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Eu orava forte, prestando atenção no semblante de Robério na expectativa de algum sinal característico de manifestação demoníaca. Sentia uma pesada atmosfera ao redor. Segui orando, proclamando trechos da Palavra e ordenando que toda resistência fosse quebrada, em nome de Jesus Cristo. Sabia que algum "parasita" poderia se manifestar. Sentia a presença deles, resistindo, investindo contra a mente de Robério, tentando manipulá-lo. Já estávamos ali há cerca de uma hora. Sentia minhas forças se exaurindo, mas precisava continuar. Quando já estava prestes a desistir o Senhor falou ao meu espírito: - "Prossiga... Estão aí". Ao ouvir aquela direção me enchi de ânimo e parti para o ataque. - Ouçam malditos... Sei que estão aí. Submetam-se, em nome de Jesus. — determinei. O espírito demoníaco foi perdendo as forças e caiu. - Ordeno que respondam a tudo o que eu perguntar, em nome de Jesus Cristo. O que querem desse homem? — "A alma dele... Vamos destruí-lo". — Quem é você? -"O das quebradas, do chapéu branco, o Pelintra". — Como entraram na vida dele? — "A mãe dele nos servia. Ela nos chamava".


Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

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SĂƒO PAULO 2012


Copyright © 2012 by Aldo Rocha

PRODUÇÃO EDITORIAL DIAGRAMAÇÁO CAPA PREPARAÇÃO DE TEXTO REVISÃO

Equipe Ágape Cláudio Braghini Júnior Adriano de Souza Nilda Nunes Regina Oliveira

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo n" 54, de 1995)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Rocha, Aldo Destruindo fortalezas, libertando cativos / Aldo Rocha. — São Paulo: Ágape, 2011.

1. Conversão 2. Liberdade - Aspectos religiosos 3. Paz de espírito 4. Psicologia religiosas 5. Vida espiritual I. Título. 12-08401

CDD-248.2

índices para catálogo sistemático: 1. Libertação interior: Experiência religiosa: Espiritualidade: Cristianismo 248.2

2012 Publicado com autorização. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a devida autorização da Editora. EDITORA ÁGAPE Al. Araguaia, 2190 - 11° andar - Conj. 1112 CEP 06455-000 - Alphaville Industrial - SP Tel. (11) 3699-7107 Fax. (11) 2321-5099 www.editoraagape.com.br


Este livro é carinhosamente dedicado à minha esposa, o amor de minha vida, e às três filhas com que Deus me agraciou.


Agradecimentos

Sou imensamente grato ao Senhor por ter-me capacitado a escrever este livro. Um desafio equivalente a uma árdua batalha. Mais uma entre tantas que Deus nos tem levado a travar e vencer. A Ele toda honra e toda glória. Sou grato à minha esposa e filhas, que souberam compreender e me apoiar quando deixei tudo para servir ao Senhor na igreja e me dedicar a este trabalho. Agradeço a Deus por vocês serem minha família. Agradeço ao Senhor por todos os que intercederam por este projeto. Sem suas orações eu não conseguiria ultrapassar as barreiras que encontrei pelo caminho. Agradeço ao pastor principal da bonita igreja que me acolheu desde o início, Apóstolo César Augusto, fundador e líder da Igreja Apostólica Fonte da Vida (IAFV). Agradecimentos especiais àqueles que Deus usou para me alcançar: Nilton Pereira, que plantou preciosas sementes em meu coração e cuidou para que viessem a germinar. Ao Eliseu Ferreira Lima, por ter me suportado e apaziguado meu coração quando eu vagava errante por caminhos tortuosos. Ao Paulo Francisco, que me 'perseguiu' implacavelmente até me ver rendido aos pés do Senhor Jesus. Ao Roberto Mattos, a quem Deus usou para me acolher e apascentar quando cheguei à igreja. Aos meus primeiros pastores, Drumond Caixeta e Neto Queiroz. Agradeço a você que agora tem este livro nas mãos. Creio que o Senhor tem um propósito em que você o leia. De antemão, quero alertá-lo que esta não será uma leitura fácil. Por isto, sugiro que não a inicie sem antes orar pedindo ao Senhor que destrua todas as resistências que vierem a se levantar e lhe conceda espírito de entendimento e revelação.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


Prefácio

Eu já era presbítero de uma igreja evangélica em Anápolis quando conheci o jovem Aldo Rocha. Ele embalava o sonho de crescer profissionalmente e, aos poucos, foi conquistando seu espaço. Ingressou na carreira jornalística e se revelou competente profissional, em rádio, televisão e jornal. Um dos melhores que conheci. Entusiasmado com o prestígio que alcançou, envolveu-se com pessoas de comportamento complicado, passando a, também, apresentar problemas. Todavia, Deus já tinha um plano para a sua vida. Quem o acompanhava, via nele um moço diferenciado, insatisfeito com as situações vividas, buscando, constantemente, um norte para a sua existência. Já era, sem dúvidas, o Espírito Santo de Deus trabalhando. Daí para a conversão foi um pulo. Mergulhou, de corpo e alma, nos caminhos do Senhor e, em pouco tempo, tornou-se nova criatura. Alistou-se no Exército de Deus e passou a gerar frutos imediatamente. Homem de oração, leitor assíduo da Bíblia e sempre pronto a servir ao próximo, Aldo se sobressaiu na comunidade à qual servia assumindo responsabilidades que somente uma pessoa ungida por Deus pode assumir. Hoje, o pastor Aldo é um servo abençoado e abençoador de outras pessoas. Sua dedicação à família, e ao Ministério, é contagiante. Sua capacidade de amar as pessoas, principalmente as que necessitam de libertação espiritual, é admirável. Temente e obediente ao Senhor, procura levar apoio e apontar o caminho da salvação aos perdidos. Ao ler este precioso livro de sua autoria pude constatar que Deus o separou para um trabalho gigantesco. O mundo que, segundo a Bíblia, "jaz no maligno" precisa de servos comprometidos com a Palavra de Deus para uma batalha sem tréguas contra os dominadores do mal.


Creio sinceramente que, no glorioso Exército do Senhor, o pastor Aldo é um valoroso soldado. Seu livro desenrola-se no campo da libertação espiritual. Em cada página nos deparamos com situações que mais parecem ficção. Histórias dramáticas de pessoas que tiveram suas vidas arruinadas pelo inimigo. Gente que convive com os mesmos problemas que assolaram seus antepassados, como suicídio, prostituição, vícios, doenças e enfermidades. Destruindo Fortalezas, Libertando Cativos mostra por que muitos cristãos continuam convivendo com as mesmas dificuldades que enfrentavam antes de se converterem. Aprofunda-se biblicamente, em temas como: homossexualismo, sexo infantil, pedofilia, espiritismo, idolatria, síndromes e transtornos, e as consequências da "inversão de papéis" entre o homem e a mulher. Esclarece que a libertação espiritual não consiste apenas em expulsar demónios, mas em levar as pessoas a conhecerem o Senhor Jesus. NILTON PEREIRA PRESBÍTERO, JORNALISTA, ESCRITOR E ADVOGADO

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Notas do autor

A fim de preservar a imagem das pessoas, todos os nomes mencionados nas experiências de libertação desta obra são fictícios. Os textos bíblicos citados neste livro estão conforme a versão Revista e Atualizada da Bíblia Sagrada, segunda edição, traduzida por João Ferreira de Almeida, da Sociedade Bíblica do Brasil, exceto quando especificada outra versão.

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Sumário

Introdução

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1. Libertação

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2. Maldição em Família

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3. O Inferno de Karoline

49

4. A Inversão dos Papéis

81

5. Sob a Proteção da Hierarquia

105

6. Rebelião Feminina

111

7. Profecia, Adivinhação ou Palavra de Engano?

121

8. Vínculos Malignos

127

9. Doenças, Enfermidades, Problemas Emocionais e Problemas Espirituais 10. Síndromes e Transtornos..

165 . 185


11. O Enviado do Diabo

213

12. Libertação é Guerra Espiritual

217

13. Bênção e Maldição

235

14. Oração Contrária

255

15. Maldição Hereditária

263

16. Pecados Sexuais

275

17. Maldição Financeira

295

18. Maldição Espiritual

303

19. Quebra de Maldições

317

20. A Relação entre os Anjos de Deus e os Homens.... 331 21. Devemos Conversar com Demónios?

335

22. Devemos dar Crédito ao que os Demónios Dizem? 337 23. Os Pastores Infiéis..

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INTRODUÇÃO

Conhecendo e Experimentando o Poder de Deus

Entreguei minha vida ao Senhor Jesus em junho de 1991. Era solteiro e morava só. Encontrava-me mergulhado numa profunda crise existencial. Tinha perdido a alegria de viver. Tudo o que embalara minha vida, até então, já não fazia o menor sentido. Festas, amigos, bebidas e mulheres, nada preenchia o vazio que havia dentro de mim. Dormia no sofá da sala tendo a TV como companheira. A psicanálise em nada contribuiu para me tirar daquela situação. Necessitava de remédios para dormir e impedir meu cérebro de processar problemas enquanto eu dormia. Um dia, quando eu ia tomar mais um comprimido, Deus falou ao meu espírito: • "Não é deste remédio que você precisa." Ao mesmo tempo em que ouvi esta advertência, a igreja em que eu havia estado algumas vezes, dois anos antes, me apareceu num "flash de memória". Corri para lá no dia seguinte e de lá nunca mais saí. Foi uma conversão abrupta, radical. Desde o início de minha nova vida com Deus, senti-me fortemente desafiado a interceder pela libertação das pessoas, pelos povos e nações. Envolvi-me, medularmente, na guerra espiritual, mesmo sem conhecer direito esse assunto. Meu estimado amigo Paulo, a quem sou imensamente grato por seu obstinado empenho em conduzir-me a Cristo, presenteou-me com um exemplar do livro

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Este Mundo Tenebroso (This Present Darkness - Frank E. Peretti - Editora Vida). Creio que Deus usou essa obra de ficção para abrir minha visão em relação ao mundo espiritual. Porém, minha leitura predileta era mesmo a Palavra de Deus. A autoridade com que Jesus exerceu seu ministério terreno despertava em mim um forte desejo de conhecer e experimentar, cada vez mais, o poder de Deus. Especialmente quando constatei que todo o que Nele crê pode fazer as obras que Ele fez, conforme suas próprias palavras: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maioresfará, porque eu vou para junto do Pai"(Jo 14:12). Meu desejo era frutificar para Deus e sabia que, para isso, precisava me preparar. Dedicava um bom tempo à oração, estudava a Palavra com especial interesse, jejuava quase todos os dias até o anoitecer e, raramente, faltava aos cultos da igreja. Já era obreiro quando tive a primeira experiência na área de libertação. Na verdade, apenas expulsei um demónio de uma pessoa. Foi numa noite em que todos foram chamados à frente para receberem oração. Ao meu lado, um rapaz comportava-se de modo estranho. Parecia muito perturbado. Recebeu uma rápida oração de um dos pastores, mas permaneceu ali. Tremia o corpo todo e balançava-se de um lado para o outro repetindo: — Fogo santo, fogo santo, fogo santo, fogo santo. Sua atitude me incomodava. Meu espírito inquietava-se dentro de mim. Sentia-me desafiado a orar por ele. Aguardei um pouco, a fim de obter coragem, e coloquei-me em frente a ele sem saber direito como proceder. Meu coração batia acelerado. Coloquei uma das mãos sobre sua cabeça e comecei a orar em línguas. Mal comecei, e ele estatelou-se no chão. Ajoelhei-me ao seu lado e continuei orando. Nunca havia chegado tão perto de alguém possuído por espíritos demoníacos. Manifestações dessa natureza não eram muito comuns em nossa igreja naquela época. De repente, o rapaz começou a se debater. Com os braços erguidos e as mãos espalmadas para cima, batia freneticamente as costas contra o piso. Desejei, ardentemente, que um pastor viesse em meu socorro. Nada... Senti o suor escorrendo pelo meu rosto e a camisa grudando-me às costas. O Espírito do Senhor falou comigo: — "Ore por ele!". Antes de obedecer àquela direção, entrelacei minhas mãos nas do rapaz e ele aquietou-se. Senti-me mais encorajado e comecei a orar. 16


— Senhor, em nome de Jesus, liberta esse jovem de todo o mal. Lança fora os demónios que o atormentam. Pude ver vultos escuros saindo de seu corpo enquanto fazia essa oração. Esforçava-me para continuar orando, mas a excitação me impedia de encontrar palavras apropriadas. — Em nome de Jesus Cristo, ordeno que saiam da vida desse rapaz. — determinei finalmente. Ele aquietou-se de vez, e seu semblante foi serenando. Abriu os olhos esforçando-se para reconhecer o lugar em que se encontrava e entender o que havia acontecido. Perguntei se estava bem. — Tudo bem. — respondeu. Ajudei-o a se levantar e, com as pernas trémulas, retornei ao meu lugar na parte detrás da igreja a fim de interceder pelo culto, como habitualmente fazia. A partir desse dia meu interesse por libertação espiritual só aumentou. Eu procurava colocar em prática tudo o que aprendia na Palavra. Os resultados eram extraordinários. Eu via as promessas de Jesus se cumprindo dia após dia: "Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demónios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados''(Mc 16:17,18). A cada experiência, minha visão era ampliada. Aprendi que a libertação não consiste apenas em expulsar demónios, mas em levar as pessoas ao pleno conhecimento de Deus e das leis ou princípios que regem o mundo espiritual, para que sejam livres. "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8:32). Algumas questões, porém, me intrigavam: Por que tantos cristãos viviam como derrotados, enfrentando dificuldades de toda ordem? Por que tantas pessoas padeciam sob o jugo de satanás mesmo servindo a um Deus tão poderoso? Por que até mesmo muitos líderes aceitavam viver em tais condições? Essa realidade contrastava com as verdades bíblicas que eu aprendia. O apóstolo Paulo escreveu aos efésios informando-lhes que orava para que o Espírito Santo os levasse a enxergar a grandeza do poder de Deus e a experimentá-lo numa dimensão maior (Ef 1:16-23). O desejo de Paulo era que os crentes de Efeso entendessem que o mesmo poder usado por Deus para resgatar a Cristo Jesus do inferno — para onde foi pelos nossos pecados — colocando-o

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à Sua direita, acima de todo principado, potestade, poder, domínio e de todo nome que se possa referir, foi dado à igreja (Ef l :20-23), ou seja, a mim e a você. A Palavra de Deus trata claramente sobre essa "outorga" de poder: "Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios, e para efetuarem curas" (Lc 9:1, grifo do autor). A Bíblia mostra que, além de poder e autoridade, o Senhor Jesus conferiu imunidade aos seus discípulos: "Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano" (Lc 10:19, grifo do autor). O triunfo do Senhor Jesus sobre a morte e o inferno resultou na sujeição de tudo e de todos ao Seu nome: "Para que ao nome deJesus se dobre todojoelho, nos céus, na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai "(Fp 2:10,11). Essa passagem demonstra quanto poder e autoridade há no nome de Jesus Cristo, atributos por Ele conferidos a todos os que se tornam Seus discípulos. "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus" (Mt 16:19). Essas "chaves" mencionadas por Jesus simbolizam Seu poder e autoridade. Por meio desses atributos podemos ligar e desligar qualquer coisa segundo Sua vontade, e realizar as obras que Ele mesmo realizou como: libertar os cativos, curar os enfermos, expelir demónios, proclamar o evangelho e o perdão dos pecados a todos que se arrependerem e o receberem como Senhor e Salvador. Mas, quem são, de fato, os discípulos de Jesus? Quem pode confrontar os poderes das trevas em Seu nome? No princípio eram, apenas, os doze apóstolos. Mas, todos os que nele crêem tornam-se igualmente Seus discípulos. Em sua epístola aos romanos, o apóstolo Paulo afirma que somos muito mais que discípulos de Jesus: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados" (Rm 8:16,17).

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Essa passagem mostra que todos os que se convertem a Cristo Jesus tornam-se seus co-herdeiros. O que realmente falta a muitos cristãos é assumir sua posição de autoridade em Cristo e exercê-la na prática. Por esta razão, muitos vivem como derrotados e com medo do diabo. Em suas igrejas o evangelho não é pregado como deve. As pessoas não são levadas a crer que podem, realmente, fazer tudo o que Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mimfará também as obras que eu faço, e outras maioresfará, porque eu vou para junto do Pai" (Jo 14:12). Muitos cristãos têm suas mentes obscurecidas pelo diabo para que não compreendam o real significado dessas palavras. Por isso, vivem em luta constante contra enfermidades, vícios, separação, brigas, problemas espirituais, financeiros e situações ainda mais calamitosas. Têm urna visão equivocada de que, no Universo, existem dois poderes que se equivalem em força e autoridade. Precisam saber que, no cristianismo, não existe o dualismo do bem e do mal. Servimos ao Deus Todo-Poderoso, criador de todas as coisas, pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Satanás é uma criatura, um anjo caído, falido e derrotado. A batalha entre essas duas forças antagónicas já foi vencida por Jesus Cristo na cruz do Calvário. Nosso Senhor reina no seu trono de glória, acima de todo principado e potestade e de todo nome que se possa referir em qualquer tempo. Satanás e seus demónios já tiveram sua sentença decretada (Jo 16:11), e no devido tempo serão lançados para sempre no lago de fogo e enxofre. "O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos" (Ap 20:10). Apesar de derrotado, satanás continua resistindo através de seu exército. Seu propósito é impedir a Igreja de tomar posse da vitória que Jesus Cristo conquistou na cruz. Para melhor compreender o princípio da autoridade, relembremos como tudo começou: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou, E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os feixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra" (Gn l :27,28).

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Como vimos nesses versículos, Deus criou o homem para reinar sobre todas as coisas, inclusive sobre satanás. A autoridade com que Deus revestiu o homem faz dele um ser de elevada estatura espiritual, como mostra a seguinte passagem: "Que é o homem, que dele te lembres. E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste" (SI 8:4-6). Quando, Adão, o primeiro homem, pecou, entregou esse domínio, inclusive de sua própria vida, a satanás. Mas Deus não desistiu de Seu projeto. Prometeu que enviaria um Messias para restabelecer a autoridade que o homem entregou ao inimigo (Gn 3:15) e começou a cumprir sua promessa quando levantou um povo escolhido, através do qual enviaria seu Ungido. A Bíblia refere-se a Jesus Cristo como o segundo Adão (ICo 15:45-49). A diferença entre o primeiro e o segundo Adão é que o primeiro foi criado sem pecado e depois se corrompeu. Jesus Cristo jamais cometeu qualquer pecado. Assim se entregou à morte na cruz para triunfar, por nós, sobre satanás. Ressuscitado, Ele declarou aos seus discípulos: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra" (Mt 28:18). Em suma, o que o Senhor Jesus fez foi retomar a autoridade que o homem entregou a satanás, sujeitando-o novamente a nós pelo seu nome. O que significa dizer que sua vitória na cruz nos foi dada. Ele nos fez seus co-herdeiros para que pudéssemos reinar com Ele. Aleluia!

Guerreando a Descoberto Quanto mais o tempo passava, mais eu me envolvia na guerra espiritual. Na verdade, todos nós quando nos convertemos passamos a fazer parte do exército de Jesus Cristo. Muitos cristãos acham que podem ficar fora dessa guerra e, para se eximirem da responsabilidade, evitam conhecer ou até mesmo falar sobre esse assunto. Esta não é uma posição sábia. O diabo não fica satisfeito quando o deixamos para servir a Deus e passa a nos tratar como seus inimigos. Até que venha a ser lançado definitivamente no lugar 20


que lhe foi reservado, o inimigo não desistirá de lutar contra nós. Mas isso não deve ser motivo de preocupação, pois o Senhor nos capacita a lutar e prevalecer contra o império do mal. O propósito de Deus é que assumamos nossa posição de autoridade em Cristo Jesus para combater o inimigo e reinar como Seus co-herdeiros. Comecei a guerrear do modo como imaginava ser correto. Muitas vezes virava noites intercedendo sem perceber o tempo passar. O ódio que sentia do diabo era minha motivação. Orava para que Deus frustrasse seus planos e enviasse Seu exército para destruir as hostes do mal. Intercedia vigorosamente para que o Senhor estendesse Sua poderosa mão contra os demónios que promovem a idolatria, o ocultismo, o espiritismo, a prostituição e a corrupção, dentre outras práticas comuns no Brasil. Vislumbrava enxames de demónios sendo dizimados enquanto eu guerreava. Pelos olhos da fé, podia enxergar o exército de Deus triunfando sobre as trincheiras do inimigo. Orava com instância para que o Senhor levantasse um numeroso exército de intercessores para clamar pelo meu país. Inspirava-me na seguinte passagem da Bíblia: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua. terra" (2Cr 7:14).

A intercessão era o combustível que movia minha vida espiritual. Mas, como toda ação gera uma reação, eu e minha família sofremos muitas retaliações sem que eu pudesse discernir as causas. O inimigo tirava proveito de minha imaturidade espiritual para atacar minhas áreas de fragilidade causando muitos danos à minha família. Feridas abertas, traumas não curados, o temperamento não tratado, dentre outras deficiências eram brechas que o inimigo explorava para me atingir e tentar desestabilizar. Minha esposa e nossas duas filhas mais novas eram as mais afetadas. As meninas nos deixaram sem dormir na faixa dos três aos seis anos de idade. Sofriam ataques noturnos e só pegavam no sono enquanto permanecíamos em oração. A mais velha tinha medo de dormir e relutava em ir para a cama. O inimigo a atacava por meio de pesadelos em que ela via pessoas da família sendo mortas de forma trágica. Passávamos as noites nos revezando em oração. Quando íamos a algum restaurante, o inimigo bombardeava sua mente fazendo-a pensar que a refeição lhe faria mal se ela a tomasse. Amedrontada ela simplesmente desistia de comer. Minha esposa sofreu, por muito tempo, com 21


uma sinusite crónica que resistia a todo tipo de tratamento. Nossa filha mais nova teve uma estranha dor de cabeça entre os seis e os nove anos e precisou tomar remédios controlados. Foi um período muito difícil para nós. Sem saber discernir a causa de tantos problemas, eu procurava administrá-los como podia e prosseguia firme na batalha. Não tinha ideia do quanto estava exposto. Faltavam-me discernimento, orientação e cobertura espiritual. O presbitério da igreja não compartilhava do meu interesse pela guerra espiritual. Os pastores sabiam em que eu vivia metido, mas não se preocupavam. Durante um congresso promovido por nosso ministério, em Brasília, um deles participou de uma oficina sobre batalha espiritual junto comigo. Ao final, conversamos com o conferencista sobre o meu caso. O pastor foi advertido quanto aos riscos que eu corria por guerrear sem cobertura. — Para esse nível de batalha ele precisa de cobertura específica, incluindo oração, jejum e acompanhamento pastoral. — alertou-o o conferencista. Mas, ao invés de me oferecer cobertura, a liderança me aconselhou a abandonar a intercessão de guerra. O máximo que consegui foi diminuir a intensidade por algumas semanas. Um dia, enquanto eu orava na igreja, Deus usou o irmão Paulo para me exortar. Eu orava prostrado na sala de intercessão, com o rosto entre os joelhos, como de costume. De repente, comecei a me sentir inócuo. O que eu estava fazendo parecia não ter nenhum sentido. Não conseguia sentir a presença de Deus, e minha oração não fluía. Nunca havia experimentado algo parecido antes. No princípio imaginei tratar-se de uma estratégia do inimigo para me resistir. — O que está havendo, meu Deus? — indaguei apenas em espírito. — Por que me sinto tão mal? Se isto é um ataque do inimigo, peço que o obstrua, em nome de Jesus. — supliquei, mas não obtive resposta. Aquela situação prolongava-se me deixando cada vez mais angustiado. — Senhor, em nome de Jesus, diga-me o que está havendo? — insisti, mas nada de resposta. Lembrei-me de que não estava só. Paulo orava em silêncio num canto da sala. — Senhor, usa teu servo para falar comigo. — pedi. Ele continuava orando com o rosto voltado para a parede. Eu ouvia o cochichar de seus lábios, mas não podia entender suas palavras. No auge de minha angústia me levantei e sentei no banco que havia na sala de intercessão. Continuei clamando, com o queixo amparado pelos braços cruzados sobre o encosto de madeira. — Senhor, não consigo ouvir Sua voz. Usa teu servo para falar comigo. — insisti.

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Eu vigiava os movimentos daquele irmão na expectativa de que, em algum momento, Deus o usasse para falar comigo. Após alguns longos e angustiantes minutos ele caminhou em minha direçáo. Aproximou-se devagar e pôs-se a falar: — Você precisa parar, Aldo. O Senhor não quer você guerreando dessa maneira. — Disse-me ele com autoridade. — Deus me deu uma visão ao seu respeito. — prosseguiu, com olhar sério. — Uma mão vinha por trás de você e tragava suas energias, te enfraquecendo. — contou. — Você agia como alguém que não sabe o que está acontecendo. — prosseguiu. Paulo mostrava-se preocupado comigo enquanto relatava a impactante visão que Deus lhe dera ao meu respeito. — Por um momento pensei que devia apenas orar, mas o Senhor me impulsionou a falar com você. —disse. — Você não pode continuar guerreando dessa maneira. Está sendo retaliado e não percebe. Não pode prosseguir sem cobertura. — completou. Fiquei muito impactado com aquela revelação. Convenci-me de que devia parar de guerrear, só não sabia como. Até porque, aquilo era algo que eu jamais cogitara.

Sobrevivendo no Deserto Nos anos que se seguiram, minha vida mudou completamente. Desfiz-me do pequeno negócio em que trabalhava e voltei à área da comunicação. Acumulava várias funções na equipe de jornalismo esportivo de uma emissora de rádio. Essa atividade tomava praticamente todo o meu tempo, de domingo a domingo. Não tinha folgas nem férias. O tempo que passava com minha família se restringia a alguns raros momentos, e isso nos era muito prejudicial. Era impossível congregar como antes. Quando não estava viajando, saía do trabalho tarde da noite. Minha vida espiritual foi muito prejudicada. Por mais que me esforçasse não conseguia frutificar. Sentia-me em pleno deserto. Não conseguia enxergar aquilo como uma intervenção de Deus. Nessa época, recebemos a visita do pastor Jack Schisler, um abençoado servo de Deus que dedicou praticamente toda sua vida à obra missionária. Naquela noite, ao final do culto, o pastor Jack foi grandemente usado por Deus para falar a algumas pessoas de forma específica. Eu fui uma delas.

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— O que está havendo com você? Por que anda tão distante? — indagou, num tom paternal. Era direcionado pelo Espírito Santo, pois não me conhecia. Falava com a ajuda de um intérprete, uma vez que não dominava a língua portuguesa. — Serei mais específico com você. — prosseguiu ele com uma das mãos sobre meu ombro. — Antes, você passava horas na presença de Deus, intercedendo e buscando comunhão com Ele. Por que parou? Você foi chamado para isso. Retorne imediatamente ao seu posto. Não demore, faça-o já. — exortou-me. Aquela experiência foi um marco em minha vida espiritual. Compreendi que o deserto é um lugar de provação e de tratamento. No deserto, aprendemos a depender exclusivamente de Deus e a avançar somente quando a nuvem da Sua presença se move mostrando-nos em que direção devemos seguir. A partir daquele dia eu e minha esposa começamos a orar por um renovo de Deus em nossa vida. Logo, aquele ciclo terminou. O Senhor providenciou para que eu mudasse para outra área da comunicação. Já não trabalhava à noite nem nos finais de semana. Pude, finalmente, sair de férias e viajar com a família por uns dias depois de muitos anos. Voltei a congregar regularmente e, aos poucos, fui retomando minhas funções ministeriais na igreja. Reassumi meu posto na trincheira da intercessão. Em princípio enfrentamos muita resistência. Éramos, quando muito, três ou quatro pessoas, mas com o passar do tempo, o Senhor acrescentou-nos outros guerreiros. Reuníamo-nos uma vez por semana para interceder, estudar a Palavra e compartilhar experiências. Contávamos com a efetiva cobertura da liderança. Porém, eu não me sentia apto a voltar ao trabalho na área de libertação. Apenas apoiava um irmão que, eventualmente, se dedicava a esse ministério. Às vezes me sentia como o profeta Jonas, tentando fugir do chamado de Deus, mas a exemplo dele não pude escapulir. Tão logo disse: "eis me aqui"; o Senhor passou a usar-me grandemente. Nessa época, fomos ordenados e ungidos pastores. Nossa ordenação teve um significado muito forte. Sentimos uma nova medida de unção sendo derramada sobre nossa vida e a atmosfera espiritual ao nosso redor mudou completamente. Orávamos para que o Senhor nos revestisse e capacitasse a exercer as funções para as quais nos havia chamado. Percebíamos nosso discernimento espiritual sendo aprimorado a cada dia. Não planejávamos publicar as experiências que o Senhor nos proporcionava no exercício do ministério de libertação. Passamos a considerar essa possibilidade a partir das palavras de incentivo que recebemos de alguns irmãos.

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— Este é um ministério importante na igreja. Suas experiências são muito fortes e precisam ser compartilhadas. Ore sobre a possibilidade de publicá-las em livro ou apostilas. — aconselhou-me um de nossos líderes. Segui seu conselho e comecei a orar a respeito. Algum tempo depois, voltamos a falar sobre esse assunto. Disse-lhe que me sentia motivado a acatar sua sugestão. Ele voltou a me incentivar, e eu interpretei sua posição como uma resposta de Deus às minhas orações. Alguns meses depois resolvi "colocar a mão na massa". Tinha abandonado o jornalismo e montado uma agência de publicidade havia uns três anos. Comecei a escrever no escritório, durante o expediente, mas logo percebi que daquela forma não conseguiria avançar. Passei a orar para que Deus me apontasse outro caminho. Um dia, quando eu saía de minha sala, o Senhor falou ao meu espírito: — "Vou tirá-lo desse lugar". Na verdade eu já não sentia prazer no trabalho secular havia muito tempo. Meu desejo era me dedicar, integralmente, à obra do Senhor. Um ano depois, Deus viabilizou minha saída daquele negócio de forma satisfatória. Finalmente poderia dedicar-me somente àquilo que meu coração desejava. Passei a dividir meu tempo entre escrever e servir na igreja. Assim surgiu o livro que você está lendo. Antes de prosseguir, sugiro que ore para que Deus lhe conceda espírito de entendimento. Receba o conteúdo desse livro com atenção, tendo o cuidado de verificar se, de fato, tudo tem respaldo na Palavra. Não faça qualquer julgamento a respeito dessa obra antes de concluir sua leitura. Se você tem dificuldade em acreditar no agir sobrenatural de Deus, poderá não compreender ou aceitar tudo o que irá ler, mas sugiro que prossiga mesmo assim. Oro para que você tire o máximo proveito dessa leitura. Então, vá em frente. Descubra quão maravilhoso é conhecer e experimentar o poder Daquele que habita nos lugares celestiais "acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro. E sujeitou todas as coisas aos seus pés" (Ef 1:21,22). Boa leitura.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO l

Libertação

A libertação é urna realidade bíblica. Foi um dos pilares do ministério terreno de Jesus Cristo. A Palavra de Deus afirma que Ele veio para 'proclamar libertação aos cativos e pôr em liberdade os algemados' (Is 61:1). No meio evangélico a palavra libertação normalmente é associada à expulsão de demónios. Porém, expulsar demónios não é a parte mais importante no processo de libertação. Demónios se alimentam dos pecados e das iniquidades do ser humano. Expulsá-los, apenas, não resolve o problema. Para ser efetivamente liberta das maldições e influências malignas que o pecado acarreta, a pessoa precisa conhecer e tratar das causas que dão ao inimigo o direito legal de persegui-la e amaldiçoá-la. É um processo que requer coragem, sinceridade e transparência. Tentar resolver o problema das maldições e infestações demoníacas apenas expulsando os demónios é o mesmo que enxotar os abutres que se alimentam de uma carniça. Eles se afastarão temporariamente, mas logo voltarão para continuar usufruindo da carne putrefata. O propósito da libertação é eliminar a carniça e purificar o espaço que ela ocupa. Assim os abutres não mais retornarão quando forem enxotados. Há pessoas que caem e manifestam demónios toda vez que recebem oração na igreja. Tais pessoas precisam passar por um sério diagnóstico para que seu problema seja identificado e tratado adequadamente. Do contrário, continuarão chamando a atenção de forma negativa na igreja.

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A libertação baseia-se na purificação, ou seja, na separação do pecado e de tudo o que contamina. A confissão é a única maneira de uma pessoa se livrar do pecado e das consequências que ele acarreta. O pecado oculto não pode ser remido pelo sangue de Jesus. Somente o que for exposto e confessado. "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado" (S\ 32:3-5). A Bíblia afirma que os pecados e iniquidades fazem separação entre o homem e Deus (Is 59:2). O Senhor não apaga de sua memória os pecados não confessados (Jr 31:34). No meio cristão há uma grande confusão entre libertação e salvação. O homem só pode ser salvo se receber Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e aceitar Seu sacrifício como propiciação pelos seus pecados. Por meio de Sua morte e ressureição, além de nos agraciar com a salvação, Jesus nos deu o direito de ser libertos de toda maldição. Porém, muitos crentes acham que ser salvo e ser livre das maldições são a mesma coisa, por isso vivem sob maldição, mesmo depois de convertidos. Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar. No entanto, nem todas as pessoas no mundo estão salvas. A Bíblia mostra que para ser salvo o homem precisa conhecer seus direitos e reivindicá-los. A salvação é uma prerrogativa daqueles que recebem a Cristo Jesus como seu Senhor. Jesus Cristo morreu para que fossemos curados de todas as enfermidades, mas nem todas as pessoas estão curadas. De igual modo, Jesus morreu para nos livrar de todas as maldições, mas ainda existem muitas pessoas, inclusive servos de Deus, vivendo sob maldição (Lc 13:10-17). A efetiva libertação de uma pessoa que vive sob maldição passa por sua regeneração. É o processo em que a pessoa é transformada pelo Espírito Santo numa nova criatura, ao tomar a decisão de receber Cristo como Senhor e Salvador, abandonando as antigas práticas. Ninguém pode ser regenerado sem mudar suas antigas práticas e valores. É o que a Bíblia classifica como o despojar do velho homem. E essa mudança que possibilita a libertação. Por meio dela é eliminado tudo o que serve como alimento para os "abutres" na vida de uma pessoa.

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Aquele que já foi liberto não deve oferecer novas oportunidades ao diabo. O pecado dá ao inimigo o direito legal de entrar na vida das pessoas e dominá-las nas áreas correspondentes aos pecados praticados. E um equívoco pensar que tais áreas podem ser desinfestadas através de uma simples oração ou de meras palavras de ordem. O que possibilita a libertação é a mudança de estilo de vida da pessoa. Por isso, o aconselhamento tem um papel fundamental na libertação. É por meio do aconselhamento que as pessoas são levadas a conhecer as verdadeiras causas de seus problemas e as leis ou princípios que regem o mundo espiritual. No aconselhamento, as pessoas têm a oportunidade de abrir o coração com sinceridade & expor seus pecados não confessados, para que possam ser remidos pelo sangue de Jesus. Nele, as pessoas são conscientizadas sobre o poder destrutivo do pecado e o poder da cruz mediante a confissão. A libertação sem aconselhamento não tem eficácia. Porém, nem todo processo de libertação começa no aconselhamento. Muitas vezes, esse processo é deflagrado a partir da manifestação demoníaca mediante a oração forte. É quando a pessoa já se encontra totalmente dominada por espíritos demoníacos. Nesses casos, devemos usar nossa autoridade em Cristo Jesus para investigar as causas da infestação demoníaca na vida da pessoa e de sua linhagem, pois, ao nome de Jesus, o diabo não pode nos resistir: "Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2:10,11). "Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano''(Lc 10:19). Geralmente é possível extrair mais subsídios dos próprios demónios do que de suas vítimas, uma vez que a maioria das pessoas ignora as implicações espirituais que envolvem seus problemas. O aconselhamento também tem importância fundamental no tratamento das pessoas com problemas emocionais. E o caso das que necessitam de cura interior. Há pessoas que, aparentemente, apresentam problemas emocionais, quando, na verdade, são portadoras de enfermidades espirituais. Nesses casos, somente aconselhamento não resolve. O que tais pessoas precisam é de libertação espiritual. E preciso ficar claro que a verdadeira cura interior nada tem a ver com regressão. A regressão é uma técnica maligna que emprega recursos do espiri29


tismo como meditação, hipnotismo e parapsicologia, para levar as pessoas a reviver antigos traumas com a ajuda de espíritos demoníacos. A regressão utiliza o chamado "poder da mente", que nada mais é do que uma forma de manipulação demoníaca, através da qual as pessoas são levadas a reviver experiências traumatizantes do passado. Por meio desse processo, entidades demoníacas se apoderam da mente das pessoas levando-as a passar por experiências que nem sempre vivenciaram. Através da regressão, as pessoas são levadas a firmar pactos com espíritos demoníacos sem ter consciência disso. Na verdadeira cura interior, a pessoa simplesmente é levada a tratar dos traumas que sofreu e continuam repercutindo negativamente em sua vida, crendo que Jesus Cristo a libertará da dor e do sofrimento impregnados em sua alma. É importante ressaltar que ninguém é perdoado para depois ser salvo. A salvação ocorre quando a pessoa crê que Jesus Cristo morreu na cruz com o propósito de salvá-la e toma a decisão de recebê-lo como Senhor e Salvador. O Senhor acolhe o pecador do jeito que ele se apresenta, sem impor nenhuma condição. O perdão dos pecados e, consequentemente, a libertação, vem depois. Foi o que ocorreu com os discípulos de Jesus. Eles, primeiro, O receberam como Senhor e O seguiram. A libertação e a transformação deles vieram na medida em que foram caminhando com Jesus. Quero ressaltar que o foco principal da libertação não é a confrontação dos demónios que escravizam as pessoas, mas o diagnóstico das causas que dão ao inimigo o direito legal de entrar em suas vidas e amaldiçoá-las. Tais causas são, basicamente, os pecados cometidos pela própria pessoa e/ou as iniquidades dos seus antepassados, como prostituição, espiritismo, idolatria, vícios, mágoas, ressentimentos, homicídio, suicídio, rejeição, problemas emocionais e sentimentais, etc. O propósito da libertação é identificar e revogar essas legalidades para que as influências ou perseguições malignas que elas acarretam sejam interrompidas. Para tanto é necessário o rompimento ou quebra dos vínculos ou pactos que tenham sido firmados com as trevas. Muitos cristãos, inclusive líderes, acham que a libertação ocorre de forma automática no ato da conversão. O que é um erro. Esse é um assunto sobre o qual aprofundaremos em outras seções desse livro. Na libertação lidamos com as maldições ou influências malignas que os pecados e iniquidades acarretam. Tais influências ocorrem em consequência da quebra dos princípios ou leis espirituais que Deus criou para reger sua relação com o ser humano. Essa quebra de princípios se dá através do pecado. 30


E importante ressaltar que cada pecado é regido por uma casta específica de demónios. Quando se aloja numa pessoa, um espírito demoníaco se encarrega de abrir novas portas para que outros venham entrar em seu "hospedeiro". As portas ou brechas são os pecados e/ou iniquidades não confessados de uma pessoa e de seus antepassados. Os demónios também estão sujeitos aos princípios ou leis espirituais que Deus criou. Eles não podem tocar nos servos de Deus sem que estes tenham quebrado algum princípio. Deus não concebeu leis ou princípios espirituais com o propósito de punir o ser humano, mas de protegê-lo. Porém, a quebra desses princípios gera um débito que, se não for resgatado pelo devedor, será cobrado dos seus descendentes. Mas, em sua infinita misericórdia, Deus concebeu um poderoso mecanismo, através do qual, podemos quitar nossas dívidas, ao recebermos Cristo Jesus como Senhor e Salvador. Por meio desse mecanismo, o poder do sangue de Jesus é efetivamente aplicado em nossa vida para remir nossos pecados e quebrar toda maldição que nos assola. Para isso, precisamos reconhecer, confessar e pedir perdão a Deus pelos nossos pecados e pelas iniquidades dos nossos antepassados. E preciso ficar claro que não existe libertação e quebra de maldições sem o sangue de Jesus. Aprofundaremos biblicamente nesse assunto nas seções sobre Maldição Hereditária e Quebra de Maldições. A libertação de uma pessoa passa por um diagnóstico eficaz de seus problemas. O diagnóstico começa pelo mapeamento do histórico da pessoa. O diagnóstico tanto identifica os sintomas e as causas que sustentam o problema, como indica o tratamento a ser aplicado. O sintoma não é o problema em si, mas o sinal que denuncia o problema, seja ele de natureza espiritual, física ou emocional. Já a causa é a origem do problema. A causa é o foco principal do diagnóstico. Sem o tratamento da causa não há como eliminar os sintomas. Quando os sintomas são claros, o diagnóstico é fácil e rápido. Por exemplo: insegurança, medo, timidez excessiva, ciúme, inveja, cobrança, controle, revolta, rebelião, agressividade, vingança, possessividade, autocomiseraçáo, autoimagem negativa, solidão, busca incessante por algo que preencha o vazio interior, dificuldade de crescer espiritualmente e imaturidade emocional são sintomas da rejeição. Assim como as doenças sexualmente transmissíveis são evidências do pecado da prostituição. Porém, há casos cuja complexidade dificulta o diagnóstico. Tais casos demandam tempo e paciência, tanto da parte de quem ministra como de quem é ministrado. Essa demora, muitas vezes, é criticada de púlpito por alguns líderes que conhecem o processo de libertação apenas superficial31


mente. Lamentavelmente, tal atitude contribui para desacreditar o ministério de libertação e para manter muitas vidas em cativeiro. O diabo agradece. Conforme afirmamos, o perdão dos pecados por meio do sacrifício de Jesus, assim como a libertação das maldições, depende da genuína confissão de pecados e iniquidades (At 19:18,19; IJo 1:9). A confissão é a exposição pública do pecado e da culpa. É um processo quase sempre doloroso que exige coragem e sinceridade. Quem se recusa a ir para a cruz optando por ocultar suas culpas viverá como prisioneiro do pecado e dos demónios que dele se alimentam (Pv 28:13). O processo de cruz é absolutamente necessário. O próprio Senhor Jesus nos deu esse exemplo. Ele não teve orgulho nem vergonha de ir para a cruz e expor uma multidão de pecados que nem Dele eram, mas de todos nós. A atitude de um dos ladrões que foram crucificados com Jesus é outro exemplo bíblico de que a confissão pública do pecado dá ao pecador e aos seus descendentes o direito à graça de Deus (Lc 23:39-43). Quando falamos em exposição pública de pecados, não estamos falando na execração do pecador. Deus abomina o pecado, mas ama o pecador. Aquele que peca, mas reconhece, confessa e se arrepende de seus pecados é perdoado e redimido. A Bíblia afirma que: "O Senhor firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; se cair, não ficará prostrado, porque o Senhor o segura pela mão" (SI 37:23,24). Aquele que, por orgulho, medo de "manchar" sua reputação ou por qualquer outra razão, se negar a confessar e a expor seus pecados não pode ser restaurado. Pecados ocultos não são remidos. Quem não trouxer seus pecados à luz não pode ser contemplado pela obra da cruz. Sem confissão e exposição de pecados é impossível haver libertação. A Palavra de Deus afirma que se andarmos na luz, o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. "Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (IJo l :7). Muita gente imagina que a libertação é o resultado da oração forte daquele que ministra libertação. Porém, o verdadeiro papel de um "libertador" é levar as pessoas a conhecerem as leis ou princípios que regem o mundo espiritual, as consequências da quebra desses princípios e o caminho que conduz à restauração.

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Muitos dos que nos procuram em busca de libertação olham-nos como se fôssemos um "pajé" ou um "pai de santo". O que tais pessoas verdadeiramente estão procurando é uma solução rápida para os seus problemas, sem que tenham que pagar um preço. Ao serem informadas de que a libertação é um processo que envolve humilhação, confissão, arrependimento, renúncia, restituição, reconciliação, oração, disciplina e um sério compromisso com Deus acabam desistindo. Muitas dessas pessoas já passaram pelas mãos de feiticeiros, macumbeiros, médiuns espíritas, benzedores e outros agentes de satanás, e desenvolveram uma mentalidade errada a respeito da libertação. Na visão delas, aquele que lida com libertação é alguém dotado de poderes sobrenaturais. Alguém capaz de livrá-las de seus problemas por meio de uma invocação mística, um despacho ou um ritual qualquer. Muitas delas não querem compromisso com Deus ou com sua igreja. Quem se recusa a fazer parte do corpo de Cristo, fica sem cobertura espiritual tornando-se uma presa fácil para o inimigo. Uma pessoa não convertida não pode ser liberta. Quem lida com libertação e não tem consciência disso acaba investindo tempo e energia em vão. A falta de compromisso com a santificação é outro fator que inviabiliza a libertação. Quem se recusa a abandonar as práticas que sustentam as maldições não pode ser liberto. Muitas pessoas acabam desistindo do processo de libertação ao serem informadas que, para serem efetivamente libertas, terão que abandonar práticas como: prostituição, espiritismo, idolatria, vícios, etc. Algumas, depois de serem libertas, tornam às antigas práticas, permitindo ao diabo voltar a aprisioná-las nas amarras do pecado. A Palavra de Deus mostra que o último estado de tais pessoas torna-se pior do que o primeiro (Mt 12:43-45). O discipulado é um instrumento indispensável na consolidação dos que vêm a Cristo. Quando a libertação precede o discipulado, a pessoa necessita de cobertura e acompanhamento sistemáticos, pois ainda não está suficientemente preparada para resistir sozinha às retaliações que normalmente ocorrem nessa fase. Quem ministra libertação tem a responsabilidade de conscientizar os que estão sendo libertos de que os demónios não deixarão de investir contra eles facilmente, sobretudo nas áreas em que foram escravizados. Por outro lado, essa confrontação serve para provar os novos convertidos em sua decisão de servir fielmente a Deus e obedecer aos seus princípios. É nessa fase que os recém convertidos devem ser ensinados a conhecer e a usar a armadura de Deus descrita 33


em Efésios 6:10-18. Particularmente, procuro estimulá-los a se dedicarem ao máximo à oração, ao jejum e à leitura da Palavra, e a frequentarem assiduamente a igreja. A falta de perdão é outro fator que sustenta as fortalezas do inimigo na vida de uma pessoa, impedindo sua libertação. O ódio, a vingança, a amargura e o ressentimento são sentimentos negativos que dão ao inimigo o direito legal de permanecer alojado nas pessoas. A oração intercessória é um mecanismo de salutar importância no processo de libertação, uma vez que a maior parte das maldições tem origem no passado. Esse mecanismo nos permite colocarmos perante Deus para confessar os pecados e iniquidades dos nossos antepassados e pedir que suas consequências sejam revogadas por meio do sangue de Jesus Cristo. E preciso ficar claro que a oração intercessória trata, apenas, das consequências dos pecados e iniquidades não confessados dos antepassados e não da culpa. A culpa é responsabilidade pessoal do infrator, conforme demonstrado no seguinte trecho da oração de Moisés pelo povo de Israel: "O Senhor é longânimo e grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta gerações" (Nm 14:18). Esse procedimento bíblico não pode, jamais, ser confundido com a invocação dos antepassados, que é a essência do espiritismo. A intercessão nos termos aqui colocados é respaldada biblicamente em diversas passagens: "Mas, se confessarem a sua iniquidade e a iniquidade de seus pais, na infidelidade que cometeram contra mim, como também confessarem que andaram contrariamente para comigo, pelo que também fui contrário a eles e os fiz entrar na terra dos seus inimigos; se o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem eles por bem o castigo da sua iniquidade, então, me lembrarei da minha aliança com ]acó, e também da minha aliança com Isaque, e também da minha aliança com Abraão, e da terra me lembrarei" (Lv 26:40-42, grifo do autor). "Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós. Agora, pois, ó Deus nosso,

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ouve a oração do teu servo e as suas súplicas e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor" (Dn 9:16,17, grifo do autor). "No dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e pano de saco e traziam terra sobre si. Os da linhagem de Israel se apartaram de todos os estranhos, puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais. Levantando-se no seu lugar, leram no Livro da Lei do Senhor, seu Deus, uma quarta parte do dia; em outra quarta parte dele fizeram confissão e adoraram o SENHOR, seu Deus" (Ne 9:1-3, grifo do autor).

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 2

Maldição em Família

Eram quase sete horas da manhã. Após deixar nossas filhas no colégio, liguei o som do carro, aumentei o volume e fiquei à espera da primeira canção. Como sempre, minha esposa me aguardava em casa para iniciarmos juntos nosso primeiro período de intercessão. Com forte presença de instrumentos de percussão e backing vocal afinado, a música inundou o interior do veículo. A canção falava sobre uma batalha espiritual em que um anjo de Deus bramia sua espada de fogo em defesa da Igreja de Cristo. Lembranças da última libertação que ministramos começaram a brotar em minha memória, despertando em mim um sentimento que conheço bem: Ódio. Ódio mortal pelo diabo e seus invisíveis, degenerados e pervertidos anjos do mal. São todos irremediavelmente malignos. Seu ódio pelo ser humano pode ser mensurado pela profundidade das marcas que imprime no corpo, mente e alma de suas vítimas. Ao escolhê-las, não as examina de acordo com a idade, currículo espiritual, social, financeiro ou racial. Engano, mentira, confusão, enfermidades, prostituição, vícios, medo e miséria são alguns dos instrumentos que o diabo usa para produzir seu alimento predileto: o sofrimento do ser humano. Seus subalternos vivem rugindo ao nosso derredor, bramando como leão, em busca de ocasião para concretizar seu propósito de roubar, matar e destruir. Quando subjugados, regozijam-se com cada detalhe de suas mazelas. No caminho em que Deus nos colocou, nos deparamos com muitas de suas vítimas, em desespero, buscando escapar do inferno de problemas em que foram mergulhadas.

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Segui percorrendo o caminho de volta pra casa. Os olhos fixos no trajeto e o pensamento naquele drama terrível. Era noite de uma segunda-feira. Quando comecei a orar por Romilda um demónio se manifestou. Enrijeceu os punhos dela e começou a grunhir destilando ódio. -"Grrruuumm... Grruuumm... Grruuumm." Antes de prosseguir, proclamei um trecho da Palavra: "Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2:10,11). — Está escrito! — enfatizei. — Te desligo do controle da vida dela e te proíbo de resistir. Perca as forças, em nome de Jesus Cristo. O espírito demoníaco foi se curvando lentamente até ficar de joelhos. Os pais dela eram pessoas idosas. Pedi a uma de suas irmãs que os levasse para outra sala. — Te amarro em nome de Jesus Cristo e te proíbo de receber ajuda. — estabeleci. Dirigi-me novamente a Deus em oração: — Senhor, em nome de Jesus, envia teus anjos para pelejar em nosso favor. Sei que estava prestes a começar mais uma narrativa de horror. — Diga seu nome. — ordenei. — "Exu Caveira."1 — O que você quer? Arquejando, com os olhos fechados e os punhos dela cerrados, o demónio permaneceu calado. — O que você quer dessa mulher? — repeti. — "Vou matar essa desgraçada... Ela é minha... Vou destruí-la." — ameaçou ele com a voz distorcida. — Não vai matar ninguém. O Senhor Jesus já te derrotou. — "Vou matar, ela é minha." — insistiu o demónio.

l Demónio de morte e destruição cultuado na macumba, uma das ramificações do culto afro-brasileiro que praticam a magia negra.

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— Não vai — discordei novamente. — "Vou... Ela é minha." — Cale a boca, em nome de Jesus. — ordenei com firmeza antes de citar outro trecho da Palavra de Deus: "Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano"'(Lc 10:19). — Você está sob a autoridade de Jesus Cristo. Responda o que eu perguntar. — Ele se calou. — Por que quer matá-la? — "Inveja. Ela é muito boa." — Quando entraram na vida dela? — "Tinha seis anos. Vou destruí-la." — Por qual porta entraram? — "Pelo estupro..." — Foi estuprada por quem? — "Pelo irmão dela." — Qual irmão? — "Ela só tem um."

Ao ouvir isto, Raíssa, sua irmã, que acompanhava a ministração, interveio: — Só temos um irmão pastor, o senhor o conheceu. De fato conheci Nivaldo dois anos antes. Uma de suas irmãs me ligou numa manhã de sábado me pedindo para orar por ele e aconselhá-lo. Era acusado de abusar sexualmente de uma menina de oito anos, filha de um amigo da família. Fora flagrado com a menina em uma barraca do acampamento em que se encontrava com amigos e parentes, inclusive sua irmã Railda, seu esposo e os filhos. Antes que a polícia fosse acionada ele evadiu-se do local, embrenhando-se na mata. Depois disso passou a viver às escondidas. Naquela manhã de sábado, em meu escritório, os três irmãos não se entendiam quanto ao caminho que Nivaldo deveria seguir. Ele planejava fugir do país. Mesmo não querendo vê-lo na cadeia, suas irmãs não concordavam com seu plano. Aconselhei-o a contratar um advogado e se apresentar às autoridades, e parti para o que tinha realmente a ver com minha função.

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Olhando francamente para ele, perguntei se gostaria de receber a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Mediante sua resposta afirmativa levei-o a orar confessando seus pecados. Ele repetiu tudo sem fazer nenhuma ressalva. Pediu perdão a Deus pelos seus pecados, incluindo o abuso sexual da menina. Dois anos mais tarde, Railda me procurou para falar sobre os desdobramentos daquele caso. Contou que Nivaldo viveu os últimos anos como foragido da justiça e tinha acabado de ser preso. Desejava vê-lo firmemente aliançado com Jesus Cristo e tendo acompanhamento pastoral. Em uma de nossas conversas, ela mostrou-se interessada em que orássemos pela quebra de maldições na vida de seus familiares. Acreditava que muitos problemas que enfrentavam tinham implicações espirituais. Ela me ouviu falar sobre pais que amaldiçoam os próprios filhos, e concluiu que poderia ser esta a causa dos problemas que assolavam sua família. Decidiu reunir seus pais e as duas irmãs para uma ministração conjunta. Foi assim que se deu nosso encontro naquela noite. Logo de início detectei um sério problema. É o que muitos chamam de "inversão de papéis" entre o esposo e a esposa. A mãe de Romilda, Dona Síria, uma mulher de sessenta e cinco anos, antecipou-se ao marido e tomou a iniciativa do diálogo. Fez questão de demonstrar que era ela quem governava sua casa. "Seu" Justino só abriu a boca para nos cumprimentar. Essa situação é vista como normal por muitas pessoas, mas, na verdade, é a causa de muitos problemas que assolam muitas famílias. Ternos lidado com esse assunto com muita frequência e sobre ele vamos aprofundar nesse capítulo. Introduzi a conversa falando sobre as consequências da rejeição. Eu suspeitava que esta pudesse ser a raiz de muitos problemas que algumas pessoas daquela família enfrentavam. Minhas suspeitas baseavam-se nos fatos relatados por Railda. Dona Síria não se conteve: — Graças a Deus não temos esse problema. Nossos filhos foram todos criados com muito amor. — disse ela, reiterando sua posição de líder e porta voz do clã. Prossegui escolhendo cuidadosamente as palavras para não entrar em confronto com ela. Contextualizei o problema, citando alguns sintomas da rejeição. Meu objetivo era levá-los a perceber que podiam estar diante do diagnóstico dos problemas que alguns deles enfrentavam. Porém, meu esforço foi inútil. Eu mal acabava uma frase e Dona Síria, novamente intervinha com outra colocação inoportuna, enquanto seu marido e as filhas só ouviam.

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Achei melhor encerrar aquela parte do atendimento, apesar de sua importância no encaminhamento da ministraçáo. Não queria me envolver numa discussão infrutífera prejudicando o objetivo daquele encontro. Eu sabia quem estava por trás do comportamento de Dona Síria e qual era sua verdadeira intenção. Concluí que seria melhor orar por eles. Contava com o suporte de minha esposa e fiel escudeira, que intercedia e anotava tudo. — O senhor não disse nada até agora. — disse eu ao senhor Justino. — Quem fala muito, ouve o que não quer. — respondeu ele meio acuado, com a voz baixa. Dona Síria rebateu prontamente: — Quem fala o que quer, ouve o que não quer. — disse num tom professoral, arrogante, corrigindo a frase do marido. — Vamos orar? — propus, colocando-me de pé. Orei primeiro pelo senhor Justino, depois por dona Síria. Quando comecei a orar por Romilda um demónio se manifestou. Foi a partir desse momento que o lado obscuro de sua história começou a ser descortinado. — Por quanto tempo usou o irmão para abusar dela? — inquiri o Exu Caveira. — Um ano. - Onde? — "Anápolis." — disse ele citando o nome do bairro onde a família morou muitos anos. Com os olhos, procurei por Raíssa em busca de confirmação. — Moramos muitos anos nesse lugar. — ratificou ela. Numa ministração, sempre buscamos extrair informações que sirvam para confirmar os fatos e dissipar possíveis dúvidas por parte da pessoa ministrada ou de seus parentes. — Como isso acontecia? — inquiri o Exu. — "Na ausência dos pais." — Quantos anos o irmão dela tinha? — "Oito ou nove." — Ele é quase três anos mais velho que ela pastor. — informou Raíssa, atenta ao desenrolar da ministração. Imagine. Um menino de nove anos, pervertido por demónios e usado para abusar da irmãzinha de seis. — Quais demónios o usavam? — perguntei, mesmo sabendo qual seria a resposta. «T T

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— "As Pombajiras."1 — Ele abusou de outras crianças? — "Muitas... Abusou a vida inteira." Com base nas experiências que vivenciamos nesse campo, podemos afirmar que Nivaldo sofreu abuso sexual na infância, uma brecha explorada por demónios de prostituição para transformá-lo num pedófilo2, ou seja, num perpetuador da agressão que ele sofreu. Toda pessoa abusada sexualmente é possuída por demónios da mesma natureza daqueles que usaram o abusador. Tais demónios entram pela brecha do abuso e assumem o controle da vida sexual da pessoa, passando a manipulá-la segundo lhe apraz. Um indivíduo abusado sexualmente, homem ou mulher, tanto pode se tornar um abusador, como um homossexual passivo e/ou ativo, assumido ou "enrustido"; um bissexual, um pedófilo, um sodomita (pessoa extremamente promíscua) um tarado sexual ou várias dessas alternativas juntas. — Ela foi abusada outras vezes? — perguntei. — "Muitas." — Por quem? — "Pelo primo dela." — Qual primo? — "O Rolando." — Quantos anos ele tinha? — "Dezoito." - E ela? - "Oito." Ao ouvir esse nome, Raíssa não se conteve:

1 Demónio feminino de prostituição; Exu Mulher ou Exu Feminino. Opera nas áreas sentimental e sexual. Quando se manifesta, fala e se comporta escandalosamente, com trejeitos de prostituta. Na definição kardecista, uma Pombajira é um espírito de mulher que em vida teria sido prostituta ou cortesã, mulher de baixos princípios morais, capaz de dominar os homens por suas proezas sexuais. Recebe oferendas de champanhe, cigarrilhas, cigarros, rosas vermelhas, mel, licor de anis, espelhos, enfeites, jóias, bijuterias, anéis, batons e perfumes. No Brasil as Pombajiras mais conhecidas são: Pombajira Rainha, Maria Padilha, Sete Saias, Maria Molambo, Pombajira da Calunga, Pombajira Cigana, Pombajira do Cruzeiro, Pombajira Cigana dos Sete Cruzeiros, Pombajira das Almas, Pombajira, Maria Quitéria, Dama da Noite, Pombajira Menina, Pombajira Mirongueira, Menina da Praia, Maria Bonita e lemanjá, dentre muitas outras. 2 Indivíduo caracterizado pela atração sexual por crianças, menino ou menina, pré-púberes (período que antecede a puberdade). A pedofilia pode ser praticada por adultos, adolescentes ou crianças, pois independe da concretização do coito.

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— Eu confirmo. Rolando é meu primo. Tentou fazer o mesmo comigo também. — revelou. Aquela informação indicava que esse primo, que abusou de Romilda e tentou abusar de Raíssa, era pedófilo. Foi ele, provavelmente, quem abusou de Nivaldo, abrindo portas para a entrada de demónios de impureza sexual em sua vida. — Vocês tinham conhecimento desses abusos? — perguntei à Raíssa. — Não, nunca soubemos disso. — respondeu ela, mostrando-se surpresa. — Quem mais abusou dela? — perguntei ao Exu. — "O namorado dela." Uma criança na idade em que Romilda começou a sofrer abusos ainda não é capaz de discernir entre o certo e o errado no campo sexual. Geralmente os pais não costumam orientar os filhos sobre esse assunto nessa faixa etária. O abuso sexual é uma experiência que traumatiza profundamente as crianças tornando-as extremamente retraídas e inseguras, especialmente quando é continuado. Muitas crianças chegam a se adaptar à situação, passando a enxergar a relação sexual como algo banal, como brincar, tomar banho ou trocar de roupa. Lidamos com uma família em que um avô praticava atos libidinosos com sua netinha de apenas dois anos. Os abusos foram descobertos de forma inusitada. Toda vez que ele aproximava-se da menina ela desabotoava e abaixava a fralda. Pessoas da família passaram a vigiá-lo e descobriram que ele a molestava. Em princípio, é natural que uma criança interprete o abuso sexual como algo ruim, devido à dor e ao desconforto, mas pode até adaptar-se à situação passando a achá-la normal, principalmente se o abusador for uma pessoa muito próxima. Como alguém com a qual ela convive, ama e em quem confia plenamente poderia lhe fazer algum mal? É dessa forma que a mente infantil interpreta a atitude de um abusador com esse perfil. Mas essas não são as únicas consequências da pedofilia. Algumas crianças não só se acostumam com os abusos como acabam se tornando sexualmente ativas, até mesmo antes da puberdade, por mais absurdo que isso possa parecer. Conhecemos casos de meninos e meninas de pouca idade que eram viciados em alguma prática sexual. Assediavam outras crianças, de ambos os sexos, e com elas mantinham relações sexuais de diversas maneiras. Há casos de crianças que buscam contato sexual com pessoas adultas. E óbvio que tudo ocorre por influência dos demónios de prostituição que as possuem. Lidamos com casos em que, meninos com idade entre três e cinco anos, bolinavam suas mães enquanto amamentavam sem que elas se dessem conta

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disso. Só vieram a perceber que eram tocadas com lascívia quando perceberam que seus filhos tinham ereções e diziam coisas incompatíveis com a idade deles. Infelizmente esse não é um fato raro. Ocorre geralmente com crianças que sofreram algum tipo de abuso ou receberam uma carga hereditária de perversão sexual. Tais crianças são manipuladas e usadas por espíritos demoníacos para praticar sexo, principalmente com outras crianças. Se não forem libertas se tornarão adultos desajustados emocional e sexualmente. Muitas crianças tornam-se sexualmente pervertidas em razão de um dos pais, ou dos dois, terem sido escravizados por demónios de prostituição e impureza. E uma maldição que passa de pai para filho. A perversão sexual, entre outros problemas dessa natureza, é um desvio de comportamento, um transtorno, causado por traumas sexuais sofridos principalmente na infância. Muitos pais, avós, tios ou mesmo babás, costumam "brincar" com os órgãos genitais das crianças, tocando ou estimulando-os com as mãos ou com a boca. O que muitos consideram uma divertida brincadeira é, na verdade, a violação da sexualidade da criança. Uma forma de agressão da qual ela não pode se defender. É obrigada a conviver com sensações que ainda não é capaz de interpretar. Tal prática abre portas para que a criança seja possuída e usada por demónios de prostituição e perversidade sexual. Foi o caso do serial killer, que em 1998 tornou-se mundialmente conhecido como "maníaco do parque". Depois de estuprar, torturar e matar várias mulheres, ele dilacerava seus corpos com os dentes e os enterrava no Parque do Estado, situado na região sul da cidade de São Paulo. Em seus depoimentos ele revelou que fora molestado sexualmente por uma tia quando criança. Na adolescência, teria sido seduzido por um patrão, fato que despertou seu interesse por relações homossexuais. Admitiu ter convivido por mais de um ano com um travesti. As experiências de dor e sofrimento vivenciadas por esse rapaz abriram portas para que o ódio e o desejo de vingança se instalassem em seu íntimo. Tais sentimentos foram usados como brechas pelo diabo para transformá-lo num assassino brutal. Na verdade, o "maníaco do parque" foi vítima de um processo de sodomização deflagrado pelos abusos que sofreu na infância. As razões que levam uma pessoa se tornar escrava da prostituição e da promiscuidade sexual, geralmente vêm à tona durante o processo de libertação. Se não forem libertas, os demónios que as escravizam migrarão para os seus descendentes e os levarão a adotar o mesmo comportamento.

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Há crianças que são possuídas por legiões de demónios de prostituição e levadas a praticar verdadeiras aberrações sexuais. Ao serem libertas elas simplesmente mudam de atitude. Voltemos à ministração com Romilda: — Ela sofreu outros abusos? — inquiri o demónio que a possuía. — "Prostituiu muito." — Com quem? — "Namorados." — Quais? — "Ademar, Rui, muitos..." — Por que o irmão abusou dela? — "Porque foi rejeitado. A mãe batia muito nele." — O que mais? - "A mãe o amaldiçoou." — Como ela fez isso? O que ela dizia? — "Maldito... Custoso... Muita coisa." — O que mais ela disse? — "Ele... Ele dava muito trabalho." — Quais outros demónios entraram na vida dele? — "Exu Caveira... Tranca Rua1..." — O que a mãe disse sobre o casamento dele? Railda havia me dito que dona Síria teria "profetizado" o fracasso do casamento de Nivaldo e amaldiçoado sua noiva. — "Ela não presta. Esse casamento não vai prestar." — relatou o demónio. — O que houve com o casamento dele? — "As Pombajiras destruíram." Infelizmente muita gente desconhece quanto mal pode ser desencadeado através das palavras. "A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto" (Pv 18:21).

l Demónio que opera "trancando" o caminho das pessoas e impedindo-as de prosperar. É considerado por seus adeptos como o "guardião dos caminhos", companheiro dos Pretos Velhos e Caboclos, aparador entre os homens e os Orixás, senhor da escuridão e do plano negativo.

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Provavelmente por falta de conhecimento, Dona Síria rejeitou e amaldiçoou o próprio filho, determinando sua desgraça moral e espiritual. "O meu povo está sendo destruído, porque lhefalta o conhecimento " (Os 4: 6a). — Quero saber sobre esta aqui. — determinei. — Quais demónios entraram na vida dela por meio dos abusos? — "Prostituição." Um demónio costuma chamar a si mesmo, e aos outros, pelo nome do mal que provoca. — Quais demónios entraram? — "Pombajiras... Muitas... Muitas." — Quem mais? — "O Tranca Rua." — Quantos mais? — "Muitos... Legiões. Fizeram-na ser humilhada perante a sociedade." — Como fizeram isso? — "Usando a amiga dela." — Amiga? Que amiga? — "A amante dela." — Ela prostituiu com mulher? — "Sim, por dez anos. Se sentia muito humilhada." Raíssa voltou a intervir: — Ela viveu com uma mulher durante dez anos, pastor. — Quem provocou isso? — inquiri o demónio. — "Fui eu... Ela tem que sofrer. O Germano, aquele desgraçado, entrou para atrapalhar." Após esse relacionamento homossexual, Ròmilda conheceu e se casou com Germano, com quem teve filhos. — Como estão tentando matá-la? — "Com doenças, colocamos doenças nela... Ela não presta para o marido." Colocaram quais doenças? — "Frigidez. Não tem sexo direito. Mas ele gosta dela assim mesmo. Tem dó dela. Aquele desgraçado. Odeio ele. Odeio você também. Sai do meu caminho." Cale a boca. Em nome de Jesus. Responda o que eu perguntar. — determinei. — Colocaram quais doenças nela? 46


— "Doença na coluna. Vai ficar aleijada." Interrompi outra vez a ministraçáo a fim de orar. — Senhor, quebra todas as resistências e traga luz em tudo o que está oculto na vida dessa mulher. Não permita que mintam. Em nome de Jesus Cristo. — Responda agora. O que mais colocaram nela? Está proibido de resistir. O demónio tentou permanecer calado outra vez. Escondia as mãos entre as pernas, cruzando e descruzando os dedos, fazendo feitiços. — Abra as mãos, seu mandingueiro. — ordenei. De cabeça baixa ele continuava arquejando. — Responda, colocaram quais doenças nela? — "Pedras nos rins, dor nos ossos. Vamos destruí-la." — Qual doença colocaram nos ossos? — "Osteoporose." — O que mais? Fale, em nome de Jesus. — "Doença na boca, cheira mal a boca dela... As gengivas estão apodrecendo. Os dentes vão cair." — O que mais? — "Dor na cabeça, nas mãos, nos pés, tontura, insónia... Estamos destruindo os ossos da coluna dela." — O que mais? Fale, em nome de Jesus. — "Doença na cabeça, tem esquecimento... é lerda... colocamos inflamação nos ouvidos, no labirinto." — Continue, fale. — "Cegueira, ela vai perder a visão, tem que ficar feia." — O que mais? — "Depressão." — Fale... em nome de Jesus. — "Secamos o ovário dela... Acabamos com a menstruação aos 40 anos." — O que mais? Continue falando, em nome de Jesus. — "Distúrbio na mente." — Distúrbio de quê? — "De loucura... Fraqueza na mente. Ela tem que gostar de todo mundo e se decepcionar depois." — O que mais? — "Medo constante e pensamento ruim na cabeça." — Quais pensamentos? 47


— "Pensamento com criança, pra lembrar o passado." — Que tipo de pensamento? — "Quando está na cama com o marido." — O que tem? — "Coloco visão de criança fazendo sexo." — Menino ou menina? — "Menino fazendo sexo com homem. Pra ela se lembrar do passado e sofrer. Faço ela ficar vendo isso. Ela sofre." O Espírito Santo trouxe uma palavra à minha mente: SUICÍDIO. — Estão tentando fazê-la se matar... — afirmei. — "Já tentamos três vezes. Fizemos ela tomar veneno e remédio. Essa desgraçada não morreu, mas tem fraqueza espiritual." — O que mais? — "Usamos os médicos." — Usam como? — "Usamos pra dar remédio errado. Ela fez tratamento em Goiânia. Fizemos dar tudo errado, mas essa desgraçada não morreu." Mais tarde, Railda falou-me sobre esse tratamento. — Ela realizou tratamento ortomolecular em Goiânia, mas não obteve êxito. Sofreu muito durante esse processo. Casos em que há interferência de demónios na medicina são mais frequentes do que se pode imaginar. Principalmente quando a causa das patologias é espiritual. Nesses casos, por mais que sejam investigadas, as enfermidades não aparecem nos exames. Muitos erros são cometidos por interferência de demónios, tanto em exames como em outros procedimentos, gerando complicações nos tratamentos e levando pessoas ao óbito. Abro aqui um parêntese para compartilhar uma importante experiência que vivenciamos nesse campo.

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CAPÍTULO 3

O Inferno de Karoline

Conhecemos Karoline, uma mulher alemã de 35 anos, cujo estado de saúde era precário. Era uma pessoa bem articulada. Estudou na Europa e nos Estados Unidos. Veio ao Brasil em busca de tratamento no espiritismo, uma vez que a medicina de seu país não pode solucionar seus problemas. Era portadora de várias doenças e enfermidades, entre elas, Sensitividade Química Múltipla (MCS — em inglês). Classificada como Doença Ambiental, a MCS é causada pela lenta e contínua exposição a produtos químicos ou por uma única e intensa exposição. Tais produtos são os chamados petroquímicos (à base de petróleo), incluindo pesticidas, produtos de limpeza, detergentes, fragrâncias e as drogas sintéticas que começaram a ser processadas após a Segunda Guerra Mundial. Karoline foi usuária de drogas por vários anos e, possivelmente, contraiu MCS em consequência disso. Seu sistema imunológico não reagia, e seu organismo não tolerava praticamente nenhum ambiente. Viveu muitos anos reclusa num apartamento praticamente vazio em seu país. Os portadores dessa imunodeficiência são ultrassensíveis à poluição. Em alguns países eles são levados para áreas desérticas, onde se adaptam melhor, e lá deixados até morrerem. Quando a conhecemos, ela apresentou-nos o seguinte relatório de seu quadro:

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Karoline K.-13.06.1974 Doenças: Sensitividade Química Múltipla (último estágio). Causa fortes reações de seu sistema imunológico e nervoso que, dia e noite reagem com o ar, com o ambiente, com odores em geral, com todos os lugares, todas as pessoas, quase todos os alimentos, com seu próprio sangue que está altamente intoxicado, com seus neurotransmissores, com seus dentes e com o material existente neles. O corpo de Karoline está infestado de toxinas e seu sistema imunológico não é capaz de se desintoxicar, as enzimas responsáveis pela desintoxicação não funcionam. Todo o seu corpo está altamente inflamado. Por 17 anos viveu em um quarto praticamente sem nada dentro. Não podia sair nem permitir a entrada de pessoas. Fisicamente não pode estar por muito tempo em nenhum lugar. Seus deslocamentos em veículos causam muitas reações. Sua alimentação é restrita a uma dieta baseada em algumas frutas e batatas. Não pode com antibióticos e outras drogas. Luta por sua sobrevivência e contra as reações físicas, mesmo quando está ao ar livre. As reações podem ser fatais. Os produtos químicos usados para limpeza de casas e hospitais, os perfumes, o odor natural das pessoas e a poluição em geral são uma ameaça para seu corpo físico. Karoline não consegue dormir normalmente há anos, e os soníferos reagem com seu sistema e o envenenam ainda mais. Seus sistemas, imunológico e nervoso, reagem o tempo todo e não se acalmam. Por isso, ela não consegue descamo ou alivio. Causas da MCS: a) Exposição lenta ou contínua a produtos petroquímicos. b) Inflamação neurogenética e inflamação nos nervos do cérebro. c) Reprogramação da função cerebral induzida quimicamente; uma droga ou química causa uma constante falha de programação da função cerebral. d) Carga genética herdada. 1) Neurobeliosa (Doença do carrapato): Diferentes bactérias altamente resistentes no corpo e nos nervos cervicais atacam as células cerebrais e órgãos agravando o processo de intoxicação. Seu corpo está envenenado pela doença e pela ingestão de antibióticos e soníferos, pois ela só consegue dormir com altas dosagem.

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2) Doença do Coração (último estágio). A bactéria estreptococcias ataca as válvulas do coração e compromete as funções cardíacas. Karolinefoi desenganada pelos médicos de seu país, que afirmam que ela não sobreviverá. Durante o voo para o Brasil, sofreu várias crises, tendo que ser reanimada diversas vezes, por isso teme retornar para casa. Na esperança de encontrar cura para os males que a afligiam, Karoline deixou seu país, vindo para uma cidade do interior de Goiás, com cerca de quinze mil habitantes, distante aproximadamente, oitenta quilómetros da capital, Goiânia. Morava numa casa praticamente no meio do cerrado e, mesmo isolada, sofria terríveis reações em seu organismo. Por isso, passava a maior parte do tempo numa rede na varanda. Karoline foi atraída pela publicidade de um conhecido médium espírita que se faz passar por enviado de Deus. Esse homem mistura o espiritismo com elementos do ocultismo, Nova Era, meditação e outras práticas satânicas. Costuma viajar pelo mundo disseminando sua diabólica doutrina e colocando suas habilidades espiritualistas a serviço dos que buscam a cura a qualquer preço. É procurado por pessoas de todas as classes sociais. Aos mais próximos ele gaba-se de já ter atendido e realizado "cirurgias espirituais" em políticos, milionários, celebridades e chefes de estado, entre os quais, um ex-presidente norte-americano. Assim que chegou àquela cidade, Karoline passou a frequentar a casa onde funciona a base desse falso messias e acabou se envolvendo visceralmente com o espiritismo. Participou de inúmeros rituais e fez pactos com legiões de demónios. Submeteu-se a dezenas de "cirurgias espirituais" e, mesmo não obtendo nenhuma melhora, foi convencida de que possuía poderes mediúnicos e que precisava desenvolvê-los e usá-los em favor dos "fracos e oprimidos". O que chamam de "cirurgias espirituais" na verdade são pactos de sangue com os demónios que incorporam nos "médiuns de cura". Quando tais cirurgias não apresentam sangramento significa que o sangue foi bebido ou "vampirado" pelos demónios. Depois de cinco meses sendo possuída e usada por espíritos demoníacos nesse antro satânico, Karoline finalmente cruzou o caminho de alguém que a levou à igreja. Foi assim que a conhecemos. Desde a primeira vez que oramos por essa mulher, espíritos demoníacos manifestaram-se, declarando seu verdadeiro interesse por ela. — "Ela é especial para nós. Tem muita luz. Temos muito amor por ela. Vamos levá-la para o inferno."

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— Não vão levá-la a lugar nenhum. — contestei. — "Você não sabe de nada. Só Demétrio sabe." — confrontou-me o demónio referindo-se ao falso messias. Karoline ficou horrorizada ao constatar que era possuída por demónios e não por "espíritos de luz" como foi levada a pensar. Decidiu entregar sua vida a Jesus Cristo e abandonar a "sinagoga de satanás", como passou a chamar aquele lugar. Ao tomar essa decisão sua vida virou um verdadeiro inferno. E o que geralmente ocorre quando uma pessoa resolve romper suas alianças com as trevas para servir a Deus. O inimigo faz de tudo para intimidá-la e fazê-la retroceder. Sem apoio, muitos acabam voltando atrás. No dia em que recebeu a Cristo Jesus como seu Senhor e Salvador, Karoline foi alvo de um ataque concentrado. Contraiu pneumonia e uma forte infecção de garganta. Ligou-nos assim que entramos em casa, queixando-se de fortes dores nos pulmões e na garganta. Após uma semana de muita oração e jejum o Senhor a curou completamente dessas doenças. Glória a Deus! Aquela foi apenas a primeira batalha de uma guerra que estava só começando. Ataques começaram a vir de todos os lados, cada vez mais concentrados. Sabendo de onde Karoline tinha saído, a levamos a orar confessando e renunciando os pactos que havia firmado com as trevas, arrependendo e pedindo perdão a Deus. Tomando autoridade sobre as maldições que iam sendo identificadas, orávamos para que fossem destruídas em nome de Jesus Cristo. Orávamos também para que Deus a purificasse de toda contaminação, ungindo-a com óleo. Quando ela se lembrava de algum pacto que ainda não tinha confessado, procedíamos do mesmo modo. Porém, os ataques persistiam, e sua situação se agravava cada vez mais. Muitas vezes ela não conseguia resistir e entrava numa espécie de coma. Nesse estado ela tinha visões aterrorizantes. A primeira vez que a encontramos nessa situação, imaginamos que tivesse sofrido um desmaio. Respirando ofegante, ela ouvia tudo o que se passava à sua volta, mas não podia responder nem se mover. Permanecia assim por várias horas. Enquanto eu orava por ela, minha esposa espalhava mensagens com versículos bíblicos por toda a casa. Era uma forma de encorajá-la a seguir lutando e confiando em Deus. Concentramos nossa ação em duas frentes. Numa, guerreávamos por sua libertação e proteção, orando intensamente por ela e levando-a a orar também. Noutra, nos empenhávamos em ensinar-lhe a Palavra de Deus a fim de fortalecer sua fé. Contudo, os ataques não cessavam. Demónios manifestavam-se toda vez que orávamos por ela.

