Revista Portuária - Economia & Negócios

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Economia Negócios REVISTA PORTUÁRIA

Edição 243 / Ano XXII / 2020

R$ 50,00

Santa Catarina Exportações continuam subindo, apesar da crise Economia&Negócios • Edição 243 • 1


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EDITORIAL

ISSN - 1981 - 6170

O agronegócio, fundamental para Santa Catarina

ANO 22  EDIÇÃO Nº 243 Editora Bittencourt Rua Anita Garibaldi, 425 | Centro | Itajaí Santa Catarina | CEP 88303-020 Fone: 47 3344.8600 Direção: Carlos Bittencourt carlos@bteditora.com.br | 47 9 8405.8777 Presidente do Conselho Editorial: Antonio Ayres dos Santos Júnior Diagramação: Solange Maria Pereira Alves (0005254/SC) solange@bteditora.com.br Capa: Foto - Shutterstock Colaboraram nesta edição: Christian Neumann, José Zeferino Pedrozo e Milton Lourenço Contato Comercial: Sônia Anversa - 47 9 8405.9681 carlos@bteditora.com.br Para assinar: Valor anual: R$ 600,00 A Revista Portuária não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados, que são de inteira responsabilidade de seus autores. www.revistaportuaria.com.br twitter: @rportuaria

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agronegócio catarinense mais uma vez desponta na economia do Estado mesmo em tempos de pandemia. Dados do Ministério da Economia revelam que o aumento das exportações da carne de frango de Santa Catarina foi de 16,4% no mês de julho, em relação a junho de 2020. O desempenho positivo se deve ao aumento expressivo nos embarques para a Holanda, que se tornou o maior comprador no último mês com US$ 21,2 milhões – 139,2% a mais do que em junho e 48,5% a mais do que em julho de 2019. A avicultura continua sendo o carro chefe na venda de carnes para diversos países do mundo, de acordo com dados oficiais. No mês passado, os maiores compradores da carne de frango produzida em Santa Catarina foram Holanda, Japão, China e Arábia Saudita. A carne de frango é o principal produto da pauta de exportações de Santa Catarina. De janeiro a julho deste ano, o estado embarcou 578,4 mil toneladas do produto, faturando aproximadamente US$ 916,4 milhões. Santa Catarina é reconhecida internacionalmente pela qualidade do seu agronegócio e o cuidado com a sanidade animal e vegetal. É o único estado brasileiro reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação e área livre de peste suína clássica. Na área vegetal, o estado é livre de Cydia pomonella, considerada o pior inseto praga da fruticultura, e também do Moko da Bananeira. As ações de defesa agropecuária são executadas pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), com o apoio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa).

TRANSPORTE DE CARGAS FRACIONADAS E LOTAÇÕES 30anos anostransportando transportandocom comagilidade agilidadee rapidez e rapidez 32

BRUSQUE/SC (47) 3351-5111 4

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ITAJAÍ/SC (47) 3348-3292

SÃO JOÃO BATISTA/SC (48) 3265-1311

FLORIANÓPOLIS/SC (48) 3258-5330

GUARULHOS/SP (11) 2085-4500

CURITIBA/PR (41) 3348-7000


Sumário

34. CAPA. Santa Catarina: Exportações

continuam subindo, apesar da crise 06. Entrevista: Roberto Azevêdo A complexa saída da crise global 08. Opinião: Milton Lourenço Exportar mais é a saída 10. Opinião: Christian Neumann O efeito pandemia na balança comercial brasileira 12. Opinião: José Zeferino Pedrozo A morte da agricultura 14. Economia: Pandemia afetou negativamente 57% das indústrias exportadoras

16. Economia: Seis em cada 10 brasileiros acreditam que retomada econômica vai demorar, pelo menos, um ano 19. Economia: Após 4 meses de pandemia, empresas de transporte ainda enfrentam forte queda de demanda, do faturamento e restrições de crédito 22. Tecnologia: ANAC autoriza teste para entrega de produtos com drones

24. Portos: Governo Federal envia programa BR do Mar ao Congresso Nacional

31. Portos e terminais: Centésima manobra especial com mega navio é realizada na área da Nova Bacia de Evolução

26. Portos e terminais: Porto de Itajaí tem Carta Náutica atualizada

32. Portos e terminais: Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes registra crescimento de 24% em julho

28. Educação: Univali segue no ranking entre as melhores universidades da América Latina 30. Portos e terminais: Porto Itapoá tem o melhor Índice de Desenvolvimento Ambiental (IDA) entre os portos privados do país

40. Crise/Coronavírus: Covid-19 não gerou demissões na construção civil de Itajaí e região 41. Transporte aéreo: SC ganha rota inédita com voo cargueiro Miami-Florianópolis Economia&Negócios • Edição 243 • 5


Entrevista: Roberto Azevêdo

A complexa saída da crise global O diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo, analisa as ações possíveis para destravar o comércio

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m Genebra, na Suíça, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e diplomata brasileiro, Roberto Azevêdo, está à frente da maior entidade comercial do planeta formada por 162 países-membros. No enfrentamento da Covid-19, Azevêdo afirma que a organização está atuando, por exemplo, para evitar restrições às exportações de alimentos e de produtos médicos. Nesta entrevista, ele alerta sobre a recuperação econômica nos vários países, que vai depender da capacidade de cada um deles de controlar a pandemia e de medidas monetárias, fiscais e comerciais eficazes. Confira a entrevista completa a seguir: Quais as principais medidas que a OMC está tomando para estimular o comércio internacional durante e depois da pandemia? ROBERTO AZEVÊDO - Estamos trabalhando, em colaboração com outras organizações internacionais, para monitorar e avaliar a situação e informar melhor os tomadores de decisão. Buscamos estimular os países a evitar medidas comerciais contraproducentes, como restrições às exportações de alimentos e de produtos e equipamentos médicos. Para isso, participamos ativamente dos debates no G20. Criamos uma força-tarefa especializada, envolvendo todas as áreas da OMC. Elaboramos uma série de estudos para informar os membros em suas decisões. Monitoramos as medidas adotadas e garantimos sua transparência. Criamos também um espaço na nossa página na internet com informações comerciais relevantes relacionadas à Covid-19. Estamos, ainda, em contato direto com o setor privado, buscando identificar gargalos e possíveis alternativas. Enfim, trabalho não falta.

Nesse contexto, quais são as tendências para os novos acordos comerciais em curto e médio prazo? ROBERTO AZEVÊDO - Na OMC temos discussões sobre comércio eletrônico, facilitação de investimentos, regulação doméstica em serviços e participação das micro, pequenas e médias empresas no comércio internacional. Temos também as negociações em agricultura e subsídios da pesca. Todos esses debates se tornaram ainda mais críticos no contexto atual. A economia digital, o comércio agrícola e de serviços, os investimentos e a integração dos atores menores na economia global terão papel central na recuperação econômica no curto e no médio prazo. A questão ambiental, presente nas negociações em pesca, também se destaca. Fora da OMC, nas negociações de acordos regionais e bilaterais, a inclusão de cláusulas sobre esses temas já vinha acontecendo. Não vejo motivo para que essa tendência se altere.

ARMAZÉM: Rua Blumenau, Nº 2020 - sala 01 – Barra do Rio - Itajaí/SC 6

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Ainda no cenário da Covid-19, como a OMC poderia colaborar para que novos acordos comerciais não desfavoreçam as indústrias dos países em desenvolvimento? ROBERTO AZEVÊDO - No que diz respeito aos acordos que são feitos dentro da OMC, todos os interessados participam das negociações. Os países em desenvolvimento têm a chance de defender seus interesses ao longo dos debates. Quanto aos acordos que são negociados fora da OMC, também muito comuns, normalmente eles se valem do arcabouço geral das disciplinas multilaterais. Isso em si já é uma ajuda na questão de nivelar o campo de jogo. Como o comércio internacional, nesse contexto, pode colaborar para impedir o aumento do desemprego e o crescimento da pobreza no mundo? ROBERTO AZEVÊDO - Eu tenho insistido muito que a recuperação econômica nos vários países vai depender, principalmente, de duas coisas: da nossa capacidade de controlar e superar a pandemia e de medidas de estímulo que sejam eficazes, sobretudo nos planos monetário, fiscal e comercial. Essas três esferas precisam atuar na mesma direção. O comércio global viabiliza o aumento de escala de produção e a diminuição nos custos do produto final. Com isso, você aumenta o poder de compra da população e o consumo, incentiva o investimento e gera empregos. Políticas comerciais acertadas são parte vital dessa equação. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, o acordo comercial em negociação entre o Mercosul e a Coreia do Sul prejudicaria 51 setores econômicos no Brasil e beneficiaria apenas 11. Qual seria o papel da OMC nesse acordo? ROBERTO AZEVÊDO - Os acordos bilaterais e regionais são negociados fora da OMC, mas precisam ser compatíveis com as regras multilaterais. Esse equilíbrio de ganhos e perdas, avaliado pelos países que estão negociando, é um aspecto natural e comum nas negociações desse tipo de acordo. Mas vale lembrar aqui que, uma vez que esses acordos são finalizados, eles passam pelo escrutínio do Comitê de Acordos Regionais ou do Comitê de Comércio e Desenvolvimento, na OMC, dependendo do tipo de notificação. Eles são detidamente examinados e todos os países-membros da organização têm o direito de fazer perguntas sobre o conteúdo do acordo. 

O comércio global viabiliza o aumento de escala de produção e a diminuição nos custos do produto final. Com isso, você aumenta o poder de compra da população e o consumo, incentiva o investimento e gera empregos.

