Nem toda casa é igual. O morar reflete hábitos pessoais e desejos por um estilo de vida adequado à contemporaneidade, coerente com a nossa realidade e ao mesmo tempo refúgio para um futuro melhor. A casa deve ser, antes de tudo, a materialização de um grande projeto: Provendo uma vida de melhor qualidade; culturalmente sofisticada, confortável e prática. Pensando nisso articulamos a Arquitetura para conceber outras casas, cujas formas ousam sobressair do padrão, reunindo propostas que conciliam conceito e pragmatismo, voltadas para uma única questão: A franca necessidade de melhores moradias. Fernandes Atem Arquitetos e grupo RUMA se juntaram no projeto Casas Sem Dono, uma investigação coletiva nos domínios da habitação unifamiliar. Desenvolvemos diferentes projetos que promovem uma reflexão sobre a diversidade de estilos e planos de vida. Nossa premissa é explorar novas formas que respondam a desejos e memórias culturais, que fomentem uma melhor experiência familiar, e que permitam, por fim, pôr no centro da discussão quais tipos de espaços nós precisamos. Apresentamos nesta publicação quatro proposições alternativas aos modelos préestabelecidos pelo mercado. São contrapontos cuja espacialidade acreditamos ser capaz de melhorar as relações humanas. Assim, convidamo-os a explorar conosco estas possíveis arquiteturas.
CASAS SEM DONO
ALPENDRE
DECANTANDO A ESSÊNCIA A essência das antigas casas com alpendre é decantada nesta reinterpretação moderna do habitar. Partindo da importância do nosso sol equatorial e dos ventos alísios, conforma-se uma casa que tira partido de uma expressiva coberta para proporcionar leveza. A proposta da casa alpendre é uma moradia que aproveita todos os jardins usualmente marginalizados nas propostas padrão. O ambiente externo se conecta diretamente ao interno, ampliando o espaço. A integração entre os ambientes inferiores associado à possibilidade de abertura de portas e janela cria uma planta fluida.
O jardim cumpre função essencial ao trazer a iluminação natural, permitir a passagem dos ventos e aproximar o jardim periférico do espaço interno. A solução por meio de janelas e portas de vidro aumenta o campo de visão, provocando uma sensação de maior profundidade do ambiente. A integração dos espaços no pavimento térreo gera um salão contínuo, ao mesmo tempo em que a privacidade dos ambientes íntimos, como os quartos, é respeitada ao serem agrupados em um bloco elevado. O salão contínuo associado ao pé-direito duplo confere proporções dificilmente obtidas nas casas usuais deste tipo, especialmente com uma linguagem moderna. Mais ainda, o projeto utiliza o alpendre como elemento-chave para criar transições suavizadas com o ambiente externo. Como resultado, os fundos do lote é integrado à casa, somando área aos espaços protagonistas.
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3
A distribuição da planta-baixa prioriza um grande espaço social no térreo ao mesmo tempo em que cria nichos mais privados para as atividades cotidianas. A casa apresenta áreas externas contíguas que são integráveis ao espaço interno por meio de de portas e janelas de vidro, proporcionando amplitude.
área total construída
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11 1 garagem
4
10
2 estar + jantar 3 cozinha
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4 estar / apoio 1
No pavimento superior o espaço íntimo é acessado por uma circulação que margeia a face externa. Esta solução protege os ambientes do sol, gerando espaços com temperaturas mais amenas, reduzindo também a demanda energética por arcondicionado.
365 m2
12
térreo
5 wc social
10 estar íntimo
6 escritório
11 wc estar íntimo
7 estar externo
12 suíte
8 jantar externo
13 suíte
9 serviço
14 suíte
superior
MEMÓRIAS
CASA PÁTIO
O pátio é um importante elemento na nossa arquitetura, tendo origem no entrelaçamento entre a história ibérica e arábica. Nesta casa ele é utilizado como elemento fundamental para evocar possíveis situações: Receber amigos para um jantar abaixo das árvores, brincar com filhos e netos, ler um livro ou assistir um filme em uma rede em uma tarde calma.
Uma fachada introspectiva limita o olhar de quem está fora, ao mesmo cria o espaço para um surpreendente jardim que é a grande recepção desta casa. O conceito explora a casa térrea para propor um estilo de vida contemporâneo desvinculado dos excessos, contendo o essencial para uma vida familiar.
A arborização é uma premissa fundamental para o projeto: As árvores sombreiam a edificação, equilibram a umidade relativa e reduzem a temperatura do ar. Sua função é prover um salto de qualidade especialmente nos ambientes externos, que por sua vez são incorporados às atividades da casa em quaisquer horários. A casa pátio tem uma clara setorização dos ambientes, separando área social, área íntima e serviço.
O projeto busca através da escolha de materiais locais e sistema estrutural convencional, um produto economicamente acessível. Acreditando na ideia de que uma arquitetura de qualidade não está na escolha de revestimentos luxuosos, e sim em oferecer uma opção que atenda as necessidades de seus usuários e que se encaixe em suas possibilidades financeiras.