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— "Você não pode fazer nada, pastor. Ela vai morrer logo." — ameaçavam. Ante tais ameaças, mobilizamos a equipe de intercessores que caminhava conosco, numa organizada escala de jejum e oração a fim de neutralizar as investidas do diabo. O inimigo respondeu com artilharia pesada. Um dia, ela teve um pesadelo em que uma mulher horrorosa aproximou-se dela sutilmente, aplicando-lhe uma injeçáo letal. Instruímo-la a se manter em alerta e em permanente oração para que o Senhor a livrasse das ciladas do diabo. Naquela mesma semana, enquanto colhia flores silvestres, Karoline foi picada por um animal que não pode identificar. Seu tornozelo ficou bastante inflamado e dolorido. O farmacêutico que a atendeu indicou apenas uma pomada antialérgica que não surtiu nenhum efeito. Nos dias que se seguiram seu quadro se agravou. As dores e o inchaço se estenderam por toda a perna. Nessa época não podíamos ajudá-la a buscar ajuda médica, pois trabalhávamos durante todo o dia e exercíamos o ministério somente no período da noite e nos finais de semana. Como não dominava o português e não tinha a quem recorrer, ela nos enviava e-mails com apelos dramáticos: Pastor Aldo... estou aqui perto de morrer, o animal colocar veneno in meu corpo todo, ajuda, ajuda, ajuda... Precisa ajuda médica urgente, aqui ninguém ajudando. Sem você, in reunião com doctors que não posso resolver nada... Dont give me up (não desista de mim). Eu tenho que encontra um hospital para ir com una médica. Eu precisa ajuda médica urgente, tão urgente, take-me to the hospital please (leve-me para o hospital por favor). Demónios atack de morte contra mina vida. Non deixá-los ganhar. Sem você impossible (impossível) resolver. Please, ajuda ir a hospital e doctors, non quero me matar (não quero morrer). Ajuda, por favor, que eu estou aqui perto de morrer de veneno, ajuda, please. Non desistir de mim na hora que eu precisa de você mais; precisa encontrar una doctor que pode ajuda com a medicina. Love in Jesus (Amor em Jesus) Karoline. Mediante seus comoventes apelos, passei a faltar ao trabalho ou me ausentar durante o expediente toda vez que ela clamava por socorro.

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Os médicos suspeitavam que ela tivesse sido picada por escorpião, cobra ou abelha, mas não chegavam a uma conclusão a esse respeito. Afirmavam que não tendo havido consequências imediatas, seu organismo se encarregaria de combater a infecção e eliminar a peçonha. Mas os sintomas persistiam. Febre, dores nos músculos e articulações, dores de cabeça, prostração e mal-estar geral. Peregrinamos por clínicas e hospitais públicos e particulares, em busca de tratamento. Encontramos de tudo. Consultas e exames caríssimos, descaso, muita demora, mau atendimento, desrespeito, despreparo e precariedade. Marcas registradas dos órgãos de saúde pública no Brasil. Os primeiros exames só foram solicitados dezoito dias depois e deram negativo. Por essa razão, os médicos se negavam a prescrever alguma medicação, apesar de constatarem a gravidade do estado de Karoline. Ela continuaria tendo de suportar as consequências do problema sem tomar nenhum remédio. Mesmo sabendo que causariam reaçóes nocivas ao seu organismo, em face de seus muitos problemas, ela precisava tomar alguma medicação. A oração era seu antídoto diário. Toda vez que orávamos para que Deus a livrasse daquele inferno, demónios se manifestavam regozijando com seu sofrimento. — "Hi hi hi hi hi... Não adianta, pastor. Ela vai morrer. Gostamos de matar. Colocamos muito veneno na perna dela... vai ter que amputar." — intimidavam. Ainda lutávamos contra as consequências daquele ataque, quando Karoline se envolveu em outro incidente. Ao tentar livrar um gatinho da perseguição de um vira latas, o filhote mordeu sua mão. Alguns dias depois, ela começou a apresentar sintomas de toxoplasmose, doença infecciosa transmitida por meio dos cistos presentes em animais contaminados, principalmente gatos. A toxoplasmose é mais agressiva nos indivíduos imunodeprimidos (com as defesas imunológicas diminuídas). Karoline se viu obrigada a conviver com os sintomas de mais uma enfermidade sem tomar remédios, já que nada era detectado nos exames. Para piorar ainda mais a situação, ela começou a apresentar fortes sintomas de meningite. Como os médicos não conseguiam apontar soluções, ela resolveu pesquisar pessoalmente sobre a incidência dessas doenças na Europa. Usando a internet, ela descobriu a fórmula do medicamento lá usado para combater a toxoplasmose e passou a tomar seu similar no Brasil por conta própria, na esperança de alcançar alguma melhora. Três meses se passaram e nada. Sabíamos que ela permanecia viva por um milagre de Deus. Aleluia!

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Apesar de resistir com bravura, Karoline às vezes se desestabilizava. Suas mensagens de celular retratavam seu desespero: Pastor Alão... Please (porfavor) faz alguna coisa... eles vão me matar. Karoline

Outras vezes ela nos enviava e-mails náo menos dramáticos:

Pastor Alão... Help me please (Ajude-me, por favor).

— "Viu pastor? Não adianta, não vai descobrir nada. Temos mais poder que você. Ela vai para o inferno logo." — intimidavam os demónios. Colocávamos as ameaças deles no Altar do Senhor e orávamos ungindo-a com óleo. Os demónios usavam os dedos das mãos e dos pés de Karoline, como se fossem agulhas de croché, para fazer feitiços cochichando encantamentos numa língua que não podíamos compreender. Orávamos para que Deus anulasse os feitiços, em nome de Jesus Cristo. Eles obedeciam quando os confrontávamos, mas recomeçavam tudo mais tarde. Reagiam com ódio quando orávamos em favor dela impondo-lhes as mãos ungidas com óleo. — "Não... não gostamos disso." — retrucavam tentando afastar minhas mãos. — Sabem que não podem coisa alguma contra o poder de Deus. Ao me ouvir dizer isso, um demónio agarrou as bordas da rede com ódio e as dilacerou. Urrando, desferiu violentos chutes no ar. — Ódio, rejeição, meningite, toxoplasmose, sensitividade múltipla, infecções, loucura, suicídio, todo legado maligno seja destruído... saiam dessa mulher, em nome de Jesus Cristo. — determinei. Ele respondeu proferindo mandingas numa língua estranha. Os demónios que a possuíam sempre reagiam com truculência quando mencionávamos o nome de Jesus e citávamos trechos da Palavra de Deus. Um dia, enquanto orávamos em favor dela, um demónio agarrou sua Bíblia e a arremessou longe. — Está nervoso? Sabe que já perderam a batalha. — provoquei. — "Uma faca... uma faca. Vou matá-la." — gritava o demónio.

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Em face de seu persistente mal estar, Karoline insistia em buscar socorro médico. Agendamos consulta com uma conceituada infectologista do Hospital Universitário de Brasília. No dia marcado, saímos de madrugada. Quando lá chegamos, fomos informados de que a médica tinha sofrido um acidente no dia anterior e saído de licença. Tivemos que aguardar mais de cinco horas para que Karoline fosse atendida por outro médico. Era um experiente infectologista. Examinou-a demoradamente, mas não chegou a nenhuma conclusão. Por isso, não quis receitar qualquer remédio. Saímos de lá com uma extensa lista de pedidos de exames. Inconformada, Karoline entrou em desespero. — Non poder a retornar a mina casa sem una soluçon pastor Aldo... Eu muito male... — protestava em prantos. Quando retornamos, oramos em favor dela, como de costume. Um espírito demoníaco se manifestou. Embolou uma pasta de exames com uma das mãos e zombou: — "Viu pastor? Manipulamos tudo outra vez. Sabe o que aconteceu com a médica? Hi hi hi hi hi hi..." Sabíamos desde o início que o acidente com a médica tinha sido obra deles. — "Ela vai morrer com doença. Está perto do fim." — vaticinou o demónio. Retornamos a Brasília na semana seguinte. Desta feita procuramos um bem aparelhado hospital particular. A médica, uma infectologista muito bem recomendada, solicitou uma extensa lista de exames, todos muito caros. Alguns seriam enviados para processamento em outro Estado. Os resultados só sairiam dez dias depois. Além disso, a médica se esqueceu de solicitar alguns exames considerados de suma importância para a elucidação do caso de Karoline. Quando regressamos, ela estava muito mal. Disse que, durante a viagem, foi incitada a saltar do carro em movimento o tempo todo. Orei por ela sabendo o que iria acontecer. — "Falhou outra vez pastor. E muito tarde. Ela não vai resistir. Você não pode fazer nada. Ninguém pode. Só Demétrio." — Demétrio vai para o inferno. — rebati. — "Ela também vai." — retrucou o demónio. — Onde colocaram doenças nela? — ordeno que fale, em nome de Jesus Cristo. — "Hi hi hi hi hiiiiihh... No coração, fígado, baço, na coluna, nos rins, no estômago, na cabeça, nos olhos, na nuca... tem muita doença... toxoplasmose, meningite forte... tem bactérias no corpo todo. Ela vai morrer."

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— A igreja está orando. Vão ter que sair. — "Não é verdade. Ficamos com ela o tempo todo. Vamos levá-la para o inferno." — Quem é você? — "Sou o deus do inferno." — Já foi derrotado. Jesus Cristo vai lançá-lo no lago de fogo e enxofre. — "O fogo não me queima. Eu vivo no fogo." Agendamos exames no laboratório da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis. No dia marcado, os equipamentos inexplicavelmente amanheceram com defeito. Depois de muitas tentativas, conseguimos agendar uma consulta com um especialista do Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia (HDT), considerado uma unidade de referência nessa área. Sua posição não foi diferente da dos outros médicos. Recusou-se a prescrever qualquer medicamento, mesmo mediante sintomas tão evidentes, uma vez que nada aparecia nos exames laboratoriais. Resolvemos buscar atendimento na clínica particular de um dos diretores desse hospital, um conceituado infectologista. Dialogamos longamente com ele colocando-o a par do caso de Karoline. Depois de examiná-la minuciosamente e analisar seu histórico, ele solicitou novos exames, incluindo HIV, e indicou um laboratório de sua confiança. Os resultados, mais uma vez, foram negativos. Dias depois, durante uma ministração, um demónio fez uma referência a esse médico. — "O Doutor Bonamigo não sabe de nada. Confundimos a cabeça dele. Não o deixamos ver as doenças." — disse. Levamos Karoline a uma clínica radiológica para realizar exames de raios-X na cabeça. A funcionária simplesmente dispensou a ingestão de contraste, produto que aumenta a eficácia do exame. Ao tomar conhecimento disso, Karoline protestou e exigiu que o exame fosse refeito. — Foram eles, novamente, pastor. Manipulam tudo. — disse ela atribuindo aquela situação aos demónios. O exame foi remarcado para o dia seguinte. Dessa vez eu e minha filha ficamos na sala de raios-X enquanto o exame era realizado. Ungimos Karoline, os equipamentos e até as mãos da técnica. Oramos para que não houvesse interferência dessa vez. O resultado, outra vez, deu negativo. Sempre que orávamos por Karoline ela bocejava sem parar. Esta é uma das maneiras como os demónios saem das pessoas quando são expulsos. Geralmente eles lançavam afrontas quando se manifestavam.

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— "Não adianta pastor. Entramos em todos os órgãos. Há 48 legiões com ela." — Quem é o cabeça? responda, em nome de Jesus. — "King Salomão. Ele está aqui." Ungi minhas mãos com óleo e as impus sobre a cabeça de Karoline ordenando que os demónios saíssem com suas maldições. — "Não adianta pastor... você não vai conseguir. Vamos quebrar sua aliança com ela." — ameaçou ele. Soubemos por meio das ministrações que o avô paterno de Karoline foi juiz durante o nazismo e teria tomado parte em muitas barbaridades praticadas durante o regime de Hitler. Quando o nazismo ruiu, seu avô cometeu suicídio por enforcamento. Ao visitar Karoline no Brasil, seu pai confirmou integralmente essa história, alegando que tudo o que seu pai (avô de Karoline) fizera fora por imposição dos comandantes nazistas. Karoline não sabia nada sobre isso. Curiosamente, ela dizia que o espírito demoníaco que a assediava incitando-a a cometer suicídio tinha a silhueta desse avô, de quem guardava fotografias. Ela se esforçava para orar e ler a Bíblia regularmente. Já podia discernir muitas coisas. Tinha consciência da profundidade dos envolvimentos que tivera com as trevas, mas sua fé ainda era embrionária. Certa vez, contei-lhe um emblemático sonho que tive ao seu respeito. No sonho, eu observava uma gigantesca serpente mover-se nas águas de um extenso lago. Eu sabia que, através daquele sonho, Deus estava me mostrando com o que eu estava lidando. Alguns dias depois ela enviou-me o seguinte e-mail: Pastore... Eu tenho que dizer que esse caso non como os que você trabalhar antes... É maior, muito mais que outros casos que você trabalhar. Demétrio disse que legions (legiões) muito fortes comigo. Eu ser segundo caso em 45 anos de trabalho dele. Penso que Deus diz esse caso diferente que outros que você trabalhar. Por isso Deus mostrar cobra grande para você. Eu precisa explicar outra coisa para você... Abriu terceiro olho e implantar o chip da corrente de trabalho, é como tatuagem, difícil remover. Demónio trabalhar tempo todo in meu corpo e me usar para trabalho aqui no mundo. Isso tem que acabar se non devil me usar o tempo todo. Todas entidades eu sei: Dom Inácio, Pentiago, José Valdivino, Doctor Augusto Almeida, KingSalomon, Dom Ingrid, Dr. Fritz... Ouvi Deus a me dizer: Eu ama você muito e te abençoa. Karoline.

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Os nomes citados por Karoline nesse e-mail eram de entidades demoníacas com as quais ela tinha feito pactos. Quando fechava os olhos ela podia ver demónios em profusão. Avançavam sobre ela e penetravam seu corpo através de seu "chakra frontal". — É um inferno, pastor Aldo. Entram e saem por aqui o tempo todo. Atacam meus órgãos dia e noite. Você não pode entender o quanto eu sofro. — protestou ela com a ponta do dedo indicador entre as sobrancelhas. Seus chakras foram abertos em rituais realizados na "casa". A palavra chakra vem do sânscrito e, segundo a filosofia Ioga, são canais de energia alinhados ao longo do corpo humano. Segundo essa filosofia, nosso corpo físico estabelece ligação com o mundo astral e recebe "energias cósmicas" para alcançar equilíbrio, cura e bem-estar através desses canais energéticos. O chakra frontal, também chamado de "terceiro olho" ou "terceira visão", é conhecido no hinduísmo como Agnya' e localiza-se no centro da testa, entre as sobrancelhas. Está associado à telepatia, à clarividência, à intuição e ao desenvolvimento mental. É responsável pela "visão do mundo espiritual". Aquele que tem o chakra frontal aberto em rituais do espiritismo recebe o "dom da vidência", que é ativado diabolicamente, passando a enxergar o mundo espiritual com a ajuda de espíritos demoníacos. O chakra frontal é mais conhecido no espiritismo oriental e praticado em países como índia, China e Tibet. E também uma prática comum nos seguimentos ligados à Nova Era e nas sociedades secretas como Maçonaria e Rosa Cruz. A "Terapia de Cristais" ou "Banho de Cristais" foi outro "tratamento" pelo qual Karoline passou na "sinagoga de satanás". Desde a antiguidade, adeptos do ocultismo usam os cristais como "captadores" de energias cósmicas, por acreditarem que elas representam o "poder da natureza superior". Este seria responsável por equilibrar as energias curativas para o tratamento de doenças e enfermidades. Os cristais são usados, também, em associação com a "Terapia de Cores" ou "Cromoterapia", outra técnica usada para tratar doenças e enfermidades. Esse expediente maligno consiste na projeção de raios de luzes através de cristais coloridos na região dos chakras ou áreas físicas onde se localizam as patologias. Cada cor é usada para tratar uma natureza específica de doença ou enfermidade. Karoline dizia que foi submetida a muitas sessões de "Cromoterapia" e Banho de cristais na casa . Ao participar de rituais no espiritismo as pessoas têm a falsa sensação de cura ou melhora. Porém, seu estado se agrava cada vez mais. Em alguns casos, as doenças supostamente desaparecem, mas ressurgem depois numa forma ainda «T)

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mais agressiva. Há casos em que elas são, aparentemente, eliminadas. Mas, logo surgem outras ainda piores. A pessoa precisa voltar sempre, tornando-se escrava dos rituais e dos demónios. Assim, vai se aliançando cada vez mais com as trevas. Nesse processo, os demónios são manipulados ou domesticados, mas não expulsos. Demónios mais fortes são chamados para tratar com os que estão alojados nas pessoas, dando a falsa impressão de que os expulsaram. Tais espíritos acabam levando as pessoas à morte por vários meios, como acidentes trágicos, assassinato, suicídio, dentre outros. As chamadas "cirurgias espirituais", cientificamente inexplicáveis, em que as pessoas são supostamente curadas de graves enfermidades do coração, olhos, fígado, próstata, ovário, estômago, coluna e outros órgãos, através de uma simples raspagem ou incisão em que é usada apenas uma pinça com algodão embebido em água fluidificada, é um artifício que os médiuns de cura usam para enganar as pessoas levando-as a acreditar que foram realmente operadas por espíritos de médicos já falecidos que eles incorporam. Karoline contava que, quando entrava na "corrente de meditação", sentia-se profundamente aliviada e envolvida por uma "paz" que nunca tinha sentido. Quando saía dos rituais, suas forças se esvaíam e seu estado se agravava. Ao ponto de precisar ser transportada numa cadeira de rodas. Numa manhã chuvosa, a encontramos encolhida em sua rede, com o olhar profundamente triste, distante. Tinha vomitado sangue na noite anterior. Senti que ela havia desistido de lutar. Não era a primeira vez que isso ocorria. — Desistiu outra vez não é? — afirmei perguntando. Sem dizer uma palavra, ela desabou num choro copioso. Apanhou sua Bíblia e a colocou em minhas mãos. Uma faca pequena caiu de dentro dela. Na noite anterior eu sonhei que observava curiosamente a casa em que ela morava pelo lado externo. Discerni que o Senhor queria me levar a enxergar alguma implicação espiritual que envolvia aquela casa. Algo que eu, certamente, não estava considerando, como a necessidade dela se mudar dali. Senti-me fortemente desafiado a orar para que o Senhor a protegesse contra ataques de morte. Uma palavra veio à minha mente: "Kamikaze". E uma palavra de origem japonesa que significa suicida. Sem dúvida, foi uma direção de Deus. Com a Bíblia nas mãos, falei para ela sobre o poder de Deus. Relatei testemunhos de pessoas que foram libertas e curadas por Ele a fim de estimular sua fé. Ela ouviu tudo calada e disse entre soluços: — Eu itendeo tudo, mas eu Karoline... Eu una pessoapastore, eu non máquina. Non fácil tudo esse para mim. Muito donença in meus organos (ógãos).

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Eu Só chorrar, chorrar... Ninguém aqui a mi ajudar. Eu muito amor para Jesus, mas eu non vê ele. Só demónio tempo todo... Ataque muito forte. Eu sozinha aqui... Lutando tempo todo sozinha... Eu muito male. Entidades querer me matar... Non querer morrer sozinha aqui. — desabafou. Comovida, minha filha, que me ajudava como intérprete, caiu em prantos também. — Entendemos seu sofrimento. Queremos compartilhar esse momento com você. — disse eu esforçando-me para não desabar também. Segurei sua mão e discorri sobre o imensurável amor de Jesus. Levei Karoline a orar pela renovação de sua esperança Nele. Falei sobre a natureza da fé, conforme a descrição bíblica de Hebreus, capítulo 11 e a ungimos com óleo. Oramos longamente em favor dela nesse dia. Com as mãos estendidas na direção da "sinagoga de satanás", clamamos, fervorosamente, para que Deus colocasse um fim naquela obra satânica. Passei um bom tempo caminhando em volta da casa e orando. Pedi a Deus que mantivesse seus anjos ali posicionados para protegê-la. No dia seguinte, Karoline enviou-nos o seguinte e-mail: Eu itendeo tudo você faltar, eu saber, eu forte, mas sofremento muito forte tambien, é pura inferno dia e noite, você non saber. Eu quero acredita in Deus que ele entra a mina vida... Eu só experimenta inferno, muito devil (demónio), muito sofremento a mina vida, por isso pensamento suicídio, eu nunca experimenta Deus. Sinto morte in meu corpo noite e dia. Non consigo a dizer quanto isso horrível, mina alma chorra, esse sofremento você non imaginar... Precisa agir rápido. Eu credita Deus vai a livrar mina vida, eu quero, com todo meu amar. Embraco, Karoline. Dois dias depois, pegamos a estrada bem cedo e em poucos minutos percorremos a distância que separa Anápolis daquela cidade. Karoline estava muito nervosa, como nunca a tínhamos visto antes. Demétrio era a causa de sua revolta. Eis a tradução do que ela dizia: — Vou desmascarar Demétrio diante dessa gente. Vou dizer a todos que ele não é de Deus coisa nenhuma, mas de satanás. — Ameaçava ela gesticulando freneticamente. — Karoline, você não pode fazer isso. — ponderei. — Posso. Não tenho medo dele. Vou olhar nos olhos dele e dizer que aquele lugar é a sinagoga de satanás. — continuava ela cada vez mais exaltada. — Todos pensam que ele é de Deus. Tem gente do mundo inteiro aqui. Náo sabem com quem estão lidando. Isso não pode continuar. Tenho uma ami-

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ga na rede BBC de Londres. Vou pedir ajuda a ela para mostrar a todos quem realmente é este homem. — disse ela indignada. Sabendo que as maldições são estabelecidas sobre bases legais, eu me empenhava em investigar a causa delas. Inquiria os demónios que se manifestavam quando orávamos por Karoline buscando extrair informações que nos fossem úteis. — Quando entraram na vida dessa mulher? responda, em nome de Jesus. — inquiri um demónio. — "Tinha quatro anos, em Darmstadt, Deutschland (Alemanha). Olhamos e gostamos dela pelo sofrimento. A mãe dela bebia muito, ficava em coma... ela não entendia isso... era pequena... só chorava... mamãe... mamãe..." O espírito demoníaco puxava uma perna de minhas calças simulando o desespero de Karoline, tentando despertar a mãe do coma etílico quando criança. Em regozijo, o demónio fez referências ao período em que Karoline foi usuária de drogas: — "Consumiu drogas cinco anos; começou aos quinze. Nós a levamos a isso. Gostava de êxtase, anfetamina, canábria (maconha), cocaína, papoula. Agora não faz mais isso." — relatou. — Estão agindo em que bases? — "Não vou dizer isso a você. Não sou doido." — Olhe à sua volta. Há um cerco de anjos aqui. — "Não é verdade. Aqui não tem Deus, só satanás." — Mentira. Meu Deus reina em todo lugar. — respondi quase gritando. — "Tá nervoso?" — disse ele com sarcasmo devolvendo a provocação que fiz dias antes. Ordenei que dissesse quais vínculos mantinham com Karoline. Antes de falar, ele esticou o braço e agarrou uma caneta esferográfica que estava ao seu alcance despedaçando-a entre os dedos. — "Demétrio gosta dela. Ela é importante pra ele. Ele gosta de mulheres jovens. De quinze anos pra cima. Tentou ficar com ela no quarto. Ela viu energia de sexo nele e fugiu." — disse. — "Somos muitos com ele. Ele precisa dela pra receber King Salomão. Ele não pode mais. Tem doença no coração. King Salomão é muito forte. Ela fez pacto com muitas entidades. Tem 48 legiões com ela. Foi marcada pela luz de fogo no (ritual do) triângulo. Quando fecha os olhos na corrente pode ver como tudo funciona. Ela não quer mais isso. Quer Jesus, mas é tarde. Acabou pra ela. Você não pode fechar os chakras, só Deus pode. Ela vai morrer. Vamos levá-la para o inferno e usá-la na casa." — finalizou o demónio. 62


Na verdade o que aquele demónio disse por último foi que, quando Karoline morresse, as entidades demoníacas que incorporam nos médiuns da "sinagoga de satanás" usariam seu nome para efetuar falsas curas e outras artimanhas. Seria mais um demónio a integrar o satânico "cartel" de Demétrio. Satanás usa seus servos com disfarces dessa natureza para distorcer a verdade e enganar os incautos. Como faziam as falsas profetizas que usavam a feitiçaria, o espiritismo e a magia negra para enganar o povo no Antigo Testamento. Deus assim se refere a tais pessoas: "... Assim diz o Senhor Deus: Ai das que cosem invólucros feiticeiros para todas as articulações das mãos e fazem véus para cabeças de todo tamanho, para caçarem almas! Querereis matar as almas do meu povo e preservar outras para vós mesmos? Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis aí vou eu contra vossos invólucros feiticeiros, com que vós caçais as almas como aves, e as arrancarei das vossas mãos; soltarei livres como aves as almas que prendestes" (E.2. 13:18,20). Karoline evitava permanecer de olhos fechados quando estávamos por perto. Ela podia ver demónios em profusão e temia que nos atacassem. Era dessa forma que ela canalizava demónios na "sinagoga de satanás". Ela contava em detalhes como isso acontecia. Veja a tradução de sua narrativa: — Quando fechava os olhos, uma entidade muito forte entrava em meu corpo através de um facho de luz. Quando estava possuída eu podia ver claramente as doenças, como câncer e infecções, no corpo das pessoas e os espíritos obsessores entrando e saindo delas. — contava. — Eu os retirava com minhas mãos, como se retira um peixe da água e as pessoas ficavam curadas. Às vezes me sentava entre elas no jardim da casa. Fechava os olhos e era possuída por essa entidade. Passava a enxergar claramente as doenças alojadas no corpo das pessoas. Por esta razão, Demétrio desejava que eu estivesse sempre ao seu lado. — concluiu. Um dia, Karoline enviou-me a seguinte mensagem: — Quando foram embora (demónios) invadiram minha mente. Mostraram-me seu rosto e disseram que iriam atacá-lo. Eu disse que não poderiam fazer isso, pois você está com Jesus. Tome cuidado, Karoline

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Você pode estar questionando: 'Por que as ministrações com Karoline não surtiam efeito definitivo'? Primeiro: aquela cidade acha-se sob um manto satânico. É uma referencia do espiritismo no Brasil. Recebe um grande contingente de turistas anualmente. São pessoas de todos os níveis sociais, vindas de todo o Brasil e de outros países, especialmente da América do Norte, Ásia e Europa. Vêm em busca de cura de enfermidades que a medicina não pode tratar e da solução de outros problemas. Alguns chegam a construir ou adquirir casas na cidade a fim de se dedicarem ao espiritismo. Outros ficam hospedados em pousadas ou hotéis e neles passam longas temporadas. Uma área ou região usada para a obra satânica torna-se amaldiçoada e controlada por demónios. É o que ocorre naquela região, onde entidades satânicas são invocadas incessantemente. Tais demónios incorporam nos médiuns fazendo-se passar por espíritos de pessoas que já morreram para se comunicar com seus parentes vivos ou assumem a identidade de médicos já falecidos, para realizar "cirurgias espirituais". Um demónio chamado King Salomão (Rei Salomão) foi diversas vezes apontado pelas entidades que se manifestavam em Karoline como o maioral daquele lugar. Segundo: a casa em que Karoline morava foi consagrada a entidades satânicas. Percebe-se claramente que fora construída e usada por adeptos do espiritismo. O portão que dá acesso à propriedade é composto de duas partes. Em cada parte há a metade de um triângulo1. Quando o portão é fechado as duas metades se juntam formando o triângulo com a ponta voltada para cima. Quem chega à propriedade de carro, depois de transpor o portão, tem que percorrer, necessariamente, uma pequena trilha em forma de círculo2, antes ou depois de estacionar em frente à casa. Havia centenas de cristais3 incrustados na base das paredes, um ao lado do outro, ao redor de toda a casa. No banheiro social, um cristal pontudo de 1 O triângulo é um símbolo considerado de grande importância no ocultismo. E usado para invocar espíritos em rituais de bruxaria e satanismo. Em geral, traz o sinal da entidade a ser invocada no centro. É um dos símbolos mais fortes da maçonaria. É utilizado também pela nova era. O triângulo apontado para cima indica o masculino, para baixo, o feminino. 2 No satanismo o círculo é a representação do planeta Terra como reino de satanás. A existência desse símbolo no solo daquela propriedade indicava o vínculo de seus proprietários com as trevas. 3 As pedras e cristais são elementos que reúnem diversos aspectos da natureza e são utilizados em rituais de cura, equilíbrio de chakras e nas faculdades físicas, espirituais e psicológicas. Os primeiros registros do uso de pedras e cristais são encontrados nas antigas civilizações grega e egípcia.

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uns cinquenta centímetros, encravado na parede, servia corno cabide. O teto da sala tinha urna parte alongada para cirna em forma de pirâmide1. Havia ainda muitos objetos de idolatria na casa, como quadros de entidades, amuletos e acessórios usados em rituais de espritismo. A primeira vez que lá estivemos, explicamos à Karoline o que representavam todos aqueles objetos e sugerimos que se livrasse deles. Em princípio ela se recusou, alegando que faziam parte da decoração e pertenciam aos proprietários. É provável que os tenha recolhido em algum lugar, pois nunca mais os vimos. Na passagem de Levíticos 14:33-45, Deus ensina a Moisés e a Aráo que uma casa impregnada de maldição deve ter o piso e as paredes profundamente raspados e o revestimento refeito. Se os sinais de contaminação persistirem, tal casa deve ser destruída. Casas edificadas em áreas consagradas a satanás, como aquela em que Karoline morava, são como altares a ele consagrados. Entidades satânicas ganham o direito legal de habitar nelas. Quem vier a ocupá-las viverá sob maldição e constante perseguição demoníaca. Quero citar como exemplo o caso de uma família de Goiânia, que vivia um verdadeiro inferno em casa. Seus membros viviam em permanente conflito. Brigavam constantemente por qualquer motivo. O marido, muitas vezes, tinha ataques de fúria e avançava sobre a esposa ameaçando matá-la. Objetos eram lançados fora dos móveis ou simplesmente desapareciam. Tinham constantes pesadelos e muita perturbação. Acordavam à noite sendo puxados pelos pés. Nada disso acontecia quando estavam na casa de parentes. Entendiam-se perfeitamente e entre eles não havia o menor atrito. Dormiam bem e ninguém tinha pesadelos, como ocorria quando estavam na casa deles. Perguntei se conheciam o histórico da casa em que moravam. Afirmaram que tinha sido construída por eles mesmos, mas o terreno ficava num lugar conhecido como "mata da macumba". Ê uma mata urbana que, como o nome indica, é muito usada por macumbeiros. À noite, os clarões dos rituais lá realizados podem ser avistados a distância. A área fica sob um manto satânico, pois é usada para o serviço de satanás. Os demónios ali invocados fazem do lugar sua habitação. Por essa razão aquela família vivia sob constante perseguição de demónios.

l Pirâmides são utilizadas no ocultismo para "captar energia cósmica". Ocultistas esotéricos praticam meditação sob pirâmides visando captar energia cósmica.

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Ao ministrar libertação a um parente dessas pessoas inquiri um demónio sobre a causa de elas viverem atormentadas! — "Aquele lugar é do nosso grandão. Não podem ficar lá." — respondeu o demónio. — O que estão fazendo na casa deles? — "Eu já disse que aquele lugar é do nosso grandão. Podemos bagunçar tudo. Derrubamos, fazemos desaparecer as coisas... estão ficando doidinhos... Há há há há." O problema nesse caso não era com a casa, mas sim com o terreno sobre o qual ela foi construída. Conclusão: como no caso acima, a casa em que Karoline morava foi edificada sobre um território usado para o serviço de satanás e a ele consagrada. Ficava a cerca de duzentos metros da "sinagoga de satanás". Tudo o que for feito pela libertação de alguém que vive num lugar como esse não surtirá efeito definitivo. Os demónios saem quando são expulsos, mas retornam mais tarde, já que a eles foi dado o direito legal de habitar ali. Mas por que Karoline não deixou aquele lugar? Na verdade, depois de algum tempo, ela passou a compreender a conjuntura espiritual em que vivia. Porém, o medo de se mudar para uma casa onde seu organismo não pudesse suportar a contaminação falava mais alto. Ficava apavorada quando tentávamos convencê-la a se mudar dali. Tinha medo de ir para um lugar aonde viesse a sofrer reaçóes em cadeia. Seria o mesmo que se trancar numa sala com vazamento de gás. Mas, as circuntâncias a levaram a admitir essa mudança. Porém, as casas disponíveis apresentavam níveis de contaminação que seu organismo não podia suportar. Pode estar te ocorrendo o seguinte questionamento: 'Existe lugar onde Deus é impedido de reinar?' Sabemos que o Senhor Jesus triunfou sobre a morte e o inferno e reina soberano sobre tudo e sobre todos. Seu trono de glória está estabelecido "acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro" (Ef 1:21). Nosso Senhor "pôs todas as coisas debaixo dos Seus pés e, para reinar sobre tudo e sobre todos, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas" (Ef 1:22,23). Jesus Cristo afirmou que as portas do inferno não prevalecerão contra Sua igreja (Mt 16:18). Num lugar onde as forças do mal prevalecem ou o povo de Deus não tem consciência de sua autoridade em Cristo Jesus, está fora do propósito de Deus ou foi corrompido.

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A Bíblia demonstra como Deus usa seus servos, quando estes assumem sua posição de autoridade. Quando o Rei Acabe, por meio de Jezabel, introduziu a adoração a Baal em Israel, perseguindo e matando o povo de Deus, Elias não se conformou. Desafiou o povo e seus profetas a tomarem uma firme posição entre seguir a Deus ou Baal. "Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu"'(iRs 18:21). Indignado com a corrupção espiritual de Israel, Elias lançou um desafio aos profetas de Baal e os adoradores do poste-ídolo que serviam a Jezabel. Ele contava com o respaldo de sete mil intercessores que Deus levantara, embora ele não o soubesse (IRs 19:18). "Então, invocai o nome de vosso deus, e eu invocarei o nome do SENHOR; e há de ser que o deus que responder por fogo esse é que é Deus. E todo o povo respondeu e disse: É boa esta palavra" (IRs 18:24). O corajoso posicionamento de Elias retratava sua fidelidade e confiança em Deus. Enquanto ele orava ao Deus de Israel, seus inimigos invocavam a Baal, manquejando em volta do altar do holocausto, aguardando, em vão, por uma resposta: "Porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma"(IRs 18:29). Esse sério conflito espiritual culminou com o extermínio dos profetas de Baal, após uma poderosa manifestação do poder de Deus, em resposta ao clamor de Elias: "Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego" (IRs 18:38). Essa passagem mostra que o inimigo não pode operar no lugar onde povo de Deus assume sua posição de autoridade em Cristo Jesus. O posicionamento de Elias fez com que a mão de Deus se movesse contra os baalins impedindo-os de manifestar-se em Israel.

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Há muitos lugares onde os "profetas de Baal" continuam levantando altares a Baal e invocando divindades satânicas para atrair e enganar multidões, seja por meio do espiritismo, do ocultismo ou da idolatria. Se o povo de Deus não tomar uma séria posição e não clamar pela queda de tais altares 'as próprias pedras clamarão', pois o Senhor dos Exércitos nunca perdeu uma batalha, e jamais perderá. De uma forma, ou de outra, esses altares ruirão, como a estátua de Dagom ruiu (lSm 5:1-5). Atualmente há líderes religiosos que, por medo ou conveniência, preferem adotar a chamada "política da boa vizinhança" com os profetas de Baal. Compartilham da mesma mesa e chegam até a aceitar "ajuda financeira" deles. Deus proíbe terminantemente que seus servos tenham esse tipo de comunhão, por se tratar de jugo desigual. Veja o que diz o texto bíblico: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (2Co 6:14-16). A comunhão do crente com incrédulos e idólatras vincula-o não somente às pessoas, mas também aos seus deuses. Mesmo congregando, tal pessoa estará espiritualmente separada do corpo de Cristo, uma vez que, para Deus, a comunhão da luz com as trevas, é tão inconcebível quanto a harmonia entre Cristo e o Maligno. Nossa separação espiritual é uma condição estipulada por Deus para que sejamos recebidos como Seus filhos e filhas. "Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso" (2Co 6:17,18). Pouco tempo depois de conhecer Karoline, mantivemos contato com uma liderança evangélica daquela cidade em busca de uma importante informação. Era alguém que a tinha visitado algumas vezes. Fiquei estarrecido com o que aquela liderança me disse:

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— É bom que o senhor assuma essa responsabilidade, já que não mora aqui. Se aquele homem (Demétrio) souber que estamos lidando com gente dele, as coisas vão se complicar para o nosso lado. Não queremos nenhum tipo de problema com ele. — disse-me ela ao telefone. Um dia, durante uma ministração com Karoline, um demónio disparou: — "Ninguém a ajuda aqui." — Mentira, os pastores daqui a ajudam. — rebati. — "Não... Eles têm medo." — Mentira. — retruquei novamente. Rindo sinicamente o demónio insistiu: — "Nós usamos os pastores daqui." — Está mentindo. — gritei. Minha esposa, que estava ao meu lado, apartou: — Se têm medo, são usados, ora. — "É... têm medo de Demétrio." — arrematou o demónio. Nosso desejo era que Karoline se mudasse para Anápolis. Porém, o medo da poluição a fazia rechaçar essa possibilidade. — Eu non suportar poluiçon pastore. Fica muito male. — protestava. De fato, quando tinha de sair para realizar exames ou consultas e precisava aguardar algum tempo entre as pessoas num mesmo ambiente, seu organismo reagia tão mal que, muitas vezes, ela precisava ser socorrida. Usava constantemente uma máscara para se proteger. Até mesmo em casa, onde as condições eram melhores, ela necessitava de oxigénio extra. Mantinha sempre um tubo do produto ao seu lado e dormia na rede da varanda até nas noites chuvosas. A dramática experiência que vivenciou durante o voo que a trouxe ao Brasil a deixou traumatizada. - Eu pensar ia morrer no avion. — dizia. Quando suas esperanças na medicina do Brasil foram se dissipando, Karoline passou a admitir a possibilidade de se mudar daquela cidade. Na verdade, ela vinha experimentando momentos de refrigério em meio ao inferno em que vivia. Várias vezes a encontramos bem disposta, sem sua surrada máscara e com o tubo de oxigénio desligado. Sentada sobre o colchão estirado na sala, com o notebook ligado, ela navegava pela internet a procura de sites que disponibilizam pregações em inglês. Chegou a mudar sua dieta passando a degustar generosas porções de carne de frango e outros alimentos que, durante muitos anos não pôde comer. Alcançou inegável melhora em vários aspectos e, finalmente, co-

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meçou a enxergar o agir sobrenatural de Deus em sua vida. Passou a acreditar que poderia receber mais de Deus. Desejava frequentar a igreja e ser ministrada com mais frequência. Estava convencida de que precisava se mudar daquela cidade e sentia-se encorajada a correr os riscos. Quando começamos a procurar um lugar similar ao que ela morava, seu pai cortou parte do suporte financeiro que enviava e passou a exigir seu retorno à Alemanha. Mesmo sem alternativas ela resistia a essa ideia. Cria que Jesus Cristo iria libertá-la plenamente. — Na Alemania ninguém ajudar. Non quero morrer sozinha sem ninguém a segurar a mina mão. — dizia ela. Karoline contava que, em seu país, fora praticamente abandonada num pequeno apartamento. Seus familiares alegavam não suportar conviver com seu sofrimento. Seu pai, mesmo vivendo na mesma cidade, recusava-se a acolhê-la. O único apoio que oferecia era financeiro. Durante os quatorze meses que viveu em Goiás, seus pais a visitaram uma única vez. Ficaram uma semana hospedados num hotel fazenda. Passavam algumas horas com ela durante o dia e à tarde retornavam ao hotel. Seu pai a pressionou a retornar para a Alemanha. Ela optou por ficar, pelo menos por mais algum tempo. Dois meses depois, ela ainda não havia se mudado daquela cidade, embora o desejasse. Não dispunha dos recursos necessários para adquirir a mobília. Numa manhã, depois de nosso turno de oração, minha esposa ligou para saber como Karoline estava passando. Uma mulher atendeu ao telefone e informou que ela havia tomado um voo para a Alemanha no dia anterior. Essa notícia nos deixou extremamente chocados. Não entendíamos por que ela resolveu partir sem se despedir. Nos oito meses em que convivemos com ela, aprendemos a amá-la como se fosse nossa filha. Mas acabamos confortados por uma verdade irrefutável: Karoline partira levando na bagagem o mais precioso bem que uma pessoa pode adquirir: o conhecimento de Cristo Jesus, a verdade que liberta. "... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8:32). Três dias depois, atendi a uma chamada internacional no telefone de casa. Uma voz feminina, muito familiar, exclamou do outro lado: —Alo!!!... Pai!!?... É Karoline aqui! Fechamos aqui esse parêntese e voltemos ao assunto do capítulo anterior: a ministração com Romilda.

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Continuamos inquirindo aquele demónio que a possuía. Ele regozijava-se com suas mazelas. — "Fiz o médico humilhá-la hoje." - Onde? O demónio citou o nome de um hospital de Anápolis. — Qual médico? Ele disse um nome composto. — "É médico de ossos." — disse ele, referindo-se à ortopedia. — O que ele fez? — "Disse que ela não tem nada. E manhosa." — Quem está por trás disso? — "Você sabe que somos nós." Raíssa informou que naquela tarde Romilda queixara-se da maneira como foi tratada pelo médico que a assistia. Disse que não aguentava mais aquela vida. — O que mais estão fazendo a ela? — "Tiramos ela do trabalho. Acabamos com o sonho de formatura dela, não a deixamos concluir a faculdade." — O que mais? Está proibido de mentir. O demónio curvou a cabeça e emudeceu. — Senhor, ordena aos teus anjos que venham contra esse demónio e o faça falar, em nome de Jesus. — orei. Ele estirou o corpo de Romilda pra trás e, gemendo, voltou a falar. — "A beleza dela foi usada para beneficiar a família." — Como? — "A mãe dela permitia que ela fosse usada." — Usada como? — "Sexo. Foi muito usada por dinheiro." Dias depois, Raissa e a própria Romilda falaram sobre isso quando nos reunimos para avaliar os resultados daquela ministraçáo. Foram muito diretas em suas colocações. — Romilda foi uma moça muito bonita. Nossa casa era muito frequentada pelos amigos de minha mãe. Ela permitia que fôssemos assediadas. — contou Raissa. — Éramos malvistas pelos vizinhos. Foi um tempo muito difícil. Nosso pai trabalhava fora e demorava a vir para casa. — concluiu. O relato de Raissa ajudava a esclarecer as causas de tanta desgraça na vida de sua irmã, principalmente na área emocional. Muitas brechas foram abertas

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em função da conduta errada de seus pais. Romilda foi abusada sexualmente pelo irmão e pelo primo em sua infância, possuída por namorados desde a pré-adolescência, explorada sexualmente pela própria mãe e, posteriormente, "casada" com uma mulher. Quando apresentamos o relatório daquela ministração, Romilda não só confirmou tudo quanto relataram os demónios a seu respeito, como acrescentou outras situações pelas quais ela havia sido submetida. — Certa vez minha mãe me fez viajar para São Paulo como acompanhante de um caminhoneiro. Fui abusada por ele durante toda a viagem. — contou com pesar. — Quando lá chegamos, ele me repassou a um amigo, que também abusou de mini. Ela fez uma pausa antes de prosseguir. - O homem com quem viajei se dizia evangélico. Minha mãe sabia de tudo. Pedi a Raissa que chamasse sua irmã. Quando ela entrou comecei a orar determinando a destruição das maldições na vida de Romilda e a expulsar os demónios que a escravizavam. Lembrei dos problemas de saúde enfrentados por Railda e resolvi investigar. — Quem é esta? — perguntei ao demónio. — "Railda." — respondeu ele sem abrir os olhos. — O que fizeram a ela? — "Colocamos ansiedade e gordura." — Por quê? — "Pra humilhar, entristecer, fazê-la infeliz." — Entraram quando ela tinha quantos anos? lty—'• ,? — Cinco. — Por quê? — "Maldição... A mãe a amaldiçoou." — Como ela fez isso? — "Andava cansada de sofrer. Ficava nervosa e amaldiçoava." — Amaldiçoava como? - "Chamava ela de bucho... De muita coisa." — Quem entrou por causa disso? - "Ansiedade, pra fazê-la comer, engordar e morrer." — Qual demónio colocou ansiedade? "Exu Caveira."

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— Quem mais? — "Sete Machadinhos." ' O demónio revelou como tentou matar Railda: — "Era pra ter morrido durante a cirurgia." Railda havia realizado um delicado procedimento cirúrgico havia pouco tempo. Seus filhos enfrentavam problemas semelhantes, ou seja, a maldição lançada sobre ela migrou para seus filhos. Inquiri o demónio a esse respeito: — O que fizeram aos filhos dela? — "Tentamos matá-los no ventre." — Quem tentou matá-los? — "Sete Machadinhos. Deviam ter nascido aleijados." Atenta à ministração, Railda comentou: — Nossos filhos tiveram torcicolo congénito. — E quanto ao pai deles? — inquiri. — "Aquele foi rejeitado." — O que mais? — "Fez muitos pactos." - Onde? T * "7 — «XNa maçonaria.

— Quem entrou na vida dele? - "O Sete Flechas."3 — Quem mais? — "Muitos... muitos." — Que mal fizeram a ele?

1 O machadinho é o símbolo de Xangô do Oriente, Orixá caracterizado com um machado de duas lâminas nas mãos. Faz sincretismo com São Judas Tadeu, que também traz um machado nas mãos, simbolizando por qual arma foi morto; com São João Batista um dos patronos da maçonaria e com Ossanha, no candomblé. 2 A Maçonaria é um dos tentáculos do satanismo. É a mais antiga organização secreta do mundo. Exerce influência oculta sobre a sociedade em todos os níveis. Líderes políticos, sociais e religiosos governam o mundo sob o manto satânico da Maçonaria. Muitos líderes, que se dizem evangélicos, participam ativamente dessa diabólica organização. "São" Judas Tadeu é um de seus patronos. "São" João Batista é considerado o principal deles. 3 Caboclo das Matas, também chamado de Sete Flechas das Almas. Seus adeptos o consideram um grande Orixá. Opera disseminando doenças e enfermidades, por isso é considerado mensageiro de Omulú, demónio disseminador de doenças infectocontagiosas.

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— "Bloqueio na mente. Ele tem muito sono." — Com qual objetivo? — "Pra não deixá-lo ouvir a Palavra (de Deus). Ele tem que viver no engano." Vez ou outra eu orava para que Deus mantivesse seus anjos à nossa volta. — Há quantos anjos de Deus aqui? Quantos são? —inquiri o espírito demoníaco. — "Muitos... Muitos." — Onde estão? Ele levantou uma das mãos de Romilda acima de minha cabeça e apontou em várias direções. — "Estão aí." — Qual a razão de tudo isso nessa família? — "Você sabe." — Mas você vai dizer, em nome de Jesus. — "Ê a mãe delas." — O que há com ela? — "É mandona, autoritária." — Ê o quê? — insisti de propósito. Queria que Raissa e Railda ouvissem aquilo claramente. — "É autoritária... Manda no marido... Manda em todo mundo... E a brecha, você sabe." Diante daquela acusação me dirigi a Raissa. — Ouviu isso? Sua mãe age como se fosse o homem da casa. Tenta ocupar o lugar de seu pai. Ê um erro. Esta é a causa de tudo isto — expliquei. Ela ouviu calada, prestando atenção. — Quando uma esposa se comporta dessa maneira, o diabo aproveita para assumir o controle da família. — ela balançava a cabeça afirmativamente. — Então foi por essa brecha que entraram... — Perguntei afirmando. CCy • )i — Foi. — Quem foi o primeiro a entrar? — "Exu Caveira... Ele a usa." — E o marido dela? — "Não tem autoridade. É um bosta... Um inútil." — E o quê? — "É um merda, não presta pra nada."

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— Quem está por trás dele? — "Sete Flechas, Exu Caveira..." Tudo ia ficando muito claro. Antes de finalizar, pedi à Railda que chamasse seus pais. Queria que acompanhassem aquele momento. Quando chegaram comecei a desligar as maldições que atingiram Romilda e a expulsar os demónios que possuíam. Coloquei uma de suas mãos na região acima do peito e a minha por cima. Olhei de perto para o demónio e determinei com autoridade: — Ouça. — ele abriu os olhos e me encarou. — Está Escrito. — disse eu, chamando sua atenção para mais uma passagem bíblica: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus" (Mt 16:19). — Tomo autoridade sobre todas as maldições na vida dessa mulher e ordeno que sejam destruídas em nome de Jesus Cristo. Desligo todas as amarras de rejeição, prostituição, tristeza, mágoa, ódio, angústia, vingança, humilhação, autocomiseração e falta de perdão; ordeno que saiam da vida dela em nome de Jesus Cristo. Em geral, demónios respondem pelo nome dos males que causam e, ao serem expulsos, tanto saem de forma silenciosa, como pela tosse, vómito, baba, bocejos, arrotos, choro e pelos flatos ou peidos. Sentada, com as pernas esticadas e as costas apoiadas numa poltrona, Romilda começou a tossir e a ter vómitos na medida em que íamos expulsando os demónios. — Doença na boca, está desligada em nome de Jesus. Saaaaai... Mais vómitos ruidosos. Coloquei a mão sobre a parte posterior da cabeça dela, no início da coluna, e ordenei: — Doença na coluna, saaaai. Pedras nos rins, osteoporose, bico de papagaio, dor nas pernas, nos pés, estão desligados em nome de Jesus, saiaaam. Ela inclinou o corpo para frente e continuou tendo vómitos. — Prostituição, lascívia, sodomia, incesto. Em nome de Jesus Cristo, Saiaaam, Seus pais e irmãs acompanhavam tudo atentamente.

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Pedi à minha esposa que colocasse a mão sobre a região do ventre dela e ordenei: — Doença no ovário, no útero, esterilidade, frigidez, infecção urinária, estão desligadas em nome de Jesus. Saiam agora... Saaaiam... Os vómitos eram cada vez mais longos e ruidosos. Recoloquei a mão sobre a cabeça de Romilda e prossegui: - Derrota, insegurança, medo, síndrome do pânico, terror noturno, estão desligados. Saiam agora, em nome de Jesus Cristo. Saiaaam... Vómitos e mais vómitos. — Suicídio, loucura, morte, perturbação, depressão, saiam todos, estão desligados em nome de Jesus. Vão saindo, Saiaaam... Mais tosse e vómitos. Quando ela parou de convulsionar, orei buscando me certificar de que não havia mais nenhum demónio oculto, como muitas vezes ocorre. No evangelho de Lucas, o Senhor Jesus afirma que nada permanece encoberto: "Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido" (Lc 12:2). — Senhor, em nome de Jesus, se ainda há maldições ocultas na vida dessa mulher, ordena aos teus anjos que venham contra esse demónio e o obrigue a dizer onde estão. Aguardei um instante vigiando seus movimentos na expectativa de alguma manifestação que denunciasse um ataque dos anjos contra ele. Nada. Se estivesse ocultando algo, tentando nos enganar, seria açoitado pelos anjos e não conseguiria disfarçar suas reações. — "Não estou ocultando nada." — disse o demónio, justificando sua inércia. — Senhor, peço-te, em nome de Jesus, que os mantenha aprisionados. — orei. — Diga onde estão os outros... — "Estão aqui." - Onde? — "Amarrados comigo." — Foram amarrados por quem? — "Pelos anjos do seu Deus."

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— Quantos são? — "Muitos... Muitos." Todos da família agora estavam ali. Minha esposa continuava intercedendo. Dirigi-me à mãe de Romilda: - Dona Síria, tudo o que aconteceu à sua filha é consequência de uma situação que preciso esclarecer. A senhora liberou muitas palavras de maldição contra seus filhos. — disse com muito jeito. — Demónios ganharam legalidade para agir contra eles por causa dessas palavras. Seu filho foi transformado num abusador de crianças. — expliquei para todos ouvirem. — Não foi só daquela menina que ele abusou. Fez o mesmo com Romilda e com muitas outras crianças. Interrompi a explanação para fazer uma ressalva: — Saibam que esses demónios não se ofereceram para contar suas mazelas. Foram subjugados pelo poder de Jesus Cristo e obrigados a confessar. — expliquei. Recoloquei a mão sobre a cabeça de Romilda, que continuava sentada no chão, recostada na poltrona e prossegui: — Muitos problemas que ela enfrentou ocorreram em função dos erros de posicionamento de vocês e das palavras de maldição que liberaram contra ela. — disse eu olhando para dona Síria e "seu" Justino. — Por muitos anos a senhora agiu como se fosse o cabeça de sua família. Deus criou essa função para o marido. Ao tentar exercê-la, a esposa abre brechas para o inimigo trazer assolação sobre a família. E a consequência da quebra do princípio da autoridade. — esclareci. Dona Síria ouvia calada, prestando atenção. Parecia quebrantada. Dirigi-me ao senhor Justino e disse: — O senhor deixou de ocupar a posição de autoridade que o Senhor lhe delegou como esposo, por isso o inimigo o menospreza. É preciso corrigir esse equívoco para que as legalidades sejam quebradas. Gostaria de orar com vocês nesse sentido. Gostariam de fazer isso agora? — propus. — Eu gostaria. — prontificou-se dona Síria. — Então, repita comigo esta oração, se concordar: — Senhor, reconheço que pequei contra sua autoridade. Confesso esse pecado e peço que me perdoe, em nome de Jesus. Livra minha família da rebelião e a purifique de toda maldição. Retiro as palavras de maldição que declarei sobre meus filhos e. os abençoo, em nome de Jesus Cristo. Amém.

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Propus o mesmo ao senhor Justino. — Vamos fazer essa oração? — Agora. — concordou ele prontamente. — Senhor, confesso que fui negligente em minha função. Peço que me perdoe, em nome de Jesus Cristo. Assumo a posição de autoridade que o Senhor me confiou. Recebo teu manto e teu cajado e peço que me capacite a usá-los. Livra minha casa de toda maldição. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Confessando a Derrota Voltei a tratar com aquele demónio que permanecia subjugado. Ele, que no início resistia e ameaçava, agora pedia para ser liberado. — "Me solta... Me deixa ir... Estou cansado disso." — Antes, vai confessar sua derrota. — "Se confessar posso ir embora?" — Não negocio com demónios, vai confessar sem condição alguma, em nome de Jesus. — estabeleci. — Diga que estão derrotados. — "Estamos derrotados... Já disse. Me deixa ir." — Diga que foram derrotados pelo Senhor Jesus... — "Fomos derrotados pelo grande." — Diga o nome Dele... — "Não posso, não estou autorizado." — Mas vai dizer agora mesmo. Como ele continuou resistindo, dirigi-me aos anjos: — Anjos de Deus, designados para esta batalha, venham contra esse demónio e o castiguem até que fale. Ele começou a se contorcer novamente. Gemia e se esquivava para um lado e para o outro. Encolhia e esticava as pernas de Romilda, expressando dor e desconforto. Sei que estava sendo castigado pelos anjos e obrigado a cumprir o que determinamos. — Confesse que foram derrotados por Jesus Cristo. — "Fomos derrotados por Jesus Cristo... Ai... Uhhhg..." — Repita isso. — insisti. — "Jesus Cristo nos derrotou. Já disse... Me solta." Diante daquela confissão incondicional tornei a orar: — Senhor, em nome de Jesus Cristo, ordena aos teus anjos que levem todos esses demónios para onde o Senhor determinar. Em nome de Jesus Cristo, vãááãoo...

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Cheguei bem perto dela e perguntei baixinho: — Romilda... pode me ouvir? —... Sim. — respondeu ela, visivelmente extenuada. — Repita comigo: Jesus Cristo veio em carne, habitou entre os homens, foi crucificado, morto e ressuscitado pela força do poder de Deus. Está assentado à direita do Pai. Ele vive e reina para todo o sempre. Amém. — Sente-se bem? — perguntei. — Minha cabeça dói. Ungi minha mão com óleo e a coloquei sobre a cabeça dela. — Senhor, derrama teu bálsamo, sara todas as feridas desta mulher; restaura suas forças, em nome de Jesus Cristo, amém. Essas lembranças me sensibilizam. Penso na grandeza do poder de Deus e no seu imensurável amor pelo ser humano. — Grande, Grande, Grande... Digno, Digno, Digno... — glorificava ao Senhor enquanto dirigia de volta para casa. Quando me dei conta estava em frente ao portão da garagem. Enxuguei os olhos antes de descer e fui direto para a sala. Minha esposa me aguardava com a Bíblia no colo. — Leia para nós. — disse-lhe, me acomodando noutra poltrona. Dois anos depois, Railda disse-me que seu irmão tinha entrado em acordo com a justiça. Assumiu a autoria do abuso sexual que o levara à prisão em troca de benefícios legais. Lembrei-lhe que Nivaldo precisaria se converter, verdadeiramente a Cristo Jesus e renunciar os vínculos malignos que tinha firmado, direta e indiretamente, para que fosse liberto.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 4

A Inversão dos Papéis

O assunto que abordaremos nesse capítulo é, obviamente, relacionado aos temas centrais desta obra: libertação e quebra de maldições. Nosso propósito não é apenas retratar as experiências que vivenciamos no exercício desse ministério, mas, principalmente, compartilhar os ensinamentos que temos recebido de Deus sobre as questões que emergem das ministrações, à luz de Sua Palavra. Abordaremos aspectos relacionados às funções que Deus criou para o homem e a mulher e às consequências decorrentes da tentativa de inversão dessas funções. O foco central da ministração relatada no capítulo anterior é exatamente este. Procuramos mostrar para os pais de Romilda que Deus não criou a mulher para ser cabeça espiritual do homem, e sim sua auxiliadora idónea, conforme o Senhor nos ensina em Sua Palavra: "Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idónea" (Gn 2:18). As palavras "auxiliadora idónea" são a mesma palavra hebraica. A palavra no original é "ezer" e vem de uma raiz primitiva que significa "estar à volta ou auxiliar, ajudar, assistir". Eva foi criada para ficar ao lado de Adão como sua "outra metade", para ser seu auxílio, sua ajudadora idónea. Adão foi o homem que Deus escolheu como cabeça da relação, ungindo-o e capacitando-o para desempenhar essa função. Numa de suas cartas aos cristãos de Corinto, o apóstolo Paulo ensinou: 81


"Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo" (lCo 11:3). Antes de prosseguir, quero ressaltar que meu objetivo não é demonstrar que o homem é superior à mulher ou, melhor do que ela, em qualquer aspecto. Ambos foram criados por Deus e, aos Seus olhos, os dois são rigorosamente iguais. Ele os ama na mesma medida. A diferença entre o homem e a mulher não reside em sua importância para o Criador, mas nas funções que ocupam. Tais funções foram estabelecidas por Deus e não podem ser ignoradas ou mudadas segundo a vontade de quem quer que seja. A escolha do homem como sacerdote do lar e cabeça espiritual da mulher não confere a ele qualquer privilégio, mas sim, maior responsabilidade. É dever do homem, conduzir, proteger, suprir e defender a mulher, e, por tudo isso, tem que prestar contas a Deus. O homem não deve confundir autoridade com autoritarismo, nem submissão com dominação. Ele deve amar sua mulher com sublime amor, conforme Deus estipulou: "Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a ivreja e a si mesmo se entregou por ela" (Ef 5:25, grifo do autor). Esse versículo mostra que o homem não tem a opção de não amar sua mulher ou, de deixar de amá-la. É seu dever amá-la sempre se sacrificando por ela, se necessário for. Tornemos ao aspecto da submissão. Em sua epístola aos efésios, Paulo é enfático ao tratar sobre esse assunto: "As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido" (Ef 5:22-24, grifo nosso). No verso 22, o apóstolo afirma que as mulheres devem se submeter aos seus maridos do mesmo modo como se submetem a Deus, pois a autoridade que eles exercem sobre elas não lhes pertence, provém de Deus. O que equivale dizer que, quando a mulher resiste à autoridade do marido, é a Deus que ela está resistindo. 82


A insubmissão é um ato de rebeldia e, como tal, gera graves consequências, conforme descreve o apóstolo Paulo em sua epístola aos Romanos: "De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação" (Rm 13:2). No capítulo cinco de Efésios, Paulo explica porque a mulher deve ser submissa ao seu marido. "Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja" (Ef 5:23). O que o apóstolo está afirmando nesse versículo é que a mulher deve ser submissa ao seu marido do mesmo modo como a Igreja se submete ao Senhor Jesus. Como corpo de Cristo, a Igreja não pode caminhar sem Sua direção, pois Ele é seu cabeça; do mesmo modo, a mulher não pode conduzir a si mesma, sem a direçáo de seu marido, uma vez que Deus o estabeleceu como sua cabeça espiritual. No versículo 24 dessa passagem, o apóstolo Paulo fala sobre a abrangência da autoridade do marido sobre sua esposa e sobre a forma como ela deve se sujeitar a ele: é do mesmo modo como a Igreja se sujeita a Cristo, ou seja, "em tudo". A Palavra de Deus afirma, de forma clara, que a esposa não deve agir desligada de sua cobertura espiritual. Se o marido, por alguma razão, se ausentar de sua função, ela ficará vaga, pois foi criada exclusivamente para ele, não pode ser ocupada pela mulher. Algumas mulheres não se contentam em ocupar a função que Deus designou para elas. Insurgem-se contra a autoridade de seus maridos e fazem de tudo para usurpar a função que Deus criou, exclusivamente, para eles. Essa atitude de rebeldia não passa despercebida aos olhos daquele que vive ao nosso derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Por isso, a Palavra de Deus nos adverte a ser sóbrios e vigilantes: "Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar''(II-'e 5:8). Ao se colocar na posição que imagina ser a do marido, a mulher infringe o princípio da autoridade. O diabo usa essa quebra de princípio como brecha

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para contaminar o relacionamento e levar a esposa a pensar que está no controle, quando na verdade é ele, o diabo, quem está. Muitas mulheres passam a agir dessa maneira por responsabilidade de seus próprios maridos. É quando eles se eximem de suas responsabilidades transferindo-as para suas esposas. O marido que não ocupa sua função e não exerce sua autoridade é um marido relapso, negligente. O que muitos chamam de "inversão de papéis" entre marido e mulher dá ao inimigo o direito de investir contra a família e amaldiçoá-la de diversas maneiras. Uma delas é a deturpação do género dos filhos e a indução deles à prática do homossexualismo. Isso ocorre através de um processo em que, tanto o filho, como a filha, são induzidos a se comportar de forma contrária ao seu género. O pecado dos pais atrai o juízo de Deus em forma de maldição hereditária, que se manifesta através de influências malignas. Tais influências geram um padrão de comportamento totalmente divorciado dos valores cristãos. A lei de Deus demonstra que o comportamento humano produz influências espirituais que o acompanham. O diabo explora a ausência da autoridade e da firmeza do pai no âmbito do seu lar de diversas maneiras. Principalmente em relação aos filhos, que necessitam de um referencial masculino para nele se espelhar, consolidar seu género, moldar seu caráter e seu padrão de comportamento masculino. Quando um filho é criado somente pela mãe ou por outra mulher, ou seja, por uma pessoa do sexo feminino, com a qual convive e de quem recebe influências, o diabo aproveita para deturpar seu género. Aos poucos, e sem perceber, esse filho passará a imitar a mãe em tudo. Passará a gostar de tudo o que ela gosta, inclusive de homens. É uma influência maligna exercida por "demónios femininos" que exploram a ausência da cobertura masculina como brecha para possuir o filho e deturpar seu género, levando-o a pensar, falar e agir como mulher. Tal filho passará a enxergar a mulher como sua igual e a sentir desejo de mulher por homens, tornando-se, portanto, homossexual; um homem com trejeitos de mulher, tanto no modo de vestir como no de caminhar e falar. Suas preferências recairão sobre atividades tipicamente femininas. Com a filha o processo ocorre de modo semelhante. Demónios masculinos exploram a omissão ou ausência do pai como brecha para possuir a filha, distorcer sua visão e deturpar seu género. Principalmente quando a mãe é autoritária ou age como se fosse o homem da casa. Esse erro de posicionamento é explorado pelo inimigo de duas maneiras. Numa, a filha é levada a se sentir, pensar e agir como homem. Suas preferências serão por atividades tipicamente masculinas e sua opção sexual por mulheres. Tornar-se-á o que vulgarmente se

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chama de "sapatão", um homossexual do sexo feminino, com aparência masculina, que, na relação com outras mulheres, é quem "controla a situação" ou faz o papel do homem. Uma filha criada nessas condições pode também vir a se comportar como uma mulher que, mesmo não apresentando traços masculinos, relaciona-se com outras mulheres. É o caso do homossexual do sexo feminino, conhecido como "lésbica". Algumas chegam a ser bissexuais. Foi o caso de Romilda, que prostituiu, por muitos anos, com homens e conviveu durante dez anos com uma mulher, desempenhando o papel de "esposa", depois se casou e teve filhos com um homem. Pessoas assim geralmente caem e manifestam demónios quando se ora para que sejam libertas. Num lar ajustado, em que os pais ocupam suas respectivas funções, de acordo com os padrões instituídos por Deus, o inimigo não encontra espaço para promover distorções. Tivemos a oportunidade de ministrar a inúmeras pessoas, especialmente jovens, que tiveram o curso natural de suas vidas drasticamente alterados em consequência do erro de posicionamento de seus pais. O homossexualismo está ligado a diversos fatores, como: a orfandade, a falta de autoridade ou a ausência do pai, a "inversão de papéis" entre os pais; consagração dos filhos a entidades demoníacas que deturpam a identidade sexual das pessoas, realizadas em rituais do espiritismo como candomblé, umbanda, quimbanda, kardecismo e religiões idólatras; rejeição, "rejeição do género" ou rejeição da identidade sexual dos filhos pelos pais ou avós, abuso homossexual, cobertura familiar por parte de parentes contaminados pelo homossexualismo, podendo ser os próprios pais, avós, padrastos ou pais adotivos homossexuais. As experiências que vivenciamos no exercício do ministério de libertação nos levam a afirmar, com toda segurança que, o abuso sexual e o homossexualismo, em todo caso, estão ligados à rejeição. Este é um tema, sobre o qual aprofundaremos numa publicação que pretendemos lançar no futuro.

O Homem Emasculado O autoritarismo de dona Síria pode ter sido herdado de seus antepassados, porém, se seu Justino tivesse ocupado seu lugar de autoridade em seu lar, tudo poderia ter ocorrido de forma diferente. Ele não se importava com o fato de sua esposa desempenhar seu papel.

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O pastor Aluísio A. Silva1 classifica esse tipo de homem como "emasculado". Comungo plenamente de sua visão e a transcreverei resumidamente para que você tenha uma boa compreensão a respeito: "O emasculado é o homem que, no Brasil, recebe adjetivos pejorativos, como: banana, lerdeza, meleca, molenga, paradão, frouxo, inútil e verminoso". Segundo o pastor Aluísio, o termo emasculado quer dizer: "estéril, esterilizado, eunuco ou castrado. Não no sentido sexual. É um homem sem ação, omisso, que não contesta, não desagrada, não ofende a ninguém e não faz questão de defender seus direitos". Em sua análise, o pastor Aluísio afirma que: "Emasculado é o contrário de masculino e feminino. É o masculino que não é totalmente masculino, mas também não é efeminado como o homossexual. Não é um homem que gostaria de ser mulher. E um homem que, por alguma razão, deixa sua masculinidade de lado, tornando-se frágil, inseguro, vulnerável. No afã de mostrar-se sensível, afetuoso e compreensivo, torna-se emasculado, perdendo a essência do projeto de Deus para ele, ou seja, ser homem. Ao invés de oferecer segurança, firmeza e proteção, ele quer é ser protegido. Alguns mostram ser até mais frágeis que suas esposas. Quando começa a conviver com esse modelo de homem, a mulher sente falta do padrão de homem forte, corajoso e seguro de si. "Ao tornar-se emasculado, o homem desobedece frontalmente a uma clara determinação de Deus para que se comporte varonilmente" (iCo 16:13). O termo Varonilmente quer dizer: próprio de varão, viril,: de aspecto forte, masculino, enérgico. Portanto, portar-se varonilmente quer dizer: ter atitude de homem (acréscimos do autor). "O homem de Deus não é medroso, covarde, frouxo. Ele é forte e corajoso, decidido, seguro em suas posições". "Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares" (Js 1:9, grifo do autor). "As mulheres gostam de homens sensíveis, que às vezes até choram, mas não gostam de conviver com um homem chorão. Uma coisa é ser um homem sensível, outra, bem diferente, é ser um homem fraco. Existe muita diferença entre o homem que quer agradar sua esposa, ter empatia com ela e aquele que

l O pastor Aluisio A. Silva é o fundador e líder da Videira - Igreja em Células, sediada em Goiânia/ Goiás.

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nunca lidera, não toma a iniciativa, nem exerce sua autoridade. Até na hora do ato sexual é ela quem toma a iniciativa. Esse é o homem emasculado. Ele está totalmente fora do propósito de Deus". Precisa ser liberto do espírito que o resiste, tornando-se homem na prática. Muitos relacionamentos fracassam ainda na fase do namoro porque o homem não é homem. E emasculado (acréscimos do autor}. "Esse tipo de homem, em geral, é uma bênção como pessoa. Ê conciliador, cordato e sempre foge da briga. Parece espiritual, mas, na verdade, não o é. E covarde, medroso, tem dificuldade de expressar seus sentimentos. Morre de medo de ser reprovado e rejeitado pela mulher. Quanto mais se esforça para agradá-la, temendo a rejeição, mais ela o rejeita, cria antipatia por ele. Começa a sonhar com alguém que a faça se sentir segura, protegida". Muitas delas ficam balançadas ou acabam não resistindo e cedem ao assédio de homens de verdade (acréscimos do autor). "O homem deve ser gentil, amável e carinhoso. Mas, se for preciso, tem que se impor, mostrando à esposa qual o seu devido lugar. Mas para isso não precisa ser grosseiro. E preciso rechaçar determinadas atitudes dela, mas, sem baixar o nível. Dizer 'não' de vez em quando à esposa, e com a devida firmeza, faz bem ao relacionamento. Se ela questionar, o homem deve, com a mesma firmeza, mostrar qual o motivo de sua negativa e manter sua posição. Algumas esposas costumam ficar nervosas ou contrariadas diante de tal atitude. As mais exaltadas chegam até a quebrar algumas louças, mas, no fundo, acabam até gostando, por saberem que ao seu lado tem alguém para protegê-las. Alguém que tem autoridade e assume a responsabilidade pelas decisões no relacionamento. Essa firmeza é a mesma com que Deus trata conosco. Ao mesmo tempo em que é um Deus terno, afetuoso, é também firme, não abrindo mão de Sua posição de autoridade e de Senhor de nossa vida", conclui o pastor Aluísio.

Emasculado e Aproveitador Uma mulher à qual ministramos libertação, esposa de um homem do tipo emasculado, compartilhou conosco uma experiência que a deixou entusiasmada. Ela havia sugerido a troca da casa em que moravam por outra, mais próxima da empresa em que o filho adolescente deles iria estagiar. Contrariando seu estilo passivo, seu marido resolveu radicalizar. Bateu na mesa, indignado, chamando a responsabilidade para si e rechaçando veementemente sua proposta. Essa atitude a deixou extasiada.

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— Mal pude acreditar no que estava vendo. Parecia até outra pessoa. — contou ela com brilho nos olhos. — Nunca me senti tão bem. Percebi que era aquilo que faltava em nosso casamento — constatou. — Ele nunca decide nada. Até em nossa intimidade quem toma a iniciativa sou eu. Como foi bom vê-lo agindo daquela maneira. — comemorou. Outra mulher, que vivia situação semelhante em seu casamento, reclamou do grau de passividade do seu marido. Ela trabalhava fora, e ele vivia desempregado. Dividia seu tempo entre procurar emprego e cuidar dos afazeres da casa, como cuidar das crianças e preparar as refeições. Certo dia o gás acabou enquanto ele cozinhava. Ele não se fez de rogado. Ligou para a esposa em seu local de trabalho para comunicar o fato e cobrar providências. — Olha, o gás acabou... — Então... Providencia a troca. — retrucou ela. — Como vou fazer isso? Não tenho dinheiro... — Mas esta responsabilidade é sua. — Vai ficar sem trocar então. — disse ele desligando o telefone indignado, como se estivesse com a razão. Isto seria cómico, se não fosse trágico. Embora amasse seu marido, essa mulher disse que andava cansada de ter de tomar todas as iniciativas e de assumir as responsabilidades dele. Ressentia-se da falta de um esposo de verdade ao seu lado. Alguém com autoridade para protegê-la, dirigi-la e, segundo suas próprias palavras, que "mandasse" nela. Desejava ser apenas a esposa. No fundo, no fundo, o que toda mulher deseja é um marido que chame a responsabilidade para si e a faça se sentir segura, protegida. Quando o homem se omite completamente, a mulher tem que arcar com um ónus muito pesado. Vai se sentindo cada vez mais sufocada e passa a sonhar com um homem de verdade. Durante um aconselhamento, uma esposa reclamou que o marido lançava sobre ela uma carga muito pesada das atribuições essencialmente dele. Sua forma de reagir refletia seu grau de omissão. — Ela quer que eu assuma as responsabilidades sozinho. — protestou ele, como alguém que se sente injustiçado. Este é outro motivo que leva a mulher a agir como chefe da família e cabeça do marido. É quando ele se omite completamente, transferindo suas responsabilidades para ela. Tivemos a oportunidade de comprovar isso através de inúmeras experiências. A que vamos relatar se deu com um jovem casal que

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vivia um relacionamento um tanto quanto conturbado. O casamento deles era uma verdadeira guerra, com muita discussão, brigas e agressões. Era a segunda vez que nos reuníamos para orar por eles e aconselhá-los. Quando oramos forte por Nádia, um demónio se manifestou. — Te amarro em nome de Jesus Cristo. O que você quer? — "Vou matá-la... Ela é minha." - - respondeu o demónio. — Quem é você? — "Exu Caveira." — Já o expulsei uma vez. Por que voltou? — "Brigas... discussões... ela anda muito sensível. Tem que arcar com tudo sozinha. Ele não a ajuda, humilha. E a brecha." — Humilha como? — "Em tudo... Não serve um copo d'água pra ela." — O que mais? «r- 1 * » — hles não oram. 1

- Não estão orando? — perguntei a Fabiano, o marido de Nádia. — Estamos pastor... Ele mal iniciou a frase e foi interrompido pelo demónio que, aos gritos, o xingava: — "E mentira... seu mentiroso." — gritava o Exu com os olhos arregalados, lançando saliva e inclinando-se na direção de Fabiano. — "E oração xôxa. Esse aí é preguiçoso." — continuou o demónio. — Olha pastor... — "Cala essa boca seu mentiroso... você não ora mesmo, gosta é de dormir." — atacou o demónio. — Por isso entraram... — afirmei perguntando. — "E... ela fica fragilizada. Eu entro por essa brecha. Falo na mente dela. Digo que não vai ser feliz, que devia ter casado com outro. Ela fica pensando em se separar, sair com outros homens..." — O que mais estão colocando na mente dela? "Suicídio. Já tomou remédio pra morrer, mas não foi o suficiente. Fomos pagos pra matá-la. Ela e a mãe dela são nossas." — Pagaram o quê? — — — —

"Pagaram muito." Onde pagaram? "Nos despachos." O que foi pago?

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— "Não vou falar." — Vai falar tudo, em nome de Jesus Cristo. — "Sangue de bode, sangue de galinha, velas... Muita coisa." — Quem pagou? — "O Jairo... Outros também. Por onde ela passa levantamos os nossos pra renovar os trabalhos." Jairo foi um homem com quem Nádia se envolveu há muitos anos. Um demónio o apontou como esotérico, místico, macumbeiro. Ela confirmou tudo. — Quantos despachos foram feitos para matá-la? — "Quinze... Tenho decretos de morte contra ela... Eu já devia ter matado essa desgraçada." — Onde estão os decretos? — "Estão comigo." O demónio ergueu o punho direito de Nádia para demonstrar que detinha algo. — Abra a mão, entrega esses decretos agora mesmo. — "Não vou entregar nada. Ela vai morrer." — Vai entregar agora, em nome de Jesus Cristo. — "Não entrego." Com os punhos cerrados ele continuou resistindo. — Olhe à sua volta. Quem você vê? «

A

*

— ... Anjos.

»

— Quantos são? — "Muitos." — Entrega os decretos a eles. — "Não vou entregar." — Vai entregar agora mesmo. Está escrito: "Eis aí vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano''(Lc 10:19). — Submeta-se agora mesmo, em nome de Jesus Cristo. Entregue os decretos aos anjos... — "Não vou entregar nada." Aquela resistência indicava que o demónio detinha algum triunfo, alguma legalidade. Prossegui guerreando, usando a Palavra, buscando quebrar a resistência. — Está escrito...

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"Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz" (Cl 2:14). — Contra a verdade ninguém pode coisa alguma. Seu direito sobre ela já foi revogado. Entrega os decretos aos anjos, em nome de Jesus Cristo. — "Não vou entregar nada aos anjos, nem a ninguém." — retrucou ele, categoricamente. — Senhor, em nome de Jesus, envia teus anjos contra esse demónio e faça-o entregar o que está retendo. — "Não vou entregar nada... Ninguém pode me obrigar." Estava claro que não se tratava de uma simples resistência, aquele demónio detinha algum direito legal sobre Nádia. Eu precisava descobrir qual era. — Estão explorando quais legalidades? Proíbo você de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "Não vou dizer." — Vai dizer agora mesmo, em nome de Jesus Cristo. — "Se eu disser você me toma." — Senhor, em nome de Jesus, ordena aos teus anjos que venham contra ele com violência e o façam falar. O demónio começou a se contorcer e gemer. — Queimem... queimem... vão queimando, em nome de Jesus. — fui dizendo. Subitamente, ele virou-se para o marido de Nádia e voltou a acusá-lo furiosamente. — "E esse aí ó... a brecha está nesse aqui." Com a mão direita dela espalmada ele batia violentamente no peito de Fabiano. — "Ele a humilha, explora, abusa dela. E um covarde... covarde." — Humilha como? — "É orgulhoso... põe ela na frente dos problemas e se esconde. É um covarde. Não gosta de mostrar que precisa dos outros. Usa ela pra resolver seus problemas." — Ele se esconde de quê? — "Se esconde do cobrador. Manda ela pedir dinheiro emprestado para os parentes. É um fraco... covarde. Ela está cansada disso. Não acredita nele, não espera nada dele."

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Aproveitei o calor daquele momento para esclarecer a Fabiano sobre as consequências de seu posicionamento equivocado. — É isso o que ocorre quando o homem transfere suas responsabilidades para a esposa. — Entendo pastor... - "Cala a boca covarde, explorador. Você não tem coragem de aparecer, é orgulhoso. Seu bosta, verme, imprestável." O demónio gritava com Fabiano, dando ênfase em cada palavra, como se quisesse feri-lo com elas. Ele ficava cada vez mais acuado. — Você não estaria sendo acusado dessa maneira se as coisas não fossem mesmo assim. — ponderei. — É verdade pastor, mas eu... — "Eu já te disse pra ficar calado seu merdinha... imprestável... covarde... você a humilha mesmo... manda resolver seus problemas e fica no bem-bom... seu merda... inútil, você não presta pra nada." O demónio ficava cada vez mais irado, principalmente quando Fabiano tentava argumentar. Inclinava-se pra frente e pra trás furiosamente, lançando saliva enquanto falava. — Melhor não dizer mais nada, aconselhei. Acuado, Fabiano vigiava o demónio com os olhos. — "Ê bom ficar calado mesmo seu merdinha... você não presta. Aliás, continue assim viu? Não mude não. Você está fazendo nosso serviço direitinho... é assim mesmo que se faz... é assim que gostamos. É pra isso que você serve. Há há há há há há há." — Cheeega. — determinei veementemente. Era preciso orientar Fabiano. — Ao transferir suas responsabilidades para sua esposa, você quebra um importante princípio e abre uma brecha para o diabo assumir o controle de sua casa. Ele sabe que não foi ela que Deus escolheu como sacerdote e cabeça espiritual do seu lar — expliquei. — Entendo... — concordou ele, ainda atónito. — Ê preciso corrigir isto. Gostaria de orar a respeito? — Sim eu... Ele mal abriu boca, e o demónio voltou a atacar: — "Ele diz isso agora, mas vai continuar fazendo tudo do mesmo jeito. E um fraco... um covarde."

