Revista Tipos Assim

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for typography lovers

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tipo assim...

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...GEOMÉTRICA

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Tipo

assim

futura Entre as sem serifas mais notáveis da época entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, está a fonte Futura. Desenhada entre 1924 e 1926 por Paul Renner, é uma letra bem representativa da clareza defendida nos manifestos da Bauhaus, com evidente construção geométrica. Sóbria, neutral, clara, elegante, bem equilibrada, legível (em corpos grandes, mas também em texto corrido, a Futura apresenta as características preferidas pelos designers vanguardistas dos anos 20 e 30. Parece construída com régua e compasso, e as versões preliminares têm óbvias afinidades com as experiências tipográficas do anos 20. Mas assim como a Gill Sans (a outra importante sem serifa da época) se inspirou directamente no tipo que Edward Johnston desenhara para os transportes urbanos londrinos, também a Futura foi derivada de letras já existentes, por exemplo da Kramer-Grotesk, uma sem serifa desenhada pelo arquitecto alemão Ferdinand Kramer para uso do município de Frankfurt am Main, em todas as suas publicações. Outra letra que terá servido de modelo e inspiração foi a Erbar Grotesk, desenhada por Jakob Erbar para a Fundição Ludwig & Mayer (a partir de 1922), da Mergenthaler Linotype e da Linotype Londres. Os desenhos originais de Renner para a Futura estão hoje guardados na Fundición Tipográfica Neufville, sediada em Barcelona. Outro tipo sem serifa desenhado por Renner foi a Topic ou Steile Futura, uma variante condensada, com traços redondos nas letras A, E, M e W. Esta Topic foi editada pela Bauersche Giesserei já mais tarde, em 1953. 6 | Tipos assim


+ + = ABCDEFGHIJ KLMNOPQRS TUVWYXZabc defghijklmno pqrstuvwyxz Extremamente racional e bem estruturada encontramos na fonte futura sólidas relações geométricas, um manifesto modernista.



Editorial Lucy Niemeyer colaborou com um breve histórico da tipogradia.

Moshika Nadav, o gringo da edição

a primeira a gente nunca esquece

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asceu a n. #1 Tipos... assim! Seja bem-vindo ao universo tipográfico livre de dogmas. Tudo vale, desde o projeto muito bem elaborado ao expontâneo momento de criação, tudo é tipo tipo é tudo. Aqui, querido leitor, você encontrará uma grande variedade de assuntos, todos relacionados à tipografia, começando com sessão “...do passado...”. que sempre terá um texto sobre a história da tipografia e começamos bem com a renomada Lucy Niemeyer nos dando uma introdução perfeita para quem quer iniciar seus conhecimentos em história da tipografia. A sessão “gringo” apresentará um tipógrafo extrangeiro, sua história e seu trabalho, nessa edição apresentamos um tipógrafo de Israel, alías Israel está forte nessa edição, temos uma ótima matéria sobre Oded Ezer, um typedesigner metido a artista (no bom sentido). Na sessão “tupiniquim” é a vez dos nossos talentos nacionais. Toda edição iremos apresentar uma type foundry, começamos com a famosa FontFont. A sessão “case!” trará um estudo de caso com fontes criadas especialmente para projetos e empresas, como o caso do grupo O Boticário. Isso e muito mais você encontra na nossa primeira edição, recheada de trabalhos legais. Ah! por falar em trabalhos legais, temos a sessão “brincadeiras” onde publicamos as brincadeiras tipográficas, de vocês, leitores! Tudo isso e muito mais. Viva a tipografia!

O talento tupiniquim Fabio Lopez

Oded Ezer, typedesigner israelense

Claudio Rocha colaborou com a matéria sobre nomes de fontes.


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do passado... uma breve hist贸rico da tipografia por Lucy Niemeyer

um dos melhores tip贸grafos israelenses

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apresentamos o trabalho do grindo Moshik Nadav

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As fontes do tupiniquim Fabio Lopez

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brincadeiras tipogr谩ficas

nomes de fontes, por Claudio Rocha


edição #1 2° semestre 2013 46

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conheça a FontFont!

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tipografia para O Boticário

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Word as Image

HandJob


O passaDo EStĂ

presente no futuro.


