Prepare-se para Chuva

Page 1

Congratulações a Michael Catt, Igreja Batista de Sherwood

Prepare-se para a Chuva Muitos livros nos dizem “o que” e alguns ainda nos dizem o “porquê”. Obrigado, Michael Catt, por escrever a respeito do “como”. Eu reconheço a sua habilidade de ir direto ao ponto e dizer as coisas como realmente são. Este livro me inspira a motivar as pessoas a estarem envolvidas com coisas maiores, mostrando-me a visão de uma igreja local. Charles Lowery Presidente, Lowery Institute for Excellence Visão, coragem, criatividade, excelência e fé raramente são combinadas em grande quantidade na Igreja. Na Igreja Batista de Sherwood, sob a liderança inspirada e talentosa de Michael Catt, temos visto esta combinação única de qualidades desenvolver uma expressão antes não conhecida do ministério da igreja – a produção e introdução de um excelente filme que conquista o coração da nossa nação. Essa significante produção desafiou telespectadores à integridade, perseverança, ao caráter e essencialmente, à fé no Senhor Jesus Cristo. Jimmy Draper Presidente Emérito, LifeWay Christian Resourses “Ainda estou maravilhado com os filmes A Virada e Desafiando os Gigantes. Eles são prova de que a união faz a força. Michael Catt escolheu o impossível e permitiu que fosse possível para Deus. Eu me recordo dele dizendo isto em um culto, e agora aquela frase sobrevive diante dos nossos olhos. Fico tão feliz porque esses filmes e suas histórias estão sendo publicados. Aplausos para os sonhadores que não ouviram a voz que diz: “Isto não pode ser feito.” Parabéns Michael, Alex e Sherwood por darem o primeiro passo e por tornar realidade o possível de Deus!” Mark Harris Artista Cristão Contemporâneo e Compositor Quando eu ouvi a frase que representa a visão de Sherwood “Alcançar o mundo a partir de Albany, Geórgia”, pensei, “Que legal”. E depois eu encontrei Michael Catt e a sua equipe e fiquei impressionado com a coragem e a determinação deles de assim fazer. Afastar os sinais do idealismo da sua juventude. Eles provaram que isso é possível. Julie Fairchild Lovell/Fairchild Communications


A Igreja pode realizar mudanças sem se machucar? Sim! Os líderes da Igreja podem ver e seguir novas visões sem provocar divisões? Sim! Deus ainda realiza o impossível quando confiamos nEle e buscamos glorificar somente a Ele? Sim! A fascinante história de uma igreja como esta se encontra neste livro e a melhor coisa é que essa história não é ‘exclusiva’. Isso pode acontecer em qualquer lugar onde o povo de Deus exalte a Jesus Cristo, trabalhe unido, compartilhe a Palavra, ore e caminhe por fé para seguir a visão que Deus entregou a ele. Existe um preço a ser pago? Sim – mas as bênçãos são dignas do sacrifício. Warren Wiersbe A jornada cristã nunca teve relação com o recusar-se a mudar, mas com o caminhar por fé para que o impossível aconteça, no poder do Espírito Santo. As igrejas não produzem filmes – a menos que estejam dispostas a seguir com tal fé. Michael Catt é esse tipo de pastor e homem de “passos de fé” que Deus pode usar. Com os membros fiéis da Igreja Batista de Sherwood, a poderosa mensagem de esperança e fé tem sido difundida ao redor do mundo. Este livro fala de uma jornada e das lições que todos os cristãos podem aprender sobre caminhar por fé. Richard Powell Pastor, McGregor Baptist Church Ft. Myers, Flórida “Eu amo pessoas que têm uma visão global. As estátuas construídas não são de pessimistas. Michael Catt é um visionário. O filme Desafiando os Gigantes é um sucesso porque um líder permitiu que seus liderados e as pessoas ao seu redor fossem criativos. Michael Catt é um ‘doador’, não um ‘aproveitador’. O extraordinário sucesso deste filme não é surpresa para mim. É apenas Michael Catt sendo Michael Catt! A história de Desafiando os Gigantes irá lhe abençoar e lhe estimular. A Igreja Batista de Sherwood é um lugar especial. Após ter lido o livro, visite a igreja. Esta é uma igreja cheia de GIGANTES de Deus!” Roger Breland Diretor Executivo e Reitor, Center for Performing Arts, University of Mobile Fundador do TRUTH




