Revista Dinâmica | Edição 02

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EDITORIAL

Nesta segunda edição, não poderíamos deixar de destacar a alegria que nos deu sua visita e comentários. Você poderá conferir alguns dos e-mails recebidos nesta edição. Creia que todos os comentários foram lidos e analisados. Cresce a nossa responsabilidade em manter o nome da Revista Dinâmica num patamar de boa qualidade, onde cada colunista se esmera em sua auto-superação. Nesse número contamos com alguns temas polêmicos, outros de informações relevantes. Enfim, boas surpresas que o manterá entretido por um bom tempo. Na seção de Culinária, Fernanda Machado e Tereza Machado apresentam deliciosas receitas de sopas que “são tudo de bom” neste Inverno de verdade. Liz Motta, em sua coluna Contos e Crônicas, fala sobre Frutos Virtuais, análise interessante do cotidiano daqueles que já não vivem sem a Internet. Em sua outra coluna sobre violência, Embates e Debates, Liz analisa um dos grandes problemas de uma humanidade meio perdida, a Pedofilia. Mário Nitsche relembra, em sua coluna, como nascem os mitos, nos apresentando nesta e na próxima edição “O Fascínio dos Mitos, partes 1 e 2”. É uma grande chance de aprendermos sobre Mitos de uma forma bem prazerosa. Kiko Mourão nos mostra sua maturidade como cidadão a discutir, à luz do Direito, questões polêmicas como a que aborda nessa Edição: O Sistema de Cotas. Minha coluna sobre Educação discute a questão “Educação de casa vai à praça”. Afinal, a Escola não consegue sozinha a missão de educar se não houver uma aliança entre Casa e Escola. Liana Dantas, muito ágil em suas análises, tem uma veia humorista e, por vezes, irônica, traz a sua contribuição, na coluna Imagem e Ação, falando sobre a “Televisão Digital”. Junto com Fernanda Machado ainda escreve sobre Música: Last.fm e samba são os dois assuntos abordados nesta edição. Chris Lopo traz uma sutil diferença entre artista e designer para seu artigo, na coluna Desconstruindo a Arte. Na coluna de Tecnologia, apresentamos o novo colunista Oswaldo Grimaldi, de São Paulo, que estréia com o texto “O que você usa no Google?”. Imperdível leitura! Confesso não tinha a menor idéia de que se poderia fazer tanta coisa com essa ferramenta poderosa de consulta. Valeu, Oswaldo, quem sabe faz ao vivo! Seu comentário para nosso e-mail contato@revistadinamica.com será muito bem-vindo.

Tereza Machado Revista Dinâmica 3


´ INDICE

A capa deste mês é uma belíssima obra de Jean-Michel Basquiat, um dos representantes do Neo-Expressionismo. Basquiat morreu aos 28 anos, e mesmo assim mudou os rumos da arte.

Editorial Cartas Colaboradores Crônicas e Contos Educação e Formação Desconstruindo a Arte Mitologia Tecno+ Embates e Debates Fazendo Direito

3 5 6 7 8 11 13 16 18 20

Sobre frutos virtuais Educação de casa vai à praça Artista vs. Designer: existe diferença? O fascínio dos mitos, parte 1 O que você utiliza do Google? Pedofilia não é conto da carochinha O sistema de cotas e a violação do direito à igualdade Imagem e Ação 23 HDengue digital MP2 26 A revolução online Com Água na Boca 28 Com o inverno, as sopas chegaram

Diretora de redação: Tereza Machado. Redatora-chefe: Fernanda Machado. Diretor de arte: Chris Lopo. Editores: Chris Lopo, Fernanda Machado e Tereza Machado. Projeto gráfico: Bonsucesso Comunicação. Diagramação: Chris Lopo. Imagens não creditadas: Jupiter Images. Projeto inicial: Antônio Poeta. Anunciantes: anunciantes@revistadinamica.com. O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores. Website: www.revistadinamica.com

Próxima edição: 16 de julho de 2008


CARTAS

O número 1 a gente nunca esquece

contar mais, ele enriquece os leitores com sua sabedoria e fantasias também. Terminei de ler a Revista DinâmiAs histórias e casos que a Liz Motca e amei. Fiquei admirada com ta conta e comenta são esclareceo conteúdo e com a facilidade na doras, e me deixa perplexa, ver maleitura. A revista engloba assuntos ridos que batem em suas mulheres, gerais e atuais com um toque de e isto existe com mais freqüência nostalgia em algumas matérias, do que possamos imaginar. Porém, com muito humor e simplicidade. Vocês estão de parabéns, mal posso é na maioria das vezes abafado, por muitas razões, como vergonha, esperar a próxima! Janaína Gomes, São Paulo medo da separação, a dependência financeira e muitos motivos mais. Parabéns a todos! Tereza Machado, a revista proAdilse Koerbel, Paraná mete, os artigos são excelentes e os cronistas de alto nível cultural, Gostaria de parabenizar a repórter conseguem passar uma realidade, Liana Dantas pela objetividade, que nos cerceiam e às vezes, não conseguimos enxergar. Seus temas clareza e coerência (e pela ironia estão show! O que escreve é perfei- também) na reportagem “Mc Lanche Infeliz”. A programação da to, com garra, com sentido e luz. TV brasileira anda completamente Sobre Mitologia, do meu mestre desmedida e repetitiva! Será que é Mario Nitsche, ele descreve tudo tão difícil assim manter os patrocom imaginação diferente do que cinadores no seu lugar de patroestamos acostumados a ver, e cinador, ao invés de colocá-los quando fala que contava histórias para seus filhos, e sente falta de não como ditadores da programação?

Por isso eu só assisto futebol. Mas mesmo assim, as propagandas de cerveja enquanto o goleiro monta a barreira são piores que o desempenho do meu Atlético Mineiro... Parabéns à equipe da revista. Guilherme Sabino, Minas Gerais Amei a Revista, muito estilosa e de bom gosto, realmente revela o trabalho de uma equipe inteligente e antenada com a realidade, sem nunca deixar de sonhar com o que podemos de fato colaborar e transformar de bom no mundo. Parabéns a todos! Sucesso e vida longa ao projeto. Márcia Santos, Rio de Janeiro Adorei a revista! Meus sinceros parabéns! Repassei para minha irmã e irmão, que são professores e sei que (isso) vai ajudá-los. O projeto é nota 10000000000! Marlan Passos, Santa Catarina

Participe enviando suas mensagens para o endereço contato@revistadinamica.com Envie seu nome completo, cidade e estado onde mora

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COLABORADORES

Mario Nitsche (marionitsche@revistadinamica.com) Curitibano, dentista por profissão, filósofo por opção. Publicou o livro Descanso do Homem em novembro de 2005.

Liz Motta (lizmotta@revistadinamica.com) Baiana e apaixonada por história. Especialista em políticas públicas, produz artigos sobre violência contra a mulher.

Liana Dantas (liana@revistadinamica.com) Carioca. Estudante de jornalismo. Começou cursando Letras e hoje pensa na possibilidade de vender cosméticos.

Fernanda Machado (fernanda@revistadinamica.com) Carioca. Cientista da computação e apaixonada por design. Trabalha em sua própria empresa de comunicação.

Kiko Mourão (kikomourao@revistadinamica.com) Mineiro de Belo Horizonte. Estudante de direito. Além de fazer estágio na área também trabalha com sua maior paixão: a música.

Oswaldo Grimaldi (oswaldo@revistadinamica.com) Paulista. Tem certificação Microsoft (MSCE) e dedica seu tempo livre a estudo sobre tecnologia e filmes de terror.

Tereza Machado (tereza@revistadinamica.com) Cearense. Professora universitária, consultora educacional e estudiosa das questões metafísicas.

Chris Lopo (chris@revistadinamica.com) Gaúcho. Trabalha com web design desde 1997. Hoje é, além de web designer, designer gráfico, ilustrador e tenta emplacar sua banda de rock.