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...do passado...

por lucy niemeyer

Breve histórico da tipografia

A

pesar de escrita ser identificada desde vários milênios AC, nos hieróglifos egípcios e na escrita cuneiforme dos sumérios, o traçado corrente de letras latinas tem descendência direta das inscrições romanas de cerca dos anos 50 a 120 da era cristã, tais como as da Coluna de Trajano, no Fórum Romano. Apesar de, nos seus primórdios, a escrita latina haver sido fortemente influenciada pelas letras gravadas em pedra, ela variou muito através dos séculos, dando origem a uma grande diversidade de formas. Um marco importante para a escrita ocidental foi a normalização estabelecida por Carlos Magno, em édito de 789, no qual estabeleceu os padrões para a escrita, que passou a ser conhecida como carolíngea. Alguns daqueles padrões estão presentes até a atualidade, como o desenho diferenciando as letras em caixa baixa (minúsculas) das letras em caixa alta (maiúsculas), assim como o uso do espaço em branco entre as palavras.

O impacto no Ocidente da impressão com o tipo móvel Na Europa, antes da tecnologia da imprensa, os livros eram manuscritos por escribas sediados, de início, exclusivamente mosteiros. Este modo de produção caracterizava-se por ser muito laborioso e esmerado, portanto lento e oneroso. Na idade média, raros eram os europeus alfabetizados e poucos os que tinham recursos financeiros, e até mesmo interesse, na aquisição e no uso de livros. Por isso, a sua presença e circulação davam-se nem restrito círculo, formado por indivíduos da elite do clero e da nobreza européia. Essa situação perdurou até o emprego do tipo móvel na impressão, cujo aperfeiçoamento é atribuído a Johannes Gutenberg (circa 1450-1480). Cabe a ressalva de que, desde vários séculos antes, os chineses já haviam empregado o tipo móvel na imprensa. Gutenberg havia perdido para os seus credores os direitos sobre o seu invento quando o seu primeiro livro produzido em série foi bem sucedido. Foi a famosa Bíblia de Gutenberg de 1454, impressa já por Fust & Schoeffer, em Mainz, na Alemanha. Em algumas décadas a tecnologia do tipo móvel espalhou-se por toda a Europa. É impressionante a velocidade com que esse processo se deu: nos seus primeiros cinqüenta anos, havia mais que mil impressores dispersos em duzentas cidades européias. As tiragens desses primeiros livros variavam de duzentos a mil exemplares. O surgimento e o crescimento da burguesia e o mercantilismo são elementos de todo um cenário político, econômico e social que ensejou e demandou esta expansão tecnológica da impressão. As suas conseqüências foram expressivas em todas as áreas da atividade e de interesse as época, seja na literatura, no comércio, na aplicação da justiça, na religião, em âmbitos os mais diversos. A reforma protestante, por exemplo, deveu-se à ampla e rápida divulgação das teses de Martinho Lutero, reproduzidas graças ao tipo móvel. Claro que a ampliação do uso dos processos de impressão suscitou reação por grupos que visavam coibir ou controlar esta tecnologia, desde os escribas a membros


Acima e a baixo a coluna de Trajano, Roma. E a direita a fonte Trajan, um tipo serifado projetado em 1989 por Carol Twombly (que tambĂŠm desenhou a Caslon e a Myriad, entre outras).


...do passado do clero da Igreja Católica. É difícil imaginar a extensão da revolução da imprensa para nós que crescemos e vivemos num ambiente de comunicação em que estão presentes televisão, rádio, revistas, livros, cinema e computadores em rede. É inenarrável o impacto do livro num mundo em que a circulação da informação dava-se até então predominantemente por transmissão oral, implicando na restrição ao âmbito geográfico de sua disseminação e na precariedade da presevação de seus conteúdo/forma original. O processo criado por Gutenberg permaneceu imutável por séculos. A impressão teve poucos aperfeiçoamentos até as últimas décadas do século XIX. Industrialização na imprensa A revolução industrial trouxe inovações significativas à tecnologia da impressão. Na segunda metade do século XIX, o emprego de impressoras a vapor tomou o lugar das operadoras manualmente, passando a realizar a mesma tarefa em 16% do tempo despendido nos procedimentos à mão. Concomitantemente, a gravação de imagens em chapas para impressão por sensibilização fotográfica foi sendo progressivamente mais usada, ocupando o espaço até então exclusivo da gravação à mão. A própria composição tipográfica foi transformada pela introdução das máquinas componedoras, primeiramente pelo linotipo de Ottmar Mergenthaler (1889) e depois pela máquina de monotipo. O linotipo, ou composição a quente, possibilitou a mecanização do processo de seleção e de imposição de matrizes, no qual os tipos eram imediatamente fundidos em chumbo, formando já as seqüências de linhas completas, a serem utilizadas na impressão.