Texto: Revista Indústria Brasileira

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Opinião Exportar mais é a saída

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Por Milton Lourenço - presidente do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Exterior (trading company), todas com matriz em São Paulo e filiais em vários Estados brasileiros. E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

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m artigo que escrevemos em 2004 e que consta do livro Logística: os desafios do século XXI (São Paulo, Fiorde Logística Internacional, 2005), às páginas 188/190, sob o título “Negligenciar a Alca, um erro”, deixamos claro que o governo brasileiro de então falhava ao negligenciar e até mesmo tripudiar a formação da Aliança de Livre-Comércio das Américas (Alca), proposta do presidente norte-americano George Bush (1924-2018) que incluía Canadá, México e os demais 32 países das Américas, com exceção de Cuba. Afinal, ao esgrimir a desgastada bravata contra um possível domínio dos Estados Unidos na América Latina, o Brasil estaria, isso sim, permitindo que outros países viessem a ocupar um espaço que poderia ser seu no mercado norte-americano. E finalizávamos: “As consequências desse erro o tempo mostrará”. Infelizmente, o tempo acabou por mostrar que este articulista tinha razão. Basta ver que o volume das exportações da China para os Estados Unidos cresceu de forma exponencial, enquanto as vendas brasileiras para aquele país se estabilizaram em patamares modestos e até decresceram. Obviamente, se a Alca tivesse saído do papel, hoje a corrente de comércio entre as duas nações seria muito alta e o País estaria em melhores condições para enfrentar o período de dificuldades que enfrenta. Mas, seja como for, com a pandemia do coronavírus (covid-19) e a taxa de câmbio do real subvalorizada, tudo leva a crer que este pode constituir um bom momento para que o fluxo de comércio com os Estados Unidos seja retomado com maior vigor. Até porque a política de Cooperação Sul-Sul, que privilegiava negócios com nações do Hemisfério Sul e tantos prejuízos causou ao erário brasileiro, está definitivamente enterrada. Hoje, ainda que o governo não tenha uma política de comércio exterior digna desse nome, segue, embora de maneira empírica, o ensinamento deixado por um antigo secretário de Estado norte-americano, John Foster Dulles (1888-1959), segundo o qual “não há países amigos, mas interesses”. Assim, sem desprezar ou afugentar os negócios com a China, o Brasil pode muito bem concorrer de maneira mais intensa com aquele país oferecendo ao mercado norte-americano produtos com baixa e média tecnologia, para os quais teria boa capacidade de produção. Essa política de reaproximação com os Estados Unidos poderia resultar num reavivamento da indústria nacional, o que significaria também dar condições e renda ao exército de desempregados que ficará ainda maior até o final da pandemia de coronavírus. É de se ressaltar que a quantidade de multinacionais que abriram unidades na China, para usufruir de mão-de-obra barata, é enorme, mas já se detecta certa insatisfação por parte dos investidores. Portanto, seria o caso de atrair boa parte desses investidores, pois, aparentemente, os efeitos da pandemia causarão sérios transtornos à economia chinesa. Por outro lado, seria este também o momento de o produto made in Brazil garantir parte dos mercados que até agora foram majoritariamente atendidos pela China, principalmente o norte-americano. Num primeiro momento dessa retomada, o País deveria focar, por exemplo, em vestuários em geral, confecções e sapatos, que constituem um mercado gigantesco, assim como nos setores de eletroeletrônicos e artefatos de plástico, que são produtos de baixa e média tecnologia, além, é claro, de continuar a expandir as vendas de commodities agrícolas e minerais, que mantiveram até aqui a estabilidade da economia nacional. Para tanto, o governo federal, em vez de ficar distribuindo dinheiro aleatoriamente, deveria oferecer mais apoio às iniciativas focadas no comércio exterior, estimulando também a importação de insumos, de forma que o setor industrial possa vir a ampliar o número de vagas, pois, afinal, é o emprego que dá dignidade ao trabalhador. Como se sabe, são nos momentos de dificuldades que aparecem as grandes oportunidades.


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Opinião O efeito pandemia na balança comercial brasileira

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Por: Christian Neumann O autor é graduado em Comércio Exterior e especializado em Negócios Internacionais. Atua na área de armazenagem, importação, exportação, logística e operações portuárias. É coordenador do Núcleo de Comércio Exterior da Associação Empresarial de Itajaí, professor de graduação e pós-graduação nos cursos de Logística Internacional, Comércio Exterior e Gestão Portuária.

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pesar das manchetes anunciarem recordes de movimentação em vários portos brasileiros, por conta principalmente do agronegócio, que atingiu US$ 10 bilhões em exportações, somente em junho. O desempenho é tão excepcional que a participação do agro nas exportações brasileiras passou de 43% em 2019 para 50% em 2020. O setor registrou crescimento de 23,8% primeiro semestre. No total da movimentação das importações e exportações tem mostrado números em queda. A corrente de comércio até junho comparando com igual período do ano passado caiu 6,3%. Em números acumulados até junho comparando 2019 com 2020 , as importações passaram de US$ 83,76 bilhões para US$ 79,39 bilhões, uma queda 5,22%. As exportações que eram de US$ 109,44 bilhões, alcançaram apenas US$ 101,72 bilhões, com uma queda de 7,06%. A Associação de Comércio Exterior (AEB) prevê que o Brasil deverá ocupar a 30ª posição no ranking mundial de exportação e a 31ª no de importação. Ainda segundo a AEB a previsão é que a Balança comercial de 2020 em função da Covid-19 que atingiu o Brasil e o mundo, será de apenas US$ 339,445 bilhões. Uma queda de 18,2% do valor de 2019 que foi de US$ 401,333 bilhões. As exportações brasileiras devem cair 13,9% chegando a um total de total de US$ 192,721 bilhões. Já as importações devem chegar a uma queda de até 18,1%, para US$ 145,255 bilhões. Confirmando estes números, o superávit seria da ordem de US$ 47,466 bilhões, o que seria um aumento de apenas um 1,7% em 2019. Além dos impactos causados pela pandemia na economia mundial, há ainda outros aspectos importantes que vem pressionando a queda na balança comercial: o fortalecimento do dólar frente as demais moedas, a guerra China e Estados Unidos, a própria eleição americana, a expectativa de redução do PIB global e a o fechamento de milhões de empregos em todo o mundo. Outro aspecto importante para desempenho brasileiro é a crise na argentina. As exportações para os vizinhos portenhos, que chegou a 10% passou para apenas 3,6% de participação. Apesar do comércio Exterior, ter sido contaminado pelo efeito da pandemia, ele tem um impacto fundamental na retomada do crescimento econômico. O setor é um grande gerador de emprego e renda. O momento é propício para que as empresas possam buscar internacionalizar suas empresas e assim estarem menos sujeitos aos impactos da crise.


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Opinião A morte da agricultura

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Por: José Zeferino Pedrozo O autor é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).

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ais uma vez a agricultura brasileira – esse setor moderno e sustentável que se tornou paradigma mundial de produção, produtividade e respeito ambiental – enfrenta a ameaça da insegurança jurídica e o fantasma da inviabilidade. Nesse momento, está tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN 6446) que visa pronunciamento do Tribunal no sentido de definir se é constitucional ou não a aplicação de dispositivos do Código Florestal Brasileiro em áreas do bioma Mata Atlântica. Também tramita perante a Justiça Federal de Santa Catarina a Ação Civil Pública 5011223-43.2020.4.04.7200/SC, na qual os seus autores almejam que o Poder Judiciário julgue que não deve ser aplicado, no bioma Mata Atlântica, dispositivos do Código Florestal Brasileiro. Em ambas as ações entendemos que não se trata de aplicar uma norma em detrimento da outra, por serem incompatíveis; em sustentar-se que uma lei, pelo princípio da especialidade, deve prevalecer e a outra não deve ser aplicada. As legislações se complementam, a depender da situação. Não há, sob qualquer ângulo que se examine a questão, a existência de conflito entre as normas, na medida em que cada uma regula espécies de espaços protegidos em particular. O Supremo, nos autos das ADINs 4901, 4902, 4903 e da ADC 42, já teve a oportunidade de debater amplamente a constitucionalidade e a aplicabilidade de dispositivos do Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012). Em memorável acórdão de mais de 700 páginas, o STF deixou absolutamente claro que o Código Florestal não representa um retrocesso ecológico, como alguns pregam, mas, ao contrário, ele se amolda à realidade do País, sendo a referida legislação (Código Florestal) intitulada pela própria Corte Suprema de Justiça como o “marco regulatório da proteção da flora e da vegetação nativa no Brasil”. Ou seja, seus dispositivos devem ser aplicados em todos os biomas existentes, inclusive no bioma Mata Atlântica. Santa Catarina foi pioneira ao instituir o primeiro Código Estadual do Meio Ambiente do Brasil por meio da Lei 14.675, sancionada em 2009 pelo governador Luiz Henrique da Silveira. Foi um dos mais importantes atos para a agricultura e o agronegócio barriga-verde. A lei foi considerada medida de salvação do setor primário da economia. A aprovação do Código Ambiental era uma questão de vida ou morte para a agricultura e toda a vasta cadeia do agronegócio. Era o fim da insegurança jurídica que ameaçava paralisar o setor primário. A lei catarinense influenciou a criação do Código Florestal Brasileiro, aprovado pelo Congresso em 2012. Ambos os códigos são leis complexas, que se constituíram em grande avanço para a proteção e o uso racional dos recursos naturais, reafirmando o conceito de que as florestas e a vegetação nativa são bens de interesse comum, advindo daí o comprometimento com a preservação do patrimônio vegetal e com a biodiversidade. A Assembleia Legislativa de Santa Catarina agiu corretamente ao aprovar o Código Ambiental Estadual, interpretando uma necessidade do desenvolvimento agrícola sustentável. O Código Estadual harmoniza e assegura a produção de alimentos e a proteção aos recursos naturais, racionalizando normas federais em razão das condições específicas de solo, clima, topografia e estrutura fundiária do território barriga-verde. O Código Estadual e o Código Florestal Brasileiro foram elaborados com base em argumentos científicos, com a participação de especialistas e num ambiente democrático de amplo debate que mobilizou toda a sociedade. Tais regramentos fazem justiça ao reconhecerem as situações consolidadas, marcos temporais, e estabelecerem parâmetros de proteção que são viáveis e eficazes: protegem o meio ambiente sem impedir a produção de alimentos, pois os produtores rurais e as cadeias produtivas que deles dependem são os principais defensores da preservação do meio ambiente. Avançamos muito na redução da insegurança jurídica do agronegócio brasileiro que estava entre as maiores do mundo. A legislação ambiental brasileira pecava pela falta de objetividade e excesso de normas, dispersa em milhares de itens, entre leis, portarias e códigos. Porém, agora estamos sob ameaça de retrocesso. A prevalecer o equivocado entendimento de que em áreas do bioma Mata Atlântica deva aplicar-se tão somente a Lei 11.428/2006, haverá consequências sociais e econômicas assombrosas. A agricultura como atividade econômica regular ficará inviabilizada e o modelo catarinense de produção integrada – esse que reúne pequenos produtores e as agroindústrias – simplesmente deixará de existir. Havendo mudança no atual entendimento sedimentado no STF, estaremos, principalmente na região Sul, criando uma condição insustentável e irremediável sob o aspecto econômico e social. Competentes e extensas cadeias produtivas serão forçadas a paralisar. A locomotiva da economia barriga-verde vai descarrilar. Será a morte da agropecuária em Santa Catarina. 


