Revista Dinâmica | Edição 05

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EDITORIAL

A cada edição no ar, mais uma emoção. Toda a Equipe se une numa forte vibração em poder realizar mais um trabalho que julgamos produtivo para o leitor. Aqui se misturam o acadêmico com as levezas da vida, o entretenimento nas colunas de música, TV, Culinária. Temos o lado Cult com a coluna de Mitologia. Somos engajados na luta pela Não-Violência, uma luta que deveria ser de todo cidadão de bem. Temos as informações sempre bemvindas dos Direitos do cidadão, as artimanhas da Tecnologia, principalmente em Informática. Ainda acrescentamos a crítica de arte dentro de um conceito de Terceiro Milênio e a questão da Educação, base de desenvolvimento de uma Nação. A coluna que faltava chegou: Saúde e Beleza. Nossos cumprimentos à nova colunista, Priscila Leal, dona de uma escrita solta, espontânea, inteligente e, se não bastasse, também dona de um belo sorriso. Priscila em sua estréia na Revista Dinâmica nos direciona o olhar sobre a Beleza, fazendo uma interessante reflexão sobre o que é Beleza e Estética, definindo o perfil que sua coluna seguirá. Não há como não sintonizar com os questionamentos de Priscila : “Saúde resulta em beleza? Beleza denota saúde? Estética é sinônimo de beleza? ” Fica um desafio para que cada um reflita sobre o quanto a saúde está inserida no conceito de beleza. Amigos, como sempre, fica o desejo de toda a Equipe de que esta nova edição traga bons momentos de distração, cultura e conhecimento. Até a próxima edição. Abraços, Tereza Machado

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´ INDICE Editorial Cartas Colaboradores Crônicas e Contos Educação e Formação Desconstruindo a Arte Mitologia Tecno+ Embates e Debates Fazendo Direito Imagem e Ação MP2 Saúde e Beleza Com Água na Boca

3 5 6 7 Somos severinas 9 Professor – Um comunidador que deve provocar a aprendizagem 12 Imprimir é necessário 14 A odisséia da M@di 16 Eu não acredito em duendes 17 O que é violência? 19 Restringindo a liberdade 23 Olim... piadas 26 A festa nunca termina 30 Saúde, beleza ou estética? 32 Diet ou light?

Diretora de redação: Tereza Machado. Redatora-chefe: Fernanda Machado. Diretor de arte: Chris Lopo. Editores: Chris Lopo, Fernanda Machado e Tereza Machado. Projeto gráfico: Bonsucesso Comunicação. Diagramação: Chris Lopo. Imagens não creditadas: Jupiter Images. Projeto inicial: Antônio Poeta. Anunciantes: anunciantes@revistadinamica.com. O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores. Website: www.revistadinamica.com

Próxima edição: 01 de outubro de 2008


CARTAS

Alternativa saudável

Quando eu li a primeira edição da revista, achei que seria algo comum, talvez experimental... e realmente é uma experiência, mas totalmente fora desse “comum”. Comum é falar de modinhas, de novidades fúteis e apelações. Essa revista além de ter uma leitura agradável, tem assuntos que vão direto ao ponto, sem rodeios. Hoje cada vez mais pessoas procuram uma vida alternativa, simples, sem o stress sufocante e degenerativo. Buscamos viver ao invés de sobreviver. Mas muitos continuam nessa “vida” sem se dar conta.

Aliás, se dão conta sim, quando já estão adoecidos e só lhes resta olhar pra trás e ver o tempo que foi perdido enquanto jovem. E como alguns de nós tentam melhorar essa situação, a revista cai como uma luva por sair dessa rotina desgastante e apresentando algo diferente pra lermos. Daniel Oldenburg, Rio Grande do Sul Tenho acompanhado as edições da Dinâmica, sempre que posso. Nos encontramos movidos pelo curso do progresso. Este curso é como o de um rio que segue após ter passado por uma corredeira. Suas águas nem sequer sentem o

sabor da viagem. Correm e correm. Assim estamos nós. Então abro a página da Revista Dinâmica e leio. A cada leitura, seja de um colunista ou de outro, sempre estão escrevendo as minhas palavras, as minhas reflexões e meus desabafos. Bom sentirmos que ainda encontramos outros humanos misturados entre os seres dessa sociedade confusa e cansada. Parabéns! Carmen Miranda

Participe enviando suas mensagens para o endereço contato@revistadinamica.com Envie seu nome completo, cidade e estado onde mora

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COLABORADORES

Mario Nitsche (marionitsche@revistadinamica.com) Curitibano, dentista por profissão, filósofo por opção. Publicou o livro Descanso do Homem em novembro de 2005.

Liana Dantas (liana@revistadinamica.com) Carioca. Estudante de jornalismo. Começou cursando Letras e hoje pensa na possibilidade de vender cosméticos.

Kiko Mourão (kikomourao@revistadinamica.com) Mineiro de Belo Horizonte. Estudante de direito. Além de fazer estágio na área também trabalha com sua maior paixão: a música.

Tereza Machado (tereza@revistadinamica.com) Cearense. Professora universitária, consultora educacional e estudiosa das questões metafísicas.

Priscila Leal (priscila@revistadinamica.com) Carioca. Atriz e estudante de danças. Apaixonada pelo estudo da filosofia, da anatomia humana e de tudo que constitua o ser humano e suas possibilidades de expressão.

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Liz Motta (lizmotta@revistadinamica.com) Baiana e historiadora. Especialista em políticas públicas, produz artigos sobre violência contra a mulher.

Fernanda Machado (fernanda@revistadinamica.com) Carioca. Cientista da computação e apaixonada por design. Trabalha em sua própria empresa de comunicação.

Oswaldo Grimaldi

(oswaldo@revistadinamica.com) Paulista. Tem certificação Microsoft (MSCE) e dedica seu tempo livre a estudo sobre tecnologia e filmes de terror.

Chris Lopo (chris@revistadinamica.com) Gaúcho. Trabalha com web design desde 1997. Hoje é, além de web designer, designer gráfico, ilustrador e tenta emplacar sua banda de rock.


CRÔNICAS E CONTOS

Somos severinas Em um país onde o voluntariado é produto raro, quem tem vontade e ação é rainha (ou rei)

Liz Motta

H

á algum tempo atrás escrevi no blog desta revista um pequeno texto intitulado “Um Domingo de Severinas” contando como era difícil a vida de feminista, sem domingos ou feriados de descanso. Hoje resolvi contar a história d’As Severinas, uma história real com personagens de carne e osso, mas uma história livre de demagogias e sentimentalismos típicos das narrações que inundam as mídias e as prateleiras de auto-ajuda nas livrarias. Em um país com tão baixa auto-estima, produzir literatura barata e acessível a todas as camadas sociais prometendo o Nirvana terrestre e a solução de todos os problemas em 10, 8, 5 passos tornou-se o “bezerro de ouro” para muitos pseudo-escritores. As Severinas nasceram no mês de maio, dois dias após o meu aniversário, com muitos questionamentos e nenhuma resposta. Oito mulheres, especialistas em Gênero e Políticas Públicas, não compreendiam como a Academia produzia tanto conhecimento científico e quase nada na prática. Sendo uma dessas mulheres,

minha inquietação não parava por aí, questionava como transformar todo o arcabouço teórico e epistemológico que vivenciávamos nos bancos universitários em conteúdo e ação acessível às mulheres que não tiveram chance de ingressar no mundo científico. Nascemos em surdina e no silêncio da dúvida. Nascemos sem saber que tínhamos nascido apenas nos agregando umas às outras, todas com a mesma inquietação, cada uma na sua área de atuação percebia que algo tinha que ser feito. Embora sem sermos avisadas, a chegada d’As Severinas foi uma alegria geral e um alívio também. Sabíamos que a partir daquele dia tudo mudaria em nossas vidas e nas vidas daquelas/daqueles que interagissem conosco. O nome Severinas não veio de primeira como etiqueta ou rótulo de produto, foi difícil escolher um nome. Pensamos em vários, queríamos algo que indicasse nossa identidade, mas ao mesmo tempo diferente dos que já existem, um nome forte que falasse por ele mesmo. Após várias sugestões e recusas, numa noite insone me veio à cabeça Severina, nome nordestino que remota às mulheres do meu amado sertão e, afinal, nós somos