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CRÔNICAS E CONTOS

Sobre frutos virtuais A fama ruim da Internet nem sempre é verdadeira Liz Motta

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epois dizem que a Internet é o diabo virtual. Tá certo, ela nem sempre serve a fins, digamos, bacanas, mas qual meio de comunicação e informação é incólume? A televisão é um exemplo. Quando o telejornal começa, precisamos colocar um balde sob a TV para aparar o sangue que escorre das notícias; isso sem falar naqueles programas apelativos que têm seu enredo pautado na miséria humana e com astros da primeira grandeza da degradação.

Pois é, a demonização da net não é para tanto. O mundo virtual oferece coisas boas ou será que ninguém lembra de sites como o

“domínio público”, as bibliotecas virtuais, o tour por museus antes impalpáveis para meros mortais como nós, ou a comodidade das lojas delivery, as páginas com informações quentinhas, sem falar nos sites de relacionamentos? Aliás, foi em sites de relacionamentos que conheci pessoas inesquecíveis e olha que não sofro de solidão ou isolamento crônico, apenas sou uma fuçadora virtual, uma espécie de Forrest Gump da Internet. Mas, falando sério, estes sites me ajudaram em vários momentos, inclusive quando precisei comprar um livro importante para minha monografia que só vendia em São Paulo. Solução: entrei em contato com uma amiga virtual e problema resolvido. Tem nada melhor do que bater papo com um amigo virtual? Claro que não, o amigo virtual vai te ouvir – ou melhor, ler – e se você não estiver gostando do papo, simplesmente se despede e fecha a janela. Simples. Foi em um destes sites que conheci uma pessoa que de tão legal não pare-

cia real (desculpem o trocadilho). Inteligente, sensível, empreendedora e com uma disposição para o novo que me deixou encantada. No início lutávamos pelas mesmas causas, eu aqui na Bahia e ela lá no Rio de Janeiro e, após algum tempo, nos tornamos parceiras na busca por valores que acreditávamos estarem esquecidos. É interessante a dinâmica da Internet, não precisa ver para acontecer e foi assim que empreendemos várias batalhas e conseguimos algumas vitórias. Certo dia telefonei, era um momento difícil para ela, eu imaginei ouvir sua voz em outra situação, mas infelizmente o caso era outro. Quando desliguei caí na real e pensei: “Nossa! Eu fiz a mesma coisa que faria por amigos que me conhecem pessoalmente há anos”. A conclusão que cheguei era que não importava a distância ou mesmo os rituais presenciais inerentes para a constituição de qualquer amizade: somos amigas, ora bolas. A Internet? Ah, a net não é o diabo que muitos pintam não; quando bem utilizada ela dá frutos robustos e deliciosos. A Internet me trouxe Tereza Machado, e tem presente virtual melhor? Revista Dinâmica 7


EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

Educação de casa vai à praça Princípios familiares em ruínas e a descaracterização da essência do profissional de ensino

Tereza Machado

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resci ouvindo de meus pais o ditado “educação de casa vai à praça”. A educação da minha geração vinha de “berço”, como se costuma dizer. Os pais, a todo momento, não perdiam a oportunidade de ensinar boas maneiras, bons modos. Pedir licença, por favor, cumprimentar, respeitar o espaço do outro, tudo isso era ensinamento de casa. Até mesmo a discrição se aprendia em casa, minha mãe dizia: “O que se ouve em casa não deve ser comentado na rua”. Meu pai complementava “Não faça aos outros aquilo que não deseja para si” ou “O meu direito termina quando começa o direito do outro!” Conceitos simples, mas que são de

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validade eterna, não têm vencimento. Até hoje balizo meus atos por estes princípios educativos de minha infância. Em todo o meu tempo de magistério, venho assistindo a decadência desses princípios familiares que norteavam a ética, a moralidade e o relacionamento entre as pessoas. O reflexo do que se vê nos lares vem à praça, ou seja, chegam à escola. O aluno hoje não tem mais aquele respeito e amor pelos seus professores, talvez, numa socieda-

de capitalista se respeite mais àqueles que ocupam funções que lhes dêem um salário alto e o poder. Quão longe está o professor deste patamar: salário dos mais baixos e nenhum poder. Pode-se argüir, mas se não tem poder continua com autoridade na sala de aula. Pergunto aos milhares de pares,


Educação e Formação espalhados por este Brasil imenso: existe, de fato, esta autoridade na sala de aula? O aluno, realmente, respeita o professor como alguém que tem mais conhecimento, mais experiência de vida, que tem um saber para lhe passar? Ah, nostalgicamente, suspiro. Não é mais assim, os pequenos são incentivados, muitas vezes, pelas

Necessita-se de uma nova política pública que devolva à Classe dos Professores a dignidade perdida. Os professores são obrigados a terem mais de uma fonte de trabalho para poderem, com dignidade, sobreviver com salário tão baixo. Isto acarreta um problema financeiro que está se tornando um grande complicador na vida deste profissional. Por contar com baixos salários nas várias fontes, não desconta Imposto de Renda na fonte. Conseqüentemente, na época de declarar seus rendimentos ao “Leão Faminto”, tem que pagar uma verdadeira fortuna, 27.5% de seus rendimentos anuais. Ora, matematicamente, isto representa mais de três meses de salário só para acalmar o Leão. Pode parecer àqueles leitores que não são Professores que este detalhe nada tem a ver com a Proposta da Coluna, reflexões em Educação.

próprias famílias a inquirirem seus professores de uma forma desrespeitosa. Não conseguem enxergar valor agregado social na tarefa do Professor. Este artigo não tem a finalidade ser uma apologia do “Pobre Professor que ganha pouco e ainda é desprezado nesse mister por uma sociedade”. Ao contrário, trata-se de um pedido de reflexão sobre a necessidade de se redimensionar e se reformular conceitos sobre o exercício do magistério.

Prezado Leitor, está enganado. Dentro da Educação, trabalhamos com Teorias Educacionais Piagetianas, Vygotskyanas que nos mostram como a questão da autoestima é preponderante no desenvolvimento de um ser humano. Pergunto, como pode o Professor entrar numa sala de aula, tranqüilo, satisfeito, sabendo que “estourou” o cartão de crédito, está no fim do limite especial de sua conta bancária e ainda tem que pagar a alta parcela do Imposto de Renda?” Quem inventou a frase que “Magistério é sacerdócio” já deve ter morrido, com certeza. Veria quão catastrófica foi para a classe de ma-

gistério essa visão. Por que a partir dela, se é sacerdócio, é sofrimento, por que pagar bem a essa classe? Escuto dizerem: ser professor, só se for por amor. Será que é assim? E o amor paga as contas de água, luz, condomínio e o Imposto de Renda? E a história que surgiu na década de 80, do século passado, a professora primária que passou a ser tia: por que isso? Ah, tudo tem uma explicação, naturalmente e nenhuma delas beneficia o Professor. Pense, caro leitor, por que essa nova denominação? Carinho, afetividade? Até acho que para as crianças isso seja verdade. Mas para quem inventou essa distorção profissional de professor para uma denominação familiar de Tia, não creio que tenha sido a afetividade o motor da ação. Pensemos mais um pouco, Tia é irmã do Papai ou da Mamãe, logo nem precisaria ser paga, mas se receber alguma coisa, já está bom, não é? Amigos leitores, espero, sinceramente, que possamos ainda neste início de século XXI ver um início de bom senso voltar a campear na Política sobre a questão do Magistério. Sei que há uma outra classe tão sofredora como a dos Professores, a Classe dos Médicos, passam pelos mesmos transtornos financeiros. Saúde, Educação e Habitação, cresci sabendo que esse era o tripé que sustentava uma Nação que quisesse ser forte e se desenvolver. Acho que alguma coisa deu errado, até tenho alguma idéia de onde começou a dar errado, mas não me cabe nessa coluna tratar deste Revista Dinâmica 9


Educação e Formação enfoque.

profissionais.

Também não acho que Greve resolva alguma coisa. Como diretora de Escola que fui durante vinte anos, descobri que a única greve que traz lucro é a de professores. Não se gasta luz, água, merenda escolar e ainda se pode cortar o ponto dos grevistas. Se for funcionário público ainda pode ter seus futuros pedidos de transferência “abortados” se constar em sua Ficha Funcional que foi participante de Greve.