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ECONOMIA

Pandemia afetou negativamente 57% das indústrias exportadoras Consulta realizada pela CNI revela que entre as empresas afetadas, 42% perderam mais da metade do valor exportado

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onsulta realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para medir impacto da pandemia do novo coronavírus no comércio exterior brasileiro revelou que a maioria das empresas foram afetadas negativamente. Entre as exportadoras, 57% registraram queda no valor faturado. Entre as importadoras e aquelas que investem em países estrangeiros, a queda foi ainda mais relevante, de 70% em cada um dos grupos. O levantamento foi feito entre os dias 02 e 10 de junho e avaliou os dados referentes a abril e maio de 197 empresas internacionalizadas (exportadoras, importadoras ou com investimentos no exterior). Essa é a segunda consulta da CNI para avaliar o impacto da pandemia no comércio exterior do Brasil. Apesar do estudo mostrar um quadro extremamente negativo, na comparação com a primeira edição, os dados indicam que a queda no valor de exportações desacelerou. Em fevereiro e março o índice de retração foi de 80%, um percentual 23

pontos maior que o referente aos meses de abril e maio. Na projeção para os próximos 60 dias, as exportações de 36% das empresas consultadas serão afetadas negativamente, o que indica nova desaceleração na queda com uma retração de 21 pontos percentuais no indicador na comparação com os meses de abril e maio. A desaceleração no recuo também é percebido entra as exportadoras mais afetadas. Na projeção para os próximos 60 dias, 37% responderam que a queda será superior a 50%, índice cinco pontos percentuais menor que o registrado em maio e junho. “Embora o comércio exterior tenha sido afetado de forma negativa pela pandemia, ele terá papel fundamental na retomada do crescimento econômico e na geração de emprego e renda. A crise é uma oportunidade para a empresa brasileira incorporar a internacionalização na sua estratégia de negócios”, afirma Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.

www.multiplaaa.com.br 14 • Edição 243 • Economia&Negócios

EXPORTAÇÃO • IMPORTAÇÃO


Mercados mais impactados pela queda na importação e no investimento são China e Estados Unidos Entre as importadoras, sete em cada dez empresas registram queda no valor das operações e 26% das afetadas afirmaram que tiveram uma retração superior a 50% nos últimos 30 dias. Quando o olhar é para frente, nos próximos 60 dias, o índice cai praticamente pela metade (36%). Os principais países impactados são a China e os Estados Unidos, ambos mercados estratégicos da indústria. Nesses lugares 58% e 29% respectivamente das empresas indicaram que reduziram

as importações. Entre as empresas que investem no mercado internacional, 70% informaram que reduziram a destinação de recursos para o exterior. A queda maior foi sentida na China (35%), Estados Unidos (30%) e Alemanha (13%). Na perspectiva para os próximos 60 dias, os maiores indicadores de retração também são registrados na China (44%) e nos Estados Unidos (31%).

Empresas se preocupam com redução das exportações e indicam dificuldades com os modais aéreo e marítimo As principais preocupação das empresas internacionalizadas com os efeitos da pandemia são com a redução das exportações (24%) e da produção (19%), bem como o aumento do preço da matéria-prima (15%). Entre as quase 200 empresas que participaram da consulta, 60% delas usam o modal marítimo para exportar ou importar produtos. Entre elas, a maior dificuldade tem sido a redução na frequência de navios, apontada como um problema para 39%, seguido do aumento no valor do frete (27%). Só 23% das empresas que usam esse modal afirmaram não ter enfrentado problemas. Segundo modal mais usado, o aéreo atende a 43% das empresas que exportam ou importam. Entre elas, o aumento no valor do frete é a principal (54%) dificuldade, seguida pela redução na frequência de voos internacionais (37%). A redução na frequência de voos domésticos e suspensão das rotas aéreas internacionais aparecem empatadas com 21% das empresas indicando como uma dificuldade encontrada em tempos de pandemia. Apenas 19% das empresas que usam este modal não enfrentaram problemas.  Economia&Negócios • Edição 243 • 15


ECONOMIA

Seis em cada 10 brasileiros acreditam que retomada econômica vai demorar, pelo menos, um ano Pesquisa da CNI mostra que 2/3 das pessoas dizem que recuperação dos impactos provocados pela pandemia ainda não começou. Receio do futuro leva 71% a cortar gastos mensais

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inda que o Brasil tenha começado a promover a retomada das atividades produtivas, a população está insegura e pretende manter seus gastos em patamares reduzidos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, revela que 67% dos entrevistados acreditam que a recuperação econômica ainda não começou e 61% afirmam que ela vai demorar pelo menos um ano para ocorrer. Apesar de a pesquisa indicar alguma recuperação na renda (caiu de 40% no início de maio para 31% agora o percentual das pessoas que disseram ter perdido em parte ou totalmente a sua renda), grande parte das pessoas ainda continua com as despesas retraídas: 71% dos brasileiros disseram ter reduzido seus gastos mensais desde o início da pandemia. Em maio, eram 74%. A cautela talvez se explique pela insegurança ainda provocada pela conjuntura atual. Dentre os trabalhadores formais e informais, 71% dizem ter algum medo de perder o emprego, leve recuo em relação aos 77% que tinham algum grau de temor no início de maio. No entanto, o percentual dos trabalhadores que têm medo grande ou muito grande de perder o emprego ficou praticamente estável: 45% agora, ante 48% há dois meses. “Os dados recentes da economia mostram que o pior da cri-

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se causada pelo novo coronavírus pode ter ficado para trás. Mas a pesquisa reforça a enorme importância de se construir uma agenda consistente, com ações de médio e longo prazo, para a retomada das atividades produtivas e do crescimento do país. Recuperar a confiança brasileiro, para que ele volte a consumir, é de suma importância para acelerar esse processo”, afirma comenta presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. “Também é fundamental dar andamento às reformas estruturais e atacar os problemas que aumentam os custos de produção e diminuem a capacidade da indústria brasileira de competir e gerar emprego e renda para os brasileiros”, completa. De acordo com a pesquisa, o nível reduzido de consumo tende a ser mantido mesmo após o fim do isolamento social. Para todos os produtos pesquisados, que vão desde itens como roupas, produtos de higiene pessoal até bebidas alcóolicas, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, a maioria dos consumidores pretende manter os gastos com eles. Para se ter uma ideia, os itens que mais devem ter crescimento no consumo no pós-isolamento são as roupas. Mesmo assim, apenas 21% dos entrevistados afirmaram que pretendem ampliar o consumo desses produtos.


ECONOMIA

Brasileiro segue favorável ao isolamento social Apesar das perdas econômicas e do medo grande do novo coronavírus ter caído de 53% para 47% em relação ao primeiro levantamento, em maio, os dados mostram que o brasileiro segue favorável ao isolamento social (84%). O grupo das pessoas que saem de casa apenas para ações essenciais, como fazer compras ou trabalhar, aumentou de 58% para 67% entre maio e julho. Sobre o trabalho remoto, oito em cada dez entrevistados admitem que as tarefas que precisam

entregar não podem ser feitas de casa. A população está dividida quanto ao retorno das atividades do comércio de rua — 49% aprovam e 47% desaprovam —, mas sobre outros itens, como salões de beleza, bares e restaurantes, shoppings, escolas e universidades, academias e cinemas, a maioria dos brasileiros é contra a abertura. Os percentuais variam de 57% a 86% desfavoráveis a reabertura desses estabelecimentos.

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ECONOMIA

Percentual da população endividada recua Um dado positivo revelado pela pesquisa diz respeito ao endividamento, que apesar de estar num nível elevado, atingindo 45% da população, recuou oito pontos percentuais na comparação com maio, quando 53% dos entrevistados se declararam endividados. E, dentre quem tem dívida, 62% afirmam que conseguirá quitá-la nos próximos 30 dias. O percentual é dez pontos percentuais maior que o registrado em maio. O levantamento mostrou ainda que 30% dos brasileiros pediram e estão recebendo o auxílio emergencial do governo. Entre eles, a maioria (57%) usou os recursos para compras e 35% destinaram os valores para pagar dívidas. O levantamento foi realizado pelo Instituto FSB Pesquisa com 2.009 pessoas de todas as Unidades da Federação entre 10 e 13 de julho e tem margem de erro de dois pontos percentuais. Em virtude do próprio isolamento social, as entrevistas foram realizadas por telefones fixos e móveis, em amostra representativa da população brasileira a partir de 16 anos. 

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ECONOMIA Após 4 meses de pandemia, empresas de transporte ainda enfrentam forte queda de demanda, do faturamento e restrições de crédito

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setor de transporte registrou queda de demanda pelo quarto mês consecutivo. De acordo com a nova rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte - Covid-19, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), 74,6% das transportadoras apontaram que houve diminuição da demanda em junho, sendo que mais da metade delas (57,2%) avaliou que essa retração foi grande. A pesquisa revela ainda que, diante das dificuldades de acesso a crédito enfrentadas pelos transportadores desde o início da pandemia, mais de um terço das empresas (34,0%) precisou recorrer ao crédito rotativo. Essa é a linha com as taxas de juros mais elevadas do mercado. O levantamento – que ouviu 858 empresas de cargas e de passageiros, de todos os modais de transporte, entre os dias 9 e 15 de julho – mostra que 79,8% das transportadoras projetam impactos negativos da crise em sua empresa por pelo menos mais quatro meses – nível mais alto na série de pesquisas de impacto da covid-19; 26,4% das empresas de transporte conseguem permanecer operando com recursos próprios por, no máximo, mais um mês, sendo que, até meados de julho, 21,3% já precisaram recorrer a linhas de financiamento para complementar o fluxo de caixa e cobrir as suas operações. A queda de faturamento foi apontada por 60,7% das empresas de transporte consultadas pela CNT. Além disso, 41,8% das transportadoras declararam que estão com sua capacidade de pagamento comprometida – de folha de pagamento, parcelas de financiamentos, tributos, alugueis, entre outros. O presidente da CNT, Vander Costa, avalia que os resultados dessa nova rodada reforçam ainda mais o cenário de diminuição drástica da demanda e do faturamento do setor, além de revelar grandes dificuldades, por parte dos transportadores, para pagar obrigações roti-

neiras. Segundo ele, é urgente a apresentação de um plano de socorro imediato às transportadoras, de modo a oferecer uma linha de crédito exclusiva e pré-aprovada, com taxas de juros reduzidas e carência estendida. “Entendemos que, após quatro meses de pandemia, se as iniciativas governamentais durante a crise não refletirem, na prática, o socorro emergencial efetivo às empresas, muitas transportadores irão encerrar suas atividades e segmentos, como o urbano de passageiros, podem entrar em colapso, o que certamente comprometerá o funcionamento e o abastecimento das cidades brasileiras, além da retomada da atividade econômica.”

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ECONOMIA

Dificuldade de acesso a crédito persiste Desde o início da crise, 52,0% das empresas de transporte solicitaram aos bancos algum tipo de financiamento, sendo que mais da metade delas (54,3%) teve a sua solicitação negada. E 59,8% afirmam conhecer o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) – iniciativa do governo federal que busca viabilizar crédito para empresas de pequeno porte. Dessas, 39,6% solicitaram crédito pelo programa e, das que solicitaram, 90,1% tiveram a solicitação negada ou ainda esperam o retorno do pedido. Entre as medidas consideradas prioritárias pelo setor para o atual momento, 50,8% das empresas destacam a importância da isenção de tributos federais durante a pandemia; e 50,7%, a disponibilização de crédito com carência estendida e taxas

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de juros reduzidas. Além disso, 39,3% citaram a necessidade da manutenção da desoneração da folha para o setor transportador. Essas pautas vêm sendo mencionadas pelos transportadores desde o início da pandemia.

