Revista Dinâmica | Edição 03

Page 1



EDITORIAL

Mais uma edição, mais um momento de profunda alegria. Estar com você, prezado leitor, que já nos impulsiona a crescer com seus comentários e incentivos elogiosos, é sempre um prazer renovado. De seu lado a curiosidade, do nosso o compromisso. Em nome de toda a Equipe da Revista Dinâmica quero deixar o agradecimento por sua fidelidade à nossa Revista. Nossa parceria é algo que muito nos honra. Nesta terceira edição, teremos alguns destaques interessantes. Se você pensa que está seguro em seu computador porque tem um potente antivírus, atenção. Não só os vírus derrubam seu PC, as peças têm componentes eletrônicos que podem dar defeito, aprenda com o artigo de Oswaldo Grimaldi o que se deve fazer: Backup! Com Fernanda Machado e Tereza Machado, temos a seção de culinária que nos deixará de água na boca, hum! Só que você nem pode imaginar o que Fernanda nesta edição inventou. Você gosta de miojo? Sim? Nossa, então vá lá rapidinho e descubra o sabor da emoção! Liz Motta já é um nome dentro da nossa Revista, uma Historiadora com um trabalho atuante junto à comunidade de atendimento às Mulheres Vítimas da Violência. Acabou de criar, junto com um grupo de outros profissionais um núcleo de atendimento chamado “Grupo Severinas”. Confira o que esta baiana tem para nos contar em suas colunas “Embates de Debates” e “Contos e Crônicas”. O Fascínio dos Mitos, parte 2, nos vem mostrar um aspecto da Mitologia, de um modo que só Mário Nitsche poderia fazer, é o nosso escritor consagrado pelo sucesso de seus livros! Kiko Mourão dá uma bela amostra de sua competência na área de Direito, veja em “O direito de discordar, o dever de respeitar”. Vale à pena! Ainda temos Tereza Machado, Fernanda Machado, Christian Lopo e Liana Dantas em outras colunas, falando-nos sobre Música, Televisão, Arte e Educação. O nosso trabalho acaba aqui, mas o prazer da realização com o carinho que você, leitor, merece, continua. Já estamos pensando na quarta edição. Até lá.

Tereza Machado

Revista Dinâmica 3


´ INDICE Editorial Cartas Colaboradores Crônicas e Contos Educação e Formação Desconstruindo a Arte Mitologia Tecno+ Embates e Debates

3 5 6 7 8 11 12 15 17

Fazendo Direito 20 Imagem e Ação 23 MP2 26 Com Água na Boca 28

Não chore por mim, Brasil Inclusão escolar: um grito social Fundação Iberê Camargo O fascínio dos mitos, parte 2 O backup nosso de cada dia Mídias X Mulheres: espancadas, “atoladinhas” e afins O direito de discordar, o dever de respeitar Cada um no seu quadrado Festival de Montreux é invadido por brasileiros As mil faces do macarrão instantâneo

Diretora de redação: Tereza Machado. Redatora-chefe: Fernanda Machado. Diretor de arte: Chris Lopo. Jornalista responsável: Thiago Lucas. Editores: Chris Lopo, Fernanda Machado e Tereza Machado. Projeto gráfico: Bonsucesso Comunicação. Diagramação: Chris Lopo. Imagens não creditadas: Jupiter Images. Projeto inicial: Antônio Poeta. Anunciantes: anunciantes@revistadinamica.com. O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores. Website: www.revistadinamica.com 4 Revista Dinâmica

Próxima edição: 01 de agosto de 2008


CARTAS

Olá! Meu nome é Priscila. Faço parte de algumas comunidades sobre vigília pelas vítimas infantis e foi através delas que tomei conhecimento da revista.

Infelizmente, a cada dia, temos um absurdo novo sobre o qual temos que refletir e lutar; como se não bastasse não esquecer e sobreviver aos anteriores. Tenho me sensibilizado e me indignado mais e mais com acontecimentos e valores (?) que me parecem tão desnecessários uma vez que não somos animais irracionais, temos o dom incrível de nos comunicar e pensar. A consciência de que “não se deve fazer com os outros o que não gostaríamos que fizessem conosco” e de que “os meus atos afetam direta ou indiretamente a todos no mundo e, portanto, a responsabilidade de suas consequências é sim minha” não me parece tão difícil assim. É muito duro entender por que as pessoas simplesmente não pensam... Ter consciência da nossa realidade é imprescindível e dói um bocado. Aprender mais sobre a nossa verdadeira cultura tem me ajudado muito nesse processo. Entendo que tornar as pessoas

conscientes é o primeiro passo e talvez ainda mais difícil que mudar leis e torná-las funcionais. É um processo, uma luta diária nos mínimos detalhes... São séculos de maus-hábitos, né?! No fundo, no fundo, só trata-se disso: os pequenos gestos do dia-a-dia que são simplesmente atropelados... A Revista Dinâmica, assim como as artes e a educação são alguns exemplos e meios desse processo de consciência. Mas honestamente, tenho a sensação de que não temos muito tempo. Estão todos se matando feito loucos! A urgência de mudanças exige ação concreta. Tenho 24 anos e quero ver muito pela frente! A conscientização sozinha não me soa suficiente no momento. Quero e tenho que fazer algo, além de falar, escrever e me manifestar, essas coisas já são naturais... Então, venho aqui pedir ajuda mesmo. Eu quero agir e não sei como nem onde. Preciso ver acontecer, pra respirar melhor, sabe? E por falar em ação, há algumas semanas, fiquei sabendo na faculdade da nova norma do MEC: modular os cursos! Imagino que você já saiba sobre isso... Acho um absurdo! É correr pra trás num

sistema de ensino que já possui milhares de falhas! Então, já que a ordem das disciplinas não faz diferença no processo de aprendizado, o trabalho de um diretor de um curso não tem a menor importância?! Bagunça total! Foi curioso ver a diferença de pensamento de professores de diferentes disciplinas e perceber o que rege seus valores: a professora de psicologia achando um absurdo e fazendo cara de ‘Que país é esse?!’; já a de marketing, achando muito normal, válido e econômico (?!), ‘É a única maneira das universidades sobreviverem!’, disse ela. Aff! Só rindo... Não acho que seja nada simples lutar contra uma norma estabelecida pelo MEC, mas... Quem foi que disse que lutar é simples, né?! Penso que alguma coisa precisa ser feita para reverter isso ou nós estaremos a um passo do ensino superior se tornar ‘qualquer coisa’! Parabéns pelo trabalho! Priscila Leal Nota do Editor: A leitora Priscila nos informou também sobre o movimento Free Hugs. Estamos estudando seu funcionamento para fazer uma reportagem completa sobre o assunto.

Participe enviando suas mensagens para o endereço contato@revistadinamica.com Envie seu nome completo, cidade e estado onde mora

Revista Dinâmica 5


COLABORADORES

Mario Nitsche (marionitsche@revistadinamica.com) Curitibano, dentista por profissão, filósofo por opção. Publicou o livro Descanso do Homem em novembro de 2005.

Liz Motta (lizmotta@revistadinamica.com) Baiana e apaixonada por história. Especialista em políticas públicas, produz artigos sobre violência contra a mulher.

Liana Dantas (liana@revistadinamica.com) Carioca. Estudante de jornalismo. Começou cursando Letras e hoje pensa na possibilidade de vender cosméticos.

Fernanda Machado (fernanda@revistadinamica.com) Carioca. Cientista da computação e apaixonada por design. Trabalha em sua própria empresa de comunicação.

Kiko Mourão (kikomourao@revistadinamica.com) Mineiro de Belo Horizonte. Estudante de direito. Além de fazer estágio na área também trabalha com sua maior paixão: a música.

Oswaldo Grimaldi (oswaldo@revistadinamica.com) Paulista. Tem certificação Microsoft (MSCE) e dedica seu tempo livre a estudo sobre tecnologia e filmes de terror.

Tereza Machado (tereza@revistadinamica.com) Cearense. Professora universitária, consultora educacional e estudiosa das questões metafísicas.

Chris Lopo (chris@revistadinamica.com) Gaúcho. Trabalha com web design desde 1997. Hoje é, além de web designer, designer gráfico, ilustrador e tenta emplacar sua banda de rock.

