Pedroso nº47

Page 1

O Pedroso entrevista

Análise

Isabel Seca

O “pelotazo” que vem

Ativista do grupo promotor da

Desemprego, reforma laboral, baixos salários …

Ano XII • nº 47 •Outubro-Dezembro de 2011

vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela

s

oPedro o

escola de ensino galego Semente

Basta de aguardar Já passárom mais de três anos desde que deu começo a atual crise económica. Três anos em que palavras extranhas como ERE ou flexibilidade passárom a ser parte do nosso vocabulário comum. A nossa cidade, embora pareça que aos seus governantes nom lhes preocupa em exceso, nom foi alheia a esta realidade e ao longo deste tempo fôrom milhares as pessoas que perdérom os seus postos de trabalho ou, no melhor dos casos, virom como as suas condiçons laborais degradarom alarmantemente. Muitos e muitas som as que tiverom que marchar para a sua morada e, em muitos casos por primeira vez na sua vida, converter-se em asíduos “clientes” das oficinas de emprego, enquanto que a maioria dos que conservam os seus postos tenhem que suportar como os salários reais caem e as exigências dos patrons som cada vez maiores. A todos nos soam expressons como “o negócio vai mal e há que dar umha mao” ou “temos que fazer um esforço entre todos”. Estamos fartos de ouvi-las na boca de políticos e empresários durante estes três longos anos. Mas, curiosamente, a nengum desses que agora apelam ao esforço comum, à austeridade e à comprensom da difícil situaçom económica se lhe ocurriu ofertar por própria vontade melhoras reais das condiçons laborais quando a

economia estava numha fase expansiva. É sabido que quando a empresa vai mal, vai mal para empregados e empresários; mas se a empresa vai bem, os empregados nom o notam em excesso. O desenvolvimento inicial da crise permitiu que num primeiro momento alguns pensassem que ia afectar só alguns setores e empresas, mas na altura atual já é notório o seu alcance total. Cá nom há ninguem que se salve, apenas os abutres que aproveitam o momento para fazer-se ainda mais ricos tirando lucro da miséria da maioria. A dimensom é tal que em Compostela o desempregopassou de 8% a começos de 2010 até 17.4% a finais do passado ano. As cifras som brutais posto que, mesmo tendo em conta a maquilhagem dos inquéritos praticada polo Governo, reconhece-se que por volta da quinta parte das pessoas que estám em disposiçom de trabalhar nom encontram onde. E nom é surpreendente. O final do ano deixava-nos notícias adversas como a aplicaçom do ERE temporário que afecta 650 trabalhadores da fatoria da FINSA, ou a do despedimento, eufemisticamente chamado ERE de extinçom de emprego, de por volta de 30 trabalhadores de CASTROSUA. Empresa esta última que leva encadeando ERE’s há mais de dous anos. Continua na página 2

www.nosgaliza.org


Vem da página 1

Mas o que acontece na FINSA e CASTROSUA nom é mais que a ponta do icebergue. Para além destas duas grandes empresas de notória importáncia, som dúzias as que se acham em situaçom semelhante ou mesmo fechárom as suas portas. A situaçom é ainda mais preocupante se termos em conta que já nom é o pessoal mais jovem e inexperto o que vai para a rua, como acontecia num primeiro momento, senom que cada vez som mais as pessoas de mais idade e com umha ampla experiência laboral as que vam parar para a agência de empregos. E frente a esta dramática situaçom as diferentes instáncias de governo agem cada umha dumha maneira mais insultante. Enquanto o governo central nos regala a enésima reforma laboral que facilita, ainda mais, a capacidade de livre despedimento, aumenta o tempo de trabalho e rebaixa os salários

reais, as administraçons autonómica e local aplaudem essa política e dedicam-se a fazer mofa de nós com a posta em andamento de campanhas e “feiras de emprego” em que se nos anima a ser submisos e flexíveis. Isso si, as prebendas e salários dos políticos nom se tocam mais que para aumentá-los, porque a austeridade só é para nós. Nestes três anos o PSOE e o PP sucederom-se na gestom dos governos central, autonómico e local, e a experiência reforçou-nos na nossa conviçom de que ambas formaçons som as duas caras da mesma moeda. Por mais que agora os que estam na oposiçom queiram denigrar os que governam, assim como acontecia à inversa nom há tanto tempo, o certo é que as políticas económicas de uns e outros som indistinguíveis. Milhares de milhons de euros públicos fôrom e som debulhados pola banca e as grandes empresas, milha-

res de milhons que sairom dos impostos que pagamos as pessoas que trabalhamos, as únicas que criamos riqueza. Mas enquanto para o grande capital todo som facilidades e reve-

rências, para nós agora nom há nem migalhas. Já passou tempo de abondo para que continuemos a acreditar nas promesas do PP e o PSOE, já passou o tempo de acreditar em que a crise era umha situaçom temporal após a que polo menos recuperariamos o nível de vida anterior. O cenário que planteja a nova reforma laboral é o de que a soluçom para a sua crise, a que afecta os lucros dos bancos e os empresários, passa por perpetuar a nossa condiçom atual de medo, inestabilidade e pobreza. Eles pode que saiam da sua crise, mas em troca de converter a nossa em permanente. Nom é tempo pois de continuar a aguardar que cheguem tempos melhores. É evidente que se nom sairmos buscá-los, senom pelejamos por eles, os tempos que nos aguardam serám iguais ou piores que os agora vivemos. Hoje, mais que nunca, a luita é o único caminho.