Prepare-se para a

CHUVA

A Hist贸ria de uma Igreja que Creu no Deus do Imposs铆vel

Michael Catt

5


Todos os direitos em língua portuguesa reservados por © 2009, BV Films Editora Ltda e-mail: comercial@bvfilms.com.br Rua Visconde de Itaboraí, 311 – Centro – Niterói – RJ CEP: 24.030-090 – Tel.: 21-2127-2600 www.bvfilms.com.br / www.bvmusic.com.br É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito. Originalmente publicado em inglês com o título: Prepare for Rain Copyright © 2007 Michael Catt All Rights Reserved This edition is published by special arrangement with CLC MINISTRIES INTERNATIONAL. Editor Responsável: Claudio Rodrigues Capa e editoração: Guil Tradução: Daiane Rosa Ribeiro de Oliveira Revisão: Marcus Vinícius Cardoso Marco Antonio Coelho ISBN 978-85-61411-04-6 2ª edição - Agosto/2009 Impressão: Imprensa da Fé Classificação:Congregações Cristãs, Prática e Teologia Pastoral Impresso no Brasil


Índice • Agradecimentos • 9 • Introdução • 13 1 • Arando a Terra • 17 2 • Evasão no Avivamento • 27 3 •Desafiando o Meu Próprio Gigante • 41 4 • Um Ambiente de Oração • 57 5 • Uma Equipe Visionária • 69 6 • Atitude é Fundamental • 83 7 • Relacionamentos São Essenciais • 95 8 • Lavre a Terra que o Senhor Lhe Dá • 113 9 • Cultivando Dores e Produzindo Filmes • 127 10 • Associando-se às Pessoas Certas • 139 11 • Faz Chover • 151 12 • É só uma Embalagem • 171 • Da Nossa Caixa de Entrada. . . • 181 • Notas Finais • 189


AOS Membros da Igreja Batista de Sherwood Vocês me amaram, oraram por mim, me encorajaram e permaneceram comigo. Vocês abraçaram a minha visão e a minha paixão por avivamento e encorajamento de pastores. Existem igrejas maiores no mundo,

mas nenhuma melhor.


Agradecimentos

U

M LIVRO como este não seria possível sem o investimento de outros. Sou grato pela equipe de liderança da nossa igreja. Ela é a melhor com que já trabalhei. Não existem contratados ou astros no grupo. Somos todos servos. Em particular, Jim McBride não é apenas o pastor presidente; é também um amigo mais chegado que um irmão. Não poderia fazer o que faço sem ele. Debbie Toole é minha assistente administrativa há quinze anos. Ela mantém minha agenda e faz inúmeras coisas que tornam a minha vida mais fácil. Ela deseja que as coisas sejam feitas corretamente e trabalha para que seja assim. Stephanie Thompson é a minha assistente de pesquisa e desenvolvimento. Steph investiu inúmeras horas para organizar este livro. Ela faz com que eu pareça um escritor. Eu a conheço desde que estava na terceira série e tenho a visto se tornar uma jovem mulher de Deus. Ela veio fazer parte da nossa equipe depois de ter concluído o seminário e tem sido uma bênção para mim. Daniel Simmons serve a Deus como pastor da Igreja Batista Mt. Zion, aqui em Albany e é também meu “pastor auxiliar”. Como Igreja, realizamos muitas coisas juntos. Sua amizade, pregação e sabedoria são exemplo e encorajamento para mim. Deus me permitiu construir muitas pontes na cidade dividida na qual moramos.