Por acaso, as escolas que pertencem ao ranking de melhores escolas têm professores mal pagos? Não, sabemos que não. Estes profissionais são pagos muito bem, aliás, merecem receber bem. Isto lhes dá segurança, tranqüilidade. Resultado: ótimo desempenho em sala de aula. Como todos podem comprovar.

Lamentável, profundamente lamentável. Busquemos o problema do fracasso escolar. Por que não se olha de frente para ele? Será que a causa vai ser sempre apontada para o despreparo do professor para ensinar ou do aluno para aprender? Será que neste país, onde a mídia gasta páginas e páginas com violência, corrupção, problemas com a nossa Seleção de Futebol, não há espaço para se tratar com prioridade a Causa da Educação? Sim, porque a Causa da Educação, o problema do fracasso escolar está atrelado ao bem estar de seus

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Leitores, a luta por uma Escola de Qualidade não

passa somente pela melhoria de condições para os Profissionais de Educação, certamente que não. Precisa-se pensar com mais respeito, dignidade e entender que sem este profissional atendido em suas necessidades básicas, não teremos como começar a levantar as questões múltiplas que assolam a área da Educação. Vamos nos unir em prol da melhoria da Educação brasileira. Chega de tentar “tapar o sol com a peneira”. Ou o Sol está grande demais ou a peneira que é pequena demais. Mudanças já!


DESCONSTRUINDO A ARTE

Artista vs. Designer: existe diferença? Michelangelo era um artista ou um designer?

Chris Lopo

Q

uando nós vemos quadros magníficos como A Madona das Rochas, de Leonardo DaVinci, a primeira coisa que vem à cabeça é algo como “nossa… que obra de arte!” Alguns, mais avisados, sabem que este quadro, além de muitos outros do artista, foram encomendados pela Igreja, ou seja, foram desenhados com algum propósito. Então aí vem a pergunta: DaVinci, ao pintar Madona das Rochas, foi um pintor ou um designer?

Um designer, palavra muito usada ultimamente e que muita gente não sabe o que significa, é o nome dado a alguém que faz

alguma coisa que tenha utilidade, que tenha uma forma que chame a atenção e uma função. Um bom exemplo: um arquiteto. Como exemplo posso citar os trabalhos de indiscutível beleza de Oscar Niemeyer. O Museu Oscar Nie-

meyer, localizado em Curitiba, no Paraná, é um prédio em forma de olho. A idéia, lógico, é fantástica, mas a equipe de Niemeyer não pode, em momento algum, deixar o principal ponto de lado: a usabilidade. O prédio não bastava ser algo fora do comum, desenhar um prédio com características incomum é menos difícil do que parece, o problema é tornar aquele projeto real e com o espaço interno apropriado para abrigar um museu. Para isso, Niemeyer trabalha com muitas outras pessoas, entre elas o calculista José Carlos Sussekind, que é um dos responsáveis sobre a análise de viabilidade do projeto. Pelo seu lado artista, Niemeyer possui muitas obras que não puderam ser concretizadas. Ele tem as idéias iniciais, faz os rabiscos iniciais, mas se o projeto não for

A Fonte: obra de arte?

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Desconstruindo a arte viável em termos de usabilidade, seu destino é a gaveta. Quem sabe algum dia não teremos tecnologia suficiente para desengavetá-los? Um artista não precisa dar usabilidade à sua obra. Ela foi feita para ser admirada, nunca usada, precisa apenas ter uma forma, mesmo que sem função. Podemos pegar como exemplo Marcel Duchamp, com suas obras no estilo “readymade” (“feito com matéria pronta”, numa tradução livre). Seu trabalho consistia em desconstruir objetos de uso pessoal para transformar em arte. Uma cadeira ou uma bicicleta, ao receber o toque mágico de Duchamp, perdiam o status de cadeira ou de bicicleta pelo simples fato de não poderem mais ser usados. A Fonte, um de seus principais trabalhos, é nada mais que um mictório tombado. A princípio eram obras para desafiar a palavra “arte” e muitas pessoas repudiaram na época, sendo que até hoje ainda existem pessoas que não consideram arte. Andy Warhol e Basquiat ajudaram

a quebrar este conceito de arte ao desconstruir obras. Warhol, criador do quadro amplamente copiado com pinturas em cima de uma foto de Marilyn Monroe, seguiu fielmente o modo de trabalho de DuChamp para fazer seu nome no meio artístico. Um designer pode ou não saber desenhar bem, pois ele deve realizar trabalhos encomendados e que tenham uma função específica. Outro exemplo de trabalho de designer é o teto da Capela Sistina, feito por Michelângelo. Foi um trabalho encomendado, nos mesmos moldes que alguém encomenda a reprodução de uma foto a um artista de rua no Centro da cidade, ou que uma empresa encomenda uma ilustração a um designer freelancer ou a uma grande empresa de comunicação. A Capela Sistina foi encomendada, então o trabalho de Michelângelo naquele momento foi de designer, e não de artista. Veja bem, não estou, em momento

algum, questionando a sua beleza, mas sim o propósito para o qual aqueles desenhos foram feitos. Sem a encomenda, aqueles desenhos não existiriam, bem como outra pessoa poderia ter criado a pintura. Recentemente o restaurante Spoleto encomendou alguns trabalhos com o ilustrador Felipe Guga. São desenhos maravilhosos, mas que não podem ser considerados obras de arte. O ponto de partida para os desenhos de Guga e Michelângelo são o mesmo: a encomenda. Em um breve resumo, a obra de um designer é feita independente da pessoa. Lógico que uma empresa, ao definir um projeto de propaganda, escolhe uma pessoa em específico por suas habilidades com a técnica a ser trabalhada. Um trabalho de design exige também um cliente, uma obra de arte exige apenas um artista.

As Monroes de Warhol: amplamente copiado por muitos artistas da nova geração

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MITOLOGIA

O fascínio dos mitos

parte 1

Os mitos e a alma humana: histórias de Deuses que explicam a nossa vida Mário Nitsche

P

ode-se afirmar que os mitos representam um esforço de compreensão pelo ser humano do equilíbrio precário entre o bem e o mal e a natureza ao redor como uma fonte de mistérios que devem ser entendidos, temidos ou controlados. Uma visão do mundo enfim. No passado os pensamentos e perguntas dos homens eram respondidos através de explicações religiosas que iam de geração em geração. OS MITOS. Uma história de deuses e que pretendia explicar porque a vida é o que ela é. O mito foi a primeira tentativa do homem para explicar o inexplicável, o longínquo. Os mitos fazem parte da alma humana. Mais tarde os gregos combateram os mitos opondo a eles o raciocínio

lógico. Os seus deuses tornaram-se refinadíssimas imagens do psicologismo humano. Mas no começo da Grécia tinham deuses também! Eram muito parecidos com os seres humanos. Odiavam, matavam, paqueravam a mulher do outro e se vingavam com uma precisão de relógio digital.

agito do martelo do deus faziam os campos crescerem. Ele era considerado o deus da fertilidade! Como conseqüência do seu imenso martelo as sementes germinavam. Ninguém sabia como germinavam, mas a chuva era fundamental. Thor mais ainda. Estavam unidos.

Vou contar um dos mitos que mais gosto. Thor e o seu martelo. Thor cruzava os céus num carro puxado por dois bodes. Quando navegava agitando o seu martelo, provocava raios e trovões. A palavra “trovão” – Thor-don em norueguês - significa o rugido de Thor.

Um deus popular no tempo dos vikings.