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Fabiano olhava desconcertado. Não sabia como se livrar daquele massacre. Percebi seu desconforto e saí em seu socorro outra vez: — Basta. Cale a boca, em nome de Jesus. — determinei. — Vamos orar. — propus. Enquanto ele repetia a oração, confessando seu pecado e assumindo sua função, o demónio, ainda com a mão direita de Nádia fechada, começou resmungar e a protestar. — "Não... você não pode fazer isso... ela é nossa... vamos matá-la." Concluímos a oração determinando a nulidade de todo direito legal que o inimigo detinha sobre Nádia. — Onde está seu direito agora? — "Não existe mais... Foi cancelado." — Abra a mão. Entregue os decretos aos anjos. Ele ergueu o braço de Nádia bem alto e abriu a mão. Permaneceu assim por alguns segundos e a abaixou novamente. — "Por que faz isso seu intrometido, o que você ganha?" — resmungou o demónio. — Ganho muito. E mais uma vida livre das suas garras. Para isto Cristo se revelou, para destruir as tuas obras. Glória a Deus! Nádia fora criada somente pela mãe que, devido aos seus muitos problemas de saúde, precisou da ajuda da filha para sustentar a casa. Por essa razão, ela começou a trabalhar muito cedo, tendo de assumir muitas responsabilidades prematuramente. Assim, angariou capacidade e força, tornando-se uma mulher ativa, despreendida. Porém, não aprendeu sobre o princípio da submissão. Seu despreendimento contribuiu para que Fabiano se tornasse um homem ainda mais acomodado, omisso, como ocorre em muitos casos. Diante de sua passividade, Nádia aos poucos, foi assumindo suas responsabilidades, passando a exercer uma posição de autoridade que não era dela. Essa "inversão de papéis" deu ao diabo o direito legal de se voltar contra ela e seu casamento. Sem contar outras brechas.

O Sacerdote Negligente Até aqui vimos exemplos de maridos que se tornaram responsáveis pelo erro de posicionamento de suas esposas. O emasculado, do tipo ausente, passivo, acomodado, que não se incomoda com o fato da esposa governar a casa em seu lugar e o emasculado explorador, que transfere suas responsabilidades

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para a esposa e a usa como lhe convém. Vejamos agora o caso do sacerdote que cumpre com suas responsabilidades naturais, mas não cobre espiritualmene sua família ou transfere essa responsabilidade para a esposa. Como já dissemos, esposas sem cobertura espiritual ficam expostas aos ataques do inimigo. Foi o que ocorreu com Eva no jardim do Éden. Onde estava Adão quando a serpente a seduziu e a levou a comer da árvore proibida? Por que ele não percebeu que o inimigo rondava sua casa em busca de uma ocasião para seduzir sua companheira? Na verdade, o primeiro marido da história foi negligente no exercício da missão que Deus lhe confiou e, quando foi chamado à responsabilidade pelo Criador, tentou transferir sua culpa para a esposa: "Comeste da árvore de que te ordenei que não comesse? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi"(Gn 3:llb,12). Um sacerdote que não exerce sua função ou o faz de forma negligente, além de não ser reconhecido por Deus não é respeitado pelo inimigo. Por esta razão, Deus reprovou e substituiu o sacerdote Eli pelo menino Samuel. A negligência e falta de autoridade de Eli chegaram a tal ponto que seus filhos se apropriavam do sacrifício que o povo oferecia ao Senhor no santuário. Deus falou ao menino Samuel sobre a negligência de Eli: "Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram encraveis, e ele os não repreendeu" (!Sm3:13). Ao reprovar o sacerdócio de Eli, Deus revelou a Samuel o perfil do sacerdote fiel: "Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante do meu ungido para sempre" (ISm 2:35). Deus reprova o sacerdote negligente e afasta-se de sua casa, deixando-a exposta às investidas do inimigo. Foi o que ocorreu a Davi, o homem segundo o coração de Deus. Davi era rei em Israel e, como tal, estava sempre muito ocupado, com a agenda repleta de compromissos. Além disso, possuía muitas

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mulheres e precisava dar atenção a todas elas (2Sm 3:2-5; 5:13-16). Com tantos compromissos, Davi se tornou um pai ausente, relapso. Transferia suas responsabilidades para Joabe, o comandante de seu exército e avô de Absaláo, um de seus filhos. Essa atitude do rei Davi resultou numa das experiências familiares mais dramáticas de toda a Bíblia. Tudo começou quando Amnom, seu primogénito, apaixonou-se por Tamar, sua irmã por parte de pai. Segundo a descrição bíblica, Tamar era uma jovem muito formosa. Irresistivelmente atraído por sua rara beleza, Amnom a estuprou. Esse fato desencadeou um processo de destruição sem precedentes na família de Davi. Absalão foi tomado por um espírito de ódio e revolta e decidiu vingar o abuso sofrido por sua irmã ordenando a morte de Amnom. Mas a morte de seu irmão não aplacou sua sede de vingança. Ele passou a conspirar contra o rei Davi, seu pai, chegando a ser declarado rei em Hebrom. Ao tentar escapar de um cerco do exército inimigo, Absalão foi mortalmente ferido por Joabe. Rejeição, incesto, ódio, falta de perdão, vingança e dois homicídios. Esse foi o saldo deste drama terrível. Essa trágica história serve para demonstrar o quanto a presença do pai, o sacerdote da família, é imprescindível no lar; suas atribuições não podem ser transferidas para quem quer que seja. Muito menos para a esposa. Pessoalmente, temos lidado com inúmeros casos em que a família acaba sofrendo as consequências da negligencia espiritual do chefe da família. O caso que vamos relatar se deu com uma mulher de Deus que vivia sob ataques de enfermidade há muito tempo. Aparentemente não havia nada de errado com ela. Era uma líder extremamente ativa em sua igreja e plenamente submissa ao seu esposo. Tinha uma vida consagrada, e sua conduta parecia irrepreensível. Seu caso requeria um estudo pormenorizado do ponto de vista espiritual. Começamos a orar a respeito, mas não vislumbrávamos nada que justificasse a persistência do mal que a acometia. Numa madrugada, quando intercedia pela causa dela, Deus me deu uma visão sobre seu marido e me disse: "Ore por ele". A partir daquela noite, procurei focar minhas orações na pessoa dele à espera de uma nova direção de Deus. Algum tempo depois, tive uma nova experiência em relação àquele casal. O Senhor mostrou-me em sonho que era resistido espiritualmente e impedido de exercer seu sacerdócio com ousadia. Ele não orava por sua esposa, deixando-a sem a cobertura espiritual. Em meu sonho, eu a via esforçando-se para carregá-lo sobre seus ombros.

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Essa era a causa dela ser retaliada, como ficou comprovado posteriormente. Foi durante o processo de libertação de uma mulher que, entre outros males, padecia das mesmas enfermidades daquela líder. Seu marido também era do tipo relapso. Ao inquirir o espírito demoníaco que a possuía, ele fez referências à situação daquela líder sem que fosse perguntado. Mostrou-se bem informado sobre a situação dela, declinando seu nome, a cidade onde morava e, como e por que ela era retaliada. Antes de prosseguir, abro aqui um parêntese para esclarecer sobre esse tipo de abordagem: um espírito demoníaco, quando subjugado, pode declinar de forma precisa, como outra pessoa está sendo atacada por outros demónios, independente dela conhecer ou conviver com aquela que ele está possuindo. Um demónio que se manifesta numa pessoa, em São Paulo, por exemplo, se inquirido adequadamente, pode relatar como e por que outros demónios estão operando na vida de alguém que reside no Rio de Janeiro, em Belo horizonte ou em Nova York. Um crime cometido por uma pessoa pode vir à tona durante um processo de libertação, do mesmo modo que outras situções. Episódios dessa natureza, inclusive nuances que muitas vezes a própria pessoa desconhece ou de que não se recorda, são declinados pelos espíritos demoníacos. Geralmente, os homicidas são pessoas que não conseguem viver em paz. São atormentadas pelas lembranças e pela constante acusação do diabo. A maioria dos homicidas não sabe explicar como chegou a tal extremo. Em geral, os suicídios e homicídios são cometidos em momentos de fraqueza das pessoas, quando estão dominadas por sentimentos negativos como desespero, ira, ódio e desejo de vingança, ou sob o efeito de álcool e substâncias entorpecentes. Demónios de morte e destruição usam tais sentimentos como brechas para assumir o controle das pessoas e induzi-las a fazer algo que, em situação normal, não seriam capazes de fazer. São os mesmos demónios que mais tarde passarão a atormentá-las. Quando lidamos com pessoas nessa situação, as levamos a orar confessando seus pecados e buscando o perdão de Deus. Mediante o arrependimento genuíno, o jugo de satanás é quebrado, e elas ficam libertas. Não entramos no aspecto jurídico dessas questões, uma vez que esta não é nossa atribuição. Sei que muitos podem estar questionando: 'Mas é simples assim?'. Davi, o homem segundo o coração de Deus, foi relapso, adúltero e homicida. Porém, ao prostrar-se diante de Deus, com o coração quebrantado, reconhecendo e confessando seus erros, Deus não lhe negou o perdão. Isso é o que todo ho-

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mem precisa fazer para ser perdoado e purificado de toda contaminação que o pecado acarreta. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel ejusto para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (IJo l :9).

Muitas pessoas não conseguem entender como situações que mantiveram sob o mais absoluto sigilo, durante anos, podem se tornar conhecidas sem que elas as tenham revelado. Se conhecessem a Palavra de Deus certamente entenderiam. "Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido" (Lc 12:2).

O império das trevas é uma estrutura de poder extremamente organizada. É razoável imaginar que ele seja dotado de um sistema de informação eficaz. Quando subjugamos um membro desse império, podemos usar nossa autoridade em Cristo Jesus, para extrair informações que nos ajudarão desfazer as obras de satanás e seus anjos. Ao serem investigados sobre as mazelas de outras entidades, de uma casta diferente, demónios costumam se esquivar. É como se, entre eles, houvesse um "código de ética". Geralmente eles dizem: "Não sei nada sobre isso. Meu negócio é com esse aqui". Porém, no nome de Jesus Cristo, podemos obrigá-los a delatar os feitos uns dos outros. Durante o processo de libertação de Moema, uma mulher que praticamente nasceu no espiritismo e a ele dedicou grande parte de sua vida, os demónios faziam de tudo para não denunciar uns aos outros. — "O, eu não devia dizer, mas... Tem um povo (demónios) na casa dela. Não tenho nada a ver com aquele povo não." — disse um demónio ressaltando que não pertencia à mesma linhagem dos que ele delatava. — "Tem um sentado num trono perto da piscina. Ele tem uma coroa na cabeça. Diz-se chamar Rei Salomão. Tem um cacique e muitos índios tocando tambor e dançando embaixo das árvores." — prosseguiu ele indicando as características dos demónios que estavam na casa de Moema. — Quantos mais? Fale, em nome de Jesus. 97


— "Embaixo da cama dela tem um bem pequeno. Ele não a deixa dormir." — disse. — "Tem uma cigana bem vestida embaixo também. Ela dança o tempo todo... Eu já disse, não tenho nada a ver com esse povo." — esquivava-se. Mesmo esquivando-se, o demónio acusava intensa atividade demoníaca na casa de Moema. Relatou incidentes, antigos e recentes, envolvendo pessoas da família, atribuindo-os a espíritos demoníacos. Quando se manifestavam, os demónios relatavam problemas vivenciados por Moema ao longo de sua vida, atribuindo-os a entidades demoníacas com as quais ela mantinha alianças. Alguns desses problemas chegaram a afetar drasticamente sua vida em diversas áreas e jamais tinham sido compartilhados. Ela ficou extremamente chocada quando constatou que se deixava possuir por demónios imaginando tratar-se de "espíritos iluminados". A natureza das açóes de um demónio permite a identificação de sua casta ou linhagem. O "cacique" citado pelo demónio que se manifestou em Moema nessa ocasião é o Cacique Tupinambá. Trata-se de um Orixá também chamado de "Pai Seta Branca1". Entidade demoníaca considerada o maioral de uma seita que vou chamar de Vale dos espíritos', onde Moema se desenvolveu no espiritismo. É uma seita caracterizada pelo forte apelo milenarista e pelo hibridismo religioso. Fundado em 1968 o Vale dos espíritos' localiza-se no interior do estado de Goiás, próxima à capital federal do Brasil, Brasília. Sua fundação é atribuída a uma médium clarividente que se tornou mundialmente conhecida por suas intensas atividades espiritualistas e às supostas aparições de uma entidade denominada 'Pai Seta Branca', seu mentor espiritual. Ela começou a ver e ouvir espíritos em 1957. Falando em espanhol e fantasiado com grandes penas brancas, o "Pai Seta Branca" teria sido o primeiro a se manifestar. Sob a alegação de que não mais poderia encar-

1 Demónio considerado por seus adeptos como um espírito que se alimenta das "energias cósmicas". Seta Branca é um dos nomes de Oxalá que, para seus seguidores, é o Orixá que preside o desenvolvimento cármico do planeta Terra. "Seta Branca" teria sido um grande cacique de uma tribo inça, em Machu Picchu, no Peru, nos tempos da conquista da América, no século XV. Por meio de oferendas, ele teria liberado poderosas vibrações fazendo os invasores espanhóis abandonarem o campo de batalha sem pelejar contra o exército nativo. No sincretismo religioso, Seta Branca é São Francisco de Assis, e sua alma gémea é "mãe Yara", ou Clara de Assis. O povo Inça adorava o Sol e a Lua como divindades. O deus Sol (Inti) era o deus masculino. Acreditavam que o Rei descendia dele. Atribuíam ao deus Sol qualidades espirituais, transmitidas à mente pela mastigação da folha de coca, daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas encostas íngremes das montanhas andinas.

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nar, essa entidade escolheu a referida médium para substituí-lo na "preparação da humanidade" para o terceiro milénio, tempo em que não existiria mais dor nem sofrimento. Fechemos aqui esse parêntese e voltemos à ministração em que um demónio falava sobre os problemas de saúde enfrentados por uma líder evangélica. Tratava-se de um Exu Capa Preta1. — Ela é uma serva de Deus. Não pode ser tocada por demónios. Por que a feriram? — inquiri. — "Não vou falar." — Vai. Vai falar agora, em nome de Jesus Cristo. — "Não falo." — Te proíbo de resistir. Por que a feriram? — "Por falta de cobertura do marido." — Não tem cobertura dele? — "Não o suficiente... ele teme o mal." — Ele tem medo? — "Não é medo, é receio. Sabe o que acontece quando ela ora." — disse o demónio. — Senhor, em nome de Jesus, se esse demónio estiver mentindo, queime-o em nome de Jesus. — orei. — "Ela está manca espiritualmente." — O que é isso? — "Você sabe. Falta o apoio." Antes que eu voltasse a falar, o demónio disparou: — "Tenho ódio de você... vou te destruir... sai do meu caminho." — Coloco sua ameaça no altar do meu Deus. — rebati. — Responda agora, o que mais há de errado com aquele marido, porque está sendo resistido? — "Ora forte com ele. Você vai ver o que acontece." — Que maldição é essa? Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. "Teve um forte desentendimento com um parente dela. Era um homem da macumba... Não é mais."

l Demónio conhecido como "musifim". E requisitado para solucionar problemas profissionais, afetivos, espirituais e de saúde. Seus adeptos o invocam para manipular elementos da magia negra e realizar feitiços com o objetivo de destruir a vida das pessoas das mais diferentes formas.

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— Quem é? — "Irmão dela... brigaram feio. O outro fez despacho contra ele." — Qual o nome dele? Diga o nome dele. — Não... não... Vivenciamos inúmeras experiências que comprovam o quanto a negligência de um marido, em relação à cobertura espiritual de sua esposa, pode ser danoso para ela. Foi o caso de uma moça à qual ministramos libertação espiritual. Algumas doenças que expelimos quando ela foi liberta tinham voltado. ttX

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Ela estava muito mal. Quando oramos por ela, um Exu Caveira se manifestou. Rangia os dentes como um cão raivoso e lançava ameaças. — "O que você quer comigo?" — Eu é que faço as perguntas aqui. Já foram expulsos da vida dessa mulher. Por que voltaram? Responda, em nome de Jesus. — "É o marido dela." — O que há com o marido dela? «T*1 » — Ele não ora. — Como não ora? Ele é crente... — "Não ora. Gosta é de dormir." — Ela ora? — "Ora... Entra na guerra por ele, pelos filhos... Guerreia pela família toda." — Voltaram por causa dessa brecha? — "Ê... ela faz a guerra errado. Acha que pode vir contra nós sem cobertura... não tem autoridade para nos confrontar. Por isso a ferimos." — Então ele não ora? — provoquei-o de propósito. — "Não. É preguiçoso. Gosta de dormir. Por isso a tocamos." Constrangido, o marido admitiu que não orava. — Ando muito cansado ultimamente. — justificou. Depois de aconselhá-lo a rever seu posicionamento e levá-lo a orar confessando seu pecado, tomei autoridade sobre as maldições que vieram sobre sua esposa, ordenando que fossem destruídas, em nome de Jesus Cristo; expulsei os demónios que a possuíam. As enfermidades desapareceram. Outra mulher que havia passado pelo processo de libertação e ficou livre de vários problemas, inclusive doenças, voltou a nos procurar algum tempo depois. Tinha sido vítima de um perigoso acidente doméstico e sabia que se tratava de uma retaliação. Quando orei por ela um demónio se manifestou. Perguntei por que provocaram o acidente. 100


— "Esse aí não ora... deixa ela orar sozinha e vai dormir." — disse o demónio acusando o marido dela. — Você não está orando? — perguntei a ele. — "E oraçãozinha xôxa." — antecipou-se o demónio. — "... Abençoa minha esposa, minhas filhas, minha casa, amém... Há há há há." — ironizou o espírito demoníaco imitando o que seria a oração daquele marido. — Ele estava orando e jejuando. — tentei rebatê-lo. — "O-ra-va... Je-ju-a-va. Não está orando nem jejuando. Ora rapidinho e dorme. Ela ora sozinha. Aproveitamos para fragilizá-la. Não consegue orar como antes, nem ler a Bíblia. Fica com medo de mim." — Quem provocou o acidente na casa dela? — "Você sabe que fui eu. Quebrei o vidro do banheiro. Era pra matá-la. A filha dela também, mas o grande (Deus) não deixou." — disse o demónio. — "Viu meu vulto no quarto e ficou assustada. Está fragilizada, sem cobertura do marido. Ele é fraco." Esta é uma das formas como o inimigo explora a negligência sacerdotal do marido. Quando se coloca na frente de batalha sem cobertura, a mulher torna-se um alvo fácil. O problema é mais grave quando o marido faz da esposa sua cobertura espiritual. A líder de um importante departamento de uma igreja nos procurou para compartilhar um significativo sonho que teve. No sonho, ela encontrava-se entre outras mulheres num congresso feminino. Todas trajavam roupas de dormir, mas as suas não eram longas o suficiente para cobrir todo o seu corpo. Constrangida, ela a esticava como podia tentando se cobrir, mas não conseguia. Discerni que, através daquele sonho, Deus estava mostrando que ela não tinha cobertura espiritual adequada. O Senhor a alertava porque seu marido não tinha sensibilidade para ouvi-lo. Não buscava a Deus como devia. Perguntei se ele a cobria efetivamente. — Na verdade, sempre me pede para orar por ele. — contou. Aquele marido, certamente, ignorava suas responsabilidades como sacerdote e cabeça espiritual de sua família. Tanto que, ao invés de cobrir espiritualmente sua esposa, ele buscava ser coberto por ela. A consequência da sua falta de compromisso foi sua queda na área moral. Não há nada errado no fato da esposa interceder por seu marido. Toda esposa deve fazê-lo. Porém, uma coisa é a esposa interceder pelo marido, outra, bem diferente, é ser a cobertura espiritual dele, enquanto ele dorme em berço esplêndido. É por esta razão que muitas mulheres, inclusive líderes, vivem sob

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pesada artilharia do diabo, sofrendo todo tipo de retaliação, como doenças e enfermidades, problemas emocionais e espirituais, esmorecimento, prostração e enfrentando situações ainda mais catastróficas no âmbito familiar. O posicionamento errado dos pais é uma brecha que o diabo explora para causar destruição em muitos lares. Por esta causa, muitos filhos acabam se desviando do caminho do Senhor e enveredando pelo mundo das drogas, da bebida e da prostituição, inclusive do homossexualismo. Maridos fora de sua posição de autoridade também se tornam presas fáceis. As vezes são eles os primeiros a cair nas teias do diabo, deixando o caminho livre para o inimigo investir contra suas esposas e filhos. Homens e mulheres que agem fora do propóstito de Deus precisam enxergar que esta é a causa de muitos problemas que enfrentam em seus lares.

Abrindo a Porta Para o Inimigo Há maridos que, ao invés de usar sua autoridade espiritual para proteger suas esposas, usam-na para amaldiçoá-las. Nereu era um desses maridos. Sua esposa, várias vezes, foi atingida por enfermidades em consequência das palavras de maldição que ele proferia contra ela. Todas as vezes que oramos por ela por esse motivo, houve manifestação de demónios. Subjugados e inquiridos sobre a causa das enfermidades que lançavam, eles sempre alegavam a mesma coisa: — "Foi o marido dela. Usou a autoridade dele para amaldiçoá-la. Entramos por essa brecha." — O que ele disse? — "Disse que ela é uma doente. Que vai morrer seca." — Você disse isso? — perguntei a Nereu, que acompanhava a ministração. — Sim... — confirmou ele, meio sem jeito. — O que colocaram nela? — inquiri o demónio. — "Tumor na perna... câncer. Tem muita dor no braço, na coluna, no estômago... dor de cabeça. É pra ficar louca..." Esse casal vivia um relacionamento conturbado. Quando discutiam, ela o afrontava. Ele perdia o controle e a amaldiçoava. O demónio que subjugamos continuou relatando o que Nereu tinha dito. — "Você não vale nada. É uma mulher da pior espécie. Tem sorte de ter-se casado comigo." Ao pronunciar tais palavras contra sua esposa ele deu ao inimigo o direito legal de investir conta ela para efetivar o que ele disse, ou seja, transformá-la 102


numa mulher sem valor moral, numa prostituta. Depois disso, ela passou a ser assediada por outro homem. Um problema que foi parar na justiça. Levei Nereu a orar, revogando aquelas palavras de maldição, confessando e pedindo perdão a Deus por esses pecados. Orei determinando a destruição das maldições em nome de Jesus Cristo e expulsando os demónios que vieram contra ela. O câncer em seu joelho bem como as demais enfermidades desaparecerem. Glória a Deus!

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CAPÍTULO 5

Sob a Proteção da Hierarquia

Você pode estar questionando: a mulher sem marido não pode servir na obra de Deus? Não só pode como deve, pois o chamado é individual e independe do género da pessoa. À mulher não é vedado o exercício do ministério, desde que ela o faça dentro de sua jurisdição e sob a cobertura que Deus estabeleceu para sua proteçáo. A mulher casada deve caminhar sob a cobertura espiritual do marido. Aquela que não puder contar com esse nível de cobertura, por ter marido tímido, relapso ou não convertido, deve exercer suas funções ministeriais sob a cobertura da igreja. Para isso, precisa estar plenamente inserida na hierarquia e, em plena sintonia com a liderança. Porém, sem a cobertura espiritual do marido, a mulher casada não deve se colocar na frente de batalha. Primeiro porque, conforme o Senhor Jesus disse, o marido e a esposa são uma só carne, ou seja, um só corpo (Mt 19:5-7). Como poderia só a metade do corpo ir à guerra? Em segundo lugar, porque toda cidade ou casa dividida em si mesma não pode subsistir (Mt 12:25). Além disso, Deus não criou a mulher para estar na frente de batalha, mas, para estar ao lado de seu marido como sua auxiliadora idónea (Gn 2:18). A mulher cujo marido não é convertido deve, antes de tudo, empenhar-se em "ganhá-lo" para Jesus. Muitas mulheres tentam ignorar ou menosprezar a autoridade de seus maridos, especialmente as que se consideram mais espirituais do que eles. O que é um gravíssimo erro. Quero citar o exemplo de um casal cuja esposa se

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considerava espiritualmente superior ao seu esposo. Ela se converteu por influência dele e tinha passado por um rigoroso processo de libertação. Quando começou a ter experiências com Deus, ela passou a se sentir melhor e mais importante que seu marido. O inimigo entrou por essa brecha induzindo-a a menosprezá-lo. Quando nos reuníamos para aconselhá-los, ela fazia de tudo para excluí-lo. Corrigia-o acintosamente, chamando para si a responsabilidade do diálogo. Estava sendo claramente usada por um "espírito errado", mas não percebia. Resolvi instruí-los biblicamente acerca das funções do homem e da mulher. Enquanto eu explicava, ela me fuzilava com olhares de reprovação e começou a chorar. Estava decepcionada. — Se é mesmo como o senhor diz, por que é a mim que Deus usa e não a ele? — retrucou ela. Toda pessoa, ao vir a Cristo, precisa conhecer a importância da hierarquia, pois a hierarquia protege. E através da hierarquia que Deus estabelece a autoridade. A autoridade não está na pessoa, mas na posição que ela ocupa dentro da hierarquia. Aquele que está inserido na hierarquia é fortalecido, pois o espírito de Deus se renova nele. Quem caminha sob a cobertura da hierarquia recebe o fluir da revelação de Deus, pois ela se expressa através da cadeia de autoridade. Outro importante aspecto em relação à hierarquia é o respeito que se deve ter pela autoridade espiritual. A Palavra de Deus nos ensina a não resistir nem afrontar autoridades superiores, mesmo quando elas incorrerem em alguma falta. Na Bíblia, um bom exemplo é aquele em que o apóstolo Paulo foi levado perante o tribunal dos judeus e esbofeteado por ordem do sumo sacerdote. Vejamos como ele reagiu: "Então, lhe disse Paulo: Deus há de ferir-te, parede branqueada! Tu estás aí sentado pra julgar-me segundo a lei e, contra a lei, mandas agredir-me? Os que estavam a seu lado disseram: Estás injuriando o suma sacerdote de Deus? Respondeu Paulo: Não sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote; porque está escrito: Não falarás mal de uma autoridade do teu povo" (At 23:3-5). Ao incorrermos no erro de considerar a ousadia mais importante que a hierarquia, corremos o risco de entrar em guerras que Deus não autorizou. Tal erro nos deixa sem cobertura. Certa feita, o povo de Israel resolveu ir à guerra sem que Deus tivesse autorizado. Por intermédio de Moisés, o Senhor os advertiu a não entrar naquela peleja: 106


"Não subais, pois o Senhor não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos. Porque os amalequitas e os cananeus ali estão diante de vós, e caireis à espada; pois, uma vez que vos desviastes do Senhor, o Senhor não será convosco " (Nm 14:42,43). Os versículos seguintes dessa passagem mostram como as consequências da obstinação do povo hebreu foram danosas: "Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cimo do monte, mas a arca da Aliança do SENHOR e Moisés não se apartaram do meio do arraial. Então, desceram os amalequitas e os cananeus que habitavam na montanha e os feriram, derrotando-os até Horma" (Nm 14:44,45). Essa experiência mostra que, quando agimos estribados apenas na ousadia, incorremos num erro que pode ser fatal.

Guerreando Por Conta Própria Uma ousada intercessora decidiu entrar numa guerra espiritual sem que Deus a tivesse autorizado e acabou sofrendo as consequências. Ao visitar um casal que passava por um sério processo de libertação, ela resolveu guerrear contra as entidades demoníacas que os perseguia. Depois de ungir toda a casa ela passou a confrontar os demónios. Na mesma semana, ao ministrarmos com aquele casal, um demónio se manifestou na mulher e foi logo dizendo: — "Aquela atrevida acha que pode nos afrontar. Quem ela pensa que é? Vou capotar o carro dela. Não vai sobrar nada. Você vai ouvir a notícia." — ameaçou. Colocamos aquela ameaça no altar do Senhor e oramos pela proteção desta irmã. Porém, alguns dias depois, seu carro foi atingido por um caminhão. Graças a Deus ela saiu ilesa do acidente, mas o veículo ficou bastante avariado. Houve um tempo em que minha esposa costumava realizar visitas pastorais sem cobertura específica. Entrava em guerras por pessoas que o inimigo trazia sob o jugo da feitiçaria, dos vícios e de enfermidades, por exemplo, e era seriamente retaliada. Um dia, ao retornar de uma visita, ela começou a sentir uma forte tontura, ânsia de vómito e mal-estar geral. Acabou prostrada e sem forças para se levantar. Quando comecei a orar ela sofreu um violento ataque de dor que se deslocava por todo o seu corpo. A dor cessava numa região, mas logo

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manifestava-se em outra parte. Se contorcendo, ela ia indicando o lugar para onde a dor se deslocava. Tomei autoridade sobre os demónios responsáveis por aquele ataque ordenando que cessassem em nome de Jesus Cristo. — Setas de enfermidade, desânimo, fraqueza, prostração, sejam destruídas em nome de Jesus Cristo. — determinei. Ela se levantou rapidamente e correu para o banheiro vomitando ruidosamente. Segui atrás dela, impus a mão sobre seu ventre e continuei repreendendo. — Ordeno que todo mal saia agora mesmo, em nome de Jesus Cristo, Saaaaaai... Curvada sobre a pia ela vomitou ruidosamente e ficou completamente curada. Mesmo sendo uma serva de Deus e uma mulher consagrada, ela foi alvejada pelos dardos envenenados do inimigo, por guerrear sem direçáo de Deus e cobertura específica. Muitas mulheres vivem sob o fogo cerrado do inimigo por guerrear da forma errada. Algumas, mesmo seriamente feridas, insistem em continuar na frente de batalha. Essas irmãs precisam entender que só ousadia não basta. Ê necessário obedecer às regras que o Senhor estipulou. "Os planos mediante os conselhos têm bom êxito; faze a guerra com prudência "Com medidas de prudência farás a guerra" (Pv 24:6a). Em sua espístola a Timóteo o apóstolo Paulo ensina que um lutador só se torna um vencedor se lutar segundo as normas: "Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas"

(2Tm 2:5). A Palavra de Deus mostra que um arcanjo é um príncipe do Exército de Deus (Dn 10:13). Satanás também é um príncipe. Ao se rebelar contra Deus ele foi banido de Sua presença, tornando-se o príncipe das trevas. O Arcanjo Miguel e o diabo estão no mesmo patamar de autoridade no mundo espiritual. Por isso, quando contendeu com o Diabo, Miguel não ousou afrontá-lo, preferiu confiar inteiramente no poder de Deus: 108


"Contudo, o Arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrario, disse: O Senhor te repreenda!" (Jd 9). Ora, se o poderoso arcanjo Miguel não ousou insultar o diabo, quanto mais nós, seremos humanos, devemos nos conter. Sabemos que, ao triunfar sobre satanás e o inferno, Jesus Cristo nos fez triunfar com Ele. Também sabemos que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a igreja de Cristo, que somos nós, seus servos. Porém, nada disso nos dá o direito de menosprezar, afrontar ou subestimar nosso adversário. Para que sejamos bem-sucedidos na guerra contra o império das trevas devemos obedecer rigorosamente às regras que o Senhor estipulou. Atualmente, ouço minha esposa guerrear de outra maneira. Depois de apresentar ao Senhor as causas das pessoas pelas quais intercede, ela se dirige aos verdadeiros responsáveis por seus problemas e determina com autoridade: — "Sejam repreendidos, em nome de Jesus Cristo." Outras vezes ela diz: — "O Senhor te repreenda satanás. Jesus Cristo já te derrotou e o fará sair da vida dessas pessoas." Fazer a guerra com prudência significa atribuir a Deus a parte principal da batalha que é o confronto direto com o inimigo. Exatamente como fez o arcanjo Miguel.

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CAPÍTULO 6

Rebelião Feminina

Até aqui vimos como a mulher, em consequência do posicionamento errado do marido, acaba assumindo a função que imagina ser a dele. Veremos, agora, como ela, por sua própria iniciativa, tenta se colocar na função que Deus designou exclusivamente para seu esposo. Essa diabólica pretensão tem a inconfundível chancela de Lúcifer. Ele sabe perfeitamente como Deus estabeleceu essa hierarquia e, ao menor sinal de distorção, não perderá a chance de assumir o controle do relacionamento. Para atingir seu objetivo ele usa o engano como ferramenta e manipula a "mulher-macho" fazendo-a acreditar que, sem ela no comando, a família não pode subsistir. "Em minha casa nada funciona se eu não estiver na frente." É comum ouvir comentários dessa natureza da parte de muitas mulheres. "Meu marido não toma qualquer decisão sem antes me consultar.", afirmam outras. "Lá em casa sou eu quem decide.", alardeiam outras, exalando autoritarismo. Conversando conosco, a esposa de um líder disse, sem nenhum constrangimento, que naquele ano, tinha decidido liberar seu marido para realizar uma sonhada viagem. Alguém que não soubesse de quem se tratava, com certeza, pensaria que ela se referia ao seu filho adolescente. Essa esposa é do tipo que atropela a autoridade do marido e age como se ela fosse o homem da casa. 111


Quando chega nesse estágio, a mulher já está completamente contaminada pelo veneno da rebelião. Já não pode enxergar o quanto está fora do propósito de Deus. A mulher não foi dotada de força interior nem de estrutura compatível com o peso da função que Deus criou para o homem. Ao ultrapassar os limites de sua jurisdição, ela enfrenta um nível de pressão que não pode suportar. Sem os instrumentos adequados para desempenhar urna função que não é sua, ela acaba recorrendo aos instrumentos que o diabo, sutilmente, coloca ao seu alcance, como rebeldia, autoritarismo, afronta, enfrentamento, dentre outras. Conviver com ela é uma árdua tarefa. Suas ações e reações acabam afetando toda a família. Principalmente o marido. Nas relações com a sociedade, na igreja ou na escola, ela "atropela" o esposo, fala e responde por ele. Quando ele tenta se pronunciar, é frontalmente contestado e interrompido. No aconselhamento conjugal, a opinião dela é a que vale. Apropria-se do mérito pelos acertos e responsabiliza o marido pelos erros. Ataca para se defender. Acusa para encobrir suas faltas. Fala sem parar, e quando chega a vez de o marido se manifestar, ela o contesta, discute, discorda dele. A última palavra tem de ser dela. Está sempre de espírito armado. Contê-la é uma difícil tarefa, tal qual a mulher descrita em Provérbios: "O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa são semelhantes; contê-la seria como conter o vento, seria pegar o óleo na mão" (Pv 27:15,16). A pretensão da esposa insubmissa é controlar o marido e fazê-lo curvar-se aos seus pés. Do mesmo modo como o diabo tentou fazer com Jesus Cristo no deserto. Uma das áreas de sua predileção é a financeira, pois proporciona sensação de poder. Quantas famílias já tiveram as finanças destroçadas em razão da ingerência de esposas insubmissas. Quando tudo dá errado, a responsabilidade é atribuída ao marido. Se não for contida, a mulher autoritária é capaz de cometer grandes desatinos e provocar estragos sem precedentes. A falta de estrutura a faz perder o equilíbrio e a razão por motivos banais. Seu destempere tumultua e desestabiliza o ambiente familiar. Ela blasfema e agride os filhos ao invés de corrigi-los. Resiste ao marido e o afronta sem medir as consequências. Não consegue perceber que é usada por um espírito de rebelião para destruir seu próprio lar. O diabo assiste a tudo babando de satisfação. Sente-se vingado por ter sido banido do céu quando se rebelou contra o Criador. 112


Um episódio envolvendo Nádia e Fabiano serve para demonstrar quanta desgraça uma esposa fora do propósito de Deus pode causar ao seu próprio lar. Ela andava agitada e ansiosa devido ao aperto financeiro em que viviam e pressionava o marido para que buscasse a ajuda da mãe. Nervosa com a falta de atitude dele, Nádia entrou na contramão da mulher sábia, extrapolando todos os limites. Movida por um espírito de rebeldia ela foi às últimas consequências, blasfemando e desafiando a autoridade de seu marido. — Você é um fraco, Fabiano. Não toma uma atitude porque é um covarde. — bradava ela. Ao invés de investir contra ela, como fez outras vezes, Fabiano saiu de casa naquela tarde e desapareceu. — Passei uma noite terrível. — contou ela quando nos reunimos para aconselhá-los. — Não fazia a menor ideia do que estava acontecendo com ele, e não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser esperar. Sentia-me terrivelmente culpada. — prosseguiu. — Quando já amanhecia ouvi um barulho e fui conferir. Ele estava caído nos fundos da casa num estado deplorável. — contou. — Ele não tinha consciência de nada. Recusava-me a acreditar que ele tivesse usado drogas. — disse, nervosa. Fabiano foi dependente químico e só conseguiu se livrar das drogas ao ser internado numa casa de recuperação. Foi nessa instituição que ele teve seu encontro com Cristo Jesus. Naquela noite, Fabiano pouco falou. Um demónio manifestou-se quando orei por sua esposa. Revirando os olhos e grunhindo ele lançava ameaças: — "Tu tá me afrontando, seu atrevido. Cuidado comigo. Eu acabo com você. Sou muito forte, tenho muito poder. Você não me conhece. Huuumm... Huuumm..." - Te desligo do controle e te amarro em nome de Jesus Cristo. Perca as forças. — ordenei com firmeza. Ele foi se curvando até sentar numa cadeira trazida por Fabiano. — "Tu é atrevido hein? Tu tá me afrontando... tu não sabe com quem está se metendo... cuidado comigo. Ouviu?... sou chefe de uma poderosa falange, não brinque comigo." — ameaçava o demónio, revirando os olhos e inclinando o corpo de Nádia pra frente e pra trás. — Coloco suas ameaças no altar do meu Deus. Você está amarrado, em nome do Senhor Jesus Cristo. — rebati.

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— Te proíbo de receber ajuda. Responda o que eu perguntar, em nome de Jesus Cristo. — determinei. — "Tu me afronta porque está com esses aí. Fica sozinho comigo pra tu vê o que acontece." O demónio se referia aos anjos de Deus que estavam ao nosso redor, como sempre acontece nessas ocasiões. — Sei muito bem o que você pretende. Não vou cair no teu laço. É na força e no poder de Jesus Cristo que te subjugo. — retruquei. — Responda agora, quem é você? — inquiri. -"Exu da Morte."1 — Por que entrou na vida dela? — "Essa tonta me chamou." — Chamou como? — "Afrontou a autoridade do marido... esse idiota. Foi nessa brecha que entrei." — Quantos entraram com você? — "Muitos... muitos... Preto Velho; Tranca Rua, Pombajira, Destruição." — O que fizeram a ele? — "Viiiiicchi... muita coisa." — Diga o que fizeram, em nome de Jesus Cristo. "Fizemos ele usar droga." — Que droga ele usou? — "Crack... maconha e bebida." — Prostituiu? — "Não... não teve oportunidade. Mas, se masturbou... Há há há há... Há há há há." — Cale a boca, em nome de Jesus. — "É... da turminha dele, era o único que eu ainda não tinha derrubado, mas tive o gostinho. Veio comer na minha mão." — Qual turminha? — "A turminha da casa de recuperação. Há há há há." — comemorava o demónio. — "Ele usou o dinheiro do grande... colocou tudinho na minha mão... Há há há há há." l Demónio de morte e destruição, como o Exu Caveira. E muito requisitado para destruir a vida das pessoas. Usa inúmeros meios para concretizar seu intento, como acidentes trágicos, doenças incuráveis e muitos outros.

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O dinheiro usado por Fabiano para adquirir drogas e bebida naquela noite, era o dízimo de seu salário que seria entregue na igreja. "Grande" é como os demónios geralmente se referem a Deus evitando pronunciar seu nome. Depois de obrigar aquele demónio a confessar suas mazelas, levei Fabiano e Nádia a orarem, confessando seus erros e a se perdoarem mutuamente. Orei determinando a destruição das maldições que vieram sobre eles em consequência daquele episódio e expulsei os demónios, conforme o Senhor Jesus nos ensinou. "Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demónios; de graça recebestes, de graça dai" (Mt 10:8). Conhecemos uma mulher que tinha o péssimo hábito de expor seu marido publicamente. Gostava de demonstrar para as pessoas que era ela quem dava as ordens. Falava e respondia por ele. Comportava-se como se fosse o homem da casa. Fazia questão de pilotar o carro e a motocicleta deles. — "Sobe aí negão, vamos embora." — dizia ela ao marido diante das pessoas. Renaldo era bom esposo e pai. Bom pregador e ministro de louvor. Aceitou aquela situação passivamente durante muitos anos, até que um dia resolveu radicalizar. Abandonou a família e enveredou pelo caminho da bebida, das drogas e da prostituição. Foi dessa forma que o inimigo explorou o erro daquela esposa. Os anos seguintes foram de muita luta para ela. Desdobrava-se para suprir as necessidades da casa e educar as filhas sem a ajuda do marido ausente. Constatou amargamente que a posição que tanto almejou era um fardo que ela não podia carregar. Ao buscar ajuda, foi aconselhada a reconhecer seu erro e não poupar esforços para reconstruir seu lar. Como prova de seu arrependimento, chegou a lavar os pés do esposo. Queria demonstrar para ele que assumia seu erro e reconhecia sua autoridade. Os equívocos cometidos por essa esposa custaram um preço muito alto. Apesar de todos os seus esforços, Renaldo nunca mais voltou para casa. Creio que testemunhos como estes servem como exemplo para os cônjuges que ainda não sabem qual o seu papel dentro do casamento. A Bíblia ensina que a mulher sábia edifica sua casa: "A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba"'(Pv 14:1).

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Tenho o privilégio de conviver com líderes, cujas esposas têm uma conduta exemplar. Testemunhei um bonito exemplo de submissão da parte de uma delas. Seu marido e eu saíamos da casa deles, quando ela o abordou: — Prometi às irmãs que iria ao evento que elas estão promovendo, mas você ainda não me abençoou. Ele brincava fingindo não compreender o que ela dizia. - Não brinque, António. Você sabe que não irei sem sua aprovação. — instou ela, demonstrando que faltaria ao compromisso se não obtivesse sua aprovação. - Está abençoada, em nome de Jesus, pode ir ao seu compromisso. consentiu ele. - Obrigada. — Agradeceu ela, demonstrando que sabia muito bem o real significado de andar sob a cobertura de seu esposo. De sua parte, ele também sabe reconhecer a importância de tê-la ao seu lado. Sabe que, como esposa idónea, Deus a usa para falar com ele. Tanto que, mesmo quando tem opinião formada a respeito de qualquer assunto, ele sempre a ouve. Uma esposa cai em transgressão quando se nega a reconhecer que a submissão é uma ordenação de Deus. O episódio em que Adão e Eva foram enganados pela serpente no paraíso, é um bom exemplo. A mulher teve uma importante parcela de responsabilidade nesse episódio. Como auxiliadora idónea Eva jamais deveria ter tomado a iniciativa de negociar com a serpente na ausência de seu marido. Seu dever era rechaçar qualquer proposta do inimigo. No entanto, resolveu agir por conta própria contrariando uma clara determinação de Deus: "E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:16,17). Ao tentar assumir uma posição de autoridade que não era sua, Eva quebrou um importante princípio. Como consequência, acabou sendo ludibriada pela serpente e foi levada a desobedecer a Deus, comendo da "árvore proibida" e induzindo seu marido a incorrer no mesmo erro: "Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu" (Gn 3:6). 116


O apóstolo Paulo assim definiu a participação de Eva e Adão nesse episódio: "E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (Um 2:14). O argumento de Paulo aqui não é que as mulheres são mais propensas a serem enganadas do que os homens, porque em outra passagem, ele elogia as mulheres como professoras de mulheres e crianças (Tito 2.3, 2Tm 1.5; 3.14-15), o que ele certamente não faria, se as mulheres, por natureza, estivessem propensas a serem enganadas. Provavelmente Paulo estava considerando o relato da criação, pois a serpente subverteu a ordem criada ao enganar Eva e não Adão (subvertendo a liderança masculina). O engano de Eva não pode ser atribuído à inferioridade intelectual, mas à sua rebeldia, ao desejo de ser independente de Deus. Ainda em sua primeira epístola a Timóteo, Paulo afirma que à mulher não é permitido exercer autoridade de homem (ITm 2:12). A insubmissão da primeira esposa da história da humanidade contribuiu para que o homem entregasse ao diabo o domínio que Deus havia lhe dado sobre todas as coisas que Ele havia criado, sendo afastado de Sua presença. Ao agir desligada de sua cobertura, a mulher atrai a atenção daquele que ruge ao nosso derredor, buscando a quem possa tragar. O diabo não perderá a chance de lançar a semente da rebeldia em seu coração e despertar nela o desejo de ser igual ao homem, do mesmo modo como ele desejou ser igual a Deus. "...subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo" (Is 14:14). Quando se deixa contaminar pelo veneno da rebelião, a mulher não se contenta em exercer apenas a função que Deus criou para ela. Insurge-se contra a autoridade do marido fazendo de tudo para usurpá-la. A Bíblia diz que aquele que se opõe à autoridade traz condenação sobre si mesmo: "De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação" (Rm 13:2). Um dos mais emblemáticos exemplos de afronta a uma autoridade por Deus encontra-se no livro de Números. Trata-se do episódio em que 117


Moisés, a quem Deus escolheu para libertar seu povo do jugo de Faraó e guiá-lo do Egito à terra prometida, incorreu em adultério com uma mulher estrangeira. Quando tomaram conhecimento de que Moisés havia caído em transgressão, seus irmãos, Miriã e Arão, acharam-se no direito de confrontá-lo. O Senhor veio numa nuvem e convocou os dois insurgentes para um ajustamento de conduta: "Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do SENHOR; como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés?" QN m 12:6-8). Há um ponto muito importante a ser ressaltado nesse episódio. Apesar de Arão e Miriã terem incorrido no mesmo erro, o Senhor adotou medidas distintas para tratar com eles. Tanto Arão, como Miriã, foram rigorosamente exortados, porém, somente Miriã sofreu as consequências de seu erro na própria carne: "A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa, branca como neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa'(Nm 12:10). Comovido com o estado de sua irmã, Moisés intercedeu para que o Senhor a curasse. "Respondeu o SENHOR a Moisés: Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por sete dias? Seja detida sete dias fora do arraial e, depois, recolhida" (Nm 12:14). Esse episódio demonstra que, apesar do homem e a mulher serem rigorosamente iguais aos olhos de Deus e igualmente amados por Ele, há entre eles uma substancial diferença: as funções que ocupam. A função que Deus designou para o homem tem maior autoridade que a da mulher, por isso, sua estatura espiritual é superior. O homem recebeu unção e autoridade para governar. A mulher deve exercer sua função como auxiliadora idónea sob o manto sacerdotal de seu marido. Resistir ou tentar usurpar a autoridade dele é o mesmo que se rebelar contra Deus: 118


"Porque rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria"(\Sm 15:23a). O pecado de feitiçaria é aquele em que o homem busca controlar um evento, pessoa ou o futuro através da açáo de demónios. A rebelião contra Deus equivale à prática desse pecado, já que os dois envolvem a rejeição do Seu senhorio e a tentativa de determinar o desfecho de fatos contrários à Sua vontade. Além disso, esses dois pecados excluem o transgressor da esfera de proteção de Deus e o submetem ao poder destruidor de satanás. Foi o que aconteceu ao rei Saul quando, em desobediência a Deus, ele se recusou a eliminar os amalequitas, um povo que cultuava demónios e representava um perigo espiritual para o povo judeu. "E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e o assombrava um espírito mau, da parte do Senhor" (iSm 16:14).

Conclusão: As sagradas escrituras não deixam quaisquer dúvidas sobre o papel singular das mulheres na igreja e em casa. Elas são iguais aos homens em dignidade e valor, mas têm um diferente papel a cumprir. O Senhor lhes deu diversificados dons para que possam ministrar, tanto na igreja quanto fora dela. Porém elas não foram criadas para estarem na frente de batalha como cabeças espirituais. É importante ressaltar que Deus não criou seus mandamentos para punir as mulheres, mas para que possam servi-lo com alegria segundo a Sua vontade.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 7

Profecia, Adivinhação ou Palavra de Engano?

O assunto que passo a abordar é um problema cada vez mais frequente em muitas igrejas, principalmente nas pentecostais. Diz respeito ao equívoco cometido por algumas mulheres contempladas com o dom da palavra do conhecimento, dom divino mais conhecido como "dom de revelação" ou "dom de profecia". Por falta de orientação ou de maturidade espiritual, muitas "irmãs de oração" se deixam contaminar pelo veneno da soberba e acabam se desligando de suas igrejas. Elas, geralmente, se afastam sob a alegação de serem invejadas ou perseguidas por seus líderes por serem "mais usadas" por Deus do que eles. No fundo, estão reivindicando reconhecimento e honra pessoal. Afastam-se da esfera de proteção do manto de Deus que está sobre a igreja para "fundar" seus próprios ministérios. Em princípio, passam a "despachar" em suas próprias casas tendo os próprios maridos como assistentes. Com os olhos vendados por um "espírito errado", não conseguem enxergar o quanto estão equivocadas. Ora, sendo Jesus Cristo o cabeça da igreja - que é o Seu corpo - como é possível que alguém desligado do corpo - ou seja, da igreja - pode ser direcionado por Ele? Seria o mesmo que o corpo humano subsistir sem a cabeça. Veja o que o Senhor Jesus disse a esse respeito: 121


"Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15:4,5).

Um profeta desligado de sua cobertura espiritual não pode receber coisa alguma da parte de Deus. Por mais certeiras que suas "revelações" ou "profecias" possam parecer, esse (a) profeta estará agindo pela própria intuição ou por influência de um espírito de adivinhação. Uma pessoa nessa posição pode até se parecer com um profeta, agir como um profeta, mas, na verdade, não passa de um vidente ou adivinho. Seus "recados" nada mais são do que predições ou adivinhações. Sua fonte de revelação seguramente não é o Espírito Santo, mas, um espírito de falsa profecia que a usa para entregar recados a tantos quantos a procurem. O Espírito Santo de Deus não opera segundo a vontade de homem algum. Ele sopra onde quer e quando quer. Uma mulher que vou chamar de irmã Mary é uma dessas "profetizas" ou "irmã de oração". Ela lidera o "trabalho" que ela mesma fundou depois de se desligar da igreja em que se converteu. Tem um filho escravizado pelo vício das drogas e da bebida. Muitas vezes, enquanto atende aos que a procuram em busca de "revelações", ele interfere e a contesta acintosamente. Constrangida, ela faz o que pode para contornar a situação, enquanto seu marido apenas observa. E o típico caso em que os papéis entre o homem e a mulher estão supostamente invertidos. Como o diabo gosta. Pessoalmente, vivi uma infeliz experiência com essa "irmã de oração". Na imaturidade dos meus primeiros anos com Cristo, fui levado por um irmão da igreja à casa dela. Minha esposa estava grávida de nossa filha mais nova, mas ainda não sabíamos que seria uma menina. Antes de orar por mim, "Irmã Mary" abriu sua Bíblia aleatoriamente e leu a passagem do Novo Testamento em que o anjo anuncia a José que Maria estava grávida de um filho gerado pelo Espírito Santo (Mt 1:18-23). Ao ler o versículo 23 que diz: "a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)", ela me disse entusiasmada: - Meu irmão, como Deus é maravilhoso! Está mostrando que a criança que sua esposa está esperando é um menino. Até o nome Ele já escolheu: 122


Emanuel. — concluiu ela com a convicção de quem realmente transmite uma revelação divina. Tomei posse daquela "revelação" como se realmente tivesse vindo de Deus e comecei a viver a expectativa da chegada de um filho varão. Fui induzido a um erro que só muitos anos depois pude compreender o que representava. É o que chamo de rejeição involuntária. Assunto sobre o qual pretendo tratar de forma específica numa futura publicação. Ocorre que, mesmo já tendo duas filhas, jamais havíamos declarado preferência quanto ao género da criança que o Senhor estava nos concedendo. "Irmã Mary" só estava certa num ponto: Deus é realmente maravilhoso. Quatorze anos depois, Ele nos concedeu o primeiro netinho, um lindo menino, filho de minha primeira filha. Sem que ela ou seu marido jamais tivessem tomado conhecimento dessa história, deram-lhe o nome de Emanuel. Glória a Deus! É preciso tomar muito cuidado. Há muitos crentes abandonando suas igrejas para seguir os passos dessas "irmãs de oração", deixando-se levar por espíritos de rebeldia e engano espiritual. Outros, mesmo estando na igreja, não deixam de buscar tais "profecias". Quando descobrirem de qual fonte estão bebendo, os danos já poderão ser difíceis de serem reparados. Há muita gente sendo enganada por falsas profecias ou adivinhação. Por isso, os servos de Deus precisam saber distinguir o santo do profano. Esses dois conceitos podem até apresentar algumas semelhanças, mas, na verdade, são completamente diferentes e conflitantes. A verdadeira profecia é divinamente inspirada e tem o propósito de edificar, exortar e consolar (lCo 14:3). Se o propósito do profeta ou da profecia divergir disso, é sinal de que algo está errado com ele. Por isso, devemos julgar toda profecia, tomando por base os seguintes pilares: a Palavra de Deus, o caráter de Deus, os princípios de Deus, o conselho de Deus e, especialmente, a paz de Deus. A linha que separa a profecia verdadeira da adivinhação e da falsa profecia é muito ténue, embora a profecia seja divina, e a adivinhação demoníaca. A adivinhação é a falsificação da profecia por espíritos satânicos. O diabo usa pessoas que estão nas igrejas, vindas do ocultismo e que ainda não foram libertas, para falsificar esse precioso dom divino. Numa determinada igreja, uma dessas "profetizas" circulava com desenvoltura entre os membros, entregando "recados". Ela abordava preferencialmente visitantes, novos convertidos e pessoas que vivem atrás desse tipo de "revelação". Falando em nome de Deus, ela distribuía "recados" sem economizar nas palavras. Estivemos em contato com várias 123


de suas "vítimas". Nielly, uma nova convertida de 36 anos, foi uma delas. Essa mulher sofria perturbações, insónia e ataques de enxaqueca que não a deixavam dormir. Foram esses problemas que a levaram a vir para a igreja em busca de libertação. Durante o processo, houve muitas manifestações demoníacas. Um dia, um demónio disparou contra a tal "profetiza" que agia naquela igreja: — "Usamos uma das nossas para enganar esta aqui dentro da igreja. É muito inocente essa coitada." — disse a entidade demoníaca. — Pois você vai dizer quem vocês estão usando, em nome de Jesus Cristo. Está proibido de resistir. — determinei. — "Ah há há há... usamos aquela lá há muito tempo." — Ordeno que fale quem é ela, em nome de Jesus Cristo. — insisti. Antes de dizer o nome da mulher, o demónio a descreveu com riqueza de detalhes. Essa pessoa cresceu seguindo os passos dos pais no espiritismo. Casou-se num centro espírita onde teve as alianças consagradas a demónios. Tinha sérios problemas espirituais e de saúde. Mesmo sabendo das consequências que tais alianças acarretam, ela se recusava a rompê-los. Esse é um dos principais problemas das pessoas que vêm do espiritismo - a fixação pelo poder. O diabo manipula tais pessoas levando-as a pensar que é Deus quem as usa, quando, na verdade, é ele. Por não conhecerem verdadeiramente a Palavra de Deus e o mundo espiritual, elas acabam se deixando usar por espíritos demoníacos, aos quais se apegam de forma obstinada, crendo, firmemente, que é ao Deus verdadeiro que estão servindo. — "Ela já se afastou da igreja uma vez. Fala mal dos pastores." — disse o demónio que possuía Nielly. — "Ela disse a algumas pessoas na igreja que uma delas tinha dor no estômago, e que Deus iria curá-la. O filho dessa bobinha respondeu que era ele, mas ele não tinha nada, foi induzido... Há há há há. Aproveitamos pra colocar dores no estômago dele. Essa bobinha acredita em tudo o que a outra diz." — zombou o demónio. Nielly confirmou o que aquele demónio disse. Em outra oportunidade, quando orávamos pela libertação de um rapaz, um demónio afirmou que tinha usado essa mesma "profetiza" para colocar doenças na mãe e numa tia dele: — "A mãe dele está com dor nas pernas." — disse o demónio. — "Usamos nossa profetisa pra dizer isso a ela e que Deus iria curá-la. Ela não tinha dor nenhuma, mas respondeu 'amém'. Foi por aí que entramos. O médico disse que ela devia usar uma faixa no joelho." — disse o Exu. 124


— "A nossa profeta disse a mesma coisa para a tia dele. Ela também não tinha dor na perna, mas nós colocamos. Ela está mancando." Ao dizer aquilo, o demónio voltou a zombar: — "Ela diz: 'Eis que eu te digo filho meu'... E a crentada acredita... Ah há há há há... Não te disse que tem macumba na igreja?" De fato, aquele demónio havia insinuado isso quando se manifestou no rapaz. - "Sábado, esse idiota disse à mãe dele que a dor na perna dela começou depois da profecia que ela recebeu. Ela respondeu: "Meu Deus, foi mesmo." narrou o demónio. — "Estamos na casa dessa profeta. Por dentro, ela não vale nada. Por fora quer ser muita coisa. É uma pessoa bem vestida, bem-arrumada, mas, por dentro, é só podridão, inveja, orgulho. Está leprosa por dentro. Fala como profetiza e diz: 'Deus vai te curar disso e daquilo e você vai dar testemunho na igreja. Aproveitamos pra entrar na vida das pessoas." — concluiu o demónio. Conversamos com a mãe do rapaz sobre esse assunto, e ela confirmou tudo o que aquele demónio disse. — Eu não conhecia aquela mulher. Como podia imaginar que o diabo usa uma pessoa dentro da igreja? — questionou. É comum ver pessoas ministrando nas igrejas com os "dons" espíritas que receberam no ocultismo. São pessoas que vieram a Cristo, mas não romperam as alianças que fizeram com entidades demoníacas, imaginando que isso ocorre automaticamente no ato da conversão. Quando profetizam ou oram pelas pessoas, lançam sobre elas toda a carga de maldições que contraíram nos pactos que fizeram com demónios. Tais influências só cessarão quando todos os "dons" recebidos no espiritismo forem renunciados. Enquanto isso não ocorrer, tais pessoas bem como os seus descendentes, viverão sob perseguição demoníaca. Todo pacto ou aliança com as trevas deve ser rompido quando a pessoa se converte. Caso contrário, ela viverá presa ao reino das trevas e às entidades que servia. Muitas pessoas abandonam o espiritismo e logo estão ministrando nas igrejas, sob a influência de espíritos demoníacos. O ideal é que todo recém-convertido passe por uma triagem e seja levado a renunciar as antigas alianças antes de ser batizado. Esta é uma responsabilidade dos pastores, discipuladores e ministrantes do curso de batismo.

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CAPÍTULO 8

Vínculos Malignos

Ao entrar em contato com qualquer prática contrária aos princípios da Palavra de Deus, como o espiritismo, o ocultismo, a idolatria, os vícios, os jogos de azar, a prostituição etc., o homem dá ao inimigo o direito legal de entrar em sua vida e nela estabelecer domínio. O propósito dos demónios é controlar todas as áreas: emocional, sexual, sentimental, espiritual, física, conjugal, financeira. O primeiro a entrar se encarrega de abrir novas portas para outros demónios. Toda prática pecaminosa é regida por uma casta de demónios. Ao entrar em contato com essas práticas, a pessoa dá ao inimigo o direito legal de entrar em sua vida e amarrá-la na área correspondente ao pecado praticado. Uma pessoa que oferece a mão para uma cigana "ler" sua sorte, por exemplo, fica pactuada com os demónios de adivinhação e falsa profecia que usam aquela vidente. Tais demónios são legalmente autorizados a entrar na vida da pessoa e amaldiçoá-la nas áreas mencionadas pela cigana na leitura da mão, ainda que tal pessoa não tenha consciência quanto ao que fez, pois o diabo não leva em conta a ignorância do ser humano, pelo contrário, tira proveito dela. Práticas sexuais pecaminosas como adultério, fornicação, homossexualismo, pornografia e masturbação, entre outras, geram vínculos com demónios de prostituição e impureza. Quem se envolve com tais práticas torna-se escravo de demónios de prostituição. O pecado da prostituição tanto atrai maldição sexual, como física, espiritual, sentimental e financeira. O dinheiro da prostituição

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é um dinheiro contaminado. Tudo o que é adquirido com recursos oriundos da prostituição torna-se igualmente amaldiçoado. Pessoas que vivem e criam famílias com dinheiro da prostituição, como homens e mulheres de programa, donos de bordéis, motéis, cafetões, cafetinas etc., atraem maldição para si e seus descendentes. De alguma forma, seus filhos serão levados a depender da prostituição. Aprofundaremos mais nesse tema no tópico sobre Pecados Sexuais. Todo envolvimento com "jogos de azar", como vídeo pôquer, loterias, jogo do bicho, bingos, jogo de cartas e outros jogos ou apostas dessa natureza, abre brechas para que a vida financeira das pessoas seja amaldiçoada pelos demónios que regem tais práticas. Os vícios em bebidas embriagantes, fumo e substâncias entorpecentes também são regidos por espíritos demoníacos. Pessoas escravizadas nesses vícios, geralmente, têm manifestações demoníacas quando se ora para que sejam libertas. Vínculos malignos também podem ser firmados através da participação em eventos ou rituais consagrados a entidades demoníacas, seja por meio do uso de roupas e utensílios ligados aos mesmos ou por assistir a espetáculos (vínculo da convivência), que incluem a participação em bailes do mundo como: gafieiras, discotecas, boates, bailes funks, festas rave, festa das bruxas, shows sertanejos, rock in roll, heavy metal, e outros ritmos mundanos, assistir a novelas, filmes, determinados desenhos, peças teatrais e eventos que tenham o espiritismo ou a idolatria como pano de fundo, como festa do peão boiadeiro, rodeios, pecuária, romarias e peregrinações religiosas. Quem se envolve com o espiritismo, com o ocultismo e com a idolatria estabelece vínculos com os espíritos demoníacos que regem essas práticas, dando-lhes o direito legal de amaldiçoar sua vida de várias maneiras. Se tais pactos não forem rompidos, a pessoa terá sua vida assolada por demónios. Viverá sofrendo com problemas espirituais, doenças e enfermidades, fracasso profissional, perdas financeiras, prostituição e problemas familiares dentre outros. O Brasil ostenta a indesejável marca de maior nação espírita do mundo. As manifestações de cunho espírita no Brasil já existiam muito antes de seu descobrimento. Os silvícolas que aqui viviam já praticavam rituais de pajelança. Sob o disfarce de cristãos, os portugueses, nossos descobridores, eram envolvidos com a idolatria religiosa e com a bruxaria europeia. Os escravos africanos trouxeram suas tradições, que envolvem rituais de espiritismo, incluindo o culto aos orixás. O sincretismo entre as religiões africanas e o catolicismo deu origem às religiões afro-brasileiras, dentre as quais se destaca o 128


candomblé. É muito comum encontrar pessoas que se dizem católicas, mas na prática sáo espíritas. Atualmente o espiritismo é praticado de diversas maneiras. Cada uma é o resultado da influência cultural e religiosa da localidade em que é praticada. Por essa razão, o espiritismo recebe muitas nomenclaturas diferentes. No final da década de 1990, uma estimativa indicava que 70% dos brasileiros eram envolvidos com alguma forma de espiritismo como: espiritismo comum, baixo espiritismo, espiritismo científico, kardecismo, espiritualismo, quiromancia, cartomancia, grafologia, hidromancia, astrologia, voduísmo, candomblé, umbanda, quimbanda (macumba), magia negra, adivinhação, artes mágicas, satanismo, leitura de mãos, leitura de bolas de cristal, leitura das nuvens, leitura de vísceras de animais, horóscopo, consulta aos mortos (necromancia), mediunidade espírita, pajelança, consulta a cambono, participação em rituais, sacrifício de animais e de seres humanos (principalmente crianças); tomar passes, banhos de ervas e de sal grosso; fazer votos, promessas e consagrações a santos e anjos; rezar, queimar velas para as almas dos mortos, depositar flores em túmulos, fazer oferendas a entidades demoníacas (nas matas, cachoeiras, cemitérios, encruzilhadas, terreiros, centros espíritas, nas casas e nas ruas). Essa mesma estimativa indicava que um grande contingente de brasileiros tinha algum envolvimento com outras práticas ligadas ao espiritismo como: parapsicologia, viagem astral, abertura dos chakras, desenvolvimento de potenciais, artes marciais1 (incluindo a capoeira), ioga, poder da mente, gnoses, taro, sintonia, terapia de cristais, do-in, cromoterapia, meditação transcendental, regressão, varetas, mandala, i-ching, massagem energética, maçonaria, Rosa-cruz, Mórmons, Testemunhas de Jeová, Adventismo, Seicho-no-iê, Hare Krishna,; Fé Bahá'1, Santo-Daime, Vale do Amanhecer, Nova Era, ventriloquia, góticos, gnomos, duendes, emos, elfos, crença em extraterrestres, amigos imaginários, florais de bach, entrar espiritualmente em pessoas ou animais (com a ajuda de espíritos demoníacos), entrar em alfa, consagrações religiosas, simpatias, benziçóes, batismo na fogueira, pactos de sangue, participação em cerimónias religiosas de cunho idólatra como batismo, casamento, crisma, primeira comunhão, catecismo, procissão, coroação de santos, participação em procissões l As artes marciais têm a necromancia (culto ou reverência aos mortos) como pano de fundo. Seus praticantes têm verdadeira adoração pelos "grandes" lutadores ou mestres que já morreram (ex: Bruce Lee). Em alguns seguimentos, os golpes recebem o nome de falecidos mestres como reverência à sua morte. A força de muitos golpes é recebida por influência de espíritos de violência que alguns chegam a incorporar, consciente ou inconscientemente.

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e festas consagradas a santos e outras entidades, devoção a santos e anjos, pactos por meio de votos e promessas a entidades espirituais como anjos, santos ou demónios; adoração de imagens, oferta de flores, queima de velas, reza ou invocação do espírito de pessoas que já morreram, inclusive os santos, o que é necromancia. Todas essas práticas são consideradas abominação ao Senhor, pois contrariam os princípios da Palavra de Deus. Como toda forma de espiritismo, ocultismo e idolatria, essas práticas atraem a presença de demónios e vinculam quem as pratica ao reino das trevas. No Antigo Testamento, Deus advertiu Seu povo a não criar vínculos ou alianças com os povos que cultuavam outros deuses. "Não farás aliança nenhuma com eles, nem com os seus deuses. Eles não habitarão na tua terra, para que te não façam pecar contra mim; se servires aos seus deuses, isso te será cilada" (Êx 23:32,33). "Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus altares; contudo, não obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes?" (Jz 2:2). Desde o início, Deus deixou claro que todo envolvimento com deuses estranhos resultaria em grande sofrimento e perdas, tanto para o idólatra, como para seus descendentes: "Muitas serão as penas dos que trocam o SENHOR por outros deuses; não oferecereis as suas libações de sangue, e os meus lábios não pronunciarão o seu nome" (SI 16:4). "Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; virão em cheio sobre ti, apesar da multidão das tuas feitiçarias e da abundância dos teus muitos encantamentos" (Is 47:9). Vínculos malignos podem ser estabelecidos com ou sem a aquiescência das pessoas. E o caso dos que são consagrados pelos pais a entidades demoníacas antes de nascerem ou quando crianças, e dos que são alvo de trabalhos de bruxaria. Há pais que levam os filhos a benzedeiras, centros espíritas e terreiros de macumba, para tomarem passes, participarem de rituais satânicos, serem benzidos e consagrados a demónios. A benzição é uma forma de feitiço e, como tal, gera vínculos com demónios. 130


É numeroso o contingente de crianças que vivem perturbadas por espíritos demoníacos em razão de tais envolvimentos. São atormentadas por meio de visões e pesadelos em que são perseguidas por "bichos", "monstros", "bruxas", duendes e outros personagens malignos. São os demónios com os quais as alianças foram firmadas. Muitas vezes tais demónios aparecem na forma de anjos, animais ou pessoas boazinhas, propondo brincadeiras, dando conselhos e oferecendo algum tipo ajuda. Há casos de crianças que se apegam fortemente a tais personagens e passam a ser manipuladas por eles. Em princípio elas ficam agitadas, teimosas e hiperativas. Muitas se insurgem contra a autoridade dos pais e tornam-se agressivas, são induzidas a fugir de casa, praticar sexo, beber, fumar, usar drogas, matar ou cometer suicídio. Esse tipo de perseguição traumatiza profundamente as crianças, principalmente as mais novas, que ainda não sabem como se defender ou pedir ajuda. Atendemos a inúmeras crianças com esse tipo de problema. Um menino, com menos de dois anos, era perturbado por visões de demónios mirins. Era muito agitado e medroso. Tinha visões de Erês a qualquer hora do dia ou da noite. Apontava-os para a mãe chamando-os por nomes no diminutivo e geralmente brincava e conversava com eles. Ficou muito agitado quanto entrou no gabinete pastoral nos braços da mãe. Quando oramos por ele, os demónios mirins imediatamente se tornaram visíveis aos seus olhos. Com o rostinho voltado para trás, ele olhava para baixo e acenava freneticamente, pronunciando palavrinhas incompreensíveis, numa clara demonstração de que estava familiarizado com os demónios. Tanto a família de sua mãe, como a de seu pai, tinha um histórico de envolvimentos com o ocultismo e com a idolatria religiosa. Oramos determinando a quebra de tais vínculos, desligamos e expulsamos os demónios que o perseguiam, em nome de Jesus Cristo, e levamos sua mãe a renunciar todas as alianças do passado. Ela já era convertida e batizada, por isso procurou ajuda na igreja. O mesmo não ocorre com muitos pais que recorrem a feiticeiros, centros espíritas ou terreiros de macumba em busca de libertação para seus filhos. Alguns chegam a levá-los a "desenvolver a mediunidade" e acabam mergulhando-os profundamente no espiritismo. Muitas pessoas vivem atormentadas em razão dos vínculos espirituais que seus pais as levaram a firmar quando crianças. Uma mulher de Goiânia foi consagrada pelo pai ao Caboclo Sete Flechas quando ainda em gestação. Ela nasceu com uma tatuagem semelhante à ponta de uma flecha nas costas da mão direita e outra na região do quadril. Seu pai a levou a participar ativamente do

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espiritismo desde criança. Ela vivia atormentada por espíritos demoníacos e enfrentava sérios problemas, principalmente de natureza espiritual. Deus proibiu seu povo de consagrar os filhos a deuses estranhos, como mostra a seguinte passagem do Antigo Testamento: "Disse mais o SENHOR a Moisés: Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que der de seus filhos a Moloque será morto; o povo o apedrejará. Voltar-me-ei contra esse homem, e o eliminarei do meio do seu povo, porquanto deu de seus filhos a Moloque, contaminando, assim, o meu santuário e profanando o meu santo nome"(Lv 20:1-3). Uma pessoa alvejada por "trabalhos" de bruxaria passa a ser perseguida pelos demónios que foram mandados contra ela, a não ser que esteja em plena comunhão com Deus e sob sua proteção. Os servos de satanás usam a bruxaria e a feitiçaria para enviar demónios contra as pessoas a fim de amaldiçoá-las de várias maneiras ou para destruí-las. Foi o caso de uma jovem cujo testemunho passamos a relatar. Um rapaz de uma pequena cidade do sudoeste de Goiás, cuja família estava afastada da igreja há algum tempo, rompeu, abruptamente, um namoro de vários meses com a filha de uma pessoa profundamente envolvida com a bruxaria. Inconformada, a garota fez de tudo para que ele reconsiderasse sua decisão. Debalde. Pouco tempo depois, a irmã desse jovem foi acometida de uma estranha enfermidade. Começou a inchar dos pés à cabeça, sem uma causa aparente. Em sua cidade os médicos não puderam diagnosticar o problema. Encaminharam-na para um hospital de uma cidade maior para que seu quadro fosse mais bem investigado. Uma bateria de exames foi realizada, mas nada foi constatado. Seu corpo continuava inchando inexplicavelmente, sem que ela pudesse ser medicada, uma vez que a causa do problema não era conhecida. Desesperados, seus pais a levaram para Goiânia, um centro avançado da medicina em diversas áreas. Procuraram por um reconhecido especialista em casos dessa natureza. Depois de investigar minuciosamente o quadro de Noemi, ele solicitou novos exames. Porém, outra vez, nada foi constatado. O médico resolveu encaminhá-la para um colega mais experiente, na expectativa de que ele tivesse melhor sorte. Nada outra vez. O caso de Noemi foi catalogado pelos médicos de Goiânia e levado para discussão em um importante congresso médico. Considerando a forma traumática como o irmão de Noemi tinha rompido o namoro com a filha de uma pessoa envolvida com as trevas, seus pais pas132


saram a considerar a possibilidade de ela ter sido alvo de trabalhos de bruxaria. Recorreram a um pastor de nosso ministério, e ele entrou em contato conosco pedindo-nos para recebê-los. O estado da moça era realmente grave e piorava a cada dia que passava. Seu corpo inchava de tal modo que chegava a formar dobras salientes nas curvas dos pés e do pescoço. Seu tórax estava tão inchado que ameaçava comprimir os órgãos internos. O Espírito Santo nos levou a discernir que ela havia sido alvo de obras de bruxaria e Vodu1. Depois de orar fortemente determinando a destruição dessas obras, em nome de Jesus Cristo, tomamos autoridade sobre as maldições mandadas contra ela ordenando que fossem destruídas. A ungimos com óleo pedindo ao Senhor que a purificasse de toda contaminação e aconselhamos a família se reconciliar com o Senhor Jesus. Eles o fizeram prontamente. Alguns dias depois, o pastor que trouxe aquela família à nossa igreja ligou-nos para informar que Noemi estava praticamente curada e pediu-nos para orar por ela outra vez. De fato a moça estava muito melhor. Parecia outra pessoa. Impus as mãos sobre ela e, em nome de Jesus Cristo, orei forte determinando a destruição de todo mal que ainda estava impregnado no corpo dela. Ela tossia sem parar. Orei expulsando todos os demónios que ainda sustentavam algum mal. Em poucos minutos ela parou de tossir. Noemi tomou posse de sua libertação e decidiu não mais voltar aos médicos. O Senhor honrou seu posicionamento de fé confirmando sua completa libertação de todo mal enviado contra ela. Toda glória seja dada ao Senhor Jesus Cristo.

Astrologia/Horóscopo Ministramos libertação a um rapaz que enfrentava sérios problemas psicológicos e espirituais. Sua mãe admitiu tê-lo consagrado à lua quando criança. Orientada por uma vizinha ela o tomou nos braços e, olhando para o céu, proferiu a seguinte mandinga: l Religião caribenha que mistura cultos africanos tradicionais com a santeria católica. O Vodu é praticado principalmente no Haiti. É uma expressão espiritual presente também na Jamaica e na República Dominicana. Vodu é uma palavra de origem nigeriana que significa divindade ou espírito. O culto Vodu caracteriza-se pela crença nos loas, também chamados de mysteres, espíritos da terra, do ar, do fogo, da água e dos ancestrais. Uma forte característica do Vodu é sua vinculação com o lado mais obscuro do espiritismo, expresso na açáo dos Petro Loa, que são fortes, ameaçadores e vingativos espíritos malignos. São portadores de doenças que operam mediante a promessa de oferendas. Costumam atacar violentamente aqueles que não cumprem suas promessas. Os Petro Loa são invocados por meio de rituais para efetuarem perigosos serviços em troca de sacrifícios de animais como porcos, cabritos e touros. Muitas vezes requerem sacrifícios humanos ou cadáveres, que são extraídos dos cemitérios.

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—"Lua, lua, toma essa criança e me ajuda a criar." O que muitas vezes parece uma "inocente prece" pode ser uma séria consagração. Quando uma pessoa é consagrada a um astro, é a demónios que ela é consagrada. Deus proíbe toda forma de astrologia, pois os astrólogos ensinam que o destino das pessoas é determinado pela posição dos astros em relação ao seu nascimento. Tal ensinamento afronta a soberania de Deus e contradiz Sua Palavra. A astrologia é uma prática exotérica, uma forma de espiritismo que vincula as pessoas ao "exército dos céus", que são demónios. A Bíblia condena, veementemente, essa prática: "Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus" (Dl 4:19). Não por acaso, o rapaz consagrado à lua, pela mãe, desenvolveu um interesse incomum por extraterrestres desde muito pequeno. Escrevia mensagens endereçadas a eles no solo do quintal de sua casa e passava horas invocando-os. Acreditava que um dia eles responderiam aos seus contatos. Seu grande sonho era realizar viagens interplanetárias em suas espaçonaves. Chegou a ter vários "amigos imaginários" — que são espíritos demoníacos — com os quais mantinha relacionamento em vários níveis. Ele era uma pessoa muito perturbada. Quando passou pelo processo de libertação, demónios se manifestavam nele dizendo por que o perseguiam: — "Ele nos chamava." — Como ele fazia isso? — inquiri. — "Invocava extraterrestes." Quando invoca, cultua, faz votos ou promessas, participa de rituais, busca favores ou oferece sacrifícios a qualquer divindade que não seja o Pai, o Filho e o Espírito Santo, são espíritos demoníacos que respondem. O horóscopo é a principal ferramenta da astrologia. Uma única consulta ao horóscopo constitui vínculo com demónios de adivinhação ou falsa profecia. Ao consultar seu horóscopo, a pessoa dá aos demónios da astrologia o direito legal de cumprir os desígnios satânicos concernentes àquilo que ela buscou através da consulta (Dt 18:9,10; At 16:16-18). Mapa astral, quiromancia, numerologia, taro, cartomancia, búzios, runas, cabala, bola de cristal, leitura em copo d'água, leitura de víscera de animais

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e outros meios de adivinhação são práticas exotéricas igualmente consideradas abominação ao Senhor.

A Necromancia A necromancia, conforme já mencionamos, é toda forma de contato com os mortos, como a psicografia, a oração pelas almas, a visita a túmulos, oferta de flores, queima de velas e todo tipo de reverência a pessoas que já morreram, inclusive os santos. Pedir graça ou favor, consultar ou rezar para os santos é o mesmo que invocar ou cultuar uma pessoa morta. Tal prática é feitiçaria. Como toda forma de espiritismo, a necromancia atrai a presença de demónios e vincula o praticante ao reino das trevas. Em sua Palavra, Deus proíbe terminantemente a prática da necromancia: "Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?" (\s 8:19). "Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus"(Lv 19:31). "Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo. Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus" (Lv 20:6,7). "O homem ou mulher que sejam necromantes ou sejam feiticeiros serão mortos; serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles" (Lv 20:27). O grande problema da necromancia é que, por meio dessa prática, espíritos demoníacos assumem a identidade de pessoas que morreram e são invocadas ou reverenciadas, para enganar aqueles que as invocam. Um pedido dirigido a um santo geralmente é respondido de forma contrária pelos demónios da necromancia. Quem pede riqueza aos santos, pode até experimentar uma prosperidade temporária, mas acabará na miséria. Os que fazem votos para se casar acabam solteiros, tornam-se mães ou pais solteiros ou se divorciam quando casam. Pessoas que buscam curas através de santos "especialistas" em determinadas doenças, tornam-se escravos deles, tendo que renovar sempre os votos, sem,

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no entanto, alcançar a cura definitiva, como por exemplo, pessoas que invocam a "santa Luzia" para obter cura de problemas na visão têm o quadro agravado ou passam o resto da vida lutando contra a doença. A Palavra de Deus mostra que uma das causas da morte do Rei Saul foi a prática da necromancia. Ele se consultou com a médium de En-Dor (ISm 28:1-25). "Assim, morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, que ele não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante" (lCr 10:13). No Antigo Testamento, quem praticava a necromancia era condenado à morte. Hoje, essa morte é espiritual. Representa a separação entre o homem e Deus. A necromancia gera perturbação espiritual, como ocorreu a Saul, doenças e enfermidades, fracasso sentimental e financeiro, dentre outros problemas. Os demónios que operam na necromancia, geralmente, se manifestam quando se ora pela libertação das pessoas que tiveram envolvimento com essa prática.

