Guerreiro de joelhos david d ireland full x

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"Deus usa David Ireland para comunicar a Sua Palavra com paixão e unção do Espírito Santo". —JIM CYMBALA, autor e pastor titular do The Brooklyn Tabernacle

GUERREIROS JOELHOS VENCENDO SUAS BATALHAS POR MEIO DA ORAÇÃO

D A V I D D. I R E L A N D , PHD PREFÁCIO R. T. KENDALL


"O sucesso requer militância, militância espiritual. A vitória no mundo natural exige o triunfo no espiritual, e, goste ou não, o cristão é chamado para lutar. Há muito a perder se você não lutar. Seu destino, seu propósito de vida e as almas que você influencia estão todas em suspenso, aguardando desesperadamente que sua vitória repercuta no campo de batalha da vida: o quarto de oração. O futuro da sua família, o lugar que seus filhos ocuparão na sociedade e as promessas de Deus, tudo isso deve ser conquistado por meio de orações, jejum e da prática de outras formas bíblicas de batalha espiritual. Ler Guerreiros de joelhos é um passo importante para tornar-se campeão das promessas divinas. Conforme Abraão, Moisés, Gideão, Rute e Davi, você está tomando uma posição, a fim de garantir o que Deus lhe tem preparado. Certamente, esse tipo de convicção o colocará no hall da vitória". Davi d l ré l and


Após ouvir o Dr. Ireland ensinar sobre oração e, em seguida, levar milhares de homens a prostrarem-se perante Deus inclusive eu - ficou claro: ele conhecia o caminho para a sala do trono. Guerreiros de joelhos irá ajudá-lo a se formar na universidade da batalha espiritual com graduação em oração. — TOMMY BARNETT

Escritor e pastor presidente da Phoenix First Assembly of God Reitor da Southeastern University

A solução vem para aqueles que oram. Para uma igreja de joelhos fracos, o caminho para cima é para baixo. David Ireland tem criticado fortemente a força contrária que vem de alguns "guerreiros", que ousam viver "aos trancos e barrancos". Se você não acreditava nisso antes, comprovará após ler Guerreiros de joelhos. Não caia nessa de apoiar-se sobre as pontas dos pés; em vez disso, esteja de joelhos. — LEONARD SWEET

Autor do best-seller The Gospel according to Starbucks [O Evangelho segundo Starbucks] Professor da Drew University e da George Fox University Colaborador chefe da Sermons.com

Deus usa David Ireland para transmitir Sua Palavra com uma paixão rara e unção do Espírito Santo. — JIM CYMBALA

Escritor e pastor presidente do The Brooklyn Tabernacle


Há vários anos, durante um estudo sobre oração, o bispo episcopal de Massachusetts, Phillips Brooks, compartilhou, de maneira profunda, que: "Orar não é conquistar a resistência divina, mas tomar posse da bondade do Senhor". Essa frase encaixou-se em vários livros, incluindo Teologia sistemática, de Augustus Strong. Descobri que alguns livros inspiram, outros educam, e outros motivam. Poucos farão tudo isso. Guerreiros de joelhos é um desses livros. Esse estudo detalhado sobre oração do Dr. Ireland merece ser lido quando você estiver de joelhos, então não terá de ir muito longe a fim de implantar visões profundas, porém simples, que irão forçá-lo a aceitar sua missão como um guerreiro espiritual. Como pastor de Ireland há mais de duas décadas, estou convencido da validade da sua vida de oração, a qual flui deste livro para o nosso coração. — BISPO JOSEPH L. GARLINGTON, PHD

Pastor presidente da Covenant Church de Pittsburgh Autor do livro Worship: the pattern ofthings in heaven [Adoração: o padrão das coisas no Céu] Dr. David Ireland tem sido um líder e professor extraordinário na área da intercessão. Poucos pastores têm ensinado, moldado e reunido milhares de líderes em torno da centralidade da intercessão tão bem. Este livro representa décadas de lições aprendidas. - DR. MAC PÍER

Autor de Spiritual leadership in the global city [Liderança espiritual na metrópole] Presidente do the NYC Leadership Center Fundador do Concerts of Prayer Greater de Nova Iorque


Lembro-me de encontrar com o Dr. David Ireland pela primeira vez há 20 anos e dizer a mim mesmo: "Esse é um líder e mensageiro do Evangelho inteligente, apaixonado por Jesus, organizado e talentoso". A diversificada formação académica do Dr. Ireland, como engenheiro e também teólogo, permitelhe tecer uma arquitetura bíblica com questões complexas das Escrituras. É um homem íntegro e de paixão óbvia, que o irá abençoar, desafiar e encorajar, independentemente do contexto. Recomendo muito meu amigo Dr. David Ireland. - DR. SAMUEL R. CHAND

Autor de Crackingyour church's culture code [Quebrando o código de cultura da sua igreja] <www.samchad.com> Cada ensino do Dr. Ireland fornece a particularidade e a sabedoria de um PhD, mas, também, o amor e a compaixão de uma criança. — KURT WARNER Capitão aposentado do NFL



GUERREIROS DE JOELHOS Vencendo suas batalhas por meio da oração


I654g Ireland, David, 1961Guerreiros de joelhos: vencendo suas batalhas por meio da oração / David D. Ireland; tradutor: Ana Paula Argentino. - Rio de Janeiro: Graça, 2014. 248 p.; 16x23cm. Tradução de: The kneeling warrior: winning your battles through prayer ISBN: 978-85-435-0015-7 1. Oração - Cristianismo. 2. Guerra espiritual. I. Título. CDD - 235.4

DISTRIBUIDOR AMERICA DO NORTE Grace Editorial 1261 E. Sample Rd Pompano Beach, El 33064 - USA DISTRIBUIDOR EUROPA Editora Graça Infinita, Lda. Av. Frei Miguel Contreiras, 16 — D Cx. Postal 1700-211 - Lisboa - Portugal DISTRIBUIDOR BRASIL Graça Editorial Cx. Postal 3001 Rio de Janeiro - RJ - 20010-974 - Brasil


GUERREIROS DE JOELHOS Vencendo suas batalhas por meio da oração

DAVID D. IRELAND, PHD

Traduzido por Ana Paula Argentino

Editado pela Graça Artes Gráficas e Editora Ltda. , graça

' EDITORIAL Rio de Janeiro, 2014


Guerreiros de joelhos © David Ireland, 2013

Original: "The Kneeling Warrior" Publicado por Charisma House Charisma Media | Charisma House Book Group 600 Estrada Pirehart, Lake Mary Flórida - 32746 Revisão, arte e impressão: Graça Editorial Capa: reprodução do original

Para distribuição mundial (exceto Portugal, Angola e Moçambique) pela Graça Artes Gráficas e Editora Ltda.

Disponível em outras línguas por Charisma Media. E-mail: charistnahouse@charismamedia.com

Reservados todos os direitos de publicação à GRAÇA ARTES GRÁFICAS E EDITORA LTDA. Estrada do Guerenguê, 25 (complemento - loja A - Estrada dos Bandeirantes, 1000) Taquara - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22713-003 Caixa Postal 3001 - Rio de Janeiro - RJ - 20010-974 Tel./fax: (Oxx21) 2141-5162 faleconosco@gracaeditorial.com.br


Para a congregação da Christ Church [Igreja de Cristo], que, por mais de 25 anos, esforçou-se para fazer de nossa igreja uma casa de oração para todas as nações.



Sumário

Prefácio de R. T. Kendall Introdução

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PARTE l ENVOLVA SUAS EMOÇÕES Capítulo 1: Criação de um guerreiro de joelhos Capítulo 2: Não toque o sino! Capítulo 3: A vida dos guerreiros

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PARTE 2 ENVOLVA SUA FÉ Capítulo 4: As armas de um guerreiro de joelhos Capítulo 5: Bem-vindo à escola de oração! Capítulo 6: A arte da batalha espiritual

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PARTE 3 ENVOLVA-SE NA BATALHA Capítulo 7: A união dos guerreiros Capítulo 8: É hora de posicionar-se Capítulo 9: Legado de um guerreiro de joelhos Bibliografia

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Prefácio

OCE TEM EM MÃOS UM LIVRO EXTRAORDINÁRIO.

É provável que você não seja mais o mesmo após lêlo. Seu autor é um dos pastores mais brilhantes dos EUA nos dias atuais, o Dr. David Ireland, que trabalhou para produzir um livro simples e profundo ao mesmo tempo, a fim de ensiná-lo como orar e, também, para fazê-lo querer orar. Reunindo erudição despretensiosa, espiritualidade profunda e paixão transparente, esta é uma obra de pesquisa considerável, que cita as personalidades mais conhecidas da história da Igreja, a fim de que você saiba que está cercado dos maiores exemplos de homens e mulheres quando desejar ser uma pessoa de oração. Meu mentor, o Dr. Martyn Lloyd-Jones, apresentou-me a um plano de leitura bíblica que se tornou crucial em minha vida devocional. O livro do Dr. Ireland irá motivá-lo a ter uma vida de oração firme, com leitura bíblica e intimidade com Deus. O objetivo será que você vivencie a presença do Senhor em seu momento de devocional diário e em sua caminhada com Ele, e este livro - se segui-lo cuidadosamente - irá conduzi-lo a viver exatamente tal


GUERREIROS DE JOELHOS

proposta. Ao destacar os melhores guerreiros de joelhos do passado, o livro de David irá ajudá-lo a vivenciar o que os maiores justos conheceram: a intimidade com Deus. O que pode atraí-lo mais é que todos - até mesmo o cristão mais fraco - serão motivados a ter uma caminhada íntima com Deus, a qual jamais imaginaram poder desfrutar. O Dr. David Ireland é um dos homens mais raros que já conheci. Ele é pastor da maravilhosa Christ Church no norte de Nova Jérsei, com filiais dentro e ao redor de Montclair. Ele e sua esposa, Marlinda, são o que simplesmente posso chamar de "gente inspiradora". Ele tem um PhD, e ela é doutoranda. A igreja deles tem alcançado um crescimento maravilhoso em um curto espaço de tempo, refletindo um ministério que defende claramente a Bíblia como a Palavra de Deus. Entretanto, ainda há mais; por meio das ministrações, a presença de Deus tem sido notória na própria igreja, e seu desejo ardente é ver um verdadeiro avivamento também nos arredores de Nova Iorque. Você poderá sentir esse gostinho - uma restauração verdadeira em seu coração - ao ler este livro. Algo que não consigo ignorar e que mais gosto em David Ireland é nossa semelhança de visão e objetivos. Ele quis centralizar a pregação, aliada ao louvor e às canções empolgantes, buscando combinar a Palavra e o mover do Espírito em seu ministério mantendo o ensino do Evangelho cantado, com o poder manifesto do Espírito Santo. Existe ainda outra visão que temos em comum: ele quer que sua igreja reflita a mesma diversidade étnica e social dos moradores do norte de Nova Jérsei. Quando preguei lá pela primeira vez, sua igreja me fez lembrar a Westminster Chapei.

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Prefácio

Prevejo que esta obra se tornará um clássico, comparando -se a outros grandes livros sobre oração na história da Igreja. Esta publicação busca honrar a Deus, portanto será odiada pelo diabo. Como William Cowper disse: "Satanás treme quando vê o cristão mais fraco de joelhos dobrados". DR. R. T. KENDALL MINISTRO, WESTMINSTER CHAPEL (1977-2002)

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Introdução

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j j SUCESSO REQUER MILITÂNCIA, MILITÂNCIA ESPIRITUAL.

^ss&/ A vitória no mundo natural exige o triunfo no espiritual, e, goste ou não, o cristão é chamado para lutar. Há muito a perder se não lutarmos. Seu destino, seu propósito de vida e as almas que você influencia estão todas em suspenso, aguardando desesperadamente que sua vitória repercuta no campo de batalha da vida: o quarto de oração. O futuro da sua família, o lugar que seus filhos ocuparão na sociedade e as promessas de Deus, tudo isso deve ser conquistado por meio de orações, jejum e da prática de outras formas bíblicas de batalha espiritual. O grande pregador inglês, Charles H. Spurgeon, disse: Seleciono uma promessa e medito nela, movendo-a para lá e para cá e, às vezes, o fruto maduro cai em minhas mãos; outras, o fruto não está tão pronto para cair, mas nunca desisto até obtê-lo.1


GUERREIROS DE JOELHOS

Os instintos guerreiros de muitos seguidores devotos de Cristo podem entorpecer-se. Em algum momento, cruzamos os braços de maneira preguiçosa, enquanto o opressor furta nossas finanças, rouba nossa saúde, destrói nosso casamento e foge com as promessas divinas para nós. Tal acomodação espiritual deve ser enfrentada com força; do contrário, o inimigo de nossa alma sairá bem à vontade com as coisas boas que Deus pretendia nos entregar enquanto apenas suportávamos a perseguição sem lutar. Usamos o seguro de vida para protegermos nossa família e o seguro de automóvel para nos protegermos como motoristas, mas pense no que poderia acontecer se você usasse a fé para proteger as promessas divinas para sua vida. É bem provável que você viesse a tornar-se uma grande ameaça para o reino das trevas e um trunfo ainda maior para o Reino da luz. Se você está se perguntando: "Como eu uso a fé para proteger as promessas de Deus?", a resposta está neste livro! Ler Guerreiros de joelhos é um passo importante para tornar-se um campeão das promessas divinas. Conforme Abraão, Moisés, Gideão, Rute e Davi, você está tomando uma posição, a fim de garantir o que Deus lhe tem preparado. Certamente, esse tipo de convicção o colocará no hall da vitória, ao lado desses campeões espirituais e até mesmo dos pouco conhecidos, tais como Simeão, Jefté e Ester. Cada um desses possuía dois aspectos em comum: primeiro, não estremeceram diante da oposição. Segundo, envolveram-se na batalha espiritual, a fim de garantirem o que Deus lhes havia prometido.

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Introdução

LUTAR É IMPORTANTE O grande autor C. S. Lewis disse: Não existe território neutro no universo: cada centímetro, cada fração de segundo é reivindicado por Deus, mas, em contrapartida, Satanás sempre tenta toma-lo.2

Lutar espiritualmente é fundamental, porque as promessas de Deus são inestimáveis, e até o diabo sabe disso. A Bíblia resume um combate impressionante para recuperar aquilo que tem sido roubado pelo inimigo de nossa alma. Após os amalequitas terem raptado as mulheres e crianças e assaltado Ziclague - onde Davi e as famílias de seus 600 homens estavam vivendo -, ele orou: Perseguirei eu a esta tropa? (l Sm 30.8b). Aqui está uma paráfrase da resposta do Senhor: "Vão e tomem suas promessas roubadas". Esse relato fascinante revela a coragem de Davi ao resgatar com êxito as famílias sequestradas e as propriedades roubadas pelos amalequitas, o que não aconteceu por meio de mera força militar. Davi usou uma estratégia tripla (veja l Samuel 30).

O Céu todo sustenta seu esforço espiritual em recuperar as promessas roubadas: os dons que Deus lhe deu.

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GUERREIROS DE JOELHOS

Antes de tudo, Davi envolveu suas emoções. Ele sofreu pela perda da família e das propriedades e até teve de lidar com seus sentimentos em relação às ameaças que seus próprios homens fizeram de apedrejá-lo, por suas famílias e propriedades terem sido roubadas (v. 6). Esses guerreiros feridos pensavam que matar Davi diminuiria a dor que sentiam. Felizmente, Davi buscou a Deus em oração para encontrar a resposta para esse dilema traumático. Em seguida, Davi envolveu sua fé. Quando orou: Perseguirei eu a esta tropa?, estava clamando pela sabedoria de Deus, a fim de determinar se deveria ir atrás de sua família e de seus bens por meio de uma perseguição militar. Davi acreditava que o Senhor era o Capitão do exército, um Deus guerreiro, que responderia de modo a resultar em vitória. Por último, Davi envolveu-se na batalha. A resposta do Senhor à oração de Davi veio em forma de palavras que estavam cheias de poder, inflamando Davi para a batalha. Sua mente estava concentrada, sabendo que o Senhor Se colocaria ao seu lado, bem como ele estaria ao lado de Deus. Essa batalha não estava apenas centrada na vingança, mas, também, trazia ordens para marchar diretamente vindas Senhor. Davi estava fazendo a obra do Senhor. Sempre que procura alcançar uma promessa de Deus, você faz Sua obra. O Céu todo sustenta seu esforço espiritual em recuperar as promessas roubadas: os dons que o Altíssimo lhe deu. QUEM DEVE LER ESTE LIVRO? A intenção principal de Guerreiros de joelhos é capacitá-lo a recuperar as promessas de Deus para sua vida por meio da

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Introdução

batalha espiritual. Enquanto aprende a colocar sua fé em ação, adotará uma mentalidade bíblica em relação a essas lutas. Tal posicionamento proporcionará armas espirituais de destruição em massa contra nosso adversário no que se refere às promessas divinas descritas nas Escrituras. Estabelecer e manter um estilo de vida fortificado garantirá um legado espiritual que impactará as gerações futuras. Este livro foi escrito para aqueles que querem tomar posse de todas as promessas do Senhor e que, assim como você, desejam que a vontade do Pai seja o centro em sua vida. Jesus ensinou a orar desta maneira: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu (Mt 6.9,10). Querer alcançar e viver a vontade de Deus é o auge de ser um seguidor de Cristo e a chave para acessar as promessas divinas. Este livro é para você se deseja desenvolver seu conhecimento e sua força na área da batalha espiritual. O apóstolo Paulo disse: No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo (Ef 6.10,11). Essas palavras transmitem seu alistamento no exército do Senhor. Esta obra também é indicada a quem é apaixonado por cumprir a Grande Comissão. Jesus desafiou-nos: Portanto, ide, ensinai todas as nações (Mt 28.19a). A esperança de ver homens e mulheres participando do Reino de Deus depende do seu conhecimento em batalha espiritual. Paulo compartilhou: O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça

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GUERREIROS DE JOELHOS

a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (2 Co 4.4). A Grande Comissão nada mais é do que salvação. Muitas vezes, é apenas por meio da oração e da batalha espiritual que os membros de nossa família, amigos e até mesmo nossos inimigos experimentam a salvação encontrada em Cristo. Por fim, este livro é para você que não consegue mais sentar-se à beira do campo de batalha, esperando por um tratamento justo ou desejando que Satanás não o veja. Guerreiros de joelhos irá capacitá-lo a pensar conforme um campeão que se sente à vontade ao tomar uma postura ao mesmo tempo ofensiva e defensiva contra o adversário. Você quer se tornar alguém que deseja comprar uma luta com Satanás, ou terminar aquelas que o maligno travou com você? As pessoas com quem trabalhei, desenvolvendo um quadro bíblico de batalha espiritual, têm descoberto as respostas para perguntas como: • De que maneira podemos diferenciar as provações dos ataques espirituais? • Como lutar pelas promessas de Deus? • Qual é a mentalidade descrita nas Escrituras que ensina a tomar posse das promessas roubadas? • O que é, exatamente, batalha espiritual? • Quais habilidades são necessárias para envolver-se na batalha espiritual? • O envolvimento em batalhas espirituais irá tornar-me um cristão esquisito? • Como posso ajudar outros a tomarem posse das promessas de Deus?

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Introdução

PROMESSA DO LIVRO Guerreiros de joelhos oferece um plano corajoso, cheio de táticas e práticas espirituais usadas para reivindicar as promessas de Deus para sua vida. Este livro lança um ataque completo contra o adversário, a fim de retomar sua carreira, reacender seu casamento, manter uma relação saudável com seus filhos e recuperar qualquer outra promessa. Assim como em um combate, a batalha espiritual exige treino e estratégia. Entender até mesmo de guerra psicológica é crucial para ter vantagem contra o inimigo. O famoso general americano H. Norman Schwarzkopt alertou que, em caso de guerra, as táticas psicológicas "serão uma parte absolutamente crucial de qualquer campanha em que estivermos envolvidos".3 De modo similar, um entendimento sólido dos princípios bíblicos é essencial para se envolver na batalha espiritual com êxito. A obra, dividida em três seções, tem o objetivo único de capacitá-lo a tomar posse das suas promessas roubadas.

Assim como em um combate, a batalha espiritual exige treino e estratégia.

A primeira parte se concentra em envolver suas emoções. É hora de levantar-se! Vale a pena lutar pelas promessas do Senhor! O Reino de Deus não é a Disneylândia. É sobrenatural, mas não mágico e delicado. As promessas divinas não caem no seu colo por você ser alguém bom. Ao tomar posse delas, é preciso ativar os

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GUERREIROS DE JOELHOS

princípios da fé, a fim de mante-las. Diferente da crença popular, os guerreiros não escondem suas emoções. Eles as admitem. Os guerreiros que obtêm êxito ao reivindicar suas posses valorizam seus sentimentos de ira, perda ou dor. Conforme Davi em Ziclague, os soldados ficaram furiosos ao perder uma promessa. Guerreiros lamentam por um casamento fracassado, pela carreira em declínio, ou por um relacionamento ruim com os filhos. Envolver suas emoções é o primeiro passo para lançar um ataque completo e reconquistar aquilo que o inimigo roubou. Se a sua perda não o aborrece a ponto de lutar por ela, então você, simplesmente, não se importa em dar de ombros e riscá-la da vontade de Deus. No entanto, desistir tão facilmente pode ser um erro fatal. A segunda parte ensina a envolver sua fé. Cada cristão no Reino de Deus possui dupla cidadania. Somos adoradores e guerreiros. A afirmação de que somos chamados para sermos adoradores é sempre discutida porque, afinal, adorar é divertido, agradável. Com o passaporte rotulado "adoração", eu viajo para os locais mais legais. O outro passaporte - aquele que me concede passagem às zonas de guerra da vida - raramente é utilizado, porque os locais de viagem dessas áreas são complicados e desgovernados. Além disso, a Bíblia declara com ênfase: O Senhor é varão de guerra (Êx 15.3a), e Bendito seja o SENHOR, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra (SI 144.1). A batalha espiritual está por toda a Bíblia. Do Antigo ao Novo Testamento, os cristãos lutam contra o mal e a perversidade para tomarem posse das promessas do Senhor. Contudo, os cristãos contemporâneos - mesmo em situações de fazer ou morrer, desespero e calamidades terríveis, como a falência económica global e a ruína

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Introdução

moral da sociedade - hesitam em lutar. Muitos escolhem acovardar-se diante de uma família desequilibrada e uma carreira miserável. Alguns, com uma visão distorcida sobre Deus, pensam que Ele é simplesmente manso, uma divindade branda que reina somente no aspecto moral e recua diante da luta pelo domínio, fora do âmbito da ética. Tal pensamento abrange uma dimensão bem limitada sobre a natureza completa de Deus. Talvez, sejam cristãos que simplesmente não queiram lutar ou, ainda, que não saibam como fazê-lo. Um estilo de vida com base na fé não é passivo. Envolver sua fé - a fé descrita na Bíblia - produz as características de um guerreiro de joelhos. A verdadeira fé bíblica o encoraja. Inspira coragem e o capacita a declarar ao inimigo da sua alma: "Estou furioso, não vou mais suportar isso". A terceira parte do livro oferece instruções práticas de como envolver-se na luta. "O que Jesus faria?" Temos visto essa frase em camisetas, bonés, tatuagens e adesivos de carros. No entanto, quando se trata realmente de defendermos a vontade divina, a Bíblia responde várias vezes a essa pergunta da mesma maneira: Jesus lutaria! E, se Ele usaria a Palavra como arma para destruir Satanás, não deveríamos fazer o mesmo, em vez de retroceder?

A verdadeira fé bíblica o encoraja. Inspira coragem e o capacita a declarar ao inimigo da sua alma: 'Estou furioso, não vou mais suportar isso".

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GUERREIROS DE JOELHOS

Como guerreiros, devemos nos manter condicionados ao máximo para a guerra ao praticar as disciplinas espirituais. Esta seção descreve o treinamento que pode transformar até o guerreiro espiritual mais incapaz em uma máquina de guerra espiritual agressiva. Você aprenderá sobre o poder do jejum e da oração de intercessão como armas na batalha e desfrutará da vitória encontrada na meditação, reflexão, ponderação e solidão. Guerreiros de joelhos irá ajudá-lo a descobrir a liberdade associada a um trabalho árduo de oração, além da paz encontrada ao conhecer sua identidade em Cristo. UMA CHAVE CHAMADA PROMESSA Na grande alegoria de Bunyan, The pilgrim's progress4 [O peregrino], o personagem Cristão decide deixar o caminho principal e seguir por outra estrada que parecia ser mais fácil. No entanto, esse novo rumo o leva ao território do gigante Desespero, dono do Castelo das Dúvidas. O peregrino é capturado por Desespero e preso em um calabouço, onde é aconselhado a suicidar-se. O gigante lhe diz que não vale a pena continuar sua jornada. Naquele momento, parecia que Desespero realmente tinha vencido Cristão. Então, Esperançoso, outro companheiro de Cristão, vem lembrá-lo das vitórias anteriores. Finalmente no sábado, perto da meia-noite, ambos começam a orar e continuam até quase de manhã. Assim, pouco antes do amanhecer, Cristão rompe em um discurso fervoroso: "Quão tolo sou... Estou em um calabouço fétido, quando poderia muito bem caminhar em liberdade... Tenho uma Chave em meu peito, 26


Introdução

chamada Promessa, que irá (estou convicto) abrir qualquer fechadura do Castelo das Dúvidas". Então, Esperançoso lhe diz: "Que boas-novas, meu bom irmão, arranque a chave de vosso peito e tente". E os portões da prisão se abrem. Guerreiros de joelhos contém a chave que abrirá as portas às promessas de Deus, as quais Satanás roubou e trancou bem longe de você. No entanto, isso exige luta da sua parte. Esse combate impactará seu destino, o bem-estar e a salvação da sua família, além das vidas que Deus o chamou para influenciar. Agora, seus pés estão plantados no campo de batalha, e você está em treinamento, a fim de tomar posse das promessas para sua vida. Não tenho dúvidas de que você sairá vencedor. Desfrute da leitura, poderoso guerreiro.

1

SPURGEON, 2006, p. 11.

2

LEWIS, 1994, p. 33.

3

TAYLOR, 1997, p. 170.

4

BUNYAN, 1966, p. 114. *

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Parte l

ENVOLVA SUAS EMOÇÕES



Capítulo l

CRIAÇÃO DE UM GUERREIRO DE JOELHOS

A CINCO ANOS, UM SIMPLES SONHO NOTURNO ENSINOU-ME 3 mais

sobre oração do que seis anos de seminário, mesmo após duas décadas servindo como pastor. Conforme muitos cristãos, eu acreditava que minha vida de oração era satisfatória. No entanto, Deus tinha uma opinião diferente. Parece estranho, não é? Afinal, sou um pregador. A cada semana, compartilho a Palavra de Deus com milhares de pessoas famintas espiritualmente. Procuram-me por discernimento bíblico e por ferramentas que as ajudem a construir relacionamentos mais


GUERREIROS DE JOELHOS

firmes com Deus. Entretanto, em uma noite singular, o Senhor mostrou-me Sua perspectiva sobre minha vida de oração e acerca do que Ele queria que eu fizesse a respeito dela. Sonhei que estava trabalhando em um edifício comercial cercado por uma floresta com animais selvagens. Então, saí e fui caminhar durante o dia, pois eu sabia que alguns membros da minha equipe haviam ficado no escritório. Para minha surpresa, aves de rapina enormes - falcões e urubus - estavam deitados do lado de fora do prédio, feridos ou mortos. Era uma cena assustadora. Esses animais imensos e imponentes estavam espalhados por toda a parte, derrotados e fracos, sobre as rochas. Estava claro que me encontrava no meio de um campo de guerra, onde as aves tinham-se envolvido em um combate mortal e haviam perdido.

Por meio da oração, recuperamos nossas forças para derrotar o inimigo e cumprir a vontade de Deus para nossa geração.

De repente, vi uma águia espremida entre as pedras, aparentemente escondida e completamente exausta. Ela se encolhia em um esforço para recuperar as forças. Estava bem no fundo, na fenda da rocha, onde os falcões e os urubus não podiam vê-la. Fiquei imaginando o que tinha matado todas aquelas aves ferozes e logo entendi que a águia os havia derrotado. Então, ela levantou voo com um chiado feroz e, enquanto voava por cima

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Criação de um guerreiro de joelhos

das pedras, agarrou um falcão e o levou para o céu. Embora o invasor lutasse por sua vida, não conseguia livrar-se das garras poderosas e afiadas da águia. Alguns segundos depois, ela cravou seu bico afiado no pescoço do falcão. Conforme assistia à cena, tentando entender o que estava acontecendo, a águia largou o pescoço do falcão, ergueu a asa dele e golpeou seu coração com o bico, para matá-lo. Ao testemunhar isso, corri depressa de volta para o escritório, a fim de buscar meu pastor auxiliar e lhe mostrar aquela cena que, talvez, só veríamos uma vez na vida, porém não consegui encontrá-lo. Olhei no escritório de um dos nossos pastores associados, mas ele não estava lá também. Peguei o telefone mais próximo e liguei para um segundo pastor. Ele atendeu ao telefone, mas ficou hesitante quando insisti para que rapidamente me encontrasse no escritório. No sonho, estava muito claro: espiritualmente, aquele pastor não estava em um bom lugar. Sua paixão pela oração havia diminuído tanto, que não conseguia perceber a urgência do momento. Estava claro para mim que sua percepção espiritual havia ficado muito fraca. Apesar de ser um bom homem, ele estava totalmente alheio ao agir do Espírito Santo e à dinâmica da batalha espiritual. Desisti de pressioná-lo a vir, porque isso era inútil. Então, o sonho terminou de forma inesperada. Acordei apavorado; e, logo, busquei ao Senhor por uma interpretação. Eis o que Deus revelou: as rochas pontiagudas simbolizam a batalha espiritual que todos enfrentamos. A águia representa o cristão que tem estado cansado e visivelmente aturdido pelas batalhas da vida. Os falcões e os urubus são demónios que trabalham para destruir a sociedade e a vida dos seres humanos;

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GUERREIROS DE JOELHOS

no entanto, estarem feridos e mortos são sinais de sua derrota. Deus permitiu que eu visse como as forças do inimigo são derrotadas, conforme as águias recuperam suas forças para lutarem a boa batalha da fé. O segredo estava na necessidade de a águia refugiar-se entre as rochas, a fim de recuperar sua força para o combate. Esconder-se na fenda da rocha é algo simbólico que diz respeito à oração e sobre esperar no Senhor (Is 40.29-31). Por meio da oração, recuperamos nossas forças para derrotar o inimigo e cumprir a vontade de Deus para nossa geração. Após ter esses discernimentos do Senhor, sabia que Ele queria mais de mim. Entendi que ser apenas um homem que ora não era o suficiente. Deus estava dizendo: "David, quero que você seja um homem de oração". Você deve estar imaginando qual é a diferença entre um homem que ora de um homem de oração. A diferença é que ser um homem de oração significa tornar-se um guerreiro de joelhos - alguém que ora com a intensidade extrema de um lutador e vence os obstáculos colocados pelo inimigo, que tem o intuito de atrapalhar o propósito de Deus e a qualidade de vida que Ele nos chamou para ter. Criei a expressão guerreiro de joelhos após aprender como o grande profeta Daniel lutou e venceu as atrocidades de sua época orando três vezes ao dia (Dn 6.10). Ele sabia que o poder da oração podia derrotar a opressão demoníaca mais inflexível e a crueldade da maior criação de Deus, a humanidade. Além disso, Daniel foi um exemplo de como os guerreiros de joelhos podem atuar nos mais altos escalões do governo, como ele servia, e, ainda assim, permanecerem humildes diante de Deus, sem tomarem a prática da oração como função humilde ou mera obrigação.

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Criação de um guerreiro de joelhos

Os campeões não são feitos de academias, mas de algo que eles têm lá no fundo: um desejo, um sonho, uma visão.

Estudar Daniel deixou-me mais determinado. Tornar-me um guerreiro de joelhos significa mais do que conseguir meu PhD. É mais importante para mim do que escrever livros ou até mesmo construir uma igreja próspera. Quando ouvi a voz e o coração do Senhor e entendi para o que Ele estava me convocando, chorei, sabendo, lá no íntimo, que minha vida estava prestes a ser transformada por completo. Sabia que teria de reavaliar, priorizar novamente e reorganizar todas as minhas responsabilidades como marido, pai e pastor, para me transformar no guerreiro de joelhos que Deus estava me chamando para ser. Escolhi o horário das 4h às 6h da manhã como inviolável. Estava reservado, mais do que nunca, como um dos momentos no qual equiparia meu local de combate diário, já que eu seria um guerreiro de joelhos. VOCÊ ESTÁ DISPOSTO A SE TORNAR UM GUERREIRO DE JOELHOS? Quando eu era menino, admirava a confiança e a convicção de Muhammad Ali, que não era cristão, mas muito perspicaz quanto à mentalidade dos lutadores eficientes. Certa vez, preparando psicologicamente um aspirante ao título de peso-pesado, Ali disse: 35


GUERREIROS DE JOELHOS Os campeões não são feitos de academias, mas de algo que eles têm bem lá no fundo: um desejo, um sonho, uma visão. Eles têm de ter energia até o último minuto, serem um pouco mais rápidos, precisam ter habilidade e disposição. Contudo, a determinação deve ser mais forte que a técnica.1

Aplicando esse pensamento à Igreja moderna - cheia de grandes pregadores, professores, escritores e cantores - da mesma forma, precisamos de guerreiros de joelhos preparados com um desejo ardente de trazer o fardo de um mundo ferido diante do Deus de amor em oração. Depois que um sermão cheio do Espírito é concluído e um momento de louvor e adoração poderoso termina em nossa igreja, o que realmente estamos fazendo por Deus? Quero ser encontrado entre aquele grupo distinto de guerreiros que têm tanto a técnica quanto a disposição de destruir os planos do inimigo. É por isso que atendi ao chamado de tornar-me um guerreiro de joelhos. Responder a um chamado é muito mais profundo do que dizer: "Vou orar mais por mim, por minha família, minha carreira e meu ministério". Diz respeito a envolver completamente suas emoções na batalha espiritual, pois tem ficado tão claro quanto água para você que algo deve ser feito. Ficar sentado à toa enquanto Satanás saqueia sua família, rouba as promessas de Deus para esta geração e destrói a esperança da humanidade por uma sociedade justa é um preço muito alto a se pagar. Tornar-se um guerreiro de joelhos é a única conclusão sensata que você pode tirar desse dilema espiritual. Então, o que você faz? Aceita com prazer o conselho que Paulo dá ao seu filho espiritual, Timóteo,

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quando escreveu: Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo (2 Tm 2.3). Se você limitar esse versículo a um conselho particular de Paulo para Timóteo, não entenderá a verdade essencial dessas palavras poderosas. É preciso acatar tal passagem como direção para sua própria vida de tal modo que lutar torne-se sua escolha, assumindo-se por livre vontade como um soldado inabalável de Jesus. Assim como disse Ali, você tem o desejo, o sonho ou a visão? Tem a energia e, o mais importante, uma determinação bem maior que a técnica para tornar-se um campeão da oração? Possui o necessário para tornar-se um guerreiro de joelhos? Antes de dar o primeiro passo rumo ao campo de batalha, seus pensamentos e suas emoções devem refletir as palavras do apóstolo Paulo: Posso todas as coisas naquele que me fortalece (Fp 4.13). Guerreiros de joelhos desenvolvem conscientemente, e até subconscientemente, o comportamento de um campeão. Um guerreiro é incentivado pelo motivo ardente de lutar. Ninguém entra em uma guerra sem uma causa justa ou um sentimento de revanche. Essas emoções passam a ser o combustível da persistência quando a batalha se intensifica. O que está conduzindo sua paixão em tornar-se um soldado da oração? É uma provação difícil? Está vivenciando algum tipo de aridez em sua vida? Talvez o clamor ensurdecedor de uma humanidade destinada a uma eternidade sem Cristo tenha tomado conta de sua alma. Os guerreiros de joelhos são atormentados interiormente pela dor e pelas injustiças de nossa sociedade decadente quando se propõem a orar pela destruição das fortalezas forjadas por Satanás, que tenta frustrar os planos do Altíssimo.

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O guerreiro intercessor entra no campo de batalha da oração quando entende que é tudo ou nada. Há muito em jogo se ele não tiver uma grande conquista da parte de Deus. Esse era o caso de Larry, um homem que se entregou a Cristo depois de viver anos em pecado e confusão sexual. Larry ansiava por sentir-se completo novamente, mas um tumor enorme em suas costas - resultado de um comportamento sexual impróprio - era um lembrete constante do seu passado. Os médicos disseram-lhe que remover o cisto deixaria uma grande cicatriz.

Os guerreiros de joelhos são atormentados interiormente pela dor e pelas injustiças de nossa sociedade decadente quando se propõem a orar pela destruição das fortalezas forjadas por Satanás, que tenta frustrar os planos do Altíssimo.

