uma fonte tão estéril, de tão fraca legibilidade e pobre estética teve uma proliferação tão virulenta – nefastos efeitos da globalização em princípios do século XXI... HISTORIAL DA HELVETICA A Helvetica é a fonte mais associada à tipografia suíça do pós-guerra e à «Escola Internacional», por causa da sua crónica falta de personalidade. Surgiu nos anos 50, na conjuntura de recuperação económica depois da Segunda Guerra Mundial. Inúmeras empresas alemãs e suíças, ávidas de se lançarem de novo nos mercados internacionais, precisavam de uma letra clara, neutral, moderna, internacional, com boas relações com todos os países e culturas – com as características da Suíça, portanto... O importante era que essa letra fosse «moderna» e que não tivesse qualquer associação nacional, ou qualquer filiação cultural específica. Especialmente na Alemanha do pós-guerra procurava-se uma fonte neutra, que não lembrasse o vergonhoso passado nazi do país, que, agora «democratizado» de fachada, o queria ultrapassar o mais depressa possível. O tipo eleito pelas empresas
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multinacionais foi a Helvetica, a fonte da globalização dos anos 60 e 70 (e, como já veremos, também do século xxi). Nos anos 20 e 30, tinham sido os adeptos da Bauhaus os que exigiam uma tipografia universal, apta para todas as aplicações, todos os fins, todos os idiomas e todas culturas. Nessa época, as reinvidicações dos vanguardistas causaram pouca ressonância; muito mais tarde, depois da guerra, a indústria e o comércio tinham finalmente captado a mensagem, e exigiam: «Venha uma letra universal!» A Helvetica foi desenhada para ser uma versão modernizada da Akzidenz Grotesk (propriedade da H. Berthold AG). Começou por ser comercializada como Neue Haas Grotesk, por se tratar de uma reformulação da Haas Grotesk (propriedade da fundição Haas, a empresa que encarregou Max Miedinger de modernizar a fonte). A primeira versão foi apresentada em 1957, na feira graphic 57, realizada em Lausanne. Esta fonte, então chamada Helvetia, foi introduzida no mercado paralelamente à famosa Univers, de Adrian Frutiger. Pouco depois, a fundição alemã D. Stempel AG comprou os direitos da Helvetia, adicionoulhe vários pesos e graus de condensado e rebaptizou-a com o nome de Helvetica, relançando-a em 1961. Nessa época, já 50% do capital da D. Stempel AG se encontrava em posse da Linotype AG, representando dentro do
grupo Linotype o sector de «tipos metálicos de fundição» para composição tradicional, manual – a fotocomposição tinha começado por volta do ano de 1955. A Helvetica não teve por auxiliar de parto um conceito estrutural como aquele que Adrian Frutiger inteligentemente deu à sua Univers, quando inventou uma sistemática numérica para calibrar os pesos e graus de condensação/ expansão. Esta falta de sistemática reflectiuse na pobre estética das variantes e tornou necessário um redesign, lançado como Neue Helvetica em 1980. SUCESSO MUNDIAL Apesar destes entraves, a Helvetica foi a fonte de maior sucesso nos anos 60 e 70 – pelo menos, foi a fonte mais usada. Substituiu rapidamente a antiga Akzidenz Grotesk de 1897, que, no jocoso dizer de Erik Spiekermann, já mostrava «muitas rugas».
“Apesar destes entraves, a Helvetica foi a fonte de maior sucesso nos anos 60 e 70 – pelo menos, foi a fonte mais usada.”
A sua falta de personalidade nacional ou regional – é com todo o direito que é chamada «a fonte sem carácter» – foi por vezes compensada pelo emprego de cor, por exemplo, em posters publicitários. De resto, a imaginação criativa dos que optaram pela Helvetica ficava reduzida a explorar as formas acentuadamente geométricas, a compor em ângulos diagonais e/ou a tirar partido da vasta gama de pesos e cortes da letra que passou a ser a fonte universal e global da segunda metade do século XX. A FONTE DAS MULTINACIONAIS A partir da década de 1960, inúmeras empresas internacionais adoptaram a Helvetica para a sua comunicação. A Lufthansa, a conselho de Otl Aicher, adoptou-a para Corporate Typeface. A KLM, a American Airlines e outras companhias aéreas seguiram este trend. Depois veio a BASF, consórcio químico-farmacêutico que nessa época já ocupava em todo o globo 300 oficinas de impressão, além de inúmeras agências de publicidade. Também os consórcios Bayer e Hoechst, outros dois gigantes do ramo químico, passaram a usar a Helvetica em qualquer parte
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do mundo onde fizessem negócio. No ramo automóvel, seguiram-se a Opel e depois a BMW, que usa hoje uma fonte parecida com a Helvetica. A MAN e a AEG optaram igualmente pelo «tipo sem características». Decididamente, a omnipresente Helvetica passou a ser conotada como uma fonte «moderna, progressista, cosmopolita, internacional». Mas na realidade, continuou a ser uma fonte de pobre estética, pacatamente burguesa, estridentemente aborrecida, sem charme, sem elegância – e falha de qualquer temperamento, vitalidade ou emoção. Por isso mesmo, a Helvetica foi a campeã do Estilo Internacional, opção preferida por mestres do desenho gráfico, como os suíços Max Bill e Josef Müller-Brockmann. Passados 45 anos depois da introdução, a Linotype listava 115 diferentes membros da família de fontes Helvetica hoje presente no mercado ...um longo bocejo tipográfico.
