A PORTONAVE ESTÁ EM UMA LOCALIZAÇÃO PRIVILEGIADA: EM PRIMEIRO LUGAR NA MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES EM SANTA CATARINA.
MAIS DO QUE UM PORTO, UM POLO LOGÍSTICO COMPLETO. A Portonave é o porto responsável pela movimentação de 45% das cargas conteinerizadas de Santa Catarina e está preparada para aumentar cada vez mais esse número. Com investimentos em infraestrutura e equipamentos, está inserida em um complexo portuário consolidado e com serviços integrados. Venha crescer com a Portonave.
ÍNDICE
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JUNTOS E MISTURADOS Relação entre portos catarinenses e Porto de Santos é produtiva e impulsiona economia portuária
TOPS Empresas de Santa Catarina estão entre as melhores para trabalhar no Brasil
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São Chico em nuvens Incêndio em depósito de fertilizantes alterou a rotina na cidade mais antiga de Santa Catarina
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Antiga e essencial PRÁTICO: a importância do serviço desenvolvido pelo manobrista de navios
www.revistaportuaria.com.br Revista Portuária também está na web com informações exclusivas Duas vezes por semana, a Revista Portuária atualiza o blog da publicação, que tem sempre informações exclusivas sobre tudo o que acontece no mundo dos negócios no Brasil. O informativo jornalístico é encaminhado duas vezes por semana para uma base de dados segura e criteriosamente construída ao longo de 15 anos de mercado, formada por mais de 90 mil empresas. Composto por notícias econômicas de interesse de empresários, políticos e clientes, o blog trata de todo e qualquer tema que envolva economia, especialmente aqueles voltados aos terminais portuários de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Se você souber de alguma novidade, tiver informações relevantes sobre temas econômicos e quiser contribuir com o trabalho da Revista Portuária, entre em contato com a reportagem no endereço eletrônico: jornalismo@revistaportuaria.com.br 4 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
ANO 15 EDIÇÃO Nº 164 OUTUBRO 2013 Editora Bittencourt Rua Jorge Matos, 15 | Centro | Itajaí Santa Catarina | CEP 88302-130 Fone: 47 3344.8600 Diretor Carlos Bittencourt direcao@bteditora.com.br Jornalista responsável: Leonardo Thomé – DRT SC 04607 JP jornalismo@revistaportuaria.com.br Diagramação: Solange Alves solange@bteditora.com.br Contato Comercial Rosane Piardi - 47 8405.8776 comercial@revistaportuaria.com.br Impressão Impressul Indústria Gráfica Tiragem: 10 mil exemplares Elogios, críticas ou sugestões direcao@bteditora.com.br Para assinar: Valor anual: R$ 240,00 A Revista Portuária não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados, que são de inteira responsabilidade de seus autores. www.revistaportuaria.com.br twitter: @rportuaria
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EDITORIAL Das manobras da praticagem às melhores empresas para trabalhar A Revista Portuária – Economia & Negócios, nesta edição de outubro, transitará por uma infinidade de assuntos relevantes para a economia regional e nacional. Desde as tradicionais secções Coluna Mercado e Portos do Brasil, até reportagens como a que mostra as boas relações entre o Porto de Santos, o maior da América Latina, e os portos catarinenses, o Estado com a maior cadeia portuária do país. Claro que temas atuais, como as festas de outubro, que movimentam o turismo e a economia de uma dezena de cidades catarinenses, não poderiam ficar de fora. As obras tão esperadas para conter enchentes também não. Entretanto, foi preciso deter-se mais detalhadamente em determinados assuntos, como na tentativa de esclarecer e expor a importância de um profissional que é uma das pontas da cadeia portuária: o prático. Serviço milenar, que muitas vezes é desconhecido até em cidades portuárias, os práticos são responsáveis por dar segurança ao tráfego aquaviário, às operações portuárias e à navegação de uma forma geral. Sem eles, comandante algum atraca ou desatraca nos portos brasileiros. Esta edição trará para você um pouco da rotina e dos perigos dessa profissão. Da praticagem às melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Eis
que do olimpo das 150 companhias mais atrativas aos trabalhadores, surgem sete empresas catarinenses. A Revista Portuária vai fazer um apanhado do que cada uma delas têm de melhor para satisfazer tanto seus funcionários. Vale lembrar que no século 21 a rotina das pessoas está cada vez mais atrelada ao labor diário, então, as boas ideias dessas companhias podem servir de inspiração para tantas outras. Ainda em Santa Catarina, mas em direção ao sul, o diretor presidente do Porto de Imbituba, Luis Rogério Pupo Gonçalves, concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Portuária. No bate papo, ele fala das aspirações do terminal imbitubense, do que a comunidade daquela região pode esperar da nova administração e das melhorias que a cidade e o povo de Imbituba experimentarão nos próximos anos. Por fim, reportagens como a que repercute o que aconteceu em São Francisco do Sul, quando um incêndio numa empresa de logística – igual a tantas instaladas em Itajaí – provocou reação química em fertilizantes que tomaram a cidade em forma de uma densa e tóxica fumaça, que espantou a população, fechou o comércio e o porto e deixou o município em estado de emergência. As matérias listadas aqui e muitas outras, na sequência, para você, caro leitor. Boa leitura!
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 5
Essencial para a sobrevivência, trabalhar também pode ser algo muito prazeroso e saudável
TOPS Empresas de Santa Catarina estão entre as melhores para trabalhar no Brasil
A
rotina do século 21 é dura. Nela, homens e mulheres passam grande parte do dia no trabalho. Ah, o labor. Essencial para a sobrevivência, trabalhar também pode ser algo muito prazeroso e saudável. E é.
6 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Mais ainda se você der expediente em uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Como ninguém é de ferro, esse prazer pode aumentar de forma exponencial se a pessoa trabalhar e morar em Santa Catarina, quem sabe
TOPS
numa das sete empresas catarinenses alocadas no ranking do Guia Você S/A Exame, publicado em setembro pela Revista Exame, da Editora Abril. A Revista Portuária – Economia & Negócios faz uma rápida passagem por cada uma das empresas barriga verde listadas no guia. Classificadas em diferentes setores, não citaremos a posição de cada uma, mas sim realçaremos as qualidades que as fizeram despontar em tão exigente ranking de tão prestigiosa publicação. As empresas se espalham por Joinville, São José, Blumenau e Florianópolis. Mas a Revista Portuária – Economia & Negócios tem convicção de que outras companhias do Estado e do Litoral Norte podem estar na lista. Ano que vem tem mais. Fiquem atentas, empresas.
As roupas da Dudalina
A Dudalina conta atualmente com 75 lojas espalhadas pelo Brasil
Estreante no guia, a empresa de vestuário Dudalina está entre as melhores para se trabalhar no setor de Indústrias Diversas. Nos últimos dois anos, a empresa foi impulsionada pela entrada no mercado de camisas femininas, alcançando um rápido crescimento. A consequência foi o bom resultado na receita, que dobrou e bateu em R$ 400 milhões no período. A meta é chegar a R$ 1 bilhão até 2016. Hoje, a companhia conta com 75 lojas espalhadas pelo Brasil. A previsão da empresa blumenauense é encerrar 2013 com 90 lojas da marca espalhadas pelo território tupiniquim. A Dudalina tem 1,9 mil funcionários. A empresa vive uma fase de intensa exposição na mídia nacional, especialmente nos programas de auditório e nas novelas da Rede Globo, exemplos disso são os vários personagens das tramas globais que aparecem em cena com camisas da marca, como Ricardo Tozzi, o Thales, de “Amor à Vida”, e Humberto Carrão, o Fabinho, da novela “Sangue Bom”. “Em todas as suas ações, a Dudalina prioriza o bem-estar das pessoas. As diretrizes estratégicas da área de Recursos Humanos consistem na implantação de políticas de gestão focadas na alta performance e nos desafios da empresa para os próximos anos.” cita Fábio Voelz, diretor de Recursos Humanos (RH) da companhia.
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 7
TOPS
A aprendizagem do Senac
Os tubos da Tigre A tradicional fabricante de tubos, conexões e acessórios para construção foi apontada, pela 15ª vez, como uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil, segundo o ranking do Guia Você S/A Exame, no setor de Bens de Consumo. Com 72 anos de atuação, a empresa de Joinville tem a valorização de seu capital humano como uma de suas prioridades. Com 5,2 mil colaboradores no Brasil, a Tigre concentrou esforços nos últimos dois anos para transformar o RH (Recursos Humanos) em uma área estratégica aos negócios da companhia, contribuindo para seu crescimento sustentável. A Tigre criou uma agenda de ações até 2016, onde além de revisar sua visão, missão, papéis e competências dos profissionais de RH, também implementou um modelo diferenciado de liderança. Sem falar na publicidade empregada pela companhia, que já se tornou case de sucesso na televisão e na internet, sendo marca quase obrigatória nos lares brasileiros. Contudo, como não poderia deixar de ser, a Tigre tem um ambicioso plano de crescimento: espera dobrar de tamanho em apenas dois anos, passando de R$ 2,8 bilhões de faturamento, em 2012, para R$ 5 bilhões em 2014. O processo de realinhamento inclui o desenvolvimento de uma Agenda Estratégica de RH até 2016. 8 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Com 72 anos de atuação, a Tigre, empresa de Joinville, tem a valorização de seu capital humano como uma de suas prioridades
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Santa Catarina (Senac/SC) integra, pela 2ª vez consecutiva, a lista das 150 melhores empresas para trabalhar no setor de Serviços, segundo classificação da revista Você S/A Exame. Com uma marca consolidada por 60 anos de trabalho, a instituição expande a sua atuação no estado e investe na gestão de pessoas. O Senac recebeu nota alta no Índice de Qualidade no Ambiente de Trabalho, que representa a avaliação dos colaboradores e inclui critérios como identificação com a empresa, satisfação e motivação. No balanço do ranking de 2013, a publicação constatou a força de boas ferramentas para gestão de recursos humanos. Antes de 2012, o Senac integrou a lista em 2004 e 2005. Além da administração central, em Florianópolis, a instituição tem 24 pontos de atendimento, que incluem 10 centros de educação profissional e oito faculdades de tecnologia. Os cursos oferecidos vão desde opções de formação continuada até cursos de pósgraduação. Um dos diferenciais para os colaboradores é o Projeto Trilha, que ajuda o funcionário a entender o seu espaço na empresa e quais são os passos necessários para chegar a cargos mais altos. A instituição também desenvolve um programa de preparação para a aposentadoria, o Viver Bem.
TOPS
Os compressores da Embraco Fundada em 1971, a Embraco é especializada em soluções para refrigeração e líder mundial no mercado de compressores herméticos. Em Joinville, a empresa tem uma das mais modernas fábricas de compressores do planeta, servindo de espelho para companhias mundo afora. A Embraco possui as certificações ISO 9001 (Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente), OHSAS 18001 (Saúde e Segurança) e QC 080.000 (Controle de Substâncias Nocivas). Joinville também abriga a Fundição Embraco e a Embraco Electronic Controls (EECON), que desenvolve e comercializa controles eletrônicos.
O Senac recebeu nota alta no Índice de Qualidade no Ambiente de Trabalho, que representa a avaliação dos colaboradores e inclui critérios como identificação com a empresa, satisfação e motivação
Em Itajaí novo endereço: Avenida Coronel Marcos Konder, 789 - Centro - Itajaí - SC Curitiba - Joinville - Blumenau - Navegantes - Itajaí - Balneário Camboriú - Florianópolis
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TOPS
Um dos principais atrativos da empresa é a perspectiva de carreira internacional. Com os produtos chegando atualmente a mais de 80 países, não é de se espantar que a companhia seja uma das mais desejadas para quem trabalha no setor de Indústrias Diversas. A Embraco figura no ranking da Você S/A pela sétima vez e conta com 6,3 mil funcionários no Brasil. Em Itaiópolis (SC), a Embraco produz componentes para compressores e sistemas de refrigeração. Além do Brasil, a companhia está presente na Itália, Eslováquia e China. Também possui três escritórios de vendas e assistência técnica, localizados nos Estados Unidos, no México e na Itália. Em todo o mundo, conta com cerca de 9.000 colaboradores.
Fundada em 1971, a Embraco é especializada em soluções para refrigeração e líder mundial no mercado de compressores herméticos 10 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
A solidariedade da Fundação Pró-Rim Que Joinville é a força motriz da economia catarinense, já era sabido. Basta perceber que das sete catarinenses na lista das melhores, quatro são da maior cidade de Santa Catarina. Pois bem, a solidariedade também reforça a excelência deste município com sangue alemão. A Fundação Pró-Rim, localizada na cidade, foi certificada pelo segundo ano consecutivo com a classificação entre as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, conforme o Guia Você S/A Exame. Com 390 funcionários, a Pró-Rim foi fundada em 1987. A fundação já realizou mais 1.000 transplantes renais e é referência na área no Brasil. Para o Diretor-Clínico da Pró-Rim, médico Marcos Alexandre Vieira, a importância deste prêmio é a demonstração que a Pró-Rim é referência no que faz com tratamento de qualidade, alta tecnologia e o amor que o paciente merece. “Funcionário feliz, paciente bem tratado”, enfatiza o médico. Segundo Maycon Truppel Machado, diretor de Recursos Humanos, a classificação fortalece ainda mais o resultado de um trabalho de valorização junto aos colaboradores e do amor que a equipe tem pelo que faz. Segundo ele, “a conquista evidencia que estamos conseguindo alinhar nossos valores e estratégias de gestão, trabalhando para o desenvolvimento profissional de cada um”.
Com 390 funcionários, a Pró-Rim foi fundada em 1987. A fundação já realizou mais 1.000 transplantes renais e é referência na área no Brasil
TOPS
A eletrônica da Intelbras Empresa com capital 100% nacional, a Intelbras é líder no mercado brasileiro de centrais telefônicas, telefones e centrais condominiais. Fundada em 1976, a companhia atua nas áreas de telecomunicações, redes e segurança eletrônica, com presença em todo o território nacional e em diversos países na América Latina e África. Localizada em São José, a empresa tem cerca de 1.800 funcionários. Focada em telefones, notebooks e sistemas eletrônicos de segurança, a Intelbras tem um dos maiores centros de pesquisa e desenvolvimento do Sul do Brasil. Com auxílio-creche, previdência privada e bolsa de estudos, o pacote de benefícios é o sonho de muito trabalhador
Buscando sempre o diferencial na qualidade da prestação de serviços, a Selbetti é hoje a maior empresa de outsourcing de impressão do Sul do Brasil, com atuação nacional
atrás do emprego ideal. A empresa de São José merece um parágrafo à parte por sua grande capacidade produtiva, distribuída em quatro unidades fabris: espalhadas por São José, e com filiais em Santa Rita do Sapucaí/MG e Manaus/AM. A Intelbras possui um dos maiores centros de pesquisa e desenvolvimento privado da América Latina, além de uma das maiores redes de assistência técnica no mercado brasileiro e importantes certificações, como a ISO 14001, na matriz, e a ISO 9001, também na matriz, no parque fabril II e na filial mineira. Essa é a oitava vez que a companhia é agraciada no ranking das melhores.