A vontade do Senhor é levar-nos a viver um avanço por meio da oração. Há alguns anos, levei a Christ Church para a Operation Take Back [Operação Resgate], uma jornada espiritual de 40 dias com o objetivo de ajudar seus participantes a retomarem áreas de sua vida que tenham sido prejudicadas ou perdidas por conta do pecado e desleixo espiritual. Durante a Operation Take Back, Larry orou e pediu a Deus por um milagre. Poucas semanas depois, durante um exame de rotina, outro médico disse a Larry que poderia remover o

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cisto sem cicatrizes. Após a cirurgia, até mesmo o médico ficou surpreso com a cura e restauração totais da área. Larry falou da fidelidade de Deus, dizendo: "A remoção desse tumor tem muitas implicações espirituais. Estou maravilhado pelo amor do Senhor por mini". Basta dizer que Larry tornou-se um guerreiro de joelhos porque precisava ser liberto de todos os sinais terríveis de seu antigo comportamento sexual. O tudo ou nada para aquele homem era ver Deus sarar aquela enfermidade, e Ele o fez. Larry transformou-se em um guerreiro de joelhos. Guerreiros são forjados em meio a dificuldades extremas. Esses homens e essas mulheres não nasceram aguerridos. Nem sempre tiveram autoridade vinda de Deus. Eles se tornaram campeões espirituais ao se levantarem das entranhas da provação armados de sua recém-descoberta destreza para a guerra. Da mesma maneira que os lutadores, os guerreiros de joelhos devem vencer a batalha psicologicamente antes de entrarem no ringue para disputarem o prémio. Antes de tudo, Ana precisou rejeitar sua autopiedade e confusão, insistindo para que Deus lhe abrisse a madre a fim de ter um filho. Samuel, o grande profeta de Israel, estava nos pensamentos de Deus desde o princípio. No entanto, a nação não podia se beneficiar de seu dom até que sua mãe estéril transformasse suas lágrimas de desgosto e pena de si mesma em orações determinadas. Antes de Samuel ser concebido naturalmente, ele havia nascido no útero da oração. A Palavra capta esse momento precioso, quando as orações de Ana foram derramadas em lágrimas: Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR e chorou abundantemente. E votou um voto,

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dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha (l Sm 1.10,11). A paixão de Ana por um filho fez dela uma guerreira de joelhos. Na Bíblia, vemos surgir um intercessor tremendo: Jacó, em sua determinação em cumprir o chamado de Deus em sua vida. Diante da ameaça de ser morto por seu irmão Esaú, Jacó passou a noite em oração. A imagem da intercessão que a Bíblia ilustra para nós é Jacó lutando a noite toda com o anjo do Senhor (Gn 32.22-32). Os interesses em jogo eram grandes. Se Jacó não prevalecesse, seria morto por Esaú. A persistência de Jacó foi perceptível enquanto lutava com o anjo e disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares (Gn 32.26b). Esse homem tornou-se um guerreiro de joelhos quando sua paixão angustiante pela vida o levou a clamar a Deus. O famoso pregador escocês Robert Murray JVTCheyne transformou-se em um guerreiro de joelhos poderoso antes de partir para a eternidade ainda com 29 anos, somente sete anos após entrar no ministério. Ele atendeu ao chamado de viver por Cristo logo após seu irmão mais velho, David, ter falecido também prematuramente. David orou muitas vezes pela conversão de Robert, que reconheceu o agir do Espírito Santo quanto à morte de seu irmão, a fim de causar um grande impacto em sua alma. Em 8 de julho de 1842, esse jovem pregoeiro escreveu uma carta para um amigo: "Neste dia, há 11 anos, perdi meu amado

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e querido irmão e comecei a procurar por um Irmão que não pode morrer".2 Seguida de sua conversão, a paixão de M'Cheyne em ver os perdidos se encontrarem com o Salvador resultou em um tremendo avivamento em Dudee, Escócia, na igreja de São Pedro. Os descrentes vieram em multidões para verem e ouvirem o pregador que tinha chorado pela conversão deles. Desde sua morte, os visitantes da Commonwealth, dos Estados Unidos e da Europa vêm para subirem ao púlpito que dizem ter sido molhado com as lágrimas de Robert enquanto clamava às pessoas que se entregassem a Cristo3. ESPÍRITO DE GUERREIRO Quer você saiba ou não, como seguidor de Cristo, já está envolvido em uma batalha espiritual, independentemente de seu nível de participação. Se escolher somente sentar-se na arquibancada e assistir à luta, ainda assim, está na peleja. Não se engane! Você não é uma simples testemunha, é uma baixa. Existe uma opção melhor. Você pode armar-se com as Escrituras e se envolver na batalha. Paulo alertou com veemência os efésios sobre esse combate de alto risco quando disse: No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a

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GUERREIROS DE JOELHOS armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Efésios 6.10-13

Batalha espiritual não é uma terminologia bíblica. Ela inclui a ideia de que existe uma guerra de alto risco travada entre o Reino de Deus e o reino das sombras. Esse dualismo entre o bem e o mal nem sempre existiu, porque somente Deus existia no princípio (Gn 1.1). O Senhor é a própria bondade, o amor e a justiça. O mal surgiu quando Lúcifer, um dos anjos do Senhor, decidiu rebelar-se contra Deus (Ez 28.11-17). Então, o Altíssimo expulsou Lúcifer do Céu, assim como outros anjos que tinham se juntado à sua rebelião. Seu destino fora ser banido da presença de Deus, além do castigo eterno que o aguarda no inferno (Ap 20.7-10). Enquanto isso, tal conflito entre a luz e as trevas, o certo e o errado, continua sendo um ponto de discórdia a cada geração.

Quer você saiba ou não, como seguidor de Cristo, já está envolvido em uma batalha espiritual, independentemente de seu nível de participação.

Lúcifer, também conhecido como Satanás, o enganador, o diabo, Belzebu e vários outros títulos bíblicos, estabeleceu um reino, o qual está constantemente em guerra com tudo o que é bom, santo e ligado ao Reino de Deus. A humanidade - cristãos e não cristãos - está incluída nessa velha batalha simplesmente

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porque ela é a criação mais valiosa de Deus. O termo batalha espiritual descreve um conflito constante entre o reino do inimigo e o Reino de Deus. Esse adversário não é, de forma alguma, igual em poderio, sabedoria ou estratégia em relação a Deus. Ainda assim, o Senhor, em Sua infinita sabedoria, permite que o diabo se dedique a arquitetar esquemas traiçoeiros. A única razão teológica plausível para tal permissão é que a vontade divina ainda está sendo realizada em tudo o que diz respeito a todas as pessoas. Deus é o único Onipotente, Onisciente e Onipresente. Satanás é um inimigo derrotado e uma fonte de constante aborrecimento à ordem. É um perturbador, um estorvo tremendo à humanidade. Na preparação para esse combate arriscado, devemos nos qualificar a fim de destruir os planos de Satanás para esta geração. A aniquilação de Satanás somente ocorrerá quando Deus lançá-lo no inferno; por isso, cada geração deve alistar-se nessa luta para deter esse inimigo infernal. Ignorar a realidade da batalha espiritual é o mesmo que perder algumas das melhores promessas de Deus para sua vida e família. Seu destino e o dos seus filhos estão em risco se você ignorar esse antigo embate antagónico. ESCOLHENDO ALISTAR-SE NA BATALHA A Bíblia é clara quanto ao chamado de Deus a que todos os cristãos tornem-se guerreiros de joelhos. Todavia, muitos servos obedientes não sabem como se transformar em um soldado. Aqui está o que Paulo disse aos coríntios: 43


GUERREIROS DE JOELHOS Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Por-que as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo. 2 Coríntios 10.3-5

Parece loucura ver que, no instante em que aceitamos a salvação que Jesus livremente oferece, devemos saltar imediatamente bem no meio do calor da batalha. Acredito que as palavras de Paulo não são levadas tão a sério, porque lutar é um trabalho árduo. Não é sofisticado ou intelectual. É chato. É primitivo, instintivo e relativamente arriscado. Muitos cristãos limitam suas atividades espirituais à segurança de atribuições mais vantajosas. Estão equivocados em acreditar que somente frequentar os cultos semanais da igreja e ler a Bíblia irá mante-los a salvo. Embora essas sejam boas práticas, com as quais possam lidar com facilidade, não são consideradas como batalha espiritual na plenitude.

Ignorar a realidade da batalha espiritual é o mesmo que perder algumas das melhores promessas de Deus para sua vida e família.

Os guerreiros de joelhos são encorajados pela paixão. Seu desejo de lutar nasceu dos sentimentos de carência ou dor.

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Davi, que era um músico adolescente encarregado de pastorear ovelhas, tornou-se um guerreiro poderoso após um leão feroz roubar uma das ovelhas do rebanho. Quando isso aconteceu, algo surgiu dentro de Davi que o fez lutar por sua propriedade. Aquelas eram suas ovelhas. Ele era o único a prestar contas ao seu pai se voltasse para casa com menos ovelhas do que lhe havia sido designado a pastorear. Tal chamado para ser um lutador foi confirmado mais tarde quando um urso tentou roubar outro animal do rebanho. Davi enfrentou o predador e recuperou sua ovelha. Então, quando esse servo de Deus finalmente encontrou-se com Golias - um gigante de quase três metros -, seus instintos para a guerra já tinham sido despertados. Então, Davi disse para o rei Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá e pelejará contra este filisteu (l Sm 17.32). Assim, ele lutou contra o gigante. Davi falou como um verdadeiro guerreiro quando tentou fortalecer as emoções das tropas de Saul ao dizer para não desfalecerem. O chamado para combater Golias exigia o mesmo ímpeto que Davi demonstrou ter quando lutou com o leão e o urso. Algo muito importante deve estar em jogo para impulsionar suas emoções para a guerra. Para Davi, derrotar Golias foi uma vitória pessoal. Ele ficara horrorizado, pois Golias ousou afrontar os exércitos do Deus vivo (v. 26b). Da mesma forma, quando você perde a dignidade, uma promessa, bênção ou algo que considere valioso, surgirá dentro de você uma batalha. Davi escolheu por vontade própria defender, de maneira feroz, o povo de Deus e o grande Nome do Senhor.

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Todos nós sabemos que Deus não força ninguém a amá-Lo. Da mesma forma, não força ninguém a orar. A oração é um compromisso totalmente voluntário. Folheie os evangelhos, e perceberá que Jesus nunca deu início a um treinamento na área da intercessão. Ao contrário, ensinou um modelo de oração sendo Ele mesmo um homem de oração. O Mestre deu instruções quanto à arte de orar somente quando Seus discípulos pediram: Senhor, ensina-nos a orar (Lc ll.lb). Levado por uma necessidade pessoal por mais autoridade de Deus e ajuda para Sua geração, uma súplica humilde dos discípulos por instruções acerca de como buscar o Senhor foi feita. É fácil deduzir que os guerreiros de joelhos são iniciados na escola de oração quando reconhecem a própria impotência como resultado de pouca conversa com Deus. Tal revelação os faz ficar de joelhos, despertando-os para a necessidade de uma vida de oração. É HORA DE SE INSCREVER! A decisão de Davi em desenvolver uma vida de oração, levando-o a ser um guerreiro de joelhos, aconteceu em tempos difíceis. Anos após a derrota de Golias, o rei Saul, com ciúmes dele, o fez viver 16 meses na terra dos filisteus, em Ziclague (l Sm 27.6,7). Tendo recebido a permissão de Aquis, rei dos filisteus, para viver lá com seus 600 homens e suas famílias, Davi ficou face a face com a necessidade básica da oração. Certo dia, enquanto ele e suas tropas estavam em uma missão, os amalequitas atacaram Ziclague e incendiaram a cidade. As esposas de Davi, as mulheres e 46


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os filhos de seus homens foram sequestrados por esse grupo violento (l Sm 30.1,2). Quando você perde a dignidade, uma promessa, bênção ou algo que considere valioso, surgirá dentro de você uma batalha.

A perda repentina de sua família e o desespero angustiante de seus homens levou Davi a um estado de isolamento emocional. Seus sentimentos de desencorajamento e fracasso eram agravados pelas ameaças de seus próprios homens a apedrejá-lo em resposta à ira e à dor deles. Tenho certeza de que pensaram: "Como pode Davi, esse brilhante militar, deixar Ziclague desprotegida, enquanto saíamos em missão? Por que não pensara em deixar uma dúzia de homens para proteger nossas mulheres e nossos filhos?". O único conforto deles vinha ao falar em apedrejar Davi. Do ponto de vista deles, ele era o culpado. Davi foi forçado a encontrar conforto em Deus, Aquele que esteve com ele anos antes quando um leão e um urso roubaram uma ovelha do rebanho em uma noite estrelada. A Bíblia diz: Todavia, Davi se esforçou no SENHOR, seu Deus (l Sm 30.6b). O verbo esforçar nesse versículo é a palavra hebraica chazaq (pronuncia-se khaw-zak), usada para descrever cenas de batalhas que exigiam uma reação corajosa. Significa ajudar, ser forte, consertar, controlar e encorajar. Quando Davi voltou-se para o Senhor, seus sentimentos de desencorajamento e desespero foram transformados em coragem e força.

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Mesmo após receber consolo, conforto, e encorajamento de Deus, Davi quis mais. Ele perguntou ao Senhor: Perseguirei eu a esta tropa? Alcançá-la-ei? E o SENHOR lhe disse: Persegue-a, porque, decerto, a alcançarás e tudo libertarás (v. 8). Sua noção de perda e a dor ao saber quais atrocidades, incluindo o estupro, aguardavam suas esposas e as famílias de seus 600 homens, alimentavam suas orações. Até que você vivencie uma perda pessoal, seja alimentado pela ameaça de perder sua própria família, o próprio destino, ou algo qualquer de valor inestimável, continuará a enxergar a inscrição na escola de oração como opcional à sua caminhada cristã. Sinceramente, devemos concordar que vale a pena lutar pelas promessas de Deus; e vale a pena você lutar por elas. Elas só serão suas porque você uniu os princípios da fé com a arte da batalha espiritual. Phyllis, uma das irmãs de nossa igreja, vivia um estresse financeiro constante enquanto criava sozinha os dois filhos, os quais o preguiçoso pai somente presenteava de vez em quando no Natal e aniversário. Ela queria confiar no Altíssimo, mas sentia tamanha ira pelo pai de seus filhos que era difícil manter a fé. Durante minha palestra sobre oração e jejum, Phyllis decidiu buscar a ajuda de Deus com determinação. Havia momentos difíceis, quando a raiva daquela mãe contra o ex-marido aflorava, mais se dedicava a períodos de oração e jejum a fim de dar uma chance à sua fé em Deus. Phyllis ficou muito surpresa quando, dentro de poucos dias, aquele homem entrou em contato sem motivo aparente para dizer que enviaria os pagamentos de pensão alimentícia a cada duas semanas. Na verdade, ele buscava a

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informação necessária para depositar os pagamentos diretamente em sua conta bancária e, assim, evitar qualquer tipo de atraso. O e-mail que Phyllis me enviou terminava desta forma: "Agora sei que a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos". Se aquela mãe tivesse ficado sem orar em relação à pensão alimentícia dos seus filhos, não teria vivenciado esse milagre impressionante.

Sinceramente, devemos concordar que vale a pena lutar pelas promessas de Deus; e vale a pena você lutar por elas.

Jessie Penn-Lewis, o grande intercessor escocês que desempenhou um papel fundamental ao dar início ao avivamento de Gales de 1904 a 1905, escreveu: Na guerra contra o poder das trevas, a oração é a... Arma mais poderosa. O papel da intercessão era, naquela época, (1) lutar duramente contra eles [os principados] e suas obras; (2) libertar o homem dos seus poderes; (3) e ir de encontro àqueles que se opõem a Cristo e à Sua Igreja como um conglomerado de poderes.4

Os sentimentos de ira de Lewis com relação à condição de apatia e indiferença espiritual de seu país o fez ajoelhar-se. O resultado foi um derramar poderoso do Espírito Santo, que alcançou milhares de pessoas para o Reino de Deus.

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LUTAR NÃO É OPCIONAL! Envolver suas emoções na batalha é o primeiro passo ao se lançar em um ataque total para recuperar algo valioso que o inimigo roubou. Se sua perda não o incomoda tanto para lutar, então você simplesmente irá riscá-la da lista de tragédias e infelicidades da vida. No entanto, essa conclusão pode estar bem longe da verdade.

A atitude mais poderosa que você pode ter é dobrar seus joelhos em oração.

Sim, Davi e seus homens resgataram suas famílias dos amalequitas, mas o que teria acontecido àquelas mulheres e a seus filhos se Davi não tivesse orado? O que teria acontecido à reputação de Davi e seus valentes de guerra se retornassem a Israel sem as famílias? É provável que ele tivesse perdido o respeito da nação, tornando-se alvo de intenso sarcasmo em relação ao seu status de guerreiro. O estado emocional de Davi o incentivou a fazer uma oração de guerra. Ele buscou o conselho do Altíssimo sobre perseguir o grupo de saqueadores, e Deus não hesitou em responder-lhe: "Persiga-os". Para se alistar no exército do Senhor, é preciso reconhecer Deus como um guerreiro. Tão relevante quanto é o fato da perda, seja real ou iminente, é importante avaliar o que o leva a tomar uma ação radical. A atitude mais poderosa que você pode ter é dobrar seus joelhos em oração.

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Um dia, durante a faculdade, minha filha Jessica voltava com algumas amigas para os dormitórios depois de jantarem em um restaurante local. Os carros esperavam no cruzamento o semáforo ficar verde. De repente, um motorista jogou seu carro no acostamento e gritou a plenos pulmões: "Minha bicicleta!". Aparentemente, ele havia visto um cara passeando com sua bicicleta, a qual havia sido roubada no dia anterior. O ladrão ouviu o grito e começou a pedalar o mais rápido que pôde. Enquanto as meninas observavam, o motorista o perseguiu, tirou-lhe a bicicleta e a levou de volta para o carro. Depois de ter jogado a bicicleta no banco traseiro, o semáforo abriu, e ele foi embora. Sua bicicleta roubada era valiosa demais, e ele teve de tomar uma medida. Da mesma forma, você não pode sentar-se despreocupadamente e descartar os furtos do inimigo, colocando-os apenas na lista de infortúnios da vida ou da vontade de Deus. Revolte-se! Tome uma medida drástica! Transforme-se em um Davi ou naquele motorista. Vá e pegue o que é seu de volta! COMO VOCÊ VÊ DEUS?

As respostas típicas que muita gente dá para a pergunta "Como é Deus?" variam entre amoroso, misericordioso, gentil, paciente, justo e longânimo. Todas essas respostas estão totalmente certas, mas estão incompletas. A visão de Davi acerca de Deus não era limitada a ser manso e suave. O bem-estar físico e emocional de centenas de mulheres e crianças dependia de sua oração. Ele reconhecia em Deus o combatente absoluto que não hesitaria em lhe atender diante de um clamor que subisse da terra até Seu trono.

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Além disso, a visão de Davi também não estava limitada a conceber o Altíssimo conforme um pai terreno que, simplesmente, afaga seus filhos quando estão machucados. Nosso Deus conforta, mas não tem medo de confrontar com firmeza o mal ou a injustiça. Felizmente, Davi foi capaz de identificar essa qualidade do Senhor, inclusive enxergar o papel dEle em sua vida além de apenas impor parâmetros e decisões acerca de questões morais e éticas. Ele não via Deus apenas como um policial que resolvia as discussões com palavras. Davi enxergava no Senhor Aquele que aprovaria seu clamor por justiça com as próprias mãos; portanto, Sua resposta direta à oração de Davi foi: "Persiga-os". Davi enxergava o Todo-Poderoso como um guerreiro (Êx 15.3) que Se sentia confortável tanto no campo de batalha como no santuário. Deus é o Comandante de Seu exército, e a Ele se deve clamar na peleja (Js 5.14). A fé que tinha Davi sustentava a guerra espiritual. Da mesma maneira, suas orações surgem de sua concepção acerca do Senhor. O Pai celestial deseja que O busquemos em cada um dos atributos de Sua divindade. Ele é consolador e um Deus misericordioso, além de ser, ao mesmo tempo, o Guerreiro Todo-Poderoso. Aprenda a fazer mais orações de guerra, para que você possa reivindicar as promessas divinas para sua vida e aqueles que estão ao seu redor. COMO VOCÊ VÊ A SI MESMO?

Você escolheu este livro por uma razão específica. Deseja ser treinado na arte da batalha espiritual. Esse é um objetivo nobre que, por meio da ajuda do Espírito Santo, será alcançado.

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Qualquer ameaça de perder algo valioso que esteja enfrentando neste momento será evitada assim que você buscar a ajuda de Deus. Veja a si mesmo como um guerreiro em construção. Cada proeza edificará sua fé. Todavia, o treinamento para essa batalha começa em sua mente; por isso, Paulo disse ao jovem Timóteo: Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo (2 Tm 2.3). É preciso obter o ponto de vista de um combatente que já serve ao Mestre. Embora haja sofrimentos e dificuldades em manter sua vigilância durante a batalha espiritual, os prémios equivalentes a conservar as promessas de Deus e levar outros a um relacionamento com Ele valem a pena. Assim como Paulo, guerreiros de joelhos também têm o direito de orgulharem-se das batalhas travadas. Ao final de sua jornada espiritual, Paulo escreveu: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé (2 Tm 4.7). Nem todos podem declarar que obtiveram bom desempenho nas pelejas, muito menos que acabaram a trajetória com a fé intacta; por isso, dominar a batalha espiritual é um objetivo muito valorizado. Uma das divisões mais incisivas do exército dos EUA é a Tropa de Operações Especiais da Marinha. Seu lema começa por estas palavras: Em tempos de guerra e incerteza, há uma estirpe especial de guerreiro, pronta a atender ao chamado de nossa nação. Um homem comum com desejo incomum de êxito. Forjado pela adversidade, ele permanece ao lado das melhores forças de operações especiais da América para servir seu

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GUERREIROS DE JOELHOS país, o povo americano e proteger seu estilo de vida. Eu sou esse homem.5

Eles se vêem como guerreiros únicos, prontos para a batalha. Esse lema reúne toda a Marinha em uma comunidade coesa de guerreiros valentes. Ele reforça -por que cada um se tornou um marinheiro e como um marinheiro deve agir enquanto alistado no serviço militar. Esse lema serve como um grito de guerra a todos quando enfrentam tempos difíceis.

A oração começa em suas emoções e seus pensamentos a respeito de Deus, Seu poder, Sua vontade de agir, e a determinação de crer que Suas promessas são totalmente atingíveis por meio da oração.

Tomei algumas liberdades editoriais e contextualizei o lema para o guerreiro de joelhos quando treinei minha congregação na arte da batalha espiritual. Aqui está a perspectiva que deveríamos adotar a fim de atender ao chamado de Deus para ser um bom soldado de Cristo: Em tempos de guerra espiritual e incerteza, há uma estirpe especial de guerreiro, pronta a atender ao chamado de interceder. Um cristão comum com desejo incomum de êxito. Forjado pela adversidade, permaneço ao lado dos melhores guerreiros de joelhos de Deus para servir ao Seu 54


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Reino, à humanidade e proteger seu estilo de vida. Eu sou esse guerreiro. Nunca desistirei. Persevero e sou bem-sucedido na adversidade. O Reino de Deus espera que eu seja espiritual e mentalmente mais forte do que meus inimigos. Se eu for derrubado, sempre darei a volta por cima. Irei valer-me de cada gota de força remanescente em mim para proteger meus irmãos em Cristo e cumprir nossa missão. Nunca estou do lado de fora da luta.

Não é essa a perspectiva que Jesus, nosso Comandante, instruiu-nos a ter? O Mestre disse aos discípulos: O dever de orar sempre e nunca desfalecer (Lc 18.Ib). A ordem de nunca desfalecer personifica a atitude e o desejo que um guerreiro deve ter antes de dobrar seus joelhos em oração. A intercessão começa nas emoções e nos pensamentos que você tem a respeito de Deus, Seu poder e Sua atuação, além de uma determinação pessoal para crer que as promessas do Senhor são totalmente atingíveis por meio da oração.

'MAXWELL, 2007, p. 140, 141. BONAR, 1960, p. 16. 3 RAVENHILL, 1984, p. 59. 4 PENN-LEWIS, 1994, p. 264. 5 Disponível em: <http://navyseals.com/ns -overview/seal-ethos/>. 2

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Capítulo 2

NÃO TOQUE O SINO!

/L\\ MARINHA DEFLAGROU o ESCONDERIJO DO TERRORISTA rA^VOsama bin Laden em uma área remota do Paquistão em maio de 2011. Dentro de 40 minutos, eles o encontraram e mataram, retornando ao helicóptero em segurança. Contudo, esses homens não se tornaram aptos para o combate da noite para o dia. A primeira fase do treinamento para ser um marinheiro dura oito semanas penosas. Durante essa sessão básica de condicionamento rigoroso, vem a chamada semana do inferno. A intensidade aumenta de maneira significativa nesse teste


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final de força física, mental e emocional. Os candidatos têm apenas 4 horas de sono no decorrer de um período de 132 horas de treinamento, além de ficarem encharcados e com frio o tempo todo. Exige-se que nadem na lama, empurrem troncos em montes de areia e carreguem botes com as próprias mãos enquanto tentam superar o desgaste, o sangramento das feridas abertas e os músculos cansados. Para agravar tal fadiga, os instrutores gritam - na verdade, provocam - durante todo o processo. Com insultos e palavrões, oferecem incentivos para que os candidatos desistam. Dessa forma, mais de 70% abandonam o curso. Um sino enorme fica pendurado de maneira evidente no Special Warfare Center [Centro de Instrução das Forças Especiais]. No entanto, independentemente de quem o toque ou de quando é tocado, seu retinir expressa que um aprendiz desistiu. Para esse aspirante, aquele insano treinamento terminara. Seu capacete é removido e posto no chão, embaixo do sino. Assim, o desistente declara publicamente que se tornar um fuzileiro não vale a pena, preferindo permanecer um soldado comum em vez de suportar o rigor, a disciplina e a angústia mental necessários àqueles que escolhem unir-se à tropa de operações especiais da Marinha. NÃO DESISTA! Em Lucas IS.lb, Jesus ensinou a Seus 12 "recrutas" que deveriam orar sempre e nunca desfalecer. A mensagem de Cristo é: "Não desista! Não toque o sino!". Seu conselho é seguido da parábola na qual uma viúva persistente ilustra o valor de um estilo de vida cheio de oração. 58


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Essa mulher buscou justiça por intermédio de um juiz local, porém, sendo esse corrupto, recusava-se a conceder-lhe a justiça, então ela o importunava várias vezes. O desprezo desse juiz para com outras vítimas além dessa viúva evidenciou-se ainda mais por conta de sua irreverência ao Senhor. No entanto, indiferente à falta de compaixão do juiz e à sua propensão aos subornos, a persistência dela resultou em uma lei favorável, pois o juiz se cansara de seus frequentes pedidos por justiça (v. 4,5). Com pura persistência, a viúva havia desgastado o juiz.

Deus espera que clamemos a Ele dia e noite e não irá ignorar nossa súplica por justiça.

A parábola da viúva persistente reforça nosso chamado à vigilância e à persistência na oração. Apesar de não ter recebido sua resposta da primeira vez em que pediu, aquela mulher finalmente obteve a justiça que buscava por meio de sua persistência e representa uma mensagem de Jesus para nós: "Não desista! Não toque o sino!", mesmo diante da demora e dificuldade. Assim, a parábola conclui-se: E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhesfará justiça (v. 7,8a). Deus espera que clamemos a Ele dia e noite e não irá ignorar nossa súplica por justiça. Ao contrário do juiz injusto, Deus não rejeita um clamor.

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DESÂNIMO E FALTA DE ORAÇÃO A carência de persistência e vitalidade em sua vida de oração pode indicar que você ficou desanimado. O grito silencioso de muitos é: "Por que Deus não atendeu minhas orações? Por que Ele está em silêncio?". Cristãos desestimulados refugiam-se em uma vida de apatia espiritual. Eles "tocam o sino". Abandonam o chamado para a batalha espiritual, e seu capacete de intercessor valoroso cai ao chão com o baque da decepção. Isso pode acontecer a qualquer um que ignora as técnicas e táticas de Satanás acerca do desânimo. Felizmente, você é capaz de combatê-lo. Muitas vezes, cristãos firmes desistem de orar e abandonam o chamado à intercessão, delegando a outro a responsabilidade de ser um guerreiro de joelhos. Desistir tornou-se muito comum em nossa geração, e, quando realmente oramos, boa parte de nosso clamor reflete uma preocupação pessoal. Os guerreiros de joelhos são encarregados de aperfeiçoar e expandir o Reino de Deus e olham para o futuro do cristianismo em detrimento do seu. Preocupam-se com o contexto moral da sociedade e em como comunicar uma visão mundial bíblica para nossa cultura decadente. Com atitude e comprometimento semelhantes aos dos fuzileiros em combate, nossas orações devem incluir o clamor pela abertura em larga escala do povo que recebe o Evangelho de Jesus Cristo. Com esse nível de responsabilidade sobre nossos ombros, não nos daremos ao luxo de tocar o sino durante a oração. Devemos entender profundamente como se luta uma batalha espiritual para que ideologias, filosofias e doutrinas como as de Osama bin Laden

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e outros déspotas sociais de nossa época sejam aniquilados. As orações que refletem a verdadeira batalha espiritual devem ser estratégicas e poderosas para que a impiedade seja ofuscada pela maravilhosa graça de Deus. Outra responsabilidade fundamental dos guerreiros de joelhos é incentivar que intercessores vacilantes retornem aos seus postos. A palavra intercessor é a palavra hebraica paga (pronuncia-se paw-ga) e significa reunir (juntos), entrar no meio, suplicar e alcançar. Ela capta a função e o comportamento de um intermediador, advogado ou representante. No que diz respeito à oração, significa que um mediador traz as causas de outros diante de Deus em súplica. A eficácia nessa área exige, em primeiro lugar, que descubramos por que as pessoas normalmente desistem. POR QUE AS PESSOAS TOCAM O SINO Independe de sua idade, seu género, sua etnia ou nacionalidade: a lei da gravidade dita que seu corpo colidirá com o chão à velocidade de 35km/h se for lançado do telhado de um edifício.1 Essa lei é constante e inegociável. Do mesmo modo, há regras irrevogáveis associadas à oração.

As orações que refletem a verdadeira batalha espiritual devem ser estratégicas e poderosas para que a impiedade seja ofuscada pela maravilhosa graça de Deus.

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Então, por qual razão muitos cristãos tocam o sino? Simples: eles desistem de clamar por não compreenderem as leis da oração. Não podemos culpar o Senhor por nosso fracasso. Ele estabelece de forma clara: a oração dos retos é o seu contentamento (Pv 15.8b). O poder de Deus é equivalente à generosidade de Seu coração. Um dos ensinamentos fundamentais da Bíblia acerca dEle é a onipotência: o Altíssimo tem todo o poder. Ainda que Deus nos ame e queira o nosso melhor, não pode ignorar Seus próprios estatutos. A viúva sabia que sua persistência implicava que teria de "pedir" e assim o fez várias vezes, rogando ao juiz por justiça. Jesus ressaltou isso contando a Seus discípulos sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer (Lc 18.Ib). Com isso em mente, Martinho Lutero disse: "Quando encontro uma promessa... Eu a vejo como se fosse uma árvore frutífera... Se quero pegar seus frutos, preciso sacudi-la para lá e para cá".2 Deus quer que façamos pedidos, pois tem prazer em nos atender. Com insistência, deveríamos buscar a Ele por todas as Suas promessas, porque isso Lhe agrada. Há quatro motivos para orações não atendidas. A oração pode: 1. Refletir motivos errados e motivações desonestas; 2. Estar fora da vontade de Deus; 3. Não ser seguida de ação; 4. Ser feita por alguém duvidoso acerca do poder do Senhor ou de Sua disposição em atender àquela petição.

Por exemplo, se você está orando por um trabalho novo, é importante investigar se você quer o emprego apenas para ficar

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rico ou porque é parte do plano divino para sua vida. Você ora por uma nova oportunidade, mas não está tomando as atitudes necessárias de preparar seu currículo e procurar com insistência anúncios de vagas on-line e outras fontes? Assim, como está demorando a acontecer, você duvida da disposição do Senhor em atender à sua oração? Evitar essas quatro armadilhas o levará naturalmente de volta a uma vida de oração. Diferente dos fuzileiros, no Reino de Deus você pode unir-se novamente à tropa dos guerreiros de joelhos recolocando seu capacete a qualquer momento. Soldado, é exatamente isso que você deve fazer. ORAÇÕES NÃO ATENDIDAS DEVIDO A MOTIVAÇÕES ERRADAS As motivações são decisivas aos olhos do Senhor. Tiago, o apóstolo que supostamente morrera com joelhos grossos iguais aos de um camelo por causa da vida de oração, escreveu: Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites (Tg 4.2,3). O princípio que Tiago ensina é este: a oração eficaz exige que o intercessor tenha as motivações certas. A retidão moral e a sede por justiça daquela viúva impulsionaram-na a manter uma atitude de persistência. Sua motivação por justiça era pura, sincera e honrava a Deus. Além disso, esse ponto na lista de quatro itens das razões pelas quais as orações não são atendidas pode ser riscado.

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A oração eficaz requer que aquele que ora tenha as motivações certas.

Em seu livro Goa hás a dream [Deus tem um sonho], o arcebispo Desmond Tutu escreve: Durante os dias mais sombrios do apartheid, eu costumava dizer a P. W. Botha, o presidente da África do Sul, que já havíamos vencido, então, além de convidá-lo, chamei outros sul-africanos brancos a se unirem ao lado vencedor. Todas as perspectivas estavam contra nós - as leis do passado, a prisão, o gás lacrimogênio, os massacres, o assassinato de ativistas políticos - entretanto, minha confiança não estava nas circunstâncias presentes, mas nas leis do Deus do Universo. No plano espiritual, isso significa que, apesar de toda evidência parecer contrária, de modo algum o mal, a injustiça, a opressão e as mentiras poderão ter a última palavra. Deus Se importa com o certo e o errado.3

A revelação do arcebispo Tutu acerca de Deus ter colocado o Universo em ordem sobre um eixo espiritual fez com que ele e outros sul-africanos se mantivessem vigilantes em suas orações e na busca por justiça. Seu clamor não foi inaudível. O apartheid foi abolido tanto legalmente como espiritualmente e considerado desumano. Essa lei da oração nos força a amadurecer espiritualmente, então deixamos de enxergar Deus conforme um garçom, cuja

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obrigação é fazer tudo o que pedimos a Ele. Nossa motivação deve ser apurada e honrada a fim de que nossas orações sejam atendidas pelo Senhor.

Deus não recebe glória por orações não atendidas.

Avaliar suas motivações requer técnica e honestidade, já que são feitas de paixão, cobiça e desejos não atendidos. Embora essas questões pareçam ser muito inocentes, quando postas à luz das Escrituras Sagradas, passam a ser nada mais do que meras fantasias. Para determinar se seu anseio é impróprio, faça a si mesmo algumas destas duras perguntas: • Se o meu pedido de oração for respondido, compartilharei livremente a bênção com os outros? • O Reino de Deus irá se beneficiar de minha oração atendida? • Essa resposta irá aproximar-me de Deus ou me afastará dEle? • Por que tenho orado por isso? • O que realmente estou buscando?

Tais reflexões autoanalíticas ajudam a esclarecer nossas motivações para que a lei da oração não seja violada. Um estímulo errado indica algumas deficiências em nossa vida que

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devem ser examinadas. Se forem deixadas de lado, o problema atingirá outras áreas, tornando-nos espiritualmente doentes. O outro lado dessa equação também é significativo. Uma vez que nossa vontade esteja alinhada às exigências divinas, a resposta ao nosso clamor certamente será liberada. Lembre-se de que Deus não recebe glória pelas orações não atendidas. Nossa disposição em agradar-Lhe e glorificar Seu Nome aumenta exponencialmente à medida que nossas súplicas são favorecidas. O Senhor não é mais merecedor de nosso louvor apenas quando somos beneficiados. Na verdade, nossa motivação é que, de fato, passou a estar em sintonia com a Sua vontade. Dessa maneira, louvamos a Ele ainda mais. Busque por aspirações cristãs conforme aquela viúva persistente, então, Deus atenderá suas petições. ORAÇÕES NÃO ATENDIDAS POR ESTAREM EM DESACORDO COM A VONTADE DE DEUS Quando ainda não era convertido, soube o que é viver fora dos propósitos divinos, e não foi nada bonito. Era uma vida egocêntrica de dor, sofrimento, confusão e insegurança. Por outro lado, viver sob os desígnios de Deus significa ter consolo, satisfação e certeza. De modo algum quero dizer com isso que aceitar os planos do Senhor implique não ter preocupações. Certamente, há desafios a vencer. Sendo assim, quando estamos no centro da vontade de Deus, experimentamos a paz que excede todo o entendimento e desfrutamos também da certeza de que todas as coisas contribuem juntamente para o

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bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto (Rm 8.28), sem importar quais dificuldades apareçam em nosso caminho. Uma das maneiras pelas quais Deus nos protege é não atendendo a todas as nossas petições. O Altíssimo rejeita aquelas que nos afastam de Sua vontade. A Bíblia nos instrui: E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos (l Jo 5.14,15). A oração é um presente do Todo-Poderoso. Nossos pedidos devem fluir de um desejo de manter um relacionamento saudável e vibrante com Ele. Não queremos que nosso coração fique frio e distante de Deus, que Se desagrada de que vivamos sem comunhão com Ele. A vontade divina garante um relacionamento saudável com o Criador. A fim de resguardar que nos aventuremos fora de Sua vontade, o Senhor estabeleceu a seguinte lei de oração: "Não atenderei às súplicas que poderão afastá-lo do meu querer". O propósito de Deus reflete Seu desejo, Sua intenção, Seu plano e intuito para nossa vida. Ser um servo do Senhor implica que viver em Sua vontade é algo extremamente importante, oferecendo também uma sensação de segurança, a qual produz confiança em nossa habilidade de nos aproximarmos dEle em oração. Este é o ponto central da afirmação do apóstolo João sobre ter segurança nas petições: pedir algo em sintonia aos desígnios divinos dá-nos a certeza de termos uma audiência com o Todo-Poderoso, obtendo dEle uma resposta favorável. Valorizar a

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vontade do Senhor significa que Lhe agradar é tão importante que não desejamos nada além de Seus projetos para nós. Nosso relacionamento com Ele passa a ser tão sagrado, que anseios, aspirações e metas pessoais podem ser alcançados dentro de Sua determinação e, por fim, encontramos descanso na vontade dEle. Com base nessa convicção, sua fé em pedir por meio da oração permanece muito elevada, pois, sabendo que agrada a Deus, compreende que seus pedidos também o fazem. O bonito é que Ele também sabe disso.

