EM BUSCA DA MINHA ESSÊNCIA Autor: Pe. Pedro de Almeida Cunha
Baseado no Livro “Escritos de um Andarilho” Pe. Pedro de Almeida Cunha 1999. Edição Própria DIREITOS RESERVADOS
No dia seguinte, depois de um merecido descanso, vi o sol nascer tão brilhante naquela cidade que tive uma vontade imensa de rever alguns lugares e desbravar outros que ainda desconhecia, saí e passando pelo pomar apanhei algumas frutas e pus‐me a caminhar certo de que em minha aventura eu iria descobri algo novo inusitado. Voltei primeiramente ao monumento do meu sonho, onde tudo isso havia começado e qual não foi minha surpresa quando cheguei e com a claridade do dia abençoado por aquele esplendoroso sol li aos pés do monumento a inscrição: “Monumento dos sonhos, aqui os seus sonhos podem se realizar” Mais uma descoberta, mais um mistério a se revelar. Com maior atenção passei a olhar detalhes naquele mapa que antes não havia enxergado, um destes detalhes me chamou atenção. No mapa havia uma gruta um pouco afastada da cidade e na gruta um livro e no livro uma inscrição que por ser tão pequena não
dava para ler. Fiquei curioso, outra vez rabisquei num desenho improvisado o caminho para se chegar a tal gruta e parti na minha aventura. Pensei que a distância fosse menor, caminhei quase todo o dia e nada de chegar, a noite chegou e pensei em voltar, mas já que tinha chegado até ali, resolvi caminhar a luz das estrelas que até então nunca tinha avistado, nesta noite pareciam diamantes a brilharem no céu, a lua nova iluminava o caminho com um brilho sem igual, estava gostoso andar naquela noite, já podia ouvir o som de grilos e sapos antes nunca ouvidos naquele lugar, sentia‐me em casa apesar da estrada.
Finalmente a gruta, simples, pequena, por entre as frestas de pedras a luz do luar iluminava parte de seu interior, bem ao fundo um raio de luz vindo da lua que nos iluminava, banhava o livro como no mapa do monumento dos sonhos, ávido
corri para vê‐lo, tive receio de tomá‐lo em minhas mãos, não sabia se podia, mas nada podia mais deter‐me em minha curiosidade, tomei o livro, e na capa a inscrição que tanto queria decifrar, retirei o pó que o cobria e então, escrito em letras de ouro e marfim, a inscrição “O Livro da Vida”. Estava tão ansioso para ler tudo o que ele continha que
nem ao menos esperei o sol despontar; à luz da lua, esqueci meu cansaço e comecei a lê‐lo. Só lembro de ter adormecido com o rosto em uma de suas páginas. Na manhã seguinte acordei com o canto de pássaros e com a brisa da manhã a balançar os galhos de majestosas árvores repletas de frutos. Limpei‐me do pó da caverna, guardei o livro embaixo do braço, colhi alguns frutos e parti de volta ao meu rancho, precisava de um lugar como aquele para ler aquele livro sagrado. O caminho de volta parecia muito mais curto ou então eu estava mais leve e parecia voar; logo cedo cheguei em meu rancho, o dia estava quase acabando, sentei‐me na varanda coloquei o livro em meu colo e levantado os olhos vi na água do lago o reflexo do por do sol a brilhar em cores alaranjadas, olhei o por do sol como nunca havia olhado, contemplei aquela obra de arte, linda, esplendorosa, grandiosa, a mais bela obra de arte do mundo. Abri o livro e lá estava em sua primeira página o que já havia lido à luz da caverna: “... O criador de todas as coisas, ninguém jamais viu ou verá, a não ser aqueles que ele convida a um dia
no céu com ele morar, mas seu esplendor pode se encontrar em tudo o que ele cria e recria, aí com ele o céu e a terra podem se encontrar...” Que alegria senti naquele instante de por do sol, havia encontrado o autor da mais bela obra de arte do mundo. Banhado pelos últimos raios daquele por do sol podia senti‐lo tocar em mim como uma presença real. Eu sabia, eu sentia, eu o tinha encontrado. Meu remédio estava próximo. Adormeci naquele lugar recostado em minha varanda e com o livro da vida em minhas mãos.