O Pedroso recomenda

s

oPedro o

>>

2

Café-Bar

Praza Salvador Parga nº 1 981 57 73 95 • Compostela

Rua de San Pedro, 16 SANTIAGO

Rua San Pedro, 23 Telf. 981 58 02 60 Santiago de Compostela

Entremuros, 12 SANTIAGO DE COMPOSTELA www.ocurruncho.com

República Argentina, nº 44 B Rua Sam Roque, nº 14 B Compostela

Entremuros, 13 - Compostela - Galiza

info@sacauntos.com zona vista alegre - rua do avio, nº11 - 15705 compostela • 981 576 883 / 657 096 931

POSTO 227-228 · NAVE 7 · PRAZA DE ABASTOS 696 506 800 · 986 589 179 · COMPOSTELA

Quiroga Palácios, 42 rés-do-chao Compostela · Galiza 881 979 561 cshenriquetaouteiro.agal-gz.org cshenriquetaouteiro@gmail.com

Via Sacra, 3 · 15704 Compostela


e d i t o r i a l

Além do esbanjamento de recursos que provocaria construir mais 30 quilómetros de alta veolocidade, do incremento da contaminaçom atmosférica situando a estaçom de autocarros tam afastada do centro da cidade, esta decisom

Nom podemos obviar que a iniciativa tam só beneficiaria um reduzido setor da burguesia local e foránea no seus deslocamentos a Madrid. É sem dúvida umha proposta pensada exclusivamente para satisfazer os interesses das elites. Umha proposta sem suficiente reflexom e estudo que tam só pretendia conseguir que Conde Roa logre manter presença constante nos meios de comunicaçom a custa de lidiar com o ridículo. Todo indica que a iniciativa nom vai lograr luz verde pois -segundo o alcaide de Vigo, custaria mais de 800 milhons de euros só construir umha estaçom do AVE em Lavacolha. Em plena crise económica capitalista, de permanentes cortes de salários e direitos, de orçamentos sociais, ninguém está disposto a justificar o investimento dessa descomunal quantidade de dinheiro em construir umha estaçom intermodal em Lavacolha. Já nos chega com o saco sem fundo da Cidade da Cultura!. Pola boca morre o peixe!

Auto-organizaçom do desporto galego Pedem-me que escreva um artigo sobre a necessidade de auto-organizaçom do desporto galego, e nom entendo bem porqué. Nom entendo bem, porque eu nom som desportista – nunca fum, emboDenis Fernandes ra faga parte, a dia de hoje, da Sala Compostelana de Esgrima Antiga, onde trabalhamos várias artes marciais da tradiçom europeia (AMHE), da luita corpo a corpo à luita com espada longa, ou o jogo do pau. Nom entendo bem, tampouco, porque nom sei que é o que há que explicar. Umha equipa de qualquer desporto – mesmo nos desportos que nom se fam em equipa– é algo que se auto-organiza, necessariamente. Algumha gente reune-se, escolhem um nome (às vezes nem isso) e ponhem-se a adestrar, e a jogar ou que seja que joguem. Logo vem a burocracia, os formalismos, e se se fai preciso, a procura de ingresos dos que podem fazer parte, ou nom, os subsídios. Sei bem que existe gente com umha outra aproximaçom – uma visom do desporto que lhes vem dado, organizado para o consumo, apresentado como umha série de opçons entre as que tes que escolher para o teu lazer e, de preferência, dumha atitude já nom de praticante, senom de espetador. Essa visom, curiosamente, assume que há cousas estabelecidas que venhem dadas, que estam aí para jogar dentro das regras e nom questioná-las,

Editorial >>

Como nom podia ser de outro jeito -embora Conde Roa e a sua equipa de comunicaçom investissem muitos recursos em divulgar a iniciativa, esta entrou por um ouvido e saiu polo outro. Nom logrou mais que aglutinar oposiçons e silêncios.

para fazer “o que sempre se fijo”. O problema já todos o conhecemos, e é que isso que “sempre se fijo” habitualmente reproduz elementos da ideologia dominante. Porque do que estamos a falar, afinal de contas, é de politica, e “o que sempre se fijo” foi deixar a política fora do desporto...ou do lazer, ou do trabalho, ou das conversas da família, ou da vida. Mas politica é tudo, nom é? Nom é certo que seja possível desligar-se dum determinado posicionamento, já que “deixar estes temas fora” é habitualmente um eufemismo para “nom discutir o que há”. Mas a simples reproduçom do que todo o mundo fai é, inevitavelmente, umha postura política de reforço da super-estrutura. É também o que os físicos chamamos o caminho de mínima açom, e por isso tem éxito. Evitas-te problemas. Entom, do que estamos a falar no fundo nom é da necessidade da auto-organizaçom do desporto galego, senom da necessidade de que o desporto seja mais umha plataforma de transformaçom política, um espaço em que evidenciar e combater umha sociedade que nom queremos. E nisso, igual que na auto-organizaçom do desporto que comentavamos ao começo, nom há muita discussom possível para quaisquer pessoa consciente do rol fundamental que a super-estrutura joga na perpetuaçom sistémica. Do geral ao particular, entom, eu podo falar da experiência que conheço: a SCEA nasce dum grupo de pessoas vencelhadas à esquerda independentista que buscam a recriaçom de estilos de luita documentados na história da Europa. É um nicho muito pequeno e muito especializado, sem dúvida. Nom dispomos de instalaçons especializadas,