6 Revista Dinâmica


CRÔNICAS E CONTOS

Liz Motta

É

inacreditável o que vemos de uns anos para cá no Brasil. O aumento da criminalidade e a distorção dos princípios humanos dão o tom à sociedade, que acuada se acastela em condomínios fechados e assiste a tudo agradecendo por não ser a bola da vez. As ruas não pertencem mais aos cidadãos, nem o dia e nem a noite. Não é mais seguro ir à esquina comprar pão, sabese lá se encontraremos um tiroteio no meio do caminho ou uma falsa blitz, ou ainda se um corpo estendido na calçada prenunciará uma bala perdida há minutos atrás. Vivemos num estado de sítio permanente e indefinido e, cada vez que a imprensa anuncia uma vítima, pensamos: perdemos mais um/a.

Mas, o mais preocupante é a total banalização da violência, a repetição dos fatos e forma como assistimos a tudo sem mexer um músculo, sem fazer nada. Não sabemos o que fazer, não sabemos em quem confiar e tudo se torna comum demais, prosaico demais. O Brasil chora as vítimas e os mortos diários e prossegue na luta histórica por dignidade e honra. Uma luta injusta, haja vista que o narcotráfico e a corrupção se tornaram um viés capitalista para aqueles que almejam o ganho fácil e a ascensão social em curto prazo. Realmente não dá para competir tendo como armas o salário

Não chore por mim, Brasil Um país acostumado com a violência de cada dia mínimo de R$ 415,00 e um déficit educacional que só aumenta a cada ano. Alguns aliados desta luta, mães e pais, cegos de dor, pedem justiça e lamentam, sobre os corpos dos filhos, tanta impunidade; chorar um filho não é a lei natural das coisas. Filhos são a projeção do futuro que talvez não venhamos a conhecer. Filhos trazem consigo a mensagem de continuidade e de esperança. Destarte, como explicar à natureza a perda lastimável de um filho? Como explicar a si próprio que, devido à deformidade moral de alguns, terá que enterrar o ser mais importante de sua vida? E que vida? Não existe mais vida. A situação é mais grave do que imaginamos, já que num país onde crianças não estão seguras, política é antônimo de ética, a polícia virou bandida e o narcotráfico é o “negócio da China” há que se parar para refletir; ou melhor, agir. Sim, pois de análises as Academias já andam lotadas, tem muito “intelectual” que já encheu as “burras” escrevendo neologismo barato e inútil. Urge que o povo brasileiro faça alguma coisa, diga não a violência, mas não com passeatas regadas a água mineral Perrier ou sob os holofotes das revistas de

final de semana ou ainda doando fundos para essa ou aquela instituição de caridade para aliviar o peso da omissão. A ação consciente e cidadã é um ato individual que traduz a necessidade de se colocar diante de um problema ou situação; é a visão crítica e contínua dos parâmetros que norteiam a sociedade. É a participação política e a negação da alienação. Habituamo-nos a jogar a sujeira embaixo do tapete, a adiar o problema para o dia seguinte e, principalmente, a não lembramos em quem votamos nas últimas eleições. Em nossa subjetividade o ato de votar é uma mácula num feriado que poderia ser perfeito. Esquecemos que é apenas uma questão matemática, se o meu voto se somar ao seu... Já vi muita gente fazendo campanha para o voto nulo, em minha opinião votar nulo é como ir a Paris e não conhecer o Louvre. E para além, se fomos capazes de destituir um presidente da República somos capazes de escolher pessoas que possam nos representar e lutar pelo bem estar de toda a sociedade. Se o meu voto se somar ao seu...

Revista Dinâmica 7


EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

Inclusão escolar: um grito social

A inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais nas escolas

Tereza Machado

H

á alguns anos, quando me encontrava como Dinamizadora de Cursos para Coordenadores Pedagógicos, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, deparei-me com o início da Inclusão Escolar de crianças Portadoras de Necessidades Especiais. Foi um começo difícil porque não havia professores ou escolas em número suficiente para a inclusão de todas essas crianças que se encontravam fora das escolas. Trata-se aqui da classe menos privilegiada da população, que não pode manter seus filhos em escolas particulares pelo valor das mensalidades.

8 Revista Dinâmica

A Secretaria tinha uma boa estrutura, porém insuficiente para dar suporte às escolas com alunos enturmados em classes normais. Tenho sempre problema com essa palavra “normal”. Que parâmetros se pode eleger para dizer o que é ou quem é normal? Depende de tantos critérios, que fico com a música do Caetano Veloso que diz “(...) De perto ninguém é normal (...)”. Essa palavra me incomoda no momento em que a sociedade acaba afastando da convivência social as crianças que não se encaixem no rótulo de normais. Há uma discriminação que, com o trabalho realizado pelo Governo, vem diminuindo. A força do trabalho educacional é muito grande. As pessoas não têm noção do que a Educação é capaz de vencer com seus conhecimentos e persistência.

Entretanto, quando falamos da força da Educação, estamos falando de algo subjetivo, impessoal. Na verdade, existe a força das pessoas envolvidas na Educação, os chamados Profissionais da Educação. Essa força nem sempre é pressentida nem mesmo pelos próprios profissionais Começa o nosso problema. Não há, em estado nenhum do Brasil, uma Secretaria de Educação que consiga enturmar todas estas crianças que necessitam de cuidados especiais por inúmeros motivos, muitas vezes alheios ao desejo de bem atender: 1º: Os prédios, em sua grande maioria, não são adequados a estas crianças, não possuem rampas, cadeiras de rodas em número suficiente. A maioria tem apenas


Educação e Formação escadas e poucas são as que têm apenas um andar.

crianças que requeiram cuidados especiais.

2º Não há professores itinerantes suficientes para darem cobertura às redes escolares públicas para levarem apoio pedagógico aos professores destas turmas.

É um problema social, além de educacional. As famílias destas crianças precisam também ser assistidas por especialistas para darem continuidade no lar ao tipo de educação que essas crianças necessitam.

3º: São raríssimos os cursos que formam, em Pós-Graduação, Professores para a Educação Especial Inclusiva. 4º: Os professores ficam receosos de lidar com estas crianças por não se sentirem com conhecimento adequado sobre suas síndromes ou deficiências especiais. Há outros itens, mas julgo serem esses os principais. Se já é difícil o processo ensino-aprendizagem em classes ditas “normais”, imaginese este processo numa turma com uma ou mais

Falta muito para se obter uma educação de qualidade nas escolas públicas, mas falta muito mais para incluirmos nesse processo, as crianças PNEs. Seria necessário que houvesse uma maior conscientização sobre o assunto. A Secretaria de Educação poderia celebrar convênios com universidades e criar cursos de PósGraduação em vários locais para facilitar o acesso de professores aos mes-

mos. Acredito que este investimento incrementaria um trabalho produtivo, ordenado e mais tranqüilo na educação de crianças PNEs. As famílias deveriam receber assistência médica e psicológica sobre como educar em casa estas crianças. Só acredito num trabalho educacional de sucesso quando unimos a Escola e a Família. As duas partes precisam se conhecer e ter confiança mútua. O trabalho tem de ser desenvolvido em conjunto, para que estas crianças possam ter seus limites ampliados. Ninguém pode limitar o outro, ninguém pode dizer até o onde pode se desenvolver. Quantos casos já são conhecidos de pessoas que venceram seus próprios limites pela força de vontade e uma boa orientação? Lembro as palavras da pesquisadora e escritora Maria Teresa Eglér Montoan, em seu livro “Inclusão Escolar - O que é? Por quê? Como fazer?”: “(...) Estamos ‘ressignificando’ o papel da escola com professores, pais, comunidades interessadas e instalando no seu cotidiano, formas mais solidárias e plurais de convivência. É a escola que tem de mudar e não os alunos, para terem direito a ela! O direito educação é indisponível, por ser um direito natural, não faço acordos quando me proponho a lutar por uma escola para todos, sem discriminações, sem ensino à parte para os mais e para os menos privilegiados. Meu objetivo é que as escolas sejam instituições abertas incondicionalmente a todos os alunos e, portanto, inclusivas.” Revista Dinâmica 9