Flexibilização trabalhista

Até meados de julho, 42,5% das empresas de transporte ouvidas pela CNT já haviam adotado a suspensão temporária do contrato de trabalho como uma alternativa para dar algum alívio ao seu fluxo de caixa. Segundo o levantamento, 42,7% recorreram à redução proporcional de jornada e salários; e 43,6% precisaram utilizar demissões como alternativa de última instância.


Alfabile Santana

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TECNOLOGIA

ANAC autoriza teste para entrega de produtos com drones Operação poderá ser realizada em caráter experimental e terá duração de um ano

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ANAC emitiu à Speedbird o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE) para que a empresa inicie entrega de produtos utilizando aeronaves não tripuladas, popularmente conhecidas como drones. Esta é a primeira certificação do tipo emitida pela Agência e permite que o equipamento da empresa possa ser utilizado no serviço de delivery, por exemplo. Em caráter experimental, a autorização é válida até agosto de 2021 e permite testes além da linha de visada visual (beyond visual line of sight - BVLOS), quando o operador não precisa ter contato visual para operar o drone. O processo de CAVE foi conduzido pela AL Drones, especialista em projeto e certificação de drones. Há pouco mais de três anos, quando foram publicadas as normas para as operações de aeronaves não tripuladas, os equipamentos vinham sendo utilizados nas mais diversas áreas, seja para uso profissional ou recreativo. Mas, com a emissão do CAVE, a exploração do equipamento para novas atividades está cada vez mais próxima. Para realizar os voos experimentais, o operador da aeronave de modelo DLV-1, que ganhou a matrícula PP-ZSL, precisa seguir as regras previstas no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial (RBAC-E) nº 94, da ANAC, e os normativos de tráfego aéreo, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Para o superintendente de Aeronavegabilidade da ANAC, Roberto Honorato, a autorização concedida pela Agência traz uma importância muito significativa para o setor e para o desenvolvimento comercial de novas oportunidades de mercado. “Dentre as atividades que a sociedade espera para os drones explorarem, o delivery é uma das mais promissoras. Obter o CAVE é uma etapa importante no processo de desenvolvimento do negócio, principalmente por ser de uma empresa brasileira”, destaca.

Obter o CAVE é uma etapa importante no processo de desenvolvimento do negócio, principalmente por ser de uma empresa brasileira.

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Equipamento e operação

O drone desenvolvido e autorizado para operações de transporte de carga é o de modelo DLV-1. A aeronave pesa aproximadamente 9 kg e pode transportar produtos de até 2kg, com velocidade de 32km/h. Inicialmente, estão autorizadas operações somente durante o dia e a uma distância máxima de 2,5 km do ponto de decolagem. Essa autorização possibilita que o voo possa ser realizado além da linha de visada visual, ou seja, o piloto remoto do drone não precisará ter contato visual com a aeronave durante todo o percurso.

Etapas de desenvolvimento

O caminho da apresentação do modelo até a concessão do certificado durou pouco mais de um ano. O primeiro contato da empresa com a ANAC aconteceu em maio de 2019, com a apresentação do equipamento e do tipo de operação pretendida. Em setembro do mesmo ano, a Agência recebeu o pedido de emissão do certificado que autoriza as operações. Para que ele pudesse ser emitido, a Speedbird precisou demonstrar que a tecnologia atendia as normas vigentes, principalmente no que diz respeito aos critérios de segurança. O primeiro teste prático com acompanhamento da ANAC foi realizado em janeiro deste ano, com a demonstração da atividade planejada e certas características de segurança da aeronave. A empresa precisou realizar alguns ajustes para demostrar que estava apta a receber o certificado. Um novo teste supervisionado por técnicos da ANAC foi conduzido no mês passado. Com o cumprimento de todos os requisitos mínimos exigidos, a Agência concedeu a autorização para voos experimentais ao operador.


OS BENS DA EMPRESA PODEM RESPONDER POR DÍVIDAS PARTICULARES DOS SÓCIOS? CÁSSIA CRISTINA DA SILVA OAB/SC 23.809-B Sócia-fundadora do Silva & Silva Advogados Associados e especialista em Direito Trabalhista para empresas.

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regra geral da responsabilidade patrimonial no ordenamento jurídico brasileiro é de que o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros. Dito isto, questiona-se: podem os bens da empresa (pessoa jurídica) responder por dívidas de seus sócios (pessoa física)? Muito embora a regra seja de que os bens da empresa respondam apenas pelas dívidas contraídas pela própria pessoa jurídica, a doutrina e a jurisprudência brasileira criaram o instituto da “desconsideração inversa da personalidade jurídica”, utilizado como forma de responsabilizar a empresa por dívidas particulares de seus sócios, ainda que não tenham ligação direta com a pessoa jurídica. Vale lembrar que houve a necessidade de criação deste instituto tendo em vista o fato de que o abuso da responsabilidade limitada das sociedades tornou-se prática reiterada, já que em alguns tipos societários o patrimônio dos sócios não se mistura ao patrimônio da sociedade. A desconsideração inversa pode ocorrer quando o sócio transfere todo o seu patrimônio para a pessoa jurídica em que figura no quadro societário, com o objetivo de evadir-se da responsabilidade de cumprir com suas dívidas particulares. O código civil estabelece que os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, se não depois de executados os bens sociais. Para isso acontecer, é necessário que a sociedade esteja denominada como sociedade limitada, anônima ou Eireli. Para se efetivar a desconsideração inversa, é necessária a comprovação de que o patrimônio do sócio estava sendo escondido na pessoa jurídica para evitar o pagamento da dívida. Esta teoria tem sido aplicada em muitos processos, porém, vale lembrar que antes de existir o dever de pagar, é preciso reconhecer verdadeiramente sua responsabilidade.

Balneário Camboriú-SC | Itajaí-SC | Florianópolis-SC | Itapema-SC | Sinop-MT | Miami-FL

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PORTOS

A medida legislativa tem como objetivo aumentar a oferta da cabotagem, incentivar a concorrência, criar novas rotas e reduzir custos.

Governo Federal envia programa BR do Mar ao Congresso Nacional PL de incentivo à cabotagem estimula concorrência, reduz custos e burocracia; expectativa é chegar a 2 milhões contêineres transportados por ano, até 2022

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pós amplo debate entre diversos órgãos do Governo Federal, como Ministério da Infraestrutura, Ministério da Defesa, Ministério da Economia e Casa Civil da Presidência da República, o Programa de Incentivo à Cabotagem, BR do Mar foi enviado como projeto de lei, em caráter de urgência, ao Congresso Nacional. A cabotagem é a navegação entre portos ou pontos da mesma costa de um país. É um modo de transporte seguro, eficiente e que tem crescido mais de 10% ao ano no Brasil, quando considerada a carga transportada em contêineres. A medida legislativa tem como objetivo aumentar a oferta da ca-

Apesar do crescimento da cabotagem nos últimos anos, esse transporte tem potencial para crescer ainda mais, perto de 30% ao ano.

Tarcísio Gomes de Freitas, Ministro da Infraestrutura 24 • Edição 243 • Economia&Negócios

botagem, incentivar a concorrência, criar novas rotas e reduzir custos. Entre outras metas, o Ministério da Infraestrutura pretende ampliar o volume de contêineres transportados, por ano, de 1,2 milhão de TEUs (unidade equivalente a 20 pés), em 2019, para 2 milhões de TEUs, em 2022, além de ampliar em 40% a capacidade da frota marítima dedicada à cabotagem nos próximos três anos, excluindo as embarcações dedicadas ao transporte de petróleo e derivados. Para a formulação do programa foram realizadas reuniões com autoridades do governo, usuários, armadores, representantes da construção naval e sindicatos de marítimos. Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, quando se fala em transporte de cargas em um país com as dimensões territoriais do Brasil, é preciso pensar em vantagens e eficiências logísticas. “Apesar do crescimento da cabotagem nos últimos anos, esse transporte tem potencial para crescer ainda mais, perto de 30% ao ano. Com o programa BR do Mar, vamos equilibrar a matriz de transporte, nos libertar de determinadas amarras, aumentando o uso de embarcações afretadas, reduzindo custos e burocracia, além de aumentar a oferta e incentivar a concorrência”, explica.


PORTOS  PROGRAMA BR DO MAR: O programa foca em quatro eixos temáticos: frota, indústria naval, custos e porto.  FROTA - O programa estimula a frota em operação do país para que as Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs) tenham maior controle e segurança na operação de suas linhas. Dessa maneira, propõe que a empresa que detém frota nacional poderá se beneficiar de afretamentos a tempo (quando o navio é afretado com a bandeira estrangeira, o que permite que ela tenha menores custos operacionais). São previstas, ainda, outras hipóteses que permitirão às EBNs afretarem embarcações a tempo: para substituir embarcações que estiverem em reparo ou construção; para atender operações que ainda não existam; e para cumprir exclusivamente contratos de longo prazo. Já os novos entrantes ou empresas de menor porte sem embarcações próprias poderão afretar a casco nu (o navio afretado passa a adotar a bandeira brasileira), sem a necessidade de lastro em embarcações próprias.  INDÚSTRIA NAVAL - O governo propõe diversas ações para fomentar a indústria naval, em especial no segmento de manutenção e reparos. A possibilidade de empresas estrangeiras utilizarem os recursos do Fundo da Marinha Mercante para financiarem a docagem de

suas embarcações em estaleiros brasileiros é um exemplo de ação que, ao trazer maior escala para as operações dos estaleiros, irá beneficiar, também, as EBNs, que hoje utilizam estaleiros na Europa e até na China.  CUSTOS - Ações que buscam viabilizar o aumento da competitividade das operações de cabotagem, com propostas que impactam custos de diversos tipos, como as burocracias que sobrecarregam as operações de cabotagem.  PORTOS – Uma iniciativa importante é a permissão do uso de contratos temporários para a movimentação de cargas que ainda não possuem operação no porto, agilizando a entrada em operação de terminais dedicados à cabotagem. Além disso, o Governo Federal já trabalha com uma agenda de modernização portuária, tendo concluído desde o ano passado o arrendamento de 14 áreas portuárias, nas cinco regiões do país. Outras 14 áreas portuárias serão licitadas ainda este ano, além de 33 terminais de uso privado que serão autorizados. Outra ação é a inclusão de novos investimentos em contratos já existentes. Tudo isso para garantir que os portos estejam preparados para o aumento da demanda de operações para cabotagem. 