A tecnologia da Selbetti O quadro de funcionários da Selbetti, de Joinville, cresceu 12% entre o início de 2013 e o primeiro dia do mês de julho. Foi essa alta demanda que conferiu nota 86 para o Índice de Qualidade no Ambiente de Trabalho, na área de Serviços. Ao todo, são 214 pessoas trabalhando na empresa. Fundada em 1977, a companhia nasceu com a intenção de ser “a marca do escritório” em Joinville e região. Parece que vem conseguindo com êxito, pois há identidade na marca. Esta identificação acompanhou o crescimento da empresa por vários anos. Posteriormente, a companhia adotara o slogan “do
Fundada em 1976, a Intelbras atua nas áreas de telecomunicações, redes e segurança eletrônica
clips ao computador”. Hoje, aos 36 anos, a Selbetti é uma jovem “tecnologia que amplia resultados”. Buscando sempre o diferencial na qualidade da prestação de serviços, é atualmente a maior empresa de outsourcing de impressão do Sul do Brasil, com atuação nacional. Dos 214 profissionais que trabalham na Selbetti, segundo o ranking da Você S/A Exame, 89,9% dizem se identificar com a empresa, 85,6% estão satisfeitos e motivados, 81,9% acreditam ter desenvolvimento e 88% aprovam seus líderes. A área de gestão de pessoas da empresa desenvolve ações decorrentes da criação do Plano de Cargos e Salários, projeto que se estendeu pelos últimos dois anos. •
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DE OLHO
As curvas e meandros do Rio Itajaí-Açu são fatores que ajudam a assorear o rio e maximizar as enchentes
Empresários vão cobrar cronograma de obras de prevenção a cheias
E
mpresários catarinenses, em conjunto com a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), vão cobrar a execução do cronograma de obras de prevenção às cheias no Vale do Itajaí. A informação foi dada pelo presidente da entidade, Glauco José Côrte, durante reunião com empresários e representantes do governo em Blumenau, no início de outubro. No encontro, o secretário de Defesa Civil, Milton Hobus, se comprometeu com as obras e foi taxativo: “Sou empresário. Gosto de dar e cumprir metas”, afirmou. “Em 2015 teremos as primeiras barragens prontas e em 2016 estará pronta toda a primeira fase (do programa de obras de prevenção)”, acrescentou. Estão programados investimentos de R$ 609 milhões. “As cheias são uma rotina com a qual não vamos nos conformar”, disse Côrte, ao final do encontro. “Estaremos permanentemente em contato com a secretaria, buscando e passando informações. Conte conosco para ajudarmos a fazer com que as coisas de fato aconteçam”, afirmou, dirigindose a Hobus. Informações apresentadas pela Fiesc mostram que de 1990 a 2013 ocorreram nove enchentes (em média uma a cada três anos), com registro de 300 mortes e prejuízos econômicos estimados em R$ 1,5 bilhão. Os dados são da Furb e da Defesa Civil (Atlas dos desastres naturais em SC).
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No encontro, os empresários também exibiram pesquisa com 936 empresas do Alto Vale do Itajaí, mostrando que os prejuízos causados pelas recentes chuvas que afetaram a região somaram R$ 99,4 milhões. Desse total, R$ 27,6 milhões são relativos à perda de mercadoria e estoque; R$ 13,2 milhões de danos com equipamentos e reformas que precisam ser feitas; e R$ 58,5 milhões foram perdas com lucro cessante, decorrente da paralisação das atividades. O levantamento também mostrou que foram atingidos 6.160 trabalhadores das empresas pesquisadas e que as companhias ficaram paradas, em média, por 5,68 dias. Em função das cheias, os Portos de Itajaí e Navegantes fecharam por nove dias e sete navios ficaram parados. Por causa dessa paralisação, só uma empresa da região Norte registrou receita 34,6% menor que o previsto para setembro. “Muitas empresas não puderam exportar ou importar, sofrendo prejuízos. Imediatamente, no decorrer da enchente, contatamos o governador por carta e pessoalmente. Precisamos postergar o recolhimento dos tributos e também das faturas da Celesc e da Casan para que as empresas possam ter um fôlego em razão dos prejuízos que sofreram”, relatou Côrte, que coordenou a reunião ao lado do vice-presidente regional da Fiesc, Jorge Strehl. O secretário de Defesa Civil detalhou os projetos para prevenção das cheias.”Temos R$ 600 milhões assegurados e
DE OLHO
Da esquerda à direita : Vice-presidente regional da Fiesc, Jorge Strehl presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, e o secretário Milton Hobus
todas obras previstas com as licitações encaminhadas. Neste mês de outubro serão dadas as ordens de serviço para iniciar as primeiras obras de fato, que são as elevações das barragens de Taió e Ituporanga, que permitirão ampliar a proteção em 35 milhões de metros cúbicos de água, ou quase 20%”, afirmou Hobus, confirmando a conclusão para 2015. Ele ainda assegurou que todas as licitações para as demais obras já foram lançadas, bem como ordens de serviço para os projetos de licenciamento ambiental. “As que faltam serão entregues ainda em outubro. Antes do primeiro semestre do ano que vem teremos licitado todo o conjunto de obras das oito novas barragens do canal do rio Taió e da grande obra de retificação do canal do Itajaí-Mirim na cidade de Itajaí”, afirmou. Cálculos feitos com base nos últimos 50 anos,
Heraldo Carnieri
informou Hobus, permitem estimar que, com esse conjunto de obras, o Alto Vale terá até 5 metros a menos de água nas cidades. “Significa dizer que não teremos mais grandes enchentes”, anunciou. A bacia hidrográfica do Rio Itajaí é uma das principais de Santa Catarina. A área corresponde a 16,5% do território do Estado, onde vivem atualmente 1,5 milhão de pessoas e estão instalados 55 mil estabelecimentos. O Produto Interno Bruto é de R$ 44,5 bilhões. •
As obras planejadas 1) Sistemas de alerta/alarme de desastres de escorregamentos e enchentes bruscas com intuito de priorizar o salvamento de vidas humanas 2) Obras de sobrelevação da Barragem Oeste, localizada em Taió, e sobrelevação do vertedouro da Barragem Sul, localizada em Ituporanga, incluindo a melhoria de operação das suas comportas; 3) Medidas de prevenção de escorregamento em rodovias com a finalidade de garantir acessibilidade à região em casos de enchentes; 4) Construção de comportas e diques no canal antigo do Rio Itajaí-Mirim, no município de Itajaí, e melhoramento fluvial do rio; 5) Construção de sete barragens de pequeno porte nos rios tributários, na porção da bacia de Rio do Sul (bacias dos rios Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste); 6) Construção de uma barragem de médio porte no Rio Itajaí-Mirim, em região montanhosa de Botuverá; 7) Obras de melhoramentos no canal do rio em Taió, com alargamento da calha do rio, combinado com a construção de diques, além da reconstrução de cinco pontes existentes em função das obras de melhoria fluvial; 14 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
8) Obras de melhoramentos no canal dos rios em Rio do Sul, com alargamento da calha, combinado com a construção de diques e reconstrução de cinco pontes existentes em função das obras de melhoria fluvial; 9) Obras de melhoramentos no canal dos rios em Timbó, com alargamento da calha, combinado com a construção de diques e a reconstrução de uma ponte; 10) Obras de melhoramentos no canal do rio em Blumenau, para melhoria fluvial e aumento do escoamento da água, com a necessidade de reconstrução de uma ponte; 11) Obras de melhoramentos nos canais dos ribeirões Garcia e Velha em Blumenau, que são ribeirões urbanos e necessitam de diversos tipos de intervenções; 12) Obras de melhoramentos do canal do rio em Ilhota, com a construção de um dique em anel rodeando a cidade, para sua proteção contra inundações; 13) Construção de canal extravasor no Rio ItajaíAçu (desde o cruzamento com a BR-101 até a praia de Navegantes), e de obras de melhoramento no canal do Rio Itajaí-Açu.
Divulgação Porto de Santos
Porto de Santos enxerga os portos catarinenses como parceiro estratégico
JUNTOS E MISTURADOS Relação entre portos catarinenses e Porto de Santos é produtiva e impulsiona economia portuária
E
les estão em estados diferentes, possuem realidades distintas, brigam cada um pelo seu objetivo. Tudo isso ajuda a separar o Porto de Santos, o maior da América Latina, dos cinco portos catarinenses, a unidade da Federação com maior número de portos no Brasil. Sim, mas por trás dessa aparente diferença, está uma verdade imutável: boa parte do que chega ou sai dos portos barriga verde passa por Santos. “Mais de 10% dos contêineres de Santa Catarina são transacionados pelo Porto de Santos. Ou seja, mais de 10% dos contêineres movimentados por Santos tem como origem ou destino os portos catarinenses”, revela Wagner Gonçalves, gerente comercial do Porto de Santos. Essa parceria, diz Wagner, é importante para o desenvolvimento não apenas dos portos em si, mas principalmente
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para a cadeia que engloba os terminais e as comunidades inseridas nas respectivas cidades. Ele lembra que a importância desse trabalho conjunto fica escancarada no fato de que são movimentados bilhões de dólares anuais nos portos catarinenses, boa parte deles através do porto do litoral paulista. “Sem falar da excelência de toda a cadeia logística e de comércio exterior catarinense, que possui empresas, profissionais, estrutura e mão de obra qualificada para atender com eficiência as demandas geradas”, avalia. É a proximidade de interesses que fez Wagner, junto a uma equipe do Porto de Santos, estar presente na sexta edição da Sul Trade Summit, segunda maior feira de logística e comércio exterior do país, que movimentou Itajaí e região entre os dias 11 e 13 de setembro. O gerente comercial ex-
Leonardo Thomé
Ele lembra que a importância desse trabalho conjunto fica escancarada no fato de que são movimentados bilhões de dólares anuais nos portos catarinenses
plica que se há possibilidade, Santos faz questão de estar em feiras e eventos que aproximem as relações comerciais com os portos catarinenses. “É importante para a gente estar aqui (em Itajaí), pois ficamos mais perto do importador, exportador, do cliente final. Na verdade, nosso objetivo é tirar dúvidas de clientes, orientá-los sobre os terminais do porto, oferecer algum contato de terminal ou empresa envolvida com o porto, enfim, estar mais próximo dos clientes”, relata Wagner.
Assim, o país poderá se inserir mais no mercado internacional, podendo, quem sabe, alcançar mais do que os atuais 1,2% de participação no comércio exterior mundial”, entende Wagner, para quem os portos catarinenses, bem como o de Santos, são complementares a toda a cadeia portuária nacional. “Sem rivalidades, com competição e respeito pelo concorrente”. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, Onézio Gonçalves Filho, segue na toada de Wagner e exalta a relação de cordialidade existente entre o Porto de Itajaí – especificamente - e os portos catarinenses - no geral -, com o Porto de Santos e demais terminais da costa brasileira. “Esse intercâmbio entre os portos é importante para que todos cresçam no mesmo rumo, essa troca de ideias e informações é imprescindível para que todos ganhem nas mais variadas operações que a atividade portuária e de logística oferece”, expõe Onézio. •
A recíproca é verdadeira A Revista Portuária – Economia & Negócios questionou Wagner sobre sua visão a respeito da estrutura portuária catarinense. Rapidamente, o executivo disse ver com muito bons olhos a realidade que se descortina por um dos litorais mais belos do país. “Porque os portos de Santa Catarina estão mostrando que têm competência e que são portos modernos, bastante atuantes, que aplicam muita tecnologia, que movimentam produtos de alto valor agregado. E é isso que o Brasil precisa. O Brasil precisa de portos eficientes, competitivos e que possam prestar um serviço de qualidade para os importadores e exportadores.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, Onézio Gonçalves Filho, segue na toada de Wagner e exalta a relação de cordialidade existente entre os portos brasileiros
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Nelson Robledo
O gerenciamento ambiental da obra segue programa desenvolvido pela Univali - Universidade do Vale do Itajaí
Porto Esportivo
de Itajaí OBRAS DA MARINA DO SACO DA FAZENDA SEGUEM NO CRONOGRAMA
A
pesar das fortes chuvas que ocorreram na região, as obras de construção do Complexo Náutico e Ambiental da Marina do Saco da Fazenda seguem de acordo com o cronograma preestabelecido. A primeira parte da implantação da Marina compreende obras de dragagem e de aterro hidráulico. De acordo com informações do diretor técnico do Porto de Itajaí, engenheiro André Pimentel, a contenção do aterro está sendo realizada diretamente pela empresa Viseu, através da utilização de “enrocamento” – dispositivo amor-
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tecedor formado por estrutura executada em pedra, destinado à proteção de taludes e canais. Segundo Pimentel, trabalham atualmente na obra duas dragas de sucção bombeando areia para o aterro – que será a parte seca da Marina – aumentando a profundidade na área molhada para a cota de 4 metros de profundidade. Outras dragas, tipo autotransportadora, em conjunto com dragas de sucção e de recalque, estão depositando material nos botaforas marítimos já utilizados na dragagem de manutenção do porto. Por questão de segurança, a área em obra foi cercada temporariamente para evitar acidentes e acesso de pessoas não autorizadas. O gerenciamento ambiental da obra segue programa desenvolvido pela Univali Universidade do Vale do Itajaí, que monitora o ecossistema aquático no local, a qualidade dos sedimentos removidos, aqueles depositados na área do aterro hidráulico, ruídos subaquáticos, e o controle ambiental da atividade de dragagem. A engenheira ambiental da Gerência de Meio Ambiente do Porto de Itajaí, Médelin Pitrez dos Santos, explica que coletas de água e sedimento feitas durante e depois da dragagem são examinadas e os resultados encaminhados para a Fatma (Fundação Estadual do Meio Ambiente) a fim de verificar potenciais impactos ambientais do projeto. Além do programa desenvolvido pela Univali, a Superintendência do Porto desenvolve programas de supervisão ambiental, de comunicação social e de educação ambiental da obra, além dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) e de emergência individual (PEI). De acordo com o Porto de Itajaí, em atendimento a Legislação Ambiental vigente, para a implantação desta obra foi elaborado o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo relatório (EIA/RIMA), e deu-se prosseguimento a todos os trâmites relacionados, obtendo todas as licenças ambientais exigidas, LAP 10213/2011, e posteriormente a LAI N° 6282/2013, junto a FATMA que é órgão competente do licenciamento ambiental do empreendimento. Também foi obtida a Autorização n° 1149/2013 para supressão de vegetação existente no local. O Complexo Náutico e Ambiental da Marina do Saco da Fazenda, que vai abrigar o Porto Esportivo de Itajaí, ocupará 20,8% da área do Saco da Fazenda e pretende revitalizar a orla fluvial do município naquela região. •
James Tavares
Por volta das 23h da terça-feira, dia 24, o incêndio iniciou em uma carga de fertilizante em um armazém da empresa Global Logística
O governo estad
SÃO CHICO EM NUVENS
Incêndio em depósito de fertilizantes alterou a rotina na cidade mais antiga de Santa Catarina
A
manhã de quarta-feira, dia 25 de setembro, foi atípica na terceira cidade mais antiga do Brasil. Naquele dia, São Francisco do Sul amanheceu sob uma densa névoa provocada por um incêndio num galpão de fertilizantes do município. O acidente alterou a rotina em São Chico, provocando a debandada de milhares de moradores, o fechamento do Porto, o cancelamento de aulas e a certeza de que depósitos portuários e de logística precisam ser vistoriados com frequência, tudo para evitar a repetição de episódios semelhantes. Por sorte, ninguém morreu no ocorrido.