9


10

Prepare-se para a Chuva

Todas as igrejas que me convidaram para participar da equipe ou para servir a Deus como pastor contribuíram, de certa forma, para construir o homem que hoje sou. Algumas experiências foram dolorosas, enquanto outras, períodos de bênçãos. Tudo foi parte do refinamento e da determinação de Deus para a minha vida. Roger e Linda Breland têm sido nossos amigos, encorajadores e intercessores por mais de trinta anos. A visão, o exemplo de fé e sacrifício pessoal deles me ajudaram a entender que eu não devo me conformar com minha condição atual. Há quinze anos eu sirvo a Deus como pastor dos jovens. Sou particularmente grato por três pastores a quem tive o privilégio de servir. Dr. Charlie Draper me ensinou a importância da pregação explicativa. Dr. Fred Lowery me ensinou o significado de liderar homens. Dr. Nelson Price me ajudou a ter a visão global. Eu tenho parte do DNA deles em meu sangue espiritual. Os seus dons e talentos têm ajudado a formar a minha visão de ministério e pastorado. Os quatro homens que têm me instruído e me marcado mais são James Miller, Vance Havner, Ron Dunn e Warren Wiersbe. James Miller foi o meu líder de jovens na minha época. Ele ainda é um querido amigo. Ele acreditou em mim quando ninguém mais acreditava. Ainda adolescente, eu me rendi ao reinado de Cristo através da pregação de Vance Havner. Eu duvido ter pregado alguma vez sem citá-lo. Que profeta! Eu ouvi Ron pela primeira vez quando estava no seminário. Nos tornamos grandes amigos na época que Vance Havner faleceu. Ron me ensinou mais do que qualquer aula que já tive no seminário. Seus sermões baseados em Isaías 45 e na fé que remove montanhas influenciaram este livro e a minha vida. À pedido meu, ele pregou em dezesseis Conferências Bíblicas consecutivas antes de falecer. Pregar em seu funeral foi a tarefa mais difícil da minha vida. Warren Wiersbe é um enviado de Deus e uma influência poderosa na minha vida. Ele me ajudou a permanecer equilibrado. Eu nunca falei com ele sem ter uma caneta em mãos. Mal sabia eu que um aperto de mão em 1994 se transformaria em uma amizade que iria impactar grandemente a minha vida. Todos esses homens têm algo em comum: o amor pela Palavra e pela igreja, o compromisso de orar e a esperança por avivamento. Esses homens são os inconformistas do meu ministério. Eles me ensinaram a pensar de uma maneira anticonvencional, sem ser além dos limites da verdade da Bíblia.


Agradecimentos

11

Sou grato a outros homens que acreditaram em mim. Eles me encorajaram a buscar a Deus. Eles me fizeram lembrar que a única pessoa a quem tenho que agradar é ao Senhor Jesus. Homens como George Harris, John Bisagno, Jimmy Draper, Don Miller, Lehman Strauss, Charles Lowery, Bill Stafford, Ken Jenkins, Gary Miller, Tom Elliff e Jay Strack impactaram minha vida de forma que, desse lado da eternidade, eles nunca saberão. Eu sou, de todos os homens, abençoado. Minha esposa Terri e minhas filhas Erin e Hayley oferecem apoio constante. Terri tem se mudado pelo país a fim de dar suporte ao meu chamado ao ministério. Ela é aquela que me incentivou a escrever um livro sobre a igreja. Isso nunca teria acontecido sem ela. Ela é presente de Deus para mim; ela é minha melhor amiga. Erin e Hayley são a alegria da minha vida. Nenhum pai ficaria mais orgulhoso pelas suas filhas. Eu amo ver o que Deus está fazendo através da vida delas. Deus me abençoou com essas três maravilhosas damas na minha vida. O Senhor Jesus tem sido melhor para mim do que eu mereço. Eu espero que você veja a graça de Deus nessas páginas. Quando a vida chega ao final, existe uma linha que separa a data do nosso nascimento e a data da nossa morte. É o que acontece nessa linha que determina se iremos ouvir um “Bom Trabalho”. Eu oro para que o veredicto da minha vida seja que eu me comprometi a Jesus como Senhor e a pregar a Palavra sem apologia. Eu oro para que de alguma forma nossa igreja seja um catalisador de avivamento nessa terra. Michael Catt Igreja Batista de Sherwood Albany, Geórgia, Maio 2007



Introdução

N

O FILME Desafiando os Gigantes, Grand Taylor, um técnico de futebol desencorajado, da Academia Cristã de Siloh, aprende uma inesperada lição espiritual com o Sr. Bridges, um guerreiro de oração. Quando o técnico diz a ele “Eu simplesmente não vejo Deus trabalhar aqui”, o guerreiro de oração responde com uma história: “Grant, eu ouvi a história de dois fazendeiros que precisavam desesperadamente da chuva. Os dois oravam por chuva, mas somente um saiu e preparou os seus campos para recebê-la. Qual dos dois você acha que confiou mais que Deus iria mandar a chuva?” “Bem, o que preparou os campos para a chegada da chuva.” “Qual dos dois você é? Deus enviará a chuva quando Ele estiver pronto. Você precisa preparar os seus campos para quando ela vier.” Como você se prepara para a chuva? Como você cultiva o solo da sua vida para que ele esteja preparado para o derramar de Deus? Como você fragmenta a terra improdutiva? Você espera tanto esperançosamente quanto pacientemente pelo agir de Deus?