“Quem não queria investir no produto original, comprava um dos múltiplos clones, muito mais baratos...”
UM FLAGELO CHAMADO ARIAL A Helvetica tem sido violentamente pirateada – outra expressão da sua ubiquidade e popularidade. Quem não queria investir no produto original, comprava um dos múltiplos clones, muito mais baratos: cópias ainda piores que o original, chamadas «Swiss», «Geneve», «Zürich», etc. De mal a pior, a degradação continuou quando a ainda jovem Microsoft decidiu pouparse a aquisição da Helvetica e encomendou, em 1982, a fonte Arial à Monotype. A Arial, um dos Windows core fonts, integrados no pacote do sistema operativo, é outra fonte de inigualável banalidade e consegue ser mais feia que o original. Entretanto, até a Microsoft já notou isso; na nova versão do Windows, a Helvetica e a Times já não fazem parte dos core fonts... Por fim, falta responder à pergunta feita no título deste artigo: Para nada.
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ENTREVISTA | CLAUDIO ROCHA
Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento TÂNIA GALLUZZI Março de 2012
Nesta entrevista, ele fala sobre a validade da tipografia como processo de impressão na atualidade e a possibilidade de combiná-la com as novas tecnologias.
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Nascido em 1957, aos 10 anos Claudio Rocha desenhava letras. Na escola era ele o responsável pela diagramação do jornal do grupo de teatro e aos 17 já diagramava as revistas e materiais impressos do Idort. Ele estava na lida muito antes de surgir a denominação designergráfico, à qual deu corpo e importância com seu conhecimento técnico e criatividade. Artista gráfico completo e grande conhecedor de tipos, Claudio Rocha atuou como catalisador para a primeira geração de typedesigners brasileiros em meados da década de 90 com iniciativas como a revista Última Forma Typography, em 1997. Publicação independente, reunia pessoas que tinham alguma relação com a criação e o desenho de letras, como Rubens Matuck, Guto Lacaz, Arnaldo Antunes, Tide Hellmeister e Eduardo
Marco. No perío¬do que morou na Itália, entre 2007 e 2009, Claudio lançou a revista Tipoitalia, além de colaborar com museus, promover workshopse dar palestras.
Bacigalupo, figurando como um dos primeiros meios de divulgação da tipografia brasileira na comunidade internacional do design. Mergulhado na escassa literatura sobre o tema, Claudio, entre idas e vindas como freelancer e profissional contratado (foi diretor de criação na Seragini Design), virou designer gráfico especializado no segmento editorial. Ou melhor: tradutor visual, nas suas próprias palavras, uma vez que sua função é entender uma necessidade mercadológica e materializá-la em uma peça gráfica. Da semente atirada pela Última Forma nasceu, em 2000, a revista Tupigrafia, trazendo um olhar instigante e sensível sobre as manifestações contemporâneas sobre a tipografia no Brasil e no mundo, idealizada em parceria com Tony De
Antes disso, em 2004, criou, ao lado de Claudio Ferlauto e Marcos Mello, a Oficina Tipográfica São Paulo com o ideal de recuperar a linguagem peculiar do sistema de impressão tipográfica e inserir esse meio de comunicação como um recurso de estilo dentro do universo digital. Agregando ateliê de composição manual e impressão tipográfica, a oficina posicionou-se como um laboratório no qual se experimentava a linguagem dos tipos de metal e de madeira e onde aconteciam workshops abertos aos interessados em conhecer essa técnica. Em 2005, a Oficina transformou-se em uma organização não governamental, sendo transferida posteriormente para a Escola Senai Theobaldo De Nigris, com a qual mantém um convênio com a missão de preservar a cultura gráfica no País. Hoje Claudio Rocha, autor de livros como Projeto Tipográfico – Análise e Produção de Fontes Digitais e Tipografia Comparada: 108 Fontes Clássicas Analisadas e Comentadas, divide-se entre a rotina da Oficina Tipográfica, as aulas que ministra como professor de Tipografia e projetos pessoais.