Lucy Niemeyer é uma das mais conhecidas designers de sua geração, seja por sua atividade profissional, por seu ativismo associativo ou por sua atuação docente. Doutora em Comunicação e Semiótica, professora da PUC-Rio, é autora de Elementos de semiótica aplicados ao design e de Design no Brasil: origens e instalação, o livro que mudou a historiografia sobre design em nosso país.


Os tipos mรณveis e como eles sรฃo acondicionados nas ofinicas tipogrรกficas.

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por bruno tonelli

Moshik Nadav O typer designer israelense mostra excelencia em um projeto tipográfico bem elaborado. Influênciado pelo pai, que também é designer, Moshik começou cedo e talvez isso explique a complexidade da fonte Paris Pro, inspirada na luxúria e no mundo da moda.

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oshik Nadav nasceu em Israel no dia 21 de fevereiro de 1983, no norte da cidade de Kiryat Shmona. Desde sua infância ele foi exposto ao design gráfico e caligrafia por seu pai, Jacov Nadav (um designer gráfico e artista caligráfico). Quando Moshik tinha 10 anos, ele ganhou seu primeiro computador Apple Macintosh com os programas Adobe Photoshop e Macromedia Freehand. Depois de terminar o serviço militar obrigatório, em 2005, ele decidiu seguir sua verdadeira paixão pelo design gráfico foi estudar comunicação visual no Instituto Avni em Tel Aviv.


Além de estudar, começou a trabalhar em uma agência de publicidade de Israel, como artista gráfico. Depois de dois anos no Instituto Avni, Moshik sentiu que precisava desenvolver suas habilidades e continuou seus estudos no programa de Comunicação Visual na Academia Bezalel de Arte e Design, em Jerusalém. Foi nesse momento que ele percebeu que iria se tornar um type designer. Em junho de 2011, graduou-se no departamento de Tipografia em Bezalel. Desde 2005, o designer trabalha como freelancer. Moshik vê tipografia como uma forma destilada de design.

Paris Pro Segundo Moshik a fonte Paris Pro foi inspirada no mundo fashion e no luxo. Pode ser utilizada para marcas luxuosas e revista de moda, com ligaduras impressionantes percebemos o talento do type designer. A fonte tem nove estilos: Paris Regular, Paris Regular Exit, Paris Regular Strip, Paris Regular White, Paris Ultra Light, Paris Bold, Paris Bold Exit, Paris Bold Strip, Paris Bold White. Na matéria podemos ver os cartazes criado pelo designer para promover a fonte cuja a familia completa custa 620 doláres, preço pesquisado em maio/2013.

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tupiniquim

por Bruno Tonelli

Fabio Lopez

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abio Lopez é carioca de 1978, designer e mestre pela ESDI. Em 2010 fez parte da equipe Tátil que trabalhou na criação da identidade dos jogos Olímpicos Rio 2016. Desde 1998 desenvolve e customiza fontes digitais, e tem projetos de design gráfico apresentados em exposições e publicações no Brasil e exterior. Durante 5 anos integrou a equipe de design da marca Redley, e atualmente trabalha como freelancer em projetos de identidade, tipografia, moda e ilustração e é sócio da empresa Crânio Incrível Design ltda. Nas horas vagas pratica design subversivo: em 2007 aprontou uma bela confusão com o projeto ‘War in Rio’, que lhe valeu 15 minutos de fama e a inimizade da cúpula de segurança do Estado do Rio. Tem um curso de tipografia chamado ‘Typofreaks‘ e dá aula de design na PUC-Rio. Atualmente é coordenador técnico da Bienal Latino -Americana de Tipografia Tipos Latinos, tendo sido o jurado brasileiro na 4ª e na 5ª edição da mostra.Pesquisa o design filatélico e criou para os Correios

do Brasil o bloco de Natal de 2010. Em 2012 teve a proposta de identidade visual escolhida pra representar o Centro Carioca de Design - CCD, num concurso público voltado para designers cariocas. Fotografa, escreve coisas estranhas e não larga o caderno. Colonia Tipografia de texto desenvolvida durante o seu projeto de graduação. Foi destaque na 7a Bienal de Design Gráfico da ADG 2004 (categoria tipografia), e selecionada para a Bienal Letras Latinas 2004 na categoria texto. Por e-mail o designer nos contou um pouco mais sobre a fonte. TA - Fale sobre o projeto Colônia. FL - No ano em que me formei na Esdi (2000), o tema geral dos trabalhos de graduação era ‘transmissão de conhecimento’. Meu trabalho consistia na criação de uma espécie de manual de construção, procurando abordar de forma razoavelmente profunda diversos aspectos da criação de uma fonte de texto. Para ilustrar o projeto,