Educação e Formação Existe um problema ético que permeia todo esse problema de inclusão, há uma dimensão crítica, transformadora que passa por toda essa luta por uma inclusão escolar de PNEs de uma forma mais produtiva para todos. Não só as crianças sofrem quando não se pode dar um prédio adequado às suas necessidades, professores com conhecimentos que o possam ajudar a entender melhor seu tipo de problema, os professores sentemse mal em não atender muito bem às crianças que mais necessitam, essa era a queixa que se ouvia das professoras trazidas pelos coordenadores na época dos cursos. A família também fica abalada porque quer ajudar seus filhos a terem, no futuro, melhores condições de vida e, quem sabe, uma chance de serem incluídos no mercado de trabalho, uma necessidade crucial, pois depende a sobrevivência dos mesmos. O Brasil possui, pela última estimativa do censo, um contingente de, aproximadamente quinze milhões de Portadores de Deficiências Especiais. Que país pode desprezar esse enorme número de cidadãos sem atendê-los e procurar fazer dele um grupo feliz porque produtivo e participante do desenvolvimento? A inclusão não pode ser imposta por lei. Só isso não basta, a inclusão tem de ser imposta pela nossa consciência de cidadão em se responsabilizar por outros cidadãos que precisam de nós para alcançar seu lugar na sociedade. A inclusão é fruto de uma educação plural, democrática que derrube regras e crie outras que lhes 10 Revista Dinâmica

sejam favoráveis. É certo, que seu processo inclui uma crise educacional, inicialmente, pois desmonta um processo onde não havia espaço para essas crianças. Há a necessidade de se criar uma nova identidade de professor e aluno. O aluno inclusivo não se prende a modelos ideais, portanto necessita que os professores se reciclem para uma nova postura de lecionar, de organizar seu planejamento, lembrando sempre que há alunos que são deferentes, apenas isso. Afinal, mesmo numa classe chamada “normal”, as crianças são diferentes e aprendem de forma diferente. O convívio de crianças PNEs entre as ditas “normais” já traz uma grande contribuição social, porque ambas aprendem a lidar com a questão. Não só as inclusivas, mas as outras aprendem a lidar com diferenças maiores. Quando a professora aceita bem esse desafio há uma tendência para que as crianças também se esforcem e até ajudem com prazer o colega inclusivo. Este assunto é muito delicado, mas

não podemos deixar de encará-lo. É um problema a mais na nossa Educação já tão comprometida com o fracasso escolar das classes populares. Não é tarefa de um, só do Governo, da criança, do Professor ou da Escola. É um problema de âmbito nacional. Podemos melhorar as condições de atendimento a estas crianças sim, mas precisamos abrir novas frentes de Formação de Professores de Educação Especial Inclusiva, além de providenciar prédios escolares que estejam de acordo com a Lei de inclusão, onde essas crianças tenham livre acesso de ir e vir, democratizando os espaços escolares. Quanto mais preparados estiverem os Profissionais de Educação para enfrentarem a Inclusão, melhor será o efeito da mesma. O sorriso de uma criança que vai bem na escola é algo que não tem preço! (parafraseando um anúncio de cartão de crédito) Mudanças já!


DESCONSTRUINDO A ARTE

Iberê Camargo Uma pequena introdução sobre este artista brasileiro que acaba de ganhar seu próprio museu

Também foi um grande retratista. Chris Lopo Ele gostava de presentear os amigos que o visitavam com seus retratos. Entre as pessoas que foram berê Camargo é, entre pintadas estão o apresentador de outros artistas que eu gosto, TV Tatata Pimentel, a artista plásum aficcionado por desetica Mariza Carpes, Décio Freitas e nho desde pequeno. Começou Marchand. desenhando o galpão da casa da avó em Santa Maria, no Rio Suas séries mais famosas são Os Grande do Sul. Sua obra, no iní- Carretéis, Ciclistas, As Idiotas e As cio da carreira, era recheada de Linhas. Doente e de volta à Porto reproduções do cotidiano, ruas Alegre, ele passava horas e horas em que ele morava, detalhes da no Parque Farroupilha pintando as vegetação e reflexos dos rios. pessoas que ficavam passeando, ou simplesmente jogando tempo fora. Em 1942, ele ganhou uma bolsa de estudos e se mudou para o As Idiotas eram as pessoas que, Rio de Janeiro, mais precisacom idade avançada mas com saúmente para Santa Teresa. Cinco anos após, ele ganhou uma viagem à Europa pelo Salão da Pintura. Esta viagem foi transformadora, e mudou o seu modo de pintar pelo resto da vida. Conheceu pintores famosos como De Chirico, Carlos Petrucci e André Lhote.

I

Devido a uma hérnia de disco, descoberta em 1958, Iberê não podia mais andar pela cidade, então começou a se concentrar no que tinha ao seu alcance, como os carretéis que gostava de brincar durante a infância. Esta foi sua primeira marca registrada.

de, ficavam vegetando nos bancos do parque durante horas e horas, como se estivessem esperando a morte chegar. Este ano a Fundação Iberê Camargo ganhou uma nova sede, na Av. Padre Cacique, número 2000. Na próxima edição abordaremos o novo prédio que, além da beleza arquitetônica e de seu valor para a história da arte brasileira, ainda possui uma excelente vista para o Rio Guaíba, um dos mais belos pôr do Sol do mundo. Iberê faleceu em 1994, em Porto Alegre.

Motociclistas, de 1989

Revista Dinâmica 11


MITOLOGIA

O fascínio dos mitos

parte 2

Os mitos e a alma humana: histórias de Deuses que explicam a nossa vida

Mário Nitsche

O

s mitos são como cabides dentro da alma da pessoa e da espécie humana onde são colocados memórias, fatos, conceitos e perguntas chaves para o nosso desenvolvimento, não apenas como indivíduos ou cidadãos, mas como uma parte importante no universo criado. Na primeira crônica conjeturamos que tudo indica que uma lógica fora dos seus limites de ação e competência travestiu-se de um descendente de Trym, o rei dos trolls, raptou Freyja, a deusa de fertilidade, esterilizou-a e entronizouse no mundo enchendo-o de uma filosofia rasteira e circunstancial. Já que voltamos aqui para um bom papo, vou contar como tudo isso aconteceu. Não é verdade no absoluto do termo. É o que vejo e temos entre nós um ponto em comum. Estamos vivos, hoje num mundo fascinante e possuímos o 12 Revista Dinâmica

bonito e relevante poder de CRER em algo e colocá-lo numa boa conversa... e depois na vida. E está friozinho... Delicia... Ah é bom estar aqui, na sala ao lado da lareira. Mas foi assim que aconteceu que o mito e a filosofia sumiram. Era uma vez, numa época do mundo quando os homens e mulheres sabiam a diferença ente o Bem e o Mal. Mesmo sendo maus sabiam que o eram e se tinham poder se mantinham aí a ferro e fogo. Mas conscientes que eram maus. Se bons, lutavam para melhorar e mantinham uma ética até o fim e muitas vezes o fim era amargo. Pepinos havia sim. Desastres, traições, crimes. Só que ninguém vacilava entre o BOM E O MAU... e o Mal. O cara bom de Mal era mau e fim. Não havia o terrível... “depende de”... “tudo é bom”... “a minha é a que pinta”... “tudo numa boa, cara!”

Um dia na história dos homens tudo encaixou para que duas coisas fantásticas acontecessem num momento decisivo. 1- Surgiu o império romano. Um portento. Um fenômeno. Ordem, organização, poder, domínio. Leis que até hoje são atuais. Poderio no campo de batalha herdado dos gregos. E... a pax romana. Inimitável. Eficiente... Em um país subjugado, alguém era eleito um preposto para inglês ver. Um romano mandava por trás dele. Os romanos topavam os costumes, os jeitos e as idiossincrasias da cultura contanto que os impostos fossem pagos e no essencial fossem obedecidos. Dúvidas? Vinham os negociadores... Mais dúvidas e vinham as legiões. Mil anos eles mandaram. 2 -Durante o Império, numa cidade pequena em Israel, Belém, sob a égide romana, nasceu um homem também impressionante. O Chris-


Mitologia tós. Nunca intentou montar uma igreja como conhecemos hoje. Escolheu alguns amigos para andar com ele. Ensinou, cuidou, ajudou pessoas. Tinha uma maneira pessoal de fazer isso. Ensinou princípios importantes de vida e não gostava de multidões. Dele rolou um movimento de pessoa a pessoa que um dia chegou ao coração do Império: Roma. Uma espontânea e bonita onda! Um dia um romano ilustre viu que muitos dos seus soldados eram simpatizantes ou criam naquele homem. Às vésperas de uma batalha “sonhou” – não sei porque grandes e inteligentes líderes “sonham” com algo importante antes de uma batalha ou eleição - com um símbolo que ele relacionou ao movimento do nazareno. Comunicou as suas tropas adotando o símbolo. “In hoc signo vinces”. Venceram.

de alguns séculos colocaram a ameaça sob controle.

