WING CHUN
CHOSHIN CHIBANA KARATE Nesta coluna, Randy Williams nos fala acerca do conceito de CRCA Wing Chun de “Encararse” O termo “encarar-se” (Ying Sai) em Wing Chun significa a referência frontal de um lutador com respeito ao outro. Um outro termo, Ying Chiu se refere à “posição da orientação” de um lutador respeito do outro.
Salvador Herraiz conheceu Joki Uema pouco antes deste falecer, em seu dojo Shubukan, de Shuri. Hoje nos traz o retrato deste carismático personagem, em outra das suas magníficas reportagens acerca das origens e das pessoalidades fundamentais do Karate de Okinawa. Um novo artigo que certamente vai ser do agrado dos amantes da antropologia de uma Arte Marcial que conquistou o mundo.
CINEMA MARCIAL No dia 29 de Junho deste ano de 2013, faleceu aquele que foi uma indiscutível estrela de raça negra do Cinema de acção dos anos 70. Lançado ao estrelato por sua aparição em Operação Dragão com seu mentor Bruce Lee, a sua figura, que desaparecera nos últimos anos, merece sem dúvida uma especial referência como a que hoje nos preparou preparado o nosso especialista Pedro Conde. Uma fantástica reportagem que oferecemos este mês, para prazer de coleccionistas, seguidores do Cinema Marcial e apaixonados dos “velhos bons tempos”.
UFC GYM
O maior Ginásio de Artes Marciais Mixtas e fitness da costa Leste. A inauguração do Novo ginásio UFC Gym em New Hyde Park, Nassau, NY, é um grande passo para conseguir que as Artes Marciais Mixtas sejam aprovadas como desporto legal em Nova Iorque.
INTERNATIONAL BUGEI SOCIETY Não é de estranhar que muitos estudiosos procurem actualmente em artes vizinhas alguma coisa adicional para o que pensam ser deficiências. Podemos ver nitidamente isto em inúmeros praticantes que se formam em quatro ou cinco artes marciais diferentes. Já não são aqueles tempos em que a fidelidade ao caminho simbolizava a honra interior do praticante. Os tempos são outros e neste novo tempo, tudo é possível! Se estabelece a linha da procura do espírito e da necessidade do desejo. Se procura saciar todos os desejos e frustrações.
KARATE NO KOKORO O Sensei Taiji Kase foi uno dos grandes Mestres de Karate do Século XX. Conhecido em todo o mundo como um lutador extraordinário e como professor de primeiro nível, nunca deixou de aperfeiçoar e desenvolver a sua Arte para criar seu próprio estilo. Em 2004, pico antes de falecer, fundou a Academia International (Kase Ha Shotokan Ryu Karate-Do) e deixou o encargo da sua direcção a seus estudantes mais chegados, entre os que encontra o Sensei Pascal Lecourt (da França), 6ºDan, que foi seu assistente mais destacado durante uns trinta anos.
SDS-CONCEPT O “S.D.S.Concept” é um conceito holístico de defesa pessoal criado para mulheres, com ajuda de especialistas em defesa pessoal, oficiais da polícia, advogados e pedagogos, de acordo com as necessidades e habilidades PANGAMOT específicas das mulheres.
SDS-CONCEPT O machado, usado com uma mão como o tomahawk americano, ou com duas mãos como o machado de combate - é uma das armas mais antigas. Os romanos, os vikingos, os celtas, os escoceses, os germanos e muitos outros usaram o machado de combate e seus temidos e devastadores efeitos. Nesta primeira parte da luta com machado, nos concentraremos nos fundamentos, características especiais e conceitos.
GRAND MASTER PAOLO CANGELOSI Sifu Paolo Cangelosi, através da sua profissão tem podido praticar vários géneros de defesa pessoal, entrar em contacto com organismos especializados em segurança e portanto adquirir experiência em tácticas de combate. Juntando a sua experiência e a sua paixão, ele criou um programa de adestramento adequado para todos, mediante o conceito de auto-defesa pessoal, incluindo as armas de fogo.
O Pangamot, Arte Marcial das Filipinas é muito desconhecido mas é muito realista, agressivo e eficaz, na minha opinião. Realista, dura, rápida e efectiva, a luta de rua filipina significa “combate total" e nele tudo está autorizado.
WINGTSUN Onde está o estilo de um praticante de WingTsun? Refiro-me, como sempre, a quando um praticante se enfrenta a um adversário que não colabora e tem uma experiência em Artes Marciais similar à nossa mas que não é colaborador com os nossos próprios estudantes o colegas de aula... Penso que este é o ponto de partida.
KOMBATAN WORLD COMMUNITY O Grão Mestre Presas pesquisou diligentemente nas Marciais Artes filipinas durante mais de 30 anos, para d e s e n v o l v e r sistematicamente a aplicação do estilo Arnis em um estilo completo de combate corpo a corpo denominado Mano-Mano
TOYAMA-RYU BATTO-JUTSU Sérgio Hernández Beltrán nos dará merecida resposta desde um artigo, resgatando da recente memória um estilo de combate que pode ser revulsivo a uma maneira diferente de ver as autênticas artes disciplinarias do Japão; o Toyama-Ryu Batto Jutsu.
“A realidade não é outra coisa que a capacidade que para se enganarem têm os nossos sentidos” Albert Einstein
“O único realista de verdade, é o visionário” Federico Fellini “Odeio a realidade, mas é no único lugar onde se pode comer um bom bife” Woody Allen
O
inconsciente colectivo o vinha anunciando. Filmes como Matrix impactaram fortemente no eixo central da consciência de muitos. Artistas e visionários o vêm dizendo, hoje, a própria ciência abre as portas a novos cenários das consciências, para reconsiderar a realidade e o real. Neste editorial quero partilhar convosco este ponto da mudança das consciências e para isso temos que começar, como deve de ser, pelo princípio. O vocábulo “realidade” provem do Latim “realitas”, que tem sua origem na palavra “res”. Res tem muitos significados: Coisa material, ser, facto, objecto, matéria, assunto, circunstância, experiência, poder, causa, e outros. O adjectivo “realis” e o advérbio “realiter” foram usados normalmente na Idade Média. Tomás de Aquino considerou a palavra “res” como um “transcendental”. Os transcendentais eram, na doutrina clássica, aquelas propriedades que podem ser atribuídas a qualquer Ser. Finalmente, Duns Scoto introduziu o neologismo “realitas”, para referir-se àquilo no que os diversos tipos de seres concordam. M mas curioso desta introdução etimológica é que situando o termo no seu justo sentido original se descreve a si mesmo de uma maneira muito diferente a como o percebemos normalmente. A realidade não “é” coisa monolítica, unívoca, verdadeiramente não é outra coisa que um simples consenso. Em palavras de Carlos Castaneda: “O mundo é uma descrição”. Carl Jung também o disse mas de outra maneira: “Tudo depende de como vemos as coisas e não de como são na realidade.” O real, paradoxalmente, para além do poder tremendo dessa palavra, não é senão um acordo, meus senhores! Surpresa!!! Tudo aquilo em que acreditam sem duvidar, fruto dos seus sentidos e da sua aprendizagem, pode não existir dessa maneira para além da própria sujeição particular da sua descrição das coisas; isso sim, concensuada repetidamente pela mesma consideração dos que o cercaram no seu processo de aprendizagem, encaixada com a sua natureza particular, cruzada com o seu destino, suas necessidades evolutivas, suas oportunidades de transformação, a energia que os rodeia e envolve em cada momento e a que se vai atravessando no seu caminho, em virtude dos outros com os que você se relacione ou relacionou e dos ambientes que transita até o momento de cada aqui e agora. Esta parece-lhes uma fórmula complicada? Pois saibam, ainda assim… é incompleta! Quem disse que compreender é fácil? Em oposição, que singela e simples é a descrição plana da realidade única, unívoca e rochosa do nosso paradigma actual. Mas até este está roendo-se pelas beiras! E a teor dos últimos experimentos quânticos… Até pelo centro! O paradigma dominante no planeta, a Ciência e seu método, estão alcançando, seu próprio nível de incompetência; ou seja, a través de si mesma, está questionando as bases do seu próprio esquema descritivo da realidade. Isto não é novidade; inclusivamente dentro do seu próprio discurso e método, o Universo Newtoniano foi destruído por Einstein e o pobre do Einstein agora, está sendo fagocitado
por suas próprias contradições. Deus não joga aos dados… Mas também o faz? Tento explicar-me, (se isto é possível) e acreditem que lamento, porque este assunto requer de compreensões mais sólidas que as minhas e de um meio talvez mais adequado para “entrar nestes labirintos”. Por outras palavras, que como quase sempre, o foro no qual me expresso não é aparentemente o mas adequado para este assunto. Ou sim? Mas o que eu hei-de fazer se a vida me situou neste (e não em outro) púlpito? O experimento do entrelaçamento quântico do Dr. Blake T. Dotta, na Universidade Laurentian, do Canadá, parece provar a existência de uma espécie de computador central, um “campo comum” onde se armazena informação proveniente da actividade das partículas elementares. O Dr. Gaona, colaborador deste experimento, afirma que este “lugar comum” é um “espaço”, ao que não só concorrem as partículas para “guardar” a sua informação, como também a consciência. (Falamos do registo Akashico?) O experimento propriamente dito consistiu em criar duas situações quanticamente idênticas mas separadas por vários quilómetros. Nelas, duas substâncias iníquas uma com a outra, mas que respondem com luz à presença de um terceiro elemento reactivo, foram activadas à vez, mas desde um só lado do espaço. Quando se situava o reactivo em um lado, o outro emitiu luz ao mesmo tempo e sem a presença do mesmo. As consequências deste experimento são extraordinárias e viriam abrir a porta para a comprovação de conhecimentos que os povos antigos já elaboraram no seu estudo do invisível. Explicaria cientificamente também o que conhecemos vulgarmente como telepatia, e abre um campo de estudo sobre conceitos como os “buracos de verme”, ou a comunicação interdimensional. Inclusivamente sob o peso dessa rochosa imposição do que é ou não é real, todos temos ouvido ou vivido extraordinárias histórias de sincronia nas nossas vidas ou nas de outros. Vamos telefonar para alguém e esse alguém nos telefona… Uma mãe que sabe que alguma coisa não está bem com o seu filho, justamente no momento que ele tem um acidente… Um gémeo que tem a certeza que sei irmão acaba de falecer… Um filho vê a imagem de sua mãe que está a 10.000 quilómetros, passar pela porta do seu quarto, justamente no momento em que ela morre…, etc. e etc.… Como em outros momentos da história, se estão processando várias descobertas entrelaçadas e praticamente sincrónicas. Parece como se a própria consciência do grupo humano se expandisse ao mesmo tempo e tocasse pontos específicos do compreender. Não faz muito pudemos ler na revista “Nature” a publicação da primeira teletransportação quântica conseguida pela equipa do professor Nicolau Gisin, da Universidade de Geneva. Por incrível que pareça, pela primeira vez na história se conseguiu a teletransportação de um fotão a longa distância. Tudo isso, que era considerado como pura ciência ficção faz apenas uns poucos anos, está acontecendo agora mesmo. O curioso é que os estudiosos de conhecimentos herméticos, espirituais ou ocultistas têm vindo afirmando tudo isso desde faz séculos. Considerados hereges, demoníacos, bruxos, ignorantes, loucos e todo tipo de
qualificativos negativos, resulta que não só tinham razão como também explicavam, ao seu modo mas de maneira inequívoca, o que a ciência só agora começa a vislumbrar. O visível é só uma categoria da realidade. A realidade é um acordo, mas outras realidades coexistem, se entrecruzam e comissionam com a nossa de maneira continuada. No meu último livro “No limiar do invisível - O xamanismo japonês da cultura Shizen”, situo o leitor em frente da porta de entrada ao conhecimento do invisível da cultura Shizen, uma cultura antiga que entrou profundamente no estudo destes mistérios de modo extraordinário. A barreira entre o físico e o metafísico está gretando-se. A aventura da consciência humana vive um novo despertar. Hoje, que a ciência abre essas portas, é o momento de reconsiderar e escutar com novos ouvidos e ver com novos olhos, como povos como os Shizen, tiveram a coragem moral, o atrevimento e a infinita valentia de navegar nesses procelosos mares, para nos legar um mapa do invisível tão pormenorizado como prático. O meu livro é um pequeno, ínfimo testemunho da imensa sabedoria oculta que eles mantiveram e que eu continuo estudando. Mandar um fotão pelo espaço tempo é só um pequeno passo; os antigos xamãs iam eles próprios a outros planos dimensionais ou traziam-nos aqui à sua vontade, saltavam entre mundos, como uma criança salta uma corda. Tocavam em forças de alta tensão, sem que essas forças os tocassem a eles, falavam com os destinos, negociavam com forças imensas, ou levantavam a pessoas no limite da vida e a morte. As façanhas e o poder desses sacerdotes Shizen foram legendárias. Quebrados os limites conceptuais, até os mais burros poderão conceber e eventualmente tentar, o salto quântico do possível e o impossível. A Alice (a do “País das maravilhas”) atravessou o espelho, mas todos podemos faze-lo, porque está nas nossas atribuições e potenciais consegui-lo. Somos seres espirituais vivendo uma existência material e não ao contrário. Alcançar o conhecimento e o poder de fazer tais saltos, é uma outra questão, porque neste assunto, como em tantos outros, ninguém dá nada. Os caminhos espirituais autênticos geram sempre as necessárias transformações na nossa estrutura e função energéticas, acondicionando assim as nossas borbulhas de energia e tensão para o salto entre os mundos. A velha realidade se dilui em um mar de múltiplas realidades; o Universo plano se confunde em um Universo de múltiplas dimensões; o tempo como conceito linear não se segura sob a relatividade Universal; o mundo, a nossa realidade rochosa e unívoca se desmorona. Que grande aventura amigos! É tempo de aprender a olhar e ver com novos olhos.
Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO. e-mail: budo@budointernational.com
https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5
Texto: Sergio Hernández Beltrán Fotos: © www.budointernational.com
TOYAMA-RYU BATTO-JUTSU, A ESGRIMA DO EXÉRCITO IMPERIAL JAPONÊS
recente memória um estilo de combate que pode ser o incentivo para uma maneira diferente de ver as autênticas artes disciplinares do Japão; o Toyama-Ryu Batto Jutsu.
A escuridão envolve em trevas o avance. Movimentos lentos e silenciosos até chegar a apenas uns cem metros do inimigo. Só as respirações entrecortadas agitam os peitos daqueles que sabem que muito provavelmente seja o seu último amanhecer. Depois, esperar enquanto a húmida brisa do mar, junto com o suor provocado pela tensão e o esforço, encharca os corpos molhando a roupa. A claridade deixa adivinhar as figuras que estão em frente, se escutam as conversas e ruídos de um acampamento que acorda. De repente, tudo está em movimento. Um barulho ensurdecedor e centenas de gargantas gritando de maneira desgarrada. A morte se apodera do campo e a batalha começa. Erguido, espada em mão, com gritos dá ordens e começa a correr. É muito jovem. Os corpos procuram o contacto. Alguns caem para nunca mais se levantarem. Outros tropeçam. Ofegantes, se arrastam. Com olhos desorbitados, os pulmões a ponto de estalarem, sem deixar de correr de maneira desesperada, encurtam distâncias sem parar de gritar. Os primeiros chegam ao seu objectivo. O jovem armado com um curvo sabre, com ambas mãos corta à direita e à esquerda numa amalgama de membros e armas. O sangue brota e a espada cumpre o seu papel sem piedade dos braços que a esgrimem. Esta sequência pode parecer tirada de uma batalha das muitas que sacudiram o Japão feudal, mas no entanto, teve lugar em Saipam, a 7 de Julho de 1945, ou seja, pouco tempo antes de finalizar o conflito armado de meados do passado Século XX, e o jovem oficial não era outro que o Capitão do Exército Imperial Japonês, Sakae Oba. Este é um dos inúmeros de exemplos onde uns homens de um tempo já passado, se enfrentaram com anacrónicas espadas frente a modernas armas de fogo. E que tipo de técnica empregavam? Onde aprenderam o uso dos modernos sabres copiados das suas antigas e eficazes katanas? A estas e outras dúvidas esperamos poder dar merecida resposta neste artigo, resgatando da
(1) A 11 de Fevereiro de 2011, o filme “O milagre do Pacífico ou a Batalha do Pacífico (Battle of the Pacific), foi estreada nos cinemas mostrando as lutas dos japoneses em Saipam, assim como a implacável persecução dos fuzileiros navais americanos. A realização era da Toho Pictures e a direcção de Hideyuki Hirayama, era uma produção do Japão, os Estados Unidos e a Tailândia. O filme foi protagonizado por Yutaka Takenouchi no papel do capitão Sakaeba.
A Rikugun Toyama-Gakko, o lugar onde nasceu o estilo Toyama-Ryu No sexto ano da era Meiji (1873), nos restos do que tinha sido a povoação da família Owari, teve seus inícios a Rikugun Toyama Gakko (Academia Militar Toyama) onde é hoje o bairro de Shinjuku em Tóquio, até que em 1937 foi transferida para 40km para o Sudeste, perto da cidade de Zama, prefeitura de Kanagawa. Quando finalizou a II Guerra Mundial, a Academia Toyama se transformou em “Camp Zama”, destacamento do exército dos Estados Unidos no Japão ocupado. A escola teve diversas especializações, para formar os quadros de oficiais que comandavam o exército. Estas eram; praticas de tiro ao alvo, preparação física, defesa pessoal e manejo da espada. A finalidade desde a fundação da Academia Militar Toyama em 1873, era que o exército Imperial Japonês alcançasse o mesmo nível que os exércitos ocidentais o mais rapidamente possível. Para isso foram convidados oficiais do exército francês, os quais proporcionaram a necessária educação militar unificada para os oficiais japoneses que seriam a base de cada regimento, e que estes disseminassem os conhecimentos adquiridos de maneira e modo que fosse alcançado o objectivo de actualizar e unificar critérios em todo o exército.
Gunto Soho - A Esgrima Militar A maior parte dos programas de educação física e preparação para a
Artes do Japão guerra dos oficiais de Infantaria do exército Imperial Japonês (IJA) foram criados na secção de treino físico da Academia Militar Toyama. De início, a técnica de luta corpo a corpo (Hakuei) ensinada na academia, estava baseada no estilo militar francês, com o combatente de espada usando um sabre normalmente seguro com uma só mão. No entanto, com a guerra do Japão com a China (1894-1895) e a guerra do Japão com a Rússia (19041905), a fiabilidade da espada japonesa, katana, foi de novo avaliada e o seu lado espiritual também foi tido em consideração, assim como a sua antiga atracção psicológica para o povo japonês. Vitorioso nestas guerras, o exército Imperial Japonês teve uma evolução até chegar ao nível das outras potências mundiais e durante este período, a maneira de portar o sabre mudou de ser com uma mão para ser com duas mãos. Neste contexto, durante o período Taisho, a Academia Militar Toyama começou a investigar uma esgrima japonesa mais tradicional e a desenvolver uma espada militar totalmente japonesa, para poder ser introduzida no exército, e para isso convidaram Mestres tradicionais de luta com espada (katana). Em matéria do uso da espada, juntaram os mestres de cada escola estilos de Iaijutsu/Kenjutsu formando um novo estilo que posteriormente se denominaria Toyama-Ryu. A Academia Toyama tinha seis grandes dojos para a prática do Kendo e um para o Jukenjutsu (a prática do uso da baioneta. Todos os dojo tinham 60m de comprimento e uma largura de 12m. No ano 4 da era Taisho (1915) começaram a evoluir do uso de sabres de uma mão, do tipo ocidental, para espadas militares denominadas Gunto, utilizadas com as duas mãos. Entre os anos 8 e 9 da era Taisho (1920 - 1921), começaram a pesquisa para melhorar a capacidade de ataque nos combates corpo a corpo e o ensino da utilização da espada Gunto ou do Tankenjutsu (wakizashi e baioneta). aqueles que De entre desenvolveram as técnicas de espada curta, foram seleccionados os melhores, para melhorar as técnicas de Ryote Gunto Jutsu (manejo a duas mãos do Gunto). No ano 13 da era Taisho (1925), com a inauguração do dojo principal do colégio militar Toyama, puseram
Reportagem em prática a ensinança para proporcionar técnicas e estratégias a todos os soldados que portavam Guntopara, para a sua utilização na luta de guerrilhas. Já no ano 14 da era Taisho (1926) se instaurou como nome do estilo o de Toyama ryu Iai Jutsu. Em 1925 Morinaga Kiyoshi, que era primeiro tenente e director do Kenjutsu Kenkyu Kai. - Comité de investigação da técnica com espada da academia Toyama - foi o encarregado de ajudar a criar um sistema prático no uso da espada japonesa no campo de batalha moderno, com a finalidade de o incorporar como uma matéria de na academia. A ideia era utilizar as técnicas mais eficientes dos estilos clássicos de Iaido, Iaijutsu e Kenjutsu. Em nome do exército Japonês, entrou em contacto com os Mestres Zenya Kunii (Kashima Shin-Ryu) e Nakayama Hakudo, este último célebre por ser um importante Mestre do estilo Muso Jikiden Eishin Ryu Iaido e ser o fundador do Muso Shinden Ryu. Pediram a sua ajuda para compilar um sistema nas técnicas de espada, que se poderiam utilizar no campo de batalha. O segundo passo na criação deste estilo militar, era analisar a informação dos versados em grandes batalhas da história recente do Japão. A conclusão a que chegaram baseando-se nos feridos e falecidos da batalha de Satsuma em 1877, era que o corte mais comum e eficiente era o denominado Kesa giri, um corte realizado diagonalmente para baixo, causa principal de quase todas as lesões fatais. A conclusão acerca de tudo isto foi que a base técnica do novo estilo era o “kesa giri”. O resultado do trabalho da Kenjutsu Kenkyu Kai e o sensei Nakayama, foi um novo estilo que nascia em 1925 e que em princípio se denominou Gunto no Soho, que constava de cinco Kata em tachi-waza, ou seja, sequências de movimentos para a guerra moderna a partir de uma posição erguida, avançando para a frente, para a direita, para a esquerda e atrás, pensadas de maneira similar às do moderno Iai-do, criado pelo próprio Mestre Nakayama, adicionando-lhe o tameshigiri (prova de técnica de corte). Com este fim se utilizavam makiwaras, que eram rolos de palha de arroz que se afundavam em água para que estivessem sólidos e húmidos e com uma consistência semelhante à de um corpo humano. No entanto, estes kata só foram praticados na Academia e não pelo resto do exército. Em 1934, o exército Imperial Japonês mudou oficialmente a sua espada similar ao sabre ocidental, por outro de estilo Japonês tradicional denominado Espada Militar (Gunto modelo 94) criando com isto o primeiro estilo Japonês com espada militar similar à katana, o Gunto no Soho. Em Sowa 15 (1940), o Gunto no Soho foi redefinido; o motivo desta reforma foi a pouca utilidade durante a guerra na Manchúria, entre o Japão e a China. O Sensei Morinaga serviu em várias ocasiões cumprindo o seu dever como instrutor na Academia Militar de Toyama (Rikugun Toyama Gakko), com os graus de Tenente (Rikugun Chi), Capitão (Rikugun Taii), e Comandante (Rikugun Shsa). Posteriormente, a partir de 1939 até 1945, sendo Tenente Coronel (Rikugun Chusa) Morinaga Kiyoshi foi nomeado Director da Academia Toyama. Como tal, foi o responsável de ampliar os estudos do Iai, partindo dos cinco kata estabelecidos, até sete. Isto se conseguiu suprimindo a versão do ano 1925 da forma numero cinco, e adicionando uma nova forma cinco, junto a outras duas, a seis e a sete. Os precursores da dita mudança em 1940, foram Seiji Mochida e Goro Saimura;
comissionados como mestres de Kendo da academia, adoptaram oficialmente sete kata em tachi-waza. Estes foram incluídos em um capitulo suplementar do Kaiko-sha (uma organização social de oficiais do exército), intitulado “Manual de Novembro de 1940. Técnicas e Tameshigiri com Gunto (espada militar)”. Os manuais foram distribuídos a todos os oficiais do exército, fazendo assim que o Gunto no Soho, desenvolvido na Academia Militar Toyama, fosse conhecido pelo exército Imperial Japonês em seu conjunto. Em Janeiro de 1942, Hisakazu Tanaka, da Academia Militar Toyama criou um compêndio que foi publicado com a denominação “Manual de Treino Intensivo com Gunto matar com um só golpe” (Tanki sokusei kyoiku gunto kunren - ichigeki hissatsu). O objectivo principal este ensino intensivo era ensinar a maneira de utilizar os Gunto às pessoas sem conhecimento do "Kenjutsu". No combate real, se concentravam em três técnicas: 1 - Ryote shomen giri (corte vertical de frente a duas mãos). 2 - Ryote shitotsu (estocada com duas mãos). 3 - Hidari kesagiri (corte diagonal à esquerda). Em Março de 1944, o “Manual de Treino Intensivo com Gunto - matar com um só golpe - foi revisto e de novo editado como Gunto no Soho nº1 e o original Gunto no Soho como Gunto no Soho nº2°.A Academia Militar Toyama combinou ambos com algumas correcções e os publicou como Gunto no Soho e Tameshigiri da Associação Kokubo Budo. Foram três as fases da evolução e desenvolvimento do Gunto Jutsu: 1ª) Até o ano 4 da era Taisho (1916), definição e desenvolvimento das técnicas de Gunto Jutsu em geral. (Kenjutsu) 2ª) No ano 14 da era Taisho (1925), desenvolvimento do "Batto jutsu", desembainhar, embainhar e cortes com os Gunto, além de cinco katas (formas) fáceis de aprender. 3ª) Vai até o encerramento da escola militar Toyama. Se concentraram no "Tameshiguiri" (provas de corte), pontos a ter em consideração como a etiqueta e fixaram sete katas (formas), que foram a base do que hoje se conhece como Toyama ryu Iaido. Para evidenciar em pormenor da eficácia prática das técnicas de espada da escola Toyama, basta fazer referência a uma publicação americana chamada "The Jap soldier", publicada em 1943, na qual se explicava e aconselhava os oficiais do exército dos Estados Unidos, perante a possibilidade de um encontro com oficiais inimigos no campo de batalha. Ali se dizia: “Os oficiais japoneses ainda portam velhas espadas. Poderão vê-los conduzir as suas tropas agitando as suas espadas, como nas velhas fitas. “Disparem sobre eles tão rapidamente quanto possível, porque essas espadas podem abrir um homem do pescoço às ancas com apenas um limpo corte vertical". A este respeito, a menção acerca da perícia com
Em 1934, o Exército Imperial Japonês mudou oficialmente a sua espada similar ao sabre ocidental por outro de estilo japonês tradicional, denominado como espada militar ou “Gunto”
“TOYAMA-RYU Batto-Jutsu, é a esgrima do exército imperial japonês”
Reportagem a espada dos oficiais japoneses, provavelmente estava baseada em testemunhas directas nos campos de batalha, transmitindo esta informação aos responsáveis de criar novos manuais do treino. Também pode provir dos sucessos provocados pela "Nanpo Heidan Yamashita Kirikomitai" ou a Southern Yamashita Army Group Assault Force (Grupo Yamashita de Assalto do exército do Sul) que esteve destinada na Manchúria durante a passada guerra. Este grupo de elite entrou em combate armado apenas com espadas, contra a infantaria equipada com armas modernas, e apesar das a mínimas probabilidades, causou um severo dano físico e psicológico ao inimigo. Um dos instrutores deste grupo dizia que quando estavam aproximadamente a noventa pés das linhas inimigas e quando o fogo de armas ligeiras dirigido contra eles era mais impreciso, a vantagem pareceria
que de repente mudasse a seu favor. Quando o inimigo via os habilidosos espadachins japoneses caindo sobre eles, férreos em seu objectivo de alcançar as suas posições, apesar das poucas probabilidades de sucesso, se desmoralizavam, caindo em um caos e desordem, permitindo que o grupo de ataque fechasse a distância rapidamente, sem excessiva dificuldade. No combate de perto, a vantagem do espadachim treinado, pesava dramaticamente sobre aqueles que a eles se enfrentavam.
As características mais destacáveis do estilo Toyama Ryu foram e ainda hoje são: - Fácil aprendizagem, de maneira que qualquer pessoa sem prévios
conhecimentos prévios o pudesse dominar. - Técnicas eficazes e reais, só se praticavam e se praticam técnicas realistas. - Por ser um estilo para o combate "REAL" e para ser desenvolvido no campo de batalha, só se praticam técnicas desde posição em pé. Mas talvez a característica que mais destaca é o denominado "Ichi geki hisatsu" (matar com um golpe). As técnicas padeceram contínuas mudanças, posto que se foram modificando pelas nos pontos fracos pelas experiências em combate real. Também houve mudanças no nome do estilo; "Toyama-Ryu Batto-Jutsu", "Toyama ryu Iai-Do", "Batto-Do ".