peguei uma fonte de minha autoria e a reconstruí totalmente, analisando e ilustrando cada fase do processo. Aplicando de forma prática uma série de valores e parâmetros técnicos, acreditava que estava facilitando enormemente a compreensão dos dados coletados na extensa pesquisa bibliográfica. Dessa forma, colônia pode ser compreendida como a parte prática do meu projeto de graduação. A fonte em si é um trabalho interessante, mas sua importância maior reside em ter sido um laboratório de tipografia – servindo ainda hoje como um bom ponto de partida para analisar aspectos funcionais e técnicos de uma fonte de texto. Em 2003 realizei algumas modificações e ampliei a família. A fonte participou ainda de diversas mostras e publicações e foi destaque da bienal de design gráfico da ADG. Na pagina ao lado os caracteres do tipo Colonia e nas seguintes tipos experimentais(Fl ductus, Parformars e Ryad) e de texto (Giovanna), do Fabio.


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arte, design & experimentação Tipografia, arte ou design? Para Oded Ezer não existe essa fronteira. Designer gráfico, type designer, artista e professor, Oded nos mostra o real significado da palavra experimentação, tão banalizada ultimamente. por Ruth Klotzel

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Oded Ezer é professor e tipógrafo experimental. Formado em Comunicação Visual pela Bezalel Academy of Art & Design, de Jerusalém (Israel), estabeleceu seu próprio estúdio em Givatayim (Israel). Seus posters e demais trabalhos gráficos já foram expostos e publicados internacionalmente, e são parte de coleções permanentes de museus com o New York Museum of Modern Art (MoMA), o Israel Museum of Art e o Museum für Gestaltung Zürich.

Conhecer o trabalho de Oded Ezer é entrar no País das Maravilhas, como ele mesmo o define. É mergulhar num universo criativo, onde o aparentemente inanimado ganha o direito de viver no mundo dos animais. É isso que ele faz com suas fontes tipográficas. Oded Ezer hibridiza, tridimensiona e transforma suas fontes tipográficas em criaturas (tipocriaturas). Disseca as letras, explora elementos formais tanto do alfabeto romano, como do hebraico, trans-

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Estudos em 3D

Helvetica Live poster: homenagem pessoal à Helvetica, parte do projeto tipocriaturas. 2008

formando pequenos pedaços de letras em desenhos, e as imagina movendo-se, saindo do papel, brotando da pele, realizando seus experimentos físicos: pratica a caligrafia, corta, cola, amarra. Dessa forma original, o designer nos mostra o real significado da palavra experimentação, tão banalizada ultimamente. Oded é um designer antenado com a contemporaneidade e universalidade, embora não abandone

nunca os processos físicos tradicionais, os elementos concretos e os aspectos plásticos de seu trabalho. Transita entre o alfabeto hebraico e o romano, entre o analógico e o digital, entre a arte e o design, com muita experimentação. E não é a toa que a tipografia prevalece no universo de Oded. Ele nasceu, foi criado e vive até hoje em Israel, país de apenas 22.000 Km2 (equivalente à área do menor estado brasileiro, Sergipe), aproxi-

madamente 7,5 milhões de habitantes (menos do que a população da cidade de São Paulo), e único no mundo onde se fala e escreve no idioma hebraico. Com a criação do país, em 1948, esse sistema de escrita de mais de 3 mil anos, que por cerca de 2 mil era utilizado oficialmente apenas para propósitos religiosos, passou a ser incorporado no dia a dia: em jornais, revistas, embalagens, cartazes, sinalização etc. As novas utilizações demanda-


Cartaz em homenagem ao designer israelense David Tartakover. Trata-se da palavra “agora” em hebraico, um estudo de tipografia em 3D. 2004

ram uma revitalização do alfabeto, justificando um boom na criação de novas fontes tipográficas durante as décadas de 1950 e 1960. Recentemente alguns designers, entre eles Oded, dedicam-se a inovações e adaptações de fontes para mídias digitais. Oded define-se como type designer, mas sua obra extrapola os limitos da tipografia e do design, e flui atravessando fronteiras do vasto universo da Comunicação Visual.

Apesar de seu trabalho aparentemente apolítico, Oded é extremamente existencialista e nada alienado das questões políticas e humanitárias da região onde vive. É um trabalhador incansável, afirma que seu propósito primeiro é a diversão, é “brincar seriamente, como um menino de seis anos o faria”. Muitas vezes acaba se surpreendendo com algo novo e inesperado que surge com a experimentação/experiência.