A Idolatria O primeiro caso em que a nação de Israel envolveu-se com a idolatria foi quando o povo esculpiu um bezerro de ouro e o adorou, enquanto Moisés se encontrava no monte Sinai (Ex 32:1-8). Por sua natureza demoníaca a idolatria exercia uma forte atraçáo sobre o povo. Os deuses pagãos ofereciam benefícios materiais aos idólatras, os deuses da fertilidade prometiam a geração de filhos, os deuses do tempo - o sol, a lua, as constelações e a chuva - prometiam colheitas fartas, os deuses da guerra prometiam vitória nas batalhas contra os inimigos. A idolatria não está associada apenas às imagens de escultura ou a representação das divindades, mas a tudo o que ocupa o lugar de Deus no coração do ser humano. A idolatria é toda crença em falsos deuses. O idólatra é uma pessoa rebelde, que se recusa a obedecer e a servir a Deus e busca suprir suas necessidades se curvando perante os ídolos, uma busca inútil por aquilo que só Deus pode oferecer. O idólatra não se contenta com o que Deus quer lhe dar, por isso sempre recorre aos ídolos em busca de algo mais. O espírito que move o idólatra é o espírito da cobiça. Idolatria é toda forma de culto que exclui o senhorio de Jesus Cristo. Ê uma forma de espiritismo e, como tal, atrai a presença de demónios

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vinculando-os à pessoa do idólatra. Por isso, os servos de Deus não devem se associar aos ídolos ou a qualquer coisa que os representa, como imagens de escultura, gravuras, estampas, roupas e objetos a eles consagrados. A idolatria pode ser humana, material ou espiritual. Há religiões que misturam o culto a Deus com a veneração a outras entidades, com santos, anjos e demónios. Tais entidades geralmente são representadas por imagens de escultura, símbolos ou gravuras, perante os quais os idólatras se curvam a fim de reverenciá-las e cultuá-las. Pessoas idólatras chegam a percorrer grandes distâncias em procissões, romarias ou peregrinações até lugares ou templos consagrados a ídolos para reverenciá-los, pedir graças ou favores, pagar votos e promessas, ou para oferecer sacrifícios. Deus proibiu os israelitas de esculpir ídolos, pois sabia que eles acabariam ocupando Seu lugar no coração deles. Ele sabia que os descontentes e desobedientes acabariam recorrendo aos ídolos para satisfazer aos seus desejos. A Palavra de Deus classifica o esculpidor de imagens como uma pessoa maldita: "Maldito o homem que fizer imagem de escultura ou de fundição, abominável ao SENHOR, obra de artífice, e apuser em lugar oculto. E todo o povo responderá: Amém!" (Dt 27:15). Nos dois primeiros mandamentos, Deus proíbe terminantemente a adoração a qualquer deus que não seja o Deus de Israel: "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êx. 20:3-5; Dt. 5:7-9). Esses versículos mostram claramente que Deus proíbe seus servos de adorar a outros deuses (vs. 3), e de fabricar imagens de escultura (vs. 4), com o propósito de adorá-las (vs. 5). Essa ordenança é enfatizada em outras passagens da Bíblia (Dt 4:16-18; 4:23-28). Tal proibição inclui imagens de toda criatura que habita nos céus — que são os santos, os anjos e os demónios — as que ha-

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bitam na terra, embaixo da terra e nas águas, incluindo os seres humanos ou qualquer outro ser vivente. Deus trata a respeito da idolatria e suas consequências em diversos livros da Bíblia Sagrada. O salmo 115 mostra que um dos piores males da idolatria é a cegueira espiritual. Os idólatras, especialmente os que referenciam imagens de escultura, tornam-se semelhantes a elas. Têm olhos, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem. Têm boca, mas não falam. Uma pessoa idólatra perde a capacidade de ouvir, enxergar e entender ou discernir as manifestações do poder de Deus. É uma influência maligna exercida pelos espíritos de idolatria. Deus jamais instruiu seus filhos a se inclinarem perante imagens de quem quer que seja — muito menos dEle — para reverenciá-las ou adorá-las. Sua glória e santidade são insondáveis, não podem jamais ser representadas por imagens, gravuras ou qualquer objeto. A visão do homem acerca de Deus deve se basear puramente na revelação de Sua Palavra e na obra redentora do Senhor Jesus Cristo. Os líderes das religiões que defendem o culto às imagens tentam justificar sua posição alegando não haver nada de errado nessa prática, pois, na visão deles, as imagens são apenas a representação das divindades ou, uma lembrança da existência delas. Tal argumento não encontra respaldo na Palavra de Deus. A Bíblia diz que maldito é o homem que fizer imagens de escultura e as colocar em lugar de culto (Dt 27:15). Ora, se Deus classifica como maldito aquele que esculpe imagens de escultura para fins espirituais, quanto mais os que as adoraram. Eis uma forte razão pela qual Deus não permite que seus filhos adorem outros deuses ou se curvem perante imagens de ídolos: "Porque eu sou o SENHOR, teu Deus" (Êx 20:5). Não devemos esquecer que nosso Deus é Deus zeloso. É impossível servir a Ele e a outros deuses. A Palavra de Deus, no livro do profeta Isaías, assim se refere aos fabricantes de imagens de escultura: "Todos os artífices de imagens de escultura são nada, e as suas coisas preferidas são de nenhum préstimo; eles mesmos são testemunhas de que elas nada vêem, nem entendem, para que eles sejam confundidos" (Is 44:9). 138


Por meio dessa passagem, Deus mostra que as imagens de escultura não têm valor algum e que, em si mesmas, elas não representam qualquer perigo, uma vez que não podem ver, ouvir, falar, nem têm entendimento. Os ídolos esculpidos são meros objetos de ouro, madeira ou gesso moldados pelas mãos de homens. Os salmistas e profetas do Antigo Testamento tratam os ídolos com desdém e zombam deles em diversas passagens bíblicas (SI 115:4-8; 135:15-18; Is 44:9-20; 46:1-7; Jr 10:5). No entanto, por trás das imagens de escultura há demónios de idolatria, que são espíritos demoníacos que operam sob as ordens do diabo. Tais demónios se fazem passar pelas entidades representadas pelas imagens para enganar as pessoas que as invocam, por meio de falsos milagres e sinais, a fim de impressioná-las e mante-las amarradas na idolatria. A Bíblia mostra que o diabo tem poder para realizar falsos sinais, milagres e prodígios e proporcionar benefícios físicos e materiais: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios da mentira" (2Ts 2:9). As Sagradas Escrituras associam os falsos deuses com demónios: "Sacrifícios ofereceram aos demónios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais" (Dt 32:17). "... deram culto a seus ídolos, os quais se lhe converteram em laço;pois imolaram seus filhos e suas filhas a demónios e derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi contaminada com sangue" (SI 106:36,37). No livro do profeta Jeremias, a Palavra de Deus é ainda mais incisiva em relação às imagens e seus artífices: "Todo homem se tornou estúpido e não tem saber; todo ourives é envergonhado pela imagem que ele mesmo esculpiu; pois suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego. Vaidade são, obra ridícula; no tempo do seu castigo, virão a perecer" (Jr 10:14,15). A Bíblia afirma que Deus não divide sua glória com ninguém, nem sua honra com imagens de escultura: 139


"Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura" (Is 42:8). "Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus " (Is 44:6). Na Palavra de Deus, a idolatria é classificada como abominação ao Senhor. O culto a deuses estranhos amarra o idólatra ao reino das trevas e o vincula a espíritos de idolatria e engano religioso. São os mesmos espíritos que respondem às orações dirigidas a qualquer divindade que não seja o Pai, o Filho e o Espírito Santo de Deus. O propósito de tais entidades é manter as pessoas afastadas de Deus, impedindo-as de adorá-lo e servi-lo. Aquele que cultua deuses estranhos ou busca o favor deles, menospreza a morte sacrificial de Cristo Jesus. Para tal pessoa é como se o Senhor Jesus precisasse de ajuda para resolver seus problemas ou para conduzi-lo a Deus. As entidades que incorporam nos médiuns espíritas se fazendo passar por pessoas que já morreram para se comunicarem com seus parentes ou realizarem curas, são as mesmas que respondem às orações e pedidos dirigidos aos santos e anjos. São espíritos demoníacos que operam por meio de sinais e realizam falsas curas e milagres e sinais, a fim de impressionar as pessoas e mante-las presas no engano religioso. A Palavra de Deus assim adverte contra essas artimanhas de satanás: "E não é de se admirar, porque o próprio satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme suas obras" (2Co 11:14,15). A idolatria tem uma estreita relação com o paganismo e o espiritismo, a magia negra, a feitiçaria, a adivinhação, a cartomancia, a feitiçaria (Dt 18:9,10), a bruxaria, a necromancia (Is 8:19), e outras práticas satânicas (2Rs 21:2-7). Todas essas práticas ocultistas, segundo a Bíblia, envolvem submissão e culto a espíritos demoníacos. Quero relatar o testemunho de Raimunda, uma mulher de 37 anos, mãe de família, que padecia de problemas espirituais e de saúde. Andava sempre cansada e sem ânimo para nada. Sofria com constantes dores nas pernas, nos braços e nos quadris. Vivia angustiada e só conseguia dormir por meio de remédios. Tinha uma terrível enxaqueca que a acompanhava desde a infância. Quando oramos por ela, um demónio de morte se manifestou. 140


— "Ela é minha." — foi dizendo o Exu. — E sua por quê? — questionei. — "Foi rejeitada pelo pai, e a avó fez despachos na encruzilhada pra ela não nascer. A vida dela está nas mãos de satanás." — Por que a avó dela fez isso? responda, em nome de Jesus Cristo. O demónio permaneceu calado, tentando resistir. — Senhor, envia os teus anjos contra esse demónio e faça-o falar, em nome de Jesus Cristo. — "Ai... Ai... Não... Tá queimando... Eu falo..." — Responda minha pergunta, em nome de Jesus. — "A avó dela não queria a gravidez. Queria que ela morresse no parto. Foi aí que eu entrei. Coloquei um tumor na cabeça dela." — O que mais? — "A mãe dela foi à igreja e fez um voto para o anjo Rafael. Depositou um envelope com fios de cabelo dela no altar e pediu a cura dela. Eu recebi a oferenda. A burra achou que a filha foi curada, mas eu escondi o tumor. Ela tem muita dor de cabeça e depressão." - Está enganando essa mulher... — "Ê... Ela é burra. Pensa que sou o anjo Rafael. Acende velas pra mim. Eu a induzo. Ela não sabe que fui eu que a mãe dela invocou." — O que mais estão fazendo? Está proibido de mentir, em nome de Jesus Cristo. — "Faço ela sofrer. Coloco dor na vagina e no útero. Faço ela sangrar. Ela tem que fazer coisas pra mim." — O que mais? — "Faço ela ficar nervosa, impaciente, ansiosa. Entro nos remédios que ela toma pra dormir. Ela pensa que os remédios a deixam boa. É uma burra mesmo... Há há há há há há..." — escarneceu o demónio. Perceba que, tanto o despacho que sua avó ofereceu a demónios na encruzilhada, quanto os fios de cabelo que sua mãe ofereceu ao anjo, no altar da igreja, foram recebidos por espíritos demoníacos, que responderam com maldições. Tomei autoridade sobre as maldições lançadas sobre Raimunda desde o ventre de sua mãe e ordenei que fossem destruídas em nome de Jesus Cristo. Levamo-la a orar renunciando a todos os vínculos, diretos e indiretos, que a vinculavam a demónios, incluindo o Exu da Morte, a quem ela acendia velas, imaginando ser o anjo Rafael, e os expulsamos. Ela foi totalmente curada dos males que a afligiam e liberta da perseguição de demónios. Glória a Deus! 141


Oramos por uma jovem que andava com a vida presa nas amarras do diabo. Tinha rompido um relacionamento de vários anos com o namorado e, por mais que tentasse, não conseguia se relacionar com outra pessoa, nem encontrar emprego. Um demónio se manifestou quando oramos por ela. Perguntei por qual porta ele tinha entrado: — "Ela me chamou." — Chamou como? — "Escreveu o que queria numa vela e acendeu para urna santa. A amiga dela disse que tudo mudaria se ela fizesse direitinho." — Para quem ela acendeu vela? — "Ela pensa que foi para uma santa." — Quem respondeu aos pedidos? Está proibido de mentir, em nome de Jesus... — "Você sabe que fomos nós." — Nós quem? Diga seu nome. — "Exu da Morte." — Quantos entraram com você? — liiiiihhhh... Muitos... Estão aí... Muitas Pombajiras; lemanjá, Sete Saias, Maria Molambo, Maria Padilha, Cigana... Tem de tudo... Zé Pelintra, Preto Velho e esse aí, de preto. Não deixa ele aproximar." — Quem é o de preto? — "Esse aí... O Capa Preta... O maior de todos." Depois de identificar os demónios que ganharam direito legal sobre a vida daquela moça, orei citando nominalmente todos eles e os expulsei, em nome de Jesus Cristo. Na medida em que eu determinava a destruição das maldições, ela convulsionava lançando muco pela boca. — Idolatria, feitiçaria, suicídio, miséria, depressão, ódio, vingança, rejeição, medo, prostituição, morte... estão todos desligados. Saiam agora, em nome de Jesus Cristo. — "Acabou, tem mais nada não." — disse o demónio quando a moça parou de vomitar. Ela atendeu nossa sugestão e orou confessando o pecado da idolatria e renunciando os pactos que havia firmado com as trevas, por meio daquela prática, e recebeu a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Glória a Deus! Ministramos libertação à Adriele, de 27 anos, que foi molestada pelos irmãos pré-adolecentes aos 12 anos e foi possuída por um tio, na adolecência, sem que ela soubesse desse parentesco. Começou a se prostituir na adolescência

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e logo engravidou. Seus pais a expulsaram de casa quando souberam. Desamparada, ela passou a se prostituir por dinheiro. Algum tempo depois se firmou com um único parceiro. Um homem casado com quase o dobro de sua idade. Tornou-se financeiramente dependente dele, já que não trabalhava. Sua vida foi marcada por muito sofrimento em consequência de traumas emocionais e sexuais que sofreu. Vivia atormentada por pesadelos em que se comportava como um ser andrógino (homem e mulher). Era assumidamente heterossexual, mas se sentia fortemente atraída por mulheres. Tinha verdadeiro fascínio por celebridades do sexo feminino, especialmente as de corpo escultural. Ficava como se estivesse hipnotizada quando as via na TV. No plano espiritual, sua vida não era menos conturbada. Sua formação religiosa baseava-se principalmente na idolatria. Quando criança, foi consagrada pela mãe a várias entidades, inclusive a "santos". Envolveu-se visceralmente com a idolatria religiosa a partir da adolescência. Teve manifestações demoníacas desde o primeiro dia em que oramos por sua libertação. — Quem é você? — inquiri um demónio. — "Exu da Morte." — Há quantos com você? — "Muitos... muitos... Exu do Cemitério, Exu Caveira, Zé Pelintra, Maria Padilha, muitas Pombajiras." — Diga quais, em nome de Jesus. — "Legiões. Foi oferecida pela mãe à Cabocla Jurema1, a rainha dos animais e das selvas, é a guia, a cabeça dela." Na medida em que avançávamos, suas ligações com o espiritismo e com a idolatria vinham à tona. Adriele recorreu a muitos santos em busca de solução para seus problemas. A eles dirigia orações, fazia pedidos, votos e consagrações. Enquanto orávamos por sua libertação demónios se manifestavam invocando direitos sobre ela: — "Ela nos chamou... pediu-nos para resolver suas causas impossíveis." — disse um demónio, identificando-se como "Santo Expedito2". 1 Demónio da linha dos Caboclos; espírito de prostituição que opera através da sensualidade, induzindo as pessoas a todo tipo de impureza sexual, inclusive, o homossexualismo, a sodomia e bestialidade (ato sexual entre um ser humano e um animal); demónio andrógino como Shiva, divindade hindu bissexual ou hermafrodita. 2 "Santo" invocado para resolver causas que exigem solução imediata como negócios urgentes. No sincretismo, Santo Expedito é o orixá Logun Edé, demónio andrógino (homem e mulher) descrito como filho de Oxossi e Oxum. O "santo expedito" é representado de pé, vestido de soldado romano, com uma capa vermelha, tendo na mão esquerda a palma do martírio e, na direita, uma cruz.

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Um Exu Tranca Rua se manifestou alegando ter sido invocado por meio de orações dirigidas a uma santa denominada "desatadora de nós". Adriele pediu sua ajuda para "casar e ter paz". Náo era de admirar que ela vivesse amasiada e com a vida profissional amarrada. Outro demónio se manifestou alegando ter sido invocado pelas orações e votos dirigidos ao "santo casamenteiro". Adriele fez muitos votos e novenas pedindo ajuda a uma "santa milagrosa" para se "casar e ter uma casa". — "Ela pediu uma casa e nós usamos o Boadir para atender ao pedido dela. Ela pensa que foi resposta de Deus." — O demónio referia-se ao homem com quem ela era amasiada. Era um homem separado e envolvido com o espiritismo. Ela recorria a diversos ídolos, mas se identificava particularmente com um, que responde pelo nome de uma "santa". Achava-se muito parecida com sua imagem de escultura. Vestia-se como ela e orgulhava-se de representá-la nas festividades em seu louvor. — "Já enganamos muito essa idiota... fazíamos ela se sentir parecida com a santinha dela... Há há há há há há há." — debochou o Exu. — Ela terá os olhos abertos pela Palavra de Deus e será liberta do engano. — rebati. — "Não... Não... Não..." — protestou o demónio tapando os ouvidos dela com as mãos em forma de concha. — "Operamos com engano, falsidade... fazemos o povo sentir nosso fogo queimando. Acham que é a chama do Espírito Santo. Andamos com um fósforo para acender nosso fogo... nós também temos fogo sabia? Fazemos o povo repousar no espírito... Há há há há há." — Esta será livre de suas garras. O Senhor Jesus Cristo vai libertá-la. Quando eu disse isso o demónio disparou a falar: — "Nós também fazemos libertação, mas depois voltamos... Essa aqui teve experiências muito fortes. Precisam ser fortes. Esse seu Deus tem algo com ela... mas era a nós que ela buscava. Achava que era Ele. Aí essa idiota viu que era tudo vazio, escuro... sentiu que não dava só para carregar o nome de filha. Seu Deus começou a usar pequenas coisas. Ela sentia admiração por esse lugar (a igreja). Cantava as músicas que vocês cantam. As músicas falavam muito com ela. Mas não foi fácil... não está sendo. Lançamos muita sujeira e confusão na mente dela. Já foi muito confundida." - disse o demónio. 144


— "Eu escuto ela orar sabia? Ela pede para o grande (Deus) guardar a mente dela, mas não pode, eu quero colocar sexo, sexo, sexo..." — Já foram derrotados pelo Senhor Jesus e vão sair da vida dessa mulher. — reafirmei. — "Sai do caminho dela, senão alguém pode se machucar. Já usamos demais essa vida e não vamos perdê-la agora. Saia do caminho dela seu enxerido. Podemos provocar muita dor... estou avisando. Estamos aguardando uma brecha... podemos tocar nos intercessores, fazè-los orar menos... você é o nosso alvo." — ameaçou. — Coloco suas ameaças no altar do meu Deus. — retruquei. — "Ela ora alto... Eu ouço as orações dela. Está orando por um grande levantar de Deus nessa igreja. Mas Ele precisa de gente para isso. Se acontecer isso fica difícil pra mim." Deixei que ele esgotasse seu repertório. — "Ela é tão bobinha... Por que ela almeja tanto chegar ao êxtase do Espírito? Ela pode conseguir isso se ficar comigo... eu tenho o falso êxtase. Eu sei pelo que ela tem orado... eu tento impedir. Ela ora e fala 'olha Deus, agora é só nós dois'. Faz isso pra gente não escutar, e se cala. E eu não escuto. Eu quero escutar, preciso escutar tudo..." — reclamou o demónio. Quando ministramos libertação a pessoas vindas da idolatria e de outras formas de espiritismo, nos empenhamos ao máximo em levá-las a conhecer a Palavra de Deus, para que sejam libertas das amarras do engano espiritual o quanto antes. "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8:32). Em princípio, o diabo se levanta contra tais pessoas a fim de explorar a ignorância espiritual e a fé incipiente delas, roubar a boa semente de seus corações e semear dúvidas em suas mentes. Adriele viveu essa experiência. O inimigo fazia de tudo para confundi-la e fazê-la retroceder. Atacava sua mente levando-a a pensar que as "profecias" que muitas vezes ouviu de sacerdotes idólatras, eram verdadeiras e que os "sinais" que recebeu como respostas às orações que dirigia aos ídolos eram autênticas manifestações do poder de Deus. Relutava em acreditar que as "bênçãos" que recebia por meio das novenas e votos sacrificais que dirigia aos ídolos de sua devoção foram dadas por entidades demoníacas. Sentia-se acusada de trair a tradição religiosa de sua família e os santos de sua devoção. Certo dia, ela chegou à igreja extremamente confusa. Uma palavra que recebera no passado, como se fosse uma autêntica revelação

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de Deus, fervilhava em sua mente. Alguém que ela considerava uma verdadeira profetiza fora usada para endossar um relacionamento pecaminoso que ela mantinha nessa época. A relação contrariava frontalmente os princípios da Palavra de Deus. Para impressioná-la e convencê-la de que era mesmo o Espírito Santo quem falava com ela, o demónio que usava a mulher disse-lhe: — "Para que você não duvide do que estou dizendo, farei com que a chuva que agora cai cesse imediatamente." — De fato, a chuva que caía naquele momento cessou em questão de segundos. Como explicar isso? — questionou Adriele. Na verdade o que ela queria perguntar era: "Se não foi Deus quem fez aquilo, quem foi então?". O diabo bombardeava sua mente com lembranças de sinais mentirosos realizados pelos seus para tentar autenticar seus falsos sinais e profecias. Perguntei sobre o ambiente em que essa "profetiza" atendia. Adriele contou que o lugar era repleto de imagens e apetrechos de idolatria. A Bíblia mostra que Deus permite que espíritos mentirosos enganem aos que se recusam a receber a verdade: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. E por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, afim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça" (2Ts 2:9-12). Em sua palavra, Deus nos adverte a não crer em qualquer espírito: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora. Nisto reconhecereis o Espírito de Deus: Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo" (\]o 4:1-3). _ Muitas pessoas, inclusive cristãs, imaginam que só Deus pode interferir na natureza e provocar os chamados fenómenos naturais como chuvas, furacões, tempestades, tsunamis, erupções vulcânicas, entre outros. Quem pensa assim está equivocado. 146


Satanás usa seus poderes para manipular os elementos terra, ar, fogo e água a fim de impressionar e enganar os incautos.

A Hierarquia de Lúcifer Analisando o alto escalão da hierarquia de Lúcifer podemos perceber isso claramente. É uma estrutura de poder composta pelo próprio Lúcifer e por quatro príncipes de grande influência no reino das trevas: Leviatá, Astaroth, Belzebu e Asmodeo. Esses quatro príncipes comandam poderosos principados que exercem influência sobre as regiões da terra. O Pentagrama, ou estrela de cinco pontas, contornada por um círculo, símbolo muito usado em rituais de magia negra para invocar entidades satânicas, faz alusão a estes cinco demónios. Cada uma de suas cinco pontas representa um desses príncipes. Lúcifer é o quinto elemento, representa a "energia pura". O número cinco presente no pentagrama representa poder e domínio. Lúcifer, o maioral do reino das trevas, ocupa a décima segunda dimensão espiritual, e os seus quatro príncipes ocupam a nona dimensão. Esses quatro príncipes são mais fortes e poderosos do que os principados; eles atuam em todo o planeta com diferentes nomes, de acordo com cada região. Lúcifer é representado por um símbolo chamado "olho de Lúcifer", um olho humano dentro de um triângulo, que aparece na nota de um dólar. Para a Maçonaria, esse símbolo representa o olho (de satanás) que tudo vê. É utilizado por vários seguimentos ocultistas como Nova Era, Bruxaria e Satanismo. Chamo sua atenção para o papel dos quatro príncipes que, juntamente com Lúcifer, compõem o pentagrama: Leviatá: Primeiro príncipe de Lúcifer. Atua fortemente na América Latina, notadamente no Brasil. Sua ação está ligada ao elemento Água. Opera nas regiões dos mares e rios, nas regiões costeiras e junto às cidades portuárias. Comanda uma parte das legiões das águas. No Brasil, algumas religiões que congregam grande contingente de pessoas, e boa parte do folclore são fortemente ligadas ao elemento água. Não é por acaso que os principais ídolos cultuados pelos brasileiros possuem ligação com esse elemento. Segundo historiadores, o culto ao maior ídolo religioso do povo brasileiro surgiu por volta de 1717, após uma imagem ter sido recolhida das águas do rio Paraíba por três pescadores em São Paulo. lemanjá, que no sincretismo é "nossa senhora", é considerada a "deusa dos mares"; além do "Bom Jesus dos Navegantes" cultuado na Bahia. No contexto indígena, destaca-se a

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Iara, ou "mãe d'água". E evidente a influência de Leviatã por trás desses deuses. A Bíblia faz a seguinte referência a esse demónio: "Naquele dia, o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente veloz, e o leviatã, serpente tortuosa, e matará o dragão que está no mar (Is 27:1, Bíblia de Estudo Pentecostalj Um país de dimensões continentais como o Brasil, com extensa costa marítima e rios caudalosos, além da exuberante Floresta Amazônica, é o cenário ideal para abrigar o esconderijo da "serpente tortuosa". O mais influente principado de Leviatã é Abadom, um demónio de ruína, morte e destruição, mencionado na Bíblia como o chefe dos gafanhotos que emergirão do abismo e como "o anjo do abismo". "Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra [...]"E tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom" (Ap 9:3,11). Abadom conta com poderosas potestades sob seu comando. Abraxas, demónio representado com uma cabeça de galo, barriga grande e um rabo cheio de nós, portando um chicote e um escudo, e Adramelech, são duas influentes potestades dessa casta. Adramelech é considerado o mandatário do Alto Conselho dos Demónios, o grande chanceler do inferno. Ê representado por uma mula com dorso humano e rabo de pavão. No continente asiático, especialmente na índia, China e no Tibete, Abadom exerce domínio através de Shiva, divindade andrógina de sensualidade, prostituição e homossexualismo. Demónio que mantêm os povos desses países aprisionados na idolatria. Na Europa, principalmente na Itália, Abadom opera através de Thamúz, demónio que possui forte ligação com a Maçonaria, um dos tentáculos do satanismo. O dicionário mitológico relata que Thamúz morreu crucificado numa sexta-feira. Por esta razão, as mulheres pagãs choravam nesse dia, conforme o seguinte relato do profeta Ezequiel: "Levou-me à entrada da porta da Casa do SENHOR, que está no lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Thamúz '(Ez 8:14). O culto a Thamúz teria dado origem ao termo "sexta-feira da paixão". O-Yama é um principado que opera sob o comando de Leviatá nas regiões do 148


Japão, Malásia, Vietnã e adjacências. Rimmon é o demónio usado por Leviatá para dominar sobre a Espanha e Portugal, suas principais áreas de atuação. Associado a Thamúz esse principado domina boa parte do continente europeu. Asmodeo é o segundo príncipe de Lúcifer. Opera fortemente através do elemento Ar. Asmodeo, ou Asmodeus, é considerado o demónio da ira e da luxúria. Na demonologia judaica, é o espírito do mal. É citado no livro apócrifo de Tobias. É também conhecido como o "príncipe da luxúria" e da corrupção. Na demonologia, é o supervisor das casas de jogo. É representado com três cabeças: uma de touro, uma de homem com hálito de fogo e outra de carneiro. Seu símbolo é o símbolo da anarquia, representado por um círculo traspassado por três traços formando a letra "A". Um símbolo muito usado em produtos de uso pessoal, como roupas e acessórios. Representa a confusão, o caos, a desordem e a rebeldia. O subalterno mais influente de Asmodeo é Dagon, principado que opera nos ares, causando tempestades, furacões, maremotos, tsunamis e acidentes aéreos. Como se sabe, furacões e ciclones são fenómenos muito comuns nos Estados Unidos, principal região de influência desse demónio. Dagon foi um deus cultuado pelo povo filisteu. Sua estátua caiu de bruços, com a cabeça e os braços decepados, quando os filisteus introduziram a arca de Deus em seu templo (ISm 5:1-5). Belzebu ou Baalzebu é o terceiro príncipe de Lúcifer. Está associado ao elemento Fogo. É citado nos evangelhos de Mateus (Mt 12:24) e de Marcos: "Os escribas que haviam descido de Jerusalém, diziam: Ele está possesso de Belzebu. E: Ê pelo maioral dos demónios que ele expele demónios" (Mc 3:22). Baalzebu é usado, no Novo Testamento, para identificar Satã. Na demonologia é o primeiro ministro dos espíritos malignos. No Antigo Testamento, Baalzebu, o "senhor das moscas", enviava moscas para destruir os suprimentos do povo de Canaã. Por ter enviado mensageiros para consultá-lo, Acazias, rei de Israel, foi severamente repreendido por Deus: "E caiu Acasias pelas grades de um quarto alto, em Samaria, e adoeceu; enviou mensageiros e disse-lhes: Ide e consultai a Baal-Zebube, deus de Ecrom, se sararei desta doença" (2Rs 1:2). "Baalzebube" é a forma original dessa palavra e quer dizer "deus das moscas". Os judeus também chamaram esse demónio de "Baalzebel", que significa

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"senhor do esterco", "Baalzebul", o "senhor da casa" (casa dos demónios). Dessa forma, o nome desse príncipe passou a ser usado para identificar satanás. Belzebu é responsável pela disseminação de pragas, doenças, enfermidades e moscas. Não é por acaso que nas regiões em que exerce influência (Oriente, China, índia e Mongólia) as condições de saúde e de higiene da população são precárias. Seu principal subalterno é Nosferatus, que opera tragando as energias, a saúde, o ânimo e o bem-estar das pessoas. Bélfegor e Behemoth são outros demónios que operam sob o comando de Belzebu. ASTAROTH é o quarto príncipe de Lúcifer. Está associado ao elemento Terra. Opera disseminando engano, confusão e mentiras. Demónio ligado à era mística, dos cristais, dos duendes, das pirâmides e tudo quanto é proposto pelo movimento da Nova Era. O elemento Terra diz respeito ao mundo material. Astaroth está ligado à cobiça e ao domínio das riquezas materiais. "Astarote" ou "Astaroth" são outras formas do nome desse demónio, que exerce influência sobre os governos humanos levando-os a tomar decisões e aprovar leis que contrariam os princípios da Palavra de Deus. E representado pela figura de um anjo nu, coroado, montado num dragão, com uma serpente na mão esquerda. E o patrono dos banqueiros e dos homens de negócios. Representa a ganância e a propriedade material. É responsável por despertar paixão pelo jogo a dinheiro. Astarote é citado na Bíblia como "abominação dos sidônios": "O rei profanou também os altos que estavam defronte de Jerusalém, à mão direita do monte da Destruição, os quais edificara Salomão, rei de Israel, para Astarote, abominação dos sidônios, e para Quemos, abominação dos moabitas, e para Milcom, abominação dos filhos deAmom" (2Rs 23:13). Como se pode ver, satanás usa seus poderes para manipular os elementos da natureza. Ora aquece ou agita as entranhas da terra, provocando erupções vulcânicas e terremotos; ora agita os ventos, provocando tempestades, tornados e furacões; outras vezes agita as águas, provocando maremotos e tsunamis; provocando incêndios; disseminando pragas, doenças e pestilências; provocando chuvas ou impedindo-as de cair. Muitas ocorrências climáticas interpretadas como fenómenos da natureza são, na verdade, obra dos poderes das trevas invocados em rituais de bruxaria e satanismo. Alterações climáticas são um recurso geralmente usado por grandes empreendedores do meio rural e urbano, promotores de eventos de grande vulto, nações em guerra e governos em geral, para evitar grandes perdas. Tais práticas são mais comuns do que se imagina, inclusive no Brasil.

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Para se ter uma ideia, algumas administrações do Estado e do Município do Rio de Janeiro, várias vezes valeram-se dos serviços de uma fundação espírita especializada em "alterações climáticas", para impedir a chuva de cair sobre a capital fluminense nos dias de réveillon e de carnaval. Tais eventos são responsáveis por atrair milhares ou milhões de turistas vindos de todas as partes do mundo. A referida fundação é presidida por uma médium, que invoca os poderes de uma entidade denominada de Cacique Cobra Coral, para provocar chuvas ou impedi-las de cair numa determinada região, diminuir a intensidade de furacões e tempestades, entre outras alterações climáticas. Segundo informações veiculadas no site dessa fundação (www.fccc.org. br), quando a médium que a preside nasceu, seus pais receberam uma mensagem do espírito do Padre Cícero informando que ela receberia poderes sobrenaturais para se comunicar com um poderoso espírito capaz de alterar fenómenos naturais. Vale lembrar que o nordeste brasileiro, onde o Padre Cícero viveu e é fortemente cultuado, é a região do Brasil que mais sofre com a falta de chuvas. A contratação da Fundação Cacique Cobra Coral pelos governos do Estado e do município do Rio de Janeiro foi amplamente divulgada pelos órgãos de imprensa. Veja a reprodução de algumas notas: Globo. Com - G l o Portal de notícias da Globo Rio de Janeiro, 28 de Dezembro de 2010

Réveillon Rio - Virada do ano Prefeitura apela aos espíritos para evitar chuva no réveillon do Rio. No que depender das forças do além, a chuva não vai atrapalhar a queima de fogos no réveillon da praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. A médium Adelaide Scritori, presidente da Fundação Cacique Cobra Coral, promete recorrer aos espíritos para garantir o tempo bom na noite do dia 31. Segundo a assessoria de imprensa da fundação, mesmo com o contrato suspenso com a Prefeitura do Rio, o prefeito Eduardo Paes pediu à médium que ela montasse um "quartel general" na Avenida Atlântica, para concentrar os trabalhos e as orações para São Pedro. A entidade afirma que o espírito do Cacique Cobra Coral já teria sido de Galileu Galilei e Abraham Lincoln. A Fundação explicou que o contrato com a Prefeitura do Rio foi suspenso no final de outubro, quando a Secretaria Municipal de Obras e a Geo-Rio deveriam enviar relatórios com as obras realizadas e planejadas para conter os problemas climáticos, como chuvas e enchentes.

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O Dia

Rio de Janeiro, 07 de Abril de 2010 Coluna Informe do Dia c/ Fernando Molica Alerta Rio procurou a médium do clima, mas ela diz que foi tarde demais... Rio - A Fundação Cacique Cobra Coral — que se diz capaz de impedir tempestades — reclama de só ter sido acionada pela prefeitura às 23h51 de anteontem, quando o Rio já estava inundado. A médium Adelaide Scritori estava na Venezuela e lamentou o descaso.

O Globo Rio de Janeiro, 16 de Fevereiro de 2010 Carnaval Rio 2010 c/ Luiz Ernesto Magalhães Brisa suave Depois da onda de calor que atingiu o Rio nas últimas semanas, a primeira noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí ocorreu sob os efeitos de uma brisa suave que reduziu a sensação térmica. Coincidência ou não, a médium Adelaide Scritori, que diz incorporar o espírito do Cacique Cobra Coral, capaz de controlar o tempo, estava na Sapucaí, no camarote conjunto do governo do Estado e da prefeitura do Rio. A médium mantém contratos não remunerados tanto com a prefeitura quanto com o Estado. O Globo Rio de Janeiro, 16 de Março de 2011 País c/ Luiz Ernesto Magalhães FCCC vai monitorar o clima na visita de Obama PREFEITURA JÁ USARÁ SALA DE CRISE DURANTE VISITA Centro de Operações fará monitoramento. Município recorreu ao Cacique Cobra Coral. O CENTRO de Operações da prefeitura do Rio: apoio ao Serviço Secreto. A prefeitura vai inaugurar a sala de crise de seu Centro de Operações na Cidade Nova durante a visita do presidente Barack Obama. Representantes do alto escalão do município ficarão de plantão em uma sala dotada de um sistema de telepresença ligado à Gávea Pequena, residência oficial do prefeito, e ao Palácio Guanabara. O objetivo é agilizar a tomada de decisões de imprevistos que forem identificados pelos técnicos no Centro de

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Operações, e que exijam, por exemplo, reforçar o controle de trânsito pela Guarda Municipal. A prefeitura também colaborou com o Serviço Secreto americano, responsável por planejar a visita de Obama. — Eles solicitaram informações cartográficas, de trânsito e meteorológicas, que nós repassamos — disse o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório. Cobra Coral monitora o clima: A visita de Obama contará até com ajuda espiritual gratuita. Convidada pela prefeitura e pelo governo do Estado, a médium Adelaide Scritori, que afirma incorporar o espírito do Cacique Cobra Coral (que diz ter o poder de controlar o clima), chega hoje ao Rio. Segundo seu assessor, Osmar Santos, Adelaide cancelou uma viagem a Istambul (Turquia), onde celebraria o aniversário do escritor Paulo Coelho, para ajudar na visita. — Não podemos garantir que o sol vai brilhar. Mas não choverá no evento — disse Osmar. NF: Como nas visitas do presidente George W.Bush e do Papa João Paulo II a São Paulo, a operação acima servirá para a FCCC, através dessa operação, reduzir os efeitos dos fenómenos climáticos que atingem todo o país.

A Prefeitura de São Paulo, a maior metrópole do Brasil e uma das maiores do mundo, também já recorreu aos serviços da FCCC para resolver problemas climáticos, conforme a seguinte nota veiculada na imprensa. Jornal do Brasil Rio de Janeiro, 29 de Janeiro de 2010 Coluna Informe JB c/ Leando Mazzini Kassab apela à reza contra a chuva Kassab não aguenta mais ver água. Um emissário do prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, procurou a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC) - conhecida por usar médiuns para controlar o tempo — a fim de retomar convénio desfeito em setembro. Uma curiosidade: a fundação informou que Kassab deveria nomear alguém para a Secretaria de Administrações Regionais e sugeriu lista tríplice, com Walter Feldman, Ricardo Teixeira (o vereador) ou Andrea Matarazzo. Segundo a FCCC, é porque o prefeito teria prometido obras pelo órgão e não as fez, para ajudar no combate às enchentes. Ou seja, obviamente só reza não basta. A FCCC é famosa por ter contratos desse tipo (evitar chuvas) com a prefeitura do Rio e o Ministério de Minas e Energia.

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Como se pode ver, o diabo usa seus poderes para interferir na natureza e provocar alterações climáticas, como fazer chover ou impedir as chuvas de caírem, a fim de impressionar e tentar convencer os que não conhecem a Verdade a acreditar que ele é Deus. O que as autoridades do Rio de Janeiro, que pactuam com entidades ligadas ao reino das trevas, não conseguem enxergar é que, satanás se esbalda com a Sodoma e Gomorra em que o Rio de Janeiro se transforma principalmente em época de carnaval. No réveillon, a Praia de Copacabana mais parece um imenso terreiro de macumba a beira-mar, onde um manancial de oferendas é preparado e oferecido a lemanjá, a "deusa dos mares". De superstição a mandingas e despachos de macumba, tudo é oferecido às divindades nas noites de réveillon. O carnaval, ou "festa da carne", é um verdadeiro culto a Satã. Nos dias de folia, o Rio de Janeiro se transforma na Sodoma e Gomorra dos dias atuais. Os governantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, que contratam serviços dessa natureza, não conseguem perceber que, ao pactuarem com as trevas, conferem a satanás o direito legal de trazer assolação sobre as regiões que governam. Como pode ser comprovado pelo rastro de destruição deixado pelas tempestades que praticamente todos os anos atingem essas duas metrópoles e regiões circunvizinhas. Bairros, ou cidades inteiras, são soterrados ou arrastados, matando milhares de pessoas. A contratação dos serviços da Fundação Cacique Cobra Coral não é exclusividade dos governos do Rio de Janeiro e de São Paulo. De acordo com informações veiculadas na mídia, o Senado Federal, o Ministério das Minas e Energia e o próprio Governo Federal, também já recorreram a tal entidade a fim de solucionar problemas. O que pode ser comprovado por algumas notas veiculadas na mídia: Globo. Com - Gl o Portal de notícias da Globo Brasília DF, 25 de Novembro de 2009 Direto da Redação/ G l em Brasília c/ Eduardo Bresciani Senado Volta atrás e Cancela Convite a FCCC para explicar apagão Alertado em 2008 pela FCCC Comissão cancela convite à entidade esotérica para explicar apagáo. Pedido de inclusão foi feito pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio. Os últimos que serão ouvidos são os ministros Dilma e Lobão.

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Revista Istoé Dinheiro Sáo Paulo, 17 de Novembro de 2009 Coluna Moeda Forte Edição 537 de 16.01.2008 A cobra vai fumar... A Fundação Cacique Cobra Coral, especializada em previsões climáticas, enviou um relatório ultrassecreto ao Ministério de Minas e Energia. O texto, de responsabilidade da médium Adelaide Scritori, informa que o risco de apagão em 2009 é real, em função da negligência do governo federal nos últimos anos. Revista Istoé Dinheiro São Paulo, 06 de Junho de 2009 Coluna Poder Voo Cego Os governos do Brasil e da França estão tendo apoio da Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC), entidade esotérico-científica especializada em alterações climáticas, que faz convénios com governos sem custo, na localização e resgate das vítimas e da aeronave da Air France. A entidade vai atuar para melhorar e estabilizar as condições meteorológicas na região do acidente. As "façanhas" da médium que comanda a FCCC não param por aí, como mostram as seguintes notas publicadas na mídia: Jornal do Comércio Rio de Janeiro, 27 de Abril de 2010 Coluna Márcia Peltier c/ Márcia Bahia Adelaide Scritori, da Fundação Cacique Cobra Coral, está regressando da Europa, aonde foi chamada pela Comunidade Económica Europeia para dar ajuda astral e diminuir a fúria do vulcão da Islândia. Ela deixou o alerta por lá de que não só o vulcão islandês voltará à carga, mas que outro igualmente potente irá tirar o sono daquele continente, em breve. A médium acredita que vários países têm elevado o número de testes nucleares subterrâneos, fato que vem acelerando a movimentação das placas tectônicas e ocasionando terremotos e vulcões em todo o planeta.

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O Globo Jerusalém - Israel, 05 de Setembro de 2011 Coluna Gente Boa 2/0 Caderno Cacique em Israel Chega hoje a Israel, para o show de Roberto Carlos, a médium Adelaide Scritori, da Fundação Cobra Coral, que teria poderes sobre os humores do clima. O deserto de Jerusalém está seco, mas nunca se sabe. Em 2009, o show de RC no Maracaná, sem Cobra Coral, foi embaixo de dilúvio. Aliás, e a propósito, dizem que em 1991, na Guerra do Golfo, Cobra Coral foi contratada pelo governo israelense para fazer chover e, interferindo no vento, mudar a direção da areia do deserto e desestabilizar os mísseis adversários. Jornal do Commercio Rio de Janeiro, 29 de Abril de 2011 Coluna Mareia Peltier c/ Mareia Bahia O sol como presente Um dos melhores presentes do casal real poderá ser dado por uma brasileira. E que, desde esta quinta, a médium Adelaide Scritori se encontra em Londres, para tentar evitar a chuva prevista pelos meteorologistas para esta sexta-feira. A Fundação Cacique Cobra Coral é velha conhecida do gabinete dos prímeiros-ministros ingleses. Desde 1987, com Margareth Thatcher, os seus serviços climáticos têm sido requisitados. A família real, a bem da verdade, não se envolve nesse tipo de assunto. NF: A operação Casamento Real foi apenas um Detalhe, que serviu de poio para uma Outra Mega Operação climática desenvolvida pela FCCC a partir de 25.04.11 no Rio de Janeiro, dado continuidade na Europa e que teve como objetivo maior uma Equilibrada no Clima de todo o Planeta...

Voltemos ao terna idolatria espiritual. Algumas passagens da Bíblia mostram claramente que o culto aos santos e anjos é uma prática proibida por Deus. No livro de Colossenses, lemos: "Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal" (Cl 2:18).

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O apóstolo João, autor do Apocalipse, foi visitado por anjos, que Deus usou para lhe trazer revelações (Ap 19:9). Na primeira passagem, João conta que ficou impactado com a presença do anjo e arrojou-se aos seus pés a fim de adorá-lo: "Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia" (Ap 19:10). Ao se declarar conservo de João, o anjo estava afirmando que é um servo de Deus tanto quanto ele, e, como tal, não deve ser adorado. — "Adora a Deus." — Disse o anjo, deixando claro que somente Deus deve ser adorado. Em outra passagem o apóstolo João torna a ser visitado por um anjo. Em visões de Deus, o anjo mostrou-lhe a esposa do Cordeiro, a Jerusalém celestial (Ap 21:9-27; 22:1-7). Tendo recebido a mensagem apocalíptica e contemplado a visão, João outra vez quis adorar o anjo, conforme ele mesmo relatou: "Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus" (Ap. 22:8,9). Perceba que nenhum dos dois anjos que apareceram a João permitiu ser adorado, esclarecendo que eram seus conserves e dos profetas. Ou seja, eram servos de Deus como o próprio João e os profetas. Estes, como todos os santos, foram pessoas que serviram a Deus enquanto viveram na terra, tendo partido para a morada eterna, de onde não podem sair, até que Jesus volte. Como atesta a seguinte passagem: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre parar tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hb 9:27,28). Na parábola do rico e o mendigo, chamado Lázaro (Lc 16:19-31), Jesus deixou claro que aos santos não é permitido sair do lugar que lhes foi reservado

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por Deus, para retornarem à terra a fim de se comunicarem com os que aqui ainda vivem ou prestarem ajuda a quem quer que seja. \ Analisemos atentamente essa parábola: "Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abrão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, â fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os monos. O Senhor Jesus deixou claro nessa parábola que, quem é condenado ao inferno, não pode, absolutamente, ter seu tormento aplacado, ou sair de lá, para se juntar a quem está na glória de Deus (vs 22-24). Aquele que priorizar as riquezas deste mundo, não cuidando de buscar sua salvação, receberá aqui mesmo a sua recompensa e, quando morrer, viverá para sempre os tormentos do inferno (vs 25). Ao afirmar que um grande abismo faz separação entre os que estão no céu e os que estão no inferno (vs 26), Jesus desmente a diabólica doutrina da reencarnação, segundo a qual, quando a pessoa morre, seu espírito continua assumindo outros corpos, até atingir a perfeição. Ora, quando um dos malfeitores que foram crucificados com Cristo confessou seus pecados, momentos antes de morrer, pedindo para ser salvo, Jesus não exigiu que ele passasse por nenhum processo de purificação. Seu arrependimento e confissão foram o bastante. Disse-lhe Jesus: 158


"Em verdade te digo que boje estarás comigo no paraíso" (Lc 23:43). Dessa forma, o Senhor Jesus desmentiu claramente a existência do suposto lugar chamado "purgatório", onde muitos acreditam que as almas dos que morrem em pecado são purificadas. Ao falar sobre a impossibilidade de Lázaro deixar o céu para advertir aos parentes do rico sobre os perigos da condenação eterna, Jesus deixou claro que, após a morte, ninguém pode manter qualquer contato com quem ainda vive na terra. Nem mesmo os que forem para a glória eterna, ou seja, os santos (vs 27,28), como está escrito na seguinte passagem do Novo Testamento: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hb 9:27,28). Jesus demonstrou nesses versículos, que alguém que deixar de ser salvo por não crer na mensagem do evangelho, tão pouco se deixaria persuadir por um espírito vindo do além, ainda que isso fosse possível. O problema dessa pessoa, na verdade, é sua incredulidade (vs 29-31). O Senhor Jesus ensinou que a salvação do homem é condicionada à sua fé:

"Quem crer efor batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado " (Mc 16:16). Através dessa parábola, Jesus Cristo deixou claras as questões primordiais sobre o espiritismo e a idolatria: Primeira: Uma vez que Deus não permite aos santos — que são pessoas que serviram fielmente a Deus enquanto viveram na terra e foram para a Sua glória — voltarem a este mundo para atender às necessidades de quem quer que seja, quem são, na verdade, e de onde vêm, os espíritos que respondem às invocações, orações, votos e petições que as pessoas dirigem a eles (os santos)? Segunda: Quem são as entidades que realizam os supostos milagres e sinais atribuídos aos santos?

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Terceira: Quem são, de fato, os espíritos que os médiuns incorporam, afirmando serem de médicos que já morreram, para realizar "cirurgias espirituais"? Quarta: De quem são os espíritos que os médiuns incorporam para psicografar ou transcrever mensagens de pessoas que já morreram, aos seus parentes e amigos vivos? A Palavra de Deus não deixa qualquer dúvida que todos eles são espíritos demoníacos. A reencarnação, assim como o ocultismo, o espiritismo e a idolatria são doutrinas de demónios. A Bíblia nos adverte sobre tais doutrinas: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demónios"

Apesar de toda a clareza com que a Palavra de Deus trata sobre a idoltaria, seguimentos religiosos considerados cristãos, insistem em ensinar os infiéis a invocarem e a cultuarem santos e anjos e a se curvarem perante suas imagens. Vejamos o que disse o apóstolo Paulo sobre isso: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema"'(Gl 1:8,9). "Anátema" é uma palavra grega, que, no original, é anathema. Significa que alguém está sob maldição e ira divinas, condenado à destruição e à condenação eterna. Esse termo retrata a "ira" de Deus para com todo aquele que distorce o evangelho original de Cristo, mudando a verdade do testemunho apostólico. É numeroso o contingente de pessoas que se dizem cristãs, mas insistem em cultuar deuses estranhos. Veja o que diz a Bíblia a esse respeito: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar a outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. . . " (Lc 16:13).

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A comunhão entre a luz e as trevas é tão inconcebível aos olhos de Deus quanto a harmonia entre Cristo e o Maligno (2 Co 6:14-18). Segundo a Palavra de Deus, só existe um mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo. "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos" (iTm 2:5,6). Muitos idólatras afirmam que não veneram os santos e que recorrem a eles "apenas" para que intercedam por suas causas. Ora, nenhum outro, além de Cristo Jesus, morreu na cruz e foi condenado ao inferno pelos nossos pecados. Ele é o nosso único advogado no céu, como afirmam as escrituras: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (\]o 2:1). Apesar de toda a comprovação bíblica a esse respeito, setores considerados cristãos teimam em ensinar aos fiéis a buscarem aos santos como mediadores de suas causas e como intercessores. O próprio Senhor Jesus deixou bem claro que Ele é o único caminho que leva a Deus. "Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (To 14:5,6, grifo do autor). Em toda a Bíblia, não existe uma passagem sequer em que Deus, os profetas, os patriarcas, os apóstolos, o_Senhor Jesus, ou seus pais, ensinam-nos a invocar, adorar, buscar favores ou a salvação através de outra pessoa que não seja Jesus Cristo de Nazaré. A Palavra de Deus não ensina, em parte alguma, que devemos adorar santos e anjos, ou qualquer entidade espiritual, ou que a função de tais entidades seja realizar milagres e sinais ou interceder pelas pessoas. Certa feita, Pedro e João foram levados perante o Sinédrio para explicar em nome de quem haviam curado um coxo de nascença. Cheio do Espírito Santo, Pedro afirmou que o milagre fora realizado em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, e acrescentou:

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"E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvo" (At 4:12). Quando se manifestam nas pessoas, os demónios da idolatria e do engano religioso geralmente identificam-se pelo nome dos santos e anjos que as pessoas que possuem invocam e cultuam. Zombam delas e não escondem que vieram porque foram chamados por meio da idolatria. — "É um idiota. Não sabe quem somos." — Dizem. Além da perda da sensibilidade para com as coisas de Deus, a idolatria caracteriza-se por outros sintomas. O idólatra perde o sentido pela vida tornando-se uma pessoa extremamente frustrada e vazia; uma pessoa morta espiritualmente, já que não tem comunhão com o Espírito Santo. Alguém que se apega às pessoas e às coisas deste mundo a fim de preencher o vazio que traz dentro de si. Os idólatras, geralmente, são pessoas fascinadas por celebridades. Muitas vezes buscam satisfação nos vícios, na dança, nos esportes e jogos. Tais pessoas vivem atormentadas pelo medo de morrer ou de perder tudo o que ganharam. Separação, prostituição, infidelidade conjugal, abortos, vícios, enfermidades, pobreza e problemas espirituais são sintomas que caracterizam a idolatria. Uma pessoa idólatra, geralmente, reflete as características dos ídolos que cultua. Quem é devoto de lemanjá, por exemplo, tem problemas de infidelidade, prostituição e separação, uma vez que lemanjá é um demónio de prostituição, uma Pombajira. Pessoas que recorrem aos chamados santos "casamenteiros" para se casarem, geralmente, acabam solteiras, se divorciam quando casam ou tornam-se mães ou pais solteiros. Os devotos da "santa Luzia", a padroeira da visão, vivem lutando contra doenças nos olhos, sem jamais obter cura ou melhora. Quem recorre a "são Judas Tadeu" em busca de solução para causas impossíveis, acaba enfrentando problemas ainda mais graves, tornando-se escravo do demónio que atende pelo nome desse "santo". O mesmo acontece com quem invoca "santo Expedito", o "santo das causas urgentes". Quando recebem o que foi pedido acabam enfrentando problemas muito mais graves depois. O diabo cobra um preço muito alto por aquilo que oferece. Não devemos nos esquecer de que ele veio somente para matar, roubar e destruir. A Palavra de Deus ensina que só podemos receber algo que do céu nos for dado.

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"Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada" (]o 3:27). Aquele que é ou foi idólatra precisa confessar e pedir perdão a Deus por essa abominação e romper toda aliança com os demónios da idolatria. Caso contrário, viverá sob influência de demónios e sofrendo todo tipo de influência e perseguição maligna.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 9

Doenças, Enfermidades, Problemas Emocionais e Problemas Espirituais

O afastamento de Deus, o envolvimento com elementos pertencentes ao reino das trevas, bem como outros pecados, não são os únicos fatores que o diabo explora para se instalar na vida das pessoas. Ele usa também as brechas espirituais, abertas através das feridas emocionais, para atingir seu objetivo. Rejeição, angústia, tristeza, amargura, depressão e ansiedade são algumas dessas brechas. Sentimentos negativos como mágoa, ressentimento, ódio e vingança são portas que o inimigo usa para lançar enfermidades nas pessoas. Os problemas emocionais são a causa de muitos distúrbios e enfermidades que a medicina não consegue diagnosticar nem tratar. Algumas enfermidades são amparadas por problemas emocionais crónicos como os que mencionamos acima. A libertação e cura das pessoas que vivem curtindo sentimentos dessa natureza dependem de arrependimento, confissão (Tg 5:16) e da liberação do perdão (Mt 18:34,35). A falta de perdão dá ao inimigo o direito legal de amaldiçoar as pessoas tanto espiritual, como fisicamente. Quando a pessoa entende o valor que Deus dá ao perdão e decide perdoar, o inimigo perde a força e tem que sair levando consigo todos os seus males.

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Uma pessoa com problemas emocionais perde a força interior, tornando-se indefesa. Nesse estado ela pode ser facilmente possuída por espíritos demoníacos. É por esta razão que muitas pessoas com problemas emocionais caem e manifestam demónios quando se ora para que sejam libertas. Isso não quer dizer, absolutamente, que toda pessoa com problema emocional está endemonhinhada. Primordialmente, o medo, a baixa autoestima, a solidão, a timidez, a insegurança, a ansiedade, os vícios, a tristeza, a depressão, a rejeição e alguns problemas sexuais são problemas de natureza emocional. Porém, se não forem tratados precocemente podem resultar em graves problemas espirituais, podendo repercutir no organismo das pessoas. Uma pessoa com problemas puramente emocionais necessita de aconselhamento, orientação psicológica e, claro, oração. Os medicamentos nesses casos funcionam, apenas, paliativamente. Nossa sugestão é que todo suporte clínico seja buscado junto a profissionais cristãos. De preferência, os que tenham sido batizados no Espírito Santo. O diagnóstico precoce dos problemas emocionais permite que sejam tratados antes que criem raízes e sirvam como alimento e porta de entrada para espíritos demoníacos. Infelizmente, a maioria das pessoas não costuma buscar ajuda na fase inicial dos problemas emocionais, permitindo que os mesmos se agravem. O diabo, nosso atento inimigo, aproveita a ocasião para enfraquecer e possuir tais pessoas. Comparo uma pessoa nesse estado ao búfalo no auge da seca, quando já não há o que comer. Sem forças, ele tomba indefeso ficando à mercê de seus predadores. Felizmente, em nosso caso, a história não precisa terminar assim. Muitas pessoas que lidam com libertação costumam tratar problemas emocionais como se fossem espirituais. Problemas espirituais devem ser tratados em nível espiritual, da mesma forma como os problemas emocionais devem ser tratados de acordo com sua natureza. Isso não quer dizer que não devamos orar pela cura emocional das pessoas. Todos nós precisamos ser libertos, curados e fortalecidos, tanto física como emocional e espiritualmente. O que não é correto é tentar solucionar problemas completamente distintos aplicando a mesma fórmula. Seria o mesmo que querer tratar um portador de câncer e outro de AIDS, usando a medicação indicada apenas para uma dessas doenças. O ministério de libertação trata, primordialmente, dos problemas espirituais que se manifestam psíquica, emocional e fisicamente. Por isso, é preciso 166


saber distinguir o que é doença, enfermidade, problema emocional e problema espiritual, para que cada um seja tratado de acordo com sua natureza. Nos casos em que os problemas são sustentados por fatores espirituais, técnicas de aconselhamento, tratamento psicológico, psiquiátrico ou a desintoxicação química do organismo não resolve. Esta é a causa de muitas pessoas passarem anos nos consultórios de psicologia e psiquiatria, mas não serem libertas. É como orar pela libertação espiritual de uma pessoa com problemas puramente emocionais achando que isso resolverá o problema. A Psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais em busca de solução para os problemas emocionais das pessoas, sem levar em conta dois importantes fatores: o poder destrutivo do pecado e o poder que o sangue de Jesus tem de revogar o direito que o pecado dá ao inimigo para que ele amaldiçoe as pessoas. A meu ver, o insucesso da Psicologia e da Psiquiatria (especialidade da medicina que trata das doenças mentais como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de ansiedade etc.) deve-se ao fato de essas ciências ignorarem as implicações espirituais que envolvem tais enfermidades. A medicina é, inegavelmente, um instrumento científico que Deus usa para abençoar o ser humano desde a antiguidade. Porém, as leis ou princípios que regem o mundo espiritual, não podem, jamais, ser substituídas pelo conhecimento científico. Opressão e possessão, também, são problemas distintos que, muitas vezes, são tratados como se fossem a mesma coisa. A opressão é uma influência maligna que os demónios exercem sobre o ser humano a fim de desestabilizá-lo emocionalmente e possuí-lo. É um problema caracterizado por sintomas como: medo excessivo, tormento e depressão (IJo 4:18); ira, ódio e violência (Ef 4:26,27); desequilíbrio emocional (lSm 16:23). Na opressão, o inimigo age na órbita das pessoas, exercendo pressão sobre elas, mas, em princípio, não as possui. Na possessão, espíritos demoníacos se apoderam das pessoas possuindo-as completamente (Mc 5:1-7). Demónios tanto possuem seres humanos como animais (Gn 3:1; Mt 8: 31,32). A possessão é caracterizada por sintomas como: insónia, medo excessivo, vícios, ira ou nervosismo incontrolável, desejo de suicídio, visão de vultos, audição de vozes, força descomunal, resistência à Palavra de Deus, dificuldade de permanecer nos cultos, bocejos excessivos, enfermidades, manifestações de falsos dons como: mediunidade, clarividência e paranormalidade; peso ou forte pressão sobre os ombros e forte depressão, entre outros. A solução para a possessão é a libertação espiritual. Já a cura da opressão está ligada ao fortalecimento interior das pessoas. Para tanto, devemos buscar

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comunhão com Deus por meio da oração, do jejum e do estudo da Palavra. Dessa forma, as fraquezas que servem como alimento e porta de entrada para o diabo na vida das pessoas são eliminadas. Alguns problemas emocionais são sustentados por fatores de natureza espiritual. É o caso da rejeição, uma brecha espiritual aberta, principalmente, pelos pais, que dá ao inimigo o direito legal de escravizar emocionalmente os filhos. Quando a maldição da rejeição é quebrada, os problemas emocionais persistem, até que sejam tratados de forma específica. Certa vez, o Senhor chamou minha atenção para a situação de uma jovem com problemas emocionais decorrentes da rejeição. Eu havia orado por sua libertação e tinha plena convicção de que a maldição da rejeição havia sido quebrada. Um dia, o Senhor mostrou-me que ela enfrentava sérios problemas em seu casamento. — "Ela é insegura. Tem muito ciúme do marido. É consequência da rejeição. Estão em crise. Se continuar, o casamento não resistirá." — disse-me o Espírito Santo. Imaginei que tivesse cometido algum equívoco em relação ao processo de libertação dela. — Mas Senhor. Já orei pela quebra dessa maldição. — ponderei. — "Não há mais rejeição. O problema está apenas nos sentimentos dela. Precisa ser restaurada nessa área." — direcionou-me o Senhor. O amor é a principal necessidade do ser humano. O amor nos faz sentir aceitos, seguros e confiantes. A aceitação gera compreensão, e a compreensão gera bem-estar. A rejeição é a negação de tudo isso. Uma pessoa rejeitada tem seu mundo interior desestruturado e sua personalidade fragmentada, tornando-se incapaz de amar e receber amor. Atendemos uma mulher fortemente rejeitada pelo pai. Ao se olhar no espelho, ela não se identificava com sua própria imagem. Tinha a sensação de estar diante de uma pessoa estranha. Não conseguia reconhecer a si própria. Muitas vezes perguntava a si mesma: "Quem sou eu?". Sentia-se totalmente incerta quanto ao amor e a afeição das pessoas e não conseguia aceitar-se a si mesma. Tudo mudou quando ela foi liberta. Os principais sintomas da rejeição são: insegurança, medo, timidez e ciúme excessivos, inveja, desconfiança, incerteza quanto à afeição das pessoas, cobrança, dominação, revolta, rebeldia, agressividade, vingança, possessividade, autocomiseração, autoimagem negativa, solidão, busca incessante por algo que preencha o vazio interior, dificuldade de crescer espiritualmente e imatu168


ridade emocional, dificuldade de autoaceitaçáo, autodepreciaçáo_etc. É importante ressaltar que, se não for liberta, uma pessoa rejeitada acabará rejeitando a si própria e aos outros também, principalmente seus filhos. Pessoas com problemas emocionais, principalmente os decorrentes da rejeição, são extremamente carentes de afeto e atenção. Devemos permitir que o Espírito Santo nos use com paciência e amor ao aconselhá-las. A oração é algo que lhes faz muito bem. Porém, o mais importante é que sejam ensinadas a relacionar-se intimamente com Deus. Quando uma pessoa rejeitada tem um verdadeiro encontro com Deus, nosso verdadeiro pai, e experimenta seu amor, não há rejeição que prevaleça. "Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti" (Is 49:15). A Bíblia relata o extraordinário testemunho de uma mulher que padecia de sérios problemas emocionais, mas foi totalmente liberta ao buscar comunhão íntima com Deus. Trata-se de Ana, mãe do profeta Samuel, uma das esposas de Elcana (lSm 1:1-20). Ela apresentava um quadro emocional muito grave. Antes de prosseguir, sugiro a leitura do primeiro capítulo de l Samuel. Analisemos, com atenção, os desdobramentos dessa emblemática história: Ana vivia a humilhação de não poder dar filhos ao seu marido, numa cultura em que a mulher estéril não tinha valor algum (vs. 5); era constantemente provocada por sua rival, por isso andava sempre irritada (vs. 6) e de coração triste. Sua vida era só chorar, por isso não comia (vs. 6-8). Era uma mulher amargurada de alma (vs.10), atribulada de espírito (vs. 15) e excessivamente ansiosa e aflita (vs. 16). Perceba quão pesada carga de problemas emocionais Ana carregava. Seu estado era de permanente humilhação, amargura, irritação, ansiedade, aflição e tribulação. Era, portanto, uma pessoa profundamente oprimida e atribulada. Quando decidiu tomar uma posição, seu quadro já avançava perigosamente para um nível que exigiria muito mais que aconselhamento ou tratamento psicológico. Vejamos, passo a passo, como Ana alcançou sua libertação. Creio que cada ponto será de grande valia para os que enfrentam problemas dessa natureza. Ela contava com o apoio de seu marido. Este é um ponto importante a ser observado. Uma pessoa com problemas emocionais deve buscar o apoio

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das pessoas mais próximas, evitando, ao máximo, o isolamento. Esta é uma arma que o inimigo usa para fragilizar e deprimir as pessoas. Ana necessitava de muito mais e sabia onde buscar: na Igreja (vs. 9). Este é um exemplo a ser seguido por quem deseja ser liberto. Muitos vivem clamando por libertação, mas se negam a entregar suas vidas a Jesus Cristo. Outros, ante a perspectiva de libertação, aceitam seguir por qualquer caminho. Para estas pessoas, tanto faz estar na igreja, numa sessão de descarrego, num despacho na encruzilhada ou num ritual de magia negra. Quando descobriu onde poderia ser verdadeiramente liberta, Ana resolveu tomar uma séria atitude em relação aos problemas que a atormentavam (vs. 10). Decidiu resisti-los firmemente ao invés de só chorar e se lamentar. Este é um importante ensinamento bíblico: "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e elefugirá de vós " (Tg. 4:7). Ana compreendeu que seria necessário tomar outras atitudes, a começar pela oração (vs. 10). Ninguém que deseja ser liberto pode alcançar esse objetivo sem orar ao Deus Todo-Poderoso, e Ana o fez com disciplina. Além de orar, ela chorou abundantemente (vs. 10), mas seu choro, dessa vez, não foi de tristeza ou amargura. Representava seu quebrantamento de coração. O Senhor resiste aos soberbos, mas não pode resistir ao clamor de quem se humilha perante Ele. Ana entendeu que, para ser liberta, precisava firmar uma séria aliança com Deus. E isso o que o voto representa (vs.l 1). Ninguém pode desfrutar das bênçãos de Deus sem se comprometer seriamente com Ele. O Senhor não tem compromisso com quem não é comprometido com Ele. Esta via precisa ter mão dupla. Ê o que a Bíblia nos ensina na seguinte passagem: "... tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos... "(Ml 3:7). Outro fator determinante no processo de libertação da esposa de Elcana foi o tempo que ela dedicou à oração (vs. 12). Não compartilho com os que defendem a "oração de qualidade" em detrimento da oração prolongada. Entre orar pouco com qualidade e orar muito, fico com a segunda opção. O Senhor Jesus usou uma parábola sobre o dever de orar sempre sem nunca esmorecer (Lc 18:1). A Palavra de Deus nos ensina como devemos orar:

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"Orai sem cessar " (l Ts 5:17). O Senhor Jesus também ensinou que, quem deseja ser liberto não deve viver remoendo angústias e aflições ou aconchegando sentimentos negativos. Não é possível alcançar a cura de nossas emoções sem derramar tudo o que aflige e adoece nossa alma no altar de Deus (vs. 15,16). O desejo de Jesus é retirar todo jugo que pesa sobre nós e substitui-lo por outro, leve e suave: "Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mt 11:29,30). Ao lançar seus problemas no altar do Senhor, Ana alcançou plena libertação e cura: "Então, lhe respondeu Eli: Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. E disse ela: Ache a tua serva mercê diante de ti. Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e seu semblante já não era triste" ( l Sm 1:17,18). Veja quão extraordinário foi o desfecho dessa história: "Elcana coabitou com Ana, sua mulher, e, lembrando-se dela o SENHOR, ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do SENHOR o pedi (l Sm 1:19b,20). Como vimos, o inimigo explorava os problemas emocionais de Ana para amarrá-la fisicamente e impedi-la de engravidar. Ao ser curada em suas emoções, essa legalidade foi quebrada, e a maldição da esterilidade foi eliminada. O Senhor a contemplou com um filho ao qual ela deu o nome de Samuel, que veio a ser um dos maiores profetas de toda a Bíblia. Toda honra e toda glória seja dada ao Senhor dos Exércitos!

Doenças, Enfermidades e Endemoninhamento A Bíblia Sagrada, em diversas passagens do Novo Testamento, mostra claramente que doenças, enfermidades e endemoninhamento são problemas distintos. ,7,


"E a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades, e tormentos: endemoninhados, lunáticos, e paralíticos. E ele os curou" (Mt 4:24). "Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades" (Mt 10:1). Estas passagens mostram que os discípulos de Jesus, especialmente Mateus e Lucas, sabiam perfeitamente que doenças são males de natureza física ou biológica, e que, enfermidades são causadas pelo endemoninhamento das pessoas. Sabemos que Lucas era médico. Doenças podem ser detectadas através de exames e outros procedimentos científicos. Quando diagnosticadas, as doenças podem ser tratadas e curadas por meio de remédios ou tratamento cirúrgico. Já as enfermidades, por seu caráter espiritual, não podem ser detectadas através de métodos científicos, nem tratadas por meio de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. Demonstramos isso em várias experiências relatadas neste livro, notadamente no capítulo intitulado "O Inferno de Karoline". Quando os demónios que sustentam uma enfermidade são expelidos, ela simplesmente desaparece. O endemoninhamento é provocado por espíritos de enfermidade que se manifestam em forma de agressão ao corpo físico do ser humano. Ou seja, um espírito demoníaco toma a forma de enfermidade e se aloja no corpo das pessoas. Há casos de enfermidades que deixam sequelas no físico das pessoas. Essas sequelas podem ser detectadas por exames após a expulsão dos demónios. Quero exemplificar isso através do testemunho de Nilcete. Essa moça contraiu várias enfermidades em consequência de seu profundo envolvimento com o espiritismo. Uma enfermidade, ou seja, um demónio estava alojado em seu ventre. Apesar das fortes dores que sentia, impedindo-a de praticar seu esporte preferido, os médicos não conseguiam diagnosticar a enfermidade, nem tratá-la. Um dia, após levar Nilcete a confessar e a romper vários pactos com as trevas, desligamos e expulsamos o demónio que sustentava aquela enfermidade. Voltamos a nos reunir na semana seguinte. Ela ainda se queixava de dores na mesma região. Um demónio se manifestou quando orei por ela. — Por que a enfermidade voltou ao ventre dela? Te proíbo de mentir, em nome de Jesus Cristo.

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"Não há mais enfermidade nela. Você a expulsou. Ficou só a ferida. Não é mais problema nosso. Ela precisa ir a um desses que vocês chamam de médico." — disse o demónio demonstrando que o probelma de Nilcete não era mais espiritual. Poderíamos relatar inúmeros casos de enfermidades ou doenças espirituais crónicas com as quais lidamos, como problemas na coluna, esquizofrenia, dependência química (álcool e drogas), doenças infectocontagiosas, enxaqueca, tumores cancerígenos, loucura, depressão aguda, doenças cardíacas, síndromes, distúrbios do sono, doenças respiratórias, epilepsia, alergias, doenças intrauterinas como miomas e cistos, esterilidade masculina e feminina, doenças congénitas e muitas outras. E importante ressaltar que Deus criou o homem sem doença alguma. As doenças surgiram como consequência do pecado, conforme podemos comprovar através de diversas passagens da Bíblia Sagrada: "O SENHOR te ferirá com a tísica, e a febre, e a inflamação, e com o calor ardente, e a secura, e com o crestamento, e a ferrugem; e isto te perseguira até que pereças [...] O SENHOR te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e com prurido de que não possas curar-te. O SENHOR te ferirá com loucura, com cegueira e com perturbação do espírito [...] O SENHOR te ferirá com úlceras malignas nos joelhos e nas pernas, das quais não te possas curar, desde a planta do pé até ao alto da cabeça [...] então, o SENHOR fará terríveis as tuas pragas e as pragas de tua descendência, grandes e duradouras pragas, e enfermidades graves e duradouras; fará voltar contra ti todas as moléstias do Egito, que temestes; e se apegarão a ti. Também o SENHOR fará vir sobre ti toda enfermidade e toda praga que não estão escritas no livro desta Lei, até que sejas destruído" (Dt 28:22,27,28,35,59-61).

O Domínio do Medo O medo é um dos instrumentos mais explorados pelo diabo para dominar e possuir o ser humano. Dez, dos doze homens enviados por Moisés para expiar a terra de Canaã, foram vencidos pelo medo. A estratégia do inimigo consistia em desviar a atenção deles das riquezas que aquela terra produzia para a estatura de seus habitantes. Quando regressaram de sua missão, aqueles fortes guerreiros estavam tão amedrontados que se comparavam a meros insetos perante os habitantes da terra prometida.

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E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: "A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes [...] e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos" (Nm 13:32,33). Os espias acabaram disseminando o medo entre o restante do povo. Já não se lembravam dos extraordinários feitos de Deus para libertá-los do cativeiro no Egito, como as pragas que fizeram o poderoso Faraó se curvar perante Moisés e a abertura do mar vermelho, cujas águas engoliram o numeroso exército egípcio. O medo levou aquela geração a perder o direito de entrar na terra que manava leite e mel e a perecer no deserto. Fato semelhante ocorreu após a morte de Josué. Uma época em que o povo hebreu viveu um ciclo de sete anos sob forte opressão dos midianitas, porquanto havia desprezado os mandamentos do Senhor. O capítulo seis do livro de Juizes mostra que aquele inimigo, violento e cruel, vinha contra os israelitas e destruía suas plantações, não deixando sustendo algum. Amedrontado, o povo hebreu se refugiava em covas, cavernas e fortificações. Diante de tamanha opressão, Deus enviou um anjo para levantar Gideão como libertador de seu povo. Porém, ele se acovardava: "Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o SENHOR é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o SENHOR subir do Egito? Porém, agora, o SENHOR nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas" (Jz 6:13). A Palavra de Deus diz que 'o medo produz tormento' (l Jo 4:18b). O problema de quem se deixa vencer pelo medo é não crer no poder de Deus e no fato que mais numeroso é Seu exército, que peleja por nós, do que o exército inimigo, que peleja contra nós. Os demónios do medo são os mesmos que lançam enfermidades emocionais como a síndrome do pânico, que é o medo potencializado. É grande o contingente de pessoas vivendo sob o jugo do medo. Desirée era uma delas. Quando se casou, ela ainda não era convertida. Normando, seu marido, era uma pessoa rude e violenta. Um homem desajustado emocionalmente em face dos muitos traumas que sofreu na infância. Tinha frequentes explosões de ira por motivos banais e se descontrolava com facilidade, amea-

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çando e até agredindo fisicamente sua esposa. Ela vivia como refém do medo e não conseguia se libertar. Normado saiu de casa quando seu primeiro filho tinha apenas seis anos. Nos seis anos em que esteve fora, ele voltou à antiga casa apenas uma vez, ocasião em que Desirée engravidou pela segunda vez. Ela não negava que se sentia aliviada na ausência do marido, mesmo tendo de educar os filhos sozinha. Estremecia só de pensar que um dia ele voltaria. — No fundo, meu desejo era que ele não mais voltasse. — admitia ela com sinceridade. O que Desirée temia acabou acontecendo. Ela se preparou para recebê-lo da melhor maneira, na esperança de que as coisas fossem diferentes. Tinha se tornado uma obreira ativa em sua igreja e cria, firmemente, na mudança do marido. Mas, para seu desgosto, Normando retornou trazendo os antigos problemas na bagagem. Em pouco tempo, voltou a agir como antes. Explosões de ira e ameaças viraram uma rotina. E o que era pior, tudo acontecia na presença das crianças. Ela fazia de tudo para agradá-lo no afã de evitar seu descontrole, mas nada adiantava. Amedrontadas, as crianças preferiam ver o pai longe de casa. Quando chegaram à igreja naquela noite, eu não tinha ideia da gravidade da situação em que estavam vivendo. Quando comecei a orar por Desirée, um demónio se manifestou. Inclinou a cabeça para um lado, enrijeceu o pescoço e começou a grunhir. — "Rrruunhhh... Rrruunhhh... Rrruunhhh..." Batia os punhos dela violentamente, um contra o outro. — Perca as forças em nome de Jesus Cristo. — ordenei. O demónio foi se curvando lentamente até cair de joelhos. Ela tinha o rosto transfigurado, a testa franzida, os dentes cerrados e expostos. Batia ruidosamente os dentes superiores contra os inferiores como se quisesse quebrá-los. — "Huaaaaaann... Huaaaaaann... Huaaaaaann..." O demónio uivava, gemia e escancarava a boca de Desirée até não poder mais. Esticava a língua para fora e a agitava, freneticamente, de um lado para outro. — Pare com isso agora mesmo. — determinei. — O que você quer? — inquiri. — "Matarrrr... vou matarrrr essa desgraçada. Odeio essa desgraçada... Odeiôôôôô." — Quem é você?

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— "Exu Caveira... Tentei matá-la esta semana. Entrei na cabeça dela. Fiz ela desmaiar no banheiro. Esse idiota arrombou a porta. Que óóóódio... Ela tinha que ter morrido, mas esse idiota foi se intrometer." — Colocaram qual doença nela? — "Epilepsia. Foi um ataque epilético... Ela pensa que é doença. Mas não é, somos nós na cabeça dela. Ahhhhhhhh... Me deixa matar essa desgraçada." — Desgraçado é você. Retire o que você disse, em nome de Jesus. — "Hááááá... Não retiro. Ela é desgraçada mesmo. — Senhor, em nome de Jesus, ordena aos teus anjos que queimem esse demónio. — "Áááááááhhhhhhh... Não... Para... Eu retiro. Ela não é desgraçada... Aaaaaiiii... E abençoada." O que aquele demónio quis dizer sobre o ataque epilético sofrido por Desireé foi que ela não era portadora dessa doença, eles a introduziram para tentar matá-la. Tanto que, após ser ministrada, a enfermidade desapareceu. — Por que têm ódio dela? — "Ela só quer saber desse grande de vocês (Deus), só quer orar, louvar, só pensa nisso. Mas não vamos deixar. Vamos acabar com ela." — Por onde estão entrando? — "Pela ira desse idiota. Ele fica irado e faz ameaça. Provocamos ira nele. Ela tem muito medo dele... Fica fragilizada. Entramos por essa brecha." — Quem entra com você? — "O Exu do medo. Vou matá-la... To avisando, ela vai morrer... Minhammm... Minhammm..." — Ele fica irado por quê? — "Com tudo. E um fraco... Ela morre de medo dele." Enquanto falava, o demónio destilava ódio contra Normando. — "Ele vai perder o controle de novo. Vai enforcá-la... Depois não vai aguentar... É um fraco... Vai dar um tiro na cabeça... Os filhos vão ficar revoltados... Vão pró mundão... Vão entrar nas drogas... Virar bandido... É o nosso plano." Ao ouvir aquilo Normando tentou retrucar. — Eu não vou fazer isso. Eu e minha esposa vamos viver bem. O demónio deu uma risada sarcástica. — Quem entrou na vida dele? — inquiri. — "Exu da Morte. Tentamos matá-lo uma vez. Usamos um dos nossos pra esfaqueá-lo. Pergunte a ele."