baianas, somos nordestinas com muito orgulho. Severina é mulher forte, mulher sofrida que passa pela vida e deixa registrada na pela cada dor sofrida sem se abater com o reflexo da sua imagem no “caco” de espelho, e ainda assim, vaidosa que usa um batom carmim nos arrasta-pés em chão batido. Severina não é alusão a “mulher macho, sim sinhô”; ao contrário, Severina é forte porém sensível, é a vontade politizada e a mão que acena para um futuro sem violência contra as mulheres. O Domingo de Severinas escrito no blog foi um marco para o grupo, neste dia criamos nossa Carta de Princípios, instrumento balizador e orientador das nossas ações e ideologia. Redigir tal documento Revista Dinâmica 7


nos fez perceber como a sociedade carece de ética e princípios; aliás, cada ser humano deveria ter sua própria carta de princípios e, se possível, carregá-la no bolso sempre. Nossa atuação se concentra nas comunidades vulneráveis do nosso Estado. Onde solicitam ajuda e apoio lá estamos nós palestrando, orientando, sensibilizando, discutindo e salvaguardando os direitos humanos das mulheres. Nosso projeto tem uma meta ambiciosa: empoderar todas as mulheres que tiverem acesso aos nossos serviços e nosso sonho é estender nossas ações a capacitação de todas elas, capacitar para o mercado de trabalho como predizia Simone de Beauvoir: “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separa do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”. Não é uma tarefa fácil mexer numa estrutura secularmente excludente

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com as mulheres, mas se não começarmos jamais encontraremos as respostas que nos assolavam no início. Cada encontro que temos junto as comunidades deixamos esperança para as mulheres que acreditavam que não eram ninguém, sem direitos só deveres e sofrimento. As Severinas se mantêm sozinhas, pois não temos ou queremos vínculos que nos custem nossos ideais, somos voluntárias e mais, somos suprapartidárias e nosso caráter é, indiscutivelmente, democrático, anti-racista, anti-lesbofóbico, não sexista e não hierárquico. Assim tentamos construir uma realidade com segurança e perspectivas positivas para as mulheres. No Brasil ser voluntário é tradução de status para beldades televisivas, ficar bem na fita é a maior preocupação a meta a ser alcançada, aqueles que recebem a ajuda são meros coadjuvantes deste teatro kafkaniano. As Severinas não são utópicas acreditamos que é possível uma sociedade equitativa para mulheres e homens, uma sociedade onde não precisará existir uma lei para punir agresso-

res de mulheres, pois a violência contra a mulher será erradicada tornando-se um capítulo lúgubre da História. Somos voluntárias, deixamos muitas vezes nossas famílias e prazeres para interceder e reivindicar os direitos das mulheres. Não perdemos o amor e a atenção dos nossos familiares e amigos por isso, como muitos pensam; ao contrário, somos apoiadas e motivadas a continuar nossa luta. Certo dia, após me desculpar com uma ex-professora da pós-graduação – uma grande mulher, acho que empoderada desde o dia que nasceu - por não ter comparecido com as outras Severinas num evento de confraternização por estarmos atuando em uma comunidade, a mesma me disse uma frase que guardo como lema na minha vida: “Em primeiro lugar as mulheres, sempre as mulheres. O restante a gente resolve depois”. Em um país onde o voluntariado é produto raro, quem tem vontade e ação é rainha (ou rei).


EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

Professor – Um comunidador que deve provocar a aprendizagem

O professor precisa se ver como um comunicador e aprender técnicas de manter o aluno atento. Tereza Machado

A

s próximas décadas serão de uma sociedade em mudança acelerada, com um alto nível tecnológico, com um grande avanço do conhecimento em todas as áreas. A preparação do professor não poderá, portanto, restringir-se à formação meramente acadêmica que se restringe à preparação disciplinar, curricular, mediadora, ética com uma visão institucional e coletiva e, quem sabe, uma bagagem sociocultural; além de outros elementos que até o momento não faziam parte dos cursos de formação de professores como intercâmbios internacionais, relações estreitas com as comunidades, relações com assistência social a

seus alunos, etc. Os professores estão assumindo responsabilidades educativas que corresponderiam a outros agentes de socialização que não lhe eram cobradas em décadas passadas. Havia uma clara definição do papel da escola e o da família em relação à Educação. Efeitos da globalização, com indicadores para medir a qualidade educativa, a falsa autonomia da educação e a gestão educacional demandam uma rediscussão do papel do poder, da autoridade e do autoritarismo. Todo este novo modo de gerenciar o processo ensino-aprendizagem anteriormente envolvia apenas alunos e Professores. Hoje, quando estamos valorizando o Projeto-Político-

Pedagógico de cada escola, vê-se que toda a comunidade, o entorno da escola faz parte do processo de aprendizagem daquele pequeno grupo social. A participação da comunidade na tomada de decisões escolares é atualmente uma das grandes saídas que se vislumbra na melhoria da qualidade de ensino nas escolas públicas. A legitimação oficial da transmissão do conhecimento escolar que antes era imutável, hoje é vista como transitória e provisória, frente às recentes descobertas de pesquisas de novos teóricos na área da Educação – Se o professor parar de estudar, vai morrer da doença da paralisação paradigmática. Faz-se necessário a identificação do currículo oculto das estruturas Revista Dinâmica 9


Educação e Formação técnicos do que todo o conhecimento humano até então. Paulo Freire, na sua simplicidade de grande mestre, disse, nessa época:

educativas. A formação permanente deve ajudar o professor a desenvolver um conhecimento profissional que lhe permita avaliar a necessidade potencial e a qualidade de inovação educativa que deve ser introduzida constantemente nas instituições. O professor deve tornar seu olhar pesquisador, investigador e trabalhar junto com outros professores, aprendendo com o outro e buscando novas soluções e informações. O aluno é da escola, o professor é de todos. Que tal enfrentar-se juntos as dificuldades? O crescimento do professor está centrado na Escola, a base é o diálogo e a confiança no outro, compartilhada pelos participantes, não julgando o papel e a tarefa de cada um, mas tendo como marco a reflexão conjunta e significativa, propondo metas a serem atingidas para o sucesso dos alunos, com o auxílio de todos. 10 Revista Dinâmica

A Equipe Pedagógica que conquista seu grupo, que consegue juntá-lo pelos laços da afetividade e compromisso profissional, passa a exercer a função de maestro de uma orquestra afinada, harmônica e feliz. Breve histórico das mudanças ocorridas na Educação no século XX Anos 60 Crise mundial da Educação. O professor vê-se no centro dessa crise. Há grande expansão da escolarização e ampliação das redes escolares. Atualmente, comparando os problemas com os da década de 60, vê-se o paradoxo das sociedades cada vez mais escolarizadas e, por outro lado, com maiores problemas de civilização, de ética, de moral e de aprendizagem. Durante os últimos 20 anos, a humanidade acumulou mais conhecimentos

“Se é possível alterar o que vem do chão, se é possível enfeitar a casa, se é possível crer desta ou daquela forma, se é possível nos defender do frio e do calor, se é possível desviar o leito dos rios, fazer barragens, se é possível mudar o mundo que não fizemos, o da natureza, por que não mudar o mundo que fizemos, usando a cultura, o livro e a história?” Neste balanço das formas de atuação do professor, o professor Rui Canário nos mostra três histórias bem pertinentes ao que queremos demonstrar em relação à importância das mudanças profundas na Formação Profissional do Professor: 1. Aprendizagem de natação da Marinha portuguesa onde o Professor é argüido por um aluno que é campeão de natação, enquanto o professor prepara novos recrutas para aprenderem a nadar: - “Mestre, sendo eu campeão de natação, não poderia ser dispensado desta aula, em terra, só de exercícios?” Então o Mestre responde: - “Não, porque tu sabes nadar em piscina cheia de água, mas, aqui no solo você nunca nadou”. [Fica claro um traço fundamental – a dissociação da experiência do aprendente com o saber valorizado


