Órgao de expressom do Capítulo Galiza do Movimento Continental Bolivariano | Nº 9 · Verao de 2010
Boa parte dos actuais estados da América Latina estám celebrando o bicentenário da sua Independência. Há agora 200 anos os exércitos libertadores iniciavam o processo de emancipaçom nacional contra o imperialismo espanhol. Os colonizadores resistírom até o final, sem abandonar pacificamente os territórios conquistados. Nunca respeitárom o sentir maioritário dos povos que oprimiam. Sem Boyacá, sem Junín, sem Pichincha, sem Carabobo, sem Ayacucho nom teria sido possível lograr a independência. A derrota militar foi a única via para atingir a liberdade e sentar as bases para construir a Pátria Grande com que sonhava Bolívar. Porém, as divisons internas no seio do movimento independentista, as traiçons alentadas polas potências imperialistas e o colaboracionismo das elites impossibilitárom atingir a sonhada plena soberania e cristalizar a uniom de repúblicas do crisol de povos que habitam esse enorme território do Rio Grande à Terra de Fogo. O colonialismo voltou a recuperar parte das posiçons perdidas, o imperialismo impujo as suas regras, e durante mais de um século América Latina voltou a cair na obscura noite do saqueio e a exploraçom. Dúzias de levantamentos e tentativas revolucionárias acompanhárom a andaina insurgente que
primeiro cristalizou na Revoluçom cubana de 1959 e vinte anos depois na sandinista. A luita armada voltou a ser novamente a única possibilidade para libertar-se do neo-colonialismo e iniciar a construçom de umha nova sociedade. A posterior derrota de boa parte das organizaçons guerrilheiras e do movimento popular que de norte a sul seguiam o caminho aberto polo Che e Fidel em Sierra Maestra nom impossibilitou um novo alvorecer das luitas que durante décadas Cuba e a insurgência colombiana heroicamente mantivérom em solitário. A revoluçom bolivariana na Venezuela e os processos anti-imperialistas iniciados após a borracheira neoliberal da década de noventa tenhem agora o repto de avançar para o Socialismo para lograr consolidar a segunda e definitiva independência. Novamente para poder atingir este objectivo é inexcusável um confronto armado com as oligarquias colaboracionistas e o império gringo. A luita galega muito tem que apreender da desenvolvida nestes duzentos anos na América Latina e as Caraíbas com a que tam estreitamente estamos unidos. Nom só combatemos idêntico inimigo, também procuramos similar objectivo: a plena liberdade da nossa Pátria e a emancipaçom da maioria explorada. Portanto os métodos a empregarmos nom devem ser muito diferentes à hora de conseguirmos o mesmo horizonte.
contraataque FARC-EP analisa processo eleitoral colombiano
Triunfo ilegítimo do continuísmo Com o triunfo ilegítimo do continuísmo repudiado pola abstençom cidadá, o país tem entrado em um processo de radicalizaçom da luita política, no qual o povo será protagonista na primeira linha.
Uribe reclama é a patente de impunidade criminosa como o demonstra a história recente da Colômbia. A veemente defesa presidencial do exdirector da DIAN e da UIAF, o senhor Mario Aranguren, que prevaricou a favor de Uribe e seguramente por ordem dele mesmo, evidencia a manobra vergonhosa de quem aspira transcender ocultando, nom só o seu passado criminoso, mas a sua abominável forma de agir como governante.
Toda a maquinaria do Estado, todos os recursos mafiosos do governo, as suas armadilhas de fraude e corrupçom, chantagem e intimidaçom, fôrom postos ao serviço da vitória do continuísmo, procurando desesperadamente por essa via um escudo que proteja Uribe da iminente acusaçom do povo e da justiça, pola sua gestom criminosa e de lesa-pátria.
Estamos às portas de outros quatro anos de ofensiva oligárquica contra o povo em todos os aspectos, carregados de promessas oficiais enganosas sobre umha derrota militar da insurgência, cousa que sempre foi dita durante já 46 anos, sem se preocupar nem se comprometer na superaçom das causas que geram o conflito.