O acidente O fogo começou um dia antes do narrado no primeiro parágrafo. Na noite de terça-feira, 24 de setembro, uma carga de fertilizante à base de nitrato de amônia sofreu uma reação química em um galpão distante dois quilômetros do Porto de São Francisco do Sul, provocando uma grande nuvem de fumaça. No galpão estavam armazenadas cerca de 10 20 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
mil toneladas de fertilizantes. Desde o início, as ações foram concentradas na retirada das pessoas dos imóveis localizados no entorno do local. Estima-se que 20 mil pessoas deixaram São Chico na manhã seguinte. A reação química foi interrompida às 6h08 da sexta-feira, dia 27. A situação só foi controlada com o resfriamento do galpão. Foram 200 bombeiros trabalhando na operação que durou quase 60 horas. As pessoas que foram deslocadas de suas casas para os abrigos já voltaram para suas residências. Naquela sexta-feira já não havia mais fumaça. Àquela altura, havia apenas a presença do vapor d’água. Os bombeiros encharcaram a carga de fertilizantes para fazer a contenção do calor e, consequentemente, evitar explosões e novos danos ambientais. Foram utilizados cerca de dois milhões de litros de água na operação. Parte desta água ficara retida no produto, enquanto o restante foi drenado para uma piscina de lona. Depois disso, o material receberia uma destinação adequada.
James Tavares
dual montou uma força-tarefa para atuar no local da explosão
Densa e tóxica, a fumaça do incêndio atingiu cidades e estados vizinhos
MP deve processar empresa por incêndio em São Francisco do Sul
Os Bombeiros tiveram muito trabalho para conter as chamas do incêndio tóxico
O Ministério Público (MP) deve entrar com uma ação civil pública contra a empresa Global Logística e Transportes Ltda. A promotora Luciana Schaefer Filomeno afirmou que está aguardando o controle total da situação para solicitar as informações oficiais. “Vamos pedir um laudo pericial para fazer a ação baseada no parecer dos técnicos. Precisamos saber o que ocasionou tudo isso. Primeiro será uma ação de compensação de dano ambiental, que já está constatado. Depois, vamos ver o que mais dizem os laudos”, explicou Luciana. O sócio da empresa Global, Cláudio Pereira dos Santos, alega também estar preocupado com a situação. Ele informou que não tem conhecimento do que ocasionou o acidente, porque o laudo ainda não saiu. Segundo Santos, o que se sabe até o momento é que foi uma combustão sem chamas.
Porto parado por três dias O incêndio no galpão de fertilizantes, em São Francisco do Sul, paralisou as atividades no Porto de São Francisco durante longos três dias. Vale lembrar que o terminal é o principal canal para escoamento de grãos no Estado. O presidente do porto, Paulo Corso, afirmou que a baixa visibilidade foi o principal motivo para a suspensão das atividades. Corso disse ainda, em fins de setembro, que era difícil prever a normalização dos embarques e desembarques e que ainda era cedo para calcular os prejuízos para a atividade portuária com o incêndio. O incêndio começou em um galpão da empresa Global Logística que armazenava 10 mil toneladas de fertilizante à base de nitrato de amônia, cuja James Tavares
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 21
James Tavares
A reação química decorrente do incêndio aconteceu neste galpão de fertilizantes
O governador destacou, ainda, que órgãos de investigação federal, incluindo a própria Polícia Federal, estão na cidade para investigar as causas do acidente em São Francisco do Sul.
Após acidente em São Francisco do Sul, governador determina fiscalização em portos e empresas
oxidação produz uma fumaça densa. A empresa não tinha autorização dos Bombeiros para armazenar o material. A Defesa Civil municipal estabeleceu um perímetro de segurança de 800 metros de raio a partir do incêndio, que não produziu chamas.
O Governo do Estado vai fiscalizar e monitorar os cinco portos catarinenses e todas as empresas do Estado que trabalham com produtos semelhantes ao que provocou a reação química no galpão próximo ao porto de São Francisco do Sul. A determinação é do governador Raimundo Colombo, que visitou o local do acidente no dia 27 de setembro, e cumprimentou todas as equipes que participaram do combate aos efeitos do incêndio que assustou o país. “Esse episódio em São Francisco do Sul faz um alerta. Vamos agora monitorar todas as empresas que trabalham nessa área e estabelecer um programa de acompanhamento bastante rigoroso”, afirmou Colombo. O governador destacou, ainda, que órgãos de investigação federal, incluindo a própria Polícia Federal, estão na cidade para investigar as causas do acidente em São Francisco do Sul. “A investigação está sendo feita e será muito transparente. Todas as medidas estão sendo tomadas. Conseguimos debelar todo o processo e agora temos condições de estabelecer o retorno de todos para suas casas e retomar a normalidade”, explicou. O Ibama e o Instituto Geral de Perícias (IGP) começaram, no dia 27, a perícia para avaliar a causa da reação química. O prefeito de São Chico, Luiz Roberto de Oliveira, reforça o sentimento de que a cidade está retomando a rotina. “Desde segunda-feira, dia 30, São Francisco do Sul está retomando sua total normalidade”, afirmou. •
Alvo de polêmica, fumaça era tóxica, sim
22 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
James Tavares
No primeiro dia do incêndio em São Chico, uma dúvida tomou conta da população: a fumaça, afinal, era ou não tóxica? Algumas autoridades do município diziam que não, mas professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) diziam que sim. Um oficial dos bombeiros explica os efeitos da fumaça decorrente do incêndio. “O nitrato de amônia, por si só, é considerado estável. Caso aquecido, pode tornar-se explosivo. Por isso, decidimos resfriar a área e orientar a população para manter distância do local do acidente”, explica o especialista em produtos perigosos, Major Bombeiro Militar Geovane Matiuzzi. Matiuzzi também esclarece que os efeitos do gás que se forma com a combustão do nitrato de amônia podem ser comparados aos do gás lacrimogêneo. “Por conta disso, não é considerado letal quando inalado”, diz o Major. O comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Coronel Marcos Oliveira, alerta, no entanto, que a saúde pode ser comprometida em caso de inalação direta e em grande quantidade. “O risco é quando há inalação direta. Para evitar contaminação, as pessoas foram retiradas logo no início do sinistro, num raio de 800 metros”. Como a fumaça produzida por essa combustão química tem como características cor branca e alaranjada e a fumaça é espessa pode-se identificar as maiores áreas de risco. “O que as pessoas sentem é irritação na mucosa e tosse, sintomas considerados comuns em qualquer evento com fumaça em demasia”, explica o coronel Marcos Oliveira. A Marinha do Brasil distribuiu máscaras para a população ainda durante a madrugada do incêndio, de forma preventiva, pois não estava mapeada a dimensão do problema e nem as consequências para a população. O secretário de Estado da Defesa Civil, Milton Hobus, esteve no local acompanhando a atuação da força-tarefa. “Nós orientamos a população para que evitasse inalar essa fumaça, pois ela poderia provocar irritações nos olhos, na pele e na garganta”, disse o secretário.
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Fotos: Rick Tomlinson
Na próxima edição da Volvo Ocean Race, os veleiros serão iguais, todos com o mesmo design
MAIS VELOZ Novo barco de 65 pés da Volvo Ocean Race 2014/2015 está próximo de recebe o sinal verde para navegar
A equipe SCA, de cor rosa, será a primeira equipe composta exclusivamente de mulheres em mais de uma década na Volvo Ocean Race
P
O Volvo 65 tem uma estrutura mais interna, com margens de design superiores aos barcos usados na última edição
ara uma nova edição, um novo barco. Sempre na vanguarda, a Volvo traz novidades para a próxima edição da Fórmula-1 dos Mares, a maior regata do mundo, a Volvo Ocean Race. O primeiro dos novos barcos de 65 pés da prova sueca atracou em segurança no estaleiro inglês de onde zarpara no dia 23 de setembro, após testes rigorosos na água – incluindo um teste de pulldown que consiste em colocar o barco em um ângulo de 50 graus. O novo veleiro está em vias de ser declarado “pronto para navegar”. Estiloso, bonito, radical, de alta performance, resistente e projetado com as demandas da comunicação digital, o Volvo Ocean 65 marca a primeira utilização de um barco one design ( todos os barcos serão iguais) na história de 40 anos da Volvo Ocean Race. “É um momento de muito orgulho”, disse Connell Daino, gerente de projeto do Green Marine, o estaleiro da Velha Albion onde a embarcação foi construída e realizou os testes. “Isso representa um trabalho duro feito por diversas pessoas, mas na verdade é apenas o começo. Ainda temos um longo caminho a percorrer”, reforça Connell.
O primeiro do novo-design Volvo Ocean 65s batendo na água pela primeira vez 24 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
O novo veleiro de 65 pés foi desenhado pela empresa Farr Yacht Design, nos Estados Unidos, e construído por um consórcio de estaleiros do Reino Unido, França, Itália e Suíça. A frota de novos barcos será usada pela primeira vez na 12 ª edição da corrida de volta ao mundo, com largada daqui há pouco mais de um ano, em outubro de 2014, em Alicante, na Espanha. O veleiro será forte o suficiente para ser usado novamente na edição 2017/2018, de acordo com a Volvo. “Este é um impressionante barco olhando”, disse Patrick Shaughnessy, presidente da Farr Yacht Design. “Ele tem um olhar icônico que realmente o marca como especial. Além disso, a qualidade de construção é impressionante”. O novo barco deixou o estaleiro Green Marine, no Sul da Inglaterra, no início do outono no Hemisfério Norte, quando tocou na água pela primeira vez naquela noite. Desde então, o barco passou por testes extensos, supervisionado pelo gerente James Dadd. O teste de pull-down, simulando uma falha do sistema de inclinação da quilha, está longe de ser o único obstáculo a ser superado antes de o barco ganhar a autorização final, mas é o mais espetacular. O veleiro ficou calçado em 50 graus, enquanto a quilha foi totalmente inclinada para o mesmo lado, como uma forma extrema de testar o mecanismo de centragem automática da quilha. “Esse é um teste significativo para o barco e, particularmente, para as anteparas da quilha e estrutura de apoio”, disse Dadd. O Volvo 65 tem uma estrutura mais interna, com margens de design superiores aos barcos usados na última edição. Outros testes incluíram uma avaliação da curva de integridade estrutural para verificar a quantidade de deflexão no casco, um teste de motor e de refrigeração, óleo e do sistema de combustível. Enquanto a equipe SCA – a primeira equipe feminina a entrar na corrida na história da regata sueca – se prepara para receber o seu Volvo Ocean 65, na linha de produção, o trabalho já começou com o barco número sete. Os outros barcos serão lançados nos próximos meses. O processo de construção dos veleiros envolve mais de 120 pessoas. O barco das meninas do SCA saiu de Green Marine para um estaleiro nas proximidades de
Southampton, também no sul inglês. O veleiro ficou alguns dias suspensos em terra e depois voltou a cair no mar. Seu primeiro teste no mundo real será quando o time SCA navegar de Southampton até a sua base em Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
Tecnologia O Volvo 65 foi projetado com o que há de mais moderno em comunicações digitais, com câmeras estrategicamente colocadas e microfones que visam garantir uma melhor filmagem de momentos que nunca são enviados de volta à terra firme pelos repórteres em bordo. Imagens que, certamente, deixariam embasbacados o público amante de regatas. “A capacidade de comunicação surpreendente significa que podemos focalizar diretamente os marinheiros e os enormes desafios que eles enfrentam nos oceanos”, disse o CEO da Volvo Ocean Race, o norueguês Knut Frostad. “Também é um barco muito eficiente do ponto de vista dos patrocinadores. Os custos foram drasticamente reduzidos, juntamente com os riscos de quebras graves - tudo ao mesmo tempo mantendo uma velocidade alta e bastante performance”, concluiu o chefão da regata. •
O novo veleiro ficou calçado em 50 graus, enquanto a quilha foi totalmente inclinada para o mesmo lado, como uma forma extrema de testar o mecanismo de centragem automática da quilha
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 25
PORTOS
DO BRASIL
POSITIVO Movimentação de cargas na Portonave ultrapassa 460 mil TEUs em 2013
A
movimentação de cargas em contêineres na Portonave teve aumento de 15% entre janeiro e agosto comparado com o mesmo período do ano passado. O Terminal Portuário de Navegantes movimentou 468.495 TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) em 2013, contra 398.077 TEUs em 2012. Hoje a Portonave mantém a liderança na movimentação de cargas conteinerizadas no Estado, respondendo por 45% do total. O crescimento é sentido tanto nas importações quanto nas exportações. A empresa registrou aumento de 23% na entrada de produtos pelo terminal na comparação entre janeiro e agosto de 2012 e 2013. As importações brasileiras também tiveram bom desempenho, com aumento de 8,8% no período. Segundo a Analista Comercial Dayane Zaguini o recebimento de novas linhas, principalmente vindas da Ásia, contribuiu para o aumento. Os produtos
que mais chegaram ao terminal foram plásticos e derivados, seguidos por cerâmicas, bebidas e fibras sintéticas. As exportações pela Portonave também tiveram crescimento. O aumento foi de 21,5% entre janeiro e agosto deste ano comparado com ano passado. As carnes congeladas representam o principal produto de exportação, seguido pela madeira.
Recolhimento de impostos Os resultados positivos da Portonave também refletem na cidade em que a empresa está inserida. O Terminal já repassou ao município de Navegantes mais de R$ 5 milhões em Imposto Sobre Serviços (ISS) só este ano. O montante representa 53% do que foi arrecadado pelos cofres municipais até o momento em 2013. Em 2012, ao todo, foram R$6,1 milhões pagos em ISS. •
O crescimento da Portonave é sentido tanto nas importações quanto nas exportações
Divulgação Portonave
26 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
PORTOS
DO BRASIL
Daiane Fagundes Maeinchein e Osmari de Castilho Ribas da Portonave recebem o prêmio em Londres
DESTAQUE DO ANO Portonave vence prêmio internacional
A
Portonave S/A - Terminais Portuários de Navegantes conquistou o prêmio internacional Operador Portuário do Ano, do Lloyd’s List Global Awards 2013. O resultado foi anunciado no dia 1° de outubro, em Londres, na Inglaterra. A empresa é o primeiro porto brasileiro a receber este título. A premiação é promovida pelo jornal inglês Lloyds List, especializado no comércio marítimo global, e a categoria que a Portonave venceu reconhece a empresa com destaque no ano, com eficiência operacional aliada à preocupação com o desenvolvimento sustentável. A banca de avaliadores independentes foi composta por diretores de empresas e especialistas do ramo marítimo, que julgaram os quatro finalistas. Além da Portonave concorreram ao prêmio: APM Terminals (Holanda), Krishnapatnam Port Company (Índia) e Port of Tyne (Inglaterra).