Uma das maneiras pelas quais Deus nos protege é não atendendo a todas as nossas petições.

A viúva persistente tinha confiança e paz ao saber que sua oração estava de acordo com a vontade divina. Nosso Senhor está sempre a favor da justiça e contra a injustiça. Não houve violação da parte dela com relação a essa lei da oração. Aquela mulher acertou. Não se desespere se suas súplicas têm sido desconsideradas. Analise seu pedido para descobrir se está de acordo com os planos do Senhor. Caso não esteja, abandone isso. Que alegria haverá se esses pedidos o afastarem do plano de Deus? Um guerreiro fiel quer servir ao propósito de seu comandante e de seu país. Quanto a nós, o desejo do Comandante - o Senhor Jesus - é que vivamos no centro de Sua vontade. 68


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ORAÇÕES NÃO ATENDIDAS PORQUE NÃO AGIMOS A persistente viúva nunca permitiu que o desânimo a impedisse de agir. Após cada rejeição do juiz, ela caminhava da vila para casa. Imagine a vida nos vilarejos do Oriente Médio, onde as conversas com os vizinhos são inevitáveis. Quantas vezes ela teve de narrar a falta de vontade do juiz em conceder-lhe justiça? Apesar de as Escrituras não relatarem esse ponto em particular, fica claro que aquela mulher era indiferente à atitude impiedosa do juiz ou às risadinhas dos vizinhos sobre o problema. É bem provável que ela tenha precisado encorajar-se de novo todas aquelas vezes em que voltava ao tribunal rogando por justiça. Contudo, ela entendeu que agir é uma das leis da oração.

A oração nos dá sabedoria para saber como seguir adiante e sobre o que dizer quando aquilo pelo qual oramos acontece.

Muitas pessoas oram, mas poucas agem. É como se, de algum modo, considerássemos tal atitude inapropriada teologicamente. Nada poderia ser tão profundo quanto essa verdade. A viúva sabia que qualquer solução alcançada, com exceção da decisão do juiz, seria inválida ou indefensável. O magistrado deveria proferir uma sentença, e obter justiça teria sido impossível se ela somente ficasse em casa ou orasse por isso.

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Deus Se utiliza de duas estratégias para fazer as pessoas agirem: a verdade e a intercessão. Nossa responsabilidade é orar pelas circunstâncias e pelas pessoas envolvidas na situação. A oração nos dá sabedoria para saber como seguir adiante e sobre o que dizer quando aquilo pelo qual oramos acontece. A verdade é a informação usada para envolver a mente e avivar o coração. Clamar pelo estado espiritual dos seus entes queridos é algo bom. Definitivamente, é da vontade de Deus que eles cheguem ao conhecimento salvador do Senhor Jesus, mas a súplica, em si, não irá salvá-los. A oração abrandará o seu coração quanto a eles e também fará cair-lhes toda resistência ao Evangelho, gerando as condições necessárias para um pensamento que se abre à Mensagem. Contudo, em algum momento, a Palavra deve ser anunciada a fim de que uma decisão seja tomada. Deus criou o ser humano para ser guiado pela verdade. É por isso que Paulo declarou: Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16a). A fase do crer segue-se à do ouvir. Antes que alguém possa crer, deve ter ouvido a verdade das Boas-Novas. A oração e a verdade andam de mãos dadas para produzir vidas transformadas. Da mesma forma, oração e ação também estão unidas. Aquela viúva orou e agiu. Muitos tocam o sino e cessam de interceder por compreenderem mal essa lei da oração. Esperam que Deus aja após suas extensas preces, presumindo que Ele atue mesmo sem suas ações. Enquanto isso, o Senhor espera que se movimentem. Certa vez, ouvi uma anedota acerca de um homem em uma ilha deserta que começou a afundar lentamente no oceano.

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Desesperado por sua vida, ele clamou ao Senhor: "Salve-me! Não quero me afogar!". Em poucos minutos, um navio imenso surgiu. O capitão avistou a ilha submergindo e ouviu o homem suplicando a Deus por socorro. Pelo autofalante da embarcação ele disse: "Não se desespere, enviarei um barco a remo para você". O homem respondeu: "Não se incomode, o Altíssimo me salvará!". Apesar de aquela resposta parecer estranha, o capitão partiu. Como o local continuava afundando, o indivíduo continuou pedindo pelo amparo divino. Então, um helicóptero pairou sobre o lugar, e o piloto disse ao homem: "Vou descer uma corda para que você suba por ela". O homem sinalizou ao piloto que se despreocupasse, porque logo Deus o salvaria. Insatisfeito, o piloto balançou a cabeça e foi embora. Algumas horas depois, a ilha foi inundada, e o sujeito se afogou. Logo em seguida, ele apareceu em frente aos portões perolados do Céu com um semblante perplexo. Deus, então, perguntou-lhe o que havia de errado. E ele respondeu: "Eu só me afoguei. Não sei por que deixaste de atender às minhas orações por socorro". O Senhor explicou-lhe: "Enviei um navio e um helicóptero, o que mais você queria? Você nunca agiu!". A desmotivação quanto à intercessão em muitos cristãos bem-intencionados é causada pelo desânimo, uma consequência de sua falta de atitude. A oração não anula nem deveria eliminar a responsabilidade de tomar providências. Somente se deve deixar

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de agir quando o Espírito Santo julgar tal reação impulsiva ou apressada. Nesses momentos, você irá senti-lo segurando seu coração, dizendo: "Espere! Não faça nada agora!". No entanto, se você não tem certeza se esses pensamentos vêm de sua mente ou do Senhor, busque o conselho de alguém espiritualmente maduro. Um breve diálogo com um guerreiro veterano pode ajudar a esclarecer o curso da ação a ser executada.

A Palavra de Deus está cheia de poder, e cada um de seus ingredientes vitais será necessário para liberar Suas promessas. Quando oramos, nosso papel é confiar no Senhor.

Diante de qualquer atitude, a falta de oração não deve ser o resultado. Se você negligenciou a lei da oração tornando-se inerte, peça que Deus direcione seus passos como parte da meta de agradar-Lhe. Você verá que agir provará ser um ingrediente positivo em sua vida de oração. ORAÇÕES NÃO ATENDIDAS POR HAVER DÚVIDAS QUANTO AO PODER DO SENHOR É fundamental ter fé para alcançar e manter uma vida espiritual saudável. O autor de Hebreus diz: Ora, sem fé é impossível agradar-lhe (Hb 11.6a). O inverso também é o mesmo: a incredulidade desagrada a Deus. Uma das leis da oração é

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sempre apresentar nossos pedidos com fé. A Bíblia coloca dessa forma: Peça-a, porém, comf é, não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos (Tg 1.6-8). O apóstolo Tiago ensina que a dúvida está enraizada na insegurança. Isso mostra que existem uma pergunta e uma incerteza acerca do poder de Deus. A dúvida pergunta: "Deus tem o poder de conceder meu pedido? O Altíssimo estará disposto a conceder meu pedido mesmo que Ele tenha poder?". Essas duas perguntas levantam indícios contra a natureza de um Deus amoroso e Todo-Poderoso, bem como também O acusam de mentir para nós. O Senhor diz claramente para clamarmos, e Ele responderá (Jr 33.3). Além disso, um temperamento duvidoso questiona a confiabilidade de Deus. É importante lembrar que o Altíssimo não fala nada sem motivo. Ele é o máximo da integridade e credibilidade. A Palavra de Deus está cheia de poder, e cada um de seus ingredientes vitais será necessário para liberar Suas promessas. Quando oramos, precisamos confiar no Senhor. Ter fé em Deus é a maneira pela qual demonstramos crer nEle. A parábola da viúva persistente é uma lição sobre como devemos orar e nunca desistir. Aquela mulher é um exemplo do que significa acreditar no Altíssimo diante da oposição humana e de um desprezo explícito por justiça. Podemos extrair dessa parábola que a viúva não estava somente fazendo orações automáticas, aquelas desprovidas de sentimentos sinceros

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e da aceitação genuína da vontade divina e que nos privam da abundância de uma vida dirigida pelo Espírito. Orações mecânicas são entediantes e artificiais e não produzem as respostas que o Senhor deseja. Por outro lado, a fé em Deus é ágil, exigindo um compromisso espiritual e emocional constante. É preciso decidir crer no Pai celestial. Devemos escolher intencionalmente confiar nas promessas dEle... Hoje. Os aspirantes a fuzileiros que desistem e tocam o sino jamais conhecerão a alegria do heroísmo. O desejo ardente que uma vez experimentaram quando se tornaram marinheiros fora apagado pelo rigor do treinamento. Não deixe que isso aconteça a você durante a caminhada para se tornar um guerreiro de joelhos. Fique atento às quatro causas mais comuns do desânimo e da falta de oração para evitar a mesma consequência.

Não deixe que as palavras de Jesus

caiam na terra sem dar frutos. Ore sem desistir.

As leis da oração podem ser aprendidas. Assim, uma vez dominadas, você começará a crescer sempre utilizando essa força. É possível que, em algumas ocasiões, surpreendamo-nos ao lado de cristãos desanimados a fim de ajudá-los a descobrirem as razões pelas quais suas orações não foram atendidas. Então, iremos auxiliá-los a pegarem seus capacetes e removerem o desânimo, juntando-se novamente à tropa dos guerreiros de joelhos. 74


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Não deixe que as palavras de Jesus caiam na terra sem dar frutos. Ore sem desistir. Ao guardar esta ordem, a alegria da obediência será sua, e o mistério da oração lhe será revelado, já que Deus tem prazer em atender nossas petições. Esta é a ordem do nosso General: "Não toque o sino!". Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, o tenente japonês Hiroo Onoda foi enviado a uma ilha distante nas Filipinas. A ordem era fazer todo o possível para dificultar ataques inimigos àquele local. Ele uniu forças com um grupo de soldados que já servia lá, mas, dentro de um mês, quatro daqueles homens foram mortos em batalha. Então, o oficial e os outros partiram para as montanhas. Em 1945, o destacamento encontrou panfletos anunciando que a guerra havia acabado, mas Onoda os rejeitou como sendo mera propaganda. Nos anos seguintes, os outros soldados se renderam ou morreram, porém aquele tenente manteve sua posição, prosseguindo com suas atividades militares até 1974 - 29 anos depois. Certo dia, finalmente, encontrou um antigo amigo de colégio chamado Suzuki, que viajava pela ilha. O homem contou ao militar sobre o fim da guerra havia quase 30 anos. Onoda ainda relutou em acreditar, mas seu ex-comandante, aposentado havia muito tempo, pegou um avião para ir até a ilha, dando-lhe ordens para entregar as armas.4 Conforme o tenente Onoda, devemos aprender a permanecer na luta até que nosso comandante, Jesus Cristo, ordene que entreguemos as armas. Não toque o sino até ouvir o comando do Mestre para descansar e interromper a oração!

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Disponível em: <http://www.ehow.com/how_8102428_calculate-velocity-fall .html >. SPURGEON, 2006, p. 11. 3 TUTU, 2004, p. 2. 4 Disponível em: <http://history!900s .about.com/od/worldwarii/a/soldiersurr.htm>.

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Capítulo 3

A VIDA DOS GUERREIROS

U AINDA ERA MUITO JOVEM E INEXPERIENTE NO MINISTÉRIO

/pastoral quando fui convidado a ministrar em uma conferência ao lado de vários gigantes espirituais. Aos 32 anos, consciente de minha imaturidade em comparação àqueles pregadores famosos, aceitei o convite na esperança de que minha pequena contribuição ao menos valesse a alguém no auditório. Na segunda manhã da conferência, decidi ir à reunião de oração antes do culto. Para minha surpresa, outros palestrantes convidados, bem como um pregador abençoado e veterano,


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também participavam dela. Logo de manhã, todos naquela reunião tinham vindo pelo mesmo motivo: buscar o Senhor. Enquanto observava o outro pastor, imaginei: "O que um homem como aquele faz aqui, orando depois de 50 anos proveitosos servindo a Deus?". Senti-me como um bebé comparado àquela lenda. Então, cheguei mais perto dele, no momento de nos ajoelharmos no altar. Queria ouvir os pedidos de oração daquele justo de cabelos grisalhos. Surpreendi-me ao ouvi-lo orar: "Senhor, ajuda-me a caminhar Contigo em integridade, bem como uma criança. Ajuda-me a desenvolver uma vida de oração que reflita o verdadeiro valor do que Jesus fez por mim na cruz". Não pude deixar de imaginar se esse seria o tipo de oração que eu faria após 50 anos de caminhada com o Senhor; por isso, preocupei-me com essa questão pelo resto da conferência. Finalmente, concluí que o estilo de vida de um soldado tem por fundamento viver em estado de prontidão. O clamor de veteranos me fez perceber que eles ainda lutavam, animadamente, a boa batalha da fé, o que passou a ser meu objetivo de vida, assim como era para a lenda espiritual que eu ouvi orar. A simplicidade de sua prece mostrou-me que o relacionamento dele para com o Senhor ainda era vivo e cheio de temor. Singeleza e reverência pelo senhorio de Jesus Cristo são cruciais para que o guerreiro de joelhos aprimore suas técnicas e permaneça preparado para a peleja. O chamado para a batalha espiritual começa aqui. O CHAMADO PARA ORAR Algo surgiu na vida de um discípulo desconhecido enquanto observava Jesus orar. As Escrituras descrevem a cena desta

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forma: E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos (Lc 11.1). O que ele testemunhou? Será que ficou impressionado pela ligação íntima entre o Messias e o Deus Pai? Ou fora contagiado pela alegria irradiante a fluir de Jesus no momento de Sua comunhão com o Senhor? Terá sido a certeza de que o Soberano atenderia a todos os pedidos do Mestre? Independentemente do que tenha chamado a atenção daquele seguidor, o importante é que ele percebeu que era possível outro tipo de relação com o Todo-Poderoso se soubesse como orar.

Singeleza e reverência pelo senhorio de Jesus Cristo são cruciais para que o guerreiro de joelhos aprimore suas técnicas e permaneça preparado para a peleja.

Certa noite, após um estudo no qual ministrei à minha igreja sobre como a oração é uma estrada de mão dupla - falamos e, então, ouvimos silenciosamente a resposta de Deus - uma das senhoras, Ylonda, compartilhou, empolgada, a seguinte história. Há alguns anos, o filho de quatro anos de minha melhor amiga foi internado, ficando à beira da morte por causa de uma doença cerebral. Era algo igual à encefalite, mas não parecia ser. Vanessa era muito ativa em sua igreja, e, como você pode imaginar, um

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GUERREIROS DE JOELHOS grande número de visitas vinha para orar com ela no hospital. Alguns dias, eu observava pessoas ficarem com Vanessa, ao lado da cama de seu filho, orando por horas. No entanto, em outros momentos, quando não estavam mais perto dela essas mesmas pessoas - as quais considero líderes espirituais inabaláveis - não se continham e choravam sem esperança. Um dia, após testemunhar outro grupo indo e vindo ao leito do menino, sentei-me com Vanessa. Ela olhava para seu filho, Caleb, acariciando a mão dele e sorrindo com uma alegria verdadeira. Agora, sem ser indiscreta, aquele bebé se parecia com aquelas crianças de países subdesenvolvidos a que assistimos naqueles comerciais humanitários. Seu corpo estava esquálido, e ele não conseguia sequer fechar a boca, pois seus lábios estavam secos e rachados. Imagine, semanas antes, aquele menino andava de bicicleta e era tão inquieto e alegre quanto qualquer outro garotinho. Estiquei-me para abraçar Vanessa, e ela ainda sorria alegremente. Então, sussurrou para mim, "Deus é bom; veja como Caleb parece bonito hoje". Assim, ela continuou dizendo diversas vezes: "Obrigada, Senhor, pela cura do meu bebé". Pensei na hora - há dez anos - quero saber como fazer uma oração como essa. Durante meses, médico após médico entrou naquele quarto para entregar um prognóstico desanimador, mas aquela mãe sorria e dizia: "Você acha que sim, hum?". Anos depois, quando falamos acerca da recuperação de Caleb, perguntei-lhe sobre aqueles episódios. Vanessa somente declarou: "Aqueles médicos não podiam ouvir o que Deus me dizia".

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A vida dos guerreiros

A mensagem de Ylonda ressaltou o que eu estava ensinando: orar exige tanto do escutar quanto do falar, se não mais. Devemos aguardar o que Deus tem a dizer para nós sobre nossos pedidos a Ele. No momento em que Jesus terminou de orar, o discípulo deixou escapar seu pedido despretensioso: Ensina-nos a orar. Ele precisou ter tanto coragem quanto humildade para admitir sua ignorância acerca da oração. Fora um reconhecimento explícito de sua posição humilde e reverência adequada à alta posição do Mestre. Aquele seguidor desconhecido ansiava, desesperadamente, por uma comunhão real e satisfatória com o Deus Todo-Poderoso do jeito que viu Jesus ter, mas ele sabia que tinha de aprender. Da mesma forma, você começa atendendo ao chamado para orar, reconhecendo que precisa aprender. Agostinho de Hipona, uma das figuras mais importantes na antiga igreja ocidental, disse: "A humildade é a base de todas as outras virtudes, portanto, a alma na qual tal qualidade não existe, não pode ter outra virtude, exceto mera aparência".1 A HUMILDADE É O PONTO DE PARTIDA PARA A ORAÇÃO Charles Spurgeon disse: "Humildade é fazer uma estimativa correta de si mesmo".2 A Bíblia ensina que: Vindo a soberba, virá também a afronta; mas com os humildes está a sabedoria (Pv 11.2). Aquele discípulo reconheceu sua necessidade de uma base sólida em sua oração e não deixou que o orgulho atrapalhasse seu desejo profundo de ter comunhão com Deus. 81


GUERREIROS DE JOELHOS

Decerto, outros seguidores estavam perto, e tenho certeza de que esse discípulo se sentiu um pouco desconfortável e vulnerável diante dos outros. Contudo, esse companheiro permitiu que a humildade abrisse um acesso a uma experiência de intimidade mais profunda com Deus. Dessa mesma maneira, se você deseja tornar-se um poderoso guerreiro de joelhos, deve admitir sua necessidade de aprender mais sobre oração. Ninguém pode fazer isso por você. Priscilla Shirer, professora cristã e escritora, declarou: Quando eu não estava ouvindo Deus... Percebi que o Senhor geralmente falava às pessoas porque elas estavam preparadas para ouvi-Lo, então, entendi que talvez Ele estivesse esperando um posicionamento meu a fim de que eu ouvisse a Sua voz.3

Mesmo após ler inúmeros livros sobre oração, frequentemente me deparava com minha ignorância acerca da dimensão dessa prática espiritual básica. Cada passo ao longo do caminho proporcionou-me uma compreensão mais profunda do valor da intercessão, desenvolvendo em mim uma paixão mais forte com intuito de tornar-me mais astuto na arte da oração. Aprender a orar exige que primeiro valorizemos a oração. É claro, tornar-se um aluno e assimilar os princípios académicos da oração lhe dará um entendimento intelectual desses princípios. Mas ter comunhão com Deus de uma forma profunda e significativa começa com mansidão e sua gratidão sincera pela intimidade espiritual que você pode ter com Deus.

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A vida dos guerreiros

Na obra clássica Thepursuit ofGod [À procura de Deus], A. W. Tozer escreveu: Se analisarmos a vida de grandes homens e mulheres de Deus do passado, sentiremos o calor com que buscavam o Senhor. Choravam por Ele, oravam, lutavam e O procuravam dia e noite, a tempo e fora de tempo, e, ao encontrá-Lo, a comunhão parecia mais doce após a longa busca.4

Esses valorosos cristãos aprenderam que a oração verdadeira começa pela busca de um relacionamento saudável e empolgante com Deus. ESTEJA CONFIANTE EM DEUS Deus realmente Se importa com nosso bem-estar. O ato de orar começa quando nos aproximamos do Senhor com ousadia, refletindo que nos sentimos à vontade diante dEle. Entretanto, essa franca aproximação não indica falta de reverência em relação ao Todo-Poderoso, visto que estamos em um relacionamento com o Pai. A partir de uma dedução lógica, podemos entender que o Criador nos conhece, e nós a Ele; portanto, usar de formalidade e presunção na intercessão é totalmente inapropriado. A oração nos convida a um relacionamento com Deus, semelhante à maneira como nos aproximamos de um amigo com o qual falamos abertamente. Em certa ocasião, quando Jesus orou ousadamente diante do sepulcro de Lázaro, Sua confiança em Deus precedeu aos Seus pedidos: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que

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GUERREIROS DE JOELHOS

sempre me ouves (Jo 11.41b,42a). Também somos incentivados a cultivar esse nível de segurança no Altíssimo antes de orar. O autor de Hebreus disse: Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, afim de sermos ajudados em tempo oportuno (Hb 4.16, ênfase do autor).

O ato de orar começa quando nos aproximamos do Senhor com ousadia, refletindo que nos sentimos à vontade diante d Ele.

A oração eficaz vem da firmeza ao se aproximar de Deus. João escreveu: E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos (l Jo 5.14,15). De onde vem tal confiança? Esse nível de certeza exige sua total vulnerabilidade diante do Pai. Você deve estar disposto a permitir que Ele sonde a sua vida e o guie rumo a um caminho moral, ético e estratégico. Devemos também nos entregar ao Todo-Poderoso, dando-Lhe a liberdade de apascentar-nos do jeito que julgar apropriado, aceitando, de todo o coração, Seu direcionamento, Sua correção e Seu amor. Nossa confiança em nos achegarmos a Deus também surge por meio do conhecimento de que Seu trono é cheio de misericórdia e graça. As misericórdias carregam consigo a compreensão acerca da fragilidade humana. É por isso que a Bíblia diz: Porque 84


A vida dos guerreiros

não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado (Hb 4.15). O Senhor entende a necessidade do homem por ajuda, embora Cristo - o Deus encarnado - nunca tenha pecado. A convicção que temos em nos aconchegarmos no Altíssimo advém do entendimento de que Ele jamais nos condenará. Podemos nos aproximar dEle com ousadia, porque nosso Pai compreende o quanto e por que precisamos de Sua ajuda. A graça transmite a disposição do Todo-Poderoso em nos favorecer com a oportunidade de fazer e ser tudo aquilo que Ele nos tenha designado. A graça tem seu poder estendido a nós por intermédio do Espírito Santo, a fim de aperfeiçoar em nós a vontade divina. Esse aspecto generoso acerca do trono de Deus se manifesta por meio da segurança acolhedora divina. A única intenção de Deus é melhorar e ampliar nossa vida. Mesmo quando pecamos, Seu objetivo não é ferir ou Se vingar de nós. Ao contrário, a graça de Deus se amplia para nos ajudar a alcançar um viver satisfatório. O célebre estudioso grego Kenneth Wuest escreveu o seguinte: A palavra graça é um dos vocábulos mais preciosos das Escrituras. O arcebispo Trench, em seu livro Synonyms of the New Testament [Sinónimos do Novo Testamento], fala sobre essa palavra em grego: "Não é exagero dizer que a mente grega, em qualquer outra palavra, expressou-se mais distintamente do que nessa, deixando transparecer tudo o que estava em seu coração". Os gregos eram

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GUERREIROS DE JOELHOS amantes do belo na natureza, em sua arquitetura, em seus santuários, em sua poesia, em seus dramas. Qualquer coisa que merecesse admiração, louvor, prazer ou alegria de coração era designado por essa palavra. Tal termo também veio a designar um favor prestado graciosamente, de modo espontâneo, um obséquio feito sem pretensão de recompensa, mas que se originava apenas na generosidade do doador.5

A partir de tão bela explicação acerca da graça, obter confiança para orar torna-se fácil. Qualquer ansiedade que você tenha sentido no tocante a se aproximar de Deus pode ser dissipada, visto que Seu favor o recepcionará de braços abertos.

A graça tem seu poder estendido a nós por intermédio do Espírito Santo, a ti m de aperfeiçoar em nós a vontade divina.

VOCÊ PODE APRENDER A ORAR

O pedido do discípulo desconhecido sugere que podemos aprender a orar. Ele ressaltou desta maneira: Senhor, ensinanos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos (Lc ll.lb). Essa solicitação também sugere que a oração possa ser transmitida. Aquele seguidor não se referia a uma prece previsível ou habitual, mas falava acerca de uma súplica verdadeira, sincera, que flui de uma comunhão genuína com Deus. Sim, até mesmo esse tipo de oração pode ser aprendido. 86


A vida dos guerreiros

E. M. Bounds, um ilustre guerreiro de joelhos do século 20, escreveu: A oração é um ofício a ser aprendido, uma tarefa vital. Devemos ser praticantes e usar o nosso tempo nisso. Esmero, reflexão, treinamento e dedicação são necessários para ser um hábil artífice na oração.6

Aprendemos praticando. Você aprende a orar orando, assim como só se consegue nadar... Nadando. Antes de se tornar experiente nessa prática, você deve se dedicar a treiná-la. Jesus explicou aos discípulos: Quando orardes, dizei (Lc 11.2a). Então, o Mestre começou a descrever-lhes uma das orações mais famosas - o Pai-Nosso. Ressalto mais uma vez a ideia de que Jesus ensinou que aprendemos a orar enquanto oramos. Assim, podemos deduzir que essa arte somente é dominada quando cedemos à disciplina da intercessão. C. H. Spurgeon, em seu livro Lectures to my students [Lições aos meus alunos], instrui jovens pregadores acerca da necessidade de desenvolver uma vida particular de oração. Nele, Spurgeon descreve um de seus contemporâneos, Joseph Alleine, um pastor puritano inglês e autor de muitos livros: "Naquele tempo, a saúde dele era boa", relatou sua esposa. "Levantava-se sempre às quatro horas, ou antes disso, e haveria um grande problema se ele ouvisse os ferreiros ou outros artesãos trabalhando antes que ele pudesse estar em comunhão com Deus. Sempre dizia

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GUERREIROS DE JOELHOS assim: 'Como esse tumulto me envergonha. Meu Mestre não merece mais do que isso?' Então, das quatro às oito, ele se punha a orar em consagração e cantava salmos, nos quais muito se alegrava, praticando todos os dias, sozinho ou com a família".7

DEFINA UM HORÁRIO DE ORAÇÃO Daniel, profeta e estadista, foi o modelo de uma vida disciplinada de oração. As Escrituras relatam: Três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus (Dn 6.10b). Conforme muitos, sentia como se não tivesse tempo para orar regularmente. Eu me escondia atrás de desculpas: "Não tenho tempo"; "Preciso cuidar dos meus filhos"; "Tenho de ir trabalhar, cozinhar, limpar a casa, ir ao mercadinho" ou qualquer outra distração que pudesse apresentar. Todas essas desculpas tentavam justificar a indisciplina na minha vida de oração. Certa vez, li o seguinte: "Aqueles que usam a 'síndrome do estou muito ocupado', acabam desenvolvendo 'imunidade' à oração". Que poderoso! Gostaria de ter dito isso! Parece que acabei de dizê-lo. Estabelecer um horário de oração é quando se reserva, propositadamente, um tempo específico no cotidiano como "o momento de orar". Como primeiro ministro na Babilónia, Daniel estava muito ocupado cuidando de assuntos governamentais, mas, mesmo assim, teve tempo de desenvolver e guardar seu devocional diário (Dn 2.48; 5.29). Selecionar esses instantes de comunhão requer que você também entenda como trabalha o seu relógio biológico. Se você acorda cedo, escolha um horário pela

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A vida dos guerreiros

manhã. Se dorme tarde, dedique-se à oração constante durante a noite. Em Prayers [Oração - O segredo de abrir o coração], obra clássica de Hallesby, o autor declara: "A primeira e decisiva batalha ligada à oração é o conflito que surge quando estamos prontos a planejar estarmos a sós com Deus todos os dias".8

Aqueles que usam a 'síndrome do estou muito ocupado', acabam desenvolvendo 'imunidade' à oração.

Meu momento de oração é pela manhã, das 4h às 5h, quando todos em minha casa estão dormindo e não há interrupção. Sempre fui de acordar cedo. Na verdade, quando me casei há 30 anos, Marlinda reclamava quando eu tentava envolvê-la em conversas profundas às 4h da manhã: "Só alguém insano fica feliz e animado tão cedo", dizia ela. Eu não me importava e continuava falando até que ela pegasse no sono. Meu parceiro de oração também acorda cedo, e sempre oramos pelo telefone nas quartas-feiras, às quatro e meia da manhã. É o nosso melhor horário da semana. Se a sua vida é tão imprevisível, e você não consegue estabelecer um horário de oração, algo deve estar errado. O inimigo de nossa alma pode ter fincado fundamentos em sua vida. C. S. Lewis escreve em The Screwtape letters [As cartas do inferno] sobre como Screwtape (um demónio do alto escalão infernal) treinava seu sobrinho Wormwood (espírito maligno inferior) a fim de distrair os cristãos, atrapalhando-os de várias maneiras e a qualquer preço quando começavam a orar. 89


GUERREIROS DE JOELHOS

Tal alegoria esclarece-nos acerca da perspectiva do inimigo: o verdadeiro intercessor é letal para sua causa.9 Mesmo em nossa época, essa concepção ainda prova ser real. O tentador continua a enganar as pessoas com desculpas. Talvez Screwtape e Wormwood estejam impedindo sua capacidade de construir um tempo de oração. Lembre-se de que a busca por Deus deve ser diária. Sua sede de conhecê-Lo e ser usado por Ele não pode ser algo periódico ou aleatório. Nosso Pai merece o melhor, e você é capaz de viver à altura de Suas expectativas. Separe um tempo para a oração! Apenas uma emergência terrível deveria interromper seu período de oração e, mesmo assim, deve ser uma situação realmente extrema. Se você permitir que os típicos contratempos da vida influenciem esse momento, causando transtornos em seu cronograma de intercessão, você será lentamente arrastado a um estilo de vida sem oração, apesar de suas melhores intenções. DEFINA UM LOCAL DE ORAÇÃO Daniel estava determinado a ter a vida de um guerreiro de joelhos. Isso somente foi possível porque esse profeta instituiu um local de oração. As Escrituras retratam tal lugar desta forma: Entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus (Dn 6.10b). Daniel havia descoberto o segredo para uma vida devocional disciplinada: um local habitual para encontrar-se com Deus. No caso desse jovem, um quarto em sua casa onde 90


A vida dos guerreiros

ele podia olhar para Jerusalém, a cidade santa e sagrada do povo hebreu. Sua sede de conhecer Deus e ser usado por Ele não pode ser algo periódico ou aleatório. Nosso Pai merece o melhor.

Conforme qualquer outro intercessor, esse profeta exercitava sua liberdade para orar não só em seu local escolhido, mas em todo lugar. A oração se tornou parte habitual de sua força espiritual e de seu modo de interpretar os sonhos durante os primeiros dias na Babilónia, quando ele e seus três amigos - Hananias, Misael e Azarias - foram submetidos a uma orientação rigorosa acerca da cultura babilónica (Dn 1.11-16). Daniel deve ter entendido o cântico de Davi no Salmo 139.7-10, que diz: Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

O local que escolhi para oração é meu escritório. Um dia, enquanto estava lá, Marlinda entrou e apontou para uma das cadeiras. "Deve ser lá o seu lugar de oração", disse. "Como você sabe?", perguntei. "A oleosidade do seu cabelo marcou aquele ponto em particular dessa cadeira. É onde você encosta

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a cabeça enquanto ora". Encabulado, balancei a minha cabeça concordando. Estabelecer um local reservado para oração ajuda a minimizar as distrações quando você intercede. Se você é como eu, distrações roubam sua atenção totalmente. Por exemplo, andando por um quarto, posso notar um quadro torto na parede, então, tenho de arrumá-lo, mesmo não estando em minha casa. É difícil concentrar-me na tarefa, a menos que tudo ao meu redor esteja organizado, e fica impossível orar em um local desarrumado. Em vez de focar na oração, preocupo-me em arrumar algo. Todavia, mesmo com minhas idiossincrasias, continuo a defender uma política sem desculpas quando se trata da oração. Muitos provavelmente dirão: "Meu espaço ideal de oração está sempre desarrumado". Então, talvez você deva reservar um espaço em uma mesa, na cozinha ou improvisar um lugar específico de oração. Pode ser também que precise aumentar sua tolerância por desorganização. Uma dona de casa fez isso. Após seu terceiro filho, raramente encontrava um lugar onde não havia um soldadinho de brinquedo ou uma pequena peça de montar. Então, começou a olhar para a falta de organização dos filhos como um sinal do amor e do favor de Deus, focando no fato de ter sido abençoada com um menino saudável e uma família ativa. Já ouvi pessoas usarem muitas desculpas: "Moro em um apartamento pequeno. Não há um espaço adequado para orar". Então, pergunto: "E o seu quarto?". Quando não funciona, questiono: "E o seu banheiro?". Se ainda descartarem isso, prossigo: "E o seu dosefí". Tudo de que você precisa é um pequeno

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A vida dos guerreiros

espaço onde possa ficar, sem interrupções, focado apenas em buscar o Senhor em oração. Se você deseja galgar à posição de guerreiro de joelhos, deve estabelecer um local de oração.

Em seu livro, The hour that changes the world [A hora que transforma o mundo], Dick Eastman escreveu: Considere Susanna Wesley. Mãe de 19 filhos, incluindo John e Charles [fundadores da Igreja Metodista], ainda encontrava tempo para orar diariamente. Essa cristã devota sempre dedicava ao Senhor nada menos do que uma hora inteira de cada dia para a oração [...] Não tinha um local específico para a orar. Então, em seu horário reservado para o exercício espiritual, vestia seu avental, puxando-o sobre a sua cabeça. Seus filhos tinham sido instruídos a nunca atrapalharem 'mamãe' enquanto estivesse orando daquela forma.10

Mesmo que isso possa parecer um exagero para você, reflita sobre como os dois filhos dessa mulher ajudaram a moldar o mundo. Colocar um avental sobre a cabeça fora um preço ínfimo para alcançar tão tremendos resultados. Se você deseja galgar à posição de guerreiro de joelhos, deve estabelecer um local de oração. Não adie até conseguir uma casa maior ou os filhos partirem para a faculdade. É tempo de decidir, mas não fique preso somente a uma 93


GUERREIROS DE JOELHOS

escolha. Sempre se pode mudar de um espaço a outro, no mês seguinte, após um ano, ou mesmo quando houver necessidade. A ideia é estabelecer um local de oração agora mesmo. DEFINA UMA PAUTA DE ORAÇÃO Extraindo mais uma vez a sabedoria da vida de Daniel, aprendemos que ele tinha um horário e um lugar definidos para orar e também uma pauta de oração (Dn 6.10). Isso diz respeito a enumerar questões sobre as quais se deseja abordar no encontro com Deus. Assim como grandes reuniões possuem pautas específicas, os momentos de oração requerem uma série de itens também. A lista de Daniel incluía: Render graças ao Senhor, suprir as necessidades de Jerusalém, apossar-se das promessas do Altíssimo para a cidade santa e para o seu povo, além de buscar o socorro divino em relação à sua vida pessoal (v. 11). Embora possamos somente especular os outros itens constantes na lista de oração de Daniel, temos certeza de que ele não estava distraído durante seu momento devocional. Guerreiros de joelhos têm sido comissionados por Deus para construir e expandir o Seu Reino, proteger os justos e ganhar os perdidos orando com fervor. Tudo isso só pode ser alcançado quando se tem uma abordagem de intercessão estratégica. Sempre que ensino acerca de como estabelecer uma lista de oração, desenho um círculo e divido-o em cinco partes. Cada fração representa uma área básica de responsabilidade que os guerreiros espirituais têm de assumir, por fazer em parte do foco de sua oração. Classifico cada um desses espaços com um dos cinco pês usados para criar uma pauta de oração. (Veja o 94


A vida dos guerreiros

gráfico da oração). São eles: paixões, pessoas, posses, propósitos e problemas. Eu instruo os alunos a distribuírem seis minutos para cada área, a fim de abordar totalmente os problemas pelos quais estão orando em apenas 30 minutos. O significado de cada "P" pode ser alterado se você estiver em oração por organizações, nações, famílias e tudo aquilo que se torne um peso em seu coração.