o p i n i o m

muito menos de reconhecemento como desporto aos olhos de muitos funcionários. Evidentemente, nom existe tampouco nengum outro grupo ao que nos ligar na nossa cidade, de forma que nada nos vem dado. Toda a atividade da associaçom nos últimos cinco anos tem sido auto-suportada, baseada no trabalho das pessoas que fazemos parte dela e na interaçom com as associaçons semelhantes que há noutros pontos do país. O equipamento que fomos construindo e adquirindo está plenamente suportado polo trabalho e dinheiro d@s sóci@s, e a dia de hoje somos independentes de quaisquer subsídio, sendo a nossa maior dependência institucional o espaço em que adestramos – assunto que está acima da mesa de debate da associaçom. Na hora de construir isto todo, a formaçom politica das pessoas que figemos parte foi fulcral: numha contorna dada em que outras associaçons de AMHE estam impregnadas dumha ideologia fortemente espanholista e marcadamente reacionária, onde é doado evocar velhas glórias imperiais (sem dúvida com umha relativa vontade de as recuperar), somos umha singularidade. E estamos consciêntes de o ser, e se bem temos umha boa relaçom com a maioria dessas outras organizaçons, também nos tem custado friçons. E desse modo, de igual forma que construimos de zero a disciplina que praticamos e a infraestrutura que precisa, levantamos umha superestrutura que reflite a nossa forma de entender o mundo. Mas nom figemos nada que nom exista em qualquer outro ámbito. A diferença está nas premisas de que partimos.

s

A proposta de construir umha estaçom intermodal de comunicaçons em Lavacolha dotando o aeroporto compostelano de um “apeadeiro” do AVE é o último disparate da equipa de governo do PP. A iniciativa também pretende transferir a atual estaçom de autocarros a Lavacolha. Ou seja, levar a mais de once quilómetros do centro da cidade a estaçom de autocarros que é empregada diariamente por milhares de trabalhadoras, trabalhadores, estudantes e vizinhança.

provocaria enormes problemas económicos e sociais entre @s milhares de utentes que teriam que dedicar mais tempo e recursos para poder deslocar-se aos centros de trabalho e ensino.

oPedro o

Umha das caraterísticas mais acusadas do novo inquilino de Rajói é a imprudência. Nestes meses a incontinência verbal de Gerardo Conde Roa já é mítica, fai parte do humor popular que tem elaborado inumeráveis anedotas sobre as propostas, opinions e disparates do alcaide. Nom teria importáncia se nom passassem de ocurrências sem maior transcendência. Porém, em muitos casos a sua projeçom mediática converte o que nom superaria o filtro das conversas de taberna em iniciaivas que provocam polémicas e rejeitamento geralizado. É um desprestígio para a cidade ver-se permanentemente involucrada em incidentes gratuitos e insensatas ideias protagonizados polo seu máximo representante institucional.

3

Denis Fernandes é membro da Sala Compostelana de Esgrima Antiga


Entrevista >>

4

Para aquelas pessoas que nom conheçam a Semente, como a apresentarias? A Semente é um espaço educativo em galego para crianças de 2 a 6 anos em Compostela. Quais som as motivaçons que vos levarom a criar a Semente? A principal motivaçom foi a necessidade de construir alternativas que contribuam para invertir o processo de perda de falantes e a situaçon de minorizaçom da nossa língua no nosso País, que podem levar à desapariçom desta. Os centros sociais

“Pretendemos garantir o direito de viver em galego para as crianças” som espaços que funcionam bem e pensamos que era momento de agir em ámbitos diferentes. A escola é um dos ámbitos de socializaçom secundária das crianças que pode contribuír para reforçar o uso da língua ou bem para que a abandonem, e queriamos contribuir para o reforço desta, assim como tentar garantir o direito de viver em galego para as crianças. Nom estamos a inventar nada novo, senom que estamos a emular a soluçom que outras naçons sem estado já derom ao mesmo problema como podem ser as ikastolas ou as escolas Diwan (Bretanha). A situaçom concreta para crianças de 3-6 anos é que após a aprovaçom do decreto 79/2010 em que se diz que o professorado falará na língua da maioria, o contato das crianças com a língua própria pode ser nulo. Nós vimos umha fenda posto que a escolarizaçom nessa idade nom é obrigatória e podiamos fazer um espaço educativo integramente em galego.

s

oPedro o

O Pedroso entrevista

“A realidade é que agora mesmo nas cidades há pessoas que querem escolarizar as suas filhas e filhos em galego e encontram muitas dificuldades ou simplesmente, nom podem”

Isabel Seca Ativista do grupo promotor da escola de ensino galego Semente Também queriamos implementar umha pedagogia crítica que respeitasse as crianças, e as vaia capacitando para poder mudar realidades de o precissarem. Assim, valores como o feminismo, a laicidade, umha educaçom inserida na natureza e no bairro, ou o assemblearismo, nom podiam faltar. O nosso nome faz referência às Escolas de Ensino Galego que promovérom Ángelo Casal e Leandro Carré a princípios já do século passado. Podes-nos descrever o espaço e o funcionamento do centro? A Semente é um espaço muito acolhedor. Tem duas aulas repartidas em recantos: lógico-matemático, leitura, plástica, música, descanso...que permitem o desenvolvimento de capacidades de forma específica,e um espaço exterior muito fermoso onde há um areeiro, horta e árvores frutais. Isto permite às cativas e cativos desenvolver distintas capacidades a través do jogo e de experiências prazenteiras, reconhecer os ritmos da natureza... Funciona como escolinha de manhá e como centro de ócio de tarde. O espaço de tarde é um espaço lúdicoeducativo com um pedagogo com ampla formaçom e experiência em teatro, globofléxia e animaçom, em que as crianças brincam dum modo criativo podendo estar acompanhadas ou nom dos seus pais e mais. Na escolinha, trabalha-se por projetos, onde se parte do interesse do aluno/a e se vai construindo o conhecimento sempre partindo da realidade concreta e tendo como base o currículo oficial. Os projetos vam encaminhados tanto a desenvolver as capacidades próprias dessa idade, quanto a achegar o nosso acervo cultural às crianças, com um professorado com muita experiência e amplos currículos. Alguns dos exem-