28 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Para o diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, o reconhecimento é resultado de muito trabalho. “A Portonave tem apenas seis anos de operação e este prêmio mostra que estamos no caminho certo, do serviço de qualidade, compromisso com a comunidade e do desenvolvimento alinhado à sustentabilidade”, comenta. “A competência e excelência operacional da nossa equipe nos proporcionou este destaque”, acrescenta. A Portonave concorre ainda à premiação Containerisation International Awards 2013, na categoria Operador portuário Internacional do Ano, em disputa com a APM Terminals (Holanda) e a CMA CGM (França). O resultado será divulgado em Londres, no dia 24 de outubro. O prêmio internacional é promovido pela revista britânica Containerisation International, especializada em transporte marítimo e mercado de cargas conteinerizadas. •
PORTOS
A
DO BRASIL
RECORDE APM Terminals Itajaí alcança 108,92 movimentos por hora
APM Terminals – empresa responsável pela operação de contêineres no Porto de Itajaí – acaba de bater um novo recorde de produtividade. A empresa atingiu 108,92 movimentos por hora (MPH), trabalhando simultaneamente com portêineres e guindastes de terra (MHC), durante a operação do navio de contêineres Maersk Lima. O recorde anterior era de 107,22 movimentos por hora alcançado durante a operação do conteineiro Osaka Tower. Cerca de 75% da operação no Maersk Lima foi realizada com a utilização de dois portêineres e um MHC e o restante do tempo com a utilização de dois portêineres e dois guindastes de terra. O novo recorde atingido pela APM Terminals Itajaí foi o terceiro registrado no ano. As marcas anteriores foram atingidas com a utilização simultânea de dois por-
têineres, com 85.45 movimentos por hora; e 98 movimentos por hora com dois portêineres e um guindaste móvel de terra. A nova quebra de recorde só reforça a posição da APM Terminals como o terminal com melhor produtividade por guindastes do Sul do País. De acordo com o diretor superintendente do APM Terminals Brasil, Ricardo Arten, os recordes registrados em 2013 são um fator importante para a redução dos custos portuários, além de confirmar a excelência operacional que é uma das marcas da APM Terminals em nível mundial. Com a eficiência comprovada, os armadores adquirem maior confiança no terminal itajaiense, tornando mais viável a atração de novas linhas e clientes à Itajaí. Isto reflete a importância dos investimentos para o bom resultado das movimentações portuárias. • De acordo com o diretor superintendente do APM Terminals Brasil, Ricardo Arten, os recordes registrados em 2013 são um fator importante para a redução dos custos portuários
Diego Gelain
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 29
PORTOS
DO BRASIL
COMPLEXO PORTUÁRIO Autoridades tratam da expansão do Porto de Itajaí na Capital Federal
E
m audiência na Casa Civil, da Presidência da República, o deputado federal Décio Lima (PTSC) e o superintendente do Porto de Itajaí, Antônio Ayres, apresentaram o projeto de expansão do Porto de Itajaí ao chefe de gabinete da Ministra Gleisi Hoffman, Leones Dall’Agnol. A obra está orçada em R$ 240 milhões. “O governo de Santa Catarina fará a contrapartida de R$ 120 milhões, restando ao Governo Federal o investimento de R$ 120 milhões para a obra”, aponta Décio Lima. O projeto engloba a construção de uma bacia de manobras de 530 metros de diâmetro nas proximidades da foz do rio Itajaí-Açu, em frente ao Saco da Fazenda. A atual bacia, com 400 metros de diâmetro, permite que apenas navios de até 294 metros alcan-
30 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
cem os terminais locais. Com a obra, o Complexo Portuário, no qual também está inserida a Portonave S/A – Terminal Portuário Navegantes, poderá operar com navios de última geração, com 366 metros de comprimento. Antônio Ayres defende que a expansão do porto é imprescindível para que navios de grande porte tenham acesso ao Porto com maior fluidez. “Atualmente, 70% do fluxo de comércio de Santa Catarina passa pelo complexo portuário de Itajaí”, explica. A Casa Civil informou que o projeto será analisado dentro do programa federal de modernização dos portos brasileiros. Também participaram da audiência, em setembro, o diretor-superintendente da APM Terminals do Brasil, Ricardo Arten. •
PORTOS
DO BRASIL
MARCA HISTÓRICA Porto Itapoá recebeu seu milésimo navio na noite do dia 27 de setembro
O
mais novo terminal portuário do país chegou a mais uma importante marca em sua história. Na sexta-feira, dia 27 de setembro, o navio Aliança Santos, do armador Aliança Navegação e Logística, atracou no Porto Itapoá como o navio de número mil. Esta marca é um referencial para o terminal que, em pouco mais de dois anos, vem registrando uma série de números expressivos em relação a sua eficiência operacional e produtividade. O MPH (Movimentos Por Hora), que é o índice que referência a produtividade de um terminal de contêineres, está entre as melhores do país. Na região Sul, o terminal possui a melhor média anual, que é de 93 MPH - baseando-se numa operação com os mesmos números de equipamentos à disposição, por navio. Além disso, o Porto Itapoá também possui o melhor recorde de produtividade por equipamento (guindaste), com 49,2 MPH.
Com o projeto de ampliação do cais de 630 para aproximadamente 1.200 metros, e do pátio, de 150 mil m² para 450 mil m², o Porto Itapoá poderá movimentar até 2 milhões de TEUs por ano
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Com 12 serviços fixos e um rol de quase mil clientes exportadores e importadores, o Porto Itapoá vem oferecendo aos seus clientes uma série de diferenciais no setor portuário, com qualidade no atendimento aos clientes e agilidade na operação de suas cargas.
Fatos marcantes no Porto Itapoá • 16/06/2011 – Início das Operações no Porto Itapoá, com a chegada do navio MV Cap San Lorenzo (Hamburg Süd) • 17/11/2011 – Operação do 100º navio – MV Leda Maersk (Maersk Line) • 17/11/2012 – Operação do 500º navio – MV Miltiadis Junior III (Hamburg Süd • 27/9/2013 – Operação do 1000º navio – Aliança Santos (Aliança Navegação e Logística) •
PORTOS
DO BRASIL
CRÉDITO PARA ELAS
Mulheres assumem cargos cada vez mais importantes dentro das empresas
N
Usuport SC é lançada Entidade busca reunir e defender os usuários dos portos no estado
O
encerramento do Fórum Net Marinha, que ocorreu na Sul Trade Summit 2013, foi com o lançamento de uma entidade que pretende revolucionar a representação dos usuários de portos em Santa Catarina e no Brasil. Baseada na experiência da Usuport BA, criada há 12 anos, está em processo de nascimento a Associação dos Usuários dos Portos de Santa Catarina, a Usuport SC. A palestra foi ministrada por Osvaldo Agripino Jr., Ph.D em regulação de transportes e portos pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Agripino organizou, em conjunto com o também palestrante da Net Marinha, Claudio Soares, a primeira assembleia geral extraordinária da Usuport SC. Ambos pretendem, a partir de agora, criar uma agenda de captação de associados, especialmente entre o sindicato dos despachantes aduaneiros de Santa Catarina. “A entidade nasce para representar este setor junto aos principais órgãos de regulação, em todos os âmbitos da federação, mudando e fazendo cumprir legislações vigentes”, resume Agripino Jr. A Sul Trade Summit 2013 viu nascer uma importante entidade de representação, que seja capaz de atender aos anseios daqueles que utilizam os terminais portuários de Santa Catarina. “Idealizamos esta associação há cerca de seis meses e agora trabalharemos para torná-la realidade como representação deste segmento”, finaliza Soares. •
ão é de hoje que as mulheres estão assumindo cargos de liderança, elas já estão a frente em cargos de supervisão, coordenação e presidência em diversos segmentos. O número de mulheres em posição de comando aumentou em todo o mundo em 2012, com exceção do Brasil, onde teve uma queda. Em contrapartida o número de CEOs mulheres cresceu, tanto no mundo quanto no Brasil. Segundo a “International Business Report 2013” – consultoria Grant Thornton, que entrevistou altos executivos de 12,5 mil empresas em 44 países. No Brasil as mulheres ocupam hoje 23% dos cargos de presidência, vice-presidência e diretorias. “A mulher ainda sente dificuldade para chegar a esses cargos, principalmente em multinacionais e grandes empresas”, afirma Gutemberg Macedo, Presidente da Gutemberg Consultores. “Acredito que elas têm um forte senso de liderança e fonte de renovação, além de possuir maior sensibilidade e conseguirem lidar melhor com os relacionamentos interpessoais, evitando conflitos e confrontos”, completa o consultor. O número de mulheres ocupando cargos de CEO subiu consideravelmente entre 2012 e 2013: de 9% para 14% em todo o mundo, e de 3% para 14% no Brasil. Destes números 27% estão nas diretorias financeiras e outras 27%, nas em vendas, e 21% estão à frente da diretoria de operações. Cerca de 32% está nas diretorias de recursos humanos. Em pouco tempo as mulheres vão acabar sendo maioria nas grandes empresas, não desmerecendo o trabalho exercido pelos homens, mas já esta evidente o salto que elas deram dentro das corporações. •
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 33
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PORTOS
DO BRASIL
QUALIDADE DOS SERVIÇOS TESC São Chico bate recorde em movimentação de bobinas
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ocalizado em baía de águas calmas o ano inteiro, no Porto de São Francisco do Sul, o Terminal Portuário Santa Catarina (TESC) obteve recentemente recordes nas operações com siderúrgicos e grãos estufados em contêineres. Além da localização e facilidade de acesso – o Terminal é o único com integração com o modal ferroviário em todo o estado -, o TESC aposta na qualidade dos serviços prestados e no envolvimento com a comunidade para continuar crescendo. Prova disso, foi a movimentação recorde de bobinas quentes em parceria com a ArcelorMittal Vega, atendendo à demanda crescente da empresa, e a classificação do Porto de São Francisco do Sul como o melhor do Brasil, em ranking elaborado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS). O estudo ouviu 189 profissionais de logística de 157 empresas.
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Desde que a ArcelorMittal Vega instalou-se em São Francisco do Sul, grande parte da movimentação portuária de cargas siderúrgicas foi feita pelo TESC
Consolidando a parceria de mais de 10 anos com o Grupo ArcelorMittal, o TESC - Terminal Portuário Santa Catarina alcançou uma movimentação recorde de embarcações de bobinas de aço laminadas a quente e a frio em um mês: 200 mil toneladas transportadas em 19 navios e barcaças. “Nosso relacionamento permite um ganho de produtividade e garantia de atracação, que se estendem aos parceiros da empresa”, afirma Jeferson José de Souza, coordenador de Atendimento a Cliente. Desde que a ArcelorMittal Vega instalou-se em São Francisco do Sul, grande parte da movimentação portuária de cargas siderúrgicas foi feita pelo TESC, que desenvolveu em conjunto com a Mão de Obra Portuária local um serviço especializado de operação portuária para atendimento das exigências do seu cliente. •
PORTOS
DO BRASIL
CULTURA E EDUCAÇÃO Contêiner do Contém Cultura visita as cidades portuárias do Estado
A
cultura, as artes e a informação vão ancorar nos portos catarinenses. O Projeto Contém Cultura inicia a etapa Cidades Portuárias. Imbituba, Navegantes, Itajaí, Itapoá e São Francisco do Sul irão receber o contêiner cultural. Será 20 dias em cada município, com atividades que vão desde oficinas de fotografia, literatura, teatro, cartonaria, desenho, até guias de leitura e sessões de cinema. A Abertura do projeto aconteceu dia 4 de outubro em Imbituba. A estrutura vai ser montada no Centro, na Praça Henrique Lage, e permanecerá até 24 de outubro. O Projeto Contém Cultura é uma parceria entre o Instituto Caracol e a Portonave S/A – Terminais Portuários
de Navegantes. No ano de 2012 atendeu mais de 20 mil pessoas e recebeu o Prêmio Empresa Cidadã da ADVB/ SC, na categoria Desenvolvimento Cultural. O projeto já percorreu os bairros de Navegantes e, no início de 2013, visitou cinco cidades da região. De acordo com o coordenador do Contém Cultura, Cristiano Moreira, a etapa Cidades Portuárias faz parte do Programa de Formação de Leitores do Instituto Caracol. “Nossa intenção é despertar nas crianças e adolescentes o desejo pela leitura e a etapa cidades portuárias pretende dar novo significado ao contêiner tão comum no cotidiano dessas cidades”, afirma. Para a Portonave é essencial apoiar projetos que estimulam a cultura e a educação. “Queremos ajudar a melhorar os índices de desenvolvimento humano na cidade e na região na qual estamos inseridos e o Contém Cultura contribui para isso”, comenta o diretor-superintendente administrativo da empresa, Osmari de Castilho Ribas. O Contém Cultura é desenvolvido em um contêiner totalmente adaptado com móveis retráteis que permitem a montagem de diversos ambientes. A biblioteca possui um acervo com de 330 livros e 50 filmes. Em cada cidade ocorre o Dia Contém Cultura. Na data são realizadas várias atividades gratuitas como apresentações de canto e coral, de música e de teatro, sarau literário, sessão de cinema e oficina de pinhole (foto na lata). Confira a programação no site www.contemcultura.com.br. •
Acervo Portonave/Divulgação
Rua Brusque, 337 - Itajaí - SC Economia&Negócios • Outubro 2013 • 37
PORTOS
DO BRASIL
QUALIDADE DOS SERVIÇOS Presidenta Dilma assina contrato para montagem de plataformas em Rio Grande
A
presidenta Dilma Rousseff assinou, em setembro, o contrato para a construção das plataformas Floating Production Storage and Offloading (FPSOs) P-75 e 77 no Polo Naval de Rio Grande. O evento também marcou a finalização da P-55, que ficará ligada a 17 poços, sendo 11 produtores e seis injetores de água. “O Rio Grande do Sul hoje tem um polo naval e ele não é só a visão destas plataformas, mas sim uma visão integrada de políticas que no período de 18 meses deve gerar 18 mil empregos, equivalendo em recursos econômicos e financeiros o correspondente a US$ 6 bilhões. De fato isso constitui, em definitivo, o Rio Grande do Sul como o Polo Naval”, disse a presidenta. Conforme Dilma, o Brasil superou o momento de aprendizagem e a indústria caminha com maturidade para um grande processo de estabilidade da economia e criação de emprego e renda. A presidenta lembrou que um dos momentos mais importantes foi a destinação de 100% dos royalties do pré-sal para educação e saúde. “O País mostrou a capacidade de sua política e a força de compras estratégicas. Vamos destinar 75% para educação e 25% para saúde, e tudo o que puder ser construído e produzido no Brasil, nós vamos fazer aqui”, disse. O governador Tarso Genro disse que o ano de
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2013 é marcante para o desenvolvimento econômico e social do Estado. “A Metade Sul está integrada no ritmo de desenvolvimento de Rio Grande e do País, graças a um conjunto de políticas que o Governo Federal desenvolveu e que nós compartilhamos de maneira integral com as forças do RS e a capacidade reguladora e de intervenção política”, ressaltando que o trabalho realizado é baseado na visão de desenvolvimento que privilegia emprego, renda e crescimento. “A qualificação técnica dos nossos trabalhadores honra o Brasil, tendo o maior número de inscritos do Pronatec de todo o território nacional”, disse o chefe do Executivo. O município de Rio Grande tem demonstrado ser fundamental na indústria do petróleo. Segundo a presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, de oito projetos, os três principais saem do Estado. “É um trabalho intenso e uma curva de aprendizado grandiosa. Nós estamos muito próximos de voltar a ser o centro de excelência da indústria naval no mundo”, disse Foster.
FPSOs As plataformas FPSOs são aquelas que produzem, armazenam e transferem petróleo. A P-75 e 77, depois de prontas, serão instaladas no pré-sal da Bacia de Santos. •
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e fala pausada, olhando nos olhos do entrevistador, o paulista Luís Rogério Pupo Gonçalves, é um otimista em potencial. Simpático, este homem experimentou uma profunda mudança em sua vida em 2013. Do Norte para o Sul; de Joinville para Imbituba; da universidade para o porto. Mudanças comuns na vida de um executivo, mas que para Rogério tiveram um sabor especial: o sabor do desafio. E que desafio. Assumir o comando do Porto de Imbituba, catalisador de investimentos e trabalho na região sul catarinense.