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PORTOS E TERMINAIS

Porto de Itajaí tem Carta Náutica atualizada Atualizações foram realizadas pela Marinha do Brasil

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Porto de Itajaí está passando por processo de atualizações da Carta Náutica do novo Acesso Aquaviário. Para atualização da Carta em virtude de alteração de profundidades, é necessário realizar o Levantamento Hidrográfico de Classe Especial (Categoria “A”), que segue os procedimentos estabelecidos na NORMAN 25, da Marinha do Brasil, cujo órgão também faz análise do levantamento e, havendo aprovação, ocorre atualização do documento. O trecho do acesso aquaviário que teve as maiores alterações geométricas foi na região da Baia Afonso Wippel, onde foi implantada a nova Bacia de Evolução, cujo trecho, juntamente com o trecho do canal interno de acesso ao Porto, já se encontra atualizado na Carta Náutica. Além de informações das profundidades, o documento fornece outras informações, como sinalização náutica e demais informações pertinentes à segurança da navegação.

Superintendente, Engº Marcelo Werner Salles 26 • Edição 243 • Economia&Negócios

Com a aprovação da Autoridade Marítima do Levantamento Hidrográfico Classe “A” e do projeto da Nova Sinalização Náutica, já é realidade no porto de Itajai e do Terminal Portonave (Porto de Navegantes), a atracação de navios com até 350,00 metros de comprimento. Outro aspecto importante se refere ao ganho de calado operacional. Com o novo acesso aquaviário, já houve atracação de navio com até 13,20 m de calado. Em setembro de 2019, com a conclusão das obras do novo acesso aquaviário, incluindo a nova Bacia de Evolução, o porto de Itajaí registrou medições históricas de profundidades alcançadas pela dragagem, obtendo a marca histórica de 14,00 metros de profundidade em todo o acesso aquaviário. A Superintendência do Porto de Itajaí, na condição de Autoridade Portuária, tem um contrato de cinco anos (2019-2023), com a empresa de dragagem VanOord Serviços de Operações Marítimas Ltda, para manutenção das profundidades do novo acesso aquaviário, tendo como profundidade de navegação 13,50 metros. Outro fator importante para segurança da navegação é a instalação de um moderno sistema de monitoramento meteorológico e oceanográfico do canal de acesso ao Porto de Itajaí e Terminal Portonave. Trata-se de um sistema monitoramento e apresentação dos dados em tempo real, sobre as condições ambientais de diversas variáveis (ondas, correntes, ventos e nível da água), dando maior objetividade na tomada de decisões, por ser a mesma base de dados utilizadas pela Autoridade Portuária, Autoridade Marítima e pelo Serviço de Praticagem local. Para o Superintendente, Engº Marcelo Werner Salles, todo esse processo que destaca a nova carta náutica do porto de Itajaí fez parte de um amplo planejamento de estudos, afim de proporcionar a segurança de navegação de embarcações:


PORTOS E TERMINAIS “Isso tudo culminou na possibilidade de adequarmos a nossa Carta Náutica de maneira que todas as intervenções realizadas, como a conclusão da Bacia de Evolução, a nova sinalização náutica, com todos os monitoramentos ambientais e hidrodinâmicos instantâneos, a retirada de molhe, dragagem permanente, entre outras etapas, serão, ao final do processo de atualização desse documento, atualizado pela Marinha, uma forma de dar ao mercado a segurança das condições de profundidade”, destaca o Superintendente do Porto de Itajaí. O superintendente Marcelo Werner Salles lembra que a atualização desta nova carta náutica é necessária, pois vai de encontro as prioridades de crescimento operacional das atividades portuárias no porto público: “Somente com a implementação de nova sinalização náutica ao longo do canal de acesso, deficiências que eram encontradas ao longo de décadas, foram supridas com novos equipamentos de última geração, com torres mais altas, luz em LED (que diferencia da luz urbana da cidade), modificação da geometria do canal, dragagem permanente, e, principalmente a oportunidade de receber navios de grande porte como na primeira etapa das obras da Bacia de Evolução, num raio de 500 metros de diâmetro, realizar manobras com navios de até 306 metros até 350 metros de comprimento, e, posteriormente, em sua segunda etapa das obras de Adequação e Modernização do acesso aquaviário do Porto de Itajaí, alongar a bacia em até 530 metros de diâmetro, possibilitando a entrada de navios de até 366 metros de comprimento com capacidade de 14.000 TEUs (contêineres de 20 pés), e, possivelmente receber navios de até 400 metros de comprimento com 56,50 metros de largura (boca). Um dos maiores exemplos de regularização das atividades implementadas no canal de acesso e seus outros pontos, de acordo com a carta náutica atualizada, podemos destacar a vinda do navio APL PARIS de 347,40 metros de comprimento por 45,27 de largura, sendo o maior

A atualização desta nova carta náutica é necessária, pois vai de encontro as prioridades de crescimento operacional das atividades portuárias no porto público.

navio a navegar na costa brasileira, e, que nos brindou com sua visita no mês passado. Podemos dizer que foi um dos maiores testes que já realizamos, cumprindo com todas as exigências e condições técnicas que são atribuídas e concedidas a todos nós que atuamos nessa área”, reforça Salles. Com crescimento de 12% na movimentação de TEUs e 10% na tonelagem, o Porto de Itajaí (berços públicos e APM Terminals), encerrou o primeiro semestre de 2020 mantendo números positivos. Os números também foram positivos para o Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes. No primeiro semestre de 2020 o Porto de Itajaí e os Terminais de Uso Privado (TUPs) registraram movimentação de 650.724 TEUs e 7.124.639 toneladas. No comparativo ao primeiro semestre de 2019, a movimentação representa crescimento de 9% em relação aos TEUs e 7% na tonelagem. 

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EDUCAÇÃO

Univali segue no ranking entre as melhores universidades da América Latina THE classificou 166 universidades de 13 países da América Latina e Caribe

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Universidade do Vale do Itajaí (Univali) destaca-se como Instituição de Ensino Superior não pública catarinense listada entre as 150 melhores universidades da América Latina, segundo avaliação de um dos principais rankings universitários do mundo, o Times Higher Education (THE). Desde 2016, a publicação britânica passou a fazer um recorte específico sobre as instituições de ensino superior da América Latina. Na avaliação, critérios como ensino (o ambiente de aprendizagem), pesquisa (volume, renda e reputação), citações (influência da pesquisa), perspectivas internacionais (pessoal, estudantes e pesquisa) e rendimento do setor (transferência de conhecimento), são utilizados 28 • Edição 243 • Economia&Negócios

como indicadores de desempenho das universidades. O ranking de 2020 ampliou o número de ranqueadas, incluindo 166 universidades (anteriormente eram 150) da América Latina e Caribe. “Estar mais uma vez entre as melhores universidades da América Latina é motivo de muito orgulho, honra e alegria para todos nós. Isto demonstra o compromisso e diferencial da Univali com a qualidade de seus cursos de graduação e pós-graduação, em conexão com o programa de internacionalização e alicerçados no desempenho do nosso corpo docente, discente e funcional. O resultado também sinaliza que estamos no caminho certo e em sintonia com os principais indicadores do ensino superior mundial", declara o reitor, professor Valdir Cechinel Filho. O Brasil é mais uma vez o país com mais representatividade no ranking, com 61 instituições classificadas, mas perdeu pelo segundo ano consecutivo a primeira posição, neste ano mais uma vez ocupada pela PUC-Chile. A segunda colocação é da Universidade de São Paulo (USP) e a Unicamp aparece em terceiro. Em Santa Catarina, outras três universidades estão presentes, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e a comunitária Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). 


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PORTOS E TERMINAIS

Porto Itapoá tem o melhor Índice de Desenvolvimento Ambiental (IDA) entre os portos privados do país A Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ divulgou os resultados do Índice de Desempenho Ambiental – IDA das instalações portuárias brasileiras, referente ao ano de 2019. O ranking dos terminais portuários privados traz o Porto Itapoá em primeiro lugar como o melhor terminal portuário privado no quesito ambiental. Referência no setor, o IDA é composto por 38 indicadores relacionados a conformidades legais vigentes no país e boas práticas em gestão ambiental, saúde e segurança de operações. Entre os indicadores que são avaliados pelo IDA estão a situação da licença ambiental e a existência de licença de operação, quantidade e qualidade de técnicos no núcleo ambiental, prevenção de riscos, auditoria ambiental, ação de retirada de resíduos de navios, consumo e eficiência no uso de energia, monitoramento da fauna e da flora e planos de contingência de saúde. 

Porto Itapoá contribui para colocar em operação unidade móvel do HEMOSC que atende a região Nordeste do Estado Os profissionais da área de Manutenção do Terminal fizeram reparos mecânicos no ônibus que faz coleta de sangue e cadastro de doadores O Porto Itapoá contribuiu para colocar em operação a Unidade Móvel do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC), que atende a região Nordeste do Estado. Com essa colaboração, a unidade pode entrar em funcionamento na realização de campanhas externas de doação de sangue, e cadastro de Medula Óssea. As campanhas de doação de sangue serão realizadas, principalmente, na região Nordeste de Santa Catarina. Os profissionais da área de Manutenção do Terminal fizeram os reparos mecânicos no ônibus. A unidade móvel foi uma doação através de um projeto liderado pelo Rotary Club de Itapoá, subsidiado pelo Rotary Club da cidade de Pesaro, na Itália. O ônibus foi doado pela VMG Log e contou com a participação do Porto Itapoá, dos Rotary de Joinville e de São Francisco do Sul e da Amunesc (Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina). O total arrecadado foi de 100 mil dólares para a compra dos equipamentos e para a conversão do veículo em instalações próprias para coleta de sangue e cadastro de doadores. A forte parceria do Porto Itapoá com o Rotary Club Itapoá acontece há anos. O Terminal é tradicional apoiador da Noite das Massas, ação do Rotary Itapoá para angariar recursos para compra e manutenção de cadeiras de rodas, muletas, andadores e outros insumos para auxílio de pacientes que necessitam destes equipamentos de saúde. 30 • Edição 243 • Economia&Negócios


PORTOS E TERMINAIS

Centésima manobra especial com mega navio é realizada na área da Nova Bacia de Evolução Em oito meses de operações, Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes garante bons índices de movimentação

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de porte maior. “Nós ficamos felizes como Praticagem, e também decisivos quanto ao local tomado para a realização das manobras. Até o momento todas as operações de manobras até foram realizadas sem intercorrências, mostrando-se que o estudo foi de fato adequado, as simulações foram executadas, espelharam muito a realidade e a experiencia dos práticos da Praticagem de Itajaí, que também contribuíram para que nós tivéssemos esse sucesso. Gostaria de deixar registrado os parabéns a todos que participaram e participam dessa nossa atividade pelo feito alcançado”, destacou Wallace Siqueira Bezerra – Presidente Praticagem. “A operação do centésimo navio na nova Bacia de Evolução reforça a relevância do nosso complexo portuário num contexto de mercado com ampla competição. A atividade logística é definida pela essência coletiva e sob essa perspectiva precisamos nos manter focados, desenvolver nossas competências e buscar alternativas para finalizar a segunda etapa dessa importante estrutura. Integrados e reforçando a estratégia competitiva seguiremos firmes nessa retomada da atividade econômica e dos negócios em nossa região”, Osmari de Castilho Ribas, Diretor Superintendente Administrativo da Portonave. 