Ore a fim de que a sabedoria de Deus batalhe contra os problemas.

Ore para que paixões, desejos e anseios estejam sob o senhorio de Cristo.

Ore a fim de que Deus conduza muitos a uma vida que seja fonte de bênçãos e cheia de intimidade

Ore para que todos descubram o propósito

Ore para que não se deixem dominar pelos bens, mas que ainda aumentem seus recursos e suas riquezas.

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GUERREIROS DE JOELHOS

Esse sistema é um roteiro destinado a estruturar as várias áreas pelas quais se está orando, para além de apenas questões pessoais. Por exemplo, se eu quisesse orar pelo meu irmão que mora com sua família em Maryland, utilizaria o gráfico da oração dessa maneira: "Deus, ajude Norman a controlar suas paixões para que não o tirem de Sua vontade. Conceda-lhe paixão por sua esposa, Althea, e por seu filho, Kyle. Cerque-os de pessoas que os amem e se importem com eles profundamente. Dê-lhe a companhia de pessoas com dons e habilidades nas áreas que lhes faltam, a fim de que a vida deles seja completa e plena". Ao avançar pelo círculo, chegaria à palavra posses. Minha oração continuaria, e eu pediria ao Pai que entregasse a Norman as posses das quais precisa para viver de forma satisfatória e gerenciar seus negócios eficientemente: "Dê-lhe propriedades e recursos para que sempre tenha a mais. Senhor, que a vida do meu irmão seja preenchida e dirigida pelo Seu propósito; um objetivo que tenha a Sua vontade como centro". Terminaria pedindo ao Altíssimo que concedesse a Norman sabedoria para vencer os problemas que está enfrentando. Como você pode ver, esse guia é muito simples de usar, além de atribuir um foco que nos permite ser minuciosos quanto à maneira pela qual oramos pelos outros.

Quando orarmos pelos outros, ignorando necessidades pessoais, nossa vida começará a apresentar rachaduras que indicam a falta da direção de Deus.

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A vida dos guerreiros

Alguns intercessores fazem listas que incluem nomes de pessoas pelas quais foram movidos pelo Espírito Santo a orar. Você pode ampliar essas pautas para que incluam nações, questões sociais e promessas ainda não cumpridas que Deus colocou em seu coração. O propósito de criar esse tipo de lista, segundo Paulo recomendou a Timóteo, é garantir que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade (l Tm 2.1b,2), a fim de que tal exigência bíblica seja alcançada quando você entrar em seu local de oração. A enumeração desses itens também ajuda a erguer um escudo de oração em favor das grandes áreas de sua vida e família. Quando oramos pelos outros, ignorando necessidades pessoais, nossa vida começa a apresentar rachaduras que indicam a falta da direção de Deus. Ter uma abordagem holística em relação à oração nos ajuda a manter a perspectiva de um guerreiro em vigilância espiritual. Viver conforme um soldado espiritual requer compromisso e presteza constantes. Assim como Daniel, você deve manter uma postura de prontidão. O local de oração daquele profeta nunca foi ignorado, porque ele desenvolveu o hábito da intercessão. Se a oração não é o seu primeiro amor, faça dela sua principal disciplina e você também se tornará um guerreiro de joelhos.

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l

1

Disponível em: <http://www.egs.edu/library/augustine-of-hippo/ quotes/ >.

2

SPURGEON, 1856. 3 SHIRER,2006,p. 14. 4

TOZER, 2009, p. 12. WUEST,2002,p. 800. 'BOUNDS, 1997, p. 35,36. 7 SPURGEON, 1875, p. 77. "HALLESBY, 1994, p. 91.

5

9 10

LEWIS, 1976. EASTMAN, 2007, p. 21.


* :.^—_

VA1OAN3



Capítulo 4

AS ARMAS DE UM GUERREIRO DE JOELHOS

INGUÉM CHAMARIA O EX-SECRETÁRIO DE ESTADO DOS EUA,

Colin Powell, de relapso. O primeiro e único afro-americano a ser nomeado chefe do Estado-Maior Conjunto, que inclui todas as Forças Armadas, é um estadista e general de alta patente. Porém, por admissão própria, ele era "prematuro e insuficiente"1 na juventude. Na verdade, sua incapacidade de ater-se a algo e destacar-se academicamente era motivo de grande preocupação para seus pais, imigrantes jamaicanos que enfatizavam a excelência académica e as conquistas pessoais.


GUERREIROS DE JOELHOS

Então, tudo mudou. Ele entrou para o Exército. "Encontrei algo que consigo fazer bem. Eu conseguia liderar. Tal descoberta não fora pequena para um jovem aos 20 anos".2 Alguém que troca a vida civil pela militar sofre uma mudança brusca e drástica. Semelhante a que ocorre quando você muda seus status de um civil espiritual para um guerreiro de joelhos. Uma série de benefícios surge quando se leva a sério a oração, assim como entrar para o Exército proporciona propósito, produtividade e metas à vida dos novos alistados. Tais qualidades propiciam a conquista de disciplina. Antes de poder ser treinado na arte da batalha espiritual e de acostumar-se às armas que Deus lhe confiou, deve-se entender que nunca mais se é o mesmo. Na verdade, seria perigoso para você e para os soldados manter-se apegado a uma mentalidade civil. A estrutura das Forças Armadas dos EUA apresenta quatro categorias: Civil, Reserva Militar, Guarda Nacional e Forças Armadas. A reação dos indivíduos incluídos em cada uma dessas classes seria bastante distinta caso explodisse uma guerra. Civis não são alistados na guerra nem foram treinados em táticas ou técnicas de combate. São espectadores e não participantes diretos. Também não possuem autorização governamental oficial para portar armas militares, são pessoas comuns que desfrutam da liberdade proporcionada pelas Forças Armadas. A Reserva é composta por cidadãos recrutados oficialmente pelo Exército, que recebem treinamento constante enquanto mantêm suas carreiras civis. Esses soldados de meio-período somente lutam quando são convocados oficialmente, o que pode ou não ocorrer durante suas carreiras. Eles não são combatentes em tempo integral.

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As armas de um guerreiro de joelhos

Um militar da Reserva pode, por exemplo, trabalhar como contador, ao passo que participa de exercícios com outros reservistas uma semana ao mês a fim de manter suas técnicas afiadas. A cada ano, exige-se que esses militares participem de treinamentos rigorosos e específicos por um período de duas semanas adicionais. Alguns cristãos utilizam esse método de combate de meio-período na batalha espiritual. Alguns estão mais preocupados com carreira ou família, sem se concentrar em, principalmente, no avanço do Reino de Deus. Para esses, o rigor da vida militar só ocorre esporadicamente, quando surge uma crise familiar que exija oração intensa e jejum. Passam a maior parte do tempo no conforto da vida civil.

Alistar-se no exército de Deus não é opcional. É uma ordem. Um serviço de tempo integral.

A Guarda Nacional é mais uma opção para os cidadãos americanos. Assim como os militares da Reserva, esses civis servem em um regime de tempo parcial, uma semana ao mês e por um período de duas semanas ao ano. Os membros da Guarda podem viver e trabalhar onde escolherem, já que a atenção principal deles está sobre a vida civil. Diferentemente dos reservistas, detêm dupla incumbência: servir ao governo estadual e federal caso haja necessidade. Embora seja possível um remanejamento, esses

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As armas de um guerreiro de joelhos

Um militar da Reserva pode, por exemplo, trabalhar como contador, ao passo que participa de exercícios com outros reservistas uma semana ao mês a fim de manter suas técnicas afiadas. A cada ano, exige-se que esses militares participem de treinamentos rigorosos e específicos por um período de duas semanas adicionais. Alguns cristãos utilizam esse método de combate de meio-período na batalha espiritual. Alguns estão mais preocupados com carreira ou família, sem se concentrar em, principalmente, no avanço do Reino de Deus. Para esses, o rigor da vida militar só ocorre esporadicamente, quando surge uma crise familiar que exija oração intensa e jejum. Passam a maior parte do tempo no conforto da vida civil.

Alistar-se no exército de Deus não é opcional. É uma ordem. Um serviço de tempo integral.

A Guarda Nacional é mais uma opção para os cidadãos americanos. Assim como os militares da Reserva, esses civis servem em um regime de tempo parcial, uma semana ao mês e por um período de duas semanas ao ano. Os membros da Guarda podem viver e trabalhar onde escolherem, já que a atenção principal deles está sobre a vida civil. Diferentemente dos reservistas, detêm dupla incumbência: servir ao governo estadual e federal caso haja necessidade. Embora seja possível um remanejamento, esses

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GUERREIROS DE JOELHOS

homens e essas mulheres trabalham principalmente como civis, desfrutando de todos os confortos que essa vida lhes proporciona. A última categoria abarca os soldados de tempo integral. Esses são militares de carreira cujo único foco está no combate. Eles não se dão ao luxo de voltar para casa após uma semana de serviço, bem como não demonstram cansaço físico ou mental entre as missões. O estilo de vida de um combatente da ativa requer prontidão constante para a batalha, além do desejo de tornar-se melhor a cada ano. De modo algum se distraem com atividades civis ou escolhas pessoais. Eles não conhecem o significado de relaxar sem pensar: "O que acontece se hoje estourar uma guerra? Estou preparado?". Esta é a perspectiva que Paulo mantinha quando escreveu a Timóteo: Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo (2 Tm 2.3). Conforme seu mentor, Timóteo tinha de refletir, agir e viver tal qual um soldado - um guerreiro de joelhos em tempo integral, comprometido com as questões do Reino de Deus.

Se almejarmos fortemente nos tornarmos soldados espirituais excelentes, não nos podemos permitir escapar do rigor do treinamento, ou do aprendizado eficaz acerca de táticas e armamentos de combate: as armas defensivas guardam e protegem contra os ataques, enquanto as ofensivas permitem aos soldados avançarem e vencerem o inimigo.

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As armas de um guerreiro de joelhos

Sob qual categoria melhor se encaixa sua vida de oração - Civil, Reserva, Guarda Nacional ou Forças Armadas? Muitos não vivem conforme soldados espirituais o tempo todo. Mesmo assim, o chamado para se envolver nessa batalha tem sido aceito por mais e mais pessoas a cada dia. Os cristãos têm começado a levar a sério o mandamento das Sagradas Escrituras que diz: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo (Ef 6.11). Alistar-se no exército de Deus não é opcional. É uma ordem. Um serviço de tempo integral. Não podemos escolher trabalhar meio-período. Os riscos são muito altos para desejarmos a recompensa dos militares treinados enquanto vivemos apenas como civis. Iremos até o fim conforme soldados de carreira. Se almejamos fortemente nos tornarmos soldados espirituais excelentes, não nos podemos permitir escapar do rigor da preparação. No exército americano, começa-se a aprender acerca de táticas e armamentos de combate logo no início do treinamento. Essas armas, mesmo na batalha espiritual, encaixam-se em duas categorias: defensivas e ofensivas. Aquelas, guardam e protegem contra ataques, enquanto estas permitem aos soldados avançarem e vencerem o inimigo. APRENDA A USAR SUAS ARMAS DEFENSIVAS Em Efésios 6, Paulo lista várias armas espirituais de defesa. Outras também podem ser encontradas ao longo do Novo Testamento. A tabela a seguir lista a maioria delas, refletindo a preocupação de Deus com nossa eficácia na batalha espiritual.

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GUERREIROS DE JOELHOS ARMAS DEFENSIVAS

1

Vestir toda a armadura

Ef 6.11-13

2

Ficar firme contra Satanás (permanecer na vontade de Deus)

Ef 6. 13,14

3

O cinturão da verdade

Efó.14

4

A couraça da justiça

EÍ6.14

5

O escudo da fé

Efó.16

6

O capacete da salvação

Ef6.17

7

A oração

Ef6.18

8

Praticar o perdão

2 Co 2.8-11

9

Submissão a Deus

Tg4.7

10

Ficar firme na fé (obedecer à Palavra de Deus)

1 Pé 5.9

11

Praticar o autocontrole

1 Pé 5.8

12

Ficar alerta

1 Pé 5.8

Em razão de Satanás sempre intentar ataques contra nós, Deus nos fornece armas de defesa para nossa proteção. Pedro escreve: Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo. l Pedro 5.8,9

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As armas de um guerreiro de joelhos

O maligno sempre procura explorar alguma área de fragilidade ou ponto desprotegido de nossa vida para que possa exercer influência ali. Deus nos incentiva a utilizar nossos recursos defensivos para, assim, estarmos aptos a proteger os bens valiosos que Ele nos confiou. Vamos explorar cada arma defensiva dessa lista. Revestir-se de toda a armadura de Deus Tornar-se um guerreiro de joelhos significa seguir o conselho de Paulo em Efésios 6.11: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Colocar uma armadura é muito mais do que uma prova de roupa. Assemelha-se à situação de alguém que deixa a vida civil e se torna um soldado de carreira, para quem toda essa vestimenta passa a ser um item permanente. Serve também de sinal a você e aos outros de que se está em batalha espiritual o tempo inteiro. Esse acessório demonstra estar pronto a reagir e lutar contra qualquer ataque do inimigo. Alma, uma executiva e mãe de uma família jovem, reveste-se diariamente de várias formas. A cada manhã, reserva uma hora para orar, ler a Bíblia e cantar, ouvindo louvores em seu iPod. Depois disso, sente-se confiante, sabendo que vestiu toda a armadura e está pronta para assumir os desafios diários. Ficar firme contra Satanás Quando se toma uma postura de defesa, decide-se, antecipadamente, que não irá recuar. Retroceder significaria entregar uma valiosa promessa de Deus, parte do seu destino,

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GUERREIROS DE JOELHOS

ou algo estimado, ao arbítrio do inimigo. Paulo alerta quanto a permanecermos firmes contra as ciladas de Satanás (Ef 6.13,14). Essa postura irá mante-lo comprometido com a vontade de Deus, não importando quão difícil ou desconfortável seja o desafio. Por exemplo, se você crê que Deus o abençoou com seu emprego atual, por que permitir que o diabo o afaste dele? Defenda seu território! Firmar-se na vontade de Deus é como ter um porto seguro. É uma das ferramentas mais preciosas dEle para nos proteger. Em Colossenses 4.12, relata-se acerca de Epafras, que lutou intercedendo pelos cristãos em Colosso: Ele está sempre batalhando por vocês em oração, para que, como pessoas maduras e plenamente convictas, continuem firmes em toda a vontade de Deus (Cl 4.12b - NVI). Da mesma forma, é minha oração que você se defenda contra as hostes do inferno, mantendo-se, em tudo, firme na vontade de Deus.

Semelhante situação acontece a quem deixa a vida civil e se torna um soldado de carreira, pois, para ele, toda a armadura de Deus passa a ser um item permanente.

Frank, um dos membros da minha congregação, sentiu-se forçado a se mudar com a família para o outro lado da cidade - forçando os filhos a mudarem de escola e afastando-os do convívio dos amigos. Questionei-lhe o porquê de ter

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envolvido sua família naquela mudança radical, e, mesmo não conseguindo responder naquele momento, orou e descobriu que estava, na verdade, buscando preencher um vazio na própria vida. Estava chateado, percebendo ser impotente diante dos problemas relacionados à sua empresa de autopeças. Frank também ficou desiludido por estar envelhecendo. Assim, optou por ficar parado, tentando descobrir o verdadeiro sentido de permanecer sob a vontade de Deus. Então, a partir de conselhos pastorais, pude ajudá-lo a lidar, de forma apropriada, com as situações que ele estava enfrentando. O cinturão da verdade Você sabia que dizer a verdade é uma arma defensiva? Paulo comparou isso a algo bem comum em sua época - o cinto grosso de couro de um soldado romano - para falar que a verdade é um elemento essencial para a vitória na vida cristã. O cinturão desses guerreiros segurava sua espada e outros equipamentos da mesma forma em que, hoje, militares da infantaria fixam, em seus cintos de guarnição, coldres e carregadores. Quando totalmente equipado e preso ao redor da cintura de um soldado moderno, o cinto é um sinal de que se está pronto para lutar. Armar-se com a verdade oferece uma força defensiva incomparável. A verdade liberta. Liberta-o das garras do pecado, protegendo sua integridade e credibilidade. Permitir que a verdade seja sua posição de defesa espiritual significa se comprometer a viver sem culpa, em sinceridade e discrição. Uma vida definida pela verdade sobrevive às ciladas e aos assaltos do maligno.

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Criar os filhos não é uma tarefa fácil, ainda mais quando você descobre que não pode escolher, antes, o tipo de criança que deseja. Você quer um atleta; Deus lhe dá um músico. Sonha com um cantor, e seu filho ama esportes Danielle, minha filha mais velha, teve muitas dificuldades em Matemática no sétimo ano. Eu havia obtido um mestrado em Engenharia Civil e trabalhei para empresas de consultoria ambiental antes de me dedicar ao ministério, então essa disciplina era fácil para mim. Assim, toda noite me sentava com ela na tentativa de ajudá-la a entender essa disciplina, mas o resultado era sempre o mesmo. Nós dois nos frustrávamos um com o outro, e os ânimos ficavam exaltados. Enquanto seu estresse vinha de não conseguir aprender, o meu surgia de acreditar que ela poderia compreender, mas só queria se fazer de difícil. Certa noite, estava tão bravo que apenas entrei em meu escritório, fechei a porta e comecei a orar. Precisava de Deus para ajudá-la a "entender". Esse era um pensamento meu. Ela era o problema, eu achava. Em poucos minutos de oração, o Espírito Santo falou essas exatas palavras ao meu coração, "David, você a mandou para aquela escola!"

Uma vida definida pela verdade sobrevive às ciladas e aos assaltos do maligno.

Imediatamente, parei de orar. Aquela verdade me libertou, e toda a raiva desapareceu imediatamente. O mistério tinha sido resolvido. Minha filha estudara em uma escola particular

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As armas de um guerreiro de joelhos

cristã até o sexto ano. O novo colégio dava enorme ênfase à Matemática e Ciências, áreas nas quais Danielle estava com dificuldade. Então, deixei meu escritório armado com a compreensão do que eu teria de fazer: contratar um professor particular e preservar nosso relacionamento. Se eu não tivesse orado, de modo algum teria aprendido a verdade que me ajudou a delinear a perspectiva correta. A couraça da justiça Conforme os policiais de hoje em dia, que vestem coletes à prova de balas para protegerem seus órgãos vitais de tiros, soldados romanos também resguardavam o peito e as costas com uma couraça na época em que Paulo escreveu sua carta para a igreja de Éfeso. Paulo queria que defendêssemos nosso coração, o alvo principal do diabo. Em Sua infinita sabedoria, Deus idealizou a justiça como sendo a textura protetora de nossa couraça espiritual. No momento em que aceitamos Cristo como nosso Salvador, Sua justiça é creditada a nós. Ao referir-se ao Mestre, Paulo ensinou: Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21). Andando no caminho do Senhor, percorremos os caminhos da retidão. Essa arma defensiva é usada para garantir que nosso caráter, nossa ética, moral e nosso comportamento geral reflitam os traços de um genuíno seguidor de Jesus. A santificação é uma arma de defesa. O escudo da fé Novamente, Paulo faz uma referência à armadura de um soldado para ilustrar a verdade espiritual. O guerreiro romano

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GUERREIROS DE JOELHOS

usava dois tipos de escudo. Um era pequeno e brilhante e era, em geral, utilizado no combate corpo a corpo. O outro era maior, com pouco mais de um metro de altura por meio metro de largura, protegendo-o de flechas e outros ataques de projéteis. O antigo ditado era "Ou se volta da batalha com o escudo ou sobre ele". Alguns têm feito referência ao escudo da fé equivocadamente, como sendo um conjunto de convicções ou doutrinas cristãs, mas Paulo fazia alusão à confiança que devemos ter em Deus. A arma defensiva conhecida como o escudo da fé é nossa confiança nEle, por Sua proteção e Suas promessas. A Bíblia afirma: O caminho de Deus é perfeito; a palavra do SENHOR é provada; é um escudo para todos os que nele confiam (SI 18.30). A atitude de confiar no Todo-Poderoso apaga todos os dardos que Satanás usa para fazer com que vivamos em dúvida. O capacete da salvação O elmo de combatente romano era feito de couro grosso, sempre coberto por metal, protegendo-o de espadas em movimento, flechas em chamas e lanças pontiagudas durante a batalha. O uso do capacete da salvação, como arma de defesa, dá-nos segurança de que, por meio da conversão, fomos adotados pela família de Deus. Pertencemos a Ele, e nossos problemas passam, também, a serem os dEle. O Altíssimo lutará por nós e conosco contra nosso inimigo em comum, Satanás. Podemos ver que Paulo via esse acessório como inestimável quando declarou: Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou,

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as riquezas da gloriosa herança dele nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua poderosa força (Ef 1.18,19 - NVI).

A arma defensiva conhecida como o escudo da fé é nossa confiança em Deus, por Sua proteção e Suas promessas.

Mike, um alcoólico em recuperação, confessou-me após um culto de domingo pela manhã que, durante toda a semana, fora tentado a beber uma dose. Todavia, resistiu toda vez, orando fervorosamente. Talvez assim ele tenha aprendido o mais importante: sua salvação é poderosa o bastante para o fazer vencer a vontade de afogar seus problemas em uma garrafa. A oração Paulo escreve em Efésios 6.18: Orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos. Nisso, vemos a oração tanto quanto arma de defesa como de ataque. Irei me aprofundar sobre a natureza da oração e sua relação com as batalhas espirituais no capítulo 6. Praticando o perdão O compromisso de praticar o perdão não é bom apenas para você; também serve de estratégia espiritual. Paulo entregou

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GUERREIROS DE JOELHOS

aos cristãos em Corinto a seguinte visão: E a quem perdoardes alguma coisa também eu; porque o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás, porque não ignoramos os seus ardis (2 Co 2.10,11). A experiência desse apóstolo em batalha espiritual e sua defesa contra os ataques de Satanás ensinaram-lhe que a falta de perdão concede legalmente ao diabo o direito de atacar. O inverso também é verdade. Perdoar revoga o direito do inimigo de se infiltrar em sua vida e seu coração. O perdão àqueles que o ofenderam e machucaram é uma arma defensiva poderosa. Lembra-se do personagem José, do Antigo Testamento? Sem qualquer resquício de ira, amargura ou ressentimento contra seus irmãos invejosos, que o venderam como escravo, ele praticou o perdão, e isso lhe deu acesso às promessas de Deus para sua vida. Você também pode experimentar a bênção de se achegar ao que fora prometido pelo Senhor, colocando em uso essa arma. Submissão a Deus Satanás não tem autorização para tocá-lo, se você vive em total submissão a Deus e à Sua vontade. Tiago afirma: Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (Tg 4.7). Submeter-se ao Senhor significa rendição e obediência total aos desejos e à direção dEle para sua vida. Quando você coloca essa arma defensiva em prática, não há nada que Satanás possa fazer para feri-lo. Isso aconteceu a Marcus, um membro de minha igreja, quando lhe foram apresentadas duas propostas de trabalho. Ele

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decidiu escolher o emprego que pagava menos, porque oferecia chances maiores de crescimento e desenvolvimento, além do fato de a política de uma das empresas se encaixar melhor ao seu estilo de vida, oferecendo flexibilidade e melhores benefícios. Entretanto, ele compartilhou comigo que essa escolha deveu-se ao fato de que havia sentido a paz divina com relação àquela empresa em particular. Estar de acordo com a vontade de Deus era mais valioso para ele do que ganhar alguns dólares a mais. Sem questionar, Marcus aprendeu que se submeter ao Senhor é um caminho infalível para a vitória espiritual e natural.

Satanás não tem autorização para tocá-lo, se você vive em total submissão a Deus e à Sua vontade.

Ficar firme na f é

Pedro diz que podemos resistir a Satanás e aos seus ataques, firmando-nos na fé (l Pé 5.9). Essa ação defensiva sugere que crer e obedecer à Palavra de Deus nos sustenta. Não devemos recuar ou desistir de posses preciosas por causa do inimigo. Resistimos com sucesso aos ataques do inimigo quando permitimos que a Bíblia se torne a base de nossa fé e do nosso cotidiano. Você pode aplicar essa estratégia de defesa em cada área da sua vida, inclusive no âmbito familiar. Firmar-se na fé, enquanto se instrui os filhos no temor do Senhor, fará com que Deus o ajude a ter o sucesso que você deseja em relação ao bem-estar deles.

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Praticar o autocontrole Pedro é um autor bíblico que aprendeu pessoalmente que a ausência de domínio próprio pode causar sofrimento e decepção. Em l Pedro 5.8, aprendemos dele que o autocontrole é uma arma defensiva: Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. À medida que você pratica a técnica de controlar e reter suas ações, suas emoções e seus sentimentos, será também capaz de defender seu território quando chegar o dia mau. A falta de controle pode ser observada quando uma jovem se envolve com o rapaz errado, na esperança de preencher o vazio causado pela falta de amor de um pai. Se houvesse usado essa arma de defesa, jamais teria passado à frente do Senhor, escolhendo estar com um homem que não se encaixa nos padrões bíblicos para casar-se com uma das filhas de Deus. A perda do autocontrole também se nota quando alguém decide agarrar uma oferta de emprego que paga mais, em vez de pedir a direção do Senhor em oração. Isso é reflexo da falta de equilíbrio, pois muitos desses problemas poderiam ser evitados com a prática dessa virtude. Um guerreiro de oração é sempre chamado a orar por pessoas sem temperança, a fim de que elas encontrem saúde emocional e espiritual. Ficar alerta Você se lembra de que Jesus disse a Pedro que Satanás queria peneirá-lo como o trigo? Esse discípulo era tão imaturo que até tentou repreender Jesus (Lc 22.31-33). Anos mais tarde, Pedro advertiu-nos de que a vigilância é a arma de defesa que todos

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os seguidores de Cristo devem empregar (l Pé 5.8). O aviso é que Satanás está à espreita, procurando por pessoas desavisadas a quem possa devorar. Ficar alerta significa não subestimar o oponente. Nunca devemos minimizar o impacto do pecado, brincar com a tentação ou sequer cogitar a ideia de viver fora da vontade de Deus. O estado de alerta é a prontidão. É estar vigilante não apenas por nós mesmos, mas por nossos irmãos e nossas irmãs no Senhor e também a quem amamos profundamente. Um amigo compartilhou comigo uma pequena história que ressalta a importância de se estar espiritualmente alerta em cada área da vida. Phil se sentia esquisito havia uma semana. Então, percebeu seu corpo pinicar. A sensação começara pela língua, fora até a garganta e, então, espalhou-se pelo corpo todo. Depois de estar assim por certo tempo, aquela sensação simplesmente desapareceu. Sem saber o que fazer, pôs-se a orar. Pouco tempo depois, o Espírito Santo falou ao seu coração que aquele mal fora desencadeado por uma alergia alimentar. Assim, Phil começou a fazer uma pesquisa, listando os alimentos que havia consumido várias vezes naquelas semanas. Para sua surpresa, percebeu que ingerira algo novo: pêssegos. Ele descobriu que era alérgico a essa fruta, parou de comêla, e a sensação de formigamento passou. Ficar alerta é uma tática defensiva que pode nos ajudar em muitos aspectos. APRENDA A USAR SUAS ARMAS OFENSIVAS

As instruções de Paulo em Efésios 6 não estão restritas a armas de defesa, mas incluem o treinamento dos cristãos quanto ao uso de métodos ofensivos. Assim como um exército real não pode vencer batalhas com êxito somente na parte defensiva, deve

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GUERREIROS DE JOELHOS

haver também perícia no ataque. Dessa forma, somos instruídos a galgar novos territórios por Cristo, além de planejarmos, estabelecermos estratégias e lançarmos ataques contra o inimigo por meio de nossa autoridade em Jesus. Guerreiros de joelhos eficazes formulam perguntas estrategicamente calculadas: o que Satanás está tentando fazer? Quais áreas da minha vida Deus está tentando aprovar? As respostas resultarão de um desenvolvimento proativo quanto a ações espirituais pautadas na vontade divina. Observe a tabela a seguir, que lista algumas das armas de ataque que devemos aprender a utilizar por meio da ajuda do Espírito Santo. ARMAS OFENSIVAS

1

Vestir toda a armadura

Ef 6.11-13

2

Calçar os pés com o Evangelho da paz

Ef6.15

3

Usar a Espada do Espírito (usando a Palavra de Deus)

Ef6.17

4

Orar

Ef6.18

5

Evangelizar

2 Co 4.3-6

6

Expulsar demónios

MtlO.l

7

Devolver o dízimo e ofertar

Ml 3.8-12

8

Louvar e adorar

At 16.25-28

9

Resistir aos esquemas de Satanás

Tg4.7

10

Ter humildade

1 Pé 5.5-7

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11

Jejuar

Mt 6.16-18

12

Fazer discípulos

Mt 28. 19,20

Vestir toda a armadura O soldado se paramenta para o combate por duas razões: para proteção e ataque em todos os níveis de combate. A armadura o resguarda das investidas do inimigo, ao passo que também oferece oportunidades ofensivas para derrubar o adversário. Esse traje deve ser usado todo o tempo. O pressuposto defensivo é que sempre se deve estar pronto para aproveitar qualquer chance de retomar tudo o que o diabo roubou de você. Não espere sentado, apenas protegendo seus domínios dos ataques do inimigo. Inicie um contra-ataque a Satanás, em Nome de Jesus.

Ficar alerta significa

nunca subestimar o oponente.

Calçar as botas do Evangelho da paz Paulo citou os calçados típicos dos soldados romanos para tecer uma forte referência a um aspecto particular da armadura cristã na batalha espiritual. Os sapatos desses guerreiros eram cravejados de pregos grossos, iguais às chuteiras que os jogadores de futebol usam hoje. Isso permitia aos militares ficarem arraigados, então, não escorregariam durante um combate corpo a corpo. Da mesma forma, nossos sapatos 119


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espirituais foram feitos de paz, então, não somos arremessados em tempos difíceis. As Escrituras afirmam em Romanos 5.1: Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa paz com Deus nos condiciona a alcançarmos um coração tranquilo quanto ao destino eterno. O Céu será a nossa próxima e última parada após a morte, sendo assim, ter essa paz garante que não mais precisamos nos debater acerca de questões como autopiedade, culpa ou ira divina desencadeadas pelo pecado. Fomos perdoados. Deus fez as pazes conosco quando aceitamos Cristo como nosso Salvador. Quando estamos vestidos para a guerra, cheios da paz de Deus, temos apoio contra as acusações de Satanás. Usar a espada do Espírito

A arma espiritual representada pela metáfora a espada do Espírito (Ef 6.17) pressupõe que podemos e devemos usar as Escrituras para obtermos progresso em nosso relacionamento com o Senhor e em nossa luta contra os poderes deste mundo tenebroso. Isso ocorre fazendo uma confissão. Nesse caso, significa proferir o mesmo que Deus diz em Sua Palavra. Não me refiro a confessar pecados pessoais, mas a revelar aquilo que o Altíssimo deseja. Se você está apregoando o Evangelho diante da agitação política do país ou do comportamento destrutivo de sua família, essas atitudes serão quebradas pela profissão da verdade. Declare a Palavra de Deus sobre sua vida e deixe que o Seu poder opere.

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Cada vez que sua filha Debbie vestia uma minissaia e se maquiava para sair à noite e se divertir, Becky tinha sempre uma declaração preparada: "Deus está retirando o seu prazer de ir a essas festas. Você servirá ao Senhor e até pregará Sua Palavra". Hoje, Debbie é uma ministra ordenada e atua no Bronx, em Nova Iorque. Ela testemunha em seus sermões o quanto ficava brava quando sua mãe usava a Espada do Espírito para desmotivála. No entanto, admite que era uma arma poderosa, capaz de fazer com que ela rejeitasse seus dias de festanças e começasse a buscar a Deus. Orar A oração é uma arma espiritual de defesa e ataque. Um exemplo de ação ofensiva pode ser visto em Atos 13.1-13, quando Paulo, Barnabé e os outros anciãos da igreja da Antioquia se reuniram especialmente para buscarem a Deus. Esse tempo de intercessão resultou em um maravilhoso momento profético para aqueles servos, pois o chamado apostólico de ambos foi revelado a esses líderes, bem como à congregação. Considere usar tal estratégia para avançar em qualquer área de sua vida. Eu o incentivo firmemente a trancar-se com Deus e derramar sua fome por crescimento e progresso diante dEle. Você ficará satisfeito com o resultado.

Declare a Palavra de Deus sobre sua vida e deixe que o Seu poder opere.

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Evangelizar Na batalha espiritual, o inimigo lança ataques violentos contra todos, cristãos e não cristãos. O objetivo de Satanás é cegar a mente dos não cristãos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo (2 Co 4.4b). O evangelismo é a arma ofensiva a ser usada para frustrar esse intento. Compartilhar a mensagem do amor de Cristo aos incrédulos é um grande empreendimento, mas o exercício da oração evangelística, empregado na igreja primitiva, exige muito empenho antes de testemunhar. Essa prática ressalta a eficácia da intercessão em preparar o coração de não cristãos para aceitarem a verdade do Evangelho. Com a sensibilidade espiritual aguçada pelo perdão de Deus, encontrado em Jesus Cristo, levar a mensagem do Evangelho se dará com maior proveito. O clamor pela evangelização é uma ferramenta de ataque que você deve começar a usar hoje. Liste o nome de pessoas por quem ficará pessoalmente encarregado e comece a orar de maneira estratégica para que compreendam o Evangelho. Peça a Deus que o conduza a compartilhar com elas a Sua mensagem em tempo oportuno. O reino de Satanás sofre uma explosão tremenda toda vez que mais pessoas se unem à família de Deus, abandonando o inimigo para sempre. Expulsar demónios Quando Jesus expulsou o demónio de um homem, foi acusado de fazê-lo pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demónios (Mt 12.24). Para defender suas ações ofensivas contra o reino das trevas, Jesus apenas fez uma pergunta retórica: Ou como pode alguém entrar

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em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa? (v. 29). Expelir espíritos imundos é uma forma poderosa de atacar ofensivamente o reino de Satanás e diminuir seu número de seguidores. Devolver o dízimo e ofertar Quem poderia pensar que devolver o dízimo e ofertar são técnicas ofensivas na batalha espiritual? Somente Deus, em Sua infinita sabedoria, teria incluído esse benefício inesperado para essa prática tão comum. O profeta Malaquias revelou o plano de Deus quando compartilhou que o resultado do dízimo - a entrega ou devolução de 10% de sua renda à obra de Deus - faria o Todo-Poderoso repreender o devorador (Ml 3.8-12). A palavra repreender significa falar severamente, corrigir com firmeza ou expressar desaprovação severa. Imagine: você simplesmente honra a Deus com seu dízimo, e Ele diz, de maneira severa, a Satanás que ele deve sair de sua vida e suas posses. Que arma poderosa! Se não a tem utilizado, comece a reorganizar sua vida financeira; então, sua igreja local irá se beneficiar de seu dízimo enquanto você desfruta da proteção de Deus em relação aos seus bens e se posiciona contra as investidas malignas.

A oração evangelística ressalta a eficácia da intercessão em preparar o coração dos incrédulos para aceitarem a verdade do Evangelho.

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Louvar e adorar Essa estratégia de ataque é ilustrada quando Paulo e Silas foram presos após expulsarem um espírito mau da vida de uma mulher. Enfrentando a humilhação pública depois de serem presos injustamente, os servos do Senhor começam a louvar e adorar a Deus (At 16.25-37). Então, o Altíssimo lhes respondeu, abrindo as portas da prisão sobrenaturalmente, além de abrandar o coração do carcereiro à mensagem do Evangelho. O louvor e a adoração tornam-se armas ofensivas quando você começa a cantar a Deus intencionalmente, pois Sua bondade está em toda parte, até na prisão. Enquanto os apóstolos cantavam, toda angústia que Satanás tentara colocar sobre eles foi dissipada. A arma do louvor libertou-os da prisão. Resistir aos esquemas de Satanás Para superar os assaltos espirituais, temos de nos sujeitar a Deus e resistir ao diabo. Resistir é ficar contra, opor-se e não aceitar os planos do diabo. Não ceder a Satanás começa com uma atitude de oposição inteiramente movida pela oração, a fim de não aceitar nada contrário à vontade divina. A resistência envia uma mensagem ao reino das trevas de que se está em guerra. Certa manhã após o café, José, um amigo, contou-me como escapou das garras da tentação, embora admitisse ter ficado lisonjeado. Sally era casada e muito atraente. Ela começou a paquerar José, fazendo-lhe elogios aparentemente inocentes sobre suas roupas e seu perfume. Então, em um momento, deixou muito claro que estava disposta a investir nele. Novo convertido e solteiro, o rapaz sabia que nada de bom poderia vir das intenções de Sally

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e também que ela precisava resolver sua questão conjugal, sem olhar para ele e sem buscar qualquer intimidade. José sentiu-se bem com ele mesmo, porque resistiu aos esquemas do enganador com sucesso antes que caísse em uma teia sexual. Ter humildade Já que o orgulho precede a queda, a humildade é um traço que Pedro nos instrui a desenvolvermos. Se falharmos em nos atentar a esse conselho, podemos, rapidamente, estar contra Deus, tornando-nos uma presa aos esquemas de Satanás (l Pé 5.5-7). O grande pregador inglês, Dr. Martyn Lloyd-Jones, é sempre citado por dizer: "O pior que pode acontecer a um homem é ter sucesso antes de estar preparado para isso".3 O orgulho é o território do diabo. Esse sentimento nos faz confiar apenas na força, nos talentos e na sabedoria humanos. É por isso que o inimigo espalha entre nós tantos soberbos desprovidos de qualquer temor do futuro. Evite tal investida buscando por humildade a qualquer preço.