O regime de Uribe foi o mais sério intento de impor violentamente um projecto político de ultra-direita neoliberal baseado no paramilitarismo. O seu governo passará à história como o mais desavergonhado das últimas décadas, o mais assassino da sua populaçom civil, o mais ajoelhado ante a política dos EUA e, por essa circunstância, o mais compulsivo provocador de instabilidade nas relaçons com os países vizinhos. Durante os seus oito anos governou a mentira, a falsidade, a manipulaçom e o engano. Uribe e o continuísmo figérom crer que a sua política de segurança era de todos, quando na realidade, só protegia, mediante a repressom, o lucro de privilegiados sectores inversionistas, que acrescentárom o desemprego e a pobreza. Figérom crer que defender a soberania era entregar a pátria ao governo de Washington e converter a Colômbia em um país ocupado militarmente por umha potência estrangeira. Montárom toda umha farsa para possar de luitadores contra o narcotráfico quando o próprio presidente Uribe, o DAS e o general Naranjo, tenhem um longo historial que os vincula à máfia do narcotráfico. Dizem que no país nom há guerra nem conflito armado, no entanto, há Plano Patriota e invasom ianque…. Segurança democrática som os falsos positivos e a impunidade. É poder eleger como Presidente o ministro da defesa que mais estimulou esses crimes de lesahumanidade. É repartir terras para o agronegócio paramilitar, porque esse sim tem músculo financeiro, enquanto os camponeses pobres nom. E é subsidiar ou doar de maneira segura dinheiro do Estado aos empresários do agro que financiaram as campanhas eleitorais. Segurança democrática som as covas comuns com mais de 2.000 cadáveres como aquela que existe muito perto da base militar do município de La Macarena, no estado de El Meta e, som os mais de 4 milhons de camponesas e camponeses deslocados violentamente polo Estado. É mentir sobre o fim do fim da guerrilha bolivariana das FARC-EP e preocupar-se pola vitalidade de
umha organizaçom que combate sem descanso pola Nova Colômbia como fica demonstrado polos seus boletins de guerra do mês de Maio do presente ano. Segurança democrática é cambiar a Constituiçom para que poda garantir interesses particulares, quando é necessário e é ter umha espúria maioria no Congresso e desprezar a autoridade das Altas Cortes, com o aplauso dos seus politiqueiros incondicionais. Também, é repartir cargos na burocracia, recursos públicos e contratos e, aproveitar o governo para se enriquecer sem nengum questionamento moral… A vergonhosa defesa do militarismo oficiada por Uribe e o seu chamamento a criar novas leis em favor da impunidade dos militares anunciam o que virá durante o período presidencial de Juan Manuel Santos. A sua cínica queixa e o seu lamento falso sobreprotegendo um torturador-assassino, como Plazas Vega, os altos comandos militares e o e x- p r e s i d e n t e B e l i s a r i o B e n t a c u r, responsáveis do holocausto do Palácio da Justiça, som patética evidência do seu esforço por se blindar desde já, para evitar futuras acusaçons na sua contra. E, por suposto, como forma de atrelar o narcoparamilitarismo à direcçom do Estado, com garantias legais para desaparecer, torturar e assassinar opositores. O “foro militar” que
A profunda crise estrutural que padece a Colômbia nom tem soluçom no continuísmo. A ultra-direita neoliberal, acreditando que ainda pode resolvê-la desde as alturas, tem convocado umha uniom nacional sem povo, na qual só aparecem as ambiçons dos mesmos que lucram com a segurança inversionista: os grupos financeiros, o sector empresarial, os pecuaristas e latifundiários, os paramilitares, os partidos que como cans raivosos se disputam as mordomias do poder, os grandes meios de comunicaçom que aplaudem os êxitos em litros de sangue da política guerreirista. Ali nom se vê o povo em nengum lugar, porque a prosperidade de aqueles sustenta-se na miséria e a exploraçom dos de pé no chao, dos excluídos. Este bicentenário do Grito de Independência deve dar passo à luita do povo polos seus direitos, pola pátria, pola soberania, a justiça social e a paz. A mudança das injustas estruturas é possível com a mobilizaçom e a luita de todo o povo pola sua dignidade. Nada se pode esperar dos que geram a violência estatal e que se tenhem apoderado do poder do Estado. Só a luita unificada pode conduzir-nos para umha Colômbia Nova. Como consignamos em Marquetália (1964) quando iniciamos a guerra de guerrilhas móveis: “estamos dispostos a procurar saídas políticas ao conflito, reiterando ao mesmo tempo, que a nossa decisom de dar todo polas transformaçons e polos interesses populares, é irredutível, sem importar as circunstáncias, obstáculos e dificuldades que nos imponham.” A justiça social espera triunfar na mobilizaçom do povo. Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP Montanhas da Colômbia, 21 de Junho de 2010
Delegaçom galega no II Congresso da Conlutas e na criaçom da nova Central trabalhadora brasileira
Umha delegaçom da esquerda independentista foi convidada a dous eventos sindicais de grande importáncia para a recomposiçom da esquerda brasileira: o II Congresso da Coordenadora Nacional de Lutas (Conlutas) e o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora, que decorrêrom na primeira fim de semana da cidade brasileira de Santos, no Estado de São Paulo. 2.000 delegados e delegadas chegadas de todo o Brasil, junto a numerosas delegaçons internacionais procedentes de todo o mundo, participárom num evento que abre o caminho da unidade sindical à esquerda do governo. A delegaçom da Galiza foi a única pertencente a umha naçom sem Estado, o que dá maior relevo à presença da delegaçom do Comité Central de Primeira Linha. Outras delegaçons internacionais presentes chegárom da maior parte de países latino-americanos, Estados Unidos, França, Itália, Estado espanhol e Japom, entre outras muitas. Junto a elas, organizaçons da esquerda brasileira como o PSTU, o PSOL ou o PCB estivérom representadas.