O propósito oculto nisso tudo, segundo ele, é encontrar idéias frescas para o tratamento da tipografia, das palavras ou das letras. Com muito humor e trabalho, afirma: “Hoje em dia me sinto como naquela história do homem idoso que segura uma flor em uma das mãos e um pão na outra. Quando perguntam por quê?, ele responde: o pão é para viver e a flor para se ter alguma coisa pela qual viver.” conta emocionado.

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Logotipos Ego logo para um café Muzik logo para uma escola de produções musicais, Tel Aviv Itai Asher Meir logo para um projeto artístico DJ logo para uma escola de Djs Ao lado Oded caligrafando


desenho de tatuagem A cliente queria incorporar as iniciais de seus avós à tatuagem. O desenho final refere-se à ideia de infinito e de longas linhas remetendo à linha do tempo, desenhando letras a partir disso.

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cartões para Noble Works Inc. New York, usando a versão latina da fonte tipográfica Frankrühliah 2005


cartaz em homenagem ao designer Milton Glaser, autor do famoso I ď ™ NY , e acima camiseta com a palabra tipografia.

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brincadeiras

S S

ilvia trasS

empre apaixonada por soluções criativas, se formou em design de moda, no Istituto Europeo di Design, em São Paulo, mas acabou tomando um rumo diferente. "Meu objetivo é que através do meu trabalho as pessoas se sintam acolhidas, que realmente as faça sorrir, de forma natural e sincera." O trabalho handmade é o foco principal, mesmo quando o trabalho é mais gráfico. O olhar do “um a um” é muito significativo, de dedicação de tempo e carinho do produto, individualmente. Tem alguns produtos prontos, mas o que realmente brilha seus olhos é procurar uma solução visual criativa pra algum ”problema”. Pode ser através da cenografia de um evento ou espaço, um convite, uma ilustração ou um presente criativo para alguém especial. Trabalha com ilustração, tipografia, design gráfico, estamparia, cenografia, papelaria e derivados. Suas inspirações maiores vêm da natureza, da cultura brasileira, linhas soltas e curvas, cores e o universo infantil. Além disso, a troca entre as pessoas que fazem parte do seu círculo e o sorriso dessa convivência é fonte infinita de inspiração.

"Gosto de inventar coisinhas que alegre os olhos."


E você, também gosta de brincar? Mande para agente suas brincadeiras tipográficas, a melhor brincadeira terá página dupla na proxima edição! 36 | 37



nomes de fontes

Dar nomes a fontes não é uma tarefa tão simples como pode parecer. Aqui vai um pequeno apanhado dessa arte, que traz à luz a origem dos nomes de alguns tipos clássicos e que fizeram história na nossa tipografia. por Claudio Rocha

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Um dos recursos mais utilizados é colocar o nome do autor na fonte criada: (Claude) Garamond, (Giambattista) Bodoni, (William) Caslon, (Firmin Ambroise) Didot, ( John) Baskerville, (Arthur Eric Rowton) Gill, (Frederic William) Goudy, (Lucien) Bernhard, (Edward) Benguiat, (Max) Caf lisch, (Herb) Lublain, (Sumner) Stone, (Adrian) Frutiger e assim por diante... Porém, alguns nomes podem ser enganosos, pois homenageiam outros, que não os próprios autores. Por exemplo, o tipo Bembo, uma recriação do tipo desenvolvido por Francesco Griffo no século XV, sob orientação de Aldus Manutius, foi lançado pela Monotype, em 1929, homenageia o cardeal Niccolò Bembo autor do livro De Aetna, publicado por Manutius. Ou Franklin Gothic, de Mor r is Fuller Benton, que homenageia o

presidente norte-americano Benjamin Franklin. O tipo Peignot, criado por A. M. Cassandre, pegou emprestado o nome de Charles Peignot, dono da type foundry francesa Deberny & Peignot. Palatino, de Hermann Zapf, presta homenagem ao clígrado do século XVI, Giovanbattista Palatino. As mulheres não podiam faltar: Mrs. Eaves, de Zuzana Licko, é dedicada à incansável viúva de Baskerville, que cuidou da obra do falecido marido. Já Frutiger recebeu o sue nome somente quando foi colocada no mercado pela Linotype. Originalmente se chamava Roissy, nome da região onde se localiza o Aeroporto Charles de Gaulle, para o qual a fonte foi desenvolvida. Outra fonte de Andrian Frutiger que poderia ter tido outro nome é a mundialmente famosa Univers.