No dia seguinte, acordei achando ser um sonho tudo o que havia vivido, mas logo me dei conta que não era, no outro lado do lago por detrás da montanha que se ergueu diante de meus olhos, vi
o sol despontar, tão belo e bonito como o havia visto repousar. Logo percebi, não foi sonho, achei o que procurava. Num breve passeio pelas margens do riacho que cortava a cidade, pude ver peixes, animais das mais variadas espécies, pássaros, plantas, pedras, tudo compunha a majestoso quadro da criação. Entrei no riacho para banhar o meu rosto e finalmente despertar para o meu novo dia, quando de repente me vejo nos reflexos daquelas águas transparentes; fiquei extasiado, está completa a obra da criação eu também estou nela, dela faço parte, é mesmo a mais bela de todas as obras de arte do mundo e o seu criador eu o sinto aqui, não posso negar. Saí correndo e pulando, cantando como os pássaros por entre a relva daquele lugar, numa alegria extasiante como nunca havia sentido ou pensado. Voltei à minha varanda, fui continuar a leitura daquelas páginas sagradas... detive‐me na leitura por horas a fio, cada texto revitalizava a minha vida, cada frase parecia ser tão atual que tinha a impressão de ter sido escrita apenas a alguns minutos, quanto mais lia, mais queria ler. Enquanto lia o livro veio‐me à mente uma antiga ruína que avistei ao voltar da caverna onde peguei o livro sagrado, algo me atraía agora para aquele lugar, é como se fosse encontrar algo
inesperado. Tomei comigo o livro e saí às pressas até a ruína. Cheguei finalmente ao local, não era exatamente uma ruína, parecia um castelo, ou um templo não sei ao certo. Aproximei‐me e entrei..., que estupendo, é um templo sagrado, por fora estava
em ruínas, mas por dentro está intacto, ao centro um altar erguido em puras pedras preciosas, o esplendor deste lugar torna‐se fulgurante pelo sol que penetra em raios brilhantes atravessando as frestas abertas pelo tempo na cúpula; ao alto, acima do altar um objeto brilhante feito de puro ouro e cravejado com brilhantes e pedras preciosas de diversos tipos e tamanhos, ao centro do objeto numa redoma de vidro algo que não dava para ver claramente o que era. Aproximei‐
me e, dando a volta sobre o altar, pude olhar bem de perto e vê do que se tratava. Que surpresa incompreensível! Dentro da redoma um pedaço de pão. Me pus a perguntar o que significaria tudo aquilo. Pensei comigo, seria o último alimento que alguém guardou aqui para o seu sustento? O que significaria aquele pedaço de pão naquele lugar? Uma voz interior me gritava incessantemente: abre o livro, abre o livro.... não pensei duas vezes tomei o livro que carregava e o abri na página onde pude ler: “ ...na noite que foi entregue ele tomou o pão e deu graças, partindo‐o entregou aos seus amigos dizendo: TOMAI TODOS E COMEI ISTO É O MEU CORPO QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS E POR TODOS, FAZEI ISTO EM MINHA MEMÓRIA. Do mesmo modo tomou o cálice e o deu a seus amigos dizendo: TOMAI TODOS E BEBEI ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS PARA A REMISSÃO DOS PECADOS ”. Fechei o livro e elevei meus olhos
para aquele pedaço de pão e perguntei em voz alta: ‐ Por que você se fez pão? E a voz interior me respondeu:
‐ Eu me fiz pão para ser o alimento que fortalece, que dá coragem, que dá ânimo para percorrer o caminho e chegar até a cura de sua doença. Para esta cura é necessário fazer um tratamento que leva em conta os acidentes do crescimento, os quais são feridas resultantes de um passado doloroso que traumatizou a criança em você, e isso desde a sua gestação; estas feridas são
decorrentes de ambientes nocivos, negativos, que machucaram você, criança, em sua aspiração fundamental, em ser você! Essas feridas, como certamente você já percebeu, são prejudiciais, ocasionam a doença que se origina na alma; essas feridas são prejudiciais para você e para os outros... Não sei se você está percebendo o quanto você precisa do deste Pão para que bem alimentado por Ele você tenha recursos para curar sua doença. Querendo saber ainda mais, perguntei: ‐ Mas quem é você que se fez pão? Nem havia terminado de concluir a minha pergunta quando fui levado a olhar em volta daquele altar... Por todas as paredes haviam pinturas e imagens que pareciam querer responder a minha pergunta. A primeira pintura mostrava uma mulher, de semblante puro, de uma transparência sem igual, à sua frente um anjo em pura luz, parecia dizer algo para ela e ela por sua vez parecia envolvida por aquilo que lhe era dito. Ao lado do altar estavam dispostas inúmeras imagens; ao centro, debaixo de uma espécie de estribaria, aquela mulher da pintura anterior acabava de dar à luz, ao seu redor animais pareciam alegrar‐se, um homem por perto parecia fazer parte da família, ao longe pastores e reis
estavam inclinados na direção daquela estribaria, os reis de coroa e manto pareciam trazer presentes ao recém nascido... estrelas e anjos dependurados pareciam anunciar um grande acontecimento. Na outra parede mais à minha direita, várias pinturas mostravam um jovem cheio de vida e vigor em diversas circunstâncias, ora parece estar curando, ora parece estar distribuindo pão e peixe para uma multidão, ora parece estar interrompendo um apedrejamento, ora parece estar ressuscitando alguém que morreu, ora parece falar a um grupo de 12 homens, ora parece falar ao mar que pelo visto quer afundar a barca onde ele e outros homens se encontram. Em outro quadro mais a frente este mesmo jovem lava os pés daqueles com quem antes falava e por fim... ah!!! A resposta à minha pergunta. Lá está ele partindo o pão e dando àqueles homens, enchendo o cálice com vinho e distribuindo para todos. Então é isso, as pinturas e as imagens narram a história do homem que se fez pão. Mas o que aconteceu com ele, porque se fez pão?