14

Prepare-se para a Chuva

O meu desejo é que Deus mande a chuva. Eu quero ver Deus trabalhando em minha vida; eu quero ver o avivamento na Igreja. Eu desejo abraçar tudo o que Deus tem para mim. Quando eu leio histórias sobre os despertares e avivamentos do passado, eu anseio para que aconteça assim em minha igreja e em O meu desejo é que Deus mande a toda a minha vida. Eu desejo chuva. Eu quero ver o avivamento que a história se torne temna Igreja. Eu desejo abraçar tudo o po presente. Eu quero me que Deus tem para mim. preparar para a chuva e ver Deus enviando-a. Mas devo admitir que houve tempos em que me senti tão seco e desencorajado quanto Grant Taylor e não vi Deus trabalhar. Ele estava trabalhando, mas não da maneira como eu esperava. Deus estava preparando o meu coração para o crescimento e avivamento. Ele assim fez, arando a minha vida e arrancando pela raiz as coisas que eu não queria suportar. Como a parábola do semeador em Mateus 13, o problema não era o semeador nem a semente, mas o solo. O meu solo precisa estar cultivado. Eu sirvo a Deus como pastor na Igreja Batista de Sherwood, em Albany, Geórgia – uma congregação que tem recebido bastante atenção recentemente. A fundação da Sherwood Pictures em 2000 trouxe uma visibilidade a esta sociedade de cinquenta e dois anos, que nunca imaginamos que seria possível. Através dos nossos dois primeiros filmes. A Virada e Desafiando os Gigantes*, temos expandido o impacto e a influência desta congregação local para além da nossa “Jerusalém”. Estamos ouvindo, literalmente, testemunhos de vidas transformadas ao redor do mundo. Já me perguntaram centenas de vezes: “Como uma igreja produz um filme?” Esta é uma pergunta difícil de responder, mas eu acho que ela perdeu o foco. Uma pergunta mais relevante seria: “Como eu posso superar os meus obstáculos pessoais para * Filmes distribuídos pela BV Films Ltda.


Introdução

15

confiar em Deus para algo maior que eu mesmo?” Com isso está outra pergunta: “Como eu creio que Deus trará o avivamento e o despertar que fortaleça e estimule tanto a igreja, a ponto de vermos Deus operando o impossível?” Para responder a essas perguntas, preciso compartilhar com você a minha história e a história da Igreja Batista de Sherwood, uma congregação que tem aprendido a confiar em Deus para grandes coisas, e ainda assim não ficar satisfeita com a condição atual.

Alex Kendrick (Técnico Grant Taylor) e Ray Wood (Mr. Bridges) na cena “Prepare-se para a chuva”, do filme Desafiando os Gigantes



1 S

Arando a Terra

HERWOOD é a minha segunda experiência como pastor. A primeira foi em uma cidade de mais ou menos 17.000 habitantes em Midwest, onde fui pastor por três anos. A igreja era a maior da redondeza e era historicamente influente. Depois de quase uma década de declínio, estávamos experimentando um novo nascimento, a chegada de novos membros e uma nova vida. Deus estava movendo. Ao mesmo tempo, eu me sentia como se estivesse lutando por sobrevivência em uma batalha. Como em muitas igrejas, o corpo diaconal queria fugir e tratar o pastor como um assalariado. Mas depois de algumas dificuldades, vimos Deus recuperando o velho navio. A Igreja Batista de Sherwood me convidou algumas vezes para ser pastor deles, mas eu recusei. Eu pensava que o meu 17