Assim a mitologia de thor explicava o relâmpago, o trovão e a chuva. Os homens ficavam mais tranqüilos porque estavam “entendendo” alguma coisa do seu dia e vida e do mundo. Trovão, relâmpago e chuva no

Os vikings viam o mundo habitado como uma ilha constantemente ameaçada por perigos externos. Uma luta contínua contra uma ameaça onipresente. À parte habitada eles chamavam de MIDGARD. O reino no meio. Em MIDGARD havia o ASGARD, a morada dos deuses. Fora de Midgard havia UTGARD, o reino de fora habitado pelos TROLLS, que viviam tentando destruir o mundo com toda a sorte de sacanagens e violências. Eram chamados tamRevista Dinâmica 13


Mitologia bém de “forças do caos”. Os vikings acreditavam que havia um equilíbrio não estável entre o bem e o mal, entre o caos e a ordem. Os espertos trolls sabiam que uma das possibilidades para implodir Midgard era roubar Freyja, a deusa da fertilidade. Se lograssem êxito nada cresceria nos campos e as mulheres não teriam mais filhos! Nossa! eles tinham que ficar longe! Nem pensar num troll assumindo um importante cargo político como acontece conosco aqui no BRASILGARD. Thor era fatal: o seu martelo era uma arma formidável. Dava ao deus um poder quase infinito. Além de brandi-lo mortalmente, ele o arremessava, matava um

monte de trolls e o martelo voltava na mão dele, carinhosamente. Um relacionamento. Ah como gostaria de um martelo desse hoje em dia... Observe que o mito era uma explicação para o funcionamento da natureza e para o existir sempre a luta entre o bem e o mal. O mito, um filme fantástico, de curta metragem na mente da criança e depois do adulto, mostrando uma busca, um além e de como essa dimensão poderia estar interagindo com o mundo do dia a dia. Um mito genial e conhecido na Noruega é descrito no poema Trymskveda. O poema conta que Thor dormiu, provavelmente depois de tomar umas cervejinhas – Ah a universal saídeira... - e quando acordou,

cadê o seu martelo? Tinha sumido! Ficou possesso! Realmente perder o martelo para um deus ou um homem comum é algo, no mínimo, desalentador. Tremeu todo até os cabelos de sacrossanta raiva. Pegou o seu homem de confiança, Loki, e foi até Freyja, pedir as asas dela emprestadas para que Loki fosse voando até Jotumhein descobrir se os trolls tinham roubado o martelo dele. Loki foi o mais rápido possível e lá chegando falou com Trym o rei dos trolls que de cara se gabou de ter enterrado o martelo a uns cinco quilômetros embaixo da terra! Um problema quilométrico. Crise sem precedentes. Trym arrematou dizendo que os deuses só teriam o martelo de volta se Freyja se casasse com ele! Um drama. Rapto com refém! Parece hoje.

Venus: Deusa do Amor e da Beleza

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Mitologia Thor e Loki voltam e contam para a Freyja... que ela estava noiva! A galega ficou maluca de raiva e respondeu que se aceitasse todos iriam pensar que ela era louca por homens. Assim não! A crise aumenta. Na hora certa veio o criativo deus Heimdal com um idéião! Já que tinha perdido o martelo, Thor poderia se fantasiar de mulher. Duas pedras redondinhas no lugar dos seios e um lindo vestido de noiva poderiam dar uma chance para o mundo continuar. Thor odiou a idéia. Mas... E também Loki foi travestido de ama de honra. Ridículo. - Assim levamos não apenas uma, mas duas mulheres para os trolls!Disse Loki com uma não velada ironia. No momento em que “elas” chegaram a Jotunheim os trolls iniciaram a festa! Claro que as duas “loiraças” não estavam muito à vontade. Coisas da vida. Intercorrências... Pedras... Trym estava feliz e esbanjando sorrisos por todos os lados. Algo insólito aconteceu. A noivinha comeu um boi inteiro, fechou com oito salmões e tomou com sofreguidão e esmero três magníficos barriletes de cerveja! Garota! Impressionante. Loki – um grande relações públicas – salvou a situação segredando ao pé do ouvido de Trym que ela não comia já há oito dias tão desesperada que estava para chegar a Jotumheim e ver o noivinho fofuxo. Trym sorriu... Trym arrodeou, arrodeou e

chegando perto da galega, num romântico gesto de surpresa, levantou o véu para beijá-la. O mito conta que ele recuou ao ver um olhar duro como aço olhando-o... Loki voltou à ação e com uma voz entremeada de saudável preocupação com o bem estar da ama, disse ao rei que a casadoira moça não dormia a sete dias de alegria ansiosa pelas bodas. Trym sorriu... O rei ordenou que o martelo fosse trazido e colocada no colo da noiva no momento do casamento. Assim se fez. A história conta que Thor deu uma grande gargalhada! Eu sei que além de rir ele arrebentou a roupeta branca de noiva! Trym não sorriu. Broxou. A transformação da noiva num guerreiro foi a última cena que ele viu na face de Jotumheim e da Terra. Thor matou-o em primeiríssimo lugar e depois a todos os outros animados trolls que vieram para a boda. Que pena... Quantos lindos e artísticos canecos de cerveja se quebraram! Que triste... Batalhas são cruéis. Após livrar se do vestido de noiva e reaver o seu querido martelo, Thor não estava para brincadeiras!

Deus. Mantém a mente aberta para o mais da vida. Hoje o mito, poesia, a música a filosofia estão caindo em desuso. Sofisticadamente o que temos hoje é que o quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados dos catetos e isso ensinado como uma verdade final. A ciência tomou o lugar de Thor. Passou além dos seus limites naturais. Ela é um deus hoje. Um mito frio e não criativo. Sem respostas... A ciência não tem um martelo que protege e sim uma energia nuclear e guerra biológica que destroem. Não podemos mais aprender o que está além do dois mais dois é igual a quatro. Estamos defasados como seres humanos. Agora que “fizemos uma faxina na crença”, segundo Saul Below, qual vai ser o conteúdo da nossa imaginação e a dos nossos filhos? Hollywood? Tv? Internet? Jornal Nacional? As aventuras dos nossos políticos? Não sei não... Parece que uma lógica fora dos seus limites de ação e competência travestiu-se de um descendente de Trym, raptou Freyja, esterilizou-a e entronizouse no mundo enchendo-o de uma filosofia rasteira e circunstancial.

Moral da historia. - Gosto de histórias com moral!

Sem mitos. Sem poesia... Sem céus!

Se homem ou deus é bom cuidar com a quantidade da cerveja. Muito chato perder o martelo!

Os Trolls venceram?

Os mitos são importantes! Mantém no espírito perguntas fundamentais sobre o mundo, a vida, a morte e o além do dia a dia. Sobre Revista Dinâmica 15


TECNO+

O que você utiliza do ? O que eu preciso saber agora? Oswaldo Grimaldi

O

Google deixou de ser somente o maior buscador da internet para se tornar um centro de aplicações web. Com a moda da Web 2.0, a Google se tornou um dos melhores serviços e com custo zero. Eu não vou contar a história do Google aqui, mas deixar um pouco sobre cada serviço oferecido pela empresa, que utilizo diariamente desde sua invenção.

Talk integrado. Confira em: http://mail.google. com Google Talk: Chega de MSN. O Google talk (apesar de não ser muito utilizado ainda) é um aplicativo pequeno e sem muita perfumaria. Mas atende o publico que precisa de um software rápido e bom. Experimente em: <http://www. google.com/talk>

Google Maps: Você precisa saber onde fica algum lugar? Quer saber como chegar a determinado lugar? Experimente e veja como funciona em: <http://www.google.com.br/ maps>

Google Reader: Você costuma ler noticias RSS? Chega de aplicativos instalados no seu PC. Utiliza o Google reader e veja suas noticias onde estiver. Para saber mais: <http://www.google.com.br/reader>

Gmail: O e-mail do Google é o que mais utilizo, sem dúvida. Se você tem um pequeno espaço de e-mail, esqueça. Mude para o Gmail. Hoje o Gmail suporta mais de 6GB de armazenamento e esse tamanho aumenta diariamente. Com a utilização de “labels” fica muito mais rápido encontrar a mensagem que necessita. Ainda possui o Google

Google Notebook (notas): Experimente instalar no seu browser esse aplicativo. Utilizo muito, pois a cada busca na internet ele pergunta se quero “anotar” algum site especifico. Fácil e prático, eu posso fazer qualquer tipo de anotação. Muito útil. Além disso, ele adiciona os seus favoritos do Google Bookmarks.