Ele sabia que não seria fácil, como não são muitas as mudanças que experimentamos na vida. Mas foi em frente e encarou. O ano de 2013, portanto, marcou essa profunda mudança na vida de Luís Rogério Pupo Gonçalves, atual diretor presidente da SC Par Porto de Imbituba. Desde dezembro de 2012, o terminal está sob sua direção. O objetivo do atual administrador é pensar na estrutura como um todo, ou seja, desenvolver a região Sul de Santa Catarina a partir das atividades que se iniciam nos portos. “O porto é a principal
Nascido no interior de São Paulo, Rogério Pupo Gonçalves está radicado em Santa Catarina há mais de 20 anos
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Leonardo Thomé
Arquiteto de um sonho Presidente do Porto de Imbituba almeja colocar o terminal entre os melhores do Brasil
Arquiteto de um sonho
Gonçalves afirma
ferramenta para ampliar a rede de negócios e, ao potencializar essa estrutura, toda a logística vinculada às atividades portuárias crescerá junto. Estamos confiantes”, disse Rogério. A seguir, um pouco da trajetória pessoal e profissional deste homem que morava em Joinville até o fim de 2012. Por lá, era coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Sociesc (Sociedade Educacional de Santa Catarina). Com essa bagagem, ele, que já foi secretário estadual de Infraestrutura em Santa Catarina, esteve em Itajaí durante o mês de setembro, e concedeu esta entrevista exclusiva para Revista Portuária – Economia & Negócios.
Nova direção Em Itajaí, para participar da Sul Trade Summit, segundo maior feira de logística do Brasil, Rogério faz questão de frisar que vem viajando por feiras no Brasil e no exterior para marcar o nome de Imbituba definitivamente no cenário portuário. “É um novo tempo para o Porto de Imbituba, queremos deixar claro que estamos sob nova direção e queremos fazer coisas novas para Imbituba e todo o Sul de Santa Catarina”, expõe, para dizer que o foco da nova 40 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
administração é estritamente técnico e não visa nada além do que o desenvolvimento do porto e comunidades inseridas. “Estamos fazendo vários contatos comerciais, como o que fechamos com Barcelona recentemente. Por isso, as feiras são tão importantes”. Rogério destaca que em 2013 os números do terminal são positivos. Segundo ele, o crescimento do Porto de Imbituba se deu devido à ampliação da rede de negócios para novos setores da indústria, iniciativa que vem sendo vista com ainda mais ênfase a partir da nova direção. Para tanto, o objetivo do atual administrador é pensar na estrutura como um todo, ou seja, desenvolver a região do Sul de Santa Catarina a partir das atividades que se iniciam nos portos. “O porto é a principal ferramenta para ampliar a rede de negócios e, ao potencializar essa estrutura, toda a logística vinculada às atividades portuárias crescerá junto”, disse, para acrescentar que, em agosto, o porto atingiu um recorde com o movimento de 349 mil toneladas. “Não atingíamos esse número desde 1986. Chegamos próximo a isso somente na época em que transportávamos carvão”, lembra Rogério. Uma série de ações de gestão da
que o Porto de nova direção também Imbituba é uma estão atreladas à cadeia das principais logística de alta perfor- ferramentas para o mance, com a intenção desenvolvimento do Sul do Estado de continuar ascendendo no mercado. Rogério afirma que pretende aumentar a competividade a partir de ações estratégicas como melhorias pontuais no embarque e desembarque, além de ampliar as atividades retroportuárias e a agilidade dos serviços. Sem falar na dragagem, que possibilitará ao porto receber navios com até 360 metros de comprimento. “Atualmente, recebemos 35 navios por mês, o que representa 70 operações de entrada e saída no porto. A expectativa é de que possamos crescer mais 30% e vamos buscar esse índice em vários níveis de ação de gestão”, revela o administrador.
Características O Porto de Imbituba tem uma característica multifuncional no que se refere ao movimento de cargas. Imbituba opera com uma diversidade de cargas: granéis líquidos e sólidos, através do Terminal Fertisanta e Terminal CRB; carga geral e contêineres, através do Terminal Santos Brasil. Essa versatilidade
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é ainda beneficiada pela configuração e condições naturais do porto, que conta hoje com três berços, com profundidades de 12,5 metros nos berços 1 e 2, e 10,8 no berço 3. “O terminal atua como um porto multipropósito, transportando principalmente graneis sólidos, líquidos, carga geral e conteinerizada. Temos também um modelo de gestão voltado para o desenvolvimento regional aliado à política ambiental, que permite o convívio harmonioso do binômio porto/baleias”, exemplifica, se referindo as baleias francas que deixam as águas geladas da Antártida para procriarem nas águas mornas de Imbituba e Garopaba. Nascido no interior paulista, radicado em Santa Catarina há mais de 20 anos, Rogério é arquiteto e urbanista formado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Das pranchetas para a gestão, ele avalia que sua administração está focada na consolidação do porto como porto público, alavancando a cadeia de negócios em nível na-
cional e internacional com o objetivo claro e específico de fomentar o desenvolvimento em nível regional. Sobre que fatores característicos de Imbituba são favoráveis ao comércio internacional, ele é rápido. “Uma das principais características do Porto de Imbituba é o de possuir condições de acesso extremamente rápidas e facilitadas. Possui ainda grande área com possibilidade de expansão e com retroárea privilegiada”, justifica, antes de ressaltar que Imbituba tem It time zero, ou seja, os navios não tem tempo de espera, esse tempo é zero. “É uma situação totalmente diferenciada para todos os outros portos do Brasil. O tempo de espera é zero porque nós conseguimos fazer uma programação de tudo que está acontecendo, de todos os navios que estão chegando, qual é a programação, qual o tempo que ele vai ter e, assim, trabalhando sempre com janela de atracação, não temos casos de atrasos”, observa Rogério.
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Rogério destaca que em 2013 os números do terminal são positivos
Ações O trabalho a que Rogério foi incumbido não é fácil. Reestruturar a força motriz da economia de Imbituba e região, essa é em miúdos a tarefa do personagem deste perfil. De acordo com o diretor presidente, o Governo de Santa Catarina tem no porto uma de suas principais ferramentas para o desenvolvimento do Sul do Estado. “Portanto, devemos fazer um investimento direto nos acessos tanto rodoviários quanto marítimos. O acesso rodoviário segregará o fluxo do trânsito de cargas do resto da cidade, sendo um investimento direto do Estado. O acesso hidroviário está sendo realizado em conjunto pela Secretária Especial de Portos (SEP), e visa o aprofundamento do canal para 17 metros e os berços para 15 metros”, conta Rogério. Entretanto, como em projetos dessa magnitude, dificuldades surgiram na tentativa de implantar essas ações e melhorias. Uma delas se deu em relação à dragagem do canal de acesso, que enfrentou a famosa burocracia na questão das licenças ambientais e demais ritos para dar início à obra. A ordem de serviços para dragagem do Porto de Imbituba deve ser assinada ainda neste mês. Avaliada em R$ 40 milhões, a obra no canal aumentará de dois a três metros a profundidade. Hoje, o canal tem 15 metros de profundidade e os berços tem 12, 5 metros. “O processo de dragagem foi o mais difícil, mas ele já cumpriu todo o rito burocrático e está na etapa de emissão de ordem de serviço para a empresa vencedora”, revela Rogério.
Os outros portos do Estado mais portuário da nação Pelos recortes do Litoral de Santa Catarina, cinco portos espalham-se pela costa de 500 quilômetros de extensão. No 42 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
comando do terminal de Imbituba, Rogério entende que o Estado tem recursos portuários como nenhuma outra unidade da Federação, no entanto, aponta o executivo, o país ainda tem uma grande defasagem na infraestrutura fora dos portos, pois não há rodovias em condições e padrões para atender a demanda, não há ainda um sistema ferroviário que privilegie um país de dimensões continentais e, por incrível que pareça, o modal de cabotagem é explorado muito aquém de suas potencialidades. “O que se percebe é que proporcionalmente éramos muito mais avançados em soluções logísticas no início do século 20, do que somos no século 21. Temos uma grande lacuna de investimentos a serem realizados em infraestrutura que necessitam de integração com os meios de produção tanto no setor agrícola como industrial”, analisa Rogério. Para tentar minimizar essa discrepância entre potencialidades e problemas, reforçando a competitividade que Santa Catarina apresenta dentro do cenário logístico brasileiro, foi criado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) o programa Portos.SC. Com o objetivo de unificar os interesses dos portos barriga-verde, o Portos.SC, na opinião de Rogério, é importante pelo fato de que cada porto tem suas características, seu mercado, sua distinção e, dessa forma, a unificação e junção de esforços é fundamental para o sucesso de cada um deles num mercado competitivo e voraz como o de navegação e logística. “Nós temos que trabalhar unidos, porque há mercado para todos os portos. Temos que tirar proveito através dessa unificação de esforços, mostrando o Estado como um todo, não apenas um segmento, pois com o Portos.SC nós conseguimos expor e fortalecer efetivamente toda a cadeia de logística que está atrás do porto, como as estradas, os galpões
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de armazenagem, a possibilidade da ferrovia, enfim, estamos nos preparando para o futuro”, avisa Rogério. Antes de encerrar a conversa com a Revista Portuária – Economia & Negócio, Rogério ainda falou rapidamente sobre a parceria formalizada pelo Porto de Imbituba com o Porto de Barcelona, e sobre o futuro que o terminal do Sul do Estado deve apresentar para a economia catarinense e os armadores que movimentam o mercado. Essas perguntas e respostas foram publicadas no formato pingue-pongue. Portuária - De que forma o recente acordo de parceria entre o Porto de Imbituba e o Porto da Catalunha pode alavancar as operações e o maior desenvolvimento do terminal imbitubense? Rogério - O acordo com o Porto de Barcelona ensejará num aperfeiçoamento operacional com um dos portos que tem expertise em áreas consonantes com a do porto de Imbituba. Existe uma grande identificação entre a região da Catalunha e o Estado de Santa Catarina. Isso coloca para nós o Porto de Barcelona como um comparativo de produtos, serviços e práticas para o Porto de Imbituba. Portuária - A partir de quando os resultados concretos da parceria já poderão ser vistos pelo meio portuário
e pela sociedade de Imbituba? Rogério - Estamos trabalhando num processo de curto médio e longo prazo, e trabalhando tanto no aspecto operacional como no aspecto gerencial. Portuária - Quais as semelhanças econômicas e sociais entre a região da Catalunha e Santa Catarina? Rogério - Os dois estados têm praticamente a mesma população e possuem cadeias produtivas econômicas semelhantes. Portuária - Quais as metas do Porto de Imbituba para o restante de 2013? Rogério - A expectativa é de ter um crescimento efetivo de 25%. Portuária - O que a economia catarinense e os armadores internacionais podem esperar de Imbituba e seu terminal nos próximos anos? Rogério - O governo de Santa Catarina está trabalhando no desenvolvimento da região Sul do Estado tendo como foco a diversificação econômica, consolidando assim as relações com os clientes atuais, gerando demandas de novas cargas, novos clientes, trazendo a confiabilidade ao mercado e aos players nacionais e internacionais. •
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ANTIGA E ESSENCIAL
PRÁTICO:
A importância do serviço desenvolvido pelo manobrista de navios
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les são essenciais para o comércio exterior de um porto, de uma cidade, de um país. Eles trabalham sob pressão, influenciados diretamente pelas condições da maré e dos ventos. Eles exercem uma profissão antiga, tradicional e arriscada. Eles estudam e treinam muito para alcançar o tão sonhado posto. Eles dão segurança ao tráfego aquaviário, às operações portuárias e à navegação de uma forma geral. Eles estão espalhados pelo mundo, trabalhando para evitar ou minimizar acidentes, proteger o meio ambiente e zelar pelo patrimônio econômico de empresas e nações. Eles são práticos, que trabalham em zonas de praticagem como a do Complexo Portuário do Rio Itajaí-Açu. Eles, no caso da personagem desta reportagem, estão representados por ela. Sim, ela. Lívia.
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Lívia que na tarde de sexta-feira, dia 4 de outubro, recebeu, junto a toda a equipe da Itajaí & Navegantes Pilots, a Revista Portuária – Economia & Negócios para que acompanhássemos uma manobra desses profissionais que arriscam a pele em operações tensas e desgastantes. Nas manobras de desatracação, por exemplo, quando o prático desce da embarcação há cerca de seis milhas náuticas (por volta de 11 quilômetros) do Farol da Barra, com ondas fortes, correntezas que se cruzam da água salgada do mar para a doce do rio, com ventos lacerantes, uma escada de corda que balança, e a chance de alguém errar, então, se você estiver ali depois de uma manobra de saída perfeita, acompanhando tudo isso de perto, você entenderá por que esses profissionais são tão importantes para a economia do Brasil.
Tito Lys Tavares de Souza
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Este momento da foto, ao desembarcar do navio, em mar aberto, é um dos mais perigosos. O vento, o mar e a falha humana podem trazer problemas para o prático.
Tito Lys Tavares de Souza
Na manobra, o rádio é o companheiro fiel de Lívia e dos outros 11 práticos que atuam no Complexo Portuário do Itajaí-Açu
Dama das águas
A mulher mineira que manobra navios no Litoral de Santa Catarina Uma mulher do mar. Que antes de ingressar na atual profissão, de prático, já trabalhara embarcada. Decidida, ela nunca escondeu da família o sonho de ganhar a vida sobre as águas. Mineira de Juiz de Fora, jovem na flor de 29 pri-
maveras, Lívia Lage Bissagio representa bem o sexo feminino em uma profissão predominantemente masculina: o ofício de prático. Ofício que, como o próprio nome sugere, exige prática. Tanta prática que os profissionais deste
ramo formam empresas chamadas de praticagem. A atividade, um tanto desconhecida até em cidades portuárias, como é o caso de Itajaí e Navegantes, une perigo, precisão, profundo senso de dire-
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Alexandre Gonçalves da Rocha, prático no Complexo Portuário do Itajaí, exercendo seu trabalho Tito Lys Tavares de Souza
Tito Lys Tavares de Souza
Da barra, até o momento em que Lívia desceu do navio, a cerca de seis milhas náuticas dali, a atenção dela e de seu Cipriano, o prático mais antigo do Itajaí, era constante
Tito Lys Tavares de Souza
ção e noção de espaço, afinal, enquanto o comandante de um navio está acostumado a navegar baseado em milhas náuticas, o prático, por sua vez, faz a navegação em metros, sem espaço para mínima falha que seja. Lívia chama isso de peso da responsabilidade. A praticagem é algo tão antigo como o próprio comércio marítimo e as navegações. Ou seja, a profissão é milenar e fundamental para a economia das nações. No Complexo Portuário do Rio Itajaí-Açu, a empresa que realiza o tradicional serviço denomina-se Itajaí & Navegantes Pilots. Pilots, na língua de Camões pilotos, para nós brasileiros práticos. Piloto prático. A missão deste profissional, sem exageros, é arriscada. Pois subir e descer escadas de corda de embarcações que chegam a ter mais de 20 metros de altura, somando a isso o risco de o vento estar forte e o mar grosso, com um toque da natural imperfeição humana, não deve ser fácil. Olhando, pelo menos, não é. O profissional pode se machucar. Tamanho perigo é comparável à responsabilidade e importância da função, já que sem a subida de um prático a bordo, nenhum comandante pode atracar ou desatracar nos portos brasileiros. Prático no Complexo do Itajaí, Lívia conta que seu trabalho consiste em assessorar o comandante durante a manobra do navio em águas restritas, tanto se a embarcação vier do mar aberto ou estiver desatracando para seguir viagem. “O prático, nesses casos, embarca no navio para prestar o serviço. A embarcação é guiada pelas ordens de manobra do prático, com a coparticipação da equipe de passadiço, tripulação e rebocadores”, explica Lívia, que foi uma das primeiras mulheres a ganhar a habilitação de prático no Brasil. Essa assessoria, reforça, é baseada no conhecimento das características específicas da zona de praticagem em que o profissional atua, tais como condições meteorológicas e seus efeitos nas características locais de auxílio à navegação e nos perigos de navegação, entre outras particularidades. “As condições que interferem na manobra de um navio são tão variáveis e podem mudar a qualquer momento que somente com um bom embasamento teórico e bastante experiência local pode-se garantir uma navegação segura nesses locais onde o navio encontra-se em risco iminente”, completa.