Cláudio Rocha Diretor e Vice-Presidente da Oficina Tipográfica de São Paulo. Designer gráfico especializado em tipografia. Sócio-diretor da Now Design, autor dos livros Projeto Tipográfico, Trajan, Franklin Gothic e Tipografia Comparada, todos pela Edições Rosari. Participou de eventos no Brasil e no exterior como palestrante convidado, além de ter organizado o Congresso Brasileiro de Tipografia (DNA Tipográfico I - 2003) e o Congresso Latino-Americano de Tipografia - DNA Tipográfico II (2005). Co-editor da revista Tupigrafia.

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Quando conversava com Charles Peignot sobre qual nome seria dado à fonte, Frutiger pensou em Le Monde e também Galaxy, mas o dono da type foundry entusiasmado determinou: Univers. ocr-a e ocr-b, significam Optical Character Recognition (reconhecimento óptico de caracteres), sistema de interpretação da escrita pelo computador. Akzidenz Grotesk vem de akzidenz schrift, que significa tipo, no jargão usado pelos tipógrafos alemães e grotesk, termo que identifica os tipos sem serifa criados no século XIX. Antique Olive, desenhada por Roger Excoffon, vem do termo antique, que significa “sem-serifa” em francês, e Olive, da Fonderie Olive, a type foundry que encomendou a fonte para o autor. Times New Roman, como todos sabem, foi criada para o jornal londrino The Times, por Stanley Morison. Century, criada por Theodore Low De Vinne para a re-

vista do mesmo nome, teve uma variante desenha por Morris F. Benton para uso em livros de alfabetização, que recebeu o nome de Century Schoolbook. New Haas Grotesque era o nome original da fonte Helvética (variante do nome Helvetia, Suíça em latim). Mudou de nome quando foi adquirida pela type foundry alemã Atempel. Igualmente, a fonte Caledonia, de William A. Dwiggins, carrega o nome latino da Escócia. Trajan, de Carol Twombly, leva o nome do imperador romano Trajano, que ergueu uma coluna para celebrar suas conquistas militares e que traz em sua base uma inscrição gravada, da qual a autora tirou os caracteres. Da pedra, lithos em grego, a mesma Carol Twombly tirou o nome para a sua fonte Lithos, baseada em caracteres gregos gravados nesse suporte. Em próximo artigo, traremos mais nomes de fontes. Dessa vez, fontes modernas, radicais e iconoclasta serão objeto de nossa pesquisa...


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tnoFFont Com certeza em algum momento da sua vida você já viu uma fonte cujo o nome começava com FF. Pois bem, FF é FonFont, um fundidora alemã que possui muitas fontes famosas: FF Dax, FF Meta, FF Din, FF Quadraat, FF Scala. Conheça um pouco da história da famosa fundidora.

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Erik Spiekermann e Neville Brody, em 1990, colocaram em prática um projeto que idealizavam a muito tempo: um fundidora onde os tipo eram feitos por designers e para designers, um lugar onde haveria uma oferta justa e amigável aos type designers e que a magia da tipografia estivesse presente. Foi com esses ideais que nasceu a FontFont, hoje uma das maiores e mais conhecidas do mundo inteiro. Os jovens designers não eram muito ortodoxos e radicais, queriam criar fontes de todos os estilos com propósitos diferentes. Contemporâneas, experimentais a criação vinha mais da experiência quebrando regras e limites, como eles mesmo falam: “Desde o começo

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queríamos quebrar e ultrapassar os limites da tipografia, experimentar!” Vinte anos depois a FontFont é o lar de mais de 2.500 fontes, com muitas conhecidas e apreciadas por bons entendedores do assunto. “Nosso trabalho é feito de coração, a nossa receita é a mistura de intuição, paixão, uma pitada de casualidade, um olho para o detalhe, e mais uma pitada de atitude. Desde a primeira fonte, a FF Beowolf até a liberação de nosso catálogo FontFonts em 2010, colocamos a criatividade na frente e orgulhamo-nos em produzir as fontes de mais alta qualidade com um nível técnico profissional.