18

Prepare-se para a Chuva

ministério estava apenas começando nesta igreja em Midwest, e eu não tinha vontade de me mudar. Primeiro porque minhas filhas estavam muito novas e eu não queria desarraigar minha família. Além disso, eu não desejava ser um daqueles pastores que sempre buscam “o maior e o melhor” a cada ano. Em agosto de 1989, o falecido Manley Beasley veio à nossa igreja como pastor convidado, em um domingo e em uma segunda-feira. Ele foi o maior homem de fé que já conheci. Eu já havia lido e pregado sobre viver por fé, mas Manley era exemplo verdadeiro disso. Ele sobreviveu à doenças incuráveis e a inúmeros problemas de saúde. Quando Manley falava, as pessoas ouviam. Naquele final de se“Quando eu estiver pregando, você mana, eu compartilhei com saberá se o seu tempo aqui está Manley a respeito da igreja concluído.” e como às vezes isso era tão difícil como empurrar uma pedra enorme monte acima. Enquanto conversávamos, parecia que a minha autoridade estava sendo constantemente desafiada e eu fiquei vigilante. Na segunda à noite, antes de pregar, Manley veio em minha direção e disse: “Quando eu estiver pregando, você saberá se o seu tempo aqui está concluído.” Eu liguei a minha antena espiritual durante a mensagem! (Eu disse para a minha esposa prestar atenção porque provavelmente estaríamos fazendo as malas e deixando a cidade ainda naquela noite.) Abrindo a Bíblia em Isaías 6, Manley pregou a mensagem intitulada “Quem deseja ver a glória de Deus?” Este foi um daqueles momentos de Deus onde sentimos a Sua presença em todo o salão. Há vinte anos a igreja experimentou um grande avivamento e mover de Deus. Certamente esta mensagem iria movimentar as brasas e reacender o fogo. Quem não deseja ver a


Arando a Terra

19

glória de Deus, especialmente se voltaram à igreja em uma segunda-feira à noite? Quando o apelo foi feito, parecia que não havia ninguém nos bancos da igreja. Terri e eu fomos ao altar e começamos a orar. Eu pude sentir os outros se movendo em direção ao altar, mas não sabia quem ou quantos. O apelo não levou muito tempo. Poucos minutos depois, Manley desceu do púlpito, colocou suas mãos em meus ombros e disse: “Agora você sabe.” Com um público de aproximadamente quatrocentas pessoas, as únicas pessoas que estavam no altar eram a equipe de trabalho da igreja e alguns membros da congregação. Os diáconos sentados em seus assentos, aparentemente imparciais; parecia que os professores da escola dominical iriam sair a qualquer momento. Quando olhei a congregação, eu vi claramente o vazio – eles estavam enfileirados nos bancos, totalmente inexpressivos e aparentemente indiferentes. Eu sabia que o meu tempo ali havia terminado; Deus havia me liberado daquele ministério. Menos de um mês depois, a comissão de busca de Sherwood ligou pela quarta vez para saber se eu iria reconsiderar o pedido. Imediatamente, Deus direcionou o meu coração para Sherwood, e eu nunca mais voltei atrás. Eu me tornei pastor deles em dezembro de 1989. Sherwood não é perfeita, mas é a melhor igreja que eu já participei. Eu já estive em várias outras igrejas de todas as formas e tamanhos, no interior e nos subúrbios, mas eu nunca vi as pessoas permitirem o mover do Espírito como acontece em Sherwood. Esta jornada de fé não foi fácil, e não aconteceu da noite para o dia. Estamos amadurecendo como igreja enquanto permanecemos jovens no coração. Existem problemas, mas sempre há, onde quer que você vá. As mudanças às vezes parecem devastadoras, mas Deus tem sido soberano e fiel em tudo isso, e eu tenho aprendido a confiar nEle em todas as etapas do caminho.