Escalas e manobras Na praticagem de Itajaí e Navegantes são feitas em média 140 manobras de atracação e desatracação por
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A cabine do navio cargueiro que deixava o Complexo sob a orientação dos práticos do Rio Itajaí
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mês, algo como 70 navios. Lívia realiza em média 11 ou 12 manobras a cada 30 dias. Em relação à escala de trabalho, os práticos do complexo trabalham em períodos de escala e repouso, que variam entre 15 e 30 dias. “Quando estamos na escala de serviço permanecemos à disposição 24 horas por dia. Em Itajaí, são três práticos de serviço que se revezam por dia. A escala é feita de modo que o trabalho seja igualmente dividido entre todos, respeitando as normas da marinha quanto ao repouso”, revela Lívia. Na escala, a rotina de Lívia é permanecer de prontidão para o serviço. Ela conta que como as manobras precisam ser marcadas com certa antecedência, é possível os profissionais terem uma ideia da programação e, assim, os trabalhos são divididos entre os práticos
de serviço para que todos trabalhem a mesma quantidade e tenham um horário de descanso razoável entre cada manobra, evitando a fadiga. “Ao serem confirmadas as manobras que irei fazer, o controle operacional (atalaia) me avisa com a devida antecedência (geralmente uma hora antes) para que eu me dirija à estação de praticagem e siga para o navio. Por isso, apesar de não permanecer 24 horas na atalaia, tenho que ficar próximo o suficiente para poder atender a qualquer imprevisto”, explica Lívia.
Dia a dia O primeiro passo ocorre quando o navio chega próximo ao porto e comunica que precisa acessar o terminal portuário. Depois que o terminal libera o espaço no cais, o navio recebe auto-
rização para entrar no porto. Após isso, o serviço local de praticagem é acionado pelo porto. Em seguida, o prático é acionado pelo Centro de Operações da Praticagem, com cerca de uma hora de antecedência à chegada do navio à barra. Para embarcar o prático, o mestre da lancha se aproxima bem da escada do navio e, na primeira oportunidade, o prático agarra-se à corda e sobe em direção aos oficiais do navio. Apesar da aparente simplicidade, este é um dos momentos mais críticos do trabalho do prático. Qualquer deslize ou bobeira pode causar um acidente, ou no mínimo uma queda no mar, o que ao lado de um transatlântico não deve ser nada agradável. A bordo do navio, o prático orienta o comandante sobre as mano-
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bras que terá que fazer para entrar no porto. Nesse momento, quem comanda o navio é o prático e não mais o comandante, sendo que este último deve acatar a autoridade do profissional de praticagem. Além disso, o prático também orienta o trabalho dos rebocadores – embarcações responsáveis por virar e puxar o navio até a atracação. O prático só encerra seu trabalho com o navio atracado, mas retorna quando a embarcação desatraca, pois é ele que conduzirá o navio até alto-mar.
Hierarquia Os trabalhos (manobras) da praticagem são divididos igualmente entre todos os práticos, segundo Lívia. “Administrativamente podemos assumir os cargos de presidente da empresa, diretor financeiro e conselho fiscal, de acordo com votação realizada a cada dois anos”.
A escolha Há três anos e meio como prático, Lívia diz encarar com naturalidade o fato de que as mulheres recém começaram a ocupar esses cargos de trabalho. Entretanto, ela conta, no princípio, os comandantes dos navios demonstravam certa estranheza por uma mulher subir a bordo para realizar a manobra. “Alguns tinham até falta de confiança no meu trabalho”, pontua, dizendo que atualmente muitos deles já estão se acostumando com a presença feminina a bordo e também na função de prático, afinal, afirma, o número de representantes mulheres na função tem crescido não só no Brasil como em todo o mundo. “Minha formação é de Marinha Mercante (Oficial da Marinha Mercante). Como trabalhei algum tempo embarcada, o ambiente a bordo já me era familiar. Minha família sempre se orgulhou da minha decisão, apesar de ser a única da família que ingressou 48 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
na profissão. Como oficial de náutica, o desejo de se tornar um prático é um caminho natural a seguir. Para mim, a manobra do navio é a melhor parte do serviço a bordo”, confidencia Lívia.
Ser um prático Para ser prático, é necessário ter nível superior em qualquer área de formação. Já para ingressar na carreira é preciso participar de um concurso público promovido pela Marinha, responsável pela seleção de pessoal. A prova consta de três etapas, sendo a primeira eliminatória. O concurso é aberto pela Marinha conforme a necessidade e as regras descritas em edital por ocasião da abertura do mesmo. Após aprovado em todas as etapas do concurso e direcionado para a zona de praticagem ao qual o concorrente foi aprovado, a pessoa irá realizar o estágio de treinamento, que pode durar até dois anos Ao final do treinamento realizará novo exame e, apos aprovação, receberá o certificado de habilitação para aquela zona de praticagem.
História O serviço de praticagem é mile-
nar e foi regulamentado no Brasil com a chegada de D.João VI ao Rio de Janeiro, em 1808, na abertura dos portos no país. Porém, existem indícios de que há mais de 4.000 anos os fenícios já utilizavam o serviço dos práticos que dominavam bem as costas e os portos mediterrâneos. A necessidade do prático surgiu basicamente com a existência da navegação. Em Itajaí, a praticagem iniciou seus trabalhos na década de 40, quando o prático Manoel Ezidro “abriu” o Porto com o Navio Trópicos. Desde então, a profissão se consolida cada vez mais pela sua importância econômica e precisão com que necessita ser executada.
Salário e carga horária Os práticos não recebem salários e correspondentes encargos, pois não são empregados, e sim os donos da empresa. A tabela de preços dos serviços dos práticos não é determinada pela empresa de praticagem, mas decorre de acordo firmado com dezenas das maiores transportadoras marítimas mundiais. Em caso de impasse, a Marinha tem o poder de arbitrar os valores.
Tito Lys Tavares de Souza
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mundo. Os práticos, por sua vez, dizem que os preços são compatíveis com os internacionais, e que no Brasil o que traz mais gastos para armadores e empresas é o chamado Custo Brasil, algo de que a Revista Portuária – Economia & Negócios tratou na edição de agosto. O Governo Federal, por sua vez, ainda busca um consenso sobre isso, tanto que foi criada junto com a Lei dos Portos, a Comissão Nacional de Praticagem, comissão interministerial para analisar o tema.
Normas
A remuneração que a profissão oferece varia bastante, dependendo de algumas variáveis. Os armadores (grandes transportadores marítimos) são responsáveis pela remuneração, mas o Estado é responsável por regulamentar a profissão definindo as regras de atuação em campo, fiscalizando o exercício do cargo e coordenando o recrutamento de mão-de-obra. “A carga horária de trabalho é função de uma série de fatores, entre os quais: o número de práticos disponíveis na zona de praticagem; a intensidade do tráfego de embarcações; e a complexidade das manobras e as distâncias de navegação envolvidas”, informa a Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil. E é entre armadores e práticos que acontece uma polêmica, com os donos dos navios, volta e meia, chiando. Isso se explica porque, nos últimos anos, os armadores passaram a reclamar do que consideram altos custos do serviço. Entretanto, a praticagem no Brasil é considerada uma das melhores do
As Normas da Autoridade Marítima para o Serviço de Praticagem (NORMAM12/DPC) também estabelecem os limites máximos de carga de trabalho de modo a evitar o cansaço do profissional e o mínimo de manobras necessárias para a manutenção da qualificação dos práticos. “Os práticos não são servidores públicos, seus rendimentos não provém de salário, mas do pró-labore que recebem pelo trabalho que desenvolvem nas sociedades, sendo que os valores dos salários podem variar de R$ 1,5 mil a 20 mil reais por mês”, explica Ricardo Falcão, presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), dizendo ainda que, na média, quase todos os portos do Brasil “estão custando de US$ 1.500 a US$ 1.700 para navio que chega a ter 8 mil contêineres”. À exceção, pondera, é a Bacia Amazônica, que prevê mais de um dia de operação e dois práticos a bordo. Ele diz que os números oscilam conforme as variáveis (tipo e tamanho do navio, distância a ser percorrida, complexidade da manobra), o que dificulta uma visão uniforme dos valores nas diferentes zonas de praticagem.
Trabalho em equipe O prático não atua sozinho. Para o serviço ser completo, os manobristas das águas precisam da lancha e da atalaia (estação da praticagem). Para entrar no navio, o profissional utiliza a lancha do prático. Já a atalaia é a estrutura operacional, que oferece as infor-
mações técnicas ao prático. Em Itajaí, ela está localizada na Avenida Paulo Bauer. Os dois serviços funcionam 24 horas ao dia. Ao todo, o Brasil tem 22 Zonas de Praticagem e 450 profissionais habilitados a exercer a profissão.
Curiosidade A prático Lívia revela que é normal, em sua profissão, vivenciar momentos tensos, até com certa frequência. Isso, segundo ela, já está incorporado à rotina destes profissionais. No entanto, nesse universo também surgem curiosidades e histórias folclóricas que, apesar de tensas na hora, tempos depois servem para alegrar o ambiente no qual os práticos precisam estar sempre extremamente concentrados e focados. Lívia conta uma delas para a Revista Portuária – Economia & Negócios: “Teve uma vez que um prático aqui de Itajai foi a bordo de um navio da Marinha do Brasil para auxiliar na manobra de entrada. O navio vinha navegando normalmente pelo canal externo e, ao se aproximar da entrada da barra (molhes da barra), o timoneiro avisou que não podia mais governar. Todos no passadiço olharam para o timoneiro e lá estava ele com o timão solto na mão. Com a embarcação sem governo, se aproximando rapidamente das pedras dos molhes, a única coisa que restou ao pratico foi pedir toda a máquina atrás. Após tomar algumas providências, a embarcação chegou com segurança ao berço de atracação. Claro que só achamos graça depois de tudo ter se passado sem grandes consequências, porque durante foi, definitivamente, um momento muito tenso”, lembra, agora já tranquila e sabendo que a história pode servir de alerta para situações parecidas com essa que ela contou. • Economia&Negócios • Outubro 2013 • 49
Com o salão náutico e as regatas, Itajaí se consolida e se parece cada vez mais com Le Havre, na França, cidade de onde partirá a Jacques Vabre
Vocação
1º Salão Náutico Internacional de Itajaí é lançado na França REALIZADO PELO GRAND PAVOIS ORGANISATION, REFERÊNCIA MUNDIAL DO SETOR, “ITAJAÍ LE SALON” SERÁ REALIZADO DE 11 A 16 DE FEVEREIRO DE 2014
S
anta Catarina vai sediar em 2014 mais um grande evento internacional no setor náutico: “Le Salon”, que será realizado em Itajaí. O lançamento internacional foi realizado na França, na cidade de La Rochelle. O Itajaí Le Salon foi oficialmente apresentado no Grand Pavois, uma das cinco maiores feiras náuticas internacionais e flutuantes do mundo. O Salão, inédito no Brasil, é realizado pela Associação Grand Pavois Organisation, uma das maiores empresas do mundo na realização de eventos relacionados à água, e pela Brasil Ocean Consultoria. Uma comitiva catarinense reunindo empresários e políticos esteve no evento. O Itajaí Le Salon será realizado de 11 a 16 de fevereiro de 2014, coincidindo com a chegada da Regata Velas Latino América na cidade. Reunindo cerca de 100 expositores mundiais e mais 70 em-
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barcações expostas na água, o salão irá promover os produtos dos profissionais do setor náutico brasileiro e internacional, expondo-os em terra e na água. O evento também contará com uma programação paralela à feira, com fóruns e debates. O salão tem apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, do Ministério do Turismo, da Associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí (AMFRI) e da Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas (Acatmar). “O Le Salon seguirá os moldes do seu ‘irmão’ Grand Pavois e certamente entrará para o calendário mundial dos eventos do setor, explica o diretor geral da Associação Grand Pavois”, Christophe Vieux, uma das principais referências mundiais do setor, Segundo Vieux, Itajaí foi a cidade escolhida para a primeira edição brasileira de um evento da organização devido ao seu grande potencial náutico
e localização estratégica. “Itajaí é a capital do setor náutico e o Le Salon será o primeiro salão de porte internacional realizado no Sul do Brasil. Certamente, iremos alavancar o desenvolvimento não só da cidade, mas de toda Santa Catarina”, destaca Vieux. O Grand Pavois reúne todos os anos 850 expositores internacionais de 35 países, 700 barcos e recebe 100.000 visitantes durante seis dias de exposição.
O secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Fábio Mota, acompanha o evento em Paris
Exposição a nível mundial O Brasil vai entrar no calendário de eventos náuticos internacionais através de Itajaí. Nada melhor para uma cidade que vem se destacando no segmento náutico nos últimos anos. No Brasil, os cruzeiros marítimos, que transportavam 139 mil passageiros em 2005, passaram a transportar 793 mil em 2011. O mercado de venda de barcos movimentou US$ 800 milhões no ano passado e cerca de oito mil jet skis são vendidos por ano no país. Para o secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Fábio Mota, que esteve em Paris
acompanhando o evento, a exposição será uma oportunidade das indústrias brasileiras e estrangeiras trocarem experiências. “Vamos mostrar que o Brasil tem potencial industrial e natural”, disse Mota. Segundo ele, o que ainda prejudica o setor é a falta de incentivos ao mercado de barcos charters (fretados), ao aluguel de embarcações para passeio pelo litoral e a regulação de píeres e marinas. “Além disso, são altas as taxas de importação de barcos e equipamentos náuticos”, disse o secretário.
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Admirado com o potencial de rios e mares brasileiros para o setor, o diretor Geral do Grand Pavois, Chistophe Vieux, disse que há muito tempo tem o desejo de realizar o evento no Brasil. De acordo com ele, a indústria brasileira tem capacidade de produzir boas embarcações. Ele espera
que a exposição em Itajaí atraia não apenas representantes comerciais e usuários de barcos, mas também o poder público. “Queremos nos aproximar do maior número de pessoas e apresentar o setor náutico a todas as classes sociais”, disse Vieux.