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Buscar Experimente: <http:// www.google.com.br/ notebook> Google Bookmarks: Quer ter seus favoritos sempre a mão? Utilize o Google Bookmarks e não perca mais seus favoritos e acesse de qualquer lugar. Experimente: <http://www.google.com/bookmarks> Google Calendar: Utilizo para marcar meus compromissos. Uma agenda útil e de fácil aprendizado (como qualquer produto do Google). Experimente instalar o “Google Calendar Sync” e sincronize o calendário do Outlook com o Google Calendar. Google Calendar: <http://www. google.com/calendar> Google Sync: <http://www.google.com/support/calendar/bin/ answer.py?answer=89955> Google Docs: Você já enfrentou uma situação em que utiliza um PC sem Office? O que você faria? Uma saída pratica e rápida é utilizar o Google docs. Além de deixar


Tecno +

hospedado na internet, você pode ter acesso ao seu documento sempre que necessária basta ter uma conexão com a internet. Você pode fazer upload dos documentos do tipo: Word, Excel e PowerPoint. Hoje ainda conta com a vantagem de fazer upload de arquivos com extensão pdf. Você ainda pode compartilhar esse(s) arquivo com qualquer pessoa. Experimente em: <http://docs. google.com> Google Translate: Quer traduzir algo que precisa e não sabe o seu significado? Experimente o

melhor tradutor online disponível: <http://www.google.com/translate> Picasa: Quer ter suas fotos disponíveis em qualquer lugar? Já utilizou o Picasa? Você pode ainda utilizar o Picasa software para fazer upload das fotos do seu micro para o Picasa. Veja mais em: <http://picasa. google.com.br> Google Toolbar: Instale essa aplicação no seu browser e tenha todos os serviços em um clique. <http:// www.google.com/tools>

zo diariamente. O Google ainda conta com uma série de serviços, mas preferi escrever sobre os que mais utilizo. Ainda tem Orkut, Youtube, Google Health (falarei futuramente), entre outros. Ah, esqueci de mencionar. Você precisa somente de um cadastro para acessar todos esses serviços e outros que não listei. Quer praticidade? Utilize o Google. Qualquer dúvida sobre tecnologia, envie e-mail para: oswaldo@revistadinamica.com e tire suas duvidas.

Bom, esses serviços são os que utliRevista Dinâmica 17


EMBATES E DEBATES

Pedofilia não é conto da carochinha Liz Motta

F

oi-se o tempo que as crianças podiam andar livremente pelas ruas do seu bairro sem medo ou mesmo tirar uma foto tomando banho, como era comum encontrar essas imagens em álbuns de família. Foi-se o tempo que pais, mães, tios e tias, avós, padrinhos e madrinhas, primos e primas eram referenciais de segurança e alegria. Num passado não tão distante, as crianças eram ensinadas a temer apenas os estranhos: “nunca aceite nada de estranhos”, “não fale com quem você não conhece” ou ainda o horror dos horrores para os meninos e meninas: “cuidado senão o homem do saco te leva embora”. Hoje o discurso é outro, ainda se teme “os estranhos” - e com razão – mas foram acrescentadas outras frases ao rol de prevenções: “não tome banho com papai”, “não tire a roupa se titio ou vovô te pedir para te ver nu/nua”, “não deixe ninguém tocar seu corpo”; esses são os novos ditames na cartilha para a segurança infantil, pois entre quatro paredes muita coisa pode acontecer e ficar guardada por anos

18 Revista Dinâmica

Hoje em dia, o perigo não é exclusividade das ruas, muitas vezes está dentro de casa

de silêncio e omissão; é um silêncio ensurdecedor, pois tudo parece normal aos olhos da sociedade. Parentes afetuosos são apontados como aqueles que “adoram” crianças e se sentem felizes em contato com elas. É óbvio que existem - e ainda bem que na sua maioria para o bemestar de todos, principalmente das próprias crianças - pessoas assim que realmente se identificam com os pequenos, viram criança também quando brincam e se divertem com as colocações pueris e inocentes. Porém existe outro grupo de adultos que, infelizmente cresce a cada dia, sente atração sexual e dirige seu desejo aos impúberes ultrapassando os limites culturais e morais ao se relacionar com crianças: os pedófilos. A palavra pedófilo significa “gosta de crianças” e é procedente do substantivo pedofilia, termo de origem grega que denota “qualidade ou sentimento de quem é pedófilo” (MORAES, 2004, p. 3); porém os

significados destas palavras foram redimencionados para nomear crimes de abuso sexual cometidos em crianças e adolescentes. Segundo Delton Croce a pedofilia é o desvio sexual “caracterizado pela atração por crianças ou adolescentes sexualmente imaturos, com os quais os portadores dão vazão ao erotismo pela prática de obscenidades ou de atos libidinosos.” (1995, p. 37). Embora os crimes de pedofilia ocorram em várias esferas da sociedade é em casa que o quadro de agrava; não sem intenção a OAB/SP em 2005 veiculou uma campanha contra a pedofilia que tinha como slogan “Mamãe foi pra roça, mas papai não foi trabalhar” justamente porque é no espaço privado que “as coisas” – expressão utilizada por crianças ao serem interpeladas – acontecem na maioria das vezes. Ainda que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 13 de


Embates e debates julho de 1990 preconize no Art. 4º que a família, além da comunidade e sociedade, deve proteger, cuidar e respeitar a criança é no seio da família que os abusos proliferam e deixam marcas profundas em suas vítimas. O ECA segue advertindo no Art. 244-A que submeter a criança ou o adolescente à prostituição ou à exploração é crime com pena de quatro a dez anos mas, embora pareça absurdo, grupos de pedófilos vêem se mobilizando no sentido de exigir “seus direitos”, alegam que o relacionamento com impúberes nada têm de anormal, imoral ou criminoso; ao contrário, são relações permeadas de afeto e boas intenções, pois o ser humano possui em sua essência o desejo sexual e, sendo assim, é um direito optarem em se relacionar com crianças. As causas da pedofilia são bastante discutidas por várias áreas das Ciências Humanas. A medicina afirma que é uma disfunção sexual do tipo parafilia, pois o indivíduo só sente prazer com um objeto específico; alguns exemplos de parafilia são a zoofilia e a necrofilia. Já a Sociologia acredita que a pedofilia é uma atração erótica por crianças que pode ou não materializar-se em ação. Para a Psicologia é uma psicopatologia, um desvio sexual do adulto. Mas enquanto as discussões ampliam o leque de possibilidades, a pedofilia tem aumentado exponencialmente no Brasil e no mundo em parte promovido por uma crescente erotização da figura infantil nas mídias; as crianças são motivadas a consumir produtos antes destinados aos adultos, principalmente as meninas que usam desde a maquiagem até roupas insi-

nuantes com forte apelo erótico. A Internet tornou-se uma grande aliada dos pedófilos que utilizam o anonimato virtual para buscar ou comercializar material erótico de meninos e meninas e, para além, marcar encontros e programas. Segundo o blog “Diga Não À Erotização Infantil”, mil novos sites de pedofilia são criados todos os meses no Brasil dos quais 53% trazem crianças de 9 a 13 anos e 12% expõem conteúdos com bebês de zero a três meses. Observa-se a erotização das músicas e das respectivas danças, as letras de duplo sentido são curtas e simples para uma fixação mais rápida na memória, o tema invariavelmente é a mulher; as danças seguem o mesmo padrão, coreografia de passos ora lentos ora rápidos sugestionando posições e ações do ato sexual. A outras mídias não ficam atrás, a exemplo da televisão que em prol da batalha insana por pontos na audiência transmite programas com teor explicitamente erótico. O Estatuto da Criança e do Adolescente diz no Art. 71º “A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento” e explicita ainda no Art.74º que “O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada”; porém o que se vê são umas vinhetas rápidas antes da

programação desaconselhando que algumas faixas etárias assistam este ou aquele programa. Na verdade não existem políticas públicas de controle da produção televisiva direcionada para a população. Mas não são apenas os fatores externos que propiciam a pedofilia e a ação dos pedófilos. A descrença dos parentes em relação aos depoimentos das crianças colabora para a manutenção da pedofilia. O senso comum dita que “criança não mente”, mas na prática são raros os casos das famílias que acreditam nas palavras de seus pequenos da primeira vez; antes disso, a criança abusada modifica seu comportamento tornando-se arredia ou hiperativa, passa a comer menos, tem o sono agitado e pesadelos e se nega a ficar sozinha com o pedófilo, mesmo este sendo uma pessoa muito íntima sua como é o caso do pai, tio ou avô. Ações policiais em parceria com ONGs e a UNICEF têm coibido várias quadrilhas de pedófilos no Brasil e no exterior. A rede de pedofilia tem no tráfico sexual seu maior e frutífero braço, principalmente em países como o Brasil onde a sexualidade é exaltada em versos e prosas. As crianças vítimas de abuso e agressão sexual têm sua inocência dilacerada, seus sonhos perdidos e sua vida torna-se um misto de medo e vergonha. Os carrinhos, bolas e bonecas passam a fazer parte de um passado longínquo, elas não sonham mais com príncipes e princesas, os contos de fada foram substituídos por histórias cruéis e desumanas e estas, com certeza, não são contos da carochinha. Revista Dinâmica 19


FAZENDO DIREITO

O sistema de cotas e a violação do direito à igualdade

Cotas nas universidades públicas: igualdade de oportunidades ou segregação?