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— Usaram quem? — "Usamos um dos nossos." — Quem? — "Esse aí não sabe. Foi pelas costas." — Quem foi? Fale o nome. Te proíbo de mentir, em nome de Jesus. — "Lau... Lau... Laurindo. Esse nós já levamos." Normando confirmou que fora esfaqueado pelas costas numa festa, mas nunca soube por quem. — Por que querem matá-lo? — "Ele é nosso. Foi rejeitado. O pai disse que não era filho dele. Não se parecia com ele." Eu olhava para Normando enquanto o demónio falava. Discerni algo que normalmente não se pode perceber. — Tem demónios de impureza na vida dele... — afirmei. — "É..." — consentiu o demónio. — Praticou homossexualismo? — "Tentamos, mas ele não quis." — Sofreu abuso? — "Não. Mas é impuro." — Que tipo de impureza ele pratica? — "Sodomia... Sexo oral. Ela não gosta, mas ele insiste. Ela se sente humilhada." — Quem se agrada disso? responda. — "Nós... Nós gostamos... Há há há há há." — Quais demónios entram por essa brecha? — "Minhas coleguinhas... As Pombajiras. Têm muitas no quarto deles." Encerramos a ministração desligando e expulsando esse demónio. Ele saiu ameaçando retornar. — "Ele vai irar de novo, é um fraco. Eu voltarei." Conversei com Normando, esclarecendo sobre o que ocorreu naquela noite. Falei sobre a necessidade de mudança no ambiente do seu lar. Aconselhei-o a orar e ler a Bíblia com sua família e a se firmar na igreja. Ele se foi, garantindo que tudo seria diferente a partir daquele momento. Dias depois, Desirée voltou a ligar pedindo ajuda. Normando voltara a ter explosões de ira, discutir e ameaçar. Marcamos um horário para aconselhá-los. Normando fazia de tudo para desmoralizar sua esposa acusando-a de má gestão do lar e desleixo. Quando ela tentou se defender, ele a intimidou. Desirée

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cemeçou a chorar compulsivamente. Quando pedi para que se pronunciasse ela desabafou: — Eu sempre tive muito medo dele. Sempre fui ameaçada e até agredida fisicamente. Um dia, tive que denunciá-lo à polícia. Aceito tudo calada por medo. Eu e as crianças sofremos muito com isso. Ele promete mudar, mas não se esforça. Precisamos de ajuda. — disse ela em prantos. — Ela me fez apanhar da polícia. — protestou ele, tentando se colocar na condição de vítima. Mudei o curso da conversa, perguntando se estavam orando conforme eu havia sugerido em nosso primeiro encontro. — Não. — respondeu ele. — Normando, sem Deus não se pode vencer qualquer dificuldade. É preciso buscá-lo e essa responsabilidade é sua. — ensinei. — Ele quer nos impedir de frequentar a igreja, pastor. — reclamou Desirée. — Acho que não é preciso frequentar tanto. A casa fica abandonada, as coisas por fazer. — justificou-se Normando. Como toda discussão entre casais, aquela tendia a se prolongar. Resolvi interromper sugerindo mudanças no comportamento de ambos para o bem do relacionamento e das crianças. Ofereci-me para orar por eles antes de saírem. Normando tinha dito a Desirée que não havia nada de errado com ele, pois ela é que o "bicho" tinha pegado. Ele referia-se ao fato de ela ter sido possuída por demónios. Orei pelos dois desta vez, e ambos ficaram possuídos. — Já foi expulso da vida dela. Por que voltou? — inquiri o espírito de medo que se manifestou nela. — "Ê a ira dele, as ameaças. Ela tem medo. Entramos na fragilidade dela." — respondeu o demónio. — "É um imbecil. Diz que ela é endemoninhada. E culpa dele. Já adulterou várias vezes, mas ela não sabe de nada." Normando quis questionar o Exu. — Quantas vezes eu fiz isso? — perguntou. — "Três vezes... Satisfeito, seu imbecil?". — respondeu o demónio agressivamente. Ao concluir a ministração, comentei com Normando sobre o poder destrutivo do inimigo e como ele deveria proceder para mante-lo afastado de sua 178


casa. Ele mostrou-se quebrantado e prometeu se empenhar ao máximo para fechar as brechas. Duas semanas depois, recebi um telefonema de Desirée após as dez horas da noite. Havia acabado de chegar da igreja com o marido e os filhos. Explicou que Normando teve uma explosão de ira quando voltavam para casa. Pedro, o filho mais novo, entrou em pânico e começou a gritar: — Chama o pastor Aldo... Chama o pastor Aldo... O menino gritava sem parar, sem saber explicar o que estava ocorrendo com ele. Dizia que os via e ouvia cada vez mais distantes: — Chama o pastor Aldo... Chama... Chama... Normando entrou em desespero ao ver o filho naquele estado. Orei pelo menino pelo telefone expulsando o demónio de medo que tentava instalar síndrome do pânico nele. Combinei de atendê-los no dia seguinte e pedi que levassem Pedro com eles. Orei primeiro pelo menino ungindo-o com óleo e ministrando cura em suas emoções. Depois, ficamos só nós três. Desirée relatou em detalhes o episódio da noite anterior. Um demónio manifestou-se quando orei por ela. Foi uma manifestação ruidosa. O demónio grunhia e babava. Socava furiosamente os braços da poltrona em que ela estava sentada. Era o ódio encarnado. — "Hãããmmmm... Hãããmmmm... Hãããmmmm." — Quieto, comporte-se. Em nome de Jesus. O demónio tremia e rosnava. Com os dentes serrados e totalmente expostos, ele esfregava os punhos de Desirée nos braços da poltrona e as esmurrava. Normando só observava. — O que você quer? Por que voltou? — inquiri. — "Ainda pergunta?" — Responda... Em nome de Jesus. — "E a ira desse idiota... Eu disse que ele é um fraco." — Quem provocou tudo aquilo ontem? — "Claro que fui eu... Há há há há... Ele ficou irado. Está indo à igreja, mas eu uso ele dentro da igreja também. Faço ele discutir com ela, ameaçar. Ela chora, fica triste. Vai ficar doidinha." — O que você quer? — "Mataarrr... Mataaaarrr... Vou destruí-los. Estou com óódiôôô... Muito ódiôôô... Ele é meu. Esse você não tira de mim. Não era pra ele ter vindo aqui. Não quero ele nesse lugar." - Não vão matar ninguém. Já foram derrotados pelo Senhor Jesus Cristo.

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— "Mas esse idiota não sabe... Ele não sabe de nada. Estou usando ele pra enlouquecer a mulher e os filhos. O menor está com muito medo. Tá ficando desesperado o coitadinho... Hi Hi Hiiiiiii... Há há há há... Como eu gosto disso." — Quem atacou o menino ontem? — "Há Há Há Há... Fui eu. Foram te chamar né? Mas não vou desistir. O menino ficou com muito medo... Entramos na mente dele... Quase enlouquecemos o coitadinho. Ele vai se jogar debaixo de um caminhão. Estou colocando isso na cabeça dele.... Ela vai fazer isso pra nunca mais ver o pai brigando... há há há há... O outro, quando ver o irmão esmagado, vai se enforcar com uma corda. Este é o nosso plano. Hi hi hi hi... Há há há há..." — Maldito. Seu plano será frustrado pelo Senhor Jesus. — "O mais velho... Aquele lá sofre muito... Ninguém sabe como ele está sofrendo. Vê a mãe ser ameaçada por esse idiota e quer ajudar, mas não pode. Ele sofre muito por isso... Tá morrendo por dentro... Eu gosto disso." — Coloco toda a sua trama no altar do meu Deus. — "Esse aí não acredita nas coisas que você diz. Coloco na cabeça dele que você e a mulher dele combinam tudo. O imbecil acredita... Há há há há há." — Ê assim Normando? — perguntei a ele. — Não vou negar pastor. Fico pensando isso... — Olhe bem para a sua esposa. — disse eu, apontando para Desirée, que continuava arquejando e babando, com os dentes cerrados e expostos, completamente desfigurada. — Você acha que isto é uma encenação? Acha mesmo que sua esposa seria capaz de se fazer passar por um bicho nojento como esse? Acha que eu me prestaria a esse tipo de coisa? Não percebe que está sendo usado por demónios para tentar destruir sua própria família? Até quando você vai permitir que te usem dessa maneira? - Ê... Agora eu vejo que é tudo coisa do demónio mesmo. - Vamos... Diga a verdade a ele. Em nome de Jesus. Está proibido de trapacear. — ordenei ao demónio. "Ele é um idiotááááá... Coloco tudo na mente dele... Ele tem que acreditar... Tem que sumir daqui. Não quero ele aqui." — Diga a ele quem é você. Vamos, diga agora... — "Sou um demónio, ué... Ele tem medo de mim. Tem medo quando eu venho. Ontem quando viu o filho daquele jeito quis fugir pra bem longe... Há há há há há há." 180


- Normando, você precisa levar Deus a sério. Precisa buscá-lo junto com sua família todos os dias. Ler a Bíblia com eles, frequentar a igreja. Se o inimigo náo te vir buscando a Deus não vai te respeitar. — exortei-o. — Eu sei, pastor. Não vai acontecer mais. - Só falar não adianta. E preciso tomar uma firme posição. Ore para que Deus te capacite a resistir. — Tem razão, pastor. Os dias iam passando, e Normando continuava instável. Às vezes melhorava, depois voltava a se comportar com agressividade. Cultivava antigos hábitos como beber e ir a festas mundanas. Ia muito pouco à igreja. Orientei Desirée a investir no fortalecimento de suas emoções para poder resistir aos ataques de intimidação do inimigo. — "Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder", diz a Palavra de Deus em Efésios 6:10. — ensinei. — Entre em consagração por essa causa. Use a oração, o jejum e a leitura da Palavra de Deus como armas. O Senhor irá restaurar suas emoções e te fortalecer. Aprenda a resistir. A Palavra nos ensina a nos sujeitar a Deus e a resistir ao diabo, e ele fugirá de nós. — continuei ensinando. — Não aceite ser dominada pelo espírito de intimidação que usa seu marido para te oprimir. Seja forte e corajosa. Procure dialogar com ele sem medo. Não aceite o jugo da opressão. O Senhor irá te capacitar. Estaremos te cobrindo nessa batalha. Ao invés de se sujeitar à servidão imposta pelo diabo através de Normando, Desirée passou a dialogar com ele, demonstrando que sabia exatamente qual era seu papel no relacionamento. Esforçava-se para exercer suas funções com esmero, não se deixando subjugar. Deixou claro para seu esposo que náo deixaria de buscar a Deus para atender aos seus caprichos. Tinha consciência da guerra espiritual que estava travando e o fazia com toda a prudência, sabendo que o adversário não era seu marido e sim o diabo. Um dia, ela passou por uma prova de fogo. Normando estava mais uma vez possuído por um espírito de ira e disparava ameaças contra ela: — "Você não tem medo de morrer?" — ameaçou. Certa de que Deus era com ela, Desirée se posicionou firmemente: — Não, não tenho medo. Minha vida está nas mãos de Deus. Ê Ele quem me protege e defende. Ao ouvi-la dizer aquilo, o demónio que usava seu marido para oprimi-la simplesmente se calou. A partir daquele dia, quando percebia que Normando 181


estava sendo usado pelo inimigo, ela não se deixava intimidar. Entrava no quarto e orava com fé para que o Senhor o repreendesse e expulsasse de sua casa. O destempero de seu marido logo cessava. Em pouco tempo, ela recuperou sua força interior e superou o medo completamente. Nunca mais foi possuída por espíritos demoníacos. As fortalezas de medo e opressão que o diabo tinha construído em seu interior foram completamente destruídas, e os demónios expulsos de seus domínios. Liberta, ela pôde retomar o curso normal de sua vida, inclusive ministerial. Toda honra e toda glória seja dada a Jesus Cristo! laciara, 36 anos, tinha sido vítima de trabalhos de macumba, embora não o soubesse. Sua ex-secretária doméstica encomendou sua morte num terreiro de macumba. Ela sofria com terríveis crises de enxaqueca, insónia e perturbação noturna. Dizia que, às vezes, tinha a impressão que sua cabeça iria explodir de dor. Quando oramos por ela, um espírito de morte se manifestou. Foi contando como entrou na vida daquela mulher. — "Levaram calcinhas dela pra mim... Me pagaram pra matá-la, destruí-la... Ela é minha. Coloquei câncer no útero dela... Dor no corpo, enxaqueca. Tem uma serpente na cabeça. Não deixo ela dormir." — O que mais? Está proibido de mentir. — "Os filhinhos dela são lindos... Hihihihihihiiiii... A menina tem pesadelos. Vê monstros a noite toda... O menino tem medo de dormir sozinho. Cuidamos deles direitinho há há há há há há há..." — O que você quer? — "Vou matá-la... Fui pago pra isso... A outra está cobrando... Não quer vê-la se levantando, dirigindo, saindo com o marido... Não está satisfeita, quer vê-la morta." — Quais demónios foram mandados contra ela? — "Vários de morte... A Pombajira, pra destruir o casamento... muitos de enfermidade... um de câncer no útero, quatro no intestino, quatro de dor de cabeça, um no pescoço, outro no estômago, muitos no coração... tristeza, insónia, solidão, insegurança, medo." — Tomo autoridade sobre todas as maldições na vida dessa mulher e ordeno que sejam destruídas, em nome de Jesus Cristo. Sejam desfeitos todos os feitiços contra ela, em nome de Jesus. Confessem que foram derrotados. — ordenei ao demónio. Ele confessou sua derrota citando os nomes dos outros demónios. 182


— Há quantos Anjos de Deus neste lugar? Responda, em nome de Jesus. — "Três... não param de me olhar." — Seus direitos já foram revogados. Saiam agora mesmo... em nome de Jesus... saaaiam... laciara foi convulsionando e lançando muco pela boca. Quando acabou, a ungi com óleo e orei pedindo a Deus para restaurar suas forças. Ela foi completamente curada. Recebeu a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, sendo batizada duas semanas depois. Quinze dias mais tarde, ela voltou a nos procurar. Estava há três dias sem dormir, e a enxaqueca tinha voltado de forma agressiva. — O que ouve? — perguntei. — Não sei... estava tudo bem, mas, ultimamente ando pensando coisas... ouço vozes, vejo vultos e tenho arrepios o tempo todo. Tenho muito medo. — Vamos orar então. — propus. Mal comecei a orar, e um demónio de morte a atirou para trás lançando-a sobre a poltrona do santuário. — "Me deixa... estou cuidando do que é meu. Está se intrometendo onde não deve seu desgraçado." — O desgraçado aqui é você. Já te expulsei da vida dela, por que voltou? responda, em nome de Jesus. — "Medo... Coloquei medo nela. Entrei pela brecha." — Medo de quê? — "Medo de nós... de morrer... medo dos despachos... das doenças... Faço ela pensar em tudo que fizemos. Ela tem medo de tudo voltar a acontecer." Chamo sua atenção para a forma como os demónios abriram caminho para retomar as posições que haviam perdido na vida de laciara. Bombardearam sua mente com lembranças de suas mazelas, levando-a a sentir medo dos antigos problemas voltarem. — O que estão fazendo? — inquiri. -— "Entramos na casa dela. Não a deixamos dormir... o marido também. Ele sofre vendo-a desse jeito. Não pode ajudar. Colocamos dores no intestino dela sábado." — Qual enfermidade? ít/—»A

"

— Câncer.

— Não têm mais direitos sobre ela. — contestei. 183


— "Temos sim... recebemos novos despachos pra matá-la... a outra lá quer vê-la morta. Levou uma blusa amarela e uma calcinha vermelha e branca dela pra nós." — Quantos foram mandados contra ela? Está proibido de mentir. — "O Destruidor de lares, a Pombajira e o Tranca Tudo." Tomei autoridade sobre as maldições mandadas contra laciara, ordenando que fossem destruídas. Desliguei e expulsei os demónios que as trouxeram, em nome de Jesus Cristo. Em seguida, a instruí a resistir a toda investida do diabo, jejuando, lendo a Palavra e orando com sua família diariamente. Mas, o diabo insistia em executar os decretos de morte pelos quais recebeu. Continuava tentando desestabilizá-la por meio da intimidação. Na semana seguinte, recebemos uma ligação de laciara tarde da noite. Ela, seu marido e as crianças estavam reunidos no mesmo quarto, com medo de dormir. Uma atmosfera de terror havia tomado conta da casa, contaminando todos. Viam vultos, ouviam vozes e não conseguiam dormir. Pedi a ela que segurasse na mão de seu marido e percorresse a casa repetindo, com fé, a oração que eu faria pelo telefone. Orei repreendendo e expulsando todos os demónios que invadiram a casa e a instruí a ungir e selar cada cómodo. Quando terminamos, ela afirmou que se sentiam melhor. Na manhã seguinte, laciara ligou-nos para informar que a noite tinha sido uma bênção. Glória a Deus! laciara foi sendo fortalecida até não mais apresentar problemas. Em pouco tempo ela foi batizada no Espírito Santo.

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CAPÍTULO 10

Síndromes e Transtornos

Robério, 30 anos, solteiro, era portador de síndrome do pânico, esquizofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo. Vivia só com a mãe e, raramente, saía de casa. Passava o tempo navegando na internet. Visitava sites pornográficos e mantinha relacionamentos virtuais promíscuos. Era uma pessoa muito oprimida e perturbada. Veio à igreja por intermédio de uma prima à qual ministramos libertação espiritual. Seu pai foi praticante da chamada "linha branca" do espiritismo até morrer. Dona Ondina, sua mãe, foi macumbeira durante muitos anos. Não sabe dizer quantas vezes benzeu o filho e a quantas entidades o consagrou. Costumava colocá-lo em contato com os demónios que incorporava. Ele gostava de brincar com demónios da linha dos Pretos Velhos. Achava-os bondosos. A libertação de Robério se deu por meio de um árduo processo. Sua fraqueza emocional e psicológica — consequência dos traumas que sofreu somatizada ao seu visceral envolvimento com o espiritismo — foram fatores que dificultaram o processo. Muitas vezes, ele era atacado enquanto o aconselhávamos. Era uma estratégia do diabo para tentar impedi-lo de ser liberto. Às vezes, enquanto eu orava por ele, demónios reagiam com xingamentos: — "Deixa de ser chato." — Me desculpe pastor eu não quis dizer isso. — desculpava-se Robério, esclarecendo que não tinha dito aquilo por sua própria vontade. Algumas vezes, ele subitamente dizia:

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— Estou sentindo muito ódio do senhor. Alguém está me dizendo que devo esganá-lo com minhas mãos. Estou sentindo muita vontade de fazer isso. Quando isso ocorria, eu impunha as mãos sobre ele e repreendia os demónios que o incitavam contra mim. Nos cultos de libertação, quando vinha à frente para receber oração, Robério sempre tinha situações dessa natureza a relatar. — Durante o culto, enquanto o senhor orava, uma voz dizia em minha mente: 'Esse desgraçado está orando forte hoje... afaste-se dele. Vá embora desse lugar'. — contava. Enquanto eu o orientava a respeito dessas diabruras, demónios investiam contra sua mente. Com o dedo indicador apontado para a cabeça ele dizia: — Olha... estão dizendo que não devo acreditar em nada que o senhor diz... que o senhor é um desgraçado e que eu devo sair daqui agora mesmo. Muitas vezes, ele era violentamente atacado em seus momentos de oração. Demónios investiam conta sua mente e a dominavam. Sua oração era transformada em xingamentos: — O Pastor Aldo é um desgraçado, mentiroso... não vou procurá-lo nunca mais. — diziam os demónios em sua mente e ele repetia. — Não... Não... Eu não quis dizer isso... Meu Deus me ajude. — reagia ele, esforçando-se para reassumir o controle da situação. Orávamos forte para que os demónios que se ocultavam em sua vida saíssem de suas tocas. — "Você não vai conseguir... Esse idiota é um fraco. Quando sair daqui vamos confundir a mente dele. Vamos fazê-lo pensar que tudo isso é bobagem." — arquitetavam os demónios. Espíritos demoníacos invadiam sua mente para semearem dúvida e confusão. Por mais que tentasse, ele não conseguia resisti-los. — Estão me dizendo que não vão obedecê-lo. — avisava Robério enquanto eu guerreava. O diabo usa inúmeros fatores para permanecer no controle das vidas que ele escraviza. Entre os quais, as alianças ou pactos malignos não rompidos, pecados e iniquidades não confessados, o não rompimento com o pecado, a falta de perdão, problemas emocionais crónicos como rejeição, ansiedade, insegurança, medo, culpa, vergonha, fraqueza, prostração ou aceitação do jugo imposto pelo diabo, entre outros. 186


Muitos processos de libertação são dificultados pela exploração sistemática desses fatores pelo diabo. Por isso, o aconselhamento tem importância fundamental na libertação. Celi, 28 anos, solteira, filha de pai maçom e adepto do ocultismo, mantinha um relacionamento promíscuo com um homem casado, quase trinta anos mais velho do que ela. Era uma moça extremamente carente, consequência da forte rejeição que sofreu por parte do pai. Pessoas rejeitadas vivem mergulhadas na inferioridade e na carência afetiva e implorando aceitação, amor e atenção de pessoas que espelham os pais que não tiveram. O que explica a preferência dessas pessoas por parceiros muito mais velhos do que elas. Uma mulher casada, à qual ministramos libertação, mantinha um relacionamento extraconjugal com um jovem, também casado, cuja idade era quase a metade da sua. Ela tinha consciência de que o rapaz não a via como sua amante, mas como a mãe que desejava ter. Ele implorava pelo seu colo e seus conselhos, o que não encontrava em sua jovem esposa. Preferia correr os riscos que uma relação dessa natureza oferece, a abrir mão da atenção, do afeto e dos conselhos de alguém que ele enxergava como a mãe que nunca tivera. O sexo, nesse caso, era um mero detalhe. Uma pessoa rejeitada se sujeita a pagar qualquer preço para ter seu déficit emocional suprido. Ainda que o preço a ser pago seja sua própria dignidade. Celi se sujeitava aos mais ultrajantes abusos por medo de perder o pai que seu "companheiro" retratava. Discrepâncias como a diferença de classe social, de cor ou de idade, geralmente, não são vistas como obstáculos por tais pessoas. Para elas, não importa se seus parceiros são ricos ou pobres, mais velhos, casados ou separados, brancos ou negros, feios ou bonitos, ou se apenas as usam como um objeto de prazer. Afinal, o que procuram não é um namorado (a), um esposo (a) ou um (a) amante ideal, mas, sim, alguém que retrate o pai ou a mãe que não tiveram e que lhes ofereça o que não receberam deles. Esse nível de carência leva a pessoa a se lançar no pecado de forma inconsequente, buscando suprir seu déficit afetivo, agravando, ainda mais, o quadro. Problemas dessa natureza envolvem um fator espiritual muito forte. A solução para tais problemas é a libertação espiritual. Ao serem informadas que não poderão ser libertas se não fecharem as brechas da prostituição, muitas pessoas acabam desistindo do processo de libertação. A fragilidade emocional de Celi foi um fator que o diabo explorou para dificultar sua libertação. Quando orávamos forte por ela demónios vinham contra sua mente para confundi-la e amedrontá-la. 187


— Aaaaaaaaaaaiiiii... Estão dizendo que não vão sair, pastor. Aaaaaaaaaaaaiiiii... Tenho muito medo... Ajude-me. — gritava amedrontada. Instruímo-la a manter seu pensamento em Cristo Jesus, clamando em espírito para que Ele a fortalecesse e capacitasse a resistir enquanto guerreávamos. Ministramos libertação à outra moça com o mesmo perfil. Já havíamos avançado bastante quando o inimigo a retaliou com um golpe baixo. Durante uma ministração, um demónio apareceu-lhe numa forma horripilante. Ela gritava desesperada tentando se esquivar. — Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiii... Socorro... Ele está bem aqui... E horrííível... Ajude-me... Ajude-me... Repreendi o espírito demoníaco, ordenando que desaparecesse da visão dela, em nome de Jesus Cristo. Ela parou de gritar e logo se acalmou. Muitas vezes os demónios atacam as pessoas com visões tenebrosas, pensamentos malignos ou dores lancinantes, como se estivessem apunhalando-as. Tais estratégias têm o propósito de levar o ministrante a se preocupar com o sofrimento delas e interromper a ministração. Se nos deixarmos levar por suas artimanhas, o inimigo as repetirá toda vez que tentarmos retomar o processo. Ordenei àquele demónio que saísse de seu esconderijo, em nome de Jesus Cristo, e ele se manifestou imediatamente. — Quem é você? Responda, em nome de Jesus Cristo. "Exu do Medo." — Como a assustou? — "Tomei a forma de um monstro. Mostrei minhas presas grandes pra ela. Sei de que as pessoas têm medo. Assumo a forma que for preciso para desestabilizá-las." Essa moça posicionou-se firmemente em Cristo Jesus, congregando, orando, jejuando e lendo a Bíblia de forma disciplinada. Sua postura foi determinante para que ela fosse liberta num curto espaço de tempo. O processo de libertação de Robério foi um tanto quanto demorado. Foi preciso muito trabalho para conscientizá-lo de que era preciso resistir firmemente à dominação do diabo. O estimulamos a orar e a ler a Bíblia de forma disciplinada e a jejuar conforme suas possibilidades. Ele assimilou essas instruções e mudou sua rotina completamente. Abandonou a internet, trocou as músicas seculares por canções cristãs e passou a frequentar a igreja, assiduamente, especialmente os cultos de libertação. Na medida em que se fortalecia, as resistências do inimigo iam sendo quebradas. Aos poucos, sua história foi sendo descortinada. Uma história obs188


cura, intrincada, repleta de nuances escabrosas. Vamos dividi-la em etapas. Cada etapa corresponde ao resultado de uma ministração.

Primeira Ministração: Naquela noite, conversei com Robério, buscando saber como ele havia passado os últimos dias e parti logo para a oração. Declarei o senhorio de Jesus Cristo sobre aquele ambiente pedindo ao Senhor que me usasse segundo seu propósito para abençoar a vida daquele rapaz. Ungi minhas mãos com óleo, impus sobre a cabeça dele e comecei a orar forte. — Senhor, envia teus anjos para nos respaldar nesta batalha. Estende tua mão poderosa contra os espíritos malignos que se ocultam na vida desse rapaz e os faça sair, em nome de Jesus Cristo. Eu orava forte, prestando atenção no semblante de Robério na expectativa de algum sinal característico de manifestação demoníaca. Sentia uma pesada atmosfera ao redor. Segui orando, proclamando trechos da Palavra, ministrando o poder de Deus e ordenando que toda resistência fosse quebrada, em nome de Jesus Cristo. Sabia que a qualquer momento algum parasita poderia se manifestar. — Não vão permanecer no controle dessa vida. Já foram derrotados pelo Senhor Jesus. Estão proibidos de resistir. Percam as forças, saiam de seus esconderijos, em nome de Jesus Cristo... Saiam agora mesmo. Eu sentia a presença deles ali, resistindo, investindo contra a mente de Robério, tentando manipulá-lo. — Preste atenção Robério... ouça-me... não permita que manipulem sua mente. Ore ao Senhor em espírito. Resista-os, em nome de Jesus Cristo. Ele vai te capacitar. — ensinei. Já estávamos ali acerca de uma hora. Sentia minhas forças se exaurindo, mas precisava continuar. — Senhor, envia teus anjos contra os que resistem à oração. Faça-os perder as forças, em nome de Jesus Cristo. Revoga todo direito legal que detêm. — orei. Ministrações estafantes, definitivamente não eram problema para mim. Estava acostumado a varar noites realizando faxinas espirituais, mas desta vez eu me sentia no limite de minhas forças. Mal podia me sustentar de pé. Quando já estava a ponto de desistir, o Senhor falou ao meu espírito: 189


— "Não pare, estão aí. " Ao ouvir aquela direção me enchi de ânimo e parti para o ataque, confiando piamente que o Senhor me levaria a prevalecer. — Ouçam malditos... sei que estão aí. Sejam confundidos, em nome de Jesus Cristo. Estão desligados do controle dessa vida. Ordeno que percam as forças... submetam-se, caiam por terra agora mesmo. E uma ordem, em nome de Jesus Cristo. — "Mas você é chato hein?" — retrucou um demónio. — Tomo autoridade sobre você e te proíbo de receber ajuda. Está aprisionado, em nome de Jesus Cristo. Dobre os joelhos agora mesmo... — determinei com autoridade. O espírito demoníaco foi perdendo as forças e caiu sobre a cadeira colocada atrás de Robério. — Temos contas a acertar. A partir de agora vão responder tudo o que lhes for perguntado, em nome de Jesus Cristo. O que querem desse homem? — "A alma dele... Tudo... Para destruir." — Quem é você? — "Aquele das quebradas, o do chapéu branco, o Pelintra1." — Como entraram na vida dele? — "A mãe dele nos chamava." — Quais são os outros? — "Exu da Porteira... Aquele que vive em cima da porteira pra dar passagem para outros demónios, tem os pequenos, Cosme e Damião2, gostam de vermelho e verde e muita bala de coco... Tem homossexualismo na família também." — Tem homossexualismo nele? Está proibido de mentir, em nome de Jesus Cristo. — "Tentamos, mas ele não quis. Gosta de mulher... é virgem esse idiota." — Tentaram como?

1 Demónio da linha dos Exus, considerado o espírito dos bares, da jogatina e das sarjetas. Opera escravizando as pessoas nos vícios, principalmente no da embriagues. 2 Erês: Exus Mirins ou Exus de crianças. Demónios que operam no culto afro-brasileiro, onde são os Orixás Ibeji, filhos gémeos de Xangô e lansã. No catolicismo, Cosme e Damião são considerados os "santos" protetores dos médicos, dos farmacêuticos, dos gémeos e das crianças. Possuem principalmente crianças. Quando se manifestam falam e se comportam como crianças. Disseminam enfermidades, agitação, confusão e perturbação.Os que se identificam com nomes femininos são Pombajiras mirins. Induzem as crianças a diversas formas de prostituição, homossexualismo, lesbianismo e sodomia.

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— "Debaixo do sofá. Ele tinha um amigo imaginário. Ficava chamando por ele: 'Oi! Vem aqui, vamos brincar!'. Um dia ficou imaginando, beijando ele na boca'." — continuava o demónio. — "Esse amigo imaginário chamava-se Stan. É loiro, usava camisa amarela e uma capa tipo super-homem. Esse idiota se vestia como o super homem também." — Que demónio é esse? — "Confusão. Abriu a mente dele pra colocar sabedoria. Ele fazia sons de coisas, conversava com o Stan e ele respondia na mente dele. Ele repetia as palavras que ouvia do Stan. Há há há há... Que idiotice. Era tudo demónio, mas ele pensava que o Stan era gente. Foi aí que começaram as repetições." As "repetições" referidas por esse demónio são as manifestações que caracterizam o transtorno obsessivo- compulsivo (TOC). Os portadores deTOC apresentam compulsões e obsessões recorrentes que, para os leigos, são "manias". Mas, na verdade, são impulsos irracionais difíceis de serem controlados. Pessoas com TOC têm pensamentos obsessivos ou desejos absurdos ou ridículos aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros. São ideias de caráter obrigatório, que o indivíduo não consegue afastar. Sua mente é dominada por pensamentos repetitivos de natureza sexual, religiosa e espiritual, causando ansiedade ou desconforto acentuado. Muitos têm pensamentos suicidas ou desejo de ferir outras pessoas e simplesmente não conseguem resisti-los. As compulsões podem variar bastante, mas, em geral, envolvem atitudes ligadas à higiene, como lavar as mãos muitas vezes, limpar, organizar, contar ou conferir as coisas metodicamente, tocar ou olhar objetos de forma ritualística, "cismar" que tem alguém ou algum bicho dentro de armários, que portas e janelas não foram fechadas e sentir desejo incontrolável de conferir repetidas vezes. Um dia, Robério passou horas entrando e saindo do quintal de sua casa num estranho ritual. Tendo chegado da rua, ele abriu o portão e entrou, fechando-o atrás de si. Ao invés de seguir em frente e entrar em casa, ele deu meia volta, abriu o portão novamente e saiu, fechando-o por fora, como se estivesse indo a algum lugar. Depois de dar alguns passos em direção à rua, ele tornou atrás, abriu o portão outra vez e entrou, fechando-o por dentro de novo. Movido por um impulso incontrolável, ele repetiu esse ritual inúmeras vezes, como se tivesse sido programado para executá-lo. Situações como essa eram muito frequentes, independentemente da hora ou do lugar onde Robério estivesse. Ele conta que, muitas vezes, era impulsionado a se masturbar e simplesmente não conseguia se conter. Só parava quando seu órgão genital começava a sangrar.

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Antes de voltar à ministraçáo com Robério, quero compartilhar uma curiosa experiência envolvendo um portador de transtorno obsessivo-compulsivo. Eu costumava orar, caminhando de um lado para o outro no altar da igreja, de modo que podia enxergar as pessoas passando na calçada do outro lado da vidraça. Um dia, o comportamento de um jovem que passava entre os transeuntes, chamou minha atenção. Ele seguia normalmente caminhando entre as pessoas e, de repente, retrocedia andando de costas, sem olhar pra trás. Caminhava cerca de dez metros de costas e voltava a andar pra frente. Avançava igual distância, caminhando pra frente, e, novamente, retrocedia, caminhando de costas. Repetiu esse estranho ritual por várias veze antes de seguir o seu caminho. Voltei a encontrá-lo em outros pontos da cidade e pude notar que ele sempre agia daquela forma. Um dia, tentei abordá-lo em frente à igreja. Meu desejo era ajudá-lo, de alguma forma, mas ele se esquivou e foi embora resmungando e gesticulando. Especialistas apontam os traumas emocionais como a provável causa do TOC. Acreditamos que esta também seja a causa de outros transtornos, como síndrome do pânico e transtorno afetivo bipolar. As experiências que tivemos com portadores de transtornos nos levam a afirmar que tais problemas também agregam um forte componente espiritual. Baseamo-nos num dado concreto: a maioria absoluta dos portadores de transtornos que atendemos apresentou infestação demoníaca e ficou possuída quando oramos para que fossem libertos. Acreditamos que a infestação tanto ocorre mediante a contínua exposição da pessoa a situações traumatizantes, como por meio de sua exposição a um só evento altamente traumatizante. A infestação pode ocorrer no ato do evento ou tempos depois. É que, como já afirmamos, a estratégia do diabo é fragilizar o ser humano, a fim de possuí-lo ou tirar proveito de seu estado de fragilidade para fazê-lo. Tornemos à ministração com Robério: — Como começaram as repetições? (sintomas do TOC) — inquiri o demónio que havia se manifestado nele. — "Foi em Porto Alegre. Ele e os primos andavam na rua. Eram crianças de onze, doze anos. Os primos dele entraram em confusão com meninos de rua. Os caras correram atrás deles. Ia dar briga feia, morte. Ele ficou com muito medo e correu para a casa da tia. Perdeu a fala por uns dez minutos. Aproveitamos a oportunidade e fomos pra lá." O demónio falava sem parar, narrando episódios que, posteriormente foram confirmados por Robério e sua mãe. — "O medo, o susto, dilatou as veias do cérebro dele. Foi aí que entramos. Fomos nós que provocamos tudo... a briga, tudo." — disse o demónio, assumindo a autoria das mazelas sofridas pelo rapaz. 192


— "Esperamos por aquela oportunidade muito tempo. A mãe dele fazia trabalhos com velas pretas e vermelhas pra ter um filho inteligente. Nosso objetivo era matá-lo, porque a mãe dele nos chamava. O grande (Deus) o protegia desde criança de colo, mas nós o confundimos, colocamos dúvidas na cabeça dele." — Quantos demónios entraram na vida dele? — inquiri. — "Muitos, muitos... Zé Pelintra, mas ele ainda não bebe, medo, pânico (síndrome do pânico1), esquizofrenia, Zé da Retaguarda2, Pombajira, Zé da Porteira3, Zé Molambo.4" — Quantos mais? Está proibido de sofismar; em nome de Jesus Cristo. O espírito demoníaco respondeu afirmando que o rapaz era perseguido por um demónio que acompanharia os adeptos de uma conhecida seita demoníaca fundada por um religioso e político norte-americano. Esse líder é considerado por seus seguidores como profeta e vidente da parte de Deus. Os membros dessa seita consideram como textos sagrados suas "revelações" publicadas em um livro de doutrinas. Para eles, tais "revelações" tem a mesma importância às contidas na Bíblia Sagrada. Esse líder é adorado como um semideus por seus seguidores mais graduados. Seu legado inclui várias denominações religiosas. A nomenclatura da seita é semelhante ao de uma igreja cristã. Robério fora frequentador de um templo dessa seita por algum tempo. — Que demónio é esse? O demónio disse o nome do líder da mencionada seita. — "É um anjo." — Um anjo negro, um demónio, como você. — retruquei. — "Não é negro, é branco." — Quem é ele? — "Ele usa uma coroa. Ê um rei. Tem um anjo pequeno também, é o rei das Testemunhas de Jeová. E pequeno, mas muito forte. Embaralha a cabeça das pessoas, confunde. Muitas pessoas de igrejas como a sua recebem eles em casa, conversam com eles, discutem religião com eles. Eles também pregam a Bíblia." Com a mão sobre a cabeça de Robério deixei que o demónio continuasse.

1 Enfermidade disseminada por um demónio conhecido como Exu do Medo. 2 Demónio que opera disseminando enfermidades como retardamento mental. 3 Exu conhecido como o guardião dos cemitérios e dos terreiros. Demónio de morte e destruição. 4 Demónio de prostituição da linha dos Exus, como a Maria Molambo. Ao invés de mulheres, o Zé Molambo escraviza homens na falta de asseio e na prostituição. Robério conta que ficava até quinze dias sem tomar banho.

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— "O obelisco1 é nosso." - O quê!!? — "O obelisco. O símbolo daquilo que você tem." — O demónio referia-se ao órgão sexual masculino. — "As Testemunhas de Jeová têm o obelisco na igreja deles nos Estados Unidos. Fica escondido numa sala pequena, numa maquete. Até da maçonaria eles têm coisas lá. Tem um boneco gordo de uma criança. Pra nós é um Exu Mirim, age na vida das crianças. Não deixamos eles fazerem transfusão de sangue, enganamos eles. Mas bebem vinho, dançam, prostituem, fofocam, praticam lesbianismo, adoram as imagens dos bonecos que trazem escondidas." — Bonecos de quem? — "Desse palhaço, esse que faz bagunça, lavagem cerebral na cabeça das pessoas, das Testemunhas de Jeová. A sede mundial deles é uma igreja pequena de madeira vermelha, só os chefões entram lá. Só quem é maçom também, grau 30 pra cima. O rei, o gráo-mestre, senta na cadeira preta. Uma porta de cada lado. Significa um portal por onde os anjos (demónios) entram e saem..." O demónio fez referência a líderes políticos americanos e europeus e de um falecido líder de um seguimento religioso baseado na Europa. Afirmou que tais pessoas serão peças-chave no governo do anticristo. Segundo ele, tais lideranças foram escolhidas pelo "rei da escuridão". — "É tudo um plano, tudo uma mentira do nosso pai, que vai governar o mundo." — disse. O demónio apontou o presidente norte-americano, citando-o nominalmente, como um escolhido do diabo e descreveu como seria sua relação com as trevas: — "Toda sexta-feira ele põe uma capa preta. Tem um círculo, um pentagrama no centro da sala onde ele conversa com os chefóes superiores. Ele faz o símbolo dos roqueiros pra nos invocar. Ajoelha sobre o pentagrama, de frente para uma porta escura.Além dessa porta tem uma estátua de uma cabeça de bode representando o Bafomé2. Ele ajoelha diante do Bafomé no pentagrama. Nessa sala tem velas vermelhas e dois homens que não podem mostrar o rosto. São seguranças que ficam de lado, com uma corda amarrada na cintura dele (do presidente). Se ele 1 Símbolo luciferiano do órgão sexual masculino intumescido, em adoração ao deus pagão Baal e ao deus egípcio sol-rá. Símbolo do culto ao sexo de ritual satânico. Há obeliscos fincados em cidades de todo o mundo, como em frente à Casa Branca emWashington; no Central Park em Nova York; na Praça de São Pedro no Vaticano, na praça central de Buenos Aires, capital argentina, e no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Literalmente, a palavra 'obelisco' significa Vara de Baal' ou 'órgão reprodutor de Baal'. 2 Criatura mitológica, metade homem metade bode, que representa o Anticristo. Ser andrógino (homem e mulher) adorado nos rituais do satanismo.

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tentar entrar (na porta escura), para receber mais poder, os seguranças puxam-no para que não seja morto pelo Bafomé." — Prosseguia o demónio. — "O rei das trevas, que fica lá dentro, dará o poder somente para um homem na terra. E o anticristo. Você sabe que o anticristo não gosta de mulheres. Está na Bíblia. Finge que gosta, mas não gosta. Ele já está aí, tem trinta anos1. Vai completar trinta e três, a idade de Cristo. Tem o pai dele também, e o irmão, que gosta de homem e de mulher. Ele saiu com um símbolo nazista, a imprensa mundial mostrou, todo mundo viu. Ele é homossexual. Será feita uma eleição para escolher quem vai governar. O pai, um dos dois filhos ou o primo deles, do País de Gales, o meia, meia, meia. O filho mais velho vai governar com mão de ferro." O demónio não parava de falar, narrando acontecimentos que, segundo ele, serão desencadeados pelo "rei da escuridão". A profecia que trata sobre as características do anticristo citadas por esse demónio encontra-se no livro de Daniel. E a seguinte: "Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá. Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus dasfortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis "(Dn 11:37,38). Voltando a citar o nome do falecido líder religioso ao qual se referiu anteriormente, o demónio vaticinou: — "Ele voltará a viver. Um espírito muito forte voltará no corpo dele. Os habitantes da Terra pensarão que ele é Deus por ter se levantado da morte. Os sinos vão tocar na cidade em que ele foi sepultado. Vão fazer um círculo, um pentagrama, no lugar da sepultura dele. Homens de roupas vermelhas vão colocar o caixão dele no meio de um grande círculo. O mundo estará uma bagunça... Terremotos, escuridão, a terra toda. Vão invocar sete dias, sem dormir, oferecendo sacrifícios de animais e crianças a todos os demónios." — O demónio fez uma pausa antes de prosseguir. — "Das profundezas, quatro demónios muito fortes virão para dar vida 2

a ele . São guerreiros das trevas, valentes. Ele se levantará e sairá do caixão para 1 Ministração realizada em março de 2010. 2 A reanimação de cadáveres por meio da invocação de espíritos demoníacos é uma prática do Vodu denominada Zombie (cadáver reanimado por meio de feitiçaria). Os adeptos do Vodu acreditam que, por meio desse processo é possível atrair "poderes sobrenaturais" para entrar num cadáver e trazê-lo de volta à vida.

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enganar a população. As TVs vão mostrar e dizer que ele ressuscitou. É a besta. Muitos vão levantar as mãos e dizer que ele é Deus". Reafirmando que um membro da família real britânica é o anticristo, o demónio projetou uma aliança entre tal pessoa e o religioso que, segundo ele, ressurgirá dos mortos pelas mãos do príncipe das trevas. — "Ele vai apontar para o norte, com uma roupa branca, na direção daquele que nosso pai vai escolher, e dizer que foi ele quem o curou. A população vai acreditar. Está tudo planejado." — "Profetizou" o demónio antes de mudar de assunto. — "Aqui nesse lugar (a igreja) tem muitos anjos. São anjos desse seu Deus. São muito grandes e fortes. Estão atrás de você. Lá atrás tem muitos demónios também, estão amarrados." — Quais demónios? — "O Exu da Retaguarda é o maior. Tem asas beges muito grandes, maiores do que esta sala. Tem garras grandes nas mãos e dentes como de leão." — Basta. Acabou pra você. Te desligo da vida desse rapaz, em nome de Jesus Cristo. Tomo autoridade sobre todo mal na vida dele e ordeno que seja destruído. Vai para onde o Senhor determinar... Em nome de Jesus, Vaaaaai — finalizei.

Segunda Ministração: Voltei a ministrar com Robério na semana seguinte. Não enfrentamos as resistências de antes. Ungi minhas mãos com óleo, impus sobre a cabeça dele e comecei a orar forte em nome de Jesus Cristo. Um demónio se manifestou caindo sobre a cadeira colocada atrás dele. — Te proíbo de resistir e de receber ajuda, em nome de Jesus Cristo. Quem é você? — Inquiri. - "Sete Flechas."1 — Há quantos com você? — "O Zezinho2, o Barba Papa e outros que vieram dos personagens de programas que ele assistia. Uma infinidade, todos horríveis. O Zé Pelintra veio do trapalhão que gostava de bebida, a Pombajira veio do afeminadinho. 1 Caboclo das Matas. Demónio chamado de Sete Flechas das Almas no culto afro-brasileiro. É caracterizado como um cacique indígena. 2 Exu Mirim. Demónio que possui crianças. Seu culto é sincretizado com os Gémeos Cosme e Damião, Crispim e Crispiniano.

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Esses1 nós já levamos (morreram). Tem o zombador também, esse ainda não morreu. Do Sítio vieram vários. Quer saber? A Mula Sem Cabeça, a Cuca. Tem Pombajira e muitos outros na Cuca sabia? Ele sentia atração sexual por ela, era inconsciente. Entraram muitos Pretos Velhos nele, vieram do Saci-Pererê, o companheiro da Cuca. Ele sentia cheiro de cachimbo na casa dele. Gostava de ouvir a música do Sítio. Quando toca aquela música saímos pulando e festejando..." O demónio teve a fala interrompida por um arroto. — Quem saiu aí? — inquiri. — "O Zezinho2." — respondeu. — "Gostamos muito de novelas. Tem muita mentira, falsidade e tudo o que o 'grande' de vocês (Deus) não gosta. O Robério gostava de mágica. Quando criança, a mãe dele comprava muito material e livros que ensinavam mágica e revistas de ETs." — Com quantos anos entraram na vida dele? — "Quando ele tinha oito anos." — Quem ensinou mágica pra ele? — "O avô dele. Aquele já morreu... Huuuuch..." — Robério deu outro arroto. Era mais um demónio saindo. — Quem saiu agora? — "Outro que agia nele, pequeno, branco e feio." — Ordeno que diga o nome dele, em nome de Jesus. — "O Veludo3. Brincava muito com ele." — Brincava como? — "Ahh larga de ser chato... brincava no banheiro." — Vai dizer como, em nome de Jesus Cristo.

1 Falecidos atores comediantes que interpretavam dois famosos personagens de um grupo humorístico que alcançou grande sucesso na TV e no cinema brasileiros, especialmente nos anos 1980 e 1990. O primeiro aparecia em cena afirmando que gostava de cachaça e, por muitas vezes, simulava estar bebendo. O segundo não escondia a fala e os trejeitos afeminados. O "zombador" é o líder do referido grupo humorístico. Seu personagem é o "esperto" da trupe. Aquele que escarnece, zomba e sempre leva vantagem sobre os demais. 2 Nome de um Erê ou demónio de criança. Robério era leitor assíduo de revistas em quadrinhos e desenhos animados. "Zezinho" é o nome de um de seus personagens favoritos. 3 Demónio da linha das encruzilhadas. Recebe oferendas de "trabalhos" realizados na água. Quando incorpora bebe bebidas fortes e fuma charutos. Na Kimbanda (macumba), é chamado simplesmente de "veludo". É incorporado para feitiços em que são utilizados tecidos, tigelas, agulhas, pombas e outros materiais.

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— "Fazia ele se masturbar. Começou com quatorze anos. Ele pensava na irmã dele e na amiga dela. Uma amiga estranha que gostava de abraçar mulher. Esse idiota é virgem... esse burro maldito nunca tocou em mulher." — Ele sofreu abusos? — Te proíbo de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "Não posso falar. Meu chefão não autoriza." — Quem é seu chefão? "Está aí, de capa preta. É grande como esta sala." — Senhor Deus, envia teus anjos contra ele, em nome de Jesus Cristo. — "Ele está amarrado agora... de joelhos... os anjos estão sobre ele. O homem de branco está aqui... Os anjos dele também... Seu Jesus está aqui, com as mãos sobre seus ombros. Tem um anjo na sua casa. Tem outro protegendo sua filha. Ela está longe, estudando. Vou aproximar amigas dela, amigas que bebem." — Chega... quero saber o que têm com esse aqui. Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "Nosso objetivo é acabar com ele. Já balancei a corda pra ele muitas vezes, mas o bobo não quis. A última vez foi há um ano e meio. Nós é que o obrigamos a fazer manias." "Manias" são os impulsos irracionais que caracterizam o transtorno obsessivo-compulsivo, conforme já explicamos. "Balançar a corda" foi o modo como os demónios tentaram induzir Robério a cometer suicídio, ou seja, se enforcando. O que ele confirmou posteriormente. "Ele usou pirâmides pra fazer contato com extraterrestres, escreveu (mensagens) no chão do quintal da casa dele invocando ETs. Por isso viemos." — O que mais ele fez? — "Ele gostava de palhaços, queria ser palhaço, se pintava como palhaço e nós o fizemos virar um palhaço. Entrei pelo TOC para ridicularizá-lo através das manias. Agora todos riem dele como de um palhaço. Andamos com os palhaços, eles fazem bobeira, palhaçada, usamos eles." — Quais demónios usam os palhaços? — "Muitos... Até de homossexualismo. Uma vez ele viu dois palhaços se beijando num ginásio em São Paulo... Huuuuch (arroto)." — Qual demónio saiu agora? — "O amigo do Veludo." 198


— Está proibido de semear confusão, em nome de Jesus Cristo. — "O Robério gostava de fazer feitiço quando era criança. Colocava insetos, minhocas e caramujos numa panela e queimava. Dizia que era macumba. A mãe fazia e ele gostava de fazer. Brincava de Aladim. Pedia para o génio sair da garrafa e atender seus pedidos. Queríamos fazê-lo ser feiticeiro." — Onde colocaram doenças nele? — "Tem um caroço no peito." — disse o demónio indicando o lado esquerdo de Robério. Impus uma das mãos sobre o local e determinei: — Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todo o mal seja destruído. Em nome de Jesus! Demónios de enfermidade, doença mental, vícios, prostituição, impureza, engano, magia, feitiçaria estão desligados. Ordeno que saiam agora mesmo, em nome de Jesus Cristo, saaaiam. Toda vez que concluía uma ministração com Robério eu conversava com ele a fim de instruí-lo e incentivá-lo a continuar resistindo firmemente ao diabo por meio dos instrumentos que o Senhor Jesus Cristo nos deu. Ele apresentava visível melhora dia após dia, e isto o motivava a prosseguir. Mas o inimigo insistia em investir contra sua mente, ameaçando-o e tentando desestabilizá-lo. Com a Bíblia nas mãos, ele proclamava a Palavra em voz alta e orava, resistindo às investidas do diabo, em nome de Jesus Cristo. Era preciso continuar avançando. Contávamos com a cooperação dele e de sua mãe. Dona Ondina tinha um importante papel nesse processo, uma vez que, praticamente todo envolvimento de seu filho com as trevas se deu por seu intermédio. Ela era plenamente consciente disso. Ela havia se convertido a Cristo Jesus há muitos anos, mas ainda não tinha renunciado formalmente os antigos pactos. Ao tomar conhecimento das consequências de seu envolvimento com as trevas, ela concluiu que precisava passar pelo mesmo processo que Robério.

Terceira Ministração: Nosso objetivo inicial em cada ministração era identificar as amarras que aprisionavam Robério, tanto emocional como psicológica e espiritualmente, para poder desligá-las de forma específica. Para isso, investigávamos os demónios que o Senhor colocava sob nossos pés. Nesse processo, o histórico de outras pessoas da família, igualmente escravizadas pelo diabo, vinha à tona motivando-as a também buscar a libertação.

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— demónio — —

Quem é você? Responda, em nome de Jesus Cristo. — inquiri um subjugado pelo poder de Deus. "Eu sou o rei, eu sou o rei..." Você não é rei de coisa alguma... "Sou o Lampião, rei do cangaço. Tenho uma estrela no chapéu. Ando

com a Maria Bonita."1 — Quantos entraram com você? • "Dezesseis só dessa linha: Maria Molambo2, Mãe Menininha3 - essa é "porreta", da linha vermelha. Age na cabeça das pessoas. Gera contenda e confusão. Usou a velha mentirosa pra deixar esse idiota doidinho." A "velha mentirosa" a quem esse demónio se referia era uma tia de Robério, irmã de sua mãe, que também foi muito envolvida com o espiritismo. Apesar de já ser uma pessoa idosa, ela mantinha o hábito de mentir e falar palavrões. Divertia-se pregando peças e dando sustos nas pessoas. — "Ela gosta de vinho e fala palavrão. Entramos na mão dela, eu o Zé Pelintra, o Zé do Lodo (Exu do Lodo)4; e o Exu Boiadeiro5." — disse ele referindo-se às doenças que esses demónios colocaram na mulher em razão das brechas que ela dava e dos pactos que fizera com as trevas.

1 Lampião e Maria Bonita são entidades demoníacas que se manifestam fazendo-se passar por espíritos de pessoas falecidas no nordeste brasileiro. Demónios que são incorporados para destruir relacionamentos por meio de obras de magia, amarrar a vida das pessoas, lançar doenças e enfermidades e induzir as pessoas à desgraça através de seus conselhos, entre outros. Maria Bonita opera também escravizando as pessoas nas áreas sentimental e sexual, como toda Pombajira. 2 Demónio que opera levando as pessoas que possui a deixar os ambientes sujos e bagunçados. Gera desânimo e preguiça, principalmente nas mulheres, tirando-lhes a vontade de arrumar a casa e de rer asseio com o próprio corpo. Seu propósito é levar as esposas a serem rejeitadas pelos maridos forçando-os a procurar outras companhias. Opera na vida sentimental e sexual, como toda Pombajira. 3 Mãe Menininha do Gandois. Conhecida "mãe de santo" do Candomblé no Brasil. Descendente de escravos africanos, "Mãe Menininha" foi iniciada no culto dos Orixás aos oito anos de idade. Morreu aos 92 anos. Demónios se manifestam nas pessoas se fazendo passar pelo espírito dessa mãe de santo. 4 Demónio da linha dos Pretos Velhos que opera principalmente na umbanda. E um falangeiro de Omulú. Seus adeptos o consideram um grande "curador". Na verdade, é um disseminador de doenças e enfermidades. Quem é supostamente curado por ele acaba morrendo, pelo mesmo mal ou por outras enfermidades que ele mesmo lança. E uma das entidades incorporadas pelos "médiuns de cura". 5 Demónio da linha dos Exus e Caboclos. Manifesta-se fazendo passar por espíritos de pessoas que morreram na lida com o gado. E incorporado na umbanda, quimbanda e candomblé. Opera em ambientes de rodeios como festas do peão boiadeiro, pecuária e vaquejadas, em que há idolatria, prostituição e bebedice.

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Quanto à torpeza no falar, a Palavra de Deus assim nos adverte: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para a edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef 4:29). Ao ministrar libertação a uma garota de nove anos, um demónio se manifestou apontando a causa de uma doença que ele havia colocado nela. — "Ela fala palavrões e faz gestos obscenos. Coloquei dores no braço que ela usa para fazer isso." — disse o demónio, erguendo a mão esquerda da menina com o dedo médio esticado e os demais encolhidos, mostando qual gesto obsceno ela fazia. Sua mãe admitiu tudo o que o demónio disse. Tornemos à ministração com Robério. O demónio contou como usou sua tia para desestabilizá-lo emocionalmente: "Usamos a velha mentirosa pra falar das tias dele que já morreram. Uma casou na macumba. Quando ele tinha quatro anos, ela gostava de tocar no sexo dele. Fazia sexo oral nele. Quando ouviu o nome dela ele ficou agitado, andando para frente e para trás. Aproveitamos pra colocar pensamentos de caixões e cemitério na cabeça dele. Ele tem pavor dessas coisas." • - disse o demónio. — "A mãe dele disse pra velha mentirosa não fazer aquilo. Ela respondeu: — 'Ele não tem Deus não?'. Ele ouviu e respondeu: — 'Não, não tenho Deus não'. Ele já estava em nossas mãos. Fizemos ele tirar a roupa e correr para o quintal segurando uma faca com uma mão e tapando o sexo com a outra. Ficou gritando: — 'Olha mãe, olha aqui, eu vou me matar'. A mãe dele gritou: — 'Em nome de Jesus, não faça isso'. — narrou o Exu. — "Quando ela clamou esse nome, dois anjos vieram voando e tiraram a faca dele. A faca voou longe. Ele a pegou e levou para a cozinha dando risada. Aproveitamos pra colocar pensamentos de doidura na cabeça dele: — 'Pegue a cadeira... Fica erguendo e batendo sem parar'. Ele obedeceu direitinho. A mãe dele disse pra ele não obedecer, pois era demónio mandando ele fazer aquilo, mas ele batia a cadeira e dizia: - - 'Não, não é demónio, é uma representação. Estou fazendo parecer coisa de demónio, mas sou eu representando. Tenho controle sobre mim, eles não podem me possuir'. O demónio ria enquanto narrava suas mazelas. — "Estamos nas novelas. Vai começar uma nossa. Nosso chefão mandou passarem de novo".

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— O que tem nas novelas? — "Nossos Exus todinhos. Tem mais de dois milhões deles só numa novela. Nas outras também tem." — disse referindo-se a programação das duas maiores redes de TV brasileiras. — "Tem uma mulher nossa na igreja hoje... está no meio do povo dançando igual aos retetés." — Igual a quem!!? — "Os que baixam nas igrejas fogo puro. Por aqui não tem. Só em Manaus, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Alagoas. Os retetés dançam nas mulheres, nos homens... Fazem pular, sapatear, cair no chão, imitar. Tem pastor que acha que é o Espírito Santo, mas é a gente que faz. A unção do riso também é nossa, mas essa já é velha." — disse o espírito demoníaco. "Reteté" é como são chamados os cultos ou "vigílias de fogo" nas igrejas de uma pretensa denominação evangélica. O modo como as pessoas se comportam nos cultos dessa denominação retrata bem o que o apóstolo Paulo disse quando usou a expressão: "... não dirão porventura que estais loucos?" (lCo I4:23b). No "reteté", homens e mulheres giram de um lado para o outro, marcham, pulam, sapateiam, rodopiam, riem e berram ao som de canções em ritmo de axé ou forró, com pandeiros e outros instrumentos de percussão. O ambiente é muito parecido com as reuniões do candomblé. Há muitos vídeos postados na internet mostrando tais cultos. A palavra "reteté" não tem uma definição exata. É usada para designar movimento, mistura, ambiente atípico ou fora do normal, reboliço. O que ocorre nos "retetés" é uma contraposição ao que Paulo ensinou em sua primeira epístola aos Coríntios: "Tudo, porém, seja feito com decência e ordem" (\ Co. 14:40). — "Dois mil e doze está aí." — disse o demónio. - O quê? — "Muita coisa vai acontecer em muitos lugares. Temos uma máquina poderosa que o homem criou." — Qual máquina? — "A destruição. E o que o homem está fazendo com a natureza. Vai haver terremotos em muitos lugares."

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Mesmo fora do foco da ministração, permiti que ele prosseguisse. "Você não vai tomar a vacina? Toma a vacina." O demónio se referia à vacina contra a gripe A (H IN l) que era oferecida pelo governo brasileiro através de uma maciça campanha de imunização. — Sei muito bem o que há por trás de certas vacinas. — respondi. — "Como você sabe? Os pastores têm que tomar a vacina. Eles não alertam ninguém. Tem muita gente daqui tomando. Dentro de alguns anos as doenças vão começar a aparecer. Vão surgir muitas feridas no corpo das pessoas." Enquanto o demónio falava, era possível ouvir uma música vinda de algum veículo estacionado nas proximidades. Ele ergueu o dedo indicador e fez um comentário sobre a intérprete da música, uma cantora pop americana1 conhecida internacionalmente.: — "Oh... Ela é nossa. A vacina é nossa." O demónio disse a mesma coisa em relação a dois famosos refrigerantes, um sabor cola e outro laranja. O espírito demoníaco continuava tagarelando. — "Você vai querer o chip? E o nosso dinheiro. Põe o chip na sua mão direita. Não dói nada, sai só um pouquinho de sangue. Você vai poder comprar tudo o que quiser."

Orando pela libertação de dona Ondina: Dona Ondina, 65 anos, mãe de Robério, iniciou no espiritismo, mais propriamente na bruxaria, quando ainda era jovem e solteira. No princípio, fazia despachos nas matas e cachoeiras. Posteriormente, passou a "atender" em casa e a "despachar" também nas encruzilhadas e cemitérios. Fazia despachos de macumbaria para pessoas interessadas em "desembaraçar" negócios, "arrumar" namorados (as), maridos ou esposas, destruir ou reatar relacionamentos rompidos e "fazer" pessoas se apaixonarem umas pelas outras. Invocava e incorporava demónios de diversas linhas, entre as quais a Cabocla Jurema e o Cabloco das Sete Encruzilhadas2.

1 Cantora, compositora e produtora musical dos Estados Unidos. Diz-se inspirada por artistas como: Elton John, Cher, Madona, Michael Jackson, David Bowe e a Banda Queen. Em seus shows, costuma se exibir em trajes sumaríssimos. Sensualidade e indecência são a marca registrada de suas performances. Atribui muito de seu sucesso inicial aos seus fãs gays. Numa de suas composições ela fala sobre sua bissexualidade, condição que assume publicamente. 2 Demónio invocado para realizar trabalhos nas encruzilhadas, nas esquinas e cruzamentos das ruas e nas curvas das rodovias, lugares onde geralmente ocorrem muitos acidentes trágicos. E incorporado para dar "conselhos", fornecer números para apostadores de loterias e outros jogos de azar.

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Invocava e incorporava também os Pretos Velhos "Pai Benedito" e "Mãe Benedita"1, o Exu Boiadeiro, os Exus de Prostituição ou Pombajiras, Maria Bonita, Maria Padilha e Maria Conga2, sendo este último, considerado sua "cabeça espiritual"; os Erês Cosme e Damião, Zezinho e outros demónios mirins que se manifestam em diversas linhas do espiritismo. Quando incorporava determinados demónios, dona Ondina dilacerava animais vivos com os dentes e os devorava. Ela orgulha-se de ter sido uma jovem muito bonita. Quando "recebia" Pombajiras, exalava sensualidade e lascívia no modo de agir e no linguajar, enfeitiçando os homens que atendia. Segundo ela, muitos deles apaixonavam-se por esses demónios femininos, permanecendo por muito tempo em contato com eles. Sua fama cresceu de tal maneira que ela chegava a atender dezenas de pessoas num só dia, especialmente às sextas-feiras. Era muito requisitada para fazer ou desfazer trabalhos de bruxaria, inclusive em fazendas e empresas. Dona Ondina afirma que chegou a "livrar" muitos rebanhos de gado da mortandade por obras de bruxaria e a "curar" doenças que a medicina não podia diagnosticar. Cita, como exemplo, a "cura" de um tumor maligno que um rapaz de 20 anos trazia na cabeça e a "libertação" da filha de um fazendeiro acometida de loucura. Essa jovem, segundo ela, não falava, não se alimentava, nem dormia, mas ficou plenamente "curada" depois de uma única "consulta" com ela. Diz ela que curou também sua sobrinha, à qual tivemos a oportunidade de ministrar libertação em diversas áreas. Quando jovem, essa moça era possuída por demónios de loucura e levada a subir pelas paredes. Foi vítima de abusos

sexuais na infância e se prostituiu durante muito tempo. Numa ministração com Robério, um demónio vangloriou-se da forma como usavam sua mãe: — "Ela era nossa. Nós a fazíamos subir em árvores e saltar do alto delas... Andava por cima das águas e não afundava. Era tudo para mostrar nosso poder." — disse o demónio.

1 Preta velha incorporada na umbanda, quimbanda e no candomblé. Seus adeptos a incorporam para dar "conselhos", "curar" doenças e "exorcizar". Em seus despachos, seus seguidores usam banhos de ervas, pontos de fogo e pontos riscados. Contam com o apoio dos Exus. 2 Demónio feminino que escraviza as pessoas na prostituição. Uma "cantora" e dançarina brasileira, que se tornou famosa pelo caráter erótico de suas músicas e performances, gravou uma "canção" em que invoca essa pombajira o tempo todo. Não é por acaso que tal cantora tornou-se conhecida também pelo número de vezes que já se casou e pela rapidez com que seus casamentos são desfeitos.

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Conversei sobre isso com uma irmã de dona Ondina, que também foi envolvida com a bruxaria. — Era impressionante... Ela subia em árvores pulando de galho em galho como um macaco, depois saltava lá do alto sem nada sofrer. Sumia mata adentro e reaparecia andando por cima das águas do riacho. — contou ela. Dona Ondina casou-se grávida de Robério num tempo em que a sociedade era muito conservadora. O pai do menino, que vivia da jogatina e veio a ser seu marido, quis que ela abortasse. Ela abandonou o espiritismo em meados dos anos 80, convertendo-se a Cristo Jesus por influência de uma irmã. Quando a conhecemos, ela já era crente há muitos anos, mas não tinha rompido os antigos vínculos. Vivia atormentada por pesadelos em que era assediada por antigos namorados, com os quais prostituiu e por Pombajiras. Oramos por dona Ondina pela primeira vez após um culto de libertação em que várias pessoas de sua família estavam presentes, inclusive Robério. Nessa ocasião, uma Preta Velha manifestou-se, falando como uma pessoa completamente analfabeta. — "Nóis fala errado mêmo... Ocê é feio, nóis num gosta doce... Ocê é muito inchirido. Veve entrano aonde num é chamado. Cê pensa que é muito sabido..." O demónio passou a afrontar a irmã mais velha de dona Ondina que também estava presente. — "Essa veia mintirosa prometeu u'a banda de vaca pra nóis, mais nunca intregô. Nóis coloco duença na perna e no pé dela. Nóis faiz ela manca. Nóis póe dor no braço e nas costa dela. Ela gosta de fala bobage. O fie (filho) dela imita viado e todo mundo ri. Nóis entra nele quando ele faiz isso." — Cale a boca, em nome de Jesus. Responda o que eu perguntar. — determinei. — "Dêx'eu conta... Eu vô fala óh... Nun mexe cum essa doidinha não. Dêx'ela. Cê num tem que ora pra ela não, ela é nossa." O demónio referia-se à sobrinha de dona Ondina que viera de outro Estado para participar do culto naquela noite. Aquela que, na adolescência, "enlouquecia" e subia pelas paredes. — Com quantos demónios esta mulher fez pactos? Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "Hiiihhh... Tem muito viu... Ela chamava nóis pra cura as duença do povo e arruma macho pras muié..." — Demónio não cura ninguém. Quem é tocado por demónio é amaldiçoado. 205


— "Não... Eu vô fala procê... Nóis num pricisa nem pó a mão. Quem ouve nossos consei (conselhos) já fica seno (sendo) nosso. Nóis manda fazê dispacho nas incruziada (encruzilhadas), no circo de pórva (círculo de pólvora), quemá vela, trazê bicho (animal) pra nóis bebé o sangue e és (eles) obedece... Tem gente desses lugá dóceis (igrejas) fazeno coisa errada que o grande (Deus) dóceis num gosta... Vê novela, bebe cerveja..." — Com quais demónios ela fez pactos? — "Oh... Tem o hindu, o médico que ela ricibia (encorporava) pra cura as duença do povo... Nóis curava depois punha ôtras... Usava o zezin (Zezinho), pra cura duença de criança... A cabôca (Cabocla) Jurema, índia da macumba. O caboco das Sete Incruziada ela ricibia tamém." O demónio seguia falando: — "Muita gente anda atraiz desse caboco pra ganha dinhêro no jogo. Ele marco o dia do pai dela morre e ele morreu mêmo (mesmo). As muié dava presente pra ela arruma macho pra és (elas) e a Maria Padia (Padilha) arrumava. As Pombajira féis (fizeram) ela casa buxuda (grávida). Tem os Preto Veio tamém... Es (Eles) dava passe pra cura dor nas perna, tira febre, duença de sexo... Tirava depois punha ôtras. Ela gostava dos Preto Veio... A Maria Conga ficava oito hora cum ela. Ricibia (incorporava) o Pai Binidito e bebia sangue de galinha e vinho; fumava cachimbo e charuto... Ela ofereceu o fie (filho) dela prós Preto Veio. Es (eles) coloco confusão na cabeça dele. A Mãe Binidita falo pra mãe dessa aqui: 'Nóis vai leva ocê pra passiá num lugá muito bunito, um lugá cum muita flô (flor). Dia doze nóis vem te busca. A boba falo: 'Eu quero i (ir)'. No dia de Cosme e Damião os Preto Veio levo ela. Ocê sabe pra onde né?" Dona Ondina foi usada pelos demónios que incorporava para enganar seus pais e levá-los a consentir na própria morte. Quem se envolve com demónios nesse nível, torna-se uma pessoa fria e inescrupulosa, capaz de cometer as piores atrocidades em obediência aos seus "guias". Muitos demónios usam seus "cavalos" (pessoas nas quais incorporam), para requererem os filhos de seus adeptos para o seu serviço no espiritismo. Sob o pretexto de terem sido chamadas para "desenvolver a mediunidade", muitas crianças — tanto meninos como meninas — são transformadas em objetos sexuais dos pais de santo. Quando meninas engravidam, seus filhos, não raramente, são consagrados aos demónios que usam os pais de santo, para possuí-las. Por ordem dos demónios, muitas meninas são levadas a abortar sob a alegação de que, se seus filhos nascerem, serão infiéis ao "chamado". O produto dos abortos, ou seja, os 206


fetos, são usados em rituais em que o sangue é oferecido aos demónios que os pais de santo incorporam. Ministramos com Durval, um rapaz de 20 anos, que lutava para ser liberto do homossexualismo. Seu pai fora criado por um babalorixá. Quando criança, ele foi abusado sexualmente por esse homem e por outras pessoas, tendo sua vida aberta a demónios de prostituição. Tornou-se um homossexual ativo e passivo, chegando a abusar de crianças também. Converteu-se quando descobriu que Jesus Cristo poderia libertá-lo das amarras de satanás. Tornou-se um cristão fervoroso e passou a frequentar assiduamente a igreja, orando, jejuando e dedicando-se com afinco ao estudo da Palavra. Em pouco tempo deixou de sucumbir ao assédio dos Exus femininos.

Segunda Ministração com Dona Ondina: Voltamos a ministrar com Dona Ondina alguns dias depois. Após a primeira ministração, ela não teve mais pesadelos e as dores que sentia no joelho e no corpo desapareceram. Quando impus as mãos sobre sua cabeça e comecei a orar forte, em nome de Jesus Cristo, ordenando que as amarras ainda existentes em sua vida fossem desfeitas, um demónio se manifestou. — Te aprisiono em nome de Jesus Cristo e te proibo de resistir. Responda o que eu perguntar. — estabeleci. — "Ela me chamo muitas vêiz (fez muitos pactos). Eu falo errado mêmo (mesmo). Eu quero fala u'a coisa. Ocê quê sê (ser) muito sabido, mais tem muita gente desses lugá (igrejas) ino (indo) lá naquele negóço que tá aconteceno aí que tem gado (festa da pecuária) naquele lugá tem canto (cantor) das músca (músicas) que o grande dóceis num gosta. Tem de tudo lá. Nóis fica tudo na porta, chego lá nóis entra junto. Nas igreja (a pessoa) é u'a coisa, lá é ôtra... E os crente de meia cuié (colher). Lá só tem coisa que nóis gosta. Tem bibida, confusão, briga... Até morte nóis faiz. Nóis faiz um infiá a faca no ôto (outro). Ocêis num cuida direito do povo, mais nóis cuida do povo que vai lá... E nóis põe esses crente pá vê (para ver) nóis na televisão mêmo." — Põem pra ver o quê? — "Ocê já sabe, num vô fala mais não." — Com quantos demónios ela ainda tem pactos? • " — íí/~\ Quinze. — Diga quais são, em nome de Jesus Cristo. 207


Com meus punhos fechados, fui abrindo os dedos, um após o outro, usando-os para contar as entidades demoníacas com as quais dona Ondina ainda mantinha pactos, para que pudesse levá-la a rompê-los de forma específica. — "Tranca Rua, Exu Boiadêro, Zildinha, Zezin, Cosme e Damião, Exu Cavêra, Maria Redonda, Sete Encruziada... Exu do Lodo... Esse faiz o que ocê quizé, faiz maldade... Procêis é maldade, prá nóis num é não... Maria Padilha, Maria Conga; essa é muito boa mêmo... Exu Viludo, esse é bão pra arruma namorado... E o Pai Joaquim, ôto (outro) Preto Veio. - Falta um... diga qual é o nome dele. — "É eu uai... Mãe Binidita... Cê já isqueceu de mim? Eu falei que ocê é feio. Cê num lembra de mim não?" — Vá mostrando as enfermidades que colocaram nela. Por que ela usava uma faixa no joelho? — "E num tava bunito? Cê num tinha nada que tira as duença dela... Óh... Eu falei procê num mexe com a doidinha, mais ocê foi mexe... Ainda tem coisa nossa na casa dela, coisa que nóis gosta. Se tira nóis sai, se num tira nóis fica. Tem perfume, rôpa (roupa), tem retarato de festa caipira1... Oh, Ocê num vai na casa daquele loco não2. Ocê pensa que nóis num sabe que ocê tá quereno i (ir) lá? Mais nóis num dêxa ocê lembra. Nóis é bão, num tamo fazeno nada, dêxa nóis quéto (quieto) lá... Eu já posso imbora?" Depois de identificar os demónios com os quais dona Ondina mantinha alianças, orei desligando suas amarras e determinando a quebra das maldições que lançaram sobre ela. - Tomo autoridade sobre todas as maldições na vida dessa mulher e ordeno que sejam destruídas, no poder e na autoridade de Jesus Cristo de Nazaré. Ouçam todos os demónios que até hoje tomaram parte na vida dela. Seus direitos foram revogados. Ordeno que saiam agora, em nome de Jesus, saaiam. Enquanto eu orava, dona Ondina tossia sem parar. Os demónios foram saindo um por um. Quando a faxina terminou, conversei com ela explicando-lhe tudo o tinha ocorrido. Levei-a a orar confessando e pedindo perdão a Deus por todo envolvimento com as trevas, rompendo os pactos que firmara com demónios e revogando seus direitos sobre ela. Daquele dia em diante, dona Ondina tinha

1 Festa Junina. Festas em louvor a qualquer ídolo atrai a presença de demónios, assim como toda forma de idolatria. 2 O "loco" ao qual o demónio se referiu era o marido de uma das irmãs de dona Ondina que era esquizofrênico. A família havia me pedido para orar por ele.

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sempre uma nova experiência a relatar. Testemunhava aos parentes e empenhava-se em trazê-los para serem ministrados.

Quarta ministração com Robério: Prosseguimos ministrando com Robério, buscando identificar as causas das maldições ainda em aberto em sua vida. A cada ministração ele apresentava visível melhora. Estava determinado a alcançar sua libertação plena. Já não havia tanta resistência como no início. Tão logo começávamos a orar e o Senhor fazia o inimigo se curvar pela força do Seu poder. — "Não gostamos desse lugar, nem de você." — disse um demónio. — Eu também odeio vocês. — retruquei. — "Gostamos das igrejas com bagunça, reteté, dança, rebolado e sem pregação. Por que você prega? Por que você prega libertação? Vamos acabar com seus cultos, com sua igreja, vamos levá-lo para o inferno." - disse, tentando me intimidar. — "Quase acabamos com sua mulherzinha1, mas o grande (Deus) não deixou. Mandou dois anjos para nos impedir. Nosso alvo era você. Vamos te enforcar com nossas mãos quando estiver dormindo... elas são brancas com unhas grandes e fortes. Outro dia fiquei atrás de você... você engasgou duas vezes durante a pregação. Não gostamos da Palavra (de Deus). Aquela enxerida tinha de fofocar sobre mini para a pastora." O demónio referia-se a uma intercessora que, durante um culto de libertação, disse à minha esposa que sentia uma forte resistência durante a ministração da Palavra. — "Há morcegos (demónios) voando dentro das igrejas na hora do louvor. Na hora da pregação eles param. Eles vêm junto com as pessoas, de suas casas, e materializam dentro das igrejas. Ê a mentira, a falsidade... Irmão não gosta de irmão, não cumprimentam os outros, sentem inveja e falam mal uns dos outros. É uma bagunça. Aliás, toda igreja tem isso." - — disse o demónio. — "Na casa desse aqui (Robério) tem um CD de Techno. Tem demónio naquele CD. Tem música consagrada a nós. São músicas tocadas nas baladas, nas festas dos jovens. 'Alehandro' é a Lady Gaga quem canta. Ê para anunciar a chegada do governador desse mundo, o anticristo. Esse idiota quer quebrar o

l Minha esposa tinha sofrido um acidente dias antes. Foi atropelada por um motociclista sem carteira de habilitação. Apesar de não ter sofrido fraturas, sua recuperação foi bastante complicada.

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CD, mas nós colocamos na cabeça dele que custou muito caro." — O demónio seguia falando. — "Cadê a quatro olhos"? — Quem? — "Sua filha... Ela tem o sangue do homem que morreu na cruz na cabeça. Tem a chama dele nas mãos. São chamas brancas, mas são chamas. E escolhida pelo grande de vocês. A pequena também." — disse. — "Você está escrevendo um livro. Não podemos chegar perto. Os anjos do grande (Deus) não deixam. Sabe o que você deve fazer? Coloca uma gota de sangue na capa, mas não do homem de vocês (Jesus), do sangue que vou te dizer..." — Cale-se agora mesmo, em nome de Jesus Cristo. — "Você tem que parar de escrever aquele livro..." — protestou o demónio. Naquela noite estávamos apenas eu e Robério no gabinete pastoral. Conversei com Dona Ondina posteriormente, mostrando-lhe a importância dela confessar e romper os pactos que firmou por Robério desde antes dele nascer, dando ao inimigo o direito legal de entrar na vida dele e amaldiçoá-lo. Reunimo-nos dias depois a fim de tratar sobre essa questão. Dona Ondina foi relatando tudo o que fizera por Robério no espiritismo, desde benziçóes, simpatias, votos, consagrações, rituais, despachos e todo contato que levou o filho a manter, direta ou indiretamente, com as entidades demoníacas com que mantinha alianças. Robério também relatou os envolvimentos que teve com as trevas desde a sua infância. Enquanto eu explicava a ambos os benefícios do rompimento de tais vínculos, percebi que Robério estranhamente mudou a fisionomia. Olhava-me com ódio dando a impressão de que iria saltar sobre mim a qualquer momento. Estava possuído. Levantei-me rapidamente e impus uma das mãos sobre sua cabeça. — Perca as forças, em nome de Jesus Cristo. Está proibido de resistir. — ordenei. — "Seu desgraçado, você não pode fazer isso." — Desgraçados são vocês. Seus minutos estão contados na vida desse homem. Ordeno que fale com quais demónios ele ainda mantém pactos, em nome de Jesus Cristo. — "Não vou dizer nada." — Senhor Deus, em nome de Jesus, envia teus anjos contra ele e o faça falar... 210


— "Você quer saber demais." — Vamos, vá dizendo com quais demónios ele mantém aliança... em nome de Jesus Cristo. — "Não foi só os que a mãe dele chamou... Ele também chamava." — Quais são eles? Quero o nome de todos eles... — "Lampião e Maria Bonita, Mãe Menininha, Exu Zé Mulambo - esse fazia ele não gostar de tomar banho -, Exu do Lodo, Exu Boiadeiro, Omulú, Exu do Cemitério, Cabocla Jurema, Preta Velha Maria Benedita, Preto Velho Pai Benedito, Preto Velho Pai Joaquim, Hindu - o médico de cura do oriente, que é Alá -, Exu Caveira, Preta Velha Maria Redonda, Preta Velha Maria Conga - a cabeça espiritual da mãe dele; ele gostava de conversar com ela -, Rei de Nagô, Exu Tranca Rua, Exu Zé Pelintra, Caboclo Kimbôfo, Exu Tranqueira - esse fazia ele ter obsessão por quinquilharias -, Exu Gira Mundo, Caboclo Sete Flexas - que fazia ele gostar de índios —, Zé Benedita - que é homossexual-, São Jorge - o Xangô no baixo espiritismo." — O demónio seguia narrando os nomes dos demónios com os quais Robério mantinha vínculos. Eu ia anotando tudo. — "A mãe dele fez pacto com vela preta e vermelha pra ter filho inteligente, por isso o Zé da Retaguarda colocou esquizofrenia nele. Tem Xangô, lansã, Iara, lemanjá, Zé Riguilido, Exu Cigano - que usava a mãe dele pra a ler sorte -, Exu da Meia Lua - que entrou pelo ventre da mãe porque ele foi concebido antes dela casar, é o Zé da Retaguarda. Tem os demónios do sol e da lua, o Sete Encruzilhadas, dezesseis Exus de criança, Cosme e Damião, Zezinho - que coloca doença em criança -, Zildinha, Boi Erê, Zé Pedrinho. Ele foi consagrado em dezesseis partes. Primeiro foram as benziçóes e a consagração à lua, por isso vieram os ETs e os amigos imaginários. Ele teve uma visão do Capa Branca quando era pequeno. A mãe dele estava incorporada. Era um ser pequeno. Desceu do céu numa nave totalmente branca usando uma capa branca. Ele pensou que era um anjo de luz." — o espírito demoníaco falava sem parar. — "Na última etapa, ele foi consagrado ao Exu Zé da Retaguarda e ao Exu do Medo. Por isso veio o TOC e a síndrome do pânico. Tem muito demónio de personagens e de desenhos que ele gostava de assistir. Tem demónios de zombaria, Pretos Velhos, demónios dos feitiços e das mágicas que ele brincava de fazer, de suicídio e de palhaços. Por isso ele é ridicularizado. Tem o Anjo Negro, o demónio do engano espiritual dos Mórmons e das Testemunhas de Jeová". — concluiu ele, finalmente. 211


Tendo checado tudo com dona Ondina a levei a orar renunciando todo vínculo que havia firmado por seu filho. Tomei autoridade sobre as maldições que vieram sobre Robério, determinando que fossem destruídas, em nome de Jesus Cristo. Enquanto eu orava, ele soltava arrotos ruidosos. Eram os demónios saindo. Quando tudo terminou, levei-o a orar também, renunciando os pactos que ele mesmo tinha firmado com as trevas. Alguns dias depois, encontrei Robério e dona Ondina casualmente. Ele estava ansioso por compartilhar um sonho comigo. No sonho, Deus lhe dizia que eu deveria orar por ele abençoando sua vida profissional. Acatei aquela direção e orei por ele no culto de libertação daquela semana. Determinei que as amarras do diabo que prendiam sua vida profissional e financeira fossem desfeitas e o abençoei em nome de Jesus Cristo. Na semana seguinte, dona Ondina apareceu radiante. Robério tinha recebido e aceitado uma oferta de trabalho numa concessionária de veículos. Fora contratado para uma função na área de sua preferência. Glória a Deus!