A Jacques Vabre é a prova mais veloz de travessia à vela do mundo, sempre a atravessar o Oceano Atlântico
Em novembro, tem Regata Transatlântica Jacques Vabre Itajaí e região agora já estão na contagem regressiva para ser o ponto de chegada de uma das maiores regatas transatlânticas do mundo: a Transat Jacques Vabre. Conhecida como Rota do Café, a competição parte de Le Havre, na França, no dia 3 de novembro. De lá, mais de 50 embarcações percorrem 5.395 milhas náuticas até a chegada em Itajaí, por volta do dia 20 do mesmo mês. “Toda a região ganha com essa movimentação. Primeiro porque o fortalecimento da atividade náutica faz aumentar os eventos e girar a quantidade de visitantes. Depois, porque esse turista quer conhecer mais sobre as cidades e diferentes possibilidades de visitação. E a Costa Verde & Mar tem enorme potencial em um raio de cerca de 50 quilômetros. São 10 cidades, paisagens rurais, urbanas e litorâneas e uma vocação turística cada vez mais especializada”, reforça o presidente do colegiado de Secretários de Turismo da Costa Verde & Mar, Sérgio Souza. 52 •Outubro 2013 • Economia&Negócios
Para recepcionar os competidores, uma série de atividades está prevista. Além da vela, arte, música e gastronomia serão as atrações principais da festa batizada “Aventura pelos Mares do Mundo”. O evento promete levar moradores e turistas a uma viagem do Atlântico ao Mediterrâneo, recheada de sabores e sensações. A “Aventura” inclui a regata francesa Jacques Vabre, o Festival de Música de Itajaí, um festival gastronômico e uma feira mundial de negócios. Tudo embalado na sustentabilidade, que estará presente em projetos de educação ambiental, redução de desperdícios e compensação das emissões de CO2, executados antes, durante e depois do evento. A Vila da Regata ganha nova identidade, com uma cidade cenográfica montada com réplicas de fachadas de construções italianas, portuguesas, espanholas e francesas. A gastronomia da festa também promete passar por todos esses destinos. •
Tecnologia
Empresa Astax, incubada na Univali, vence Prêmio Iberoamericano de Inovação Nicolle Lira
A entrega do prêmio será no dia 17 de outubro, no Panamá, durante a 23ª Cúpula Iberoamericana de Chefes de Estado e Governo
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Astax, empresa incubada no Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), comemora a conquista do 1º lugar no Prêmio Iberoamericano a la Innovación y el Emprendimiento 2013, na categoria projetos. A entrega do prêmio será no dia 17 de outubro, no Panamá, durante a 23ª Cúpula Iberoamericana de Chefes de Estado e Governo. O empreendimento, que em 2012 venceu o Prêmio Santander Universidades, na categoria Biotecnologia e Saúde, desenvolve tecnologias sus-
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tentáveis de saneamento, com projetos, inclusive, para tratamento de efluentes gerados por empresas abatedoras de frango. A Astax foi convidada pelo Banco Santander para representar o Brasil na premiação internacional. Com a vitória no Prêmio Iberoamericano a la Innovación y el Emprendimiento os quatro sócios da Astax: Murilo Canova Zeschau, Ariel Rinnert, Lucas Marder e Juliana Pellizzaro, serão contemplados com o valor de € 20 mil euros para aplicação no empreendimento. •
Evento apoiado pelo Convention Bureau de Balneário Camboriú
De janeiro a setembro deste ano, os eventos com participação do Convention Bureau tiveram uma movimentação de público de mais de 16 mil pessoas, gerando um impacto econômico superior a R$6 milhões na cidade
ÓTIMO
Convention Bureau de Balneário Camboriú tem aumento de 25% no apoio e captação de eventos
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om o intuito de promover cada vez mais Balneário Camboriú como destino turístico de eventos e negócios, o Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau tem investido cada vez mais na captação e no apoio de eventos para a cidade. Somente neste ano, a entidade já tem confirmado o envolvimento em 39 eventos, um aumento de quase 25% com relação a todo o ano passado. De janeiro a setembro deste ano, os eventos com participação do Convention Bureau tiveram uma movimentação de público de mais de 16 mil pessoas, gerando um impacto econômico superior a R$6 milhões na cidade. Para a Presidente do Convention & Visitors Bureau, Margot Rosenbrock Libório, este aumento no número de eventos é resultado de vários investimentos do poder público e da iniciativa privada no que se refere a infraestrutura voltada para o turis-
mo. “O mercado de pequenos e médios eventos está em ascensão e incentivar que estes eventos aconteçam em Balneário Camboriú é prioridade nesta gestão do Convention”, revela Margot, que também faz questão de ressaltar a dedicação da entidade à sua vocação principal: o apoio a captação de eventos. Vale salientar que, de acordo com dados do Ministério do Turismo, o turista de negócios e eventos, tanto o doméstico quanto o internacional, costumam apresentar características comuns, como escolaridade superior, poder aquisitivo elevado, além de gastos mais elevados em comparação com outros segmentos. Opinião essa compartilhada por Margot, que ressalta que o turista de negócios chega a gastar, em média, três vezes mais do que o turista de lazer gasta, além do que, movimenta mais de 50 segmentos da cadeia produtiva do turismo em épocas de sazonalidade. •
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 55
Santa Catarina celebra outu CIRCUITO DE FESTAS MOVIMENTA O TURISMO EM MAIS DE 10 CIDADES DO ESTADO
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anta Catarina se transforma em um dos destinos turísticos mais animados do país em outubro. As festas típicas celebram as tradições dos colonizadores e reúnem mais de dois milhões de pessoas em mais de dez destinos do estado, como Blumenau, Brusque e Porto Belo, segundo dados da Santa Catarina Turismo (Santur). São as chamadas “oktoberfestas”, com dança, a música e a comida típica de povos que formaram a base do povo catarinense, entre eles, alemães, italianos, portugueses e austríacos. A Oktoberfest de Blumenau, a mais tradicional das festas, aconteceu pela primeira vez em 1985 para renovar as esperanças de moradores abalados por enchentes. Em pouco tempo, a festa ganhou a simpatia do público passando a receber, em média, 750 mil visitantes a cada edição. O sucesso da Oktoberfest foi o ponto de partida para a criação de outros eventos do gênero em cidades próximas. A organização e o interesse da população permitiram consolidar um circuito de festas em Santa Catarina. Em uma semana é possível fazer o circuito de boa parte das festas, já que a distância entre as cidades é curta, oscilando entre 30 a 180 quilômetros de distância. Blumenau, sede da Oktoberfest, está a 140 quilômetros da capital Florianópolis, ponto de convergência para muitos turistas. Em Brusque, por exemplo, acontece a Fenarreco, a Festa do Marreco, famosa pelos pratos alemães e o tradicional marreco recheado. Nos dez dias de festa também há shows folclóricos e de bandas de música germânica. Em Rio do Sul, a Kegelfest ou Festa do Bolão, traz pratos típicos da culinária alemã, concursos de tomadores de chope e competições de balonismo. Também na região do Vale do Rio Itajaí-Açu encontrase Timbó, que realiza a Festa do Imigrante, outra tipicamente alemã. Em Porto Belo, a tradição açoriana aparece o Festival do Camarão. Em Jaraguá do Sul, cidade da Schützenfest, a Festa do Tiro remete às tradições dos clubes de caça e tiro, mas o ponto alto da festa são os bailes com bandas típicas alemãs e a culinária.
56 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
bro com cultura e gastronomia No interior do estado acontece a Tirolerfest, em Treze Tílias. A cidade foi colonizada por imigrantes austríacos e a festa comemora o aniversário da cidade. Acontece no parque de Exposições de Treze Tílias, com culinária típica, chope e a dança folclórica Schuhplattler, dança folclórica, mantida por grupos tradicionais. No oeste de Santa Catarina, em Itapiranga, mais uma festa alemã com a Oktoberfest. Chapecó realiza a Efapi, um evento de agronegócios, com shows de músicos nacionais e gastronomia da região, como o porco no rolete. Por último, em Florianópolis, ocorre a Fenaostra, festa de gastronomia de origem açoriana cujo prato típico, à base de ostras, são cultivadas na região. No sul do estado, em Forquilhinha, ocorre a Heimatfest ou Festa das Origens, além da Festa do Colono, em São Martinho. •
Calendário das festas: Oktoberfest – Blumenau de 03/10 a 20/10 Fenarreco – Brusque de 02/10 a 13/10 Tirolerfest – Treze Tílias de 04/10 a 13/10 Festa do Camarão – Porto Belo de 10/10 a 13/10 Festa do Imigrante – de 10/10 a 13/10 Schützenfest – de 10/10 a 20/10 Kegelfest – de 11/10 a 13/10 Fenaostra – Florianópolis de 16/10 a 20/10 Efapi – Chapecó de 04/10 a 13/10 Heimatfest – Forquilhinhas de 04/10 a 13/10 Festa do Colono – São Martinho de 25/10 a 27/10
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 57
Coluna Mercado Agora vai A licença prévia da Fatma saiu agora é esperar as obras e os carrões da BMW
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Fatma é favorável à Licença Prévia para construção da fábrica da BMW
Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) emitiu parecer favorável à Licença Prévia Ambiental (LAP) para instalação da fábrica da BMW na cidade de Araquari, Norte de Santa Catarina. A decisão foi firmada pela Comissão Central de Licenciamento Ambiental (CCLA) da Fundação, no dia 24 de setembro. A LAP é um indicativo de que o empreendimento pode ser construído no local, porém não autoriza ainda a construção. Agora, a Fatma tem 90 dias para emitir um parecer sobre a Licença Ambiental de Instalação (LAI). Nela, vão constar as condicionantes dos
técnicos ambientais para que a construção do empreendimento tenha um baixo impacto ambiental e social na região. “O prazo legal é de 90 dias, mas esperamos entregar antes” revelou o presidente da Fatma, Gean Loureiro. O terreno licenciado pela Fatma para a construção da montadora possui 492.750m², sendo 252.520m² a área a ser construída. A produção inicial de veículos que consta na licença prevê 45 mil unidades por ano, gerando 1.666 empregos diretos e podendo chegar a 3.520. A licença ambiental emitida pela Fatma avalia impactos ambientais, sociais e econômicos. •
Fone: (47) 2104.0900 | Rua Rosa Orsi Dalçoquio, 775 | Bairro Cordeiros | Itajaí | SC 58 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Coluna Mercado Deu problema
Já as empresas de telefonia, essas todos sabemos o quanto dão problema e esquecem do prometido aos clientes
Telefonias, instituições financeiras e Poder Executivo são os maiores “clientes” do Judiciário em Santa Catarina
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ada vez mais consumidores procuram a Justiça para resolver conflitos e assegurar direitos que já estão reconhecidos. Nas relações de consumo, a judicialização é especialmente complexa, já que traduz a falta de regulação e fiscalização dos serviços básicos. Em Santa Catarina, um levantamento da Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) revela que instituições financeiras, empresas de telefonia e o Poder Executivo são as instituições com o maior número de processos no Tribunal de Justiça. Neste contexto, o aumento das demandas e a lentidão no Judiciário são conseqüência e não a causa. Uma das explicações para a configuração deste quadro está na ineficiência das agências reguladoras, as quais têm um papel fundamental na garantia de serviços públicos de qualidade. No Brasil, tais órgãos são criados através de lei e tem natureza de autarquia com poderes especiais. São integrantes da administração pública indireta com a função de fiscalizar e regular as atividades de serviços públicos executados por empresas privadas, mediante prévia concessão, permissão ou autorização. “Omissão ou deficiência estrutural, eu não sei. O que posso constatar como juiz que recebe milhares de ações envolvendo questões coletivas, é que alguma coisa não está funcionando bem nessas instituições”, resume o juiz de Direito Antônio Augusto Baggio e Ubaldo, titular do 1° Juizado Especial Cível da Capital. Recentemente o Foro Desembargador Eduardo Luz recebeu mais de 42 mil ações de consumidores em busca
de indenização pela inclusão não autorizada nos cadastros de crédito, conhecidos como SPC ou Serasa. Para Ubaldo, que reconhece a ilegalidade dos cadastros, é preciso tratar a questão de forma administrativa antes. “O que falta, antes de qualquer coisa, é uma ação maior dos órgãos reguladores”, acredita. Para ele, é possível tratar coletivamente algumas questões, antes de judicializar e, portanto, individualizar o conflito. “O Judiciário está assoberbado dessas questões já decididas que não precisariam voltar”, considera a juíza de Direito de Segundo Grau Janice Goulart Garcia Ubialli. E completa: “Será que as agências reguladoras cumprem efetivamente seu papel?”. Para responder, basta constatar que no ciclo de amigos de qualquer um há inúmeras reclamações contra as empresas de telefonia, por exemplo. A pesquisa da CGJ, realizada em 2010, revela que mais de 6% dos processos em Santa Catarina são contra as empresas desta área. “No meu gabinete a campeã de reclamações é a telefonia”, reitera a magistrada que atua na 4ª Câmara de Direito Comercial. A juíza Cristina Paul Cunha, que atua na Comarca de Balneário Camboriú, reforça que se as agências reguladoras cumprissem o seu papel “com certeza não teríamos tantos processos no Judiciário”. E aponta uma saída: “Eu acredito que uma penalidade maior para o dano moral diminuiria esses processos”. A lógica da magistrada é clara. Se a pena aumentar, impacta mais nas empresas e, consequentemente, Economia&Negócios • Outubro 2013 • 59
Coluna Mercado diminui a reincidência. Cristina imagina que possíveis indenizações já são previstas pelas empresas, que organizam seu orçamento estimando as perdas e danos com as ações judiciais. “O que na realidade, não gera o impacto necessário para evitar que as instituições voltem a agir da mesma forma”, avalia, ao constatar que há uma série de matérias que são repetidas, só no seu gabinete. A juíza teme que os valores altos incentivem a “indústria do dano moral”, na tentativa ilícita de enriquecimento da vítima. “É preciso ter atenção, também, para que não se perca a função do dano moral. Há, sem dúvida, uma linha muito tênue que separa esses dois lados”, expõe.
Bancos A CGJ mostra também que seis das 10 instituições com mais processos no TJ são bancos. Isso representa, no total, 17% da movimentação processual naquele ano. Os bancos públicos e financeiras lideram a lista. Diretor do Foro Bancário da Capital, o juiz Leone Carlos Martins Júnior explica que a maioria das ações discute a legalidade das cláusulas contratuais, juros e encargos. “Deveria ter, por parte das instituições financeiras, uma maior clareza e transparência das informações. Isso evitaria a maior parte das discussões depois”, destaca. O Banco Central é o órgão responsável em fiscalizar o setor. Neste sentido, para evitar problemas, cabe ao consumidor também buscar informações e comparar as taxas e cláusulas, antes de assinar qualquer contrato. “Por parte do cidadão, é necessário uma pesquisa, buscar os juros mais bai-
xos”, sugere Júnior.