Solon Soares

o dia 13 de agosto, foi realizado na área da Nova Bacia de Evolução do Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, a centésima (100ª) manobra com navios de até 350 metros de comprimento e 48,50 metros de largura. O navio de nome SKYROS, pertence ao Armador LIBRA (bandeira da Libéria), possui 300 metros de comprimento por 48,20 metros de largura (boca). Desde o dia 16 de janeiro, dia em que aconteceu o primeiro teste de manobra especial na área da Nova Bacia de Evolução, numa grande operação, o navio “Valor” que pertence ao Armador Evergreen (bandeira de Malta), e, que possui 300 metros de comprimento por 48,3 metros de largura (boca), abriu um novo ciclo histórico para as operações de cargas no porto de Itajaí e seu Complexo Portuário num todo. Numa grande união de forças mobilizadas pela Superintendência do Porto de Itajaí (Autoridade Portuária), em conjunto com a Autoridade Marítima (Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí/(Marinha), Praticagem, Terminais Portuários (APM Terminals e PORTONAVE), e empresas de rebocadores, a manobra entrou para a história e desde então semanalmente vem ocorrendo operações com giros de navios com até 350 metros de comprimento, realizando com giros de entradas e saídas em frente ao molhe da Marina Itajaí, na Baía Afonso Wippel (Saco da Fazenda), local da nova Bacia. Todos os navios programados para realizarem suas manobras de giro na área da nova Bacia de Evolução, ao entrarem ou ao saírem pelo canal de acesso do complexo portuário, são rebocados e em seguida realizam o giro de 180º, e, que posteriormente seguem rebocados de ré até a área da bacia, ou até um dos berços de atracação dos terminais da margem direita (APM TERMINALS/CAIS PÚBLICO), ou margem esquerda do rio (PORTONAVE/Terminal Portuário de Navegantes). O Superintendente do Porto de Itajaí, Engº Marcelo Werner Salles, vem acompanhando desde o início das manobras e nesta oportunidade em que o número de giros chega a cem operações, comemora pela realização do Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes em estar recebendo navios de grande porte: “Para nós este momento é emblemático e ao mesmo tempo um marco histórico, além de estarmos recebendo a centésima manobra na área da Nova Bacia de Evolução, também pelo ineditismo na América do Sul, de fazer manobras a ré, onde a embarcação fica sem máquinas ligadas e os rebocadores efetivamente o conduzem até a área da Bacia ou aos terminais. Esses tipos de manobras já são realizados em vários portos da Europa, e desta vez, desde janeiro iniciamos com o empenho de muitos. Estamos concretizando essas operações em nossa casa, em nosso complexo, e, em nosso país pela primeira vez na história da atividade portuária brasileira. Essa manobra faz parte de um conjunto de ações que estamos fazendo para fazer com que a infraestrutura do complexo portuário de Itajaí e de Navegantes possa atingir e atender os navios no futuro denominados mega ships, navios com até 366 metros de comprimento”, destaca Salles. Inicialmente para as manobras experimentais na Bacia de Evolução, foram programados navios (embarcações), que já operam no complexo, e que sucessivamente estão sendo substituídos por navios

Osmari de Castilho Ribas, Diretor Superintendente Administrativo da Portonave Economia&Negócios • Edição 243 • 31


PORTOS E TERMINAIS

Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes registra crescimento de 24% em julho

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Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes encerrou o mês de julho com crescimento de 24% na movimentação de TEUs (unidade de medida de um container de 20 pés). Os números foram apresentados no relatório mensal de estatísticas da Superintendência do Porto de Itajaí na condição de Autoridade Portuária. Foram movimentados 121.332 TEUs, 23.285 TEUs a mais que em julho de 2019, quando o Complexo registrou movimentação de 98.047 TEUs. No indicativo de tonelagem a movimentação também foi positiva, com crescimento de 13%. Em julho de 2020 foram movimentadas 1.222.096 toneladas contra 1.083.772 toneladas do mesmo período do ano anterior. A movimentação de cabotagem, a navegação entre portos com menor distância, sem perder a costa de vista, teve um crescimento de 79% no mês de julho, comparado ao mesmo período do ano anterior. Foram movimentados 12.071 TEUs contra 6.748 TEUs em julho de 2019. Na movimentação de tonelagem o crescimento foi de 59% com movimentação de 111.983 toneladas, contra 70.440 em 2019. Marcelo destaca que esse indicativo é muito expressivo para esse momento: Em relação ao Porto de Itajaí (berços públicos e APM Terminals/Empresa arrendatária do Porto de Itajaí), registra-se em julho, crescimento de 12% na quantidade de TEUs e 15% na tonelagem movimentada. Foram 44.508 TEUs e 481.032 toneladas, contra 39.813 TEUs e 419.295 toneladas de julho de 2019. Em julho, atracaram no Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes 86 navios, sendo 37 na APM Terminals, 01 no TUP Braskarne, e 01 no TUP Poly Terminais. No Terminal PORTONAVE a movimentação registrada no mês de julho somou 47 escalas elevando a movimentação acumulada do ano para 305 escalas, registrando-se um crescimento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Sua movimentação total de cargas registrada no terminal durante o mês de julho foi de 736.564 toneladas, e, ainda no mês de julho, totalizou a movimentação de 76.824 TEU (s) re-

presentando 63% da movimentação total de cargas contêinerizadas registrada no Complexo Portuário do Itajaí. Na Poly Terminais foram movimentadas 4.500 toneladas e no terminal Braskarne não houve movimentação mês de julho. As exportações foram responsáveis por 64% do sentido das cargas em contêineres, sendo frango, carne e madeiras e derivados os principais produtos exportados. As importações representaram 34% do sentido das cargas, tendo como destaque os mecânicos e eletrônicos, produtos químicos e alimentos em geral. O Complexo teve participação de 65,8% na corrente de comércio catarinense e 3,5% na corrente de comércio brasileira.

Porto de São Francisco do Sul tem crescimento de 13,3% no semestre A SCPar Porto de São Francisco do Sul mantém o ritmo de crescimento das operações, com aumentos sucessivos na movimentação de cargas. O avanço no acumulado do primeiro semestre de 2020 é de 13,3%, se comparado ao mesmo período do ano passado. Em junho, o percentual de crescimento foi de 15,7%, comparado ao mesmo mês de referência em 2019. Segundo o Diretor-Presidente do Porto, Fabiano Ramalho, “esses números expressam o compromisso e a responsabilidade do Porto de São Francisco do Sul com o crescimento do comércio exterior, sobretudo do agronegócio brasileiro”. 32 • Edição 243 • Economia&Negócios


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ECONOMIA SC

Santa Catarina retoma crescimento nas exportações de carne de frango

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egundo maior produtor de carne de frango do Brasil, o estado retoma o crescimento nos embarques em julho. No último mês, Santa Catarina faturou US$ 122,5 milhões com as exportações do produto, um aumento de 16,4% em relação a junho. Os números são divulgados pelo Ministério da Economia e analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). “O agronegócio é uma das grandes forças de nossa economia. Com o crescimento das exportações mostramos a força dessa cadeia produtiva tão importante para Santa Catarina, mesmo em um período de tantos desafios”, destaca o governador Carlos Moisés. O bom resultado de julho se deve ao aumento expressivo nos embarques para a Holanda, que se tornou o maior comprador no último mês com US$ 21,2 milhões - 139,2% a mais do que em junho e 48,5% a mais do que em julho de 2019. “A avicultura é um dos grandes destaques do agronegócio catarinense. Nossos produtos chegam a mais de 130 países e o setor gera empregos e renda ao longo de toda cadeia produtiva. Encerramos o mês de julho com boas notícias nas exportações e com a expectativa de crescimento na demanda interna”, ressalta o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa. No mês passado, os maiores compradores da carne de frango produzida em Santa Catarina foram Holanda, Japão, China e Arábia Saudita.

Acumulado do ano

A carne de frango é o principal produto da pauta de exportações de Santa Catarina. De janeiro a julho deste ano, o estado embarcou 578,4 mil toneladas do produto, faturando aproximadamente US$ 916,4 milhões. No acumulado do ano, os resultados ainda são menores do que aqueles registrados em 2019. O analista da Epagri/Cepa, Alexandre Giehl, explica que aconteceram mudanças em alguns mercados importantes, como no caso do México, onde as cotas de importação de carne de frango brasileira com tarifas reduzidas se esgotaram já no início do ano, o que tirou a competitividade do produto. “Apesar desse cenário negativo nas exportações, a situação é relativamente estável no setor, pois as empresas adequaram a produção logo nos primeiros meses da pandemia, temendo uma queda nas vendas. A perspectiva é de que a demanda no mercado interno siga elevada no segundo semestre, pois é provável que muitos consumidores substituam outras carnes de maior valor, principalmente bovina e suína, pela carne de frango”, explica Giehl.

Diferenciais

Santa Catarina é reconhecida internacionalmente pela qualidade do seu agronegócio e o cuidado com a sanidade animal e vegetal. É o único estado brasileiro reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação e área livre de peste suína clássica. Na área vegetal, o estado é livre de Cydia pomonella, considerada o pior inseto praga da fruticultura, e também do Moko da Bananeira. As ações de defesa agropecuária são executadas pela Companhia 34 • Edição 243 • Economia&Negócios

Maiores compradores da carne de frango produzida em Santa Catarina são Holanda, Japão, China e Arábia Saudita.

Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), com o apoio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa).

Exportações nacionais de carne suína no primeiro semestre Maior produtor nacional de carne suína, Santa Catarina segue ampliando os embarques do produto em 2020. No primeiro semestre do ano, o estado exportou 243,8 mil toneladas de carne suína, com faturamento de mais de US$ 545,8 milhões. Esses são os maiores valores já registrados por Santa Catarina desde o início da série histórica, em 1997. Santa Catarina respondeu por 56% de toda carne suína exportada pelo Brasil durante o ano. De janeiro a junho, o estado ampliou em 20,6% a quantidade embarcada para outros países e em 38,6% o faturamento em relação ao mesmo período do ano anterior. “A carne suína é um dos grandes destaques da produção e da exportação de Santa Catarina. Os resultados obtidos nos últimos anos e nesse primeiro semestre de 2020 demonstram o potencial e a importância dessa cadeia produtiva para o estado, não só no impacto econômico, mas também social, com dezenas de milhares de empregos gerados em todo território catarinense”, destaca o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento


Mercados importantes para a suinocultura catarinense: Hong Kong, Chile, Japão e Cingapura. Rural, Ricardo de Gouvêa. Em maio, os catarinenses registraram o recorde histórico nas exportações mensais de carne suína e, mesmo com uma pequena queda, junho manteve esse resultado acima do esperado. “Para que se tenha uma ideia, junho trouxe o segundo maior valor exportado num único mês em toda a série histórica, ficando atrás apenas de maio deste ano. E as perspectivas seguem bastante favoráveis, com a projeção de um novo recorde de exportações para este ano”, explica o analista da Epagri/Cepa, Alexandre Giehl.