À medida que o império romano caminhava em direção a um colapso, um outro império atemporal romano crescia numa superestrutura que não tinha nada a ver com o nazareno, mas usava o nome dele muito bem.

Assim estamos.

E então, alguns nomes na ciência que tinham a mesma mentalidade daqueles que construíram o segundo império religioso, a decretaram, a ciência, como a verdade final e mataram – será? – os mitos, a poesia e a filosofia... Não eram coisas práticas e nem sempre somando 2+2 era igual a 4. E você sabe que 2+2=4! Sabe? Nem sempre. Uma pessoa com uma visão mais ampla + outra pessoa com a mesma qualidade de visão é = um mundo e mudanças!. Conseqüência do ultimo passo é que hoje não há mal... Tudo é relativo e se justifica. Tudo lógico. Até a justiça perdeu-se no meio dos milhares de livros da lei.

Thor tinha um amigo do peito. Loki. Cara legal. Mas muito da-

nado... Se tirassem os olhos dele, aprontava para valer! Meio Lókão. Numa caminhada Lóki achou uma cobrinha. Gracinha de serpente. Começou a cuidar dela. Cuidava e ela crescia, crescia... crescia. O tempo passou. Um dia Thor descobriu que bem ali, próximo a ele estava se formando um mal imenso! Sabia que a serpente ia crescer tanto que iria dar a volta à Terra e um dia morder a própria cauda. O guerreiro preparou-se. Subiu no seu carro de combate puxado por quatro grandes bodes negros como a noite e partiu para a batalha. Não sei descrevê-la como deveria, fazer justiça a ela. Foi formidável, magnífica e sublime... E Thor lutou com sua força, inteligência, garra e sua arma mágica. A sua última batalha. O grande Thor morreu em combate. E a serpente continuou crescendo, crescendo e hoje abraçou todo o nosso mundo. Pelo Jornal Nacional e congênere, sei que ela já está cansada e irritada de morder a própria cauda e

Na idade média o novo império “espiritual” mostrou bem a que veio. Matou, torturou homens e mulheres e crianças impondo sobre todos uma forma religiosa de pensamento. Atacou a jovem ciência que nascia. Desceu um braço pesado de horror indescritível com suas fogueiras onde queimava pessoas que tinham pontos de vista diferente. A ciência reagiu e alguns nomes ilustres como Descartes, Pascal e outros fizeram frente à insanidade religiosa. Uma luta árdua e depois Revista Dinâmica 13


Mitologia descobriu que há coisas bem mais interessantes para abocanhar! É... Começa-se agredindo a si próprio e depois vêm os outros... Um princípio como a Lei da Gravidade. Ela, a cria de Lóki, A Grande Serpente viu que há todo um mundo disponível. Muitas vezes sentado aqui ao lado da nossa lareira passa pela minha mente que um grande herói surge, luta ferozmente para matar um demônio... e depois fica no lugar dele. Thor, felizmente, morreu nobremente na luta. Os chineses têm um provérbio: “o homem que caça dragões, ao final, fica parecido com um deles!”. Muito provável que essa é a coluna dorsal da grande serpente!

Quem sabe se por essas & outras o grande homem que nasceu em Belém, conscientemente caminhava com o pai – como ele dizia - e com alguns amigos. Fugiu de ser aclamado rei e nunca fundou nada. Sonhava com amigos se multiplicando num processo de espontaneidade, pessoalidade e ajuda uns aos outros. Os documentos do novo testamento contam que no alto, na cruz, próximo à morte ele olhou e viu alguns amigos, sua mãe e o seu amigo pessoal aos pés dele olhando-o. Falou a eles:

bem melhores na sua mente do que impor sua vontade ou criar impérios ou instituições. Mas como ficam os mitos, a arte e a filosofia? Uma outra história... uma outra história! E com direito a lareira...

“Mãe olha, aí está o seu filho”. E depois ao amigo: “Cara aí está a sua mãe”. E o amigo cuidou da mãe dele até o fim. O que mostra que ele tinha coisas

“Os chineses têm um provérbio: ‘o homem que caça dragões, ao final, fica parecido com um deles!’. Muito provável que essa é a coluna dorsal da grande serpente!”

14 Revista Dinâmica


TECNO+

O backup nosso de cada dia Fuja do pesadelo da perda de dados importantes, sejam eles dados da empresa ou fotos da família Oswaldo Grimaldi

N

as empresas que forneço consultoria, na maioria das vezes me perguntam: Qual a necessidade real do Backup (cópia de dados de um dispositivo para o outro com o objetivo de posteriormente recuperá-los, caso haja necessidade ou algum problema com os dados originais)? É mesmo necessária? Como faço o backup? Qual software utilizar? Diante dessas questões, vou tentar explicar um pouco sobre a importância do backup. Imagina a seguinte situação doméstica: Com a popularização das máquinas digitais, aprendemos que revelar fotos é coisa do passado (ou se for mais novo, algo do tempo do seu pai). Temos o hábito de armazenar centenas de fotos no nosso computador e deixá-las guardadas, seja para mostrar para alguém ou recordar dos momentos passados. Você acorda no outro dia e lembra que precisa passar as fotos para

uma amiga e quando você liga o computador ele simplesmente não inicia. O desespero toma conta e você tenta de qualquer forma recuperar os dados. Nada parece dar certo e você começa a falar mal o sistema operacional (como se ele tivesse culpa da sua irresponsabilidade). Em resumo, seu HD pifou e tudo ali está perdido, e, por essa razão chamo de irresponsabilidade a falta de uma rotina de backup. Você tem algumas saídas: 1. Você tem o hábito de fazer backup, mas o último que fez foi há 4 meses. Em certo ponto é um bom sinal, pois você não perdeu todas as fotos, mas algumas centenas se foram e nunca mais você poderá vêlas novamente.

todos os seus arquivos (incluindo suas fotos) de volta. Lembrando que um HD (hard Disk) de 160GB fica em torno de 2500 reais para recuperação e a empresa NÃO garante recuperar todos os dados. Vamos pegar esse exemplo acima e levar para um ambiente coorporativo. Imagina o estrago? Documentos, e-mails, contratos e tudo foram por água abaixo (eu já vi muito isso em pequenas empresas), isso é, todo o capital intelectual da empresa e dos seus funcionários morreram e você será obrigado a gastar o que a empresa pedir para recuperar os dados.

2. Tentar recuperar os dados com softwares pagos. 3. mandar para um centro especializado de recuperação de HD. É uma excelente idéia e você terá Revista Dinâmica 15


Tecno + Ficou clara a importância da rotina de backup? Em uma pesquisa realizada pela PC Magazine <http://www. pcmag.com>, 35% das pessoas não fazem cópias de segurança de arquivos digitais armazenados no seu computador, apesar de já terem perdido 50% dos dados no passado. Algumas dicas para planejar seu backup - Criar uma postura que o backup é necessário e você ira começar hoje, pois, amanha pode ser tarde. - Faça o backup regularmente, de preferência 1 vez por semana. - Tenha sempre algum local para armazenar os dados (Isso depende do tamanho dos dados que tem no seu computador. O Backup pode ser armazenado em dvd-r, cd-r, HD externo ou outra mídia removível) - Ter a consciência de dar continuidade ao backup, e parar o que estiver fazendo para que possa transferir os dados sem que haja erro de cópia dos arquivos. Os erros mais comuns nos backups: - Fazer o backup no mesmo disco rígido (HD). Não é recomendável, pois se o HD pifar, seu backup, obviamente, pifou também. - Depois de um tempo fazendo o backup e por nunca ter utilizado as pessoas desistem de fazer e acham “banalidade” perder tempo com backup. E é justamente depois dessa atitude, que o computador resolve te ensinar, de que, é ne16 Revista Dinâmica

cessário o cuidado com os seus dados. Se um dia você perdeu uma máquina, com certeza sorriu ao ver seu backup num dvd na estante de casa. - Fazer o backup no DVD ou CD e não etiquetar com a data do backup. Muitas pessoas utilizam softwares para fazer backups, outras utilizam o processo de gravação de dados (no caso de CDs e DVDs) ou ctrl+c, ctrl+v no caso de um HD externo. Para quem vive se perguntando, eu tenho muitos dados e quero fazer um backup automatizado, como faço? Eu vou dar dicas de alguns softwares para uso domestico (já utilizei todos mencionados). - NTBackup – Backup simples residente na plataforma Windows. Para acessar, clique em: Iniciar – todos os programas – acessórios – ferramentas do sistema – Backup - Cobian – Backup gratuito e bastante eficaz. O melhor backup gratuito no momento. (freeware). <http://www.educ.umu. se/~cobian/programz/cbSetup. exe> - Genie Backup – Um poderoso backup que tem ferramentas para usuário domestico e empresarial. Veja mais informações em: <http://www.genie-soft.com> (shareware) Backups Online: (é necessário uma conexão rápida)