A resistência envia uma mensagem ao reino das trevas de que se está em guerra.

Meu amigo Henry desaprovava firmemente as decisões de sua filha adulta e dizia-lhe isso sem meias palavras. Ela estava se distanciando da mãe para agradar o comportamento antissocial do marido. Havia muita verdade no que Henry dizia, mas aquele pai

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não queria que seu orgulho atrapalhasse o processo da cura da filha ou, ainda, que pudesse se tornar um empecilho no relacionamento dela com o marido. Tal qual um movimento tático e ofensivo, ele percebeu como a humildade liberaria suas orações para que a filha caminhasse com Cristo e fizesse as pazes com a mãe.

Jejuar Jesus jejuava como disciplina e nos instruiu a fazermos o mesmo (Mt 6.16-18). Quando você decide abster-se de comer por um período de tempo determinado para ficar mais perto de Deus, há um impacto poderoso e ofensivo contra o reino de Satanás. O jejum é sempre acompanhado da oração, embora sejam práticas distintas. De acordo com o Novo Testamento, não há um regime estabelecido ao qual devamos aderir quando usamos essa arma ofensiva. Entretanto, não podemos ignorar as palavras de Jesus quando disse: E, quando jejuardes (v. 16a). O Mestre inferiu que temos de incluir o ato de jejuar às nossas práticas espirituais se desejamos obter êxito. Tenho desfrutado de uma vida de jejum por 30 anos. As recompensas têm sido tremendas. Toda vez em que me sinto espiritualmente vazio ou acomodado em minha busca por Deus, começo um período de jejum. Na maioria das vezes, jejuo pelo menos uma vez por semana. Meu objetivo é avançar constantemente, buscando os propósitos de Deus para esta geração. Fazer discípulos A Grande Comissão submete-nos não só a evangelizar, mas também a tornar discípulos aqueles que aceitaram a mensagem

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As armas de um guerreiro de joelhos

de Jesus (Mt 28.19,20). O processo do discipulado é mais árduo do que o de ganhar almas. Os discipuladores precisam estar de mãos dadas aos novos convertidos para garantir que amadureçam em seu relacionamento com Cristo. Isso é uma habilidade ofensiva na batalha espiritual. Quanto mais fortes os cristãos ficam, maiores são as chances de derrotar Satanás, onde quer que ele se levante. Peça a Deus que o ajude a ser um discipulador. Então, tire tempo para aprender, crescer e ajudar os outros ao longo do caminho rumo à maturidade espiritual. Ao agir assim, você ajuda a derrotar Satanás de forma veemente. Tomar a decisão de se tornar um soldado de carreira é extremamente importante. Reserve um tempo para rever suas táticas ofensivas e defensivas sempre que for necessário. A princípio, adquirir experiência no uso dessas armas de uma só vez pode parecer intimidador. Contudo, se você deseja transformar-se em um guerreiro de joelhos de sucesso, deve ser extremamente hábil com todas elas. Não há outra maneira de alcançar esse objetivo se você ainda gosta do conforto da vida civil. Arrisque-se e seja um soldado inteiramente dedicado ao serviço no exército do Senhor.

1

POWELL, 1995, p. 20. Idem, 1995, p. 20. 'Apud KENDALL, 2004, p. 21.

2

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BEM-VINDO À ESCOLA DA ORAÇÃO!

FACULDADE

UM PASSO CONVENIENTEMENTE PENSADO PARA

,IL dJh muitos alunos. Com a direção - e o talão de cheques - de seus pais, muitos jovens são conduzidos pelo caminho certo a fim de garantirem uma transição tranquila para o Ensino Superior. Algumas das melhores lições de vida são aprendidas acidentalmente. Considere alguns dos líderes que se graduaram na escola da oração de Jesus. Quando você observa suas histórias, surpreende-se ao perceber que esses notáveis guerreiros eram ignorantes a respeito da intercessão e de seu poder.


GUERREIROS DE JOELHOS

Até mesmo Abraão, nosso herói do Antigo Testamento, viu-se suplicando por Sodoma e Gomorra diante de Deus. Naquele instante, intercedeu pelo povo daquelas duas cidades corrompidas. No entanto, apenas quando tomou conhecimento do desprezo de Deus por conta da maldade do povo dessas cidades, levou em consideração orar para que a ira divina fosse aplacada. Sabendo muito bem que seu sobrinho Ló vivia em Sodoma, pôs-se a interceder por aquele lugar porque não havia alternativa. Na noite em que Jacó, neto de Abraão, lutou até o amanhecer com o Senhor para mudar o coração de Esaú, seu irmão, também se inscreveu na escola de oração (Gn 32.11). Outra diplomada em intercessão foi Ester. Quando desafiada por seu primo Mardoqueu a que pedisse ao seu marido, o rei Assuero, que poupasse a vida dos judeus, os quais viviam na Babilónia, a jovem rainha se envolveu no poder da intercessão. Esse confronto espiritual levou Ester a um período de oração e jejum de três dias pelo favor do rei. Na iminência da própria aniquilação e também da de seu povo, demonstrou estar inscrita na escola do clamor.

A inscrição na escola da oração é normalmente desencadeada pelo sofrimento oriundo de uma necessidade pessoal esmagadora.

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Bem-vindo à escola da oração!

Isso aconteceu por acaso até mesmo para o grande apóstolo Paulo. Esse homem foi quebrantado diante da face de Deus por três dias seguidos. Por quê? Ele teve de enfrentar a realidade de que toda a sua visão de mundo espiritual e teológica estava fora da sincronia de Deus. Profundamente impactado por uma visão de Jesus enquanto viajava pela estrada de Damasco, esse pecador condenado voltou-se para Deus em oração (At 9.1-19). Paulo não estava cego apenas espiritualmente; ver Cristo cegou-o fisicamente. Pensando sobre como deveria viver daquele momento em diante, não teve outra escolha senão entrar na escola de oração. Ele tinha de acertar-se com Deus e sua alma. Então, para ajudá-lo, o Senhor enviou-lhe um discípulo confiável, de nome Ananias, para que orasse pela recuperação de sua visão. O Altíssimo disse a Ananias: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando (v. llb, ênfase do autor). Esse discípulo e futuro apóstolo da Igreja do Senhor entrou no sagrado hall da intercessão pelo portal chamado experiência da estrada de Damasco. É provável que você tenha vacilado na escola de oração assim como eu. Envergonhar-se disso é desnecessário. Não consigo pensar em algum grande intercessor bíblico, histórico ou contemporâneo, que houvesse entrado no salão nobre da intercessão deliberadamente. A inscrição nessa escola é normalmente desencadeada pelo sofrimento oriundo de uma necessidade pessoal esmagadora. Paulo coloca dessa forma: Mas porque aquela tristeza fez com que vocês se arrependessem (2 Co 7.9b - NTLH). C. S. Lewis estava certo. Esse grande filósofo inglês compreendera a dádiva do sofrimento: "Deus

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apenas sussurra nas alegrias, fala à nossa consciência, no entanto, grita em nossas aflições. Esse é o Seu megafone para despertar um mundo ensurdecido".1 Não entendo por que temos de sentir tamanha angústia para nos interessarmos pela oração... A verdadeira oração. Mesmo assim, Deus espera pacientemente a visita de Seu povo à sala do trono. Quando se aproximam, o Senhor espera que seja uma estadia permanente, e não apenas por uma noite. INGRESSANDO NA ESCOLA DE ORAÇÃO Ana era atormentada havia anos por sua esterilidade. Contudo, quando a dor se tornou insuportável, buscou a Deus em oração. A Bíblia relata, no primeiro capítulo de l Samuel, a história fascinante de sua iniciação na escola de oração, além da lição diária que todo guerreiro de joelhos deve assimilar: como prevalecer em oração. Essa mulher comum queria o que toda esposa judia desejava: gerar um filho para o seu marido. Embora Elcana tivesse uma segunda esposa, Penina, com a qual tinha muitos filhos e filhas, Ana era sua favorita. Contudo, não tinha uma criança, muito menos um filho.

A oração da vitória é poderosa, fervorosa e persuasiva. Ela é usada para levantar as cargas pesadas e opressivas dos seus ombros, a fim de lançá-las aos pés do Senhor.

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Todo ano, Elcana e sua família viajavam à cidade de Silo para adorar e sacrificar ao Senhor. Muitos estudiosos concordam que esse era o período do ano em que se comemorava a Festa dos Tabernáculos. Penina, portanto, aproveitava esse momento para arrazoar Ana por sua infertilidade, ciente de que isso significava a desgraça máxima para uma mulher casada na cultura judaica. A alegria de cada marido hebreu estava no nascimento de um filho, perpetuando, assim, seu nome e sua herança. Embora Elcana nunca desprezasse Ana por ser estéril, isso se tornara uma grande injúria e carência aos olhos dela. Aquela mulher desejava, desesperadamente, um filho. A esterilidade levou Ana ao Único que poderia curá-la, o Todo-Poderoso. Ela aprendeu a orar orando. Isso é o que Dick Eastman escreve em seu livro No easy road [Sem caminho fácil]: Para aprender a orar, devemos orar. Compreender a profundidade da oração está na própria oração, não em livros. Alcançamos alturas inacessíveis orando, não em sermões.2

Sua oração por um filho não foi comum. Ela desenvolveu um tipo de intercessão que os bravos aprendem e no qual se tornam especialistas em tempos difíceis. Essa é a oração vencedora. Se você vai se graduar na escola da oração e desfrutar do status de guerreiro de joelhos, deve entender a dinâmica dessa forma de clamor. Aprenda. Pratique. Domine. A oração da vitória é poderosa, fervorosa e persuasiva. Ela é usada para levantar as cargas pesadas e opressivas de seus ombros, a fim de lançá-las

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aos pés do Senhor. Você saberá quando dominou essa área e obteve êxito diante de Deus porque existem sinais - evidências para alertá-lo acerca disso. A ORAÇÃO VENCEDORA É PESSOAL

Até que você sinta a necessidade de clamar a Deus, não provará ser poderoso, fervoroso ou vitorioso na oração. Deve ser uma necessidade e um fato real também. Uma busca individual pela atenção do Senhor. Ele tem todas as respostas aos seus dilemas; por isso, volte-se para o Altíssimo e permita que Ele Se mostre poderoso em Seu favor. Tive uma perspectiva pessoal sobre o poder da oração vencedora. Oito anos após minha esposa e eu iniciarmos a Christ Church, a congregação ainda se reunia em imóveis alugados. Na verdade, cultuamos em seis diferentes imóveis, incluindo um hotel, um restaurante, salas multiusos de uma igreja e até em um salão de festas. A maioria das mudanças acontecia sem aviso prévio dos proprietários. Certa ocasião, fomos avisados, em uma sexta-feira de manhã, de que os donos do bufe onde estávamos tinham falido e não poderíamos mais usar aquele imóvel. A pressão de encontrar um local para a reunião do domingo tinha de ser suprida por um milagre de Deus. Encontramos um lugar, mas, por ser um restaurante muito amplo, eventos simultâneos aconteciam durante nosso período de louvor; então, permanecemos ali apenas por um mês. Ademais, nosso louvor avivado era uma distração às festas de casamento e outras comemorações. Era evidente que tínhamos de ir embora.

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Todas aquelas transferências nos testaram física e emocionalmente. Toda semana, os obreiros da igreja desmontavam e ajustavam o equipamento de som, organizavam as cadeiras e reposicionavam os objetos do salão a fim de tornarem confortável o templo improvisado. As mulheres trabalhavam ao nosso lado, preparando todo o planejamento escolar para as crianças da igreja e também enfeitavam o santuário provisório com cartazes, flores etc. Nova Jérsei é muito populosa. Na parte norte da cidade, fora dos arredores de Nova Iorque, encontrar um edifício que comporte de 500 a 1.000 pessoas é como localizar água no deserto. Vasculhamos a área por anos, sem sucesso. Finalmente, em 1994 - em nosso oitavo ano de ministério -, um corretor de imóveis me chamou e disse: "Reverendo Ireland, achei um edifício que ainda não está no catálogo de vendas. É uma catedral antiga no distrito de Montclair. Você pode me encontrar no cruzamento da Church Street com a Trinity Place daqui a 30 minutos?". Respondi rapidamente: "Sim" e dirigi feito um louco rumo àquilo que seria nosso futuro lar. Minha necessidade por um imóvel havia se tornado pessoal. Mesmo com o crescimento do número de membros em nossa igreja, chegando a, aproximadamente, 500 pessoas, deparava-me com comentários constantes feitos por alguns visitantes e por outros na comunidade, que definiam uma "igreja de verdade" pela aquisição de uma propriedade própria. Na mentalidade deles, ainda não éramos "uma congregação real ou saudável", pois não possuíamos um imóvel nem poderíamos ser identificados por um endereço físico.

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Quando parei em frente à catedral, parecia uma monstruosidade. Poderia dizer que, outrora, fora um belo local em seu apogeu, trazendo orgulho à comunidade. Contudo, a visão à minha frente era horrível. As árvores estavam infestadas por pulgões e cupins. Não havia gramado na propriedade, apenas barro. Essas eram as boas características! Quando entrei pela porta principal, pensei ter chegado por engano no cenário de televisão da antiga série A Família Adams. O interior era sinistro e estava destruído. O reboco caía por toda parte. A torre do sino, que media quase 30m de altura, tinha um vazamento; o revestimento e outros detritos estavam espalhados sob o chão. A nave do templo acomodava quase 900 pessoas, incluindo a galeria, e também precisava de muito cuidado e carinho, para dizer o mínimo. Havia oito lustres pendurados no teto de 18m de altura. Cada um com cerca de oito lâmpadas pequeninas de 25 watts, tornando o imenso santuário assustadoramente escuro e sombrio. Além do fato de a estrutura estar em ruínas, muitos grupos diferentes alugavam o espaço. Os proprietários - The First Baptist Church of Montclair [A Primeira Igreja Batista de Montclair] - usavam uma capela pequena para suas reuniões. Uma sinagoga judaica usava o salão maior. Também havia uma igreja pentecostal, uma creche, um grupo místico oriental, um depósito de alimentos e outros usando as salas. No entanto, a necessidade de um local fixo continuava a me impelir. Antes mesmo de chegar à metade da viagem, ouvi-me dizer: "Vou ficar com ele!". Só então me lembrei de perguntar: "Quanto custa?".

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O corretor respondeu: "Custa 1,25 milhão de dólares. É uma pechincha!". Concordando com ele, disse: "Ok, vou oferecer-lhes o preço total". Assinei o contrato naquela sexta-feira de manhã. Depois, o corretor pediu: "Reverendo, por favor, traga a primeira parte do pagamento, cem mil dólares, na segunda-feira". "Claro!", respondi sem saber como cumpriria minha promessa. Enquanto ia para o carro, a razão me atingiu como uma tonelada de tijolos: "Não temos cem mil. Nem dez mil. O que eu fiz? O que vamos fazer?" Apenas sabia fazer a oração da vitória. Acredite, meu clamor é apaixonado, bem como muito detalhista. Eu precisava daquela quantia para segunda-feira - em apenas três dias. Seria também uma prece pessoal. Eu precisava de um imóvel para a minha crescente congregação. Após a primeira hora de oração, a única resposta que recebi do Espírito Santo foi a de transmitir um anúncio especial aos nossos membros. Então, pedi que minha pequena equipe entrasse em contato com os líderes, que seriam instruídos a telefonarem para cada um em seu grupo. As ligações revelariam apenas que o Pr. David tinha um anúncio especial para compartilhar no domingo e que todos estavam convocados a vir adorar. Ninguém mais do que o ministério pastoral sabia qual seria a mensagem. Depois de dar aquela instrução, voltei a orar, a fim de continuar clamando a Deus. Eu precisava de cem mil dólares no domingo, e era sexta-feira à tarde. A segunda inspiração que recebi em oração foi a de contratar um fotógrafo para registrar detalhes do imóvel. A ideia era que a fé fosse acesa no coração das pessoas e, assim, elas pudessem vislumbrar a grandeza daquela estrutura.

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Contudo, a construção era uma monstruosidade, e isso seria um problema. Encontrei-me com o fotógrafo no local e o levei para a galeria. Pedi-lhe que ajustasse a câmera de modo a captar, em uma foto, a única parte que parecia boa na construção: o belo vitral no fundo do altar. Aquela rosácea pitoresca parecia fantástica, principalmente perto das duas horas da tarde, quando o sol estava mais brilhante. As cores vivas, em tons de vermelho, azul e âmbar eram iluminadas em cada detalhe de seu magnífico vitral de 18m por 9m. O fotógrafo seguiu minha instrução ao garantir que a foto não revelaria os lustres mal-iluminados, feios e cobertos de teias de aranha. Pedi-lhe que revelasse 700 cópias de uma foto 5x4. De posse das fotos, voltei ao local de oração para continuar intercedendo. Orei por muitas horas durante toda a sexta-feira e o sábado, derramando minha alma ante o Senhor. Assim, quando chegou o domingo de manhã, ainda não tinha ideia do que faria. Tudo o que eu sabia era que precisava de cem mil em dinheiro para segunda-feira ou, então, perderíamos o imóvel - o único encontrado após oito anos de procura. Apesar de ir à igreja naquela manhã e estar inseguro sobre como conseguiria aquela quantia para a obra do Senhor, senti que uma paz surgiu dentro mim e que, por meio da oração, o dinheiro certamente chegaria. O bufe Essex Manor cochichava empolgado naquela manhã. Depois do nosso momento de louvor, fui em direção ao altar e cumprimentei o povo. Eu podia sentir os

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pensamentos deles: "OK, já basta de saudações. O que você quer compartilhar conosco, pastor?". Respondi anunciando em tom de comemoração: "Encontrei um imóvel! Obreiros, entreguem as fotos!". Quando viram a foto do majestoso vitral, o lugar explodiu em louvor. Alguns dançavam nos corredores, outros pulavam em frente aos assentos e muitos choravam, agradecendo a Deus em alta voz; até mesmo os mais conservadores demonstraram seu entusiasmo. Após cerca de dez minutos de brados, canções e júbilos de comemoração, acalmei todos com estas palavras: "Existe ainda um pequeno item a ser resolvido hoje". Então, apontei para as portas de trás - as que levavam à saída do salão - e disse: "Antes de sair hoje por essas portas duplas, preciso de cem mil dólares em dinheiro vivo". O ambiente ficou em extremo silêncio, o qual foi quebrado logo depois pelo som das pessoas rasgando as fotos com desprezo, como se dissessem: "Lá se vai!". Então, palavras imprevisíveis saíram da minha boca: "Não se preocupem! Tudo do que precisamos está entre nós!" Foi como se Deus estivesse falando por intermédio de mim. Estava seguro no Espírito Santo de que o dinheiro do qual precisávamos para consolidar a compra estava naquela sala.

Um clamor fervoroso e poderoso é feito em sofrimento e angústia por uma necessidade, a qual somente poderá ser aliviada por meio da oração.

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Motivado por essa circunstância, rapidamente convoquei duas pessoas que pudessem ofertar cinco mil dólares a ficarem de pé. Surpreendentemente, dois se levantaram. No momento seguinte, ouvi-me dizer: "Preciso de cinco pessoas que possam doar 250 dólares; por favor, levantem-se". Imediatamente, cinco se levantaram. Novamente, surpreendi-me. Segui o mesmo formato, diminuindo as quantias e, em menos de dez minutos, tínhamos cem mil em dinheiro. A congregação entrou em efusão, rendendo graças a Deus. Um clamor fervoroso e poderoso é feito em sofrimento e angústia por uma necessidade, a qual somente poderá ser aliviada por meio da oração. Ana vivia em constante estado de derrota espiritual. Ela estava totalmente voltada para sua esterilidade, bem como para o fato de ser alvo das provocações de Penina. O sofrimento pela incapacidade de gerar filhos era parte de seus sentimentos, além dos pensamentos de miséria, pressão e vazio emocional. Ter um marido rico - fato evidenciado por Elcana ter duas esposas - não era o bastante para ela. O dinheiro não substituía sua necessidade de envolver um filho com seus instintos maternais. O amor conjugal, o qual Elcana oferecia deliberadamente a ela, era insuficiente para aplacar a sua dor. Nem mesmo a religião, com todos os seus rituais e suas práticas, aquietava a alma amargurada de Ana. Ela queria muito um filho; por isso, sua alma tinha de ser derramada em oração diante de Deus. A oração vencedora não poderia ser delegada a outra. Tão amável quanto era, seu esposo estava satisfeito com os filhos que Penina tinha dado à luz. Ana teria de se inscrever pessoalmente na escola de oração.

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O pensamento de que Deus seria poderoso o bastante para conceder-lhe os desejos do seu coração veio à mente dela. Ter um filho mudaria seu destino para sempre. Embora esse fosse um desejo pessoal, não era egoísta. Entretanto, durante as muitas orações de Ana, a ideia de conceber, para satisfação da própria alma, havia se tornado muito limitada. Então, naquele momento, condicionou sua oração a uma promessa a Deus: Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida (l Sm l.llb). Ana confessou sua angústia abertamente. Ela reconheceu seu desejo por um filho. Contudo, embora a sua oração fosse pessoal, não foi egoísta. O menino seria consagrado ao Senhor, para a Sua obra. A ORAÇÃO VENCEDORA É APAIXONADA Aquela mulher permaneceu estéril por muitos anos. Ainda que estivesse em desgraça, aborrecida e deprimida por sua condição, não considerava fazer disso um tópico de oração. Na verdade, sequer pretendeu orar. É isso o que acontece a muitas pessoas. Seus sentimentos ofuscam a clareza espiritual, passando a desconsiderar que Deus é a única Fonte de bênçãos, respostas e sabedoria para vencer um dilema. Quero ajudá-lo a compreender plenamente o estado emocional de Ana, convidando-o a se familiarizar com os seguintes versículos da história: Subia, pois, este homem da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em Silo; e

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GUERREIROS DE JOELHOS estavam ali os sacerdotes em Silo; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli. E sucedeu que, no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções do sacrifício a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas. Porém a Ana dava uma parte excelente, porquanto ele amava Ana; porém o SENHOR lhe tinha cerrado a madre. E a sua competidora excessivamente a irritava para a embravecer, porquanto o SENHOR lhe tinha cerrado a madre. E assim o fazia ele de ano em ano; quando ela subia à Casa do SENHOR, assim a outra a irritava; pelo que chorava e não comia. Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos? l Samuel 1.3-8

Está claro que Ana fora vitimada por um estado emocional doentio. Muitos, em meio à agonia de um desafio natural, negligenciam a intercessão como solução. Alguns estão muito desequilibrados para pensar em orar. O sofrimento deles tira-Ihes o melhor. Outros não oram porque são incrédulos ou, ainda, evitam clamar verdadeiramente, por estarem fora de sintonia com o Senhor. Não observam certas condições de obediência que Deus exige, tais como: confessar os pecados e dar primazia a Cristo em sua vida. Obedecer é determinante na lista das exigências divinas para orações atendidas. É por isso que João escreve: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (l Jo 1.9). Deus estabelece nossa ligação com Ele facilmente. Uma

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confissão simples, porém sincera, dar-lhe-á completo acesso ao Senhor e ao Seu poder automaticamente. A melhor maneira de descrever minha confissão de pecados é logo e sempre. Aprendi ao longo dos anos que é melhor pedir perdão a Deus sobre meus erros o quanto antes tomo ciência deles. Não quero viver sem comunhão com Jesus. Sei que o pecado cria a primeira rachadura ténue em meu relacionamento com Ele, e essa fenda aumenta ainda mais quando demoro a confessar minhas transgressões diante dEle. Assim, constantemente estou diante de Deus, confessando, arrependendo-me e abandonando quaisquer pecados, mesmo aqueles cometidos inconscientemente. Da mesma forma que devemos manter atualizados nossos pagamentos do carro, as prestações da casa e outras obrigações financeiras para conservarmos uma relação agradável com os devedores, precisamos manter nossas confissões atualizadas para um relacionamento satisfatório com Deus. Isso nos dá total confiança de que nosso santo e amável Pai Se alegrará em atender nossas orações. Algo transformou Ana naquele dia no templo. Ela converteu suas lágrimas em orações concretas. Sua depressão tornou-se uma oração apaixonada. Ela não tentava mais remediar seu coração atribulado com lamentações espirituais vazias e jejuns. Aquela mulher decidiu lutar por seu destino por meio da intercessão. Ao entrar para a escola de oração, ela declarou: Tenho derramado a minha alma perante o SENHOR (l Sm 1.15b). Ana fora arrebatada por sua necessidade!

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GUERREIROS DE JOELHOS Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR e chorou abundantemente. E votou um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha. E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR, Eli fez atenção à sua boca, porquanto Ana, no seu coração, falava, e só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada. E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. Porém Ana respondeu e disse: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR. Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora. Então, respondeu Eli e disse: Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste. l Samuel 1.10-17

Algo transformou Ana naquele dia no templo. Ela converteu suas lágrimas em orações concretas. Sua depressão tornou-se uma oração apaixonada.

Nove meses após realizar, de maneira cativante, sua súplica ao Senhor, Ana acalentava um menino, Samuel. Então, depois

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que ele foi desmamado, manteve sua promessa de consagrá-lo a Deus. Samuel permaneceu em Silo com Eli e tornou-se um dos profetas mais poderosos da história de Israel. A oração vencedora é apaixonada, porque dá importância aos detalhes! Embora seja feita para aliviar uma carga pesada do seu coração, possui capacidade singular. A ORAÇÃO QUE PREVALECE É PRECISA A intercessão persuasiva exige foco único. É precisa tal qual um sensor a laser. Conforme a maioria das pessoas, Ana tinha muitas necessidades, mas a que mais consumia sua mente era a esterilidade. Ela orava por um filho. Charles Finney, famoso evangelista americano, escreveu: "O Espírito dirige os cristãos a desejarem orar por aquilo sobre o qual nada é dito, especificamente, na Palavra de Deus".3 O autor ressalta, ainda, que Deus colocou o desejo por um filho no coração de Ana. Essa expectativa fez essa oração ser tanto focada quanto precisa.

Determinar que você vai orar até ter certeza de que sua voz foi ouvida no Céu não pode ser feito debaixo do chuveiro ou enquanto se está dirigindo para o trabalho. A oração vencedora leva tempo.

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Um clamor vitorioso também é visto no Getsêmani, quando Jesus orou: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres (Mt 26.39b). A oração do Mestre foi específica. Seu único pedido era acerca da crucificação que estava por vir, evidenciada na metáfora do cálice a ser removido dEle. Enquanto continuou suplicando no jardim, fez o mesmo pedido pessoal em duas outras ocasiões. Após cada petição, foi até os três discípulos - Pedro, Tiago e João e encontrou-os dormindo, em vez de estarem em intercessão. Após incentivá-los a permanecerem em oração, Jesus voltou à intercessão vencedora. Ao todo, o Messias fez três pedidos distintos, todos com o mesmo clamor preciso: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade (v. 42). A oração vencedora é definida, estritamente, pelo guerreiro que derrama sua vida atribulada a Deus. Nossa alma está abalada por algo em particular, mais importante do que todo o resto, quando fazemos esse tipo de prece. Antes de Jesus começar a orar, disse àqueles três discípulos: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo (v. 38b). Da mesma forma, antes de Ana começar a orar, ela estava deprimida. Sua precisão na oração nasceu de sua amargura de alma (l Sm 1.10), e seu fardo emocional tornou-se o único assunto do clamor. Uma súplica apaixonada a Deus é carregada de forte comoção, manifestada em relação ao assunto da oração. Não ignore ou minimize o papel que suas emoções desempenham quando você ora. Deus capta a intensidade de seus sentimentos como parte da sua oração. Jesus demonstrou sua aflição, da mesma forma que

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Ana expôs sua angústia. Nessas duas ocasiões, a consternação de ambos correlacionava-se ao fervor de suas palavras de oração. Assim, prevaleceram diante de Deus. A ORAÇÃO VENCEDORA É CHEIA DE PROPÓSITO A oração de Ana tinha um propósito maior do que simplesmente acariciar um filho. Provavelmente, enquanto triunfava em oração, pensava acerca do Reino de Deus. Então, consagrou seu filho ao Senhor para sempre. Seu desejo era contemplar um sacerdote que representasse, de fato, o Senhor pela maneira como se portava. Aquela mulher prometeu que seu filho seria dedicado ao nazireado desde o nascimento quando fez o voto dizendo: E sobre a sua cabeça não passará navalha (l Sm l.llb). Um nazireu era o único que se dedicava, exclusivamente, ao serviço do Senhor mediante três compromissos. Primeiro, nenhuma navalha raparia sua cabeça. Segundo, de forma alguma beberia vinho ou outra bebida fermentada. Por último, não poderia ingerir algo considerado impuro (Lv 10.8,9; Jz 13.7). O intuito de Ana ao clamar por um filho era gerar um homem que fosse completamente devotado à obra do Senhor. Outro propósito por trás da oração daquela mulher era o benefício da nação de Israel. Naquele momento, faltava ao país uma liderança adequada e temente ao Senhor. Os sacerdotes da época - Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, eram corruptos moral e espiritualmente. Era de conhecimento comum por toda a terra que esses homens mantinham relações sexuais com as mulheres que serviam na entrada da tenda da congregação 147


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(l Sm 2.22-24). Imagine: líderes tão depravados que se aproveitavam de mulheres vulneráveis e sequer sentiam-se culpados por tal conduta vir a tornar-se pública. Ana queria algo melhor para o sacerdócio. Desejava o melhor para a nação. Ela venceu em oração com esse objetivo em mente.

Você deve orar sob a perspectiva de que vale a pena lutar pelas bênçãos de Deus.

Igualmente importante para Ana era a necessidade de gerar um filho que pudesse servir de exemplo aos caminhos do Senhor para a próxima geração. A descendência israelita tinha o direito de se beneficiar de melhores modelos de servos além de Hofni e Fineias. Enquanto perseverava em oração, um pensamento pode ter surgido em sua mente: nada é mais importante do que orar por um propósito maior do que você. A ideia de entregar o menino ao Senhor era fácil porque sua oração estava tomada por um propósito divino. A ORAÇÃO DA VITÓRIA É PERSEVERANTE Você não tem de se apressar enquanto espera em Deus. Determinar que vai orar até ter certeza de que sua voz foi ouvida no céu não pode ser feito debaixo do chuveiro ou enquanto está dirigindo para o trabalho. A oração vencedora leva tempo. Jacó lutou a noite toda com o Senhor. No romper do dia, o anjo que se havia transfigurado sob a forma humana disse-lhe: 148


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Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares (Gn 32.26b). A experiência desse homem com a oração vencedora atravessou a noite. Não demonstre resistência por conta do tempo empregado à intercessão. Certamente, as recompensas ultrapassarão qualquer sacrifício que você fizer. O grande profeta Elias orou sete vezes por chuva. Em cada uma das tentativas, prostrava-se no chão e colocava o rosto entre os joelhos, clamando fervorosamente a Deus. Somente na sétima vez obteve êxito (l Rs 18.41-44). A chuva veio, a fome cessou, e a nação experimentou um transbordar de bênçãos de Deus. O texto não apresenta um horário para as sete orações de Elias. Todavia, podemos deduzir que ele estava comprometido com a oração vencedora. O fato de ele enviar seu servo, em sete ocasiões específicas, para olhar para o mar em busca de uma nuvem faz-nos saber que o profeta persistiu em seu pedido. Assim como Jacó, ele não deixaria Deus partir até que chovesse. O mesmo traço de perseverança pode ser observado na época de Ana. Após ter orado e feito os votos ao Senhor, as Escrituras relatam: Perseverando ela em orar perante o SENHOR (l Sm 1.12b). A oração da vitória é perseverante. Ana precisava de tempo para derramar sua alma ao Senhor. Contudo, isso somente acontece quando distrações são descartadas e você se conecta emocionalmente e em espírito com o Senhor. Em certos momentos, entro em oração apenas para perceber que minha mente está sobrecarregada pelos afazeres do dia. Desse modo, liberto-me das distrações e tenho um período significativo e eficiente de busca.

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Você deve orar sob a perspectiva de que vale a pena lutar pelas bênçãos de Deus. Ana sabia, do fundo do coração, que o Criador recompensa àqueles que O buscam diligentemente (Hb 11.6). A ideia da oração vencedora surgiu em Deus. Somos convidados pelo Espírito Santo a pleitearmos fervorosamente por nossas causas diante do tribunal do Céu. O Soberano não geraria tal fome dentro de nós por algo que nunca planejaria suprir. O clamor de Ana por um filho nasceu, primeiro, no coração de Deus. Fora o Senhor quem lhe tinha cerrado a madre (l Sm 1.5b) e seria Ele a abri-la. Ana persistiu em oração, e isso a amadureceu. Agora, conhecia a Deus de forma mais íntima. Seu relacionamento teórico e especulativo com o Altíssimo transformou-se em real e dependente. A ORAÇÃO VENCEDORA É PODEROSA A oração da vitória provou ser poderosa o bastante para aliviar o peso da infertilidade sobre a vida de Ana. Seu semblante não era mais pesado e emburrado. A carga de sua alma atribulada fora derramada diante do Senhor. Após ter prevalecido diante de Deus, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste (l Sm 1.18b). O poder desse tipo de oração é o que move Deus. Ana estava cheia de esperança - esperança em Deus. Sua confiança não estava em sua força ou na virilidade de Elcana. A segurança dela estava no poder do Senhor.

Como saber quando cessar a oração vencedora? Quando receber a paz em seu coração de que a resposta já foi concedida.

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Ana não seria mais torturada emocionalmente por Penina. Ela estava cheia da paz divina, obtida em seu tempo de oração. A súplica vitoriosa foi poderosa o bastante para firmar sua fé Naquele que é inabalável. O Todo-Poderoso assegurou-lhe em seu íntimo de que aquela questão fora resolvida nos tribunais do Céu. Sua causa tinha sido pleiteada fervorosamente e de maneira eficaz. As palavras poderosas e persuasivas, que vinham de seu coração abnegado e preocupado com o Reino de Deus, provaram ser poderosas. A questão fora resolvida para sempre. Não havia necessidade de orar novamente sobre o mesmo assunto. Conforme Jesus disse aos Seus três discípulos no jardim do Getsêmani: Levantai-vos (Mt 26.46a). Ele havia prevalecido em oração poderosamente. Assim ocorreu com Elias, que mandou seu servo dizer a Acabe, após ter visto uma nuvem subindo do mar: — Vá aonde está o rei Acabe e lhe diga que apronte o carro e volte para casa; se não, a chuva não vai deixar (l Rs 18.44b NTLH), ou seja, não era preciso mais clamar por chuva, pois ele havia prevalecido com Deus. A pergunta a que todos devemos responder é esta: como saber quando cessar a oração vencedora? Há apenas uma resposta: você deve parar de orar quando recebe a paz em seu coração de que a resposta já foi concedida. Lembre-se de que a intercessão que prevalece começa com uma necessidade extrema que não foi suprida. Então, suas emoções tornam-se intensas e devastadoras, revelando uma profunda carência que só Deus pode suprir. Desse mesmo modo, seu emocional será satisfeito quando você tiver movido Deus em oração. Você sentirá que a privação foi suprida

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mesmo se a promessa ainda tardar por certo tempo. No caso de Ana, o menino chegou no devido tempo (l Sm 1.20b - NVI), ou, conforme Flávio Josefo, historiador judeu, observara: "Quando tinham retornado para a própria província"4 ela descobriu que estava grávida. Uma sensação interna de paz tornará evidente que você não precisará mais orar pelo assunto, pois este foi resolvido por Deus. Viva da paz que você alcançou do Senhor, ciente de que a carga pesada fora aliviada. Você se graduou na escola de oração como um guerreiro de joelhos, pois a exigência para a graduação foi atingida. Você se saiu bem na arte da oração vencedora.

1

LEWIS, 2002, p. 406.

2

EASTMAN, 2003. 'FINNEY, 1835, p. 83. 'Disponível em: <http://www.biblestudytools.com/history/flavius-josephus/antiquities-jews/book-5/chapter-10.html>.