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ENTREVISTA | CLAUDIO ROCHA
QUAL O PAPEL DA TIPOGRAFIA HOJE? Claudio Rocha – A tipografia é uma tecnologia superada há duas gerações. Foi substituída pelo processo offset e agora pela impressão digital. Só que os parâmetros da tipografia, seus princípios, foram preservados. Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento. Nosso objetivo é cultural, didático. Quem cria ou produz peças em tipografia tem a oportunidade de desenvolver o ra¬cio¬cí¬nio vi¬sual, deve trabalhar com os aspectos físicos do grafismo e não grafismo, lidar com os espaços va¬zios, ex-pe¬riên¬cias que a computação gráfica não possibilita. Na tipografia, o designer e o gráfico se complementam e o conhecimento da técnica amplia a bagagem profissional de quem se dedica a ela. Por suas características, a tipografia permite efeitos únicos que o gráfico pode explorar. Algumas editoras, como a Cosac Naify, utilizam a tipografia na impressão da capa de seus livros como um recurso de estilo, buscando a linguagem vi¬sual própria desse sistema. AINDA HÁ GRÁFICAS PRODUZINDO IMPRESSOS EM TIPOGRAFIA NO BRASIL? CR – O uso é marginal. A tipografia teve uma sobrevida com a impressão de ta¬lo¬nários, hot stamping e para numeração de impressos. No in¬te¬rior e nas pe¬ri¬fe¬rias ainda se faz envelopes e cartões de visita em tipografia, mas muitas impressoras estão sendo transformadas e utilizadas para corte e vinco. O uso co¬mer¬cial é bem restrito, mesmo porque muitos profissionais que pos¬suíam o conhecimento dessa técnica já se aposentaram. É POSSÍVEL UNIR A IMPRESSÃO TIPOGRÁFICA E A DIGITAL? CR – Um recurso é tirar uma prova de prelo de uma composição com tipos de metal ou de madeira e também de um clichê tipográfico e transformá-¬los em arquivo digital através do seu es¬ca¬nea¬men¬to. Fizemos isso recentemente aqui na Oficina Tipográfica para a programação vi¬sual de uma exposição, compondo palavras com tipos de madeira, digitalizando as provas desse ma¬te¬rial e gerando arquivos digitais para impressão em offset. O inverso também é possível. Elaborar
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um projeto no computador, produzir um fotolito e a partir deste fazer um clichê para impressão em tipografia. O que determina é a linguagem que se pretende para o projeto, a proposta do trabalho. VOCÊ CITOU UMA EDITORA QUE UTILIZA A TIPOGRAFIA EM SEUS PRODUTOS. COMO ESTÁ A PROCURA PELA TIPOGRAFIA COMO UM RECURSO VISUAL? CR – Nesse aspecto, o processo tipográfico é bastante valorizado. Existem oficinas tipográficas com uma nova proposta surgindo em São Paulo, em Goiânia, em Belo Horizonte e outras cidades. A tipografia virou um nicho de mercado e vem sendo utilizada, tanto no Brasil quanto em paí¬ses como a Itália, na produção de livros, cartazes, convites, em peças com pequenas tiragens, em projetos culturais. Há mercado, porém limitado.
QUAIS SÃO OS PLANOS DA OFICINA TIPOGRÁFICA PARA ESTE ANO? CR – Estamos dando continuidade à catalogação do acervo da Oficina e da Escola Senai. No ano passado recebemos doa¬ções importantes, como a do Sesc Pompeia, que repassou para a Oficina uma grande quantidade de tipos históricos. Estamos reor¬ga¬ni¬zan¬do todo esse ma¬te¬rial. Na área didática vamos manter os mesmos cursos que já estávamos oferecendo: Composição Ma¬nual, no qual o Marcos Mello apresenta o sistema e a linguagem da composição com tipos móveis e da impressão tipográfica como recurso formal no design gráfico; Gravura Tipográfica, sob minha direção, onde exercitamos as possibilidades da linguagem tipográfica na produção de cartazes; e Técnicas de Encadernação para Designers, também conduzido pelo Marcos. Também pretendemos nos concentrar na experimentação e na busca da excelência técnica, ma¬te¬ria¬li¬zan¬do produtos gráficos e editoriais da própria Oficina. A OTSP não tem fins lucrativos. Vivemos de apoios e dos produtos que desenvolvemos. Pretendemos aproveitar a vocação edi¬to¬rial da Oficina para dar corpo a projetos com caráter cultural.