- Mozy Backup: Cadastre-se e tenha direito a uma conta com 2GB de backup. É necessária a Instalação de um aplicativo no seu PC (não se preocupe, os dados são criptografados) e deixa seus dados guardados em um servidor seguro. Fácil utilização e instalação. Clique a conheça: <http://www. mozy.com> (freeware para conta de 2GB, caso necessite de espaço maior, consulte a tabela no site). - Idrive: No mesmo estilo do mozy, com direito a uma conta com 2GB de backup. É necessária a Instalação de um aplicativo no seu PC (não se preocupe, os dados são criptografados) e deixa seus dados guardados em um servidor seguro. Conheça: <http://www.idrive. com> Espero que tenha ajudado na sua decisão em fazer backup e que esses softwares possam tornar o seu dia a dia mais eficaz. Caso tenha alguma duvida sobre os softwares listados ou sobre backup, entre em contato conosco através do e-mail ou na seção cartas do leitor. Um grande abraço!


EMBATES E DEBATES

Mídia vs. Mulheres Espancadas, “atoladinhas” e afins, como a mídia explora o sexo feminino

Liz Motta

A

mulher sempre foi relegada aos porões da História. Sua trajetória, conquistas e lutas foram suplantadas pelos “feitos heróicos” dos machos brancos do Ocidente. Conseqüentemente, a construção da imagem feminina para o mundo e, que transita no discurso midiático até os dias atuais é carregada de estereótipos, injustiças e incongruências. Segundo Soares e Carvalho “historicamente, a identidade feminina é definida por suas atividades de mãe e esposa, apesar da revolução sexual, do acesso à vida profissional e das buscas pelas quebras de preconceitos e da submissão feminina, ainda hoje percebemos no discurso de mulheres sua posição enquanto mãe e esposa como sendo um atributo natural do gênero

feminino.” (2003, p. 40) Trazendo na bagagem este “fardo” histórico, a tentativa de abordar a idéia de mulher nos meios de comunicação brasileiros propõe tratar, também, de dois conceitos que caminham de mãos dadas: violência e raça. É indiscutível a existência deste tripé na intermidialidade e, por conseguinte, na distorção da realidade brasileira. O Brasil é um país onde, pelo menos, 50% da população é negra (SANTOS, s/d, 208) e há 100 mulheres para cada 96,6 homens (Folha UOL); e ainda assim, após os anos de chumbo, reina o exclusivismo branco às concessões dos principais meios de comunicação (p. 204). Diante de tal realidade, a imagem das mulheres, negros e afro descendentes são construídas de forma equivocada,

caricata e preconceituosa. Atendo-me às mulheres, de modo geral, a representação que lhes é imposta pelas mídias corrobora uma condição degradante, vitimizante e submissa. Os meios de comunicação de massa; ou seja, os de maior alcance junto ao grande público, em especial a televisão, produzem e reproduzem estereótipos culturais que só fortalecem a exclusão e a violência de gênero. As informações transmitidas tendem a formar opiniões e eleger um determinado estilo de vida, cultura, raça e sexo como matriz norteadora da sociedade. Destarte, o modelo ideal é homem, burguês (utilizando um termo marxista para o adjetivo “rico”), ocidental e Revista Dinâmica 17


Embates e debates branco; os que não se enquadram nesta matriz: negros, mulheres, índios, homossexuais e pobres, são sumariamente descartados. A televisão é feita para o modelomatriz, para o seu entretenimento e informação. A formulação televisa descrita acima, trata a mulher de forma superficial e humilhante, apenas como um objeto sexual, mãe e propriedade do homem, empalidecendo uma trajetória de lutas, produtividade e importância nos processos históricos da humanidade. Neste sentido, Umberto Eco afirma que a percepção do mundo, via imagem televisual, tende a hipertrofia. É superior à capacidade de assimilação das pessoas, realizando-se por via sensorial (e não conceitual), portanto, não enriquecendo a imaginação, mas impondo-se como realidade imediata, subvertendo a própria relação entre passado e presente. (1993, p. 354-355) As novelas brasileiras, famosas em vários países, são reflexos fiéis e sintomáticos para constatação dos preconceitos e estereótipos vinculados às mulheres. Os folhetins lançam moda, tendências e institucionalizam o erotismo; mas ainda conservam em formol, os romances de época ou as “heroínas” que abdicam de tudo em prol do bemestar da família. Com a desculpa de denunciar, alertar e conscientizar os telespectadores – lê-se “compromisso social” - as novelas reproduzem clichês habituais: a mulher negra sempre doméstica e falando errado ou a mulher negra fogosa e havida por homens brancos e ascensão social; à mulher branca é 18 Revista Dinâmica

reservado o papel de dona de casa, da mãe que se sacrifica, da agredida que será salva pelo mocinho igualmente branco; quanto ao negro, este pode ser bandido ou bonzinho (mas sempre paupérrimo que se apaixona pela mocinha branca); o homossexual pobre inocente e vulgar ou o homossexual rico, cínico e mal-caráter. Essas personagens transitam nos horários nobres e são assistidas por milhões de pessoas que cooptam imagens distorcidas pelo racismo e pelo machismo, alicerçadas por um maniqueísmo entorpecedor. Os programas criados com o objetivo de denunciar a criminalidade e as carências sociais são os carros-chefes das emissoras brasileiras no horário vespertino. Na tela, homens e mulheres negras são os atores principais, os papéis variam entre vítima e bandido (a) regados a muito sangue e violência, mas sempre, invariavelmente são pobres, da periferia, das invasões, do submundo das drogas. Tendo como gancho a condição de pobreza e a marginalidade; o outro bloco deste programas é dedicado ao assistencialismo e a “caridade” com a ajuda de patrocinadores e “amigos pessoais” dos apresentadores. Mais uma vez a televisão cumpre seu papel social de banalizar a violência e disseminar o preconceito racial e o machismo. O acordo tácito e velado que existe entre as concessionárias de áudiovisual, o governo e a elite da sociedade civil mantêm um silêncio ensurdecedor e os olhos fechados para a exclusão de mulheres e negros do universo midiático. Santos lamenta

a hipocrisia e o racismo [que] alicerçam as relações tidas como cordiais, entre brancos e negros no país, com o agravante geral da população negra em relação a incontáveis denúncias, pelos representantes dos movimentos negro e outros seguimentos organizados dessa comunidade, de repetidas situações de racismo e discriminação a que são submetidas. (s/d, 209) Se esta epígrafe for analisada de forma mais ampla, pode ser utilizada quanto ao descaso sobre as ações sexistas e machistas impetradas contra as mulheres. É lucrativo e cômodo manter a imagem do negro como uma ameaça à sociedade e as mulher como um ser apático e, quando necessário, sensual (haja vista as propagandas de cervejas e o carnaval); acredita-se ainda que “(...) o corpo aparece como um meio passivo sobre o qual se inscrevem significados culturais (...)” (BUTLER, 2003, p. 27). A partir desta crença músicas, folhetins, notícias e demais formas de comunicação são criadas temo como mote a mulher, dia após dia, enriquecendo o imaginário popular e, para além, e com mais gravidade, incitando a prostituição e


o tráfico sexual internacional. É um concerto de poucos, tendo como maestro a minoria branca. A mídia nada mais é que um instrumento unificador pelo consumo, pelo ter/ser e, aqueles (as) que não conseguem ter e portanto, ser resta apenas a exclusão social e a marginalidade. CONCLUSÃO Se analisarmos os demais meios midiáticos e a intermidialidade (rádio, jornais, revista, cinema, teatro, internet) seria necessária a produção de um livro. Nestas poucas laudas, o intuito não é apenas denunciar os abusos da mídia brasileira, pois isto já é fato corroborado por diversos (as) pesquisadores (as). Esta discussão perpassa pelo âmbito da reflexão e da busca de soluções prementes; a sociedade brasileira carece de canais abertos, canais comunitários, programas sem conteúdo sexista e racista. Não existem políticas públicas de incentivo a cultura afrodescendente para programas televisivos. Os poucos que surgem, mantêm-se pouco tempo no ar, devido à má divulgação, formatação, horários insólitos (3h de sábado, 1h de segunda-feira). Em relação às

mulheres os programas indefectíveis de culinária, moda e família no horário matutino são superficiais e caricatos. Por que não inserir questões políticas e culturais nestes programas? Será que a mulher, mesmo votando desde 1932, ainda não é capaz de discutir e compreender os meandros políticos? Regina dos Santos (s/d) está correta quando conclui que realmente a democracia brasileira está em perigo de se transformar numa falácia. As esferas governamentais e os poderes públicos quando favorecem uma minoria branca - e machista - com concessões dos meios de informação estão excluin-

do uma grande parcela da população, que mesmo sendo maioria absorve e aceita as premissas de “meia dúzia de gatos pingados”. Mesmo hoje, com toda a profusão midiática que a população brasileira tem ao seu alcance (pelo menos é isso que dizem os noticiários televisivos) muitas mulheres, negros, homossexuais e índios não têm consciência de seus direitos, não sabem que existe uma jurisprudência que lhes apóia e, para além, que todos tem um incrível poder de decisão: todos são consumidores no mundo globalizado e, o mais importante, todos, sem exceção, são cidadãos (ãs) brasileiros (as).