plos de projetos que já se figérom na escolinha forom: O Apalpador, A nossa casa, As mulheres das nossas vidas.. .trabalhados dumha pedagogia crítica. Na nossa página web www.sementecompostela.com podem-se consultar mais dados do nosso funcionamento e ver fotos do espaço. Existe um debate no movimento nacionalista de esquerda sobre a estratégia a seguir no ensino. Qual é a vossa posiçom ao respeito? Sim, é certo que há um debate sobre se a luita deve ser por umha mudança política que facilite o ensino que queremos ou se se devem apoiar iniciativas como a nossa. Bom, nós pensamos que nom som luitas excluintes. É certo que precisamos dumha mudança das condiçons políticas polas que estamos assim, mas com esta iniciativa nom renunciamos a nada. O que acontece é que acreditamos que é o momento de começar a construir, pensamos que nom podemos esperar mais. Só há que saír à rua para ver a presença e a saúde da nossa língua, especialmente nas novas geraçons urbanas. E a realidade é que agora mesmo nas cidades há pessoas que querem escolarizar as suas filhas e filhos em galego e encontram muitas dificuldades ou simplesmente, nom podem. Podemos seguir esperando, mas a Semente é umha soluçom comunitária, neste momento, para pais e nais de crianças em Compostela de 2-6 anos. É umha soluçom comunitária porque nasce dumha associaçom, a Gentalha do Pichel, que está aberta a pessoas que queiram participar e já temos por volta de 40 pessoas que acreditam na necessidade da existência da Semente, contribuindo mensalmente para pagar as despesas com a quantidade que consideram oportuna. Na Semente nom há lucro,

todo o que ganhemos reinvestirá-se no projeto. Nom é estatal, e por desgraça nom gratuíta aínda, mas sim existem diferentes preços em funçom do nível de renda. Quais som as perspetivas de futuro que tem A Semente? Existem pessoas doutros coletivos que já se achegárom a nós para se informar, com a ideia de criar projetos similares noutras cidades, polo que a ideia seria criar umha rede de escolas em galego Semente. Na Semente de Compostela, com o tempo, estudaremos a possibilidade de crescer também a outras etapas educativas. Por último, que iniciativas estades a desenvolver para publicitar a escola e assegurar a sua sustentabilidade económica? Para publicitar a Semente, temos feito jornadas de portas abertas, enviado notas de imprensa e utilizado as redes sociais, mas estamos conscientes de que por urgência doutros trabalhos se calhar temos descuidado um pouco esse aspeito e estamos a tentar reconduzí-lo. O passado dia 20 de janeiro tivémos um concerto no Auditório de Galiza que serviu como publicidade e também como umha das atuaçons pontoais que fazemos para recadar dinheiro. A ideia para fazer sustentável enomicamente a escola é aumentar a rede de colaboradores e colaboradoras que acreditem em que é preciso um ensino em galego, nom só com aquelas pessoas que tenhem umha necessidade imediata de uso das suas instalaçons, senom com as que se sintam comprometidas com a nossa língua e com o nosso País. Os esforços para levar à frente um projeto como este som grandes, tanto económicos como de trabalho, polo que toda colaboraçom é bem-vinda.


O “pelotazo” que vem

Como resulta evidente, para quem tenha olhos, a descriçom do periodo de governo do PSOE como limitador da açom da especulaçom imobiliária resulta um tanto surprendente enquanto durante esse tempo o volume de edificaçom na cidade atingiu um nível elevadíssimo e em modo algum se pode acreditar que Compostela ficou alheia à cultura do “pelotazo”. Como muito, podemos admitir que sob os governos precedentes se mantivérom determinadas pautas ordenancistas que limitárom que o crescimento urbano da nossa cidade atingisse os níveis de feismo, saturaçom e falta de planificaçom que se deram na década de 70 e os primeiros anos da de 80. A diferença é facilmente perceptível se compararmos o Ensanche com zonas de mais recente urbanizaçom como o polígono das Fontinhas. Com isto nom estamos a defender o modelo urbanístico desenhado e posto em andamento sob os mandatos de Estévez e Bugalho, já que de fazê-lo estariamos a cair na contradiçom de defender o que até onte criticámos duramente. Mas a nossa crítica contra o que caraterizamos como um modelo de desenvolvimentismo volcado para converter a cidade de Compostela num parque de diversons, saturado de grandes estruturas infra-utilizadas que se solapam nos seus usos (Paço de Congressos, Auditório, Multiusos