Crescimento mesmo em meio à pandemia

O crescimento nas exportações traz mais tranquilidade ao setor produtivo catarinense e deve equilibrar a queda na demanda interna em decorrência da crise econômica gerada pela Covid-19. O gerente executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarnes-SC), Jorge Luiz de Lima, ressalta que os resultados do primeiro semestre deste ano trazem uma perspectiva de crescimento após a pandemia, com melhoria de mercado e aumento nas vendas externas. “O setor agroindustrial, especificamente a produção de suínos, teve uma importância muito grande para o estado de Santa Catarina neste primeiro semestre, ainda que tivemos no início deste ano a pandemia da Covid-19. Isso demonstra a força do setor, a qualidade dos produtos que temos em Santa Catarina e o reconhecimento do mercado externo. Isso nos traz um compromisso ainda maior de continuarmos atentos às questões sanitárias e combinando sempre a segurança do trabalhador e a qualidade do nosso produto”, afirma.

China segue como o maior mercado

A China é o principal mercado internacional da produção catarinense, com 139 mil toneladas adquiridas - um crescimento de 87,2% em relação ao primeiro semestre de 2019. O gigante asiático é o destino de 60,4% das exportações da carne suína produzida em Santa Catarina, gerando US$ 329,9 milhões em recursos. No primeiro semestre de 2020, o faturamento com os embarques para a China aumentou em 110,8%. Outros mercados importantes para a suinocultura catarinense são Hong Kong, Chile, Japão e Cingapura. Os números são divulgados pelo Ministério da Economia e analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa).

ECONOMIA SC Safra catarinense de mel 2019/20 chega a 7,5 mil toneladas e supera anos anteriores Santa Catarina produziu 7,5 mil toneladas de mel na safra 2019/20, volume acima da média estadual, que é de 6,5 mil toneladas. Poucas chuvas e o ciclo do mel de melato da bracatinga, que é colhido a cada dois anos, foram os fatores que elevaram a produção, explica Rodrigo Durieux da Cunha, chefe da Divisão de Estudos Apícolas da Epagri. O levantamento, feito em parceria pela Epagri e Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (Faasc), mostra um crescimento de cerca de duas mil toneladas em relação aos últimos dois anos. Na safra 2017/18 o Estado produziu 5,5 mil toneladas de mel e em 2018/19 foram colhidas 5,8 mil toneladas do alimento. Os números recentes só não são maiores dos que os da supersafra 2016/17, quando foram produzidas 8,2 mil toneladas no território catarinense. O censo agropecuário 2017 do IBGE aponta cerca de 17 mil estabelecimentos agropecuários com apicultura no Estado e 300 mil colmeias. “A apicultura é uma ótima oportunidade de renda para a agricultura familiar devido à possibilidade de conciliar com outras atividades. As condições de clima e a abundância e variedade de flora apícola em Santa Catarina também favorecem”, descreve Cunha.

Produtividade acima da média nacional

Santa Catarina se posiciona normalmente como terceiro ou quarto maior produtor de mel do Brasil, mas os destaques do produto catarinense são a qualidade e a produtividade. O alimento já foi classificado seis vezes entre os melhores do mundo. A tecnologia e acompanhamento técnico promovidos pela Epagri são fatores fundamentais nesse resultado e também ajudam a impulsionar a produtividade. Santa Catarina produz 68 quilos por quilômetro quadrado de mel ao ano, número muito superior ao da média nacional, que é de 5 kg/km²/ano. Em 2019, a Epagri atendeu 5.991 famílias apicultoras e 182 entidades ligadas ao tema. Naquele ano, foram distribuídos pela Secretaria

Diferenciais

Santa Catarina é reconhecida internacionalmente pela qualidade do seu agronegócio e o cuidado com a saúde animal e vegetal. É o único estado brasileiro reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação e área livre de peste suína clássica. Na área vegetal, o estado é livre de Cydia pomonella, considerada o pior inseto praga da fruticultura, e também do Moko da Bananeira. Economia&Negócios • Edição 243 • 35


ECONOMIA SC de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural (SAR), por meio da Epagri, 392 kits apicultura, que beneficiaram 378 apicultores. Também foram entregues 2.717 abelhas rainhas a 66 produtores no ano passado. “Esses são exemplos de como a Epagri atua fortemente junto aos apicultores, disseminando tecnologias em cursos, reuniões, visitas e outras atividades, e também distribuindo implementos que possam incrementar a produção”, relata Cunha. Embora o mel seja o produto mais famoso resultante das colmeias, o maior impacto econômico da apicultura catarinense está no ganho de produtividade da maçã, pera, ameixa e outras culturas com o trabalho de polinização das abelhas. Segundo o levantamento mais recente feito pela Faasc, em 2014 foram alugadas em Santa Catarina aproximadamente 45 mil colmeias para serviço de polinização em pomares de macieira. Criar abelhas também se destina à produção de própolis, pólen, geleia real e apitoxina, produtos que servem de matéria-prima para as indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética.

Santa Catarina tem conseguido conciliar a preservação da vida com a retomada segura das atividades econômicas, mesmo em meio à pandemia

Biodiversidade

As abelhas também prestam importante serviço na manutenção da biodiversidade, visto que que são responsáveis pela polinização de aproximadamente 73% das plantas no mundo. Nesse “serviço” destacam-se as abelhas nativas sem ferrão. A meliponicultura, que é a criação racional de abelhas sem ferrão, vem se popularizando na agricultura familiar catarinense. De acordo com levantamento feito pela Epagri e Faasc, em 2019, aproximadamente 6 mil famílias rurais de Santa Catarina tinham na meliponicultura uma fonte de renda complementar. Esses pequenos animais produzem cera, própolis e mel com propriedades medicinais e cosméticas surpreendentes. A maior parte da produção fica nas propriedades para consumo das famílias rurais. Contudo, a multiplicação racional e venda das colônias vem se tornando alternativa de renda no campo. As abelhas sem ferrão não costumam atacar pessoas, o que permite sua criação também no meio urbano. Muitos meliponicultores praticam a atividade com o objetivo de preservação e multiplicação das espécies, visando o restabelecimento das populações, o que também auxilia no equilíbrio dos ecossistemas.

O mel catarinense já foi classificado seis vezes entre os melhores do mundo

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SC registra crescimento de 9% na produção industrial em junho Santa Catarina demonstra sinais de retomada da economia. A produção industrial catarinense teve expansão de 9,1% em junho, na comparação com maio. Esse foi o quinto maior crescimento entre os 15 locais englobados na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, lançada nesta terça-feira, 11, pelo IBGE. No país, essa taxa foi de 8,9%. “Santa Catarina tem conseguido conciliar a preservação da vida com a retomada segura das atividades econômicas, mesmo em meio à pandemia. A indústria do nosso estado não parou. Temos um povo trabalhador, uma economia diversificada e investimos em inovação. Esses fatores estão fazendo com que o estado se recupere de forma mais rápida diante das dificuldades impostas pelo novo coronavírus”, afirma o governador Carlos Moisés. O economista da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE), Paulo Zoldan, observa que a indústria catarinense cresceu pelo segundo mês consecutivo e acima da média nacional. Em maio, a produção da indústria catarinense já havia subido 6,1% Ele explica que alguns setores estão mostrando maior evolução, como a fabricação de produtos alimentícios, que comparado com junho do ano passado, cresceu 5%, e no acumulado do ano, 2,3%. Outro setor que está obtendo mais resultados positivos é o de máquinas e aparelhos elétricos, que cresceu 7,6% em relação ao mesmo mês de 2019. O segmento de borracha e materiais plásticos, cresceu 3,4%, nessa comparação. “Estes segmentos produzem insumos e equipamentos para outros industriais, o que reflete a ampliação do movimento de retomada econômica. Observa-se uma tendência generalizada de melhora nos dados de produção, com uma retração cada vez menor. Isso sinaliza que, realmente, o pior período de desaceleração já passou”, analisa o economista da SDE A pesquisa foi realizada no mês de junho de 2020 em 15 locais brasileiros.


ECONOMIA SC

Faturamento com exportações em SC sobe 17,7% em julho Valor recebido com vendas para o exterior passou de US$ 614 milhões para US$ 723 milhões. Em relação a julho do ano passado, faturamento caiu 8,3% Segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia nesta sexta-feira (7), Santa Catarina faturou US$ 723 milhões com exportações em julho. O resultado representa uma alta de 17,7% em relação a junho, quando o faturamento foi de US$ 614 milhões. Este é o segundo maior valor do ano, atrás apenas de março, quando o Estado faturou US$ 731 milhões. Apesar do crescimento na passagem mensal, o valor recebido com as exportações ainda está abaixo do observado em anos anteriores. Na comparação com o mesmo mês do ano passado (US$ 797 milhões), a queda foi de 8,3%. A baixa nas exportações é puxada pelo enfraquecimento do mercado de frango, que, na comparação com julho de 2019, teve quedas de 37,8% no faturamento e de 19,4% no volume. O fechamento de alguns países da Europa para o produto brasileiro e a redução de compras de países asiáticos acarretaram na queda da demanda. O crescimento das vendas para o comércio exterior da soja (12,6%) e da carne suína (8,8%) impediu que a queda no faturamento das exportações catarinenses fosse ainda maior. Apesar disso, este foi o pior julho desde 2016. No acumulado do ano a redução é de 11,4% (US$ 5,3 bilhões faturados em 2019 para US$ 4,7 bilhões em 2020).

Cenário nacional

No Brasil, o mês de julho também mostrou sinais de recu-

peração. Na passagem mensal o faturamento com as exportações brasileiras cresceu de US$ 17,6 bilhões para US$ 19,5 bilhões, alta de 11,7%. Assim como em Santa Catarina, a alta no mês não foi suficiente pra amenizar os efeitos da crise. No acumulado do ano, o faturamento do comércio exterior caiu de US$ 129 bilhões para US$ 120 bilhões, queda de 7%. Já na comparação com julho do ano passado, a redução foi de 3%.