REFERÊNCIAS BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Constituição da República Federativa do Brasil, 8ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. ECO, Umberto. Cultura de massa e níveis de cultura. In: Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 5º ed., 1993. FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Mini-Aurélio século XXI: O Mini Dicionário da Língua Portuguesa. ANJOS, Margarida Dos e FERREIRA, Marina Baird (coord.) et aut. 4ª ed., revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 2000, p. 578. SANTOS, Regina Dos. MÍDIA E RACISMO: Minoria branca e o império da vontade. 203-212, (s/d). SOARES, J. S. CARVALHO, A. M. Mulher e mãe, “novos papéis”, velhas exigências: experiência de psicoterapia breve grupal. São Paulo: Psicología e Estudos, n. 8, 39-44, 2003.

Revista Dinâmica 19


FAZENDO DIREITO

O direito de discordar, o dever de respeitar A liberdade é saber respeitar o espaço alheio Kiko Mourão

T

odos têm o direito a dar sua opinião sobre qualquer tema. É livre a manifestação das idéias. A atual Constituição Federal foi escrita logo após um regime ditatorial. Então nos tópicos referentes à expressão ela assegurou tudo, ou quase tudo o que era privado pela ditadura. Atualmente todos têm o direito de opinar livremente sobre qualquer tema. Todos têm o direito de discordar das opiniões alheias. E qualquer um que tiver seus direitos feridos por determinada opinião tem o direito de resposta pertinente ao agravo e indeni-

20 Revista Dinâmica

zação por danos morais. Tamanha liberdade de expressão é importante para a evolução da sociedade. Onde não há essa liberdade é difícil mensurar quantas idéias geniais se perdem na censura, quantas magníficas descobertas se escondem por medo, quantas belas canções deixam de existir. Enfim, a censura nada mais é que um atraso de vida, uma vez que a diversidade intelectual é o pedal que impulsiona a evolução de todas as áreas. Nas palavras de José Afonso da Sil-

va, a liberdade de opinião “de certo modo resume a própria liberdade de pensamento em suas várias formas de expressão. Por isso é que a doutrina a chama de liberdade primária e ponto de partida das outras. Trata-se da liberdade de o indivíduo adotar a atitude intelectual de sua escolha: quer um pensamento íntimo, quer seja a tomada de posição pública; liberdade de pensar e dizer o que crê ser verdadeiro.” Mas a ampla liberdade de opinar traz consigo alguns problemas que merecem a atenção das políticas sociais para que haja uma conscientização das pessoas. Apesar de todos desfrutarem do direito de opinar, a maioria se esqueceu que acompanhado desse direito vem o dever de respeitar as opiniões diferentes. O que


não

acontece hoje em dia é que as pessoas acabam confundindo o direito que têm à livre expressão de idéias com impor suas idéias a todos os outros. Talvez o indivíduo “A” tenha determinada opinião sobre um fato e um indivíduo “B” tenha opinião divergente sobre o mesmo fato. É uma questão de ponto de vista. Não quer dizer que um deles esteja certo e o outro não. São visões diferentes sobre um mesmo tema. Isso também não quer dizer que exista a obrigação de que um acate o ponto de vista do outro como sendo o correto. Toda pessoa tem o discernimento para avaliar o que é melhor para si. Entretanto o que ocorre é um desrespeito à opinião alheia. Muitas vezes as pessoas se focam apenas em seu direito à liberdade de expressão e se esquecem do seu dever de respeitar o próximo. Acontece então a discriminação. Surgem pensamentos do tipo: “Mas você pensa assim? Está errado. Não pode ser assim.” As pessoas afirmam o que é errado ou certo. As razões para os pontos de vista de cada um

são levadas em consideração. Todos tendem a julgar a própria opinião como a verdade absoluta. E a partir daí acontece o desrespeito. Algumas pessoas passam a ser inferiorizadas por terem opiniões divergentes do que é tido como aceitável.

É realmente imprescindível que exista a liberdade de discordar. Afinal todas as evoluções ocorridas na ciência, seja qual for a área específica, partiram de discordâncias com o que era tido como o mais aceitável. A literatura evoluiu da mesma forma, com uma fase contestando a fase anterior. O próprio Direito se baseia na contestação. O crescimento intelectual do ser humano está ligado diretamente à arte de duvidar do que é tido como certo, à habilidade de questionar o que parece não ter resposta. E por que não dizer, ao bom senso de discordar de outras opiniões, mas sem desrespeitá-las. É o que precisamos aprender para que a harmonia da liberdade de expressão finalmente se concretize. Os julgamentos antecipados e baseados em uma certeza infundada devem ceder lugar aos debates livres de preconceitos. Enquanto o homem imaginar que existem pessoas inferiores ou superiores o mundo será uma luta de uns tentando subir e outros evitando

a queda. Mas a partir do momento em que todos passarem a se ver como iguais, as lutas se transformarão em uma luta de um time único, por um mundo livre dos grandes problemas que enfrentamos atualmente. Temos o direito de opinar a favor ou contra qualquer tema, sempre lembrando que tão importante quanto ser respeitado é se expressar de maneira que não ofenda terceiros. Discordem de tudo e de todos. Questionem o que é tido como certo. Contestem os valores pregados por sociedades revestidas de preconceito. Quanto aos conservadores, defendam suas opiniões e seus valores, abracem suas causas, assim como o fazem os questionadores. E a todos, sejam da linha conservadora, sejam da linha questionadora, sejam de qualquer crença, opinião política, sexualidade, convicções pessoais, nunca se esqueçam de que temos o direito de discordar e o dever de respeitar. Essa é a combinação ideal para que exista a harmonia que a nossa Constituição quer nos presentear a vinte anos, e, ao que parece, ainda não conseguiu.

REFERÊNCIA José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 27ª edição. Malheiros Editores. Página 241.

Revista Dinâmica 21


Invista na revista. A Revista Dinâmica, de circulação gratuita na Internet, quer ajudar você a divulgar a sua marca. Aproveite e seja o primeiro a anunciar! Entre em contato conosco através do e-mail anunciantes@revistadinamica.com e saiba como ampliar ainda mais sua exposição na mídia.


IMAGEM E AÇÃO

Cada um no seu quadrado Ou cada macaco no seu galho, conselho de ouro

Liana Dantas

A

pós um pequeno barraco cibernético entre o jornalista Zeca Camargo e o autor da novela Caminhos do Coração (Rede Record), Tiago Santiago, me dei conta de que a realidade 3D da televisão já chegou e está em alto nível. Peço calma aos leitores, não é mais uma novidade bugiganguística do maravilhoso mundo eletrônico, nem uma releitura de Mondrian. Zeca Camargo, que tem um blog no portal G1, da Globo.com, escreveu em seu blog que não gostou da novela Caminhos do Coração, enquanto dava uma zapeada nos canais, e comparou a novela com a de João Emanuel Carneiro, de quem é fã. E não é que Tiago Santiago respondeu? Respondeu em seu blog também. Disse que Zeca Camargo deveria tomar conta do programa que ele apresenta, que está caindo de ibope e que a vinheta da Rede Globo onde o elenco todo falava do “q” de qualidade, Tiago disse que está mais para “q” de QUEDA. (Xi...) Além de ser bom de trocadilhos, Tiago parece não ter medo, não.