Artes do Japão História da Zen Nihon Toyamaryu Iaido Renmei A Zen Nihon Toyamaryu Iaido Renmei está dedicada a actividades para promover extensamente as artes marciais e a cultura japonesa, em especial através da aprendizagem e o treino no estilo Toyama-Ryu Iai-Do não só no Japão como também no exterior. Junto com as actividades, a organização inclui intercâmbios internacionais com estudantes de artes marciais japonesas do ultramar, de países tais como os E.U.A., a China, Hong Kong, Taiwam, Espanha, Venezuela e Andorra. O Toyama-Ryu Iai-Do se baseia no Gunto Soho, um método de esgrima consolidado, melhorado, e oficialmente adaptado para a katana, pela Academia Militar Toyama do exército Imperial Japonês. Após a Segunda Guerra Mundial foi denominado Toyama-Ryu e estabelecido como uma escola de esgrima japonesa tradicional de Iai-Do, sendo até os nossos dias continuamente modificado e considerado como uma arte. Todo o processo de estabelecimento, consolidação e melhora do Gunto no Soho, demorou aproximadamente vinte anos, a partir do período Taisho até finalizar a Segunda Guerra Mundial, sendo vários os mestres de espada de diversas escolas, que se implicaram em sua
evolução nas diferentes etapas, o Toyama-Ryu não se atribui a um só fundador. O tratado de paz com o Japão (Tratado de Paz de São Francisco) foi assinado em 1951 e entrou em vigência em 1952. Foi então quando o Japão recuperou a sua independência e foi levantada a interdição da prática das artes marciais. Morinaga Kiyoshi, que foi director de esgrima com espada na Academia Militar Toyama, Yamaguchi Yuki, Nakamura Taizaburo e outros, começaram a denominar a esgrima baseada no Gunto no Soho como “Toyama-ryu” e iniciaram a sua extensão por todo o Japão. A actual Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei (ZNTIR) foi criada como “Toyama-Ryu Shinko-kai” e estabelecida por Tokutomi Tasaburo e Nakamura Taizaburo, os quais ensinavam o Gunto Soho no exército. Conforme passou o tempo a Toyama-Ryu Shinko-kai foi denomina como Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei e outra organização, a Zen Nihon Batto-Do Renmei (ZNBR) foi estabelecida com a finalidade de incluir outras escolas da arte do Batto-Do, sendo estas duas federações de Iai-Do como duas rodas de um mesmo carro. Em 2001, a Zen Nihon Batto-Do Renmei e a Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei se separaram. Enquanto que a Zen Nihon Batto-Do Renmei é uma organização que inclui várias escolas de Iai-Do, a Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei é uma organização independente, ainda que membro da federação anterior e com actividades independentes.
A Associação Toyama-Ryu Espanha (Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei - Spain Branch) Através da inquietude de Sensei Sérgio Hernández Beltrán, conhecido praticante e investigador de Karate e Kobudo de Okinawa, assim como praticante de Iaido desde 1983, começa a difusão do estilo na Espanha em 2007. A partir de um primeiro curso realizado em Madrid, sob a direcção técnica de Robert Steele Sensei, vindo dos Estados Motivado e convencido de que o estilo Toyama-Ryu BattoJutsu cumpria amplamente as necessidades próprias, Sérgio Hernández resolveu dá-lo a conhecer no seu meio, de maneira independente mas como complemento à prática do Seitei Iaido proveniente da Zen Nippon Kendo Renmei. Aproveitando as infra-estruturas e amizades de outras organizações de Karate e Kobudo, começam uma série de treinos para a expansão do estilo. Com alguns artigos publicados na imprensa especializada, em Julho de 2008 surge a Associação Toyama-Ryu Espanha, com número de Registo 14251 do “Consell Catalá del Esport” e um ano depois, em Maio de 2009, é convidado o Sensei Bob Elder, de Orlando, Florida (USA), este por sua vez Mestre do primeiro expoente no nosso país, Robert Steele. Este passo é indispensável para estabelecer as relações com o Mestre Mitsuo Hataya, que é o Presidente da Zen
Reportagem
“A maior parte dos programas de educação física e preparação para a guerra dos oficiais de Infantaria do exército Imperial Japonês (IJA) foram criados na secção de treino físico da Academia Militar Toyama”
Artes do Japão Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei. A confirmação e aceitação que se acontecerá no seguinte ano, com a vinda à Espanha do Mestre Hataya, no mês de Maio de 2010. Nos dois anos seguintes, a actividade se duplicou substancialmente, sendo o ano 2011 o da aceitação oficial como organização responsável na Espanha da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei (ZNTIR), a Associação Toyama-Ryu Espanha (ATE) através do Ryubukan Dojo, que dirige Sérgio Her nández Sensei, sendo este nomeado “Spain Branch-Director (Director da Filial na Espanha da ZNTIR). Nesse mesmo ano de novo se convida Bob Elder Sensei no mês de Fevereiro, desta vez para ir ao Principado de Andorra. Quando finalizava o evento, Elder Sensei concedia a Sérgio Hernández o grau de Shodan do ramo americano de Toyama-Ryu, sendo assim o primeiro graduado do estilo na Espanha. Uma equipa de três membros, que contava com a presença de Cristobal Gea Sensei e secretário de ATE, se deslocou até a costa Leste dos Estados Unidos, a fim de participar por vez primeira no Orlando Taikai 2011, obtendo um primeiro classificado em Batto Kata na pessoa de Sérgio Hernández Sensei, facto que situava a organização da Espanha dentro do contexto mundial. Um mês depois, em Julho de 2011, Hataya Mitsuo Sensei Presidente ZNTIR e Masaharu Mukai Sensei, Vice-presidente ZNTIR, visitam de novo Espanha. No mês de Fevereiro de 2012, após uma intensa semana de treino pessoal no Honbu Dojo da ZNTIR, em Machida, Tóquio, o responsável até o momento da difusão do estilo na Espanha e no Principado de Andorra, Sérgio Hernández Sensei, mediante exigente exame, recebe a categoria de Shodan (1ºDan) dado pela Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei, passando a ser de novo, o primeiro espanhol Yudansha no estilo ToyamaRyu no seio de ZNTIR. Nesse mesmo ano de 2012 e por segunda vez, se convidam os Mestres Mitsuo Hataya e Masaharu Mukai, tendo sido realizado um extraordinário seminário no Principado de Andorra. Dois são os últimos acontecimentos que proclamam a maioria de idade da Associação Toyama-Ryu Espanha e fazem dela uma referência inter nacional. Um destes
acontecimentos é a viagem à Venezuela do seu Presidente e Director Técnico Sérgio Hernández Sensei e seu Secretário Cristobal Gea Sensei, convidados por Pasqualino Sbraccia Sensei - que esta difundindo o estilo naquele país - para dirigir alguns seminários, incluindo com isto sob a direcção da ZNTIR, a tutelagem desse incipiente grupo da Venezuela. E o segundo acontecimento teve lugar no mês de Outubro de 2012, quando se publica o livro “ToyamaRyu Batto-Jutsu o estilo de espada do Exército Imperial Japonês”, cujo prólogo foi escrito pelo Mestre Hataya. O autor deste livro não podia ser outro que Sérgio Hernández. Os objectivos da Associação Toyama-Ryu Espanha são o estudo e difusão do Iaido/Iai-Jutsu (Battodo/Battojutsu) em geral e de maneira especial a difusão da linha desenvolvida no seio da Zen Nihon Toyama ryu Iaido Renmei, que preside o Sensei Hataya Mitsuo e é baseada no estilo Toyama-Ryu, incidindo nos conceitos diferenciadores transmitidos tradicionalmente desde as suas origens e cuidando manter a sua pureza e autenticidade. Para conseguir estes objectivos, a Associação atende a formação e promoção de seus docentes em especial, e de todos os seus afiliados em geral, com a organização dos eventos contemplados em seu Calendário Anual de Actividades, assim como qualquer outro evento o serviço complementar que seja em benefício de seus afiliados. Todos os membros têm o direito e obrigação a estar afiliados e registados na Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei, com os benefícios, vantagens e deveres que isso constitui. A Associação credencia com a seus organizativa certidão “Responsáveis de Dojo” e o reconhecimento dos Dojos que estes dirigem como Dojo-cho, através da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei.
Masaharu Mukai • 7º Dan Kyoshi - Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei • 7º Dan Kyoshi - Zen Nihon Batto Do Renmei • 4º Dan - Zen Nihon Kodachi Goshindo Renmei • 2º Dan - Kendo Masaharu Mukai Sensei nasceu a 1 de Janeiro de 1949, na Prefeitura de
Okayama (Oeste do Japão, um dos lugares mais famosos da origem da espada japonesa.) Após se graduar no colégio, foi polícia na Prefeitura de Kanagawa, especializando-se na Regulação do Trânsito, Problemas derivados do Trânsito e consultor dos Oficiais da Polícia. Após 36 anos no cumprimento do dever, se aposentou em 2009 como Superintendente da Polícia. Depois, trabalhou dois anos como Consultor, na cidade de Sagamihara. Está casado com Yoshiko e tem dois filhos e quatro netos (dois meninos e duas meninas). O Mestre Mukai praticou Kendo durante muitos anos na Escola da Polícia, chegando a 2ªDan. Um dia conheceu Yoshitoki (Mitsuo) Hataya Sensei, actual Presidente da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei, unindo-se ao seu dojo em Machida e ao seu grupo Seizankai em 1985. Para ele foi uma revelação, pois e n c o n t ro u o q u e f a z i a t e m p o p ro c u r a v a e q u e e r a a p r á t i c a realista com uma espada japonesa e graças a Hataya Sensei a encontrou. A ZNTIR conhece a existência do interesse por parte de muitas pessoas no mundo, pela a prática do corte realista com um Nihon-to (espada japonesa), especialmente entre os praticantes de Kendo e Iaido. Pessoalmente, Mukai Sensei esta muito interessado na difusão do Toyama-Ryu e do seu espírito, entre aquelas pessoas que desejarem aprender uma utilização veraz da espada japonesa. Tanto é assim que foi nomeado por Hataya Sensei como máximo responsável na Europa para a difusão do estilo. O seu objectivo principal é encontrar instrutores que liderem a difusão e a expansão do estilo em suas regiões e países, de forma tal que os possa instruir e apoiar para darem a conhecer correctamente o Toyama-Ryu e o Batto-Do a nível mundial. Com o apoio da Associação Toyama-Ryu Espanha, confia em poder utilizar a sua estrutura e quem a constitui, como base de difusão do Toyama-Ryu na Europa. O Mestre Mukai também praticou Takeda Ryu Yabusame desde 1995 até 2000. Actualmente é Vice-presidente e Director Geral da Zen Nihon Toyama Ryu Iaido Renmei, assim como seu Director Técnico.
Web da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei www.toyamaryuiaido.jpl Blog da Associação Toyama-Ryu Espanha http://zntirate.wordpress.com/
Artes do Japão
PARTICIPANTES NO DVD TOYAMA-RYU BATTO-JUTSU Masaharu Mukai Vice-presidente e Director General da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei Sérgio Hernández Beltrán Presidente Associação Toyama-Ryu Espanha Spain Branch Director Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei Responsável do RYUBUKAN DOJO C/ Barri, 7 LA PARROQUIA D'HORT, 25714 (LERIDA) ryubukan@hotmail.com Cristóbal Gea Gea Secretario Associação Toyama-Ryu Espanha Responsável do YOSHIKAN DOJO C/ San Salvador 9, bajo. RIPOLLET, 08291. (BARCELONA) yoshikandojo@yahoo.es
Victor Herrero Perez Relações Internacionais Associação Toyama-Ryu Espanha Responsável do KEN-ZEN DOJO C/ Berenguer, 3 . SANTA MARGARIDA I ELS MONJOS (BARCELONA) dojokenzen@gmail.com
José Miranda Mateo Director Adjunto Associação Toyama-Ryu Espanha TADAIMA DOJO Morada: Juli Garreta, 18 17600 FIGUERES (GERONA) josemiranda.tadaima@gmail.com
Grandes Mestres
esde tempos remotos, o homem sempre tem necessitado armas para sobreviver. Para caçar ou defender-se dos inimigos construíram ferramentas rudimentares, úteis para a curta ou a longa distância e outros com a função de ser lançados, para alcançar o objectivo na distância. Madeiras, pedras, ossos, tendões e fibras vegetais foram alguns dos materiais de construção para afiar suas armas, até chegar à famosa pólvora. Após milhares de anos de evolução das armas primitivas e séculos de refinamento na evolução de lanças, flechas, arcos, alabardas, espadas, facas, etc. se chega a uma revolução técnica e estratégica com a pólvora. É precisamente por este invento que o antigo Guerreiro se junta com o nosso soldado, mas o espírito do artista marcial não muda. Passado e presente se unem em um único método de treino de mente e corpo. As Artes marciais nos ensinam isto, estão divididas entre si em centenas de estilos, com diferentes técnicas, mas a vida interior, os estímulos, sensações e emoções que se desenvolvem e passam pelo indivíduo, são similares. O ponto a alcançar é o mesmo, conquistar um domínio da esfera emocional, ultrapassas os limites de partida, desenvolver habilidades e aperfeiçoar a técnica, conseguir uma concentração perfeita, que dará forma à nossa energia e refinará o nosso espírito. Muitas destas armas não ficaram enterradas no passado, atravessam continentes e encontraram novos motivos para a sua existência. Outras invenções mais recentes encontraram seu lugar numa nova dimensão da vida; juntando o antigo com o moder no, eliminando fronteiras e deixando que corpo e mente se expandam até dissolver as diferenças entre o ser humano e o seu meio, para chegar a saber o que é que mantém unido o universo.
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Uma arte que em várias ocasiões entrou na minha vida Com cinco anos, eu dizia que quando crescesse queria ser piloto de carros de fórmula um. Passava horas brincando com as bandejas redondas de cartão, aquelas se usavam para os bolos, que para mim eram perfeitas… Podia imaginar um volante e um velocímetro que frequentemente “marcava os “cem á hora”. Na infância formamos grupos de amigos construindo armas rudimentares, como lançar paus, arremessar pedras ou outros projecteis e arcos que empregávamos nos confrontos com outros grupos do bairro… Frequentemente a brincadeira se tornava em coisa mais séria... Com nove anos comecei a prática das artes marciais, estabelecendo-se elas na minha vida para sempre. Ao longo desta viagem conheci inclusivamente as armas de fogo, uma pequena paixão que tenho praticado em polígonos, chegando a conhecer qualquer arma de fogo. A minha profissão me permitiu praticar vários géneros de defesa pessoal, entrar em contacto com organismos especializados em segurança e portanto adquirir experiência em tácticas de combate. Juntando a minha experiência com a minha paixão, criei um programa de adestramento adequado para todos, que mediante o conceito de autodefesa pessoal, inclui as armas de fogo. Praticando o combate com arma branca e à mão nua, pilotar um carro com segurança e técnicas desportivas, os profissionais como são: as forças de ordem, guarda-costas, detectives e membros da segurança, com este programa de formação adquirem um adestramento completo de capacitação e especialização. Mas também os seguidores, o sector privado, poderá treinar e viver a experiência destas práticas, mediante diversos cursos que incluem diferentes
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níveis e portanto, penetrar no campo infinito da prática marcial e desportiva.
F.A.D. Full Action Defense Um ginásio, um estádio, uma pista se tornam os nossos centros de treino Os nossos programas estão divididos em diferentes níveis, abertos a todos. O ciclo compreende três graus, no primeiro grau estão previstas: a pistola, o arco, a dinâmica e posição do corpo. Para a pistola e o arco se fala em tiro fixo ou tiro dirigido clássico - uma espécie de tiro que permite conhecer as armas e todos os aspectos da segurança e a prevenção contra os erros que podem chegar a ser muito perigosos para o praticante.
Seguidamente se passa às posições das técnicas corporais e de tiro para desenvolver os fundamentos destas duas armas. Equilíbrio, coordenação motriz, posição corporal e concentração, são o mais importante deste primeiro nível. Posteriormente se passa a um segundo grau, desenvolvendo a dinâmica do corpo com técnicas de faca em solitário e com parceiro, tratando-se também o aspecto da defesa pela própria arma e não só a comparação entre elas. A pistola ampliará o programa, passando por um tiro dinâmico e instintivo. Inclusivamente para o arco se desenvolve o aspecto dinâmico e as diferentes posições do arqueiro. No caso do arco ainda se continua mantendo o tiro fixo, para desenvolver a interiorização da melhor posição técnica, um pouco como no Kyudo japonês. Chegamos por graus a passar ao terceiro nível, onde estas três armas e a defesa pessoal à mão nua serão completas com a especialização em estratégia, técnicas e em circuitos de treino operativo e tácticas para o combate real. A grande novidade do terceiro grau é a inclusão do automóvel de corrida, onde se efectuará a formação em uma condução segura e desportiva, para garantir a segurança e as técnicas de condução adequadas, para quem se enfrenta a um trabalho como condutores de escolta, guarda-costas, condutores de particulares, mas não só para profissionais, também para que as pessoas em geral, possam ter acesso a esta área tão importante na vida quotidiana daqueles que utilizam um simples automóvel. Tudo isto faz com que o treino psico-físico seja completo. Não devemos esquecer que conduzir um automóvel com determinadas técnicas, significa dizer treino e portanto, pôr em marcha impulsos nervosos, estimular reflexos sensoriais, controlar as inquietudes, dominar a adrenalina e obter um maior conhecimento de si mesmos. Após estes três níveis, acessíveis a qualquer pessoa, se passa para os programas específicos e individuais, com circuitos adaptados às necessidades e às aptidões da pessoa em questão. Uma mistura de técnicas de artes e de desportos que pode oferecer diversão, introspecção na formação, que têm como finalidade da nossa segurança e que nos pode entusiasmar e divertir, como acontecia nas nossas brincadeiras da infância. Criei a F. A. D. para procurar novos estímulos, pondo à disposição de outros toda a minha experiência e pedindo a colaboração de amigos profissionais como: Nicola Tesini, Campeão e Director técnico da escola de Drift Fun Day e o Inspector Chefe da Polícia e especialista em armas de fogo curtas, Giuseppe Amatruda, que me prestam seu apoio nos cursos de nível superior, para melhor enfrentar os sectores de especialização no autódromo e no ginásio. Tudo quanto se utiliza como equipamento, armas, automóveis e diversos lugares, é posto à disposição da nossa escola e em proporção ao nível do estudante, levando-o a crescer gradual e serenamente, introduzindo-o numa dimensão do género “Rambo”. Grand Master Paolo Cangelosi Para mais informação acerca dos cursos, favor contactar em FAD: www.sifupaolocangelosi.com email: cangelosipaolo@libero.it Telefone: +39 010 8391575 Telemóvel (Internacional) +39 347 4645070
Joki Uema 10ºDan, até seu falecimento em 2011, com 91 anos de idade, foi o principal discípulo de Choshin Chibana, fundador do Kobayashi Shorin Ryu. Salvador Herraiz conheceu Joki Uema pouco tempo antes dele falecer, em seu dojo Shubukan de Shuri. Hoje nos fala deste amável personagem, em outra das suas magníficas reportagens acerca das origens e personalidades determinantes do Karate de Okinawa. Um novo artigo que sem dúvida fará as delícias dos amantes da antropologia de uma Arte Marcial que conquistou o mundo. Texto fotos: Salvador Herráiz, 7º Dan de Karate, Shuri (Okinawa)
JOKI UEMA O Karate de Choshin Chibana no Shubukan É um dia lindo em Naha, como na maioria das manhãs aqui, na ilha do Karate. Após sair do Bunbukan dojo de Masahiro Nakamoto, dou um passeio por onde Choshin Chibana teve a sua casa e o seu jardim, onde praticou e ensinou o seu Karate. Vou a caminho da casa e dojo de Joki Uema, o Shubukan, que se encontra também no coração de Shuri, na zona onde o monorail tem a sua última estação e onde, com um pouco de imaginação, se pode respirar e imaginar… o Karate dos antepassados. Quando tenho em frente de mim Joki Uema, um arrepio percorre p meu corpo. É o mais veterano discípulo (vivo nessa altura) do legendário Choshin Chibana. O Mestre logo me convida a entrar em sua casa, uma casa pequena, como na maioria são aqui, e cheia de móveis, adornos e ventiladores (muito de agradecer no grande calor do Verão okinawense). Junto do salão há uma espécie de jardim, originalmente talvez exterior, mas agora coberto, cheio de verdes plantas. Proporciona ao quarto um frescor, que não sei se é real ou psicológico. Em qualquer caso muito agradável. 1. Joki Uema descendo as escadas do seu dojo, em 2010. 2. Yasuhiro Uema, filho e sucessor de Joki, no dojo, em 2012. 3. Joki Uema junto de Seitoku Ishikawa. 4. Um dos muitos prémios recebidos pelo Mestre. 5. Choshin Chibana. 6. Joki Uema e Salvador Herraiz, em 2010.
Túmulo de Chibana Choshin em Hantagawa, junto ao de Tawada Meigantu, seu parente e também destacado artista marcial. Shinsuke, filho de Tawata Meigantu, estava casado con Kamado, irmã de Chibana. Por certo e por outra parte, a mulher de Shinjo, filho de Tawata Meigantu e a mulher de Itosu eram irmãs.
Joki Uema, 10ºDan Okinawan Shorin Ryu Karate do Association, nasceu a 3 de Junho de 1920, em Shuri. Aprendeu Karate com mestres como seu pai Kama Uema (1855-1926), com Chotoku Kyan (1870-1945), Choshin Chibana (1885-1969), Shinpan Gusumuka (1890-1954), Taro Shimabukuro (1906-1980) e com o chinês Won Fuen (1864-1954). Exceptuando o último deles mencionado, o resto eram alunos importantes de Anko Itosu (1831-1915) quem por sua vez era aluno de Sokon Matsumura (1809-1899). Esta linha técnica de Karate, então ainda denominada To De (ou inclusivamente Okinawa Te), se complementou com as ensinanças que de Kobudo teve Joki Uema de mestres como Choen Oshiro (1888-1939), Chuei Uezato (1899-1945) que lhe ensinou o manejo do bo, e seu próprio pai Kama Uema, todos eles discípulos também de Itosu nesta arte e que através de Sokon Matsumura vinha, neste caso, do primeiro mestre okinawense da história, Kanga Sakugawa (1762-1843). Mas sem dúvida é Choshin Chibana o ancestral marcial principal de Joki Uema, o mestre cujo espírito e técnica se salvaguardam neste dojo. Chibana Choshin (1885-1969) nasceu na vila de Torihori, em Shuri. Foi o segundo filho de Chohaku e Nabi e descendente do Rei Sho Shitsu (1652-1701). Choshin Chibana foi um dos mais importantes alunos de Itosu. Como curiosidade devo referir-me a que existe a crença de que Chibana tinha especialmente treinado o dedo gordo do seu pé direito, que tinha transformado em uma arma devastadora. Parece ter sido certo!
1. O simpático e afectuoso Mestre Joki Uema despedindo-se. 2. Salvador Herraiz e o Mestre Yasuhiro Uema, junto de Victoria Ambite e José L. Pastor, alunos do autor. 3. Joki mostra uma posição característica do Shorin Ryu. 4. O Shubukan dojo, de Shuri. 5. Joki Uema, venerado Mestre.
Em 1920 Chibana iria criar o chamado Kobayashi Shorin Ryu. Shorin Ryu faz referência ao templo chinês de Shaolim e em idioma okinawense vem a significar “pequeno bosque”. Em 1929 Chibana abriu o seu dojo em Gibo (Shuri), especificamente no Nakijin Goten de Teishi Yoshitsuga (Nakijin Gima), no que era o jardim do Barão Nakijin (foto da esquerda). Actualmente o lugar está completamente destruído e perdido. Por uma vida inteira dedicada a desenvolver o Karate foi-lhe concedida a Ordem de 4ªClasse do Imperador. Ainda que em menor medida também fora alunos de Chibana Masahiro Nakamoto, Katsumi Murakami e Fumio Nagaishi, mas os principais alunos foram Chozo Nakama (Shubokan), Yuchoku Higa (Kyudokan), Katsuya Miyahira (criador do Shidokan) e que o foi também de Anbun Tokuda e Choki Motobu, Shoshin Nagamine fundador do Matsubayashi e também discípulo de Choki Motobu, Ankichi Arakaki e Chotoku Kyan), Shuguro Nakazato (Shorinkan) e o nosso protagonista de hoje, Joki Uema, do dojo Shubukan. Senti-me lindamente com Joki sensei ao meu lado. “¿Conheces o meu dojo?” - me pergunta rápido. Na verdade, eu já lá estive, mas digo que não (uma mentira pequenina a me perdoarem) por ver que o mestre o quer mostrar. Chegase a ele por uma escada no exterior. Uema sensei já é muito idoso, 90 anos
“Sem dúvida Choshin Chibana o ancestral marcial principal de Joki Uema, o Mestre cujo espírito e técnica se salvaguardam neste dojo” de idade (de facto, iria falecer só alguns meses depois) mas me trata com um carinho e uma alegria que me chegam ao coração. Que ele mesmo me leve ao seu tatame, será uma boa oportunidade para aprofundar nos cantos do lugar e o que de recordações ele encerra com o melhor guia possível. Uema Joki, apesar da sua avançada idade, não se conforma fazendo uma saudação em pé quando entra no tatame, ele se ajoelha como pode e se inclina por completo numa reverência profunda. Tenho visto esse respeito profundo e cheio de conteúdo em outros mestres já com certas limitações físicas, Sogen Sakiyama, Seiko Itokazu,… mas não por isso deixo de admirar-me.
O dojo Shubukan foi oficialmente aberto em 1974, momento em que Yasuhiro Uema, na época 6ºDan, o regista devidamente na Okinawan Shorin Ryu Kyokai. O dojo vinha funcionando até então sem afiliação nenhuma, livre como o espírito do autêntico Karate do, longe de políticas, enquadramentos, pressões e etiquetas. Enquanto os meus olhos passam pelas fotografias e lembranças que Uema guarda em seu dojo e que pacientemente me vai mostrando, o mestre me observa encantado e gostando de que eu reconheça as pessoas nas fotografias. Situado em principio no bairro de Haebaru, em Onna, o Shubukan foi anos mais tarde mudado até o seu lugar actual, no coração de Shuri, em Torihor. Logicamente, o dojo Shubukan de Uema está presidido uma grande fotografia de Chibana Choshin. Não podia ser de outra maneira. Como os leitores sabem perfeitamente, o Shorin Ryu utiliza um tipo de respiração normal (nogare) e uns movimentos ágeis e naturais. O aspecto desportivo do Karate não é em absoluto contemplado, posto que se entende este como um Budo enfocado a nós próprios e à evolução do espírito. Como parte do dito Budo, o Karate deve ter na sua prática esse mesmo objectivo único. Kata, kihon dosa, makiwara e sagi makiwara (saco de areia) são as práticas
que se realizam no Karate do Shubukan, ao que no passado se adicionou de maneira encoberta, uns vislumbres de Ju Kumite, às escondidas do mestre. Já neste lugar, quando Uema sensei resolve mudar o dojo no edifício que ocupa, desde o 2º andar até o superior, a prática do Karate não se detém durante as necessárias obras, sendo praticado ao ar livre. Em Okinawa logicamente ninguém se assusta de ver o Karate na rua, mas alguns curiosos se somam à sua prática, numas condições duras devido ao calor do Verão, ao frio no Inverno, o chão duro…, aspectos estes que segundo Uema sensei influem na prática do Karate e até na sua técnica. A paciência de Joki sensei com este espanholito perdidamente apaixonado por Okinawa é enorme e quando devo partir, ele me acompanha não só até à porta…, ele vem comigo rua adiante, como querendo que eu fique. Sinto-me comovido… e continuo com ele durante mais alguns minutos mais, que me sabem bem… Volto a entrar na sua casa e ele me mostra posições características do Shorin Ryu. O seu kime é fantástico para a sua idade e o seu olhar concentrado, penetrante e até demolidor, numa cara quase angelical. Desculpem por este desabafo sentimental! Penso que Uema está desejoso de ter companhia e de poder falar de um assunto como o Karate, que é toda a sua vida. Por isso não me sinto culpável de lhe pedir explicações para alguns elementos das fotografias e das recordações que enchem a sua sala.
Quando me vou afastando sinto ter conhecido muito de perto a um dos mais entranhável mestres legendários… em natural extinção. Penso, e infelizmente acerto, que será também a última vez que o veja. Joki Uema faleceu em Julho de 2011. Um desgosto para mim, posto que apesar de o não conhecer profundamente, me tinha chegado ao mais profundo da minha alma karateka. Após a sua morte, voltei a visitar o dojo de Joki Uema algum tempo depois. Desta vez é e filho Yasuhiro que me acompanha ao tatame e com quem recordamos seu pai. Oferece-lhe algumas das fotografias que fiz a Joki sensei e que acompanham este artigo. Yasuhiro Uema, nascido o 15 de Agosto de 1945, em plena finalização da II Guerra Mundial, que em Okinawa fez tantos estragos, está aposentado depois de mais de 40 anos de
trabalho, de maneira que agora o Karate já ocupa todos os seus pensamentos, o seu tempo e os seus esforços. Yasuhiro sensei é o Kancho de Shorin Ryu Karatedo Kyokai Shubukan Uema dojo. O futuro do dojo parece estar assegurado também com o filho de Yasuhiro, Takeshi Uema, nascido em 1975 e na actualidade 6ºDan. Para mim foi um tempo francamente agradável, aquele passado no Shubukan dojo da família Uema. Por isto quis pelo menos traçar um pequeno retrato deste importante karateka já desaparecido, que foi, é e será… o Mestre Joki Uema. 1. Joki Uema em jovem, com um grupo de alunos. 2. O idoso Mestre faz a saudação quando entra no tatame do seu dojo. 3. Taro Shimabukuro. 4. Outro dos numerosos títulos e condecorações recebidos pelo Mestre ao longo da sua vida.