Kiko Mourão

U

m dos assuntos mais polêmicos existentes atualmente é a cota para determinadas etnias em universidades. É a garantia de uma porcentagem de vagas para pessoas que declaram pertencer a um determinado grupo étnico nas inscrições para vestibulares. Faz sentido que muitos sejam a favor e tantos outros sejam contra. Este artigo apresentará brevemente um ponto de vista no sentido legal a respeito da existência dessa cota.

Muitos defendem a aplicação dessa prática como forma de igualdade de oportunidades. Mas, não é tão simples quanto parece. Reservar um percentual de vagas para qualquer etnia seria o equivalente a dizer que tal etnia não tem capacidade suficiente para concorrer com outras. Ou seja, a reserva de vagas não é uma forma de acabar com a discriminação. Muito antes pelo contrário, é uma forma de disseminar a discriminação, inferiorizando qualquer etnia que se inclua no sistema de cotas. Entretanto essa forma vem mascarada como uma boa ação do governo. 20 Revista Dinâmica

A Constituição Federal de 1988 diz o seguinte em seu artigo 5º: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...” Ora, se a própria constituição garante a igualdade, que benefício a cota para algumas etnias poderia trazer? Se um indivíduo negro passar em primeiro lugar em um vestibular qualquer, ele o fez por capacidade e não por ter o auxílio de um sistema de cotas. O mesmo vale para indivíduos de quaisquer outras etnias. O vestibular avalia a capacidade de um indivíduo para ingressar no ensino superior. Portanto, é uma prova que exige competência e capacidade. Todos os que realizam tal teste serão os profissionais que teremos no futuro. Onde está a igualdade de oportunidades? Onde, em qualquer livro científico está escrito que determinado grupo étnico é intelectualmente superior a outro? Um indivíduo atingiu o número de pontos exigidos para passar no

vestibular, mas não conquistou sua vaga por que outro, que fez um número menor de pontos foi abraçado pelo sistema de cotas. Nesse caso, a igualdade tão falada por nossa Constituição foi esfacelada. Entrou para o ensino superior um indivíduo com menos capacidade, e só o fez por que alguém acha correto ou bonito reservar determinado número de vagas para negros, como ser pertencer a outras etnias fosse uma incapacidade ou doença. Todos nós somos iguais. Nossa capacidade intelectual é a mesma. O que ocorre no tema aqui tratado é que desde cedo existe uma deficiência no ensino público. E tentam corrigir essa deficiência com o sistema de cotas. Mas de que adianta? É claro que muitas pessoas altamente preparadas acabam sendo abraçadas por esse sistema também. Mas ano após ano entram nas faculdades pessoas sem a devida preparação para o mundo acadêmico. Surgem então os profissionais que ficam no meio


termo. Seja por cotas, seja por sorte, mas as faculdades têm formado muitos desses profissionais. Isso pode não refletir nos dias de hoje, mas futuramente poderemos perceber com maior facilidade os danos causados a todo o sistema social através das deficiências em diversas áreas do ensino. Vale lembrar que este artigo não possui qualquer intenção racista. Muito pelo contrário, está atuando como um defensor da igualdade e defendendo também que seja qual for a etnia, a capacidade de vencer é a mesma em todos nós.

É absurdo que sejam considerados apenas aspectos físicos. Há pessoas de pele clara, com a maior parte de seus ascendentes na África, enquanto há pessoas de pele escura que chegam aos 96% de ascendência européia. Então, resta a pergunta: quem é branco? Quem é negro? E surge também uma terceira pergunta, talvez não tão valorizada como as outras, mas sem dúvida a mais importante de todas: Quem é ser humano? Talvez os sistemas adotados pela sociedade estejam tentando compensar os séculos de escravidão, tortura e desumanidade. Mas já é tempo de levarmos a sério nossa constituição e realmente agirmos como iguais. Ser diferente é legal, e isso sob o significado de que está assegurado por lei. Não importa a etnia, a religião, a sexualidade, as opiniões políticas e as convicções pessoais, a lei nos assegura a igualdade. Para que os preconceitos existentes na sociedade acabem está na hora de todos serem tratados como iguais, o que automaticamente pede, entre outras coisas, que o sistema de cotas deixe de existir. Afinal, se é pra fazer, faça direito.

Revista Dinâmica 21


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IMAGEM E AÇÃO

HDengue digital Essa tal de TV digital e seus inexpressivos apresentadores

a magia da TV? Será um docuLiana Dantas mentário eterno? Ou fará com que a equipe de produção artística trabalhe o triplo e assim precisarão sta tal TV HD Digital, contratar mais gente talentosa, ou TV de alta definição, abrindo aí uma nova oportunidade está dando mais trabade empregos? Vamos ver como é lho do que se imaginava. Tudo realmente a pele de Hebe Camarque se fazia um esforço para não go, se ver – nós, por exemplo, alguns programas da Rede TV, o prefeito César Maia e a epidemia de dengue, por exemplo – tudo virá à tona. O mundo vai ficar digital: relações interpessoais? Digitais. Não poderá mais mentir descaradamente para seu amigo, seu amante, seus pais.

E

O que mais parece é que a tal TV digital tem uma luva de boxe e quando você estiver apenas passando de canal, ela vai te pegar pelo pescoço e te obrigar a ver o programa com todas as suas falhas. Falhas porque a TV digital mostrará a TV como ela realmente é, ou seja, quase todas coisas enroladas numa fita crepe e uma assistente de palco com cabelo ressecado chorando por causa do diretor grosseiro. Hum... a TV digital vem acrescentar o quê exatamente? Acabar-se-á

sua tela com cara de quem acabou de receber o exame com a baixa de plaquetas - com vocês, o ... TOP 10 Inexpressividade 10 – Mari Moon Mari Moon? Hein? Olha, só com esta alcunha você pode imaginar o que vem por aí... Ela é a rainha do fotolog e apresenta o Scrap MTV (MTV Brasil), tem uns tiques nervosos que nem um monge após 90 anos de meditação suportaria. Quem fez o teste de TV com ela? Catem este ser e prendam-no! Agora. 9 – Lorena Calábria

ou ela fará um truque até lá? Sim, porque ela está na vantagem: apenas 1% dos telespectadores têm acesso à alta definição - então dá tempo dela dar um jeitinho. Bom, “cara de nada” é tudo que ninguém espera de quem trabalha na TV, então conseguimos antes do crescimento do sinal digital identificar pessoas que estão aí, na

Lorena Calabria é o patrimônio blasé da televisão! Adoro ela, super competente e tudo mais, porém eu não consigo assimilar quando ela está com dor de cabeça ou gases. Atualmente, ela apresenta o Happy Hour (GNT/Goblosat). 8 – Cintia Howlett Cintia Howlett do Alternativa Saúde (do GNT/Goblosat,) é do Revista Dinâmica 23