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CAPÍTULO 11

O Enviado do Diabo

Robério foi apenas um, dentre muitos portadores de síndromes e transtornos com os quais lidamos. Vivenciamos uma problemática experiência envolvendo uma dessas pessoas. Conforme já comentamos, o inimigo não fica nada satisfeito quando alguém é arrebatado de suas fileiras para servir a Cristo Jesus. Ele se levanta contra o "desertor" e também contra os que Deus usa para resgatá-los. Foi o que ocorreu conosco durante o processo de libertação de Moema, a garota que entregou sua vida ao Senhor Jesus depois de trinta anos servindo ao inimigo no espiritismo. Quando chegamos à igreja naquela noite, minha esposa comentou comigo sobre a presença de um homem, de uns quarenta e cinco anos ou mais, no culto dos pré-adolescentes. Era uma reunião específica para jovens com idade entre onze e dezesseis anos. — Ê a terceira vez que o vejo no culto dos pré-adolescentes. E preciso informá-lo que a reunião não é apropriada para adultos. — disse-me ela, observando-o de longe. Enquanto falávamos sobre ele, um obreiro pediu para falar comigo em particular. Apontou-me o homem sobre o qual minha esposa se referia e disse que, dias antes ele havia procurado nosso líder para informar que passara a frequentar a igreja por interesse numa obreira. Descreveu-a de forma detalhada, demonstrando que sabia muito bem de quem se tratava. Quando ele se foi, nosso líder comentou com o obreiro que, pela descrição, a mulher sobre 213


a qual o homem se referiu seria nossa filha, de dezessete anos. Apesar de ainda ser uma adolescente, ela era uma obreira bastante ativa. Essa história teve desdobramentos muito desagradáveis. A liderança achou por bem conduzir aquela situação sem me informar nada. O caso exigia providencias enérgicas, mas não foi o que aconteceu. O tempo passava e a situação foi se tornando cada vez mais insustentável. Aquele homem passou a abordar os pré-adolescentes em busca de informações sobre a rotina de nossa filha. Queria saber onde estudava, onde morava, em quais dias frequentava a igreja, o número de seu celular etc. Por precaução, achamos por bem colocá-la a par dos acontecimentos, o que, naturalmente, acabou afetando seu emocional. Como se aproximava o período em que ela prestaria o concurso vestibular, resolvemos antecipar sua viagem para uma das localidades em que realizaria provas. Quando retornou, cerca de dez dias depois, o problema ainda não havia sido solucionado. Eu continuava aguardando providencias por parte da liderança, mas esta se comportava como se nada estivesse acontecendo. Até que, numa noite, após o culto, nosso líder me chamou para uma conversa à parte. Informou-me que estava sendo pressionado por uma pessoa que desejava falar comigo sobre um assunto que envolvia minha família. O homem ficou aguardando o desfecho de nossa conversa a poucos metros de nós. Deixei claro que, mesmo sabendo quem estava por trás de tudo aquilo, espiritualmente falando, tomaria as providências cabíveis para proteger minha família. Na verdade, eu já tinha me informado sobre aquele sujeito. Tratava-se de um bem-sucedido empresário com atuação em vários setores. Procurava se impor perante a sociedade pela ostentação. Transitava em possantes motocicletas e carros importados. Era portador de transtorno afetivo bipolar, doença também conhecida como psicose maníaco-depressiva. Em sua fase maníaca, esse transtorno provoca substanciais alterações de humor e de comportamento nas pessoas, como o aumento do interesse pela atividade sexual e a perda da consciência a respeito da própria condição patológica, o que torna o indivíduo socialmente inconveniente ou insuportável. O portador do transtorno afetivo bipolar sente-se fortemente atraído por atividades perigosas, sem manifestar qualquer preocupação com os riscos. Suas ideias e planos de conquistas não têm limites. Fica profundamente frustrado se for impedido de levar seus objetivos adiante. Não se intimida com cerceamento

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ou ameaça e não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior à sua. Sente-se invencível, achando que nada, nem ninguém, pode detê-lo. Tem sentimentos de grandeza, gosta de ostentação e imagina-se uma pessoa muito especial. Muitas vezes, vê a si mesmo como escolhido de Deus, uma celebridade, um astro ou um grande líder, dentre outras figuras de destaque. Apresenta sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia. E, portanto, uma pessoa doente e potencialmente perigosa. Decidi apresentar queixa contra ele no juizado de menores. Reconhecendo a gravidade do caso o juiz designou uma equipe de comissários para intimá-lo a comparecer no juizado a fim de prestar esclarecimentos sobre seu comportamento. Seria advertido e aconselhado a manter distância da igreja. Porém, nenhuma providencia chegou a ser efetivamente tomada. Fomos obrigados a continuar convivendo com aquela indesejável situação. Percebi que aquela era uma batalha a ser vencida no campo espiritual. Intensificamos as orações, apoiados por alguns intercessores que caminhavam conosco. Encontrávamo-nos num momento crucial do processo de libertação de Moema, aquela que por muitos anos serviu ao inimigo no 'Vale dos Espíritos'. Numa noite, quando começamos a orar pela libertação dela, um demónio de manifestou: — "Não gosto desse lugar. Tem muito fogo aqui." — resmungou ele. — Quem é você? Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — inquiri. Tremendo, o demónio ergueu a mão de Moema, apontou-me o dedo indicador e disse: — "Queria mesmo encontrá-lo. Você não sabe com quem está se metendo." — disse ele a fim de me intimidar. — "Podemos acabar com você seu enxirido. Você acha que não pode ser tocado... se esquece que tem família... mulher... filhas..." Ao ouvir o demónio dizer aquilo, minha esposa não se conteve: — Você não pode nos tocar. O Senhor Jesus é nossa proteção. Sinalizei para que se calasse. — Sei muito bem o que pretende. — disse-lhe. — "Ê... vamos te desestabilizar... você já anda preocupado. A bonitinha está ministrando no altar... mas ela é nova, não tem estrutura. Vamos tirá-la de

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lá. Já está ficando confusa. Estamos usando uma falange antiga. A falange da Rainha de Sabá1. Não temos pressa. A hora dela vai chegar." — Vai dizer quem estão usando... Te proíbo de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "É... Usamos aquele coitado há muito tempo. É fácil. Ele é um fraco... Fraco de mente. Foi traído, rejeitado. Se sente inferior. Entramos na mente dele há muito tempo para destruí-lo... Há cinco, sete anos. Colocamos doença na cabeça dele, um demónio. Colocamos obsessão pela sua filha. Ninguém pode tirar... ninguém. Vocês querem ser os certinhos. Gostam de servir ao outro (Deus). Tudo é a favor dele." O homem sobre o qual aquele demónio se referia era aquele com quem estávamos lidando. Com a mão sobre a cabeça de Moema, ordenei que o espírito demoníaco se identificasse e confessasse sua derrota em nome de Jesus. — "Posso até confessar, mas você pode esperar... está mexendo com os nossos." — Basta... tomo autoridade sobre toda obsessão na mente daquele homem e ordeno que seja destruída e removida. Demónios que estão usando aquela vida, sejam desligados e repreendidos de sua mente. Ordeno que saiam agora, em nome do Senhor Jesus Cristo Saaaaiam. Ficamos no aguardo dos acontecimentos para testificar sobre o agir de Deus naquela situação. Sabíamos que o Senhor havia nos dado a vitória. Na mesma semana, um membro do presbitério foi designado pela liderança para informar àquele homem que sua presença na igreja era indesejável, pelas razões que ele bem conhecia. Ele simplesmente respondeu que tinha decidido se afastar da igreja, pois já não tinha mais interesse pela obreira que tanto o atraia. Depois disso nunca mais o vimos.

l Demónio que escraviza as pessoas por meio da obsessão. Opera em associação com uma falange chamada "guias missionárias" e outros demónios conhecidos como "Cavaleiros de Oxossi". A Rainha de Sabá é considerada por seus adeptos como um espírito de alta hierarquia, uma entidade poderosa. Escraviza as pessoas nas áreas emocional, sentimental e sexual. É identificada com Lilith, divindade caracterizada como uma mulher bela, sedutora e diabólica, citada nas mitologias assíria e babilónica. E um demónio de escravidão sentimental e sexual.

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CAPÍTULO 12

Libertação é Guerra Espiritual

A libertação é uma guerra espiritual. Uma disputa de poder entre os servos de Deus e os espíritos dominadores, os demónios que expressam a maldade de satanás na terra. E a classe de demónios que opera em nível de solo, dominando e possuindo o ser humano por diversas razões, conforme já mencionamos nesse livro. As palavras batalha e guerra são muitas vezes citadas na Bíblia. A primeira aparece em cinquenta passagens e a segunda em duzentas e oito. Ambas são usadas para relatar conflitos, como as guerras entre os povos e entre a igreja de Jesus Cristo e o império das trevas. A batalha espiritual não é uma guerra comum, como as que vemos nos filmes ou nos noticiários da televisão. É muito mais terrível. Em sua Palavra, Deus declara que na batalha espiritual contra os poderes das trevas, a vitória é nossa, pois o inimigo já foi derrotado pelo nosso Senhor Jesus Cristo. "E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Cl 2:15). A Bíblia mostra que nossa verdadeira batalha não é contra os seres humanos, mesmo quando estes são usados pelo inimigo para nos atingir.

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"Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (Eí 6:12). A batalha que travamos contra os príncipes, principados, potestades e as forças espirituais do mal ocorre em nível estratégico, nas regiões celestiais. As regiões celestiais são definidas na Bíblia como o lugar onde se concentram as forças de guerra dos dois lados. É o lugar onde Deus está (Ef 1:3). O lugar onde o Jesus ressuscitado está (Ef 1:20). O lugar dos que aceitaram a Jesus como Senhor de suas vidas. O lugar da igreja de Deus (Ef 2:4-6). O lugar do império das trevas (Ef 3:10) e da guerra (Ef 6:12). Só há uma maneira de entramos nas regiões celestiais para guerrear contra o império das trevas: através da ORAÇÃO. A Bíblia cita exemplos de guerra espiritual e a importância da oração para quebrar as resistências nas regiões celestiais: (Dn 10:1; 10:12,13,20; Lc 4:1,2). A primeira batalha espiritual começou com a rebeldia de Lúcifer contra o Criador. Ele seduziu e arrastou consigo a terça parte dos anjos do céu. "A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra" (Ap 12:4a). Com os anjos rebeldes, Lúcifer formou o exército das trevas, cujo objetivo é impedir o avanço da Igreja de Jesus Cristo. Mesmo sabendo que já foi derrotado, o diabo continua resistindo através de seus subalternos, tentando não perder o domínio que exerce sobre esse mundo. A Bíblia refere-se a satanás como o chefe da apostasia, o príncipe que se rebelou contra seu Criador. No livro do profeta Isaías ele é chamado de "estrela da manhã" ç. "filha da alva" (Is 14:12). É importante ressaltar que, ao criar Lúcifer, Deus não criou um adversário, mas um ser em alto estado de perfeição para ocupar uma alta posição no céu. "Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria eformosura [...]"Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em tí"(Ez 28:12b, 14,15). O que levou Lúcifer a pecar contra Deus foi a soberba, sentimento por ele mesmo gerado: 218


"Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis de pus, para que te contemplem" (Ez 28:17). Por sua rebelião, Lúcifer pagou um alto preço, e seu destino foi selado para sempre. "Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te contemplam. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; vens a ser objeto de espanto e jamais subsistirás" (Ez 28:18,19). Nenhum dos que se uniram a Lúcifer em sua rebelião contra Deus foi poupado. "... Deus não poupou os anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo... "(2Pe 2:4). Segundo as Sagradas Escrituras, satanás e seus demónios são governantes espirituais do mundo (Jo 12:31; 14:30; 2 Co 4:4), que usam os ímpios (Ef 2:2), se levantam contra a vontade de Deus (Mt 13:38,39) e atacam incessantemente os servos de Deus (lPé 5:8). E uma vasta multidão de demónios (Ap 12:4-7), um império de anjos caídos, extremamente organizado e disposto dentro de uma hierarquia. O líder desse império é satanás, termo que, em hebraico, quer dizer "enganador", "usurpador", no grego seu nome quer dizer "Lúcifer". A hierarquia satânica é constituída por príncipes, principados, potestades, forças espirituais do mal e dominadores. O primeiro escalão dessa hierarquia é constituído por Lúcifer e por quatro príncipes de grande poder e influência, que operam sob seu comando, são eles: Leviatã (Is 27:1)', Astaroth (2Rs 23:13), Belzebu (2Rs 1:2; Mc 3:22; Mt 12:24) e Asmodeo ou Asmodeus. Este último tem seu nome mencionado no livro apócrifo de Tobias. E considerado o demónio da ira e da luxúria.

l Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal, traduzida em português por João Ferreira de Almeida, versão revista e corrigida, ed. 1995, CPAD

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Conforme já explicitamos neste livro, esses quatro príncipes comandam poderosos principados que exercem influência sobre as regiões da terra. São mais influentes e poderosos do que os principados. Atuam em todo o planeta com diferentes nomes, de acordo com a região. Principados são demónios de alta patente que governam os continentes ou nações (Dn 10:13). Exercem influência sobre os governos humanos levando-os a tomar decisões ou aprovar leis que contrariam os princípios da Palavra de Deus. Operam nos lugares celestiais e agem sob o comando dos príncipes de Lúcifer. As potestades também são autoridades espirituais do mal. Operam sob o comando dos principados. Sua função primordial é promover divisão na igreja de Cristo disseminando confusão, facção e falsas doutrinas. Seu alvo principal são os líderes. Operam desde as regiões celestiais. As forças espirituais do mal são demónios que também operam nas regiões celestiais. São responsáveis por oprimir a humanidade levando-a ao desespero e ao caos total. Produzem sentimentos negativos como insegurança, medo e angústia, a fim de enfraquecer o ser humano e levá-lo ao homicídio e ao suicídio. Os dominadores são espíritos demoníacos que operam em nível de solo. Expressam a maldade de satanás na terra possuindo, escravizando e levando o ser humano à destruição. Para alcançar seu objetivo usam vícios, como a bebida e as drogas, a prostituição, o adultério, o homossexualismo, a impureza, a amargura, o ódio, a vingança, a avareza, a violência, o homicídio e outros meios. É contra essa classe de demónios que os servos de Deus pelejam diretamente na libertação espiritual. Ê de suma importância que todos entendam que não há razão para temer o exército das trevas. "Não temais, nem vos assusteis por causa dessa grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus" (2Cr 20:15b). Também é importante ressaltar que Deus e satanás não se encontram na mesma posição. Satanás é um anjo caído, falido e derrotado. O poder de satanás e de seus demónios não se compara ao poder do Senhor dos Exércitos, o Deus Todo-Poderoso, o Criador de todas as coisas. Nós enfrentamos o diabo e seus anjos em nome de Jesus Cristo, o nome que está acima de todo nome. Quando se levanta para pelejar contra nós, é contra o nosso Deus que o diabo e seus anjos se levantam.

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"Neste encontro, não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o SENHOR vos dará, ó Judá e Jerusalém" (2Cr 20:17). Sabemos que o diabo já foi derrotado por Cristo Jesus. Apesar dele ainda resistir, nossa vitória já está assegurada. Quando voltar, nosso Senhor o destruirá com todos os seus anjos, com o sopro da Sua boca (Is 11:4). Até lá, devemos estar vigilantes e em permanente oração, e revestidos com a armadura de Deus. "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis" (Ef. 6:13). A armadura de Deus é equipada com armas que nos capacitam a lutar contra o império das trevas. "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2Co 10:4,5). A armadura de Deus é para os que desejam se tornar vencedores, entendendo que devem tomar posse de tudo quanto o Senhor tem para lhes oferecer. O próprio Senhor Jesus usou essa armadura: "Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça;pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto" (Is 59:17). Em seu livro de estudos o Poder da Cruz (Editora Fonte da Vida), o apóstolo César Augusto1 fala sobre a importância do crente conhecer e aprender usar a armadura de Deus: "Tomar a armadura de Deus é um imperativo para que permaneçamos firmes na luta contra o inimigo. Há armas de defesa e de ataque. O l O apóstolo César Augusto é líder e fundador da Igreja Apostólica Fonte da Vida (IAFV), sediada em Goiânia/Goiás. E conferencista internacional, jornalista, escritor de diversos livros de edificação espiritual, compositor e integrante dos Ministérios Elim Fellowship, com sede em Nova Iorque, e da International Coalition of Apostles (IÇA), em Colorado Spring— USA.

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sangue de Jesus nos traz o aspecto da proteção: 'Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o Maligno não lhe toca (IJo 5:18). Este texto afirma que aqueles que nasceram de Deus não podem ser tocados pelo Maligno. O sangue é como um círculo protetor em volta de nós e que coloca o inimigo sempre à distância." O Apóstolo César Augusto escreve, com propriedade, sobre a importância de cada uma das armas que compõem a armadura de Deus: "O cinturão da verdade: Antigamente, todo soldado usava um cinturão largo, de metal ou de couro, para sustentar firmemente a armadura ao corpo e poder manter a espada no seu devido lugar. A verdade é poderosa para nos defender das mentiras do diabo e nos libertar (Jo 8:31-36). Ela nos dá um coração sincero e íntegro e nos conduz à maturidade espiritual." "A couraça da justiça (Ef 6:14): Essa couraça equivale aos atuais coletes à prova de balas, que protegem o coração e demais órgãos vitais. A justiça, segundo o apóstolo Paulo, nos dá a ideia de um relacionamento íntimo e justo com Deus pelo fato de termos sido justificados pela Sua graça mediante a fé em Cristo Jesus. A couraça da justiça impede o diabo de nos acusar, uma vez que Cristo nos justificou e libertou do pecado (Rm 8:1,33,34). A justiça também se traduz nos termos do testemunho de Cristo em nosso caráter e conduta (Ef 2:1-8) em todos os sentidos da nossa vida. "As botas do evangelho (Ef 6:15): As botas do soldado de Cristo representam a preparação do evangelho da paz. Preparação é o mesmo que prontidão ou firmeza. Firmeza inabalável é a mensagem de boas-novas levadas pelos pés dos que as anunciam. Representa a união do homem com Deus, da criatura com o Criador. Preparação é nossa prontidão para enfrentar qualquer situação difícil em favor de Cristo, para levarmos aos outros o evangelho que liberta da escravidão do pecado (Is 53:7). "O escudo da fé (Ef 6:16): Na vida espiritual do cristão, a fé é um escudo usado para rebater os dardos inflamados do Maligno. O escudo do soldado romano cobria todo o seu corpo. Deus é o nosso escudo, segundo sua Palavra em Provérbios 30:5. Ela é completa e total (SI 91:4) para aquele que deseja ser protegido das setas flamejantes do pecado." A este tópico quero acrescentar algo sobre a fé, começando por sua definição bíblica: "Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem"(Hb 11:1).

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Na guerra espiritual, não podemos duvidar que Cristo Jesus conferiu-nos poder e autoridade para prevalecer contra os poderes das trevas (Lc 10:19), e que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja de Cristo (Mt 16:18). Certa feita, os discípulos de Jesus fracassaram na tentativa de expulsar o demónio de um jovem. Mais tarde, eles perguntaram a Jesus por que não o puderam expulsar: "E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé" (Mt 17:20). Esta experiência mostra que a falha no trato com demónios é consequência da falta de dedicação espiritual do crente. Não há como confrontar as trevas sem os recursos necessários. O Senhor Jesus conhecia o potencial do inimigo. Por isso, se preparou adequadamente para enfrentá-lo no deserto. Além de conhecer profundamente a Palavra, Ele consagrou sua vida em jejum e oração por quarenta dias e quarenta noites. Assim, pôde discernir e rechaçar a estratégia do diabo quando este tentou fazê-lo prostrar-se aos seus pés. Precisamos estar sempre atentos e vigilantes, pois a pretensão do inimigo é tentar fazer o mesmo conosco. Voltemos ao estudo do apóstolo César Augusto sobre a armadura de Deus: "O capacete da salvação (Ef 6:17): Devemos buscar os benefícios alcançados por Jesus Cristo, como o perdão dos pecados, a libertação e a adoçáo na família de Deus. O capacete é a segurança da salvação que nos protege dos ataques contra nossa mente. "A espada do Espírito (Ef 6:17): É a única das armas que pode ser usada tanto para atacar como para nos defender de toda intimidação do diabo, seja por meio de palavras ou situações (Mt 5:11,12). A Palavra é usada como arma de ataque porque ela tem poder de cortar: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb 4:12). Não devemos ter vergonha de usar a Palavra de Deus. Precisamos colocar nossa confiança na autoridade da Palavra e em sua inspiração Divina (2Tm 3:16,17). Para corroborar essa importante explanação, quero lembrar que foi por meio da Palavra que o Universo foi formado (Gn 1:1-31). E por

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meio da Palavra que conhecemos a Deus e cremos Nele. A Bíblia afirma que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é a verdade. "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8:32). A Palavra foi uma das armas usadas pelo Senhor Jesus contra o inimigo no deserto. "Está escrito" dizia Ele a cada investida do diabo. Manejando a Palavra com autoridade, Jesus neutralizou, uma a uma, as investidas do inimigo, até expulsá-lo de sua presença: "Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (Mt 4:10). O diabo não pode resistir ao poder da Palavra. Na guerra espiritual, ao invés de qualquer retórica, devemos usar a Palavra de Deus. O diabo só se curva pela unção do Espírito Santo e pelo poder da Palavra. O apóstolo César Augusto ressalta que esta armadura "É Deus quem fornece, mas é nossa a responsabilidade de toma-la e empregá-la com confiança contra os poderes do mal", conclui. Outras Armas: Deus colocou outras armas espirituais à disposição dos seus servos. Cada uma tem um significado e deve ser usada de uma forma específica, como veremos a seguir. O sangue de Jesus (Hb 9:18-22; Êx 12:13). Conforme mencionado pelo apóstolo César Augusto, o sangue de Jesus é uma arma defensiva, que nos protege e defende do inimigo. Quando o anjo da morte foi enviado para assolar o Egito, Deus orientou o povo hebreu a marcar os umbrais das portas e janelas de suas casas com sangue de carneiro - que representa o sangue de Jesus - para impedir o anjo da morte de entrar (Êx 12:23). Portanto, o sangue de Jesus nos protege na batalhas contra o inimigo, possibilitando nossa vitória. "Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida" (Ac 12:11). Sem o sangue de Jesus não há libertação e quebra de maldições.

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O nome de Jesus (Mc 16:17,18). O nome de Jesus Cristo não é um nome mágico. Há muito poder nesse nome. Mas só funciona para aqueles que têm autoridade para usá-lo. Aquele que tentar usar o nome de Jesus sem autoridade acabará mal. A Bíblia relata a experiência de alguns exorcistas ambulantes que tentaram expulsar demónios, invocando o nome de Jesus aleatoriamente. "Os quefaziam isto eram sete filhos de um judeu chamado Ceva, sumo sacerdote. Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos eferidos, fugiram daquela casa" (At 19:14-16). O discernimento espiritual: "E não é de admirar, porque o próprio satanás se transforma em anjo de luz" (2 Co 11:14). Na libertação, como em toda guerra espiritual, devemos agir como homens espirituais e depender totalmente de Deus. E o Espírito Santo quem nos leva a discernir as estratégias do inimigo: "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (l Co 2:14). Na libertação, devemos concentrar toda a nossa atenção no ambiente espiritual em que estamos envolvidos para não sermos apanhados pela astúcia do diabo. Demónios são mentirosos e trapaceadores. Utilizam-se de artifícios como sofisma, dúvida, manipulação, intimidação e confusão para tentar enganar os servos de Deus. Fazem de tudo para intimidarem e demonstrarem que são invencíveis, mesmo sabendo que já foram derrotados e ao nome de Jesus terão de se curvar. O discernimento de espíritos é um dom divino, cuja operação possibilita aos servos de Deus discernir entre a genuína manifestação do Espírito Santo e a de um espírito demoníaco. Certa vez, uma jovem possuída por um espírito adivinhador seguiu os apóstolos agindo como se fosse usada pelo Espírito Santo (At 16:16). Dizia ela às pessoas: "Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação"(At I6:17b).

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Movido pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo discerniu que aquela jovem era usada por um espírito de adivinhação e o repreendeu dizendo: "Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela. E ele, na mesma hora saiu"(At I6:18b). O que ocorreu nesse caso foi uma operação do dom de discernimento de espíritos, levando o apóstolo Paulo a discernir que o espírito que usava aquela moça era maligno. Fatos semelhantes ocorrem em muitas igrejas, tanto durante os cultos como nas reuniões de oração e nos processos de libertação. Demónios usam pessoas que ainda não foram libertas, para simular os dons do Espírito Santo e enganar os servos de Deus. Tais demónios "oram" em línguas, fazem "revelações", endossam a ação ministerial dos líderes, elogiando-os e reconhecendo-os como vasos de Deus, a fim de impressioná-los e levá-los a crer que é o Espírito Santo quem opera neles. Não havendo discernimento, o inimigo permanece na igreja, enganando os crentes e disseminando fogo estranho, inclusive no altar. Na libertação espiritual não é diferente. Demónios simulam obediência, mentem e fingem terem sido expulsos para enganar o ministrante e permanecer no controle da vida das pessoas. Por isso, o dom de discernimento de espíritos é imprescindível aos servos de Deus. O jejum e a oração: Sem jejum e oração não podemos prevalecer na batalha contra o inimigo. Não há sofisma ou engano que não seja desfeito com jejum e oração. Não há demónio que resista ao poder do jejum e da oração. Segundo o Senhor Jesus, a falta dessas duas ferramentas foi a causa do fracasso dos discípulos em sua tentativa de expulsar o demónio de um jovem. "Respondeu-lhes Jesus: Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum]"'(Mc 9:29). Jejuar não é uma forma de negociar poder com Deus, e sim uma maneira de crucificar a carne colocando nossa total afeição nas coisas espirituais. O jejum é o modo bíblico de obedecer e nos entregar em sacrifício vivo e agradável a Deus, permitindo que Ele possa fazer através de nossa vida, o que Ele não poderia de outra maneira. 226


Assim como o jejum, a oração é imprescindível na batalha espiritual. A oração não é apenas mais uma arma, mas uma parte da batalha, onde o triunfo é alcançado mediante a cooperação com o Senhor dos Exércitos. Negligenciar, deixando de orar disciplinadamente, é o mesmo que entregar a vitória ao inimigo. A mão de Deus move-se na direção dos que estão em oração. A Bíblia mostra que, no instante em que seus servos começam a orar, o Senhor os ouve e envia seus anjos para lutar em favor deles. No reinado de Dario, rei da Pérsia, o Ira de hoje, Daniel orava por uma resposta de Deus quanto à duração do cativeiro do povo de Israel. Antes de haver concluído sua oração, o anjo Gabriel 'veio rapidamente voando com a resposta que ele buscava. Disse-lhe o anjo: "No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão " (Dn 9:21 -23, grifo do autor). Ao receber essa mensagem, Daniel orou e jejuou por vinte e um dias a fim de discerni-la. Ao final desse tempo Deus enviou outro anjo com a resposta que Daniel buscava: "Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. * Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia. (Dn 10:12,13, grifo do autor). Perceba que, nas duas situações, Deus ouviu a oração de Daniel desde o primeiro instante e enviou anjos para socorrê-lo. Na segunda vez, o anjo foi interceptado por um demónio que pairava sobre o território persa. Porém, a insistente oração de Daniel, fez com que Deus enviasse o arcanjo Miguel, um de seus primeiros príncipes, para combatê-lo. Este, certamente, não teria sido o desfecho dessa história caso Daniel tivesse desistido de orar. Certa vez, o reino de Judá estava prestes a ser aniquilado por uma coalizão inimiga que reunia os moabitas, os amonitas e os meunitas. O rei Josafá orou para que Deus interviesse em favor de seu povo. Veja quão vigorosa foi a resposta de Deus:

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"E disse: dai ouvidos, todo o Judá e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafd, ao que vos diz o SENHOR. Não temais, nem vos assusteis por causa dessa grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus" (2Cr 20:15). E disse mais o Senhor ao rei Josafá: "Neste encontro, não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o SENHOR vos dará, ó Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o SENHOR é convosco" (2Cr 20:17). Na noite em que foi traído, Jesus enfrentou uma terrível guerra espiritual no Getsêmani. Satanás mobilizou seu exército a fim de inviabilizar o plano de Deus para a redenção da humanidade. Todo o seu poder de fogo foi centrado em Jesus. Sua mente foi bombardeada por petardos de dúvidas e confusão num ataque sem tréguas. O objetivo do inimigo era demovê-lo da ideia de ir para a cruz, pois sabia o que isso representava. "Um de seus amigos já te traiu. Os outros te serão fiéis? Seus melhores amigos dormem e te deixam sozinho na batalha. De que não serão capazes os demais?" Bombardeava satanás. De fato, os discípulos de Jesus caíram no sono, deixando-o sozinho sob o fogo cerrado do inimigo: "E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?" (Mt 26:40). A Bíblia relata que a alma de Jesus ficou 'profundamente triste até a morte' e seu suor se tornou em gotas de sangue, mas Ele não desistiu de orar ao Pai. "Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mt 26:39). Essa experiência demonstra o poder da oração. Qual não teria sido o final da histórica batalha em que Jesus prevaleceu contra o império das trevas, mudando a história da humanidade, se ao invés de orar, Ele tivesse caído no sono, como seus discípulos?

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A unção que quebra o jugo: "E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo, do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção" (Is 10:27).; A unção mencionada nesta passagem não é aquela que ministramos às pessoas doentes para que sejam curadas (Tg 5:14). A unção que quebra o jugo é uma arma estratégica que os servos de Deus devem usar na batalha espiritual. Os cânticos de louvor: As Escrituras Sagradas mostram que os cânticos movem a mão de Deus em favor dos seus servos na batalha espiritual. Quando se viu cercado pela coalizão inimiga, o rei Josafá posicionou os ministros de louvor à frente do exército de Israel e ordenou que entoassem cânticos de louvor a Deus (2Cr 20:21): "Tendo eles começado a cantar e a dar louvores, pôs o SENHOR emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os do monte Seir que vieram contra Judá, e foram desbaratados"'(2Cr 20:22). Um cântico ungido é uma arma poderosa contra o inimigo. O louvor quebra as resistências e faz com que os demónios fujam da nossa presença. O rei Davi, homem de guerra, compôs um salmo que diz: "Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo. Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus, nas suas mãos, espada de dois gumes" (SI 149:5,6). Esses versículos mostram que os cânticos, aliados à oração, são armas de grande eficácia na guerra espiritual. Os apóstolos Paulo e Silas, depois de presos e açoitados, puseram-se a orar e a cantar louvores a Deus no cárcere (At 16:25). Deus respondeu com um grande terremoto despedaçando os grilhões de todos os presos e abrindo as portas da prisão (At 16:26).

l Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal, traduzida em português por João Ferreira de Almeida, versão revista e corrigida, ed. 1995, CPAD.

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Louvor abençoado traz libertação aos que vivem atormentados. Quando Davi tocava sua harpa, o espírito maligno que atormentava o rei Saul o deixava imediatamente (lSm 16:23). Os anjos de Deus A Bíblia ensina que Deus envia seus anjos para servir aos que herdarão a salvação, que são os crentes em Jesus Cristo (Hb 1:13,14). No livro do Apocalipse, vemos que os anjos de Deus são incontáveis: "Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares" (Ap 5:11). Uma das principais atribuições dos anjos, segundo as Sagradas Escrituras, é proteger os servos de Deus: "Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos" (SI 91:11). A Bíblia mostra que os anjos de Deus estão sempre prontos para pelejar pelos crentes contra as hostes malignas. Certa feita, o lugar onde o profeta Eliseu se encontrava foi cercado pelo poderoso exército sírio. Apavorado, o moço de Eliseu quis saber como escapariam de tamanho cerco: "Ele respondeu: Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. Orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O SENHOR abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu" (2Rs 6:16,17). Conforme vimos nessa passagem, os ministros de Deus não estão distantes de nós, mas bem perto (Gn 32:1,2); por isso, todo crente deve orar para ser liberto da cegueira espiritual para poder enxergar, claramente, a realidade espiritual do Reino de Deus (Ef 1:18-21; Lc 24:31) e suas hostes celestiais (Hb 1:14). Muitas seitas e religiões ensinam seus adeptos a adorar e adotar anjos como guias espirituais e intermediadores de suas causas. Isso é espiritismo puro. Nosso único guia é o Senhor Jesus Cristo. Somente em Seu nome devemos buscar o que precisarmos: 230


"Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" (Jo 14:14). A submissão: O que nos leva a triunfar na guerra espiritual é a nossa completa submissão a Deus. Ao contrário do que muitos imaginam, não é pela fé que o diabo se sujeita aos servos de Deus, mas pela submissão deles ao Senhorio de Cristo Jesus. O inimigo não se sujeita àquele que crê em Deus, mas anda fora de seus princípios. "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e elefugirá de vós" (Tg. 4:7). O inimigo não se sujeita àquele que expressa soberba ou independência ao confrontá-lo. O espírito de independência leva o homem a adotar posicionamentos extremos, radicais. O apóstolo Paulo afirma que, quando nos despojamos de nós mesmos, sujeitando-nos plenamente a Deus, somos capacitados a punir toda desobediência, destruir fortalezas, anular sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus (2Co 10:4-6). O Senhor Jesus nos deu esse exemplo esvaziando-se de si mesmo, humilhando-se, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homem e submetendo-se à vontade do Pai até a morte, e morte de cruz (Fp 2:5-8). "Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai" (Fp 2:9-11). A cobertura espiritual: Aquele que entra na guerra sem cobertura não acaba bem. A Palavra de Deus mostra que nossa cobertura espiritual está na Igreja, que é o Corpo de Cristo. E a Igreja que provê cobertura, proteção e força aos servos de Deus. Esses elementos essenciais na guerra espiritual (Mt. 18:18-20) são liberados por meio do jejum e das orações da Igreja. A única instituição sobre a face da terra que detém a autoridade e o poder de Deus é a Igreja de Deus. Ao declarar que "asportas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18), Jesus estava se referindo à Igreja e não ao homem de forma isolada. E preciso compreender o agir de Deus através da hierarquia por Ele estabelecida na cadeia de autoridade. A proteção, o poder e a autoridade de Deus são liberados através de sua autoridade delegada, que é a liderança da igreja.

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Em Refidim (Êx 17:1-16), Deus proveu força e proteção ao exército de Israel, na batalha contra os amalequitas por meio do líder Moisés. Enquanto Josué conduzia o exército judeu no campo de batalha, Moisés permaneceu no alto do monte com as mãos erguidas sobre eles (Êx 17:10). Confira os desdobramentos e o desfecho dessa história: "Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora, as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assentou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um, de um lado, e o outro, do outro; assim lhe ficaram as mãos firmes até ao pôr do sol. E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo a fio de espada" (Êx 17:11 -13). Perceba que, quando Moisés baixava as mãos, cessava o poder divino que fluía através dele para capacitar o exército de Israel a triunfar sobre os amalequitas. Esse princípio continua vigorando até hoje. Aquele que entrar na guerra sem cobertura espiritual será fatalmente derrotado. Porém, se o fizer sob a cobertura da igreja, ainda que venha sofrer algum arranhão, ao final, sairá vitorioso. Tapando as brechas: Há um ponto muito importante em relação ao diabo que precisa ser bem entendido. Ele só pode tocar num servo de Deus se a ele for dada alguma brecha ou legalidade. Muitos cristãos acham que o inimigo não pode tocá-los em hipótese alguma. Não é bem assim. Na verdade, o diabo não pode sair por aí fazendo o que bem entender, mas se encontrar alguma brecha, ele não perderá a chance de explorá-la. A Palavra de Deus nos adverte a não dar lugar ao Diabo. "Nem deis lugar ao diabo" (Ef 4:27). Antes de entrar na guerra, os servos de Deus devem se certificar de que não há áreas de fragilidade em aberto em suas vidas. A Bíblia ensina que o diabo ruge ao nosso derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Ele nos estuda minuciosamente e conhece nossas fraquezas. Sabe que produzimos brechas quando pecamos e vive a procura delas. Demónios não se sujeitam a quem os confronta com pecados em aberto. Eles usam os pecados não tratados como legalidades para resistir e acusar quem os confronta. Aquele que entra 232


na guerra sabendo que está em pecado não resistirá à primeira acusação. O diabo também conhece a atitude de quem peca, mas não vive no pecado. Ele não pode resistir ao que se arrepende e busca o perdão de Deus quando peca. Pode, até tentar, como fez com Jesus no deserto, é próprio de sua natureza, porém, a confiança daquele que foi redimido pelo sangue do Cordeiro o fará recuar. Os perigos da independência: O homem não pode prevalecer contra o inimigo na batalha espiritual se não colocar sua total confiança em Deus. Sem Deus o homem nada pode fazer. A independência de Deus é o mesmo que desobediência. A Bíblia afirma que somos jactanciosos, arrogantes, quando agimos com independência (Tg 4:13-15). "Agora, entretanto, vos jactais ãas vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna" (Tg 4:16). A independência e a autossuficiência induzem o homem a menosprezar, confrontar ou infamar as autoridades superiores. A Palavra de Deus ensina que não devemos incorrer em tal erro, mesmo se tratando de uma divindade demoníaca. É o que demonstra a seguinte passagem da Bíblia Sagrada: "Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autoridades superiores. Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda" (}& 8-10). O desfecho desse emblemático conflito espiritual comprova que, ao confrontar o inimigo devemos depender totalmente de Deus. Demónios são seres infinitamente superiores ao ser humano tanto em inteligência, como em poder e força. Precisamos reconhecer que, sem Deus, não podemos pelejar contra um adversário mais forte. "A tudo quando há de vir já se lhe deu o nome, e sabe-se o que é o homem, e que não pode contender com quem é mais forte do que ele" (Ec 6:10). Sobre esse aspecto o apóstolo César Augusto faz a seguinte afirmação:

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"Quando temos o poder de Deus em nossa vida, quando Jesus está reinando no trono do nosso coração, então aquele que está em nós é maior do que o que está no mundo". Nesse mesmo livro, o apóstolo César Augusto comenta sobre sete coisas que o diabo não pode fazer. São triunfos imprescindíveis na guerra espiritual. • O diabo não pode com o sangue de Jesus (Ap 12:11). • Ele não pode nos causar dano (IJo 5:18), se estivermos permanentemente revestidos com toda a armadura de Deus (Ef 6:11) e reivindicarmos a autoridade que temos em Cristo Jesus (Lc 10:19). • O diabo não pode conhecer nossos pensamentos (lCo 2:11,16). • O diabo não expulsará a si mesmo (Mt 12:26). Esta tarefa é nossa (Mc 16:17). • Ele não pode impedir o milagre de Deus em nossa vida (Is 43:13). • Ele não pode impedir a prosperidade da Igreja, pois a vontade de Deus é suprema (Mt 16:18) • O diabo não pode confessar que Jesus Cristo veio em carne (2Jo 1:7) ou que Jesus Cristo é o Senhor. Isto compete a nós (Rm 10:9,10).

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CAPÍTULO 13

Bênção e Maldição

Em todo esse livro compartilhamos experiências em que oramos pelas pessoas e as levamos a orar com entendimento, confessando pecados e iniquidades, renunciando alianças com as trevas e renegando heranças malignas para que pudessem ser plenamente livres de toda sorte de maldições. Isto é o que chamamos de Quebra de Maldições. Antes de prosseguir, vejamos o que quer dizer exatamente a palavra maldição. Segundo o dicionário Aurélio, maldição é "o ato ou efeito de maldizer ou amaldiçoar [...], praga [...], desgraça", infortúnio. Amaldiçoar é dizer mal, praguejar ou imprecar contra, arrenegar, maldizer. Maldição é uma ação demoníaca desencadeada contra o ser humano com o propósito de arruiná-lo e destruí-lo. Para alcançar seus objetivos, os demónios exploram diversos meios, como: miséria, pobreza, enfermidades, fracasso sentimental, tragédias e fatalidades, avareza e ganância, vícios, perversão sexual e outras práticas pecaminosas como ira, violência, rejeição; problemas emocionais, homicídio, suicídio, espiritismo etc. O Senhor Jesus Cristo não deixou qualquer dúvida quanto ao propósito do diabo em relação aos filhos de Deus: "O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância" (Jo 10:10). Ao contrário do que muitos imaginam, tanto a bênção como a maldição foram criadas por Deus a fim de que o homem tivesse oportunidade de escolha.

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E, para que o homem pudesse tomar decisões com entendimento, Deus deu-lhe inteligência e capacidade de assumir as consequências de seus atos. Portanto, bênção e maldição são frutos da escolha do ser humano e envolvem dois princípios: Responsabilidade e Herança. O princípio da Responsabilidade prevê a colheita dos frutos de toda semente que o ser humano decidir plantar, e leva em conta a liberdade que ele tem de tomar suas próprias decisões, tornando-se responsável por tudo o que escolher semear. Essa liberdade reflete o caráter justo de Deus, que se expressa tanto em permitir que o homem faça suas próprias escolhas, como em levá-lo a colher os frutos daquilo que decidir semear livremente. "E disse: produza a terra relva, ervas que dêem sementes e árvores frutíferas que dêem fruto a segundo sua espécie" (Gn 1:11). Ao instituir esse conceito, Deus deixou claro que toda semente que o homem semear não deixará de dar frutos segundo a sua espécie. Da mesma forma, como os sintomas de uma maldição indicam a natureza do pecado ou iniquidade que foi semeada. No Novo Testamento, esse assunto é tratado de forma clara: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna''(Gl 6:7,8). O conceito de livre-arbítrio ou de liberdade de escolha não pode ser confundido com independência. Ao dar livre-arbítrio ao homem, Deus não disse que ele seria independente. Conforme já vimos, a independência do homem em relação a Deus é o mesmo que desobediência. Bênção e maldição têm a ver com obediência e desobediência. Quando decide desobedecer a Deus e aos seus princípios, o homem atrai maldição sobre si e sobre sua descendência. Deus foi justo com Adão e Eva, informando-lhes sobre o significado da árvore do conhecimento do bem e do mal que Ele colocou no Éden. Eles sabiam que aquela árvore representava o direito que Deus lhes dera de escolher entre permanecerem ou de serem expulsos de Sua presença. Sabiam o que representava comer do seu fruto. Foram provados tanto em nível de inteligência como de obediência e optaram por desobedecer. Por isso, Deus os expulsou do paraíso, tirando-lhes o direito

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de desfrutar das bênçãos que havia lá. Esse acontecimento histórico demonstra que a causa das maldições é o pecado (Is 59:1,2), e que nossa condição de filhos não nos isenta de nossas responsabilidades quando decidimos desobedecer a Deus. Se assim fosse, Adão e Eva não teriam sido punidos com a expulsão do Éden quando desobedeceram ao Senhor. A Lei, ou o Princípio, da Herança baseia-se no direito que os filhos têm de herdar aquilo que seus pais adquiriram. Tudo o que um pai possui, seja bom ou ruim, é herdado pelos filhos. Muitos discordam desse princípio por considerarem injusto alguém ter que arcar com as consequências dos pecados que outros cometeram. Acham que ninguém deve receber maldições como herança sem merecer. É preciso ficar claro que ninguém é obrigado a receber uma herança maligna. Aprofundaremos mais nesse conceito no tópico sobre Maldição Hereditária. A Bíblia afirma que as bênçãos de Deus são para os que guardam os seus mandamentos. "O Senhor determinará que a benção esteja nos teus celeiros e em tudo o que colocares a mão; e te abençoará na terra que te dá o Senhor, teu Deus. O Senhor te constituirá para si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor, teu Deus, e andares nos seus caminhos" (Dt 28:8,9). O capítulo 28 de Deuteronômio, dos versos 3 a 14, relata as bênçãos reservadas por Deus para os que lhe obedecerem. Dos versos 15 a 68 são relatadas as maldições que incidirão sobre aqueles que voltarem as costas para Deus, optando por desobedecerem aos seus mandamentos: "O SENHOR mandará sobre ti a maldição, a confusão e a ameaça em tudo quanto empreenderes, até que sejas destruído e repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, com que me abandonaste" (Dt 28:20). Deus não tem prazer em que seus filhos vivam sob maldição por causa do pecado. Seu desejo é perdoar e livrar todos os que reconhecem e se arrependem. Porém, como justo juiz, Ele não deixará de abençoar os que lhe obedecem nem de punir os que lhe desobedecem. É uma questão de justiça. "... porque aos que me honram, honrarei, porém os que me desprezam serão desmerecidos"(iSm 2:30b).

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Maldições podem ter inúmeras origens como: apostasia ou distanciamento de Deus, envolvimento com práticas contrárias aos princípios da Palavra de Deus (como satanismo, ocultismo, bruxaria, idolatria, vícios e prostituição). Maldições podem, também, ter outras origens como: rejeição, palavras de maldição, ódio, inveja, ciúmes, herança familiar, contato com coisas profanas ou objetos consagrados a demónios (como amuletos ou imagens de entidades malignas, objetos usado em rituais de espiritismo ou idolatria), contato com coisas consagradas a deuses pagãos como o artesanato de certas tribos nativas, ingestão de alimentos consagrados a ídolos, contato com modismos ditados por demónios como roupas, brinquedos, filmes, novelas, jogos, músicas, invasão e ocupação de locais consagrados a satanás, entrar em guerra espiritual sem a autorização de Deus, desobediência a Deus, quebra de votos e muitas outras.

Palavras de Maldição A Palavra de Deus ensina que há poder nas palavras. Com a nossa boca, podemos proferir palavras de bênção ou de maldição. "De uma só boca procede benção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim" (Tg 3:10). Muitas maldições têm origem nas palavras que pronunciamos. Por isso, devemos tomar cuidado com tudo o que falamos. "Ora, a língua éfogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno" (Tg 3:6). "A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto" (Pv 18:21). "A boca, ele a tem cheia de maldição, enganos e opressão; debaixo da língua, insulto e iniquidade''(SI 10:7). Quando uma palavra de maldição é proferida contra uma pessoa, especialmente por alguém em posição de autoridade, espíritos demoníacos são 238


liberados para executar aquilo que foi declarado. O que muitos desconhecem é que as maldições tanto atingem as pessoas contra as quais elas são lançadas (Rm 3:13; 2 Tm 2:16,17), como quem as lança, como mostra a Palavra de Deus: "Pelo pecado de sua boca, pelas palavras dos seus lábios, na sua própria soberba sejam enredados e pela abominação e mentiras que proferem"(SI 59:12). "Amou a maldição; ela o apanhe; náo quis a bênção; aparte-se dele. Vestiu-se de maldição como de uma túnica: penetre, como água, no seu interior e nos seus ossos, como azeite. Seja-lhe como a roupa que o cobre e como o cinto com que sempre se cinge" (SI 109:17-19). A Bíblia nos ensina que o homem prestará contas de toda palavra de maldição que proferir: "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pela tuas palavras, serás condenado" (Mt 12:36,37). Ministramos libertação a uma mulher que, por duas vezes, esteve prestes a se casar, mas ambos os relacionamentos foram frustrados inexplicavelmente. Depois disso, ela nunca mais teve êxito na vida sentimental. Tornou-se mãe solteira de duas filhas de pais diferentes. Sentia-se profundamente frustrada nessa área. Quando oramos por sua libertação, um demónio se manifestou, afirmando que mantinha sua vida sentimental amarrada. — "Ela nunca vai se casar. Fomos pagos pela mãe dela para não deixar." — Disse o Exu. — O que foi pago? — Inquiri. — "A mãe dela disse que era melhor vê-la prostituindo do que vê-la casada. Foi infeliz no casamento e achava que o mesmo aconteceria com a filha dela." — O que a mãe dela ofereceu a vocês? — "Muita coisa. Despachos na cachoeira e na encruzilhada... Enterrou fotos dela com os noivos no cemitério. Queimou velas com o nome deles... Pagou-nos pra separá-los. A vida dela está toda amarrada. Ela tem que prostituir." — Disse o demónio. A mulher se contorcia com dores no peito, enquanto orávamos para que fosse liberta. Teve sua vida sentimental amarrada por uma legião de demónios que a mãe

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pagou para impedi-la de se casar. O maioral dos que agiam conta ela era o Exu das Almas, ou Pombajira das Almas, demónio que amarra a vida sentimental das pessoas. Seu propósito era impedi-la de se casar a fim de que as maldições que sua mãe lançou, por meio de palavras e de obras de macumba, se cumprissem em sua vida. Muita gente ignora a autoridade espiritual que os pais têm sobre os filhos. As palavras de maldição que proferem são usadas pelos demónios como um decreto contra seus filhos. Muitas pessoas usam as palavras para amaldiçoar suas próprias vidas. É comum ouvir pessoas dizerem coisas terríveis a respeito delas mesmas: "Nada dá certo pra mim", "Nasci pra ser infeliz", "Ninguém gosta de mim", "Vou morrer como um miserável mesmo", "Vou morrer solteiro (a)", "Eu não passo de um (a) desgraçado (a) na vida", "E melhor morrer do que viver desse jeito", "Eu nunca tive sorte na vida". Essas palavras são usadas como um decreto por espíritos demoníacos contra a própria pessoa. Tudo o que foi dito será executado na área correspondente. Por exemplo: alguém que vive dizendo que vai morrer solteiro dá ao diabo o direito legal de colocar amarras em sua vida sentimental, impedindo-o de se casar. Ao dizer que não vale a pena viver ou que é melhor morrer, a pessoa está autorizando demónios de morte a tramar contra sua vida. Alguém que afirma não ter sorte na vida confere a espíritos demoníacos o direito legal de levá-la a fracassar em todas as áreas. É preciso confessar e pedir perdão a Deus por esses pecados, para que o efeito de tais palavras seja anulado e as maldições quebradas. Nos casos em que as palavras de maldição são proferidas pelos pais ou outras pessoas em posição de autoridade, é necessário orar pedindo a Deus para cancelar o efeito de cada uma delas. Também é preciso renegar, ou rejeitar as maldições, liberar perdão e abençoar quem as proferiu. Caso contrário, os demónios continuarão usando-as como um decreto para amaldiçoar, não só a pessoa, mas, também, os seus descendentes. Devemos saber que a autoridade é exercida através das palavras. Esse princípio é comprovado biblicamente, como na passagem em que um centurião abordou a Jesus pedindo-lhe para curar seu servo paralítico. Jesus se dispôs a ir à sua casa, porém ele respondeu que bastava apenas uma palavra para que seu servo fosse curado: "Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o f az" (Mt 8:9). 240


Fomos procurados por uma mulher crente que havia lançado uma maldição contra uma pessoa de sua família, com a qual tivera um sério desentendimento. Num momento de ódio, ela liberou uma palavra de maldição contra essa parente desejando que sua mão apodrecesse. — Surgiu uma infecção na mão dela, e os médicos não conseguem tratar. Ela poderá perder a mão. — contou ela muito preocupada. A mulher sabia que aquele mal era consequência das palavras de maldição que ela havia proferido. Levamo-la a orar, confessando e pedindo perdão a Deus por aquele pecado, perdoando sua parente e pedindo ao Senhor que a livrasse daquela maldição. Creio que o problema foi solucionado, pois ela nunca mais voltou a tratar sobre esse assunto conosco. Suzanne, uma mulher de meia-idade, nos procurou numa noite de culto de libertação. Queria conversar sobre a difícil situação em que se encontrava. Durante o culto, quando oramos por quebra de maldições, ela se sentiu mal. Ministramos com ela à parte, e um espírito demoníaco se manifestou. — Em nome de Jesus Cristo, por que entrou vida dessa mulher? — interroguei. — "A avó dela odiava o marido." — Odiava por quê? — "Não sei. Não posso falar." — O que essa aqui tem a ver com essa história? — "A avó dela matou o marido. Acham que foi um sobrinho, mas foi ela. Odiava homens. Dizia que nenhuma mulher da família daria certo no casamento, porque homem nenhum presta." — Por que ela fez isso? responda, em nome de Jesus. — "O marido dela era violento. Ele a agredia e humilhava. Foi agredida quando estava grávida da mãe desta aqui. Tomou remédios pra abortar. Não queria ter filhos dele." - E aí? — "Ela nos deu o direito de matar a filha dela no ventre... Mas não conseguimos. Ela nasceu." — Quem é você? Diga quem é... em nome de Jesus. — "Não posso, não estou autorizado." — Senhor, ordena aos teus anjos que venham contra esse demónio e o faça falar, em nome de Jesus Cristo. — "Exú do Cemitério." - - revelou ele. — O que aconteceu com a mãe desta aqui?

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— "Ahhhh... Ela fez três abortos. Não queria ter filhos. Entramos no útero dela. Tentou suicídio muitas vezes. Tomou remédios. Foi traída e abandonada pelo marido. Ele batia nela. Colocamos loucura nela." — Como esta aqui nasceu? — "Escapou. Era pra ter morrido essa desgraçada." — Foi rejeitada não é? — "É. Foi abusada pelo tio aos dez anos. Casou com a pessoa errada. Um escolhido nosso. Apanhava dele. Não aguentou e separou... Mas sofreu muito. Abortou três vezes... Matamos três filhos dela." O aborto é um pacto de sangue com demónios de morte que se alojam na vida da pessoa e de seus descendentes a fim de destruir toda forma de vida. Quando não conseguem impedir a concepção, penetram o útero da mãe e atacam a vida em gestação fazendo de tudo para eliminá-la. Outro caso dessa natureza, com o qual lidamos, foi o de Clarinda, 32 anos. Quando oramos por sua libertação ela começou a se contorcer e foi ao chão. Com as mãos sobre o ventre ela convulsionava, tossia e lançava muco pela boca. Discerni que havia um Exu de Morte alojado em seu ventre. — Quem te deu o direito de entrar aí? — inquiri. — "A mãe dela dizia que ela não devia ter mais filhos, pois não daria conta de criar. Essa idiota concordou." — disse o demónio. Ao concordar com as palavras de sua mãe, Clarinda deu ao inimigo o direito legal de impedi-la de conceber. Levei-a orar renegando as palavras que sua mãe dissera e pedindo perdão a Deus por haver concordado com elas. Tomei autoridade sobre aquele demónio, ordenando que saísse do útero da mulher e a ungimos com óleo selando sua libertação em nome de Jesus Cristo. Duas semanas depois, ela voltou à igreja. Desejava ser ministrada por outras razões. Quando comecei a orar por ela, um demónio se manifestou. Estava muito irado. — "Você não devia ter orado por ela." — reclamou. — O quê? — "Um trem entrou lá." — disse o demónio. — Quem entrou? Onde? — "Um filho. Ela engravidou. Não era para engravidar." — protestou o Exu, demonstrando que a maldição de morte e esterilidade na vida de Clarinda havia sido quebrada. Nove meses depois, ela deu à luz a uma belíssima menina, à qual deu o nome de Sara. Glória a Deus!

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Aborto: O aborto gera morte e esterilidade em diversas áreas. Pessoas que praticam aborto não conseguem progredir na vida espiritual; tornam-se emocionalmente instáveis e inseguras, sentem-se extremamente rejeitadas e têm dificuldade de relacionamento. Os que se casam acabam vivendo relacionamentos conflituosos e, geralmente, se separam, na maioria das vezes em razão da infidelidade do cônjuge. A maldição de morte decorrente da prática ou da tentativa de aborto incide, também, sobre a área financeira. A vida financeira de quem pratica aborto é marcada por prejuízos constantes, dívidas intermináveis e perdas inesperadas. Por mais que se desdobre no trabalho, a pessoa não consegue prosperar. Quando prospera, acaba perdendo tudo abruptamente. A maldição de morte financeira se aloja na linhagem da pessoa e se estende por seus descendentes. Seus filhos fracassam na vida profissional e financeira e, geralmente, acabam na pobreza. O mesmo acontece com quem paga para se submeter a abortos e com quem lucra com essa prática, como médicos, parteiras, donos de hospitais e clínicas usados para essa finalidade. Problemas como solteirice, viuvez, esterilidade, dificuldade para engravidar ou para manter a gravidez e problemas menstruais crónicos também podem ter essa maldição como causa. Tornemos ao caso de Suzanne, à qual ministramos libertação. Segui inquirindo o demónio que a possuía, buscando extrair as causas de seus problemas. — Como estão prendendo a vida dela? — "Hiiiihh... Essa coitada está com a vida toda amarrada. Não prospera, não arruma ninguém. Tá tudo enrolado em nossas mãos." — Há quantos com você? Está proibido de mentir, em nome de Jesus Cristo. — "Não ó... Estão todos aí... A amiga dela fez despachos pra ela arrumar homem." — Fez despachos pra quem? — "Para um santo." — Qual santo? — "Para o casamenteiro e muitos outros." — Quem respondeu? Não minta. — "Nós ora... Você sabe... Demónios." — Quantos vieram em razão disso? — "Hiiiiiiiiiiiiiihhh... Muitos... Estão aí eu já disse." — Quem recebeu os despachos que a amiga dela encomendou? 243


— "Foram muitos... Padilha, Cigana, lemanjá, Tranca Rua... Muitos... A vida dela tá amarradinha." - Quantas Pombajiras entraram? Diga quantas... — "Muitas... Cigana, Padilha, lemanjá..." — Ela prostitui? — "Tem fraqueza... Fica com os namorados... Eles largam dela depois... Ela se sente rejeitada." — Quem mais está com ela? — "Ela chamou." — Chamou como? — "Procurou a dona Nanny1 e encomendou trabalho pra arrumar o homem certo. Pagou quatrocentos reais." — Pra quem foram feitos os trabalhos? — "Para as Pombajiras, Caboclo das Matas, Cosme e Damião, lemanjá2..." — O que esses demónios fizeram a ela? — "Não deixam aparecer ninguém. Ela voltou lá pra cobrar. A dona Nanny disse que daria um jeito e fez mais trabalhos." — Colocaram doenças nela? — "Colocamos preocupação, medo, angústia. É desequilibrada... Vai ficar doidinha... Já está ficando..." — Senhor... Coloco os pecados dessa mulher e as iniquidades de sua família diante do teu altar e peço que os perdoe. Revoga toda maldição e ministra o sangue do Cordeiro entre sua história e a de seus antepassados, em nome de Jesus Cristo. — "Nááããáãão... Náãããõ... Ela é nossa. Ela tem de sofrer." — protestou o demónio. Segui orando e determinando a destruição das maldições. Em nome de Jesus, expulsei os demónios com os quais ela havia se aliançado, direta ou indiretamente. — Rejeição, desprezo, abuso sexual, pedofilia, prostituição, suicídio, morte, angústia, tristeza, fracasso sentimental, separação, violência, vingança,

1 Uma cartomante e jogadora de búzios do interior do estado Goiás. Sua publicidade pode ser vista em postes e muros por toda a cidade. 2 Demónio invocado no culto afro-brasileiro. Orixá das águas identificado com a Sereia Europeia e a Yara Tupi. No sincretismo, é "Nossa Senhora da Conceição". E caracterizada como uma mulher linda, muitas vezes com os seios expostos. Quando se manifesta, essa entidade tanto se mostra maternal e protetora como mandona, possessiva e intrigante. Opera nas áreas sentimental e sexual, como toda Pombajira.

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falta de perdão, engano, depressão, loucura... Seus direitos estão revogados. Saiam agora mesmo, em nome de Jesus Cristo... Saiaam... Saíram todos pela boca, em sucessivos jatos de muco. Levei Suzanne a orar, confessando seus pecados e renunciando toda herança maligna de seus antepassados. Sugeri que rompesse, formalmente, todos os pactos que havia firmado com as trevas por meio da idolatria, dos despachos de macumba e da prostituição. Ela o fez prontamente. Perceba quanta destruição foi desencadeada em consequência das palavras de maldição proferidas pela avó dessa moça: rejeição, violência, prostituição, separação, casamentos arruinados e vidas ceifadas ainda no ventre por meio de abortos. Sem contar as maldições decorrentes da idolatria e do espiritismo praticados por membros de sua família e replicados por ela. Uma pessoa pode ser atingida por maldições mesmo antes de nascer. Como é o caso das pessoas rejeitadas no ventre materno. Foi o que aconteceu com Delcina, cuja história dramática passamos a compartilhar. Ela nasceu no sertão do nordeste brasileiro e teve a morte decretada pelas palavras de maldição proferidas por seus pais quando ainda era gerada. Sua vida foi marcada por lutas e muito sofrimento e, por pouco, não morreu no ventre de sua mãe. Em março de 2010, o inimigo se levantou contra ela a fim de cumprir as palavras de maldição proferidas por seus pais, como já havia ocorrido em outras vezes. Subitamente, ela se viu infestada por enfermidades e, mais uma vez, teve de lutar desesperadamente para sobreviver. Sua coluna vertebral foi atingida por uma enfermidade degenerativa que, segundo os médicos, causaria danos irreversíveis à sua saúde. — Disseram-me que meu quadro era irreversível e que em dois meses, no máximo, eu iria parar numa cadeira de rodas. — contou ela. Delcina nos ligou desesperada. Estava muito mal e desejava que orássemos por ela. Chegou à igreja amparada pelo marido. Encurvada, ela caminhou com dificuldade até a sala de atendimento. Queixava-se de fortes dores na coluna, no estômago e em outras partes do corpo. — Não sei como consegui chegar até aqui... Pensei que ia morrer de dor. — disse ela, visivelmente debilitada. Impus as mãos sobre a cabeça dela e comecei a orar forte. O Senhor deu-me o discernimento que Delcina estava sob um violento ataque de morte. Dirigi-me aos demónios que investiam contra ela e ordenei que se manifestassem, em nome de Jesus Cristo. Nada... Prossegui orando e determinando que

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viessem para debaixo dos meus pés, mas eles continuavam resistindo. Resolvi orar em línguas, na expectativa de uma nova direção de Deus. — "A legalidade está no orgulho dela." — disse-me o Senhor claramente. Delcina e seu esposo eram convertidos há muitos anos. Faziam parte da liderança da igreja em que congregavam onde desempenhavam importantes funções ministeriais. Percebi seu desconforto quando comecei a orar para que fosse liberta da ação de demónios. Ela não admitia essa possibilidade. O inimigo percebeu sua atitude e passou a explorá-la como base legal para nos resistir. Interrompi a ministração a fim de tratar sobre aquele impasse. — Estamos com um sério problema aqui. — procurei esclarecer, olhando para Delcina. — O inimigo está tentando acabar com a sua vida por alguma razão que precisamos investigar. O Senhor mostrou-me que o diabo está usando seu orgulho como brecha para resistir. Só poderemos avançar se você consentir. Estamos entre irmãos aqui, você não tem de que se envergonhar. — ponderei. Ela compreendeu o que eu disse e se dispôs a orar renunciando o orgulho dando-nos liberdade para ministrar do modo necessário. Quando retomei a ministração, um demónio se manifestou. Rangia ruidosamente os dentes e balançava a cabeça tentando desvencilhar-se de minha mão. — Te aprisiono em nome de Jesus Cristo. Quem é você? Está proibido de mentir. — "Rrrruuch... Rrrruuch... Rrrruuch... Exu Caveira. Tenho ódio dessa

desgraçada... Vou acabar com ela." — O desgraçado aqui é você. — retruquei. — "Não era pra ela ter nascido. A mãe dela disse que se engravidasse e a criança fosse mulher não aceitaria." Perceba que a mãe de Delcina a rejeitou antes mesmo de concebê-la, dando ao diabo um "cheque em branco" para ser "cobrado" no futuro. Ele ficou aguardando o momento de fazer o resgate do pagamento. Quando Delcina nasceu, ele veio cobrar o que lhe fora dado, ou seja, a vida dela, passando a atacá-la de todas as formas. — "O pai dela tinha outras mulheres e não queria mais filhos. A mãe escondeu a gravidez. Quando descobriu, ele ficou com ódio e amaldiçoou o bebé. Por isso, ela é nossa." — disse o demónio, demonstrando que Delcina fora rejeitada também pelo pai. Por essa razão, como toda pessoa rejeitada no 246


ventre, ela passou a ser perseguida por demónios quando ainda estava sendo gerada e por pouco não teve a vida ceifada durante o parto. — "Ela nasceu com uma parteira. A metade já tinha saído. A outra metade nós seguramos." — narrou o demónio. — "A parteira disse que teria de optar por salvar a mãe ou filha senão as duas morreriam. Tinha muita hemorragia. Mas essa desgraça escapou. A mãe olhou pra ela e disse: 'Por que você não morreu?' — E aí? — perguntei. — "A vida dela foi só derrota. Foi abusada pelo compadre do pai e pelo tio, quando era criança. Ficou traumatizada. Quando deita com o marido, fazemos ela ter visão da filha sendo abusada. Ela tem que sofrer." O Exu falava e rangia ruidosamente os dentes. — "Destruímos o primeiro casamento dela. O marido saia com outras e batia nela. Ele dizia: 'Sou igual ao meu pai, você aceita se que quiser'. Foi rejeitada por ele e passou a prostituir." O demónio seguia narrando aquela história de horror. O marido de Delcina ouvia a tudo atentamente. — "Ficou com ódio do pai quando soube que ele traía a mãe dela. Tem trauma de rejeição. Semana passada, ela se sentiu rejeitada pelo marido. Ele disse que estava cansado. Ela ficou ferida e disse: 'Eu não presto pra nada mesmo'. — relatava o Exu. — "Colocamos cansaço nela. A casa fica bagunçada, a pia suja. Ela desperdiça comida, não cuida do corpo. A Pombajira entra nos sonhos dele, coloca pesadelos, faz ele sair da cama e rejeitá-la. Ela se sente rejeitada e fica com ódio dele." — Há quantos demónios agindo contra ela? Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — inquiri. — "Eu, o Preto Velho, as Pombajiras, o Tranca Rua, o Zé Pilintra, confusão, ódio, doenças..." Você pode estar se perguntando: "Mas ela não era uma mulher convertida há muitos anos? Como podia estar sob o jugo de demónios?" De fato o inimigo não pode tocar num servo de Deus, a não ser que lhe seja dado direito legal. No caso de Delcina, o direito foi dado por meio das palavras de rejeição e morte proferidas por seus pais. Demónios de morte, destruição, prostituição e fracasso, entre outros, passaram a persegui-la. Por isso, ela enfrentou tantos problemas como abusos, separação, prostituição, doenças, vida amarrada, dentre outros. Delcina não só deveria confessar

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seus pecados, como certamente fizera quando veio a Cristo, mas também as iniquidades de seus pais, e renegar toda maldição que eles proferiram contra ela, para que as legalidades fossem revogadas, as maldições removidas e os demónios definitivamente expulsos de sua vida. Prossegui inquirindo o demónio, buscando extrair mais informações. — Quais doenças colocaram nela? — "Alergia nos ossos, atrofiaçáo, rinite alérgica, gastrite, dor no pulmão, no fígado, dores no corpo e tumor na garganta. Ela não sabe, mas já sente formigamento no pescoço. Colocamos espinhos na coluna também". — O quê? — "É uma doença. Ela não vai andar mais. Vai morrer na cadeira de rodas. Ela já sabe." — E o que mais? Fale, em nome de Jesus Cristo. — "Ela não aguenta mais. Colocamos pensamento de suicídio na cabeça dela. Quase cortou os pulsos hoje, mas o grande (Deus) não deixou. Usou a mão da filha dela pra tocá-la e eu tive que sair." Delcina contou depois que naquela tarde as fortes dores que sentia a levaram ao desespero. Como remédios não produziam efeito ela decidiu cortar os pulsos e acabar com a própria vida para se livrar do sofrimento. Foi uma estratégia do diabo para levá-la a cometer suicídio. Deitada num sofá, ela se preparava para executar o plano que o demónio de morte havia colocado em sua mente, quando o telefone tocou. Sua filhinha de quatro anos atendeu. Era seu marido. Queria saber como ela estava passando. A menina disse-lhe que a mãe estava doente. Ele a orientou a colocar a mão sobre a cabeça da mãe e repetir uma oração. Assim, o Senhor a livrou da morte naquela tarde. Aleluia. Nesse mesmo dia, ela nos ligou pedindo ajuda. Voltemos ao ponto onde paramos. — "Colocamos doença nele também." — disse o demónio referindo-se ao marido de Delcina. — "A mãe dele foi ao terreiro (de macumba) e encomendou despachos pra curá-lo de febre quando ele tinha seis anos. Levou a foto dele para uma tia fazer despacho para o Exu da Morte. Achava que era o senhor do Bonfim." — relatou o Exu. — "Colocamos doença no sangue dele. Fica intoxicado e passa mal quando come carne vermelha, macarrão e condimentos. Transferimos a alergia para a filha deles. Ela é alérgica a gato e cachorro. Sufoquei-a de madrugada na

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semana passada. Eu ia matá-la. Ele orou por ela, mas ficou com dores. Não me repreendeu nem expulsou. Saí dela e entrei nele. Quero matar os três." Tomei autoridade sobre toda a maldição na vida de Delcina e ordenei que fosse revogada e destruída, em nome de Jesus Cristo. Fui desligando e expulsando, um a um, os demónios alojados em seu físico. Ela gemia e vomitava ruidosamente. Fiz o mesmo em relação ao seu marido e à filhinha deles, mesmo ela não estando presente. — Onde estão as doenças que colocaram neles? — inquiri. — "Você tirou." — respondeu ele. Ordenei que a colocasse de pé e flexionasse o corpo dela pra frente até tocar os pés com as pontas das mãos. Ele a levantou e o fez várias vezes. — Agora você vai sair com todos os seus, pra nunca mais voltar. Em nome de Jesus Cristo, vaaaai. — determinei. Conversei com Delcina, colocando-a a par de tudo o que havia ocorrido. Ela ratificou tudo o que fora dito pelo demónio sobre seu passado de infortúnios. Pedi que ficasse de pé e fizesse flexões. Ela o fez sem nada sentir. Perguntei sobre os sintomas das outras enfermidades, e ela constatou que não sentia mais nada. Foi completamente liberta e curada de todos os males. Então a instruí a orar, confessando as iniquidades de seus pais, renegando todas as maldições que eles lançaram sobre ela e perdoando-os em nome de Jesus Cristo. Ela orou também confessando e pedindo perdão a Deus pelos seus próprios pecados. Orei quebrando as maldições na vida do marido de Delcina e da filhinha deles, e ambos foram curados das reações alérgicas que sofriam. Toda honra e toda glória sejam dadas ao Senhor Jesus Cristo! Fomos procurados por dona Nelita, a mãe de uma jovem à qual havíamos ministrado libertação espiritual. Ela vivia atormentada por espíritos malignos. Ouvia vozes frequentemente, via vultos, tinha pensamentos homicidas e suicidas, entre outros problemas. Queixava-se de fracasso em várias áreas. Como comerciante, tinha ido à bancarrota diversas vezes, e sua saúde ia de mal a pior. Tinha forte depressão, insónia, ansiedade, falta de ar, hipertensão, disfunção na tireóide, bronquite, gastrite e dores intensas na coluna e nas costas. Era uma mulher extremamente negativa e sentia-se a mais invejada e perseguida das pessoas. Tomava um número excessivo de remédios e gastava compulsivamente com exames, consultas e medicamentos. Muitas vezes, deixava de suprir suas necessidades básicas para comprar remédios, se consultar ou realizar exames. Ela admitiu que, quando solteira, foi muito envolvida com espiritismo, astrologia e idolatria religiosa. Costumava orientar-se por meio de horóscopo 249


e recorria a macumbeiros e benzedores — que também são feiticeiros — para "arrumar namorados", se curar de enfermidades e solucionar problemas de relacionamento. Quando oramos por ela, um demónio se manifestou agitando-a com violência. Desferia golpes no ar tentando me manter afastado. — Está aprisionado, em nome de Jesus Cristo. Perca as forças... Aquiete-se... Está proibido de resistir. — determinei. O demónio desistiu de lutar e aquietou-se. — "Quero matá-la. Me deixa matá-la." — disse ele choramingando. — Quem é você? — "Não vou falar nada, não falo." — Vai falar... Em nome de Jesus Cristo... Qual é o seu nome? O que quer desta mulher? - inquiri com autoridade. — "Exu da Morte. Vou matá-la, eu já disse. Ela ia atrás de mim, me chamava." — Quantos mais entraram? — "Entrou o Tranca Rua... Trouxe prejuízo, fracasso financeiro. O comércio... Não é pra dar nada certo pra ela. Tem que sofrer prejuízo." — Como ele entrou? Por qual porta? — "Foi noiva de um cigano, o Diaci. O pai dela não quis o casamento. O cigano e a mãe dele disseram que ela nunca mais ia ter sorte na vida. Aí o Tranca Rua entrou. O Diaci já morreu." — O que vai acontecer quando eu orar por ela? — "Vamos ter que sair." Orei revogando as palavras de maldição proferidas pelos ciganos e ordenando que as maldições que vieram contra ela fossem quebradas, em nome de Jesus Cristo. — Seus direitos estão revogados, em nome de Jesus Cristo. Saiam agora, com todo o mal que colocaram. Saiam agora mesmo, saaaiam... Depois de levá-la a orar confessando e renunciando todos os pactos, diretos e indiretos, que mantinha com as trevas e a renegar todas as palavras de maldição proferidas contra ela, dona Nelita ficou livre dos males que a atormentavam. Maria da Glória, 35 anos, era convertida há muito tempo e fazia parte da estrutura de ensino de sua igreja. Era uma mulher extremamente frustrada e tinha dificuldade para aceitar a si própria. Sentia-se impedida de progredir em praticamente todas as áreas. Sua vida sentimental era uma de suas maiores frustrações. Seus relacionamentos não evoluíam. Algo que contrariava a lógica, pois ela era uma moça bem articulada, de boa formação, inteligente e bonita. 250


Um amigo que vivenciou problemas semelhantes e alcançou libertação sugeriu que ela nos procurasse. Ao relatar sua história ela revelou que seus pais sempre a bombardearam com palavras de maldição. Acreditava ser esta a causa de seus infortúnios. Desde pequena ouviu seu pai dizer que ela não se casaria. Seu desejo era que ela ficasse solteira para cuidar dele em sua velhice. Ela admitiu que se prostituía, mesmo depois de convertida. — Foi a maneira que encontrei de manter algum relacionamento por mais tempo e me sentir valorizada. — tentou justificar. Depois de ouvi-la, parti para a ministração. — "Rrruuuuum... Rruuuuum..." — grunhia o demónio que se manifestou imediatamente. — Quem é você? — "Tranca Rua." — Por que entrou na vida dela? — "Muitas coisas... Signos, horóscopo, palavras da mãe, do pai, dos tios; sofreu rejeição, abandono." — O que a mãe dela disse? Está proibido de mentir, em nome de Jesus Cristo. — "A mãe a usava para confrontar o pai. Fazia comparações com ele e com a irmã do mesmo signo. Dizia que ela seria igual ao pai; um fracassado que só dava trabalho; era preguiçosa, procrastinadora. Consagrou-a a um espírito de sofrimento quando disse isso. As mãos, os braços e os pés dela estão acorrentados. Há cintas, redes, que a mantêm aprisionada. Tem escamas, carapaças, no corpo todo. Está presa na legalidade das palavras da mãe, do pai, dos irmãos, dos tios. Sente-se muito envergonhada e culpada por ter nascido. Quando tem frustração fica pensando que não devia ter nascido. Sente-se como a desgraça da vida da mãe. Sofre muito, sente inadequação, luta muito para se sentir aceita." — Quem impõe esse sofrimento? — "Um espírito opressor." — O que mais colocaram nela? — "Morte nas finanças, maldição financeira por parte do pai, escravidão profissional, perdas financeiras, desgraça financeira, sofrimento no trabalho, pobreza, miséria... Entrei pra não deixar a luta dela ter fim. Ela está toda amarrada. Eu a domino, ela ganha pra ficar calada. Ganha dinheiro de suborno, dinheiro extra." — Quem a suborna? 251


— "O chefe dela. É usada, envergonhada. Tenho planos pra ela não sair de lá."

- Ele não é crente? — "E crente de fachada. É um fraco. Nós o usamos na corrupção." — Usam onde? — "Na função pública que ele ocupa." — Ela está locupletando? — "Não, mas recebe dinheiro à parte. Não sabe de onde vem. É ilegal, é maldição." — O que mais ela tem? — "Enclausuramento, o avô paterno morreu assim. Sob pressão, ele sofre acusação, sente cansaço, esgotamento; é procrastinadora como o pai, sofre opróbrio, tem sentimento de culpa por vários motivos, carrega mentiras do passado, muita opressão, jugo, muito peso... Ela se sente como se estivesse debaixo de um prédio." — Quantos demónios há na vida dela? Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "Muitos... Muitos... Exus de morte, miséria, desgraça, vergonha, luta, fracasso, amarração, peso, prisões, sofrimento, separação, vergonha, acusação, prostituição... Ela prostitui... Gosta de prostituir..." — Quando entrou a prostituição? — "Na infância." — Entrou como? — "Nos abusos." — Foi abusada por quem? — "Por meninos, dos quatro aos nove anos. Aos quatorze anos foi abusada pelos primos, primas e tios. Tem muitas Pombajiras com ela." — Quantas pombas giras? — "761... lemanjá, Maria Mulambo, Maria Padilha, Sete Saias e muitas outras, muitas..." — Quantos mais? — "490 Exus de Morte... Tem Capa Preta, Preto Velho, Tranca Rua... Não tem nada aberto pra ela. Está debaixo de muito sofrimento, vergonha, cansaço, opróbrio. Está toda amarrada, eu já disse. As trompas dela estão amarradas, está impedida de ter filhos, de ser feliz. Teve três abortos, duas meninas e um menino, por obra do Exu da Morte. Ele colocou miomas. A mãe vendia flores brancas. Consagrou-a a lemanjá."