Grandes Mestres
Artes Chinesas “Mizong quer dizer 'nunca perder a própria estratégia e posição' ou 'Boxe do rasto perdido', por dar destaque a enganar e a distrair o oponente”
a história do Templo Shaolim se registaram 708 formas, das quais só algumas chegaram até os nossos dias. Inclusivamente, alguns estilos que se julgavam perdidos se recuperaram. Estes são alguns dos estilos que marcaram a história do Templo Shaolim e que actualmente continuam sendo praticados como Taizu Chang Quan, Da Hong Quan, Xiao Hong Quan, Da tong bei Quan, Liu He Quan, Luohan Quan, Pao Quan (Punho de Canhão) e Mizong Quan entre tantos outros. Hoje vamos tratar do Estilo Mizong Quan. O Mizong Quan é um dos estilos de Shaolim mais antigos e mais efectivos e foi dado a conhecer no mundo inteiro pelo famoso Mestre Huo Yuan Jia, que foi um dos fundadores da Associação Chin Woo e para muitos cidadãos chineses um herói nacional que lutou a favor do povo chinês. Huo Yuan Jia possuía um grande domínio do estilo Mizong Quan e por isso muita gente pensa que o estilo de Mizong Quan é próprio da família de Huo Yuan Jia. Inclusivamente seus discípulos se referiam ao estilo de Mizong Quan como o Kung fu da Família Huo. O estilo de Mizong Quan se estendeu por toda a China, mas o seu lar sempre foi o Templo Shaolim, por isso podemos dizer que o Mizong Quan provém do nosso Templo. A família de Huo Yuan Jia desenvolveu o estilo e o fez famoso geração após geração. Diz-se que o avô de Huo Yuan Jia visitou o Templo Shaolim e estudou durante anos o estilo, o qual transmitiu ao pai de Huo, mas não foi conhecido como tal até que o famoso Huo Yuan Jia o desenvolveu e melhorou, tornando-se um de seus maiores expoentes. Segundo rezam os registos históricos do Templo Shaolim, o estilo de Mizong Quan foi criado por um monge e ensinado durante longo tempo no próprio Templo Shaolim. Mizong significa “Não se deve perder a tua própria estratégia e posição” ou “Boxe do rasto perdido”, por dar ênfase ao engano e à distracção do oponente. Alguns dos mais famosos especialistas no estilo de Mizong Quan durante a dinastia Song (9601279) foram Zhou Dong, Lin Chong e Lu Jun Yi. Durante o período da Dinastia Qing nos anos do Imperador Qian Long (1735 - 1796), o estilo de Mizong Quan se difundiu até chegar à província de Hebei. Naquele momento, um homem de nome Sun Tong, proveniente da província de Shandong, que tinha treinado arduamente durante muitos anos no Templo Shaolim, conseguira alcançar um alto nível de perfeição no estilo de Mizong Quan. Conforme conta a história, Sun Tong tinha cometido um delito, pelo que fugiu da cidade, dirigindo-se para o Nordeste. No caminho passou pela fronteira do distrito Qing e do distrito de Jing Hai, e ensinou o Mizong Quan nas aldeias de Da Tun e Xiao Nan He. Por isso, em ambas zonas se desenvolveram dois grupos de Mizong Quan, que mantiveram a tradição ao longo de gerações. Uma das características essenciais do Mizong Quan são os movimentos rápidos e mudanças de direcção, para confundir o oponente, levá-lo a acreditar que se atacará pela direita e bater pela esquerda. Por isso podemos dizer que é um estilo que utiliza os passos falsos para contra-atacar o oponente e assim ter vantagem no combate. Durante a prática se exige que se seja fluido, natural e harmonioso, combinando força e flexibilidade. Quando já dominadas as técnicas de Mizong Quan, poderão utilizar-se em qualquer caso e aplicar o movimento ou técnica como cada um desejar. Isto quer dizer que as mudanças na técnica poderão ser ilimitadas nas diferentes situações do combate.
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Texto: Shi De Yang Tradução da língua Chinesa: : Yan Lin & Bruno Tombolato
r nesto Amador Presas nasceu em Hinigaran, Filipinas, a 20 de Maio de 1945. Começou o seu treino em Artes Marciais filipinas com 8 anos de idade, sob a tutela de seu pai José Presas. O Grão Mestre Ernesto Presas foi um atleta de talento em muitas disciplinas. Era um atleta universitário que praticava atletismo, futebol e basquetball. O seu treino nas Artes Marciais é ecléctico. Tinha o grau de Lakan Sampu (10 º Dan) em Arnis, Lakan Sampu (10 º Dan) em ManoMano e décimo Dan em armamento Filipino. Foi reconhecido como um experimentado em Judo, Jujitsu, Bo Jitsu, Kendo, Tonfa, Sai, Chaku, Balisong e Karate. Em jovem, o seu sonho era voltar a introduzir essa Arte que era uma parte tão importante da história e da cultura das Filipinas. No entanto, percebeu que os sistemas clássicos despertavam um interesse muito limitado nas pessoas do mundo moder no. Analizando o marco conceitual dos sistemas clássicos, revolucionou as artes marciais nativas em um completo sistema de combate efectivo, o que despertou um maior interesse nos estudantes de artes marciais da sociedade contemporânea. Um ponto de inflexão para o Grão Mestre Presas aconteceria em 1970, quando começou a ensinar as artes marciais filipinas na Universidade das
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Filipinas, a Universidade de Santo Tomé e o Liceu das Filipinas. Nesse mesmo ano, foi convidado para ir ao Japão para mostrar a arte de Arnis na "Expo 70" e lhe pediram que comparasse o Arnis com os estilos de espada conhecidos no Japão. Com isto, rapidamente ele obteve o respeito dos mestres japoneses, os quais denominaram Kendo Filipino à sua arte. Quando regressou a Manila, fundou o seu primeiro dojo. Depois, nesse mesmo ano, o Grão Mestre Presas fundou a Associação de Arnis Moderno das Filipinas Inter nacional e a Associação Internacional ARJUKEN (Arnis-Jujutsu-Kendo) Karate para divulgar a arte nativa das Filipinas. O seu âmbito de ensino se estendeu e começou a dar aulas na Universidade de Santo Tomas, Universidade Central das Filipinas, a Academia Militar do Leste, Academia da Polícia Nacional das Filipinas e a Escola Oficial da Força Aérea das Filipinas. O Grão Mestre Presas desejava introduzir as artes marciais filipinas no mundo exterior. Em 1975, fundou a Federação Inter nacional de Artes Marciais das Filipinas. A partir desse momento, o seu estilo Arnis Presas e as suas técnicas foram amplamente adoptadas na Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Suiça, Canadá, Estados Unidos, México, Porto Rico, Nova Zelanda, Arabia Saudita, África do Sul e Austrália. Tem publicado numerosos trabalhos. Seus livros, “A Arte do Ar nis”,
publicado em 1981 e “Arnis: Estilo, Presas e Balisong”, em 1985, mostram as técnicas básicas do pau simples e duplo, espada e adaga e a faca balisong; também é co-autor com GM Juerg Ziegler do livro “Pontapés e Estiramentos para Crianças. O Grão Mestre de Presas pesquisou diligentemente as Artes Marciais Filipinas durante mais de trinta anos, para desnvolver um sistema para a aplicação do estilo Arnis em um
estilo completo do combate corpo a corpo denominado ManoMano. Na edição de Junho de 1991 da revista In side Kung-Fu, aparecia no artículo em manchete: "Ernesto Presas: O Pai do Mano-Mano". No mesmo ano (1991) ele convidado a assistir a “uma Gala" junto com todos os artistas marciais respeitados de todo o mundo. ManoMano, introduzindo técnicas de mão únicas, foi um gran êxito. O Grão Mestre de Presas viajou por todo o mundo dirigindo seminários para divulgar esta arte filipina. Por sua vez, numerosos estudantes de artes marciais e instrutores de todo o mundo o homenageiam assistiendo às suas aulas avançadas nas Filipinas. A 6 de Setembro de 1996, ele recebia a nomeação e prémio de "Grão Mestre", em Jacksonville, Florida. Em 8 de JUlho de 1996, começou uma grande e fructífera relação entre o GGM Ernesto A. Presas e o GM Juerg Ziegler, da Suiça (www.kuungfu.ch). Esta relação chegou a tor naria o resentante na Suiça do GGM Ernesto A. Presas. Por sua vez, também o GM Juerg se tornou pioneiro do Kombatan / Arnis moderno para muitos países em todo o mundo e difundiu a arte de GGM Ernesto A. Presas.
Em 2001, GM Juerg foi promovido a Mestre Instrutor pelo seu mentor, Mestre, compadre e amigo de verdade, GGM Ernesto A. Presas, que lhe deu todos os direitos para promover e difundir ainda mais o Arnis Kombatan / Moderno sem restrição alguma. O Grão Mestre Juerg Ziegler é o responsável do lançamento do Kombatan na Suiça, Finlândia, Letónia (Países do Leste da Europa), Portugal. Além de na Camboja, Singapure, Malasia, etc. Toda a sua família pratica Kombatan. No dia 21 de Janeiro de 2008, o Grão Mestre Juerg Ziegler recebeu do Grão Mestre Ernesto A. Presas, o grau de 9ºDan em Kombatan. É o presidente da “Comunidade Mundial de Kombatan” nomeado e autorizado pelo Grão Mestre Ernesto A. Presas. Infelizmente o GGM Er nesto A. Presas vinha a falecer a 16 de NOvembro de 2010, deixando um
grande legado que os seus estudantes de todo o mundo devem continuar, especialmente os membros da “Comunidade Mundial de Kombatan” (www.kombatan.eu) O Kombatan combina vários estilos Filipinos fusionados numa mesma Arte: • Palis • Hirada Batangueno • Sungkiti Tutsada • Abaniko Largo / Corto • Doblada / Doblete • Banda e Banda • Sinawali • Espada E Adaga • Adaga sa Adaga • Dulo Dulo • Duas Puntas • Tres Puntas • Sibat / Bangkaw • Mano-Mano • Sipaan • Dumog
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Artes Filipinas
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AS ARTES MARCIAIS E O CAMINHO INTERIOR
N
ão é de se admirar que muitos estudiosos buscam hoje em artes vizinhas o acréscimo para o que acreditam ser deficientes. Podemos ver claramente isso em inúmeros praticantes que se formam em quatro ou cinco artes marciais diferentes. Já não perduram mais os tempos em que a fidelidade ao caminho simbolizava a honra interna do praticante. Os tempos são outros e neste novo tempo, pode-se tudo! Estabelece-se a linha da busca do espírito e da necessidade do desejo. Busca-se saciar todos os anseios e frustrações. Através de uma profundidade de observação, podemos dizer que é um tempo de resgate interno, resgate dos valores da comunhão, haja vista o intenso movimento que a globalização está provocando em todo o mundo. Na Europa isto é bem palpável. Já não se formam mais mestres de apenas uma arte. Neste aspecto, os mestres de Bujutsu do Japão antigo estavam à frente de nossos tempos e de nossas descobertas marciais. Exaltavam uma consciência das próprias deficiências e estabeleciam como meta a abertura da mente em busca da perfeição das técnicas de combate. O próprio conceito do “Bugei SanJuropan” estabelece esta linha de crescimento militar, préestabelecido em forma de Seteigata. Várias formas, várias vertentes, várias escolas... Cada um fazia à sua maneira e se tornava pleno também à sua maneira. Qual era o mais correcto? E o mais verdadeiro? É o mesmo que falarmos isso dos sistemas militares actuais. Talvez a diferença esteja na busca pela sabedoria - forma de utilizar bem o que se possui. Para o Zen, neste ponto, a sabedoria não é o nosso conhecimento comum; é o conhecimento inato, nossa conexão inata e intuitiva como o princípio fundamental de continuar, que é chamado Tsuzukeru em Japonês. É o acto de “praticar profundamente”; poderíamos traduzir como "seguindo", seguindo profundamente na perfeição da sabedoria. Assim, "praticar" é um boa palavra para "seguir". Seguir significa, nos tempos actuais, continuar. Continuar a busca, o estudo, experimentar, abrir... Tornar-se uno! “Aonde quer que vá, vá de todo o coração!” Sabedoria oriental Todavia, também é um novo tempo de descobrir. O escondido sobe à superfície para se fazer notar. Quantas escolas antigas não estão aí renascendo, reorganizando, restabelecendo no cenário das práticas marciais? É este o caminho! Numa análise rápida e resumida, foram nosso orgulho e nosso egoísmo que produziram as guerras, os massacres das Cruzadas, as fogueiras da Inquisição e os horrores da Escravatura. Assim, ao longo desses séculos, avançamos muito mais no progresso material, exterior, do que a jornada ética, íntima, do Espírito. É perfeitamente natural que os títulos e as designações funcionem na vida pública e privada, estabelecendo linhas de respeitabilidade às situações de indivíduos ou grupo, no ambiente em que se manifestem. Há pessoas, porém, que fazem do conceito objecto permanente de idolatria, solenizando de tal modo as próprias condições que não percebem a queda de si
"Aspirar à felicidade e nos guardar de sermos desgraçados é possível se fazemos com que nossa vontade e aquilo que desejamos estejam além daquilo que nos chega pelo mundo sensível, mutante e instável e também, se não nos entristecemos com aquilo que nos escapa do mundo sensível" (Poesia Sufi)
Artes Tradicionais mesmas na escravidão e formalismo calamitoso. Esperamos que este novo intercâmbio com as artes antigas desperte o homem marcial moderno para o cultivo da cortesia. Mas fujamos da superficialidade e do cálculo em matéria de vivência comum. Nas artes antigas, esse observar do interior ocorria não sempre de maneira agradável para o aluno, rompendo o convencionalismo ocidental. Shiken é uma palavra japonesa que significa teste. É o momento em que o professor ou mestre impõe determinados sacrifícios à vida do aluno como subsídio de observação. Esta forma pode variar desde a perda de um importante cargo até uma situação constrangedora. Existiam mestres que iam mais além, reprovavam o aluno em uma determinada prova, obrigando este a abandonar seu caminho, para então observar sua honra e carácter. Muitas são as histórias que permeiam este tipo de observação. Alguns atribuem à este tipo de momento o que fundamenta a entrega da total confiança de um mestre. Outros ainda, dizem que era o teste obrigatório para a graduação de Okuden. Todavia, também existem contradições à parte, as quais designam o interesse de cada verdade. O
que se tem como raciocínio palpável é que todas estas formas tiveram origem no período Sengoku, marcado por traições e conflitos. Período em que era comum a infiltração de pessoas de outros clãs em uma determinada escola, com a intenção de desmoralização e desestruturação de suas forças. Muitos mitos foram criados acerca desta forma de observação, muitas mentiras fortaleceram as artes mais modernas, atribuindo a este tipo de teste demonstrações de insanidade por parte de mestres, loucura, conduta desnecessária, ofensiva e etc... Podemos perceber que diversas fases marcaram as intensas revoluções nos períodos marciais clássicos. No passado existiam diferentes tipos de Shiken. Os dois mais conhecidos são: Uke Ireru - Teste em que o mestre aceita o aluno como aprendiz Nori Koeru - Teste em que o aluno supera uma crise, um abalo emocional Ainda é comum nos dias de hoje, mestres utilizarem este tipo de fundamento para a observação de pretensiosos alunos que se aproximam, demonstrando boa intenção. Existem diferentes classificações para pessoas boas e ruins: Shinjitsu (pessoa que tem a verdade interior, mas que não possui o espírito de busca) e Honmono (pessoa genuinamente verdadeira e pronta para a busca de seus sonhos e objectivos); Itsuwari (pessoa que é falsa, enganosa) e Damasu Hito (pessoa que chega com a intenção de mentira). De uma forma ou de outra, certo ou errado, as informações de cunho histórico e antropológico,
remetem-nos à compreensão de que, como alunos, para descobrir o verdadeiro, cada um tem de olhar objectivamente, criticamente, e também intimamente. Olhar com aquele interesse pessoal que se tem ao atravessar uma crise em nossa vida, quando todo o nosso ser está sendo desafiado. O problema central é a completa e absoluta libertação do homem, primeiro psicológica ou interiormente e em seguida, exteriormente. Não há realmente separação entre o "interior" e o "exterior"... “Não te fies de mim, se te faltar valentia” (Inscrição gravada em um antigo punhal) Existem dois pontos muito importantes na relação mestrealuno, haja vista que o primeiro - o mestre - é o responsável pela condução da personalidade do aluno enquanto direccionado ao caminho marcial. Isso porque, em relação à vida e suas actividades, a liberdade de actuação deve ser buscada de maneira livre e verdadeira pelo segundo, que através de suas experiências, construirá o que acreditar ser de melhor para sua existência. No passado, principalmente, muito se confundiu quanto à relação Senpai-kohai, pela influência do Bushido - “O vassalo não é nada sem o seu senhor” trouxe a indescritível sensação de fragilidade por parte do aluno que, em geral, se via na imagem do mestre perfeito e inabalável: ora, se somos portadores de uma lenda pessoal que busca uma evolução, ninguém é perfeito, nem tão pouco inabalável. Fortalecer, significa de acordo com o dicionário, tornar forte ou robusto; avigorar; corroborar; fig., dar coragem a; alentar; v. refl., robustecer-se. Em outras palavras, o mestre deve fornecer ao aluno as condições para que este busque desenvolver seu senso crítico, suas verdades adjacentes, qualidades que lhe atribuem a condição de pensar por si mesmo, livre de influências... Livre de ilusões externas. Tor namo-nos frágeis quando acreditamos que somos incapazes, infelizes, quando atribuímos somente a algo ou alguém a razão de nossa felicidade. Se o homem é explorado em suas próprias verdades, ou em nome de sua consciência, através de uma insegurança interna, chega o dia em que ele deita abaixo este sistema: uma vez afastado de si mesmo, torna-se dependente. Este é, pois, um dos problemas; enquanto o aluno for objecto de vaidade de mestres e escolas, não há esperanças de evolução interna. Força e fragilidade são duas bandejas que retêm matériasprimas diferentes, mas que nos conduzem ao mesmo legado sublime - o aprendizado. A humanidade precipitada, entretanto, identifica na primeira o manjar maravilhoso da vitória e na segunda experimenta o alimento insalubre da derrota. Erros têm muito a nos ensinar. Eles nos propiciam ocasiões marcantes para o crescimento interior. Quando estabelecemos algumas de nossas necessidades, estabelecemos também nossos referenciais. Só existe um lado se existir o outro. Não existe mestre se não existir aluno. Nenhuma escola tradicional sobrevive apenas pela vontade do mestre. Não existe necessidade se não existir um referencial. Entretanto, nenhum mestre é apenas mestre por vontade própria. O mestre, tal como o aluno, constrói-se através do processo de relação que se estabelece. No momento em que traduzimos o incognoscível no que conhecemos, não é mais o incognoscível o
“Não é de se admirar que muito estudiosos busquem hoje em artes vizinhas o acréscimo para o que acreditam ser deficientes Podemos ver claramente isso em inúmeros praticantes que se formam em quatro ou cinco artes marciais diferentes. Já não perduram mais os tempos em que a fidelidade ao caminho simbolizava a honra interna do praticante. Os tempos são outros e neste novo tempo, pode-se tudo!”
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Artes Tradicionais que traduzimos - entretanto, é sempre esse o alvo de nossas aspirações. A todo momento queremos saber, porque teremos então continuidade. Quando olhamos para frente, aspiramos um momento ainda melhor do que o que estamos vivendo. O momento presente é diferente de toda a extensão do futuro. Ele é apenas uma fragmentação desta aspiração. Quando desejo apenas um momento, não desejo o todo. Significa que à partir deste momento, outros momentos virão. Passo a passo, vez por vez... Se este momento for melhor, é possível que os outros também se tornem melhores. Muitos dos conflitos que afligem o ser humano moderno decorrem dos padrões de comportamento que ele próprio adopta em seus momentos diários. É comum que se copiem modelos do mundo, que entusiasmam por pouco tempo, sem que se analisem as consequências que esses modos comportamentais podem acarretar. Também é natural que as mesmas consequências destes modelos sejam estabelecidas para quem os adopte. Toda acção actual, portanto, tem as suas matrizes em outras que as precedem, impressas nos arquivos profundos do ser. Marcialmente falando, a cada dia mais esquecemos os antigos ensinamentos da convivência mestre-aluno. Tudo se tornou um produto! Já não me preocupo em olhar para a frente pelo prisma interior. Tudo está relacionado com este produto que quero adquirir. Amanhã quero outro produto, e outro, e outro... Em geral, é o produto da moda que se constitui como o certo e o melhor. Os grandes mestres das escolas tradicionais sabem que o hábito vicioso arraigado remanesce, impondo de um para outro momento suas características, assim impelindo o homem para manter a sua continuidade. Da mesma forma, os salutares esforços no bem e na virtude ressumam dos refôlhos da alma e conduzem vitoriosos aos exercícios internos de edificação, evolução. "Aquele que deseja as coisas que são passageiras, pode ser considerado um homem infeliz, ao passo que aquele cuja vontade se cumpre, é um homem feliz." As teorias de conscientização acerca do equilíbrio, do respeito, da racionalidade, da não necessidade de interacção com o negativo, do uso de maneira coerente da razão, proporcionam o percebimento de que tudo de bom e de ruim que surge em nosso caminho, se inicia em nossas atitudes. A actuação de uma acção nossa representa o arremesso de uma força da nossa personalidade interior, espiritual, sobre o mundo exterior. Essa força segue uma trajectória própria e sofre as leis do mundo dinâmico. Nossa responsabilidade também é uma força lançada sobre seu tornar-se, ao longo do caminho da evolução. Esse paralelo com o mundo dinâmico nos indica o que sucede no mundo imponderável de nossa personalidade. Assim, buscar momentos, instantes que sejam construtivos é o primeiro passo para se livrar das dúvidas e pesadelos que invadem as artes marciais. O importante, às vezes, não é mudar o caminho; mas a maneira de caminhar.
Basta um CliC para estar no melhor que em Artes Marciais existe no teu idioMA‌
“O dilema do desarme” esde que o primeiro homem das cavernas pegou em um ramo de árvore para usá-lo como garrote e pouco depois afiou uma pedra para usá-la como faca ou ponta de lança, os humanos têm usado armas para caçar ou para lutar contra outros. Ao longo dos séculos, as classes guerreiras das diferentes culturas desenvolveram treinos específicos e intensivos com armas e sistemas, em variados graus de complexidade científica. Na nossa sociedade moderna, o treino avançado e profissional com armas está reservado a militares e aos corpos de segurança. Não entanto, devido a que as suas raízes históricas radicam nas classes guerreiras, muitas escolas modernas de Artes Marciais incluem treino com armas nos seus estudos. Apesar de seus diferentes origens étnicos, o treino marcial com armas pode ser dividido em três categorias:
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ARMAS TRADICIONAIS Aqui se podem encontrar as armas tipo "Kobudo" dos Samurais; as armas exóticas dos Ninja; os instrumentos de "lavoura e pesca" transformados em armas pelos habitantes de Okinawa e o pau "tribal' e sistemas de faca das Artes filipinas e indonésias.
ARMAS MODERNAS Este grupo inclui armas de fogo, facas técnicas modernas, bastões retrácteis, luzes tácticas e sprays químicos.
ARMAS IMPROVISADAS Posto que virtualmente se pode usar qualquer coisa como arma numa emergência (uma garrafa, uma pedra, um aparelho de rádio portátil, etc.), aqui estou eu referindo-me a estes objectos que realmente estão sendo incluídos em programas de treino de técnicas específicas e em alguns casos, inclusivamente com algum diploma de especialista. Estas técnicas incluem: bengala, um cinto (ou uma corda) chapéude-chuva (comprido ou curto) e certos tipos de "chaveiros". Agora que já vimos o mais básico acerca do treino com armas, é chegado o momento de nos dedicarmos à controversa questão do “desarme”. Este debate tem dividido de Artes instrutores Marciais e especialistas em combate de todos os estilos e sempre ficou sem resolver. Por um lado estão aqueles que pensam que as técnicas de desarme realistas, seguras e efectivas, podem e devem ser
ensinadas por instrutores competentes. Por outro lado estão aqueles outros que convencidos de que lutar com as mãos nuas contra qualquer tipo de arma, é estúpido, inútil, inclusivamente suicida e não se deve nem sequer contemplar essa possibilidade. Ambas partes podem apresentar argumentos “lógicos” e poderosos para defender a sua posição, mas afinal não pode haver resposta, só preferências individuais, baseadas em experiências pessoais. Portanto, onde está o Combat Hapkido com respeito a este assunto? Como fundador, me situo sem nenhum género de dúvidas, do lado dos que pensam no desarme. Segundo a nossa filosofia, um sistema moderno de defesa pessoal deve de incluir técnicas de desarme efectivas e realistas, que não se baseiem na tradição ou na teoria, mas sim na pesquisa e na eficácia provada em situações da vida real. Com a minha bagagem, uma experiência de mais de 40 anos nas Artes Marciais, que inclui 20 anos de trabalho intenso com a Polícia e corpos de segurança e unidades militares de todo o mundo, me considero qualificado para incluir o nosso sistema Combat Hapkido como um sistema que tem um forte constituinte de técnicas de desarme e neste artigo, partilharei com os leitores uma série de regras básicas que tenho ido desenvolvendo ao longo dos anos. Em tom de brincadeira, nos referimos a elas como "os dez mandamentos do desarme". 1. O desarme é sempre perigoso e existe uma grande probabilidade de ficar magoado. Se houver outra estratégia (escape, negociação, arma improvisada, etc.) mais factível de segurança e maior probabilidade de êxito, empreguem-na. 2. Se não se estiver adequadamente treinado por um instrutor competente e qualificado nesta matéria específica, nem tentem. 3. Se realmente não se tiver confiança nas próprias habilidades ou não se está à vontade com o que devemos de fazer, não tentem… Usem as técnicas só se confiarem na própria habilidade e têm valentia para "explodir" com fereza e determinação. 4. Entrem só na distância adequada. Não se pode tirar uma arma quando não se pode alcançá-la com as mãos. 5. Praticar as técnicas com frequência e com intensidade. Fazer centenas de repetições. Aspiras a ter a velocidade de um raio. A potência não é uma opção. 6. Treinar as armas só da maneira mais realista. Os facas e pistolas de imitação baratos, ligeiros, de plástico, madeira ou borracha, não têm a aparência, sensação ou peso dos autênticos. Isto não é uma brincadeira, então não usem brinquedos! 7. Não treinem as técnicas de desarme usando os quimonos que usam nas Artes Marciais e descalços. Vestir como se veste na rua e calçar sapatos é essencial para um treino realista. 8. Lembrem-se da diferença entre controlar armas brancas afiadas e sem fio, e controlar armas de fogo, e poderão controlar ambos tipos de armas. 9. Pratiquem técnicas de desarme tanto em cenários luminosos como escuros ou pouco luminosos. Poderão aprecias as diferenças. 10. Para fazer desarmes efectivos, o melhor é conhecer o tipo de arma ao que nos enfrentamos e o seu funcionamento, para compreendermos as suas aplicações tácticas e as suas limitações. É muito recomendável recebermos pelo menos um treino básico acerca do manejo de paus, facas e armas de fogo. Concluindo: as técnicas de desarme não são para toda a gente. É uma escolha intelectualmente muito mais complicada e com muita maior carga emocional que a defesa contra um ataque com mãos nuas. Potencialmente é muito mais letal. Finalmente, façam-no sem ter em consideração a minha opinião pessoal. Ao fim e ao cabo trata-se só de uma opção pessoal.
O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiais do exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik, realizaram um novo DVD básico que trata sobre as armas de fogo, a segurança e as técnicas de treino derivadas do Disparo Instintivo em Combate, o IPSC. O Disparo Instintivo em Combate - IPSC (Instinctive Point Shooting Combat) é um método de disparo baseado nas reacções instintivas e cinemáticas para disparar em distâncias curtas, em situações rápidas e dinâmicas. Uma disciplina de defesa pessoal para sobreviver numa situação de ameaça para a vida, onde fazem-se necessárias grande rapidez e precisão. Tem de se empunhar a pistola e disparar numa distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o manejo da arma (revólver e semiautomática); prática de tiro em seco e a segurança; o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e em movimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse e múltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador, com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro com pistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 e inclusivamente lança-granadas M-16.
REF.: • KAPAP7
Todos os DVD's produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.
WingTsun
Em busca de um estilo reconhecível... Wing Tsun Levo alguns anos estudando o fundo e a forma do sistema. Durante algum tempo me atrevia a olhar para outros estilos de Artes Marciais chinesas e outras disciplinas de combate de diferentes origens. Devo reconhecer que durante esta última época tenho sido uma voz muito crítica com o meu próprio sistema: o WingTsun. No meu livro “Alto Nível” não pretendia em momento algum falar das excelências do sistema e enche-lo de frases grandiloquentes acerca das bondades do nosso sistema. Mas não o mão posso fazer por uma simples razão, sinto muito respeito pelas Artes Marciais. Reconheço que por diversos motivos não gostava nada, ou quase nada, da direcção que o nosso sistema estava levando nos últimos anos.