do Sar, Multiusos de Sam Lázaro...), e em que os seus vizinhos e vizinhas as mais das vezes nom passávam de serem uns figurantes no cenário da capital do Jacobeu, nom nos impide perceber que a proposta do PP é aínda pior. Com os governos do PSOE-BNG houvo especulaçom e crescimento desmedido mas quando menos existiu um certo ordenancismo, e mesmo às vezes umha certa capacidade de racionalizaçom, que com Conde Roa e o seu gabinete está desaparecida. “Liberalizaçom” urbanística Até o momento os exemplos mais evidentes desta mudança “liberalizadora” derom-se nos casos da construçom do centro comercial das Cancelas, o projeto de urbanizaçom da finca do Espinho e a liquidaçom da empresa municipal EMUVISSA. No primeiro destes casos o governo de Conde Roa deu via livre e todas as facilidades para a re-urbanizaçom da área, passando por cima dos interesses dos vizinhos e vizinhas afectados polas obras e dando prioridade à construçom da infra-estrutura precissa para melhorar os acesos a um projeto privado enquanto adia sine die obras de interesse público como a melhora dos acesos ao casco urbano em Conxo. A escusa dada polas autoridades municipais é a da suposta criaçom de emprego que acompanha a edificaçom e abertura, prevista para o próximo outono, deste grande centro-comercial. O problema, como sempre, é que nas contas que botam em Rajói nom se tem em conta o impacto que terá no tecido comercial da cidade e da comarca a posta em andamento de um estabelecimento destas caraterísticas. E isso que é bem fácil, apenas bastaria com que olhassem para a situaçom gerada na Corunha onde a saturaçom de centros-comerciais tem arrasado com o comércio tradicional provocando umha perda de empregos superior aos que se criam. Mas isso é algo que nom deve preocupar no governo municipal, mais preocupado por que exista movimen-

EMUVISSA O último caso resenhável nesta mudança do status quo imobiliário é o do decidido ataque com o que o PP enfrentou a existência de EMUVISSA, a empresa municipal encarregada da promoçom e gestom da construçom dos novos polígonos de vivendas previstos no PGOM vigorante. A lógica ultra-liberal do PP, acompanhada da vontade por laminar os possíveis acovilhos das clientelas políticas do bipartido, converteu EMUVISSA num inimigo a bater sob o argumento da sua situaçom deficitária e levantando a bandeira da suprema capacidade reguladora do livre-mercado para gerir as necessidades de construçom de nova vivenda em Compostela. Também nom seremos nós quem fagamos umha loa de EMUVISSA, que nom deixava de ser um outro desses “chiringuitos” com os que as administraçons públicas sorteárom nos últimos anos as condiçons de regulaçom da cousa pública, mas reconhecemos que era preferível a existência

Vivenda digna A realidade da nossa cidade continua a ser a da existência de multidom de prédios de todo tipo vazios e sem uso. Mas a política do governo municipal nom vai no caminho de favorecer a sua efetiva utilizaçom, seja para vivenda ou para outras atividades. Neste sentido os recentes acontecimentos à volta da ocupaçom da Sala Yago ou a decisom de precintar o edifício Peleteiro, após o seu abandono por parte da polícia, indicam quais som as prioridades em Rajoi. Em contraposiçom, a postura de NÓS-Unidade Popular é radicalmente oposta às políticas urbanísticas e de promoçom imobiliária do actual governo municipal. Para a esquerda independentista o papel das administraçons públicas deve ter como norte exclusivo favorecer o aceso à vivenda digna a um preço acessível por parte das classes trabalhadoras ao tempo que se regule o urbanismo para fazer umha cidade à medida das necessidades da maioria dos seus habitantes. Sob estes dous vetores é mais que evidente que nom podemos mais do que opor-nos aos planos do governo municipal que pretendem fazer de Compostela um couto-livre para a especulaçom.

Análise >>

s

O PP de Compostela tivo como umha das suas principais bandeiras durante os longos anos que exerceu de oposiçom na Cámara Municipal a reivindicaçom dumha política mais permissiva e liberal no tocante ao “desenvolvimento urbanístico” na nossa cidade. Incomodava aos vereadores conservadores que na capital da Galiza existissem umhas diretivas de edificaçom excesivamente protecionistas e limitadoras da natural vontade emprendedora das promotoras imobiliárias, enquanto olhavam com inveja para os concelhos vizinhos de Ames, Teu e Oroso onde cresciam as urbanizaçons de casas geminadas por toda a parte.

Finca do Espinho Esta necessidade de movimento construtivo vale também para explicar o acontecido com a Finca do Espinho, um espaço em que supostamente o governo anterior teria chegado a um acordo com a construtora Layetana para a criaçom dumha residência de idosos. Mas as negociaçons abertas com o novo governo por parte da construtora para reativar o projeto revelárom que de tal residência de idosos nunca se falara senom que o projeto inicial era o da construçom dum “resort” de luxo para velhos, o que a todas luzes é qualitativamente diferente de umha residência. Mas para mais, a conjuntura do mercado converteu em inviável o devandito “resort” polo que Layetana procurou a mudança do projeto para que se lhe permitisse construir vivenda de luxo sem mais adjetivos, cousa com a que parece estar de acordo o governo de Conde Roa. Neste caso pom-se de manifesto a diferença de matiz entre o PSOE e o PP. Ambos estam dispostos a favorecer o desenvolvimentismo imobiliário, mas os primeiros atuam com leves limitaçons enquanto que aos outros lhes vale qualquer cousa.