O que sua avó diria sobre isso? Que na época das cantoras do rádio, as fofocas eram bem mais discretas e sucintas e que os artistas não ficavam 3 horas no ar chorando que o aluguel venceu. Não que sua avó não goste da forma das fofocas atuais, porém garanto que ela troca a história de uma artista com o fato de outro! Aí fica muito fácil diagnosticar que a coitada está com mal de Alzheimer! Se for assim, eu estou, nós estamos. As informações estão numa dimensão que foge do destino democrático e

livre. Não é uma coisa nem outra. Já virou intromissão. O que diria sua avó sobre Zeca Camargo e Tiago Santiago? Que estão parecendo duas mariquinhas. E por favor, gay sim, mas mariquinha nunca! Well... toda essa cena de Dancing Days porque a assessoria de uma emissora divulga sempre os altos ibopes de sua programação - com um quê de megalomania publicitária, lógico - incluindo as novelas. Zeca Camargo rebateu isso, dizendo que não entendia Revista Dinâmica 23


Imagem e ação o porquê do alto ibope, que não era de bom tom uma novela que tinha mutantes e não eram aqueles mutantes com Rita Lee, que acrescentaram alguma coisa de bom. De outro lado, Tiago Santiago rebate, dizendo que sua trama está inovando e que a Globo iria ver só! E o espectador, tanto do blog, quanto das novelas entendem o quê? Nada. Outro dia, Rafael Ilha, ex-polegar, voltou às notícias, acusado de seqüestro. Defendeu-se, argumentando que estava fazendo procedimentos de recrutamento de dependentes, que já salvou muitas vidas assim. No programa A Tarde É Sua (Rede TV!), de Sônia Abrão, ela trata do tema com bastante cuidado. Escutou o outro lado: o da mulher que acusou Rafael Ilha de seqüestro e que estava apenas levando os filhos da escola para casa. E pediu às pessoas que assistiam que não julgassem Rafael precipitadamente. Ela é amiga pessoal, madrinha, sei lá o quê de Rafael Ilha, porém fez sua parte, escutar o outro lado da história.

Leão Lobo e Rosana Hermann, da Atualíssima (Rede Bandeirantes), falaram coisas do arco da velha: trataram Rafael como uma pessoa perigosa, transviada, etc. e ainda prometeram mostrar a clínica, segundo eles, falida de R.I. Que parte não entenderam que os dois são jornalistas e estão num horário corriqueiro e diário? O que se passou na cabeça desses dois profissionais? Vamos falar mal do Rafael Ilha para destruir a coleguinha Sônia Abrão ou vamos falar de Rafael Ilha porque é legal? Pode ser legal para mim ou para Jorge Kajuru - que não fica no ar por mais de 3 meses! -, mas não quando se é um profissional da televisão que depende desses fatos? Por outro lado, parece que Sônia Abrão não pode escutar um elogio... No dia seguinte, deixou a mulher de R.I., sem citar nomes de emissora ou apresentadores, espinafrou geral. Isso tudo, pra quê? A tendência de entrevista-show explorando os casos de mortes injustas já chegou ao limite. A mais recente foi a entrevista do pai

revoltado que perdeu o filho por descuido monstruoso de policiais que, segundo os próprios, confundiram o carro de sua mulher com de bandidos. Às 8 horas da manhã, gente? E, claro, ainda foi reprisado no Jornal Hoje - para cumprir a tendência de programação interdisciplinar? - com direito a olhos lacrimejados de Sandra Annemberg e tudo. Minha mãe já pediu e agora até eu vou aderir: Ana Maria, volte com as receitinhas de artesanato! Achei que já tínhamos chegado ao topo da alucinação com uma espécie de “Namoro ou Amizade” que o programa promoveu, ledo engano. O programa de Ana Maria Braga, Mais Você (Rede Globo) se tornou a terceira, quarta, décima dimensão de tudo o que não se deve fazer: retirar a identidade de um profissional. Devemos agradecer a compositora da dança do quadrado, pois ela conseguiu comprimir milhares de filosofias em um simples e marcante refrão: “Ado, a-ado, cada um no seu quadrado!”

“Devemos agradecer a compositora da dança do quadrado, pois ela conseguiu comprimir milhares de filosofias em um simples e marcante refrão: “‘Ado, a-ado, cada um no seu quadrado!’”

24 Revista Dinâmica


Imagem e ação

Profissão Repórter, da Rede Globo, está chamando atenção por ser o programa que menos faz apelações de qualquer grau. Eu, às vezes, não tenho a menor paciência para Caco Barcellos e sua trupe, essa parte técnica da reportagem me deixa irritada, mas reconheço que é um trabalho civilizado que até eleva o nível da programação da emissora. Bate medo só de pensar de mexerem no horário, como tudo que é produzido de bom da emissora passa em horários inassistíveis.

As Séries lá de fora estão numa situação periclitante. A greve dos roteiristas de Hollywood prejudicou a todos. Menos a Silvio “Ôê” Santos, claro! Está tudo tão atrasado, que o SBT está passando a primeira temporada de “Ugly Betty”! Daqui a pouco, SS consegue acompanhar os episódios lá fora! Vai vendo. Falando em séries, devo admitir que adoro a dublagem - que geralmente dão calafrios - do “Everyboody Hates Chris”(Todo mundo odeia o Chris), da Rede Record.

TV e arte? Pois sim, está acontecendo aqui no Rio de Janeiro, no Espaço Cultural Oi Futuro, a exposição “Art Breaks: a MTV e a cultura visual contemporânea”, realizada pela produtora carioca Tecnopop. As vinhetas (art breaks) da MTV, gostando ou não, sempre se comunicaram, retratando um momento e aguçando curiosidades e refletindo comportamentos. Elas são feitas por artistas gráficos e animadores do mundo todo, naturalmente um apanhado do que acontece na cultura, registrado em forma de art breaks, conhecidos como IDs.

Espaço Cultural Oi Futuro Rua Dois de Dezembro 63 - Flamengo Rio de Janeiro | Rj (2) 3131-3060 <http://www.oifuturo.org.br> De 08/07/2008 a 17/08/2008 horários: Terça a domingo, de 11h às 20h.

Revista Dinâmica 25


MP2

Festival de Montreux é invadido por brasileiros Nomes consagrados da música brasileira participam da 42ª edição do Festival

U

Fernanda Machado e Liana Dantas

i, calma! Não é nada disso que você está pensando. Estamos falando da 42ª edição anual do tradicional Festival de Montreux (Suíça), onde um elenco de músicos tupiniquins fez muito bonito! Aliás, o festival que ocorre até o dia 19 deste mês, segundo nosso Ministro da Cultura Ras-

tafari Gilberto Gil, sempre elevou a moral dos músicos brasileiros e agora não foi diferente. Gilberto Gil se apresentou pela primeira vez no festival em 1978 e salienta sua importância, que fez com que a música brasileira tivesse uma abrangência e relação com o mundo. Em 1987, a banda de rock Paralamas do Sucesso gravou o primeiro disco ao vivo, o “D”, e o primeiro vídeo ao vivo, o “V”, em Montreux. Em 2008, a lista é infinita de nomes consagrados da música do cenário atual mundial, incluindo os brasileiros Gilberto Gil, Elba Ramalho, Milton Nascimento, João Bosco, Chico César, Martin’ália, CSS, e outros mais desconhecidos do público, como Dj Bruno Vicente, Trio Tamanduá, Bruno Nunes And The Preserve Amazônia Band, Aleijadinho de Pombal e Paulinho da Costa. Parece que alguns músicos brasileiros sentem-se mais à vontade e valorizados lá fora, pois os festivais de jazz reúnem tudo que é vertente

26 Revista Dinâmica

como se houvesse entendimento ideal da música. O que geraria uma certa agonia: Elba Ramalho mais Martin’ália, por exemplo, lá é muito normal, porque onde houver percussão e cordas, é tudo música, é tudo jazz. Os organizadores do festival decretaram que a palavra de ordem é misturar tudo: jazz, rock, hip & hop, soul, eletrônico. Ilustrando essas categorias, artistas como os consagradíssimos Etta James e Leonard Cohen, Interpol, Alicia Keys, The Raconteurs, Erica Baduh, Deep Purple, Lenny Kravitz, Gnarls Barkley ... e a variedade não pára! No fim-de-semana dedicado a nós, o Nordeste do Brasil foi bem representado pela noite do forró - um ritmo ainda não muito conhecido na Europa, segundo especialistas, e teve Chico César como seu mestre de cerimônia, junto à uma turma de categoria do projeto “Paraíba, meu amor”: Flavio José Pinto do Acordeom, Aleijadinho do Pombal e do Trio Tamanduá. A presença do acordeonista francês Richard Galliano veio unificar esse namoro de Europa + forró.