Devo reconhecer também, que esta dinâmica me proporcionou não poucas críticas à minha pessoa e ao meu projecto TAOWS Academy. Algumas dessas críticas vinham de professores tão ilustres que me sinto honrada pelo facto de personalidades tão importantes percam alguns minutos em lançar ataques contra alguém tão pequeno e insignificante como quem isto escreve. Além de nesse pequeno trabalho, nos meus últimos 12 artigos para a revista de Budo International, voltei a incidir na minha crítica para aqueles aspectos que eu acredito serem são claramente melhoráveis. Mas, chegado este momento, acredito também que seja importante fazer uma mudança de direcção significativa. Se bem marcamos com claridade quais são o nossos problemas, é chegado o momento de começar a dar ideias, propor Soluções! Estarão de acordo comigo em que criticar é fácil, mas faze-lo de maneira construtiva para melhorar aquilo que se critica, não é assim tão fácil, mas é o que eu farei. Uma das cosas que mais me surpreende dos praticantes de WingTsun (e das Artes Marciais tradicionais em geral) é a ausência de um estilo
WingTsun
reconhecível. Ou seja, surpreende-me como podemos dedicar centenas e até milhares de horas à prática das formas, técnica, táctica e filosofia de um estilo de Artes Marciais, mas em chegando ao objectivo deles, o combate, prescindimos completamente disso, para fazer coisas que nada têm a ver com o nosso estilo “mãe”. É muito comum entre os praticantes de WingTsun, praticar com os colegas de escola todos e cada um dos pilares do nosso sistema e gozar com isso. É comum constatar como há praticantes com uma excelente habilidade na realização de secções, drills e exercícios que se realizam na prática do WingTsun. Mas é da mesma maneira habitual constatar que quando algum dos incansáveis praticantes deste sistema, em um sparring ou exercício de combate livre se enfrenta a um adversário que “não colabora”, são absolutamente incapazes de aplicar quase que nenhuma das técnicas deste extraordinário sistema de luta. Numa das minhas últimas reuniões com instrutores de WingTsun de diversos ramos, propus um exercício a vários deles. Garanti que os não magoaria, que não lhes bateria bem utilizaria nenhum golpe ou técnica que os pusesse em perigo. Podiam ficar absolutamente “tranquilos”. Apenas me limitaria a empurrar como se alguém na rua o fizesse de uma maneira continua e com intensidade, mas sem utilizar nenhuma técnica que os pudesse magoar. Pelo contrário, eles poderiam utilizar o que quisessem… Aconteceu o que eu esperava. Alguns dos professores, altos graus de WT com uma ampla experiência educativa, foram incapazes de realizar bem
nem uma só técnica sob a pressão constante e intensa de alguém que apenas os empurrava. Não me dirão que não é curioso! Imaginem por um instante que o agressor deixasse de se limitar a empurrar e lançasse ataques perigosos… Entretanto, são capazes de realizar complicadas combinações de técnicas, secções, deslocamentos, etc., quando se encontram em seu habitat natural: a sala de treino. Resumindo: POSSUEN uma GRANDE HABILIDADE, mas não sabem como ou quando emprega-la. O meu lufar de trabalho como director técnico do departamento de WingTsun da Federação Espanhola de Luta e Disciplinas Associadas, permite-me conhecer muitos professores nos diferentes ramos deste estilo, mas também grande número de professores de diferentes Artes Marciais. É uma experiência enriquecedora que não só me tem proporcionado excelentes amigos como também a possibilidade de conhecer a fundo os problemas do nosso sistema e de caminho, a problemática que envolve outros sistemas similares ao nosso. Imagino que algum dos leitores, praticantes de Artes Marciais “clássicas”, que estão lendo este artigo, sabem perfeitamente a que me refiro com todo este raciocínio! E
WingTsun
“Alguns de nĂłs, que faz muitos anos resolvemos entregarnos ao estudo de uma ARTE ancestral, temos a necessidade de tentar fazer a nossa arte melhor do que nos foi ensinadaâ€?
apesar de reconhecer que tenho o ensejo de conhecer excelentes professores e profissionais que são capazes de fazer combate a um excelente nível, acreditem, que não é o mais habitual! Infelizmente, normal é a outra coisa… praticantes com ampla experiência em seus sistemas, que quando têm que fazer um combate real com alguém fora de do seu ecossistema, têm que recorrer a “outras coisas”. Em alguns dos meus artigos faço referência a uma hipotética competição entre artistas marciais, aos que se vestíssemos da mesma maneira, seria impossível reconhecer qual é o seu estilo original, porque todos realizariam uma espécie de “full contact” que faria impossível reconhecermos as tácticas e técnicas dos seus estilos. Não me dirão que não acaba por ser “triste” dedicar meia vida - no melhor dos casos - para acabar fazendo uma espécie de Boxe com pontapés que nos permita sairmos airosos, quando na maioria dos casos praticamos estilos de luta com técnicas aparentemente “letais”. Esse é o nosso ponto de partida. Chegados a este ponto vamos tentar contribuir com o nosso ponto de vista para tentar inverter esta situação. O pior que nos pode acontecer é percebermos que alguma coisa não a estamos fazendo bem e termos que voltar a ter outras ideias.
Ensaio - Erro… não seria por acaso mais apaixonante que o que hoje sucede? Alguns de nós, praticantes de Artes Marciais durante anos e eu próprio, que faz muitos anos resolvemos entregarmo-nos ao estudo de uma ARTE ancestral, temos a necessidade de tentar fazer a nossa arte melhor que nos foi ensinada. Se o não conseguirmos, não há-de ser por não termos tentado. Como digo, é nossa obrigação moral com a arte que tanto nos tem dado. A questão principal seria o motivo de em chegando a uma situação de estresse, um praticante com várias décadas de prática às costas, não confia na sua excelente habilidade e conhecimentos sobre uma arte de guerra. Talvez para isso devíamos dar uma olhada nos sistemas que SIM têm um estilo absolutamente reconhecível. Darei como exemplo dois estilos “desportivos”, cuja estética é em ambos casos muito característica e pelos que também sinto uma especial debilidade: o Boxe e o Brazilian Jiu Jitsu. Em ambos casos, um praticante com alguns MESES de prática
terá um estilo muito claro e reconhecível mesmo por pessoas com não excessivo conhecimento acerca das Artes Marciais. Os praticantes e seguidores destes dois desportos de contacto são capazes de fazer sparring ou combate livre contra qualquer adversário de qualquer estilo e continuar fazendo-o com o estilo em que se formaram. Não estou falando de perder ou vencer. Vencendo ou perdendo, um praticante de Boxe vau continuar utilizando (ou vai tentar) as suas fintas, deslocamentos, combinações, etc. Um estilo absolutamente claro. Se alguém o está a ver de fora, poderá afirmar sem duvidar: Pratica Boxe! Também é assim se vemos um praticante de BJJ. Vencendo ou perdendo, contra qualquer adversário, tentará levar ao chão o oponente e tentará abrir a sua guarda, passá-la e finalizá-lo com algumas das excelentes técnicas de estrangulamento ou luxação que possuem. Em ambos casos, um praticante em alguns meses terá um estilo reconhecível e ainda mais, as diferenças com um praticante avançado do próprio estilo serão marcadas pela experiência, o conhecimento mais profundo das técnicas e a sua aplicação. Mas não vai haver substanciais diferenças na “estética”. A pergunta é: Onde está o estilo de um praticante de WingTsun? Refiro-me, como sempre, a quando um praticante se enfrenta a um adversário que não colabora e tem uma experiência em Artes Marciais similar à dele, mas que não é com o estudantes ou parceiros da aula… Penso ser este o ponto de partida.
A CONFIANÇA é o principal conceito Para um praticante de um estilo de luta agir sob os parâmetros técnicos e tácticos desse estilo, é absolutamente necessário que o indivíduo confie nos conhecimentos interiorizados mediante a prática. Quando digo confiar me refiro a que o possuidor dessa habilidade técnica tenha constatado pessoalmente, ser capaz de fazer coisas com ela e que FUNCIONAM!!! Para isso, obviamente, tem de submeter as técnicas e ideias do sistema a um ambiente hostil que se aproxime a um cenário o mais real possível. Como isto é delicado para levar à prática, aqui teremos de ser extremamente metódicos, realizar um treino pausado e progressivo, mas jamais nos determos. Afirmo um pouco a brincar, um pouco a sério, que o veneno todo de
WingTsun repente mata, mas em pequenas quantidades pode servir como remédio e melhora do sistema imunitário. A isso me refiro… O primeiro passo seria então, realizar itinerários que submetam todas e cada uma das técnicas a um progressivo filtro, no qual o praticante possa constatar a diferentes níveis de intensidade a sua técnica e ideias para afiançá-las e CONFIAR nelas. Faze-las tão bem e tantas vezes que as não façamos de outra maneira. O segundo ponto, muito importante devia de ser completar o sistema totalmente e estudá-lo globalmente. Na minha opinião, é um erro imenso realizar a formação por “matérias” independentes. Quero com isto dizer: Acostumamos a falar entre praticantes destes ou daqueles exercícios que são de Biu Tze Tao, aqueles do Boneco de Madeira, etc.… O WingTsun se organizou para poder ser estudado e compreendido seguindo o itinerário que marcam estas formas, mas não significa que se tenham de manter separadas. É só uma questão de método. Ver o sistema como na sua globalidade, como ferramentas para ser utilizadas nas diferentes situações e cenários de um combate, far-nos-á compreender melhor como são e como foram concebidas estas técnicas. Este será o segundo, mas não menos importante elemento, para outra vez CONFIARMOS nas nossas técnicas e tácticas. O terceiro dos pontos que proponho é um pouco mais delicado. Vermo-nos no espelho que outros sistemas de combate tem sido utilizado para conseguir este terceiro ponto, mas sempre sem esquecer QUEM SOMOS e de ONDE VIMOS. Difícil? Sim, sem dúvida, mas gostamos dos desafios! Os passos deveriam ser os seguintes: 1.- Avaliar as nossas fortalezas e debilidades. 2.- Decidir quais são o nossos objectivos.
“Imaginem por um instante que o agressor deixasse de se limitar a empurrar e lançasse ataques perigosos...”
3.- Delinear projectos de treino para conseguir esses objectivos. 4.- Avaliar periodicamente os avances e ser constantemente auto-críticos do nosso trabalho. 5.- Ir introduzindo de maneira muito progressiva, exercícios de combate com adversários “não WT”. Este último ponto é muito importante. Quando lanço a pergunta “quem somos e de onde vimos”, acredito realmente que um grande número de praticantes esqueceu o QUE É o WingTsun. Possivelmente levados por diferentes interesses (económicos, egos, sectarismo, antipatias pessoais, etc.) esqueceram por completo que o WingTsun é um ESTILO DE BOXE CHINÊS (ou luta chinesa, conforme prefiram). E isto, gostemos ou não, deve seguir sendo assim. Se desnaturalizarmos completamente aquilo com o que o WingTsun se fez conhecido, desaparecerá por dissolução nas águas de um panorama das Artes Marciais com uma tendência a perder identidades mais que preocupante. O WingTsun (e o resto das Artes Marciais) foram delineadas para lutar.
Para que o débil pudesse lutar com o forte. Para a defesa do país, da família e nós próprios. Este ponto (talvez numa versão um tanto poética) não deve ser olvidado. Bruce Lee afirmava (muito acertadamente como em quase tudo o que dizia) que a lutar se aprendia lutando! Esta pequena obviedade me parece ter sido esquecida. Não teremos mais confiança fazendo demagogia, falando do que outros eram capazes de fazer ou simplesmente dando opiniões acerca do trabalho de outros. Adquiriremos confiança mediante a única ferramenta que isso nos assegura: a prática constante, séria e estruturada. E até aqui a coluna deste mês. Na próxima falaremos de outro aspecto que é muito curioso: a separação da filosofia e as pérolas do conhecimento da cultura chinesa do WingTsun. Dois ramos muito diferenciados: o dos mais tradicionalistas e o dos que propõem uma evolução que deixe de lado tudo aquilo que não é “eficaz”. Acham bem? Pois então no mês que vem falaremos disso. Muito agradecido pela vossa atenção e apoio.
EM BREVE!
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Texto: Gladys Caballero & Pedro Conde Fotografias de arquivo: Pedro Conde
A 29 de Junho deste ano 2013, faleceu quem foi a indiscutível estrela de raça preta do Cinema de acção dos anos 70. Lançado ao estrelato por sua aparição em Operação Dragão com seu descobridor Bruce Lee, a sua figura, que nos últimos anos não de deixou ver, merece sem dúvida um especial como este que hoje nos preparou o nosso especialista Pedro Conde. Um trabalho cheio de detalhes, anedotas e curiosidades da vida de uma estrela unida à figura de Bruce Lee e que abateu barreiras para a comunidade afroamericana. Foram tempos em que o próprio Bruce, um Oriental e Kelly, um negro, não podiam ser o centro de atenção do cinema de Hollywood e que no entanto abriram novos mercados, dando lugar a inúmera quantidade de fantásticas sequelas, séries e filmes, muitas de série B, mas com um impacto de bilheteira que hoje assombraria. Uma fantástica reportagem que este mês oferecemos, para deleite de coleccionistas, “frikies” do Cinema Marcial, e apaixonados dos “velhos bons tempos”. Alfredo Tucci
Cinema Marcial JIM KELLY, O SAMURAI PRETO Jim Kelly (James Milton Kelly) nasceu a 5 de Maio de 1946 na cidade de París de Kentucky, estando a sua origem em Millesburg, que naquela época era uma povoação tão pequena e humilde que carecia de hospitais. Após algum tempo, seus progenitores se instalaram em San Diego, Califór nia, onde seu pai era gerente de uma loja de fardas militares. Nesta cidade começou a sua carreira desportiva na escola secundária, praticando basquete, futebol americano e atletismo. Quando fazia o último ano do Liceu foi escolhido “Melhor atleta de San Diego”. Por sua grande capacidade para o desporto, obteve uma bolsa de estudos em futebol americano, na Universidade de Louisville, mas iria abandoná-la no primeiro ano. Acerca disto Kelly explica: “Os meus pais se divorciaram e tive a opção de ficar em San Diego com o meu pai ou voltar com a minha mãe para Kentucky. Eu não queria ficar com o meu pai, não nos dávamos nada bem; tivemos um problema, porque o meu pai não queria que fosse desportista mas sim advogado ou médico. Kentucky é uma cidade mais ao Sul e nessa época havia muito racismo, mas nesse momento eu não pensei nisso, simplesmente pensei que iria ser mais feliz com a minha mãe”. Devido aos problemas raciais existentes no Sul, Kelly começou a interessar-se pelas Artes Marciais: “Comecei no mundo do Karate através de livros, posto que nessa época não havia uma figura nítida à quem seguir”. Com o tempo, se mudou para Lexington, onde começou a praticar Karate, estilo Shorin-Ryu Karate, sob a orientação de Parker Sheldon. Tempos depois treinou com Gordon Doversola, instrutor de Okinawa Te - de quem guardava gratas recordações - e também praticou um pouco de Kempo Karate com Steve Sander. Em 1971, Kelly demonstrou ser um excelente lutador, venceu em quatro campeonatos de prestígio, entre eles o International de Long Beach, patrocinado por Ed Parker. Percebendo que tinha um grande potencial nas Artes Marciais, Kelly resolveu abrir um ginásio de Karate. Enquanto ensinava e competia na zona de Los Angeles, conheceu Hug Robertson, realizador de cinema que preparava um filme intitulado “Melinda” (1972) com algumas cenas de Artes Marciais. O cineasta pediu a Kelly que colaborasse como assessor técnico e coreógrafo. Eventualmente iria dar-lhe um pequeno papel na fita, tornando-se assim a primeira estrela afro-americana do cinema de Artes Marciais. Acerca da sua participação neste filme, Kelly disse: “Aquilo de Melinda foi quase por acidente. Eu não estava preparado para
ser actor, estava resolvido a tirar máximo proveito como instrutor, principalmente após ter ganho os Internacionais de Long Beach”. Sem dúvida a sua aparição em Operação Dragão foi crucial na sua carreira e na sua vida Mas, como surgiu aquela oportunidade? Sem dúvida foi o destino: Knute Tarkington se retirou do projecto de "Enter the Dragon" dois dias antes de começarem as rodagens e o produtor Fred Weintraub contactou com ele. Acerca daquilo Kelly diz: “Depois de Melinda, toda a gente me dizia que me achavam fantástico, que não parariam de chegar ofertas, etc... A verdade é que ninguém me ligou em seis meses, pelo que eu continuava ensinando Karate na minha academia. Um dia, o meu agente me ligou e disse: “Jim, estão começando a fazer um filme em Hong Kong e há um problema com um dos actores. Tens de ir à Warner Brothers. Penso que não te darão o papel, mas vão fazer outros filmes e será bom que eles te conheçam. Lá fui eu e encontrei Fred Weintraub e Paul Heller. Me disseram que lhes mostrasse um pouco o meu Karate e lá estava eu saltando e pontapeando como um maluco. Quando finalizei me perguntaram: Conheces o Bruce Lee? Eu respondi que não, posto que nunca me tinha sido apresentado mas que sim ouvira falar dele pelo filme “Green Hornet”. Então Fred Weintraub me disse: Quando podes partir para Hong Kong? O papel é teu…” De entrada, o projecto era muito atraente. Jim Kelly interpretava o Williams, um personagem que junto com Bruce Lee e John Saxon, participavam em um torneio na ilha de Han. Aquilo simplesmente era para ocultar um sindicato da heroína e da prostituição… Mas apesar das aparências, Kelly não estava nada satisfeito, como declararia pouco depois da estreia do filme: “Me mataram nos primeiros 60 minutos da fita e não estou muito contente com isso!” John Saxon (que era um faixa castanho em Karate e Tai Chi Chuan), supostamente devia ser assassinado, de acordo com a história original, mas aquilo foi modificado, junto com alguns dos meus diálogos, por isso, ele permaneceu vivo e adquiriu mais protagonismo na fita”. Todas aquelas mudanças no libreto, foram motivados por várias razões, entre elas os problemas raciais: em 1973 não existia uma produção de Hollywood protagonizada por um afro-americano e um oriental. Além disto, John Saxon, pensando que tinha sido contratado como o actor que daria qualidade e prestigio ao filme (pois era o único com uma bagagem cinematográfica), tomou para si muitas licenças. À margem daquilo, houve muitas outras mudanças:
Cinema Marcial “Quando me deram o papel para Operação Dragão viajei a Hong Kong. Supunha eu que lá estaria de 4 para 5 semanas e afinal fiquei 3 meses. A produtora do filme não tinha pressa, não tinha nada a ver com “Melinda”. Eu gostava muito de Hong Kong, mas depois de mais de um mês já começava a sentir-me saudoso”. Apesar de todos os contratempos, Kelly se sentiu muito bem trabalhando com Bruce Lee: “Quando trabalhei com ele me ensinou algumas técnicas; treinamos sobre diferentes matérias e técnicas de combate. Maldição! - disse a mim mesmo - Bruce Lee é um tipo muito duro! As suas técnicas eram muito dinâmicas e muito potentes para o tamanho que ele tinha. Era Muitas vezes inacreditável! desenvolvia uma potência que faria empalidecer um peso pesado. Durante o pouco tempo que estive em Hong Kong nos mantivemos muito unidos. Fizemos uma autêntica amizade. Inclusivamente no trabalho, Lee respeitava as minhas ideias. Numa cena de luta que fazíamos juntos, Lee me disse: "Jim, queres que façamos a cena como tu tinhas pensado? Sei que tu foste o coreógrafo de uma fita e sei também que tens experiência na arte da coreografia, de contas com a minha total confiança para a fazermos como tu quiseres. Mas isso sim!, si precisares da minha ajuda sabes que estou à tua inteira disposição". De maneira que eu próprio coreografei as minhas cenas de luta, mas devo
reconhecer que em muitos planos e em algumas técnicas, Lee me aconselhou e realmente ficou muito mais vistoso diante da câmara. Muitas vezes, nas rodagens Lee me chamava e dizia: -Jim, o que pensas disto? - eu observava e dizia: Penso que se deve mudar isto por aquilo! Então conversávamos; víamos os pontos positivos e negativos; analisávamos a mecânica dos golpes e sempre resolvíamos qual era a melhor. Lee nunca se aproximou de mim para me dizer de maneira imperativa: - Jim, faz isto assim ou faz aquilo. Tens de o fazer porque eu sou Bruce Lee, o director técnico da fita! - Bruce não era assim, sempre me deu liberdade absoluta para eu poder modificar completamente algumas coisas nas lutas que devia ter ao longo da fita. A verdade é que aquilo fez com que eu me sentisse mais à vontade
diante da câmara”. Com “Enter the dragon” Kelly viu realizados muitos sonhos, entre eles conhecer, falar e finalmente treinar com Bruce Lee: “Lembro-me de um grande elogio que me dedicou Bruce Lee, quando finalmente coincidi com ele. Contei que tinha estado procurando a sua escola para treinar com ele, mas quando a encontrei estava fechada, então ele me disse: “Jim é uma pena, se eu te tivesse treinado, nenhum campeão daquela época te poderia ter tocado!” Kelly sentia que estavam fazendo uma boa fita, mas nunca imaginou que aquela longa-metragem se tornaria o clássico por excelência do
Cinema das Artes Marciais. Acerca disto ele diz: “Naqueles momentos nem imaginamos, nós só intentávamos conseguir fazer um grande filme, mas não podíamos saber que teria tanta repercussão”. O filme arrasou no Ocidente. Apesar do papel de Kelly ser tão curto, o personagem Williams tocou profundamente no público, adquirindo o estatuto de estrela. Por isso foi contratado pela Warner para participar em três filmes. Tal e como reconhecia o actor em algumas entrevistas, graças à coreografia de Bruce Lee conseguiu que as suas técnicas melhorassem muito nas cenas e de alguma maneira, foi o actor que mais se destacou, depois de Bruce Lee. O certo é que após a morte do "Pequeno Dragão", a Warner apostou por ele como seu sucessor nos Estados Unidos, oferecendo-lhe protagonizar “Cinturão Negro” (“Black Belt Jones”),
Cinema Marcial
onde de novo seria dirigido por Robert Clouse. Mas o binómio Kelly & Clouse, não funcionou como se esperava, faltava a estrela, faltava Bruce Lee! A fita não foi um grande sucesso nos Estados Unidos, mas obteve um tremendo êxito entre os afroamericanos e no resto do mundo. Claro está que não foi nada comparável à “Operação Dragão”, mas era preciso reconhecer que superava em qualidade as produções orientais que naqueles dias se projectavam nos ecrãs de todo o mundo. Kelly não deu importância àquele fracasso e em algumas das suas declarações disse: “Eu não estava interessado em fazer um filme com mensagem, eu só queria entreter o público”, também manifestou a sua zanga com o estúdio: “Participei e colaborei na coreografia e não apareci nos créditos… Não sucederá outra vez! A partir de agora estará no meu contrato que apareça o meu nome nos títulos de créditos”. Na fita apareceu como único coreógrafo Pat Johnson (“Karate Kid”, “As tortugas Ninjas”, etc.). Kelly também se queixou de que os especialistas que participaram na mesma não estavam qualificados para aquele trabalho. “Parti a cabeça a um garoto e quebrei a mandíbula de outro, porque não estavam preparados para lutar comigo. o que aparece no ecrã não é realista, porque o faço em frente da câmara. Se as pessoas utilizassem o que se vê nos ecrãs para lutar na rua, acabariam mortos”. Depois daquela produção, Kelly obteve um pequeno papel em “Alfinetes de oiro” (“Golden Needles”), de novo dirigida por Robert Clouse. Filmada em Hong Kong, a aparição do actor quase nem supera os cinco minutos, onde quase nem pode mostrar as suas habilidades. O filme foi protagonizado por Joe Don Baker e apesar de exisirem algumas cenas de Artes Marciais, o filme era o típico de acção dos anos 70. Este e a anterior longa-metragem foram produzidos por Fred Weintraub, que tentava repetir as grandes bilheteiras de “Operação Dragão”. Nunca conseguiu isto,
Cinema Marcial mas conseguiu êxitos consideráveis como a série “Karate Kid”. Com respeito ao seu trabalho em “Golden Needles”, decepcionado, Kelly declarava: “Eu interpreto um proprietário de uma loja de antiguidades que tem só uma luta por uma estátua de Acupunctura que muita gente persegue em todo o mundo”. Depois daquele recebimento tão pouco importante por parte do público, não houve uma terceira filmação com a Warner e assinou um contrato com Jim Brown e Fred Williamson, para fazer um típico filme do género “Blaxploitation”, intitulado “Os demolidores” (“Three the hard way”). Apesar da ingenuidade e simplicidade da história (um homem branco maluco, planeja aniquilar todos os pretos, introduzindo uma bactéria no abastecimento de água de três das principais cidades norteamericanas). As sequências de acção eram aceitáveis e as das Artes Marciais, obviamente protagonizadas e coreografadas por Jim Kelly, também o eram, obtendo um bom acolhimento por parte do público, especialmente pelo afro-americano. Aprendi muitíssimo com eles e quero dizer o que aprendi… O que sei perfeitamente é que eu não quero ser Jim Brown ou Fred Williamson, eu só quero ser Jim Kelly e chegar a ser o primeiro actor negro dos ecrãs”. O seu seguinte trabalho foi “Pela atalho mais duro” (“Take a Hard Ride” ou “The Long Hard Ride"), um western filmado na Espanha, nas Canárias. Quando esteve nesse país foi entrevistado em várias ocasiões e acerca da sua filmografia explicou: “Apenas levo dois anos trabalhando no cinema; até agora fiz cinco filmes, o mais famoso deles foi "Operação Dragão", junto de Bruce Lee”. Quando lhe perguntaram que género de papeis interpretava respondeu: “De acção. Todas as minhas fitas são de acção. Penso que através delas se pode influir nas pessoas em um sentido positivo”. Em todas as entrevistas sempre surgia a mesma pergunta: Pode dizer-nos alguma coisa sobre Bruce Lee? “Claro, que sim! Sem dúvida! Chegamos a ser grandes amigos, muito unidos por esta comum paixão: as Artes Marciais. Bruce Lee era uma pessoa sumamente produtiva, quer dizer, sempre estava a fazer alguma coisa positiva, mas acima de tudo, para mim ele foi o maior de todos os artistas marciais que tenha podido existir”. Acerca das causas da morte de Bruce Lee, declarava: “Pois eu acho
que não está nada esclarecido. É possível que se suicidasse porque como amigo seu posso dize-lo: ele tinha muitos problemas. Também pode ser que o matasse a máfia chinesa, por desvelar os segredos do estilo de luta do Kung fu. O que é certo é que Bruce Lee não morreu, como dizem alguns, durante a rodagem de uma cena”. Kelly tinha as ideias muito claras do que fazer com a sua existência e o seu tempo. Acerca desta questão comentava: “Para mim, o mais importante é viver o momento, sem preocupar-se do poder branco ou preto, mas só do poder verde (dinheiro). Isto é o que toda a gente faz hoje em dia. Também não penso no passado porque é coisa morta, nem no amanhã porque talvez lá não possa chegar. O actor, nas declarações que realizou durante a sua estadia na Espanha, fazia referência ao poder negro o branco porque na sua juventude simpatizou com alguns grupos extremistas dos “Panteras Negras”. Esteve muito interessado principalmente nos movimentos de liberação negra, de facto esteve na Federação de Karate Negro (BKF), fundada por Steve Sanders, que defendia e apoiava estes ideais. O logótipo da escola se pode apreciar no fundo do dojo de Jim Kelly, ao princípio de “Enter the Dragon”. Quando alcançou fama, sendo consciente do que representava para os afro-americanos, teve contacto com muitos dos seus simpatizantes, entre eles Cassius Clay, pelo qual sentia um grande respeito pelo que simbolizava para a sua raça. “Representa tudo para a povoação negra. É um símbolo, um herói, um líder. Infunde um grande respeito, mas é uma pessoa que só suscita extremos: há gente que o ama e gente que o odeia. Não existe um término médio”. Os repórteres espanhóis ficaram pelas suas surpreendidos declarações e pelas habilidades marciais daquele lutador de dois metros de altura e 81kg de peso, cuja aparência - todos coincidiram - tinha tudo o necessário para se tornar um ídolo de massas. Em “Take a Hard Ride" trabalhou de novo com Jim Brown e Fred Williamson, protagonistas da mesma, junto a Lee Van Clief. Nesta fita, Kelly teve um papel secundário, interpretava um mestiço, versado em luta. O seu papel era curto, mas intenso. Na sua seguinte fita, de novo trabalhou com Jim Brown e Fred
Williamson. Aquela produção se intitulou “Aposta perigosa” ou conforme os países, “Combate final” (“One Down, Two to Go”), um híbrido que não chegou alcançar a categoria de Blaxploitation. De novo, o peso da fita recaía nos seus colegas, relegando-o a ele a um segundo plano… Depois se implicou de novo num filme com Fred Weintraub, um dos produtores de "Operação Dragão". Este se intitulou "Hot potato". Foi filmado na Tailândia, realizada por Oscar Williams e distribuída pela Warner Bross. Uma mistura de comédia e filme de acção, que a ninguém gostou, nem sequer aos seus protagonistas - como declarou Kelly: “Todos cometemos erros, a história era interessante, mas a fita…” “O Samurai negro” (“Black Samurai”) não teve melhor sorte que suas antecessoras. A sua carreira no cinema não acabava de “levantar voo” nos Estados Unidos e por isso resolveu aceitar uma proposta para realizar um filme em Hong Kong, que se intitulou "Hong Kong Connection” (“The tattoo connection”) Nele trabalhou com Tao Tao Liang, famoso actor do Sudeste Asiático, que destacava por sua destreza com as pernas. Este filme foi realizado pelo sobre valorado Lee Tso Nam. Nele também participou Bolo Yeung. A fita, para ser uma produção da colónia, era bastante interessante, mas no entanto passou “quase” desapercebida na Ásia e no Ocidente. Indiscutivelmente o actor ia de fita em fita em clara regressão… Kelly aceitou trabalhar numa fita partilhando o papel estelar com George Lazenby, que substituiu Sean Connery quando ele deixou de fazer a série de James Bond. O filme se intitulou "Dimensão mortal" ("Death dimension"), uma produção de classe “B”, que correu a mesma sorte que suas antecessoras. Decepcionado, resolveu só aceitar aqueles papeis que realmente fossem interessantes… Enquanto isso sucedesse, dedicaria seu tempo e atenção ao ténis e cumpriu a sua palavra… Kelly começou a praticar este desporto em 1975 e se tornou um profissional, alcançando o segundo lugar no ranking da Califórnia, na categoria de duplos masculino e conseguiu estar entre os 10 primeiros do Estado, na categoria masculina individual. Depois abriu um clube de ténis na zona de San Diego, onde além de o dirigir, dava aulas. Entre os seus alunos se encontravam algumas celebridades da cidade. A partir daí, continuava praticando Artes Marciais, mas se inclinou mais pela “raquete”, estando
durante anos praticamente desaparecido das artes de combate, só aparecendo esporadicamente em revistas ou em algum evento desportivo. Acerca deste assunto, Kelly declarava: "É incrível que muitas pessoas ainda se lembrem de mim “Enter the dragon”, passaram anos e não me esqueceram”. A partir de abrir o clube de ténis, praticamente Jim Kelly se retirou da sétima arte, fez uma colaboração em “Mister no Legs” (1979). Participou como artista convidado em um capítulo de “Auto-estrada ao céu” (1985) e por se ter comprometido, voltou a estar frente às câmara em “Afro Ninja” (2009), onde o seu papel era muito pequeno, mas importante na história. Em todas as entrevistas dizia a mesma coisa: “Se me oferecerem um bom papel, um projecto sólido, voltarei ao cinema...” Um projecto assim nunca chegou… Possivelmente, se Jim Kelly tivesse tido uma boa realização e também um coreógrafo com experiência e talento, teria sido um actor do cinema das Artes Marciais da altura de Chuck Norris ou Steven Seagal, mas seu único e grande êxito se deve à sua participação no filme “Operação Dragão” e a Bruce Lee. Ciente disto, ele reconheceu e falou disso ao longo de toda a sua vida. Curiosamente, a primeira vez que Kelly viu Bruce Lee em acção não foi em “The Green Hornet”…. “Ouvi falar de Bruce pela primeira vez, quando ele estava fazendo a série "The Green Hornet”. Todos falavam da série e eu, em alguma ocasião quis ver o programa, mas a verdade é que nunca tive ocasião de o fazer, devido ao horário em que se emitia na televisão. Antes de conhecer Lee eu já tinha lido alguns artigos acerca dele, em diferentes números
da revista "Black Belt Magazine". Além disto, também muita gente falava dele e da sua qualidade extraordinária. Eu pensava: "Se este tipo é tão bom como dizem estas pessoas todas e falando todas tão bem dele, realmente deve ser magnífico". Tive ocasião de o ver um dia numa fita intitulada "Marlowe, detective muito privado", assisti à projecção por acaso, eu desconhecia que nela Lee tivesse um pequeno papel. Fiquei impressionado pelo que vi. Lee me pareceu ser muito frio - a minha ideia de Bruce vinha de muito atrás, muito antes de o conhecer pessoalmente”. Naquela época, a comunidade marcial era muito pequena e era fácil coincidirmos em algum campeonato ou evento - o caso de Kelly não foi uma excepção... “Lee me conheceu antes a mim que eu a ele, numa competição de Karate na qual eu participava. Tinha sido anunciado que ele estaria entre os espectadores e efectivamente assim foi, mas não tive ocasião de falar com ele. A primeira vez que falamos foi no set de Operação Dragão”. Kelly escutara muitas histórias acerca dele, além do que vira no cinema, tinha uma imagem de Bruce Lee que distava muito da realidade… “Quando tive a ocasião de o conhecer, realmente constatei que Bruce não era como eu o tinha imaginado e reconheci nele um certo carisma, alguma coisa em seu redor, mas que não acertei a saber o que era… Durante a filmagem tive oportunidade de o tratar e conhecer. Nesse momento era Bruce Lee "a super estrela", mas apesar de toda aquela fama que o acompanhava, percebi que era uma pessoa muito natural, um homem autêntico e honrado, um homem leal, de boa fé, e pensei que realmente era magnífico. No mesmo dia em que nos conhecemos, fomos almoçar juntos e conversamos sobre diferentes assuntos. Eu desenvolvia uma teoria da qual ele podia falar o tempo todo, o dia inteiro e toda a noite. Era sobre as
Reportagem Artes Marciais e tratava de poder abstrair diferentes técnicas de umas e outras artes marciais, a fim de que cada um pudéssemos fazer o nosso próprio estilo de luta. Realmente, este era um assunto que o apaixonava. Também falava acerca si mesmo, mas sobre este aspecto a verdade é que bem pouco tinha a dizer, sempre que o escutava falar eu não podia evitar pensar que no seu comportamento se parecia
muitíssimo com Mohamed Alí (Cassius Clay). A grandes rasgos os dois eram a mesma coisa. Assim sendo, posso dizer que gozei muito escutando falar Bruce Lee. Era desse género de pessoas que tinha de estar sempre fazendo alguma coisa: por exemplo, quando estava falando, mesmo se fosse de si próprio, tinha de estar gesticulando, explicando as coisas com gestos de mãos, de cabeça, etc. Eu gostava imenso de
estar com ele, era uma pessoa realmente interessante, além de que as suas conversas eram bastante profundas”. Em diversas ocasiões, Kelly falou das similitudes de carácter de Mohamed Alí e o “Pequeno Dragão”: “Para mim, Bruce Lee era como Mohamed Alí; possuía esse mesmo carisma que atraía as massas”. Kelly ficou surpreendido da capacidade de Bruce Lee para
Cinema Marcial analisar tudo e extrair o essencial e curiosamente, isto foi devido a Mohamed Alí... “Numa ocasião eu lia um artigo de Mohamed Alí e ele imediatamente o tirou de minhas mãos, o leu e tor nou a ler, esmiuçando-o até tal ponto que separou o grão da palha… Lee era assim com tudo, dentro das Artes Marciais, nas leituras, no treino. Sempre ia directo ao assunto, ao centro e miolo de todas as coisas”.