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Capítulo 6

A ARTE DA BATALHA ESPIRITUAL

Q

UANDO VOCÊ OBSERVA A TÉCNICA DOS SOLDADOS DE ELITE, É como assistir a uma exibição bem coreografada. Eles passaram horas incontáveis praticando exercícios específicos para se tornarem peritos no uso de técnicas de luta especiais. Quando o combate real acontece, os movimentos são cheios de elegância e parecem ser fáceis. Esses lutadores profissionais conhecem os movimentos de progressão e de retirada que eles devem empreender para derrotar o oponente. Da mesma forma, devemos nos esforçar, preparando-nos na arte da batalha


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espiritual. A fim de atingir esse apuro, devemos conhecer plenamente as técnicas de combate que Jesus ensinou. Francês era mãe solteira e membro fiel de minha congregação. Era cada vez mais difícil para ela manter um relacionamento saudável com Becky, sua filha. A menina se tornara agressiva, atrevida e distante. Cada conversa que tinham terminava em briga. Se a mãe pedisse à filha que fosse à igreja com ela, a adolescente ficava fora de si. Havia pouco tempo, era carinhosa, compreensiva e amava frequentar os cultos. No entanto, começou a escutar um tipo de música demoníaca e sombria. Então, Becky começou a colocar piercings nas orelhas e no rosto. A jovem ficou deprimida, introspectiva e passou a se odiar. Sua mãe relatou: "Perdi todo o contato com ela". Mesmo após ter concluído o Ensino Médio, conseguindo uma bolsa de estudos académica para a faculdade, Becky ainda se menosprezava e permaneceu em profunda melancolia. Essa tristeza sombria afetou, até mesmo, seu ciclo menstrual. Na verdade, tudo havia parado. Seus lábios mudaram de cor. O médico da família não conseguia detectar o que estava errado, mesmo depois que vários exames de sangue foram feitos. Finalmente, Francês se irritou com o que Satanás estava fazendo. Ele desejava matar sua filha e minar o relacionamento delas, tentando roubar o futuro de Becky. Francês disse à Becky: "Devemos concordar em oração, a fim de que Deus possa operar um milagre em você". Para a surpresa de Francês, Becky se juntou a ela. Então, leram a descrição de Paulo acerca da batalha espiritual, encontrada no capítulo 6 de Efésios, e Becky percebeu que estava sofrendo um ataque espiritual de Satanás. Mãe e filha

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começaram a clamar ao Senhor por socorro. Em dois dias, os lábios de Becky voltaram ao natural, e seu ciclo recomeçou. O milagre de Deus não parou por aí. Quando Becky percebeu que o Criador Se importava com ela, aceitou o convite da mãe para ir ao Prayerfest [Festa da oração], um encontro anual sediado por nossa igreja, que envolve dedicar todo o dia à busca ao Senhor. Essa reunião inclui adoração, aulas instrucionais sobre oração, caminhadas devocionais pelo campus e períodos poderosos de intercessão coletiva, que nos fazem ficar de joelhos, chorando diante do Deus de amor. Oramos por nossa nação, família e pelas comunidades. Fazemos uma pausa por algumas horas e voltamos à noite para um culto especial, chamado Um Encontro com Deus. Francês convidou sua filha para o evento. Naquela noite, Becky entregou novamente sua vida a Cristo, e o domínio da depressão foi quebrado quando orei por ela. A congregação inteira chorava enquanto Francês compartilhava o que o Altíssimo fizera por essa jovem preciosa. Duas semanas depois, recebi uma carta de Francês. Ela escreveu: "Consegui minha filha de volta. Nosso relacionamento foi restaurado. Agradeço ao Senhor por atender às nossas orações". Eu estava honrado em ser uma testemunha do poder de Deus, o qual restituiu uma vida por meio da batalha espiritual. Jesus apresentou aos Seus discípulos três técnicas espirituais poderosas de batalha. Todas giram em torno de como devemos orar se houver alguma privação em nossa vida ou, ainda, se o acesso às promessas de Deus estiver sendo dificultado. A alegoria do amigo importuno conta a história de um homem que recebeu uma visita inesperada tarde da noite. A cultura do Oriente

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Médio dita que se deve servir uma refeição aos convidados, e o pão tem de ser parte dela, porque, naquela época, era usado como um talher dos nossos dias, um utensílio comestível para sorver o caldo de carne. Visto que não tinha pão, ele foi até um vizinho - um amigo - para pedir-lhe três pães. Era meia-noite, e todos da família estavam na cama. Então, pôs-se a bater à porta persistentemente. O vizinho esbravejou que não se levantaria para dar-lhe pão algum. Todavia, aquele anfitrião era tão intrépido, que persistiu em chamá-lo. Assim, o amigo acabou por sair da cama e, relutantemente, entregou-lhe os três pedaços de pão. A parábola conclui-se com esta instrução: E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-sevos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á (Lc 11.9,10). Pedir, buscar e bater são as três técnicas essenciais da intercessão. Cada uma delas fornece a chave para garantir uma resposta quando usada por um guerreiro de joelhos. O homem que tinha os pães negou-os várias vezes ao amigo. Mesmo assim, aquele homem continuou pedindo, buscando e batendo até que a porta fosse aberta e seu pedido atendido. Jesus disse que devemos pedir, e o pedido será acatado. A palavra buscar significa procurar, vasculhar. Já que essa história vem em resposta ao pedido de um discípulo anónimo: Senhor, ensina-nos a orar (ver v. Ib), as três palavras - pedir, buscar e bater - dizem respeito à intercessão. No contexto da oração, a palavra buscar quer dizer mais do que procurar ou vasculhar, seu significado é buscar Deus e Sua resposta de todo

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o coração. O foco tem de ser único. Não pode existir qualquer distração ou desvio em seu interior na sua busca por Deus e por Sua resposta. O seu coração deve ser limpo, notável e totalmente comprometido com o Senhor. O arrependimento e a humildade devem preceder seus pedidos, suas exigências e orações. Uma intenção sincera e um foco apurado surgem de um coração que tem sido santificado por meio do abandono dos pecados. Buscar tem sua definição ilustrada em várias passagens bíblicas, nas quais seus sentidos podem ser facilmente entendidos. Por exemplo, durante uma das visões que Deus deu a Salomão, o Senhor disse acerca de Si mesmo: E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra (2 Cr 7.14). Deus responde a quem, de forma pura e singular, busca-O. O verdadeiro método de recorrer ao Senhor exige humildade, arrependimento e perdão de pecados. Quando esses elementos incluem atrair Deus para mais perto, Jesus promete que aquele que O busca achá-Lo-á.

Pedir, buscar e bater são as três técnicas essenciais da oração. Cada uma delas fornece a chave para garantir uma resposta quando usada por um guerreiro de joelhos.

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O propósito da oração a fim de buscar o Senhor também ficou evidente quando Jeremias profetizou o desejo de Deus aos exilados de Israel. Ele disse: Então, me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração (Jr 29.12,13, ênfase do autor). Essa profecia instruía os israelitas sobre como buscar Deus por meio da oração: isso deve ser feito de todo o coração. A importância da palavra buscar é reforçada por Salomão e Jeremias, contexto no qual denota procurar por Deus e por Sua resposta de todo o coração. Essa é a segunda das três técnicas de batalha espiritual que devemos dominar. Jesus também disse aos discípulos que todo aquele que busca recebe; quem procura acha; e que a porta se abrirá àquele que bate. A palavra bater significa mais do que uma simples pancada à porta. Uma vez inserida no contexto da oração, seu sentido deve convergir para a oração, assim como as duas outras técnicas citadas. Bater pressupõe o comprometimento da sua fé, orando durante toda a luta, jejuando, orando com um parceiro e assim por diante, até que a porta seja aberta a você. Embora não se possa localizar outra referência bíblica da expressão bater, no que se refere à oração, podemos encontrar seu princípio e sua aplicação. Por exemplo, durante um tempo economicamente devastador para a nação de Israel, o profeta Joel falou de modo instrutivo aos anciãos: Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai, vestidos de panos de saco, durante a noite, ministros do meu Deus; porque a oferta de

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manjares e a libação cortadas foram da Casa de vosso Deus. Santificai um jejum, apregoai um dia de proibição, congregai os anciãos e todos os moradores desta terra, na Casa do SENHOR, vosso Deus, e clamai ao SENHOR. Joel 1.13,14

A batalha espiritual ocorre quando experimentamos forças contrárias à vontade de Deus.

O preceito e o significado de bater são vistos nesses versículos. O profeta conclamou os anciãos e os líderes espirituais a usarem a fé, jejuando, clamando a Deus, orando coletivamente e até intercedendo durante a noite para que a provisão divina fosse liberada. A necessidade era grande, e a única maneira de assegurar as bênçãos era entrando no nível mais elevado da batalha espiritual: bater até que a porta da provisão fosse aberta. Jesus nos ensinou a crescer na arte da batalha espiritual ao aprendermos corno usar esses três métodos para garantir a bênção: pedir, buscar e bater. A batalha espiritual ocorre quando experimentamos forças contrárias à vontade divina. Existe somente um ser espiritual constantemente fomentando e levantando oposição à vontade de Deus: Satanás. Essa resistência atesta a luta constante do bem contra o mal e da fé contra a dúvida. Essa batalha é observada na justiça contra o pecado e também é evidente na colisão das visões de mundo. A visão bíblica é sempre oposta aos que mantêm seu enfoque

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na vida pessoal. Quer seja o pós-modernismo, o humanismo, o islamismo ou o velho ateísmo, o embate entre esses pensamentos também reflete a dimensão da batalha espiritual. Apesar de surgirem lutas, somos ensinados a não desistir, enfrentando o inimigo por meio da oração. Essas três técnicas são poderosas quando usadas de forma apropriada. No capítulo 20 do livro de Juizes, vemos um exemplo excelente de sua utilização, a fim de receber respostas e garantir as bênçãos de Deus.

A batalha espiritual exige ações espirituais e naturais.

PEÇA E RECEBERÁ

Essa história se passou durante o período da história de Israel em que não havia rei para governar a nação. Na maioria das vezes, Deus usava juizes para conduzirem o povo por um período de tempo não específico. Juizes como Samuel, Gideão, Sansão e Débora lideraram a nação em tempos diferentes. Em dado momento, no qual não havia juiz, um levita retornava para casa com sua mulher, após visitar seus pais em outra parte do país. A jornada era longa; por isso, pararam para passar a noite em Gibeá, uma cidade da tribo de Benjamim. Então, vários homens impiedosos estupraram a mulher por toda a noite até que ela morresse. O levita, transtornado por esse crime hediondo cometido pelos benjamitas, filhos da nação santa de Israel, cortou o corpo da vítima em 12 pedaços, enviando cada

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parte a uma das 12 tribos, para que a justiça fosse feita em resposta àquele assassinato brutal (}z 20.4-7). Para ele, a morte de sua mulher era uma tragédia nacional que expunha o estado pecaminoso do povo "santo" de Deus. Chocados, todos se uniram e exigiram juízo imediato contra os filhos de Benjamim. Pediram que lhes entregassem quem havia cometido tal transgressão, a fim de que pudessem matá-los. A tribo benjamita se recusou e reuniu 26.700 homens em Gibeá para lutarem contra os 400 mil da tropa de Israel. Imagine como a mente dos homens de Benjamim estava cauterizada pela vida pecaminosa e pela alienação contra Deus para seguir com esse plano infeliz. Eles estavam dispostos a defender violentamente aqueles estupradores e assassinos, em vez de fazê-los passar pela punição proposta (ver v. 12-17). Reveja a defesa surpreendente dos filhos de Benjamim àqueles perversos. Observe que a batalha espiritual deve tê-los cegado da moralidade básica. Lembre-se de que as pelejas acontecem sempre que você vê o mal lutando contra o bem, ou o pecado opondo-se contra a justiça. No entanto, a solução não é tão simples quanto destruir os filhos de Benjamim em um campo de batalha, embora possa parecer tentador. Essa luta exige ações espirituais e naturais. Onde quer que algo se oponha aos desígnios divinos, guerrear deve ser a primeira reação. Não havia dúvida de que a vontade do Senhor era exigir justiça implacável daqueles estupradores e assassinos. Se os habitantes de Benjamim estavam dispostos a proteger esses homens, tal comportamento representava um ato de injustiça, contrário aos planos divinos. Os benjamitas tinham de prestar contas pelos seus atos.

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Antes de tomar uma atitude contra eles, os israelitas foram para Betei, a Casa de Deus, a fim de consultar o Senhor. Eis aqui como pediram Sua direção: Quem dentre nós subirá primeiro a pelejar contra Benjamim? E disse o SENHOR: Judá subirá primeiro (v. 18b). Aprendemos que o Altíssimo era a favor de que Israel praticasse a justiça de maneira imediata, firme e letal contra os filhos de Benjamim. Entretanto, em vez de 400 mil soldados lutarem contra 26.700, somente a tribo de Judá deveria subir contra eles. A direção do Alto foi liberada quando os israelitas pediram por Seu socorro em oração. A primeira técnica da batalha espiritual é pedir. Eles levaram suas demandas, petições e seus questionamentos ao Altíssimo em oração, e Ele lhes respondeu. Jesus nos ensinou a pedir e receber. Israel pediu e recebeu a aprovação de Deus para lutar contra Benjamim sob a condição de que Judá fosse primeiro.

Deus não concede respostas, provisão ou bênçãos àquele que está fora de Seus propósitos. O Senhor quer que vivamos no centro de Sua vontade.

Para a surpresa deles, Judá perdeu 22 mil homens naquele dia. Como puderam ser derrotados? Possuíam uma tropa maior! Além disso, não tinham recebido de Deus a aprovação após pedirem por direção em oração? Certamente. No entanto,

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este é o retrato da batalha espiritual: podemos perder uma batalha se não estivermos em completa obediência à direção de Deus. Ainda assim, devemos saber como proceder depois. Por que Jesus ensinou que existem três técnicas de luta? Podemos concluir que, quando uma ação não produz uma bênção, você deve partir para a próxima. A batalha espiritual envolve a resistência empregada ao tentar cumprir a vontade de Deus ou garantir as promessas dEle. Estar fora dos propósitos do Senhor e continuar procurando por Suas bênçãos fará com que elas deixem de ir até você. João ensinou que nossa confiança em esperar respostas às orações só é fundamentada quando as buscamos em conformidade com a vontade do Pai (l Jo 5.14,15). Deus não concede respostas, provisão ou bênçãos àquele que está fora de Seus propósitos. O Senhor deseja que vivamos no centro de Sua vontade. Quanto mais crescemos em intimidade com o Altíssimo, mais facilmente Sua vontade revelada é entendida e buscada de modo sincero. Quando a vontade revelada por Deus é frustrada, devemos nos preparar para a batalha. Se não recebermos a bênção desejada, devemos lutar até que seja garantida. Os israelitas entenderam esse princípio. Estava claro para eles que os desígnios divinos apontavam a que os filhos de Benjamim fossem punidos por aquele crime cometido pelos homens de Gibeá. Embora Deus tenha dado aos israelitas uma resposta afirmativa quanto a pelejarem contra Benjamim, eles perderam a batalha. Mesmo buscando e recebendo a resposta do Senhor, não garantiram a vitória. Nesse exemplo, a primeira tática espiritual não assegurou a bênção. Contudo, não se preocupe ou fique desanimado,

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quando isso acontecer a você. Somente prossiga para a segunda técnica de combate. BUSQUE E VOCÊ ACHARÁ Às vezes, você se vê de joelhos por causa da ineficácia dos outros, principalmente quando busca por uma solução a um dilema. Minha filha mais velha, Danielle, teve um exigente professor na graduação, que não se comunicava claramente. Uma dissertação, valendo 30% de sua nota, deveria ser entregue no final do primeiro mês daquele semestre. O jovem e inexperiente orientador não havia mencionado qualquer descrição ou explicação acerca de seu pedido, exceto por "quero uma dissertação para essa data". Danielle passou alguns minutos em oração, buscando a Deus por uma inspiração. O Senhor colocou um tema em sua mente, e ela recebeu um A pelo desempenho. Até alguns detalhes, como essa oração, podem ser ferramentas poderosas para se obter a sabedoria de Deus, que sabe de todas as coisas. Os israelitas espantaram o desânimo do campo de batalha naquele dia e mantiveram o problema no campo espiritual antes de apenas torná-lo militar. Todo o destacamento de soldados voltou ao local de oração. Eis o que aconteceu em seguida: Porém esforçou-se o povo dos homens de Israel, e tornaram a ordenar a peleja no lugar onde no primeiro dia a tinham ordenado. E subiram os filhos de Israel, e choraram perante o SENHOR até à tarde, e perguntaram ao SENHOR, dizendo: Tornar-me-ei a chegar à peleja

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contra os filhos de Benjamim, meu irmão? E disse o SENHOR: Subi contra ele. Juizes 20.22,23

O incentivo é um passo vital na batalha ou no desenvolvimento espiritual. Existem momentos em que você tem de empenhar-se em Deus. Isso é extremamente importante, dado o valor que proporciona. Contudo, embora a automotivação seja insubstituível, em tempos de luta intensa, é importante unir-se a outros guerreiros de oração para obter ajuda de muitas fontes. O autor e líder John Maxwell disse: "O homem não vive só de pão; às vezes, ele precisa de um pouco da manteiga do encorajamento".1 Foi isso que os israelitas fizeram antes de iniciar a fase de busca da batalha espiritual. Eles incentivaram uns aos outros. O filósofo americano George Matthew Adams declara: Há holofotes em toda nossa vida, e a maioria deles veio do incentivo de outra pessoa. Não importa o quanto um homem ou uma mulher seja grande, famoso ou com sucesso, cada um anseia por aplausos.2

Esse momento levou os israelitas a voltarem ao local de oração. Dessa vez, precisavam sondar seus corações por meio do arrependimento e da humildade, a fim de entenderem como abordar aquela questão contra os filhos de Benjamim. Uma pergunta importante deveria ser respondida por meio da oração: eles se perderam de Deus? Durante o processo de questionamento, de fato, ouviram o comando do Altíssimo

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para lutarem contra Benjamim? Israel tinha de respondê-la antes de seguir a outro ataque. O ponto crucial da questão era o relacionamento que tinham com Deus. Sabemos que o pecado nos atrapalha a recebermos as bênçãos divinas. Então, a fim de resolverem o problema, os israelitas prantearam diante do Senhor até a noite. Lembre-se de que a palavra buscar envolve contrição e submissão, precursores dos pedidos e das súplicas na oração.

Não deixe que o orgulho fique no caminho de sua busca por Deus.

Os israelitas choraram diante do Senhor. Esse comportamento é comum ao arrependimento - o reconhecimento e a renúncia aos pecados. O povo queria a sabedoria e o agir divinos para esse problema. Não poderia haver nada que atrapalhasse sua procura por Deus. O orgulho ou o pecado não interfeririam nessa busca pela vontade divina. Para o povo hebreu, chorar significa lamentar, prantear. Ainda que as lágrimas estejam associadas aos olhos, o choro também pode relacionar-se à voz. Eles prantearam em voz alta. De modo algum, Israel deixaria que o orgulho ficasse no caminho da sua busca por Deus. Não agora. O povo precisava conhecer a mente e a vontade do Todo-Poderoso. A resistência que encontraram diante da perda de 22 mil homens mostrou que se haviam oposto às forças espirituais das trevas, e não só contra os

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habilidosos soldados de Benjamim. Para romper aquela barreira obscura e encontrar a vontade e a bênção de Deus, eles tinham de ajustar seu armamento espiritual à maneira de buscarem o Senhor. Depois de um autoexame, do arrependimento e da humilhação do povo diante do Senhor, Ele falou mais uma vez e foi tão claro como da primeira: Subi contra ele (Jz 20.23b). Mesmo assim, os de Benjamim venceram 18 mil israelitas (v. 25). Você acredita nisso? Como perderam novamente? É importante focarmos em algo fundamental quando nos comprometermos na batalha espiritual. A questão principal é a vontade de Deus, o qual afirmou claramente o fato de que os benjamitas deveriam ser punidos pelos crimes contra a mulher do levita. O estupro e o assassinato não ficariam impunes. O fato de a tribo de Benjamim abrigar criminosos sugere que o seu coração, sua mente e visão de mundo estavam totalmente na contramão do Reino de Deus. Tal oposição evidencia que algo além de um crime fora cometido. A batalha acontecia nessa esfera, cegando a mente dos filhos de Benjamim à clareza moral. O tríplice princípio que Jesus ensinou é que devemos pedir, buscar e bater. O estágio final de bater traria a resposta ao dilema dos israelitas. BATA E A PORTA SE ABRIRÁ Nossa igreja planejou uma viagem missionária de assistência médica à Guatemala por um ano. Nossa pretensão era levar cerca de 50 médicos para fornecer tratamento aos necessitados, em uma das comunidades mais pobres daquele país. Tínhamos recursos 167


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para trabalhar com poucos hospitais e algumas companhias farmacêuticas de nossa região para garantirmos remédios grátis e equipamentos médicos. Embarcamos tudo em um navio para a Guatemala, em um enorme contêiner de cargas. O material aportou em segurança, e o voo do grupo estava agendado para decolar de Nova Jérsei em algumas semanas.

A vitória deve ser garantida no local de oração antes de ser vivenciada no campo de batalha.

A poucos dias do início dos atendimentos, soubemos que os oficiais da alfândega guatemalteca não liberariam nosso suprimento médico. Tentamos fazê-los entender a necessidade daquele material e do cronograma curto de nossa viagem. No entanto, eles não queriam ceder. Não havia outro recurso, senão nos voltarmos a Deus. Nossa equipe em Nova Jérsei clamou ao Senhor por uma intervenção. Então, passada uma hora ou mais, um dos membros da equipe lembrou-se de um empresário guatemalteco, com o qual se reunira. Aquele homem morava na Guatemala, mas havia visitado os EUA a negócios havia cerca de um mês. Fizemos contato com ele, que, solidário à nossa difícil situação, ainda declarou: "Embora eu não seja cristão, reconheço que vocês estão fazendo um bem ao meu país. Conheço a esposa de um dos altos oficiais do governo, ela também é cristã. Telefonarei para ela".

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Na noite de domingo, um dia antes de o trabalho começar, um telefonema foi feito para a alfândega. Basta dizer que, no momento em que o oficial da alfândega desligou o telefone, nosso carregamento foi liberado. A oração funciona! Você pode não saber o que fazer ou com quem falar diante de uma circunstância difícil. Todavia, Deus é capaz de realizar maravilhas quando o problema é apresentado a Ele em oração. O Senhor conhece todos, em todo lugar, e não vê problema em representar você. Se não tivéssemos batido à porta em oração, 18 mil pessoas não teriam sido atendidas e suas necessidades médicas supridas durante aquela viagem de dez dias.

Choramos em resposta à perda e ao luto. Os israelitas prantearam devido ao seu afastamento espiritual de Deus.

Novamente, os israelitas se encorajaram na busca por justiça e pela vontade de Deus. Mais uma vez, ativeram-se ao âmbito espiritual antes de partir em para a ação militar. Eis o que eles fizeram: Então, todos os filhos de Israel, todo o povo, subiram, e vieram a Betei, e choraram, e estiveram ali perante o SENHOR, e jejuaram aquele dia até à tarde, e ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas perante o SENHOR. E os filhos de Israel perguntaram ao SENHOR (porquanto

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GUERREIROS DE JOELHOS a arca do concerto de Deus estava ali naqueles dias; e Fineias, filho de Eleazar, filho de Arão, estava perante ele naqueles dias), dizendo: Sairei ainda mais a pelejar contra os filhos de Benjamim, meu irmão, ou pararei? E disse o SENHOR: Subi, que amanhã eu to entregarei na mão. Juizes 20.26-28

O fato de terem voltado para Betei, a fim de buscarem a Deus em oração, denota que, primeiramente, viam a guerra como um problema espiritual. A vitória deve ser garantida no local de oração antes de ser vivenciada no campo de batalha. Muitas vezes, partimos para a luta ao chamarmos nosso advogado, banqueiro ou qualquer outra pessoa influente, em vez de apresentarmos primeiro o problema a Deus em oração. Os guerreiros de joelhos clamam de imediato por sabedoria e estratégia divinas antes de buscarem soluções terrenas para o seu suplício. Se essa não tem sido sua prática, é essencial avaliar tal questão antes de seguir em frente. Aplicar essa estratégia de oração também reduzirá o tempo de espera e qualquer aborrecimento. Se, porventura, são exigidos serviços profissionais, Deus irá conduzi-lo a entrar em contato com o advogado certo, contador ou quem quer que seja. A chave é entender que você deve, primeiro, levar a demanda ao Senhor. O princípio de bater à porta abrange a forma mais intensa de clamor. Os israelitas continuaram chorando. Eles jejuaram desde a manhã até a noite, então, ofereceram sacrifícios e ofertas de comunhão ao Senhor. Cada ação retratou o rigor com que se comprometeram a examinar-se à procura de qualquer pecado

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ou quaisquer bloqueios espirituais, empecilhos para obterem a bênção. Cada ato refletiu a fé e a persistência em sua busca pelo coração de Deus. Choramos em resposta à perda e ao luto. Os israelitas prantearam devido ao seu afastamento espiritual de Deus e por seus irmãos benjamitas. O fato de um levita - uma autoridade religiosa ter sua mulher estuprada e assassinada tão violentamente pelo próprio conterrâneo era injusto. Aquele delito representava mais do que o coração perverso dos homens de Gibeá; também dizia respeito à apostasia de uma nação. Israel vivia longe das leis de Deus - aquelas codificadas por Moisés a fim de guiar o povo no caminho da integridade moral. A vergonha por abandonar, de modo deliberado, o governo divino levou a esse pecado hediondo. O clamor e o jejum refletiam o desgosto que sentiam com relação ao estado espiritual da nação e a necessidade de retornarem completamente a Deus. O jejum é uma ferramenta espiritual criada por Deus para desembaçar nossa visão, para fazer com que os olhos de nossa alma nos ajudem a ver o Senhor claramente. Paulo jejuou por três dias, imediatamente após a visão de Cristo fazer com que ficasse cego na estrada de Damasco (At 9.9). A escolha de não se alimentar por três dias tinha o intuito de colocá-lo, bem como sua visão de mundo, no caminho certo. Ele viveu por toda a vida debaixo de um conjunto de regras e ideologias equivocadas. Então, jejuou pela santidade. O jejum purificaria seu discernimento e sua perspectiva espiritual, além de ajudá-lo a ouvir mais precisamente a voz de Deus. Funcionou. Deus ouviu suas orações e o curou da cegueira; e, o mais importante, Deus endireitou seu entendimento e sua Teologia. Agora, Jesus era o Senhor de sua vida.

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Da mesma maneira, os israelitas precisavam estar completamente alinhados à visão do Altíssimo, com relação à maneira como viam os homens de Benjamim e a vida em geral. Eles examinaram o coração enquanto jejuavam. Tudo o que parecia contrário à justiça e à santidade foi lamentado. Até ofereceram sacrifícios e ofertas ao Senhor, simbolizando sua submissão a Deus e ao Seu louvor. Aprendemos que bater à porta exige sondar completamente o coração a fim de ter certeza de que cada pecado e toda a cegueira espiritual foram removidos, então, a vontade de Deus não será, de modo algum, detida. Tal introspecção não pode ser mecânica, mas sincera e contrita. Um coração cheio de pecados coloca empecilhos à provisão divina. O coração limpo é um acesso fácil para as bênçãos do Senhor.

O jejum é uma ferramenta espiritual criada por Deus para desembaçar nossa visão, para fazer com que os olhos de nossa alma nos ajudem a ver o Senhor claramente.

A menos que você esteja desesperado por tentar retomar sua vida - em todos os aspectos - nada irá acontecer. Maria e Georgios vieram da Grécia há 20 anos. Enquanto estavam lá, eles se apaixonaram e tiveram um casamento civil em Atenas. Após 23 anos e três filhos, a união estava por um fio devido a vários motivos. Ambos tinham casos extraconjugais, e Georgios era pai de uma filha fora do

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casamento. O casal procurou três ou quatro conselheiros cristãos, mas não obteve sucesso. O matrimónio rumava ao divórcio judicial. Então, eles começaram a frequentar uma de nossas igrejas e agendaram uma sessão de aconselhamento com aquele pastor como última tentativa. Amavam-se profundamente apesar de todos os problemas no relacionamento. O pastor tinha paixão por ajudar casais em apuros, levando-os a obterem uma perspectiva completa de toda a sua vida juntos. Sabiamente, procurou organizar, com ambos, um genograma, uma representação gráfica familiar. Tal instrumento permite alcançar respostas a questões relacionadas a concessões morais e erros, tomando por base as escolhas de nossos antepassados. Maria e Georgios se surpreenderam ao descobrir quantos membros de sua família estavam envolvidos em relacionamentos extraconjugais, haviam gerado filhos fora do casamento, tornaram-se vítimas de violência doméstica, ou ainda, sofriam com abusos alcoólicos. Esses eram os mesmos desvios do casal. O diagrama fora notável. Eles reconheceram estar presos ao mesmo pecado de seus ancestrais. Na verdade, logo descobriram que a filha mais velha relacionava-se com um homem casado. O que veio a seguir reforçou como tais práticas pecaminosas contínuas fincaram raízes em seus filhos. Assim, o Pr. Fred propôs uma estratégia de oração e jejum para o casal. Em poucos meses, o casamento começou ser restaurado. A confiança nasceu outra vez. A filha deles deu fim àquele relacionamento impróprio. Na verdade, a estratégia de oração tornou-se um verdadeiro reencontro, despertando a família à realidade da situação, a fim de que cada um pudesse

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aceitar a mudança. Para comemorar o começo da nova vida e a regeneração da família, Maria e Georgios renovaram os votos de casamento em uma enorme comemoração. Tiveram uma maravilhosa lua de mel, a qual não desfrutaram quando se casaram. Quando nos desesperamos pela restauração de nossa vida, a oração e o jejum tornam-se ferramentas inestimáveis. Existem muitos tipos de jejuns. Paulo praticava um absoluto, que, basicamente, dura não mais do que três dias e envolve abstinência total de água, suco ou alimento sólido. Os israelitas, por outro lado, usavam o jejum parcial. Eles escolhiam não comer desde a manhã até o anoitecer. Se você estudar a palavra jejum, sob cada aspecto abordado na Bíblia, encontrará muitas direções práticas sobre qual tipo escolher, relacionando-o ao que almeja. Mais importante do que a escolha, é a qualidade do jejum. Quando praticá-lo, certifique-se de identificar os objetivos desejados e utilizar os momentos de suas refeições regulares para orar. Esses instantes de súplica serão distintivamente preenchidos, desde que sua fome seja substituída pela carência da presença de Deus. Jesus prometeu que, ao batermos à porta, ela se abrirá. Tal compromisso provou ser o mesmo para com os israelitas naquele dia. Depois que bateram com fé, prantearam introspectivamente, praticaram o arrependimento e ofereceram sacrifícios ao Senhor, oraram dizendo: Sairei ainda mais a pelejar contra os filhos de Benjamim, meu irmão, ou pararei? (Jz 20.28b). Desta vez, o coração deles estava tão dócil, que apenas queriam agradar a Deus. Mesmo se o Senhor dissesse: "Deixe os estupradores e os assassinos em paz", os líderes teriam ido

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A arte da batalha espiritual

para a casa tranquilamente, sabendo que obedeceram a Deus. Quando você adquire a técnica de bater à porta, seu coração deve estar tão maleável nas mãos do Altíssimo que você não tem absolutamente nada para provar. O significado de vencer passa a ser agradar o coração dEle. Se essa não for a expectativa, terá de recomeçar e reaprender as habilidades da batalha de pedir, buscar e bater, a fim de alcançar tal nível de paz com o Senhor. Felizmente, quanto a essa questão, o Todo-Poderoso fez justiça contra os filhos de Benjamim. Vencer a batalha espiritual significava punir os homens de Gibeá e aqueles que ousaram proteger e defender aqueles assassinos. Depois de os israelitas baterem à porta, o Senhor a abriu para eles. As palavras exatas foram: Subi, que amanhã eu to entregarei na mão (v. 28c). A vitória era certa. No dia seguinte, os israelitas derrubaram 25.100 benjamitas (v. 35). A justiça foi feita. As batalhas espirituais e naturais foram vencidas, e o Nome do Senhor, defendido. Assim, aquele levita obteve justiça por sua mulher assassinada, enquanto a nação se voltou para Deus ao restaurar a sua orientação moral. A batalha espiritual é uma arte. Você deve saber como se aproximar de Deus, permanecendo em Sua presença até receber a estratégia necessária para garantir as Suas bênçãos. Conforme Jesus ensinou, você pode tornar-se habilidoso na técnica tripla do combate espiritual: bata e a porta será aberta; peça e lhe será dado; busque e achará. Se pedir e não receber, fique despreocupado. Siga para o próximo nível da batalha espiritual, porque a oposição do inimigo exige um grande esforço de sua parte. Se você buscar e não encontrar, não se abale. Aumente

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GUERREIROS DE JOELHOS

o fervor espiritual contra o seu astuto adversário, levando a batalha ao nível mais alto de intensidade. Bata à porta. Essa arma é infalível. Então, a porta será aberta para você. Determine onde houve falhas em seu último conflito com o inimigo. Talvez, você tenha desistido depois de sentir resistência, ainda que tenha pedido a Deus por Suas bênçãos. Arme-se com a verdade das Escrituras e leve o combate a uma nova dimensão ao lutar pelas promessas do Senhor. Elas valem a pena em cada segundo dos desafios transpostos. Você é um guerreiro, portanto, lute pelo propósito de Deus para a sua vida e para esta geração!

1

MAXWELL, 2007, p. 164.

2

Disponível em: <http:// thinkexist.com/quotation/there_are_high_spots_in_all_of_our_ lives_and_ most/207343.html>.

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Capítulo 7

A UNIÃO DOS GUERREIROS

/L\\ MARINHA NUNCA DEIXA OUTRO MARINHEIRO PARA TRÁS EM dL Ajbuma missão. Mesmo se um soldado morrer em território inimigo, seus companheiros levarão o corpo dele para casa. O trabalho em equipe é mais do que somente um princípio de liderança para esses combatentes. É uma regra inflexível. Para ressaltar a importância da atividade em grupo, os marinheiros são treinados por meio de exercícios técnicos, nos quais muitas de suas operações não podem ser realizadas individualmente. Exige-se que os militares executem suas funções partindo dos


GUERREIROS DE JOELHOS

pressupostos de que todos os membros receberam o mesmo treinamento rigoroso e desenvolveram suas competências. O trabalho militar é extremamente importante, mas sua atuação é limitada a problemas terrenos. O serviço dos guerreiros de joelhos tem um impacto eterno. A consequência infindável da obra de um guerreiro da oração excede à dos marinheiros, mas, ainda assim, devemos extrair desses soldados o importante princípio do trabalho em equipe. Não foi a Marinha que introduziu tal conceito. Esse tipo de força conjunta é enfatizado ao longo da Bíblia, embora nos esqueçamos, às vezes, de sua importância. Há milhares de anos, Salomão escreveu: Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque, se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também se dois dormiremjuntos, eles se aquentarão; mas umsó como se aquentará? E, sealguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.

Eclesiastes 4.9-12

A vantagem de orar em grupo é que o pedido pode ser analisado de maneira apropriada; então, a vontade de Deus é garantida.

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A união dos guerreiros

O benefício inquestionável do trabalho em equipe é apresentado nas Escrituras. Não existe discussão acerca de que dois são melhores do que um, principalmente, quando enfrentamos dificuldades ou trabalho árduo. O desafio surge na execução do serviço em grupo. Para os marinheiros, o exercício coletivo é desenvolvido enquanto dominam as atividades de condicionamento. Creio que essa seja a chave para entender o poder da intercessão em grupo. Esse modo de orar é conhecido como oração de concordância. A citação a seguir é um ensinamento de Jesus: Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles (Mt 18.19,20). A vantagem de orar em grupo é que o pedido pode ser analisado de maneira apropriada; então, a vontade de Deus é garantida. Apenas a vontade divina revelada pode gerar uma súplica apaixonada de um grupo de guerreiros. Os participantes dessa equipe de intercessores devem, também, compartilhar da necessidade pela oração. Ambas, necessidade e recompensa pela resposta a um clamor, são partilhadas pelo conjunto. O grupo validará se a petição é genuína e real, bem como investirá sua fé e seu poder em apoio, uma vez que a recompensa pela súplica atendida seja primordial a todos. Jesus concluiu Seu ensino dizendo que a resposta de Deus é garantida se dois concordarem em oração. Guerreiros de joelhos usufruem de um poder extraordinário quando oram juntos.

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Umas de minhas lembranças mais antigas acerca do poder da oração em concordância é de quando a Christ Church tinha somente 50 membros, com pouquíssimos homens. Não tenho nada contra mulheres, mas minha vontade não era pastorear uma igreja cujos membros compunham-se por mais de 75% delas. A proporção de homens para o número de mulheres não refletia a realidade social, então, todos nós concordamos que não deveria ser assim na casa de Deus. Todos os meus esforços em anunciar e posicionar a igreja, a fim de alcançar os homens, foram em vão. Finalmente, decidi fazer do problema um assunto de oração. Então, em vez de abordar isso sozinho, pedi que a congregação se unisse a mim em um domingo de manhã, com o único propósito de orarmos pela necessidade de mais homens se juntarem ao nosso grupo. Para a minha grande surpresa, quase todos os membros compareceram à reunião improvisada, prontos a intercederem em concordância. Começamos às 9h da manhã e fundamentamos nossos pedidos em um trecho das Escrituras que se encaixava à nossa necessidade. A oração em concordância é quase como destruir um pedregulho. É preciso abordar a questão mais e mais, sob perspectivas e ângulos diferentes, até começar a fragmentá-la. Com a convicção derramada pelo Espírito Santo, intercedemos por nossos irmãos, tios, filhos, pais e em favor de cada homem de nosso círculo de convivência. Sabendo que 86% das pessoas aderem à igreja por meio da influência da família e dos amigos, oramos com essa informação em mente.1 O tempo passava devagar enquanto abordávamos tal demanda em oração.