Setor de serviços apresenta recuperação pelo segundo mês e cresce 3,6%

Foto: Clóvis Perozin/ SDE

Pelo segundo mês consecutivo, a Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe resultados positivos para Santa Catarina. O volume das receitas do segmento no estado cresceu 3,6% em junho, frente a maio, mês em que já havia crescido 7,5%, quando comparado com abril. Este crescimento da produção de serviços acompanha a tendência do comércio e da indústria, cujas pesquisas também foram divulgadas nesta semana, mas demonstra que o setor vem apresentando uma recuperação mais lenta, depois da retração ocasionada pela pandemia. Indicativos mostram que há uma retomada mais consistente da atividade econômica. Na comparação com os 12 maiores es-

tados produtores de serviços, Santa Catarina subiu uma posição no ranking e ocupa agora o 5º posto no crescimento dos últimos 12 meses, se comparado ao mesmo período anterior, atrás apenas do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais. “Os números de junho podem representar uma retomada do setor. Mas, indicam também que o segmento está sendo o mais impactado pela pandemia, com uma retração generalizada entre as suas atividades. Somente a melhora da confiança da sociedade como um todo, frente a um claro declínio da pandemia, poderá assegurar um crescimento sustentado do setor”, destaca o economista da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE), Paulo Zoldan. Economia&Negócios • Edição 243 • 37


ECONOMIA SC

BRDE assina contrato de 70 milhões de euros com a Agência Francesa de Desenvolvimento para estados do Sul O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) celebrou nesta terça-feira, 11, a assinatura de um contrato de financiamento no valor de 70 milhões de euros (R$ 446 milhões no câmbio atual) com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). O dinheiro será usado em investimentos sustentáveis nos três estados do Sul do Brasil. A cerimônia de assinatura contou com a presença dos governadores Carlos Moisés (SC) e Eduardo Leite (RS), além do vice-governador do Paraná, Darci Piana, do diretor-presidente do BRDE, Luiz Corrêa Noronha, e do diretor da AFD no Brasil, Philippe Orliange. O governador Carlos Moisés destacou que o crédito para os financiamentos foi conseguido sem garantias da União, o que representa sempre uma dificuldade para os municípios. “Esse é um crédito que alinha o interesse do desenvolvimento econômico sustentável para Santa Catarina e os demais estados do Sul. É importante que nós tenhamos bons índices de desenvolvimento e esse dinheiro ajudará para que consigamos elevá-lo ainda mais. Também é uma forma de pensar nas gerações futuras, com emprego e renda”, disse o governador Moisés após o ato. Esse é o segundo contrato entre o BRDE e a AFD. Em 2018, foi obtido um empréstimo no valor de 50 milhões de euros. “Este segundo financiamento vem consolidar ainda mais a parceria entre a AFD e o BRDE, sobretudo, pela inclusão no projeto de uma análise de desenvolvimento sustentável para toda a carteira do BRDE, permitindo assim o financiamento de ainda mais projetos de alto impacto social e ambiental”, afirma o diretor da AFD no Brasil, Philippe Orliange. Para o presidente do BRDE, Luiz Corrêa Noronha, o ato permite uma diversificação dos meios de obtenção de crédito por parte do banco, inclusive com organismos internacionais. “A ampliação da oferta de crédito para a Região Sul é um objetivo constante do BRDE, principalmente no

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Luiz Corrêa Noronha, presidente do BRDE

contexto atual de acentuada crise econômica”, diz Noronha. Ele explica ainda que, nessa nova rodada de recursos franceses, a linha de crédito foi ampliada e contemplará projetos que contribuem positivamente para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas (ONU), em especial os investimentos em saúde, educação e patrimônio cultural. “Desse modo, o BRDE busca consolidar sua carteira verde, social e sustentável”, conclui. 


ECONOMIA SC

Agroindústria e MAPA reafirmam qualidade da carne catarinense O Brasil é um país de excelência na produção de proteína animal no mundo, seja pelo aspecto de sanidade, seja pela segurança dos processos produtivos auditados, reiteradamente, por mais de 150 países para os quais o produto é exportado.

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Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e entidades que representam a agroindústria reafirmaram nesta semana a qualidade da carne catarinense e brasileira. Diante de informações divulgadas sobre suposta detecção de traços de vírus Covid-19 em embalagem de produto oriundo do mercado nacional e enviado à China, a Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informam que as autoridades brasileiras estão em contato com as autoridades chinesas para obter informações precisas. O MAPA reiterou a inocuidade dos produtos produzidos nos estabelecimentos sob SIF, visto que obedecem protocolos rígidos para garantir a saúde pública. A agroindústria reiterou que o Brasil é um país de excelência na produção de proteína animal no mundo, seja pelo aspecto de sanidade, seja pela segurança dos processos produtivos auditados, reiteradamente, por mais de 150 países para os quais o produto é exportado. “O processo produtivo brasileiro, reconhecido internacionalmente, sempre levou em consideração o respeito às pessoas, aos animais e o uso intensivo de técnicas e tecnologias que levam excelência em qualidade e segurança do alimento colocando assim o Estado de Santa Catarina e o Brasil no topo da cadeia de produção e exportação de aves”, afirmou, em nota a Acav. Ainda no comunicado, a Acav ressaltou que evidências científicas demonstram que inexiste a possibilidade de contaminação em produtos de origem alimentícia, em especial nas proteínas animais, necessitando assim um esclarecimento das autoridades competentes quanto às alegações trazidas. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) reportou recentemente a impossibilidade de contaminação de produtos alimentícios por Covid, o que dá a segurança necessária para reafirmarmos a qualidade do produto brasileiro”, afirma a entidade. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) salientou que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global.

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INFORME PUBLICITÁRIO

TERMÔMETRO

Covid-19 não gerou demissões na construção civil de Itajaí e região

Nos 103 anos de emancipação, municipio de Mafra ganha filial do escritório Jaime da Veiga Advocacia & Assessoria Empresarial Além da matriz em Itajaí, o escritório Jaime da Veiga Advocacia & Assessoria Empresarial possui filiais nas cidades de Mafra (SC) e Curitiba (PR). Considerada pólo do Planalto Norte Catarinense, a cidade de Mafra fica a 316 km da capital do estado e a 222 km de Itajaí. Prestes a completar 103 anos em setembro, Mafra é reconhecida por seu turismo ecológico, que dispõe de passeios por florestas, cachoeiras, áreas rurais, usinas e sítios paleontológicos. Colonizada por alemães, poloneses, ucranianos, bucovinos e italianos, a cidade mantém características culturais desses povos que se refletem na música, dança, gastronomia e até mesmo na arquitetura local.

Desde o início da pandemia provocada pela Covid-19, o setor da construção civil de Itajaí e região não realiza demissões em virtude dos reflexos econômicos gerados pela crise sanitária. Pelo menos é o que sugere o estudo realizado pelo Sinduscon da Foz do Rio Itajaí junto aos seus associados. Na estimativa, feita por amostragem, foram incluídas empresas de pequeno, médio e grande porte situadas em Itajaí, Navegantes, Penha e Piçarras – base territorial do sindicato. O levantamento ocorreu em julho. O questionário aplicado também contabilizou outra boa notícia: 100% das empresas entrevistadas não pretendem realizar demissões nos próximos 30 dias em virtude da pandemia. Vale ressaltar que no período de junho e julho houve demissões no setor, porém, por motivos como finalização da obra e não adequação do profissional ao perfil da vaga. “Os dados apresentados na pesquisa demonstram a pujança na construção civil e o quão forte nossa atividade está neste momento em que a crise atinge diversos setores da economia. Nossa realidade atual crescerá ainda mais e acreditamos que a atividade será uma das molas propulsoras para a retomada do País. Isso nos anima e, ao mesmo tempo, nos dá a dimensão da responsabilidade, mas temos certeza que estamos preparados para este desafio”, enfatiza o presidente do Sinduscon da Foz do Rio Itajaí, engenheiro Bruno Pereira.

"Nossa realidade atual crescerá ainda mais e acreditamos que a atividade será uma das molas propulsoras para a retomada do País." Engenheiro Bruno Pereira, presidente do Sinduscon da Foz do Rio Itajaí

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INFORME PUBLICITÁRIO Aníbal Garbari Junior Diretor Geral New Prime

É com muita alegria e orgulho que a New Prime celebra mais um ano de Empresa

No dia 29 de junho, a New Prime completou 9 anos de sucesso. São 9 anos trabalhando com ética, dedicação e muito afinco que seguimos superando resultados. Manter-se em um mercado tão competitivo e conseguir crescer é uma grande conquista que só se torna possível graças ao empenho e dedicação de toda equipe e parceiros que trabalham conosco. Nosso objetivo é continuar superando os obstáculos, lutando para sermos melhores a cada dia, prestando um serviço de qualidade e agilidade junto aos nossos clientes. “Somos extremamente gratos a Deus, aos nossos colaboradores, parceiros e principalmente aos nossos clientes, onde muitos estão conosco desde o inicio desta jornada e que confiaram em nosso trabalho. Ao comemorar mais um ano de existência podemos acreditar em um futuro cada vez mais promissor”.

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TRANSPORTE AÉREO

SC ganha rota inédita com voo cargueiro Miami-Florianópolis No evento, o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, destacou que a nova rota fortalecerá o transporte aéreo de carga, com melhor custo-benefício para a indústria; no ano passado, Santa Catarina movimentou 1,3 bilhão de dólares em carga aérea internacional Filipe Scotti Filipe Scotti

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Floripa Airport e a LATAM deram início nesta segunda-feira (10) à nova rota cargueira semanal Miami-Florianópolis. O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, acompanhou o primeiro pouso da aeronave no Aeroporto Internacional de Florianópolis. A nova operação fortalecerá o comércio internacional catarinense, oferecendo melhor custo-benefício para a indústria. “Esta é uma grande contribuição para a competitividade da indústria catarinense, que usa intensivamente o transporte aéreo de carga. A consolidação de uma linha semanal direta para Miami é um verdadeiro marco no transporte aéreo do estado, pois permitirá ampliar o uso deste modal”, disse Aguiar. No ano passado, Santa Catarina movimentou 1,3 bilhão de dólares. Mais de 95% disso usou outros aeroportos, principalmente São Paulo, obrigando a utilização de rodovias. “Isso compromete prazos e desfigura a grande vantagem do frete aéreo, que é a agilidade”, destacou. A rota, até o presente momento inédita em Santa Catarina, representa uma opção ágil e de melhor custo-benefício para a indústria da região. A nova operação se tornou possível depois que a Floripa Airport realizou uma série de melhorias de infraestrutura de pátio e pista. As obras garantiram a homologação do aeroporto em outubro de 2019, por parte da ANAC, para receber aeronaves de código D e E, como o boeing 747-300F, que será usado pela LATAM na nova operação. A empresa é a maior transportadora de carga aérea da América Latina. 


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