Educação e Formação pela escola. Neste caso o Professor não valoriza o saber que o aluno já possui e não lhe atribui significação. O importante é seguir o Programa!] 2. Trabalho de casa: O professor dá o conceito de zênite e passa para casa a tarefa: O que é zênite? A própria filha do Professor Rui Canário traz-lhe a pergunta: - “Pai, o que é zênite?” O pai fica meio atrapalhado, mas tenta lhe explicar, mas antes pergunta a filha se não havia outros colegas que também não tivessem entendido o conceito de zênite. Resposta da filha: - “Ninguém entendeu, papai”. Então, o pai pergunta: - “Mas, filha, e tu não perguntastes a teu Professor ou algum dos teus colegas sobre o que é zênite?” A filha: - “Sim, papai. Então o Professor disse para não nos preocuparmos com isso. Porque abóboda celeste não existe, o zênite é um ponto imaginário que passa da abóbada celeste pelo meio do nosso crânio. E, por último disse que, provavelmente, nunca iríamos usar este conceito”. [Traço fundamental – qual é o sentido da aprendizagem?] 3. A 3ª história passa-se num exame de Física, com um aluno inteligente, e que tinha estudado pouco. O professor pergunta como o aluno usaria o barômetro para medir a altura de um prédio. O aluno deu várias explicações diferentes, mas todas corretas, porém diferentes da que o Professor ensinara em aula. Assim, o aluno não foi aprovado, mesmo mostrando toda sua criatividade e conhecimentos variados sobre o assunto. Apenas não deu a RESPOSTA QUE O PROFESSOR QUERIA.

[Traço fundamental – inversão da escola: Quem faz as perguntas são aqueles que já sabem as respostas, e não os alunos que têm a curiosidade] Já no final do século XX, o economista Robert Harsh vê dessa forma o currículo: “Uma linha de produção, dividida ordeiramente em disciplinas, ensinadas em unidades de tempo pré-estabelecidas, organizadas em graus e controladas por testes standarizados, destinados a excluir as unidades defeituosas e devolvê-las para reelaboração”. O professor Rui Canário vê, no século XX, três tipos de escola: • Escola das certezas: Primeira metade do século XX - Funcionou como fábrica de cidadãos nacionais. - A escola tinha um conjunto de valores e formava o cidadão. - Os professores gozavam de grande prestígio. - Os professores eram construtores da cidade-nação, eram os principais construtores da República. - Preparavam para o ingresso na divisão do trabalho. - Registro elitista, mas promoviam, excepcionalmente, por ascensão social. - Não produziam desigualdades sociais. - Procuravam ser justos, num mundo injusto. • Escola das promessas: Final da II Guerra Mundial até os anos 70 - Época chamada pelos economistas de 30 anos gloriosos. - Diversificação da oferta educativa. - Atitudes de euforia e otimismo, a escola era portadores de três promessas: a de desenvolvimento, a de

mobilidade social ascendente e a de maior justiça e igualdade social. - Euforia compartilhada pelos poderes públicos e pela população à busca de um futuro melhor para seus filhos • Escola das incertezas: Surge ainda nos anos 60 - Aparece a recessão, ao invés das escolas das certezas e das promessas, a escola passa a ser vista como uma instituição injusta, dentro de uma sociedade também injusta. - Insere-se num contexto marcado por pessoas cada vez mais escolarizadas, aumento das desigualdades sociais, aumento de desemprego estrutural, precarização do trabalho, desvalorização dos diplomas e, ao mesmo tempo, os diplomas se tornam mais necessários, embora cada vez menos rentáveis. Pode-se sonhar com um Quarto tipo de Escola, dando continuidade ao item anterior? Nós proporíamos a Escola da esperança para os dias atuais. Dialeticamente, só se busca o que não se tem: - Pede-se paz, porque foi perdida nas ondas de agressividade e violência do mundo moderno. - Procura-se pela qualidade de ensino, porque não há conformação com o quadro de fracasso na aprendizagem nas escolas. Muito mais teríamos a falar da Escola da Esperança, mas o que mais se necessita atualmente é de novas ações, criatividade e compromisso, para que se possa dar ao Povo a Educação de Qualidade tão almejada por todos. Revista Dinâmica 11


DESCONSTRUINDO A ARTE

Imprimir é necessário Temos muitos desenhistas digitais excelentes hoje em dia. Mas pra onde vai essa arte quando o HD é formatado? Chris Lopo

Uma preocupação que deveria ser comum hoje em dia é: como fazer para proteger meus dados de serem apagados para sempre? Quem não gosta de vasculhar aqueles álbuns de fotos que nossas avós guardaram, ver as fotos naquele papel já envelhecido, quando pinta a idéia de digitalizar pra deixar no disco rigíddo do computador.

Antigamente a cópia de segurança era algo obrigatório. Ela se chamava “negativo.” Hoje em dia o negativo sumiu, temos apenas o cartão de memória da câmera e nosso disco rígido e, normalmente, quando passamos as fotos para o computador a primeira coisa a fazer é apagar tudo o que tem na câmera. Aí o risco aumenta, pois temos apenas uma cópia. Eu, com uma certa freqüência, faço backup em um disco rígido externo e ainda em um DVD. Caso o DVD dê problema, eu tenho no disco rígido, caso o disco dê problemas... Essa idéia não se aplica apenas às fotos, mas sim aos vídeos e, por

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quê não, aos desenhos que fazemos na boa e velha (ou não tão velha) tablet. Dando uma olhada rápida nos sites CG Society e Deviant Art podemos ver uma quantidade enorme de ilustrações de todas as espécies. Desde as caricaturas até as mais realistas. Eu já mandei pra gráfica alguns trabalhos para serem impressos em folhas grandes, parecendo aqueles quadros. Até pretendo fazer uma exposição com esses desenhos, e confesso que não tem coisa melhor do que ver sua obra fora do monitor. O site Deviant Art oferece a opção de imprimir alguns desenhos e, por quê não, emoldurá-los. Você pode conferir acessando o endereço <www.deviantart.com>.


Desconstruindo a arte

Deviant Art: Site com fotos e ilustrações feitas por seus usuários. Alguns ítens possuem a opção de impressão. <www.deviantart.com>

CG Society: O supra-sumo da computação gráfica. Toda semana são feitas novas matérias sobre os principais lançamentos de software e hardware para quem já trabalha ou apenas é voyeur na área. Também possui artigos focando a criação gráfica, passando por filmes ou ilustrações. Uma dos artigos é sobre o brasileiro Marcos Aurélio, autor de caricaturas conhecidas como a do roqueiro Eddie Van Halen. <www.cgsociety.org>

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MITOLOGIA

A odisséia da M@di Ou uma odisséia urbana com gente normal bem longe uma da outra. Ou seria o virtual algo romântico?

Mário Nitsche

A

Descoberta

Bateu em Leandro uma paixão eletrizante, alegre e até meio dolorida pela M@di. Ela – o máximo! Inteligente, alegre, boa de escrever e com respostas brilhantes e simpáticas na ponta da língua. Ágil de pensamento e aos cinqüenta e poucos anos fazia um curso superior (só para melhorar o intelecto) e se dava o direito de fazer beicinho quando tirava uma nota abaixo de nove! Raro isso... Uma loucura, avassalamento, espontaneidade... pura radiância. É, mas tem mais... tem mais. TE-SU-DÉ-RRI-MA! Tesão era com ela mesma! Sempre que ele lia ou ouvia esta interessante e cálida palavra, automaticamente Madi explodia em meio a sorrisos amplos nos pensamentos dele. Falou num, apareceu a outra. Ela. A Dra. T. E com T grande. Os poemas, os 14 Revista Dinâmica

escritos, as mensagens, os pensamentos e as fotos que mandava eriçavam todos os pelos do corpo e anexos. Eroticamente erótica. Fotos de casais saradíssimos num amplexo tal que não se podia ver onde terminava um e o outro principiava a existência fotográfica. Cabeças jogadas para trás com expressões sensuais premiadas em lábios entreabertos nuns “ais” do tamanho do mundo! Suor e alegria... Sua cor preferida: vermelha. A mulher liberada do século XXll. Século XXl era muito pouco para ela. Sensualidade das sublimes... arrepiativa. Ele suspirava por ela. Era como o ar quente num verão agradável. O hálito de uma gata. Queria conhecê-la. E Conheceu. A viu. Falaram muito, trocaram idéias, discu-

tiram... Mudou. Agora é Maria... Bonita e tudo o mais. Mas, tradicional. Tradicional, cara! Poderia ser membro de uma tradicional família – bote o estado que quiser aqui, de preferência Minas. Nenhum pensamento aberto. Tudo cultura da rede numa cabecinha bonita. Maria se colocou a uma distância segura da M@di. Metamorfose... a danada da M@di se tornou a normal Maria.