Em mais de uma ocasião, Kelly os comparou perante os jornalistas: “Lee tinha um ego tão grande como o de Muhamed Ali. A maioria das pessoas não conseguiram chegar a ele mas eu pude apreciar o que por si mesmo fizera, o que tinha feito pela sua família e a sua gente. Essas fitas chinas de Kung Fu fizeram mais pelos Chineses do que teria podido fazer um Henry Kissinger”. Kelly, assim como Bruce Lee,
padeceu muitos avassalamentos e desprezos por assuntos raciais; ambos queriam quebrar determinadas “barreiras” para ajudar seu povo e abrir caminho aos da sua raça. Acerca disto, Kelly disse: “Lembro-me de que para realizar a série Kung Fu, apresentaram o libreto a Bruce, posto que a serie foi escrita para ele e a ele encantou, mas quando o levaram às produtoras, não queriam que fosse protagonizada por um Chinês, queriam que o projecto fosse feito por um homem branco. Finalmente, procuraram David Carradine. Foi nesse momento que Bruce Lee foi para Hong Kong”. Conhecendo isto e mais alguns pormenores, Kelly disse a Bruce Lee: “Quero que saibas que te respeito muito pelo que tens feito, pela tua personalidade, o teu conhecimento da vida e o que fazes pela tua gente e o teu povo. Este tipo de imagem que tens dado à tu gente, oferecendo alguém a quem poder admirar, a quem ver no alto e de quem poder sentir orgulho, é verdadeiramente admirável! Eu dizia a quilo muito sério e com certo ar solene. Ele sabia a grande responsabilidade que tinha e me dizia: “Jim, espero que tu algum dia possas fazer o mesmo pela tua gente e por teu próprio bem!” Tanto Bruce como eu tínhamos padecido em própria carne o grande desprezo racial que existia nos Estados Unidos, contra pessoas que não fossem caucasianas. Ele sabia que o que tinha feito pela sua raça era muito grande e que atrás dele sempre havia montes de gente que queriam ver o que fazia, para depois criticar ou elogiar as suas façanhas. Lee estava sob uma grande tensão e sabia isso. Era muita pressão para uns ombros tão pequenos! Penso que foi mais difícil para ele penetrar no mundo do cinema do que foi para mim. Temos de reconhecer que Lee manteve uma terrível luta para conseguir o respeito para ele e para a sua pessoa, e primeiro de tudo, para a sua dignidade como oriental. Era Chinês e antes de mais, tenho de dizer que não conheço nenhuma estrela chinesa nos Estados Unidos anterior a Lee; Lee foi a primeira e até agora o Número Um. Lee foi o primeiro oriental que acabou com a barreira existente em Hollywood contra os actores chineses e isto é uma coisa que os seus compatriotas devem agradecerlhe. Na minha raça houve gente que abriu os caminhas antes que eu, actores negros como Sidney Poitier, Jim Browm, Fred Williamson e
Reportagem outros… Eles foram os primeiros em percorrer o caminho e abrir portas. Mas Bruce não teve ninguém que o fizesse. Os compatriotas de Lee devem agradecer-lhe não só o respeito que em todo o mundo conseguiu para eles, também facilitou o caminho a outros actores do seu mesmo grupo racial”. Ambos não só estavam de acordo na luta contra os problemas raciais, também partilhavam das mesmas ideias e conceitos marciais: “Lee e eu éramos parecidos em alguns sentidos. Sabíamos ambos o que queríamos fazer e o fazíamos. Ambos tínhamos ideias diferentes acerca do Karate e do caminho a tomar, pois as minhas técnicas são muito diferentes do sistema tradicional: me refiro ao tipo de bloqueio, soco, movimentos com os pés, etc. Pensava em todas estas coisas quando obtive o Cinto Preto e depois comecei a analisar tudo isto. Disse a mim próprio: Vou estudar o Boxe de Mohamed Ali, vou tentar copiar os seus movimentos de pés. Também vou estudar todos os diferentes tipos que possam existir de Artes Marciais, para os combinar dentro de um mesmo sistema de luta. Se fizer isto serei feliz, porque ninguém o fez anteriormente e vou ser um inovador. Mas descobri que Lee fazia o mesmo e que tinha começado antes de que eu pensasse nisto tudo. Quando tínhamos ocasião de falar de Artes Marciais e dos diferentes sistemas de luta, muitas vezes nos metíamos em longas discussões durante horas e horas. O caminho de Lee, que ele pensava que era o mais correcto, era o mesmo que eu pensava seguir. Era como quando precisas de fazer uma coisa e ninguém te pode perceber. Todo o nosso ser tem de encontrar os passos necessários para chegar a s meta e então consegues fazer; não importa se és preto, branco, oriental ou da raça que for. Isso é o que Lee pensava e eu também sou da mesma opinião. Lee faleceu muito jovem, mas com apenas trinta anos, ele conseguiu o que muitas pessoas não conseguiram ao longo de toda a vida. Lee sabia o que queria e como conseguir o que queria… Lutou e chegou à sua meta. Por isso, mesmo que nos deixasse muito cedo, acredito que em algum lugar ele se sente orgulhoso, pois não passou por este mundo como um simples vegetal ou como um ser medíocre, deixou marcas profundas em muitas pessoas e enquanto existirem as Artes Marciais, Bruce Lee viverá no coração de todos”. Obviamente, por tudo isto e mais algumas razões, entre eles nasceu uma grande amizade e durante as rodagens da fita, em numerosas ocasiões foi convidado por Bruce Lee para ir à sua casa, para que treinarem juntos no seu ginásio. Acerca desses treinos com Lee ele diz: Bruce me ensinou algumas técnicas, por estar habituado a trabalhar com as de Karate e não com as de Kung fu. Mas não houve problema de adaptação. Lembro-me que uma vez ele me disse; 'Jim, ataca com tua mão adiantada'. Eu o fiz duas vezes. Ele me disse: "Hei, realmente tens uma mão rápida e eficaz. Agora eu te ataco com a minha". Eu estava preparado quando ele atacou e consegui para-lo. Lee se surpreendeu muito e com o sentido do humor tão típico dele, me disse que ninguém até então o tinha feito. A verdade é que senti orgulho, pois dei crédito às suas palavras. Daí em adiante as relações se foram estreitando cada vez mais e ao mesmo tempo que consegui um professor, também ganhei um bom amigo. Durante a filmagem de "Operação Dragão" em Hong Kong, tive a oportunidade de tratar muito com ele e de o ver trabalhar
e treinar fora das horas de rodagem. Assim fui adquirindo um grande respeito por ele, especialmente como artista marcial. Jamais me impôs nada seu numa cena de luta. Sabia qual era p meu nível de Karate, mas apesar de tudo, me deixava trabalhar com liberdade, sempre que não me afastasse da contingência. Foi, sem dúvida, um grande companheiro de trabalho. Devo-lhe muito. Foi um grande mestre de apenas trinta anos". Bruce Lee não só tinha admiradores, também teve e tem detractores. Kelly ficava muito nervoso com este assunto… “Na actualidade é muito fácil para mim encontrar trabalho, devido ao que Lee fez por todos os artistas marciais. Quem nunca o conhecera pessoalmente, tinham-lhe um grande respeito; foi um grande líder para muitos outros grupos étnicos marginados, especialmente para a gente de raça negra. Eles viam três e quatro vezes as suas fitas e para eles era o seu ídolo. Em certa ocasião, um professor que possuía um ginásio de Karate veio até o meu e me disse: -"Hey, Jim, que tal é Bruce Lee?"-. Eu respondi: -Tu estás metido no Karate. Supostamente tens conhecimentos de Artes Marciais, por isso poderás ver se é mesmo bom! Ele me disse: - Muita gente diz que não é bom, que só é bom nos ecrãs… Eu respondi: - Muita gente é invejosa e tem ciúmes dos êxitos dos outros. Tem de ter-se uma mente muito forte, como a sua, para poder ignorar esse tipo de gente. Só dizem isso para derribar o grande mito em que se está transformando Bruce Lee. Há muitos artistas marciais que o invejam pela simples razão de que quando os seus alunos vão ao seu ginásio devido a Bruce Lee, quando lá estão o admiram mais a ele que ao seu próprio professor. Isto pode acabar por ser muito incomodativo; por isso, a arma dos professores consiste em desprestigiá-lo, pensando que a admiração que os seus alunos sentem por ele, se volverá em contra deles… Mas penso que estavam muito enganados, pois Lee realmente era muito especial, com qualidades que só possuem os grandes mitos e contra isso, não se pode lutar. Eu penso que todos os ginásios existentes e todos os instrutores de Artes Marciais que tentam desprestigiar Bruce Lee, devem reconhecer que graças aos seus filmes, actualmente eles estão comendo por Bruce Lee, pois de certeza é por ele que têm trabalho e cada vez que se projecta um filme seu, os estudantes dão saltos de alegria e muitos espectadores, à saída dos cinemas vão procurar um ginásio. Mas isso nunca o agradecerão nem reconhecerão…” Bruce Lee nunca participou em nenhum torneio, por
isso, muitos mestres e especialistas o acusavam de ser um “herói de papel” ou um “campeão do celulóide”; obviamente, esta questão tem sido apresentada a Kelly em diversas ocasiões: “Há muitas coisas que aqueles que o conheceram não gosta de falar, por exemplo, a habilidade que ele tinha. É uma maneira de proteger os seus alunos, a sua reputação, as suas associações e os seus egos. Preferem calar-se... mesmo sabendo… Como actor ele tinha tudo: alma, habilidade, magnetismo… Tinha estilo. Não há ninguém na actualidade que se possa com ele comparar, nem de longe... Não quero dizer que não sejam bons, mas Lee era inacreditável. Mas quando alguém me pergunta quem é para mim o melhor lutador de campeonatos da história... Eu gostaria de dizer que era Bruce Lee, mas não posso..., porque ele nunca participou em um campeonato. Lee fazia combate, mas a competição é diferente. Há gente que em um tatame de competição não funciona da mesma maneira. Há pessoas que são melhores nos torneios que nos treinos, pela simples razão de que «há alguma coisa que ganhar». Mas tenho a certeza que Lee teria sido muito bom nos campeonatos, mesmo muito bom… e podia apostar a minha vida. De facto, duvido muito que alguém teria podido vence-lo”. Acerca disto ele destacava: “Na minha opinião, não houve nem há absolutamente ninguém tão incrível…”
“Realista, duro, rápido e efectivo! Assim é como eu descreveria o Pangamot”
“O Pangamot é a luta de rua filipina. Significa “combate total" e nele tudo está autorizado. A Vitória é a única meta!”
PANGAMOT - Criado para a rua Pangamot, a Arte Marcial das Filipinas é muito desconhecida mas na minha opinião é muito realista, agressiva e eficaz. Realista, duro, rápido e efectivo, assim é como eu descreveria o Pangamot. Pangamot, luta filipina de rua significa “combate total" e nela tudo é permitido. A Vitória é a única meta. É o estilo filipino sem armas, também chamado 'Panatukan', 'Panajakman' ou 'Mano Mano'. O motivo dos diferentes nomes é que há muitas ilhas diferentes, nas que se utilizam diferentes dialectos.
Tradução de Pau e Faca Há muitos professores que combinam o Boxe com técnicas de cotovelo, cabeçadas e algumas técnicas de luta no chão e o denominam Panantukan ou Sikaran.
No Boxe Sujo se empregam métodos diferentes, giramos o punho no momento de fazer contacto com o oponente. Usamos o 'anti-boxe', posto que interceptamos os socos com o cotovelo, para magoar o punho do adversário. Podemos usar 10 armas de maneira efectiva, desde as mãos aos ombros. Uma parte importante do Pangamot se descreve mediante a palavra “anti”. Como o anti-boxe, anti-agarres, anti-grappling. Realmente tentamos quebrar o ritmo dos oponentes com todas estas anti-técnicas. Quando se luta com um pugilista e se segue o seu ritmo, é muito provável perder. Façamos que seja fácil, não tratemos de fazer Boxe, tentemos usar os cotovelos, a cabeça, os ombros… Usamos agarres e luxações.
DISTÂNCIAS As distâncias que usamos no Pangamot são as mesmas que usamos no pau e a faca. A Longa distância: Esta é a distância em que é impossível interceptar golpes com os cotovelos. A Segunda, a Média distância é aquela em que usamos agarres, pontapés baixos e técnicas de ruptura. A distância Curta é na que podemos usar todo o corpo como arma, joelhos, cabeça, cotovelos, ombros e dedos. Nela se podem usar agarres, projecções, socos e técnicas de clinch, chamadas Sirada. Pode usar-se tudo!
COMO LUTAR Certamente que não é esta a maneira de ensinar Artes Marciais filipinas. O combate sem armas deve ser uma translação do combate Filipino com Armas e Faca. Pode ser chamado Panantukan, Mano Mano ou Pangamot quando se aplicam os princípios das Artes Marciais filipinas. Os movimentos Pangamot são quase os mesmos que com o pau ou a faca, realizados com as adaptações necessárias.
BOXE SUJO No Pangamot usamos o Boxe Sujo, que não é comparável com o Boxe tradicional.
No Pangamot é importante que os movimentos sejam fluidos. O princípio de fluir é o mesmo que na faca e o pau. Muitas vezes, nas Artes Marciais Filipinas (Filipino Martial Arts) quando o oponente lança um punho da direita, se contra-ataca batendo no bíceps do adversário com o próprio punho. Si não se contra-ataca de maneira rápida e imediata, o contrário nos alcançará com seu punho esquerdo. Contra-atacando rapidamente com o braço direito, usando o princípio de zona, se bate na cara do adversário e imediatamente depois se continua com uma cotovelada, à qual segue um soco com a esquerda. A isto chamamos Manipulação do Corpo, o que quer dizer que séries de blocagens, contra-ataques e golpes se seguirão à defesa inicial.
DUMOG O Dumog, também conhecido como o Dumog Tradicional, tem técnicas simples para derribar o oponente e acabar o mais rapidamente possível. O motivo é simples:
a maioria dos Filipinos portam facas. Nas Filipinas as facas são armas primárias, fazem parte da sua cultura de luta. O combate no chão nas Filipinas é muito arriscado, posto que há diferentes pequenas armas no chão que se podem utilizar, como areia, pedras, ou pequenos pedaços de metal, etc. Nos nossos dias, o Dumog é substituído por técnicas de outras Artes Marciais.
UMA ESFEROGRÁFICA COMO ARMA Eu próprio tive ocasião de presenciar uma luta entre dois jovens. A briga começou com socos e pontapés. Um dos contendentes era claramente um praticante de Judo ou Jujutsu. Este agarrou o oponente e o derribou com uma técnica perfeita. Então os dois caíram ao chão, o homem que caiu de costas, puxou por uma esferográfica e o espetou no olho do oponente. Não quero entrar em pormenores, mas a luta acabou. Conclusão: Tudo se pode usar como arma!
MODERNIZADO Criei o Pangamot de uma maneira diferente, usando princípios tradicionais e técnicas modernizadas que se adaptam aos tempos actuais. Os meus princípios para o Pangamot estão baseados na Espada e na Adaga Tapi Tapi, Figura oito e seguintes . Hoje é uma Arte Marcial muito realista e fácil de aprender. Se querem aprender Pangamot ou chegar a se instrutores desta maneira de defesa pessoal, contactem comigo e serão bem vindos ao meu mundo, o mundo da Eskrima.
omo se pode medir a idade de uma escola de Artes Marciais? Poderá comparar-se com o crescimento de uma pessoa? Se assim fosse, poderíamos dizer que a escola do Grão Mestre Sifu Paolo Cangelosi alcançou a maioria de idade em 1998, quando festejou o seu 20º aniversário com um grande evento em que mais de 100 atletas participaram durante quase três horas, em duas importantes instalações desportivas: em Roma, no Stadio Flaminio e em Génova, no Palacus. Mas aqueles dias já são tempo passado e de novo se apresenta em ginásios a portas abertas, esta grande escola italiana! Para o 25º aniversário os praticantes realizaram um espectáculo na Universidade de Roma, enquanto que para o 30º aniversário, um outro espectáculo teatral no Teatro della Corte, segundo teatro de Génova. Com uma decoração de cinema e música ao vivo, os membros desta grande família marcial festejou o aniversário com um HALL OF FAME, com convidados VIP de três continentes: estrelas do cinema, campeões de desportos de combate, mestres de fama mundial, pessoalidades de editoras marciais (incluindo o nosso director Alfredo Tucci). Este ano se festejou o 35º aniversário mais intimamente. Foi convocado um grupo relativamente pequeno (pouco mais de 150 pessoas), alunos e instrutores de entre os mais avançados e chegados, posto que os organizadores quiseram concentrarse em alguns acontecimentos significativos que marcaram profundamente a evolução da organização de uma Escola de nível nacional na Itália, “Cintura Nera”, que esteve presente no luxuoso Shangri-la Corsetti de Roma, testemunhando o evento. Como é habitual nas escolas tradicionais de Kung Fu, não podiam faltar à exibição os melhores alunos e Mestres da Dança do Leão Chinês e a execução das formas dos diferentes estilos estudados na escola. Um pequeno espectáculo a porta fechada, onde o Grand Master no final, presenteou seus alunos com uma pérola rara de altíssimo nível técnico, a mais avançada forma do estilo Hung Gar, até Ti desde Kune.
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Antes da exibição, o Grand Master amavelmente pediu ao público que não filmassem a forma, explicando que pertence a um nível secreto do conhecimento do estilo: "Em mais de trinta anos, até hoje, tenho realizado esta forma só perante dois olhos: os olhos do meu Mestre Chan Hon Chun". Esta extraordinária exibição foi de grande emoção para todos os participantes, estudantes e suas famílias, e provocou uma ovação com o público em pé, que parecia não ter fim… A noite de Gala continuou com um rico aperitivo no terraço, seguido de um jantar. Deu início uma sessão de fotos retrospectivas da vida do Sifu e da Escola, o que foi motivo de emoção para todos os assistentes. No decorrer da sumptuosa ceia foram entregues os prémios de reconhecimento a alguns alunos e instrutores, por méritos alcançados nos últimos anos: a antiguidade na prática, os resultados das competições, a participação em eventos e muito mais. também houve várias intervenções do Grão Mestre, que resumiu com números e estadísticas a actividade mantida da escola em todos estes anos. Entregues os diversos prémios, houve uma mudança de rumo naquela festa em família da escola Cangelosi: em dado momento, o Sifu que estava no pódio e pronunciando com a sua potente voz a fórmula carismática "Pai Shi - Sam Kou Tou", de repente se transformou radicalmente o ambiente e da alegre noite se passou para um momento de atenção e silêncio. Por primeira vez em 35 anos se reconheceu o grau de Si Bak a dois dos instrutores de alto nível da escola: Fábio Tozzi e Nicola Pastorino. A cerimónia foi levada a efeito com o antigo rito onde bebendo o chá servido por dois alunos, o Mestre se compromete a selar um acordo inseparável de respeito e confiança, denominando por primeira vez a pessoa em grau capaz de o apoiar e substituir em cada necessidade. Não faltaram lágrimas de emoção ao ver finalizada uma trajectória de quase trinta anos de fidelidade a uma disciplina e a um Mestre. Resumindo, foi uma festa maravilhosa que une ainda mais com o espírito de família, consagrando o valor, o compromisso no crescimento e a difusão das Artes Marciais.
DADOS ESTADISTICOS • Sifu Paolo Cangelosi pratica Artes Marciais faz 44 anos. • Ensina desde faz 37 anos. • Além do Kung Fu, também estudou: Judo, Ju Jitzu, Karate, Ken Jitzu, Iai Do, Boxe e Muay Thai. • Viajou 30 anos pelo Oriente para estudar, pesquisar e praticar a Arte Marcial. • Realizou cerca 51 combates, entre outros: combates tradicionais e de Kung Fu (kung fu contact, free style combat, karate, kick boxing e muay thai) com um saldo de 47 vitórias, 2 derrotas e 2 empates. • Tem ensinado o seu estilo e se tem exibido em 4 continentes. • Formou 51 Instrutores. • A nossa escola foi frequentada por cerca de 30.000 pessoas. • Realizou 25 vídeos, escreveu 4 livros e mais de 50 artigos para revistas especializadas. • Percorreu o mundo todo para receber prémios e • Nominações de muita importância, incluído o prémio Platinum Life, em 2011, na cidade de Valência. • Levou a termo mais de 300 cursos práticos. • Passou de grau cerca de 6.000 estudantes. • Durante os seus cursos se tocaram 33 matérias diferentes de 15 estilos de Kung Fu e 18 artes diferentes. • Se realizaram mais de 50 demonstrações públicas. • Se abriram cursos em 45 lugares diferentes. • Se realizaram na escola 5 torneios, incluindo 4 públicos. • Há estudantes que começaram com 4 anos de idade e agora chegam a superar os 80. • Temos aulas com estudantes que vêm praticando mais de 30 anos.
Prémios • Mais de 20 anos Andrea Pesce - Vincenzo Soprano - Valter Marini - Massimiliano Perez - Matia Giachino - Mario Meloni - Monica Pino • A escola do ano Roma Via do Carroccio de Fábio Tozzi • A primeira actuação Tai Chi Chuan de Mario Meloni e Massimilano Perez • Estudante especial e instrutor especial Enzo Fasciolo - Angela Podeschi) • Ao melhor exame de ESAMI THAI BOXING SEGUNDO LUGAR Cesare Ghietti - Francesco Barranco) PRIMEIRO LUGAR Andrea Cristofanini - Matteo Di Luca) • Prémio ao treinador Gianpaolo Michelotti - Aissandro Vestri - Cesare Ghietti • PREMIO AGONISTI Pietro Mosca - Andrea Cristofanini - Shan Cangelosi • OVER 25 YEAR “SILVER LIFE” Andrea Musenich - Maurizio Pellini - Barbara Macciocu - Fabio TozzI - Shan Cangelosi - Flaviano Muzio - Nicola Pastorino - Laura Francesconi - Lorenzo Redoano • OVER 30' YEARS “GOLDEN LIFE” Angela Podeschi • Premio ao estudante mais jovem Mei Cangelosi • PREMIO para o trabalho de colaboração mais excelente • Minou Risso • Entregou os diplomas Andrea Cristofanini • Entrega de AFICHES genealógicos da Escola Luca Cammarano - Massimiliano Menei - Massimiliano Perez Mario Meloni - Fabrizio Scelfo - Fabio Tozzi - Nicola Pastorino Angela Podeschi - Monica Pino • CERIMÓNIA “BAI SHI” entrega GRADO SI BAK VIII° Nicola Pastorino e Fabio Tozzi
Fotos: Mike Lehner Texos: Peter Weckauf & Irmi Hanzal
O
“Não só se podem usar chaves, chaveiros (Kubotan) ou batom para defender-se: colheres, garfos, chapéus-de-chuva, livros, revistas e muitas outras coisas, podem ser usadas e são efectivas”
s crimes violentos contra mulheres contam-se entre as acções mais depreciáveis. Como as mulheres habitualmente não têm muita força física, consideramos que é importante desenvolver um instrumento que possa permitir às mulheres defenderse contra um agressor. O S.D.S. Concept é um conceito holístico de defesa pessoal, criado para mulheres, com a ajuda de especialistas em defesa pessoal, oficiais da polícia, advogados e pedagogistas, de acordo às necessidades e habilidades específicas das mulheres. As estadísticas mostram que em 90% dos casos de agressão a jovens ou mulheres, os atacantes pararam a agressão quando encontraram uma grande resistência, tanto seja física ou verbal. Portanto, os ataques foram comparativamente inofensivos. Estes números nos incentivaram a ensinar a jovens e mulheres as técnicas adequadas para a defesa pessoal. O uso de objectos quotidianos é crucial para a defesa pessoal feminina. Ao contrário dos homens, que têm tendência a usar seus punhos de maneira natural, as mulheres evitam o contacto com o agressor. Isto faz com que situar um objecto entre o atacante e a mulher, seja uma alternativa atraente. Também é mais fácil ser ferida uma pessoa que usa um objecto para defender-se que uma pessoa que se defende com as mãos nuas.