Olhando para o meu lado esquerdo vejo três quadros justapostos e pintados com cores fortes e carregados de tinta em grande quantidade. O Primeiro quadro mostra o mesmo jovem sendo aprisionado, o segundo quadro mostra‐o sendo açoitado e o terceiro finalmente mostra‐o com um imenso madeiro amarrado aos ombros esticando os seus braços. Uma grande tristeza ocupou minha alma naquele instante, não podia me conformar com uma coisa assim. Por fim ao lado esquerdo do altar uma cena desoladora, o jovem havia sido pendurado pelo madeiro que carregava a uma outra haste vertical já fincada na montanha; uma mulher que parece ser a mesma do primeiro quadro, mais duas outras e um jovem que parece ser daquele grupo dos doze encontram‐se de pé aos pés do madeiro. Um soldado fere‐lhe o lado
esquerdo, ao que parece querendo atingir‐lhe o coração. Que cena, quanto sofrimento!!! Tendo dado a volta por todo o templo paro outra vez com meus olhos naquela peça dourada, parece que estou em frente a algo imensamente sagrado, me curvo de joelhos como que impelido por uma força interior de adoração, volto a abrir o livro e leio: “...SABENDO QUE A SUA HORA TINHA CHEGADO, A HORA DE PASSAR DESTE MUNDO PARA O PAI , ELE QUE AMARA OS SEUS QUE ESTAVAM NO MUNDO, AMOU‐OS ATÉ O EXTREMO...” Achei, achei, achei a Segunda pessoa, aquela que é a expressão do mais radical e puro amor. É ele, tão puro, tão belo, tão bondoso, as imagens e pinturas mostram que ele viveu só fazendo o bem, é ele... É ISSO: ISTO É MEU CORPO! Estou diante dele, é por isso que fui impelido a ajoelhar‐ me, é ele mesmo, em carne, em verdade, é uma presença real. Achei, eu achei a segunda pessoa que tanto procurava. Já estava escurecendo e em mim a única vontade era a de ficar ali diante do esplendor de minha descoberta. Passei toda a noite naquele santuário, a luz da lua que me acompanhou na caminhada
para a gruta e iluminava com um brilho ainda maior aquele pedaço de pão feito carne. Ali fiquei, ali vivi momentos de intensa felicidade, ali me encontrei, ali revivi momentos intensos de minha vida, meu coração parecia cheio de gozo, de uma alegria sem medida, de um sentimento indescritível.
Quando o sol despontou e os seus primeiros raios tocaram o altar iluminando todo aquele templo, percebi que havia passado toda uma noite em pura contemplação. Estava feliz, pleno de uma sensação muito agradável. Tomei comigo outra vez o meu livro sagrado e voltei ao meu rancho, estava feliz como nunca havia me sentido antes.
Em meu coração havia um único desejo: sempre voltar àquele santuário, todos os dias para banhar‐me daquela presença sagrada. Durante muitos dias, muitos meses foi o que fiz, limpei aquele lugar, o transformei num digno templo para o Deus do mais radical e puro Amor. Lapidei em pedra uma inscrição e coloquei à entrada do templo: “A CASA DO AMOR”. Fiz daquela casa a minha casa para as horas mais importantes de minha vida. Mas, embora já não me sentisse quase doente, pois tudo isso me fez sentir‐me imensamente melhor e parecia ter recuperado a minha saúde, ainda precisava encontrar a terceira pessoa: a pessoa mais rica da terra e que ainda assim procura um lugar para morar.
Ufa,... Que experiência esta não é mesmo? Quem sabe você também precise passar por uma experiência assim.
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