Mitologia “O mocinho é que visita a mocinha. O cavalheiro é que paga as contas no restaurante. O mocinho que dá presentes e por aí ia e foi”. Ela se apoiava em valores tradicionais e familiares. O século XXllismo se foi antes mesmo que a conversa terminasse! Maria do jeito de muitas Marias, Cristinas, Sonias... Maria... entendeu? Toda a tesão diluiu-se! Era tudo coisa da rede, A internet, o supremo limite inteligente e sem corpo do homem pós-moderno. Virtual vida esta que elabora sensações que não passam pela vida vivida de um dia, de uma hora. Frágil, romântica enraizada nos velhos tempos, bobinha. Ingênua, Indefesa escondida na frente do micro com uma sólida e inquebrantável decisão de ser feliz a ferro e fogo sem que tivesse estrutura para uma campanha a ferro e fogo! Tinha que ser protegida de todos aqueles poemas eróticos e danadinhos... Amante? Deus que a livrasse e guardasse de uma coisa dessas! Amizade colorida? Credo em cruz... Nunca! A inteligência e espontaneidade lhe davam a aparência sensual-agressiva até um certo ponto. Mas só aparência. Uma Maria bonita, Maria mesmo... Outras muralhas caíram naquele encontro. Nada restou, nem uma pedra artificial criada pela insegurança que faz com que criemos personagens e tentemos existir neles... Leandro caiu. Foi duro. Ele era o cara que se imaginava entender muito de liberdade! Pessoas foram influenciadas

por ele. Comunicou convenceu, argumentou, escreveu, gritou, brigou, esperneou... Liberdade de ação, do homem e da mulher. Do tudo! Um século baseado na liberdade pela primeira vez na história do homem. Mas ninguém o protegeu de todas essas idéias adsorvidas nele. Adsorvidas e não absorvidas... Ele gostava dele mesmo com os pensamentos de liberdade, sem tê-la! Ela, Maria, gostava dela mesma com aquela tesão... Mas tudo voltou ao seres humanos onde o sangue circula, os pensamentos precisam de realidade; o ser humano que cansa, que toma café de manhã e sabe que uma parte das suas tarefas vai ser desagradável num dia longo. Ele nunca foi tão livre, tão sério, tão engraçado, tão legal... Ele era livre de conceito e idéias e não de fato. Foi livre “de” mas não “para”. Foi ela, Maria, que sem querer o revelou! Ele descobriu Maria e isso fez com que Mané aparecesse. Perigoso descobrir um outro ser humano. Agora ele é Mané. Mané com Maria... Nada de “sua” Maria, Maria simplesmente. Uma mulher. Surpresos... carne e ossos, reais.

xima do que os conceitos sobre ela e bem no caminho em que vamos indo; ela passa pela vida, pelas células, pelo dia. Liberdade é simples e vem devagar como o nascer de um dia. Mas ela aparece só um pouquinho em cada dia em um espaço de muitos e muitos anos. Foi um grande encontro. Finalmente Mané e Maria. Só. Cai o pano.

Mensagem do autor Sem mensagem. Todos temos que nos virar! A mensagem está dentro de cada um de nós... Que coisa mais chata ter que justificar e explicar tudo que se escreve, pensa ou vive. Pare com isso! Leandro, cansado, gostou da realidade... Gostou mesmo. Foi um duro e áspero prêmio – o prazer de se conhecer!

Onde o tudo por escrito? Onde o amontoado de letras? Onde todas as sensações sem pés nem cabeça? Nem nervos; sem beijos? Suor virtual... Tudo etéreo e lonjura lá longe. Símbolos sem a realidade simbolizada. “A liberdade existe!” Teimou Leandro. Existe. A liberdade está mais próRevista Dinâmica 15


TECNO+

Eu não acredito em duendes Oswaldo Grimaldi

S

e você repassar esse e-mail para 30 mulheres virgens com mais de 60 anos, você ganhará R$ 1.000.000. Calma! Se você acredita em tudo que lê no seu e-mail, talvez você esteja pensando nesse exato momento “ quais das pessoas do seu contato têm mais de 60 anos?” Nessa edição da revista vou falar sobre a curiosidade das pessoas e o acumulo de lixo eletrônico. Não vou abordar o tema SPAM por inteiro, mas fazer um breve relato sobre os e-mails que leio e respondo. Uma coisa é certa: uma parte dos seres humanos é criativa, e a outra parte é curiosa. Se não existisse a curiosidade, talvez os trojans, spams e vírus também não existissem. Fico pensando em como as pessoas caem em armadilhas na internet. A moda agora é o Guia Online do Orgasmo. Em uma semana 30 usuários de uma empresa a qual presto consultoria foram infectados com este vírus. Agora minha pergunta. Por quê clicar no Guia Online do 16 Revista Dinâmica

Nem tudo o que você lê no seu e-mail é verdade Orgasmo? Se você tem problemas, não seria melhor tratar com um médico? Outro e-mail bastante comum é sobre “Crianças Desaparecidas”. Lembra do caso da Madeleine? Os pais dela realmente mandaram aquele e-mail pedindo pra que você repassasse para que eles pudessem ganhar R$ 0,10 da AOL? Sendo que a AOL não possui mais representação na América do Sul. Tem também aquele que você não pode adicionar alguém no seu MSN porque senão ele poderá roubar todos os seus dados do computador ou então queimar seu disco rígido. A tecnologia não está tão avançada a ponto de alguém conseguir arrancar os fios do seu PC virtualmente. Não existe vírus que queime o disco rígido desse jeito. Têm muitos outros que gostaria de comentar, mas ficaria impraticável. A minha dica é:

- Não acredite em tudo que lê no seu e-mail. Uma rápida pesquisa no Google já mostra se o caso é verdadeiro ou não. - Não é enviando correntes que você irá salvar a vida de uma garota desaparecida. - A Symantec, empresa que faz softwares anti-vírus, tem ferramentas para destruir vírus. No momento que você ler em um e-mail que “a Symantec não descobriu a vacina para determinado vírus”, tenha certeza que ele já descobriu, se é que o tal vírus existe. - Apenas adicione ao seu MSN pessoas que você realmente conhece. Por último um lembrete: o vírus da Tocha Olímpica nunca existiu, assim como a Loira do banheiro.


EMBATES E DEBATES

O que é violência? Conceitos sobre violência elucidados e sua história passada a limpo Liz Motta

T

udo o que tange ao tema VIOLÊNCIA não é fácil de ser compreendido. No nosso dia-a dia este fenômeno tornou-se um parceiro constante no trabalho, em casa, na rua e até mesmo em locais sagrados. Vivenciamos e/ou assistimos a violência e na maioria das vezes perguntamos: por que tudo isso? Mas é raro o questionamento: o que é tudo isso? Para compreender a violência em sua práxis é necessário retomar a léxis e analisar conceitos, causas, consequências e dissecar suas entranhas, afinal subjugamos o inimigo quando passamos a conhecer suas fraquezas. Vários estudiosos já escreveram e ainda escrevem sobre o tema procurando entender um dos problemas mais pungentes da sociedade humana, e que a acompanha desde os primórdios, basta que lembremos o primeiro homicídio da História na visão dos deístas: Caim matou Abel porque ele era justo e conhecia o evangelho. Deste que o primeiro crime foi

cometido sobre a terra até os dias atuais, muitos já cometeram atos violentos em nome do amor, da religião, da política, do poder ou de qualquer situação ou sentimento humano.

que irá justificá-la. A violência é racional. Mas que racionalidade é essa que, por exemplo, mata crianças, espanca mulheres e idosos?