“A tipografia é uma tecnologia superada há duas gerações. Foi substituída pelo processo offset e agora pela impressão digital. Só que os parâmetros da tipografia, seus princípios, foram preservados. ”
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ESPECIAL | THIAGO REGINATO - TIPOCALI
GISMULLR ABDUZEEDO Janeiro de 2013
É sempre um orgulho de mostrar o sucesso que os artistas nacionais alcançam. Hoje vamos compartilhar com vocês uma entrevista muito legal que fizemos com o Thiago Reginato - Tipocali que conta mais sobre o artista, seu interesse por tipografia e muito mais. O Thiago mora atualmente em São Paulo, é formado em design visual com ênfase em marketing e cria trabalhos inspiradores de caligragia e tipografia. Através do Tipocali, que é a combinação de tipografia e caligrafia com arte e design, ele cria trabalhos criativos cheios de estilo. Você com certeza já viu algo dele por aí, então aproveite para conferir a entrevista para saber um pouco mais dele e para ver também algumas de suas artes. CONTA PARA A GENTE UM POUCO MAIS DE TI, DOS TEUS INTERESSES, DAS COISAS QUE TU GOSTA. TH - Bom, muito prazer, meu nome é Thiago Reginato, sou brasileiro, trabalho em São Paulo, tenho 23 anos, formado pela ESPM-SP em design visual com ênfase em marketing, sócio do Maquinário – Laboratório Criativo. Adoro trabalhar com gente além das minhas fiéis letras que sempre me acompanham. Gosto muito de ensinar, debater ideias, analisar situações diversas e do dia-a-dia de um espaço criativo. Além disso, adoro dar uma volta de bike no parque ou dar uma nadada. QUANDO TU COMEÇOU A SE INTERESSAR POR TIPOGRAFIA E CALIGRAFIA? JÁ GOSTAVA DESSAS COISAS DESDE CRIANÇA? TH - Sempre gostei de artes, no colégio a disciplina de artes era a que mais me
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ESPECIAL | THIAGO REGINATO - TIPOCALI
interessava e ia super bem. Entretanto, meu contato com a Tipografia e Caligrafia só foi na faculdade. Minha vontade era de ter começado estudar isso desde de criança, mas acredito que tudo tem sua melhor hora para acontecer. TEVE UM MOMENTO ESPECÍFICO EM QUE TU TEVE CERTEZA DA CARREIRA QUE QUERIA SEGUIR? TH - Existe um momento marcante sim, em uma aula de Tipografia vi um cartaz de uma calígrafa, que o professor estava passando na aula. A beleza do cartaz me encantou tanto que fui atrás dela. Fiz diversos cursos dela e tenho um contato ótimo com essa minha mestra que tenho no coração. Queridíssima, Andréa Branco. O QUE TE INSPIRA? TH -Essa pergunta é delicada (hehehehe) Muitas coisas me inspiram. No meu trabalho sou muito espontâneo. Creio que o que me inspira são as coisas que vivem dentro de mim, no meu interior, procuro sempre compartilhar minhas sensações e pensamentos. Não procuro fora o que quero transmitir, é na minha alma que acho as melhores coisas. Gosto muito de falar sobre coisas boas e positivas, por isso o amor na maioria das vezes esta presente nas artes.
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COMO FOI QUE VOCÊ DESENVOLVEU SEU ESTILO? TH -Sei que atualmente possuo um estilo, isso você desenvolve com o tempo, porém, não quero ser reconhecido por um trabalho autoral. Estou sempre procurando conhecer estilos e linguagens novas para ser o mais versátil, prefiro ser uma árvore comum com um super ecossistema eclético do que um pinheiro forte e alto que só faz uma coisa bem. VOCÊ TEM ARTISTAS ESPECÍFICOS QUE GOSTA DE USAR COMO REFERÊNCIA? TH -Sim, tenho vários, sempre descubro pessoas novas, mas tenho meus favoritos claro. No momento minhas maiores referências são o Luca Barcellona, o Niels Shoes e Gabriel Meave ONDE QUE “A MÁGICA ACONTECE”? TH - Gostei dessa pergunta, a mágica acontece a noite, quando estou sozinho ouvindo uma música que me “toca” , fumando meu cachimbo e bebendo um saboroso licor/whisky. Assim me concentro bastante, foco nas minhas ideias. Dessa forma, só passa a existir a minha pessoa e o meu trabalho
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