dum ente parcialmente público, que servisse como regulador e promotor, a deixar as dinámicas do crescimento urbano ao livre fazer das promotoras privadas. Paradoxalmente o que na maior parte das esferas da nossa vida se converteu no nosso principal problema está a servir como atenuante da vorágine construtiva que o governo do senhor Conde Roa gostaria de pôr em andamento. Falamos, como nom, da atual crise económica. Só os medos dos investidores privados e o curte das partidas orçamentares públicas permitem que a roda da especulaçom imobiliária esteja a virar com certa lentidom em Compostela. As limitaçons de aceso ao capital preciso estám servindo como freio para alguns projetos monstruosos que estám já na mente dos ocupantes de Rajói. Mas o problema real é que apesar desta limitaçom temporária o atual governo mantém como compasso único da sua política urbanística o afám de lucro, sem olhar para as necessidades da maioria da populaçom compostelana.

oPedro o

to edificador que porque este sirva para melhorar a vida dos habitantes da cidade.

5


c o n d e r o a d a s Quando ainda estamos alucinando com a atuaçom do nosso querido Generardo durante o “NadalXogo” deste ano (que coreografia! Que ritmo inato! Que vergonha alheia!), o autarca compostelano veu-nos agasalhar com outra de essas grandes ideias que o colocam à altura de grandes estadistas como Silvio Berlusconi, Fabra ou o faraom Keops. Estamos a falar, como já todos imaginariam, da magnífica ideia de transferir a Lavacolha as estaçons de comboios e autocarros para ter lá todo juntinho. Sem meter-nos no tema do gigantesco investimento de dinheiro que suporia modificar o traçado da linha de alta velocidade, que já seria de abondo, gostariamos chamar a atençom sobre a questom de que o aeroporto de Lavacolha está a

VIVA O SENHOR ALCAIDE

Municipal >>

6

Conde Roa inaugura semáforos A ausência de ideias e sentido comum provoca situaçons inéditas e ridículas como o alcaide Conde Roa inaugurando 14 semáforos nas ruas do Ensanche compostelano. Estes semáforos,

Por umha Compostela laica!! Seica vivemos num Estado nom confessional. Lamentavelmente as autoridades municipais e autonómicas parecem nom ter-se inteirado. Desta volta tem sido a inauguraçom dum busto do pontífice católico

métodos anticonceptivos e pretende bloquear determinadas linhas de investigaçom científica. É um escándalo que os governos de Conde Roa e Feijó participem oficialmente de atos e mesmo finan-

Joam Paulo II, situado nos jardins da Praça da Azevicharia, o que tem congregado os hierarcas do arcebispado, Concelho e Junta de Galiza. Com este ato o governo local e autonómico respalda umha confesom religiosa que pretende impor o seu código moral a toda a sociedade. Umha religiom que nega a liberdade sexual das pessoas, que se opom aos

ciem as atividades de umha instituiçom como a Igreja Católica. De NÓS-Unidade Popular consideramos que as instituiçons públicas devem manter umha estrita neutralidade respeito das confissons religiosas, merecendo todas elas o tratamento de organizaçons privadas. Basta já de tratos de favor.

s

oPedro o

mais de 10 km do casco urbano e que a sua conexom por transporte público é quando menos deficiente e nom tem traças de melhorar, ao menos no entanto a empresa Freire tenha a exclusiva da conexom por autocarro. Mas isto nom preocupa o nosso alcaide, ele quer é artelhar o “nó de comunicaçons do Eixo Atlántico” e se para isso temos que ir apanhar o Castromil a Lavacolha nom se passa nada, todo seja polo progresso. Em todo caso, e para que se veja a nossa intençom de contribuir, queremos animar o amigo Generardo a que trabalhe na ideia de fazer o Sar navegável e começar a pensar já na construçom dum porto fluvial que permita umha conectividade plena.

NÓS-UP fai parte da plataforma em defesa da Finca do Espinho

A decisom do governo municipal de Conde Roa de construir vivendas de luxo no recinto da Finca Espinho gerou a posta em andamento de umha plataforma em defesa do uso público deste singular espaço natural e arquitétónico. Para fazer frente às propostas es-

peculativas em curso a Plataforma tem apresentado um conjunto de alegaçons para evitar este novo “pelotaço” urbanístico promovido pola Imobiliária Layetana. Para mais informaçom http://fincadoespino.wordpress.com/

contrariamente às declaraçons do locuaz alcaide, tam só provocram mais retençons e engarrafamentos.

Nom à pista de gelo na Quintá Manifestamos o nosso rejeitamento à instalaçom da pista de gelo na Praça da Quintá. Em primeiro lugar, temos que denunciar que fosse promovida como umha atividade pública quando na realidade nom é mais do que um negócio privado. O governo municipal do Sr. Conde Roa manifesta às claras que a sua aposta para as políticas culturais e desportivas é a da completa privatizaçom. Escudando-se na necessidade de li-

talaçom da pista de gelo, com toda a sua infraestrutura, ao tempo que se pretende limitar o uso do espaço público no casco histórico para outras atividades como concertos. Resulta suspeitoso que umha empresa privada nom ache problemas para a instalaçom dumha estrutura de várias toneladas de peso sobre o enlousado dum espaço arquitetónico das caraterísticas da Praça da Quintá, ao tempo que se ponhem entraves a outras entidades e associaçons para de-

mitar os gastos diante da situaçom de crise, o governo opta exclusivamente por favorecer atividades empresariais e nom por outras alternativas, como a promoçom de atividades organizadas polo associacionismo cultural e vicinal da cidade. Também denunciamos o agravo comparativo que supom o facto de dar todas as facilidades para a ins-

senvolver as suas atividades dentro da zona velha. Com a instalaçom da pista de gelo Conde Roa está a demonstrar publicamente a existência de duas varas de medir. Umha que é aplicada às iniciativas empresariais que contam com a sua aprovaçom e outra para quem nom lhe enche o olho.