Segundo o pensamento arendtiano a violência se desdobra e se multiplica como um caleidoscópio instrumental descartando a naturalização deste fenômeno como doença da sociedade; para Hanna Arendt é a reação ao decréscimo do poder e não apenas princípio de ação. Trago a visão arendtiana nesta discussão para, logo de primeira, despersonificar a violência como uma pontecialidade do sujeito: violência é uma ferramenta, um instrumento para alcançar o fim

Onde está a razão dos crimes hediondos, dos atos que profanam os direitos humanos e os demais membros do reino animal e vegetal? Quando sabemos ou passamos por um ato de violência, a comoção e a revolta emergem e queremos Revista Dinâmica 17


Embates e debates apenas a punição como fim adequado para esta intrincada equação social. A causa fica empalidecida, a verdadeira causa, não aquela dada a sociedade como apaziguadora de ânimos. Daí conclui-se que se continuarmos a tratar a violência com passionalidade ela se multiplicará, pois tratamos um problema racional de modo irracional. Desmistificando a fisiologia do fenômeno, cabe neste momento trazer um conceito que, para mim, é um dos mais completos sobre o tema. Seu proponente, o filósofo Yves Michaud, é professor da Universidade de Rouen na França e pesquisa há muitos anos o fenômeno da violência. Segun-

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do Michaud “há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas ou culturais.” A partir deste con-

ceito e de outros que serão expostos no devido momento e necessidade, iremos juntos discutir este fenômeno, tentar compreendê-lo para, assim, buscarmos maneiras coerentes de erradicá-lo. Para ilustrar e enriquecer nosso diálogo serão tratados casos e situações que ocorrem na sociedade brasileira. Trazer a discussão para a realidade brasileira, acredito, fará com que passemos da abstração para algo mais palpável e real, para não citar que o Brasil é a nossa casa, a nossa pátria, onde moramos com nossas famílias, nossos amigos e, portanto, aprendemos desde cedo a cuidar da nossa casa e a respeitar o próximo.


FAZENDO DIREITO

Restringindo a

e d a

d r e

lib

Como as operadoras de telefonia móvel agem contra a lei, bloqueando os aparelhos Kiko Mourão

A

venda de aparelhos celulares bloqueados para o uso de chips de outras operadoras ainda é muito comum. Mas o que muitas pessoas não sabem é que, se antes não havia legislação que versasse sobre o tema, agora há uma lei que não permite essa prática. Algumas operadoras já aboliram a prática mesmo antes da lei entrar em vigor. Entretanto há algumas outras que mesmo sob as penas da lei, continuam a vender aparelhos bloqueados. Um substitutivo do deputado Vinícius Carvalho (PTdoB-RJ) em relação ao projeto de lei do deputado Arnon Bezerra (PTB-CE) foi aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados. O projeto proíbe o

bloqueio de aparelhos telefônicos para chips de outras operadoras. Tal substitutivo modifica o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) e a Lei Geral das Telecomunicações (9472/97). O bloqueio de celulares vai contra várias normas do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Essa prática restringe a utilização do aparelho e cerceia a liberdade de escolha da prestadora de serviços telefônicos. A legislação prevê para os aparelhos bloqueados o desbloqueio gratuito pela operadora. E após a legislação que entrou em vigor em Fevereiro de 2008, prevê também uma multa que pode chegar a dois mil reais por aparelho bloqueado. O CDC prevê em seu artigo 6º IV a proteção ao consumidor contra

práticas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. Isso inclui o bloqueio de celulares. O bloqueio funciona como uma imposição da operadora para forçar o cliente a manter um vínculo com a mesma, sem poder migrar livremente para outras operadoras. O que vai contra vários pontos do CDC. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços Mas, mesmo com as leis proibindo a venda, por que algumas operadoras persistem na prática da venda Revista Dinâmica 19


de aparelhos bloqueados? Algumas por efetuarem a requisição imediata do desbloqueio e outras por simplesmente se aproveitarem da falta de informação. Já em seu artigo 39 IV, o CDC veda ao fornecedor de produtos e serviços a prática abusiva de se aproveitar da ignorância do consumidor para impor condições abusivas. Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços Talvez um cliente passe a vida inteira utilizando os serviços de determinada operadora, mas isso não quer dizer que ele não tenha o direito de, a qualquer momento, migrar para outra prestadora de serviços telefônicos. É a liberdade para optar pela prestadora de serviços de seu interesse. Liberdade esta prevista não somente no CDC, mas fundada também no princípio da liberdade da Constituição Federal, que entre outras, nos garante a liberdade de escolha. É inaceitável de qualquer ponto de vista jurídico que uma operadora permaneça com essa prática ilegal. Além de restringir, ou melhor, esfacelar vários direitos dos consumidores, o bloqueio ainda gera grandes constrangimentos, desde o impedimento da utilização de outro chip até a grande complicação existente para efetuar o desblo20 Revista Dinâmica

queio. A Lei nº 9.472, de 16 de Julho de 1997 versa especificamente sobre os serviços de telecomunicação. E entre seus vários artigos, pode ser destacado o artigo 3º II e o Artigo 6º. Art. 3º. O usuário de serviços de telecomunicações tem direito: II - à liberdade de escolha de sua prestadora de serviço; Primeiramente em análise ao artigo 3º, concluímos mais uma vez o abuso do bloqueio de celulares. Ora, se a própria lei garante ao usuário dos serviços o direito à liberdade de escolha de sua prestadora de serviços, em hipótese alguma uma operadora pode se utilizar de qualquer artifício para obrigar o cliente a permanecer com um determinado chip, sem poder migrar para outras prestadoras de serviços. O máximo que pode ser feito é a prática do comércio como o conhecemos. Vende quem tem a melhor oferta. O que as operadoras podem sim fazer é oferecer produtos, serviços e condições atrativas aos clientes. Mas jamais praticar a venda de aparelhos bloqueados. Art. 6º. Os serviços de telecomunicações serão organizados com base no princípio da livre, ampla e justa competição entre todas as prestadoras, devendo o Poder Público atuar para propiciá-la, bem como para corrigir os efeitos da competição imperfeita e reprimir as infrações da ordem econômica. Analisando também o artigo 6º podemos perceber que a lei assegura

Fazendo direito a livre, ampla e justa competição entre todas as operadoras. Isto é, mais uma vez a prática do bloqueio dos aparelhos fere os princípios legais. Uma operadora que vende um aparelho bloqueado não está respeitando a liberdade de competição, pois não dá nem mesmo a liberdade de escolha ao cliente. A competição com uma operadora que bloqueia seus aparelhos também não pode ser considerada ampla e justa. Através do bloqueio o cliente é impedido de migrar para outras operadoras. Os consumidores, que notoriamente são as partes mais fracas desta relação, ficam em um beco sem saída. Por um lado alguns precisam do aparelho desbloqueado, entretanto, com os vários problemas burocráticos criados


Fazendo direito pelas operadoras, se vêem obrigados a levar os aparelhos em qualquer assistência técnica, o que faz a garantia do produto perder o efeito em caso de algum problema. A tentação que todos têm é a de efetuar o desbloqueio por vias ilegais, assim como as empresas vendem aparelhos bloqueados contra a lei. Mas há algumas diferenças. Enquanto as operadoras descumprem deliberadamente as normas previstas por nosso ordenamento jurídico, os usuários dos serviços são obrigados a se sujeitar as condições impostas pelas operadoras contra a lei. E os clientes, por sua vez, se cometerem um desvio legal, por menor que seja, enfrentarão a justiça. A venda de aparelhos bloquea-

dos constitui venda casada, isto é, condicionar a aquisição de um produto ou serviço à aquisição de outro produto ou serviço. A venda casada é terminantemente proibida pelo código de defesa do consumidor em seu art. 39 - I: Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; O que se nota é um abuso desmedido à legislação. E o problema vai persistir até que todos os

consumidores se conscientizem e reclamem seus direitos junto aos órgãos competentes. É importante que esta prática seja denunciada por todos. As operadoras podem pagar multas que chegam aos dois mil reais por aparelho bloqueado. Uma denúncia é insuficiente. Mas com a participação de todos, a sociedade conseguirá mostrar que pode sim se movimentar diante de tamanho desrespeito. Aos que se sentirem lesados, é importante que sejam feitas denúncias, tanto à ANATEL quanto ao PROCON. Apenas quando todos conhecerem os seus direitos e os fizerem valer, a lei brasileira, que é tão bonita na teoria, vai se tornar imbatível na prática.