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— Ela ainda prostitui? — "E... Tem muitos pontos de contato em casa. Revistas com artigos pornográficos, livros, roupas íntimas que usou com homens, calcinhas, sutiãs, perfumes que ganhou deles, coisas mandadas pelos Exus para segurar a vida dela por inveja e ódio. Ódio de homens que ela deixou pra lá. Presentes dados por mulheres, perfumes com coisas dentro, jóias, semijoias com rogos e pragas, para segurá-la. Ela está presa." Já era tarde da noite e Maria da Glória precisava retornar à sua cidade. Encerramos a ministração depois de desligar e expelir os demónios que se manifestaram nela. Depois de colocá-la a par de tudo que ocorreu e instruí-la a orar e jejuar de forma disciplinada marcamos um novo atendimento para a semana seguinte. Ela compareceu no dia e horário marcados. Estava entusiasmada com as mudanças que vinha experimentando. Relatou um significativo sonho que tivera, no qual se viu diante de três covas abertas. Eram iguaizinhas e foram tapadas por anjos de Deus. Quando acordou sentia-se profundamente aliviada. O Senhor deu-me o discernimento que aquelas covas abertas tinham a ver com os três abortos que ela sofrera. Representavam as feridas abertas em sua alma em face da perda dos três filhos. O trabalho dos anjos tapando as covas indicava que o Senhor havia curado suas feridas, sarando-a completamente. Glória a Deus! Naquele dia a levamos a orar confessando as iniquidades de seus pais e antepassados e liberando perdão a todos os que a feriram, a renegar todo legado de maldição e confessar seus próprios pecados. Um demónio de Morte se manifestou: — "Não... As carapaças não. Não toque nas carapaças. Você não pode tirá-las." — protestou o demónio. — Cale a boca maldito. Já foram todos derrotados pelo Senhor Jesus Cristo e vão sair com tudo o que colocaram. — "Não, não, ela é nossa." — Senhor, remova todas as escamas, todo o peso, todo legado maligno, toda maldição na vida dessa mulher, em nome de Jesus Cristo. Perdoa seus pecados e lança fora todo o mal que a atinge. "Nãããããão... Nãããááããão..." — berrava o Exu. — Ouçam... O Senhor Jesus revogou toda maldição que pesava sobre ela. Toda legalidade já foi revogada. Estão desligados da história dessa mulher. Ordeno que saiam agora mesmo. Em nome de Jesus Cristo, Saaaiaam...

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CAPÍTULO 14

Oração Contrária

Temos lidado com muitas pessoas cujas vidas foram profundamente afetadas sem que saibam por qual motivo. Muitas delas foram vítimas de uma prática conhecida no meio cristão como "oração contrária". Eu, particularmente chamo de "macumba evangélica". O caso que vamos relatar refere-se à destruição de um lar em consequência desse tipo de oração. Tomamos conhecimento desse caso durante o processo de libertação de uma mulher recém-saída do espiritismo. Inquinamos um espírito demoníaco subjugado pelo Senhor, buscando identificar os vínculos que a mulher mantinha com o reino das trevas. Ele começou a dizer coisas que não tinham ligação com a ministração: — "Sabia que a Gertrudes fez campanha de oração para acabar com o casamento da Florinda?" Naturalmente eu sabia quem eram as pessoas sobre a quem ele se referia. Seu propósito era me afrontar, pois se tratava de pessoas convertidas. — Não quero saber... — interrompi. — "É... Ela orou muito pedindo ao grande (Deus) para mostrar à outra como é doído ser abandonada pelo marido... Ela pedia de joelhos." — continuou o demónio. Gertrudes, 48 anos, tinha sido abandonada pelo esposo e muito sofreu em consequência disso.

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Na audiência em que a separação foi homologada, Florinda teria feito um comentário que muito magoou Gertrudes. Ferida, ela passou a "orar" pedindo a Deus para levar a outra a passar pela mesma experiência. Poucos meses depois, o marido de Florinda a deixou por outra mulher. Gertrudes havia me contado essa história do seu jeito afirmando que estaria apoiando Florinda. — Essa história já foi resolvida — rebati. — "Nããáããáãooo... Não é simples assim não... Vocês acham que tudo o que acontece é por culpa do diabo. Quando um de vocês ora desse jeito o grande de vocês (Deus) não recebe (a oração), mas o nosso grandão recebe... Ééééééééé... Ela ficou pedindo de joelhos: 'Mostra pra ela senhor... Mostra como é doído... Faz ela passar pelo que eu passei.' — dizia o demónio. — "Quando o nosso chefão encontra uma brecha como essa, você não sabe o que ele faz. Muitos (demónios) foram encarregados de cumprir o pedido (dela). Foi feito o que ela pediu. E foi bem feito. Você sabe o que aconteceu..." — arrematou. Temos lidado com muitas pessoas atingidas por maldições das mais diversas origens. Nos casos em que as maldições são uma herança familiar, as pessoas começam a sofrer as consequências muito cedo. A seguir relataremos um desses casos. Depois de muitos anos se prostituindo, especialmente com homens casados, Matilda resolveu entregar sua vida a Jesus Cristo. Tinha aproximadamente trinta anos. Logo conheceu o homem que viria a ser seu marido. Mesmo sabendo que era estéril, preferiu não dizer a verdade a ele. Disse apenas que não queria ter filhos e só se casaria se ele concordasse. Como já tinha um casal de filhos, inclusive uma filha casada, frutos de seu primeiro casamento, ele acabou concordando. Alguns anos depois, Matilda mudou de ideia e passou a desejar, ardentemente, a maternidade. Assim, seu marido ficou sabendo que ela era estéril. Resolveram buscar a gravidez através de um avançado método de reprodução assistida. A experiência foi bem-sucedida, e eles tiveram uma bonita menina. Conhecemos Matilda quando essa criança tinha oito anos. Ela entendeu que necessitava de libertação em face de uma série de problemas que enfrentava. Seu marido a havia trocado pela pornografia e há muito tempo não a tocava. Estava sendo perturbada por espíritos demonícos, como ocorria antes dela se converter. Ao orar por ela, um demónio manifestou-se. Afirmou ter usado várias pessoas para abusar dela quando criança. Muitos demónios entraram em sua vida usando os abusos como brechas para escravizá-la na prostituição desde a adolescência.

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— "Nossa preferência era por homens casados. Quando a olhavam nós os enfeitiçávamos. Não era pra ela ter se casado." — Já foram derrotados pelo Senhor Jesus. Ela será liberta das garras de vocês. — "Você não vai conseguir pastor... Vamos fazer o mesmo com a filha dela... Já estamos fazendo." — O que estão fazendo? — "Não vou dizer." — Senhor... Envia teus anjos contra esse demónio, quebra toda resistência e obriga-o a falar, em nome de Jesus. — "Nós a induzimos a fazer sexo desde pequena." — Mentira... — contestei, recusando-me a acreditar no que o demónio dizia, embora aquilo não fosse nenhuma novidade. — "Não é mentira. Ela faz sexo desde os dois anos e meio." — afirmou ele categoricamente. — Senhor, se esse demónio mente, envia teus anjos para castigá-lo, em nome de Jesus. — "Não estou mentindo." — O que estão fazendo com a menina? — "A induzimos a fazer sexo com seu sobrinho." — Mentira... — retruquei novamente. Eu me recusava a acreditar no que o demónio dizia com base num raciocínio lógico: Se a menina era mesmo usada por demónios para praticar sexo com seu sobrinho, quantos anos ele teria, se ela, sendo sua tia, tinha menos de três anos quando tudo começou? Infelizmente meu raciocínio não estava correto. Veja o que demónio disse quando o inquiri sobre isso. — "Você não sabe que o filho da irmã dela é mais velho do que ela? Pois ele tinha cinco anos, e ela, menos de três." — 'Meu Deus.' — pensei. Fiquei olhando para aquela mãe por um instante, imaginando a profundidade da dor que sentiria quando soubesse daquela história. — "Quer saber mais sobre essa aqui?" — perguntou ele sem esperar pela resposta. — "Ela batia na madeira e dizia: 'Deus me livre de gravidez. Nunca vou de ter filhos'. Por isso nós a lacramos. Ela nunca vai engravidar. Deu-nos o direito de agir contra a filha dela."

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Resolvi encerrar a ministração expulsando aquele demónio a fim de conversar com Matilda. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela contou que foi molestada aos sete anos e abusada aos dez. Seus agressores foram um tio e uma vizinha. Ela nunca havia compartilhado aquilo com ninguém. Cresceu torturada por aquelas lembranças. Falei sobre o episódio envolvendo a sexualidade de sua filhinha. Ela ouviu tudo calada, com o olhar distante, e comentou: — Compreendo tudo isso e sei que realmente ocorreu dessa maneira. Acho que com o meu consentimento. Hl? — Lembro que, nessa época, ela sempre me perguntava se podia chupar o "bibi" de seu sobrinho, com quem sempre brincava. Agora compreendo o que ela realmente me pedia. Como podia imaginar o que estava por traz disso? — questionou. — O diabo não tem escrúpulos. Não respeita ninguém. — comentei. Sabendo que o inimigo sodomisa tanto adultos como crianças, procurei alertá-la sobre a possibilidade de sua filha ainda estar sendo induzida a outras práticas sexuais. — Pastor... Eu já a apanhei se masturbando de várias maneiras muitas vezes. — contou ela, limpando as lágrimas que continuavam escorrendo pelo seu rosto. — Já a apanhei sobre as coleguinhas muitas vezes. Consultamos uma psicóloga, e ela nos tranquilizou dizendo que esse comportamento é normal quando a criança começa a descobrir sua sexualidade. — contou. Fiquei perplexo com a orientação dessa psicóloga, principalmente quando soube que se tratava de uma pastora. Perceba que os demónios que possuíram Matilda, a partir dos abusos que ela sofreu na infância e a escravizaram na prostituição desde a adolescência, migraram para sua filha, induzindo-a a praticar sexo desde muito pequena. Os abusos homossexuais de que foi vítima na infância, explicavam o fato de sua filha praticar sexo com meninas. Demónios de homossexualismo entraram em sua vida usando os abusos como brechas e migraram para sua filha usando-a no lesbianismo. E natural que pedófilos adultos sejam satanizados pela sociedade, mas o que dizer de uma criança que pratica a pedofilia aos três anos? Nessa idade, uma pessoa ainda não sabe definir o que vem a ser desejo sexual, masturbação ou relação sexual. Como ocorre a muitas crianças, a filha de Matilda foi pos258


suída e usada por demónios de perversão antes de completar três anos. Uma herança maligna aliada às brechas abertas pelas palavras de maldição proferidas por sua mãe. Verna, 42 anos, apareceu na igreja, numa noite de culto de libertação. Estava acompanhada da filha e do genro. Era dependente de bebida alcoólica e seria internada numa clínica especializada para um período de tratamento. Um membro da igreja sugeriu que a levassem ao culto de libertação antes que a internassem. Já passava da meia-noite quando a atendemos. Perguntei a ela sobre seu histórico familiar e ela relatou que sua mãe, e alguns irmãos, eram viciados em bebida alcoólica. Um de seus irmãos morreu em consequência do alcoolismo. Ela lutava para se libertar desse vício há muitos anos, sem sucesso, e já não tinha forças para continuar resistindo. Muitas vezes, trancava-se no quarto com um estoque de bebidas e só saía depois de ter consumido tudo. — Ê mais forte do que eu, pastor. Não sei mais o que fazer. Tenho problemas de pressão arterial e depressão e me sinto cada vez pior. — relatou. — Você crê que o Senhor Jesus pode te libertar? — Sim, é o que mais quero. Levei-a a orar renegando toda herança maligna e renunciando os vínculos que pessoalmente estabeleceu com os demónios que operavam em sua vida através do vício da bebida. Impus as mãos sobre sua cabeça e orei forte em nome de Jesus Cristo. Em princípio houve muita resistência. Continuei orando para que o Senhor a quebrasse e aprisionasse os demónios que tentavam se manter no controle da vida dela. Enquanto eu orava o Senhor foi me revelando por quais meios o diabo a escravizava. — 'Fraqueza espiritual, fraqueza na mente, prostituição, vício, angústia, derrota, morte.' Com base nessas informações, orei amarrando os demónios que agiam em cada área, em nome de Jesus Cristo, determinando que as maldições fossem quebradas. Impus as mãos sobre seus ouvidos e ordenei com autoridade: — Espírito de morte... Sei o que você quer. Te desligo da mente dessa mulher e te amarro, em nome de Jesus Cristo.Venha para debaixo dos meus pés... Vamos... Para baixo, que é o seu lugar. Ela caiu para trás, aparada por um obreiro. Com os punhos enrijecidos, o demónio tentou reagir. Tomei autoridade sobre ele e ordenei que se aquietasse, em nome de Jesus. Dirigi-me aos anjos de Deus determinando que o castigassem e o impedissem de resistir ou sofismar. 259


— "Huuuuummmmm... Aaaaaaaaaiiiiii... Uuuuuuuiiii... Náãão... Náãão... Chega... Chega... Aaaaiiiii..." — Responda, em nome de Jesus. Quem é você?... — "Não posso dizer nada... Se disser vou ser castigado." — Estão destruindo essa família não é? Se alimentam do sofrimento deles. — "Hiiiiiiiiiihhh... É disso que gostamos." — Anjos de Deus... Venham contra esse demónio e o façam falar, em nome de Jesus. — "Você sabe quem sou... Uuuiiiiiiii..." — Mas você vai dizer seu nome. Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — "Morte... Exu da Morte... Aaaaaaaaiiii." — Como entrou na vida dela? — "Eles são todos meus, a família toda. Vou matar um por um." — Quem te deu esse direito? — "O pai dela. Ele era meu. Eu já o levei." — Como ele deu esse direito? — "Ele matava. Matou muita gente. Era usado por mim... Bebia muito também." — Matava como? — "Matava por encomenda... Gostava de matar..." — Quantos ele matou? Está proibido de mentir. — "Quase trezentos... Jogava os corpos no buraco... Matava o cavalo e jogava por cima para ocultar o cadáver." Entenda a estratégia dos demónios de morte que usavam o pai de Verna para acobertar seus crimes. Depois de executar as pessoas por encomenda e lançar seus corpos em valas ou buracos, ele executava também os animais que montava e usava seus cadáveres para encobrir os corpos de suas vítimas. Caso o mau cheiro dos corpos em decomposição viesse a despertar a curiosidade das pessoas, o corpo do animal, estrategicamente colocado por cima, as levava a pensar que se tratava apenas de um animal morto. — "Ele ganhou dinheiro matando muita gente, mas perdeu tudo. Nós oferecemos, depois tomamos. Vou atrás de todos da família. O pai dela me entregou todos eles. A mulher, os filhos..." — disse o demónio. — Entregou como? — "Eu já disse que ele era meu, andava comigo, eu o usava pra matar... Ele dizia que seus filhos seriam iguais a ele. Vou matar todos eles." 260


Os filhos daquele homem, que também foi viciado em bebidas1, não se tornaram homicidas como ele, mas eram perseguidos por espíritos de morte. Quase todos se tornaram escravos da bebida. Um morreu com cirrose hepática. Outros tentaram se suicidar. O Espírito Santo trouxe-me essa direção através de uma palavra: 'Suicídio'. — Está tentando induzi-la a se matar não é? — afirmei perguntando. — "É... Coloco pensamentos de suicídio na mente dela." - Como está tentando induzi-la a fazer isso? — "De todo jeito... Com faca, remédios..." Depois de obrigá-lo a confessar suas mazelas, tomei autoridade sobre as maldições na vida dela e fui desligando-as, em nome de Jesus Cristo. — Suicídio, prostituição, vícios, loucura, fraqueza, desejo de beber, ordeno que saiam, agora mesmo, em nome de Jesus. Ela tossia e lançava muco pela boca enquanto eu determinava. Quando tudo acabou, ordenei ao demónio que dissesse quantos entraram com ele: — "Aaaaiiii... Eu... Espírito de morte, o Pelintra, Rainha da Prostituição, Preto Velho, loucura, fraqueza na mente, suicídio, morte... São esses..." — Seus direitos estão revogados. Saiam todos agora, em nome de Jesus Cristo, saaaaiam. Verna falou sobre seu histórico familiar e confirmou tudo o que fora dito a respeito de seu pai. Levei-a a orar confessando as iniquidades de seus antepassados, a renegar as palavras de maldição proferidas por seu pai e toda herança maligna que havia recebido. Confessou também seus próprios pecados pedindo perdão a Deus. Orientei-a sobre como se posicionar a partir de então e a se firmar na igreja. Todo assassinato ou homicídio é um pacto de sangue com espíritos de violência e morte. O homicídio dá ao inimigo o direito de trazer destruição sobre todas as áreas da vida do homicida e de seus descendentes, que passam a ser perseguidos por espíritos de morte. Tais pessoas envolvem-se facilmente em confusões e contendas e estão sempre correndo perigo de vida. São inclinadas ao crime e à violência. Vivem em cárcere espiritual e emocional e sob forte sentimento de perseguição e morte.

l A primeira referência à embriagues na Bíblia está vinculada à vergonha, ao pecado e à maldição. Foi quando Noé embebedou-se (Gn 9:20-25) e teve sua nudez exposta por seu filho Can. Devido aos males decorrentes da embriagues, Deus estabeleceu a abstinência total como reto padrão para os seus servos (Lv 10:9:13:4-7; Nm 6:3).

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Quando o homicídio é cometido por dinheiro, como no caso do pai de Verna, um espírito de morte se aloja na linhagem do criminoso. Seus descendentes não conseguem prosperar e geralmente acabam vivendo na miséria. Os descendentes de homicidas tendem a morrer de forma trágica, seja por acidente, enfermidades, por homicídio ou suicídio, dentre outras causas. Tomaremos esses últimos testemunhos como ponto de partida da nossa abordagem sobre Maldição Hereditária ou Maldição das Gerações. Tema sobre o qual passamos a tratar.

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CAPÍTULO 15

Maldição Hereditária

O propósito do diabo é tentar impedir que os planos de Deus se cumpram na vida do ser humano. Para alcançar seu objetivo ele procura meios de entrar na vida das pessoas para amaldiçoá-las de várias maneiras. O propósito do inimigo não é atingir somente uma pessoa, mas também os seus descendentes. Para isso ele explora as brechas abertas pelos seus próprios pecados e pelas inquidades de seus antepassados. Iniquidades são pecados não confessados que se repetem e multiplicam a cada geração. Além de colher os frutos das iniquidades semeadas pelos seus antepassados, as gerações subsequentes lançam novas sementes de pecados ampliando, cada vez mais, o leque de maldições na linhagem familiar. Isto é o que chamamos de Maldição das Gerações ou Maldição Hereditária ou ainda Maldição de Família. Para preservar o direito do seu povo sobre tudo o que pertencia aos seus antepassados, Deus instituiu a Lei ou Princípio da Herança. A Bíblia mostra, em diversas passagens, que esse princípio não deixará de ser cumprido: "...porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos atéà terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem'(Ex 20:5). "Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a benção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência" (Dt 30:19).

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Há um aspecto em relação ao Princípio da Herança que precisa ser bem entendido. O que herdamos dos nossos antepassados não é a culpa pelos pecados que eles cometeram, mas sim as consequências, que se manifestam na forma de influências ou perseguições demoníacas. Conforme mencionamos no tópico sobre Bênção e Maldição, ninguém é obrigado a aceitar uma herança maligna, seja ela material ou espiritual. Aceitar ou não é uma prerrogativa do herdeiro. No caso de uma herança indesejada, o que temos a fazer é nos colocar diante de Deus, o justo juiz, confessar as iniquidades que a sustentam e declarar que a rejeitamos, em nome de Jesus Cristo. As maldições que herdamos sem saber, também devem ser rejeitadas do mesmo modo. Sobre esse aspecto falaremos mais no tópico sobre quebra de maldições. As iniquidades não confessadas acarretam o juízo de Deus na forma de maldições hereditárias. Os pecados cometidos por uma pessoa geram consequências que atingirão não somente ela, mas, também, os seus descendentes (Êx 20:5b). Esta é a causa de muitas pessoas ou famílias viverem sob maldição. Em certas famílias pessoas morrem de uma mesma doença, geração após geração. Noutras, as mulheres não se casam ou sempre se separam depois de casadas. Há famílias em que as pessoas são escravizadas pelos mesmos vícios, de geração em geração. Outras se caracterizam por problemas como dificuldade financeira, falência, miséria, homicídio, suicídio, adultério, prostituição, gravidez antes do casamento, aborto, esterilidade, mortes por acidente, entre outros. Se o histórico de tais famílias for atentamente estudado, chegar-se-á à conclusão que há uma cadeia de maldição na linhagem. A Bíblia mostra a importância com que Deus trata a questão da maldição das gerações em diversas passagens (Dt 4:9,10; Lv 26:39; Nm 14:18-33; Jo 21:19; Is 14:21; Jr 32:18; Dt 5:7-10). Muitos cristãos ignoram ou se esquecem do conceito da hereditariedade, mas Deus não se esquece. O diabo e seus anjos também não. Por esta razão, muitos cristãos ficam em desvantagem na luta contra os problemas. Como alguém pode lutar contra algo que ignora? Sobre isso, a Palavra de Deus faz o seguinte alerta: "Para que satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios" (2Co 2:11). Entre os que nos procuram com problemas espirituais, alguns reconhecem que seus pais ou avós, tiveram algum tipo de envolvimento com o espiritismo.

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Outros não se mostram nem um pouco preocupados com as práticas espirituais de seus antepassados. E por isso que muitas pessoas vivem sofrendo sem saber a razão. Em sua Palavra, Deus afirma que o inimigo explora nossa falta de entendimento para nos manter cativos. "Portanto, o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede. Por isso, a cova aumentou o seu apetite, abriu a sua boca desmesuradamente''(Is 5:13,14). "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento" (Os 4:6). Muitas pessoas pensam que se não incorrerem, pessoalmente, em algum pecado não poderão ser atingidas por maldições. Não é bem assim. As iniquidades dos nossos antepassados, também, nos acarretam problemas. A palavra de Deus nos adverte sobre isso. Se não tomamos conhecimento do seu teor, a responsabilidade é toda nossa. A ignorância não nos isenta da responsabilidade e das consequências dos nossos pecados e das iniquidades dos nossos antepassados. Se assim fosse, um homicida poderia alegar ignorância das leis criminais para não pagar por seus crimes. Sobre isso a Bíblia diz o seguinte: "E, se alguma pessoa pecar e fizer contra algum de todos os mandamentos do SENHOR aquilo que se não deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo, será culpada e levará a sua iniquidade" (Lv 5:17). "Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras e rejeitam a minha &T(Jr6:19). Quem se recusa a conhecer a Palavra de Deus rejeita o conhecimento. Isso não o isenta da responsabilidade pelos seus erros. Quem rejeita o conhecimento de Deus não pode ser liberto do domínio de satanás. Jesus Cristo disse: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo. 8:32). Maldições hereditárias podem incidir sobre todas as áreas da vida de uma pessoa: espiritual, sentimental, sexual, financeira, ou física. Agnela, 44 anos, nos procurou afirmando que sua vida era um verdadeiro inferno. Era crente há muitos anos, mas sua vida pouco havia mudado.

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— Estão tentando matá-la não é? — inquiri o demónio que se manifestou nela quando oramos por sua libertação. — "Já tentamos muitas vezes." — Quais brechas estão usando? — "Ela foi criada pela avó. A velha vivia nos chamando." — Chamava como? — "Dizia que ia se matar. Entrou no quarto com uma faca duas vezes. A filha dela viu e a impediu. Ela quis se enforcar também." — Que mal havia com ela? — "Tinha epilepsia, um demónio... Tsssiiihihih. A velha sofria muito. Queria morrer, e eu a ajudei." — Ajudou como? — "Ficou com os braços presos no vestido quando tirava a roupa para se banhar no rio. Aproveitei para provocar um ataque nela." — Maldito... — ataquei. — "Tssiiihihihihi... Ela ficou lutando um tempão, tentando se soltar, mas eu não deixei. Caiu perto da ponte com os braços presos no vestido... Há há há há há há... Tentou sair, mas não conseguiu. Morreu afogada. Eu a matei. Atendi o desejo dela... Tsssiiiihihihi... Os parentes dela acharam que foi um acidente, mas fui eu... Há há há há há há há há..." O suicídio é um sacrifício humano. Um pacto de sangue com espíritos de morte. Tais demónios entram por essa brecha e se instalam na linhagem do suicida. Seus descendentes passarão a viver sob perseguição de demónios de morte e destruição. Para que essa maldição seja revogada é preciso haver confissão e arrependimento, mediante ministração sacerdotal. O motivo do suicídio também deve ser objeto de arrependimento e confissão para que o diabo não venha explorá-lo no futuro. Em geral, as razões que levam as pessoas a cometer suicídio são: depressão aguda, bancarrota ou falência, traição conjugal, decepção amorosa, abuso sexual, rejeição e morte de pessoas muito queridas, dentre outras. — Está tentando induzir esta aqui ao suicídio não é? — inquiri, referindo-me à Agnela. — "É, passei a tomar conta dela. Usei os meus para abusar dela quando era criança. Ficava só calada pensando numa maneira de se livrar da situação, mas só via a morte. Achava que só se livraria morrendo. Tssssihihihihi. A avó dela queria, e ela passou a querer também. Foi uma transferência. Você sabe como é. Ela não tinha medo de tentar e eu gostava muito disso. Já tentou muitas vezes, mas não conseguiu. Não sei por que não deu certo."

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— Quantas vezes ela já tentou se matar? «T T

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— Umas cinco.

5J

— Tentou como? — "Tomou remédios, se jogou de um carro em movimento em Manaus, cortou os pulsos, tomou veneno para matar rato e tentou se enforcar em Brasília." Quem é você. Está proibido de mentir, em nome de Jesus Cristo. — "Exu da Morte." — Há quantos mais com ela? — "Hiiiiiiihhhh... Inúmeros... Cinco legiões". — Quais legiões? Responda em nome de Jesus. — "Uma de morte, uma de prostituição, uma de vícios, uma de miséria e uma de mentira" — Relatou o Exu. Uma tentativa de suicídio é um pacto com demónios de morte. Mesmo quando o suicídio não é concretizado o pacto é estabelecido no mundo espiritual. Pessoas que tentam o suicídio tornam-se extremamente deprimidas e afetadas por um forte sentimento de fracasso. O suicídio muitas vezes é provocado por um espírito de fracasso que oprime a pessoa e a induz a por fim à própria vida. Wellington, um jovem de classe média alta, teve seu casamento destruído em consequência de sua infidelidade. Casou-se com vinte e oito anos e cometeu adultério dois meses depois. Sua mulher tomou conhecimento e o deixou. Quando caiu em si, ele entrou em profunda crise depressiva. Um demónio se manifestou quando oramos por ele. — Quem é você? — perguntei. "Pombajira." — O que você quer? — "A vida dele." - Quando entrou? — "Aos dezoito anos." — Por qual porta? "Prostituição. Levei-o a prostituir com mulheres casadas." O demónio foi relatando, um a um, os envolvimentos de Wellington e identificando nominalmente as mulheres com as quais tinha se envolvido. Eram pessoas conhecidas na sociedade. "Fiz ele trair a esposa com uma delas. Coloquei sentimento de culpa nela e a induzi a confessar tudo ao marido. Ele ficou com ódio e contou para a mulher desse aqui. Destruí o casamento dos dois... Hihihihihiii..."

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O demónio narrava suas mazelas rindo de satisfação. — A esposa dele não quer vê-lo nunca mais... Tem ódio dele... Hihihihihihihiii..." — O que está querendo agora? "Faço ele se sentir culpado e fracassado... Que a vida não tem mais sentido." — Sei aonde você quer chegar... "É. Coloco suicídio na mente dele. Já tentou se matar uma vez." — Tentou como? — "Com uma corda. Eu disse pra ele usar uma corda. Ele buscou uma no curral e foi para uma casa vazia. Passou a corda no pescoço e amarrou na varanda. O peão tomou a corda das mãos dele, aquele desgraçado." — Continua tentando matá-lo... — "É... Eu o faço pensar que não é ninguém... Não deixo ele dormir... Só fica pensando nela e em tudo o que fez. Se sente culpado e com vontade de se enforcar." — Ele está vindo à igreja. O Senhor vai libertá-lo. — "Não... Ele é meu. Eu o peguei como herança. A família dele... O pai, os avós, são todos meus." — São seus por quê? — "Traíam também." — Por quem começou? — "Pelo bisavô... Só o pai é vivo... Traiu a mulher até ela morrer. Vive com a mulher de outro." Perceba que a casta de demónios que se alojou na linhagem de Wellington quando seu bisavô adulterou levou seu avô, seu pai e ele mesmo a incorrer na mesma prática. O pecado cometido por seu bisavô foi se repetindo de geração em geração até alcançá-lo. Os demónios colocaram mulheres casadas em seu caminho, induzindo-o ao adultério e fazendo com que aquele ciclo de maldição continuasse. Além da perseguição correspondente à maldição do adultério, Wellington era oprimido por sentimentos de culpa e fracasso e induzido a tentar se autoexterminar. Situações como a de Wellington são muito frequentes. A prostituição é uma das ferramentas mais exploradas pelo diabo. Uma empresária com cerca de cinquenta anos, descobriu que seu marido a traía com outras mulheres. Alguém que a conhecia sugeriu que nos procurasse, entendendo que havia uma maldição nessa área de sua vida, já que não era a 268


primeira vez que isso ocorria. Ela se encontrava em seu terceiro casamento. Um demónio se manifestou quando orei por ela. — O que você quer dessa mulher? — "Destruir tudo. A vida dela, dos filhos, tudo." Levamos o demónio a confessar como e por que agia na vida dela. — "Entramos na família toda... Avô, pais, tios... Todos gostavam de prostituir." — disse ele. — E os pais dela? — "liiiiiiiihhhhhhh... O pai prostituía por um lado e a mãe por outro. A mãe adulterava muito... Essa aqui era pequena, mas via tudo. Era obrigada a se calar." — Quantos demónios entraram por essa porta? — "Só prostituição." — Quantos? — "liiiiihhhhh... Legiões." — Ela prostituiu? — "Não... Sempre nos resistiu. Mas casou do jeito que queríamos... Hi hi hi hi hihiiiiiiiiii." O demónio levou a mão à boca, rindo sinicamente e se deleitando com suas mazelas. — Casou como? — "Casou quase criança, tinha quatorze anos... Bom né?... Fizemos ela sofrer muito. Apanhava do marido... Aquele era dos nossos... Traía muito ela. Ela choraaaaaava... Ela o deixou. Mas ficaram duas sementes dele com ela... São os dois filhos. Usamos os dois na prostituição...O casado tem dois filhinhos... Estão crescendo pra nós. Vamos usar os dois... São nossa herança... Há há há há... Hi hi hi hi." — Vai confessar tudo, em nome de Jesus Cristo. — "Ela casou com outro. Desse eu não gostava. Era muito certinho. Não fazia nossas vontades. Não aceitava trair de jeeeeeeeito nenhum. Mas aquele já se foi." — O que têm com o atual marido dela? — "Hihihihihiiiiiiii... Esse é dos nossos. Nos serve direitinho... Precisa ver a cara do safado quando está com as outras... É um malandro... Sem-vergonha... Não vale nada aquele lá. Mente pra ela... Rouba dela... Há há há há há há... Gosta mesmo é das outras... Dessa aqui ele não gosta... Usamos muito ele, mas aquele filhinho dela está querendo atrapalhar." 269


— Já foram derrotados e vão sair da vida dela. — "Pra que isso? Nos deixa quietos. Ainda nem a usamos, mas vamos usar... Nosso alvo é ela e aquele filhinho dela." — Tomo autoridade sobre toda maldição na vida dessa mulher e ordeno que seja destruída em nome de Jesus. O demónio começou a se contorcer e resmungar: — "Não... Não... Não pode fazer isso." — Onde colocaram enfermidades nela? — "Na (coluna) cervical e na lombar. Infecção... Tem infecção... Ela vai travar as pernas. Não vai andar. Fez uns exames, mas não deu em nada. Tá tudo escondido." Impus a mão sobre a coluna dela e ordenei que as enfermidades fossem destruídas, em nome de Jesus Cristo. — "Ai... Não... Me deixa... Não... Não." — Seus direitos sobre ela estão revogados, em nome de Jesus Cristo. Confesse sua derrota. — "Me deixa ir embora..." — Antes vai confessar sua derrota... "Fomos derrotados." — Diga seu nome e quem te derrotou... — "liichiii... Eu tenho que falar aquele nome feio?" — Confesse agora... Em nome de Jesus. — "Eu... Destruição... Prostituição... Estamos derrotados por esse... Je-sus Cris-to..." — Agora saiam. Estão desligados em nome de Jesus Cristo... Saaaiam. Conversamos com ela esclarecendo sobre a causa das maldições que a acompanhavam e a levamos a orar confessando seus pecados e a iniquidade de seus pais, e renegando toda herança maligna, em nome de Jesus. Os demónios que escravizaram seus pais na prostituição eram os mesmos que a perseguiam destruindo seus casamentos e tentando induzi-la ao mesmo pecado. Usaram seu primeiro marido na prostituição e faziam o mesmo com o último. Ela contou-nos que sua mãe fora contra seu primeiro casamento. Apostava que ela apanharia do marido, pois, segundo ela, ele não prestava. Como vimos, essa palavra de maldição acabou se cumprindo. Além de dois, de seus três companheiros, seus dois primeiros filhos também prostituíram. Ela entregou sua vida a Jesus antes de se casar pela última vez, tempos depois de ficar viúva do segundo marido. 270


Eneida, 23 anos, era filha de pais separados. Ele era um marido infiel e extremamente promíscuo. Abandonou a esposa quando a filha tinha apenas 13 anos. Rejeitada, sua mãe resolveu buscar outros parceiros, apesar de nunca ter se afastado da igreja. Eneida também frequentava a igreja desde criança. Chegou a ser ministra de louvor. Mas, a exemplo de seus pais, mantinha namoros fora dos padrões cristãos. Com o tempo, passou a se envolver com homens casados. Quando nos procurou estava, visceralmente, envolvida com um deles. Acreditava cegamente que ele abandonaria sua família para viver com ela. Demónios manifestaram-se quando oramos por ela. — "Ela não acredita em casamento. O pai a decepcionou muito. A mãe dela também prostitui. Deram-nos o direito de entrar. Ela é nossa." — disse o demónio. — Estão induzindo-a a pecar como seus pais... — "É... Ela também prostitui... Colocamos depravação... Desejo imundo... Sodomia... Ela faz tudo o que gostamos." — O Senhor vai livrá-la das garras de vocês. — "Vai depender dela... Muitos são libertos, mas voltam pra nós. Esta aqui tem fraqueza por sexo. Dominamo-la pelo sexo. Colocamos enfermidades nela... Tem feridas nas paredes do útero, na vagina, infecção nos rins... SRV também." — O que é? — "É parecido com AIDS... Ela sabe... Está fazendo tratamento, mas não adianta. Gosta de prostituir. E viciada em sexo." Eneida era escrava da prostituição como seus pais. Ordenamos que dissesse quantos demónios havia com ela. Ele foi ao chão e começou a gritar: — "Não... Não pode nos expulsar. Ela é nossa... Nós a herdamos." — Te proíbo de resistir, em nome de Jesus Cristo. Quantos demónios entraram na vida dela? — "Milhares... Legiões... Prostituição, enfermidades, morte, confusão, rejeição... O pai não a pegava no colo, dizia que ela só dava despesa... Tem inferioridade... Vou fazê-la tomar veneno... Estou colocando isto na cabeça dela..." — Olhe à sua volta. — Ordenei. — "Ahhhhh não... Anjos não..." — Como são? Diga como são. — "São grandes... Tem roupas brancas... Muita luz." — Tomo autoridade sobre toda maldição na vida dessa moça e ordeno que seja destruída, em nome de Jesus Cristo. Estão todos desligados... Saiaaam...

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Olhando para o semblante de Eneida percebi que ainda estava possuída. — Quem é você? Por que ainda está aí? Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. — determinei. — "Impureza, depravação, tara, sadomasoquismo1... A legalidade está na mente dela." Enquanto falava, o demónio imitava o comportamento depravado de Eneida. Uma cena deplorável. — Tomo autoridade sobre as maldições impregnadas na mente dessa moça e ordeno que sejam destruídas em nome de Jesus Cristo. Demónios de sodomia, depravação, lascívia, sadomasoquismo, exijo que saiam... Saaaaaiam... Conversamos com Eneida explicando-lhe a razão de sua vida ter tomado aquele rumo. Aconselhamo-la a orar confessando seus pecados e rejeitando todo legado maligno. Com a Bíblia nas mãos mostrei-lhe algumas passagens que tratam sobre a prostituição: "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente não [...]Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que a pessoa cometer éfora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo"(lCo 6:15,18). Alertei-a sobre a estratégia de satanás em relação aos que são libertos de suas garras, mas não convidam o Senhor Jesus a fazer parte de suas vidas: "Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa" (M t 12:43-45). Mostrei-lhe o que disse Jesus à mulher que seria apedrejada por ter sido apanhada em adultério, mas teve sua sorte mudada ao se deparar com Ele:

l Sadomasoquismo: perversão, violência sexual, estupro e outras práticas dessa natureza são especialidades de um demónio chamado Exu Lúcifer ou Maioral. E um demónio de prostituição e impureza.

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"... Vai e não peques mais" (Jo 8:11 b). Ela ouviu tudo, sem nada dizer, e mostrou que a libertação não era o que ela mais desejava: — Se ele deixar a família para viver comigo e concordar em vir para a igreja, tem algum problema? Lamentavelmente, ao invés de abandonar o pecado, Eneida procurava um meio de "legalizá-lo". Infelizmente não são poucos os que, depois de libertos, voltam às antigas práticas, optando por trazer satanás de volta às suas vidas. Katiúscia, 35 anos, mãe de um casal de pré-adolescentes, é uma dessas pessoas. Ela pediu-nos para orar por ela à parte após um culto de libertação. Sabia o que poderia acontecer. Quando oramos por ela, uma legião de pombajiras se manifestou. Essa mulher tinha raízes profundas na prostituição. Um problema que atingia homens e mulheres de sua linhagem há varias gerações, conforme pudemos constatar posteriormente. Depois de expulsar os demónios coloquei-a a par de sua real situação explicando-lhe como poderia ser liberta. Incentivei-a a continuar frequentando os cultos e me dispus a ajudá-la, caso tivesse interesse. Ela já havia frequentado várias igrejas, mas não se firmou em nenhuma. Voltamos a orar por Katiúscia duas vezes. Os mesmos demónios se manifestaram, alegando direitos sobre ela. — "Está perdendo seu tempo, pastor. Ela nos dá o direito de permanecer." — disse. Conversei com ela, relatando o que ocorrera e explicando-lhe que uma pessoa não pode ser liberta se não quiser. Expliquei-lhe sobre o aspecto hereditário de seu caso, sobre a importância de sua genuína conversão a Cristo Jesus e do rompimento de suas ligações com o pecado do presente e do passado. Ela ouviu tudo atentamente sem nada dizer. Outro dia, após o culto, Katiúscia pediu-me para orar por ela, mas fez a seguinte ressalva: — Gostaria que o senhor orasse por mim, mas não como das outras vezes. É que eu gosto muito de homens. Não posso ficar sem eles. O que aquela mulher disse, com outras palavras, foi que, entre ser liberta e passar a levar uma vida digna e continuar como escrava da prostituição, ela ficava com a segunda alternativa. Infelizmente.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 16

Pecados Sexuais

Antes de nos aprofundar neste assunto, precisamos reconhecer que a sexualidade é parte da perfeita criação de Deus. Nada há nada de pecaminoso na sexualidade em sua forma original. Todo o nosso corpo, incluindo nossos órgãos sexuais, foi projetado por Deus. Esse entendimento é muito importante, pois nos leva a enxergar o sexo como um presente de Deus. A sexualidade não veio com a queda do homem. Ao contrário, ela estava no plano original de Deus. No entanto, como tudo o que Deus criou para o ser humano, o sexo foi desvirtuado por satanás a fim de desviar a humanidade da intenção divina. O sexo tem a função de unir e procriar, conforme o propósito de Deus. Segundo a Palavra de Deus, a união sexual entre duas pessoas as torna "uma só carne". Na Palavra de Deus vemos que, quando duas pessoas se unem por meio da relação sexual, suas identidades se misturam ou se fundem uma a outra (lCo 6:16). Isso quer dizer que, quando um homem se une a uma prostituta, ele se torna um como ela, pois os demónios que a possuem passam a possuí-lo também. O desejo ou prática sexual só não é pecado quando envolve pessoas casadas e ocorre dentro dos padrões de santidade instituídos por Deus (!Co7:2; !Co7:28). Quando praticado fora do casamento, o sexo é pecado. Pecado contra Deus, contra o ser humano e contra o próprio corpo. Toda prática sexual contrária à natureza criada por Deus é pecado (ICo 5:11; 6:10,13,18; Ap 21:8; 22:15).

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Todo pecado sexual é um pacto com demónios de prostituição. A Palavra de Deus nos adverte contra todo tipo de impureza: "Porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação''(ITs 4:2-7). O Senhor Jesus fez uma seria advertência contra a prática do adultério: "... qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela" (Mt 5:28). Contemplar fotos ou imagens pornográficas, manter contato com literatura erótica como livros, revistas, jornais e sites; assistir a espetáculos pornográficos como peças teatrais, filmes, danças, novelas, shows ou qualquer encenação que contenha cenas de sexo ou sensualidade é impureza (l Co 6:18). Tudo isso é pecado e dá aos demónios de prostituição e impureza o direito legal de exercer influência sobre a pessoa, levando-a a se prostituir de diversas maneiras. Alguns demónios de prostituição são exclusivamente femininos. No Brasil, esses demónios são conhecidos como Pombajiras. Uma pessoa pode ser possuída por um único demónio de prostituição ou por legiões. No contexto de pecados sexuais enquadram-se as seguintes práticas: Masturbação: ato de estimular os órgãos genitais, manualmente ou por outros meios, em busca de prazer sexual. Masturbação é o resultado final de pensamentos sensuais, estimulação erótica e/ou contemplação de imagens pornográficas (IPe 2:11). E uma atitude sexual solitária, egoísta. É cada vez maior o contingente de maridos que trocam a intimidade com suas esposas pela masturbação. Há maridos que se masturbam mesmo depois de manter relação sexual com suas esposas. A masturbação é um distúrbio sexual demoníaco. Porém, essa prática não é uma exclusividade dos homens. O número de mulheres que se masturbam é maior do que se imagina. Na libertação, é comum haver manifestação de demónios de prostituição e impureza sexual em mulheres

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devido à masturbação. Esse problema atinge mulheres de todas as idades. Já tratamos de casos que, tanto meninas de dois a quatro anos, como mulheres sexagenárias, eram escravas dessa prática. Casos em que crianças com pouca idade se masturbam envolvem um aspecto hereditário. E certo que os pais de tais crianças, são ou foram praticantes de impureza sexual. Os demónios que escravizam pessoas adultas nessa prática se alojam em sua linhagem e migram para os filhos, levando-os a incorrer no mesmo pecado desde a mais tenra idade, ainda que não tenham consciência do que estão fazendo. É uma busca de prazer inconsciente. Uma influência maligna exercida por demónios de prostituição e impureza sexual. No caso de meninas, os demónios de perversão as levam a buscar prazer sexual friccionando o órgão genital no chão, nos braços das poltronas, em almofadas, travesseiros, nas carteiras da escola e noutras peças de mobiliário, além de usarem as mãos e outros objetos. É um desejo desenfreado que só cessa quando a maldição alojada na linhagem familiar é quebrada e os demónios da masturbação expulsos. Certa feita, ministramos libertação a uma mulher de sessenta e cinco anos, aproximadamente, que era escrava da masturbação. Demónios de impureza a levavam a se masturbar descontroladamente. — Nunca senti tanto prazer em minha vida. Nem quando eu tinha marido. E algo que não sei explicar. — dizia ela sem nenhum constrangimento. Demónios de prostituição a manipulavam fazendo-a se sentir uma mulher irresistível. Mesmo trazendo os traços característicos de uma senhora na sua idade, ela sentia-se a mais cobiçada das mulheres. — Percebo o quanto os homens me desejam quando me observam. — dizia ela envaidecida. Infelizmente, mesmo tendo manifestações demoníacas e caindo quando oramos por ela, o orgulho a impediu de reconhecer a séria implicação espiritual que envolvia seu caso e simplesmente não quis ser liberta. Sensualidade: atitude, modo de vestir, andar ou falar com o objetivo de despertar desejo sexual (Pv 11:22; iTm 2:9). Fornicação e adultério imaginários (Mt 5:28; Fp 4:8). O ser humano tem transformado seu cérebro em órgão sexual. É na mente das pessoas que as fantasias sexuais são concebidas. Numa mente pervertida, as fantasias sexuais não têm limites. 277


Sexo não consumado (impureza): beijos lascivos, agarramentos, dança sensual, diálogos picantes, conversas impuras, sexo virtual - pela internet ou pelo telefone - (iTm 5:2; ICo 10:8; ITs 4:3-5). Pornografia: exposição da própria nudez, apreciação da nudez alheia, com ou sem permissão, pessoalmente ou por meio de fotos, imagens, filmes ou internet (Rm 6:19; Ez 20:30; Ef 4:19). É grande o contingente de homens que sentem maior prazer na pornografia, que é o sexo visual, do que na intimidade com suas mulheres. Muitos maridos perdem o interesse sexual por suas esposas, substituindo-as pela pornografia. Esta é uma arma que o diabo usa para humilhar e envergonhar principalmente as esposas e destruir a vida sexual dos casais. A pornografia é a causa da impotência sexual ou perda da virilidade de muitos homens. Um revide diabólico à essa prática pecaminosa. O envolvimento com o espiritismo também dá ao inimigo o direito legal de gerar problemas de natureza sexual nas pessoas, como impureza, impotência sexual e frigidez. É o caso de quem faz promessas ou despachos, participa de rituais ou pede ajuda aos "santos" e a outras entidades espirituais para "arrumar" namorados ou se casar. As entidades invocadas farão de tudo para acabarem com os namoros, noivados ou casamentos que arranjaram deixando a pessoa sempre sozinha. Erotismo (Cl 3:5; Gl 5:19). Forma de estimular o impulso sexual por diversos meios. A pornografia é uma forma de erotismo através da qual mobiliza-se 0 imaginário por meio de figuras, imagens, desenhos e contos eróticos, entre outros, com o objetivo de estimular o desejo, fantasiar um relacionamento sexual, a masturbação ou mesmo mobilizar-se para uma relação sexual. Fornicação: sexo entre pessoas não casadas (Dt 22:20,21; Jó 31:1). Conforme já dissemos, Deus concebeu a união sexual para o homem e a mulher casados. A relação íntima entre pessoas solteiras dá ao inimigo o direito legal de lançá-las na prostituição e na impureza sexual. Essa maldição se aloja na linhagem familiar levando os descendentes a incorrer em todo tipo de pecado sexual, inclusive sodomia. Adultério: sexo fora do casamento ("Não adulterarás"; Ex 20:14; Lv 18:20; 1 Co 6:10; 7:2). O pecado do adultério dá ao inimigo o direito legal de trazer assolação sobre a família do adúltero. Essa prática atrai maldição em diverdas áreas: se278


xual, emocional, espiritual e financeira. E, como toda maldição, aloja-se na linhagem do adúltero se estendendo pelas gerações subsequentes. O adultério quebra a aliança do casamento, contamina a intimidade do casal e dá aos demónios de prostituição o direito legal de investir contra os filhos, induzindo-os também à prática da prostituição, notadamente fornicação e adultério. O pecado do adultério é uma brecha espiritual que o diabo explora para gerar desconfiança, crises de ciúmes, insegurança e conflitos no casamento. O adultério dá ao inimigo o direito legal de escravizar a pessoa adúltera na prostituição, principalmente na infidelidade conjugal. Os demónios do adultério levam a pessoa a perder o interesse sexual pelo seu cônjuge e a procurar, sempre, por outros parceiros. Quando se arrepende e confessa seu pecado a Deus, o adúltero é perdoado de sua culpa. Porém, isto não resolve todo o problema. O casamento não será purificado das contaminações que o adultério acarreta enquanto o pecado não for confessado também à família. A ocultação desse pecado dá aos demónios de prostituição o direito de exercer influência maligna sobre o casamento, a esposa e os filhos. Todo pecado oculto torna-se um campo fértil à disposição do príncipe das trevas. Aquele que se envolve em adultério, pensando que sairá ileso, está redondamente enganado. E o que diz a Palavra de Deus na seguinte passagem de Provérbios: "Tomará alguém fogo no seio, sem que as suas vestes se incendeiem? Ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés? Assim será com o que se chegar à mulher do seu próximo; não ficará sem castigo todo aquele que a tocar" (Pv 6:27-29). Ao reconhecer e confessar o pecado do adultério a Deus, a pessoa é perdoada pela culpa do seu pecado, mas isso não significa que ela não terá de arcar com as consequências. Um bom exemplo disso encontra-se no livro de 2 Samuel, capítulos de 11 a 18. É a passagem que relata a história do adultério do rei Davi com Bate-Seba. Esse ato de injustiça trouxe grande assolação sobre a família de Davi, incluindo a morte de Urias, marido de Bate-Seba - cujo assassinato foi arquitetado pelo próprio rei Davi -, a morte do filho que ele teve com sua amante, a rebelião de seu filho Absalão que, além de possuir suas mulheres e usurpar parte de seu reino, matou seu irmão Amnon, por haver estuprado sua meia-irmã Tamar. Sem contar que Absalão acabou assassinato pelos próprios homens de seu pai.

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O adultério náo é visto pelos filhos somente como um ato de traição e rejeição do pai para com a mãe (ou da mãe para com o pai), mas também para com eles. Filhos de pais adúlteros, geralmente, tornam-se pessoas extremamente revoltadas e rebeldes. Pais flagrados em adultério pelos filhos são desmoralizados perante eles. A decepção com quem consideravam suas referencias morais leva os filhos, muitas vezes, a abandonar seus valores morais. Quando envolve uma liderança cristã, o adultério gera consequências ainda mais graves. Seus filhos deixarão de respeitá-lo (a) tanto moralmente quanto como conselheiro e pastor. Muitos chegam a abandonar o ambiente do culto quando seus pais sobem no altar. A revolta com pais que cometem adultério, muitas vezes, leva os filhos a abandonar a igreja e a enveredar pelo caminho da prostituição, das drogas e outros vícios. Além de ter de se retratar com Deus e com a família, o líder que incorre na prática do adultério deve se retratar, também, com a igreja, através de sua cobertura espiritual, dentro dos parâmetros bíblicos, para que seja restaurado, tanto moral, como ministerialmente. Bigamia: manter dois casamentos ao mesmo tempo (Gn 4:19). Poligamia: manter vários casamentos ao mesmo tempo (Gn 6:1-3). Sodomia: sexo anal, sexo oral, sexo em grupo, pornografia, sadomasoquismo, sadismo, homossexualismo, lesbianismo, pedofilia, bissexualismo, bestialidade e outras práticas impuras (lCo 6:10). Nesse campo, quero tratar especialmente sobre duas práticas: sexo oral e sexo anal. Muitos líderes, que se dizem evangélicos, costumam usar versículos bíblicos fora de contexto para tentar validar práticas sexuais classificadas por Deus como abominação. Tais pessoas, além de macularem seus leitos conjugais com práticas que Deus veementemente condena, usam, muitas vezes, o púlpito da igreja para convencer seus liderados a incorrer nas mesmas práticas. Tanto o sexo oral como o sexo anal enquadram-se no contexto das "paixões infames" mencionadas na Palavra de Deus (Rm 1:24-27). Um dos versículos usados por aqueles que tentam legalizar práticas sodomitas é o seguinte: "A mulher não tem poder sobre seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder seu próprio corpo, e sim sua mulher" (!Co7:4).

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Esse versículo é usado de forma distorcida para incutir nas pessoas a ideia de que o marido pode fazer uso do corpo de sua esposa como bem desejar. Da mesma forma a mulher, segundo essa interpretação distorcida da Palavra de Deus, pode "usar" o corpo do marido da maneira que quiser. Ora, ao ler, também, os versos 3 e 5 dessa passagem veremos que não é este o contexto da mensagem que o apóstolo Paulo transmitiu aos coríntios. O que ele fez, na verdade, foi um alerta aos casais da igreja de Corinto sobre os perigos da abstinência sexual. Segundo Paulo, nem o homem nem a mulher devem privar seu cônjuge de sua intimidade, a não ser em caso de acordo mútuo para um propósito espiritual, por um tempo determinado. Vejamos o que Paulo disse exatamente no verso 5 dessa passagem: "Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que satanás não vos tente por causa da incontinência" (iCo 7:5). Perceba que, em nenhum momento, o apóstolo Paulo se referiu ao modo como o marido deve possuir o corpo da esposa e a esposa o do marido. Muitos cristãos afirmam que a Bíblia não é suficientemente clara quanto à classificação da prática do sexo oral e do sexo anal como sodomia. A meu ver, a Palavra de Deus não deixa qualquer dúvida quanto a esta questão. No ministério de libertação, vivenciamos várias experiências com respeito a esse assunto. Certa feita, enquanto ministrávamos a um casal, um demónio de prostituição se manifestou na esposa. Dirigindo-se ao marido o demónio disse que as enfermidades que ambos portavam, tinham o sexo oral e o coito anal como causas. — "Diz a verdade pra ele... Diz do que é que vocês gostam." — provocou o Exu. Constrangido, o marido confirmou o que o demónio disse. Uma vez que o assunto veio à tona, procurei mostrar àquele casal como tais práticas são classificadas por Deus em Sua Palavra e sugeri que orassem confessando, pedindo perdão e rompendo os vínculos com os demónios da sodomia. Eles o fizeram imediatamente e foram libertos das enfermidades e outros problemas que os afetavam em consequência desse pecado. Dias depois, voltei a me reunir com eles para ministrar em outras áreas. Um demónio se manifestou na esposa e, apontando para o marido, disse: — "Ele não concorda com o que você diz. Continua praticando sodomia. Pergunte a ele se não é verdade." 281


Voltando-se para mim com a clara intenção de gerar confusão o demónio questionou: — "Onde está escrito que sexo anal e oral é pecado"? Antes que eu tratasse biblicamente sobre a impureza sexual, o Espírito Santo interveio falando claramente ao meu espírito: — "A relação sexual envolve somente os órgãos sexuais." Usei imediatamente aquela frase para rebater a investida do demónio: — Não vou permitir que semeie confusão aqui. Relação sexual envolve apenas e tão somente os órgãos sexuais do marido e da esposa. Você vai dizer agora o que é sexo oral e sexo anal e quem gosta disso... Vamos... Diga agora, em nome de Jesus Cristo. — determinei. — "Sodomia... Sexo oral e sexo anal é sodomia... O grande (Deus) não aprova. Nós gostamos disso... Há há há há há há... Esse aí gosta também. A sodomia entrou no coração dele." Quero aprofundar naquilo que o Senhor me disse naquela noite. O termo "relações sexuais" é duas vezes citado no Novo Testamento (Mt 5:32; 19:9). Relação sexual ou ato sexual, de acordo com a concepção original de Deus é a denominação dada à ação física de junção dos órgãos sexuais do homem e da mulher, primordialmente para a transmissão do gameta masculino ao feminino, ou seja, com propósito reprodutivo, ou por prazer. Antes de prosseguir, vejamos quais são exatamente os órgãos do sistema sexual masculino e feminino: A vulva, cientificamente chamada de órgão sexual secundário externo feminino, é composta de: monte púbico ou monte de Vénus, grandes lábios, prepúcio do clitóris ou capuz, clitóris, vestíbulo e intróito vaginal, pequenos lábios, meato urinário e glândulas skene, hímen (no caso de virgens) e entrada vaginal, forquilha e freio ou frênulo. Os órgãos do sistema genital masculino são: pênis, escroto ou saco escrotal, testículos, epidídimo, dueto deferente, dueto ejaculatório, vesícula seminal, próstata e glândula bulbouretral. É mais do que óbvio que nem o ânus nem a boca fazem parte desses dois sistemas. Ora, sendo a relação sexual entre o homem e a mulher - dentro do padrão considerado normal - a açáo física de junção de seus órgãos sexuais, o envolvimento do ânus e da boca nesse processo é um procedimento absolutamente anormal. Foi isso o que Deus quis me mostrar naquela noite. 282


A boca é o primeiro órgão do sistema digestório. Sua função, além da fala, é preparar os alimentos ingeridos para a digestão. Através do sexo oral uma pessoa pode contrair ou transmitir as chamadas DST's (Doenças Sexualmente Transmissíveis), como: AIDS, sífilis e herpes, além de outras doenças. A cavidade bucal é repleta de bactérias e fungos que podem causar infecções graves nos órgãos genitais. O ânus e o reto são os últimos elos da cadeia do sistema digestório. São os órgãos responsáveis pela excreção das fezes e dos gases intestinais e não devem ser usados na atividade sexual de penetração, pois são incompatíveis com essa prática. A pessoa que se deixa penetrar, ainda que, apenas uma vez, corre o risco de sofrer sérios danos tanto na estrutura do reto como na do ânus. Tal pessoa está sujeita a contrair doenças sexualmente transmissíveis como blenorragia ou gonorreia, herpes, SIDA e hepatite, dentre outras, devido ao poder de absorção das paredes retais, principalmente se ocorrer sangramento no reto e no ânus durante o coito. Outros riscos a que estão sujeitos os que se deixam penetrar pelo ânus são os seguintes: 1) Danificação das válvulas Huston; 2) Relaxamento dos esfíncteres, impedindo-os de manter o ânus hermeticamente fechado, o que causa incontinência fecal (perda da capacidade de impedir a saída das fezes) e aumento do risco de formação de hemorróidas. Obs: Os esfíncteres são músculos que foram concebidos para responder aos estímulos de dentro para fora, em função do volume das fezes e não para serem forçados de fora para dentro, como ocorre na penetração. 3) Provocação ou agravamento da caída ou saída para o exterior de parte do reto, através do ânus, permitindo a exposição do revestimento avermelhado e mucoso das paredes retais. 4) No caso das mulheres, se não for usado preservativo, o sémen contaminado pode escorrer e penetrar na vagina causando infecções e/ou gravidez indesejada. O coito anal traz, ainda, muitos outros riscos para ambos os parceiros. O pênis pode ser infectado ao entrar em contato com as fezes e gases intestinais. Ministramos libertação a um casal cuja situação era semelhante à daquele que relatamos anteriormente. Como no primeiro caso, um demónio de impureza manifestou-se na esposa, acusando o marido e chamando-os de impuros pelo mesmo motivo. Ele admitiu tudo o que o demónio disse, infor283


mando que o pastor que realizou a cerimónia do casamento deles e os aconselhava classificava tais práticas como biblicamente correias. Ao que o espírito demoníaco retrucou: — "Aquele é outro imundo. Ele faz nossas vontades." Oramos pela libertação de uma mulher que havia sido abandonada pelo marido. Entre os muitos demónios que se manifestaram nela havia muitas Pombajiras. Uma delas citou o coito anal como a prática preferida de seu ex-esposo. Quando orei determinando a quebra das maldições decorrentes da sodomia e expulsando os demónios que se alojaram em sua vida, ela começou a disparar ruidosas "rajadas" de flatos (peidos). — O que é isso? Responda o que é isso? — inquiri. — "As Pombajiras saindo. Você não mandou saírem?" A sodomia é uma prática que acarreta inúmeros problemas, notadamente doenças e enfermidades. Os praticantes de sexo oral e anal, aos quais ministramos libertação, invariavelmente apresentavam infecções e outras doenças nos órgãos do aparelho urinário, na próstata e na garganta; cistos ou miomas no útero, doenças de difícil diagnóstico no sangue e na visão, epilepsia, gota e outras enfermidades psicossomáticas. Não há como ignorar o caráter espiritual de tais problemas uma vez que a sodomia abre portas para o diabo entrar na vida das pessoas e amaldiçoá-las de diversas maneiras. Claro que nem sempre tais doenças são causadas pela sodomia. Sadomasoquismo: união de pessoa sádica, que se excita com o sofrimento alheio, com pessoa masoquista (que se excita com o próprio sofrimento), às vezes com automutilação (Rm 1:18-27). Sadismo: forma de perversão sexual em que o gozo provém do sofrimento do parceiro, às vezes com mutilação (Rm 1:18-27). Homossexualismo: afinidade ou relacionamento sexual com pessoas do mesmo sexo, como, por exemplo, homem com homem (Lv 18:22; Rm 1:2227). No contexto do homossexualismo enquadram-se também o Transexualismo, que é a insatisfação de uma pessoa com o seu sexo a ponto de desejar mudá-lo, e o Travestismo que é o prazer que um indivíduo sente de trajar-se como uma pessoa do sexo oposto. 284


Lesbianismo: afinidade ou relacionamento sexual entre mulheres (Rm 1:22-26). Bissexualismo: afinidade ou relacionamento sexual com pessoas do mesmo sexo e com pessoas do sexo oposto. Sexo na infância: por exemplo: "brincar de médico" com relação sexual, brincadeira de "casinha" com relação sexual entre menino e menina. Homossexualismo/Lesbianismo na infância: "troca-troca" entre meninos (ato de possuir e se deixar possuir sexualmente), "troca-troca" entre meninas, beijo homossexual entre meninos e entre meninas, masturbação mútua entre meninos, masturbação mútua entre meninas. Sodomia infantil: sexo anal e sexo oral entre meninos, entre meninos e meninas e entre meninas. Pedofilia: sexo entre uma pessoa adulta ou adolescente e uma criança, abuso sexual de crianças por pessoa adulta ou adolescente. Bestialidade: zoofilia ou sexo com animais (Lv 18:23). Incesto: sexo com parente próximo (Lv 18:6-18). O incesto é uma prática que acarreta doenças psicossomáticas. Muitas vítimas de incesto, especialmente crianças, tornam-se pessoas espiritualmente perturbadas e acabam contraindo doenças psiquiátricas. Abuso sexual: molestar ou possuir sexualmente uma pessoa contra a sua vontade. O abuso sexual é uma brecha que o inimigo explora para escravizar, sexualmente, as pessoas de diversas maneiras. Pessoas abusadas sexualmente têm uma forte tendência a desenvolver hábitos semelhantes aos do abusador. Os demónios do abuso tanto podem levar suas vítimas a se tornarem perpetuadoras do ato que sofreram como a tomar gosto por ele. Ou seja, uma pessoa abusada tanto pode tornar-se um (a) abusador (a) também, como um (a) homossexual, ativo ou passivo. Mulheres traumatizadas por abusos sexuais geralmente desenvolvem forte aversão ao sexo. É uma fortaleza maligna que leva o casamento à destruição, 285


muitas vezes por meio da infidelidade conjugal. O diabo é inescrupuloso e não leva em conta se a pessoa prostituiu por vontade própria ou foi violentada. Uma vítima de abuso sexual só é liberta quando os vínculos indesejados com os demónios de prostituição forem quebrados. Crianças abusadas sexualmente também são perseguidas por demónios de prostituição e induzidas a práticas pecaminosas, do mesmo modo que uma pessoa adulta. Durante o processo de libertação de Nádia, um demónio de prostituição que a possuía, afirmou que seu filhinho de quatro anos era possuído por pombajiras. Mais tarde, ela revelou-nos que o menino não gostava do colo de mulheres. Rejeitava inclusive o seu, mas gostava do colo do pai e de outros homens. Já apresentava traços efeminados na fala e nos trejeitos. Era uma influência dos espíritos de prostituição que o possuíam. Obriguei o demónio que possuía sua mãe a dizer por qual porta tinham entrado na vida dele. — "O irmão desse aí é nosso." — disse ele apontando para o marido de Nádia, cujo irmão era homossexual. — "Usamos o irmão dele para abusar do menino quando ele tinha dois anos. Ele fez com o dedo. Entramos por essa brecha." Tomei autoridade sobre as maldições decorrentes daquele abuso ordenando que fossem destruídas, em nome de Jesus. Na medida em que eu orava, os demónios que possuíam o menino foram se manifestando, um a um, em sua mãe. Eram várias Pombajiras e Exus Mirins ou Exus de criança, inclusive Cosme e Damião (demónios que agem e falam como criança quando se manifesta). Oramos desligando e expulsando todos eles, em nome de Jesus Cristo. O menino ficou liberto e mudou completamente suas atitudes. Glória a Deus! Sexo durante a menstruação (Lv 18:19). Pensamento impuro/Desejo impuro: ter pensamentos ou desejos impuros em relação a outra pessoa (Mt 5:28; iCo 5:11; 6:9-11; Ap 21:8). Relação sexual com demónios: O caso mais impressionante com o qual lidamos nessa área foi o de uma jovem casada de aproximadamente vinte e cinco anos de idade. Ela vinha mantendo relações sexuais com um demónio há algum_tempo e resolveu confidenciar o fato a uma amiga. Para comprovar o que dizia, ela convidou a amiga para dormir em sua casa. Instalada no quarto de visitas, a moça pode ouvir tudo o que se passou no quarto do casal naquela noite. Conforme acontecia todo dia, o demónio apareceu quando o casal se 286


deitou. Inicialmente a jovem esposa resistiu ao assédio do espírito demoníaco falando alto e esquivando-se com veemência. Não demorou muito para que ela cedesse aos apelos do demónio, entregando-se a ele totalmente. Ali do lado, seu marido dormia profundamente enquanto seu leito era maculado de forma inimaginável. Na verdade, seu pesado sono era induzido pelo demónio. A amiga dessa jovem esposa a convenceu a buscar ajuda na igreja. Ela contou-nos que o demónio com o qual "adulterava" aparecia-lhe na forma de um homem a qualquer hora do dia ou da noite e a assediava. Ela podia vê-lo e ouvi-lo normalmente. Só não podia tocá-lo, embora pudesse senti-lo quando era possuída. Perguntamos como se sentia em relação a tudo aquilo. Ao que ela respondeu: — "E bom. Eu gosto." Oramos por ela, mesmo sabendo que nada poderia acontecer enquanto ela não tomasse a decisão de romper aquele "relacionamento adúltero" com o demónio. Instruímo-la a firmar uma séria aliança com Cristo Jesus e a se firmar na igreja. Infelizmente ela nunca mais apareceu. Soubemos que ela optou por abandonar o marido e retornou à terra natal de sua família. Casos como esse são típicos de pessoas que se casam em templos satânicos, centros, ou terreiros de macumba, ou são filhos de pais que se casaram em tais lugares. Pessoas que se casam em templos consagrados a entidades demoníacas casam-se também com as próprias entidades. Elas exigirão o direito de participar do relacionamento conjugal das pessoas em todos os níveis. Quem se casa com um babalorixá ou pai de santo, por exemplo, casa-se também com seu "guia" que é um demónio. Relações sexuais mantidas em templos espíritas ou terreiros equivalem a um culto sexual a satanás. Todas as práticas sexuais citadas neste tópico são classificadas na Bíblia como abominação. Quem se envolve com qualquer delas e não as confessa e renuncia, deixando de buscar o perdão de Deus e de romper os vínculos com os demónios que as regem, torna-se escravo deles. Pessoas com pecados sexuais não confessados caem e manifestam demónios quando se ora forte por elas, mesmo as que já se converteram, conforme já demonstramos nesse livro. Por esta razão, muitas pessoas vivem sob perseguição demoníaca por meio de pensamentos e sonhos impuros, nos quais se vêm traindo seus cônjuges e cometendo todo tipo de impureza. Isto ocorre inclusive com aqueles que cometeram um único pecado sexual como pornografia, fornicação, 287


masturbação, na infância ou na juventude. Cedo ou tarde tais pessoas serão induzidas a incorrerem em algum pecado sexual, mesmo depois de casadas e convertidas. O diabo não deixará de explorar o direito que lhe foi dado, não importa se a pessoa é um obreiro, presbítero, pastor ou bispo. A Palavra de Deus mostra que não devemos oferecer os membros do nosso corpo ao pecado, mas sim, a Deus, como instrumentos de justiça: "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça" (Rm 6:12-14). O apóstolo Paulo adverte contra o relaxamento moral do povo cristão e as consequências da prostituição e da imoralidade sexual: "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e osfaria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. Fugi da da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso próprio corpo"'(l Co 6:15-20). A Palavra de Deus classifica a abominação sexual do homem e da mulher como evidência máxima da degeneração humana (Rm 1:27). A condenação de Deus certamente não recai somente sobre o praticante de imoralidade sexual, mas, também, sobre quem aprova, apoia, incentiva e sente prazer nas práticas imorais dos outros. A mídia de entretenimento investe, cada vez mais, na produção de programas com conteúdo imoral, pois sabe que boa parte da sociedade assiste, com prazer, a esse tipo de programação. A imoralidade sexual, segundo a Palavra de Deus, é um pecado digno de morte (Rm 1:32). Os que persistirem nesse pecado, especialmente os que conhecem a verdade, serão julgados e condenados no dia do juízo (2Ts 2:12). 288


Entre os casos de libertação que ministramos nesta área destaco o de Horácio, um representante comercial de 48 anos, vindo de outro Estado, onde era presbítero de uma denominação que não possuía filial em minha cidade. Ele apresentava traços efeminados quase imperceptíveis em seu modo de agir e de falar. Começou a frequentar os cultos de libertação observando, com indisfarçável curiosidade, as ministraçóes com pessoas endemoninhadas. Percebi que seu interesse por libertação não era por mera curiosidade. Logo ele agendou um horário para falar conosco. Mostrou-se preocupado com o envolvimento que tivera com um rico empresário fortemente ligado à magia negra. Mesmo sendo convertido, ele foi administrador dos negócios desse homem e braço direito dele por quase uma década. Sabia que todo o trabalho que realizava era direcionado pelos demónios que seu patrão consultava diariamentee a quem servia. Antes de levá-lo a confessar essa aliança inconveniente e a renunciar todos os vínculos espirituais resultantes de sua ligação com um satanista, orei por ele com imposição de mãos. Horácio começou a gemer e a se contorcer de dor, perdeu as forças e caiu. Quanto mais eu orava, mais ele gemia e se contorcia. O demónio resistia se negando a falar. Achei por bem encerrar a ministraçáo, pois sua esposa impacientava-se à porta da sala querendo ir embora. Orientei-o a orar e jejuar até nosso próximo encontro. Na semana seguinte, voltamos a nos reunir. Outra vez ele foi ao chão quando oramos. Ordenei ao demónio que cessasse com seu ataque de dor e sofrimento, e ele aquietou-se. — Senhor, peço-te que envie teus anjos contra o cabeça dos demónios que possuem esse homem. Quebra suas resistências, em nome de Jesus Cristo. — orei. — Saia de seu esconderijo agora mesmo... Perca as forças, em nome de Jesus Cristo. Está proibido de resistir. Diga seu nome. — determinei. — "Huuuuummmm... Huuuuuuummm... Destruição." — O que você tem com ele? — "Ele é nosso... Vamos destruí-lo." — Quando entraram na vida dele? — "Na infância." — Por qual porta? — "Sexo." — Como? — "Teve muito sexo." 289


— Que tipo de sexo? — "De todo jeito... Com irmãos, irmãs, primos, primas, tios, com cachorro, porco, galinha, vaca, égua...".1 — — — — — — — —

O que mais? Ele foi abusado? "Foi... E abusou também." Foi abusado por quem? "Pelos tios e por muitos outros. Ficava com homens e meninos." Era usado como mulher? "Usava e era usado." Quais doenças colocaram nele? "Dores... Confusão na mente... Ele tem vontade de se matar... Faço-o

sentir vontade de jogar o carro contra os caminhões na estrada. Está com a vida toda amarrada. Depende do dinheiro da esposa. Se sente humilhado." — Há quantos demónios com ele? — "Legiões..." — Quais são os cabeças? Responda, em nome de Jesus... — "Eu... Destruição, morte, prostituição, sodomia, derrota, fracasso... Muitos... Muitos..." Através da porta de vidro, a esposa de Horácio, novamente, se inquietava. Ela achava que ele não precisava de libertação. Ela desconhecia o lado obscuro de sua história. Achei por bem parar por aí. Conversei com ele rapidamente resumindo o que havia ocorrido. — É pastor... Minha vida foi tudo isso. Mas sei que Deus irá me libertar. — disse ele suspirando. Lementavelmente, não voltamos a manter contato. Pressionado pela esposa, ele teve que retornar à sua cidade de origem, uma vez que dependia financeiramente dela. O diabo age dessa forma. Ao perceber que as pessoas estão prestes a serem libertas de suas teias, ele se levanta, de todas as formas, para tentar impedir. Casos como o de Horácio não são raros. Por isso, a igreja de Jesus Cristo precisa estar em permanente alerta, vigiando e orando. O ministério de libertação necessita de efetivo respaldo intercessório e cobertura espiritual.

l Sodomia, incesto, zoofilia (sexo com animais), pedofilia, sexo na infância, homossexualismo, homossexualismo na infância, bissexualismo e pedofilia. Horácio incorreu em algumas dessas práticas até mesmo depois de adulto. Sobre sexo entre um ser humano e um animal a Bíblia diz: "Se também o homem se juntar com um animal, será morto; e matarás o animal. Se a mulher se achegar a algum animal e se ajuntar com ele, matarás tanto a mulher como o animal; o seu sangue cairá sobre eles" (Lv 20:15,16).

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O que um (a) prisioneiro (a) do pecado sexual precisa fazer para ser liberto (a)? Antes de tudo deve se converter a Jesus Cristo, confessando-o como único Senhor e Salvador, caso ainda não seja convertido (a). Segundo: confessar as práticas pecaminosas com as quais tenha se envolvido, citando-as nominalmente, uma a uma. Terceiro: pedir perdão a Deus por todo envolvimento com práticas que Ele condena. Quarto: renunciar todo vínculo com demónios de prostituição, revogando seus direitos e expelindo-os em nome de Jesus Cristo. E importante ressaltar que cada pecado sexual é regido por uma casta de demónios. Por isso, é necessário citar nominalmente cada um ao confessá-los e renunciar todos os vínculos. Essa oração pode ser feita da seguinte maneira: — "Senhor Deus, confesso que pratiquei abominação ao Senhor através do pecado da pornografia (adultério, fornicação, masturbação, pornografia, homossexualismo, bestialidade etc.). Peço que me perdoe e me livre de toda contaminação, em nome de Jesus Cristo. Tomo autoridade sobre todas as maldições que vieram contra mim e ordeno que sejam destruídas em nome de Jesus Cristo. Renuncio todo vínculo com os demónios da pornografia e exijo que saiam imediatamente da minha vida. Consagro minha vida sexual ao Senhor Jesus Cristo, amém." "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (IJo l :9). E necessário confessar também os pecados sexuais dos antepassados e rejeitar toda herança maligna deixada por eles, para que as maldições hereditárias sejam quebradas e as legalidades revogadas. O que pode ser feito da seguinte maneira: "Senhor Deus, confesso toda abominação praticada pelos meus antepassados através de práticas sexuais abomináveis e rejeito toda herança maligna deixada por eles, em nome de Jesus Cristo. Peço que me livre de toda a contaminação e separe minha história da história deles por meio do sangue de Jesus. Exijo que todos os demónios de prostituição vindos por meio de suas práticas saiam de minha vida imediatamente, em nome de Jesus. Consagro minha vida sexual ao Senhor, amém." (IJo 2:1-2; 3:8b).

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"Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo pra que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, ajusto; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (\]o 2:1,2). Não crer na libertação dos que vivem como escravos da prostituição seja no homossexualismo, na pornografia, na masturbação, na pedofilia ou qualquer outra abominação sexual - e desejam ser liberto é o mesmo que não crer no poder que Deus tem de perdoar e redimir o ser humano de todos os seus pecados, por meio do sangue de Jesus Cristo. "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã" (Is 1:18). Na Bíblia, vemos que entre os cristãos de Corinto muitos foram libertos de abominações sexuais como impureza, adultério, homossexualismo e sodomia (ICo 6:9-11). "Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus"(\Co 6:11). Sugiro as seguintes estratégias para os que desejam resistir às tentações do pecado sexual. Não deixe de ler os versículos relacionados: Reconheça que o propósito das proibições é proteger algo precioso que Deus nos deu e não o de nos impedir de ter acesso a algo prazeroso que Ele criou (ITs 4:3). Lembre-se sempre de que Jesus Cristo agonizou por sua pureza. Procure imitá-lo (Tt 2:14; 2Tm 2:3; 2Co 5:15). Creia na fidelidade de Deus em honrar seu empenho para resistir a tudo que contamina (Mc 10:29,30). Conscientize-se de que há muito maior prazer na comunhão com Deus do que na prática do pecado. Passe a desejar mais Sua presença (SI 73:25,26).

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Não se deixe dominar pela cobiça. Entenda que esse sentimento nos enfraquece e impede de alcançar níveis mais altos de prazer espiritual com Deus

Guarde seus olhos da cobiça. Não permita que eles te estimulem a pecar. Resista à tentação de olhar (Jó 31:1). Dedique todo o tempo que puder ao estudo da Palavra de Deus. Procure memorizá-la tanto quanto puder (SI 1 19:1 1). Guarde sua mente. Ocupe-a com coisas boas. Aborte imediatamente todo pensamento pecaminoso (Fp 4:8). Busque a Deus incessantemente, orando no Espírito para que Ele te capacite em tudo (Lc 22:40). Guarde seu coração de toda paixão carnal (Pv 4:23): "Sobre tudo o que se deve guardar, guarde o coração, porque dele procedem as fontes da vida. " Que todas as suas obras sejam para a glória de Deus (ICo 10:31).

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 17

Maldição Financeira

Corrupção, sonegação, suborno, roubo, prostituição por dinheiro, aborto mediante pagamento, envolvimento com jogos de azar como loterias, baralho, bingo, jogo do bicho e outras formas de apostas, usura ou apego excessivo ao dinheiro, calote, desonestidade, contrabando, tráfico de drogas e armas, pirataria, consumismo ou compulsão por gastar - o que é uma influência demoníaca -, entre muitas outras práticas, são pecados financeiros. Os pecados financeiros são brechas que o inimigo explora para amaldiçoar as finanças das pessoas. São muitos os sintomas de maldição financeira. É preciso identificá-los para que o problema seja tratado de forma específica. Há pessoas que chegam a prosperar, mas acabam perdendo tudo o que ganharam sem saber o motivo. Outras, nunca ganham o suficiente para suprir suas necessidades. Vivem com as contas "no vermelho". Outros sintomas de maldição nas finanças são: prejuízos constantes, roubos e perdas frequentes, dificuldade para sair das dívidas, gastos inesperados com acidentes e enfermidades, medo exacerbado de perder tudo repentinamente ou de passar necessidade - que é uma forma de avareza ou apego ao dinheiro — além de bancarrota ou falência.

O Pecado da gastança ou desperdício A Palavra de Deus nos ensina a não gastar nosso dinheiro desnecessariamente, ou seja, naquilo que não nos traz benefícios: 295


"Por que gastais ofvosso] dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares" (\s 55:2,3. acréscimo do autor). A Bíblia, também, nos ensina a honrar a Deus com o que possuímos e com as primícias de toda a nossa renda. "Honra ao SENHOR com os teus bem e com as primícias de toda a toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares" (]>v 3:9,10). Quando se manifestam, os demónios que escravizam as pessoas na gastança de dinheiro se deleitam com seus feitos. Foi o caso de um Exu que se manifestou na esposa de um empresário. Ela gastava compulsivamente. — "Eu a escravizo na gastança. Ela entra na loja pra comprar um par de sandálias e eu a induzo a comprar dez. Hi hi hi hi hi hi hi." — comemorou. Os demónios da gastança agem associados aos da cobiça, induzindo as pessoas a adquirirem aquilo que não podem pagar, fazendo-as se endividarem além de suas possibilidades. Isso ocorre, também, quando a pessoa passa a desejar ardentemente algo que o outro possui e ela não. Foi por causa da cobiça que Eva caiu na tentação do diabo no Éden (Gn 3:6).

O Pecado do Calote Financeiro: Quem aplica calote financeiro, deixando de honrar suas dívidas, infringe um importante princípio: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros" (Rm 13:8a). Quem incorre no pecado do calote financeiro, além de confessá-lo, precisa ressarcir a quem defraudou, para que as legalidades sejam revogadas e as maldições quebradas. É muito comum a manifestação de demónios que operam na área financeira durante os processos de libertação. São espíritos que amarram e destroem as finanças das pessoas, como os Exus Tranca Rua e Tranca Tudo. Gerson, um jovem representante comercial, foi vítima de uma legião desses demónios e teve a vida financeira totalmente amarrada. Por mais que se esforçasse, não conseguia romper as dificuldades e sair do "vermelho". 296


"Ele deu prejuízo a muita gente. Deve, mas não paga." - - afirmou um Exu Tranca Tudo, revelando qual brecha explorava para amarrar as finanças do rapaz. — "Ainda hei de vê-lo trincar (quebrar, falir), seu desgraçado." - - teria dito um credor durante um desacerto comercial com Gerson. — "Você vai comer o que me deve no inferno." — disse outro credor. Após expelir os demónios que amarravam as finanças desse rapaz, o levamos a orar confessando e pedindo perdão a Deus pelos calotes que aplicou e se comprometendo a resgatá-los. Em pouco tempo, ele saiu do buraco financeiro e passou a prosperar.