Compostela: os ricos, mais ricos. Os pobres, mais pobres O agravamento da crise está a provocar um incremento cada vez maior da pobreza no nosso país e, com certeza, também na nossa cidade. Já som mais de 200 as pessoas que em Compostela dormem a diário na rua e milhares as que passam por sérios problemas para poder viver com dignidade ao nom encontrar um trabalho que lhes garanta umha fonte estável e permanente de ingressos. Ou quando menos isto é o que dim as associaçons que trabalham nestes temas porque dos serviços sociais do Concelho encabeçado por Conde Roa nom escuitamos nada.

Deve ser que na Compostela das Taças Davis e as pistas de gelo nom há lugar para os pobres e se o houver, tem que estar escondido, nom vaiamos arruinar o postal aos turistas. Os poderes públicos nom podem olhar para outro lado quando as condiçons de vida da populaçom estám a descer dum jeito tam agudo, e muito menos podem continuar a praticar umha política económica de “escaparate”. A que aguarda Conde Roa para fazer algo? NÓS-UP exige ao governo municipal do PP medidas imediatas para paliar esta situaçom.

Aumento do desemprego com Conde Roa Nos últimos seis meses a taxa de desemprego nom parou de incrementar em Compostela. Segundo as estatísticas oficiais a linha vermelha de 10 mil pessoas sem emprego é já umha realidade. Isto significa que no curto período que Conde Roa ocupa a alcaldia mais de 1.800 vizinhas e vizinhos perdérom o seu posto de trabalho. O governo do PP nom só é incapaz de implementar políticas que favorezam a criaçom de emprego, age com prepotência e desprezo com as pessoas desempregadas ao apoiar iniciativas absurdas e desnecessárias que esbanjam recursos públicos em vez de dotar Compostela de um plano de emprego para paliar o maior prpoblema que hoje padece a cidade.

Com o apoio do PSOE o governo de Conde Roa vem de aprovar em Pleno um conjunto de novos nomes para futuras ruas da cidade. Após acordar que o recentemente falecido exministro franquista Fraga Iribarne desse nome a umha rua da capital da Galiza, o pacote carateriza-se por honrar destacados representantes da burguesia local (Manuel Garcia Cambón, José Pastor Horta, Harguindey Broussain, Olimpio Pérez Rodríguez, Evaristo Castromil Otero, Pedro Barrié de la Maza), a igreja católica (Bieito XVI, Angel Suquia, Rouco Varela, Companhia das filhas da caridade), assim como os ex-presidentes do governo espanhol e da Junta da Galiza. Também o último alcaide franquista da cidade, Antonio Castro Garcia, vai ter rua própria, assim como o destacado pistoleiro falangista e posterior presidente da Junta pré-autonómica, Antonio Rosón. O ultrareacionário jornal El Correo Gallego e a Tuna compostelana também darám nome a umha rua.

7

Municipal >>

Governo municipal aprova novo rueiro reacionário

Restritiva mudanças no transporte urbano de Compostela

O transporte urbano de Compostela vem de sofrer umha série de mudanças recentemente.

A linha 2 desaparece e passa a dar parcialmente o serviço a linha 5. A linha 2 ajudava a descongestionar a linha 1 nas horas de ponta. Há variaçons nas prolongaçons da linha 6 a Bando e Vilarmaior. Há umha linha nova, a 9, que une Casas Novas com o Viso, o Multiusos e a Cidade da Cultura, mas a linha 13 muda absolutamente e agora passa a comunicar Belvis com o centro, com o que se perde a linha polo Caminho dos Vilares. A C-9 desaparece também e a C-11 sofre variaçons nas prolongaçons ao Viso e a Cidade

da Cultura. A linha de Figueiras, a P-1 prolonga o percurso até a estaçom de autocarros e as P-5 e P-6 desaparecem. Salientar que continua a nom haver umha linha que entre na estaçom dos comboios, sendo a mais próxima com frequência suficiente a linha 6, que para a centenas de metros dos comboios, com o que mais umha vez os interesses gremiais dumha exígua minoria voltam a impor-se às necessidades da imensa maioria social e a tam cacarejada intermodalidade fica só numha palavra oca para declaraçons de intençons.

Compostela, em galego! direitos lingüísticos e animamos toda a vizinhança de Compostela a demonstrar ao governo municipal que o desejo de viver em galego é um sentir maioritário.