a sede da FontFont, em Berlim

os fundadores Erik Spiekermann, nascido em 1947, estudou História da Arte e Inglês, em Berlim. Ele é autor, arquiteto de informação, type designer (FF Meta, ITC Officina, FF Info, FF Unit, LoType, Berliner Grotesk e muitas outras) e autor de livros e artigos sobre tipografia. Foi o fundador (1979) do MetaDesign, a maior empresa de design da Alemanha, com escritórios em Berlin, Londres e San Francisco. Ele é responsável por programas de design corporativo para a Audi, Skoda, Volkswagen, Lexus, Heidelberg Printing e Bosch. Em 1988 ele começou a FontShop, uma empresa de produção e distribuição de fontes.Em 2001, ele deixou MetaDesign e agora trabalha com escritórios em Berlim, Amsterdam, Londres, Stuttgart e San Francisco. Redesenhou a revista The Economist, em Londres. Sua fonte corporativa para a Nokia foi lançada em 2002. Erik é professor honorário na Universidade das Artes em Bremen e em 2006 recebeu um doutorado honorário da Pasadena Art Center. Spiekermann vive e trabalha em Berlim, Londres e San Francisco.

Neville Brody estudou design gráfico no London College of Printing e fez o seu caminho aos olhos do público por meio de seus projetos para capas de discos de música independente britânica, no início de 1980. Mais tarde, ele estabeleceu novos precedentes através do estilo inovador da revista The Face (1981-1986). Foi através de seu trabalho em revistas que firmou sua reputação como um dos maiores designers gráficos do mundo. Brody também ganhou muitos elogios do público através de suas idéias altamente inovadoras sobre a integração e combinação de fontes em design. Mais tarde, ele levou isso um passo adiante e começou a desenhar suas próprias fontes, abrindo assim o caminho para o advento do projeto de tipo digital. Seu pioneirismo na área de tipografia se manifesta hoje, em projetos como FUSE, uma coleção publicada regularmente de fontes experimentais e cartazes que desafia os limites entre tipografia e design gráfico. Seu trabalho foi encomendado por grandes organizações como o Berlim Haus der Kulturen der Welt, Greenpeace entre outras.

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of original con Abo. Et faccatque por sustet dolor sunt, aspiet hil ium hillor ati quaerfe rspelestiat pererum rem fuga. Everovi dendandam rem idi a suntius ciditinctem faccus moluptas et earumqui blatio et quunt autassita as et ea quis mo dolo essum dolori rem que culpario delitia cus ipsus, sandel iur sant id mil eosseque doluptatio. Cestior uptaese nditatur a con expere perum nonse ene doluptam aliquam ilicimagnam endaereicae et pos reicidit eum aliqui nobit, sequi offictur? Ovid quis parumquid quis sitatur asi dolut lab in explatur rerro temqui dolorendam is duciisque pres non pro magnatem quis nes et modi dollaces sin nusapiet labo. Nequis eatatur? Sit fuga. Itasitatur remporiam receptur, sam volupiditem verro occullu ptatiae pelitet la ad que non earum vellupta dolum qui con earuptium qui dolupta tempor asped quo omnimi, nos eatectiorem volescius, as modit ratem adi berchil idendi doluptatquia volupta spienimost, sediti consequam et es sequis accuptatis de velesti cus quidunt. Caecus. Ignam dolorehendae sumque vitas velit, aut untinctatis mo omnistibus assum dolore, voluptatia neseratus dolorem a volessenimo cullabo. Itatem excerorunt dolorum dolendae il ex eatemporrum quis autem. Eque laut moloraturio. Qui cuptis net iur aut exerit vel incias essinum eicium explabo recepe sunt.

no amor


case!

Tipografia customizada para o oticário Estudamos o caso do O Boticário que ganhou uma fonte especial para sua identidade visual, com o reposicionamento da marca em 2010 pela FutureBrand. A fonte é do famoso estudio de tipografia Dalton Maag.

O Grupo Boticário nasceu em 1977 na forma de uma pequena farmácia de manipulação no Centro de Curitiba (PR) e é a 3ª maior marca de perfumaria e cosméticos do Brasil e a maior franquia de perfumes e cosméticos no mundo. Em junho de 2009 a FutureBrand, escritório de design e branding, foi convocado para cuidar do reposicionamento da marca O Boticário e de seus desdobramentos em função da evolução dos negócios. Assim, antes de começar a trabalhar na marca O Boticário, a FutureBrand cuidou da concepção e posicionamento da marca corporativa do Grupo Boticário, constituído em março de 2010. Foi criada uma proposta de valor e identidade visual para a marca corporativa baseada na proposta de atuação do Grupo que, além de abrigar

a marca O Boticário, ganharia uma nova empresa, Eudora, que entrou em operação em fevereiro de 2011. Sobre a tipografia criada para o Grupo Boticário, o desenvolvimento do Grupo é representado pelas curvas do símbolo e as letras em caixa baixa representam intimidade. A tipografia é simples e atual, e tem destaques nas letras “g” e “a”. O desenho da marca nasceu a partir de uma espiral, baseada na proporção áurea presente nas formas harmônicas encontradas na natureza e, desde a antiguidade, referência importante para as noções de beleza. O movimento dos traços mostra a evolução contínua e a transparência das formas sugere a presença de luz, que representa os valores do Grupo. Após concluir o trabalho de posicionamento da marca Grupo Boticário, que tem como público alvo os