As pessoas fisicamente débeis sempre usam armas ou outros objectos para os ajudar a sentir-se mais fortes e seguros e portanto, a ter uma oportunidade realista para lutar contra alguém mais forte.
Objectos quotidianos vs. Armas de defesa pessoal
Os objectos quotidianos utilizados para a defesa pessoal não são armas. Não se compram nas lojas de armas, não parecem perigosos e não se identificam facilmente como armas, não são mais que um objecto normal. Isto dá-nos um grande número de vantagens. Os problemas que provocam as limitações pessoais por um lado e por outro, provavelmente o respeito imposto por um arma propriamente dita, podem ser os motivos que levem as mulheres a não comprar armas. Além do mais, no caso de se comprar uma arma e usá-la, ou tratar de usá-la, poder-se-iam provocar reacções violentas, o que não acontece se não houver nenhuma arma implicada. As pistolas de ar comprimido, o spray de pimenta e os “tasers” são armas que provocam uma reacção ainda mais agressiva no atacante, fazendo que a situação seja ainda mais perigosa. "O farol" é frequentemente um elemento táctico da defesa pessoal feminina. Isto quer dizer que primeiro ocultamos a nossa vontade de defesa quando usamos objectos discretos, para usá-los de maneira efectiva só quando as coisas ficam feias. Não só se podem usar chaves, chaveiros (Kubotan) ou telemóveis para defender-nos; malas, batons, colheres, esferográficas, chapéus de chuva, livros, revistas, e muitas
outras coisas se podem usar de uma maneira efectiva.
Espírito de luta - técnica - tácticas As mulheres têm de considerar dois importantes factores em um contexto de defesa pessoal. Primeiro e principalmente, a vontade é o factor mais importante em qualquer situação de defesa. Vender-se o melhor possível, lutando incondicionalmente sem se render, até finalizar a ameaça, são os pilares de qualquer espírito de luta, que é a condição que primeiro se há de ter para qualquer género de acção. Em segundo lugar, é importante considerar o QUE usar e COMO se tem de usar, quer dizer, compreender e usar as técnicas e as tácticas. Compreender, perceber, praticar e interiorizar os princípios da defesa pessoal feminina, é mais importante que praticar sequências de técnicas. Se temos um projecto de emergência a seguir em caso de situação de defesa pessoal, não estaremos indefesos. Teremos então que desenvolver um programa automatizado que poderemos utilizar em qualquer situação de perigo. Só se devem de empregar as técnicas mais directas e simples para a defesa pessoal feminina. Um bom
“Só se devem empregar as técnicas mais directas e simples para a defesa pessoal feminina” agarre do objecto, o punho de martelo, procurar os pontos fracos do oponente, a prática em várias distâncias e inclusivamente a luta no solo, devem ser partes fundamentais de um programa de treino bem sucedido. Além disto, as tácticas devem incluir treino do engano, aparentar a vulnerabilidade até o momento de executar as técnicas de defesa, assim como as bases da linguagem corporal e a atitude de confiança, o uso da voz assim como tácticas verbais para um uso imediato e inflexível.
O que fazer quando não se tem nada à mão Faria muito sentido ter sempre à mão um objecto apropriado, por exemplo
uma chave ou um telemóvel, mas também é necessário treinar nossa mente para ver os objectos que estiverem perto e possam ser usados como armas e para perceber como usá-los para nos defendermos. Uma mão cheia de pedras ou um objecto tirado de uma papeleira podem fazernos ganhar uns preciosos segundos. Mas afinal, qualquer sistema de defesa pessoal deveria estar pensado de maneira a permitir uma defesa pessoal efectiva com as mãos nuas, quer dizer, sem usar objectos. O S.D.S. Concept é um conceito de defesa que cumpre todos estes critérios. Grandes especialistas em defesa ensinam S.D.S. Concept a homens e mulheres de todo o mundo. Ele pode ser incluído nos sistemas existentes e agora soma outra característica aos sistemas defensivos com mãos nuas. Cada vez mais instrutores apreciam o S.D.S. Concept e participam em cursos na Europa. Para mais informação acerca de como chegar a ser um Instrutor do S.D.S. Concept, entrar na página www.sds-concept.com Os próximos cursos de instrutor realizar-se-ão em 2014. Para mais visitar www.sdsinformação concept.com
Reportagem
Texto: Peter Weckauf & Irmi Hanzal Fotos: Mike Lehner
O machado, usado com uma mão como o tomahawk americano, ou com duas mãos como o machado de combate - é uma das armas mais antigas. Os romanos, os vikingos, os celtas, os escoceses, os germanos e muitos outros usaram o machado de combate e seus temidos e devastadores efeitos. Inclusivamente nos nossos dias o machado é utilizado por numerosas unidades especiais militares. No entanto, a registos ou inclusivamente lugares de formação e ensino para esta arma muito especial, é muito exigente. Nesta primeira parte da luta com machado, nos concentraremos nos fundamentos, características especiais e conceitos.
Autodefesa
“O progresso técnico na construção de armas erradicou muitas artes marciais antigas, em especial o machado e a luta com machado. Mas o progresso permitiu desenvolver uma nova arte marcial que liga uma arma antiga com os métodos e estruturas da formação moderna”
O CONCEITO DE LUTA COM MACHADO E TOMAHAWK O progresso técnico na construção de armas erradicou muitas artes marciais antigas, em especial o machado e a luta com machado. Mas o progresso permitiu desenvolver uma nova arte marcial que liga uma arma antiga com os métodos e estruturas da formação moderna. A adaptação às circunstâncias dos nossos dias é fundamental para nós. Aprender a lutar a cavalo, portando grandes machados não é muito própria do século XXI, portanto faz-se necessário trazer ideias novas e modernas. Não se enganem, sempre temos considerado as
ensinanças e resultados de outras artes marciais, assim como os princípios, características, manuseio especial e certamente, as debilidades do machado. E isto é o que faz que o nosso sistema seja tão interessante, posto que se pode conseguir um alto nível de habilidade com esta arma. O machado pode ser usado em situações extremas, por exemplo para defender-se contra um agressor armado. Saber enfrentar-se a ataques não letais, como estrangulamentos ou técnicas de controlo, é tão importante para o usuário como saber defenderse do próprio machado. O ATFC (conceito de luta com machado e tomahawk) não é realmente um sistema de defesa pessoal, trata-se de um conceito de Artes Marciais baseado em princípios. Isto nos permite ensinar
conceitos mais avançados, como o perfeito uso do arma.
Porque o machado é melhor que outras armas de curta distância? Alcance mais amplo - Comparado com uma faca, o machado tem um maior alcance quando se modifica o agarre, também é muito útil para distâncias curtas. Mais opções - O machado oferece muitas mais opções que a maioria das armas de curta distância. Poder executar machadadas, cortes, bloqueios, punhaladas, manipulações, agarres, técnicas de controlo, é uma clara vantagem. I m p a c t o devastador -
golpes muito potentes podem ter efeitos devastadores nas extremidades, na cabeça e outras partes do corpo, e não requerem de técnicas sofisticadas. O braço do machado é um objectivo difícil - devido ao seu feitio, é bastante difícil de atacar o machado y desarmar é ainda mais difícil. Psicologia - um machado tem um aspecto muito ameaçador e proporciona ao seu usuário uma vantagem psicológica. Ferramenta - assim como uma faca, um machado é também uma ferramenta muito útil.
Para que aprender luta com machado? Uma das pedras angulares da minha filosofia é que não fazemos exercícios com uma arma em especial, mas formamos corpos. A arma é uma ferramenta que nos ajuda a aprender os movimentos, a compreender melhor as distâncias, a melhorar a nossa mecânica corporal. Qualquer arma tem as suas próprias características e recursos. Por isso, o machado é outra faceta das artes marciais, especialmente através das suas enormes vantagens sobre outras armas. Não esqueçamos que a luta com machado é uma arte marcial de novo descoberta e somos dos primeiros a ensiná-la. É especial!
Partes do machado Cabo - pode ser usado para interceptar, bater ou apunhalar. Contra fio - pode ser usado para bater, cortar empurrar, manipular e dar machadadas. Fio - pode ser usado para cortar, manipular e dar machadadas. Olho - pode ser usado para apunhalar.
Agarres Nós diferenciamos entre • Agarres com uma mão ou com duas • Agarre longo • Agarre curto • Agarre médio • Agarre com ambas mãos (para bloquear/golpe central) • Agarre com ambas mãos (zona mais baixa)
Técnicas do machado Cortes, golpes de puxão, golpes de martelo (retraindo o machado), golpe de puxão de martelo, punhaladas, golpes de martelo com o contra-fio, cortes curtos, empurrão e manipulação com o cabo do machado, uso da folha como gancho. Claro está que o tamanho e o peso só permitem certas técnicas.
Princípios da ATFC Os princípios são ideias básicas e regras fixas que se classificam por cima de todos os outros procedimentos de conceitos e estratégias. São as condições e fundamentos, quando se quer entender e aplicar um sistema determinado. Portanto, os princípios podem ser vistos como a "coluna vertebral de um sistema". Os princípios ajudam a perceber e aplicar um determinado sistema
O Conceito de luta com machado e Tomahawk não conhece regras. Este é um princípio básico que permite todo género de ataques e movimentos de defesa e não restringe a opção do estudante, como pode ser o caso dos desportos ou da auto-defesa (idoneidade). Luta agressiva - O ATFC não inclui movimentos de defesa passiva ou técnicas moderadas. O uso de armas corporais (mãos, cotovelos, pernas, joelhos, cabeça) junto com o machado, nos tornam oponentes difíceis.
Atacar o agressor até eliminar o perigo Mover-se com fluidez - cada movimento inicia o seguinte. O treino de habilidades, como a velocidade, a potencia, ou a explosão, é uma parte importante do nosso conceito de formação. As técnicas por si sós não ganham uma luta, as habilidades são também importantes, especialmente em combinação com as técnicas. Portanto, ensinamos programas para melhorar as habilidades.
Alguns conceitos da luta com machado Um conceito é um planeamento de como comportar-se numa situação de emergência. Os conceitos não devem ser confundidos com os princípios, sempre deve existir a opção de alternar os conceitos. Algumas estratégias podem ser mais úteis que em outras em certas situações. Portanto, um conceito só pode ser uma versão que possa ser substituída se mudar a situação. • Perturbar ou destruir o ataque destruir o braço ou a perna atacante, faz com que os seguintes ataques sejam impossíveis.
• Controlo das mãos - é um programa de defesa contra um atacante armado. Como sempre, quando assumimos que o agressor está armado, é crucial controlar a mão que ataca. • Modificar os ângulos - usar todos os ângulos e níveis. • Atacar o objectivo mais próximo - a arma mais comprida (machado) contra o objectivo mais próximo. • Manipulação do corpo - empurrar ou puxar um atacante para desequilibrá-lo. Situá-lo numa posição que permita atacar depois. • Intercepção - interceptar o ataque antes de que aconteça, enquanto aconteça, ou inclusivamente depois de que aconteça. • Ataques acima/abaixo - modificar o nível dos vossos ataques. • Criar espaços - abrir a defesa ou a guarda do oponente, usando manipulações, agarres ou tentativas de agarre. • Contra-atacar imediatamente - qualquer movimento defensivo (desvio, parada, bloqueio) deve ser usado para iniciar um contra-ataque. • Perceber as distâncias - ler correctamente as distâncias com o oponente, calcular o alcance, o timing, a preparação e o fechar da distância. • Simultaneidade na defesa -Bloqueio/parada e ataque ao mesmo tempo.
Defesa contra os ataques com machado Há dois conceitos contra os ataques com um machado: "Bater e correr" e "a defesa e controlo".
Autodefesa "Bater e correr" é um conceito simples. Parar o atacante com um contra-ataque e fugir. "A defesa e controlo" pelo contrário, se baseia em um movimento defensivo, como bloquear, esquivar ou desviar o ataque. O seguinte passo é uma tentativa de controlar a mão armada e atacar massivamente o agressor. Seguidamente, tratar de controlar a arma e destruir o braço que porta a arma.
Conteúdos do treino Um treino contém os princípios, conceitos e atributos de ATFC, assim como as técnicas. Por exemplo: transporte, a manipulação do machado, a posição/distância, as aplicações, o controlo da mão, da defesa e contra, a defesa contra armas brancas, defesa contra armas ligeiras, defesa contra armas de mão e rifles, os conceitos e aplicações de desarme, agarres, ataques, luta na longa distância, programa de luta contra o controlo (exercícios de energia atacando, a fluidez), exercícios de combate, exercícios para o aumento da habilidade, formação, único machado / machado de guerra, duplo machado / machado, machado / machado e uma faca
Resumindo A minha intenção principal como instrutor ATFC é ser um bom mestre para os meus alunos e ensinar-lhes coisas significativas e úteis. De maneira alguma o ATFC está em oposição a outros sistemas, antes sim os enriquece e complementa. Para muitos artistas marciais, ATFC é uma maneira de melhorar as suas habilidades e capacidades e para se situar entre os primeiros e melhores neste campo. Para mais informação visitar w w w. t o m a h a w k combat.com
“O Conceito de luta com machado e Tomahawk não conhece regras. Este é um princípio básico que permite todo género de ataques e movimentos de defesa e não restringe a opção do estudante, como pode ser o caso dos desportos ou da auto-defesa (idoneidade)”
Autodefesa
“Há dois conceitos contra os ataques com um machado: ‘Bater e correr’ e ‘a defesa e controlo’”
AUTOR: B. RICHARDSON
AUTOR: SALVATORE OLIVA
REF.: DVD/TV2
REF.: DVD/SALVA • DVD/SALVA2 • DVD/SALVA3 TÍTULO: KNIFE FIGHTING: • DVD/SALVA4 • DVD/SALVA5 TÍTULO: PROFESSIONAL • DVD/SALVA6 FIGHTING SYSTEM: • DVD/SALVA6 • DVD/SALVA7 ÇTÍTULO: PROFESSIONAL FIGHTING SYSTEMKINO MUTAI:
REF.: DVD/BL
TÍTULO: J.K.D. STREET SAFE:
TÍTULO: HOMENAJE TÍTULO: BRUCE LEE: A BRUCE LEE EL HOMBRE Y SU AUTOR: TED WONG LEGADO & CASS MAGDA
AUTOR: RANDY WILLIAMS
AUTOR: JOAQUIN ALMERIA
REF.: DVD/ALM2 TÍTULO: JKD TRAPPLING TO GRAPPLING
REF.: DVD/ALM3 REF.: DVD/ALM4 REF.: DVD/RANDY1 REF.: DVD/RANDY2 TÍTULO: WING TÍTULO: WING TÍTULO: FILIPINO TÍTULO: STREETCHUN KUNG FU: CHUN KUNG FU: MARTIAL ARTS FIGHTING! CHUM KIU SIU LIM TAO JEET KUNE DO
TÍTULO: JKD STREET DEFENSE TACTICS: TÍTULO: EXPLOSIVE DUMOG TÍTULO: JKD STREET TRAPPING”
inglés/Español/Italiano inglés/Español/Italiano
AUTOR: TIM TACKETT
REF.: DVD/JKDTIM3
REF.: DVD/EFS1
TÍTULO: JEET KUNE DO BRUCE LEE’S YMCA BOXING
REF.: DVD/YAW2 TÍTULO: YAWARA KUBOTAN AUTOR: MASTER PEREZ CARRILLO
TÍTULO: JKD EFS KNIFE SURVIVAL AUTOR: ANDREA ULITANO
REF.: DVD/DP1 TÍTULO: 5 EXPERTS - EXTREME STREET ATTACKS AUTORES: VICTOR GUTIERREZ, SERGEANT JIM WAGNER MAJOR AVI NARDIA, J.L. ISIDRO & SALVATORE OLIVA
AUTOR: BOB DUBLJANIN
TÍTULO: JEET KUNE DO ELEMENTS OF ATTACK
REF.: DVD/SILAT3
TÍTULO: JEET KUNE DO
DVD/RANDY4 TÍTULO: CONCEPTS & PRINCIPLES
inglés/Español/Italiano
REF.: DVD/JKDTIM4
REF.: DVD/JKDTIM2
REF.: MUKRANDY4 REF.: MUKRANDY6
REF.: MUKRANDY5
REF.: MUKRANDY3
TÍTULO: JKD
REF.: DVD/RANDY3 TÍTULO: WING CHUN KUNG FU: BIU JEE
REF.: DVD/SILAT
INGLES
OUTROS ESTILOS
REF.: DVD/JKDTIM
REF.: MUKRANDY1
REF.: MUKRANDY2
TÍTULO: THE WOODEN DUMMY INGLES/ITALIANO
TÍTULO: PENTJAK SILAT
REF.: DVD/SILAT4
REF.: DVD/BURTON REF.: DVD/BURTON2 TÍTULO: JEET KUNE TÍTULO: JEET KUNE DO UNLIMITED DO UNLIMITED
TÍTULO: TÍTULO: ESPADA Y DAGA BUKA JALAN SILAT
“Posição da Meia Lua” - Chakrásana Como em muitos aspectos todos somos simétricos, existem chacras traseiros, além dos dianteiros que são os mais conhecidos. Isto permite a conexão com o Universo, posto que estes se comunicam com ele mediante as vibrações, além de mediante as influências da luz. As variadas posições do Yoga se executam não só para relaxar e abrir o corpo, como também para abrir e influir na mente e no corpo, para que aceite e se comunique com estas energias, assim como com a luz. Provavelmente, o mais extraordinário de tudo seja a possibilidade de que o nosso corpo contenha células capazes de apanhar eficazmente a informação e a energia da radiação ultravioleta. Explicaremos isto mais detalhadamente. A energia do Sol penetra na pele devido à transformação química em vitamina D3, que é transportada ao fígado e aos rins para a transformar em vitamina D. Os níveis baixos de vitamina D podem levar a ter baixo o cálcio dos ossos, aumentando assim o risco de fracturas. Mesmo que a vitamina D não fizesse mais nada que proteger os ossos, continuaria a ser essencial e as provas indicam que faz muito mais! Muitos dos tecidos dos músculos contêm vitamina D, possibilitando a eficaz absorção do cálcio. Mas existem receptores similares em muitos outros órgãos, como a próstata, o coração, os vasos sanguíneos, os músculos e as glândulas endócrinas, e o seu trabalho progressivo provoca que sucedam coisas boas quando a vitamina D chega a estes receptores. A ciência está cada vez mais de acordo com que não só estamos feitos de átomos e moléculas, como também estamos feitos de luz. Todos nos apercebemos de que a luz não só afecta o nosso corpo como também é absorvida para estimular certos ritmos biológicos. Além disso, a ciência nos ensina que os biofotões são emitidos pelo corpo humano e são libertados devido à capacidade mental. A existência desta luz endógena foi descoberta em 1920, pelo embriologista russo Alexander Gurwitsch e ficou definitivamente demonstrada quando finalizava a década dos 60, graças ao uso dos métodos mais modernos. A luz pode também modular os processos fundamentais de comunicação e o ADN de célula para célula.
Os bio-fotões são utilizados pelas células de muitos organismos vivos para comunicar-se, o que facilita a transferência de informação e a energia que é mais rápida que a difusão química. A comunicação de célula para célula, mediante os bio-fotões, tem sido demonstrada em plantas, bactérias, animais, granulocitos neutrófilos (o tipo mais abundante de células de glóbulos brancos nos mamíferos e que forma uma parte essencial do sistema imunitário), assim como nas células dos rins. Os pesquisadores demonstraram que a estimulação mediante diferente luz espectral (infravermelha, vermelha, amarela, azul, verde e branca) em um extremo dos sensores espinhais ou nas raízes dos nervos motores, provoca um aumento significativo da actividade fotónica do outro extremo. Isto sugere que a estimulação mediante a luz pode gerar biofotões que a conduzem através das fibras neuronais, provavelmente como sinais de comunicação neuronais. Inclusivamente a nível molecular do nosso genoma, o ADN (a onda de bio-fotões) se emite da cromatina do núcleo da célula. Os estudos indicam que a hélice da molécula do AND exibe a forma armazenar a luz de maneira eficaz. Isto se pode definir também como uma fonte de emissões de bio-fotões. Estes biofotões são emitidos de maneira que afectam à aura do corpo. Os bio-fotões se caracterizam por um grau extremamente alto em seu ordenamento, que se pode descrever como um tipo de laser biológico que é capaz de criar interferências e parece ser o responsável por muitas afecções que a luz incoerente ordinária não poderia conseguir. Esta alta coerência proporciona à onda de fotões a capacidade de criar a ordem de transmitir informação, enquanto que a caótica luz incoerente simplesmente transmite energia. Estes bio-fotões têm o poder de ordenar e regular, e ao fazer isto, elevar o organismo a uma maior vibração. Isto se manifesta mediante uma sensação de vitalidade e bem estar. Os praticantes de Yoga sabem também que o respeito à nutrição adequada do corpo proporciona um maior desenvolvimento da funcionalidade, do espírito e do conhecimento, posto que uma determinada dieta é um factor crítico na evolução ascendente dos praticantes a uma esfera superior de realização energética.
Texto: Evan Pantazi Yoga Instrutor: Carolina Lino - Ponta Delgada, Açores Foto de Tiago Pacheco Maia - Ponta Delgada, Açores
A luz do Sol é vital, sem ela não há vida. Todos nos apercebemos do feito revitalizante da luz do Sol no nosso corpo e espírito, quando após o longo inverno gozamos dos primeiros raios de Sol. Mas podemos absorver a energia do Sol através dos alimentos, assim como através do corpo. As últimas pesquisas mostram que além da composição química da comida, a energia da luz (bio-fotões) é um factor importante na qualidade dos alimentos. Quanta mais luz seja capaz de armazenar a nossa comida, mais nutrientes nos proporcionará. Por exemplo, as hortaliças e as frutas que cresceram naturalmente sob a luz do Sol, são ricas em energia da luz. A capacidade de armazenar bio-fotões pode desta maneira ser uma medida da qualidade da comida. Esta energia do sol armazenada encontra o seu caminho até as células através dos alimentos, em forma de pequenas partículas de luz. Estas partículas de luz (bio-fotões), que são as unidades mais pequenas de luz, contêm importante bio-informação, que por sua vez controla os complexos processos vitais do nosso corpo.
“Posição da Meia Lua” Chakrásana Com os pés juntos, para inibir a energia que sobe pela parte interior das pernas, o praticante toca primeiro as pontas dos dedos indicadores e os dedos polegares, formando um triângulo, imitando o feitio de muitos chacras frontais. Primeiro se forma isto com as mãos em frente do chacra raiz com o padrão de triângulo; então, o praticante estica os braços para cima, sobre a sua cabeça, com as palmas estendidas. Quando o praticante inclina para trás as palmas, as partes internas dos braços, a parte frontal do corpo e a zona baixa das pernas, tudo se estica ao mesmo tempo, per mitindo ao praticante sentir as vibrações energé tic a s fortalecidas. Isto permite a energia do Sol ou da atmosfera, entrar através dos chacras frontais, além de pelos nadis mais pequenos no corpo esticado. A parte baixa das pernas esticadas transfere esta energia ao chão com segurança, enquanto que a luz flui para o corpo quando está orientado para a luz do Sol. Quando o corpo se inclina para trás não permite que as energias subam, posto que a parte interna das pernas está selada, as costas e os ombros se comprimem, preservando o fluir livre neurológico ou a transferência energética. Esta posição também oculta estas zonas particulares da sua própria luz, focalizando a absorção da luz apenas nestas portas frontais, em vez de numa entrada equilibrada pelos chacras e nadis frontais e traseiros. Quando a luz é absorvida através dos portões e nadis frontais, se concentra a luz espectral que entra (infravermelha, vermelha, amarela, azul, verde e branca) nos nervos sensoriais, aumentando-se a dispersão na actividade biofotónica por toda a estrutura. A luz dirigida através das fibras neuronais, como comunicação neuronal, manda uma série de mensagens ordenadas e reguladas, que leva o organismo a um nível maior de frequência vibratória baixa, a nível do ADN. Esta focalização frontal limpa a energia do corpo que se dirige para o chão, mediante a luz solar pura e directa, eliminando o estresse e os restos da energia parada. A luz energética apropriada penetra na parte interna do corpo através dos alimentos que comemos, tendo assim um círculo completo de nutrição energética para a nossa alma.
Sorria durante toda a posição (e com todas as posições, acções e posições), mas especialmente quando se esticar para trás. Isto estica os músculos faciais, além de permitir uma maior absorção de energia da luz. Isto proporciona uma sensação de juventude (além da aparência) e a felicidade de uma criança despreocupada.
Respiração e intenção Comece situando-se com os pés juntos e inspire profundamente pelo nariz, permitindo a energia fluir em direcção ao chão. O equilíbrio proporcionado pela actividade das partes direita e esquerda do cérebro, cria uma fonte de energia que desce até os nervos motores e os tornozelos e a parte exterior do pé. Durante a inalação, se sente o ar ou a energia que flui para baixo, para o períneo e para a parte traseira das pernas e a parte externa do pé, criando uma conexão entre corpo e mente, onde se estabelece. Então, o praticante forma o espaço triangular com as mãos, larga o ar devagar, sentindo a energia que subo pela espinha desde o chacra raiz em direcção às mãos e ombros. A espinha dorsal está ligeiramente curvada para permitir um fluir livre. Mais uma vez, levantando os braços por cima da cabeça e para trás, se inspira profundamente, sentindo as vibrações nas palmas, a parte interna dos braços e a parte frontal do corpo, descendo para o chão, limpando o corpo completamente. Tem de se deitar fora o ar devagar, nesta realização completa da posição, para estabilizar o peso do corpo para uma ulterior procura de estímulo eléctrico desde o cérebro aos músculos que mantêm esta posição. Quando se inspira, de novo sentimos que a luz do sol absorve o calor das vibrações mais finas para o nosso núcleo e transcende para o chão. Permitimos que a luz se manifeste completamente para nós, enquanto o nosso corpo, mente e espírito se rejuvenescem e se nutrem completamente. No próximo número: “De pé, dobrado para diante” Pádahastásana
COMO ESTÁ PLANEJADO O “FU-SHIH KENPO” (2ª Parte) Nas técnicas de contacto, por vezes, interceptando tem de se adiantar a perna (esq. ou dta.) para obstaculizar a perna adiantada do contrário. Desta maneira se bloqueia a sua linha de ataque. Seguidamente, bater forte e energicamente no membro atacante (braço ou perna) do adversário, a fim de o anular devido à dor ou ao adormecimento momentâneo pelo impacto. Em outras ocasiões batemos directamente no joelho, anca o membro atacante, (braço/perna). Quando a linha defensiva foi quebrada e o braço atacante (ou perna) foi também incapacitado, se pode chegar ao corpo e bater nele sem perigo tanto e donde se queira. Consoante a técnica e grau de perigosidade do oponente, por vezes nem sequer defendemos o ataque propriamente dito; antes sim entramos em contra, batendo em um ângulo contrário ao do ataque. Tem de se fazer com precaução, porque caso contrário se anula o braço avançado do adversário, tendo então de se anular o seu ataque preferentemente com um pontapé baixo à tíbia ou ao joelho, prevenindo assim que o oponente continue na linha de retirada e ataque desde outro ângulo. Esquiva, verificação e batimento ao corpo, rosto ou de anulação de um contra-ataque. Existem três tipos básicos de batimentos neste sistema: de CHICOTE, de PENETRAÇÃO e de PROFUNDIDADE
Batimento de Chicote Este é um golpe típico, praticado em quase todos os estilos de Artes Marciais. O golpe pode ser comparado a dar uma chicotada com uma toalha, ou como a língua de uma serpente, um movimento rápido de fora para dentro, percutor frontal de revés, ou no corpo a corpo (ura zuki, ura ken, kin geri, etc.). Não há intenção de penetração ou força neste golpe. O seu objectivo é a rapidez, (ser espontâneo e instintivo) e se usa principalmente contra pontos superficiais dos ossos, o nariz, os olhos, os lábios, clavícula, genitais, virilhas, menisco, axilas, bíceps, trapézios, plexo solar, costelas flutuantes, pescoço, e determinados pontos vitais. Se utiliza principalmente para desviar a visão do oponente e assim evitar um contra-ataque, ou como técnica de antecipação. O grau
de descarga irá variar conforme a capacidade do praticante em termos de velocidade e ponto de foco.