20

Prepare-se para a Chuva

Medo Mas, para falar a verdade, eu quase não fui para Sherwood. No final de semana marcada para sermos apresentados à igreja, comecei a reconsiderar. Já tinha ido muito longe a ponto de dizer ao pastor da comissão que eu poderia pregar no domingo, mas, na verdade, eu não estava certo se deveria chegar como pastor. Eu não sei por que tive medo. Talvez fosse porque Deus estava revelando uma questão que Ele desejava que eu enfrentasse de frente – uma vez que era muito sério para esperar. O primeiro sinal de problema apareceu quando alguns líderes da igreja estavam fazendo piada com a briga e confusão que acontecia nas longas reuniões dos diáconos. Sempre existe um fundo de verdade por trás desse tipo de brincadeira e eu certamente não estava interessado em me envolver em uma situação como a que tinha acabado de sair. De uma coisa eu sabia: Deus tinha me chamado para pastorear e liderar – não para julgar! Em minha primeira reunião de diáconos como pastor, o problema se tornou claro para mim. A reunião inteira consistia em examinar um documento que eles chamavam de “A ementa dos diáconos”, um resumo dos gastos da igreja, relatórios de programas e comissões. A função deles era parecida com a de uma comissão de diretores ou de um comitê financeiro, e eles tinham atuado assim por anos. Gastamos vários minutos discutindo três ofertas de aspirador de pó. Eu olhei em volta da sala. Tive um pensamento estranho: Eu aposto que nenhum desses homens já usou um aspirador de pó. Se eu quero saber qual aspirador de pó comprar, perguntarei a uma dona de casa! Eu percebi que os diáconos eram bons homens de Deus, mas eles se tornaram envoltos em uma tradição ao invés de considerarem as Escrituras no que diz respeito à função do diácono.


Arando a Terra

21

Eles precisavam colocar os seus pensamentos de acordo com a Bíblia. Eu os ouvi comentando como deixariam a reunião com o estômago vazio; não havia alegria em servir. Eles tinham o coração voltado para o ministério, mas ninguém nunca os ensinou uma maneira melhor de fazê-lo. Eles precisavam ser libertos para servir da maneira como o Senhor designou em Atos 6. Então, em uma das reuniões no início do meu primeiro ano em Sherwood, Eu anunciei um “golpe de estado” eu anunciei um “golpe de es- aos diáconos... Íamos mudar a tado” aos diáconos. Eu disse maneira como ministrávamos. que não fazia sentido (1) votarmos em um dinheiro já gasto, (2) agirmos como uma segunda comissão financeira ou (3) sermos conhecidos por brigas e confusões. Íamos mudar a maneira como ministrávamos para auxiliar as viúvas e manter a unidade na igreja. Felizmente, os diáconos entenderam o que eu estava tentando fazer e se dispuseram a ter uma chance com o seu novo pastor. Eles tinham um grande respeito pela autoridade pastoral e estavam dispostos (alguns relutantemente) a dar uma nova chance a ela. Este foi um dos momentos decisivos para a igreja. Descobrimos que Atos 6 ainda funciona. Somos prova de que a igreja do século XXI pode funcionar, crescer e ministrar utilizando o modelo do primeiro século.

Mudanças Organizacionais Logo que reformamos o ministério diaconal, começamos a podar a organização. A igreja tinha mais de sessenta ministérios, mas faltava foco em uma direção. Tínhamos pessoas que nem


22

Prepare-se para a Chuva

sabiam que estavam “participando” de um ministério! Esse era um exemplo clássico de uma organização prestes a desintegrar-se por falta de liderança. (A igreja ficou sem um pastor presidente por algum tempo.) Isso não é algo intencional, mas a força de uma igreja cresce ou diminui na liderança – especialmente liderança pastoral. Apesar de um ministério poder manter-se, ele não pode crescer sem uma direção. Começamos a eliminar conselhos que não nos ajudavam a cumprir o propósito, a visão e a missão da igreja. Ao longo do período de três anos, cortamos o número de conselhos de sessenta e dois para dois. Se o conselho não tivesse se encontrado no ano anterior, estaria eliminado. Agora não temos mais conselhos, temos ministérios. Selecionamos líderes que servem a Deus, como os tesoureiros que nos ajudam a administrar o orçamento. O corpo de funcionários é o protetor para a equipe de liderança. Eles trabalham lado a lado comigo e com os outros pastores presidentes. Quando necessário, formamos uma força-tarefa que satisfaz as necessidades específicas do momento, e é afastada quando o serviço está completo. Isto nos permitiu engajar pessoas que são apaixonadas e zelosas e com certos dons. Isso também mantém a estrutura da igreja flexível e funcional, de forma que podemos responder rapidamente às novas situações e desafios. Alan Redpath diz: “O avivamento não é possível, em nenhuma congregação, sem que seja pago um preço”1, e perdemos algumas pessoas quando fizemos essas mudanças. Elas desejavam que a igreja funcionasse como uma empresa secular e queriam estar no controle. Mas a igreja não é um lugar para o poder da carne e para controle humano; ela é um recipiente do poder e da presença do Espírito Santo.