Imagem e ação bem, é calma, é mãe, é tudo, abraça gurus indianos, enfim, mas tudo com cara de que errou a senha do cartão no caixa eletrônico 24 horas de um sábado com uma fila de 5 pessoas impacientes atrás dela. 7 – Regina Volpato Regina Volpato, apesar de eu achála finérrima, ela e um papel pardo são a mesma coisa, com a vantagem que o papel pardo você pode dobrar, né? Até que de uns tempos pra cá, ela começou a se soltar mais no seu programa Casos de Família (SBT), fazendo piadinhas com os entrevistados, porém falta bastante para considerá-la uma pessoa expressiva. 6 – Sônia Abrão Sônia Abrão, do A tarde é Sua (Rede TV), parece um cacique. Rindo, gargalhando ou nervosa e revoltada, somente o tom de voz muda. Mas ela tem um álibi: era locutora! 5 – Alex Lenner Alex Lenner! Merece uma excla-

mação, duas, três. Ele apresenta o Por Trás da Fama (Multishow/ Globosat). Meu sonho é pegar um martelo e bater no dedão do pé dele e ver a reação deste ser! As entrevistas dele me dão agonia. Ele falaria sobre Tsunami e jujuba com aspartame da mesma forma! 4 – Ana Hickmann Ana Hickmann, nossa Barbie-tupi, apresenta o Hoje em Dia (Rede Record), junto a outros 3 coleguinhas. Ela é simpática, fofa, linda, magra, educada, elegante, mas se o bonecão do posto a substituísse, iria ter um pouquinho mais de maleabilidade facial. 3 – Iara Capraro Iara Capraro, com sua franjinha, tatibitate e um estranho carisma (estranho mesmo), me dá um pouco de aflição. Primeiro que já começa pela franja, que é inexpressiva. Alto nível. E se na frente das telas ela não demonstra expressão, fora delas ela é uma coisa: apresenta o Criatividade Sem Limites (TV Aparecida – SP e CNT – RJ) e ela é dona da Daiara Artes (que vende

as tintas e todo material que utiliza no programa), monopolizando o mercado e desbancando as concorrentes. Enfim... nunca subestime uma franjinha imóvel! 2 – Roberto Justus Roberto Justus tem a expressão de um boneco de cera ou outros materiais. O empresário e apresentador de O Aprendiz (Rede Record) iria fazer Gepeto se sentir ofendido em ter outra pessoa com mais expressão de boneco de madeira do que sua criação! 1 – Daniel Bork Daniel Bork, apresentador do Receita Minuto (Rede Bandeirantes)... hã? Enfim... Faz tempo que venho tentando desvendar os mistérios de Daniel Bork. O mundo está caindo lá fora e ele continua a mesma coisa. Acho que a direção do programa tem medo de por algum link ao vivo de algo muito grave e Daniel não apresentar nenhuma expressão e transmitir ao telespectador o que está sentindo.

Especial Fashion Week Lílian Pacce, editora de moda e apresentadora do GNT Fashion (GNT/Globosat), de um vestido laranja para uma polaina ocre com franjas de matelassê inspirados em uma Rainha obscura da Sérvia que foi jogada de um barranco por ser caolha, por exemplo, se desprende de sua matéria facial nos deixando não perceber nas suas explicações o que é na verdade a tal “proposta” do estilista. Aliás, neste caso é difícil achar um culpado: quem os deixa falar esses absurdos e eles que não inventam desculpas para dizer: isso é um minishort e ponto final.

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Imagem e ação

Agenda da Semana Fechada:

Márcia Peltier e o Clube das Mulheres (Rede TV). Bom, um programa com um nome desses, passado domingo à tarde, é um convite para risadas múltiplas. Não por desrespeitar o trabalho da jornalista Márcia Peliter, mas é que... quem deu essa dica pra ela, hein? “Olha Márcia, Clube das Mulheres vai bombar. Bota fé!” Com certeza foi algum desafeto brabo que está se fingindo de “fofa-amiga-e-querida” para derrubá-la! O programa é sobre... como posso dizer? The OC na Avenida Paulista? Empresárias, editoras, advogadas com problema de auto-estima, mostrando que mesmo a amiguinha que anda de Mercedes tem dificuldade de parar de comer coxinha. Enfim...

Aberta:

A Favorita (Rede Globo) por incrível que pareça! Claro que como toda novela tem momentos constrangedores, surreais, mas até que ainda não me senti totalmente idiota assistindo. E João Emanuel Carneiro ganhou ajudinha extra no texto. Ufa! 15 Minutos (MTV Brasil), apesar de estar ficando saturado, tem momentos impagáveis de Marcelo Adnet e o Mano Quiabo, que abordam temas do comportamento de uma maneira cômica. Um Menino Muito Maluquinho (TV Brasil), é o melhor de todos! O único programa que dá para assistir sem você olhar pra baixo se sua avó estiver na sala.

Vamos ser justos: ainda bem que Luiz Gasparetto foi afastado da TV, antes da alta definição chegar à casa de todos. Já pensou ele gravar uma segunda vez recebendo a entidade Calunga e termos de ver todas as nuances “em alta definição” da mesma através do corpinho!? Seria, primeiro, uma falta de privacidade para com a entidade e ainda precisaria de um óculos 3D e mais um calmante de 6mg! Au revoir!

Revista Dinâmica 25


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Last.fm, como seu próprio slogan diz, é uma revolução social da música. Primeiramente chamado de Audioscrobbler e criado na Inglaterra em 2002, o Last.fm é um site na Internet que agrega funções de banco de dados musical, rádio online e comunidades virtuais sobre diferentes bandas e artistas. Os usuários podem optar por criar uma conta de graça no site ou pagar uma pequena taxa mensal pelo serviço, o que abre um leque de novas opções para os interessados. O Last.fm é considerado a maior plataforma social de música na Internet, e não é para menos. Para começar a usar o Last.fm, basta cadastrar-se no site e baixar o software open-source (programa com código aberto, ou seja, programadores podem fazer modificações no código-fonte, melhorando o sistema) disponível, para começar a enviar dados das músicas escutadas no computador para o perfil criado. As músicas escutadas são automaticamente exibidas no perfil do usuário, na tabela “Últimas faixas ouvidas”. Além disso, o sistema do Last.fm armazena essas informações e as disponibiliza de diferentas maneiras, como nas tabelas 26 Revista Dinâmica

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“Artistas mais ouvidos da semana” e “Artistas mais ouvidos em geral”. Há ainda um contador para as músicas escutadas pelo usuário, desde o primeiro uso do programa. Este número é exibido com o nome de “Faixas executadas”. Isso tudo está incluído no pacote de quem optou por criar uma conta grátis no site. Os interessados por discutir assuntos relacionados à música e artistas em geral têm um espaço garantido no Last.fm, em comunidades criadas com esse fim. Além disso, o site disponibiliza um blog para cada usuário. O sistema, através do banco de dados musical, também cria rádios com as músicas selecionadas pelos usuários através do programa do Last.fm, com recomendações do próprio site e com músicas previamente escutadas no computador. No entanto, só é possível escutar sua própria rádio se o usuário virar assinante do serviço.