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A união dos guerreiros

Cantamos para manter nosso foco intacto e nossa fé envolvida. Lemos as Escrituras, que reforçam as promessas divinas para a salvação de nossos amados. Essas atividades alimentavam a chama vagarosa que estava sendo construída em relação ao nosso avanço. Enquanto nos esforçávamos com Deus, alguns (inclusive eu) começaram a andar de um lado para o outro como fez Eliseu ao orar pelo filho morto da sunamita, a fim de que o menino voltasse à vida (2 Rs 4.32-35). Aqueles passos geraram um ritmo e uma concentração que nos deram a sensação de que tentávamos quebrar algo resistente à vontade divina. Continuamos até quase o meio-dia, quando o mover da oração estava no auge. Todos nós sentimos como se algo tivesse sido quebrado no mundo espiritual. Qualquer que fosse a força demoníaca a atrapalhar os homens de se juntarem à nossa congregação fora manietada naquele dia. Nada há de místico ou sobrenatural pelo fato de ter acontecido ao meio-dia. Simplesmente, aquele foi o momento em que o impedimento espiritual - oposto à vontade divina de que os homens se unissem ao povo da Christ Church foi derrubado. Nossa oração em concordância realmente provou ser um ato de batalha.

A fé eleva a força da demonstração ou comprova sua existência em uma situação.

No dia seguinte, muitos homens vieram ao culto e entregaram livremente seu coração ao Senhor, por ocasião do apelo. Na

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verdade, muitos desses ainda estão conosco mais de 20 anos depois. A partir daquele domingo e até então, milhares de homens têm chamado a Christ Church de lar. Quando visitam nossa igreja e comentam acerca do grande percentual masculino, sorrio, porque me lembro daquele dia, quando a nossa pequena congregação e eu exercitamos o poder encontrado na oração em concordância. Foi necessário o esforço de um time de guerreiros de joelhos, unidos a clamar para garantir o cumprimento daquele pedido. ADQUIRINDO O TlTULO DE PROPRIEDADE

Suplicar em concordância não representa, apenas, chamar algumas pessoas para orar com você a respeito de uma necessidade. Isso exige fé, a fim de garantir nossas petições a Deus. Em Hebreus 11.1 - NTLH, a Palavra declara: A f é é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. O significado de fé é mais bem explicitado por meio dessa ideia de se ter uma certeza plena no coração. Entretanto, quando olhamos para a função da fé, ao orar em concordância, é necessário desenvolver uma confiança espiritual, ou seja, assegurar-se de que Deus está disposto a atender seu pedido. Isso deve ocorrer primeiro na oração. A expressão título de propriedade é um dos sentidos do vocábulo prova, encontrado em Hebreus 11, no versículo 1. É a palavra grega elegchos (pronuncia-se el-eng-khos), que também significa evidência e segurança. De acordo com o célebre estudioso grego, Marvin R. Vincent, a palavra elegchos

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[...] acrescenta, à simples ideia de garantia, uma sugestão de influências que operam para produzir a convicção que eleva a força da confirmação. O termo sempre significa um processo de prova ou validação.2

Ao aplicarmos esse significado ao âmbito espiritual, aprendemos que a fé aumenta a força da confirmação ou comprova sua existência em uma situação. O título de propriedade ou escritura, conforme chamamos hoje, é a prova legal de posse de um património. O autor pretende que observemos quando a fé genuína está operando, pois ela atua a fim de assegurar que a apropriação de tudo o que seja buscado em oração certamente acontecerá.

O lugar de concordância é onde a vontade de Deus é primordial.

Na arena da oração, em algum momento de sua intercessão, você tem consciência de que o resultado de sua busca em Deus foi alcançado. Essa experiência, bastante subjetiva e difícil de descrever, assemelha-se a receber o título de propriedade ou a prova de que o Senhor realizou sua petição. Não será mais necessário esforçar-se tanto em oração. Está feito. Ainda que não perceba de imediato, você recebeu o título de propriedade naquele instante. Quando nossa pequena congregação orou por mais homens, recebemos o título perto do meio-dia, naquele sábado, quando o

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mover da oração alcançou seu auge. A sensação experimentada de uma liberação ou de algo se quebrando na esfera espiritual é apenas outra maneira de dizer que tomamos posse. Quer esteja orando sozinho ou em grupo, o objetivo é usar a sua fé para obter o título de propriedade daquilo que é o motivo do seu clamor. LOCAL DE CONCORDÂNCIA Quando uma equipe de guerreiros de joelhos se reúne para orar, algo poderoso acontece no momento em que se acomodam em um local de concordância. Você saberá quando chegar a esse lugar, pois Jesus disse: Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles (Mt 18.20, ênfase do autor). Esse é o ambiente em que a vontade de Deus é primordial. Cada membro do grupo de oração deseja a vontade divina acima de suas ambições pessoais ou seus objetivos; por isso, o local de concordância não é um lugar físico. É uma determinação espiritual caracterizada pelo desapego, no qual os participantes exaltam unânimes a preferência e o prazer divinos. O local de concordância é mais bem entendido se considerarmos que Paulo acatou a resposta de Deus à sua oração, ainda que não fosse a resposta que gostaria de ter ouvido. Depois de orar por três vezes para que um espinho lhe fosse removido, o Senhor respondeu a ele: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Paulo concluiu: De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo (2 Co 12.9). No momento em que Paulo aceitou a vontade de Deus, mesmo sendo contrária à sua, o apóstolo entrou no local de concordância. O poder do Senhor estava sobre ele. Esse ambiente é um lugar de poder!

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Quando um grupo de guerreiros está unido em oração, seus participantes entram no local de concordância enquanto se sujeitam completamente à vontade de Deus. Nesse ponto, a realidade da afirmação de Jesus torna-se evidente: Aí estou eu no meio deles (Mt 18.20b). É como se o Mestre Se unisse ao time de oração, quando todos se rendem liberalmente à vontade do Pai. As súplicas proferidas no local de concordância são facilmente atendidas pelo Senhor, ciente de que os guerreiros estão de prontidão para realizar tudo o que Ele lhes ordenar fazer ou ir por onde quer que Ele mande. Não há neles resistência no coração quanto à vontade de Deus, apesar de qualquer ajuste que precisem fazer a fim de cumprirem apropriadamente as ordens do Mestre. Assim, por causa da total submissão desses intercessores ao Altíssimo, Ele não tem prazer em reter os pedidos que fazem em oração. De modo prático, existem vários itens que devem estar em ordem para tomar parte do local de concordância quando nos unimos a um time de guerreiros de joelhos. Vamos explorá-los para que, em breve, você comece a desfrutar dos benefícios de orar em grupos ou com um parceiro de oração. Cada aspecto foi retirado, diretamente, das palavras de Jesus acerca da prática da oração em concordância. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mateus 18.19,20

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Sinta-se confortável na oração em grupo Orar com alguém é uma questão exclusivamente particular e espiritual. Para abrir o seu coração, fazendo com que um pedido pessoal se faça conhecido a outra pessoa, é preciso sentir-se confortável com ela. Não quero dizer que precisem ser grandes amigos ou terem um relacionamento de longa data. No entanto, esteja certo de que não há motivos ocultos ou planos além da disposição dos demais em ajudá-lo a levar sua preocupação diante do Deus de amor. Uma vez que o foco é a oração da concordância, a qual trata de questões pertencentes ao escopo do próximo, cada membro deve sentir-se confortável com o outro ou, no mínimo, com o líder do grupo. É essencial estar face a face com alguém, diante de uma questão importante, a fim de que se possa avaliar se a resposta buscada é, de fato, da vontade divina.

Sem certo nível de conforto, orar com alguém é fútil e ineficaz.

Sou membro de um grupo de oração mensal eclesiástico para líderes cristãos. O objetivo único dessa equipe é orar para que o avivamento rompa a região de Nova Jérsei. Embora seja um desejo compartilhado por todos os participantes, não experimentamos a eficácia na oração até começarmos a ter momentos de comunhão. Depois que os membros se sentiram confortáveis entre si, participar da oração em concordância tornou-se fácil.

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GUERREIROS DE JOELHOS

Ninguém busca oração quando tudo vai bem. Procuramos pela ajuda de Deus ao enfrentarmos crises, circunstâncias que consomem as emoções ou os incidentes dolorosos. Quando um dos líderes participantes foi diagnosticado com câncer, formamos uma equipe de oração pela cura desse irmão. Concordamos em interceder regularmente por sua recuperação, pelo fortalecimento de sua família e para que mantivesse a constância na fé em Deus durante esse suplício. Não poderíamos orar em concordância, a menos que ele comunicasse de maneira franca sua necessidade a nós. No momento em que escrevo estas linhas, a saúde dele não está totalmente restaurada, então, ainda permanecemos unidos em oração.

A oração não é uma varinha mágica que usamos em circunstâncias dolorosas e, então, instantaneamente, tudo se torna maravilhoso.

Interceder em concordância não é um pedido de oração não dito. No momento em que um time de guerreiros de joelhos se une para batalhar contra as forças das trevas, deve seguir uma ordem específica. Eles têm de apresentar com precisão o problema ao Senhor, exigindo que tal necessidade lhes seja claramente comunicada. Concordar sobre o significado da concordância Assim como os marinheiros dedicam-se ao princípio de trabalho em equipe, os guerreiros de joelhos devem primar

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por viver em concordância. Nossa força está na capacidade de caminharmos e vivermos coesos uns com os outros. Jesus ensinou que o Pai atende às orações realizadas por aqueles solidários ao próximo. A palavra grega para concordar é traduzida para o termo em inglês para sinfonia. Esse vocábulo remonta ao som produzido quando a música é tocada em completa harmonia. As notas não criam dissonâncias entre si, mas ressoam perfeitamente. Não quero deturpar o papel da oração. Há histórias que não têm um final feliz, mas que fornecem algumas lições. Assim foi com Debbie e John. Casados havia 18 anos, eles me procuraram após alguns momentos de dificuldade. O relacionamento deles se tornara tão tenso que sequer conseguiam conversar de forma pacífica. Desprezo é o termo que posso utilizar para descrever o que ambos sentiam um pelo outro. Conforme os ouvia e aconselhava sobre a necessidade de caminharem em concordância, irritavam-se. Nenhum queria ser responsável por entrar em concordância. Pelo visto, não achavam valer a pena lutar pelo casamento. A oração não é uma varinha mágica que usamos em circunstâncias dolorosas e, então, tudo se torna, instantaneamente, maravilhoso. Orar pode viabilizar milagres, até mesmo com relação a relacionamentos, porém o fator humano ainda desempenha um papel fundamental. As partes, ou pelo menos uma delas, devem se submeter a concordar com Deus. Essa concordância com Deus, seguida da concordância um com o outro, é essencial para obter orações atendidas. Por fim, Debbie e John se divorciaram. Certamente, existem restrições igualmente importantes a fim de garantir a concordância, assim como indicadores positivos para

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sinalizar quando o acordo foi alcançado. O pedido feito em voz alta deve honrar Cristo. O que quer que seja buscado deve ser bom e razoável para quem o pedido foi feito. As orações em concordância devem levar em conta a importância de preservar a vontade divina. A oração também precisa estar de acordo com as Escrituras. Se você não consegue imaginar Jesus dizendo "Amém!" - que significa assim seja - ao final de sua súplica, significa que tal clamor não deve ser pronunciado em particular ou publicamente. É uma oração pendente quanto aos elementos que constituem a concordância.

O local de concordância é onde Jesus Se sentiria confortável em pedir que você orasse com Ele acerca de qualquer problema.

A maneira conclusiva de saber se um pedido satisfaz ao teste da concordância é quando você tem certeza de que Jesus Se sentiria em casa junto ao seu grupo de oração. Isso significa que o Mestre deve ser movido pela mesma intensidade da intercessão, bem como você a sente. Se Cristo não testificar a sua súplica com o mesmo zelo, como se fosse um pedido dEle, esse clamor não é digno de ser apresentado a Deus. O local de concordância é onde Jesus Se sentiria confortável em pedir que você orasse com Ele acerca de qualquer problema. Foi o que aconteceu no Getsêmani. O Messias convidou Pedro, Tiago e João para orar sobre Sua crucificação vindoura. Esse é o

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melhor retrato da concordância que se pode ter. Os três homens concordaram, voluntariamente, em interceder ao lado de Jesus em Seu momento de necessidade. Todavia, conforme o decorrer do relato, os discípulos caem no sono, e o Mestre termina por orar sozinho. Além dessa triste realidade, aprendemos com o que a oração da concordância deve se parecer. A alegria da oração atendida A recompensa de caminhar, viver e orar em concordância é ter a petição atendida. Quando isso acontece, os guerreiros de joelhos ficam espantados, e Deus Se satisfaz por recompensá-los. Nosso Pai celestial quer nos agradar, e descobrimos que agradamos a Ele toda vez que oramos, unidos, em concordância. Esse ciclo de contentamento é perpetuado enquanto continuamos a viver coesos em torno do princípio de concordância. A alegria da oração respondida nos leva a continuar orando coletivamente. Se você não conhece ou nunca havia conhecido esses quatro benefícios desse tipo de intercessão, incentivo-o a encontrar um grupo de oração firme que mantenha os planos de Jesus para esta geração como foco. Uma vez que o encontre, junte-se a ele sem hesitação. A igreja primitiva entendeu o princípio e a prática da oração em grupo. Os cristãos dessa época passaram a ficar à vontade com essa maneira de orar, porque suas necessidades individuais e coletivas eram comunicadas livremente, de forma que a concordância fosse facilitada. O resultado é que seus pedidos foram ouvidos e atendidos pelo Senhor. Eles guardaram tal prática alegremente porque perceberam o poder que isso produzia.

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GUERREIROS REUNIDOS Existe uma série de benefícios associados a quem pertence a uma igreja local. Há a oportunidade de conhecer a comunidade pessoalmente. É onde o seu interior se conecta ao mais profundo dos outros em uma congregação. O fato de você e os outros manterem um relacionamento com Cristo gera uma conexão automática que, em muitos casos, é mais íntimo do que se tem com a própria família biológica. Conhecer a comunidade é ter a sensação de pertencer a algo e, também, sentir-se à vontade nos relacionamentos que formou. Essa ligação interna desperta suas emoções mais profundas. Você emprega sua energia, seus recursos e suas habilidades na visão da igreja, porque deseja ver cumpridos um chamado e um propósito. Além disso, ama ver o rosto do seu pastor enquanto ele sorri de orelha a orelha com a alegria de exercer a vocação dele por meio da igreja. Da mesma forma, se seus irmãos estão feridos ou o líder está sofrendo com uma provação difícil, você se vê chorando ou vigiando em oração para que haja um avanço.

Quando surgem crises, não há tempo para aprender as lições da oração na batalha. Você já precisa saber como envolver-se intimamente com Deus, conforme um guerreiro de joelhos.

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GUERREIROS DE JOELHOS

intercessores quando se reúnem: "Eles oram em desespero e em unidade; é sofrido; suas orações são inspiradas pelo Espírito".3 Assim era com os membros da igreja em Jerusalém. Reuniam-se em casas diferentes, a fim de derramarem o coração diante de Deus em favor da libertação de Pedro. Ninguém se sentira desconfortável com a ideia de se unir em oração com o resto dos cristãos. A necessidade era simples. Todos sabiam. Pedro tinha de ser libertado pelo Senhor. Seria preciso um milagre. Deus tinha de Se fazer presente. Todos estavam em total concordância. A libertação de Pedro eram o assunto e o objetivo da oração. Alguns se reuniram na casa de Maria, pois tinha uma grande casa (At 12.12). Enquanto a igreja punha-se a orar, o Altíssimo operava na cela da prisão. Um anjo visitou Pedro, enquanto este estava dormindo, preso por duas correntes e com guardas a postos. Aquele ser espiritual acordou Pedro, removeu de seus pés e de suas mãos as correntes, levando-o secretamente para fora da cadeia. Enquanto isso acontecia, Pedro achou que estava sonhando. Uma vez resgatado, percebeu que uma libertação sobrenatural, de fato, havia ocorrido. Então, o apóstolo foi para a casa de Maria e teve esta recepção: E, batendo Pedro à porta do pátio, uma menina chamada Rode saiu a escutar. E, conhecendo a voz de Pedro, de alegria não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava aporta. E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo. Mas Pedro perseverava em bater, e, quando

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abriram, viram-no e se espantaram. E, acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar. Atos 12.13-17

Os guerreiros de joelhos estavam no local de concordância quando clamaram a Deus pela libertação de Pedro. Mesmo assim, por que ficaram perplexos em vê-lo na casa de Maria? Muitas vezes, quando oramos, sozinhos ou em grupo, idealizamos como o Senhor poderá atender às nossas orações. Assim foi com a igreja primitiva. Eles buscaram a Deus por meio da fé, pedindo pelo resgate do apóstolo, contudo tinham seus próprios pensamentos acerca de como ele seria libertado. Deixe que o Senhor decida como deseja responder às petições. Nosso trabalho é entrar em oração, obtendo uma fé inabalável em nosso Pai celestial. A alegria da oração atendida fez os cristãos na casa de Maria bradarem em louvor e ações de graças. Pedro teve de aquietá-los porque ainda não era de conhecimento público que fora liberto de forma sobrenatural das garras de Herodes. Ele não queria que os soldados romanos descobrissem onde estava e, o mais importante, que havia fugido. Depois de se aquietarem, contou àqueles intercessores sobre sua experiência com o anjo do Senhor, pedindo-lhes que dissessem a Tiago - o líder da igreja em Jerusalém - e aos outros anciãos e ministros sobre o milagre de sua libertação. Eles precisavam saber das boas notícias o mais rápido possível.

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Os benefícios da oração individual são tremendos; por isso, devemos continuar nossa vida devocional privada. Contudo, não podemos ignorar os benefícios associados à oração em concordância, apenas evidentes em grupo.

As Escrituras narram a ação final de Pedro após se comunicar com o grupo de oração: E, saindo, partiu para outro lugar (At 12.17b). Ele foi para outro esconderijo subterrâneo, pois somente assim os soldados romanos e o rei Herodes não seriam capazes de localizar seu paradeiro. A mentalidade de Pedro era de um guerreiro. Entendia que deveria encorajar a igreja, avisando-os de que estava a salvo. Além disso, sabia como se esconder, assim, não tentou a Deus em caminhar livremente, declarando, com ousadia, acerca de sua libertação da prisão. Muito do que Deus deseja fazer por Sua Igreja hoje exige absoluta militância espiritual e agressividade na oração. Por vezes, esse tipo de vigilância na intercessão requer que você concorde com mais alguém em oração. Os benefícios da oração individual são tremendos; por isso, devemos continuar nossa vida devocional privada. Contudo, não podemos ignorar os benefícios associados à oração em concordância, apenas evidentes em grupo. Acrescente à sua vida espiritual o valor da oração em grupo e você será eternamente grato pelas recompensas que colherá. Lembro-me de uma mulher aflita que veio até mim, a fim de orar por seu casamento decadente. Ela estava casada havia quase

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A união dos guerreiros

20 anos. Embora seu marido voltasse para casa todas as noites, estava acomodado em manter-se distante emocionalmente. Na cabeça daquela esposa, sua união era uma farsa, porém não sabia o que fazer. Passamos um tempo orando, pedindo a Deus por sabedoria. Mesmo assim, o marido insistia à sua esposa que tudo estava bem, afirmando que as percepções dela acerca do casamento estavam mal orientadas. Enquanto eu orava, era evidente que algum segredo obscuro permeava a vida do marido. Por alguma razão desconhecida, o Espírito Santo não o revelara a mini ou à esposa, conforme perseverávamos em oração. Então, pensamentos sobre contratar um detetive vieram à minha mente. Compartilhei esse pensamento com ela, que atendeu ao meu conselho. Para a sua surpresa, o investigador lhe deu provas inegáveis de que seu marido tinha uma namorada e uma filha fora do casamento, com cinco anos de idade, do outro lado da cidade. Era como se ele estivesse vivendo em um filme. Ninguém soubera daquela vida dupla até a oração em concordância revelar a ação a ser tomada. Aquela mulher não teve outro recurso a não ser divorciar-se dele. Se você está enfrentando uma carga pesada ou uma provação intensa, não tente suportá-la sozinho. Precisar de ajuda e procurar por mudança não é egoísmo. O intercessor legendário e autor, Andrew Murray, escreve: O desejo é a força secreta que move o mundo inteiro de um homem, direcionando o caminho de cada um. Então, o desejo é a alma da oração.4

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Deixe que seu anseio pelo socorro de Deus ò conduza a unir-se a um time de intercessores que concordarão com você em oração. Então, você experimentará pessoalmente a força de ser parte de um grupo de guerreiros de joelhos.

•WAGNER, 1986. 'VINCENT, 1997. 3 PÍER; SWEETING, 2002, p. 68. 4 MURRAY,2009,p. 106.

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Capítulo 8

É HORA DE POSICIONAR-SE

M AMIGO CONTOU-ME UMA HISTORIA DE INFÂNCIA QUE

moldou sua imagem para sempre. Ele foi humilhado quando era um garotinho de oito anos, enquanto caminhava da escola para casa. O valentão da classe, incentivado por outros meninos, arrancou os óculos de seu rosto. Com medo da retaliação, José voltou para casa chorando. Seu pai, um soldado reformado da Marinha, perguntou por que estava a chorar. Em vez de lhe proferir o esperado, em conforto, "Vai ficar tudo bem, filho", aquele homem disse: "Vá buscar suas coisas e não


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volte para casa até pegar os seus óculos!". Então o pai chamou o irmão de José, que tinha cerca de dez anos, e disse: "Vá com ele. Certifique-se de que ele pegue de volta o que é dele, mas deixe que lide com o problema sozinho". José temia mais a reação de seu pai, se não recuperasse seus óculos, do que a do valentão. Então, ele encontrou o menino vangloriando-se de seu último assalto. Quando perguntei a José o que tinha acontecido, ele sorriu e disse: "Não foi agradável, mas consegui aquilo que era meu de volta!". Aquela lição deixou marcas irremovíveis em José. Ele aprendeu a nunca se encolher diante do medo. Percebeu que há momentos em que é preciso se impor pelo que é bom e correto, não importa o quanto isso seja contrário à sua natureza. Hoje, José é faixa preta em judo e não vê problema algum em pegar de volta o que é seu de qualquer um. Não estou defendendo a prática da violência, contudo ressalto que, se você nunca se posicionar diante da batalha espiritual, terminará como um soldado desanimado, que sempre passa pelo treinamento e pelos exercícios de guerra, mas nunca a experimenta de perto. Em algum momento de sua vida, você deve desenhar uma linha na areia e, quando o diabo se aproximar dela ou ousar atravessá-la, você deve entrar em modo de batalha. O seu futuro e as suas posses devem ser protegidos o tempo todo. No filme de 2006, Annapolis [Annapolis], Jake Huard, um arrogante recruta da Escola Naval, é confrontado e desafiado em seu esforço para se tornar um oficial da Marinha dos EUA. Seu principal adversário é o Tenente Cole, inflexível e insensível em suas expectativas em relação a Jake. Ao contrário dos outros

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É hora de posicionar-se

oficiais da Escola, Cole é um fuzileiro veterano de batalha. Em uma das discussões, o tenente disse a Jake: "Soldado, você só está brincando de soldadinho de chumbo, assim como a maioria dos oficiais dessa escola, mas eu, de fato, tenho sido um soldado. Eu estive no combate real".1 Essa forte declaração ajuda a ressaltar a diferença entre a teoria e a prática, entre o conceito e a realidade, entre brincar de ser um guerreiro de joelhos e ser um. MISSÃO DO INTERCESSOR À maneira que os marinheiros aguardam pelo dia da incorporação, os guerreiros de joelhos esperam receber a missão. Depois que os militares são informados sobre suas missões, o coração deles experimenta um misto de ansiedade e adrenalina por conta da aproximação da empreitada. Os intercessores também compartilham desse sentimento. Mesmo assim, sua coragem permanece intacta, pois o compromisso deles na guerra espiritual é pela alma dos demais. Ezequiel lembrou à nação de Israel acerca da incumbência e necessidade de intercessores de Deus quando profetizou: Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas não encontrei nenhum (Ez 22.30 - NVI). PAPEL DO INTERCESSOR Como sempre, Deus Se pôs à procura de alguém que quisesse ser um soldado, e não que simplesmente quisesse fazer o papel de um. O Senhor procurava por um intercessor que permanecesse diante dEle. Aprenderemos, mais adiante, que seu papel é ser um representante do Altíssimo diante do povo. 203


GUERREIROS DE JOELHOS

Para entender a função dessa representação e da defesa espiritual, observaremos seu registro em duas partes das Escrituras. Primeiro, no livro de Isaías, o termo intercessor é associado à busca de justiça em nome do outro: Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve (Is 59.16 - ARA, ênfase do autor). Deus percebera que o povo não tinha qualquer representante ou defensor que rogasse justiça por si. Então, em Sua sabedoria, enviou Jesus para ser o nosso Defensor. O papel de um intercessor é muito semelhante ao de um advogado. O trabalho desse profissional é representar o cliente diante do tribunal, defendendo-o em seu nome.

Um dos papéis do intercessor é ser um representante do Altíssimo diante do povo.

A segunda afirmação diz respeito a que Deus estava triste com Seu povo, indispondo-Se a não ouvi-lo, então, disse a Jeremias: E você, Jeremias, não ore por este povo nem faça súplicas ou pedidos em favor dele, nem interceda por ele junto a mim, pois eu não o ouvirei (Jr 7.16 - NVI, ênfase do autor). Aqui, vemos que o propósito da intercessão se dá conforme ao de um mediador ou representante do povo perante Deus.

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MODOS DE INTERCESSÃO A função do intercessor deve ser examinada com mais detalhes, a fim de entender como Deus deseja que você execute esse papel. Descobri que, em intercessão profunda, existem três modos perceptivelmente distintos de oração: lutar, argumentar ou trazer algo à existência enquanto oro. Intercessores lutam Há momentos em que sinto defender a necessidade de alguém, mas enfrento forte oposição. Nesses instantes, a oração se dificulta, parece agitada, faltando ritmo e desembaraço, o oposto da doce comunhão com Deus. Tenho a sensação de pelejar contra o inimigo de nossa alma à medida que busco a ajuda de Deus. Essa imagem pode ser vista na descrição de Paulo, em como Epafras lutou em oração para que o povo de Colosso se firmasse na vontade de Deus (Cl 4.12,13). De fato, o apóstolo usou a palavra lutar para descrever como aquele servo de Deus tentou destituir os poderes das trevas que atuavam para enfraquecer a confiança, a certeza e a garantia dos propósitos divinos na vida das pessoas. Esse modo de intercessão é o coração da batalha espiritual. Isso é combate espiritual. Essa fase do clamor é caracterizada pela persistência. Mantenha o curso da oração quando trouxer, diariamente, sua preocupação a Deus. Conforme Paulo orou por três vezes para que o espinho na carne lhe fosse removido (2 Co 12.7,8), conserve sua cautela em oração até que a questão seja solucionada ou, ainda, até quando Deus disser para deixá-la. A. B. Simpson, fundador da denominação Christian Missionary Alliance [Aliança Missionária Cristã], descobriu que a vigilância é:

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GUERREIROS DE JOELHOS A melhor regra de oração: orar até que entendamos a mente do Senhor acerca disso [do problema], e alcançar luz, direção e conforto suficientes para satisfazer o nosso coração. Logo que surja a segurança, devemos parar de orar, então, daí em diante, tudo deve ser motivo de louvor.2

Intercessores argumentam Por vezes, quando me ponho a interceder, percebo estar argumentando com Deus. Assim que obtive o mestrado em Engenharia e não conseguia encontrar um emprego na área, desesperei-me a respeito do que fazer, pois ocupava várias posições de baixa renda em trabalhos braçais. Disse a Deus que estava preparado para realizar tudo o que Ele quisesse. Então, argumentei em alta voz: "Deus, se queres que eu trabalhe nessa fábrica de macarrão pelo resto da vida, trabalharei. Não mais reclamarei. Apenas diz o que queres de mim, Senhor. Só quero agradar-Te". Sabia que interagira com Deus de modo profundo e significativo. Ele tinha meu coração, e eu, o dEle. Queria Sua vontade acima da minha satisfação ou do meu prazer. O Todo--Poderoso sabia disso porque aleguei em oração que os Seus propósitos seriam totalmente aceitos por mim. Foi assim que Abraão orou quando intercedeu pelas cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 18.22-33). Defendeu que Deus não deveria destruir a cidade se houvesse, pelo menos, dez justos vivendo ali.

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Conforme Paulo orou por três vezes para que o espinho na carne lhe fosse removido (2 Co 12.8), conserve sua cautela em oração até que a questão seja solucionada, ou, ainda, até quando Deus disser para deixá-la.

Nesse modo de intercessão, Abraão apelou somente com base na Palavra e no caráter de Deus: Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez (v. 32). A intercessão de Abraão era a de um advogado argumentando com um juiz, em nome de seu cliente. De modo semelhante, ao envolver-se nesse tipo de oração, encontre um trecho das Escrituras que comunique, claramente, o agir de Deus, Seu caráter ou Sua personalidade e teça argumentos a Ele somente com base nessa premissa. Intercessores trazem à existência A terceira forma de intercessão é trazer à existência. Durante esse tipo de súplica, somos compelidos a tornar real uma palavra dada por Deus. O profeta Isaías ilustra tal sensação utilizando a metáfora de uma mulher com dores de parto, dando à luz uma promessa divina (Is 66.8). Quando oramos desse modo, carregamos os compromissos estabelecidos por Deus no coração, e isso exige trabalho e dores para que sejam liberados ao Céu. Minha oração se assemelha ao esforço de uma mulher para dar à luz um bebé.

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FUNÇÃO DA INTERCESSÃO Independentemente do tipo de oração, um intercessor realiza funções e deveres específicos em seu chamado. Vamos entendê-las, para que você se torne mais confortável e eficiente em sua missão de interceder pelo povo ante Deus. Intercessores são precursores Marlinda e eu fundamos a Christ Church com apenas outras seis pessoas. Eu tinha 24 anos, trabalhava em tempo integral como engenheiro ambiental, e, em meio-período, atuava como pastor. Aqueles primeiros anos foram difíceis, pois tentava conciliar as responsabilidades do meu emprego às da minha vocação. Precisava combater questões espirituais e emocionais à medida que a igreja crescia. Após três anos, recebíamos, em média, 20 a 25 pessoas por semana. Então, comecei a debater-me com a questão: fui mesmo chamado para ser pastor? Eu estava à beira do fracasso. Aquilo era constrangedor, porque nunca houvera fracassado em nada na minha vida; além disso, o ministério dispunha do melhor de mim. Naquela noite, estava agendada uma reunião com minha colega de oração, Loretta Taylor, para um momento de intercessão. Loretta, que já partiu para o Senhor, era uma intercessora anciã e foi serva de Cristo por quase 30 anos. Conhecemo-nos por meio de um amigo em comum, e, cerca de um ano depois, ela me adotou como filho espiritual. Na época, comprometi-me com esse papel, porque era muito inexperiente como pastor, recém- casado e pai havia pouco tempo. Orávamos com frequência e tornamo-nos bons amigos.

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GUERREIROS DE JOELHOS

Os intercessores devem ter e manifestar a coragem moral. Eles são os precursores do arrependimento, da confissão de pecados e de tudo o que é preciso para converter o coração do povo ao Senhor.

Então, a irmã Loretta começou a orar, dizendo que Deus removeria cada pensamento de fracasso que o inimigo havia plantado em minha mente e em meu coração. À medida que ela suplicava, lágrimas começaram a brotar de dentro de mim, caindo dentro daquele balde d'água. Algo fora quebrado na minha vida. Loretta era uma precursora na área da intimidade espiritual. Enquanto eu chorava, ela continuou a orar por meu renovo e minha libertação. Quando parou de derramar a água e pôs-se a secar-me os pés, sabia que jamais seria o mesmo. Naquela noite, aprendi que intercessores são precursores. Loretta orou para que eu voltasse à intenção e ao plano original de Deus para a minha vida, porque se alegrava em viver na segurança da vontade do Senhor para si. Vinte e dois anos se passaram desde aquelas orações de libertação, e posso dizer que, honestamente, nunca mais me confrontei com ideias de fracasso nem mesmo desisti do meu chamado pastoral. Conforme Ezequiel, Loretta demonstrou o papel de uma intercessora aplicada. Intercessores "erguem o muro", o que, simplesmente, sugere que restauram o relacionamento rompido entre o povo e Deus. O contexto da ideia de erguer o muro

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denota a busca divina por um líder, um influenciador moral, um precursor da justiça. O Senhor procurava por um homem que se pusesse na brecha (Ez 22.30b - NVI). Todavia, Ele não obteve sucesso. Não encontrou alguém que estivesse disposto e fosse capaz de ajudar a mudar a maré da corrupção nacional. O estudioso hebreu Frank E. Gaebelein comenta o seguinte sobre esse versículo: O contexto atual debate que não havia responsável por tomar a liderança e conduzir a nação ao arrependimento, o que, por consequência, resultaria na retidão do povo, afastando-os da ira de Deus.3

Os intercessores devem ter e manifestar a coragem moral. Eles são os precursores do arrependimento, da confissão de pecados e de tudo o que é preciso para converter o coração do povo ao Senhor. Levantar o muro se resume à restauração do relacionamento do povo e à sua ligação com o Todo-Poderoso. Se um intercessor ora pelos outros e pela cidade, a fim de que se convertam ao Senhor, deve também desfrutar das bênçãos que a justiça produz na vida de um guerreiro de Cristo. O poder obtido na oração surge de mantermos um relacionamento correto com Deus, possível apenas quando desfrutamos do doce aroma da confissão e do perfume do nosso arrependimento. Tais elementos são fundamentais para que se alcancem intimidade e autoridade em Deus. E. M. Bounds escreve: Os homens que mais plenamente se aparentam a Cristo em seu caráter, e que com mais ousadia impactaram

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GUERREIROS DE JOELHOS o mundo para Ele, foram aqueles que passaram muito tempo com Deus, de modo que fizeram disso um traço notável em sua vida.4

Se o trabalho daquele que intercede é exercer um impacto positivo sobre o mundo, também deve enxergar a si mesmo como um precursor dos desejos de Deus. Os intercessores precisam desfrutar das bênçãos do Senhor, pois somente assim poderão conquistar, por meio da oração, aquilo que entendem ser bom a todos. O intercessor deve ser capaz de guiar as pessoas à presença do Altíssimo, não importando o quanto elas estejam distantes naquele momento.

A tarefa do intercessor é tapar a brecha, reparar a rachadura e fechar as lacunas existentes no relacionamento dos outros com Deus.