Quito acolhe XIV Seminário Internacional “Problemas da Revoluçom na América Latina” é o título do seminário de reflexom e debate organizado em conjunto polo Partido Comunista Marxista Leninista do Equador (PCMLE) e o Movimento Popular Democrático (MPD). Nesta ocasiom o evento realizado em Quito entre os dias 12 e 16 de Julho foi convocado sob o título de “Frente à crise: Revoluçom ou reformismo?”. A ausência de plenas garantias de segurança para a delegaçom da esquerda independentista e socialista galega impossibilitou a presença da Galiza neste encontro. Na última hora foi suspensa a presença do secretáriogeral de Primeira Linha e membro da Presidência Colectiva do MCB pois o aviom que o levava de Caracas para Quito atravessa espaço aéreo colombiano.
Simón Bolívar Libertador de naçons, criador da Pátria Grande
AGARB em colaboraçom com o Consulado da República Bolivariana da Venezuela editou a primeira biografia de Bolívar publicada na Galiza. O texto cuidadosamente editado a quadricomia com umha capa onde reproduz um retrato de Bolívar do artista equatoriano Pável Eguez consta de 38 páginas onde de forma amena e divulgativa, sem carecer do imprescindível rigor histórico, realiza um percorrido polos mais destacados episódios da vida do Libertador. O segundo caderno que edita a AGARB está nesta ocasiom exclusivamente em galego e vai acompanhado por seis ilustraçons. As quatro primeiras reproduzem óleos históricos da sua gesta, concretamente cenas das batalhas de Carabobo e Junín, a entrevista que mantivo com Sucre nos Andes, e a entrega vitoriosa de umha bandeira espanhola. As duas últimas som dous desenhos inéditos feitos em lápis de cores por Inti Maleywa, umha guerrilheira das FARC-EP. O caderno aborda a nova versom historiográfica sobre a sua morte, o que sem lugar a dúvidas é o episódio da sua intensa biografia mais cargado de enigmas e mistérios. A AGARB respalda a tese do assassinato como resultado de umha conspiraçom das potências imperialistas divulgada polo historiador Jorge Mier Hoffmam na sua obra La Carta. Pode-se aceder em formato pdf em www.agarb.blogspot.com
Oferta floral ao Libertador Delegaçom da AGARB participou no acto organizado polo Consulado da República Bolivariana da Venezuela para comemorar Dia da Declaraçom de Independência. A oferenda floral tivo lugar segundaFeira 5 de Julho às 12 horas diante do busto de Simón Bolívar na rua Venezuela de Vigo com a intervençom de Xavier Moreda.