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Algumas cores usadas na nova marca e ao lado o logo antigo e o atual, para comparação

colaboradores, parceiros e investidores do próprio grupo, a FutureBrand partiu para o reposicionamento da marca O Boticário e de seus produtos. Também criou a identidade visual da marca Eudora, além do conceito de seus produtos, nomes e embalagens. Sobre a reformulação da marca O Boticário, foi sentido que a marca já tinha importancia mas necessitava de uma evolução para trazer suas características para o contexto atual: uma marca que segue as tendências do mercado internacional. Para chegar à nova marca primeiro foram questionados os pontos negativos da marca original. Alguns desses pontos eram a onda que aparecia na marca, a fonte pontiaguda e serifada e a cor verde, que não condizia mais com a complexidade do portfólio O Boticário. A onda desapareceu na nova marca e a fonte pontiagu-

da e serifada foi substituída por uma fonte mais orgânica, com traços da caligrafia. O monograma da marca O Boticário foi inspirado na origem grega da palavra “caligrafia”, que significa “escrever com beleza”. A ideia do floral contornando a letra “B” dá apoio para criar um ícone próprio a partir da letra, que também inicia as palavras “beleza” e “Brasil”. Os traços florais têm a ver com os movimentos da caligrafia, algo gestual que reflete a feminilidade. Os arabescos circulares foram comparados aos movimentos circulares dos cuidados da mulher quando passa sombra nos olhos ou usa um creme. Esse movimento gestual e orgânico passa feminilidade e beleza. A partir daí foi feito um grafismo para a marca, usando uma fonte com traços femininos. A fonte da marca foi desenhada pela FutureBrand e refinada


Acima a fonte Foco e a fonte Foco modificada, as duas do estúdio Dalton Maag, ao lado a fonte em uso e a abaixo a marca com as cores.

pela Dalton Maag, que também desenvolveu duas fontes especiais para títulos e forneceu uma fonte de seu portfólio para textos. Sobre o trabalho da Dalton Maag com relação às fontes da marca O Boticário, a FutureBrand selecionou a fonte Foco, da Dalton Maag, para aplicação em títulos pela sua beleza amigável, atributo desejado para a fonte de títulos da nova identidade. A fonte teve variações nos terminais e no contraste alterados exclusivamente para O Boticário. A tipografia possui terminações suaves e contraste, acrescentando uma charmosa elegância à marca. A decisão de modificar a fonte Foco tornou-se uma solução acessível para definir um único estilo para títulos. Em complemento, a família Effra, da Dalton Maag, foi selecionada para uso em textos devido à sua funcionalidade e flexibilidade.

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Abaixo a fonte Foco, refinada pela Dalton Maag, ao lado as embalagens e a tipografia de autoria da FutureBrand.



21 GRANDES DESIGNERS

& SUAS MENTES CRIATIVAS

ENTREVISTAS POR

DEBBIE MILLMAN

"Millman reuniu revelações surpreendentemente sinceras de designers acalmados, e o resultado é um livro provocativo, esclarecedor e inesperado. Qualquer pessoa que lute diariamente para criar um bom trabalho será inspirada e encorajada pelo vislumbre profundo nessas mentes notáveis."


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word as image

Brincar com as palavras. É isso que o projeto Word as Image do designer Ji Lee tem como ideia. O projeto é preenchido com divertidas soluções visuais tipográficas e cheias de simbologia


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EA

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Esses três últimos trabalhos são acadêmicos e também brincam com o significado das palavras com imagens tipográficas. Nesse casso os alunos Ryan Artell, Nan Yi e Jenn Julian usam mudanças de escala e localização delas na página para exprimir seu significado.



feito a mão. Fizemos uma seleção do livro HandJob com os trabalhos mais legais para você se inspirar e pirar!









&cetera

fontface

Atipo é o estúdio de design espanhol por trás destas séries de cartazes dedicados a quatro tipos. Combinando make up e tipografia, os resultados finais são belas fotografias que retratam as fontes clássicas Caslon Italic, Clarendon Bold, Helvetica Bold e Carousel Medium.


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