s

pal e o concelheiro da cultura, Angel Currás, afirmou que se potencializará o uso deste idioma nas atividades dirigidas à juventude. Queremos lembrar que a organizaçom “Galicia Bilíngüe” emprega o argumento falaz de que na Galiza o espanhol é um idioma perseguido e em perigo, afirmaçom que choca abertamente com umha realidade em que o deslocamento e minorizaçom do nosso idioma nacional avança a passos agigantados especialmente entre a mocidade. Com esta postura, o governo municipal liderado polo PP dá um passo mais na sua atitude agressiva contra o nosso idioma, apostando no retrocesso nas pequenas conquistas que se tinham conseguido nos últimos 30 anos para a normalizaçom da língua galega. De NÓS-Unidade Popular, queremos manifestar a nossa radical oposiçom a qualquer decisom política que suponha o mais mínimo recuo nos nossos

oPedro o

No mesmo dia em que a polícia se encarregava de que a Sala Yago deixasse de ser um espaço de atividade cultural e continuasse a ser um prédio abandonado e sem uso, as autoridades do concelho de Compostela tivérom a bem sacar um pouquinho de tempo para receber no Paço de Rajoi umha delegaçom de “Galicia Bilíngüe”. Polos vistos, tal como se recolhe na imprensa e no blogue da dirigente ultra-espanholista Glória Lago, nas entrevistas mantidas com o concelheiro da cultura e o mesmo alcaide, houvo umha boa sintonia. Significa isto que na Cámara Municipal se compartilham as teses da organizaçom galegófoba que, como eles mesmos reconhecem, nom pretende salvaguardar o bilingüismo e sim defender a hegemonia do espanhol no nosso país. Em concreto, parece ser que o senhor alcaide se comprometeu a traduzir para o espanhol toda a documentaçom emitida pola instituiçom munici-


A burguesia está em plena ofensiva contra o mundo do Trabalho. Os ataques som brutais e permanentes, sem limitaçons nem tréguas. Primeiro foi o governo PSOE quem aumentou a idade de reforma e o número de anos imprescindíveis para cotizar, quem suprimiu conquistas sociais, quem aprovou umha reforma laboral que embareteceu o despedimento. Sempre seguindo as diretrizes da troika. Agora é por meio do PP que se aprofunda nas políticas ultraliberias. Em menos de três meses no governo espanhol, Mariano Rajói incumpre as suas promessas: subiu impostos (IBI e IRPF), embarateceu e facilitou ainda mais o despedimento com umha reforma laboral adaptada às necessidades do patronato, congelou o SMI em 641€ e reduziu salários na funçom pública. Porém, tal como afirmou a vice-presidenta do governo espanhol, estamos só no “início do início”. Assim, o patronato pretende modificar a lei de greve de 1979 para suprimir ou, no melhor dos casos, reduzir à mínima umha das principais ferramentas de luita e combate que a classe obreira tem: o direito à greve. Também pretende eliminar as prestaçons por desemprego. As recentes declaraçons de dirigentes da CEOE solicitando a supressom a quem se negar a aceitar um posto de trabalho, seja onde for, som umha declaraçom de guerra contra o proletariado e o conjunto do povo trabalhador. As conquistas nom som irreversíveis. Tampouco as vitórias da burguesia. Hoje, a classe trabalhadora tem que recuperar o espírito de luita das geraçons que permitírom as conquistas

s

oPedro o vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela

que nos querem arrebatar ou que fomos perdendo nos últimos anos. Sigamos o exemplo do ano 72. Chegou a hora de luitar Entre março e setembro de 1972 -primeiro em Ferrol e depois em Vigo, emergiu a classe obreira como sujeito principal da luita popular. A combatividade e determinaçom exprimida polo proletariado das principais cidades industriais da Galiza permitírom boa parte das conquistas sociais, laborais, nacionais e democráticas que agora estamos a perder. Aquelas luitas abrírom um caminho que agora toca recuperar. O assassinato de Amador e Daniel e as dúzias de prisons realizadas há agora 40 anos, e posteriormente o exemplo de Moncho Reboiras e Abelardo Colaço nom fôrom em vao. A massiva mobilizaçom obreira, o exemplo de resistência e combatividade, a aplicaçom de todas as formas de luita, devem inspirar os combates do presente. A casta política profissional, independentemente da sigla e da retórica –PP, PSOE, BNG e IU– defende interesses similares, enriquece-se e obtém enormes privilégios à custa do povo trabalhador, legislando para Amancio Ortega, Manuel Jove, ou Carmela Arias. Chegou pois a hora de luitar. É o momento da unidade de classe, de confiar na nossa imensa força e potencialidade. Evitemos despedimentos, reduçom de salários, aumentos de jornadas, incrementos da energia, transportes e bens de primeira necessidade, privatizaçom do ensino e da saúde!! Fagamos convergir as luitas concretas, setoriais e parciais numha estratégica comum e global de mudança sistémica. Devemos lograr que a greve geral de 29 de março convocada pola CIG seja um êxito. Mas devemos concebê-la como o início de umha estratégia constante de luita e mobilizaçom obreira e popular para parar os pés da burguesia, recuperar confiança na nossa imensa força e passar a ofensiva de classe. Hoje, umha vez mais, queremos lembrar Miguel Nicolás e Telmo Varela, operários metalúrgicos que levam mais de um ano presos por defenderem coerentemente a classe obreira galega. Para ambos reclamamos a sua imediata liberdade.

Conselho de Redaçom: José Dias Cadaveira, Yasmina Garcia, Carlos Morais, Sérgio Pinheiro, André Seoane Antelo, Patrícia Soares Saians. Imprime: Tameiga • Edita: NÓS-Unidade Popular da Comarca de Compostela. Rua Quiroga Palácios, 42, rés-do-chao, Compostela · Galiza Tel. 695596484 • e-mail: nosup-compostela@nosgaliza.org • Correçom lingüística: galizaemgalego Publicaçom trimestral de NÓS-UP da Comarca de Compostela • Distribuiçom gratuita. Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos e informaçons sempre que se citar a fonte. O Pedroso nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados. O Pedroso nº47 · Outubro-dezembro 2011 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 28 de fevereiro de 2012

www.nosgaliza.org


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.