Intercessores são representantes O Senhor falou a Ezequiel que procurava por alguém que se pusesse na brecha (Ez 22.30b - NVI). Nesse versículo, a palavra brecha significa rachadura ou ruptura. Ela também pode ser encontrada em outro trecho nesse mesmo livro. Enquanto o profeta repreendia os demais por seu comportamento mau, declarou: Não subistes às brechas, nem reparastes a fenda da casa de Israel, para estardes na peleja no dia do SENHOR (Ez 13.5, ênfase do autor). A palavra hebraica para brecha é a mesma

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GUERREIROS DE JOELHOS

Deus derramou Sua queixa a Abraão, expressando Sua infelicidade por conta da iniquidade de Sodoma e Gomorra. O pecado havia alcançado um ponto em que algo drástico deveria ser feito. Deus declarou, abertamente, que tomaria medidas a respeito do comportamento insensato desse povo e compartilhou Seu primeiro passo naquela investigação com Abraão. Todas as palavras ditas pelo Senhor denotavam que aquele homem servia como Seu representante. De forma simples, Deus estava dizendo: "Abraão, julgue o que estou pensando em fazer. Deixe-Me ouvir sua opinião". Naquele momento, é dito que Abraão ficou ainda empe diante da face do SENHOR (Gn 18.22b). Ali, na presença divina, aquele patriarca representava o povo. Ele argumentou que o Todo-Poderoso não deveria destruir a cidade, se nela houvesse 50 justos. A maneira como Abraão e o Senhor teceram esse diálogo de intercessão mostra como o intercessor deve argumentar suas causas diante de Deus. Devemos pedir que retenha Sua ira. Os soldados são colocados na batalha, para que mais vidas sejam poupadas, e não perdidas. Os intercessores possuem essa mesma incumbência. Atuamos com o intuito de poupar vidas, clamando a Deus por Sua intervenção, proteção e misericórdia sobre todos. Intercessores defendem a terra Os intercessores têm a tarefa de defender a terra. Deus procurava por alguém que erguesse o muro, assim, revelou a Ezequiel: [um homem que] se pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra (Ez 22.30 - NVI). Quando os intercessores

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Ê hora de posicionar-se

pedem que as promessas divinas aconteçam, defendem a integridade do país pelo qual estão orando. Jeremias profetizou: Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar; e orai por ela ao SENHOR, porque, na sua paz, vós tereis paz (Jr 29.7), assim, torna-se mais perceptível o significado de defender um território. O país no qual você vive e pelo qual você ora deve ser grato, pois você tem se posicionado para defendê-lo tal qual um intercessor. Essa defesa é evidenciada à medida que a sensação de paz aumenta, ao passo que você mantém o compromisso de interceder por esse local. A defesa também é vista quando o nível da prosperidade económica melhora como reflexo das orações. A mentalidade dos guerreiros de joelhos nunca deve ser a mesma dos demais. Não debatemos sobre política, embora tenhamos de nos informar. Jamais devemos tomar partido em nossa intercessão. O nosso interesse está em defender a terra, toda a terra. Devemos nos preocupar que democratas, republicanos e independentes honrem a Deus, supram suas necessidades e tenham a oportunidade de receber Cristo. Como pastor, estou ciente de que alguns dos meus membros são democratas, republicanos e que há, ainda, os independentes. Se eu tivesse de escolher publicamente um dos lados, dividiria minha congregação, afastando outros do meu ministério. Minha função é servir a todos os membros e desafiá-los, igualitariamente, a serem meus seguidores, assim como sigo a Cristo. O mesmo vale para os intercessores. Nossa responsabilidade não é com o presidente ou com nosso partido político, mas com o Todo-Poderoso,

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a fim de que supliquemos pelo bem-estar contínuo de nosso país. Se honrarmos ao Senhor, conforme Ele estipula, então, o presidente e todos os partidos políticos ficarão felizes em nos ter como cidadãos. C. H. Spurgeon afirmou: "O homem poderoso em oração deve ser uma muralha de fogo ao redor do seu país, seu guardião e seu escudo".5 Há alguns anos, quando palestrei sobre visão em uma conferência de liderança na Nigéria, um ministro me interrompeu furiosamente, dizendo estas palavras: "Americano, o que precisamos aqui não é de visão. Precisamos de dinheiro! Nós temos visão!". Você consegue imaginar o quanto esse homem estava fora de controle, a ponto de interromper o sermão? Então, respondi: "O seu problema não é dinheiro, porque a visão traz a provisão. A questão é que você não ama o seu país. Desde que estive visitando sua nação, não ouvi sequer um pastor nigeriano dizendo algo positivo acerca da Nigéria. A Bíblia ensina que devemos buscar a paz e a prosperidade do local em que vivemos". Surpreendentemente, aquele líder e mais de cem outros pastores, naquela reunião, prostraram-se diante de Deus em arrependimento à violação do chamado para ser "um guarda para a nação", o responsável por buscar a paz, a prosperidade e a transformação da pátria.

Você saberá o alcance do seu posicionamento com base naquilo que aflige sua alma.

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É hora de posicionar-se

Intercessores vigiam Posicionar-se conforme um intercessor equivale a tomar o posto de sentinela na muralha. Nos tempos bíblicos, os guardas, semelhantes a seguranças, eram designados a garantir que intruso algum entrasse na cidade. A palavra guarda tornou-se uma metáfora para intercessor. Isaías nos deu esta imagem quando profetizou: Ó Jerusalém! Sobre os teus muros pus guardas, que todo o dia e toda a noite se não calarão; ó vós que fazeis menção do SENHOR, não haja silêncio em vós, nem estejais em silêncio, até que confirme e até que ponha a Jerusalém por louvor na terra (Is 62.6,7). O nosso trabalho é vigiar, espiritualmente, as ações, os pensamentos e as práticas que intentem em nos afastar da piedade ou, ainda, do plano original de Deus. A abrangência de nosso compromisso não é somente nacional; também pode ser regional ou local. Você saberá o alcance do seu posicionamento com base naquilo que aflige suaalma. Enquanto permanecermos disponíveis ao Espírito Santo, o Pai imporá sérias responsabilidades a cada coração. Se o seu foco principal de intercessão está onde você mora, gaste tempo dirigindo por sua cidade, em uma oração intencional. Interceda pela liderança política, financeira e por outros indivíduos importantes, a fim de que a vida de todos esteja em equilíbrio e emocionalmente saudável. Vigiar a sua cidade inclui guardar seus líderes em oração, pois só assim evitará que escândalos ou quaisquer transtornos aconteçam e causem danos irreparáveis à qualidade de vida dos cidadãos. Peça a Deus que levante líderes espirituais preocupados com os cidadãos de sua

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localidade. Todos precisam ser amados e cuidados da melhor maneira possível. A tarefa do guardião é orar para que as necessidades sejam supridas, tornando mais fácil que o povo, incluído nessa esfera de intercessão, aceite e siga a Jesus Cristo. Paulo ressaltou o comportamento de um intercessor, chamado Epafras, quando disse: Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e pelos que estão em Hierápolis. Colossenses 4.12,13

Epafras estava em vigília pela alma dos que residiam nas cidades de Colosso, Laodiceia e Hierápolis. Ele se preocupava com elas. Conforme punha-se a vigiar, necessidades específicas vinham à mente dele, então, esforçou-se em oração para que todas fossem supridas. Aquele servo de Cristo não queria que as pessoas tropeçassem, fossem inseguras em relação à vontade divina ou permanecessem espiritualmente imaturas. Tais angústias, em particular, eram boa parte do seu foco em oração. Ao vigiar uma cidade ou uma família, você deve esmerar-se em descobrir suas fraquezas e carências emocionais. Se essas privações não forem abordadas adequadamente, essas pessoas farão de tudo, incluindo pecar, na tentativa de satisfazerem seus desejos intensos quanto ao que lhes falta.

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Ê hora de posicionar-se

Você pode discernir sua missão tomando consciência de dois aspectos: o que você mais odeia? O que você mais ama?

ENTENDENDO O POSICIONAMENTO

Existem diferentes tipos de intercessores, assim como há diversidade de profetas. Temos de descobrir como o Espírito Santo opera em nós e o que nos comissionou a fazer. O como e o que variam de pessoa a pessoa. Uma missão não é melhor do que a outra. São apenas diferentes e ambas são necessárias. Se você tentar tomar o posicionamento de alguém, fazendo-o seu, isso certamente gerará frustração e fracasso. Tente imaginar Elias vivendo no palácio da Babilónia no lugar de Daniel. Eu não conseguiria vislumbrar tal cena, dada a personalidade, a conduta e o estilo de Elias. Esse profeta era um homem selvagem, fora alimentado por corvos, bebeu água de riachos, pediu que fogo caísse do céu sobre os sacrifícios, como um confronto de autoridade espiritual, e matou os falsos profetas que enganavam o povo. Daniel, por outro lado, fora um estadista, caminhava em paz nos corredores reais e era apto em administrar os negócios do governo. Esses dois servos de Deus foram poderosos à sua maneira. Eram homens de oração e jejum. Todavia, notamos que a missão deles era diferente.

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Você pode discernir sua missão tomando consciência de dois aspectos. Há duas questões, e cada uma irá ajudá-lo a identificar o tipo de posicionamento que Deus lhe tem proposto acerca da intercessão. A primeira pergunta é: o que você mais odeia? E a segunda: o que você mais ama? O que você mais odeia? O Espírito Santo opera por meio de nossas emoções e nossos desejos. Sentimentos de ódio são muito fortes. Epafras odiava a incerteza de ver as pessoas serem evasivas por causa da imaturidade espiritual; por isso, a ideia central de sua intercessão era testemunhar pessoas firmadas na vontade de Deus (Cl 4.12,13). Paulo disse: Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus (v. 12, ênfase do autor). A aversão à dubiedade espiritual e à incerteza era um tema regular na oração desse intercessor. Não quero dizer que o único motivo pelo qual Epafras orava estava na necessidade de ver os outros firmados no caminho do Senhor. Apenas reconheço que seu posicionamento como intercessor deu-lhe a responsabilidade de ajudar aqueles ao seu alcance a superarem a instabilidade, portanto o foco desse homem estava em orar, a fim de que o povo se consolidasse na vontade de Deus. Você precisa perceber o que você mais odeia, para que isso possa direcionar, de alguma forma, a sua missão de orar.

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É hora de posicionar-se

O que você mais ama? João amava ver outros viverem em intimidade com Deus. Esse servo de Cristo é reconhecido como o apóstolo do amor. No evangelho de João, lemos que ele se recostou em Jesus como um gesto de afeição (Jo 13.25). Além disso, seu relato é o único que registra o momento do lava-pés. Ao longo de suas três cartas - l, 2 e 3 João -, o apóstolo gasta grande parte do tempo ajudando as pessoas a vencerem empecilhos comuns, para alcançarem intimidade espiritual com Deus. João fala sobre aprender a confessar os pecados ao Senhor (l Jo 1.9), evitar a opressão do mundo (l Jo 2.15) e praticar o arrependimento (l Jo 3.1820), deixando claro que tinha grande satisfação em ver outros experimentarem a intimidade com Deus. O enfoque de seu ministério de oração estava em ajudar as pessoas a confiar em Deus (l Jo 5.14,15). Essa é a maior prova de uma íntima vida espiritual. Se você sabe que é aceito por Deus, então, sua vida Lhe agrada. João se esforçava em sua intercessão para que outros obtivessem um viver agradável a Deus; por isso, ele ensinou: Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore (l Jo 5.16). Pergunte a si mesmo o seguinte: o que eu mais amo? A resposta irá ajudá-lo a aprimorar-se nas áreas em que deve gastar mais tempo intercedendo. Você poderá descobrir o quanto é talentoso quando obtiver resultados tremendos em orações atendidas. No livro Revival praying [Oração de avivamento], Leonard Ravenhill relata a oração que ouviu de uma enfermeira em uma de suas reuniões de intercessão. Isso o impactou tremendamente,

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porque representava um pedido não dito de seu próprio coração. Então, ele captou palavra por palavra: "Senhor, não quero carregar fardos que outros impõem a mim nem aqueles que o diabo preparou, ou os que a igreja tenta colocar sobre mim e, muito menos, os meus. Todavia, quero levar as cargas que Tu atribuis a mim".6 A oração dessa mulher resume a perspectiva de posicionamento que um guerreiro de joelhos deve ter, a fim de que possa permanecer no caminho exigido para uma vida de intercessão. Apenas o fardo genuíno do Senhor pode manter você focado no clamor. Essa missão o faz tanto acordar cedo de manhã para buscar a face do Seu Amado, quanto ficar acordado até tarde da noite. Esforce-se para descobrir a pesada e exata responsabilidade que Deus colocou no seu coração. Assim, você desejará, de fato, cumprir as ordens descritas para você.

Annapolis, dirigido por Justin Lin, 2006. THOMPSON, 1960, p. 188. GAEBELEIN, 1986, p. 850. 4

BOUNDS,2007,p. 54.

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SPURGEON,p. 75. RAVENHILL, 2005, p.79.

6

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Capítulo 9

LEGADO DE UM GUERREIRO DE JOELHOS

CHURCH É UMA CONGREGAÇÃO COM VÁRIAS A <CHRIST is e duas sedes, às quais nos referimos pelos dois campi: leste e oeste. Enquanto é relativamente fácil chegar à sede leste - uma catedral histórica na cidade metropolitana de Montclair, em Nova Jérsei -, era uma experiência longa e penosa dirigir--se ao campus oeste. Cada passo tinha de ser coberto por oração, por causa das muitas barreiras, dos empecilhos e dos impedimentos.


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Localizada a cerca de 40km do campus leste, nossa segunda sede na Rockaway, também em Nova Jérsei, possui três grandes construções - totalizando 27 mil metros quadrados - em, aproximadamente, 40 hectares de terreno. Caminhando pela propriedade, é possível contemplar a serenidade das árvores exuberantes e das cercas floridas, além de aproveitar a vista rural, com coelhos, cervos e outras espécies comuns de vida selvagem. Talvez você até pense que estou muito orgulhoso dessa propriedade, mas minha satisfação não é baseada em seu tamanho ou sua grandeza. Esse imóvel é uma herança da graça de Deus e dos muitos anos de persistência e intercessão pela congregação. É um legado vindo das orações dos nossos guerreiros de joelhos. Para assegurar o local, passamos por quase quatro anos de complicações jurídicas, desde audições municipais, ameaças de tomarem nossa propriedade para domínio eminente e patrimonial, à promoção de uma ação judicial contra a cidade e muitos outros obstáculos dolorosos e caros. Embora o povo de Rockway Township fosse maravilhoso, a ideia de estabelecer uma grande igreja naquela pequena comunidade causou muito medo e ansiedade entre os moradores. Então, uma minoria lutou legalmente contra nós de forma enérgica. A mídia teve um dia intenso. Havia, no mínimo, 200 artigos escritos por jornais de distribuição nacional, tais como o New York Times, o The Daily Record além de reportagens locais. Repórteres frequentavam os cultos apenas para descobrirem como eu lidava com minha congregação durante aquela fase, e para saber quais tipos de sermões eu pregava. Resistimos

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às tempestades e controvérsias, que incluíam adversários fomentando, por meio das mídias sociais, acusações sem fundamento contra a Christ Church e contra mim. Além disso, enquanto eu lidava com tais questões, tinha ainda de me ocupar com os grandes desafios de pastorear uma congregação em crescimento. Basta dizer que eu estava sob tremendo e impiedoso ataque espiritual. Se houve um momento em que fora torturado na batalha espiritual, foi naquele tempo. As audiências públicas duraram três anos a mais do que os típicos seis meses que um requerimento como o nosso levaria para aguardar a apreciação. Então, a disputa continuou por mais três anos, após receber a aprovação. Por conta da compra da sede oeste, no total, ficamos envolvidos naquela forte neblina por quase seis anos.

Sempre há prémios a serem conquistados em um combate, mesmo na batalha espiritual.

Agora, a cada semana em que ministro nesse púlpito, contemplo o legado que a oração pode proporcionar. Por meio da intercessão, nossa igreja foi capaz de estabelecer uma herança viva e duradoura para a próxima geração de cristãos por causa do poder da oração. FORMADORES DE LEGADO Todo guerreiro quer chegar da peleja com seus despojos. Sempre há prémios a serem conquistados em um combate, mesmo na batalha espiritual. Quando acusado de expulsar demónios por 225


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meio de Belzebu, o príncipe dos demónios, Jesus questionou os caluniadores: Ou como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa? (Mt 12.29, ênfase do autor). Jesus ensinou que parte do legado de um guerreiro da oração são as posses que ele leva do terreno do inimigo. Esse soldado tomou de Satanás seus bens preciosos: a alma dos homens. Os espólios da intercessão também são as promessas de Deus, geradas por meio da oração. Guerreiros espirituais vêem a si como formadores de legados. Há cinco sinais fundamentais nesses lutadores, e cada um proporciona motivação para que o intercessor permaneça no caminho da oração. Os formadores de legado: 1. São focados; 2. Cercam-se de incentivo; 3. Vêem a si mesmos como essenciais; 4. São missionários; 5. Importam-se com sua herança.

FORMADORES DE LEGADO SÃO FOCADOS Às vezes, o chamado para permanecer vigilante em oração é difícil. Há muitas distrações espirituais e naturais. Aprender a manter o foco no resultado desejado da oração é o que faz a vigilância se tornar mais fácil. Qual é o pedido de oração? O quanto é importante receber a resposta de Deus? Isso é parte do diálogo íntimo dos guerreiros de joelhos. Em 13 de novembro de 2009, Ornar Oyarebu, um membro de descendência nigeriana de minha congregação, recebeu um

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telefonema perturbador de um familiar. Seu pai, Dr. Kenneth Oyarebu, um médico de origem americana, fora sequestrado em uma visita ao Estado de Edo, na Nigéria. Os terroristas ameaçaram matá-lo, a menos que recebessem o resgate exigido. Além de se voltar a Deus, Ornar não sabia como proceder, então, entrou em contato com a Upper Room Community [Cenáculo de Intercessores], o grupo de oração de nossa igreja. Quando ele contou sua história, aquela equipe veterana de guerreiros de joelhos apresentou a emergência diante do trono de Deus. O pedido deles tinha um enfoque único: "Senhor, devolva o Dr. Oyarebu à sua família sem dano qualquer e de forma milagrosa". Então, continuaram orando ao longo da noite por esse e outros pedidos.

Os despojos da intercessão também são as promessas de Deus que foram geradas por meio da oração.

Nossos intercessores mantiveram aquela situação em foco diante do Senhor durante os seus momentos de oração individual naquela semana. Ornar e sua família já tinham começado a acordar o pagamento do resgate, embora esperassem por um milagre. Enquanto um tio se preparava para enviar o dinheiro, recebeu a notícia de que o Dr. Oyarebu havia escapado milagrosamente. Assim, nenhuma quantia foi enviada.1

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Quando os guerreiros da Upper Room Community ouviram o relato, bradaram em louvor a Deus. A resposta veio enquanto permaneceram focados em oração. Legados são conquistados quando os intercessores mantêm o foco na recompensa que estão buscando por meio da oração. FORMADORES DE LEGADO CERCAM-SE DE INCENTIVO Muitos intercessores lutam em particular. Ao contrário de pregar, cantar ou outras formas de ministério espiritual, a oração, geralmente, ocorre em isolamento e a portas fechadas. Não há multidões. Não há quem lhes dê os parabéns ou saúde-os por suas realizações. A única plateia é Deus, a quem não se consegue ver. Isso significa que você precisa se cercar de encorajamento, para evitar tocar o sino. Talvez seja por isso que muitos tenham desistido, tirado o capacete e se unido à sociedade que não ora. Existem quatro formas pelas quais me incentivo em oração. Essas atitudes me motivam a permanecer no caminho da intercessão, no qual os legados são construídos. Primeiro, preencho minha biblioteca com boas leituras a respeito da oração, bem como o livro Lectures to my students [Lições aos meus alunos], de C. H. Spurgeon. Eu li o capítulo The preacher's private prayer [A vida privada de um pregador], no mínimo, dez vezes. Cada vez que o leio, sou incentivado a orar mais e a guardar a disciplina da oração. Outro é o Revival praying [A oração de avivamento], de Leonard Ravenhill. Esse pequeno volume tem sido meu amigo durante fases escassas de minha vida e meu ministério. Por meio de suas palavras, o autor 228


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sempre me diz: "Permaneça no caminho. Continue alimentando o fogo e você desfrutará das chamas do avivamento". Os livros são motivadores, principalmente os escritos por aqueles que tiveram uma vida de oração. Ao ler o livro de Norman P. Grubb, intitulado Rees Howells intercessor [O intercessor Rees Howells], não haverá mais dúvidas em sua mente de que Rees Howells era um intercessor. Ele se alimentava, dormia e vivia em oração. Boas publicações acerca da oração tornaram-se grandes amigos meus. Suas páginas sussurram incentivo à minha alma. São como Arão e Hur para Moisés - eles sustentam meus braços quando já estão cansados pelo peso do desânimo. Espero que você encontre esses e outros livros para serem seus companheiros. A segunda forma de incentivo é que me ponho a orar porque minha alma tem sede de Deus. Assim como o rei Davi, várias noites, chorei enquanto orava estas palavras: Ó Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti (SI 63.1a). A oração é uma das melhores maneiras de beber um gole das águas da salvação. Quando oro para que o Senhor revele o Seu coração e os Seus caminhos a mim, surpreendo-me ansiando por orar mais. Minha inquietude por Deus me incentiva a permanecer espiritualmente faminto. O terceiro estímulo surge quando focalizo nas bênçãos que chegam às pessoas pelas quais tenho clamado. Orações atendidas me animam quanto a permanecer em intercessão. Sinto-me encorajado quando vejo os problemas, as tribulações e as dificuldades sendo desviadas das pessoas elas quais orei. O fato de Deus ter ajudado esses indivídu-

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os que, de outra forma, teriam sido esmagados pelo peso da crise, vivificam-me. Cercar-me de biografias e testemunhos de intercessores históricos. Essa é minha quarta motivação. Esses guerreiros de joelhos, somente conhecidos pelas páginas da história - bíblica ou contemporânea - instigam-me além da imaginação por suas proezas em oração. O desejo de ser um intercessor em minha geração é uma herança do seu legado. Soldados da intercessão, como Marinho Lutero, Robert Murray M'Cheyne, Daniel Nash, Amanda Smith, E. M. Bounds e personalidades bíblicas, como Epafras e Daniel, servem-me de incentivo. Tal qual o autor de Hebreus, posso declarar com sinceridade: Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta (Hb 12.1). Esses grandes nomes da intercessão são exemplos que me proporcionam uma fonte constante de incentivo quanto ao meu crescimento como homem de oração. Os quatro fatores apresentados têm provado ser grandes motivações à manutenção da minha vida de oração. FORMADORES DE LEGADO VÊEM A SI MESMOS COMO ESSENCIAIS Nossa nação, assim como a maioria dos países, torna-se extremamente religiosa em tempos de crise. Suspeito que esse tipo de reação seja normal à natureza humana. Gente de oração é procurada durante esses momentos cruciais. Uma vez que o 230


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impacto repentino da tragédia diminui, os descrentes tendem a esperar que aqueles de mente espiritual se voltem ao seu mundo privado até que, na próxima vez, sejam necessários "de fato". Essa é uma realidade infeliz, enfrentada em nossa sociedade decadente que, em contrapartida, ofende-se com a menção do Nome de Deus ou de Jesus em lugares e espaços públicos. Para alcançar o caminho pelo qual se possa gerar um legado, você deve enxergar a si mesmo como um guerreiro de joelhos essencial à sua geração. Intercessores são necessários. Eles não são opcionais. Onde estaria Charles Finney, o grande evangelista americano do século 19, sem a obra intercessora de Daniel Nash? A pregação evangelística de Finney durante os anos de 1800 conduziu meio milhão de pessoas a Cristo. Nash emergiu de uma fria condição de apostasia para tomar o manto da oração. Ele foi o precursor das reuniões de Finney. Sua função foi localizar um lugar humilde para alojar-se e passar os dias com o rosto diante de Deus, a fim de que as almas daquela cidade se convertessem enquanto Finney pregava. Esse papel essencial exercido por Daniel Nash ficou invisível e desconhecido, mas, por meio de seus esforços em oração e jejum, milhares conheceram Jesus como o Salvador. Ann E. Brown, uma das grandes intercessoras da Christ Church, sempre costuma contar sua história sobre o papel da oração ao trazer toda a sua família a Cristo. No começo dos anos 1980, assim como muitas famílias americanas, Ann vivia uma crise em seu casamento. Ela e Arnold se separaram por um tempo para tentar entender o que o futuro reservava a eles e aos três filhos. Contudo, durante aquele suplício, ela veio a

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Cristo e experimentou a oração em espírito. Aquela mulher não conseguia parar de interceder pela salvação do marido e dos filhos, dos quais dois eram viciados em drogas. Arnold possuía uma loja de bebidas alcoólicas e um bar na parte decadente da cidade. A situação parecia sombria, quase além da graça de Deus para ser consertada. No entanto, Ann aprendeu que nada é impossível para o Senhor e sabia que, se Ele não realizasse um milagre, não haveria outra maneira de sua família ser curada e restaurada. Então, ela se apegou à oração como parte essencial de sua vida.

Intercessores são necessários. Eles não são opcionais.

Visto que Deus poderia sim fazê-lo, o casamento foi restaurado, e Arnold aceitou Cristo. Na verdade, lembro-me do dia em que ele começou a frequentar a Christ Church e de como Deus o impactou poderosamente por meio de uma profecia que liberei sobre a vida dele. Vi um homem render-se aos desejos de Deus diante dos meus olhos. Presenciar isso foi poderoso e contundente. Arnold vendeu seu bar e a loja de bebidas e se entregou a Jesus. Ann continuou orando pelos filhos, e Arnold uniu-se a ela em oração. Os dois filhos dependentes químicos foram libertos depois de uma longa estada em um centro cristão de reabilitação. Hoje, os três filhos servem ao Senhor com vigor e por si só.

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Ann e Arnold Brown são membros da Christ Church há mais de 20 anos, sendo dois dos diáconos mais firmes da igreja. O casal também lidera um ministério chamado Overcomers Group [Grupo dos Vencedores], um programa cristão desenvolvido para ajudar pessoas a se libertarem da escravidão do abuso de substâncias tóxicas e dos vícios comportamentais. Quando Ann fala do benefício essencial da oração, isso vem de dentro dela. Essa intercessora conhece, sem sombra de dúvidas, que seu papel e sua obra na arena da oração são essenciais. Assim, ela tenta incutir esse mesmo pensamento em qualquer um ao seu alcance. FORMADORES DE LEGADO SÃO MISSIONÁRIOS Servimos a um Deus de missões. Ele enviou Seu Filho com a incumbência de morrer por nossos pecados. Alan Hirsch incentiva a nos referirmos ao Senhor como um "Deus missionário".2 Suas ações e Seus desejos emergem de um critério claro de propósito e missão. Jesus seguia no mesmo sentido quando nos chamou a sermos missionários. Ele disse: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho (Mc 16.15b). Fomos comissionados, e essa missão só terminará quando morrermos. Assim, cabe aos intercessores serem também missionários em suas orações e ministrações. Jesus também atribuiu um enfoque missionário à que Sua Igreja deva cumprir até o fim quando compartilhou de forma apaixonada: A minha casa será chamada por todas as nações casa de oração (Mc 11.17b). Recebemos o chamado missionário para edificarmos a casa do Senhor sobre o fundamento da

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oração; por isso, devemos assegurar sua funcionalidade constantemente. Conforme tenho me empenhado em aceitar esse mandato, prontamente descobri que não posso ajudar alguém a desenvolver uma vida de oração sem que isso também flua em mim. Um cliché antigo parece estar certo mais uma vez: não se pode conduzir alguém para onde nunca se esteve. Guerreiros de joelhos reconhecem que o mandato missionário da Grande Comissão (Mt 28.19,20) é evangelístico em sua essência, enquanto que o chamado à oração (Mc 11.17) é um dos requisitos do discipulado. Ambas as responsabilidades apenas podem ser realizadas se forem vistas como objetivos inclusos no seu desejo de deixar uma herança à próxima geração. Um legado é tudo o que de valor foi transmitido do passado. A chamada à intercessão nos comissiona a estabelecermos a igreja como casa de oração no presente e como um legado aos que virão.

Recebemos o chamado missionário para edificarmos a casa do Senhor sobre o fundamento da oração.

As Escrituras dizem que devemos batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3c). A palavra batalhar ajuda a captar o fato de que um combate espiritual se faz necessário para manter-se firme quanto ao objetivo missionário da chamada à oração. Satanás não ficará sentado sem fazer nada, assistindo

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a fortes intercessores sendo levantados, os quais, por sua vez, construirão sólidas casas de oração. De fato, não será assim.

Grandes intercessores são bem-sucedidos em sua vida pessoal de oração, porque contribuíram, significativamente, para ajudar a desenvolver essa mesma qualidade em outros.

Devemos preservar, preferencialmente, o legado da oração repassado a nós pela igreja primitiva. Devemos manter essa herança para que a entreguemos à próxima geração. Tal objetivo somente pode ser atingido quando os guerreiros de joelhos reconhecem que um dos cinco aspectos do seu legado é fazer da oração uma atividade missionária, e não simplesmente um sistema de correspondência divino. Stephen Covey, um famoso autor, ressalta a importância de ter algo a transmitir com relação ao âmbito espiritual: Há certas questões fundamentais à satisfação humana... A essência dessas necessidades pode ser captada na seguinte frase: "Viver, amar, aprender e deixar um legado". Viver abrange nossa carência física por comida, roupa, abrigo, bem-estar económico e saúde. Amar é a necessidade social de relacionar-se com outras pessoas, de pertencer, de ser amado. O aprendizado diz respeito a uma aspiração mental por desenvolvimento e crescimento. Deixar um le-

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GUERREIROS DE JOELHOS gado é um desejo espiritual por obter um sentido de propósito, conquistar metas pessoais e contribuir com algo.3 Grandes intercessores são bem-sucedidos em sua vida pessoal de oração, porque contribuíram, significativamente, para ajudar a desenvolver essa mesma qualidade em outros. Os formadores de legado pensam no próximo. Quando William Booth, o fundador do The Salvation Army [Exército da Salvação] estava em seu leito de morte, foi-lhe oferecida a oportunidade de enviar um telegrama grátis - o primeiro meio de comunicação de longa distância na época - aos membros do The Salvation Army ao redor do mundo. Booth refletiu por poucos segundos e rabiscou sua mensagem em um pedaço de papel. Para a surpresa do operador, havia apenas um termo. Era a palavra outros.4 O general Booth queria manter os salvacionistas, como eram chamados naqueles dias, focados no trabalho de missões, no qual os outros fossem seu objetivo principal. Também quero destacar esse vocábulo enquanto você pondera acerca da herança moral que deseja deixar para trás. Pense nos outros. Seja dirigido de forma missionária para deixar um legado de oração. FORMADORES DE LEGADO PREOCUPAM-SE COM SUA HERANÇA

Billy Graham disse certa vez: Nossos dias estão contados. Um dos nossos objetivos principais deve ser o de nos prepararmos para o nosso último dia. O legado que deixamos não está apenas em bens, mas na qualidade de nossa vida. Quais preparati-

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vos estamos aprontando agora? O maior gasto em toda a terra, aquele que não pode ser reciclado ou retornado, é o desperdício do tempo que Deus nos tem proporcionado a cada dia.5

Essas palavras são verdadeiras e me convencem poderosamente a melhorar o uso do meu tempo, não por motivos seculares, mas pelas razões celestiais. Os guerreiros de joelhos moldam a História enquanto fornecem uma contribuição mais valiosa do que o dinheiro. Spurgeon observa: Certo pregador, cujos sermões convertiam dezenas de homens, recebeu uma revelação do céu de que nenhuma das conversões devia-se aos seus talentos ou eloquência, mas a todas as orações de um irmão analfabeto, que se sentava nos degraus do púlpito, suplicando o tempo todo pelo êxito de sua mensagem.6

Esse herói desconhecido passou horas incontáveis intercedendo pela eficácia daquele pregador porque valorizava a oração e se importava com a contribuição que essa ação produz. O quinto benefício de um formador de legado é essencial para moldar e desafiar o mundo por meio da oração. Aquilo que um intercessor deixa gera um futuro tranquilo para as gerações seguintes. Um dos sons mais doces para um coração atribulado é ouvir estas palavras de um guerreiro de joelhos: "Estou orando por você". Foi o que Jesus declarou, a fim de tranquilizar Simão

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Pedro quando falou ao discípulo que Satanás queria peneirá-lo como o trigo: Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (Lc 22.32a). O futuro de Pedro foi moldado por meio da oração de Jesus. Agora, é a nossa vez de moldar o futuro dos outros usando a intercessão. Devemos planejar a construção de um legado, para que a importância da oração seja transmitida de forma segura à próxima geração. Embora Elias houvesse transferido o valor e a unção de profeta a Eliseu, primeiro refletiu como esse legado precioso seria propagado. Há vários aspectos notáveis. Primeiro, Elias valorizava o que Deus lhe havia confiado. Ser abençoado com a capacidade de falar pelo Todo-Poderoso é inestimável. Isso concedia a ele experiências únicas e numerosas, como prever uma seca nacional, permitida por Deus, e pedir por fogo do céu, em um esforço de estimular o avivamento de Israel (l Rs 18). Elias também aproveitou seu tempo, compartilhando seu dom ministerial com outros por meio da formação de uma escola de profetas (2 Rs 2.1-9). Você não vai se preocupar com o papel da intercessão, nem em como ele será transmitido à próxima geração, a menos que empregue tempo para estimular esse valor nos outros. Para isso, não é preciso iniciar uma escola de oração, mas você pode monitorar alguém na batalha espiritual sempre que a oportunidade surgir. O gerenciamento do seu tempo de forma eficaz somente ocorre quando você o valoriza. Certa vez, participei de uma conferência com alguns poucos veteranos que valorizavam a oração e a intimidade com Deus. Em vez de estar em um

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Legado de um guerreiro de joelhos

hotel, um desses homens estava hospedado na casa do pastor presidente, conhecido por sua falta de pontualidade. Antes de começar cada culto, havia um momento de oração. No entanto, como era de costume, aquele líder estava mais uma vez atrasado ao sair de casa com o convidado. Eles chegaram minutos antes de a reunião começar, perdendo o momento de intercessão. Então, indignado, o ancião disse ao pastor: "Em 50 anos de ministério, nunca perdi uma oração antes do culto, exceto hoje, e por sua causa!". O testemunho desse guerreiro de joelhos veterano mostra o quanto se importava com a oração. Por outro lado e não menos importante, testemunhamos o fraco exemplo de um pastor que guardava com desleixo seu tempo, evidenciando o pouco valor que dava à oração. A terceira observação acerca da transmissão do legado de Elias para Eliseu é que o profeta procurava por uma paixão em seu protegido antes de liberar sobre ele aquele dom inestimável. Eliseu fez conhecer ao profeta que o motivo de ficar ao seu lado, naqueles últimos momentos, era porque queria herdar a porção dobrada de seu espírito. Elias respondeu-lhe com estas palavras: Coisa dura pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não, não se fará (2 Rs 2.10). O anseio que Elias procurava em Eliseu, antes de liberar-Ihe a porção dobrada de sua unção, era a devoção a Deus, ao Seu povo e, também, no exercício do ofício de profeta de modo exemplar. A investigação de Elias quanto aos propósitos de Eliseu, no momento anterior à sua partida sobrenatural ao Céu, refletia um cuidado genuíno com seu legado. É por isso que Paulo deu

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GUERREIROS DE JOELHOS

as seguintes instruções ao jovem Timóteo: E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idóneos para também ensinarem os outros (2 Tm 2.2).

O anseio pelo qual Elias procurava em Eliseu, antes de liberar-lhe a porção dobrada de sua unção, era a devoção a Deus, ao Seu povo e, também, no exercício do ofício de profeta de modo exemplar.

Devemos nos importar muito com nosso legado para que o passemos somente a pessoas confiáveis. Há muitos que valorizam essa herança espiritual e transmitem-na a outros quando chega o momento. O Arcebispo Desmond Tutu, em seu livro Goa hás a dream [Deus tem um sonho], escreveu: Nada, a não ser Deus, consegue satisfazer nossa fome espiritual. Nem mesmo o sucesso. É por isso que, se a todas as outras coisas empregarmos nossa lealdade máxima - dinheiro, fama, drogas, sexo, seja o que for -, virarão cinzas em nossa boca.7

Nossa lealdade máxima deve ser a Cristo e ao Seu chamado missionário, o que inclui buscarmos transmitir o legado da intercessão aos outros.

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1 Disponível em: <http://www.vanguardngr com/2009/11/us-based-doctor-kidnapped-in-edo/ >; <http:// www.nigerianobservernews.com/26012010/news/insideedo/indexnews6.html>. 2 HIRSCH, 2006, p. 129. 3 COVEY, MERRILL e R. MERRILL, 1994, p. 44^45. 4 Disponível em: <http://www.usc.salvationarmy.org/usc/ cc/CenConnOct07.pdf>. 5GRAHAM, 2011, p. 179. 6 SPURGEON, p. 74. 7 TUTU, 2004, p. 34.



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Nesta obra, estão incluídas mudanças conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em janeiro de 2009. Não havendo outra indicação, todas as citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Revista e Corrigida.


graça ' EDITORIAL Guerreiros de Joelhos Impressão feita pela Graça Artes Gráficas e Editora Ltda Miolo em papel pólen soft 70g/m2. Capa em papel cartão supremo 250g/m:. Composição em Minion Pró.


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O SUCESSO REQUERMILITANCIA, M I L I T Â N C I A ESPIRITUAL! Se você deseja alcançar a vitória no mundo natural, deve começar pelo campo espiritual. Guerreiros de joelhos é um corajoso guia de como se lançar ao ataque espiritual contra Satanás e reivindicar as promessas de Deus para sua vida. Sugerindo ações práticas, fundamentadas na oração, este livro traz respostas a questões como: 1 1 1 1

O que Como Como Como

é batalha espiritual? lutar pelas promessas de Deus? diferenciar as provações dos ataques espirituais? posso ajudar outros a tomarem posse das promessas do Senhor?

Como cristãos, somos chamados a lutar. É preciso que o guerreiro tenha postura e paixão em sua vida de oração, a fim de tomar de volta sua carreira, reacender seu casamento, manter uma relação saudável com os filhos e recuperar qualquer outra promessa. Isso começa de joelhos. "Cada ensino do Dr. Ireland fornece não só a particularidade e a sabedoria de um Ph.D, mas também o amor e a compaixão de uma criança". Kurt Warner, capitão aposentado do NFL "A solução vem para aqueles que oram. Se você não acreditava nisso antes, irá comprová-lo após ler Guerreiros de joelhos. Não caia nessa de se apoiar sobre as pontas dos pés; em vez disso, esteja de joelhos". Leonard Sweet, autor do best-seller The Gospel according to Starbucks [O Evangelho segundo Starbucks] "Guerreiros de joelhos irá ajudá-lo a se formar na universidade da batalha espiritual com graduação em oração". Tommy Barnett, escritor e pastor presidente da Phoenix First Assembly of God e reitor da Southeastern University

ISBN 978-85-435-0015-7^

EDITORIAL

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