Richard Galliano também participou do documentário “Paraíba, meu amor”, do suíço Bernard Robert-Charrue, cuja intenção era de mostrar ao mundo o que o forró representa no Brasil. O documentário foi lançado na Paraíba em março deste ano. Chico César, dono da música que leva o título do documentário e também uma espécie de guia no documentário, fala sobre isso ilustrando dois ritmos importantes nacionais: o forró e o samba - que ambos são irmãos porque vieram do povo, a única diferença é que o forró veio do campo e o samba da cidade. Quincy Jones foi o homenagea-

do deste ano. Ele que já foi coprodutor do festival entre 1991 e 1993, responsável por levar Miles Davis em seu último show antes de sua morte, diz que Montreux é “o Rolls Royce dos festivais”. E parece que homenagem foi “a palavra” que pode vir acompanhada da outra “festa” para ele. Claude Nobs, fundador do festival, produziu o show de fala com direito a big band do Exército suíço e tudo! Um múltiplo de 25 músicos com estilos distintos, que marcou um acontecimento inédito. Entre os artistas participantes, Franco Ambroseti, Chaka Khan, Angélique Kidjo, Nana Mouskouri e Paulinho da Costa fizeram versões bem parti-

culares da obra de Q.J, prestando homenagem ao músico pelos seus 75 anos. O músico, que passou por problemas de saúde, teve dois aneurismas e parou de beber há seis meses, disse se preocupar com a condição da cantora Amy Winehouse, que conheceu na festa de aniversário do Nelson Mandela. Bom, pelo visto, toda a galáxia se preocupa. O festival a cada edição recebe cerca de 220.000 pessoas que saem de suas casas para apreciar música, ao longo de 15 dias de duração do festival. Coisa boa. <http://www.montreuxjazz.com>

NIN em turnê pela América do Sul Nine Inch Nails, que há pouco tempo entrou na lista de bandas independentes, já anunciou, em seu site oficial, apresentações pela América do Sul, que fazem parte da turnê “Lights In The Sky”. A turnê é para a divulgação do disco The Slip, que ainda pode ser baixado de graça no site oficial da banda. Shows no Chile, Colômbia, Venezuela e Brasil foram marcados para outubro desse ano. No país, a banda se apresentará em São Paulo, no dia 7, no Via Funchal e em Porto Alegre, no dia 9, no Pepsi On Stage. A banda já tinha vontade de excursionar pelo país desde 1999, mas devido a desentendimentos com o antigo empresário, eles acabaram vindo apenas em 2005, no festival Claro Que É Rock, com apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro.

Democracia chinesa Kevin Skwerl, da Califórnia, recebeu uma visita inusitada. Agentes do FBI foram até sua casa porque Kevin postou, em seu blog, nove músicas que vazaram do novo-velho disco do Guns n’ Roses, chamado de Chinese Democracy. As músicas, que foram enviadas para o blogueiro através de uma fonte anônima, foram retiradas do ar por determinação do FBI, através de instruções dos advogados de Axl Rose, vocalista da banda. Nós, da coluna MP2, conseguimos escutar um pouco das músicas que vazaram na Internet. O que se pode perceber é um Axl querendo mostrar um novo Guns n’ Roses, mas usando os mesmos sons de antigamente. As músicas possuem um arranjo com alguma inovação, mesmo que pouca, mas o abuso dos samplers já utilizados deixa uma sensação de reciclagem musical.

Revista Dinâmica 27


COM ÁGUA NA BOCA

As mil faces do macarrão instantâneo Receitas rápidas e práticas, utilizando um dos alimentos mais famosos do Brasil

Fernanda Machado e Tereza Machado

É

fácil entender o sucesso que o macarrão instantâneo faz no Brasil. Basicamente, este tipo de macarrão pré-cozido é uma opção rápida, prática e barata de alimentação. Bastam 3 minutos de cozimento, misturar o pacote de tempero ao macarrão e pronto: o prato está pronto para ser devorado. O macarrão instantâneo que conhecemos foi criado em 1958, por Momofuku Ando. De acordo com sua história de vida, sua necessidade de fabricar alimentos de baixo custo se deu início após ter presenciado muitas pessoas passando fome. No entanto, o destino do macarrão instantâneo, por incrível que pareça, não está fadado apenas a esse tipo de preparo. Apresentamos, nesta edição, receitas gostosas e simples de fazer, que utilizam o macarrão instantâneo como base. E, é claro, o seu uso acaba barateando o preço final da receita, o que é bom para o bolso. Bom apetite!

28 Revista Dinâmica


Com água na boca Receita n.º 1: Lasanha de Macarrão Instantâneo Ingredientes: 3 pacotes de macarrão instantâneo (o pacote de tempero não será utilizado) 1 lata de molho de tomate pronto, qualquer sabor 200 gramas de queijo mussarela Queijo parmesão e orégano a gosto Modo de fazer: Em uma panela, coloque todo o conteúdo da lata de molho de tomate, acrescentando água na mesma quantidade. Misture bem e deixe ferver. Enquanto isso, coloque o forno para aquecer por 10 minutos. Em um refratário de vidro médio, prepare as camadas da lasanha: separe todos os três pacotes de macarrão instantâneo em duas partes (é possível ver que o macarrão instantâneo é composto de duas placas de macarrão coladas em uma extremidade). Faça a primeira camada com placas de macarrão. Coloque o molho quente por cima, tomando cuidado para atingir também os cantos. Coloque queijo mussarela por cima do molho, também prestando atenção nos cantos, para que elas não fiquem duras após o preparo. Repita a camada novamente e, para finalizar, salpique queijo parmesão e orégano por cima. Coloque a lasanha no forno e deixe lá por 20 minutos. Sirva ainda quente. Rendimento: 6 porções.

Receita n.º 2: Yakisoba fingido Ingredientes: 3 pacotes de macarrão instantâneo tipo yakisoba 3 cenouras cortadas em rodelas finas ½ pimentão vermelho e ½ pimentão amarelo, cortados em tiras finas ½ brócolis, cortado em tiras finas Alho e cebola picadas a gosto Manteiga a gosto 2 colheres de sopa de molho shoyo Modo de fazer: Em uma panela, cozinhe os três pacotes de macarrão, escorrendo a água logo depois. Separe os pacotes de tempero; eles serão utilizados. Enquanto isso, coloque para cozinhar na água e sal a cenoura, os pimentões e o brócolis até que fiquem macios. Misture em um pote os pacotes de tempero do macarrão instantâneo com um pouco de água e as duas colheres de sopa de molho shoyo. Em uma panela, refogue o alho e o sal na manteiga, até começarem a ficar dourado. Adicione o molho feito anteriormente e os legumes. Deixe um pouco no fogo, até começar a ferver. Adicione o macarrão, misture bem e sirva ainda quente. Rendimento: 6 porções.

Revista Dinâmica 29


Bonsucesso Comunicação: “nós inventamos o pingo no “S”” Ou você acha que só o “i” e o “j” tinham pingo? Então você acha que já sabe tudo? Lógico que não! E nós também! Mas fazemos de tudo para ir além. Tudo com liberdade e criatividade. Então, basicamente temos: 1.

2.

3. O pingo no “S”

Nossa missão Levar sua marca a um novo patamar, através de estudos e utilização de diferentes meios, como a criação de web sites, desenvolvimento de identidade visual, material gráfico e audiovisual, facilitando o processo de comunicação entre empresa e cliente. Além disso, fazer parcerias com empresas que não tenham um setor de criação formado, mas que queiram atrair clientes em potencial e produzir trabalhos na área de design e publicidade. Nossos serviços Trabalhamos com mídia impressa, criação de peças gráficas para revistas, outdoors, comunicação visual e diagramação. Fora do papel trabalhamos com criação de sites dinâmicos, hotsites e conteúdo multimídia. E, finalmente, criamos conteúdo audiovisual, que vai desde peças publicitárias para TV até produção de documentários e vídeos musicais.

...E você achando que a vida era difícil.

+55 21 2425-2843 | contato@bscomunicacao.com.br | www.bscomunicacao.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.