Revista Dinâmica 21


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IMAGEM E AÇÃO

Olim... piadas Olimpíadas de Pequim: os equívocos de lá e a transmissão de cá, o evento das piadas prontas Liana Dantas

O

transmissão

trocadilho infame do título não chega nem perto do que foi a Olimpíada na China. Zeus deve estar furioso! Sabe aquela expressão “(...) nem aqui, nem na China”? Já está mais do que provado que transmissão de Olimpíada não foi bacana nem aqui e nem da China! Quer dizer, então que resolvam fazer os Jogos Olímpicos num país que está com problemas e questões sociais seríssimos, onde metade da comunicação é censurada e divide-se em dois mundos: dos que tem muito e dos que não tem nada. Olha, por mim fazia logo no Vidigal! Seria bem mais em conta. As únicas emissoras da tv aberta que compraram o pacote olímpico com churrasquinho de cavalo marinho foram Rede Globo e Rede Bandeirantes. Na Rede Bandeirantes, dados de realidade e drama, na Rede globo dados de insanidade por parte do locutor Galvão Bueno. A transmissão da abertura dos Jogos Olímpicos foi o que houve de mais grotesco das Olimpíadas de Pequim, que teve

um tempero especial a mais no quesito de tudo quase ser jogo de cena ou ectoplasmas de coisas e pessoas. Não se sabe o que ajudou o quê a ficar pior: se foi o evento tosco que piorou as transmissões ou se as transmissões equivocadas que fizeram o evento ficar parecendo uma festa na casa do Michael Jackson. Impossível de se ter uma resposta rápida. É como a questão do ovo ou da galinha. O show da abertura, um show de

Eu, desde o principio, já na abertura – um show de falta de senso – achei que aquela criança que estava cantando no estilo “Maísa do Sábado (e agora Domingo) Animado”, não estava nada bem. Talvez porque ela não parecesse uma criança ou ela nem fosse mesmo – como todos nós desconfiamos de Maísa. Era perceptível que a criança dublava a música, que para um evento do porte, tudo bem. O que me deixou mais atormentada foi uma expressão de quem acabou de ver o último filme do Zé do Caixão, onde ele atua como se fosse um coroa enxutíssimo e sexy. É de tremer. Depois veio à tona a verdade: a “Maísa chinesa” não dublou a própria voz. E como emendar é sempre pior, a explicação para a gafe foi: a menina que gravou a música tem dentes tortos e é feia segundo a população chinesa! Aí escolheram uma bonitinha para dublar. Sem querer desrespeitar etnia nenhuma, mas como se fosse possível saber quem é feio e quem é bonito, quando se tem duas crianças com rostos redondos e olhinhos puxados. Fora que, Revista Dinâmica 23


Imagem e ação para mim, foi tudo muito abstrato, música chinesa ainda é um novo horizonte de melodias, não consigo concatenar as informações. Um show de ...chineses! Outro episódio macabro foi em relação aos fogos “de artifício”, que realmente eram “artificiais”! Você acredita que os fogos foram todos gravados? Isso é constrangedor para quem foi lá cobrir o evento ou para quem gastou dinheiro de passagem para ver tudo “ao vivo”. Conclui-se que o evento era melhor assistindo de casa. Um show de ironia.

de das fofuras! É só dar uma leve pesquisada para saber que lá existe churrasquinho na rua, venda de produtos falsificados para todos os lados, além de prostituição e outras coisinhas como aqui... Avenida Mem de Sá perde! Num outro momento, na Rede Bandeirantes, Virna (ex-jogadora de vôlei) - atuando de comentarista - confessou a Luciano Duvale que se perdeu em Pequim e uma mulher a ajudou e ainda disse que era um dever dos chineses ajudar as pessoas estrangeiras. Hein? Curiosidade: será que a mulher falou em mandarim? Um show de falta de noção.

A Rede Globo exibiu algumas matérias retratando a China, algumas delas – as de maior duração, apresentou a situação atual do país num espectro “superior” e como se a cidade de Pequim fosse a cida-

Quando o nadador César Cielo venceu prova, a Bandeirantes estava com a família do atleta no link em destaque na tela. De repente, a Globo estava também e meio que obrigou a mãe do rapaz a dizer que

24 Revista Dinâmica

Galvão Bueno tinha dado todo o apoio na carreira do atleta. Tudo pela atenção do telespectador. Um show de constrangimentos. A Globo deixou de transmitir a cerimônia de encerramento das olimpíadas para transmitir Fórmula 1, enquanto a Bandeirantes transmitia tudo normalmente. Depois, do meio do evento para o fim, entra uma apresentadora dublê da Renata Ceribelli com doze anos, toda animada e começa a transmitir o início da comemoração do encerramento... gravado! Para “melhorar”, Galvão Bueno perdido, anunciando os fogos do estádio da comemoração de encerramento. Uma falta de comprometimento com o mundo real e respeito ao telespectador, pois a Fóruma 1 traz retorno financeiro (somente) a emissora. Parece mesmo impossí-


vel de responder o que é pior numa Olimpíada, se é quem transmite ou quem é transmitido. Um show de vergonha alheia. Bom, se as Olimpíadas fossem no Vidigal, no encerramento iria ter Caveirão, Corpo de Bombeiros e o Tihuana em cima tocando “Tropa de Elite, osso duro de roer...” Bem mais orgânico. Aí sim, caberia a palavra “show”.

asil o Canal Br ida n to s o g a 6 de dirig ou no dia 2 ida pela Ideograph, e tr s e s o h z semaQuadrin episódios érie produ s o a c m in u c É m . . te (Globosat) o no Brasil programa h O in r t. d e a lv u a q do C de ria em por Eduar , Mauricio so da histó r n u e c iz r e A p o o lf o nais e conta Ângelo Agostini, Ad fora. o m r o a de Nomes c deriam fic o p o ã n li sa e g oa) surpre b ( Souza e An a m u a r la que e do que te”. A nove e enredo, ficou pior n ta u m “ r) a A Favorit clichês d trícia Pilla a e P s ( e a õ r r d lo a F p os com sassina por fugir d is que a as “odeio bolo o o : p iz e d D . m a e d u a encomen mo tal de um jeito q ser a mesma confusã co al. ltou a se declarou issora glob a trama vo ”, m o e c a s d a s m a a d tras tram pedaço de ros das ou fu e s o c o do o de equív ais esperad m m a m a r g nte co o, o pro ral Gratuit editavelme r o c it a le in E is io a mur Horá didato do ição está m n le a e c a d m a e c v um jo todo mundo! A icas. Existe ue o programa dele é uir rir, m ô ic g a tr s (R J) q pitada conseg ão Gonçalo futebol! Se você não S e d io íp nic o de mo um jog is cometerá o c o d a r r a n , po esligar a tv é melhor d

Notas

Revista Dinâmica 25


MP2

A festa nun O Cinelapa abriga duas festas, College Rock

Liana Dantas e Fernanda Machado

T

Fotos: divulgação

udo começou com uma carência de festas que falasse uma mesma língua das pessoas que curtiam algumas bandas não muito executadas nas noites do Rio. Depois, inserir uma nova proposta à mesmice da noite envolvendo artistas, fotógrafos e outros, que se tornam DJS, mexendo, assim, nas funções e ampliando o sentido de diversão. Sim, é possível fugir das noites sem-graça com clima de “chat de paquera” e música do Babado Novo ao fundo!