O Pecado da Usura: Há pessoas que vivem da agiotagem, que é o empréstimo de dinheiro mediante a cobrança de juros. Em Sua Palavra, Deus condena a usura, pois essa prática exclui a pessoa da comunhão com Ele (SI 15:1-5). Deus nos proíbe de tirar proveito da dificuldade alheia, emprestando dinheiro a juros: "Não lhe darás teu dinheiro com juros, nem lhe darás o teu mantimento por causa de lucro"'(Lv 25:37). A pessoa que vive da agiotagem, cedo ou tarde perderá tudo o que ganhou a custa de juros. Muitas delas acabam vivendo na miséria. Aquele que toma empréstimos a juros, se sujeitando a ser explorado, também dá ao inimigo o direito legal de entrar em suas finanças para amaldiçoá-la.

O Pecado da Idolatria ao Dinheiro: A idolatria ao dinheiro agrega pecados como usura, ganância, cobiça e avareza. A avareza é um espírito demoníaco que leva as pessoas a idolatrar os bens materiais. Ê o espírito que amarra as pessoas na igreja, impedindo-as de serem fiéis nos dízimos e nas ofertas. Por essa razão, muitos cristãos não conseguem prosperar. Quem idolatra o dinheiro torna-se escravo de Mamom, o deus do dinheiro. Os demónios da idolatria ao dinheiro escravizam as pessoas no desejo incontrolável de possuir, cada vez mais. "Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade" (Ec 5:10).

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Deus não condena a propriedade, mas não admite que as riquezas materiais ocupem Seu lugar no coração do homem. A Palavra de Deus afirma que 'o justo viverá pela fé' e não pelo dinheiro. Uma pessoa cujo coração está nas riquezas materiais não consegue crescer espiritualmente. Certa vez, Jesus disse a um jovem rico que, para alcançar a vida eterna, ele deveria dispor dos seus bens e dar o dinheiro aos pobres. Como amava mais as riquezas do que a Deus, o jovem preferiu perder a salvação, a desfazer-se de suas propriedades (Mt 19:16-22). Quando consagramos nossas finanças a Deus, Ele se encarrega de proteger nossa vida financeira dos demónios que operam nessa área (Ml 3:11).

O Pecado da Desonestidade: A desonestidade é outra brecha que o inimigo explora para amaldiçoar a vida financeira das pessoas. A Palavra de Deus classifica a desonestidade como abominação ao Senhor: "Balança enganosa é abominação para o SENHOR, mas o peso justo é o seu prazer" (^v 11:1). Quem enriquece por meios ilícitos acaba perdendo tudo, especialmente quando vem a Cristo. "Como a perdiz que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias, as deixará e no seu fim será insensato " (Jr 17:11). A riqueza adquirida de forma ilicita é dada pelo diabo. Ele a tomará de volta quando a pessoa o deixar para servir a Deus. Se não restituir o que ganhou por meios ilícitos, além de perder tudo, o desonesto perderá também a salvação. Zaqueu, o publicano que ganhava a vida cobrando mais impostos do que devia, teve esse entendimento ao se encontrar com Jesus: "E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade de meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. Então Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão" (Lc 19:8,9).

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O testemunho de Zaqueu comprova que, somente a confissão do pecado não livra o transgressor da maldição. E necessário, também, ressarcir o prejuízo que se causa a outrem.

O Pecado da Sonegação de Impostos: O Senhor Jesus deixou-nos seu próprio testemunho para nos ensinar que não devemos sonegar impostos. Ele fez questão de pagar os tributos cobrados pelos governantes de sua época (Mt 17:24-27; 22:15-22). Quem sonega impostos dá ao inimigo o direito legal de entrar em suas finanças e amaldiçoá-las. Mais cedo ou mais tarde o inimigo causará danos nas finanças de quem sonega. Seja por meio de perdas ou prejuízos inesperados, falência ou bancarrota. Se não houver conserto essa maldição se alojará na linhagem do sonegador levando seus descendentes a incorrerem nos mesmos erros e a passarem pelos mesmos problemas.

O Pecado da Usurpação do Direito: Deus condena a usurpação do direito do trabalhador, dos órfãos e das viúvas. A Bíblia mostra que os que incorrerem nesse pecado receberão o mesmo julgamento que os feiticeiros, os mentirosos e os adúlteros: "Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro" (NA 3:5a).

O Pecado do Furto e do Roubo: Em sua Palavra, Deus nos adverte sobre tais práticas. O oitavo mandamento a proíbe categoricamente: "Não furtarás" (Êx 20:15). Perante Deus não há diferença entre um ladrão que furta um objeto de alto valor e um cleptomaníaco (portador de transtorno obsessivo-compulsivo), que geralmente rouba objetos não valiosos movido pela compulsão. Em ambos os casos, a pessoa é motivada por demónios de cobiça e usura que podem se manifestar quando se ora para que a pessoa seja liberta. O que alguém que tenha no pecado do furto ou do roubo precisa fazer é se arrepender, confessar e restituir, de alguma forma, aquilo que furtou ou roubou. Na Bíblia, a sonegação dos dízimos incorrido e ofertas é classificada como roubo a Deus:

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"Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas "(Ml 3:8). Os dízimos e ofertas não nos pertencem. É a parte que cabe a Deus de tudo o que Ele nos dá. Não podemos reter ou querer administrar aquilo que não nos pertence. Os dízimos e ofertas devem ser depositados na "casa do tesouro", que é a igreja. A Bíblia, no livro dos Atos dos Apóstolos, relata a história de Ananias e Safira, um casal cristão, que entrou em acordo para mentir a respeito do verdadeiro valor que receberam pela venda de uma propriedade, para que pudessem sonegar uma parte da oferta. "Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu satanás seu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor campo?" (At 5:3). Ananias e Safira caíram mortos aos pés do apóstolo Pedro ao tentar sustentar aquela mentira (At 5:5,10). Ao sonegar os dízimos e ofertas, a pessoa confere ao diabo o direito legal de amaldiçoar sua vida financeira: "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação

A maldição decorrente do roubo a Deus só pode ser estancada quando a pessoa confessa e se arrepende desse pecado passando a ser fiel nos dízimos e ofertas. Dessa forma, o Senhor se incumbe de proteger suas finanças da ação do devorador: "Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida. Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos" (Ml 3:10,1 1). A maldição financeira é sustentada, também, por causas espirituais. Um exemplo é quando a pessoa recorre a alguma forma de espiritismo para prospe300


rar. O "voto de pobreza" ou a consagração das pessoas aos santos que morreram pobres dá aos demónios de miséria o direito legal de amarrar a vida financeira das pessoas e levá-las a viver na pobreza. O mesmo acontece com quem recorre a outros expedientes dessa natureza para atrair sorte ou riqueza, como fazer pactos com entidades demoníacas, tomar banhos de descarrego, fazer despachos de macumba, queimar incenso; usar ou manter em casa, ou no trabalho, objetos como patuás, pés de coelho, trevos de quatro folhas, figas, ferraduras, semente de jeriquiti, cruz de caravaca, búzio, pembas ou penas, serpentes, pirâmides, cristais, favas grandes, caramujos e conchas, âncoras, elefantes da índia, yin e yang, escaravelhos, suástica (Cruz Gramada, "aquilo que traz sorte"), sete sinos, anel com sete alianças da felicidade, rosário, lágrima de nossa senhora, contas de dendê e símbolos ocultistas. Há pessoas que recorrem a tais expedientes e até chegam a ganhar dinheiro, mas acabam perdendo tudo depois. O diabo dá e, depois, toma. Deus nos ensina a não introduzir coisas amaldiçoadas em nossas casas: "Não meterás, pois, coisa abominável em tua casa, para que não sejas amaldiçoado, semelhante a ela; de todo, a detestarás e, de todo, a abominarás, pois é amaldiçoada" (Dt 7:26). Aquele que mantém objetos amaldiçoados em casa, se não destruí-los e não renunciar os vínculos com os demónios que representam, viverá sob a influência deles. Ao se manifestarem, os demónios que operam na área financeira, sempre declinam as razões que os levam a atacar as finanças das pessoas. Eis algumas das mais citadas: — "Ele é desonesto. Não paga o que deve." — "O pai dele roubava." — "Entrei porque ele vive me chamando: Miséria, miséria." — "O pai dele nos oferecia despachos e pedia nossa ajuda pra ganhar dinheiro." — "Tem coisa nossa na casa dele: apetrechos para atrair sorte e riqueza." - "A mãe dele disse que ele seria como o pai. Tem maldição de jogo na família." — "O avô dele faliu. O pai também. Ele também não vai ter nada."

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 18

Maldição Espiritual

Maldição espiritual é consequência de pecados espirituais. Pecado espiritual é todo envolvimento com práticas espirituais contrárias aos princípios estabelecidos por Deus. Os pecados espirituais são basicamente a idolatria, a feitiçaria, o ocultismo e o espiritismo. Tais pecados abrem portas para o diabo amaldiçoar espiritualmente o indivíduo e seus descendentes. As vítimas de maldição espiritual são pessoas oprimidas e perturbadas. Têm pesadelos, visões de vultos, audição de vozes, medo exagerado, pensamentos de morte, instabilidade emocional e espiritual, doenças e enfermidades estranhas, problemas financeiros e muitos outros. Perante Deus, existem duas classes de pessoas. As que o servem e as que não o servem. Aquele que está em Cristo é nova criatura e deve abster-se de manter aliança espiritual ou amizade íntima com incrédulos e idólatras, pois esse tipo de relação corrompe sua comunhão com Deus e gera maldição (2 Sm 21:1,2). "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?"(2Co6:l4). No contexto das alianças que não convêm aos cristãos, estão as sociedades de natureza comercial, namoro ou casamento com incrédulos,

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envolvimento com religiões idólatras, seitas e ordens secretas e toda forma de ocultismo e espiritismo. Deus proíbe, terminantemente, seus servos de manterem comunhão com incrédulos, idólatras e feiticeiros. Para Deus, esse tipo de relação é inadmissível. "Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (2Co 6:15,16).

A associação entre servos de Deus e idólatras e entre incrédulos e feiticeiros deve ser o mínimo necessário para uma boa convivência no âmbito social e económico, ou com o propósito de convertê-los a Cristo Jesus. A associação do crente a uma pessoa idólatra o associa, também, aos deuses que ela cultua. A separação espiritual é uma condição para que os homens sejam recebidos por Deus como filhos e filhas. "Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso" (2Co 6:17,18).

Deus não participa de ambientes consagrados a deuses estranhos. Na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, os ídolos são mencionados como demónios (Dt 32:17; iCo 10:20,21). Milhões de pessoas no Brasil, e em todo o mundo, ignoram este importante ensinamento bíblico. Por isso, além de viverem como derrotados, acabarão deixando um legado de maldições para seus descendentes. Doralice, 37 anos, nasceu e cresceu na miséria e em meio aos despachos e rituais que seu pai realizava. Tinha treze anos quando ele conduziu a família ao 'Vale dos Espíritos'. Arredia, Doralice se recusou a completar os rituais de iniciação e abandonou a seita. Passou a adolescência trabalhando como doméstica. Depois, se juntou a uma "galera" caracterizada pelo exótico comportamento de seus integrantes. São "tribos" urbanas compostas por jovens de várias classes sociais que costumam imprimir extravagantes tatuagens pelo corpo e usar piercing nas orelhas, sobrancelhas, nariz, língua e umbigo. Seus penteados e maquiagens são igualmente extravagantes. Em suas roupas despojadas, geralmente predomina a cor preta. 304


As festas que promovem são, geralmente, regadas a drogas, bebida e sexo, ao som de rock pesado e outros ritmos alucinantes. Entre eles, é comum encontrar satanistas e esotéricos. E raro encontrar algum que não tenha sido vítima de rejeição. A revolta dos pais é outro traço comum na maioria deles. São todos extremamente carentes de aceitação e afeto. Muitos já tentaram suicídio ou planeja fazê-lo. Tendo se afastado dessa "galera", Doralice saiu à procura de algo que preenchesse o vazio que trazia em seu interior. Em sua busca incessante foi parar no mormonismo. Algum tempo depois, divergiu da doutrina mórmon e acabou retornando ao 'Vale dos Espíritos'. Chegou decidida a "ser alguém" na hierarquia daquela seita e foi galgando posições, de ritual em ritual. Nos anos que se seguiram, ela envolveu-se com vários parceiros e teve três filhas, cada uma de um pai diferente. Depois de "desenvolver" sua mediunidade, ela foi enviada como uma espécie de obreira para a filial do 'Vale dos Espíritos' em Pirenópolis, cidade histórica do estado de Goiás, fortemente ligada ao ocultismo, à idolatria religiosa e ao esoterismo. Pirenópolis concentra grande contingente de esotéricos e espiritualistas de várias vertentes, e já serviu de cenário para a gravação de novela e filmes de cunho místico. Nessa cidade, Doralice vivenciou uma experiência que mudou o curso de sua vida. Um dia, seu mentor espiritual apontou-lhe uma igreja evangélica e fez uma advertência: — Esse povo tem maior poder do que nós. Nunca se meta com eles. Aquela advertência muito a inquietou. Passou a observar aquela igreja com especial interesse. Muitos questionamentos fervilhavam em sua mente: Que tipo de poder aquela gente detinha? Qual a origem desse poder? Será que ela estava no lugar certo? Doralice cuidava sozinha das três filhas pequenas. Sua situação financeira era precária. Nessas circunstâncias, decidiu se afastar do Vale pela segunda vez e mudou-se para Anápolis, onde passou a trabalhar como doméstica na casa de um casal de pastores. Sua patroa ouvia uma rádio gospel o tempo todo. A emissora pertencia justamente à igreja sobre a qual seu antigo líder a advertira. Toda vez que o rádio era ligado ela ficava extremamente irritada. Sempre que podia, dava um jeito de abaixar o volume. As coisas andavam cada vez mais difíceis. Seu salário não era o bastante para suprir suas necessidades, e ela não tinha a quem recorrer. Muitas vezes, 305


faltava até o que comer em casa. Com o fornecimento de energia elétrica e água suspenso por falta de pagamento, ela passou a viver à luz de velas e servia-se da água que pedia aos vizinhos. Sentia um cerco se fechando ao seu redor. Para piorar ainda mais a situação, seu patrão faleceu, e ela foi dispensada do emprego. Mas, o pior ainda estava por vir. Ela começou a ser perseguida por espíritos demoníacos todas as noites. Quando se deitava, demónios apareciam no seu quarto nas formas mais horripilantes. Alguns se deitavam ao seu lado na cama. Um era gosmento, asqueroso. Grudava em suas costas e a impedia de se mover. Numa tarde quente, depois de muito andar a procura de um novo emprego, Doralice voltou para casa exausta. Largada no velho sofá da sala, com os olhos fechados, tentava vislumbrar uma saída para aquela situação. De repente, sentiu que não estava só. Ao abrir os olhos se deparou com um homem bem vestido observando-a de perto. Trajava um terno branco e trazia na cabeça um chapéu da mesma cor, assim como os sapatos. Ela sabia que se tratava de um demónio. — "As coisas não estão nada fáceis pra você não é?" — perguntou o demónio. — "Sei como se sente e com o que você sonha. Casa boa, comida farta e dinheiro sobrando pra comprar o que quiser... Você sabe que posso tirá-la da miséria e te dar tudo isso. Basta me entregar uma de suas filhas." — propôs. Ao ouvir aquela proposta, Doralice estremeceu. Sabia muito bem o que ela representava. — Minhas filhas pertencem a Deus. Não vou entregar nenhuma a você. Saia da minha casa. — reagiu ela. — "Você vai pensar em minha proposta direitinho. Quando mudar de ideia sabe como me encontrar." — desafiou o demónio. Alguns dias depois, aquele demónio reapareceu. Dessa vez não usava nenhum disfarce. Era negro e trajava roupas negras. Sua aparência era intimidadora. Foi dizendo a que veio: — "É sua última chance. Trate de aproveitá-la, pois não haverá outra. Se não aceitar minha proposta, as coisas vão piorar pra você e não haverá ninguém para te ajudar." — vaticinou. — Eu já disse que não tenho negócio com você. Minhas filhas pertencem a Deus. Saia da minha casa. — retrucou ela com firmeza. Mediante sua resposta negativa, o demónio desapareceu. Ela sabia que seu posicionamento não passaria em branco. Durante o tempo em que congregou 306


no espiritismo, Doralice firmou inúmeros pactos com demónios, dando-lhes o direito legal de entrar em sua vida. Eles sabiam que ela estava prestes a se desvencilhar deles. Por isso, fechavam um cerco ao seu redor a fim de desestabilizá-la e fazê-la retroceder. Quando julgaram tê-la fragilizado o bastante, lançaram a cartada final. A proposta previa seu livramento do estado de miséria em que a colocaram em troca do sacrifício de uma de suas filhas a satanás. O sacrifício representava a renovação e o fortalecimento de seus vínculos com as trevas. Foi aí que ela se lembrou da igreja sobre a qual seu antigo líder a advertira. No dia seguinte, ela ligou para o número que muitas vezes ouvia na emissora que ela não gostava e se informou sobre os horários de cultos. Ao meio dia, lá estava ela pela primeira vez. Orei por ela no final do culto e a aconselhei a continuar frequentando a igreja. Aos poucos, Doralice foi relatando sua história e como estava vivendo com as filhas. Toda vez que orava por ela eu sentia uma forte resistência. Sabia que estava diante de mais um caso nebuloso. Ela sempre tinha sonhos e visões diabólicas a relatar. Eu a instruí a jejuar algumas vezes por semana, explicando-Ihe a importância disso. Na semana seguinte, quando orei por ela, um demónio se manifestou. — "Minhas mãos... Veja o que fizeram com minhas mãos." — choramingava o demónio, mostrando as mãos dela como se fossem as dele. — Está aprisionado, em nome de Jesus. — determinei. — O que querem dessa mulher? — "Já estava aprisionada, na porta do abismo. Ia fraquejar e nos entregar uma das filhas. Mas disse o nome do grande e esse aí veio voando... Decepou minhas mãos... Huáááááá... Veja o que ele fez... Huáááááá." — O que é isso? Quem cortou suas mãos? tLr* « 5 5 — hsse anjo... — Quem? — "Esse... De branco, com a espada." — disse ele apontando para o meu lado. — Descreva-o, em nome de Jesus Cristo. — "Ê três vezes maior que você. Tem asas grandes, uma espada e muita luz em volta... Não posso olhar." — Quem é você? Qual o seu nome? Qual a sua especialidade — inquiri ao demónio. — "Pilão Deitado é o meu nome. Fico na porta do abismo... É pra lá que ela ia... Não posso dizer mais nada. Não estou autorizado."

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— Senhor, envia teus anjos contra esse demónio e queima-o, em nome de Jesus Cristo. — "Pode queimar... Eu vivo no fogo... Sou acostumado com fogo." — Váo sair da vida dessa mulher, em nome de Jesus. — "Não... Ela é nossa. Não pode tirá-la de nós." — Posso... Jesus Cristo a comprou com seu sangue. — "Não... Ela nos pertence. Fez aliança conosco. Não pode voltar atrás." — Não são donos de nada. Já foram derrotados. — "Não desistimos facilmente. Ela é nossa." — Diga quantos são... Em nome de Jesus. — "Somos muitos... Legiões... Estão lá fora... Não vão desistir sem lutar." Orei pedindo ao Senhor que enviasse seus anjos para pelejar aquela batalha. — Muitos dos seus já foram banidos da vida dela — afirmei. — "Eu sei..." — disse ele. — Quantos pactos ela fez no Vale? — "Ela passou por um processo. Um aprendizado, uma escola, fez muitas alianças. Ela tinha um Caboclo, o Pena Verde1, você deu um fim nele." — Eu não, o Senhor Jesus... — "Por seu intermédio... Está se metendo onde não foi chamado." — Com quantos demónios ela fez pactos? Responda, em nome de Jesus Cristo. — "O Preto Velho Joaquim de Angola2, ela recebia também." — Quem mais? Vá falando... — "Um médico de cura, Doutor Bezerra de Menezes3, a Preta Velha Sebastiana de Guiné4... A cigana Amada Ingrid5... A Guia Missionária Assuara Lilás6 e o adjunto de apoio Aduã7... Quando concluiu a Iniciação9'^ ela recebeu um povo indígena do Xingu, são Caboclos das Matas." — Você continua amarrado, em nome de Jesus. Vai revelar quais pactos ela firmou. Vá falando... — "Não preciso que me amarrem. Estou sendo vigiado pelos guardas, pelos anjos que estão enfileirados daqui até a porta. Uma fila de um lado, outra do outro. São os soldados gigantes que me trouxeram. Fui pego num descuido.

1;2;3;4;5;6;7 Nomes de entidades demoníacas que operam no Vale do Amanhecer 8 Iniciação (Dharmo-Oxinto). Consagração ou ritual equivalente ao batismo no 'Vale dos Espíritos'. Pacto ou aliança que confere poder satânico às pessoas vinculando-as a entidades demoníacas.

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Ela veio pra cá e entrou na sala que vocês chamam de santuário. Descuidei-me. Por isso estou aqui." — Chega de conversa. Diga com quais demónios ela fez pactos no Vale. Fale, em nome de Jesus Cristo. — "Ela fez o pacto da Elevação de Espadas' pra ganhar força e autoridade pra trabalhar com esse povo todo e muitos outros. Fez pacto com o Seta Branca e a Iara, com o Preto Velho João de Enoque, Indú, Agripino, Tiãozinho, Justininha e Matilde2." — Quem são esses? — "Seta Branca e Iara são como você e a sua mulher. Ele é o grande chefe, o cabeça. É uma hierarquia, você sabe do que estou falando. Uma cadeia de autoridade." Continuei investigando, buscando desvendar o histórico de Doralice no 'Vale dos Espíritos'. — Quais outros vínculos ela fez no Vale? - "Centúria3... É outra consagração. Fez pacto com o Cavaleiro da Lança Vermelha e o Cavaleiro de Oxossi, dois centuriões; com a Amada Ingrid, as ciganas Isis, Pagana e Aganara, e o cigano Aganaro4, que também são centurióes. Ê um patamar de força muito alto que um ser humano adquire dentro da doutrina... E uma loucura... Só conhecendo... E como colocar uma bomba nas mãos de uma criança... Se não souber usar, explode, vem esquizofrenia, loucura... E preciso saber manipular esse poder... Nesse mundo, gira uma corrente de força muito grande. Esse mundo tá quase virado, quase acabando. Tá chegando o grandfinale. Você sabe pra onde vocês vão." — Onde a usaram? — "Naquele templozinho nosso em Pirenópolis, onde ouviu falar a primeira vez desse lugar aqui, dessa sua casa aqui. Não foi uma boa levá-la pra lá, mas lá já tem força suficiente sem ela. Foi pra isso que a levamos, pra manter, sustentar nossa casa lá."

1 Consagrações ou rituais realizados no 'Vale dos Espíritos'. Pacto ou aliança que confere poder satânico às pessoas e as vinculam a entidades demoníacas que operam nessa seita. 2 Nomes de entidades demoníacas que operam no 'Vale dos Espíritos'. 3 Consagrações ou rituais realizados no 'Vale dos Espíritos'. Pacto ou aliança que confere poder satânico às pessoas e as vinculam a entidades demoníacas que operam nessa seita. 4 Nomes de entidades demoníacas que operam no 'Vale dos Espíritos'.

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A filha mais velha de Doralice, que tinha apenas onze anos, por pouco não foi vítima de um pedófilo no bairro onde moravam. Ela percebeu o perigo e impediu o pior. Eu tinha conhecimento desse fato e aproveitei para investigar. — Quiseram ferir a filha dela não é?... "£_ "

— Está proibido de mentir. O que pretendiam? — "Por que pergunta? Você sabe." — Usaram quem? — "Rummm... Um impuro. Como ele tem um bem aqui." — Quem é o impuro aqui? Vai dizer, em nome de Jesus Cristo. Está proibido de semear confusão. — "... Não posso... Não estou autorizado." — Vai falar... Em nome de Jesus. Quem é impuro aqui? — "Não posso... Aquele na porta não permite." — disse ele apontando na direção da porta principal da igreja. — Quem não permite? — "O anjo... Na porta... Não permite que eu fale..." Fiquei intrigado com aquela situação, pois havia duas pessoas comigo além de Doralice. Dois obreiros, um homem e uma mulher. Meu desejo era esclarecer tudo naquele momento, mas a indicação do anjo de Deus como fator impeditivo me fez desistir. Eu sabia que ele realmente estava ali, assim como muitos outros. Dias depois, eu pude entender por que tudo ocorreu daquela maneira. E que o propósito de Deus não é acusar ou expor seus servos e sim exortá-los e conduzi-los ao arrependimento. Um obreiro que acompanhava aquela ministração me procurou no domingo seguinte. Estava bastante aflito e queria conversar. — Preciso falar com o senhor com urgência. — reivindicou. — Podemos conversar após o culto? — propus. — Não... precisa ser agora. Por sua insistência reunimo-nos imediatamente. — Estou em pecado. — foi dizendo. — Tenho assediado a mulher do meu filho, mãe de minha neta e sei o quanto isso é grave. Estou sendo vencido por essa fraqueza. — admitiu. Depois de ouvi-lo e aconselhá-lo adequadamente, oramos para que Deus o livrasse daquela fraqueza, colocando-nos à disposição para ajudá-lo. Pouco tempo depois ele decidiu seguir outro caminho.

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Voltemos à ministração com Doralice. Era tarde da noite. Já estávamos ali há quase três horas. Eu orava para que o Senhor fortalecesse seus anjos na batalha contra o inimigo. O demónio que continuava ali, subjugado, ainda tentava resistir. — "Estou queimado, reconheço... Mas não desisto enquanto houver um dos nossos lá fora... Vocês entregam os de vocês sem luta?... Nós também não." — Senhor, envia reforços para destruir toda a resistência do inimigo, em nome de Jesus Cristo. — Quantos ainda resistem? Responda, em nome de Jesus. — "... Huuumm... Eram muitos, mas fomos vencidos. Quer saber? Tudo já foi quebrado... O Grande (Deus) assumiu o controle e quebrou tudo... Só te digo uma coisa... Ela está na miséria e ninguém vai ajudá-la. Vai voltar a nos procurar. Aqui ninguém ajuda ninguém... E cada um por si." — Basta. Cale a boca, em nome de Jesus. — determinei. — Tomo autoridade sobre todas as maldições na vida dessa mulher e ordeno que sejam destruídas em nome de Jesus Cristo. Está desligado da vida dela. Saia agora... Vaaaaaai... Conversamos com Doralice, explicando-lhe tudo o que ocorreu naquela noite. Depois de orar confessando e renunciando os vínculos que havia firmado com as trevas, ela confessou também as iniquidades de seus pais renegando todo legado de maldições e recebeu a Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador. A igreja se empenhou em ajudá-la a superar suas dificuldades e a obter um novo emprego. Glória a Deus!

A Consagração das Primogénitas A história de Ivete serve para demonstrar quanta desgraça um pacto ou aliança com as trevas pode causar a uma pessoa e aos seus descendentes. Essa mulher chegou à igreja em completo desespero. Seu marido a havia deixado de repente, voltando a viver como solteiro. Vivia na companhia de amigos, enquanto ela se desdobrava para cuidar do casal de filhos pequenos sozinha. Ela e o marido tinham sido usuários de drogas. Separado, ele voltou a consumir maconha e cocaína, enquanto Ivete mergulhou numa profunda crise depressiva. Tinha perturbações noturnas e não dormia. Depois de contar como estava vivendo ela confessou que planejava por fim à própria vida. Mal comecei a orar por sua libertação e ela caiu possuída.

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— Quem é você? O que quer dessa mulher? — inquiri ao demónio. "Destruição. Quero vê-la sofrendo. Vou destruí-la." — Como pretende fazer isso? — "Suicídio. Coloco na cabeça dela que é a única saída. Ela vai se matar com as crianças. Vai entrar na contramão com o carro quando estiver na estrada. Está tudo planejado." — Como entraram na vida dela? — "Alafalauê." — O que é isso? - "Alafalauê." — Em nome de Jesus Cristo, ordeno que fale em minha língua. Como entraram na vida dessa mulher? — "Alafalauê... Maldição." — Qual maldição? Vamos, fale. — "A avó materna dela era da feitiçaria na Bahia. Vendeu a alma ao diabo. Negociou as primogénitas da família com o diabo." — Negociou como? "Ela pedia muitas coisas. Recebeu tudo o que nos pediu. Pedimos as primogénitas da família como pagamento, e ela nos deu. Tentou negociar pra romper o compromisso, mas não aceitamos. Ela parou de oferecer despachos. Não pagou o prometido e nós apodrecemos o corpo dela. Colocamos doenças e acabamos com ela. Matamos a desgraçada." — disse o espírito de destruição. Percebi que a situação daquela moça tinha muito a ver com as práticas espirituais de seus antepassados, especialmente sua avó. Pedi a ela que retornasse com seus pais. Foram eles que nos encaminharam Ivete. No dia seguinte, lá estavam eles na hora marcada. Seus pais tinham por volta de cinquenta e cinco anos. Ele um pouco mais. Resumi o que ocorreu no dia anterior e passei a orar por Ivete. O mesmo demónio manifestou-se. — O que você quer? — inquiri. — "Destruí-la... Lancei o marido dela na vida mundana, ordinária... Está em nossas mãos. Vamos destruir a família toda." — Não podem fazer isso... — "Podemos sim... Vou acabar com todos eles." — Com que direito? — "Alafalauê..." — Fale em minha língua... Em nome de Jesus. 312


— "Alafalauê... Maldição. Por causa da hereditariedade. A avó dela fez muitos pactos. Deu-nos direitos sobre a família." — Está proibido de resistir, em nome de Jesus Cristo. Que ligações têm com essa família? — "As primogénitas foram rejeitadas. Colocamos rejeição no coração das mães. Essa aí foi rejeitada pela mãe." O espírito demoníaco referia-se à mãe de Ivete. — "Ela foi rejeitada pela mãe... Foi abusada pelo pai aos quinze anos. Ele abusou da outra filha também, de sete anos. Aquela lá ficou doida... Ele era nosso. Acabamos com ele. Foi morto a tiros a mando da amante que ele tirou do bordel." Interrompi a ministraçáo por um instante a fim de checar tudo aquilo com a mãe de Ivete. Sua irmã foi acometida de loucura na pré-adolecência. Os abusos que sofreu por parte do pai foram a causa dessa enfermidade. — Tudo isto é verdade pastor, infelizmente. — disse ela com o rosto banhado em lágrimas. — "Essa aqui também foi rejeitada pela mãe..." — disse o demónio referindo-se à Ivete. — "Também foi abusada pelo pai quando era criança." — disse, acusando seu pai, que estava ali, ao meu lado. — "Ele passava a mão nas partes íntimas dela à noite... Liberou desejo de sexo nela. Ela sofria muito... A mãe dela não acreditava. Por isso ela prostituiu. Ela também rejeita a filha dela. Tem preferência pelo filho menor. A menina sente isso." Agora quem era acusada de rejeitar a filha era Ivete. Mais uma vez interrompi a ministração. Precisava falar com o pai dela. — O senhor abusou de sua filha? — perguntei de forma direta. — Sim, pastor... Mas ela já me perdoou. — admitiu ele cabisbaixo. Ao seu lado, sua esposa continuava soluçando. Segui inquirindo aquele demónio buscando extrair outras legalidades. Ele confessou que estava induzindo a filhinha de Ivete a fugir de casa com seu irmáozinho. — "Faço ela se sentir rejeitada e culpada pela separação dos pais." — Disse o demónio. A menina, muito esperta, tinha seis anos, e o menino, quatro. Conversei com ela alguns dias depois. Com muito jeito, disse-lhe que sua mamãe a amava muito e precisava de sua ajuda para cuidar da casa e de seu irmãzinho. - Nunca pense em fugir de casa, hein? A mamãe sentiria muito sua falta. — aconselhei-a.

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Ao me ouvir dizer isso, a menina fixou os olhinhos em mim e indagou admirada: — Como você descobriu?!!! Levei Ivete e seus pais a orar confessando seus pecados e as iniquidades de seus antepassados, renegando todo legado de maldições. Expulsei os demónios alojados em suas vidas, em nome de Jesus Cristo. Para ser liberta, uma pessoa consagrada a demónios precisa romper todos os vínculos ou alianças com as trevas. Se este for o seu caso ou de alguém de sua família, proceda da seguinte maneira: Confesse as iniquidades de seus antepassados e peça a Deus para separar sua história da história deles por meio do sangue de Jesus e o purifique de toda contaminação, renuncie, de forma específica, a toda consagração a demónios, receba a Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador (caso ainda não seja convertido), tome autoridade sobre todas as maldições que vieram sobre você, determinando que sejam destruídas em nome de Jesus. Declare às entidades malignas, às quais tenha sido consagrado, que seus direitos foram revogados e exija que saiam de sua vida imediatamente. Declare que perdoa as pessoas que o consagraram. Casos em que crianças são manipuladas por demónios não são raros. Houve um, de uma mulher que havia sido abandonada pelo marido com três crianças: um menino de doze anos, um de sete, e uma menina de nove. Sua situação envolvia vários aspectos, cada um mais grave que o outro. Além de rejeitada pelos pais, ela foi consagrada a demónios no espiritismo e a entidades de outras religiões. Um dia, quando orava por ela, um demónio confessou que estava tentando induzir sua filhinha ao suicídio. — "Por pouco não a fiz pular da janela do prédio, mas a mãe dela estava orando, essa desgraçada." — Diga como tentou fazer isso, em nome de Jesus. — determinei. — "Entrei na mente dela. Fiz pensar que, se morrer, vai para o céu, e o sofrimento com a separação dos pais acaba." — 'Meu Deus'. — pensei. Quando relatei aquilo à mãe da menina, ela contou que tinha o hábito de ouvir hinos e orar, enquanto fazia cooper em volta do prédio em que morava. Naquele dia, quando retornou para casa, a menina a bombardeou com perguntas sobre a vida após a morte.

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— Ela insistia em saber pra onde vamos quando morremos. Se vamos morar com Deus, como as pessoas vivem no céu... Coisas assim. — contou ela.

Negociando com satanás Demaíse era filha de um pequeno agricultor do nordeste do Brasil. Ela havia se convertido não tinha muito tempo e passava pelo processo de libertação. Foi um processo intrincado. Sua história envolvia rejeição, prostituição, idolatria e espiritismo. Um dia, um demónio de morte se manifestou. Narrou o histórico do pai dela com as trevas e as consequências das alianças que ele firmou com entidades demoníacas. — "O pai dela fez muito negócio com nosso chefão. Pediu dinheiro pra construir um açude. Oferecemos o que ele queria e pedimos um dos filhos dele em troca. Agora ele pode criar muito gado". — disse o Exu. — "Pedimos essa aqui como pagamento, mas ela já estava nesse lugar (igreja). O pai dela devia ter levado ela de volta pra nós, mas ela é teimosa. Ensinamos ele fazer despacho com sangue e a amarrá-la com cordão de pemba, mas o grande (Deus) não a deixou ir." O demónio narrava como o pai de Demaíse deveria ter procedido para levá-la de volta à sua terra natal por meio da feitiçaria. Quando retornasse seria morta de alguma forma como pagamento por aquilo que seu pai recebeu de satanás. Mediante seu insucesso, os demónios, através do feiticeiro que o instruía, ordenaram que ele a executasse na cidade em que ela morava. — "Era pra ela ter morrido, mas o idiota não teve coragem de atirar. Exigimos a vida do irmão mais velho dela. O mais novo nos faz uns agrados. Gosta de beber, dançar e prostituir... Há há há há há... O mais velho não, era homem bom, trabalhador, pai de família... Há há há há há... Coloquei tontura na cabeça dele e o derrubei aonde o gado bebe água. Ele ficou lá esperneando, tentando se levantar... Precisava ver a agonia dele há há há há há... Mas eu não deixei. Ele tinha que morrer... Eu o matei." — Matou como? Usou quem? — "Não usei ninguém... Eu mesmo o matei, assim ó, ó, ó, ó..." O demónio mordia o lábio inferior de Demaíse demonstrando ódio e prazer. Usava as mãos dela para simular como enforcou e matou seu irmão. — "Os médicos disseram que foi aneurisma, mas não foi não... Fui eu que feri o cérebro dele... Há há há há há há há há há". — comemorou o espírito de morte.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 19

Quebra de Maldições

Sabemos que as maldições já foram quebradas por Cristo Jesus na cruz do calvário. Por meio de sua morte e ressurreição, Ele se fez maldição em nosso lugar para nos garantir a salvação (Gl 3:13; Cl 2:14). Por isso, a quebra de maldições está ligada à confissão de pecados e iniquidades. Pecados necessitam do perdão da cruz. Assim como as maldições precisam da libertação da cruz. E na cruz, que, pela fé, lançamos nossos pecados e maldições. Porém é preciso ficar claro que as maldições não são quebradas automaticamente quando uma pessoa recebe Jesus Cristo e é salva da condenação eterna. Salvação e libertação são dois princípios diferentes. Já falamos sobre isso nesse livro. Para ser salvo o homem precisa crer naquilo que Jesus fez e recebê-lo como Senhor e Salvador, descendo às águas do batismo. "Quem crer efor banzado será salvo; quem, porém, não crer será condenado" (Mc 16:16). Quando o homem se converte a Cristo Jesus ele se livra da condenação ao inferno e deixa de ser criatura, tornando-se filho de Deus. Mas este é apenas um passo. Para se livrar das maldições é necessário observar alguns princípios. O primeiro é reconhecer, confessar e pedir perdão a Deus pelos seus pecados. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (IJo l :9).

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Em segundo lugar, é preciso confessar as iniquidades dos antepassados para que as maldições hereditárias sejam revogadas. "Mas, se confessarem a sua iniquidade e a iniquidade de seus pais, na infidelidade que cometeram contra mim, como também confessarem que andaram contrariamente para comigo, pelo que também fui contrário a eles e os fiz entrar na terra dos seus inimigos; se o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem eles por bem do castigo da sua iniquidade, então, me lembrarei da minha aliança comjacó, e também da minha aliança com Isaque, e também da minha aliança com Abraão, e da terra me lembrarei" (Lv 26:40-42). Quero aprofundar, biblicamente, no Princípio da Herança para que não paire nenhuma dúvida sobre essa questão. Observe o que disse o profeta Daniel em sua oração intercessória pelo povo de Deus que jazia em pecado: "Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós" (Dn 9:16). Perceba que, em sua oração, Daniel tratou sobre o Princípio da Herança, admitindo que a causa das maldições que assolavam Israel não eram somente os seus pecados, mas também as iniquidades de seus pais. Deus não tem prazer em que sejamos lançados no inferno por conta dos pecados dos nossos antepassados. Porém, as consequências de suas iniquidades nos afetam. Por isso, precisamos nos colocar perante Deus e confessá-las intercessoriamente. Mas, será que a atitude de alguém que se coloca perante Deus para confessar intercessoriamente os pecados de outra pessoa é válida? Deus acata tal atitude? Esta pergunta merece uma resposta consistente. Quero lembrar que Jesus Cristo, também, se ofereceu em sacrifício pela remissão de uma multidão de pecados que não eram d'Ele, mas de todos nós. E pertinente perguntar também o seguinte: A morte de Jesus Cristo, que não tinha pecado algum, em lugar de todos os pecadores, foi válida ou não? Deus aceitou sua morte sacrificial como pagamento pelos nossos pecados ou não? Pois o princípio da oração intercessória é o mesmo. Aplica-se do mesmo modo que o princípio da identificação. 318


Antes de prosseguir, quero reforçar uma importante observação que fiz no capítulo sobre Libertação. Não podemos confundir a confissão das iniquidades dos antepassados com consulta ou invocação dos antepassados. Essa confissão é um autêntico instrumento que Deus nos deu para a remoção dos pecados cometidos pelos nossos antepassados e nunca confessados. Desta forma, tiramos de satanás o direito legal de amaldiçoar os descendentes daqueles que pecaram no passado. Já a consulta ou invocação dos antepassados é uma prática contrária aos princípios da Palavra de Deus. Essa prática abominável é a base da doutrina espírita. E uma artimanha satânica que tem como objetivo confundir as pessoas, levando-as a pensar que estão praticando o princípio da confissão intercessória das iniquidades dos seus antepassados. Neemias compreendeu, perfeitamente, esse princípio, num tempo em que as cidades de Israel foram devastadas em consequência das práticas pecaminosas do provo hebreu. Ele discerniu que tais práticas eram as mesmas que levaram seus parentes ao exílio anos antes. Os mesmos pecados foram sendo repetidos pelas gerações subsequentes, gerando um grande déficit. Ao compreender isso, Neemias conclamou o povo a orar confessando seus pecados e as iniquidades dos seus antepassados: "No dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e pano de saco e traziam terra sobre si. Os da linhagem de Israel se apartaram de todos os estranhos, puseram-se empe e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais. Levantando-se no seu lugar, leram no Livro da Lei do SENHOR, seu Deus, uma quarta parte do dia; em outra quarta parte dele fizeram confissão e adoraram o SENHOR, seu Deus" (Ne 9:1-3). Mediante essa genuína confissão, seguida de arrependimento sincero, Deus retirou as maldições que se abateram sobre Israel, trazendo grande avivamento sobre a nação. O arrependimento é um instrumento de fundamental importância na reabilitação daquele que incorre em pecado. O arrependimento consiste na conversão ou mudança de posicionamento daquele que está vivendo de modo contrário aos princípios da Palavra de Deus. Mesmo depois de convertidos, muitos cristãos continuam convivendo com antigos problemas. Tais cristãos ignoram que, além da salvação, o Senhor Jesus nos deu o direito de sermos livres das maldições e de receber as bênçãos que Deus nos prometeu por meio de Abraão:

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"Em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn 12:3b). "Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão deti"(Gn 17:6). Para alcançar plena libertação e tomar posse das bênçãos prometidas por Deus, quem se converte a Cristo Jesus deve rejeitar todas as maldições em sua vida e na vida de seus familiares, pendindo ao Senhor que as remova. Se você acha-se sob maldições decorrentes de seus próprios pecados, ore confessando-os a Deus. Você pode fazê-lo da seguinte maneira: Primeiro: ore reconhecendo e confessando, um a um, os pecados que deram ao inimigo o direito legal de amaldiçoar ou exercer influência maligna sobre sua vida. Peça ao Espírito Santo para não deixá-lo esquecer de nenhum pecado. Segundo: arrependa-se e peça perdão a Deus por todos eles. Peça também ao Senhor que o purifique de toda contaminação que o pecado acarreta. Terceiro: tome autoridade sobre as maldições que vieram sobre você e ordene que sejam destruídas em nome de Jesus Cristo. Quarto: dirija-se aos demónios que se alojaram em sua vida por meio de tais pecados, declarando que todos os vínculos com eles já foram rompidos, e exija que saiam imediatamente em nome de Jesus Cristo. Por último, ore abençoando, em nome de Jesus, as áreas de sua vida que antes estavam sob maldição. No caso de maldições hereditárias, coloque-se perante Deus e ore confessando intercessoriamente as iniquidades de seus antepassados pedindo perdão por todas elas. Tal oração reflete sua discordância com as práticas pecaminosas dos seus antepassados. Segundo: ore rejeitando toda herança maligna deixada para você e sua linhagem familiar em consequência dos pecados não confessados dos seus antepassados. Ao rejeitá-las cite-as uma a uma, nominalmente (como, por exemplo, prostituição, aborto, doenças e enfermidades, vícios, miséria, corrupção, separação, falência, suicídio etc). Terceiro: tome autoridade sobre cada maldição, ordenando que seja destruída e removida de sua vida e de sua linhagem, em nome de Jesus Cristo. Quarto: dirija-se aos espíritos demoníacos que vieram contra você e sua linhagem, por causa das legalidades, declarando que todos os pactos ou alianças com eles já foram rompidos e exija que saiam imediatamente em nome de Jesus Cristo. 320


Quinto: peça a Deus para fazer separação entre sua história e da sua famíla, da história de seus antepassados por meio do sangue de Jesus. Por último, ore abençoando as áreas que antes estiveram sob maldição, em nome de Jesus Cristo. Manifestações demoníacas podem ocorrer durante esse processo. Tais manifestações caracterizam-se por quedas, reaçóes violentas, tosses, vómitos, ataques de dores e outras, através das quais os demónios saem da vida das pessoas quando seus direitos são revogados. A libertação de uma pessoa só é concretizada quando todos os pactos, ou alianças malignas, que geraram as legalidades, forem rompidos. O que pode ocorrer em uma única ministração ou através de um processo. Enquanto houver legalidades em aberto, como pecados e iniquidades não confessados, o inimigo continuará reivindicando o direito que recebeu de permanecer na vida da pessoa. Quando um demónio resiste além do normal, é sinal de que há legalidades em aberto. Nesse caso, devemos usar nossa autoridade em Cristo Jesus para obrigá-lo a confessar quais são as legalidades. Alguns processos de libertação demandam mais tempo em razão da diversidade de pactos e maldições não quebrados na vida da pessoa. Foi o caso de uma mulher que, entre outros problemas, foi extremamente rejeitada pelo pai e muito envolvida com o espiritismo e com a prostituição. Durante um culto de libertação, ela e outras pessoas começaram a bocejar sem cessar no momento em que orávamos por quebra de maldições. Quando orei forte por ela, um demónio se manifestou. Confessou que manipulava os sentimentos dela fazendo-a sentir-se rejeitada e insegura quanto ao amor das pessoas. — "Colocamos confusão na mente dela. Nunca tem certeza de nada." — Disse o demónio. — O que mais? — "Medo, amargura, insegurança, pequenez, autocomiseração, inferioridade, incapacidade, ira, ciúme, inveja, angústia, inutilidade, vazio e vontade de morrer-." — disse ele. Possuída por espíritos de ciúmes e ira, essa mulher costumava investir contra seu marido, tentando matá-lo. O trauma da rejeição a fazia sentir medo de ser desprezada. O medo, a insegurança, a timidez e o ciúme excessivos, entre outros, são sentimentos que caracterizam a rejeição. O Senhor me levou a orar pela quebra dessa maldição e a expulsar os demónios que se alimentavam de suas fraquezas. 321


— Espíritos da rejeição, saiam de seu esconderijo agora mesmo, em nome de Jesus Cristo. Medo, insegurança, ciúme e confusão, saiam agora. — ordenei. O demónio manifestou-se, estirando, bruscamente, o corpo dela pra trás, usando seus pés para empurrar a cadeira em que ela estava pra longe de mim. — "Nããão... Nããáããoo... O medo não... — gritava ele ruidosamente. O medo era seu principal problema. Por isso, o Exu do Medo era o cabeça da legião que a possuía. — Te amarro em nome de Jesus Cristo. Perca as forças. Ponha as mãos para trás. — "Não... Me solta... Você não pode fazer isso." — Tomo autoridade sobre todas as maldições na vida dessa mulher e ordeno que sejam destruídas em nome de Jesus Cristo... Medo do futuro, de ficar sozinha, de ser rejeitada, de fracassar, de morrer, rejeição, insegurança, ciúme, ira, confusão, loucura, homicídio, morte... Estão desligados em nome de Jesus Cristo. Ordeno que saiam todos agora mesmo. Saaaiam... Levei-a orar pedindo perdão pelos seus pecados e pelos pecados de seus pais, renegando os males da rejeição e liberando perdão para o seu pai. Orei, pedindo a Deus para curar suas emoções e fortalecê-la com seu amor, em nome de Jesus Cristo. Ela foi plenamente liberta e aprendeu a administrar seus sentimentos. Em outras ministrações, ela foi liberta dos vínculos espirituais e da prostituição, com os quais fora profundamente envolvida. Tornou-se uma ativa obreira em sua igreja. Glória a Deus!

Argumentos Contrários Muitos líderes discordam do que chamam de "doutrina da quebra de maldições". Não aceitam a libertação dessa forma, por entenderem que todos os pactos ou alianças com as trevas são automaticamente quebrados no momento em que a pessoa se converte. A Bíblia Sagrada mostra, claramente, que um pacto, ou aliança, não pode simplesmente ser esquecido ou ignorado quando a pessoa se converte ou renova sua aliança com Deus. Qualquer que, antes de firmar uma aliança, especialmente de caráter espiritual, observar o que a Palavra de Deus diz a esse respeito, pensará duas vezes antes de fazê-lo. "Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa" (Gl 3:15).

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Esta passagem da epístola de Paulo aos Gaiatas mostra que, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, um pacto ou aliança era considerado algo muito sério. Quem os fizesse não podia tornar atrás ou simplesmente esquecê-los. Sabendo que os pactos amarram as pessoas no mundo espiritual e as vincula a demónios, Deus, constantemente, advertia seu povo a não firmar alianças com os povos que adoravam deuses estranhos: "Não farás aliança nenhuma com eles, nem com os seus deuses. Eles não habitarão na tua terra, para que te não façam pecar contra mim; se servires aos seus deuses, isso te será cilada" (Êx 23:32,33). "Abstém-te de fazer aliança com os moradores da terra para onde vais, para que te não sejam por cilada" (Êx 34:12). Mesmo tendo sido seriamente advertidos, os israelitas, sob a liderança de Josué, se deixaram enganar pelos gibeonitas, um povo astucioso que vivia na terra de Canaã. Ao perceberam que não poderiam derrotar o povo hebreu, os gibeonitas se fizeram passar por uma gente miserável, vinda de longe, para servi-los como escravos. Josué e os príncipes de Israel se deixaram levar pela astúcia desse povo, entrando em aliança com eles e jurando preservar-lhes a vida (Js 9:3-13). "Então, os israelitas tomaram da provisão e não pediram conselho ao SENHOR. Josué concedeu-lhes paz e fez com eles a aliança de lhes conservar a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento''(Js 9:14,15). Logo depois, Josué e os príncipes de Israel constataram que haviam caído numa cilada, pois os gibeonitas estavam entre os povos com os quais Deus os proibira de fazer alianças. Porém, eles já não podiam tornar atrás e feri-los, ou expulsá-los, em função da aliança que, sob juramento, haviam firmado com eles. Teriam de conviver com um povo que cultuava deuses estranhos, contrariando frontalmente uma determinação de Deus. "Então, todos os príncipes disseram a toda a congregação: Nós lhes juramos pelo SENHOR, Deus de Israel; por isso, não podemos tocar-lhes. Isto, porém, lhes faremos: Conservar-lhes-emos a vida, para que não haja grande ira sobre nós, por causa do juramento que já lhes fizemos "(Js 9:19,20).

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Sendo já velho, Josué conclamou Israel a renovar sua aliança com Deus, porquanto havia se desviado do Seu caminho para servir a outros deuses. Em seu discurso, Josué conclamou o povo a se reconciliar com Deus (Js 24:14,15). "Então, respondeu o povo e disse: Longe de nós o abandonarmos o SENHOR para servirmos a outros deuses" (]s 24:16). Josué mostrou ao povo hebreu a importância do compromisso que estavam firmando para a restauração de sua aliança com Deus: "Josué disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes o SENHOR para o servir. E disseram: Nós somos. Agora, pois, deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao SENHOR, Deus de Israel. Disse o povo a Josué: Ao SENHOR, nosso Deus, serviremos e obedeceremos à sua voz. Assim, naquele dia, fez Josué aliança com o povo e lha pôs por estatuto e direito em Siquém"(]s 24:22-25). A mudança de atitude do povo hebreu serviu para que sua comunhão com Deus fosse restaurada, mas, em nenhum momento, foi tratado sobre o rompimento da aliança que firmaram com os gibeonitas. Consideraram aquele vínculo automaticamente rompido quando se reconciliaram com o Senhor. No entanto, cerca de três séculos mais tarde, ficou claro que aquela antiga aliança continuava vigorando e gerando graves consequências, conforme veremos. Ao assumir o trono de Israel, como seu primeiro rei, Saul avançou contra os inimigos do povo hebreu, ferindo e matando milhares de pessoas. Entre tais inimigos estavam os gibeonitas. Alguns anos mais tarde, já no reinado de Davi, Israel foi castigado por uma rigorosa seca. Como o povo perecia, e a seca não cessava, Davi resolveu consultar a Deus sobre a causa daquele grande mal. O Senhor lhe respondeu: "Há culpa de sangue sobre Saul e sobre a sua casa, porque ele matou os gibeonitas"(2Sm2l:lb). O que Deus disse a Davi foi que, ao ferir os gibeonitas, Saul ignorou a aliança que, no passado, Josué havia firmado com aquele povo, prometendo, sob juramento, não lhes fazer mal. Ao ignorar aquele compromisso, Saul atraiu 324


culpa de sangue sobre sua casa e sobre Israel. Esta era a causa daquela maldição em forma de seca. Outra vez, chamo sua atenção para a seriedade e o peso espiritual que envolve um pacto, ou aliança. A aliança firmada pelo povo hebreu com os gibeonitas continuava gerando consequências muito tempo depois. Por que, então, aquela aliança continuava vigorando se Josué, antes de morrer, levou o povo de Israel a se reconciliar com Deus? Ela não deveria ter sido revogada automaticamente no momento da reconciliação? A resposta é NÃO. A aliança do povo hebreu com os gibeonitas, feita em desobediência a Deus, simplesmente não tinha sido rompida. A conversão ou reconciliação de uma pessoa com Deus não anula suas antigas alianças com as trevas. Por essa razão, o povo de Deus continuava legalmente preso aos termos da aliança que firmou com os gibeonitas. As divindades satânicas cultuadas por aquele povo tinham o direito legal de amaldiçoar Israel, sem que Deus pudesse intervir. É isso o que acontece a alguém que se converte ou se reconcilia com Cristo, mas não rompe os antigos pactos ou alianças com as trevas. Os demónios não deixarão de perseguí-lo enquanto tais alianças não forem rompidas. Atualmente, as pessoas são levadas a pensar e agir do mesmo modo que os israelitas naquela época. Ou seja, como se seus antigos pactos ou alianças com as trevas fossem automaticamente revogados quando se convertem ou se reconciliam com Cristo. Se fosse mesmo assim, por que Davi teve de procurar os gibeonitas trezentos anos mais tarde para pagar pelas vidas que Saul havia ceifado? "Perguntou Davi aos gibeonitas: Que quereis que eu vos faça? E que resgate vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?" (2Sm 21:3). Por que Davi teve que atender as exigências dos gibeonitas, entregando-Ihes sete descendentes de Saul como pagamento pelas vidas que ele (Saul) ceifara, para que abençoassem o povo hebreu, livrando-o da maldição que se abateu sobre Israel? (2Sm 21:5,6). Simplesmente porque, ao investir contra os gibeonitas, Saul ignorou a aliança que o povo de Israel tinha firmado com eles no passado. A diferença entre o que ocorreu com o povo hebreu naquela época e o que ocorre com os crentes de hoje é que, em nosso caso, o resgate já foi pago pelo Senhor Jesus na cruz do calvário. Aleluia!

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Os que discordam do Princípio da Herança e da libertação por meio da quebra de maldições, costumam usar o seguinte versículo para justificar seu posicionamento: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm8:l). A meu ver, há um equívoco na forma como essa passagem é interpretada. O que o apóstolo Paulo está afirmando nesse versículo é que, quem se converte a Cristo Jesus, abandonando as obras da carne e recebe o Espírito Santo de Deus é absolvido da condenação ao inferno e agraciado com a vida eterna. Ao contrário dos que desprezam a morte sacrificial de Jesus, optando por viver segundo as vontades da carne. "Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz" (Rm 8:6). Em Romanos 8:1, o que o apóstolo Paulo afirma que não mais existe para os que se convertem a Cristo Jesus é a condenação. A definição para o termo condenação é: ação de condenar; decisão de um tribunal que pronuncia uma sentença contra o autor de um crime; delito; contravenção. Aquele que desprezar a obra da cruz, rejeitando o chamado de Cristo Jesus para uma nova vida com Ele, será condenado à morte espiritual. O lugar do pagamento dessa pena é o inferno, o lago que arde com fogo e enxofre. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6:23). Quem se converte a Cristo Jesus, ou se reconcilia com Ele, e desce às águas do batismo recebe o perdão de seus pecados e é absolvido da condenação eterna: "Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado" (Mc 16:16). O que o homem faz no momento em que se converte a Cristo Jesus é uma confissão de sua condição de pecador, reconhecendo que precisa Dele para ser salvo. Porém, isso é apenas o início do processo de libertação, conforme já explicamos.

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Vejamos o que Jesus disse sobre isso: "Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8:31,32). Perceba que Jesus disse essas palavras a um grupo de pessoas que já havia crido Nele. Eram, portanto, pessoas convertidas. Chamo sua atenção para a parte final do que o Senhor disse: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Observe que Ele usou os verbos conhecereis e libertará no tempo futuro, indicando que a libertação plena daquelas pessoas ocorreria na medida em que elas viessem a conhecer a Verdade. A visão imediatista acerca da libertação, pode gerar confusão nos novos convertidos e levá-los a duvidar que podem, realmente, ser libertos. Quando vem a Cristo, alguém que serviu a satanás no espiritismo, não deixará de ser perseguido por espíritos demoníacos se não renunciar todos os pactos com as trevas. O que geralmente não acontece. Como convencer um recém-convertido que ele está liberto se ele sente que sua vida continua presa nas amarras de satanás? Como uma pessoa que dedicou sua vida ao espiritismo pode acreditar que foi plenamente liberta se ela continua sendo perseguida e atormentada pelas entidades demoníacas a quem serviu no passado? Como assegurar aos que foram escravos da prostituição que eles foram libertos se continuam lutando contra os mesmos desejos e incorrendo nas mesmas fraquezas? Outro argumento muito usado pelos que discordam do princípio da herança é que esse assunto não é tratado no Novo Testamento. Tais pessoas certamente não examinaram as Escrituras com a devida atenção. Se prestarmos atenção no diálogo entre Jesus e seus discípulos sobre a causa da cegueira de certo homem, veremos que este argumento não procede: "E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus" (Jo 9:2,3). O questionamento dos discípulos, bem como a resposta de Jesus, comprovam que o princípio da herança não era ignorado pelos cristãos no Novo Testamento. Se esse questionamento não tivesse sido pertinente, Jesus certa-

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mente o teria rechaçado. Porém, Ele respondeu naturalmente, esclarecendo que, naquele caso, excepcionalmente, a doença se manifestara pela permissão de Deus, para que Suas obras se tornassem manifestas perante os homens. Noutra passagem, o Senhor Jesus usou a parábola do credor incompassivo para ensinar sobre esse importante princípio (Mt 18:23-35): "Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga" (M.í 18:25). Cabem aqui alguns questionamentos: Por que a mulher e os filhos daquele homem deveriam pagar pela dívida que ele contraiu? Cobrar aquela dívida de sua família não seria uma injustiça? O Senhor Jesus não teria cometido um equívoco ao formular essa parábola? Na verdade, Jesus estava usando uma figura de linguagem para autenticar a lei da herança espiritual, segundo a qual, as dívidas contraídas pelos pais são cobradas dos filhos. Da mesma forma como os filhos herdam os créditos a que os pais têm direito a receber. Outro ponto contestado por quem discorda do pincípio da herança é que uma pessoa convertida não pode viver sob maldição. Este aspecto, também, é tratado de forma clara no Novo Testamento. Tomo como exemplo, o caso de uma serva de Deus que vivia possuída por um espírito de enfermidade e foi liberta por Jesus. "E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se''(Lc 13:11). Ao ver o sofrimento daquela mulher, Jesus se compadeceu dela e a libertou (Lc 13:12,13). Questionado pelo chefe da sinagoga por ter curado em dia de sábado Jesus respondeu: "Por que motivo não se deveria livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem satanás trazia presa há dezoito anos?"(Lc 13:16). Note que, ao mesmo tempo em que chamou aquela mulher de "filha de Abrahão", identificando-a como uma serva de Deus, Jesus reconheceu que ela vivia possuída por um espírito demoníaco há dezoito anos. Essa experiência vivida por Jesus Cristo não deixa a menor dúvida que uma pessoa pode sim, 328


viver sob maldição, mesmo depois de convertida, desde que haja base legal para isso. Caro leitor, seja você uma pessoa convertida a Cristo Jesus ou não, preste atenção em tudo quanto o Deus Todo-Poderoso diz nas Sagradas Escrituras. Procure compreender cada uma de Suas palavras. Não abra mão de nenhuma de Suas promessas. Creia que Jesus Cristo morreu na cruz e ressuscitou para nos salvar da condenação ao inferno e nos libertar de todas as maldições. "Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is 53:4,5). Não espere mais. Receba imediatamente a Jesus Cristo de Nazaré como único Senhor e Salvador - caso ainda não o tenha feito - e assegure o lugar que Ele nos foi preparar na morada eterna de nosso Pai celestial (Jo 14:2). Jamais abra mão do direito de ser liberto das maldições que o pecado acarreta. Ponha-se perante o Deus Todo-Poderoso, o Supremo Juiz, em nome de Jesus Cristo, nosso redentor, e reivindique esse direito. Renegue todo o legado de maldição e tome posse de tudo o que o nosso Senhor conquistou ao ressuscitar, vitoriosamente, da morte na cruz e graciosamente nos deu mediante nossa fé Nele. Aquele que é "o Alfa e o Ômega[...], o Princípio e o Fim" (Ap 22:13); àquele que vive e reina pelos séculos dos séculos; a Ele toda honra e toda glória para sempre. Amém.

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Aldo Rocha

Destruindo fortalezas, libertando cativos

SĂƒO PAULO 2012


CAPÍTULO 20

A Relação entre os Anjos de Deus e os Homens

A palavra "anjo" (malak em hebraico; angelos no grego) quer dizer "mensageiro". A Palavra de Deus diz que além de mensageiros, os anjos são servidores celestiais de Deus e dos Seus servos (Hb 1:13,14). Os anjos foram criados antes que a terra viesse a existir (SI 148:2-5; Jó 38:4-7). A Bíblia menciona sobre anjos bons e maus, ressaltando que todos foram criados bons (Gn 1:31). Porém, um numeroso contingente de anjos se deixou seduzir por Lúcifer e o acompanhou em sua rebelião contra Deus (Ez 28:12-17; Ap 12:9; Jd 6; 2Pe 2:4), pelo que perdeu o direito à sua posição celestial. Uma numerosa hoste de anjos bons também é mencionada na Bíblia (SI 68:17; 148:2; IRs 22:19; Dn 7:9,10; Ap 5:11). Os anjos de Deus são divididos em várias categorias. Miguel é classificado como arcanjo (Jd 9) e grande príncipe (Dn 12:1), há também os serafins (Is 6:2), os querubins (Ez 10:1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3:10; Ap 18:1; Cl 1:16) e miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1:13,14; Ap 5:11). Os anjos de Deus o louvam (Hb l :6; Ap 5:11; 7:11), cumprem a sua vontade (Nm 22:22; SI 103:20), contemplam sua face (Mt 18:10), são submissos a Cristo (IPe 3:22), habitam no céu (Mc 13:32; Gl 1:8), não se casam (Mt 22:30), jamais morrerão (Lc 20:34-36), não devem ser adorados (Cl 2:18; Ap 19:9-10; 22:8,9) e podem aparecer na forma humana (Gn 18:2,16; 19:1; Hb 13:2).

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Os anjos executam inúmeras atividades na terra em cumprimento às ordens de Deus. Um exemplo foi a elevada missão que cumpriram ao revelar a Lei de Deus a Moisés (Gl 3:19; At 7:38; Hb 2:2). Os deveres dos anjos estão ligados especialmente à obra redentora de Cristo Jesus (Mt 1:20-24; 2:13; 28:2; Lc 1; 2; At 1:10; Ap 14:6,7); os anjos entram em regozijo quando um único pecador se converte (Lc 15:10), servem ao povo de Deus (Dn 3:25; 6:22; Mt 18:10; Hb 1:14), são mensageiros (Zc 1:14-17; At 10:1-8; 27:23,24), são portadores de respostas às orações dos cristãos (At 10:4; Dn 9:21-23), ajudam os crentes a interpretar os sonhos e visões proféticos (Dn 7:15,16), fortificam o povo de Deus durante as provações (Mt 4:11; Lc 22:43), protegem os que temem a Deus e apartam-se do mal (SI 91:11; 34:7; Dn 6:22; At 12:7-10), impõem castigo aos inimigos de Deus (At 12:23; 2Rs 19:35; Ap 14:16,17), guerreiam contra as hostes malignas (Ap 12:7-9) e transportam os salvos ao céu (Lc 16:22). Nos eventos apocalípticos, os anjos de Deus lutarão ao lado do arcanjo Miguel contra o império das trevas quando a batalha final se intensificar (Ap 12:7-9). Os anjos de Deus acompanharão o Senhor Jesus na sua volta (Mt 24:30,31) e presenciarão o julgamento da humanidade (Lc 12:8,9). Na Bíblia Sagrada, toda vez que uma ação é atribuída ao "Anjo do SENHOR" ou ao "Anjo de Deus", com a palavra "Anjo" escrita com "A" maiúsculo, o autor de tal açáo é o próprio Deus (Gn 16:7; 22:11-15; 31:11-13; Êx 3:2; Jz 6:11; iCr 21:16; Mt 1:20; 2:13). Muitos cristãos, inclusive líderes, não crêem que os anjos de Deus, verdadeiramente, pelejam em favor dos crentes. A Bíblia Sagrada mostra que sim. Na impactante experiência que viveu às margens do Rio Tigre (Dn 10:1021), o profeta Daniel é informado pelo anjo Gabriel que, para chegar ali, com a resposta de Deus às suas orações, teve de pelejar contra um príncipe satânico: "Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia" (Dn 10:13). Noutra passagem do Antigo Testamento, o profeta Eliseu orou para que o Senhor abrisse os olhos ao seu discípulo para que ele pudesse contemplar quão numerosa era a milícia celestial que Deus enviara para livrá-los do cerco do exército Sírio (2Rs 6:17).

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Na opinião de muitos crentes, o homem não pode interagir com os anjos de modo algum. Mas a Palavra de Deus mostra o contrário. Na passagem em que Daniel teve um sonho e visões de Deus sobre os quatro animais simbólicos (Dn 7; 8), ele dirigiu-se a um dos anjos que estavam à sua volta, pedindo-lhe para ajudá-lo a interpretar as visões e foi prontamente atendido. "Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação das coisas" (Dn 7:16). Zacarias conversou com o anjo Gabriel quando este lhe apareceu no santuário para informar que Izabel, sua mulher, conceberia e daria à luz a João Batista (Lc 1:11-20). A virgem Maria conversou com o mesmo anjo Gabriel quando este veio ter com ela para informar que Deus a havia escolhido para ser a mãe do Messias (Lc 1:28-38). Um numeroso contingente de cristãos parece ignorar que uma das funções primordiais dos anjos é servir à Igreja do Senhor Jesus Cristo, que somos nós (Hb 1:14). Sobre isso, sugiro a leitura da passagem de Hebreus 1:5-14: Analisemos o que dizem os seguintes versículos: "Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te a minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés? Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que Áão de herdar a salvação?" (Hb 1:13,14). O verso quatorze diz que os anjos são "espíritos ministradores" enviados por Deus para servir aos que herdarão a salvação, que somos nós, os cristãos. Ora, a função de alguém que é designado para servir a outro é se colocar à disposição deste para executar as tarefas que ele prescrever. Com base nessa passagem, não hesito em me dirigir aos anjos de Deus que estão sempre ao nosso redor (SI 34:7), instruindo-os a investir contra os demónios que nos resistem quando ministramos libertação. A resposta deles é sempre rápida e contundente (2Rs 19:35). Quando algum espírito demoníaco tenta ocultar algum triunfo, recorro ao poderio dos anjos de Deus para despojá-los. O ataque dos anjos é evidenciado pelos grunhidos, gestos e gritos de rendição dos demónios. — "Não, não, não... Mande-os parar. Eu falo, eu falo... O que você quer saber?"

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Muitas vezes, ordeno que entreguem seus triunfos nas mãos dos anjos de Deus. Imediatamente eles erguem as mãos daqueles que estão possuindo a uma altura bem superior à minha, para entregar o que detêm, numa clara demonstração de que a estatura dos anjos é muito superior à dos seres humanos. Outras vezes, tomo autoridade sobre os demónios, obrigando-os a dizer quantos anjos estão à nossa volta, como estão dispostos, o que trazem nas mãos, qual a estatura deles e como estão trajando. As respostas são sempre pontuais. Às vezes, inquiro-os, também, sobre a identidade dos anjos.

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CAPÍTULO 21

Devemos Conversar com Demónios?

Ao ministrar libertação, devemos conversar com espíritos demoníacos? É mesmo necessário interrogá-los em busca de informações? A Bíblia mostra que o Senhor Jesus tanto investigava os parentes das pessoas endemoninhadas como os próprios demónios que as possuía. Certa vez, ao se deparar com um menino que vivia atormentado por um espírito imundo, Jesus quis interrogar seu pai sobre sua situação (Mc 9:17-29): "Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos" (Mc 9:21,22). Perceba que, ao invés de discernir espiritualmente a situação daquele menino, usando sua autoridade para libertá-lo, Jesus optou por interrogar seu pai em busca de informações. Ao lidar com endemoninhados, Jesus às vezes não permitia que os demónios falassem. Outras vezes falava com eles e os interrogava. Certa feita, Ele ordenou a um espírito imundo que saísse de um gesareno que há muito tempo vivia atormentado por demónios e se refugiava nos sepulcros (Lc 8:26-34). Antes de obedecer, o demónio quis conversar com Jesus:

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"E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes"(Lc 8:28). Ao invés de fazer aquele demónio se calar ou simplesmente expulsá-lo, Jesus o interrogou: "Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demónios" (Lc 8:30). O verso seguinte dessa passagem mostra que o diálogo entre Jesus e aquela legião náo parou por aí: "Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo" (Lc 8:31). O Senhor Jesus chegou a fazer uma concessão aos demónios que possuíam o rapaz: "Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu" (^c 8:32). Quero destacar dois pontos importantes nesse episódio: Primeiro: Ninguém questionou ou criticou a forma como Jesus conduziu aquela libertação. Segundo: O fato de Jesus ter conversado com aqueles demónios e até permitido que fossem para a manada de porcos ao serem expulsos, não significa que Ele tenha sido enganado ou perdido o controle da situação. Jesus sabia muito bem o que estava fazendo. Muitos cristãos acham um erro conversar com demónios na libertação. Porém, o Senhor Jesus procedeu dessa maneira. Se suas experiências ministeriais não devessem servir como referencia para povo de Deus, por que elas estariam registradas nas Sagradas Escrituras? Sabemos que "toda a escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino" (2 Tm 3:16). Se Jesus não desejasse ser imitado em suas obras, por que Ele teria dito as seguintes palavras: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mimfará também as obras que eu faço e outras maioresfará, porque eu vou para junto do Pai" (Jo 14:12).

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CAPÍTULO 22

Devemos dar Crédito ao que os Demónios Dizem?

Esta pergunta merece uma resposta à altura de sua importância. Sabemos que satanás e seus anjos são seres extremamente sagazes e capazes de sofismar, dissimular, manipular, enganar, trapacear e seduzir. Usam, até mesmo, as Escrituras para tentar ludibriar os servos de Deus. Foi dessa forma que satanás, a serpente, induziu Eva e Adão a incorrerem no pecado da desobediência no jardim do Éden (Gn 3:1-4) e tentou enganar Cristo Jesus no deserto (Mt 4:1-11). Na libertação, os servos de Deus devem exercer sua autoridade em Cristo Jesus para subjugar os demónios e mante-los sob seu absoluto controle. Compete a quem ministra, discernir se um espírito demoníaco está, ou não, sofismando. Para isso, deve estar revestido com a armadura de Deus e usando as armas espirituais que Cristo nos deu. "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas" (2Co 10:4). O nome de Jesus Cristo é a mais poderosa arma à disposição dos seus servos. Ao nome de Jesus o inimigo não pode nos resistir.

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"Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2:10,11 ). E importante ressaltar que os demónios não confessam suas mazelas por sua livre e espontânea vontade, ou por que são bonzinhos, mas por estarem sob a autoridade que o Senhor Jesus nos delegou como Sua igreja. "... e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18b). Quem, simplesmente, ignora o que um demónio diz na libertação, sem discernir se é ou não verdade, corre o risco de desprezar uma informação importante. Foi o que, lamentavelmente, ocorreu comigo. Ao orar pela libertação de uma jovem, um demónio de prostituição se manifestou. — Te proíbo de resistir e de sofismar, em nome de Jesus Cristo. — Determinei. O espírito demoníaco imediatamente pôs-se a atacar a honra do pastor principal daquela igreja dizendo coisas impublicáveis a respeito de sua conduta moral. — "Todos na igreja vivem atrás dele. Acham-no o bom. Ele é um imundo. Quer saber do que ele gosta?" — Propôs sarcasticamente o demónio. — Cale-se em nome de Jesus Cristo. Não vou permitir que toque num ungido do Senhor. — Disse eu, em respeito à posição de autoridade daquele líder e à presença da diaconisa que me apoiava como intercessora. Movido pelo respeito humano, me recusei a acreditar naquilo que o demónio dizia e o impedi de prosseguir. Não levei em conta o fato de ele estar sob a autoridade que o Senhor Jesus me delegou, mesmo sabendo que ele estava cercado por anjos de Deus e obrigado a obedecer a uma ordem que eu mesmo havia dado. Porém, o Senhor usou outro meio para trazer à tona a grave situação que envolvia o líder daquela igreja. Dois anos depois, uma mulher casada confessou que adulterava com ele há algum tempo. Outros casos dessa natureza vieram à tona na esteira daquela confissão, além de outros problemas da maior gravidade. Sem dúvida, cometi um erro ao não acreditar que Deus quisera usar o ministério de libertação para livrar aquela igreja das consequências dos pecados ocultos de seu líder. Porém, Deus não falha e jamais deixa de cumprir sua Palavra: "Nada há nada oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado" (Lc 8:17). 338


CAPÍTULO 23

Os Pastores Infiéis

O ministério de libertação tem me proporcionado o privilégio de estar em contato com membros de muitas denominações evangélicas e de outras religiões. O que considero uma extraordinária oportunidade de frutificar para Deus. Tal contato me permite perceber o descaso com que muitos pastores tratam a questão do apascentamento. Preocupam-se, muito mais, com seus próprios interesses do que com o apascentar seu rebanho. Não se sensibilizam com o gemido das ovelhas que clamam por cura, libertação e pela solução de outros problemas. Ordenham-nas até a última gota e as tosquiam até a derradeira lã, mas não as libertam dos carrapichos e dos parasitas que as infestam. Há pastores que chegam a admitir que apascentar o rebanho não é a parte de que mais gostam. Não suportam as lamúrias e os intermináveis relatos de problemas que não lhes dizem respeito. Houve um tempo em que minha congregação contava com três pastores dedicados integralmente ao ministério. Incomodava-me o fato de eles raramente saírem para realizar visitas ou atendimentos externos. Permaneciam todo o tempo recolhidos nos gabinetes pastorais à disposição de quem necessitasse de atendimento. Atualmente há muitas igrejas em que não há um único pastor à disposição das ovelhas. O atendimento restringe-se aos horários de cultos e, muitas vezes, é realizado por obreiros sem nenhum preparo, enquanto os pastores cuidam de outros interesses. Quanto a estes, o Senhor adverte em Sua Palavra:

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"At aos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas" (Ez 34:2b,3). Nessa mesma passagem o Senhor diz: "Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, visto que minhas ovelhasforam entregues à rapina e se tornaram pasto para asferas do campo, por não haver pastor, e que os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas, -portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: assim diz o Senhor Deus: eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto" (Ez 34:7-10). A importância do apascentamento é biblicamente defendida tanto no Antigo como no Novo Testamentos. É por meio do apascentamento que o pastor identifica as reais necessidades das ovelhas, como cura e libertação. Quando não há pastor, as ovelhas se espalham, são entregues à rapina e tornam-se presas fáceis para as feras do campo. Ao questionar o amor e a fidelidade de Pedro, o Senhor Jesus, por três vezes, o desafiou a apascentar Suas ovelhas. "Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas " (Jo 21:17). Quanto aos pastores infiéis, que cuidam dos próprios interesses e apascentam a si mesmos, mas não apascentam as ovelhas, quando o Senhor Jesus se assentar no trono de sua glória, Ele os colocará à sua esquerda e dirá: "Apartai-vos de mim malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes 340


de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna" (Mt 25:4lb-46). Quanto aos pastores fiéis e a todos os que cuidam das ovelhas e as apascentam, o Senhor Jesus os colocará à Sua direita e dirá: "Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" Oremos fervorosamente para que o nosso Deus, que é justo e misericordioso, venha despertar seu povo e levá-lo a cumprir com zelo o papel para o qual o separou e ungiu: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados" (Is 61:1). Que nenhum servo de Deus faça a obra do Senhor relaxadamente, para que não seja considerado servo inútil. Que no dia da sua volta, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo encontre todos os seus servos empenhados em apascentar Suas ovelhas e em levar as boas-novas da salvação aos que perecem neste mundo. Que o nosso Senhor nos abençoe, guarde e nos faça caminhar em vitória até o dia de sua vinda. Amém.

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Marcelahum


O pastor Aldo nasceu no estado de Goiás, onde vive até hoje. Casou-se e teve três filhas. No início da década de 1990 se converteu a Cristo Jesus na igreja Apostólica Fonte da Vida, onde exerce seu chamado nas áreas de intercessão, libertação e apascentamento. É professor de demonologia, jornalista e radialista. Tornou-se intercessor de guerra ao perceber que o propósito de Deus é levantar Seu povo para confrontar o império das trevas em um nível estratégico; e que Sua vontade é que cada um de seus filhos seja um guerreiro espiritual. O Senhor lhe tem dado uma visão singular para libertar os cativos e o tem capacitado para diagnosticar as causas que dão ao inimigo o direito legal de amaldiçoar as pessoas. Deus tem ungido o Pastor Aldo, com Seu poder e autoridade, para ministrar a libertação a inúmeras pessoas e levá-las a se apropriarem de seus direitos em Cristo Jesus, por meio das verdades bíblicas. Neste livro, o Pastor Aldo compartilha um pouco da sua história e as experiências que tem vivenciado no exercício do ministério de libertação. São experiências impactantes que demonstram, na prática, o quanto o diabo odeia o ser humano, e que, na guerra espiritual, a vitória é, e sempre será, dos servos do Deus Todo-Poderoso que vive e reina para todo o sempre "acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à/greya(Ef 1:20-22)."


O diabo explora diversos meios para possuir e escravizar o ser humano. Problemas emocionais, vícios, pecados e a ignorância das leis e dos princípios espirituais que Deus criou são alguns deles. Ao se envolver com elementos ligados ao reino das trevas, o ser humano dá ao inimigo o direito legal de invadir sua vida e de subjugá-la. Demónios são seres irremediavelmente malignos, que manipulam e induzem as pessoas a cometerem verdadeiras atrocidades, como homicídios, suicídios, sacrifícios humanos, abusos sexuais, sodomias, bestialidades, sexo com demónios, dentre outras abominações. Neste livro, o autor relata experiências impactantes por ele vivenciadas no exercício do ministério de libertação espiritual, demonstrando, na prática, como os servos de Deus devem exercer sua autoridade em Cristo Jesus para serem libertos das maldições e das amarras do diabo. O Pr. Aldo também comprova, biblicamente, que muitos cristãos vivem lutando contra vícios, doenças, enfermidades, miséria, prostituição, problemas espirituais e outras situações ainda mais catastróficas, por não saberem distinguir salvação de libertação. Ao ler Destruindo Fortalezas, Libertando Cativos você conhecerá o real significado da passagem das Sagradas Escrituras que diz: "Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. (Fp 2:10-11)."

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo8:32)

ISBN 978-85-6510-564-4

www.agape.com.br


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