9
A planta-baixa utiliza o recuo lateral para criar um acesso discreto que desemboca no grande pátio. As portas de vidro na sala podem ser utilizadas para integrar os espaços, borrando os limites entre ambiente externo e interno. O pátio é, portanto, inclusivo. A sala de jantar, no outro oposto, possibilita a ventilação cruzada e cria visuais para o jardim, ampliando a sensação de espaço.
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8 1 pátio
Ao posicionar a área de serviços do fundo do lote para a frente, graças a sua fachada, acaba por separar completamente o setor íntimo. Assim, o que era então o quintal se transforma em um jardim exclusivamente para fruição.
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1
5 7
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3 jantar 4 wc social
4
O setor íntimo é bem delimitado: Fica aos fundos. A suíte principal é margeada pelo verde e incorpora uma preocupação com a privacidade. De especial interesse, contudo, são as outras duas suítes, que partilham de uma pequena e reservada área de convivência externa.
2 estar
5 escritório 6 cozinha 7 serviço 8 suíte 9 suíte 10 jardim privado 11 suíte
192 m2
área total construída
isométrica
térreo
SIMPLICIDADE CONSTRUTIVA
CASA PAVILHÃO
Concebida numa configuração pouco usual e com materiais simples, a casa pavilhão conjuga qualidade espacial requerida por habitações contemporâneas e baixo custo de execução. Por meio de um projeto racional, enfatiza-se uma proposta muito adequada ao nosso contexto ambiental e compatível com as tecnologias construtivas locais.
A casa térrea convida o ocupante a usufruir de um espaço contínuo, integrado à natureza, mantendo sua funcionalidade e conforto através de uma edificação que mantem um quê de casa.
A coberta, protagonista da proposta, foi pensada como um plano que paira sobre os espaços conferindo a necessária unidade entre as áreas de estar, refeições e cozinha. Preserva-se assim a sensação de uma casa regional. A arquitetura integrada à natureza da casa pavilhão é capaz de incorporar facilmente elementos que garantam a sustentabilidade da construção, como ecotijolos, placas fotovoltaícas, madeira reflorestada, sistemas de aproveitamento de água pluvial. Não apenas os custos de obra podem ser reduzidos, como também os custos durante o ciclo de vida da edificação, bem como sua emissão de CO2.
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9
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3
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8 7 6
O setor social, concebido como pavilhão aberto, valoriza ventilação e iluminação naturais e propõe a convivência harmônica entre espaços interiores e exteriores.
2
1 garagem 2 estar 3 jantar
5
As áreas íntimas, em contraponto, configuram um bloco menos permeável, introvertido. Dispostos linearmente, os dormitórios se beneficiam sem distinção da melhor orientação (nascente) e voltam-se para o jardim lateral.
1
4 cozinha 5 escritório 6 quarto 7 wc reversível
É de especial interesse ressaltar que a proposta é modular, ou seja, mesmo o bloco de quartos é capaz de ser transformado de acordo com os requisitos específicos de cada ocupante.
8 quarto 9 suíte 10 lazer externo 11 serviço
230 m2
área total construída
isométrica
térreo
ROBUSTEZ ESPACIAL
CASA AÉREA
Esta ampla casa explora espaços fluidos e contínuos, com ambientes organizados segundo uma geometria rigorosa e construída com materiais aparentes. A casa aérea conta com dois pavimentos, sendo caracterizada pela generosidade dos espaços de convívio no térreo e pela privacidade das áreas íntimas no superior. É uma casa que busca a integração com a natureza e a diluição dos limites entre
espaços interiores e exteriores. Uma casa que se impõe não pelo tamanho mas pelo modo como articula espaço, matéria e luz em novas configurações.
A estrutura de concreto, em forma de caixa vazada, paira sobre os espaços de estar e lazer buscando oferecer o necessário sombreamento. As vedações em tijolo procuram resgatam uma materialidade sensível, táctil. Na casa, a verticalidade de sua composição é ferramenta de separação dos espaços, aumentando o aproveitamento do terreno, criando comunicação visual entre os diferentes pavimentos.
9 7
A planta-baixa utiliza o recuo lateral para criar um acesso discreto que desemboca no grande pátio. As portas de vidro na sala podem ser utilizadas para integrar os espaços, borrando os limites entre ambiente externo e interno. O pátio é, portanto, inclusivo. A sala de jantar, no outro oposto, possibilita a ventilação cruzada e cria visuais para o jardim, ampliando a sensação de espaço.
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4 1 garagem 3 1
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2 escritório
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3 wc social 4 estar
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5 jantar 6 lazer externo
O setor íntimo é bem delimitado: Fica aos fundos. A suíte principal é margeada pelo verde e incorpora uma preocupação com a privacidade. De especial interesse, contudo, são as outras duas suítes, que partilham de uma pequena e reservada área de convivência externa.
área total construída
10
6
Ao posicionar a área de serviços do fundo do lote para a frente, graças a sua fachada, acaba por separar completamente o setor íntimo. Assim, o que era então o quintal se transforma em um jardim exclusivamente para fruição.
330 m2
8
7 jantar externo
11 suíte
8 cozinha
12 suíte
9 serviço
13 suíte
10 quarto apoio térreo
14 varanda superior