26 Revista Dinâmica

Renato Lima é editor da revista de bolso Jukebox, que reúne vários ilustradores com a linguagem de quadrinhos e fala sobre música, cinema e comportamento de um ângulo mais alternativo. Também toca em eventos de rock como DJ e ajuda a produzir as duas festas em questão. Festa College Rock Leo 77 é DJ e amigo de Renato. Ambos queriam uma “festa rock,” onde pudessem tocar músicas de bandas que curtiam e que a maioria das festas pelo Rio esqueceram. Juntos produziram duas

edições da festa College no final de 2007 na Pista 3 para todos aqueles que estavam na mesma angústia ao redor da cidade. Junto a eles o DJ Eduardo Mulder, já conhecido pela festa Paranoid Android, deu um suporte básico e passou a fazer parte do time. No início de 2008, a festa passou a ser no Cinelapa, o que possibilitou fixar um conceito : “Não ser apenas mais uma ‘festa rock’, aliando informação com diversão. A nova casa possibilitou que uníssemos cinema e shows à discotecagem. Cada edição passou a ser temática, em cima de um


ca termina e Antídoto, que misturam todas as mídias em prol da música

movimento e/ou banda (anos 80, Old Is Cool, Punk 77, Grunge,The Smiths, New Order, Beatles etc), passando um filme (geralmente inédito por aqui) e com uma banda autoral cujo trabalho se encaixe no especial proposto”, explica Renato. O objetivo é fugir dos hits (missão quase que impossível) e tocar bandas menos conhecidas como Echo & The Bunnymen, T-Rex e Charlatans e também os novos: Rockz, Alpha Beat, Gogol Bordello e Alice, que se mesclam aos mega hits pedidos pelo povo. Renato acha bem curioso e observa: “O público carioca é engraçado, heterogêneo, indo da ala radical que quer escutar o lado B de bandas conhecidas à turma que quer escutar o ‘feijão com arroz’ do rock. No geral, conseguimos atender a todos, tendo em mente que a pista não pode parar!” O desafio maior, para os meninos da College, é tirar o pessoal de casa na quinta-feira, mesmo com ingresso super em conta. “O rock

anda complicado no Rio”, lamenta (não de uma forma emo, claro!) o editor. Eles reconhecem que para uma festa nova, já estão com uma platéia cativa. Resultado disso são as edições especiais no sábado: Beatles/Stones, New Order/Joy Division e Old Is Cool que teve uma resposta significativa. Às 4:30h da manhã encontra-se pessoas que parecem estar simplesmente começando a noite, por exemplo. Atualmente, os nomes que compõem a equipe da College Rock são Eduardo Mulder, Spenser Jesus, Eduardo Pletsch e Renato “Jukebox” Lima. Os meninos também apresentam programa intitulado Rock Party, na Cidade Web Rock, com o som que é tocado nas pistas da College. Festa Antídoto A festa nasceu das experiências de Renato como DJ, incentivado por seus amigos, os DJS Léo 77 e o Junior du Jorge: “Resolvi que essa era uma experiência que todos

deveriam ter!”, conta. Renato, que é formado em Pintura pela Escola de Belas Artes (UFRJ), queria tirar um pouco mais da monotonia da noite e acrescentou outras atividades para acontecer durante uma festa, questionando o porquê de só algumas pessoas poderem ser DJs e por quê não ter outras atividades ocorrendo durante uma festa. Decidiu convidar estudantes de artes, jovens cineastas e fotógrafos para expor seus trabalhos e atuarem como DJs. “Produtores culturais e artistas atacando de DJs. Pista de dança como galeria de arte. Performances interagindo com o público. ou vice-versa!”, é uma espécie de argumento para a festa que acontece bimestralmente, pois, com o nome “Antídoto”, espera-se ser um verdadeiro remédio contra o tédio nas noites do Rio. O som depende de cada DJ, há um revezamento do som que muda de 40 em 40 minutos, o que tem Revista Dinâmica 27


MP2 funcionado. É possível sentir que as pessoas gostam de esperar pra ver quem vai tocar o próximo set e Renato confirma: “A confiança no bom gosto dos convidados tem garantido a pista animada”. Assim, também ocorre uma diversidade, uma troca de universos . “O som não fica restrito a um gênero mas ao bom gosto dos DJs/ Artistas convidados. O importante é ser música divertida e de qualidade, seja soul, pop, eletrônico ou rock”, completa. A opinião de todos que participam como DJs da festa é da satisfação de ver o pessoal dançando na hora em que se está tocando, de como isso é recompensador. E a cada

28 Revista Dinâmica

nova participação as pessoas têm a oportunidade de conhecer novos artistas (através de fotografia, artes plásticas, vídeo) dando continuidade ao conceito da College: diversão + informação. “O objetivo é que se torne não só uma festa voltada para os universitários e estudantes de artes (design, cinema), mas também atinja o público em geral, em busca de uma noite divertida”, conclui Renato. É o que todos esperam. O elenco fixo da festa contém nomes como: Rafael Adorjan (fotógrafo e desenhista), Fernando Schlaepfer (fotógrafo e designer), Felipe Fanta (ilustrador e designer) e Renato Lima (editor e

desenhista). Não querendo dar o tom de filosofia de botequim a matéria, mas é perceptível que as duas festas têm essa característica multifacética e que refletem bem nossa contemporaneidade, onde não se pode saber uma coisa só para se manter e entender esse universo maluco. As festas sobrevivem com toda a diversão e dificuldades, como nós. Consulte a agenda das duas festas em: <http://www.fotolog.com/ jukeboxrock>


MP2

Revista Din창mica 29


SAÚDE E BELEZA

Saúde, beleza ou estética? Como os três conceitos são direcionados pelos valores sociais

Priscila Leal

S

aúde resulta em beleza? Beleza denota saúde? Estética é sinônimo de beleza? O dicionário nos direciona aos seguintes padrões de pensamento: Saúde: “Estado habitual de equilíbrio do organismo; força, vigor, robustez”. Beleza: “Harmonia, perfeição de formas; qualidade do que é belo”. Belo: “Que desperta sentimento de admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de perfeição”. Estética: “Ciência que trata do belo em geral e do sentimento que ele faz nascer em nós”. É inegável o quanto o ideal de perfeição divina do modelo estético grego nos guiou ao longo da história da humanidade e serve de base aos nossos olhos até hoje. 30 Revista Dinâmica

Ainda assim, nas últimas décadas a sociedade tem se dividido em distintos grupos estéticos, resultado de cultos a diferentes conceitos. Há o culto às formas quase fisiculturistas regadas a suplementos alimentares, anabolizantes e exercícios musculares ao extremo. Há o tão preocupante culto às formas das modelos nas passarelas; nesse caso, o nome em si da profissão é suficiente para gerar uma polêmica discussão filosófica e educacional: deveria um ser humano servir de “modelo” para outro uma vez que cada um possui seu específico biotipo? Muito mais que a imagem, o erro já começa na idéia que implicitamente nos incute um padrão e manda às favas a individualidade biológica. Entre outros segmentos estéticos, há também quem não cultue o corpo, mas a comida. A obesidade é uma das doenças que mais atinge não somente adultos,

como crianças mundo a fora. Como sociedade, estabelecemos alguns padrões que estão relacionados, entre outras finalidades, ao lucro comercial. Se todos entendem a modelo Y ou o cantor X como sinônimos de beleza e tomam tais aparências como objetivo, não fica difícil saber o que fará sucesso nas prateleiras e nas macas das clínicas de estética. Lógico! Apesar do avanço da medicina e da avalanche de informações sobre a saúde do corpo, pessoas, principalmente jovens, não se importam em “aliviar” a pressão dos dias de hoje através de métodos que eu chamaria com generosidade de “agiotagem”. Me parece óbvio e repetitivo mencionar os males e os possíveis danos. Não é essa a idéia, afinal não há nada que todos já não tenham escutado. Então por que ignorar as conseqüências que até podem tardar, mas não falham?


Seja qual for a escolha ou o gosto, o que se exterioriza é reflexo do que comanda o corpo. Não, não me refiro aos alimentos e aos exercícios físicos, ou mesmo à ausência de ambos. Há uma premissa maior da qual devemos partir para falar do nosso instrumento de vida: o pensamento. Está na mente o início das decisões que regem nossas vidas e não seria diferente quanto à aparência física. O simples fato de ser ou não uma pessoa vaidosa diz muito sobre uma personalidade, até mesmo em que cultura ela está inserida. Religião, cultura, clima, sexualidade, educação, saúde mental, faixa etária, classe social e etc. São inúmeros os aspectos que compõem um ser humano. É exatamente essa mesma infinidade de detalhes que conjugados entre si determinam o resultado da imagem do corpo.