Além de tudo que foi citado até agora, artistas independentes e renomados da indústria da música podem criar perfis, onde fãs têm a opção de escrever sobre seus artistas favoritos, além de poder escutar trechos de música (ou até baixar arquivos mp3 inteiros, no caso de artistas independentes), visualizar/enviar fotos e vídeos dos artistas e escrever textos explicativos sobre eles, num estilo Wikipédia. Nesses perfis também existem tabelas de “Principais faixas da semana passada” e “Principais faixas dos últimos seis meses”, que mostram as preferências dos fãs em relação às músicas de seus artistas favoritos. Revolucionário? Realmente, o Last.fm é uma grande ferramenta que traz vantagens a diferentes segmentos: possibilita aos artistas novos e/ou independentes uma maior exposição de seus trabalhos na Internet; usuários podem encontrar pessoas ao redor do mundo com gostos musicais parecidos com os seus, o que também torna o Last.fm um site de relacionamentos; é possível receber recomendações de artistas diversos, de acordo com os tipos de músicas favoritos, enfim. O Last.fm, sim, revolucionou a maneira como as pessoas lidam com a santa música de cada dia. <http://www.lastfm.com.br>


MP2

Obituário do samba O samba já perdeu quase tudo: seu glamour, garra, aquele arrepio de entrada de avenida. E no dia 16 de Junho de 2008, perdeu uma voz, a mais importante para seu desempenho. José Bispo Clementino dos Santos, para nós Jamelão, realmente aumentava o nível do samba-enredo, quase sempre ironizado por muitos críticos pela forma que os “puxadores” o interpretam. Claro que sobre a interpretação de Jamelão, não se emitia um “ai” sequer! Respeito, já ouviu falar? Não é todo dia que encontramos uma figura que tenha prestado um enorme serviço de fortalecimento da cultura e identidade nacional por tanto tempo. A nossa festa da avenida, nossa Broadway ao ar livre está no CTI. Seja o tráfico de drogas ou maracutaias explícitas das escolas para ganhar desfiles. Onde deveria ter muitas cores está sem cor, sem alma, quase invisíveis. O que fica são as brigas de patrocínio, a celebridade da bateria da vez e só aguardar o resultado “gabaritado”. Quem devia estar curtindo o carnaval, dentro da apoteose, está fora, quem deveria estar longe de cargos presidenciais, está com o poder. Sem mais o que fazer, Jamelão aos 95 anos se foi – aqui jaz o coração do samba.

A caneca de Leci Leci Brandão marcou a figura da mulher no samba – foi a primeira mulher a participar da ala de compositores da Mangueira – e sempre foi muito respeitada por isso e por sua postura política. Umas das que sempre relembra que o carnaval é a festa do povo e não dos VIPs. Essa postura política lhe causou alguns problemas como ser afastada da grande mídia do Rio. Por conta disso, sua música parou de ser executada em rádios cariocas e a cantora decidiu partir rumo a São Paulo no ano de 1997,onde tem maior projeção e valorização. Leci Brandão lança seu novo cd “Eu e o Samba”, sendo um dos nomes mais populares da música e do samba, todos, em qualquer etária sempre souberam quem ela é . Prova disso é que a nova geração toda disputa a presença dela, já virou hábito. Mas foi só este ano que pela primeira vez, a artista conseguiu fazer uma apresentação, literalmente solo, na casa de espetáculo Canecão, onde sempre deu pinta somente como convidada . Isso é que é um contra-senso de marca maior, pois a banda de Joelma e Chimbinha, a Calypso, sem a metade da experiência e significação de Leci, já teve o Canecão inteirinho pra si, tá? (Rima que dá samba) O show contou com a participação de Arlindo Cruz e o grupo de dança Afro Atitude. Uma de suas músicas do novo cd se chama “Mulher de fibra”. Praticamente uma luva.

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COM ÁGUA NA BOCA

Com o inverno, as sopas chegaram As sopas são uma ótima pedida para dias mais frios, quando o que importa mesmo é se aquecer!

Fernanda Machado e Tereza Machado

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o inverno, nosso corpo pede alimentos que possam nos aquecer. Nada mais natural em dias frios. Ao mesmo tempo, é preciso ter muita força de vontade para manter o peso, pois é nessa época do ano que temos maior vontade de comer alimentos calóricos, como o chocolate. Para a estação mais fria do ano, as sopas são o tipo de alimento mais indicado pelos nutricionistas. Além de serem simples de preparar, as sopas são altamente nutritivas, de fácil digestão pelo organismo, além de apresentarem um visual fino e bonito. A sopa é uma das maiores invenções culinárias da humanidade,

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criada após a descoberta do fogo pelos homens pré-históricos. Nesta época, eram os caldos que foram primeiramente preparados. Ao passar do tempo, novas idéias transformaram as receitas dos caldos nas sopas que conhecemos hoje. Muitas pessoas têm uma idéia errônea sobre o valor nutricional das sopas, achando que elas não alimentam, apenas porque sua digestão é mais leve e, portanto, se processa de forma mais rápida. Amigos leitores, já é bem conhecida a frase que diz: “nós somos o que comemos”. Dessa forma, se almejamos uma saúde equilibrada que nos dê uma vida melhor com mais energia é necessário começar uma reeducação alimentar, cuidando do tipo de alimento que ingerimos.

É só pensarmos em nossos ancestrais indígenas e analisar a sua base alimentar para ver que na natureza encontra-se a receita mágica da saúde. Quanto menos industrializada for a alimentação, você consumirá menos corantes, menos acidulantes, espessantes e outras químicas adicionadas aos produtos vendidos prontos nos supermercados. Portanto, nada de preguiça! Vamos para a cozinha e mãos à obra. Nesta edição, apresentamos duas receitas de sopas que fazem o maior sucesso no inverno: caldo verde e sopa de batata com cenoura. Esta última é uma contribuição de nossa leitora e amiga Adilse Koerbel, do Paraná. Valeu, Adilse! Bom apetite!


Com água na boca

RECEITA Nº 1: CALDO VERDE Ingredientes: 8 batatas grandes Uma cebola grande, bem picada 4 dentes de alho, bem picados Salsa bem picadinha Um molho de couve ou ½ pacote de couve já cortado Uma lingüiça de paio grande cortada em pedaços 3 colheres de sopa de azeite Sal a gosto Modo de Fazer: Lave bem as batatas antes de retirar a casca. Descasque-as e corte-as em cubinhos, reserve-a s na água para que não escureçam. Refogue no azeite a cebola e o alho. Adicione a lingüiça de paio, já cortada. Deixe-as refogar bem. Adicione as batatas, coloque água suficiente para cozinhá-las. Adicione o sal após provar o sabor da sopa, pois a lingüiça de paio já contém sal. Quando a batata estiver se desmanchando, vá mexendo e amassando os pedaços que estiverem ainda inteiros. Quanto mais tempo ficar no fogo mais as batatas se desmancharão sozinhas. Quando estiver pronta, depois de lavar bem a couve, jogue-a por cima, junte salsinha, e deixe apenas dar uma fervura, ao sentir que a couve está macia desligue o fogo, enfeite seu prato com a sopa.

RECEITA Nº 2 – SOPA DE BATATA COM CENOURA Ingredientes: ½ kg de carne de costela 300 g de coração de frango com sal 10 batatas médias cortadas 5 cenouras cortadas Salsa e cebolinha (para servir) 2 colheres de sopa de manteiga 3 colheres de sopa de farinha de trigo Sal e pimenta a gosto Queijo fatiado (para servir) Modo de Fazer: Cozinhe a carne. Quando estiver macio, acrescente os outros ingredientes, menos a manteiga, a farinha de trigo, a salsa e a cebolinha. Deixe cozinhando tudo até ficar no ponto. Coloque tudo no liquidificador, exceto as carnes. Adicione farinha de trigo. Aqueça a manteiga numa panela. Coloque o conteúdo do liquidificador na panela e reaqueça a sopa com as carnes. Sirva a sopa polvilhada com a cebolinha e salsinha picadas e fatias de queijo

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Bonsucesso Comunicação: “nós inventamos o pingo no “S”” Ou você acha que só o “i” e o “j” tinham pingo? Então você acha que já sabe tudo? Lógico que não! E nós também! Mas fazemos de tudo para ir além. Tudo com liberdade e criatividade. Então, basicamente temos: 1.

2.

3. O pingo no “S”

Nossa missão Levar sua marca a um novo patamar, através de estudos e utilização de diferentes meios, como a criação de web sites, desenvolvimento de identidade visual, material gráfico e audiovisual, facilitando o processo de comunicação entre empresa e cliente. Além disso, fazer parcerias com empresas que não tenham um setor de criação formado, mas que queiram atrair clientes em potencial e produzir trabalhos na área de design e publicidade. Nossos serviços Trabalhamos com mídia impressa, criação de peças gráficas para revistas, outdoors, comunicação visual e diagramação. Fora do papel trabalhamos com criação de sites dinâmicos, hotsites e conteúdo multimídia. E, finalmente, criamos conteúdo audiovisual, que vai desde peças publicitárias para TV até produção de documentários e vídeos musicais.

...E você achando que a vida era difícil.

+55 21 2425-2843 | contato@bscomunicacao.com.br | www.bscomunicacao.com.br


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