Caminho para solução O aumento do número de processos, que nos últimos 10 anos dobrou, além de acompanhar o crescimento populacional, pode indicar uma sociedade mais consciente dos seus direitos. “Sobretudo depois da Constituição Federal, de 1988”, pontua a juíza Janice. Por isso, na outra ponta, o Poder Judiciário também precisar lidar com seus limites e fragilidades. “É preciso mudar essa estrutura arcaica do Judiciário para acompanhar a agilidade dos avanços. Precisamos nos modernizar”, anseia a magistrada, que aponta para a necessidade de uma Justiça mais efetiva e rápida. Para ela, há também acusações sem fundamento que precisam ser esclarecidas. “O Judiciário não tem orçamento próprio, não pode construir presídios e só pode agir quando provocado. Há também uma inoperância do Legislativo, exemplo disso foi o Código Civil, que ficou 30 anos sofrendo alterações”, esclarece, referindo-se à necessidade de uma profunda reforma no sistema recursal brasileiro, tornando-o mais enxuto e permitindo uma prestação jurisdicional mais célere e efetiva. Outra importante alternativa para resolver os conflitos, segundo a magistrada, é a conciliação. “Aproximar as partes para uma conversa, antes de judicializar a questão”, defende Janice. Segundo a magistrada, é muito mais importante as partes chegarem a uma solução, do que o juiz ditar. “Precisamos afastar a cultura do litígio e criar uma cultura da conciliação”, pondera. •
Números da pesquisa* Bancos: 160 mil processos Telefonia: 60 mil processos
Agências no Brasil Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
Poder Executivo: 21 mil processos
* Dados da CGJ/TJSC de 2010
Agência Nacional de Petróleo (ANP) Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Agência Nacional de Águas (ANA) Agência Nacional do Cinema (Ancine) Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Divulgação
60 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Coluna Mercado O que há de melhor e mais moderno
Estaleiros catarinenses apresentam novidades no São Paulo Boat Show
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Alguns lançamentos e destaques:
mercado náutico catarinense se prepara para embarcar para São Paulo. Estaleiros de Santa Catarina vão apresentar suas novidades no São Paulo Boat Show 2013, que ocorre de 17 a 22 de outubro. A 16ª edição do evento prevê movimentar cerca de R$ 270 milhões e vai trazer o que o Brasil e o mundo produzem de melhor em termos de barcos, motores e equipamentos. Estão entre os estaleiros catarinenses a Azimut Yachts, FS Yachts, Schaefer Yachts e Sessa Marine.
Azimut 60 Produzida pela Azimut Yachts em solo catarinense e tecnologia italiana, a Azimut 60 tem um enorme flybridge (convés superior) e um aconchegante camarote de proa, com duas grandes camas de solteiro. O salão é bem iluminado naturalmente e outro destaque desta lancha é a suíte principal à meianau, que é bem grande. FS 275 Concept Um dos pontos fortes neste l ançament o do conhecido estaleiro FS Yachts, de Santa Catarina, que tem aprimorado constantemente suas lanchas, é o bom acabamento e o pé-direito na cabine, que é bem alto para seu porte, com 1,75 metros na entrada. Acomoda duas pessoas em pernoite com o conforto de um banheiro fechado. Phantom 620 É a segunda maior lancha do estaleiro Schaefer Yachts. Tem três suítes completas, além do grande salão com boa iluminação natural. Ela vem com uma cozinha gourmet na plataforma de popa, opção de propulsão Volvo IPS e um flybridge bastante espaçoso. Tem uma versão especial, com o design interior assinado pela italiana Pininfarina.
SERVIÇO:
Sessa F42
16ª edição do São Paulo Boat Show | Data: de 17 a 22 de outubro Horário: Dias de semana: das 13h às 21h. Sábado e domingo: das 12h às 22h. Último dia 22 de outubro (terça-feira): das 13h às 20h Local: Transamérica Expo Center - Avenida Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387, Santo Amaro Ingressos custam R$ 56,00 Meia entrada para pessoas acima de 65 anos: R$ 28,00 Pessoas com necessidades especiais: R$ 1,00 Crianças até 1 metro de altura não pagam. Informações: (11) 2186-1001 / mailto:info@boatshow.com.br
Sessa F42 De Santa Catarina, o estaleiro de origem italiana Sessa Marine, trará seu lançamento de 42 pés. Seguindo os passos da F45, esta lancha tem assentos duplos de pilotagem no salão e no flybridge. As cabines têm banheiros independentes com duc has. A cozinha é bastante completa e ainda pode acomodar uma máquina de lavar de até 6 kg. • Economia&Negócios • Outubro 2013 • 61
Coluna Mercado Italiana de Itajaí
Azimut Yachts pretende fortalecer a marca no Brasil
A
consagrada marca náutica italiana Azimut Yachts, através de sua unidade de produção no Brasil, pretende fortalecer a marca no país. Para tanto, durante o São Paulo Boat Show, em um estande com mais de 800m², a companhia irá expor alguns de seus luxuosos e cobiçados modelos já fabricados na sede brasileira. O destaque será o lançamento da primeira Azimut 48 fabricada no país que passa oficialmente a fazer parte da linha de embarcações produzidas na Azimut do Brasil junto aos demais modelos: Azimut 43, Azimut 60 e Azimut 70. A fábrica, instalada na cidade catarinense de Itajaí desde 2010 vem crescendo de forma considerável tanto no que se refere à produção quanto ao espaço. A intenção do Grupo é enraizar cada vez mais a sua presença no território nacional. “A Azimut do Brasil iniciou suas operações com cerca de 20 funcionários em agosto de 2010. Até o final de 2011 tínhamos cerca de 120 funcionários atuando na construção dos três primeiros modelos – essa produção cresceu consideravelmente ano a ano. Hoje nossas instalações compreendem uma área coberta de mais de 10 mil m², contamos com 300 colaboradores e para este ano náutico (2013/2014) a previsão é fabricar 27 novas embarcações que levam o mesmo padrão e a mesma excelência dos iates fabricados na matriz italiana”, explica o CEO da Azimut do Brasil Davide Breviglieri. Nos próximos três anos, a produção no Brasil deve dobrar segundo estimativas do Grupo, além da inclusão de modelos ainda maiores, de até 100 pés. Além da Azimut 48, o modelo Azimut 60 também já é presença confirmada em um dos maiores salões náuticos das Américas.
62 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Conheça mais sobre os modelos já confirmados para o SP Boat Show Azimut 48 Com um design diferenciado, a Azimut 48 tem suas linhas e perfil projetados para dar a impressão de movimento mesmo quando está parada. Um barco de quase 16 metros que reúne ambientes espaçosos - com destaque para o flybrigde de 15 m²- de forma funcional sem perder a elegância e o conforto. Outro destaque é a proa que pode aumentar o volume da cabine principal e possui uma grande área para bronzeamento para duas pessoas, além de um terraço que possibilita uma linda vista para o mar na embarcação. Com a dinette adicionada ao salão principal e uma cozinha bem equipada, ambas privilegiadas pela luminosidade abundante, colocam a Azimut 48 no topo da lista dos proprietários de iate que buscam embarcações elegantes e funcionais.
Azimut 60 Conforto, requinte e privacidade são as características mais marcantes do design da Azimut 60. Suas amplas janelas em linhas curvas ao redor do deck superior torna o iate inconfundível e imponente mesmo à distância. Seu fly e cockpit localizados na parte externa são os mais amplos da categoria. A nova e imponente “barbatana” Azimut é revestida por dois vidros espelhados na área externa do roll-bar. Sua área interna otimiza espaços tanto na forma quanto na disposição dos móveis o que garante a máxima capacidade e ergonomia ocupando o mínimo de espaço. Seus motores chegam a uma velocidade de 32 nós e atendem perfeitamente as exigências dos clientes brasileiros que buscam por alto padrão de qualidade sem abrir mão do desempenho. •
Coluna Mercado Isis May
Projeto Especial
Devido ao diâmetro do equipamento, o transporte exigiu frete especial, com algumas limitações de velocidade
Arxo entrega tanque com capacidade de 200 mil litros para Ambev
A
Arxo – empresa do ramo metal-mecânico com sede em Balneário Piçarras - acaba de entregar um tanque aéreo vertical com capacidade para armazenar 200 mil litros destinado a armazenagem de soda diluída. O equipamento é um dos maiores tanques já fabricados pela empresa e faz parte de um projeto especial que vai atender a ampliação do Parque de Soda da Ambev Cebrasa, com sede em Anápolis, no interior de Goiás. Devido ao diâmetro do equipamento, o transporte exigiu frete especial, com algumas limitações de velocidade, além de programação diferenciada de roteiro de tráfego e dois batedores credenciados na Polícia Rodoviária Federal. O conjunto de equipamentos para a ampliação do parque contemplou também a construção de um segundo tanque aéreo vertical com capacidade para 35 mil litros de
armazenagem de soda concentrada. A encomenda entregue pela Arxo envolve ainda toda a tubulação, moto bombas e montagem mecânica e elétrica. Maior fabricante de tanques jaquetados ecológicos para armazenamento de combustíveis da América Latina, a Arxo vem ampliando sua atuação e expansão, tornando-se uma referência no setor metalmecânico brasileiro. O tanque com capacidade para 200 mil litros foi construído em 40 dias é o primeiro deste tamanho entregue a Ambev. Recentemente a empresa entregou para a Ambev dois tanques aéreos vertical, sendo um com capacidade de 107 mil litros para armazenagem de solução de etanol, para ser instalado na planta do parque industrial de Lages, em Santa Catarina, e outro com capacidade de 118 mil litros na unidade de Nova Rio, que fica em Campo Grande, interior do Rio de Janeiro. •
Economia&Negócios • Outubro 2013 • 63
Coluna Mercado Tendência A Fecomércio prevê que em torno de 20% dos ocupantes destas vagas devam ser efetivados após o fim da temporada
Criação de vagas temporárias no comércio deve ser menor neste final de ano
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Fecomércio SC estima a criação de 10 mil vagas temporárias no comércio catarinense para a temporada de final de ano. O número é menor do que o saldo obtido em 2012, quando foram criadas em torno de 13 mil vagas. A estimativa de um menor número de vagas este ano expressa, principalmente, a desaceleração das vendas do comércio em 2013. Dados do IBGE demonstram que enquanto em julho de 2012, o crescimento do varejo catarinense foi de 8,11% ao ano, em julho de 2013, o resultado foi de 3,52% no acumulado de 12 meses - julho é o último mês disponível na série histórica do IBGE. Além disso, os elevados custos de contratação, aliados à baixa produtividade da mão de obra disponível no mercado, vêm fazendo com que os empresários tornem-se cada vez mais receosos na hora de contratar. Os primeiros meses do ano já demonstraram isso: se de janeiro até agosto do ano passado foram criadas 1.406 vagas no comércio do Estado, esse número caiu para 1.062 no mesmo período deste ano, segundo os dados do Ministério do Trabalho. Deste total de vagas que devem ser criadas, principalmente, nos meses de setembro, outubro e novembro, a Fecomércio prevê que, em torno de 20%, devem ser efetivados após o fim do aumento da demanda trazido pelas vendas de Natal e pela temporada de verão no litoral. Este percentual segue uma média histórica de efetivação. •
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Coluna Mercado Juntos
Parceria entre IEL e CNPq levará às empresas profissionais para desenvolver inovações
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mpresas interessadas em desenvolver produtos, processos e serviços inovadores terão mais um incentivo a partir de agora. Até 19 de dezembro estão abertas as inscrições para o Inova Talentos, uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que oferecerá, até 2015, mil bolsas para estudantes do último ano da graduação e para recém-formados desenvolverem inovações nas empresas. As inscrições serão realizadas pelo Portal da Indústria (http:// www.portaldaindustria.com.br/iel/canal/inova-talentos/). Para contar com esses talentos, as empresas deverão propor projetos de inovação. As que tiverem projetos aprovados receberão profissionais financiados pelo CNPq, que investirá R$ 29 milhões no pagamento das bolsas. O processo de recrutamento, seleção, treinamento e acompanhamentos dos profissionais será realizado pelo IEL e custeado pela empresa. Além disso, o IEL auxiliará as empresas a desenvolver os projetos. Os estudantes que desejarem concorrer às bolsas deverão apresentar soluções inovadoras para os projetos propostos pelas empresas selecionadas. Os projetos serão avaliados por uma banca examinadora formada por especialistas no
tema. Os candidatos escolhidos receberão bolsas que vão de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil mensais pelo período de um ano. De acordo com o superintendente do IEL, Paulo Mól, o Inova Talentos é uma importante ferramenta para empresas inovarem e para estudantes e recém-formados, sobretudo, das engenharias adquirirem experiência no meio empresarial. “Os jovens profissionais têm muita experiência acadêmica, mas carecem de vivência no mercado de trabalho”, declara Mól. “O programa dá oportunidade para que tenham experiência dentro das empresas para exercer na sua plenitude a atividade profissional.”
Agenda empresarial O Inova Talentos integra a agenda da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o objetivo de fortalecer e ampliar a inovação nas empresas brasileiras. “O programa tem o objetivo de aumentar a formação de recursos humanos para a inovação. Trabalhadores qualificados que ajudam a melhorar a inovação e aumentar a produtividade e competitividade das empresas são um ponto prioritário dentro da MEI”, completa Mól. •
Para baixo
Carne de frango: Setembro registra ligeira queda no volume de exportações
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ados divulgados pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef) mostram que as exportações brasileiras de carne de frango atingiram 302,7 mil toneladas em setembro deste ano, resultado 1% menor em relação ao mesmo período de 2012. A receita atingiu US$ 582,3 milhões, uma queda de 7,9% ante o mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, o volume de embarques totalizou 2,865 milhões de toneladas entre janeiro e setembro, resultado 2% menor em comparação com o mesmo período do ano anterior. Já a receita atingiu elevação de 6,7%, com US$ 5,993 bilhões. “A expectativa era que se repetisse um resultado próximo do que atingimos no mês de agosto, no entanto, os problemas climáticos que ocorreram na Região Sul do país diminuíram o ritmo dos embarques nos últimos dez dias do mês. Acreditamos na recuperação desses volumes em novembro”, afirma o diretor de Mercados da Ubabef, Ricardo Santin. • Economia&Negócios • Outubro 2013 • 65
Coluna Mercado Crescimento
Incentivo fiscal garante empreendimento de R$ 60 milhões em Porto Belo
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prefeito de Porto Belo, Evaldo Guerreiro, sancionou a lei que concede incentivo fiscal para a instalação do empreendimento Outlet Premium Porto Belo. O projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores do município prevê a isenção de tributos municipais durante a fase de conclusão da obra. O centro comercial a ser construído pela empresa Tacla Investimento vai gerar 700 empregos diretos e 2.100 indiretos. O projeto já foi entregue à Secretaria de Planejamento. Serão 36,4 mil metros quadrados de área construída, com custo de implantação de R$ 60 milhões. Após a aprovação e licença ambiental, a empresa começará a preparar o terreno para a construção. O complexo terá duas lojas âncora, duas lojas semi-âncoras, cinco mega lojas, 116 lojas satélites, dois restaurantes, 16 lanchonetes fast food em uma área às
margens da BR-101. A proposta é que a outlet passe a atuar no período de temporada entre 2014 e 2015. A assinatura de aprovação da lei de incentivo fiscal foi acompanhada pelos representantes da empresa Tacla Investimento, pelos vereadores João Mendes e Estevão Guerreiro, o Maninho, e o procurador geral da prefeitura, Valmor Guerreiro. Para o prefeito Evaldo Guerreiro, a ação em conjunto com a prefeitura, Câmara de Vereadores e conselhos da cidade é um estimulo para o crescimento comercial do município. “Estamos planejando o município com melhorias na infraestrutura, qualificação profissional. Com o apoio da câmara, a ampliação da área comercial será a oportunidade para os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho”, afirma Evaldo. •
O complexo terá duas lojas âncora, duas lojas semi-âncoras, cinco mega lojas, 116 lojas satélites, dois restaurantes, 16 lanchonetes fast food em uma área às margens da BR-101 66 • Outubro 2013 • Economia&Negócios
Michely Looz