Golpe de Penetração Este golpe é um só movimento explosivo para fora, no qual se pratica uma penetração estimada em 7,5cm. A realização deste movimento é relativamente fácil, necessitando um grau de precisão. Os pontos principais são: as fontes, a mandíbula, ambos lados do pescoço, o coração, o esterno, o pâncreas, etc. Qualquer ponto do corpo que posso requerer um certo grau de profundidade na penetração do golpe. Portanto, há uma maior descarga (Tigre) no momento do impacto.
Golpe de Profundidade Este golpe é habitual em todo género de artes marciais duras. O golpe necessita uns 15cm de penetração. É um golpe para alcançar pontos mais profundos no corpo, ou quando temos o oponente contra a parede ou qualquer outra estrutura. O golpe de profundidade, normalmente finaliza uma combinação. Sendo este golpe o mais poderoso, não deveria ser utilizado até ter reduzido ou ferido consideravelmente o oponente. Quando usado demasiadamente cedo, ou seja, como técnica inicial numa combinação, isto deixa o oponente fora da possibilidade de continuar e então faz-se necessário começar o ataque de novo. Resposta directa a um ataque em curso. Reacção reflexa na acção defensiva/atacante.
AVANCE PROGRESSIVO RESPOSTA PROGRESSIVA O avance é usado de maneira construtiva para os seguintes propósitos: • Para adicionar impulso a um ataque de braço ou perna. • Para obstaculizar uma linha atacante. • Para quebrar interior e exteriormente numa série atacante ou defensiva. • Para cortar ou esquivar um movimento agressivo. • Para repor, para voltar a pôr em linha uma combinação atacante ou um contra-ataque defensivo. • Para deixar sem visão o oponente numa reacção concatenada de movimentos atacantes ou defensivos, que surgem em diversos ângulos e aplicados a diferentes zonas do
corpo, pelo que é quase impossível parar a avalanche de golpes.
LINHA DE RETIRADA Para que uma retirada seja bem sucedida, faz-se necessário bater na perna adiantada do contrário ou nas partes baixas do corpo. O uso de desgarro ou compressão de nervos, tendões ou pontos de pressão, são técnicas frequentes no Fu-Shih Kenpo, devido a que causam tanta dor que a mesma não permite toda futura agressão do inimigo. Logicamente, as mãos e especialmente os dedos devem ser treinados à consciência, para marcar, penetrar e agarrar. No Fu-Shih Kenpo, a garra é uma arma de curta e longa trajectória. O grau de dor e a ferida, quando se é apertado pela garra, é severo e por vezes as suas consequências são fatais. Esta técnica é a preferida de muitos praticantes de Artes Marciais, porque é tão rápida como um soco e numa situação de ataque ou defesa, proporciona mais domínio sobre o adversário.
BASE PARA UMA DEFESA CONSTRUTIVA 1) Parar ou bloquear a linha ofensiva, preferivelmente no círculo exterior (não se necessita tanta velocidade e é mais seguro). 2) Isolar ou destruir a perna ou o braço atacante, ao mesmo tempo que se provoca uma obstrução ou se paralisa uma possível agressão. 3) Contra-atacar ao corpo ou à cabeça, consoante a posição do corpo e a possibilidade de chegar ao objectivo. • Para no corpo a corpo (aproximação) tornar nula a penetração e/ou a profundidade de um possível segundo golpe do oponente. • Para anular a continuidade do adversário, estabelecendo uma reacção defensiva e atacante simultaneamente. • Para antecipar-se às ulteriores técnicas atacantes do sujeito. • Para desencadear ou activar a nossa própria energia interna, utilizando olhar penetrante e uma disposição mental decidida e concentrada. Por regra geral, no Fu-Shih Kenpo e principalmente quando o nosso inimigo mostra ser perigoso, não existe retrocesso. sempre avance. O retrocesso permite ao inimigo dominar e controlar as nossas reacções, proporcionando-lhe tempo para construir as suas manobras. “SE ESTIVERES BEM TREINADO E O TEU ESPÍRITU É FORTE, AVANÇA SEMPRE. É PROGRESSIVO”
“Neste sistema existem três tipos básicos de batimentos: de CHICOTE, de PENETRAÇÃO e de PROFUNDIDADE”
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“Eu sou um grou branco” Certa vez um estudante me perguntou por que motivo a maneira em que eu praticava o Boxe do Grou Branco era completamente diferente à maneira como a ele lhe tinham ensinado. A minha resposta foi simples e directa: “Tu estás fazendo Grou Branco, eu não”. Ele ficou perplexo, eu podia ver que ele estava tratando de interpretar o que eu tinha dito. Acabou por dizer que não percebia…, e de novo perguntou o que queria eu dizer? Então respondi que devia observar os outros estudantes e instrutores de o nosso estilo Grou e aprender deles, depois poderia voltar a mim e perceber o que eu tinha dito. Quando voltou ele me disse que parecia que a muitos outros custava um grande esforço realizar os movimentos e que eu os tinha dominado sem fazer grandes esforços, quando mostrava aos estudantes as formas e outros movimentos. Perguntei: “E porque é assim?”. Me disse que não sabia. Acabei com a as suas dúvidas e respondi à sua pergunta: “Podes ver que não estou praticando Boxe do Grou Branco. Não me estou esforçando na Arte. Não estou fazendo uma exibição procurando a admiração de outros para alimentar o meu ego. Simplesmente “eu sou um Grou Branco lutando!” Expliquei que se alguém continuava 'praticando' Boxe do Grou Branco só conseguiria alcançar os níveis básicos da Arte. Não conseguiria compreender os aspectos da luta ou da energia da Arte, a expressão da “esencial energy” e o espírito da Arte do Boxe do Grou Branco. A acção forçada não é uma “acção natural”. O que é mais natural que um Grou Branco na natureza, quando faz um movimento em posição estática? “O nosso Grou Branco, que surge da tradição do Zhenlan do Mestre Lin Yuan Dun de Fuzhou, China, está baseado e praticamente concentrado em um método marcial que se afasta da capacidade física suprema ou da grande elasticidade, visto estar delineado para que as pessoas se defendam em situações da realidade do mundo. O boxe do Grou Branco tem evoluído com o tempo tal e como devem fazer as boas Artes Marciais. Mas os estilos e escolas relacionados com ele se têm mantido fiéis à tradição de “usar o grou como forma de Boxe, imitando a sua aparência externa e fazendo sua a essência interna, juntando a forma com o espírito” - diz o Shifu Goninan. O Zhenlan Gongfu do Grou Branco partilha similitudes técnicas com a forma original, mas também incorpora métodos e teorias originais. O ênfase primordial reside no treino fundamental, que por sua vez se baseia nas habilidades, teorias, princípios e conceitos transmitidos por Fang Qiniang, Fundador do Grou Branco. A simplicidade que agora oculta a profundidade do sistema de Zhenlan, contrasta muito com o resto das Artes Marciais que actualmente se ensinam, nas que se encontram os chamados “Artistas Marciais profissionais”, que vivem do ensino, portanto é compreensível que tenha havido modificações de tipo comercial no ensino desses estilos. Esta comprometida situação surge quando a cultura tradicional está em colisão com a economia de Mercado que provoca a aparição dos Artistas Marciais profissionais e as escolas profissionais de Artes Marciais”. Nós só podemos lamentar esta triste situação!
Os movimentos do Zhenlan Gongfu são belos, graciosos, suaves e naturais. São elegantes à vista e fluem continuamente de um para outro. Os movimentos podem ser grandes ou pequenos, altos ou baixos, rápidos ou lentos. Depende da natureza dos indivíduos. O corpo está direito e os movimentos são directos, circulares, ligeiros, rápidos, suaves e vivos. O praticante de Zhenlan Gongfu deveria mover-se como um rio fluindo suavemente ou como uma nuvem que se desloca com ligeireza. Goninan explicava aos estudantes que o “Zhenlan Gongfu do Grou Branco é mais circular que outros estilos, e nisso se baseia grande parte da sua graça e energia. Os círculos geram energia. Tratando de bater com esses círculos, os braços sentem que estão aferrados a um ciclone de energia. Trata-se de técnicas de mão constantes e sem retorno. Ao mesmo tempo, o Zhenlan tem uma economia de movimentos que o faz único, limpo, discreto e letal - perfeito para se desfazer dos atacantes”. Eu disse ao estudante que para incorporar a acção natural “devia esforçar-se em perceber o Qiujin, a sensibilidade física e o conhecimento sensorial da mente como uma forma circular do Qi, que é natural, penetrante e rápido e pode manifestar-se em qualquer momento. O Qiujin se distingue acima de tudo por não necessitar retrair o corpo ou as extremidades. É uma força completamente penetrante e se transmite mediante os movimentos dos braços e das per nas. Comunica os movimentos de cada um com seu interior, adquirindo assim a habilidade de agir mediante “sensações” intuitivas. Por meio do processo da aprendizagem (que consiste em reconhecer e perceber, não em acumular e imitar) se devia começar a perceber como "o mental e o físico" interferem um no outro, e a desenvolver a habilidade de os combinar. O treino é feito mediante o processo de compreender os movimentos musculares,
a estrutura corporal (esqueleto, ligamentos e tendões, o Qi incorporado (a energia) e o próprio processo mental. Relaxar é fundamental para a Arte. Relaxar implica o processo de agilidade, suavidade, elasticidade e fa jing (liberação de poder). Logo que o praticante de Zhenlan toca nas mãos do oponente, pode sentir o peso do mesmo e o seu centro de gravidade, assim como da técnica ou do golpe que o oponente vai usar. Por último, o praticante de Zhenlan é capaz de pressentir a intenção do oponente sem contacto, mediante o conhecimento. Pode redirigir a força do oponente e usá-la contra ele ou incorporar o Fa Jin (golpes que liberam energia) dependendo do nível da ameaça. Muitas vezes tenho visto que alguns dos que praticam o Grou Branco e as Artes Marciais se moviam com velocidade e potência, mas também outros se moviam como caixas, carentes de entrar em contacto com o essencial da técnica. Muitos estavam fazendo 'demonstrações' do seu próprio ego, procurando a admiração dos assistentes. Seus movimentos eram extravagantes e chamavam a tenção, duros e externos, faltos de acção natural e de fluidez, carentes da verdadeira essência, energia e espírito. Inclusivamente quando os seus movimentos se tornam suaves, terão que descer seus níveis de estado natural. Quando chegam ao estado de ser, os seus movimentos se tor nam muito naturais e podem mandar a sua energia à vontade. É necessário perceber que todos estamos destinados a isso, assim como
“Como estás a ver, não estou praticando o Boxe do Grou Branco. Não me estou esforçando na Arte. Não estou fazendo uma exibição procurando a admiração de outrem para alimentar o meu ego. Simplesmente, “Eu sou um Grou Branco lutando!” aconteceu com aqueles que nos precederam. O psicólogo suíço Carl Jung redescobriu isto e o denominou “subconsciente colectivo”. A realidade sempre é física, se encontra entre nós e o mundo, em parte dentro e em parte fora, em parte pessoal, em parte impessoal, em parte material, em parte imaterial. Por isso, num mundo onde supostamente prevalece a razão, mais da metade do mundo acredita no espírito e no espiritual. Dentro das Artes Marciais tudo é energia. Procurem que a energia e a vossa visão do mundo vai mudando como o farão as Artes Marciais. Isto não é filosofia, é física. Por vezes, durante o estudo das Artes Marciais temos "Flashes". O que eu denomino simplesmente "faíscas brilhantes", de entendimento, da técnica, das aplicações não consideradas ou conhecidas. Estes são os momentos em que sentimos algo realmente especial acerca das artes. Vêm de maneira
rápida e têm o propósito de nos ensinar alguma coisa especial. É quase como se uma porta do templo se abrisse durante uns segundos, o que nos permite ver ou sentir algo maravilhoso... Uma nova maneira de pensar, mover-se, compreender! Quando o vosso subconsciente e o nosso consciente se unem, acontecem estes “flashes” e sentiremos alguma coisa sob uma luz completamente nova. A conexão entre corpo e mente era a única “tecnologia” com a que o antigo Mestre tinha que trabalhar. Não é de estranhar que soubessem tantas coisas das que agora estamos redescobrindo a sua verdade. Os Mestres antigos realmente percebiam o “pensamento” passando da intenção à acção! O antigo caminho das Artes Marciais era orgulhosamente mais profundo e levava consigo mais conhecimento que aquele que seguimos hoje em dia. Aristóteles disse: “Educar a mente sem educar o coração, não é educar em absoluto”. Um verdadeiro mestre se ensina a si próprio em primeiro lugar. Não se importa de se alguém segue suas ensinanças e ideias. Preocupar-se por isso seria ter ego. O verdadeiro mestre faz o que tem a fazer, não o que se lhe diz que faça ou para que o vejam fazer. Se ninguém o escuta, não se desespera. Está certo de si mesmo. Estou em um ponto na minha vida que me parece ter aprendido a ser "simplesmente humano", sem esforço desnecessário nem ego. Não sinto necessidade de categorias, títulos ou de outro tipo de reconhecimentos. Me sinto feliz simplesmente "sendo". Isto não se encontra no êxito ou no fracasso, nem no esforço em todo momento da vida, posto que está no coração e no espírito do que realmente é importante. Não é o que sucede na vida, mas como reagimos perante isso que importa. Temos que deixar de nos esforçarmos tanto e simplesmente "ser". Esta é, então, a essência, a energia e o espírito do Boxe do Grou Branco. O Zhenlan Gongfu do Grou Branco é mais suave, mais fluido, mais grácil e com movimentos como de baile. Encarna uma subtil naturalidade que conduz a ser “natural e complexo, subtil e complexo. O resultado final é “tornar-se um Grou Branco”.
ACERCA DO AUTOR: É possível contactar com Ron Goninan por e-mail em: shifu@whitecranegongfu.info A página web é: www.whitecranegongfu.info disponível para Está sempre representantes e aqueles que procuram o Caminho.
Foto: “Mestre Lin Yuan Dun em acção” Foto: “Estátua do Fundador do Grou Branco, Fan Qiniang” Foto: “Shifu Ron Goninan e seu estudante número um, Wayne Jacobson”.
As técnicas da serpente no Shaolin Hung Gar Kung Fu Serpente As técnicas da serpente aumentam a vitalidade e a força interior. As suas técnicas têm a ver com a filosofia do elemento água. A serpente está sempre em movimento. Utiliza a força do Chi para seus ataques rápidos e específicos com os dedos, nas partes débeis do corpo do oponente, por exemplo, nas partes moles. As técnicas do estilo da serpente têm muita precisão e são menos selvagens. É muito importante imitar os movimentos suaves e flexíveis da serpente. A serpente se movimenta lenta e tranquilamente, mas seus ataques são directos e rápidos, quando os dedos indicados acertam e simbolizam a sua cabeça ou os seus dentes venenosos.
Karate Sensei Taiji Kase foi um dos grandes Mestres de Karate do Século XX. Conhecido no mundo inteir o como um lutador extraordinário e como professor de primeiro nível, nunca deixou de aperfeiçoar e desenvolver a sua Arte para criar seu próprio estilo. Pouco antes de falecer, em 2004 criou a A c a d e m i a International (Kase Ha Shotokan Ryu Karate-Do) e situou na sua direcção e orientação seus estudantes mais chegados, incluído Sensei Pascal Lecour t (na França), 6ºDan, que foi seu assistente mais destacado durante trinta anos. O legado completo de Sensei Kase per manece ainda vivo com a testemunha que segue. Texto: François Lehn Fotos: François Lehn & Sensei Christian Leromancer, 5º Dan
Entrevista de Sensei Pascal Lecourt, herdeiro do Mestre Kase.
Entrevista Sensei Taiji Kase: A verdadeira essência do caminho do Karate Sensei Pascal Lecourt, herdeiro do Mestre Kase Com motivo do lançamento do DVD "Fundamentos da Escola Kase-Ha", oferecemos ao nossos leitores esta entrevista com Sensei Pascal Lecourt, 6ºDan, que ensina em Rouen (França) e também é instrutor internacional. Foi estudante e assistente do Mestre Kase durante 30 anos. Seguidamente, ele nos proporciona um testemunho único acerca da essência da prática e das ensinanças do Mestre Kase, mas acima de tudo acerca do homem que era: um dos lutadores de Karate mais importantes do Século XX, um devoto apaixonado pela pesquisa e pelo estudo, para desenvolver e aperfeiçoar a sua Arte, um homem de grande humildade, sempre dedicado aos outros. Cinturão Negro: Sensei Kase está considerado uno dos mais grandes Mestres do Karate do Século XX e um destacado lutador. De onde vem a sua reputação? Sensei Pascal Lecourt: Antes de ser um Grande Mestre foi um líder e pioneiro do Karate em França. Sensei Kase foi acima de tudo um grande lutador. Não só foi fonte das primeiras regras das competições de Karate no Japão da JKA (Associação Japonesa de Karate) após a morte do Mestre Funakoshi, também foi ele quem respondeu aos desafios lançados contra o Karate pelos competidores de outros desportos de combate. Naquele momento, isso era um acontecimento muito comum e como o Karate estava começando a dar-se a conhecer, era importante demonstrar seu valor. Foi enviado por todo o mundo para promover o Karate e a JKA, junto com um grupo de especialistas em que se encontravam os Senseis Enoeda, Shirai e Kanazawa. Teve que lutar em combates reais, sem juízes nem regras, contra pugilistas e lutadores e todo tipo, etc. Para ele, não era tanto uma questão de lutar por prazer ou para avaliar a sua técnica, era
pela honra do Japão e do Karate. No DVD, a Sra. Kase fala nessas lutas e diz-nos que não perdeu nem um só combate. Este aspecto da sua vida contribuiu à sua reputação de lutador excepcional, o que sem dúvida era certo. Muitas são as histórias acerca das lutas reais em que participou. Quando ouvimos dizer que o Karate tradicional e em especial o de Sensei Kase não é realista, não posso nem acreditar que se possa dizer uma coisa assim... "Durante as sessões de treino, por vezes houve mortos" Kase Sensei se formou numa época em que o Japão estava em guerra; a vida e a morte pendiam de um fio. O Karate se ensinava de maneira rigorosa e realista. Kase Sensei nos disse que durante os treinos, por vezes houve mortes, posto que o karateka estava completamente dedicado à sua prática e porque o Karate estava dirigido à realidade. O Ministério do qual dependia, optou por olhar para outro lado. Era necessário formar, a fim de lutar contra a invasão estado-unidense. O espírito militar da época e o facto de o Japão estar em guerra, contribuíram a dar um espírito forte e implacável à formação. Com 16 anos, Sensei Kase se alistou na Marinha, na divisão dos Kamikaze. No dia em que recebeu a ordem de levantar voo foi o dia da firma do armistício.
Tinha recebido treino militar e teria participado na guerra. Sinto-me feliz de que a História o tenha salvo.
"Uma técnica deve matar" Partindo desse período e desse género de formação, se tem mantido algo essencial que marcou o seu Karate durante toda a sua vida. Não só se tratava de um instinto de vida e de combate, como também de um forte apego à "Ippon Shobu", com a qual estava muito a favor. quer dizer, a vitória por meio de uma só técnica, bater e nocautear um oponente em um só movimento, perfeito e decisivo por sua velocidade, potência e precisão. “Uma técnica deve matar"- acostumava a dizer. O Mestre Kase não tinha rival nessa sua maneira de praticar. Era conhecido e reconhecido por seu sem igual Kime. Sabia como enfocar um máximo de energia em cada uma das suas técnicas. Além disso, a sua educação e a sua família também ajudaram a formar a sua personalidade como homem e como um lutador. Ele me disse uma vez, que seu pai era muito exigente e o proibira de se queixar. Sendo muito criança, quando voltava da escola um dia se caiu e se magoou nos joelhos. Chorou o tempo todo no caminho para
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Entrevista casa. Em frente da sua casa secou as lágrimas, se aproximou do pai sem chorar, foi para o seu quarto e tornou a chorar. Estas histórias da sua vida e do seu contexto histórico são só alguns dos elementos que nos levam a compreender o que em determinados momentos da sua vida o ajudou a se desenvolver na sua prática. Mas se alcançou a condição de Grande Mestre foi por ter superado os parâmetros mais duros e sempre tratou de melhorar seu Karate. Ao longo da sua vida se destacou por se aproximar à própria essência do Karate. C.N.: Quais são as características que fizeram único o seu estilo? S.P.L.: Sensei Kase foi um génio da Arte. A sua visão da prática era única. Por exemplo, é o único em que se juntaram os princípios da escola das duas espadas
"Ninten Ryu", de Miyamoto Musashi, (que pertence à historia feudal do Japão) com o Karate moderno do Mestre Funakoshi. Esta pesquisa o levou a desenvolver muitas técnicas de mão aberta, como se os braços e as mãos abertas fossem espadas por si mesmas. Esta descoberta não só é também aplicável em ambas guardas e adaptada a diferentes alturas, dependendo da circunstância, como também nos bloqueios e bloqueios duplos, nos contra-ataques, as paradas, no movimento ou na sincronização. Esta característica de desenho é única no seu estud o .
Também desenvolveu várias combinações dedicadas à aprofundar esta descoberta, ambas com as mãos abertas ou com os punhos fechados. As diferentes técnicas: O-Wasa, ChuKo-e Wasa e Ko-Wasa (longa, media ou curta distância) também são características da sua prática. Outra característica do seu estudo é o conhecimento subtil e o domínio da respiração. A sua energia se baseia na sua profundamente respiração. A respiração era para ele o factor crucial para aumentar seu poder; o fluir de energia que dela provém era essencial. Os quatro princípios da respiração, com suas ramificações, que desenvolveu e que se descrevem no DVD, são a chave. Por outra parte, o Mestre Kase era capaz de alcançar uma relaxação profunda do corpo, o que lhe deu uma facilidade de movimento sem precedentes e favoreceu uma expressão pura da energia. Ele ensinou a ir de 0 (relaxado) até chegar a 100 (tensão) numa fracção de segundo e a continuação, voltar a 0 com a mesma rapidez. Também há um aspecto de toda a energia e a vibração, que é específica para o seu estudo. Insistiu na ligação com a Terra: "ten shin jin", acostumava a dizer: céu terra homem. A unificação do homem com o céu e a terra, podem desenvolver uma forte energia através da técnica. Com os pés no chão e a cabeça no céu, pode capturar a energia do céu, com os pés ancorados, a fim de capturar a energia e as emanações da terra. "O homem é como uma ponte entre as duas, o homem é a expressão das duas energias. Quanto mais se concentra a exalação em um ponto, melhor funciona a técnica" - acostuma dizer. Sensei Kase também ensinou que quando se dispersa o espírito, a energia se perde no universo. Também insistiu muito na visualização, o que foi um ponto crucial. Mas muitas outras coisas se
Karate poderiam dizer das fantásticas descobertas que fez nas suas pesquisas. C.N.: Tu que o conheceste como homem…, como era na sua vida quotidiana? S.P.L.: O Mestre Kase acostuma dizer que "O Karate é vida e a vida é Karate". A Arte ou a vida têm os mesmos mecanismos. Levou esta frase tão longe como lhe foi possível... Era um homem humilde, decidido, com um profundo desejo de saber, de estudo e aperfeiçoamento da sua arte, aberto aos outros e cheio de bondade para os seus alunos. Amava os seres humanos. Não existia nenhuma rudeza nem brutalidade na sua prática, deu valor ao nível artístico, em seu sentido profundo. Quer dizer: a energia agressiva é vulgar. A energia do Mestre é positiva, criativa e permite-lhe enquanto que a negativa destrói a outra pessoa. No kumite, por exemplo, quando o ego tem prioridade, é uma agressividade que se enfrenta à agressividade. Sensei Kase nos dizia: "É melhor quebrar o braço do oponente com técnicas de mão aberta (Shuto), em vez de destruir a integridade física da pessoa". Assim protegemos a pessoa e nos protegemos. Foi de alguma maneira irónico como Mestre de Karate, mas também deixou a marca do seu trabalho interno e do seu progresso na compreensão da essência do Karate. O Mestre Kase viveu para o estudo, foi um dos mestres mais avançados da sua geração nesta procura. Como muitos artistas, trata-se de indivíduos que se alimentam dos seus estudos. Não estava interessado em quais podiam ser os efeitos ou em obter algum reconhecimento internacional. Não sabia quanto dinheiro ganhava, quantas pessoas assistiam aos seus treinos, ou que género de glória poderia alcançar. Não tinha nenhum interesse no interesse, apesar de ser um mestre reconhecido internacionalmente e altamente procurado. Seu irmão disse no dia do seu funeral em Père Lachaise, que não sabia tinha chegado a ser tão conhecido em todo o mundo. O Mestre Kase não estava procurando nenhum "alto encargo". Quando estava no Japão com ele, em 1987, a JKA procurava um verdadeiro líder. Perguntei-lhe se estava interessado. Ele respondeu que se tivesse de se encarregar dessa organização mais uma vez, nunca mais poderia vestir o quimono… Teria de vestir de “fato, gravata levar consigo uma caneta…” O que ele queria sempre era praticar e aprofundar nos seus estudos. Na França também não procurou obter um bom dizia: Frequentemente lugar. "Primeiro é a liberdade".
era um Grande Mestre, ele apenas sorriu e continuou a andar. Um dia eu lhe disse: "Sensei, mais tarde ou mais cedo tem de morrer e não há nada acerca de si, não há livros acerca de si, do seu estudo ou da sua compreensão da prática, não há um DVD, não há nada". A sua resposta foi:
"As suas ensinanças eram para todos" Ao Mestre não se preocupava com a glória nem o reconhecimento. Não lhe agradavam as entrevistas nem gostava de estar em evidência. Quando lhe disseram que
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Entrevista "No dia que escrever um, já nada terei a dizer. Se o escrevesse hoje pode muito bem ser que me contradiga daqui a dez anos". A única coisa que realmente para ele era importante na sua prática era a pesquisa da essência do Karate, o estudo, a investigação e o ensino. O seu ensino era para todos, sem elitismos. No entanto, para se ter acesso a ela era preciso superar-se a si próprio.
"Amor, perdão, amabilidade, honra" A conclusão final para a sua incomum personalidade era que ele não gostava de conflitos. Lembro-me bem que durante uma sessão de treino treinamos muito arduamente e um grupo de indivíduos de repente se sentou no meio do ginásio. Eu estava furioso de os ver ali, daquela maneira; queria lançar-me sobre eles, mas o meu Mestre me deteve,
negando com a cabeça. Outra vez, na Finlândia, em 1996, fazia bom tempo, estávamos no exterior depois de um curso de treino e ele me disse: "Sinto-me bem porque não temos nenhum conflito, isto é como se fossem umas férias". Também era um bom pai. Era apaixonado por máquinas de fotografia (tinha várias em casa), pela Astronomia e pela Literatura Francesa, Russa, e Japonesa clássica. Sempre andava à procura do equilíbrio em todos os aspectos da sua vida. Uma última coisa me vem à memoria. Em seu funeral, na França, um monge Zen que conhecia bem Sensei Kase, leu uma oração fúnebre. A tradição é recordar as maiores qualidades do falecido. O monge falou do seu amor, perdão, amabilidade e honra. Eu guardo estas virtudes no meu coração e faço tudo o possível por utilizá-las nas minhas ensinanças e na apresentação do Karate desenvolvido pelo Mestre Kase.
Datas e factos importantes na vida do Mestre Case Sensei Taiji Kase nasceu a 9 de Fevereiro de 1929, em Tóquio. Em Fevereiro de 1944, contando 15 anos, dá entrada no Honbu Dojo Shotokan, onde treina com Yoshitaka Funakoshi Em Março de 1945 se inscreve na Escola da Marinha, na secção de Pilotos Kamikaze. Ali permanece até finalizar a Guerra. Em 1949, com 20 anos, Sensei Kase é o mais jovem em alcançar a categoria de Sandan. Faz-se professor e ensina Kumite, treinando instrutores como Enoeda, Shirai, Kanazawa e Ochi. Em 1965, o presidente da JKA e o Ministro de Assuntos Estrangeiros do Japão o encarregam de realizar a difusão do Karate-Do por todo o mundo. Chega a Paris em Agosto de 1967, onde se estabelece com sua família. Ali iria morar durante o resto da sua vida. A partir de 1976 ministrou seminários por todo o mundo. Em Maio de 1999, Sensei Kase teve o primeiro ataque ao coração. Após seis meses de descanso forçoso, volta a dar lições e ao seu treino. Em 2004, funda a Academia International (Academia Kase Ha Shotokan Ryu Karate-Do)
Karate Sensei Kase vem a falecer a 24 de Novembro de 2004. É enterrado no cemitério Père Lachaise, de Paris. Chegaram para apresentar o seu respeito seus familiares, amigos e estudantes de todo o mundo.