Verdadeiramente, a aparência física nada mais é que a tentativa de expressar o que se passa na mente, incluindo certezas e inseguranças, como uma pintura ou uma escultura. Um problema familiar pode, por exemplo, fazer um adolescente optar pela cor do cabelo ou o comprimento da roupa. Ter consciência ambiental certamente define que tipo de alimento um indivíduo leva a casa. Fases da vida as quais eventualmente atravessamos ditam o grau de importância que damos à saúde ou à beleza. Ingressar à universidade e perder um ente querido são exemplos de situações a provocar transformações internas que normalmente tornam-se externas. Pessoas agrupam-se ou segregamse pela imagem. Biquini e burca convivem respeitosamente lado a lado? Acho que não. Somos constituídos de intrínsecos pontos de vista. Assim, toda e qualquer postura que assumimos afeta inevitavelmente o que transparecemos. São os valores que agregamos à nossa personalidade ou perdemos ao longo de nossas experiências permeando todas as decisões que tomamos, desde a qualidade da comida que colocamos no prato até se precisamos e estamos dispostos a nos submeter a uma cirurgia plástica. Se “gosto não se discute”, admiração também não. Então, o que é belo? O que lhe provoca admiração! Despertar o sentimento de

admiração própria é nitidamente o primeiro passo para chegar à admiração alheia. Quem não se sente bem consigo mesmo se esconde. As características de uma mulher ou de um homem mal resolvido com sua aparência chegam aos nossos olhos mais concretamente do que se possa imaginar. Quem já não ouviu a frase: “O corpo fala”? E como fala! Pense no que você diria sobre uma pessoa que mantém seu olhar para baixo, que assume uma postura de ombros e coluna curvados para frente numa tentativa de diminuir o espaço físico que ocupa. Ou alguém que tem os braços e pernas constantemente cruzados. Ou ainda uma criatura que simplesmente não sabe o que fazer com suas mãos na súbita falta de um salvador objeto para darlhes função. Beleza é o que reconhecemos como harmônico e Saúde, o equilíbrio do organismo. Similares, não? Certamente o desequilíbrio do organismo acaba por desestabilizar a harmonia da beleza. O contrário leva ao mesmo resultado, a busca cega por pertencer a um padrão que contraria o próprio biotipo sem dúvida desequilibra o organismo. Como todas as ciências, o estudo da Estética vem se transformando ao longo da história, logo o que é concernente a ela, o considerado “estético”, também muda. É imprescindível lembrar que “estético” é apenas uma percepção de um tempo no qual vivemos e não uma definição ou uma regra. A tentar responder as pergunta propostas por esse artigo: Beleza + Saúde = Estética.

Revista Dinâmica 31


COM ÁGUA NA BOCA

Diet ou Light? As receitas do mês, dessa vez diets, que podem ser consumidas pelos diabéticos e pelos que gostam de evitar açúcar. Manter a forma também é chique! Fernanda Machado e Tereza Machado

A

té hoje percebemos que há uma certa confusão entre o que é light ou diet. Até os refrigerantes ajudaram nessa confusão, a coca-cola diet virou light ou será que foi ao contrário? Nossa, que confusão.

Decidimos então, nesta quinta edição, fazer uma distinção entre estes dois conceitos tão importantes na hora de escolhermos alguns alimentos, pois nem sempre o que é light é permitido para o uso de uma parte da população que precisa evitar o açúcar, como quem sofre de diabetes. Vamos então às definições, anotem: Diet: alimentos ou bebidas com fins dietéticos específicos, com total restrição de um determinado componente como açúcares (para diabéticos)/gorduras/sódio/colesterol/etc. Light: Alimentos ou bebidas que apresentam açúcares/gorduras/sódio/colesterol/etc em quantidades reduzidas. 32 Revista Dinâmica

Quando procuramos apenas manter a forma, evitando comidas gordurosas ou calóricas, sempre é bom termos a mão uma tabelinha que nos revela o teor “engordante” de cada alimento. Eis uma boa tabela para ser consultada, retirada do site de Mariza Plácido:

Alimentos

Porção

Calorias

Requeijão de copo comum

1 colher (chá)

28

Requeijão de copo light

1 colher (chá)

13

Margarina comum

1 colher (café)

38

Margarina light

1 colher (café)

18

Maionese comum

1 colher (sopa)

199

Maionese light

1 colher (sopa)

50

Iogurte de morango comum

1 pote

172

Iogurte de morango diet

1 pote

72

Queijo branco comum

1 fatia de 25 g

61

Queijo branco light

1 fatia de 25g

30

Achocolatado comum

1 colher de sopa

49

Achocolatado diet

1 colher de sopa

41

Bala comum

1 unidade

13

Bala diet

1 unidade

4.1

Pão de glúten

1 fatia

74

Pão de glúten

1 fatia

45

Gelatina comum

1 porção de 80 ml

59.2

Gelatina diet

1 porção de 80 ml

6

Pudim comum

1 porção de 80 ml

117.4

Pudim diet

1 porção de 80 ml

48.3


Com água na boca

RECEITA Nº 1: Creme de Manga Diet Ingredientes: 1 colher de (chá) de maisena 400g de manga (3 unidades) 4 colheres de adoçante dietético em pó (próprio para forno e fogão) 200 ml de creme de leite fresco Modo de Fazer: Bata a manga com 3 colheres de sopa de adoçante no liquidificador até formar um creme. Coe, se necessário. Bata o creme de leite em ponto de chantilly e misture com o creme de manga. Reserve em geladeira. Prepare a espécie de purê levando ao fogo o suco com 1 colher (sopa) de adoçante, e engrosse um pouco a maisena. Deixe esfriar. Acrescente o creme de manga e sirva. Fonte: <http://www.comunidadediabetes.com.br> RECEITA Nº 2 – Frozen Iogurte Diet Ingredientes: 2 xícaras (chá) de leite desnatado ½ xícara (chá) de adoçante 2 colheres (sopa) de leite em pó desnatado 1 copo de iogurte natural desnatado 1 colher (sobremesa) de liga neutra em pó 1 colher (sobremesa) de emulsificante Ingredientes para a Calda: 200 g de framboesa ou de cereja natural 2/3 xícara (chá) de água 1 colher (chá) de amido de milho MAIZENA® ½ colher (sopa) de adoçante Modo de Preparar o Frozen No liquidificador, bata durante 2 minutos o leite desnatado com o adoçante, o leite em pó, o iogurte e a liga neutra. Coloque num recipiente e leve ao freezer até congelar. Quando congelado, corte em pedaços e coloque na tigela da batedeira. Bata com o emulsificante durante 15 minutos. Coloque em uma vasilha, tampe e leve ao freezer até a hora de servir. Modo de Preparar a Calda Para a calda, coloque as framboesas ou cerejas no liquidificador (reserve algumas para decorar). Bata com a água e o amido de milho MAIZENA®. Coloque a mistura numa panela e leve ao fogo mexendo até engrossar. Retire do fogo e misture o adoçante. Leve para gelar e sirva acompanhando o Frozen Iogurte e frutas tropicais. Dica: Se não quiser o Frozen Iogurte Diet, substitua o adoçante por açúcar, na mesma proporção.

Revista Dinâmica 33


Bonsucesso Comunicação: “nós inventamos o pingo no “S”” Ou você acha que só o “i” e o “j” tinham pingo? Então você acha que já sabe tudo? Lógico que não! E nós também! Mas fazemos de tudo para ir além. Tudo com liberdade e criatividade. Então, basicamente temos: 1.

2.

3. O pingo no “S”

Nossa missão Levar sua marca a um novo patamar, através de estudos e utilização de diferentes meios, como a criação de web sites, desenvolvimento de identidade visual, material gráfico e audiovisual, facilitando o processo de comunicação entre empresa e cliente. Além disso, fazer parcerias com empresas que não tenham um setor de criação formado, mas que queiram atrair clientes em potencial e produzir trabalhos na área de design e publicidade. Nossos serviços Trabalhamos com mídia impressa, criação de peças gráficas para revistas, outdoors, comunicação visual e diagramação. Fora do papel trabalhamos com criação de sites dinâmicos, hotsites e conteúdo multimídia. E, finalmente, criamos conteúdo audiovisual, que vai desde peças publicitárias para TV até produção de documentários e vídeos musicais.

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