XIV JIG concluem com apelo à saída política revolucionária da crise capitalista consequências da crise capitalista nas naçons sem estado do centro do sistema. Alberte Moço (NÓS-UP), Aquiles Rubio (Endavant), Joahanna Dind (Partido Socialista Escocês), Paulu Antone Susini (Córsica Libera) e o militante independentista do Porto Rico Salvador Tió mantivérom elevada coincidência em que a actual crise é polas suas características, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo, diferente e mais profunda que as anteriores, de como a soberania nacional de estados formalmente independentes como a Grécia, Espanha ou Portugal estám a dia de hoje seriamente ameaçadas pola voracidade dos organismos e potências imperialistas como o FMI, Banco Mundial, Alemanha e as instituiçons europeias. Da urgência de avançar para a ruptura da Uniom Europeia, de exercer o direito de autodeterminaçom, de derrotar nas ruas o neoliberalismo e o imperialismo, de transformar o mal-estar individual em combates de massas organizadas em base a um programa anticapitalista que tenha como objectivo a tomada do poder. Avançar na coordenaçom internacionalista de povos e da classe trabalhadora, assim como preparar as organizaçons revolucionárias para um cenário de aprofundamento da crise e mesmo ruptura do capitalismo som as duas principais conclusons das XIV Jornadas Independentistas Galegas clausuradas noite de sábado 29 de Maio em Compostela. Ao longo de todo este dia as instalaçons do centro social Pichel acolhêrom a representantes dos movimentos de libertaçom nacional da Córsega, Escócia, Galiza, Países Cataláns e Porto Rico para analisar as
Boa parte das intervençons de ponentes e do público -entre as que destaca a Vice-Cônsul da República Bolivariana da Venezuela na Galiza Luisana Sánchez Cohen e o militante comunista basco Iñaki Gil de San Vicente- que ateigou as instalaçons do Pichel enfatizárom nas grandes potencialidades abertas para a esquerda revolucionária, na importáncia de acompanhar o movimento de massas, de que estamos à beira de umha profunda crise pré-revolucionária na qual cumpre incidir e agir para evitar que seja capitalizada por opçons políticas de orientaçom fascista.
Edita: Capítulo Galiza do Movimento Continental Bolivariano Tiragem: 1.000 exemplares Encerramento de ediçom: 5 de Julho de 2010 Blogue: www.ccb-galiza.org Co-e: info@ccb-galiza.org
A revoluçom socialista e o direito das naçons à autodeterminaçom Vladimir Ilich Uliánov Lenine
“O direito das naçons à autodeterminaçom significa exclusivamente o seu direito à independência no sentido político, o direito à livre separaçom política a respeito da naçom que a oprime. Em termos concretos, esta reivindicaçom da democracia política significa umha liberdade total de propaganda pola separaçom, e a soluçom desses problemas mediante um referendo na naçom que se separa”. “O proletariado das naçons opressoras nom pode limitar-se a pronunciar frases gerais, estereotipadas, contra as anexaçons e pola igualdade de direitos das naçons em geral, frases que qualquer burguês pacifista repete. O proletariado nom pode silenciar o problema, particularmente 'desagradável' para a burguesia imperialista, relativo às fronteiras de um Estado baseado na opressom nacional. O proletariado nom pode deixar de luitar contra a manutençom pola força das naçons oprimidas dentro das fronteiras de um Estado determinado, e isso equivale justamente a luitar polo direito à autodeterminaçom”. “Deve exigir a liberdade de separaçom política das colónias e naçons que a "sua" naçom oprime. Em caso contrário, o internacionalismo do proletariado será vazio e de palavra; nem a confiança, nem a solidariedade de classe entre os operários da naçom oprimida e opressora seriam possíveis; ficaria sem desmascarar a hipocrisia dos defensores reformistas e kauskianos da autodeterminaçom, que nada dim das naçons que a "sua própria" naçom oprime e retém pola força no 'seu próprio' Estado”. “A resoluçom do Congresso Socialista Internacional de Londres, de 1896, que reconhece o direito das naçons à autodeterminaçom, deve completar-se, em base às teses que vimos de expor, com as seguintes indicaçons: 1) da particular urgência de esta reivindicaçom baixo o imperialismo; 2) do carácter politicamente condicional e do conteúdo classista de todas as reivindicaçons da democracia política, sem excluir esta; 3) da necessidade de diferenciar as tarefas concretas dos socialdemocratas das naçons opressoras e os das naçons oprimidas; 4) do reconhecimento inconseqüente, puramente retórico e por tanto hipócrita na sua significaçom política, que fam da autodeterminaçom os oportunistas e os kautskianos; 5) da coincidência real com os chauvinistas por parte de aqueles socialdemocratas, particularmente os das grandes potências (os gram-russos, anglo-norte-americanos, alemáns, franceses, italianos, japoneses, etc...), que nom defendem a liberdade de separaçom das colónias e países oprimidos pola "sua" naçom; 6) da necessidade de supeditar a luita por essa reivindicaçom, como assim mesmo por todas as reivindicaçons fundamentais da democracia política; supeditar a luita directa revolucionária de massas pola derrocada dos governos burgueses e pola realizaçom do socialismo”. Escrito em Janeiro-Fevereiro de 1916. Publicado en Abril de 1916, no nº 2 da revista Vorbote. Publicou-se em russo, em Outubro de 1916, no nº 1 de Sbórnik Sotsial-Demokrata.
c om a
a Galiza rebelde America Insurgente
Alexandra Kollontai