i


Arando a Terra

23

“As Guerras da Adoração” Outro monte que enfrentamos foi o que é comumente chamado de “Guerras da Adoração” (apesar de achar que utilizar “adoração” e “guerras” na mesma frase é negar tudo o que é a adoração!). Eu amava o nosso louvor em Sherwood, mas precisávamos fazer algumas mudanças em nosso estilo, sem comprometer verdades bíblicas. Queríamos alcançar nossa comunidade, e você não pode alcançar uma comunidade que é predominantemente afro-americana, com músicas evangélicas do hemisfério sul. Se íamos alcançar a nossa “Jerusalém”, precisávamos ir adiante com nossa música e adoração. Deus estava nos chamando para ser uma igreja de diversas gerações e raças. Precisávamos nos ajustar para cumprir esse propósito com eficiência e estava claro que precisávamos fazer um culto mais “misto”. Essa não foi uma mudança radical. Não jogamos os hinos fora; somente adicionamos alguns coros e encorajamos mais liberdade na adoração. Eu também comecei a ensinar sobre adoração. Começamos a instruir o coral que a adoração não é uma performance para o público, mas uma forma de glorificar a Deus e exaltar o Seu nome. Eu disse à igreja que enquanto todos nós temos preferências em nossas músicas, podemos ser culpados de adorar às nossas preferências mais do que a Deus. Só porque eu gosto de algo não significa que honre a Deus. A adoração verdadeira não tem a ver com estilos ou preferências. A.W. Tozer escreveu: “Um esforço eficiente de diminuir a diferença entre o coração e entre o Deus que ele adora, é a adoração de qualidade superior.”


24

Prepare-se para a Chuva

Essa transição não foi fácil, mas fizemos isto sem um rompimento e sem perder metade da igreja. Algumas pessoas não gostaram dos hinos, mesmo sendo alguns deles versos da Bíblia cantados. Outros não gostaram, a princípio, das mudanças na adoração, mas eles deixaram o ego de lado e confiaram na liderança da igreja. Um de nossos membros disse: “Aquela mudança foi difícil. Não significa que não gostamos dela, só não estávamos acostumados a elas.” Ainda estamos aprendendo a adorar. Ainda estamos aprendendo a orar. Ainda estamos aprendendo o que significa ser uma igreja que glorifica a Deus. Ainda não conseguimos, mas estamos mais perto de aprender do que quando começamos. Aprendemos que a adoração não diz respeito a hinos versus coro. Não é uma questão de “minha maneira contra a sua”. Não está ligada a efeitos, manipulações ou coerção. A adoração é uma questão do coração. Sherwood não é uma igreja perfeita. Contudo, te“A adoração não diz respeito a mos recebido pregadores e hinos versus coro. A adoração é visitantes de todo o país, e todos eles dizem a mesma uma questão do coração.” coisa: “Existe algo especial neste lugar. Podemos sentir o Espírito de Deus aqui.” Não é isso o que todos nós queremos? Assim como a chuva, precisamos de um derramar fresco do céu. Precisamos ser lavados de nossas dúvidas e temores. Precisamos ser encharcados de uma percepção constante da Sua graça, glória e poder. Em meio a essas mudanças, Don Miller, um grande guerreiro de oração, veio a Sherwood para uma conferência de oração de quatro dias. Durante todas as noites de conferência a igreja esteve lotada. Em uma noite, Don e sua esposa Libby foram a

s


Arando a Terra

25

nossa casa após o culto. Estávamos sentados em minha sala quando Don perguntou: “Michael, você está pronto para perder 800 pessoas para realmente ver Deus fazendo a obra nesta igreja?” Pensando que isto nunca fosse acontecer, eu respondi quase que indiferente: “Sim. Estou disposto a fazer o que for para ver Deus operar nesta igreja.” Ou seja, calma aí, quem alguma vez já ouviu falar de uma evasão tão grande em um avivamento? Não havia a menor possibilidade de perdermos 800 pessoas! Quanta inocência...

Igreja Batista de Sherwood


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.