Sensei Pascal Lecourt: um DVD e as etapas para transmitir a herança Depois de trinta seis anos de prática, incluindo trinta como estudante e assistente de Sensei Taiji Kase e de que o mesmo o designasse Director da "Academia Kase Ha Shotokan Ryu Karate Do", na França, Sensei Pascal Lecourt, 6ºDan, reúne e explica pela primeira vez em um DVD, os fundamentos da Escola Kase-Ha. Sensei Lecourt explica as técnicas e a expressão da energia, que se tornaram o selo distintivo da Escola Kase-Ha. A ciência do combate, sem precedentes, e a subtileza do estudo das pesquisas realizadas por Sensei Kase, as quais desenvolveu até falecer, justifica que uma das poucas pessoas que melhor o conheceram e o seguiram durante muitos anos, empregue um tempo para explicar a essência do Karate de Sensei Taiji Kase, a todos os apaixonados do Karate e as Artes Marciais em geral. Em especial, há neste DVD uma entrevista em vivo com Sensei Pascal Lecourt, onde ele fala da sua proximidade ao professor e toda a transmissão interna, espiritual e filosófica levada a efeito durante os trinta anos de estreito relacionamento. Também encontramos uma entrevista com a Sra. Kase Chieko, esposa de Sensei Taiji Kase, onde nos diz o que foi a vida do Mestre desde a etapa do Japão após a guerra, até o seu último suspiro. Para mais informação e para saber mais acerca dos cursos de treino que se ministram em Paris e no resto da França, ou para pedir este DVD, contactar com Sensei Pascal Lecourt na Internet: http://www.lecourtpascal.fr/ Para qualquer informação, podem falar com ele nesta conta de Facebook page: Pascal Lecourt Kase-Ha
“Em seu funeral, na França, um monge Zen que conhecia bem Sensei Kase, leu uma oração fúnebre. A tradição é recordar as maiores qualidades do falecido. O monge falou do seu amor, perdão, amabilidade e honra”
Kihon waza (técnicas básicas) es la parte más importante del entrenamiento de cualquier Arte Marcial. En este DVD el Maestro Sueyoshi Akeshi nos muestra diversas formas de entrenamiento de Kihon con Bokken, Katana y mano vacía. En este trabajo, se explica en mayor detalle cada técnica, para que el practicante tenga una idea más clara de cada movimiento y del modo en que el cuerpo debe corresponder al trabajo de cada Kihon. Todas las técnicas tienen como base común la ausencia de Kime (fuerza) para que el cuerpo pueda desarrollarse de acuerdo a la técnica de Battojutsu, y si bien puede parecer extraño a primera vista, todo el cuerpo debe estar relajado para conseguir una capacidad de respuesta rápida y precisa. Todas las técnicas básicas se realizan a velocidad real y son posteriormente explicadas para que el practicante pueda alcanzar un nivel adecuado. La ausencia de peso en los pies, la relajación del cuerpo, el dejar caer el centro de gravedad, son detalles muy importantes que el Maestro recalca con el fin de lograr un buen nivel técnico, y una relación directa entre la técnica base y la aplicación real.
REF.: • IAIDO7
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A inauguração do novo ginásio UFC Gym em New Hyde Park Nassau, NY, é um grande passo para conseguir que as Artes Marciais Mistas sejam aprovadas como desporto legal em Nova Iorque.
O maior Ginásio de Artes Marciais Mistas e fitness da Costa Leste
Vista de frente do Ginásio UFC. Campeão do UFC, Joe James Maurice Elmalem Campeão do UFC, Forrest Griffin. Demonstração. UFC campeão Frankie Edgar.
Texto e Fotos: GM Maurice El Malem
Novo ginásio UFC o maior da Costa Leste O Ginásio UFC de Artes Marciais Mistas e Fitness é o de maior tamanho da Costa Leste, com 35.000 metros quadrados no andar térreo e seu próprio estacionamento para carros. Este impressionante ginásio, que conta com grande número de máquinas de exercícios, especialmente desenhadas para a nova era do desporto e trabalho corporal, está ao alcance de todo aquele que possa e queira usá-lo para melhorar seu corpo, alma e mente. Há máquinas de correr, bicicletas estáticas, sacos de Boxe, peso livre, bancos de abdominais, e máquinas de ginástica para trabalhar todas as partes do corpo. As instalações são um elemento essencial, contam inclusivamente com um clube de treino de Ju Jitsu para aprender Artes Marciais brasileiras, que são uma parte importante do treino para o UFC, para poder lutar no Octógono. Quando entrei e experimentei o ringue, senti que era seguro para a prática. O chão é acolchoado, para absorver o que são elementos importantes dos combates da UFC, como quedas, varrimentos, derribamentos, chaves e cotoveladas. Esta tecnologia do chão acolchoado é excelente para evitar lesiones que é algo que preocupa a todo o que participa em desportos de contacto. Na zona dos sacos de Boxe, há mais de 30 sacos que estão situados a diferentes alturas, para permitir aos praticantes alcançar seu máximo nível quando batem neles. As salas de aulas também têm o chão acolchoado. O novo ginásio UFC tem uma zona grande de recepção, café, lojas de desportos que vendem géneros vários, camisetas e equipamento de Artes Marciais Mistas. A quota de inscrição no ginásio é 50 dólares por mês para o treino básico e 100 dólares para os programas especiais. Há treinadores pessoais para cada secção e especialistas nas diversas Artes Marciais Mistas praticadas no ginásio. As instalações estão abertas 24 horas por dia, sete dias por semana e se encontra perto da Auto-Estrada de Long Island. O dia da inauguração foi muito especial, devido à presença das estrelas do UFC, que vieram prestar seu apoio e a mim me proporcionou o ensejo de reencontrar alguns amigos. Tive ocasião de entrevistar Chuck Liddell, Campeão do Mundo do UFC, um nativo da Califórnia, de alcunha “o homem de gelo”, por ter deixado nocaute a alguns dos melhores lutadores do UFC, como Tito Ortiz no UFC 47, Jeremy Horn no UFC 54 e Randy Couture no UFC 43, na revanche. Durante aquele breve encontro, fiz-lhe algumas perguntas para a nossa revista. Cinturão Negro: A que idade começaste a treinar Artes Marciais Mistas? Chuck Liddell: Com 12 anos - Eu praticava Luta Livre muito activamente, mas resolvi mudar para as Artes Marciais Mistas e treinar sete dias por semana. CN: Qual foi o combate mais emocionante e memorável da tua carreira nas Artes Marciais Mistas, como Campeão do UFC? CL: Penso especialmente no combate com Randy Couture no UFC 52. Tive de recuperar o Cinto de Campeão dos pesos semi-pesados do UFC e demonstrar ao mundo que sou o autêntico campeão, por ser o primeiro e único homem que deixou ko o Randy Couture. Eu não podia ter outra derrota como a que padeci com Randy no UFC43. CN: Depois de te teres retirado do UFC, em que empregas o teu tempo? CL: Gozo estando com a minha família. Treino lutadores e faço a promoção a organização UFC, por todo o mundo. Também participo de seminários e visito ginásios do UFC. CN: Qual o teu conselho para os novos lutadores do UFC? CL: Que tenham disciplina, muita prática e todos os dias. Sejam bons com os amigos e a família e sejam um bom exemplo, sem drogas. C.N.: Agradecemos o teu tempo a nós dedicado e te desejamos que te tudo corra pelo melhor.
Muitas outras estrelas do UFC assistiram ao evento: Jon Jones, Campeão UFC, que esteve muito atarefado dando autógrafos e sendo fotografado com quase todos os presentes, sorrindo e sempre comportando-se como um cavalheiro. Jon é um grande campeão do UFC. Venceu Rashad Evans no UFC 145; “Mauricio Shogun Ria por KO no UFC 128; Stephan Bonnal no UFC 94; André Gusmão no UFC 87. Ainda está muito activo como Campeão das Artes Marciais Mistas no UFC. Forrest Griffin ex-campeão do peso semi-pesado do UFC, com um record de 19-7-0, de Columbus, Ohio. Foi oficial da Polícia e agora está dedicado completamente ao UFC. Frankie Edgar ex-campeão dos pesos ligeiros do UFC, um homem encantador que trata todos com respeito e é um grande profissional. B.J. Penn, o favorito, ex-campeão do UFC, praticante de Muay Thai e Jiu Jitsu, ambicioso e muito carismático. É uma estrela emergente nas MMA.
Wing Chun Encarar-se De Novo, olá a todos! Neste meu segundo artigo para Budo International, gostaria de falar acerca do conceito de CRCA Wing Chun de “Encarar-se.” O termo “encarar-se” (Ying Sai) em Wing Chun significa a referência frontal de um lutador com respeito ao outro. Por sua vez, o termo Ying Chiu se refere à “Posição de Orientação” de um lutador com respeito ao outro. A “Vantagem de encarar-se” sucede quando um lutador está situado de frente e o contrário está de costas para ele. Esta vantajosa posição não supõe uma vitória em si mesma, só uma posição vantajosa para atacar ou defender. Pode encontrar uma similitude simples desta posição de encarar-se, na maneira em que os barcos de guerra combatiam nos grandes mares. Posto que tinham as armas situadas em ambos lados apontando a 90º da proa e popa, para abrir fogo sobre o adversário, tinham que situar-se ao lado do adversário antes de disparar. A desvantagem consistia em que apesar de que podiam focalizar a sua potência de fogo sobre o adversário, o adversário estava em posição para contra-atacar e disparar com a mesma eficácia. Esta posição equitativa provocava que ambas partes parecessem grandes danos. Afinal, m deles era afundado. Após muitas experiências deste tipo no combate naval, algum estratega astuto achou a solução, uma estratégia conhecida como “cruzar a T”. Este termo faz referência à posição em que um barco se situa de lado, enfrentando a popa do outro barco. Isto permite ao barco disparar contra o inimigo sem que o mesmo possa responder ao fogo. As suas armas estariam apontando para o mar, enquanto que as do outro barco apontariam para o objectivo. Esta é a ideia da vantagem na orientação em que as vossas “armas” apontam para o inimigo e as suas “apontam para o mar”.
Vantagem de orientação Quando o lutador de Wing Chun é capaz de conseguir a vantagem de orientação e situar-se de frente perante um rival que está de lado ou de costas, diz-se que se aproxima pelo “lado morto.” Por qualquer parte fora da “zona viva” - situar-se em 90°, com seu vértice de linha central e simetricamente referenciado de 45° a cada lado, o que se considera estar na Zona Morta. Esta Zona é a mais difícil de defender e quando o oponente a encara, também há uma relação angular que faz muito difícil contra-atacar. Portanto, a Zona Morta do oponente é a zona mais segura para lançar um ataque. O diagrama abaixo mostra uma perspectiva elevada da Zona Viva e a Zona Morta. desde três posições diferentes de luta. Diz-se que se tem “vantagem de orientação” quando uma parte da nossa Zona Viva (mesmo que seja pequena) coincide com uma parte da nossa Zona Morta e nenhuma parte da sua Zona Viva coincide com a nossa Zona Morta. Numa típica analogia do Wing Chun, a Zona Viva de 90° se pode comparar com os canhões de luz usados pelos guardas das prisões para localizar prisioneiros em fuga que correm campo através. Em combate, o lutador de Wing Chun interpreta dois papeis; é o prisioneiro em fuga, posto que usa
o seu jogo de pés para evitar ser detectado pelo “canhão de luz” do oponente. Também é o guarda da prisão e tenta manter sempre o “oponente” iluminado com sua própria Zona Viva. Portanto, há uma constante luta pela posição entre dois contendentes de Wing Chun de alto nível, no Chee Sau (mãos pegajosas), tanto no sparring como nos exercícios de prática. Penso que com isto, a importância de encarar-se no CRCA Wing Chun está fica claramente demonstrada. Podemos ver isto em muitas técnicas de combate, incluídas as mostradas aqui. O lutador de CRCA Wing Chun sempre deve ter em mente encarar-se, antes de realizar qualquer movimento de pés que modifique a relação. Sempre que seja possível, dará o passo na direcção que lhe proporcione a vantagem da orientação, por pequena que seja essa vantagem. O motivo desta estratégia é que a mais ligeira vantagem de orientação conseguida pelo primeiro passo do lutador de Wing Chun, pode ser aumentada pelo próprio oponente, até involuntariamente. Por isso, partindo de uma posição de guarda numa relação aberta, inclusivamente se formos dar um passo pequeno para fora da perna adiantada do nosso oponente para conseguir uma pequena vantagem, o oponente poderia aumentar essa vantagem dando um passo para dentro - talvez sem nem sequer saber que nos está dando a vantagem da orientação quando se movimenta para a única direcção que não está bloqueada pelo nosso pé. O oponente está seguindo o caminho livre que o leva à desvantagem da orientação, sempre e quando tenhamos dado o passo correcto para “o dominar”. Pode acontecer que o oponente nem sequer seja consciente de que essa vantagem existe. Por exemplo, quando se executa uma técnica desde uma relação aberta, (nós com a esquerda adiantada e ele com a direita), sempre daremos um passo com a nossa esquerda adiantada para fora da sua direita adiantada. Mesmo que a inerente vantagem de orientação que estamos construindo possa não ser aparente, se continuarmos movendo-nos ou ele continua movendo e pé para a frente, o oponente acabará por ficar de costas para nós - com a sua Zona Morta exposta. Desde uma relação fechada de esquerda (ambos lutadores com a esquerda adiantada), seria melhor dar um passo para o interior da sua perna adiantada quando executemos um Tão Da para parar seu jab com a esquerda. Dar um passo para fora “ficaria de costas para nós”. Este conceito funciona com a teoria da Linha Central, da qual escreveremos em um próximo artigo de Budo International. A meta é conseguir pelo menos uma das duas vantagens não ambas - a cada vez que executemos a técnica usando o jogo de pés. Dar um passo pensando em encarar-se correctamente, também funciona muito bem dentro de uma estrutura aplicada à defesa pessoal. No exemplo dado do Tão Da, teríamos dado um passo para fora, também teríamos debilitado o Tão Sau e o golpe, movendo o corpo para longe da direcção em que queríamos que se fortalecessem, provocando a torpeza e desequilíbrio do contrário. Em vez disso, dar um passo para dentro, para pelo menos criar uma vantagem de orientação igual, realmente somaria potência e estrutura angular a ambos movimentos. De facto, quanto mais para fora seja o nosso passo, mais ele se terá “cruzado” e desequilibrado pelo Tão Sau e mais dirigido
A “Zona Viva” e “A Zona Morta.” nas três figuras (imagem número 1), a “Zona Viva” - desde a qual podemos atacar e defender-nos com efectividade, se mostra no sector aberto do círculo. Todas as outras áreas em volta do círculo compreendem “A Zona Morta”. Reparem que o efeito que diferencia a orientação está no ângulo em que se situa a Linha Central com respeito à “Zona Viva”.
irá o nosso golpe para a linha central (de cima para o ponto). A teoria da orientação também situa o limite do espectro de maneira que se pode pivotar em relação ao oponente não deveríamos pivotar para além do ponto em que o limite exterior da nossa Zona Viva coincide com a linha central ou caso contrário, concederemos ao oponente a vantagem da orientação. Por isso veremos que pelo próprio interesse do lutador, deve manter a sua própria linha central situada consoante a referência da Zona Morta do adversário.
Esta colocação não só lhe permite ter pelo menos uma oportunidade igual de atacar, como também manter a sua Zona Morta situada a 45° da parte frontal do oponente. Por isso, a parte superior do corpo está sempre situada com uma referência de 90°, conforme a posição de pivotar Choh Ma, independentemente da posição dos pés. Por outras palavras, se toda a parte inferior do corpo da cintura para baixo estivesse coberta por uma densa névoa, o oponente não teria maneira de saber se estamos numa posição girada,
reforçada, de frente, ou de costas… Só sabe que estamos de frente para ele, com a nossa Zona Viva em 90°. Por tudo isto, a estratégia de orientação se pode adaptar a um Artista Marcial de qualquer estilo. O conceito de encarar-se, em relação com o da Linha Central, tem sido analisado ao detalhe no Volume II da minha série de livros, onde descrevo o jogo de pés Loy Seen Wai e Ngoy Seen Wai no trabalho sobre Ma Boh. Neste mesmo número podem encontrar mais informação acerca destes livros.
Wing Chun
Sequência 1 Foto 1A - Lutadores preparados numa relação aberta. Foto 1B - Quando Thomas trata de bater com seu jab de direita, Mário Lopes usa um Ngoy Seen Wai, dando um passo orientado para fora, e pivota para fora com seu próprio pé da frente, enquanto ataca com seu Chop Kuen para baixo, às agora vulneráveis costelas de Thomas'. Reparem em que este golpe deve contactar enquanto Thomas lança o seu golpe, antes de que o pé da frente de Mário toque no chão, para maximizar o Jyeh Lick (“Força emprestada”) batendo no oponente enquanto ele está tratando de nos bater. Foto 1C - Thomas trata de continuar, lançando o seu golpe com a mão esquerda atrasada. O batimento resulta curto devido à melhor orientação de Mário; agora Mário pode mais uma vez usar a força emprestada com um pequeno Loy Seen Wai (passo encarando para dentro e pivotar) para seguidamente melhorar a sua vantagem de orientação, enquanto lança um Cheh Kuen (Punho de retracção/Punho de extensão) com a esquerda e à mandíbula. Foto 1D - Desde a sua agora nitidamente superior vantagem de Orientação quase atrás do oponente, Mário continua o castigo com um punho diagonal Loy Doy Gock Kuen.
Duas sequências que mostram a maneira de obter instantaneamente a vantagem da Orientação, a partir de duas relações, de partida diferentes, usando os mesmos movimentos.
Sequência 2 Foto 2A - Lutadores preparados. Desta vez numa relação fechada. Foto 2B - Quando Thomas trata de bater com a mão esquerda adiantada, Mário usa um Ngoy Seen Wai com um passo orientado para fora e pivotando para fora com sua perna direita atrasada, enquanto lança um Chop Kuen com a esquerda e para baixo, às costelas de Thomas. Mais uma vez, este golpe deve contactar enquanto Thomas trata de bater e antes de que o pé adiantado de Mário toque no chão, para maximizar o Jyeh Lick (“Força emprestada”) batendo no oponente enquanto está tratando de nos bater. Foto 2C - Thomas trata de continuar, lançando seu golpe com a mão direita atrasada, a qual fica curta devido à melhor orientação de Mário. Agora Mário pode mais uma vez usar a força emprestada, com um pequeno Loy Seen Wai (passo encarando para dentro e pivotando) para logo melhorar sua vantagem de orientação, enquanto lança um Cheh Kuen (Punho de retracção/Punho de Extensão) com a esquerda à mandíbula. Foto 2D - Desde a sua agora claramente superior vantagem de Orientação, quase atrás do oponente, Mário finaliza o ataque com um punho diagonal da esquerda e pivotando, Choh Ma Loy Doy Gock Kuen, exactamente como faz na sequência anterior.
Wing Chun Encarar-se De Novo, olá a todos! Neste meu segundo artigo para Budo International, gostaria de falar acerca do conceito de CRCA Wing Chun de “Encarar-se.” O termo “encarar-se” (Ying Sai) em Wing Chun significa a referência frontal de um lutador com respeito ao outro. Por sua vez, o termo Ying Chiu se refere à “Posição de Orientação” de um lutador com respeito ao outro. A “Vantagem de encarar-se” sucede quando um lutador está situado de frente e o contrário está de costas para ele. Esta vantajosa posição não supõe uma vitória em si mesma, só uma posição vantajosa para atacar ou defender. Pode encontrar uma similitude simples desta posição de encarar-se, na maneira em que os barcos de guerra combatiam nos grandes mares. Posto que tinham as armas situadas em ambos lados apontando a 90º da proa e popa, para abrir fogo sobre o adversário, tinham que situar-se ao lado do adversário antes de disparar. A desvantagem consistia em que apesar de que podiam focalizar a sua potência de fogo sobre o adversário, o adversário estava em posição para contra-atacar e disparar com a mesma eficácia. Esta posição equitativa provocava que ambas partes parecessem grandes danos. Afinal, m deles era afundado. Após muitas experiências deste tipo no combate naval, algum estratega astuto achou a solução, uma estratégia conhecida como “cruzar a T”. Este termo faz referência à posição em que um barco se situa de lado, enfrentando a popa do outro barco. Isto permite ao barco disparar contra o inimigo sem que o mesmo possa responder ao fogo. As suas armas estariam apontando para o mar, enquanto que as do outro barco apontariam para o objectivo. Esta é a ideia da vantagem na orientação em que as vossas “armas” apontam para o inimigo e as suas “apontam para o mar”.
Vantagem de orientação Quando o lutador de Wing Chun é capaz de conseguir a vantagem de orientação e situar-se de frente perante um rival que está de lado ou de costas, diz-se que se aproxima pelo “lado morto.” Por qualquer parte fora da “zona viva” - situar-se em 90°, com seu vértice de linha central e simetricamente referenciado de 45° a cada lado, o que se considera estar na Zona Morta. Esta Zona é a mais difícil de defender e quando o oponente a encara, também há uma relação angular que faz muito difícil contra-atacar. Portanto, a Zona Morta do oponente é a zona mais segura para lançar um ataque. O diagrama abaixo mostra uma perspectiva elevada da Zona Viva e a Zona Morta. desde três posições diferentes de luta. Diz-se que se tem “vantagem de orientação” quando uma parte da nossa Zona Viva (mesmo que seja pequena) coincide com uma parte da nossa Zona Morta e nenhuma parte da sua Zona Viva coincide com a nossa Zona Morta. Numa típica analogia do Wing Chun, a Zona Viva de 90° se pode comparar com os canhões de luz usados pelos guardas das prisões para localizar prisioneiros em fuga que correm campo através. Em combate, o lutador de Wing Chun interpreta dois papeis; é o prisioneiro em fuga, posto que usa
o seu jogo de pés para evitar ser detectado pelo “canhão de luz” do oponente. Também é o guarda da prisão e tenta manter sempre o “oponente” iluminado com sua própria Zona Viva. Portanto, há uma constante luta pela posição entre dois contendentes de Wing Chun de alto nível, no Chee Sau (mãos pegajosas), tanto no sparring como nos exercícios de prática. Penso que com isto, a importância de encarar-se no CRCA Wing Chun está fica claramente demonstrada. Podemos ver isto em muitas técnicas de combate, incluídas as mostradas aqui. O lutador de CRCA Wing Chun sempre deve ter em mente encarar-se, antes de realizar qualquer movimento de pés que modifique a relação. Sempre que seja possível, dará o passo na direcção que lhe proporcione a vantagem da orientação, por pequena que seja essa vantagem. O motivo desta estratégia é que a mais ligeira vantagem de orientação conseguida pelo primeiro passo do lutador de Wing Chun, pode ser aumentada pelo próprio oponente, até involuntariamente. Por isso, partindo de uma posição de guarda numa relação aberta, inclusivamente se formos dar um passo pequeno para fora da perna adiantada do nosso oponente para conseguir uma pequena vantagem, o oponente poderia aumentar essa vantagem dando um passo para dentro - talvez sem nem sequer saber que nos está dando a vantagem da orientação quando se movimenta para a única direcção que não está bloqueada pelo nosso pé. O oponente está seguindo o caminho livre que o leva à desvantagem da orientação, sempre e quando tenhamos dado o passo correcto para “o dominar”. Pode acontecer que o oponente nem sequer seja consciente de que essa vantagem existe. Por exemplo, quando se executa uma técnica desde uma relação aberta, (nós com a esquerda adiantada e ele com a direita), sempre daremos um passo com a nossa esquerda adiantada para fora da sua direita adiantada. Mesmo que a inerente vantagem de orientação que estamos construindo possa não ser aparente, se continuarmos movendo-nos ou ele continua movendo e pé para a frente, o oponente acabará por ficar de costas para nós - com a sua Zona Morta exposta. Desde uma relação fechada de esquerda (ambos lutadores com a esquerda adiantada), seria melhor dar um passo para o interior da sua perna adiantada quando executemos um Tão Da para parar seu jab com a esquerda. Dar um passo para fora “ficaria de costas para nós”. Este conceito funciona com a teoria da Linha Central, da qual escreveremos em um próximo artigo de Budo International. A meta é conseguir pelo menos uma das duas vantagens não ambas - a cada vez que executemos a técnica usando o jogo de pés. Dar um passo pensando em encarar-se correctamente, também funciona muito bem dentro de uma estrutura aplicada à defesa pessoal. No exemplo dado do Tão Da, teríamos dado um passo para fora, também teríamos debilitado o Tão Sau e o golpe, movendo o corpo para longe da direcção em que queríamos que se fortalecessem, provocando a torpeza e desequilíbrio do contrário. Em vez disso, dar um passo para dentro, para pelo menos criar uma vantagem de orientação igual, realmente somaria potência e estrutura angular a ambos movimentos. De facto, quanto mais para fora seja o nosso passo, mais ele se terá “cruzado” e desequilibrado pelo Tão Sau e mais dirigido
A “Zona Viva” e “A Zona Morta.” nas três figuras (imagem número 1), a “Zona Viva” - desde a qual podemos atacar e defender-nos com efectividade, se mostra no sector aberto do círculo. Todas as outras áreas em volta do círculo compreendem “A Zona Morta”. Reparem que o efeito que diferencia a orientação está no ângulo em que se situa a Linha Central com respeito à “Zona Viva”.
irá o nosso golpe para a linha central (de cima para o ponto). A teoria da orientação também situa o limite do espectro de maneira que se pode pivotar em relação ao oponente não deveríamos pivotar para além do ponto em que o limite exterior da nossa Zona Viva coincide com a linha central ou caso contrário, concederemos ao oponente a vantagem da orientação. Por isso veremos que pelo próprio interesse do lutador, deve manter a sua própria linha central situada consoante a referência da Zona Morta do adversário.
Esta colocação não só lhe permite ter pelo menos uma oportunidade igual de atacar, como também manter a sua Zona Morta situada a 45° da parte frontal do oponente. Por isso, a parte superior do corpo está sempre situada com uma referência de 90°, conforme a posição de pivotar Choh Ma, independentemente da posição dos pés. Por outras palavras, se toda a parte inferior do corpo da cintura para baixo estivesse coberta por uma densa névoa, o oponente não teria maneira de saber se estamos numa posição girada,
reforçada, de frente, ou de costas… Só sabe que estamos de frente para ele, com a nossa Zona Viva em 90°. Por tudo isto, a estratégia de orientação se pode adaptar a um Artista Marcial de qualquer estilo. O conceito de encarar-se, em relação com o da Linha Central, tem sido analisado ao detalhe no Volume II da minha série de livros, onde descrevo o jogo de pés Loy Seen Wai e Ngoy Seen Wai no trabalho sobre Ma Boh. Neste mesmo número podem encontrar mais informação acerca destes livros.
Wing Chun
Sequência 1 Foto 1A - Lutadores preparados numa relação aberta. Foto 1B - Quando Thomas trata de bater com seu jab de direita, Mário Lopes usa um Ngoy Seen Wai, dando um passo orientado para fora, e pivota para fora com seu próprio pé da frente, enquanto ataca com seu Chop Kuen para baixo, às agora vulneráveis costelas de Thomas'. Reparem em que este golpe deve contactar enquanto Thomas lança o seu golpe, antes de que o pé da frente de Mário toque no chão, para maximizar o Jyeh Lick (“Força emprestada”) batendo no oponente enquanto ele está tratando de nos bater. Foto 1C - Thomas trata de continuar, lançando o seu golpe com a mão esquerda atrasada. O batimento resulta curto devido à melhor orientação de Mário; agora Mário pode mais uma vez usar a força emprestada com um pequeno Loy Seen Wai (passo encarando para dentro e pivotar) para seguidamente melhorar a sua vantagem de orientação, enquanto lança um Cheh Kuen (Punho de retracção/Punho de extensão) com a esquerda e à mandíbula. Foto 1D - Desde a sua agora nitidamente superior vantagem de Orientação quase atrás do oponente, Mário continua o castigo com um punho diagonal Loy Doy Gock Kuen.
Duas sequências que mostram a maneira de obter instantaneamente a vantagem da Orientação, a partir de duas relações, de partida diferentes, usando os mesmos movimentos.
Sequência 2 Foto 2A - Lutadores preparados. Desta vez numa relação fechada. Foto 2B - Quando Thomas trata de bater com a mão esquerda adiantada, Mário usa um Ngoy Seen Wai com um passo orientado para fora e pivotando para fora com sua perna direita atrasada, enquanto lança um Chop Kuen com a esquerda e para baixo, às costelas de Thomas. Mais uma vez, este golpe deve contactar enquanto Thomas trata de bater e antes de que o pé adiantado de Mário toque no chão, para maximizar o Jyeh Lick (“Força emprestada”) batendo no oponente enquanto está tratando de nos bater. Foto 2C - Thomas trata de continuar, lançando seu golpe com a mão direita atrasada, a qual fica curta devido à melhor orientação de Mário. Agora Mário pode mais uma vez usar a força emprestada, com um pequeno Loy Seen Wai (passo encarando para dentro e pivotando) para logo melhorar sua vantagem de orientação, enquanto lança um Cheh Kuen (Punho de retracção/Punho de Extensão) com a esquerda à mandíbula. Foto 2D - Desde a sua agora claramente superior vantagem de Orientação, quase atrás do oponente, Mário finaliza o ataque com um punho diagonal da esquerda e pivotando, Choh Ma Loy Doy Gock Kuen, exactamente como faz na sequência anterior.
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